6
1 Destaque Depec - Bradesco Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos Ano XII - Número 105 - 18 de maio de 2015 Fabiana D’Atri China: participação nas exportações mundiais de produtos manufaturados China seguirá competitiva nos próximos anos, ainda impondo desafios para a indústria global A competitividade chinesa por muito tempo foi garantida, principalmente, pela taxa de câmbio depreciada, pelos baixos salários e por diversos subsídios dados à indústria. Nos últimos anos e especialmente desde a crise de 2008, contudo, os ganhos salariais chegaram a quase 100% e a moeda apreciou cerca de 30%, em termos reais. A despeito disso, o país asiático continuou ganhando participação no comércio mundial, tanto nas cadeias de baixo como de alto valor agregado. Esse desempenho sugere que a indústria chinesa segue competitiva, mesmo diante da forte desaceleração da economia mundial e da mudança dos seus custos produtivos. Entendemos que essa realidade seguirá presente nos anos à frente, levando em conta as perspectivas positivas para a produtividade, a elevada integração da cadeia asiática, os crescentes investimentos em tecnologia e infraestrutura e o potencial das reformas em curso. Ainda assim, notamos que algumas indústrias começam a migrar para países vizinhos e/ou para o interior, ao mesmo tempo em que novos setores deverão ganhar relevância em sua matriz produtiva. Desde a entrada da China na Organização Mundial do Comércio, em 2001, é notável a sua crescente participação no comércio mundial. Chama atenção a elevada demanda por commodities e a expansão das exportações. Em 2013 1 , o país, com a posição de maior exportador mundial, respondeu por 11,7% do total vendido no mundo (e 10,4% do total comprado). Em 2001, como referência, essa participação era de 4,3%. Analisando as exportações chinesas de produtos manufaturados – que representam aproximadamente 95% de sua pauta exportadora 2 – a maior parcela de mercado ainda se concentra no comércio de produtos intensivos em mão-de-obra e matéria-prima 3 . Ainda assim, vem crescendo a sua relevância nas cadeias mais intensivas em tecnologia, como ilustrado no gráfico a seguir. 1 Dado mais recente disponível. 2 Ante 70% da pauta importadora. 3 Do total exportado pela China em 2013, 22% foram produtos industrializados intensivos em mão-de-obra, 10% de baixa tecnologia, 23% de média tecnologia e 38% de alta tecnologia. Em 2001, essas participações eram de 30%, 9%, 20% e 28%, respectivamente. 8,4% 12,8% 30,6% 4,5% 7,6% 17,7% 1,8% 4,4% 12,3% 2,1% 17,1% 0% 8% 16% 24% 32% 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 intensivo em mão-de-obra baixa intensidade em tecnologia média intensidade em tecnologia alta intensidade em tecnologia Fonte: Unctad Elaboração: BRADESCO Contrariando o observado por muito tempo, o custo de produção chinês vem aumentando, o que poderia ter reduzido a sua competitividade em escala global. De fato, uma das maiores transformações observadas na China nos últimos quinze anos foi a elevação significativa dos

Destaque Depec Bradesco 18-05-15 v.2

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Documento elaborado pelo Departamento de Pesquisas Econômicos do Banco Bradesco.

Citation preview

  • 1Destaque Depec - BradescoD

    epar

    tam

    ento

    de

    Pesq

    uisa

    s e

    Estu

    dos

    Econ

    mic

    osAno XII - Nmero 105 - 18 de maio de 2015

    Fabiana DAtri

    China: participao nas exportaes mundiais de produtos manufaturados

    China seguir competitiva nos prximos anos, ainda impondo desafios para a indstria global

    A competitividade chinesa por muito tempo foi garantida, principalmente, pela taxa de cmbio depreciada, pelos baixos salrios e por diversos subsdios dados indstria. Nos ltimos anos e especialmente desde a crise de 2008, contudo, os ganhos salariais chegaram a quase 100% e a moeda apreciou cerca de 30%, em termos reais. A despeito disso, o pas asitico continuou ganhando participao no comrcio mundial, tanto nas cadeias de baixo como de alto valor agregado. Esse desempenho sugere que a indstria chinesa segue competitiva, mesmo diante da forte desacelerao da economia mundial e da mudana dos seus custos produtivos. Entendemos que essa realidade seguir presente nos anos frente, levando em conta as perspectivas positivas para a produtividade, a elevada integrao da cadeia asitica, os crescentes investimentos em tecnologia e infraestrutura e o potencial das reformas em curso. Ainda assim, notamos que algumas indstrias comeam a migrar para pases

    vizinhos e/ou para o interior, ao mesmo tempo em que novos setores devero ganhar relevncia em sua matriz produtiva.

    Desde a entrada da China na Organizao Mundial do Comrcio, em 2001, notvel a sua crescente participao no comrcio mundial. Chama ateno a elevada demanda por commodities e a expanso das exportaes. Em 20131, o pas, com a posio de maior exportador mundial, respondeu por 11,7% do total vendido no mundo (e 10,4% do total comprado). Em 2001, como referncia, essa participao era de 4,3%. Analisando as exportaes chinesas de produtos manufaturados que representam aproximadamente 95% de sua pauta exportadora2 a maior parcela de mercado ainda se concentra no comrcio de produtos intensivos em mo-de-obra e matria-prima3. Ainda assim, vem crescendo a sua relevncia nas cadeias mais intensivas em tecnologia, como ilustrado no grfico a seguir.

    1 Dado mais recente disponvel.2 Ante 70% da pauta importadora.3 Do total exportado pela China em 2013, 22% foram produtos industrializados intensivos em mo-de-obra, 10% de baixa tecnologia, 23% de mdia tecnologia e 38% de alta tecnologia. Em 2001, essas participaes eram de 30%, 9%, 20% e 28%, respectivamente.

    8,4%

    12,8%

    30,6%

    4,5%

    7,6%

    17,7%

    1,8%4,4%

    12,3%

    2,1%

    17,1%

    0%

    8%

    16%

    24%

    32%

    1995

    1996

    1997

    1998

    1999

    2000

    2001

    2002

    2003

    2004

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    2010

    2011

    2012

    2013

    China: participao nas exportaes mundiais de produtos manufaturados. Fonte: Unctad.

    intensivo em mo-de-obra

    baixa intensidade em tecnologia

    mdia intensidade em tecnologia

    alta intensidade em tecnologia

    Fonte: UnctadElaborao: BRADESCO

    Contrariando o observado por muito tempo, o custo de produo chins vem aumentando, o que poderia ter reduzido a sua competitividade

    em escala global. De fato, uma das maiores transformaes observadas na China nos ltimos quinze anos foi a elevao significativa dos

  • 2DEPEC

    Des

    taqu

    e D

    EPEC

    - B

    rade

    sco

    Fonte: CEICElaborao: BRADESCO

    Variao dos salrios e da produtividade acumulada nos prximos 5 anos (salrios no eixo horizontal e produtividade no eixo vertical)

    China: estoque de pessoas empregadas. Participao por setor

    4 Segundo dados do FMI. O PIB per capita brasileiro chegou a US$ 11.604 no ano passado, ocupando a posio de 61 no ranking global.

    21,2%

    26,0%29,3%

    38,5%

    22,4%23,7%

    21,6%

    30,1%

    56,4%54,3%

    49,1%

    31,4%

    15,0%

    30,0%

    45,0%

    60,0%

    199

    3

    199

    5

    199

    7

    199

    9

    200

    1

    200

    3

    200

    5

    200

    7

    200

    9

    201

    1

    201

    3

    China: estoque de pessoas empregadas. Participao por setor. Fonte: CEIC

    serviosindstria e construoagricultura

    As perspectivas para os anos frente sustentam a competitividade da China em nveis elevados, medida que os ganhos salariais sero compensados, em grande medida, pela expanso da produtividade. Em uma comparao internacional, com base nos dados estimados pela EIU (do grupo The Economist), o pas asitico ter um avano de quase 60% dos salrios em

    dlares frente expanso de 40% da produtividade no acumulado dos prximos cinco anos. Conforme o grfico a seguir ilustra, os pases que esto acima da linha apresentam as melhores relaes entre os ganhos salariais e aumento de produtividade. Vale destacar que de 2010 a 2014, a produtividade do trabalho j tinha avanado 40%.

    salrios, tanto no campo como nas cidades. Em mdia, os salrios urbanos avanaram, em termos nominais, 14% ao ano nesse perodo. Outra evidncia da presso salarial est na evoluo dos salrios mnimos definidos no nvel provincial , que subiram 17% na mdia anual, nessa mesma base de comparao, sempre medidos em renmimbi. Ainda assim, o nvel da remunerao permanece baixo quando comparamos com outros pases: no ano passado, o salrio mnimo mdio do pas chegou a US$ 230 (ante mdia mundial de US$ 377 e asitica de US$ 455). Como referncia adicional, mesmo que no expresse necessariamente a dinmica do mercado de trabalho, o PIB per capita atingiu US$ 7.588 em 2014 ante patamar de US$ 1.032 verificado em 2001. Ainda assim, em uma amostra de 187 pases, a China est em 80 lugar4.

    Sabemos que esses ganhos salariais foram decorrentes

    de mudanas demogrficas reduzindo a oferta de trabalhadores que migravam do campo para as cidades , do prprio crescimento do pas, mas tambm de polticas deliberadas do governo para aumentar os rendimentos dos trabalhadores. Sem desejar esgotar o assunto, no devemos deixar de mencionar as diferenas que persistem entre os salrios nas cidades e no campo, a fraca rede de assistncia social e previdenciria e as barreiras presentes para restringir a locomoo de trabalhadores dentro do pas, que afetam tambm a dinmica salarial. Mais recentemente, nota-se que a gerao de empregos no setor de servios vem crescendo e ganhando participao frente aos postos de trabalho gerados na indstria e na agricultura. Essa realidade, por sua vez, reflete um maior dinamismo do consumo interno, favorecendo a demanda de servios, ao mesmo tempo que decorre da desacelerao da indstria (e/ou do aumento de sua produtividade).

    Bangladesh

    Brasil

    China

    Alemanha

    ndia

    Japo

    Mxico Filipinas

    frica do Sul

    Taiwan

    Turquia

    Vietn

    0,0

    5,0

    10,0

    15,0

    20,0

    25,0

    30,0

    35,0

    40,0

    45,0

    0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0

    Variao dos salrios e da produtividade acumulada nos prximos 5 anos (salrios no eixo horizontal e produtividade no eixo vertical). Fonte: EIU

    Fonte: EIU Elaborao: BRADESCO

  • 3DEPEC

    Des

    taqu

    e D

    EPEC

    - B

    rade

    sco

    Fonte: CEICElaborao: BRADESCO

    China: exportao de bens comuns e processados/montados. Variao dos ltimos 12 meses

    China: salrio mnimo (mdia de uma amostra

    de 32 provncias). Valores em US$ (cotao final de

    perodo)

    46,54

    64,9680,12

    104,77 104,84

    132,10

    162,41

    184,87

    213,53

    230,34

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

    China: salrio mnimo (mdia de uma amostra de 32 provncias). Valores em US$ (cotao final de perodo). Fonte: CEIC

    Fonte: CEICElaborao: BRADESCO

    Em paralelo aos ganhos salariais, a moeda chinesa por muitos anos mantida artificialmente depreciada ganhou valor nos ltimos anos e parece ter encontrado um patamar mais justo. No entanto, ao contrrio do esperado e do que muitos estudos sugerem5, o efeito da variao da taxa de cmbio sobre o desempenho das exportaes (bem como das importaes) se mostrou muito pequeno. Para tanto, devemos analisar separadamente as vendas de bens comuns (produzidos totalmente no pas) e as de bens processados. Na categoria dos bens comuns, como calados, roupas e brinquedos, sem contedo importado e com baixa agregao de valor, era de se esperar que a China perdesse competitividade, uma vez que ela se apoia fundamentalmente em seus fatores. Mas, esses bens chegaram a responder por 46% dos embarques do pas em 2008 e hoje representam 52% do total vendido. As vendas externas desses produtos cresceram 10,7% no ano passado e, como j apontado anteriormente, continuam ganhando relevncia no comrcio mundial. Ao mesmo tempo,

    5 Garcia-Herrero e Koivu, Chinas exchange rate policy and Asian trade (2009), estimaram que uma apreciao de 5% da taxa de cmbio real levaria a uma queda de 7% do volume exportado. http://www.bis.org/publ/work282.pdfhttp://www.federalreserve.gov/pubs/ifdp/2009/987/ifdp987.htm6 THORBECKE Willem, Measuring the Competitiveness of Chinas Processed Exports, agosto de 20147 Won coreano depreciou 25% em relao ao renmimbi.

    os produtos processados e/ou montados na China6, como tablets e computadores cujos processadores e outros componentes no so chineses, deveriam ser menos influenciados pela apreciao da taxa de cmbio. Devemos levar em considerao que: (i) parte relevante dos componentes importada principalmente da Coreia e de Taiwan (cujas moedas depreciaram em relao ao renmimbi nesse perodo7, o que torna os componentes importados mais baratos) e (ii) cada vez mais, a China tem agregado valor na fase final de processamento em seu territrio, compensando a perda de competitividade que viria do cmbio mais apreciado e dos custos internos mais elevados. Esses produtos, por sua vez, chegaram a 37% do total vendido em 2014, ante 47% em 2008. Mesmo assim, a China tem deixado de ser o lugar barato para se montar produtos, mesmo que esses sejam de maior complexidade tecnolgica do que os bens tradicionalmente produzidos no pas. Muitas empresas globais, de fato, tm optado por no terceirizar a produo para a China ao passo que ela tem conseguido montar seus prprios produtos.

    29,4%26,4%

    -20,0%

    38,7%

    10,9%

    6,6%

    11,3% 11,9%

    20,1% 18,5%

    26,6%

    4,7%

    -2,2%

    2,7%2,5%

    -25,0%

    -15,0%

    -5,0%

    5,0%

    15,0%

    25,0%

    35,0%

    45,0%

    jan/

    08m

    ar/0

    8m

    ai/0

    8ju

    l/08

    set/0

    8no

    v/08

    jan/

    09m

    ar/0

    9m

    ai/0

    9ju

    l/09

    set/0

    9no

    v/09

    jan/

    10m

    ar/1

    0m

    ai/1

    0ju

    l/10

    set/1

    0no

    v/10

    jan/

    11m

    ar/1

    1m

    ai/1

    1ju

    l/11

    set/1

    1no

    v/11

    jan/

    12m

    ar/1

    2m

    ai/1

    2ju

    l/12

    set/1

    2no

    v/12

    jan/

    13m

    ar/1

    3m

    ai/1

    3ju

    l/13

    set/1

    3no

    v/13

    jan/

    14m

    ar/1

    4m

    ai/1

    4ju

    l/14

    set/1

    4no

    v/14

    jan/

    15m

    ar/1

    5

    China: exportao de bens comuns e processados/montados. Variao dos ltimos 12 meses. Fonte:CEIC

    exportao de produtos comuns

    exportao de produtos processados

  • 4DEPEC

    Des

    taqu

    e D

    EPEC

    - B

    rade

    sco

    Ranking de competitividade global. Posio da China em uma amostra de 114 pases. Edies de 2006-2007 a 2014-2015

    Sabe-se tambm que o pas contou e ainda conta, em alguma medida com outras vantagens competitivas, como a oferta de crdito a baixos custos, empresas estatais atuando com subsdios e no seguindo necessariamente a lgica privada que prevalece na maioria dos pases e prticas de formao de preo no alinhadas aos mecanismo de mercado. Assim, no so s o cmbio e a mo-de-obra barata que garantiram a competitividade chinesa no mercado global. Por outro lado, alm da produtividade j mencionada, so crescentes os investimentos em tecnologia, educao e infraestrutura que mantm os custos chineses competitivos. O fato que o pas segue atraindo investimentos estrangeiros diretos. Em 2014, US$ 119,5 bilhes entraram na China, o que a fez ocupar a posio do maior receptor de investimentos estrangeiros diretos no mundo, segundo a Unctad (lembrando que parte desse montante dvida das prprias empresas chinesas). No ranking de competividade global do Banco Mundial8, em uma amostra de 144 pases, a China ocupa a colocao de 28 economia mais competitiva9. Para esse ndice so considerados polticas, instituies e fatores que

    determinam o nvel de competitividade de cada pas.

    Desde a primeira edio desse ranking, a China avanou em suas posies de 2006 a 2011 e, a partir de ento, perdeu algumas colocaes. Esse ajuste observado nos anos mais recentes, segundo o critrio do indicador, se concentrou na piora de sade e educao primria, eficincia de mercado, sofisticao dos negcios, tecnologia e desenvolvimento do mercado financeiro. Ainda que esses tenham sido fatores de impulso de 2006 a 2011, so focos das reformas em curso voltadas a melhorar a burocracia dos negcios, flexibilizar o sistema financeiro (e reduzir os riscos decorrentes do elevado endividamento dos governos locais e da fragilidade das instituies no bancrias, o conhecido shadow banking). Na mesma direo, os esforos em intensificar os mecanismos de mercado nas empresas estatais (cuja principal reforma est por vir, frente ao anncio de consolidao das empresas principais que esto sob gesto da Comisso de Administrao e Superviso dos ativos estatais, de 112 para 40) e do aumento gradual da participao do setor privado no pas.

    8 http://www.weforum.org/reports/global-competitiveness-report-2014-2015, consultado em 29/04/159 Comparando, o Brasil est em 57 lugar.10 No caso do setor automotivo, h diversos estudos que mostram que o Mxico, atualmente, mais competitivo que a China.11 Muitos debates giram em torno do verdadeiro Made in China e no apenas Assembled in China (feito na China e no apenas montado na China).

    Fatores 2006 -20072007 -2008

    2008 -2009

    2009 -2010

    2010 -2011

    2011 -2012

    2012 -2013

    2013 -2014

    2014 -2015

    Instituies 75 77 56 48 49 48 50 47 47Infraestrutura 52 52 47 46 50 44 48 48 46Ambiente macroeconmico 3 7 11 8 4 10 11 10 10Sade e educao primria 85 61 50 45 37 32 35 40 46Educao superior e treinamento 74 78 64 61 60 58 62 70 65Eficincia de mercado 60 58 51 42 43 45 59 61 56Eficincia do mercado de trabalho 54 55 51 32 38 36 41 34 37Desenvolvimento do sistema financeiro 119 118 109 81 57 48 54 54 54Tecnologia 69 73 77 79 78 77 88 85 83Tamanho do mercado 2 2 2 2 2 2 2 2 2Sofisticao do ambiente de negocios 58 57 43 38 41 37 45 45 43Inovao 38 38 28 26 26 29 33 32 32ndice de competitividade global 34 34 30 29 27 26 29 29 28

    Fonte: Banco MundialElaborao: BRADESCO

    Mesmo diante dessa leitura positiva da competitividade chinesa, reconhecemos os desafios do pas, que tem ficado mais caro. A despeito dos investimentos em tecnologia, sabemos que as regies costeiras tm perdido competividade, o que tem provocado uma migrao de diversas indstrias para o interior (cujos incentivos tambm decorrem da inteno do governo de desenvolver essas regies). O acesso ao crdito especialmente das tradicionais pequenas empresas exportadoras tem sido mais restrito nos ltimos anos e o aumento dos controles ambientais tem aproximado o custo de produo da China ao de outros pases10.

    Os cortes graduais de subsdios dos preos dos insumos como energia e combustveis tambm afetam esse cenrio.

    Assim, o pas passa por uma fase de transformao pautada: (i) na tentativa de deixar de ser a indstria de montagem do mundo para uma indstria com mais inovao11; (ii) no movimento de internacionalizao das empresas chinesas, seja atravs da compra de grupos globais, ou por meio da instalao de suas plantas em diversos pases, diante da reduo da demanda global e da perda de importantes motores do

  • 5DEPEC

    Des

    taqu

    e D

    EPEC

    - B

    rade

    sco

    Comrcio intra-asitico (participao das

    exportaes dos pases asiticos para seus vizinhos

    asiticos)

    China: exportao/PIB

    crescimento interno (setor imobilirio e infraestrutura). Com isso, setores chineses como o de infraestrutura pensando no s na construo, mas principalmente na oferta de produtos e da tecnologia relacionada, especialmente no segmento ferrovirio comeam a ganhar competividade em escala global12. A rea de tecnologia da informao outro exemplo, com diversas empresas chinesas desenvolvendo seus equipamentos e aplicativos13.

    Dessa forma, a competividade chinesa deve ser contextualizada. As exportaes seguem relevantes para a economia do pas, porque impulsionam parte importante da indstria local,

    ainda que o foco do governo tenha sido muito mais direcionado ao desenvolvimento do mercado interno. Ademais, os ajustes estruturais em curso no pas implicam um menor ritmo de crescimento com diversas fragilidades evidentes como o excesso de capacidade instalada em muitos segmentos industriais, a elevada alavancagem, o ajuste do setor imobilirio, o endividamento dos governos locais. Esse contexto tem forado os produtos chineses a serem mais elaborados e a competividade no estar apenas pautada no comrcio tradicional de bens, mas no aumento da integrao nas cadeias globais especialmente asitica e da participao na produo e nos investimentos globais.

    12 Naturalmente, essa competitividade est atrelada estratgia do governo chins de ganho de participao do pas na geopoltica mundial. O Banco Interasitico de Infraestrutura, o projeto One road, one Belt e outras iniciativas de financiamento e acordos comerciais so exemplos dessa nova fase chinesa no mbito global.13 Como os casos dos sites Baidu e Alibaba e do aplicativo de comunicao WeChat.

    30,6%

    33,7%35,7% 34,9%

    31,7%

    23,7%

    26,2% 25,5%24,2%

    23,3% 22,6%

    8%

    14%

    20%

    26%

    32%

    38%

    2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

    China: exportao/PIB. Fonte: CEIC

    Fonte: CEICElaborao: BRADESCO

    44,4%

    45,7%49,2%

    54,6%

    54,1%

    55,8%

    53,8%

    58,9%

    58,2%

    59,7%

    61,3%

    60,3%

    43%

    48%

    53%

    58%

    63%

    mar

    /01

    jul/0

    1no

    v/01

    mar

    /02

    jul/0

    2no

    v/02

    mar

    /03

    jul/0

    3no

    v/03

    mar

    /04

    jul/0

    4no

    v/04

    mar

    /05

    jul/0

    5no

    v/05

    mar

    /06

    jul/0

    6no

    v/06

    mar

    /07

    jul/0

    7no

    v/07

    mar

    /08

    jul/0

    8no

    v/08

    mar

    /09

    jul/0

    9no

    v/09

    mar

    /10

    jul/1

    0no

    v/10

    mar

    /11

    jul/1

    1no

    v/11

    mar

    /12

    jul/1

    2no

    v/12

    mar

    /13

    jul/1

    3no

    v/13

    mar

    /14

    jul/1

    4no

    v/14

    mar

    /15

    Comrcio Intrasitico (participao das exportaes dos pases asiticos para seus vizinhos asiticos). Fonte: CEIC

    Fonte: CEICElaborao: BRADESCO

  • 6DEPEC

    Des

    taqu

    e D

    EPEC

    - B

    rade

    sco

    Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos EconmicosMarcelo Cirne de Toledo - Superintendente executivoEconomia Internacional: Fabiana DAtri / Felipe Wajskop Frana / Thomas Henrique Schreurs PiresEconomia Domstica: Igor Velecico / Andra Bastos Damico / Ellen Regina Steter / Myri Tatiany Neves BastAnlise Setorial: Regina Helena Couto Silva / Priscila Pacheco Trigo / Leandro de Oliveira Almeida Pesquisa Proprietria: Fernando Freitas / Leandro Cmara Negro / Ana Maria Bonomi BarufiEstagirios: Ariana Stephanie Zerbinatti / Thomaz Lopes Macetti / Victor Hugo Carvalho Alexandrino da Silva / Davi Sacomani Beganskas / Ives Leonardo Dias Fernandes / Henrique Neves Plens / Mizael Silva Alves

    Equipe Tcnica

    O DEPEC BRADESCO no se responsabiliza por quaisquer atos/decises tomadas com base nas informaes disponibilizadas por suas publicaes e projees. Todos os dados ou opinies dos informativos aqui presentes so rigorosamente apurados e elaborados por profissionais plenamente qualificados, mas no devem ser tomados, em nenhuma hiptese, como base, balizamento, guia ou norma para qualquer documento, avaliaes, julgamentos ou tomadas de decises, sejam de natureza formal ou informal. Desse modo, ressaltamos que todas as consequncias ou responsabilidades pelo uso de quaisquer dados ou anlises desta publicao so assumidas exclusivamente pelo usurio, eximindo o BRADESCO de todas as aes decorrentes do uso deste material. Lembramos ainda que o acesso a essas informaes implica a total aceitao deste termo de responsabilidade e uso. A reproduo total ou parcial desta publicao expressamente proibida, exceto com a autorizao do Banco BRADESCO ou a citao por completo da fonte (nomes dos autores, da publicao e do Banco BRADESCO).