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Minicurso: DESENVOLVIMENTO CEREBRAL DE FETOS E INFANTES EM SITUAÇÕES DE NEGLIGÊNCIA Ministrantes/Discentes: Adolfo Paulo de Mattos Júnior Bianca Aparecida Borges e Silva Tutora do grupo PET-Biologia: Profa. Dra. Cibele Marli Cação Paiva Gouvêa Alfenas-MG 2018 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Alfenas. Unifal-MG Rua Gabriel Monteiro da Silva, 700. Alfenas/MG. CEP 37130-000 Fone: (35) 3299-1000. Fax: (35) 3299-1063

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Minicurso:

DESENVOLVIMENTO CEREBRAL DE

FETOS E INFANTES EM SITUAÇÕES

DE NEGLIGÊNCIA

Ministrantes/Discentes: Adolfo Paulo de Mattos Júnior

Bianca Aparecida Borges e Silva

Tutora do grupo PET-Biologia: Profa. Dra. Cibele Marli Cação Paiva Gouvêa

Alfenas-MG

2018

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Universidade Federal de Alfenas. Unifal-MG

Rua Gabriel Monteiro da Silva, 700. Alfenas/MG.

CEP 37130-000

Fone: (35) 3299-1000. Fax: (35) 3299-1063

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SUMÁRIO

1 Introdução

1.1 Desenvolvimento cerebral durante as fases fetais e infância.

1.2 Situações de negligência.

2 Consequências de negligências sobre o desenvolvimento cerebral

2.1 Negligência alimentar

2.2 Negligência psicossociais

3 Conclusões

4 Prática: Estudo de casos (2 artigos + discussão); Documentário (16 minutos)

Referência bibliográfica

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Desenvolvimento cerebral

Desenvolvimento cerebral é a forma lúdica de se referir ao processo de

desenvolvimento e amadurecimento do sistema nervoso. O cérebro, órgão sensitivo

especializado, é vital para a condição de funcionamento do ser humano, sendo a morte

cerebral uma das constatações principais para indicar o falecimento de um indivíduo.

Trataremos, nesta apostila, os termos cérebro e sistema nervoso como sinônimos. É

importante ressaltar que se trata de simplificação, porque o sistema nervoso é composto pelo

sistema nervoso central e sistema nervoso periférico. O sistema nervoso central é constituído

por encéfalo e medula, sendo o encéfalo constituído por cérebro, cerebelo e tronco cerebral.

O cérebro necessita de muita energia para se manter funcionalmente operante, e apesar

de possuir somente 2% de todo o peso corporal, consome cerca de 20% do oxigênio e

portanto 20% das calorias fornecidas ao corpo (RAICHLE; GUSNARD, 2002). A alta

demanda de energia faz com que haja constante necessidade de fornecimento energético para

o cérebro.

Tanto durante a formação embrionária-fetal quanto durante o desenvolvimento

infanto-juvenil, o cérebro perpassa por fases de crescimento heterogêneas, com certas regiões

do cérebro sendo impulsionadas ao crescimento e amadurecimento em diferentes épocas

(KEUNEN et al., 2015). A trajetória do desenvolvimento está atrelada também à carga

genética, porém grande parte da influência sobre o desenvolvimento cerebral deriva do

ambiente que se foi exposto durante os períodos críticos do crescimento.

Já é na descrito na literatura científica que os primeiros 1000 dias de vida, por alguns

denominados fase neonatal e também primeira infância, é um período de grande

remodelamento cerebral (CUSICK; GEORGIEFF, 2016). Até os 3 anos de idade, o infante já

desenvolveu cerca de 90% do cérebro que terá quando adulto (WINSTON; CHICOT, 2016).

O pequeno ser humano, ao nascer, possui pouca aptidão para se virar sozinho, como fazem

outros mamíferos, e se é hipotetizado que este nascimento prematuro, por assim dizer, foi a

maneira evolutiva encontrada para possibilitar o investimento no crescimento cerebral

(LONGMAN et al., 2017).

Dentro desta intrincada janela de desenvolvimento do cérebro, vários fatores podem

manipular as vias bioquímicas que regulam este desenvolvimento, afetando, portanto, a

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maneira como os tecidos cerebrais serão solidificados. Apesar da plasticidade neural já

descrita em literatura (GAGE, 2004), os efeitos destas alterações ocorridas principalmente nos

períodos críticos de desenvolvimento podem e costumam perpetuar até a fase adulta, campo

de estudo denominada programação neonatal (NELSON; TIERNEY, 2009).

A solidificação neural, que por aqui se entende como área, volume e atividade de certa

região do sistema nervoso não é simplesmente questão anatômica, mas também de simbiose e

modo de atuação. Níveis de neurotransmissores e de neuroreceptores dentro das vias de

comunicação cerebral são importante delimitadores do funcionamento do cérebro, e

negligências podem interferer no estabelecimento e quantidade de sinalizações geradas pelos

neurônios. Os níveis de dopamina, serotonina e outros transmissores são afetados pelas

experiências da primeira infância (CASPI et al., 2002). De mesmo modo, a microbiota

bacteriana dentro do intestino, que comunica com o sistema nervoso entérico e por

consequência com todo o sistema nervoso também influencia no desenvolvimento cerebral,

visto desordens de ordens psíquicas estarem, cada vez mais, em um campo de estudo

emergente, sendo correlacionadas com reações imunológicas (KEUNEN et al., 2015; CENIT

et al., 2017).

A malnutrição pode afetar drasticamente o desenvolvimento cerebral, principalmente,

nos dois últimos trimestres da gestação, caracterizado por grande aumento de área das

substâncias branca e cinzenta. A nutrição defeituosa nos primeiros meses de vida também

afeta o desenvolvimento cerebral e áreas como o cerebelo e o hipocampo são particularmente

sensíveis (KEUNEN et al., 2015).

Não somente a quantidade, mas a qualidade nutricional também é importante. A falta

ou excesso de compostos específicos podem alterar drasticamente não somente o

desenvolvimento cerebral, mas outros variados órgãos. Alguns micronutrientes como Iodo são

imprescindíveis para o desenvolvimento cerebral, e o feto, nos seus primeiros meses de

desenvolvimento, depende unicamente do T4 (complexo protéico produzido pela glândula

tireoide que carrega Iodo) proveniente da mãe. A deficiência de Iodo provoca cretinismo, o

hipotireoidismo e, especificamente no sistema nervoso, diminui a mielinização,

dendritogênese e sinaptogênese (CUSICK; GEORGIEFF, 2016).

O desenvolvimento cerebral perpassa inúmeros pontos críticos, e a completa

maturação do cérebro, principalmente do córtex pré-frontal, é estipulada de ocorrer por volta

dos 20 anos de vida (MADRAS; KUHAR, 2014). Portanto, há um grande período onde este

desenvolvimento pode ser alterado. O fato das negligências de origem econômico-sociais

serem recorrentes durante a formação do indivíduo devem ser, portanto, enfatizadas, para a

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devida compreensão da magnitude de uma negligência sobre o desenvolvimento cerebral de

uma pessoa.

1.2. Situações de negligência

A forma mais recorrente de maus-tratos a criança e adolescentes é a negligência

infantil. Esse tema passou a ser mais abordado mundialmente nos últimos 20 anos, levando a

constatação da gravidade dos problemas decorrentes da negligência constante. (HILDYARD;

WOLFE, 2002). Pasian et al. (2013) destaca a necessidade de diferenciar negligência de

pobreza, o que ele descreve como sendo complicado em países com estrutura socioeconômica

como o Brasil, onde muitas vezes as duas problemáticas se confundem.

Segundo a Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo (Lei 147/99), uma criança

é considerada em situação de negligência quando: está abandonada ou vive entregue a si

própria; sofre maus tratos físicos ou psíquicos ou é vítima de abusos sexuais; não recebe os

cuidados ou a afeição adequados à sua idade e situação pessoal; é obrigada a exercer

atividades ou trabalhos excessivos ou inadequados à sua idade, dignidade e situação pessoal

ou prejudicial à sua formação ou desenvolvimento; está sujeita, de forma direta ou indireta, a

comportamentos que afetem gravemente a sua segurança ou o seu equilíbrio emocional;

assume comportamentos ou se entrega a atividades ou consumos que afetem gravemente a sua

saúde, segurança, formação, educação ou desenvolvimento sem que os pais, o representante

legal ou quem tenha a guarda de fato tente reverter essa situação.

Vários estudos demonstram que a negligência, de forma geral, produz sequelas sócio

afetivas negativas (PASIAN, 2012) e está associada aos maiores danos ao desenvolvimento da

criança, principalmente quando ela está exposta à essas condições de forma crônica.

(ÉTHIER; NOLIN, 2006) Redução do volume cerebral, mudanças bioquímicas, funcionais e

de estrutura cerebral, foram algumas das consequências observadas em crianças vítimas de

negligência (GLASER, 2000).Nos primeiros cinco anos de vida, os maus tratos podem

representar um perigo ainda maior, já que é nessa fase onde as crianças são mais vulneráveis,

e apresentam crescimento neurobiológico e psicológico mais rápido do que nas outras fases

(TOTH; CICCHETTI, 2004).

Estudos demonstraram que crianças vítimas de negligência ou abuso possuem maior

probabilidade de serem presas na juventude, (WIDOM; MAXFIELD, 1996) maior tendência a

desenvolver problema com drogas (CHAFFIN; KELLEHER; HOLLENBERG, 1996), e mais

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de 50% das crianças maltratadas enfrentam dificuldade na escola (CALDWELL, 1992).

Outros problemas descritos foram: distúrbios do desenvolvimento do self (ego) (CICCHETTI,

1991), incapacidade de formar relações efetivas com seus pares de idade semelhante

(BOLGER; PATTERSON, 2001), desafios na adaptação do ambiente escolar (SHONK;

CICCHETTI, 2001) e taxas mais altas de problemas comportamentais e psicopatologias

(TOTH; CICCHETTI, 2004). Alterações na linguagem também podem estar associadas à

condições sociais precárias e falta de contato linguístico (PUYUELO; RONDAL, 2007).

O minicurso visa demonstrar, em um panorama geral, os efeitos de situações de

negligência sobre o desenvolvimento cerebral, frisando a importância do tratamento adequado

tanto nas políticas públicas quanto no seio familiar, para assegurar um futuro mais sereno aos

pequenos cidadãos.

2 CONSEQUÊNCIAS DE NEGLIGÊNCIAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO

CEREBRAL

2.1. Negligências alimentares

Dois estudos registraram a possível relação entre a exposição de fetos à deficiência

nutricional materna grave e o risco de desenvolvimento de esquizofrenia. O primeiro estudo

foi realizado na China, com base no período de 1959, que registrou relevante aumento dos

casos de esquizofrenia (ST CLAIR et al., 1961). Outro estudo foi feito por Susser e Lin

(1992), que usou o período em que a Holanda passou por racionamento alimentar durante a

Segunda Guerra Mundial (1944-1945). Com base nos registro psiquiátrico nacional holandês,

foi possível verificar um risco duas vezes maior de fetos que passaram por negligência

alimente se tornarem adultos esquizofrênicos do que fetos em condições de suprimento

alimentar suficiente. Ambas as situações, embora em escalas temporais e populacionais muito

diferentes, são análogas. Houve um aumento abrupto da taxa entre indivíduos expostos à fome

no período pré-natal, seguido de um rápido retorno às taxas prévias no final da crise

nutricional.

A relação foi explicada pela deficiência pré-natal de folato, um micronutriente, que

quando insuficiente pode acarretar defeitos na formação do tubo neural (SUSSER; LIN,

1992). Um derivado do folato é o ácido fólico um doador de metil que influencia na metilação

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do DNA causando mudanças no gene (VAN DEN VEYVER, 2002). Essas mutações são de

grande importância na expressão do DNA durante o desenvolvimento embrionário humano e

na vida adulta desencadeiam vários distúrbios mentais (PADMAVATHI et al., 1998). Lewis

et al. (2005) associou o gene MTHFR C677T, conhecido por desempenhar um papel no

metabolismo do folato, como o possível fator alterado que acarretaria no desenvolvimento da

esquizofrenia.

Folato é um termo genérico para designar todas as formas de ácido fólico presente nos

soros e nos alimento. É uma vitamina B, essencial para a formação de glóbulos vermelhos

normais, síntese de DNA e auxilia no desenvolvimento normal do sistema nervoso do feto

(WHO/FAO, 2008).

Em animais foi demonstrado que a insuficiência materna desse nutriente durante o

pré-natal está associada a um número reduzido de células no cérebro fetal (CRACIUNESCU

et al., 2004) e a redução do peso cerebral (MIDDAUGH et al., 1976). Ars et al. (2015)

identificou que em humanos, filhos de mães com baixa concentração de folato no plasma

durante o início da gravidez, tiveram uma redução do volume de regiões corticais e

subcorticais do cérebro em comparação aos filhos de mãe com concentrações normais, além

de apresentarem a circunferência da cabeça menor no nascimento.

Crianças de mães com níveis mais elevados de folato durante a gravidez apresentaram

melhor desempenho em uma bateria de testes cognitivos (ARS et al., 2015). O baixo nível de

folato tem sido associado a alterações na mielinização e atrofia cerebral (NYARADI et al.,

2013) que podem explicar o desempenho negativo em crianças expostas à deficiência pré-

natal de folato. (ARS et al., 2015)

Roza et al. (2010) relatou que um nível inadequado de folato pré-natal estava

associado a problemas emocionais e comportamentais na idade de 1,5 anos, Ars et al. (2015)

não encontrou essa relação, e sugeriu que os efeitos da insuficiência pré-natal de folato no

funcionamento psicológico das crianças podem desaparecer no decorrer do desenvolvimento,

possivelmente devido a fatores ambientais compensatórios, como nutrição adequada e

funcionamento familiar ou estímulo e apoio social, sendo importante ressalta que este estudo

utilizou como amostra crianças holandesas com boa estrutura familiar. Os mecanismos exatos

dessa relação ainda não foram explicados, e para isso devem ser feito mais estudados.

Outros micronutrientes são também necessários para um desenvolvimento saudável do

cérebro. Lítio, um mineral, é um micronutriente necessário na maquinaria de produção de

vitamina B12. Porém grande quantidade deste, usado normalmente para tratar distúrbios

bipolares, pode influenciar o desenvolvimento cerebral de maneira drástica. Baixa

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concentração de lítio, porém, já foi correlacionada com comportamentos agressivos e maiores

taxas de criminalidade. Lítio, per si, ajuda na manutenção e crescimento de áreas cerebrais

como o hipocampo, amígdala e córtex frontal (YOUNG, 2009). Já o Ferro, essencial para o

carreamento de oxigênio, afeta principalmente quando há deficiência. A deficiência de ferro

afeta a mielinização, a estruturação para a sinalização de serotonina, dopamina e

norepinefrina (CUSICK; GEORGIEFF, 2016). Cobre e vitamina A já foram correlacionados

com o desenvolvimento correto do túbulo neural (PRADO; DEWEY, 2014).

Não só os micronutrientes, mas o conjunto de nutrientes disponíveis, quando em

deficiência, provoca sérios problemas de desenvolvimento. Em situações com falta de

nutrientes durante os primeiros 4 meses de gestação, houve diferença na pontuação de QI

(quoeficiente de inteligência) (CUSICK; GEORGIEFF, 2016). A amamentação materna

também é importante durante o desenvolvimento cerebral do infante, pois promove ao infante

as imunoglobulinas que este não possui enquanto desenvolve (MANOHAR et al., 2018). A

amamentação materna do líquido chamado colostro é muito importante para a colonização

bacteriana adequada no intestino da criança, protegendo-a contra desordens psiquiátricas

decorrentes de distúrbios da microbiota, como o autismo (MANOHAR et al., 2018; CLAPP et

al., 2017).

2.2. Negligências psicossociais

De Bellis e Zisk (2014), explicam que eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal (HPA) é

essencial para o desenvolvimento cerebral durante a infância. Sua função está relacionada

com a descarga de adrenalina liberada quando o ser humano está assustado, preparando uma

resposta instintiva para sua segurança e autodefesa. Segundo esses autores, quando crianças

são expostas a violências e agressões, elas apresentam maiores níveis de cortisol, quando isso

ocorre de maneira crônica acarreta prejuízos para o desenvolvimento cerebral.

Para se adaptar aos altos níveis de cortisol circulante, o organismo delas passa a

realizar a regulação negativa dos receptores de corticotropina (CRH). O hormônio CRH é

liberado com a ativação do eixo (HPA), e sua função é desencadear a liberação do hormônio

adrenocorticotrófico (ACTH) que por sua vez estimula a secreção do cortisol adrenal. O

cortisol ativará os receptores mineralocorticoides e glicocorticoide (GR), sendo que o segundo

está envolvido na transcrição e expressão de genes para imunidade, metabolismo, cognição e

desenvolvimento cerebral (DE BELLIS; ZISK, 2014).

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A regulação negativa dessa via como adaptação de crianças traumatizadas faz com que

apenas uma resposta neuronal mínima seja realizada em resposta ao CRH. Nos adultos, os

níveis de CRH são elevados promovendo a excitação, ansiedade, agressividade,

hipervigilância, estimulação geral do sistema nervoso simpático, depressão e problemas com

alimentação e sexo (DE BELLIS; ZISK, 2014).

Como consequências dessas alterações hormonais, alguns estudos demonstraram que

adolescente que sofreram traumas na infância relacionados à maus tratos apresentaram

diminuição da ativação do córtex frontal médio e aumento da ativação no giro frontal medial

esquerdo e no giro cingulado anterior (CHROUSOS; GOLD, 1992; DELIMA; VIMPANI,

2011; MACMILLAN et al., 2008).

Além disso, foi verificada a diminuição do volume cerebral, sendo as áreas afetadas: o

mesencéfalo, o sistema límbico, o córtex, o corpo caloso e o cerebelo. O mesencéfalo é o

“ponto de retransmissão” para mensagens visuais e auditivas. Nessas crianças ele permanece

subdesenvolvido por isso elas se distraem facilmente e não conseguem prestar muita atenção

às suas atividades, muitas vezes apresentando déficit de atenção com hiperatividade (TDAH)

(TATULLO; GUNNAR, 2006) .

Como efeito tardio dos maus-tratos foi verificada a atrofia do hipocampo que é parte

do sistema límbico e abriga os centros primitivos de emoções, sobrevivência, medo, raiva e

prazer, incluindo o sexo. Além de ser importante para memória e armazenamento de

informações, e para medir a magnitude de uma resposta (CARRION et al., 2009) .

Tomoda et al. (2012) demonstrou a redução do volume do córtex pré-frontal e da

massa cinzenta. O córtex pré-frontal tem papel no comportamento do adulto, incluindo

atenção, memória, controle motor, motivação, emoção, expressão de personalidade e

moderação do comportamento social aprendido. O autor também registrou a diminuição do

volume do corpo caloso, que é a maior estrutura de substância branca no cérebro e conecta os

hemisférios cerebrais direito e esquerdo e facilitando a comunicação entre eles.

Quanto ao cerebelo, a diminuição do seu volume afeta diretamente o desempenho de

suas funções, sendo entre elas o controle das emoções e o desenvolvimento e equilíbrio

cognitivos. Além de possuir inúmeras conexões com os lobos frontais e é importante para o

nexo fronto-cerebelar que modula o comportamento. (BRADY; SINHA, 2005).

Jovens do sexo masculino que apresentam má conduta e pouca emoção (insensíveis)

podem apresentar aumento da massa cinzenta nos córtices orbitofrontal e cingulado medial, e

aumento do volume e da concentração de substância cinzenta na região lobos temporais

bilateralmente (DE BRITO et al., 2009). Podendo ser sinal de problema com a maturação do

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córtex com efeito na moralidade, na empatia e na capacidade de tomar decisões

(TSAVOUSSIS et al., 2014).

Estudos demonstraram ainda associação do estresse pós traumático com outros

transtornos de ansiedade e abuso de drogas. Sendo o uso de drogas uma tentativa de aliviar

seus sintomas, ocorrendo agravamento das memórias traumáticas durante a retirada dessas

substâncias. (KEYES et al., 2012).

Os trabalhos de Ducan e Brooks-Gunn (1997) e Haveman e Wolfe (1995) mostram

que crianças que vivem na pobreza apresentam menores desempenho acadêmico e

escolaridade. Esses padrões persistem até a vida adulta, contribuindo para baixos salários e

renda (DUCAN et al., 2012). A explicação foi que crianças que durante seu desenvolvimento

embrionário vivem na pobreza além de serem expostas a menor nutrição dos pais, recebem

elevados níveis de estresse, convivem com maior instabilidade familiar e maior violência,

além disso suas casa são mais cheias e muitas vezes fornecem menos estimulação cognitiva

(EVANS, 2004).

Hair et al. (2015), demonstrou que crianças pertencentes a famílias com recursos

financeiros limitados possuíam diferenças estruturais sistemáticas no lobo frontal, lobo

temporal e hipocampo. Além disso, o volume de massa cinzenta dessas crianças foi cerca de 3

a 4% inferiores ao normal para sua idade. Em níveis de pobreza ainda maior esse volume foi

de 7 a 10% menor.

A epigenética que governa o desenvolvimento cerebral é pouco elucidada, porém os

resultados que estão dispostos na literatura demonstram que o cuidado parental e a exposição

à outros indivíduos estão fortemente correlacionados com o desenvolvimento saudável do

cérebro. Ijzendoorn et al. (2011) cita trabalhos com crianças mantidas em orfanatos.Na

Romênia, demonstraram variações no cortisol incondizentes com os padrões normais.

Crianças mantidas em orfanatos em 19 países diferentes também demonstraram níveis mais

baixos em testes de QI (IJZENDOORN et al., 2011).

Os desafios para melhorar as condições de criação infantil são tremendos em uma

sociedade com pouco tempo útil para se dedicar aos cuidados infantis necessários. A questão

é levantada por Winston e Chicot (2016), onde indicam que, em um estudo na Inglaterra, que

80% dos em breve pais pela primeira vez se mostram ansiosos e despreparados para lidar com

a criação de uma criança.

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3 CONCLUSÃO

A partir do exposto é possível perceber que a negligência e os maus-tratos contra

crianças pré-natais e pós-natais vem crescendo, assim como a desigualdade social e

econômica. Esses dois dados não podem ser deixados de analisar em conjunto, já que como

observado um interfere em grande parte das vezes no outro. A negligência muitas vezes é

confundida com a pobreza, pois a falta de recursos e informação dos pais afeta diretamente o

que eles oferecerão aos seus filho.

Como mostrado, existem diversos fatores que na primeira infância interferem

diretamente no comportamento e na formação da personalidade do indivíduo quando adulto,

ficando claro que essas alterações não são somente sociais. A falta de alimentação adequada,

exposição a ambientes violentos, a falta de estímulos cognitivos e afetivos afeta diretamente

na estruturação bioquímica cerebral que essas crianças recebem, e por sua vez na formação de

seu sistema nervoso.

Portanto, é indispensável que para resolver os problemas sociais associados a roubos,

homicídios, agressões, entre outros, seja levado em conta que essas pessoas agressivas,

insensíveis, e estimuladas a cometerem os crimes na maior parte das vezes são pessoas

derivadas de ambientes onde sofreram violência, maus-tratos e negligência. Com isso somente

terá resultados efetivos proposta de soluções que atinjam o problema pela raiz, fornecendo às

gestantes alimentação adequada, assim como para as crianças, tirá-las de ambientes violentos

e de qualquer outro ambiente onde receba estímulos negativos para seu desenvolvimento.

Em 2006, foi divulgado um guia de prevenção aos maus-tratos pela World Health

Organization and International Society for Prevention of Child Abuse and Neglect, onde se

enfatiza a necessidade de promover programas para a prevenção e tratamento, principalmente

em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, mas ainda sim as políticas públicas

desenvolvidas não são o suficiente. É preciso melhorar os métodos de avaliação de crianças

que sofrem maus-tratos e elaborar meios de solucionar os problemas sem causar ainda mais

traumas nessas crianças.

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4 ESTUDOS DE CASO

Artigos para discussão:

● SALMELAINEN, P. Child Neglect: Its Causes and its Role in Delinquency. Crime

and justice bulletin, n. 33, 1996.

● MITCHELL, H.; AAMODT, M. G. The Incidence of Child Abuse in Serial Killers.

Journal of Police and Criminal Psychology, vol. 20, n. 1, 2005.

● Documentário TED: Nadine Burke Harris - How childhood trauma affects health

across a lifetime. TED. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=95ovIJ3dsNk.

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