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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008 Versão On-line ISBN 978-85-8015-039-1 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 20

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-039-1Cadernos PDE

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CONTRIBUIÇÕES DA GEOMETRIA PLANA NO APRENDIZADO DE MATEMÁTICA

LENOAR ELOI CARARO 1 JOSE RICARDO SOUZA2

RESUMO

A finalidade deste trabalho é verificar as possibilidades de contribuição que o estudo da

geometria plana trás para o aprendizado da matemática. A proposta é usar o tangram,

com seu conjunto de peças, para desenvolver atividades relativas à geometria plana e,

posteriormente, utilizá-los como instrumento para o aprendizado de matemática. O

tangram, segundo a história é oriundo da China e há muitas lendas que tentam contar a

sua milenar origem. É um interessante material de apoio que ajuda no desenvolvimento

do raciocínio geométrico, da criatividade e da lógica. O trabalho foi desenvolvido com

uma turma de 34 alunos, da sexta série, durante 24 horas/aula. Com o auxilio do

tangram, procuramos explorar conceitos de geometria durante a construção do quebra

cabeças e, posteriormente, conceitos matemáticos, ao efetuar cálculos com as medidas

obtidas das figuras construídas. Propomos a atividade em pequenos grupos de alunos

possibilitando que estes, ao manusear as peças do jogo, percebam, representem,

construam e concebam formas geométricas, além de explorar as relações entre geometria

e os conceitos matemáticos, a fim de realizar cálculos sem necessariamente iniciar com

fórmulas matemáticas. Procuramos trabalhar a geometria e a álgebra de forma integrada

e os resultados obtidos deixam claro a importância e a necessidade de explorar melhor o

estudo da geometria para facilitar o entendimento da matemática. Pretendemos mostrar

algumas possibilidades de trabalho em sala de aula a partir deste material.

Palavras-chave: geometria plana, tangram, aprendizado matemático

1 Professor PDE, formado em Ciências com Habilitação em Biologia pelo Centro Pastoral, Educacional e Assistencial “Dom Carlos” – CPEA, Faculdades Reunidas de administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas de Palmas – FACEPAL e pós-graduado em Ciências Morfofisiológicas, pela Universidade estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). E-mail: [email protected] 2 Orientador: Professor Doutor em matemática da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) . E-mail: [email protected]

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ABSTRACT

The purpose of this study is to examine the potential contributions that the study of plane

geometry back to the learning of mathematics. The proposal is to use the tangram, with

its set of parts, to develop activities related to the plane geometry and then use them as a

tool for learning mathematics. The tangram, the story comes from China and there are

many legends that try to tell their ancient origin. It is an interesting supporting material

to aid in the development of geometric reasoning, creativity and logic. The study was

conducted with a group of 34 students, sixth grade, for 24 class hours. With the help of

the tangram, we explore concepts of geometry during construction of the puzzle and then

mathematical concepts to perform calculations with the measurements obtained the

figures constructed. We consider the activity in small groups of students enabling them,

to handle parts of the game, understand, represent, build and design shapes as well as

explore the relationship between geometry and mathematical concepts in order to

perform calculations without necessarily start with mathematical formulas. We strive to

operate the geometry and algebra in an integrated manner and the results make clear the

importance and need to further explore the study of geometry to facilitate the

understanding of mathematics. We want to show some possibilities of work in the

classroom from this material.

Keywords: plane geometry, tangram, learning math

INTRODUÇÃO

A geometria plana consta nos Parâmetros Curriculares Nacionais e nas Diretrizes

Curriculares Estaduais – DCE, documentos que balizam a atuação dos professores. A

geometria é importante na construção de conceitos matemáticos e, mesmo sendo

estudada há tanto tempo, sofre alterações e avanços. Sabemos que a geometria é uma das

ciências mais antigas e que sua origem é contada de várias formas. O famoso historiador

grego, Heródoto, do Século V a.C. disse:

“Esse faraó (Sesótris) realizou a partilha das terras, concedendo a cada egípcio uma porção igual, com a condição de ser-lhe pago todos os

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anos certo tributo; se o rio carregava alguma parte do lote de alguém, o prejudicado ia procurar o rei e expor-lhe o ocorrido. O soberano enviava agrimensores para o local, para determinar a redução sofrida pelo terreno, passando o proprietário a pagar um tributo proporcional ao que restara. Eis, ao que me parece, a origem da geometria, que teria passado do Egito para a Grécia”. (Garbi, 2007, pág. 12)

A origem provável da geometria seja a medição de terrenos, usada na época para

repartir as terras em partes iguais, para posterior cobrança de impostos.

A proposta deste trabalho é aproveitar toda a história da criação da geometria,

utilizar toda a riqueza da história da matemática com seus aspectos culturais para pensar

estratégias que tornem o aprendizado de matemática significativa, que o aluno tenha

participação efetiva, de forma que o ensinar seja um processo de aquisição e de

construção de conhecimento e não um simples repassar de informações.

Embora a geometria plana esteja contemplada nas DCE do Estado do Paraná, e

faça parte dos currículos escolares, ainda precisamos avançar na recuperação deste

conteúdo. Construções geométricas propiciam a descoberta de valiosas idéias que

auxiliam a compreensão das propriedades geométricas (IMENES E LELLIS, 2001).

Ainda, segundo o autor, a construção geométrica desenvolve o senso estético, as

habilidades motoras, além de ser agradáveis para os alunos. Ainda assim, percebemos

que os tópicos de geometria acabam ficando para o final do período letivo, ou

trabalhados de forma superficial, por muitos professores. Neste momento vamos centrar

a discussão em torno das possibilidades da geometria no aprendizado da matemática.

Essa discussão iniciou na elaboração de um projeto inicial para participar do

Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, que faz parte do programa de

formação continuada da Secretaria de estado da Educação do Paraná. Pretendemos com

este trabalho, usar a geometria como mais uma ferramenta para demonstrar a

importância e as possibilidades de contribuição da geometria no aprendizado da

matemática, dinamizar as aulas, possibilitando o desenvolvimento integrado e

harmonioso do educando para que este possa lidar com as mais diversas situações de

modo crítico e reflexivo, trabalhar com a geometria visando o entendimento de figuras

planas e as relações entre as formas geométricas e desafiar o aluno a organizar e

demonstrar conceitos matemáticos a forma de pensar e efetuar seus registros. A

preocupação de trabalhar a geometria e a álgebra de forma integrada com certeza é um

desafio, maior ainda é propor que o aluno tenha participação ativa, que ele construa seu

conhecimento. Cabe ao professor desenvolver a autonomia do aluno, instigando-o a

refletir, investigar e descobrir, contribuindo assim para um melhor aprendizado da

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matemática. Utilizamos o tangram como material pedagógico de referência para este

trabalho.

Sobre o tangram, há muitas lendas que tentam contar a história da sua milenar

origem. O certo é que se trata de um quadrado composto por sete figuras geométricas:

cinco triângulos, um quadrado e um paralelogramo que permitem a formação das mais

diversas figuras, o desenvolvimento da criatividade, raciocínio e capacidade lógica do

jogador. O tangram como material de ensino de geometria, auxilia, tem dupla função,

serve de meio para introduzir algumas noções e relações geométricas e desenvolve

habilidades de percepção espacial (SMOLE, 2003, p. 97). Pretendemos mostrar algumas

possibilidades de trabalho em sala de aula a partir deste material. As atividades foram

propostas a alunos da sexta série, mas podem ser modificadas e adaptadas para alunos de

outras séries.

O Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, que faz parte do programa

de formação continuada da Secretaria de Estado da Educação – SEED, nesta que é a

segunda turma, selecionada através de uma prova de conhecimentos específicos de

matemática, de conhecimentos gerais e de língua portuguesa, aplicada pela Universidade

Estadual de Londrina – UEL, foi distribuído em quatro semestres. Nos dois primeiros

semestres, em 2008, o professor ficou liberado cem por cento de suas atividades

escolares, nos dois semestres finais, em 2009, o professor fica liberado vinte e cinco por

cento de suas atividades escolares. Neste espaço de tempo, cada professor participante

do PDE, com a orientação de um professor da universidade, precisa desenvolver

determinadas atividades, entre elas destacamos:

1 - Elaboração de um plano de trabalho:

A elaboração do plano de trabalho docente, também denominado de projeto

inicial, ocorreu durante o primeiro semestre de participação no Programa de

desenvolvimento Educacional – PDE, sob a orientação de um professor da Universidade

e levando em conta uma problemática educacional levantada pelo professor participante,

na escola onde atua ou desenvolve suas atividades. Este plano de trabalho pode ser

traduzido assim:

Titulo

Problematização

Fundamentação teórica

Desenvolvimento

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Cronograma

Referências

2 - Estudos Orientados:

Durante os dois primeiros semestres de participação no Programa de

Desenvolvimento Educacional - PDE aconteceram vários estudos sobre a forma de

cursos específicos de matemática, na área de educação matemática, na área da educação,

seminários temáticos e participação em atividades acadêmicas. Estas atividades de

formação, solicitadas pela gestão do programa, foram realizadas pelas universidades

públicas que atuam no estado do Paraná, parceiras do PDE.

3 - Produção didático-pedagógica:

No segundo semestre, após a conclusão do plano de trabalho, a tarefa era

produzir um material didático para ser utilizado na escola quando da aplicação do

projeto na tentativa de sanar a problemática apresentada no projeto inicial. Para a

aplicação neste projeto foi produzido um Objeto de Aprendizagem Colaborativa – OAC,

que está de acordo com as orientações da Secretaria de Estado da Educação – SEED e

avalizados pelo professor orientador, da universidade.

4 - Grupo de trabalho em rede: GTR:

No segundo e terceiro semestre deste programa de capacitação, o grupo de

trabalho em rede – GTR, que consiste em uma forma de disseminar os materiais

produzidos pelos professores PDE para toda a rede de educação paranaense. O GTR, é

uma reunião dos professores da mesma disciplina afim de discutir, via rede de

computadores, o trabalho do professor PDE. Após a elaboração do plano de trabalho,

passou-se a etapa de socialização dos trabalhos realizados. Durante o período de

produção de um material didático e da aplicação do projeto, cada professor participante

do PDE, apresentava, via on-line, através de plataforma, para seus pares, a projeto

elaborado e o material didático produzido, a fim de obter colaborações dos outros

professores, bem como servir de sugestões para os professores utilizarem em suas

escolas. Os professores participantes inscreveram-se espontaneamente.

5 - Implementação da proposta na escola:

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O terceiro semestre de participação no PDE foi destinado à implementação da

proposta na escola onde o professor atua. A partir do plano de trabalho e a produção

didático-pedagógica elaborada no primeiro ano de participação no programa. A idéia é

por em prática os conhecimentos adquiridos e os projetos elaborados afim de tentar

sanar a problemática apresentada inicialmente. Esta proposta foi aplicada a alunos de 6ª

série da Escola Estadual da Cango – Ensino Fundamental, de Francisco Beltrão, nos

meses de maio e junho de 2009. A coordenação escolar e a direção da escola, além de

prestar total apoio à implementação, acompanharam as atividades desenvolvidas, dentro

de suas possibilidades.

6 – Trabalho Final

Neste último semestre de participação no PDE, o tempo reservado para a

produção escrita do professor. Descrevemos aqui nossa intervenção pedagógica na

escola, os relatos bibliográficos e os resultados obtidos durante a aplicação do projeto.

Este projeto foi desenvolvido com uma turma de alunos da 6ª série, turno matutino, da

Escola estadual da Cango – Ensino Fundamental, localizada na zona urbana de

Francisco Beltrão, durante 24 horas/aula nos meses de maio e junho de 2009.

REFERENCIAL TEÓRICO

A geometria é um instrumento que permite a percepção e a visualização do

espaço, é importante também para desenvolver habilidades em outras áreas do

conhecimento, têm muitas aplicações no mundo real, é rica em possibilidades para fazer

explorações, representações e construções, leva o aluno a investigar, descrever e

perceber propriedades, pré-requisitos estes importantes no desenvolvimento da atitude

científica e na elaboração de uma linguagem escrita clara e sucinta, envolvendo vários

conceitos aprendidos. Mesmo tendo presente toda a grandeza da geometria como auxilio

no desenvolvimento cognitivo e motor do nosso aluno, é tratada com indiferença por

muitos professores. Segundo Sérgio Lorenzato:

“ Pesquisas psicológicas indicam que a aprendizagem geométrica é necessária ao desenvolvimento da criança, pois inúmeras situações escolares requerem percepção espacial, tanto em matemática (por exemplo: algoritmos, medições, valor posicional, séries, seqüências...) como na leitura e escrita”. Ela é uma das melhores oportunidades para aprender a matematizar a realidade, já que as descobertas feitas pelos

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próprios olhos e mãos são mais surpreendentes e convincentes. (Lorenzato, nº 4, 1º semestre de 1998)

A geometria permite este trabalho com material concreto, pois associa conceitos

matemáticos com a representação necessária para visualizar e manusear, condição

essencial para se entender a matemática.

A geometria tem origem provável na agrimensura ou medição de terrenos,

contudo, é certo que civilizações antigas possuíam conhecimentos de natureza

geométrica, da Babilônia à China, passando pelas civilizações Hindu. Em tempos

remotos, a geometria era uma ciência empírica, uma coleção de regras práticas para

obter resultados aproximados. Apesar disso, estes conhecimentos foram utilizados nas

construções das pirâmides e templos Babilônios e Egípcios. O antigo Egito é um dos

primórdios da geometria como ciência. Segundo Garbi, (2007), “alguns documentos que

chegam até nós mostram que no começo do segundo milênio a.C., o nível de

conhecimentos egípcios já era bastante elevado”. Muitos dos conhecimentos que temos

hoje se baseiam em tais documentos, os papiros, entre os quais podemos citar o papiro

de Rhind e o papiro de Moscou.

Mas é, sem dúvida, com os gregos, baseados nos conhecimentos anteriores, que a

geometria é estabelecida como teoria dedutiva. Estes, procuraram encontrar

demonstrações que pudessem representar o espaço, isso veio a ser denominado de

geometria (medida da terra). O inicio dessa teorização parece se dar com Tales de Mileto

e continuar com Pitágoras. Mais tarde, Platão interessa-se muito pela matemática, em

especial pela geometria, evidenciando a necessidade de demonstrações rigorosas

dedutivas.

Por volta do Século III antes de Cristo, Euclides produziu a memorável obra

denominada “Elementos”, onde estão registrados os princípios da geometria e o futuro

desenvolvimento da mesma. Esta obra contribui a mais de vinte Séculos para o

progresso das ciências, servindo de base para toda a geometria chamada euclidiana.

Existem tantos outros nomes que poderíamos citar, de igual importância para o estudo da

matemática na Grécia antiga que é onde encontramos o manancial para o estudo da

geometria. O trabalho de Euclides, portanto, foi de fundamental importância para o

desenvolvimento da geometria dedutiva, por se configurar em um tratado teórico sobre

as práticas geométricas efetivadas social e historicamente.

Somente no Século XIX é que a geometria passa pela maior reestruturação desde

seus estudos iniciais na Grécia antiga. Anteriormente, todos os raciocínios realizados

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eram com base no postulado grego. A criação da geometria não euclidiana foi um marco

na história da matemática. Com a evolução da geometria euclidiana para a geometria não

euclidiana, novos conceitos, novas teorias foram descobertas e apresentadas à sociedade,

como exemplo podemos citar a teoria da relatividade de Albert Einstein. Mais

recentemente, ingressamos no estudo da geometria das formas irregulares, ou seja, a

geometria dos fractais.

A seguir, para contextualizar, vamos buscar nos textos oficiais como é tratada a

geometria plana.

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCN)

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a matemática é

componente importante na construção da cidadania, na medida em que a sociedade se

utiliza, cada vez mais, de conhecimentos científicos e recursos tecnológicos, dos quais

os cidadãos devem se apropriar. Diz ainda que o conhecimento matemático é necessário

em diversas situações da vida cotidiana, como apoio a outras áreas do conhecimento e

como forma de desenvolver habilidade de pensamento, para tanto: “Este conhecimento

deve ser apresentado aos alunos como historicamente construído e em permanente

evolução. A atividade matemática escolar não é olhar para coisas prontas e definitivas,

mas a construção é a apropriação de um conhecimento pelo aluno”.

A GEOMETRA NOS PCN

Os conceitos geométricos constituem parte importante no currículo de

matemática, porque por meio dele, o aluno desenvolve um tipo especial de pensamento

que lhe permite compreender, descrever e representar o mundo em que vive. A

geometria torna-se um campo fértil para se trabalhar com situações problema e é um

tema pelo qual os alunos costumam interessar-se naturalmente quando realizado com a

exploração de objetos concretos. O trabalho com geometria está estritamente ligado às

medidas que fazem a ponte entre o estudo das formas geométricas e os números que

quantificam determinadas grandezas. Para desenvolver esse raciocínio de forma mais

completa o ensino de geometria deve contemplar também o estudo de propriedades de

posições relativas de objetos geométricos; relações entre figuras planas e os sólidos

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geométricos; propriedades de congruência e semelhança de figuras planas; análise de

diferentes representações das figuras planas tais como desenho, planificações e

construções com instrumentos.

DIRETRIZES CURRICULARES ESTADUAIS (DCE)

Durante a história da humanidade a matemática desempenhou papel fundamental e,

de acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais, “a matemática deve ser compreendida

desde suas origens até a aplicação científica e é como disciplina no currículo escolar

brasileiro que vai ampliar a discussão acerca destas dimensões”. As DCEs apontam como

proposta uma prática que torne a matemática uma disciplina de conteúdo científico e não

apenas como disciplina de cunho utilitarista. Observamos que:

“Pela educação matemática, almeja-se um ensino que possibilite aos estudantes análises, discussões, conjecturas, apropriações de conceitos e formulações de idéias. A efetivação dessa proposta requer um professor que possa analisar criticamente os pressupostos ou as idéias centrais que articulam a pesquisa matemática ao currículo a fim de potencializar meios para superar desafios pedagógicos. (Diretrizes Curriculares Estaduais, 2008, pág. 17)

A GEOMETRIA NAS DCE Em relação a geometria as DCE sugerem a valorização das idéias geométricas existentes na

natureza pois estas sempre influenciaram a vida humana. Acentua também que o rigor das

demonstrações geométricas serve como modelo não só para a matemática, mas para outras

ciências. Diz o documento, “O conteúdo estruturante Geometrias, no Ensino Fundamental,

tem o espaço como referência, de modo que o aluno consiga analisá-lo e perceber seus

objetos para, então, representá-lo”. Enfatiza ainda a importância da associação entre

conhecimentos geométricos, aritmética e álgebra.

METODOLOGIA

Utilizando-se do material pedagógico produzido anteriormente e, com o

acompanhamento da equipe de direção e de coordenação da escola, desenvolvemos

nossas atividades de implementação do projeto.

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Descrição das atividades

No primeiro momento do trabalho contamos um pouco da história do tangram,

material didático utilizado durante todas as atividades. A exibição de um pequeno filme

e de algumas imagens, principalmente de figuras que podem ser formadas, foram usados

para estimular a curiosidade sobre a história da origem do tangram e também da história

da matemática.

Atividade 1

Para iniciar as atividades, foi sugerida a construção do tangram. Os alunos

distribuídos em grupos de três, recortaram um pedaço de papel de tamanho e forma

diferentes para efetuar a dobradura e construir um tangram, sob a orientação do

professor. De posse do papel, recorte um quadrado e siga as seguintes instruções:

* Nomeie os vértices desse quadrado ABCD, conforme a figura 1.

(figura 1)

* Dobre o quadrado pela diagonal BD. Abra e risque essa linha de dobra, de acordo com

a figura 2.

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(figura 2)

Neste momento foi possível explorar o conceito de linhas, pontos, vértices, diagonais de

um polígono e ângulos.

* Dobre o quadrado pela outra diagonal, AC. Risque apenas a linha partindo do vértice

A até encontra a diagonal BD, conforme a figura 3. Estão formados os dois triângulos

grandes; AOB e AOD. Com isso podemos começar a fazer comparações entre as figuras

que vão aparecendo.

(figura 3)

* Dobre as duas diagonais do quadrado, AC e BD e nomeie a intersecção dessas

diagonais de ponto O, com base na figura 4.

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(figura 4)

* Dobre de maneira que o vértice C encontre o ponto O, conforme a figura 5. Abra e

risque na dobra. Está formado o triângulo médio do tangram.

(figura 5)

* Dobre outra vez a diagonal AC e faça um traço até o encontro do segmento EF.

Nomeie o ponto de intersecção G. Dobre agora de modo que o ponto E toque o ponto O.

Passe um traço entre o ponto G e a diagonal BD, com base na figura 6. Apareceram um

triângulo pequeno e um paralelogramo.

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(figura 6)

* Dobre agora de modo que o ponto D alcance o ponto O. trace essa dobra do ponto F

até a diagonal BD, conforme a figura 7. Um quadrado e um triângulo pequeno foram

formados, completando assim a formação do tangram.

(figura 7)

Observamos que durante a atividade de construção do tangram, realizado em

grupos, a rotina da turma e da escola foi mudada e em alguns momentos ficou um tanto

difícil de entender tudo que estava acontecendo. Em relação à atividade, foi muito

interessante, exploramos os diversos aspectos como “diagonais, ângulos, vértices,

proporção, formas geométricas, ponto, linha e, até termos novos, como intersecção”, os

resultados foram satisfatórios, pois em torno de 80% dos alunos conseguiram construir o

tangram, sem a orientação direta do professor ao realizarem a avaliação. Além disso

observamos que o aluno amplia sua noção de espaço e faz relações com outros assuntos.

Outro fator importante é que o aluno aprende a ler e decodificar símbolos próprios da

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matemática, quer seja pelas informações recebidas de forma oral, quer seja pelas

informações recebidas por escrito.

Atividade 2

A tarefa a seguir era para que os alunos, utilizando todas as peças do tangram,

sem sobrepor umas às outras, preencher algumas figuras dadas.

(exemplos de figuras repassadas aos grupos para preencher com as peças do tangram)

Cada grupo recebe um jogo de peças do tangram e figuras previamente

selecionadas. O objetivo é preencher o espaço da figura utilizando todas as peças do

jogo sem sobrepor nenhuma delas. As peças foram trocadas entre os grupos para que

todos os grupos preenchessem todas as figuras.. Esta tarefa, aparentemente fácil,

apresentou certas dificuldades. As figuras mais simples foram facilmente preenchidas,

porém, conforme aumentava a complexidade da figura, aumentava a dificuldade de

arrumar as peças. Ao avaliar esta atividade, percebemos a necessidade de algumas dicas

como medidas dos lados e ângulos, para que pudessem reconhecer espaços, de relacionar

figuras e de proporcionalidade.

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A montagem da figura mostra que para alguns grupos a atividade de reconhecer

espaços é relativamente fácil.

Outros grupos encontraram certas dificuldades como mostra a figura acima

Nesta atividade podemos perceber a noção espacial de cada aluno e avaliar

também a noção de proporcionalidade. Outra importante observação foi de que os

grupos que nominavam as partes da figura e relacionavam com as peças do tangram

tinham mais facilidade de concluir.

Atividade 3

Após o preenchimento das figuras com as peças do tangram, utilizando os

instrumentos de medida, a proposta era medir todos os lados de todas as figuras do

tangram que haviam construído, para utilização em cálculos posteriores. Esta atividade

levou mais tempo do que o planejado, devido às dificuldades dos alunos em entender a

forma de medir, a falta de hábito de uso manuseio de instrumentos de medida (régua,

trena e outros) e o fato de cada grupo ter recortado o papel de um tamanho diferente na

atividade inicial de construção do tangram. Foi um grande desafio trabalhar em grupos,

usando instrumentos de medida e, ao mesmo tempo, construir uma tabela para cada

grupo, com os valores encontrados nas medições.

Como os grupos tinham recortado o papel de tamanhos diferentes, a tabela com

as medidas ficou com uma variação de números, porém, todos com a mesma unidade de

medida. Sugerimos que o tamanho do papel seja igual para todos os grupos.

Atividade 4

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A próxima atividade foi calcular o perímetro com as medidas obtidas, primeiro o

perímetro da cada figura, depois da figura completa.

Esta atividade foi rápida, pois os alunos tinham todas as medidas realizadas na

aula anterior. Aproveitamos este momento para realizar alguns questionamentos como:

Se o tangram tem cinco triângulos, todos tem o mesmo perímetro? A resposta quase

imediata foi não. Qual parte do tangram tem o maior perímetro? A maioria respondeu

que era o triângulo maior, ainda que alguns ficaram em dúvida entre o triângulo maior e

o paralelogramo.

Neste momento analisamos as formas geométricas da figuras, as unidades de

medida e outros conceitos como, lado, altura, perímetro, espaço.

Atividade 5

Finalmente, com as medidas obtidas na atividade anterior, questionar qual o

“espaço” utilizado por cada uma das partes da figura e comparar com o espaço ocupado

pela figura inteira. Como as partes da figura formam a figura total, exploramos aqui a

noção de tamanho e forma das figuras e iniciamos a relação das fórmulas matemáticas

de cálculo do espaço. As medidas que cada grupo anotou, são aqui utilizadas.

Percebemos que este foi o momento mais gratificante da implementação, pois os alunos

acabam descobrindo que as relações matemáticas são mais simples do que aparentam,

quando iniciam com o material concreto. Sem saber que estavam estudando “área”, os

alunos inventavam fórmulas de calcular o espaço utilizado por uma figura. Exemplo: O

triângulo de dois lados iguais é igual a meio quadrado. Ao avaliar os alunos ficou

evidente que o cálculo de área torna-se mais simples e significativo. Vejamos alguns

exemplos de questões aplicadas:

Qual o espaço utilizado pelos triângulos maiores? A resposta mais freqüente foi

que o espaço era a metade do tangram.

A soma dos espaços das partes é menor, igual ou maior que o espaço da figura

inteira? Trinta dos trinta e quatro alunos responderam que o espaço ou a área é igual.

As respostas obtidas demonstram o quanto foi significativo começar os cálculos

com objetos concretos.

Para entender melhor o que significa o espaço utilizado por uma figura,

ampliamos a atividade para realizarmos medidas de vários locais da escola, como a

quadra de esportes, o prédio das salas de aulas e o próprio terreno da escola. Dentro da

sala de aulas, efetuamos a medida das janelas, portas e quadro-negro. A transformação

de unidades também foi tratada neste momento, pois os cálculos anteriores foram

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realizados com a unidade de medida em centímetros. Neste momento foi necessário

retornar ao estudo dos múltiplos e submúltiplos do metro. Os alunos percebem uma

maior importância do que estão fazendo, quando o ensino é contextualizado. Um aluno

escreveu, “Para saber quanto de vidro vai para vidraçar a janela inteira, é só medir um

pedaço pequeno e multiplicar por doze”. Observando que uma janela da sala é formada

por doze pequenos retângulos, percebemos que não só o cálculo da área de uma figura

torna-se mais fácil, mas a noção do todo de um calculo também.

Durante a aplicação das atividades do projeto tivemos a preocupação de verificar

o aprendizado e a importância dos conceitos de geometria para o aprendizado de

matemática. Realizamos uma avaliação com as questões voltadas para o entendimento

de conceitos da geometria e outra avaliação com a utilização de cálculos fazendo o uso

de medidas efetuadas em figuras geométricas. Dois aspectos chamam a atenção, a

relação entre as figuras do tangram, não só as peças finais da construção do jogo, mas as

peças que vão sendo formadas durante a construção, com as figuras reais, quer seja de

dentro da sala como de prédios e quadra esportiva e da natureza, e a familiarização com

o cálculo, quando ele obtém o resultado da medida.

Isso ficou demonstrado nos resultados de uma das questões propostas. “Qual o

espaço utilizado pela quadra de esportes?

*Qual a figura formada pelo espaço da quadra esportiva?

Onde 28 de um total de 34 alunos responderam que o espaço era o resultado da

multiplicação entre o comprimento e a largura da quadra de esportes e, que a figura

formada era um retângulo.

COMENTÁRIOS DOS ALUNOS

No final das atividades solicitamos que os alunos escrevessem sobre o que

aprenderam e da forma como aprenderam.

De acordo com uma aluna, “trabalhar cálculos com o auxilio de figuras como o

tangram favorecem porque conseguimos enxergar o que estamos fazendo”. Outro aluno

diz: “aprendemos mais com estes desenhos e contas do que só usando os cálculos”. Estas

revelações fortalecem a idéia de que o concreto é essencial para o aprendizado, além de

proporcionar uma maior interação entre os alunos. Todas as atividades onde os alunos

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constroem, manipulam objetos ou jogam, são agitadas, mas sem dúvida é muito mais

participativa e proveitosa.

É importante ressaltar que as atividades concretas geram uma grande mudança na

rotina da sala de aula e do funcionamento da escola como um todo. Os horários muitas

vezes precisam ser “quebrados”, ou seja, adaptados às atividades propostas para os

alunos, gerando um certo desconforto.

COMENTÁRIOS DOS PROFESSORES NO GRUPO DE TRABALHO EM REDE

– GTR

Durante o período de permanência no Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE, utilizamos a plataforma moodle para socializar nossas atividades

com outros professores da rede, o grupo de trabalho em rede - GTR. Embora essa seja

uma forma nova de trabalho e que apresentou algumas dificuldades, as interações entre

professores e as contribuições destes professores para a pesquisa sempre foram

satisfatórias.

Podemos perceber que muitos professores utilizaram o tangram para o

desenvolvimento do estudo da geometria, através da proposta sugerida, tendo sido

modificada, ou melhor, adaptada para a turma onde o professor atua. Conforme o

depoimento da professora 1, de Curitiba, no fórum de discussão: Testagem da produção

didático pedagógica, em 20 de junho de 2009, “O Tangram é uma excelente ferramenta

para nós professores quando iremos abordar a geometria, sendo que após realizadas

atividades experimentais com materiais concretos em Geometria, os alunos sentem-se

motivados para o estudo de outras áreas da matemática”.

A professora 2, de Marmeleiro, no Diário: Analise, reflita e Opine..., em 20 de

abril de 2009, relata, “Hoje em dia está tão difícil prender a atenção dos nossos alunos e

acredito cada vez mais, que quando se trabalha com material concreto, no caso

específico, aqui , o Tangram, fica mais fácil de prender a atenção dos alunos, trabalha-se

com a socialização entre eles, os alunos podem sistematizar melhor os conteúdos, podem

estabelecer relações entre um conteúdo e outro”.

Até em outros níveis e modalidades de ensino pode ser aplicado, como escreveu

a professora 3, de Londrina, no Fórum de discussão: Produção didático-pedagógica, em

15 de abril de 2009, “Apliquei a atividade de Tangram com os alunos do EJA, pois

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estava iniciando o caderno de geometria, fizeram pesquisas sobre a origem do tangram,

construíram o tangram, fizeram comparações entre as formas das figuras do tangram

com a da natureza e suas aplicações. Depois criaram figuras utilizando as peças do

Tangram e calcularam área e perímetro destas. Foi um sucesso entre os alunos.

Quando há articulação entre os conteúdos o aprendizado pode ser facilitado, é o

que diz a professora 4 de Paranaguá, no Diário: Dados Cadastrais, em 29 de novembro

de 2008. “É interessante que os cálculos de matemática tenham uma parceria com a

geometria, pois, ambas possibilitam a visualização de todo o contexto, desenvolvem no

aluno o raciocínio mental, despertam a curiosidade e o interesse, facilitando a

aprendizagem. Percebemos pelos depoimentos que a geometria deve ser melhor

explorada afim de se tornar uma ferramenta para o aprendizado da matemática.

CONSIDERAÇÕES FINAIS A oportunidade que o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE nos

proporcionou de refletir sobre o ensino da matemática, suas contribuições na formação

do indivíduo e a forma que esta ciência é tratada na escola foi fundamental para

concluirmos este trabalho. Embora a geometria esteja colocada como um dos conteúdos estruturantes das

Diretrizes Curriculares Educacionais (DCE) e faça parte de todas as propostas

pedagógicas curriculares (PPP) das escolas, a efetiva utilização deste conteúdo ainda

precisa ser estimulado. Há escolas onde o conteúdo de geometria fica como último item,

outras, utilizam-se da geometria de forma isolada, tornando o ensino da matemática

pronto e acabado o que não contribui para um melhor entendimento da matemática. De

acordo com as pesquisas bibliográficas, o trabalho com o concreto possibilita ao aluno

visualizar a construção do conhecimento auxiliando na aquisição de outros conceitos, daí

a importância do trabalho de geometria, além de ser prático, ser associado aos outros

conteúdos estruturantes. Os depoimentos dos alunos participantes da aplicação desta

atividade e dos professores cursistas do Grupo de Trabalho em Rede (GTR), deixam

claro que o uso do tangram como material concreto para estudar a geometria e aprender

conceitos matemáticos é muito significativo, pois estimula a curiosidade de ver, montar

e manusear as figuras, tornando a ciência matemática mais concreta e atrativa. O

professor ao elaborar seu plano de trabalho docente deve lembrar que a matemática tem

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história, é uma construção humana, é dinâmica, sofre evolução de acordo com as

necessidades sociais e que, para estudar e aprender matemática, há necessidade de

material concreto e ainda que este seja contextualizado, auxiliando assim ao aluno

compreender de forma significativa e prazerosa. As escolas, através dos professores de

matemática, devem repensar a forma de tratamento dado ao conteúdo geometria, pois

esta pode ser um conteúdo estimulante para que o aluno compreenda outros conteúdos

como a álgebra, a trigonometria, etc..A problematização de certos conteúdos aliados a

geometria faz com que o aluno possa pensar em deduções, desenhar, experimentar.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino da Matemática, Brasília, 1998. D’AMBROSIO, U. Etnomatemática: Arte ou Técnica de Explicar ou Conhecer. São Paulo. Ática. 1990. GARBI , Gilberto Geraldo. A Rainha das Ciências: Um passeio histórico pelo maravilhoso mundo da matemática. São Paulo, Livraria da Física. 2008. IMENES, Luiz Marcio e LELLIS, Marcelo, Livro Didático de Matemática, 7ª série, São Paulo, Scipione, 2001 LORENZATO, Sérgio. “Por que não ensinar geometria?” . In: A Educação Matemática em revista. SBEM. Nº 4. 1º semestre de 1998. pp.30-31. MOREIRA, Plínio, C. , DAVID, Maria Manuela M. S. , A Formação Matemática do Professor . Belo Horizonte. Autêntica. 2007. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação – Diretrizes Curriculares de Matemática para a Educação Básica. Curitiba. 2007. PONTE, J. P. , BROCARDO J . , OLIVEIRA H. . Investigações Matemáticas em Sala de Aula. Belo Horizonte. Autêntica. 2006.

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SMOLE, Kátia S. , DINIZ Maria I. , CÂNDIDO Patrícia , Figura e Formas. Porto Alegre, Artmed, 2003 SOUZA, Eliane Reame de e outros. A Matemática das Sete Peças do Tangram. São Paulo, IME-USP, 1997, 2ª edição.