O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

Produção Didático-Pedagógica 2007

Versão Online ISBN 978-85-8015-038-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

AUTOR: Coleta Vieira Batista

NRE: Ponta Grossa

ESCOLA: Colégio Estadual Regente Feijó

DISCIPLINA: Língua Portuguesa – Ensino Médio

CONTEÚDO ESTRUTURANTE: O Discurso como Prática Social: Poesia Leitura – Escrita

Interpretação (escrita e declamação).

RELAÇÕES INTERDISCIPLINARES: História - Sociologia

1. Problema

Nas diferentes esferas da sociedade brasileira, a mulher vem conquistando espa-

ço nas mais diversas áreas, porém, muitas, ainda hoje, sofrem violência, são desrespeitadas

nos seus direitos legais, sendo submetidas a situações desumanas. Ela, na história do Brasil,

segundo Priore (2004), tem surgido, muitas vezes, sob a luz de estereótipos, submissa se-

xual e notadamente sacrificada.

Muitos foram os percalços, muitos tabus foram quebrados, muitas barreiras foram rom-

pidas, e hoje a sua integração no contexto social, político, histórico e religioso, dentre ou-

tros, é significativo e evidente, embora muitas ainda estejam à margem da sociedade, so-

frendo maus tratos, violência, preconceitos, sendo alvo de deboches e de piadas, que reve-

lam na intencionalidade dos textos a discriminação, os estereótipos, ainda vigentes, apesar

de todos os avanços.

Considerando a problemática que evidencia a contradição entre o ideal e o real em re-

lação à situação atual da mulher brasileira, propomos a reflexão, a análise e síntese do tex-

to, tendo como base as seguintes questões norteadoras no desenvolvimento do estudo:

- Qual o lugar da mulher na atual sociedade brasileira?

-Quais os elementos que indicam a marginalização e os avanços da mulher na sua

trajetória histórica?

- Quais os destaques das conquistas da mulher nas diferentes esferas da sociedade

brasileira, julgados como avanços na sua trajetória histórica?

- Quais os elementos históricos, dados da realidade e figuras poéticas que contri-

buem para configurar a imagem da mulher brasileira?

2. Desenvolvimento teórico disciplinar e Contemporâneo

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A leitura de poemas, interpretação e oralidade na modalidade declamatória têm como

objetivo resgatar, no contexto escolar e no seu entorno, a importância da poesia na formação

de um aluno cidadão, compromissado, crítico, participativo e responsável pelas mudanças

sociais desejadas, na construção de um mundo mais justo, possibilitando-lhe expressar suas

idéias com clareza, fluidez e desinibição.

Nesse sentido, de acordo com as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa,

“Trabalhar a Língua Materna com os estudantes significa estabelecer parceria em sala de aula,

dar-lhes voz, escutar o que têm a dizer, em experiências de uso concreto da língua”.(2006, p.

29).

O desenvolvimento deste estudo, com a reflexão e análise crítica dos textos sugeridos

contempla uma temática polêmica, representando a luta da mulher pela conquista social,

num patamar de igualdade ao homem.

Apesar dos avanços significativos, ela ainda vive numa sociedade que a inferioriza, a

estigmatiza, tratando-a como objeto.

A mulher deve ser resguardada de crueldade, opressão, exploração de qualquer

natureza, de toda forma de negligência, violência física, psicológica, sexual, patrimonial e

moral.

Segundo o Conselho Social e Econômico das Nações Unidas (1998) apud Tuma Jr.

(2004), a violência contra a mulher é:

Qualquer ato de violência baseado na diferença de gênero, que resulte em sofrimento e danos físicos, sexuais e psicológicos da mulher, inclusive ameaças de tais atos, coerção e privação da liberdade seja na vida pública ou privada.

Portanto, a violência contra a mulher é uma violação da Declaração dos Direitos

Humanos (1948), cujos considerandos afirmam que o reconhecimento da dignidade inerente a

todos os membros da família humana e seus direitos iguais e inalienáveis são fundamentos da

liberdade, da justiça e da paz no mundo.

3. Desenvolvimento teórico interdisciplinar

Neste trabalho, o tema Mulher será abordado no contexto de textos em prosa e textos

poéticos, tendo como rizoma, ou eixo de conexão, a disciplina de História no estudo da

trajetória da mulher na luta por espaços na sociedade. Considerando que herdamos uma

formação social de nossos colonizadores, estruturada no patriarcalismo português, na qual a

mulher era colocada em segundo plano, em ocupações secundárias voltadas aos afazeres do

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lar, pode-se constatar que a imposição patriarcal fez com que a figura feminina tivesse sua

participação sócio-histórico e política negada.

Inter-relaciona-se também, nesse contexto, a disciplina de Sociologia, que de acordo

com as DCEs do Estado do Paraná (2006, p. 20):

[...] tem contribuído para ampliar o conhecimento dos homens sobre sua própria condição de vida e, fundamentalmente, para a análise das sociedades, ao compor, consolidar e alargar um saber especializado, pautado em teorias e pesquisas que esclarecem muitos problemas da vida social.

Nesse sentido, os estudos e pesquisas nos campos da Sociologia e da História mostram

o reconhecimento do papel da mulher nas diversas áreas da sociedade, a sua participação na

vida histórica, cultural, econômica, social e política, marcando presença com seu dinamismo,

curiosidade, inteligência, competência, dedicação e amor, não esquecendo que a par da ação

da mulher, soma-se à ação de mãe.

Na sua trajetória histórica de 1500 a1889, a mulher teve acesso restrito à educação, a

estudos sistematizados que a levassem a um curso superior. Às moças pertencentes à nobreza

propiciavam uma educação que consistia na arte de tocar piano, bordar, pintar e ler romances,

não tinham noções de puericultura, acreditando-se que o instinto materno afloraria quando

tivessem os filhos. (SARAIVA, 2004, p. 50-51).

No Brasil, somente após a Proclamação da República é que a mulher deu o seu

primeiro passo na conquista de seus direitos.

O exemplo de “dona de casa”, também considerada a rainha “improdutiva” do lar ou a

“madame”, vem gradativamente sendo superado, pois há muito tempo a mulher já se

reconhece como agente ativo das transformações da sociedade.

A corrente que prendia a mulher foi rompida frente a tantos saltos que impulsionaram

a ala feminina na conquista de um espaço, com o objetivo de diminuir a desigualdade.

• Violência, uma realidade e legislação, uma conquista

Fortíssimas cenas de violência contra a mulher já foram

mostradas em novelas, teatros, filmes, livros, contos e poesias

em que o homem bate, espanca, humilha e segue em frente como

se nada tivesse acontecido. Por trás desta ficção, está estampado

um fundo de verdade na vida real.

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Proposta de atividades

Leia o texto a seguir para a discussão dessa temática:

Desabafo

O grande fantasma da minha vidaMe acompanha, desde os tempos de criança,Tudo ficou na lembrança, eu era apenas uma menina,Vivia apavorada, eu só dormia,Quando o cansaço me vencia.

A sua presença, em casa, pai, era um tormento.Você, o sofrimento causava com suas agressões.Também não se importava, ali, diante dos filhos,Batia, espancava a mãe; isso me causava indignação.

Eu lembro que escondida num cantinho,A minha irmã chorava baixinho e tremia,Diante de tanto terror.Você parecia estar possuído,Por certo alguma droga havia ingerido,Em seu coração não havia um pingo de amor.

Também sofria o irmão caçula,Que assustado procurava se esconder.Geralmente o mais novo, o pai adula,Mas ele, você fazia estremecer.Eu ficava sempre de plantão,

Disposta a minha mãe defender,Cansada de ver tanta humilhação,Não me importava em viver ou morrer.

Quando a via chorando compulsivamente,Chorava junto, sem ao menos entenderO porquê de tamanha violência.Ela pedia clemência, descompassadamente,Meu coração, em meu peito, eu sentia bater.

Neste circo de horror eu me criei,Até que nos deixou e foi embora.Foi penoso, mas a paz eu encontrei,Este filme, eu quero esquecer agora.

Embora ainda machucada, eu o perdôo,Não quero ressentimentos em minha alma guardar.Este pesadelo, por certo, levantará vôo.No meu caminho, somente o amor, eu quero plantar.

Sabe, pai, o que nos deixou de herança?Uma mágoa que haverá de ser esquecida.Você foi o tudo que queriam três crianças,Hoje, é o nada, nada em nossas vidas.

Coleta Vieira Batista - texto escrito em 12/11/2004 ainda não publicado.

O poema Desabafo é um texto atual que aborda um problema social, cuja temática, a

violência doméstica contra a mulher, está sempre em evidência nos noticiários de rádio, TV,

nas páginas de jornal e revistas.

É importante lembrar que esse tipo de violência é praticado todos os dias, em centenas

de lares brasileiros, e normalmente ocorre de forma velada, fazendo muitas vítimas que, raras

vezes, denunciam; por medo ou vergonha, a maioria das vítimas acaba silenciando,

principalmente nas classes sociais mais altas.

No Brasil, hoje, uma lei muda esse quadro de violência com penas mais severas.

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Atividades de pesquisa, oralidade e escrita argumentativa Apresentação oral e escrita:

Você já ouviu falar sobre a Lei Maria da Penha?

Grupo 1

•Pesquise como e quando foi instituída esta Lei.

•Faça uma síntese do que rege a Lei Maria da Penha.

•Justifique o nome da Lei.

Grupo 2

•Releia o poema Desabafo e argumente sobre as conseqüências nocivas à

personalidade dos filhos ao presenciarem um ato de violência dentro de casa.

Grupo 3

•Visite a Delegacia da Mulher de sua cidade e verifique os casos de denúncia de

agressões contra as mulheres, nos últimos seis meses e quais as medidas tomadas pelas

autoridades competentes e apresente oralmente para a sua turma.

Grupo 4

•Memorize o texto e recite-o para a classe em seu próximo encontro.

Toda a classe

Considerando-se as informações obtidas nas atividades propostas anteriormente,

realizem um fórum de discussão sobre a temática Violência contra a Mulher e a Lei Maria

da Penha. Como conclusão desse fórum, elaborem um texto argumentativo sobre a

importância da lei acerca dos direitos da mulher.

Sugestão de Aprofundamento da Temática

Assistam, em casa, aos filmes indicados, objetivando analisar o papel da mulher em

cada um deles para participarem de um debate um debate em sala de aula.

OLGA (OLGA, 2004, 141 min)

Descendente de uma rica família judia da alta sociedade, aos quinze anos, Olga já possuía uma base cultural

sólida, o que levou a jovem, de aguçado espírito crítico, a se sensibilizar pelos problemas sociais que se

evidenciavam na Alemanha dos anos 20. Olga ingressou na Juventude Comunista, tornando-se, então, uma

militante revolucionária, decidida a dedicar sua vida à luta por uma sociedade mais justa e igualitária. Descobriu

o amor e a crueldade no Brasil, onde se casou com Luis Carlos Prestes, o maior líder comunista brasileiro. Ela

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engravidou e foi entregue por Getúlio Vargas aos nazistas. Acabou confinada em um campo de concentração e

assassinada numa câmara de gás.

DORMINDO COM O INIMIGO (Sleeping with the Enemy – 1981 – 100min.)

Laura (Julia Roberts) não teve dúvidas de que tinha encontrado o homem dos seus sonhos ao conhecer Martin Burney (Patrick Bergin), elegante, atraente, sedutor, bem sucedido. No entanto, depois do seu casamento com ele, Laura passa a vivenciar o pior pesadelo de uma mulher ao lado de um homem. Martin é compulsivo, controlador e violento.Após três anos casada, experimentando noites e dias de medo e violência constantes, Laura elabora a sua fuga. Forja um acidente de barco e o seu próprio afogamento, e muda-se para uma pequena cidade.

Porém, mesmo com uma nova aparência e uma nova identidade, Laura sobrevive assombrada pelas lembranças das brutalidades de Martin.

Martin, obsessivo, descobre que Laura ainda está viva e nada o deterá. Ele deseja encontrá-la a qualquer custo.

Destaques da História da Mulher no Brasil: da marginalização aos avanços

• 1822 – A Imperatriz do Brasil, Maria Leopoldina Josefa Carolina exerce a regência na

ausência de D. Pedro I e exige que ele proclame a Independência do Brasil.

• 1827 – Primeira Lei sobre Educação das mulheres (instruções e prendas domésticas).

• 1857 - Dia 08 de março Dia Internacional da Mulher.

Em l910, numa Conferência, na Dinamarca, decidiu-se que o dia 08 de março

passaria a ser o Dia Internacional da Mulher, data oficializada pela ONU (Organização

das Nações Unidas) em 1975, por um Decreto Lei.

Atividade de pesquisa para debater em sala de aula

•Relate os acontecimentos que marcaram o dia 08 de março de 1857, os quais

representam um marco na luta e na conscientização das mulheres sobre seus direitos.

•Analise a importância do Dia Internacional da Mulher, considerando-se a relevância

da conquista de seus direitos e de sua identidade.

1885 - Chiquinha Gonzaga (pianista e compositora, precursora do chorinho) compôs

mais de duas mil canções duas mil canções, entre elas a primeira marcha carnavalesca:

“Ô Abre Alas” em 1901, e ainda setenta e sete peças teatrais.

1887 - Formou-se a primeira médica no Brasil: Rita Lobato Velho.

Atividade: Pesquise dados estatísticos sobre a participação da mulher

brasileira na universidade pública de sua cidade, apresentados pelo

IBGE nos últimos dois anos.

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• 1932 – O Presidente Getúlio Vargas promulga o novo Código Eleitoral, garantindo o direito de

voto às mulheres brasileiras.

Atividade: Pesquise, na internet, sobre a participação da mulher no processo eleitoral

e na política brasileira.

• 1951 – Aprovada pela Organização Internacional do Trabalho a igualdade de remuneração

entre trabalho masculino e feminino para função igual. (Lei aprovada, mas não cumprida).

• 1983 – O Ministério da Saúde cria o PAISM – Programa de Atenção Integral à Saúde da

Mulher – princípios da integridade do corpo, da mente e da sexualidade da mulher e

eliminação da violência contra a mulher.

• 1983 - Zilda Arns Newman - médica pediatra e sanitarista paranaense, fundou em 1983 e

coordena nacionalmente a Pastoral da Criança, organismo de ação social da Conferência

Nacional dos Bispos do Brasil, indicada pelo Governo Brasileiro ao Prêmio Nobel da Paz de

2001, 2002 e 2003. Recebeu dezenas de prêmios nacionais e internacionais, como Prêmio

Heroína da Saúde Pública das Américas, da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS).

• 1988 – Promulgada a Constituição Federal – garantindo igualdade de direitos e obrigações

entre homens e mulheres, perante a lei.

Atividade: Busque na Constituição a lei e destaque três artigos que se referem à

igualdade de direitos e obrigações entre os gêneros.

• 1996 – A escritora Nélida Piñon é a primeira mulher a ocupar a Presidência da Academia

Brasileira de Letras.

• 1996 – O Congresso Nacional inclui o sistema de cotas, obrigando os partidos a inscreverem,

no mínimo 20% de mulheres em chapas proporcionais.

• Famosas poetisas: Cora Coralina, Cecília Meirelles, Adélia Prado, Hilda Hilst.

• 2003 – Marina Silva - reeleita Senadora, assume o Ministério do Meio Ambiente.

• 2005 - Dilma Roussef – deixa o cargo de Ministra das Minas e Energia é nomeada Ministra

Chefe de Estado da Casa Civil.

• 2006 – Ellen Gracie é a primeira mulher nomeada Ministra do Supremo Tribunal Federal.

Atividade: Em grupos com quatro componentes: realizem a pesquisa de um texto de

cada uma das poetas famosas citadas para leitura e discussão em sala de aula.

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Ampliando as reflexões

Segundo Muraro (1997), o homem, na Antiguidade, desconhece a sua função reprodutora e

crê que a mulher engravida dos deuses. Apesar do reconhecimento da superioridade pela força, cabe a

ela o poder de decisão.

Em se tratando das sociedades remotas, homem e mulher governavam juntos.Havia divisão

entre os sexos, mas desigualdade, não. No entanto, na sociedade de caça a animais de grande porte em

que a força física tornou-se essencial, inicia-se a supremacia masculina. Pode-se concluir que surge daí

a marginalização da mulher, cuja conseqüência redunda, ainda hoje, no conceito estereotipado do

“sexo frágil”.

No período neolítico, o homem se conscientiza de sua função biológica reprodutora e passa a

controlar a sexualidade feminina. Ele aprende a fundir metais, fabrica armas sofisticadas e

instrumentos que possibilitam melhor cultivo da terra, como exemplo, o arado.Para o manuseio deste

invento, era preciso força, surgindo uma nova era, a era agrária, destacada nos dias atuais.

A sociedade matricêntrica passa a ser patriarcal, os detentores dos valores na família e sua

transmissão cabem aos homens.O casamento era monogâmico, a mulher já colocada em segundo

plano, era obrigada a ser virgem antes do casamento e não se permitia traição ou qualquer ruptura

dessas normas, que podia significar a morte.

A ala feminina ficou reduzida aos afazeres domésticos, perdendo seus valores, não podendo

manifestar-se, numa submissão psicológica que dura até hoje.

Desde o princípio, a mulher foi muito submissa, tendo que obedecer, primeiramente, ao pai e,

depois de casada, ao marido.

Na Grécia antiga, os meninos eram ensinados por tutores quanto à oratória, à poesia e ao

cálculo; as meninas eram educadas em casa, por suas próprias mães, para serem boas esposas e donas

de casa.

• A mulher no contexto dos textos poéticos

Proposta de atividades

Considerando essas informações, proceda à leitura dos poemas Mulheres de Atenas e

Mulheres Celtas, para o desenvolvimento das atividades que serão propostas:

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Mulheres de Atenas

IMirem -se no exemplo daquelas mulheres de AtenasVivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas.Quando amadas, se perfumamSe banham com leite, se arrumamSuas melenasQuando fustigadas não choramSe ajoelham, pedem, imploramMais duras penasCadenas

IIMirem -se no exemplo daquelas mulheres de AtenasSofrem por seus maridos, poder e força de AtenasQuando eles embarcam, soldadosElas tecem longos bordadosMil quarentenasE quando eles voltam sedentosQuerem arrancar violentosCarícias plenasObscenas

IIIMirem -se no exemplo daquelas mulheres de AtenasDespem-se pros maridos, bravos guerreiros de AtenasQuando eles se entopem de vinhoCostumam buscar o carinhoDe outras falenasMas no fim da noite, aos pedaçosQuase sempre voltam pros braçosDe suas pequenas Helenas

IVMirem -se no exemplo daquelas mulheres de AtenasGeram pros seus maridos os novos filhos de AtenasElas não têm gosto ou vontadeNem defeito nem qualidadeTêm medo apenasNão têm sonhos, só têm presságiosO seu homem, mares, naufrágiosLindas sirenasMorenas

VMirem -se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Temem por seus maridos, heróis e amantes de AtenasAs jovens viúvas marcadasE as gestantes abandonadasNão fazem cenasVestem-se de negro e se escondemSe confortam e se recolhemÀs suas novenasSerenas

VIMirem -se no exemplo daquelas mulheres de AtenasSecam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas. (Chico Buarque)

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Mulheres CeltasAs mulheres celtas eram criadas tão livremente como os homens. A elas era dado o

direito de escolherem seus parceiros, e nunca poderiam ser forçadas a uma relação que não

queriam. Eram ensinadas a trabalhar para que pudessem garantir seu sustento, bem como

eram excelentes amantes, donas de casa e mães. A primeira lição era:

“Ama teu homem e o segue, mas somente se ambos representarem um para o outro o que a Deusa Mãe ensinou: amor, companheirismo e amizade”.

Jamais permita que algum homem a escravize. Você nasceu livre para amar, e não para ser escrava.Jamais permita que o seu coração sofra em nome do amor. Amar é um ato de felicidade, por que sofrer? Jamais permita que seus olhos derramem por alguém que nunca fará você sorrir.Jamais permita que o uso de seu próprio corpo seja cerceado. Saiba que o corpo é a moradia do espírito – por que mantê-lo aprisionado?Jamais se permita ficar horas esperando por alguém que nunca virá, mesmo tendo prometido.Jamais permita que o seu nome seja pronunciado em vão por um homem cujo nome você sequer sabe.Jamais permita que o seu tempo seja desperdiçado com alguém que nunca terá tempo para você.Jamais permita ouvir gritos em seus ouvidos. O amor é o único que pode falar mais alto.

Jamais permita que paixões desenfreadas transportem você de um mundo real para outro que nunca existiu.Jamais permita que outros sonhos se misturem aos seus, fazendo-os virar um grande pesadelo.Jamais acredite que alguém possa voltar quando nunca esteve presente.Jamais permita que o seu útero gere um filho que nunca terá um pai.Jamais permita viver na dependência de um homem como se você tivesse nascido inválida.Jamais se ponha linda e maravilhosa a fim de esperar por um homem que não tenha olhos para admirá-la.Jamais permita que seus pés caminhem em direção a um homem que só vive fugindo de você.Jamais permita que a dor, a tristeza, a solidão, o ódio, o ressentimento, o ciúme, o remorso e tudo aquilo que possa tirar o brilho dos seus olhos a dominem, fazendo arrefecer a força que existe dentro de você.E, sobretudo, jamais permita que você mesma perca a dignidade de ser MULHER. (autoria desconhecida)

Análise e discussão dos textos:

•Em que se assemelham e em que se diferenciam os textos lidos?

•Justifique sua resposta, argumentando a temática abordada em Mulheres de

Atenas e Mulheres Celtas.

•O texto Mulheres de Atenas remete aos famosos poemas Ilíada e Odisséia, de

Homero, referindo-se às mulheres. Como eram essas mulheres na sociedade ateniense?

•Quatro lendárias figuras femininas na Grécia Antiga fizeram a diferença das

demais mulheres de Atenas. Explique o porquê e quem são elas.

Atividades de aprofundamento da temática:

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•Ouçam na sala de aula as músicas Mulher (Erasmo Carlos) do CD “As 20 mais de Erasmo Carlos” e Mulheres (Martinho da Vila) do CD “Tá Delícia, Tá Gostoso”.

•Em grupo com seis componentes, façam uma paródia do texto Mulheres de

Atenas, substituindo o termo mulher pelo vocábulo homem. Os textos produzidos

deverão ser apresentados oralmente em sala de aula.

•No contexto contemporâneo, como se situa o “ser mulher” na sociedade brasileira?

Justifique.

•A liberdade ampla mudou os hábitos sociais. Em conseqüência

disso, hoje, vemos meninas precocemente grávidas. Releia o verso

do poema Mulheres Celtas: “Jamais permita que o seu útero gere

um filho que nunca terá um pai”. E aponte as conseqüências de

uma gravidez precoce ou não planejada.

Ampliando as reflexões:

Nos estados do Sul: Rio grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, devido à colonização feita por europeus, a base de sustentação da sociedade consiste na família. Essa união se projetou para o campo econômico. Mães, pais, avós e filhos trabalham em propriedades rurais, mantendo a agricultura ou em pequenas e médias indústrias têxteis, onde, geralmente, elas são donas de confecções.. Na política, o número de sulistas é inexpressivo: uma governadora, treze deputadas estaduais e dezesseis deputadas federais, perdendo para o Nordeste, Norte, Centro-Oeste e Sudeste.

Elas, normalmente, buscavam cursos ligados à

educação, humanidades e artes, porém, há quatro anos, houve uma mudança.

Em 2003, já eram maioria no curso de Odontologia, 60%, em Medicina estavam em igualdade aos homens e representavam 30% das vagas na Engenharia, segundo Jussara Prá (Socióloga da Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

No acesso à internet, são campeãs, 24,8% são usuárias.

As mulheres, no Rio Grande do Sul, somam 48% de empreendedores, embora o salário seja de vinte a trinta por cento mais baixo que o do homem.

As profissionais de Engenharia Química são muito bem aceitas na função que desempenham, mas, também são discriminadas na remuneração, recebendo somente 64% do valor que recebe um colega.

A região Sul é a terceira em realização de casamentos, dados que constam dos estudos do economista Marcelo Néri, da Fundação Getúlio Vargas.

Também nesta região há o controle da natalidade com planejamento familiar.

“A mulher sulista é a que mais faz regime: 33% tomam remédios para tirar o apetite”. (Revista Cláudia, julho de 2007. p. 43).

A mulher e os estereótipos: indicativos de discriminação

A ridicularização da mulher não só se evidencia em chistes cotidianos como também nos papéis que lhes são atribuídos na sua participação na construção histórica e política da sociedade brasileira desde a chegada dos europeus ao Brasil. Chistes cotidianos

“Mulher no volante, perigo constante”.

“A loira é burra”.

“A melhor posição da mulher é esquentando a barriga no fogão e esfriando no tanque

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Piada

Proposta de atividade:* Qual a sua visão a respeito desses estereótipos, envolvendo a mulher? Argumente.* Visite o DETRAN de sua cidade e faça um levantamento comparativo do número de aci-dentes envolvendo homens e mulheres ao volante para uma discussão em sala de aula.

Referências

BUARQUE, C. BOAL, A. Mulheres de Atenas. In: Chico Buarque – letra e música. São Paulo: Companhia das letras, 1989.p.144.

DEL PRIORE, M. História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2004.

DIRETRIZES CURRICULARES DA REDE PÚBLICA DE EDUCAÇÃO BÁSICA DO ESTADO DO PARANÁ. Língua Portuguesa. Secretaria de Estado da Educação: Curitiba, 2006.

DIRETRIZES CURRICULARES DA REDE PÚBLICA DE EDUCAÇÃO BÁSICA DO ESTADO DO PARANÁ. Sociologia. Secretaria de Estado da Educação: Curitiba, 2006.

NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Resolução 217 A (III). 10 de dezembro de 1948.

_________________. Dia Internacional da Mulher. 1975

MURARO, R. M. Breve Introdução Histórica [a obra O Martelo da Feiticeiras]. In: KRAMER, Heinrich, SPRENGER, James. O martelo das feiticeiras. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1991. p. 5-17.

SARAIVA, T. Caminhos trilhados: reflexões e afazeres. Espaço do Saber: Rio de Janeiro, 2004.

SARRUMOR, L. Ainda mais mil piadas do Brasil. Nova Alexandria: São Paulo, 2000.

PAULINA,I; ZAIDAN,P. Um retrato da mulher brasileira: as conquistas e os desafios em cada região. Revista Claudia. Prêmio Claudia, Jul. 2007.

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No balcão do bar, o bêbado se vira para a mulher ao lado e diz:-Quer ouvir uma piada de loira?A mulher responde:- Olha, antes de começar, vou logo avisando que sou loira, tenho 1,70m, peso 70kg, sou triatleta e faço musculação. A loira aqui ao meu lado mede 1,80m., pesa 75 kg e é campeã de capoeira. A outra loira ao lado dela mede 1,90, 80kg e luta jiu-jitsu. Agora, se ainda assim você quiser contar a sua piada, vá em frente...O bêbado pensa um pouco e diz, desanimado:- Não, deixe quieto. Se tiver que explicar três vezes, eu prefiro não contar.