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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA ESTUDO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM SERVOPOSICIONADOR APLICANDO CONTROLE VETORIAL INDIRETO A UM MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO ANTONIO BARBOSA DE SOUZA JÚNIOR FORTALEZA MARÇO 2010

Dissertacao_Antonio_Barbosa Transf de Clarke

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA

PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

ESTUDO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM SERVOPOSICIONADOR

APLICANDO CONTROLE VETORIAL INDIRETO A UM MOTOR DE

INDUÇÃO TRIFÁSICO

ANTONIO BARBOSA DE SOUZA JÚNIOR

FORTALEZA

MARÇO 2010

ii

Antonio Barbosa de Souza Júnior

ESTUDO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM SERVOPOSICIONADOR

APLICANDO CONTROLE VETORIAL INDIRETO A UM MOTOR DE

INDUÇÃO TRIFÁSICO

Dissertação submetida à Universidade Federal do

Ceará como parte dos requisitos para a obtenção do

grau de Mestre em Engenharia Elétrica.

Orientador:

Prof. Dr. Luiz Henrique S. C. Barreto.

FORTALEZA

MARÇO 2010

iii

A Deus pela sua infinita luz, todos familiares

e amigos.

iv

AGRADECIMENTOS

A Deus por seu infinito amor.

A CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) que

contribuiu com apoio financeiro necessário à realização desse trabalho e desenvolvimento

científico.

Ao meu orientador, Professor Luiz Henrique Barreto, pela confiança, estímulo e

paciência a mim dedicados;

Aos professores do departamento Fernando Antunes, José Carlos, Otacílio Mota,

Laurinda Reis, Bismark Torrico, Arthur Plínio e Ricardo Thé pelos ensinamentos a mim

ministrados em seus cursos, que de forma valiosa contribuíram no desenvolvimento deste

trabalho;

Ao professor Evandro Soares pelo seu apoio durante toda a minha graduação, muito

obrigado pela confiança, pelos ensinamentos, e pelas oportunidades que tive com sua ajuda.

Aos professores Daniel Thomazini e Virgínia Gelfuso pelos ensinamentos durante o curso de

graduação e pelo auxílio cedido durante o uso do braço robótico do curso de Engenharia de

Controle e Automação;

Aos meus pais, Antonio Barbosa e Benícia Nogueira, e à minha irmã Luiza, minha

avó, Luiza Barbosa, e aos meus tios, tias, padrinhos, madrinhas, primos, primas e à minha

namorada Luciana Maria, pela sua confiança, amor, compreensão, apoio, auxílio, e enfim, por

tudo, meu muito obrigado;

Aos companheiros de trabalho, que fazemos parte de um grupo bastante unido e

responsável, respeitando o limite e a capacidade de cada, nos nomes de Eber Diniz, Dalton

Honório, José Robério, Alexandre Valério, Jéssica Santos, que sem eles esse trabalho seria

quase que impossível;

Aos meus colegas Lucas Rabelo, Milton Evaristo, Fernando Antonio Grangeiro, Davi

Nunes Oliveira, David Erel, André Luis, Rafael Rodrigues, Fernando Sobreira, Ticiana,

Rodrigo Machado Cavalcanti, Valdinardo, Carlos Ferreira Dantas, Brito, Lincoln, Alandya,

Kathiane, Rogério, Aldinei, Samuel Jó, Venicio Soares, Felinto Firmeza, Gustavo Henn,

v

Ranoyca Nayana, Sheila Lopes, Socorro, Mário Sérgio, Rafael Gomes, Rafael Trash, Eudes

Oliveira, Rodrigo Paulino, Hermínio, Roque Júnior, Fábio Rocha, Danilo Nobre, Carlos

Alberto Júnior, Wellington Avelino, Fabíola Linard, Cesar Orellana, Cícero Alison, Hallison

Alves, Ednar Pessoa, Mateus Queiroz, Marcão, Aluísio, Srº Milson Uchoa, Rômulo Nunes,

Wilkley Bezerra, Rangel Borges, Herivelton Alves, Paulo Praça, Aroldo Costa, Daniel

Bezerra, Luis Gustavo, André Pimentel, Samuel Vieira, Carlos Elmano, Victor Brandão,

Adson Bezerra, Vanessa, Thissyane Thaynnara, Fátima Serpa, Natanael, Eduardo Lenz,

Sérgio Lima, André Lima, Daniel Dantas;

A todos os que contribuíram direta ou indiretamente para a realização desse trabalho e

que eu tenha, por algum motivo, esquecido de citar.

i

RESUMO

Júnior, A. B. de S. “Estudo e implementação de um servoposicionador aplicando

controle vetorial indireto a um motor de indução trifásico”, Universidade Federal do Ceará -

UFC, 2010, 111p.

Neste trabalho, foi realizado o estudo e a implementação de um servoposicionador

utilizando um motor de indução trifásico. Contemplando o estudo de um controlador PID

convencional, empregando o método do relé para encontrar o diagrama de Nyquist do

sistema, e então aplicar técnicas de sintonia como Ziegler-Nichols Modificado, com o intuito

de buscar a característica de rejeição a distúrbio aplicada à malha mecânica, e também se

realizou o estudo do controle vetorial indireto aplicado a malha elétrica do sistema, pois se

trata de um método de controle que vem a fazer analogia do controle de uma máquina cc. A

metodologia desenvolvida utilizou ferramentas de simulação para colher dados dos modelos

de controle empregados, e comparar com os dados obtidos do sistema implementado. Para o

controle vetorial utilizando uma malha de corrente com referência síncrona, se obtém a menor

oscilação com relação à referência de posição em regime permanente, com a menor variação

possível dentre os métodos estudados. Ao longo do projeto analisou-se a configuração

triângulo de ligação do motor, onde se encontrou uma capacidade de conjugado próxima a do

conjugado. Por fim, verificou-se uma possível aplicação no controle de posicionamento de um

grau de liberdade de um manipulador robótico.

Palavras-chave: Controle vetorial, Controlador PID com rejeição a distúrbios, Motores

de Indução, DSP.

ii

ABSTRACT

Júnior, A. B. de S. “Study and implementation of a servoposition applying indirect

vector control for a three-phase induction motor”, Universidade Federal do Ceará - UFC,

2010, 111p.

This work was carried out the study and implementation of a servoposicionador using a

three-phase induction motor. Contemplating the study of a conventional PID controller, using

the relay method for estimating the Nyquist diagram of the system, and then applying

techniques such as tuning Ziegler-Nichols modified, in order to check the characteristic of

disturbance rejection applied to the fabric mechanical, and also carried out the study of

indirect vector control applied to the electrical grid system since it is a method of control that

comes with the analogy to the control of a machine cc. The methodology used simulation

tools to gather data models of control employees, and compare with data from the

implemented system. For the vector control using a current loop with synchronous reference,

you get the slightest movement with respect to the reference position on a permanent basis,

with the least possible variation among the methods studied. Throughout the project analyzed

the triangle configuration of the engine, where he met a combined capacity of close to

conjugate. Finally, there was a possible application in motion control of a degree of freedom

of a robotic manipulator.

Keywords: Vector control, PID controller with rejection of disturbances, Induction

Motors, DSP.

iii

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................. IV

RESUMO .....................................................................................................................................................I

ABSTRACT ............................................................................................................................................... II

SUMÁRIO ............................................................................................................................................... III

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................................... V

SIMBOLOGIA ...................................................................................................................................... VIII

ACRÔNIMOS E ABREVIATURAS ...................................................................................................... IX

SÍMBOLOS DE UNIDADES DE GRANDEZAS FÍSICAS .................................................................. X

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1

CAPÍTULO 2 .............................................................................................................................................. 4

CONTROLADOR PID .............................................................................................................................. 4

2.1 CÁLCULO DOS PARÂMETROS DO CONTROLADOR PID ............................................................ 5 2.1.1 estimação de pontos do diagrama de nyquist utIlizando o Método do relÉ .................................. 6 2.1.2 Regras de sintonia para controlador PID ...................................................................................... 9 2.1.3 Método de Ziegler-Nichols modificado ........................................................................................ 10 2.1.4 Discretização do controlador PID ............................................................................................... 12

2.2 ANÁLISE DE ESTABILIDADE UTILIZANDO O DIAGRAMA DE NYQUIST ........................ 13 2.2.1 Critério de estabilidade de NYQUIST .......................................................................................... 13 2.2.2 ESTABILIDADE RELATIVA (MARGEM DE GANHO E MARGEM DE FASE) ......................... 15 2.2.3 ESTABILIDADE ROBUSTA ........................................................................................................ 16 2.2.4 FUNÇÃO SENSIBILIDADE ........................................................................................................ 17 2.2.5 REJEIÇÃO A DISTÚRBIO .......................................................................................................... 17

2.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 19

CAPÍTULO 3 ............................................................................................................................................ 20

CONTROLE VETORIAL APLICADO A MOTORES DE INDUÇÃO ............................................. 20

3.1 TRANSFORMAÇÃO DE CLARK ( 0α β ) ................................................................................ 21 3.1.1 Transformação da Máquina Trifásica em Máquina Bifásica ...................................................... 22

3.2 TRANSFORMAÇÃO DE PARK (D, Q, 0) ..................................................................................... 25 3.3 CONTROLE VETORIAL DE MÁQUINAS SÍNCRONAS. .......................................................... 26 3.4 CONTROLE VETORIAL DA MÁQUINA DE INDUÇÃO EM REGIME PERMANENTE ......... 28

3.4.1 MODELO DA MÁQUINA DE INDUÇÃO TRIFÁSICA aplicando CONTROLE VETORIAL INDIRETO ................................................................................................................................... 28

3.4.2 CONTROLE DO CONJUGADO EM TERMOS DE φsI E sTI .................................................. 31

3.4.3 MODELO dq0 PARA MÁQUINA DE INDUÇÃO EM REGIME PERMANENTE. ...................... 32 3.4.4 IMPLEMENTAÇÃO DO CAMPO ORIENTADO EM MÁQUINAS DE INDUÇÃO .................... 33

3.4.4.1 CONTROLE VETORIAL ATRAVÉS DE ALIMENTAÇÃO DIRETA (CAMPO ORIENTADO INDIRETO) ................................................................................................................................... 33

3.4.4.2 REQUISITOS PARA O CONTROLE DE CONJUGADO EM MÁQUINAS DE INDUÇÃO ........ 34 3.5 PROJETO DE UM SISTEMA DE CONTROLE SERVOPOSICIONADOR UTILIZANDO

CAMPO ORIENTADO INDIRETO ............................................................................................... 35 3.5.1 Modelagem Dinâmica do Campo Orientado Indireto para uma Máquina de Indução TRIFÁSICA

35 3.5.2 Reguladores de Corrente de Referência Síncrona ....................................................................... 39

3.6 MODULAÇÃO POR LARGURA DE PULSO USANDO VETORES ESPACIAIS (SVPWM) ................. 40 3.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................. 42

CAPÍTULO 4 SIMULAÇÃO COMPUTACONAL E RESULTADOS EXPERIMENTAIS PARA O CONTROLE DE POSIÇÃO DO MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO ...................................... 43

4.1 CONTROLE DE POSIÇÃO DE UM MIT “GAIOLA-DE-ESQUILO”.......................................... 43

iv

4.2 CONTROLE DE POSIÇÃO DE UM MIT “GAIOLA-DE-ESQUILO” COM MALHA DE

CORRENTE ................................................................................................................................... 54 4.3 PROJETO DE UM CONTROLADOR COM REJEIÇÃO A DISTÚRBIOS .................................. 59 4.4 APLICAÇÃO DO CONTROLADOR PROPOSTO AO MOTOR COM CARGA ......................... 67 4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 69

CONCLUSÃO .......................................................................................................................................... 70

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 72

ANEXO I ................................................................................................................................................... 77

PARÂMETROS DO MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO E DO MANIPULADOR .................... 77

ANEXO II ................................................................................................................................................. 78

EQUIPAMENTOS UTILIZADOS ......................................................................................................... 78

ANEXO III ................................................................................................................................................ 90

DIAGRAMA DE BLOCOS MODELADOS NO SIMULINK® ........................................................... 90

v

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Realimentação do processo através do relé. ................................................................................... 7

Figura 2.2 – (a) Relé sem histerese, (b) Relé com histerese. ............................................................................... 7

Figura 2.3 – Saída do relé u(t), onda quadrada; saída do processo y(t), característica senoidal. ................... 8

Figura 2.4 – Interseção dos lugares geométricos do recíproco inverso da função descritiva do relé com

histerese (a) e sem histerese (b) com o lugar geométrico de G(jω). ............................................... 9

Figura 2.5 – Diagrama de Nyquist e resposta ao degrau em malha fechada. ................................................. 10

Figura 2.6 – Comportamento do digrama de Nyquist no sistema. .................................................................. 11

Figura 2.7– sistema de controle a malha fechada. ............................................................................................ 14

Figura 2.8 – Diagrama de Nyquist. .................................................................................................................... 15

Figura 2.9 – Margem de Ganho e Margem de Fase utilizando o diagrama de Nyquist. ............................... 16

Figura 2.10 – Esboço do gráfico da relação entre a amplitude da função sensiblidade e sensibilidade

complementar. ............................................................................................................................... 18

Figura 2.11–Função de ponderação ao longo do diagrama de Nyquist. ......................................................... 19

Figura 3.1 - Comparação entre um motor em corrente contínua e o controle vetorial de uma máquina de

indução. ............................................................................................................................................. 21

Figura 3.2 – Transformação física de uma máquina simétrica trifásica m uma máquina bifásica (BARBI,

1986). ................................................................................................................................................. 22

Figura 3.3 – Sistema de eixos representado a transformada de Park. ............................................................ 25

Figura 3.4 – Máquina síncrona controlada por um inversor de fonte de corrente realimentada pela

posição do rotor. ............................................................................................................................ 26

Figura 3.5 – Circuito equivalente de uma máquina síncrona e seu respectivo diagrama fasorial. .............. 27

Figura 3.6 – Circuito equivalente de um motor de indução tipo gaiola de esquilo. ....................................... 28

Figura 3.7 – Família de circuitos equivalentes para máquinas de indução trifásicas tipo gaiola de esquilo.

..................................................................................................................................................................... 29

Figura 3.8 – Circuito equivalente para a máquina de indução tipo gaiola de esquilo com o valor de “a”

escolhido segundo a equação (3.31). ............................................................................................ 29

Figura 3.9 – Circuito equivalente para a máquina de indução tipo gaiola de esquilo com “a” escolhido

segundo a equação (3.31) com nomenclaturas modificadas. ..................................................... 30

Figura 3.10 – Diagrama fasorial em termos de φsI e sTI . .............................................................................. 31

vi

Figura 3.11 – Circuito equivalente em termos de correntes e tensões em coordenadas dq0. ........................ 32

Figura 3.12 – Diagrama fasorial da Figura 3.11. .............................................................................................. 32

Figura 3.13 – Configuração do acionamento de campo orientado indireto para uma máquina de indução.

..................................................................................................................................................................... 35

Figura 3.14 – Configuração do acionamento de campo orientado indireto para uma máquina de indução .

..................................................................................................................................................................... 37

Figura 3.15 – Diagrama de blocos do controlador de corrente com referência síncrona utilizando um PID

clássico (LIPO & NOVOTNY, 1997). ....................................................................................... 39

Figura 3.16 – Diagrama do espaço vetorial. ...................................................................................................... 40

Figura 4.1 – Diagrama de blocos simplificado do servoposicionador. ............................................................ 43

Figura 4.2 – Diagrama de blocos para o cálculo do ângulo elétrico. ............................................................... 43

Figura 4.3 – Diagrama de blocos para o cálculo da corrente do eixo em quadratura. .................................. 43

Figura 4.4 – Diagrama de blocos para o cálculo da corrente do eixo direto. ................................................. 44

Figura 4.6 – Curva de Nyquist traçada a partir de simulações ....................................................................... 53

Figura 4.7 – Dados Experimentais: (a) posição do rotor (1 V/div., 1 s/div.) e (b) corrente do estator com

realocação do ponto da curva de Nyquist menos estável (200 mA/div., 500 ms/div.). ............... 53

Figura 4.8 – Conjugado eletromagnético e posição do rotor a partir da simulação para o controle com

malha de corrente. ........................................................................................................................ 55

Figura 4.9 – Visão detalhada do controle de posição em regime permanente para o controle vetorial sem

malha de corrente ......................................................................................................................... 55

Figura 4.10 – Visão detalhada do controle de posição em regime permanente para o controle vetorial com

malha de corrente ......................................................................................................................... 56

Figura 4.11 – Resultados experimentais do sistema sem malha de corrente. ................................................. 57

Figura 4.12 – Resultados experimentais do sistema com malha de corrente com o motor na configuração

estrela. ............................................................................................................................................ 57

Figura 4.13 – Resultados experimentais do sistema com malha de corrente com o motor na configuração

triângulo. ..................................................................................................................................... 58

Figura 4.14 – Diagrama de blocos do sistema mecânico. ................................................................................. 59

Figura 4.15 – Diagrama de Nyquist da malha de velocidade. .......................................................................... 60

Figura 4.16 – Diagrama de Nyquist da malha de velocidade na região do distúrbio. ................................... 60

vii

Figura 4.17 – Diagrama de Nyquist para o distúrbio na malha de posição. ................................................... 62

Figura 4.18 – Diagrama de Nyquist da malha de velocidade na região do distúrbio, com o distúrbio

modelado. ....................................................................................................................................... 63

Figura 4.19 – Simulação da malha de velocidade com entrada de carga em 25 segundos. ........................... 63

Figura 4.20 – Diagrama de Nyquist da malha de velocidade. .......................................................................... 64

Figura 4.21 – Diagrama de Nyquist da malha de posição na região do distúrbio. ......................................... 65

Figura 4.22 – Diagrama de Nyquist para o distúrbio na malha de posição. ................................................... 66

Figura 4.23 – Diagrama de Nyquist da malha de posição na região do distúrbio. ......................................... 67

Figura 4.24 – Manipulador robótico. ................................................................................................................ 67

Figura 4.25 – Segundo e primeiro graus de liberdade do manipulador robótico. ......................................... 68

Figura 4.26 – Posição angular em radianos , corrente em eixo em quadratura , corrente em eixo direto

para o controlador com rejeição a distúrbio aplicado ao segundo grau de liberdade (cotovelo). ................ 69

viii

SIMBOLOGIA

Simbologia Significado sR

Resistência Estatórica por fase

sL Indutância de magnetização estatórica por fase

rR Resistência Rotórica por fase referenciada ao estator

rL Indutância Rotórica por fase referenciada ao estator

mL Indutância de magnetização por fase

^

sL

Indutância de magnetização estatórica estimada por fase

^

sr

Resistência Estatórica estimada por fase

eω Velocidade elétrica angular

rω Velocidade de escorregamento angular

dsv Tensão do estator no eixo direto (coordenadas dq0)

qsv

Tensão do estator no eixo em quadratura (coordenadas dq0)

dsi Corrente do estator no eixo direto (coordenadas dq0)

qsi

Corrente do estator no eixo em quadratura (coordenadas dq0)

*dsi

Comando de Corrente do estator no eixo direto (coordenadas dq0)

*qsi

Comando de Corrente do estator no eixo em quadratura (coordenadas dq0)

Posição de referência para o eixo do motor

P Número de Pólos

pK

Ganho Proporcional

iT

Tempo Integral

dT

Tempo Derivativo

d Amplitude do relé

a Amplitude das saídas

є Largura da histerese

sT

Tempo de Amostragem

0q

Primeiro ganho do controlador

1q

Segundo ganho do controlador

2q

Terceiro ganho do controlador

A Ponto do Diagrama de Nyquist da Planta

B Ponto do Diagrama de Nyquist escolhido

ar Parte Real do Ponto da Planta

br Ponto Escolhido pelo Operador da Planta

Ângulo Formado Entre o Eixo Real e o Ponto A

ix

Ângulo Formado Entre o Eixo Real e o Ponto B

Frequência dos Pólos da Planta

( )cG s

Função de Transferência do Controlador

( )pG s

Função de Transferência da Planta

u(k) Valor da saída atual

u(k-1) Valor da saída anterior

e(k) Erro atual

u(k-1) Erro anterior

S Escorregamento

s Variável complexa

Vcc Tensão do barramento do inversor

J Momento de inércia

B Coeficiente de atrito viscoso

Te Torque eletromagnético

Ia Corrente de armadura

If Corrente de campo

N Número de enrolamentos

si Corrente do estator

ri Corrente do estator

iV

Tensão de entrada

dcV

Tensão do barramento cc

dcR

Resistência do barramento

Ea Tensão interna produzida pela corrente de campo cc

γ Ângulo entre os fasores Ea e Ia

afλ

Fluxo produzido pela corrente de campo

rE Tensão aplicada à resistência do rotor em uma máquina de indução

ACRÔNIMOS E ABREVIATURAS

Simbologia Significado PWM Pulse-Width Modulation (Modulação por largura de pulso) THD Taxa de distorção harmônica IGBT Insulated Gate Bipolar Transistor

MOSFET Metal-Oxide-Semiconductor Field-Effect Transistor ca Corrente alternada cc Corrente contínua

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior UFC Universidade Federal do Ceará

x

PID Proporcional Integral Derivativo MIT Motor de Indução Trifásico DSP Digital Signal Processors

SVPWM Space Vector Pulse-Width Modulation (Modulação Por Largura De Pulso

Usando Vetores Espaciais) SCORBOT Scorpion Robot

DOF Degree of Freedom (Grau de Liberdade)

SÍMBOLOS DE UNIDADES DE GRANDEZAS FÍSICAS

Símbolo Significado Ω Ohm A Ampère Hz Hertz rad Radiano s Segundo V Volt W Watt

mm Milímetro N Newton m Metro

1

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

Os servoposicionadores são equipamentos utilizados quando se necessita de um

posicionamento preciso de algum elemento mecânico, em um determinado local pré-

estabelecido, com determinada velocidade, como por exemplo: uma broca de uma fresa uma

cabina de um elevador, uma garra de um braço robótico. Podendo ser acionados de forma

hidráulica, geralmente utiliza-se como fluido o óleo e sendo empregados em tarefas que

necessite de força e boa precisão. O acionamento também pode ser feito utilizando circuitos

pneumáticos, porém não possuem boa precisão. Por fim, podem ser acionados de forma

elétrica utilizando motores, este é o tipo que possui a relação custo/benefício mais eficiente

(PAZOS, 2002), que é a forma de acionamento foco deste trabalho. A pesquisa em torno do

tema desta dissertação gerou produção técnica publicada conforme segue em BARBOSA et al

(2008).

Industrialmente a aplicação de servoposicionadores se utiliza, em boa parte, de

servomotores de corrente contínua. Apesar da facilidade de modelagem e controle deste tipo

de máquina (SHIAU & LIN, 2001), sua manutenção é dispendiosa devido ao grande número

de componentes e ao contato mecânico de suas partes (KOSOW, 1996). Em aplicações mais

atuais vem-se utilizando motores síncronos sem escova (REBOUÇAS, 2008), por ser uma

máquina com algumas características similares ao motor de corrente contínua, como, por

exemplo, o enrolamento de campo do rotor ser excitado com correntes contínuas, além de ter

uma relação de sincronismo entre a frequência do rotor e a frequência de alimentação,

facilitando seu acionamento no caso da técnica de controle vetorial. Porém possui

desvantagens como aspecto construtivo complexo, manutenção onerosa e de exigir um valor

de corrente elevado durante a partida, assim como o motor cc (FIZTGERALD et al, 2006).

Os motores de indução trifásico (MIT) do tipo “gaiola de esquilo”, por sua vez são

motores de construção simples, mais baratos e de fácil manutenção, além de possuir uma

maior robustez se comparado a outros tipos de máquinas elétricas. Sua utilização na indústria

é bastante difundida (KOSOW, 1996). A maior dificuldade da utilização do MIT para o

controle de posição é a modelagem matemática do projeto do controlador (LIPO &

NOVOTNY, 1997). A principal aplicação deste tipo de motor é quando se necessita de

movimentos rotacionais contínuos, como em bombas d’água, compressores, exaustores,

ventiladores, máquinas operatrizes. Quando se necessita de movimentos lineares acoplam-se

2

ao eixo do motor sistemas mecânicos, como engrenagens do tipo cremalheira, a fim de fazer a

transmissão do movimento.

TAKAHASHI & ITOH (1991) propõem o controle de posição do motor de indução

através do controle não do motor em si, mas de um freio eletromagnético, sendo o grande

problema deste tipo de controle a necessidade da utilização de um equipamento a mais, no

caso o freio eletromagnético, o que encarece o processo. LIAW et al (1993) propõem o

controle de posição de uma máquina de indução utilizando o controle vetorial indireto

clássico para a malha de corrente, que estaria totalmente desacoplada da malha mecânica,

empregando técnicas de modelagem estocástica. CÂMARA et al (2002) utilizam a mesma

abordagem de desacoplamento de malhas, utilizando um controlador robusto adaptativo

referido às dinâmicas não modeladas da planta. Neste trabalho optou-se pela aplicação do

controle vetorial (BOSE, 1986; LIPO & NOVOTNY, 1997), que utiliza modelos matemáticos

de controle da máquina de indução de modo a aproximá-la do controle da máquina de

corrente contínua. Logo, neste método de controle busca-se utilizar uma máquina robusta

como o MIT, aplicando um controle semelhante à de um motor de corrente contínua.

Existem várias metodologias de controle de posição desta máquina utilizando controle

vetorial (OGASAWARA et al, 1988), (DONG et al, 1991), (LIAW & LIN, 1993) e

(BARBOSA et al, 2008). Para este tipo de aplicação, porém, necessita-se de um controle

preciso do escorregamento, de modo a se obter a posição exata do rotor e com isso efetuar o

desacoplamento das correntes de eixo direto e em quadratura. Para isto há a necessidade em

se saber, com precisão, os parâmetros do motor, em especial a constante de tempo do rotor.

HAMID et al (1999) mencionam que a resistência rotórica varia com uma série de fatores,

dentre eles temperatura, frequência e nível de saturação da máquina, alterando

consequentemente a constante de tempo rotórica. Então, propõem a sintonia da constante de

tempo rotórica através da análise do fluxo estatórico e da tensão estatórica em coordenadas

em eixo direto e quadratura a ser calculada em cada ciclo elétrico.

Através deste trabalho propõe-se realizar um estudo da utilização de motores de indução

como servoposicionadores, sendo a idéia principal de obter um controle de posição do eixo do

rotor de um MIT, utilizando o conceito de controle vetorial indireto na malha de corrente. A

grande vantagem do controle vetorial indireto, com relação ao controle vetorial direto, é que o

indireto necessita somente da posição do eixo para estimar o fluxo do rotor, de modo a evitar

a necessidade de vários sensores de corrente e outros sensores de fluxo. Então, apenas um

potenciômetro é suficiente para se ter informação da posição do eixo, barateando o

3

desenvolvimento do projeto. Para a malha mecânica será implementado um controlador PID

convencional que seja robusto a distúrbios de cargas.

Para a metodologia empregada utilizar-se-á um MIT do tipo gaiola de esquilo, com as

seguintes características principais: potência nominal de 0,25 cv, tensão nominal de 380/220V

(estrela/triângulo), 4 pólos e corrente nominal de 0,66 A, as demais características se

encontram em anexo I.

Sendo, primeiramente, realizada a simulação do sistema utilizando a ferramenta

computacional (Simulink®), de um controlador vetorial indireto clássico aplicando PID

(BOSE, 1986), de modo a poder se observar a possibilidade do controle de posição do

mesmo. Posteriormente, será implementada a simulação de uma malha de corrente, de modo a

fornecer maior robustez ao sistema, logo em seguida serão construídos os algoritmos de

controle utilizando os parâmetros validados na simulação. Por fim, serão realizados ensaios

acoplando o motor em um grau de liberdade de um manipulador robótico, para verificar a

capacidade de rejeição a distúrbios de cargas do controlador.

4

CAPÍTULO 2

CONTROLADOR PID

Existem diversas técnicas de controle na atualidade, com diferentes níveis de

complexidade. Havendo métodos simples, como o controlador on-off (implementado

utilizando relés, por exemplo) tendo somente dois valores possíveis, assim podendo produzir

somente valores extremos para a variável manipulada. Como resultado terá um grande

número de oscilações na saída do sistema quando um destes controladores é inserido num

sistema de malha fechada. Sua aplicação é limitada pela precisão desejada, ou seja, pelo

desvio máximo permitido para a variável. Controladores de ganho constante como o PID

(Proporcional – Integral – Derivativo) convencional possuem uma complexidade mediana.

Com o crescente desenvolvimento tecnológico da microeletrônica, permite-se a aplicação de

métodos mais complexos de controle, como os controladores inteligentes. Os sistemas de

controle inteligentes devem possuir a habilidade de tratar um vasto conjunto de incertezas,

aspectos qualitativos da informação que recebem, estruturas de dados complexa e longa

quantidade de dados não-estruturados (GUIMARÃES, 2007), como controladores que

utilizam algoritmos auto-ajustáveis, preditivos, genéticos, adaptativos.

Para a aplicação do projeto será estudada a utilização do PID convencional para o

controle da malha mecânica, pois o controlador PID de estrutura fixa corresponde a um dos

métodos de controle mais utilizadas no meio industrial devido à sua simplicidade de

implementação e capacidade de satisfazer a maioria dos requisitos de projeto (ÅSTRÖM &

HÄGGLUND, 1995).

Existem diversos métodos para sintonia do controlador PID de ganho fixo de grande

sucesso no meio industrial, podendo-se citar os métodos de ZIEGLER & NICHOLS (1943).

Esta técnica constitui um marco no desenvolvimento de método sistemático de ajuste de

controladores PID e, a partir deste trabalho, ocorreu uma impulsão nas aplicações destes

controladores em processos industriais.

Procurando conferir simplicidade de projeto aos controladores PID, mesmo em

situações de difícil operação e sem a necessidade de definir um modelo explícito para o

processo a ser controlado, várias técnicas de sintonia têm sido propostas. Como exemplo

pode-se citar o método do relé, inicialmente proposto por ÅSTRÖM & HÄGGLUND (1995).

Este método utiliza uma não-linearidade do tipo relé na malha de realimentação do processo.

5

Aplicando o relé com histerese pode-se traçar o diagrama de Nyquist, utilizando a função

descritiva para diferentes pontos de operação. Além de possuir características interessantes

como:

- Ser uma técnica simples de projetar e implementar;

- Proporcionar economia no tempo de projeto, principalmente por não ser necessária a

identificação explícita de um modelo completo para o processo;

- Além de ser um método bastante difundido no meio industrial.

2.1 CÁLCULO DOS PARÂMETROS DO CONTROLADOR PID

O controlador PID possui um bom desempenho desde que o sistema a controlar seja

conhecido, bem comportado (linear e não possui variações no tempo) e os parâmetros do

controlador sejam bem ajustados. Os modos de controle proporcional, integral e derivativo

são ações de controle lineares que são implementados na maioria dos controladores

comerciais. A sua principal limitação, derivada do procedimento de ajuste, é ser sensível às

diferentes condições de funcionamento, ou seja, alterando-se o ponto de operação da planta,

devem-se recalcular os parâmetros do controlador, existindo a solução para este tipo de

problema os algoritmos de controle com características auto-ajustáveis.

A equação deste controlador em função do tempo é apresentada na equação (2.1), logo

abaixo:

++= ∫

t

dt

deTdedt

Tiektm

0

1)(

(2.1)

Podem-se modificar as propriedades dinâmicas deste controlador atuando nos

parâmetros (ajustáveis) k, Ti e Td.

A equação (2.2) mostra a função de transferência do controlador PID

++= Tds

TisKpsGs

11)(

(2.2)

Pode-se configurar o controlador PID de 3 (três) modos distintos:

1. Controle Proporcional – Quando Td = 0 e Ti→∞ tem-se um controlador

proporcional. O seu efeito no comportamento estacionário não é preciso,

não consegue eliminar o erro ou offset da resposta ao sistema. Um

6

aumento do ganho proporcional pode levar, em geral, a um aumento no

tempo de assentamento e eventualmente à instabilidade.

2. Controle Proporcional integral – Quando Td = 0 tem-se um controlador

PI. A parte integral produz uma função de transferência do controlador

com um pólo na origem, eliminando, portanto, o erro estacionário ao

seguimento da referência tipo degrau, desde que o sistema de

realimentação seja estável. Apesar da possível presença de perturbações, o

erro estacionário deixa de existir, porém, demora-se mais tempo para

atingir o valor estacionário, ou seja, a ação integral aumenta o tempo de

assentamento. A combinação dos modos proporcional e integral é

vantajosa porque combina a rapidez da resposta do modo proporcional e a

capacidade de eliminar o erro estacionário do modo integral. Cabe destacar

que sistemas com taxa de amortecimento pequena precisam de inserção do

modo derivativo.

3. Derivativo – Quando Ti e Td não são nulos, tem-se um controlador PID,

também conhecido como controlador de três modos. A inclusão de um

termo da forma Td (de/dt) ultrapassa a limitação das ações proporcional e

integral que requerem de um erro, ou de um intervalo de tempo

considerável, para produzir uma resposta com certa grandeza, respondendo

à taxa à qual a variável controlada modifica. Com a inclusão do modo

derivativo, o controlador torna-se mais sensível mesmo na presença de

pequenos erros, podendo assim reduzir o sobresinal e o tempo de

assentamento.

2.1.1 ESTIMAÇÃO DE PONTOS DO DIAGRAMA DE NYQUIST UTILIZANDO O

MÉTODO DO RELÉ

Experimentos com um relé na malha de realimentação, com propósito de identificação

de processos, tornaram-se populares a partir do trabalho de ÅSTRÖM & HAGGLÜND

(1995). Este método foi utilizado para determinar o ganho crítico e a frequência crítica. A

abordagem baseia-se na modelagem da não-linearidade através de sua função descritiva e da

sua interpretação em termos do diagrama de Nyquist para obtenção de informação em

frequência do processo (COELHO & COELHO, 2004).

7

A identificação do processo é feita a partir da estimação em frequência da função de

transferência do processo em malha aberta. Para tanto se utiliza uma não-linearidade tipo relé

realimentando o sistema, figura 2.1.

-+

r(t)

Processo

e(t) u(t) y(t)

Figura 2.1: Realimentação do processo através do relé.

Da saída do processo e da especificação da não-linearidade, determinam-se os

parâmetros relevantes (amplitude e frequência de oscilação) necessários para a estimação da

função de transferência do processo em malha aberta G(jω). Para a estimação de G(jω) em

todas as frequências de interesse no projeto do controlador PID, utilizam-se dois tipos de

relés. Um relé sem histerese é utilizado para estimar a função de transferência na frequência

de cruzamento e outro com histerese para estimar a função de transferência em diferentes

frequências. A escolha do relé a ser utilizado é função do método de sintonia do controlador

PID empregado. O relé com histerese (figura 2.2b) pode ser modelado no domínio do tempo

por simples regras linguísticas descrevendo o comportamento da histerese, isto é:

Se [|(e(t)|>ε & e(t)>0] então u(t)=d;

Se [|(e(t)|>ε & e(t)<0] então u(t)=-d;

Se [|(e(t)|<ε & u(t-1)=d] então u(t)=d;

Se [|(e(t)|<ε & u(t-1)=-d] então u(t)=-d.

O relé sem histerese (figura 2.2a) pode ser modelado no domínio do tempo por:

Se [e(t)<0 ] então u(t)=-d; Se [e(t)>0 ] então u(t)= d.

e(t)

u(t)

d

-d

є-є

(b)

e(t)

u(t)

d

-d

(a) Figura 2.2: (a) Relé sem histerese, (b) Relé com histerese.

8

Os sinais e(t) e u(t) são mostrados na figura 2.3. A saída do relé u(t), variável de

controle, corresponde a uma onda quadrada. Com os sinais da figura 2.3a e 2.3b, como

entrada para o processo considerando-se que a resposta do processo em malha fechada seja

dominada pelas componentes de baixa frequência, a saída oscila de forma senoidal como

mostra a figura 2.3a e 2.3b, respectivamente.

Figura 2.3: Saída do relé u(t), onda quadrada; saída do processo y(t), característica senoidal (GUIMARÃES,

2007).

A função descritiva ou função descritiva senoidal de um elemento não-linear é definida

como a relação complexa entre a componente harmônica fundamental do sinal de saída e do

sinal de entrada:

YN FASE

U= ∠ (2.3)

Sendo, N a função descritiva, U a amplitude da componente fundamental do sinal de

entrada e Y a amplitude da componente fundamental do sinal de saída (OGATA, 2002).

Considerando o relé sem histerese e com histerese, tem-se as seguintes equações

relatando as funções descritivas:

4( )

dN a

aπ= (2.4)

2 22 2

4 4( )

d dN a a i

a a

εε

π π= − − (2.5)

A partir da modelagem do relé por função descritiva, que são funções que descrevem,

de forma aproximada, as características de transferência de sinais através de elementos não-

lineares, e da operação do sistema sob o controle do relé, pode-se determinar a função de

transferência do processo conforme equação (2.6).

9

2 21( ) ( ) ; ( )

( ) 4 4 4a

G j G j G j a iN a d d d

π π πεω ω ω ε= − ⇒ = − = − − − (2.6)

Sendo “d” a amplitude do relé, “a” a amplitude de oscilação na saída do processo, “ω”

a frequência de oscilação da saída e “є” sendo a largura da histerese. Escolhendo uma relação

entre “є” e “d”, se torna possível determinar um ponto na curva de Nyquist com a parte

imaginária especificada, ou seja, utilizando a equação (2.6) com diferentes valores de largura

de histerese, a curva de Nyquist pode ser traçada de modo a encontrar as características de

robustez absoluta e relativa do sistema.

As interseções, no plano G(s), dos lugares geométricos do recíproco inverso da função

descritiva do relé com lugar geométrico de G(jω), estabelecem pontos de operação

correspondentes às frequências da parte do diagrama de Nyquist situadas no terceiro

quadrante do plano G(s) (Figura 2.4). Neste quadrante estão situadas as frequências que, em

geral, são de interesse no projeto e análise de sistemas de controle e podem ser

completamente definidas através de experimentos com o relé.

1( )N a

1( )N a

Figura 2.4: Interseção dos lugares geométricos do recíproco inverso da função descritiva do relé com histerese

(a) e sem histerese (b) com o lugar geométrico de G(jω).

2.1.2 REGRAS DE SINTONIA PARA CONTROLADOR PID

Quando se dispõe de um modelo matemático de um processo, é possível aplicar várias

técnicas visando à determinação dos parâmetros do controlador que atendam às especificações

de regimes transitórios e estacionários do sistema de malha fechada. Contudo, em processos

de alta complexidade, em que o modelo matemático não possa ser obtido com facilidade, a

abordagem analítica para se projetar um controlador PID deixa de ser viável. Nesses casos,

deve-se fazer uso das técnicas experimentais de sintonia dos controladores. ZIEGLER &

NICHOLS (1942) propuseram regras para a sintonia de controladores PID, ajustes dos valores

de Kp, Ti e Td, baseados na resposta experimental a uma excitação em degrau no valor de Kp.

As regras de ZIEGLER & NICHOLS (1942) são muito convenientes nos casos em que não se

10

conhece o modelo matemático do processo e também podem ser aplicados ao projeto de

sistemas com modelo matemático conhecido.

2.1.3 MÉTODO DE ZIEGLER-NICHOLS MODIFICADO

O método de ZIEGLER & NICHOLS (1942) modificado tem como característica a

determinação dos parâmetros dos controladores através da interpretação do diagrama de

Nyquist da função de transferência de malha aberta da planta a ser controlada.

Segundo a teoria proposta por ÅSTRÖM & HÄGGLUND (1995) para o uso do método,

faz-se necessário ter-se o diagrama de Nyquist da função de transferência de malha aberta do

sistema. Em seguida escolhe-se um ponto qualquer do diagrama de Nyquist gerado, então a

determinação dos parâmetros do controlador é feita movendo o ponto escolhido para outro

ponto dentro do diagrama de Nyquist.

A figura 2.5 mostra como se comporta o diagrama de Nyquist do controlador e a

respectiva resposta ao degrau para o sistema em malha fechada.

Figura 2.5– Diagrama de Nyquist e resposta ao degrau em malha fechada (ÅSTRÖM & HÄGGLUND, 1995).

Observe que conforme se altera o diagrama do controlador deslocando-se o ponto para

próximos do eixo, tem-se uma alteração na resposta do sistema, tornando este mais oscilatório

ou não.

A figura 2.6 mostra como se comporta o sistema dependendo de onde se deseja alocar o

ponto. Como pode ser observado, podem-se alterar as parcelas proporcional (P), integral (I) e

derivativa (D), modificando assim as características de estabilidade da planta, por exemplo,

11

alterando-se os parâmetros integral ou derivativo, consegue-se modificar a margem de fase do

sistema.

Figura 2.6– Comportamento do digrama de Nyquist no sistema ÅSTRÖM & HÄGGLUND (1995).

O método propõe que se escolha um ponto A no diagrama de Nyquist obedecendo ao

seguinte formato:

( )aiaA r e π φ+= (2.7)

No qual ra é a parte real do ponto escolhido, e Φa é o ângulo formado entre o eixo real

(ReG(iω)) e o ponto A.

O controlador é determinado deslocando o ponto A para um ponto B.

)( biberB φπ += (2.8)

resposta em frequência do controlador é obtida por:

a

bc r

rr =

(2.9)

abc φφφ −= (2.10)

Ou seja:

( )0ci

c cG i r e φω = (2.11)

Gc (iω0) é a resposta em frequência do controlador.

Para um controlador PI, segundo ÅSTRÖM & HÄGGLUND (1995) , tem-se que:

( )

a

abbp r

rK

φφ −=

cos

(2.12)

( )1

tania b

Tω φ φ

=−

(2.13)

Com Φa >Φb para que Ti seja positivo.

12

Para um controlador PID, o termo proporcional Kp se mantém o mesmo da equação

(2.13), entretanto o termo integrador (Ti) sofre uma modificação em sua equação e o termo

derivativo (Td) é acrescentado.

( )1

tand b ai

TT

ω φ φω

− = − (2.14)

Ou seja:

id TT α= (2.15)

α é uma constante, e segundo as regras de ZIEGLER & NICHOLS (1942) é definida

com α = 0,25. Então, segundo ÅSTRÖM & HÄGGLUND (1995) para um controlador PID,

as constantes do sistema podem ser calculadas por:

( )

a

abbp r

rK

φφ −=

cos

(2.16)

id TT 25,0= (2.17)

( ) ( )( )21tan 4 tan

2i b a b aT φ φ α φ φαω

= − + + − (2.18)

2.1.4 DISCRETIZAÇÃO DO CONTROLADOR PID

O controlador PID no domínio do tempo tem a seguinte equação Åström & Hägglund

(1995):

++= ∫

t

di

p dt

tdeTdtte

TteKtu

0

)()(

1)()(

(2.19)

Sendo Kp o ganho proporcional, Ti o tempo integral e Td o tempo derivativo.

Para um tempo de amostragem pequeno, a equação (2.19) pode ser discretizada para a

obtenção da equação à diferença correspondente. Para uma aproximação retangular obtém-se

ÅSTRÖM & HÄGGLUND (1995), sendo Ts o tempo de amostragem, que comumente utiliza-

se um valor dez vezes maior que tempo da referência a ser amostrada.

[ ])1()()1()()(1

−−+−+= ∑=

kekeT

Tie

T

TkeKku

s

dk

ii

sp

(2.20)

A equação (2.20) determina o algoritmo de controle digital tipo PID recursivo, pois para

determinar u(k) todos os valores passados de e(k) têm que ser computados. Para a

programação em processadores digitais, a forma recursiva é a mais adequada. Isto implica que

o cálculo do controle num instante u(k) depende do valor anterior u(k-1) e outros termos

corretores. Para obter essa forma faz-se: (ÅSTRÖM & HÄGGLUND,1995)

13

[ ]

−−−+−+−=− ∑−

=

)2()1()1()1()1(1

1

kekeT

Tie

T

TkeKku

s

dk

ii

sp

(2.21)

Subtraindo (2.20) de (2.21) obtém-se:

)2()1(2)()1()( ... −+−

−−+

+=−− ke

T

TKkeK

T

TK

T

TKke

T

TKKkuku

s

dpp

s

dp

i

sp

s

dpp

(2.22)

Ou seja:

)2()1()()1()( 210 −+−++−= keqkeqkeqkuku (2.23)

Em que os parâmetros q0, q1 e q2 são constantes dadas por:

+=

s

dp T

TKq 10

(2.24)

−+−=

i

s

s

dp T

T

T

TKq 211

(2.25)

s

dp T

TKq =2

(2.26)

2.2 ANÁLISE DE ESTABILIDADE UTILIZANDO O DIAGRAMA DE NYQUIST

A fim de verificar o quanto o controlador é capaz de melhorar a sua performance de

desempenho sobre a planta a ser controlado, deve-se fazer a análise da estabilidade do

sistema, que é um dos pré-requisitos básicos para se ter um correto funcionamento do projeto.

O diagrama de Nyquist é capaz de informar tanto em relação à estabilidade absoluta, quanto à

estabilidade relativa da planta.

2.2.1 CRITÉRIO DE ESTABILIDADE DE NYQUIST

O critério de Nyquist relaciona a estabilidade de um sistema a malha fechada à resposta

de frequência a malha aberta e à localização dos pólos a malha aberta. Desta forma, o

conhecimento da resposta de frequência do sistema a malha aberta conduz à informação sobre

a estabilidade do sistema a malha fechada, ou seja, a partir das informações sobre o sistema a

malha aberta, seus pólos e zeros, obtêm-se o regime transitório e a estabilidade absoluta e

relativa do sistema a malha fechada (OGATA, 2002).

14

O critério de Nyquist relaciona quantos pólos à malha fechada estão no semiplano da

direita. Tomando-se um sistema de acordo com a figura 2.7. Deve-se ter o conhecimento das

seguintes definições:

1) Os pólos de 1+G(s)H(s) e os pólos de G(s)H(s) estão diretamente relacionados;

2) Os zeros de 1+G(s)H(s) e os pólos da função de transferência a malha fechada estão

diretamente relacionados;

3) O conceito de mapear pontos no plano complexo-S;

4) O conceito de mapear contornos no plano de G(s)H(s).

Figura 2.7– Sistema de controle a malha fechada.

Então, através do critério de estabilidade de Nyquist, tem-se a seguinte relação:

N Z P= − (2.26)

Onde, N é igual ao número de rotações no sentido anti-horário, P é igual ao número de

pólos a malha aberta envolvidos pelo mapeamento e Z é igual ao número de pólos a malha

fechada envolvidos. Logo, esta equação nos informa que o número de pólos a malha fechada

no interior do contorno é igual ao número de pólos a malha aberta de G(s)H(s) no interior do

contorno menos o número de rotações no sentido anti-horário do mapeamento em torno da

origem. Para se ter a estabilidade deve-se ter um Z igual a zero.

Assim, pode-se verificar que o contorno que envolve completamente o semiplano da

direita pode ser mapeado através da função G(s)H(s) pela substituição dos pontos ao longo do

contorno em G(s)H(s). Aproximações podem ser feitas em G(s)H(s) para os pontos ao longo

do semicírculo de raio infinito, admitindo-se que os vetores comecem na origem.

Contudo, na maioria das vezes, um simples esboço do diagrama de Nyquist é tudo que é

necessário. Um esboço pode ser obtido rapidamente observando os vetores de G(s)H(s) e seu

15

movimento ao longo do contorno, ou seja, utilizando-se uma ferramenta computacional, por

exemplo, o MATLAB®, com o uso da função Nyquist pode-se traçar o diagrama de Nyquist, e

obter informações importantes sobre o sistema em estudo.

Para traçar o diagrama de Nyquist manualmente, faz-se o uso da função de transferência

em malha aberta e uma varredura da frequência ω no valor de zero até infinito no plano

G(s)H(s), como pode ser verificado na figura 2.8, logo abaixo.

Figura 2.8–Diagrama de Nyquist.

2.2.2 ESTABILIDADE RELATIVA (MARGEM DE GANHO E MARGEM DE FASE)

Usando o diagrama de Nyquist, definem-se duas medidas de quão estável é a planta.

Estas medidas são chamadas de margem de ganho e margem de fase. Sistemas com maiores

margens de ganho e de fase podem suportar maiores mudanças nos parâmetros da planta antes

de se tornarem instáveis. De certo modo, as margens de ganho e de fase podem ser

qualitativamente relacionadas com o lugar das raízes, no sentido de que sistemas cujos pólos

estão mais distantes do eixo imaginário apresentam um maior grau de estabilidade (OGATA,

2002).

Sendo a margem de ganho, MG, a margem de ganho com a mudança no valor do ganho

a malha aberta no ponto com a fase de 180º, geralmente expressa em decibéis (dB), necessária

para tornar instável o sistema em malha fechada, ou seja, é a distância do ponto de intercessão

entre o diagrama de Nyquist e o eixo real negativo até o ponto de instabilidade, caracterizado

16

pelo ponto do eixo real igual a -1. A margem de fase, ΦM, é a mudança no valor da fase da

malha aberta no ponto com ganho unitário, necessária para tornar instável o sistema a malha

fechada que será 180º+ φ, ou seja, é o valor que a fase pode ser acrescido até chegar ao ponto

de instabilidade, como pode ser visto na figura 2.9, abaixo.

Figura 2.9– Margem de Ganho e Margem de Fase utilizando o diagrama de Nyquist.

Estes parâmetros também podem ser obtidos facilmente por um gráfico de Bode. No

caso de haver a disponibilidade da ferramenta computacional MATLAB®, pode-se utilizar a

função margin para calcular a margem de ganho e a margem de fase de um sistema.

2.2.3 ESTABILIDADE ROBUSTA

Do ponto de vista de controle, robustez pode ser associada com estabilidade robusta

e/ou performance. Estabilidade robusta está relacionada com a preservação da estabilidade na

presença de erros de modelagem e variações de parâmetros. Robustez de performance está

relacionada com a preservação do desempenho mesmo com erros de modelagem e variações

de parâmetros, isto é, incertezas da planta. Então, pode-se dizer que a robustez de um sistema

possui diversos fatores a serem analisados, sendo um dos mais importantes a estabilidade

robusta, que assegura a estabilidade do sistema para que a localização dos pólos e zeros

estejam no semiplano esquerdo, Re(s)<0, apesar de qualquer incerteza no modelo nominal da

planta G(s) (WOLOVICH, 1994).

Fontes de incerteza podem incluir variações de parâmetros na planta devido a fatores

como temperatura, picos de tensão, picos de corrente, cargas externas elevadas, sensores mal

17

condicionados, dentre outros. Se as incertezas do modelo são parâmetros conhecidos, então

G(s,α), possui uma estrutura conhecida, e são chamados de incerteza estruturada. Se, do

contrário, as incertezas não possuem uma estrutura conhecida, e somente podem ser

caracterizadas pela resposta em frequência com amplitudes limitadas, então são chamadas de

incertezas não-estruturadas.

2.2.4 FUNÇÃO SENSIBILIDADE

A função sensibilidade contém informações importantes sobre a malha fechada como,

por exemplo, margens de estabilidade e rejeição a perturbações (DOYLE et al., 1995).

Avaliar a função sensibilidade é importante para determinar se especificações de margens de

estabilidade e rejeição a perturbações são satisfeitas. Tais informações também podem ser

utilizadas no reprojeto de controladores. A moldagem espectral da função sensibilidade

(sensitivity shaping) é uma abordagem alternativa para o projeto de controladores, como

apresentada em DOYLE et al. (1995), LANGER E LANDAU (1999) e BARROS E

WITTENMARK (1997).

Assim a estabilidade robusta, em relação à variação dos parâmetros da planta, pode ser

analisada pelo conceito de sensibilidade e pela função sensibilidade dada por:

1 1( )

1 ( ) ( ) 1 ( )S s

G s H s L s= =

+ +

(2.27)

A função sensibilidade S(s) quantifica o efeito do compensador da malha, relativa às

variações dos parâmetros desconhecidos da planta, independente da localização específica do

compensador dentro da malha. Em altas frequências onde |S(s=jω)|<1, a sensibilidade do

sistema a malha fechada a variações dos parâmetros da planta é diminuído de um valor igual

a:

1 1( )

1 ( ) ( ) 1 ( )S s

G j H j L jω ω ω= =

+ +

(2.28)

Se pelo contrário, |S(jω)| ≥1, a sensibilidade de parâmetros a malha fechada do sistema

é aumentada de um valor equivalente.

2.2.5 REJEIÇÃO A DISTÚRBIO

Reformulando a equação da função sensibilidade:

1 ( )( )

1 ( ) ( )y s

S sL s d s

= =+

(2.29)

que representa o efeito de um sinal de saída alterada por um distúrbio d(t) em uma saída y(t), e

a função sensibilidade complementar:

18

( ) ( )( )

1 ( ) ( )L s y s

C sL s n s

= =+

(2.30)

que representa o efeito do ruído do sensor n(t) na saída y(t).

Para ter-se um bom desempenho do sistema requer-se a minimização dos efeitos de

ambos os elementos indesejados, distúrbios e ruídos sensoriais às entradas externas na saída

y(t) controlada.

Usando as equações (2.29) e (2.30) acima, implica-se em aplicar uma minimização de

|S(jω)| sobre a banda de frequência que caracteriza d(t), esta condição é chamada de rejeição a

distúrbio, enquanto, simultaneamente, a condição de minimização de |C(jω)| sobre a banda de

frequência que caracteriza n(t), é chamado de atenuação do ruído.

Ainda analisando as equações (2.29) e (2.30), verifica-se a dependência mútua entre

estes dois termos a serem minimizados, como pode ser verificado na equação (2.31).

1 ( )( ) ( ) 1

1 ( ) 1 ( )L s

S s C sL s L s

+ = = =+ +

(2.31)

Assim, deve-se buscar uma função, que se situe em uma banda de frequência, que

caracterize tanto a rejeição a distúrbio quanto a ruídos sensoriais, como mostra a figura 2.10.

Figura 2.10: Esboço do gráfico da relação entre a amplitude da função sensiblidade e sensibilidade

complementar (WOLOVICH, 1994).

Motivado pela função multiplicativa de ponderação da incerteza Wc(s), a rejeição a

distúrbio pode ser definida pelo emprego de uma frequência dependente a função de

ponderação distúrbio Ws(s), uma função racional de s que caracteriza d(t). Em particular, d(t)

pode ser qualquer sinal produzido pela saída do sistema dinâmico, definido pela função de

transferência Ws(s), cujo di(t) depende de d(t).

Então, tem-se a seguinte condição para caracterizar a condição de estabilidade robusta,

com uma rejeição a distúrbio limitada em baixas frequências:

1( ) ( ) 1 ( ) 0Ws j S j L jω ω ω ω

−< = + ∀ ≥ (2.32)

19

Levando este conceito para o diagrama de Nyquist de L(s), sendo |1+L(jω)| a distância

a partir L(jω) para o ponto crítico -1. Implicando que altas frequência de ω, um disco de raio

d(ω)=|Ws(jω)|, centrado em L(jω), e fora do ponto crítico -1 no plano L(jω). Pode-se

concluir, pela equação (2.32) acima, implica na região de ganho em baixa frequência, que

abrange a área delimitada pelo círculo de raio |Ws(jω)| centrado em L(jω), e que não entra em

contato com o ponto -1, como pode ser visto na figura 2.11, abaixo.

Figura 2.11–Função de ponderação ao longo do diagrama de Nyquist (WOLOVICH, 1994).

2.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo, estudou-se o emprego do controlador mais empregado no meio

industrial, o PID com ganho constante. Verificando o cálculo dos parâmetros do controlador,

além da utilização do método do relé para traçar pontos da curva de Nyquist, sem a

necessidade do conhecimento do modelo da planta, também se viu aplicação da regra de

sintonia do controlador empregando o método do ZIEGLER & NICHOLS (1942) modificado.

O emprego da forma discreta do controlador PID. Analisando também a estabilidade de um

sistema empregando o diagrama de Nyquist, avaliando o critério de estabilidade robusta

aplicada a rejeição a distúrbio.

20

CAPÍTULO 3

CONTROLE VETORIAL APLICADO A MOTORES DE INDUÇÃO

Na sequência será feita uma breve introdução acerca das transformadas de Clark e Park,

necessárias para o estudo do controle vetorial. Após isso será apresentado o controle vetorial

em máquinas síncronas, em seguida é feito a análise para o controle vetorial da máquina de

indução.

A partir do desenvolvimento da microeletrônica e de equipamentos de potência, a

utilização do controle digital de acionadores tornou-se mais tangível (CARATI et al, 2002).

Muitas aplicações são dotadas de acionadores cc, dificultando ser operadas por máquinas de

indução através de um controle escalar (tensão/frequência) de modo satisfatório (LIAW &

LIN, 1993). Nas últimas duas décadas ocorreram avanços no estudo dos princípios que regem

o controle vetorial de máquinas ca, de modo que há um controle das máquinas de indução

com um desempenho similar às máquinas cc (BOSE, 1986).

O controle vetorial possui essa denominação em virtude de controlar tanto amplitude

quanto fase em uma excitação em corrente alternada (ca). Diferente do controle escalar, em

que há uma relação direta entre essas duas variáveis sem interdependência (LIPO &

NOVOTNY, 1997). Em um controle escalar (tensão/frequência), por exemplo, tanto

conjugado quanto o fluxo no entreferro são funções da tensão e da frequência (LIPO &

NOVOTNY, 1997). O efeito deste acoplamento é relacionado por uma resposta mais lenta do

motor de indução (LIPO & NOVOTNY, 1997). Se, por exemplo, houver aumento no

conjugado ao se elevar a frequência (i.e., o escorregamento), haverá consequentemente a

elevação da tensão, e assim uma tendência de decaimento do fluxo devido à diminuição da

corrente de campo, pois existe uma lentidão do controle de fluxo. Este comportamento

transitório reduz a sensibilidade da relação entre conjugado e escorregamento, ocorrendo,

portanto aumento do tempo de resposta (BOSE, 1986).

O controle vetorial de correntes e tensões resulta em um controle direto da orientação

espacial dos campos eletromagnéticos, resultando no uso do termo “campo orientado” para

este tipo de controlador (BOSE, 1986). Este termo é mais comumente utilizado para

controladores que mantêm uma defasagem espacial de 90º entre as componentes de campo,

recebendo também a denominação de “controle de ângulo de campo” (LIPO & NOVOTNY,

1997).

21

Neste tipo de controle, por questões didáticas, pode ser feita uma analogia direta ao

controle de uma máquina de corrente contínua (cc) que possua excitação independente em seu

campo (BOSE, 1986), de acordo com a figura 3.1. Esta máquina possui a equação de

conjugado dada por:

e t a fT K I I= (3.1)

sendo Ia a corrente de armadura ou componente de conjugado da corrente e If é a

corrente de campo ou a componente de fluxo da corrente. Em uma máquina cc as variáveis de

controle Ia e If podem ser consideradas ortogonais, ou simplesmente vetores desacoplados.

Quando a máquina está em operação a corrente de campo If é escolhida de modo a manter o

fluxo constante, de modo que o conjugado é controlado pela mudança na corrente de

armadura. Uma vez que If é desacoplada de Ia, ou seja, uma corrente não influencia na outra,

como pode ser verificado na figura 3.1, e assim pode-se utilizar o mesmo raciocínio para

máquinas ca, tanto síncronas quanto assíncronas. Além do que a sensibilidade do conjugado

se mantém máxima tanto em operações em transitório quanto em regime permanente.

e t a fT K I I=

e t qs dsT K I I=

Figura 3.1 – Comparação entre um motor em corrente contínua e o controle vetorial de uma máquina de indução

3.1 TRANSFORMAÇÃO DE CLARK ( 0α β )

A transformação de “Clark” é o primeiro passo a ser dado na obtenção de modelos mais

adequados para análise da máquina de indução. Consiste em uma transformação linear que

diagonaliza as matrizes circulantes simétricas, que aparecem na formulação dos modelos da

máquina trifásica simétrica (BARBI, 1986).

Utilizando dos conceitos da álgebra linear, a transformação linear é uma função entre

dois espaços vetoriais que preserva as operações lineares de multiplicação escalar e adição

22

vetorial. Dessa forma, a transformação linear, muda o espaço vetorial inicial da aplicação para

um espaço vetorial ortogonal em relação ao primeiro.

3.1.1 TRANSFORMAÇÃO DA MÁQUINA TRIFÁSICA EM MÁQUINA BIFÁSICA

A transformada de Clark representa um modelo matemático que substitui a máquina

simétrica trifásica por uma máquina simétrica bifásica com a introdução de algumas variáveis

hipotéticas (BARBI, 1986). A figura 3.2 ilustra a proposição:

Si β

Si α 2n

2nFβ

2S

3n

3n 3n

1S

3S

2F2Si

3F

3Si1F

1Si

Figura 3.2 – Transformação física de uma máquina simétrica trifásica m uma máquina bifásica (BARBI,

1986).

A transformação ocorre a partir da decomposição das forças magnetomotrizes, visto que

estas devem ter a mesma resultante. O equacionamento parte deste princípio.

Essa transformação ocorre tanto para um eixo fixo no estator, quanto para um eixo

rotórico que gira na mesma velocidade do rotor. A força magnetomotriz é descrita por:

1 2 3cos(0º ) cos(120º ) cos(240º )mm mm mmF F F Fα = + +

1 2 3(0º ) (120º ) (240º )mm mm mmF F sen F sen F senβ = + +

(3.2)

(3.3)

Pela aplicação de relações trigonométricas chegamos aos seguintes valores:

1

2

3

1 11

2 2

3 30

2 2

mmmm

mmmm

mm

FF

FF

F

α

β

− − = −

(3.4)

Com o número de enrolamentos da máquina bifásica igual a N2 e o da máquina trifásica

igual a N3 temos os seguintes valores:

2mm s

mm s

F iN

F iα α

β β

=

23

(3.5)

1 1

2 3 2

3 3

mm s

mm s

mm s

F i

F N i

F i

=

(3.6)

Com essas equações e substituindo (3.5) e (3.6) em (3.4), se obtém:

1

32

23

1 11

2 2

3 30

2 2

ss

ss

s

ii N

ii N

i

α

β

− − = −

(3.7)

Desta forma a matriz não é inversível, e para que a transformação ocorra e a

propriedade da potência invariante seja mantida, a matriz de transformação transposta deve

ser igual à inversa, assim, uma nova linha com componentes de is0, definida em (3.8), deve ser

incluída (BARBI,1986). Assim:

( )0 1 2 3

3

2s s s s

ni a i i i

n= + +

(3.8)

Levando-se (3.8) em (3.7) obtém-se (3.9):

0 1

32

23

1 11

2 2

3 30

2 2

s s

s s

s s

a a ai i

Ni i

Ni i

α

β

= − −

(3.9)

Sendo A-1 a matriz de transformação é dada por:

1 3

2

1 11

2 2

3 30

2 2

a a a

NA

N−

= − −

(3.10)

Utilizando o princípio de potência invariante se obtém a matriz A-1 que é obtida da

seguinte forma:

1 1

1 0 0

.( ) 0 1 0

0 0 1

tA A I− −

= =

(3.11)

24

Assim, chega-se ao seguinte equacionamento:

2

3

2

. . . 1/ 2 1/ 2 3 3/2 1 0 0

. 1/2 1/ 2 1 1/4 1/ 4 1/2 3 /2 1/ 2 3 /2 0 1 0

0 0 13 3/2 1/2 3 /2 1/ 2 3 /2 3 /2 3 /2

aa aa aa a a a a aN

a a aN

a a

+ + − − − − − + + − + = − − + +

(3.12)

Resolvendo:

2

23 32

2 2

1.3 1

3

N Na

N N a

= ⇔ =

(3.13)

Logo:

2 2

3 3

2 2

1 11 1,5 1

4 4

N N

N N

+ + = =

(3.14)

Substituindo (3.13) em (3.14):

2

1.1,5 1

3a=

(3.15)

Implicando em:

12

a = (3.16)

Portanto:

3

2

23

N

N=

(3.17)

Definindo a seguinte matriz de transformação:

1

3 3 3

3 3 3

2 6 6

3 6 6

2 20

2 2

A−

= − − −

(3.18)

E deste modo, podem ser apresentados os conceitos básicos relacionados à

transformada. A equação (3.19) mostra a transformação de um sistema representado em 123

para αβ0 em relação ao estator e na equação (3.20) tem-se o inverso, um sistema representado

em αβ0 para 123 em relação ao estator , e as duas últimas duas equações, (3.21) e (3.22), são

relacionadas ao rotor.

25

0 11

2

3

1 0

2

3

s s

s s

s s

s s

s s

s s

i i

i A i

i i

i i

i A i

i i

α

β

α

β

=

=

(3.19)

(3.20)

0 11

2

3

1 0

2

3

r r

r r

r r

r r

r r

r r

i i

i A i

i i

i i

i A i

i i

α

β

α

β

=

=

(3.21)

(3.22)

3.2 TRANSFORMAÇÃO DE PARK (D, Q, 0)

A transformada de Park (dq0) possui uma grande importância no estudo da teoria de

máquinas elétricas, transformando as equações não-lineares dos modelos tradicionais em

equações lineares, além da diminuição das variáveis de estado destes modelos, através da

transformação de modelos trifásicos em bifásicos, facilitando assim a análise e, por

conseguinte, a elaboração de controladores para estes equipamentos (BOSE, 1986). Esta

transformada realiza a transformação da máquina trifásica, atavés da aplicação da

transformação de Clark, em uma máquina bifásica com os enrolamentos rotóricos pseudo-

estacionários, como pode ser visto na figura 3.3.

qR

θ

θ

dR

dRi

Ri α

qRiRi β

Figura 3.3: Sistema de eixos representado a transformada de Park (BARBI, 1986).

26

A transformação de Park é obtida a partir das equações já transformadas por Clark, e

este desenvolvimento será mostrado adiante.

A decomposição dos eixos alfa e beta do rotor, em eixos estacionários e no mesmo

sentido dos eixos alfa e beta do estator é realizado por manipulação algébrica e possui a

seguinte matriz de transformação (BARBI, 1986):

cos

cosrd r r

rq r r

i i i sen

i i sen i

α β

α β

θ θ

θ θ

= −

= +

(3.23)

cos

cosrd r

rq r

i isen

i isenα

β

θ θ

θ θ

− =

(3.24)

Rearranjando a equação (3.14), obtém-se a transformada de Park, dada por:

1

1 0 0

0 cos

0 cos

B sen

sen

θ θ

θ θ

= −

(3.25)

Convém atentar-se para o fato de que as variáveis estatóricas não foram transformadas,

somente as variáveis rotóricas sofreram a ação da transformação de Park.

3.3 CONTROLE VETORIAL DE MÁQUINAS SÍNCRONAS.

Com o conhecimento da implementação do controle vetorial em uma máquina síncrona

torna-se mais claro como executar este controle em máquinas ca.

O esquema ilustrado na Figura 3.4 mostra a relação direta da máquina síncrona com a

máquina cc, onde o enrolamento de campo cc está disponível e com isso há a possibilidade de

se produzir um ângulo fixo de defasagem com o campo do estator.

iI

fIiVdcV

Figura 3.4 – Máquina síncrona controlada por um inversor de fonte de corrente realimentada pela

posição do rotor.

Um estudo acerca do desempenho da máquina, para a componente fundamental da

corrente, pode ser feito através do circuito equivalente mostrado na figura 3.5.

27

γθ

fλaE

aI

s aR I

aV

s ajX I

aEaI

aV

sR sjX

Figura 3.5 – Circuito equivalente de uma máquina síncrona e seu respectivo diagrama fasorial (LIPO &

NOVOTNY, 1997).

Sendo que o símbolo “~” indica que o referencial estacionário, é um valor alternado.

Neste circuito a tensão Ea é a tensão interna produzida pela corrente de campo cc e reω a

velocidade do rotor (em radianos elétricos por segundo), que em regime permanente é igual à

frequência elétrica eω . A amplitude da tensão Ea é proporcional à velocidade do rotor e ao

fluxo produzido pela corrente de campo:

afrmafreaP

E λωλω2

== (3.26)

de modo análogo à força contra-eletromotriz produzida na armadura na máquina cc. Portanto,

o ângulo da posição do rotor utilizado para a realimentação do inversor fonte de corrente pode

ser interpretado como o ângulo γ entre os fasores Ea e Ia, sendo a corrente adiantada da

tensão.

Nos terminais, no entanto, devido às quedas de tensão na reatância e na resistência, a

tensão encontra-se adiantada da corrente, fornecendo um fator de potência atrasado.

O conjugado da máquina pode ser calculado fazendo-se a relação entre a potência de

entrada e a velocidade mecânica:

re

aae

IEPT

ω

γcos2

3= (3.27)

Substituindo Ea encontrado na equação (3.27) tem-se:

γλ cos2

3 aafe IP

T = (3.28)

que é uma equação correspondente ao conjugado de uma máquina cc se γ for zero.

28

3.4 CONTROLE VETORIAL DA MÁQUINA DE INDUÇÃO EM REGIME

PERMANENTE

Após estudar o controle vetorial aplicado a uma máquina síncrona, devido à facilidade

da orientação do campo através da posição do rotor, pois é a mesma do eixo elétrico, é

analisado o controle vetorial aplicado a um motor de indução, onde existe o fenômeno do

escorregamento, devendo-se utilizar o método de orientação de campo indireto, onde é

necessário calcular da influência do escorregamento para se obter a posição real do eixo

elétrico.

3.4.1 MODELO DA MÁQUINA DE INDUÇÃO TRIFÁSICA APLICANDO CONTROLE

VETORIAL INDIRETO

A partir do modelo do circuito equivalente da máquina de indução mostrada na figura

3.6, que possui duas reatâncias de concatenação em série, uma em relação ao estator ( lsjX ) e

outra ao rotor ( lrjX ), e uma reatância de magnetização representando as perdas no núcleo (

mjX ), além das perdas no estator ( sr ), e a influência do escorregamento ( S ) sobre a

resistência rotórica ( rr ).

Inicia-se o paralelo com o modelo da máquina síncrona, fazendo com que a corrente do

rotor se posicione em direção oposta à corrente do estator.

sr lsjX lrjX

~

mI

mjX~

mE~

rE rr

S

++

+

~

sV

~

rI~

SI

Figura 3.6 – Circuito equivalente de um motor de indução tipo gaiola de esquilo.

O conjugado, obtido do circuito equivalente é descrito por:

S

rIPTe r

e

r

ω

2

23=

(3.29)

29

sendo eω a freqüência elétrica do estator. Esta equação pode ser reescrita em termos da tensão

rE aplicada à resistência do rotor, que sofre influência do escorregamento, representada por

S

rr :

e

rr IEPTe

ω23=

(3.30)

Sendo esta uma equação similar à encontrada para a máquina síncrona com campo

orientado. Na máquina síncrona a tensão induzida Ea era controlada diretamente pela corrente

de campo. Para se fazer um paralelo a tensão rE na máquina de indução deve ser controlada

por uma corrente de modo independente, fazendo com isso que o conjugado mostrado na

equação (3.30) possa ser controlado da mesma maneira que a máquina síncrona. É importante

salientar que o ângulo entre ~

rE e~

rI é zero por definição do próprio circuito, correspondendo

assim a um sistema que possui campo orientado a priori, ou seja, (γ =0º), como pode ser visto

na figura 3.8.

De modo a se fazer um paralelo entre o controle do conjugado entre uma máquina ca e

uma máquina cc, um circuito equivalente diferente ao da figura 3.6 é necessário, pois esta

representação não proporciona uma visualização adequada para comparação que se procura.

Assim, um novo circuito equivalente é apresentado na figura 3.7 (LIPO & NOVOTNY,

1997).

sr ( )s mj L aLω −

mj aLω2

ra r

S

+

~

sV

~

rI

a

~

SI

( )2r mj a L aLω −

Figura 3.7 –Família de circuitos equivalentes para máquinas de indução trifásicas tipo gaiola de esquilo.

Sendo que a escolha de “a” é totalmente arbitrária (exceto para a = 0), fornecendo

assim infinitos modelos. Um desses modelos possui a reatância em série do rotor igual a zero,

fazendo com que a seja dado por:

r

m

L

La =

(3.31)

tornando assim o circuito como mostrado na figura 3.8.

30

sr

2m

e sr

Lj L

2m

er

Lj

2

2m r

r

L r

L S

+

~

sV

~r

rm

LI

L

~

SI+

~m

r

r

LE

L

Figura 3.8 –Circuito equivalente para a máquina de indução tipo gaiola de esquilo com o valor de “a”

escolhido segundo a equação (3.33).

Este circuito é importante para análise do controle de conjugado, pois torna evidente

que a corrente de magnetização é responsável pela criação do fluxo do rotor e da tensão rE .

O mesmo circuito da figura 3.8 é mostrado na figura 3.9 com as especificações das

tensões, correntes, resistências e reatâncias modificadas.

sr SjX ′

mm

r

Lj X

L

2

2m r

r

L r

L S

+

~

sV

~ ~r

sT rm

LI I

L= −

~

SI+

~m

r

r

LE

L

~

SI φ

Figura 3.9 – Circuito equivalente para a máquina de indução tipo gaiola de esquilo com “a” escolhido

segundo a equação (3.31) com nomenclaturas modificadas.

A reatância do estator é identificada como reatância de transitório em curto-circuito do

estator:

−==

r

mseses L

LLLX ωω ''

(3.32)

que é conhecida como um parâmetro transitório da máquina. A corrente do estator possui duas

componentes: A primeira atravessa o ramo em derivação ( φsI ), que controla o fluxo do rotor

e a segunda passa pela resistência do rotor ( sTI ) que é responsável pelo controle do

conjugado.

31

3.4.2 CONTROLE DO CONJUGADO EM TERMOS DE φsI E sTI

A tensão rE é mostrada no circuito da figura 3.8, e representa a queda de tensão no

resistor S

rr , e pode então ser interpretada como sendo a taxa de variação do fluxo do rotor:

rer jE λω= (3.33)

Partindo do mesmo circuito, φsI é dado por:

me

r

m

r

mr

m

rr

m

s Lj

E

jX

E

XL

Lj

EL

L

φ

~~~

~

===

(3.34)

Combinando as equações (3.33) e (3.34), tem-se:

~~

φλ smr IL= (3.35)

A equação (3.35) mostra claramente que o fluxo no rotor é controlado por ~

φsI .

A componente da corrente que controla o conjugado é identificada por:

~r

sT rm

LI I

L=−

(3.36)

Assim, a equação do conjugado elétrico da máquina é dada por:

sTsr

msmesT

r

m

ee

rr IIL

LPILI

L

LPIEPTe φφω

ωω

2

23))((

12

32

3 === (3.37)

mostrando que a equação do conjugado depende diretamente das correntes φsI e sTI . A

analogia com o campo orientado da máquina síncrona é clara, com φsI representando a

corrente do campo e sTI sendo a corrente do estator. O diagrama fasorial destas correntes na

máquina de indução é mostrado na Figura 3.10.

~ ~

Sr mL I φλ =

~

SI φ~

SI

~

STI

~ ~m

r ST

r

LI I

L= −

Figura 3.10 – Diagrama fasorial em termos de φsI e sTI .

32

3.4.3 MODELO DQ0 PARA MÁQUINA DE INDUÇÃO EM REGIME PERMANENTE.

O modelo dq0, que é o mais apropriado para fins de compreensão do comportamento

da máquina de indução em regime permanente utiliza como referência a velocidade do fluxo

do rotor para o par de eixos girantes. A figura 3.11 mostra o circuito equivalente ao da figura

3.10 com os parâmetros referenciados ao modelo dq0, após aplicar a transformada de Park.

sr e sj Lω

2m

er

Lj

2

2m r

r

L r

L S

+

qdsV

qsIqdsI

dsj I

Figura 3.11 – Circuito equivalente em termos de correntes e tensões em coordenadas dq0 (LIPO &

NOVOTNY, 1997).

Apesar de possuírem a mesma forma, a interpretação deste último circuito é diferente.

Enquanto na figura 3.10 o circuito representava a relação entre fasores (lembrando que o

símbolo “~” denota uma grandeza variante ou alternada, devido ao referencial estacionário), a

figura 3.11 mostra um diagrama de um circuito vetorial complexo representando as

quantidades em cc dos parâmetros nos eixos direto e em quadratura. Este conceito torna muito

mais clara a analogia entre a máquina cc e a ca, uma vez que os sinais de controle podem ser

diretamente associados aos valores qsI e dsI em cc. O diagrama fasorial da figura 3.12 ilustra

a relação entre as correntes qsI e dsI e as correntes φsI e sTI , onde essa representação é

devido ao fato de que os fasores são expressos como rms da senóide, e as variáveis dq são

valores de pico, assim, as magnitudes de φsI e sTI diferem de qsI e dsI , de uma multiplicação

no valor de 2 .

33

qdsI

~

2qs sTI I=m

qr qs

r

LI I

L= −

Eixo q−

~

2qds sI I=

~

2dr rλ λ=

Eixo d−

~

2ds sI I φ=

Figura 3.12 – Diagrama fasorial da figura 3.11.

3.4.4 IMPLEMENTAÇÃO DO CAMPO ORIENTADO EM MÁQUINAS DE INDUÇÃO

A diferença essencial entre o controle por orientação de campo das máquinas síncronas

e indução é que a posição angular do enrolamento de campo (fluxo do rotor) está diretamente

disponível na primeira, através da medição da posição do eixo do rotor, enquanto na segunda

não pode ser medida mecanicamente.

Existem duas possibilidades de se obter a posição do ângulo do fluxo do rotor:

diretamente através de medidas elétricas que determinam o fluxo ou indiretamente, através do

eixo do rotor utilizando a posição e o escorregamento para tal. Este trabalho foca o segundo

método, também chamado de campo orientado indireto.

3.4.4.1 CONTROLE VETORIAL ATRAVÉS DE ALIMENTAÇÃO DIRETA (CAMPO

ORIENTADO INDIRETO)

Este método é mais utilizado na indústria por evitar tanto a medição do fluxo quanto o

cálculo do mesmo (BLASCHKE, 1972). Como mencionado anteriormente este método utiliza

o escorregamento para obtenção da posição do ângulo do fluxo do rotor. Através da figura 3.8

pode se obter outra relação envolvendo sTI além da equação (3.37), envolvendo rE ao invés

de rI , a saber (LIPO & NOVOTNY, 1997):

~~

2

2

mr

r r rsT

m r m r

r

LE

L L S EI

L r L r

L S

= =

(3.38)

Consegue-se então, utilizando as equações (3.38) e (3.34) uma relação entre sTI e φsI :

34

rsT e s

r

LI j S I

r φω= (3.39)

ou ainda:

sTre

r s

IrS

L I φ

ω = (3.40)

Esta relação mostra que para a determinação do conjugado somente é necessário a

informação acerca da corrente no estator e do escorregamento. É importante notar que uma

vez especificados sTI e φsI existirá somente uma freqüência de escorregamento relacionada a

estes valores. Isto é, de modo a escolher valores específicos para o fluxo e o conjugado a fim

de se calcular eSω e assim obter um ponto de operação, podendo ser tanto transitório como

em regime permanente. Este é o conceito básico em que se aplica o campo orientado indireto.

A equação (3.40) escrita em termos da notação dq0, utilizando a figura 3.12 se torna:

qsre

r ds

IrS

L Iω =

(3.41)

Este tipo de controle utiliza a premissa que o conhecimento da relação do

escorregamento é uma condição necessária e suficiente para produzir orientação de campo

i.e., se a relação for satisfeita, dsI estará alinhada ao fluxo do rotor. Isso já foi demonstrado,

uma vez que φsI está alinhado, por definição, ao fluxo rλ em regime permanente (figura

3.12).

3.4.4.2 REQUISITOS PARA O CONTROLE DE CONJUGADO EM MÁQUINAS DE

INDUÇÃO

Observando os sistemas de campo orientado para máquina de indução mostrados nas

figuras 3.10, 3.11 e 3.12 e fazendo uma analogia com a máquina síncrona, pode ser dito que:

1. O controle independente de corrente do estator é empregado de modo a sobrepujar

os efeitos da resistência do estator, da indutância própria e da tensão induzida, do

mesmo modo que em uma máquina de corrente contínua.

2. O controle de fluxo independente é obtido controlando-se φsds II 2= , não

possuindo efeito em sTqs II 2= . A corrente do estator possui duas componentes

controladas independentemente.

35

3. A orientação espacial do fluxo do rotor, no que diz respeito à corrente sTqs II 2= é

mantida utilizando o ângulo de fluxo do rotor rfθ , que pode ser obtido tanto de

modo direto quanto indireto, mostrados anteriormente.

Portanto o conceito de comutador eletrônico, mostrada primeiramente nas máquinas

síncronas pode ser utilizada nas máquinas de indução. A diferença mais evidente é que,

enquanto a posição do fluxo do rotor é medida diretamente na máquina síncrona, a mesma

deve ser calculada na máquina de indução.

3.5 PROJETO DE UM SISTEMA DE CONTROLE SERVOPOSICIONADOR

UTILIZANDO CAMPO ORIENTADO INDIRETO

O campo orientado indireto, utilizado neste trabalho, faz uso do fato de que satisfazer a

relação entre escorregamento e a corrente do estator é condição necessária e suficiente para

produzir orientação de campo (LIPO & NOVOTNY, 1997).

3.5.1 MODELAGEM DINÂMICA DO CAMPO ORIENTADO INDIRETO PARA UMA

MÁQUINA DE INDUÇÃO TRIFÁSICA

O diagrama de blocos de um servo posicionador utilizando controle vetorial indireto e

um motor de indução trifásico é mostrado na figura 3.13 (LIAW AND LIN,1993; BOSE,

1986).

O acionador consiste principalmente de um servo motor de indução, um mecanismo de

orientação de campo, um transformador de coordenadas (dq0 para ABC) encontrado dentro

do bloco “Gatilho dos Transistores”, uma malha de controle de velocidade interna e uma

malha de controle de posição externa.

36

1 ( )CG s

cTbTaT

*dsi

*ci*

bi*ai

ai

bi

cos eθ sin eθ

*

*

r qs

r ds

R i

L i

∑∑

( )CG s *qsi

+

+

++

*rθ

*rω

LC

rθslθ

Figura 3.13 – Configuração do acionamento de campo orientado indireto para uma máquina de indução.

A equação de estados de um motor de indução com referência girante síncrona pode ser

escrita da seguinte forma ((LIAW AND LIN,1993; BOSE, 1986):

[ ] [ ][ ] [ ]1

s

dA B C D

dt Lσ= +

(3.42)

Onde:

ds

qs

dr

qr

i

iA

λ

λ

=

(3.43)

37

2 2

2 2

(1 )2

(1 )2

02

0 ( )2

s m r r mre

s r s r s r

s r m m rre

s r s r s r

m r re r

r r

m r re r

r r

R L R P LR

L L L L L L

R P L L RR

L L L L L LB

L R R P

L L

L R RP

L L

ωσω

σ σ σ σ

ωσω

σ σ σ σ

ω ω

ω ω

− − − − −

− − =

− −

− − −

(3.44)

ds

qs

dr

qr

i

iC

λ

λ

=

(3.45)

0

0

ds

qs

v

vD

=

(3.46)

A equação do conjugado é dada por:

)(4

3qrdsdrqs

r

me ii

L

LPT λλ −=

(3.47)

sendo:

rs

m

LL

L 2

1−=σ (3.48)

drrqsmqr iLiL +=λ (3.49)

qrrdsmdr iLiL +=λ

(3.50)

O modelo dinâmico do motor de indução e todo o sistema de acionamento podem ser

simplificados utilizando o controle de campo orientado indireto utilizado por TOLIYAT et al,

1999, mostrado na figura 3.14.

38

*edsλ r

mL

τ

*

1e

t drk λ

1

r

+

1

s

edqsdq

sdqabc*τ

*edsi

*eqsi

*sdsi

*sqsi

*asi*bsi*csi

asi

bsi

csi

rω*sω

Figura 3.14 – Configuração do acionamento de campo orientado indireto para uma máquina de indução

(TOLIYAT et al, 1999).

Em um campo orientado ideal de um motor de indução ocorre desacoplamento entre os

eixos direto e em quadratura, e o fluxo rotórico de dispersão é alinhado ao eixo direto. Assim,

o fluxo de dispersão e sua derivada no eixo em quadratura são nulos, ou seja:

0=qrλ e 0=dt

d qrλ

(3.51)

O fluxo rotórico de dispersão pode ser calculado através da terceira linha da matriz da

equação (3.42). Utilizando ainda a equação (3.51), têm-se:

r

r

dsmdr

R

Ls

iL

+

=

(3.52)

Fazendo a constante de tempo elétrica do sistema desprezível com relação à constante

mecânica, a constante de tempo da equação (3.52) torna-se próxima a zero e a corrente dsi se

torna constante ( *dsds ii = ) de modo a se ter um fluxo rotórico desejado constante. Assim, a

equação (3.53) se torna:

*dsmdr iL=λ

(3.53)

Utilizando as equações (3.51) e (3.53) a equação de conjugado (3.47) pode ser expressa por:

2* * *3

4m

e qs dsr

LPT i i

L=

(3.54)

Sendo que *qsi denota o comando de conjugado controlado pela corrente do estator no

eixo em quadratura, sendo esta controlada por )(sGc , mostrado na figura 3.13. No método do

campo orientado indireto a freqüência precisa ser calculada em coordenadas dq0. Utilizando a

39

quarta linha da equação (3.42) em conjunto com a equação (3.51), a freqüência de

escorregamento pode ser calculada por:

*

**

dsr

qsr

drr

qsrmsl

iL

iR

L

iRL==

λω

(3.55)

O conjugado gerado “ eT ”, a velocidade rotórica “ rω ” e a posição angular “ rθ ” são relacionados por:

)]()([/

/1sTsT

JBs

Js Lerr −

+== θω

(3.56)

Sendo “B” o coeficiente de atrito viscoso e “J” a constante de momento de inércia.

3.5.2 REGULADORES DE CORRENTE DE REFERÊNCIA SÍNCRONA

A regulação de corrente utilizando controladores PI ou PID em sistemas onde a

referência é estacionária, ou seja, possuem sinais em corrente alternada, não possuem bom

desempenho, como no caso em máquinas de corrente alternada. Diferentemente do caso das

máquinas em corrente contínua, uma vez que as variações nos valores de referência senoidais

não produzem um erro de corrente nulo, pois o elemento integrativo do controlador não

produz tal erro para este tipo de sinal (SCHAUDER & CADDY, 1982). No entanto, ao se

utilizar uma referência síncrona para o sistema, aplicando a transformada de Park, os sinais

alternados de controle tornam-se contínuos em regime permanente, fazendo com que neste

caso este tipo de controlador seja apropriado.

A corrente obtida através de sensores possui referência estacionária, o primeiro passo é

transformá-la para uma referência síncrona. A referência adotada neste trabalho é a da

velocidade do campo girante da máquina de indução em estudo, calculada através da equação

(3.56). Assim, de modo a se obter a corrente com referência síncrona, procede-se com a

conversão clássica vista no item 3.3.

Outro problema a ser solucionado é a utilização do comando de tensão ao invés do

comando de corrente em processadores digitais de sinal (Digital Signal Processors – DSPs).

Em controladores vetoriais o comando para mudança no estado das chaves geralmente se faz

através da verificação de uma corrente de referência, seja em malha aberta ou fechada. Para

que isto seja feito é necessário o desacoplamento da equação de tensão de modo a permitir o

controle das componentes em eixo direto e em quadratura relacionadas à corrente do estator.

O desenvolvimento deste desacoplamento é feito em (LIPO & NOVOTNY, 1997), resultando

em:

40

'( )e e eqs s s qs e s dsv r L s i L Iω= + +

'e e e

ds s ds e s qsv r I L iω= −

(3.57)

(3.58)

onde: eqsv : é o comando de tensão do eixo quadratura, referenciado ao estator com velocidade eω ; edsv : é o comando de tensão do eixo direto, referenciado ao estator com velocidade eω ; edsI : é o comando de corrente do eixo direto, referenciado ao estator com velocidade eω ; eqsi : é o comando de corrente do eixo quadratura, referenciado ao estator com velocidade eω ;

e a indutância transiente do estator, dada por:

r

mss L

LLL

2' −=

(3.59)

sendo mL o parâmetro referente à indutância mútua. Assim, o controlador de corrente proposto possui a configuração vista na figura 3.15.

*eqsv

*edsv

*eω

*sdsv

*sqsv

*rfθ

*edsi

*eqsi

eqsi

edsi

PID

PID sr

( )ˆ ˆ1s sr sτ+

ˆsL

'sL X

X

1T −

Figura 3.15 – Diagrama de blocos do controlador de corrente com referência síncrona utilizando um PID clássico

(LIPO & NOVOTNY, 1997).

Sendo s^'τ a relação entre

^

sL e ^

sr e ^

'sL que é dada pela mesma relação da equação (3.59),

porém utilizando ^

sL e ^

sr sendo valores calculados a partir de ensaios do motor.

3.6 MODULAÇÃO POR LARGURA DE PULSO USANDO VETORES ESPACIAIS

(SVPWM)

A modulação em espaço vetorial (SVPWM) se tornou uma técnica muito popular de

modulação por largura de pulso (PWM) para aplicações em conversores cc-ca trifásicos,

41

como o controle de máquinas de indução e motores síncronos de magnetos permanentes (YU,

2001). O principal motivo desta modulação ser mencionado neste trabalho se deve ao fato de

que o processador TMS320F2812® possui uma biblioteca implementada no equipamento com

este tipo de modulação, facilitando assim o acionamento do conversor utilizado. A grande

vantagem desta técnica é um esquema especial de chaveamento dos seis transistores de

potência do conversor trifásico que gera uma distorção harmônica mínima nos enrolamentos

do motor de indução trifásico. De modo a efetuar esta modulação, primeiro deve-se converter

o sistema trifásico em bifásico com referência síncrona, como visto nas seções 3.1 e 3.2, de

modo a se encontrar o diagrama mostrado na figura 3.16.

O objetivo do SVPWM é aproximar a tensão de referência Uout instantaneamente

através de uma combinação de chaveamentos mapeados correspondentes aos vetores de base

do espaço vetorial, de modo que cada vetor corresponda a um padrão de chaveamento. Por

exemplo, o vetor U0 corresponde ao chaveamento apenas do transistor superior do primeiro

braço do inversor, sendo que os outros dois braços ficam desligados.

0(100)

U

60(110)

U120(010)

U

180(011)

U

240(001)

U300

(101)

U

eixo d−

eixo q−

2T

1T

000(000)

O

111(111)

O

outU

Figura 3.16 – Diagrama do espaço vetorial

Como o chaveamento é complementar, o estado das chaves inferiores é complementar a

de suas contrapartes superiores. Assim, o vetor Uout se torna combinação linear dos dois

vetores limítrofes do espaço vetorial no qual este está inserido. Uma maneira de se conseguir

isto é que, para qualquer período de tempo T, correspondente ao inverso da freqüência de

42

chaveamento do inversor, a saída média de tensão seja igual a tensão de referência Uout ,

mostrado na equação (3.60):

)(1

)( 6021 ++= xxout UTUTT

nTU (3.60)

Isto quer dizer que para cada período do PWM, Uout pode ser conseguido de modo

aproximado variando os estados das chaves entre os vetores Ux e Ux+60 (ou Ux-60) por períodos

de duração T1 e T2 respectivamente. Pelo fato de que a soma de T1 e T2 deve ser menor ou

igual ao período total Tpwm, o inversor deve permanecer o período remanescente nos estados

O000 ou O111. A escolha destes vetores deve satisfazer o menor esforço de chaveamento do

inversor. Portanto a equação (3.61) se torna:

)00( 11100006021 ouTUTUTUT xxoutpwm ++= + (3.61)

sendo:

210 TTTT pwm −−= (3.62)

Portanto, de posse dos comandos de tensão fornecidos pelas equações (3.57), (3.58) e

(3.59) basta que se verifique o setor em que a resultante da tensão estatórica se encontra, a

partir da figura 3.16. De posse destes dados basta resolver a equação (3.61) para T1 e T2, e

configurar os temporizadores do DSP com estes valores calculados, atribuindo tais valores aos

registradores destas variáveis.

3.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo estudou-se sobre o controle vetorial aplicado a um motor de indução.

Este tipo de controle busca utilizar a modelagem do controle de um máquina cc aplicada em

uma máquina ca, devido a facilidade de controle da máquina cc. Então, a partir de uma

comparação do controle vetorial aplicado à máquina ca síncrona, chegou-se ao controle da

máquina de indução utilizando a técnica de campo orientado indireto. Por fim, verificou-se a

modulação SVPWM empregado em um DSP.

43

CAPÍTULO 4

SIMULAÇÃO COMPUTACONAL E RESULTADOS EXPERIMENTAIS PARA O

CONTROLE DE POSIÇÃO DO MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO

Neste capítulo, são avaliados os resultados de simulações computacionais e das

contrapartes experimentais, necessárias para o desenvolvimento do servoposicionador

utilizando MIT, proposto no trabalho. Para isto, utilizou-se a ferramenta computacional

Simulink® de tal modo a validar o modelo utilizado e a fim de testar os parâmetros dos

controladores. Como a ferramenta computacional aplicada é facilmente configurável,

conseguiu-se a escolha de uma configuração otimizada da planta, sem que houvesse a

necessidade de utilização de equipamentos reais. De modo a validar o processo e, por

conseguinte, sua metodologia, a análise gráfica comparativa foi utilizada. Assim, será

mostrado o processo evolutivo para a escolha de um controlador adequado para este trabalho,

a planta do sistema pode ser verificada no anexo II, sendo as principais características do

motor utilizado: 4 pólos, ¼ HP, 60Hz, 220V, 0,66A de corrente nominal na bobina.

4.1 CONTROLE DE POSIÇÃO DE UM MIT “GAIOLA-DE-ESQUILO”

O diagrama de blocos do servoposicionador utilizando controle vetorial indireto em um

motor de indução trifásico modelado é mostrado na fig. 4.1. Os diagramas de blocos

utilizados no Simulink® em anexo III.

O motor utilizado foi inicialmente conectado em Y(estrela), em conformidade com o

esquema de ligação comumente utilizado neste tipo de aplicação (TAKAHASHI & ITOH,

1991; CAFUTA & CURK, 1991; LIAW & LIN, 1993; LIAW et al, 1993; CANUDAS et al,

1993; LIAW & LIN, 1994; HU et al, 1996; HU et al, 1996; CARATI et al, 2002; CHOI et al,

2008), para em seguida serem feitos testes na configuração ∆ (triângulo). Utilizando ensaios

do motor a vazio e em rotor bloqueado, encontrou-se os parâmetros pertinentes a serem

aplicados no modelo, que podem ser conferidos no Anexo I. Os parâmetros calculados são

mostrados nos diagramas de blocos construídos no Simulink®, em anexo III.

Todos os blocos do diagrama são modelagens das equações vistas no capítulo 3. Assim,

utilizando a equação (3.42) e a figura 3.18, construiu-se um diagrama de blocos simplificado

do servoposicionador em estudo, visto na Figura 4.1. Em seguida serão explicados os

principais blocos de forma detalhada, e as suas referidas equações estudadas anteriormente.

44

O diagrama de blocos para o cálculo do ângulo elétrico da máquina, Figura 4.2, que é a

soma do ângulo mecânico (verificado a partir da medição do rotor) acrescentado do ângulo de

escorregamento calculado pela equação (3.56), como o motor possui quatro pólos, a

frequência mecânica é multiplicada por dois.

md

dt

θ

mω*Te

*qeI

*deI

*abcI

abcI

Figura 4.1 – Diagrama de blocos simplificado do servoposicionador.

*qeI

rωeω

Figura 4.2 – Diagrama de blocos para o cálculo do ângulo elétrico.

Utilizando a equação (3.55), de modo a encontrar a referência de corrente no eixo em

quadratura a partir dos valores de conjugado e fluxo rotórico no eixo direto, consegue-se o

diagrama de blocos mostrado na figura 4.3.

*Te

*qeI

Figura 4.3 – Diagrama de blocos para o cálculo da corrente do eixo em quadratura.

Utilizando a equação (3.52), isolando o componente de corrente do eixo direto em

função do fluxo de referência, consegue-se o diagrama de blocos mostrado na figura 4.4.

Lembrando que a corrente do eixo direto tem função equivalente à corrente de campo em um

motor cc.

Assim, possuindo as referências de corrente de eixo direto e em quadratura, e ainda

possuindo o ângulo elétrico calculado de modo a transformar os comandos calculados em um

45

sistema de referência síncrono para um sistema de referência estacionário, consegue-se, a

partir da equação (3.25), o comando de corrente em eixo estacionário, aplicando em seguida a

equação (3.18) de modo a utilizar o comando de corrente trifásico, mostrado na figura 4.5, de

modo a se acionar o inversor por comparador com histerese (MARTINS & BARBI, 2005),

tem-se o bloco mostrado na figura 4.6.

*deI

Figura 4.4 – Diagrama de blocos para o cálculo da corrente do eixo direto.

*deI

*qeI

*qsI

*dsI

*asI*bsI*csI

Figura 4.5 – Diagrama de blocos para transformação de um sistema bifásico de referência síncrona para trifásico

de referência estacionária.

*asI*bsI*csI

asI

bsI

csI

Figura 4.6 – Inversor por comparador com histerese.

Sabendo-se que a idéia do controle vetorial é que as correntes sejam constantes com

relação ao referencial síncrono, e que o impacto na mudança no comando da corrente em

quadratura tenha pouco, ou nenhum efeito, na corrente de eixo direto, então, a fim de verificar

46

o funcionamento do controle vetorial aplicou-se um comando de corrente no eixo em

quadratura de 0,3 A após dez segundos de simulação, e após trinta segundos, esse valor foi

alterado para 0,7 A.

Como pode ser visto na figura 4.7, ambas as correntes são basicamente constantes e a

mudança que ocorre na corrente em eixo direto tem apenas um pequeno efeito na corrente em

quadratura, o que valida o controle vetorial.

Figura 4.7 –Correntes em eixo direto e em quadratura para uma mudança no comando de corrente em eixo em

quadratura.

Utilizando o método do relé (ASTRÖM & HÄGGLUND, 1995) para encontrar o

diagrama de Nyquist do sistema, e então para o cálculo dos parâmetros do controlador PI mais

interno a malha, mostrado na figura 4.1, utilizou-se o método de Ziegler-Nichols modificado

visto no capítulo 2, encontrando-se o ponto de cruzamento de fase em 0,0628ar = e oa 0=φ .

47

Os parâmetros do controlador se tornam: 3,3616pK = e 0,0044iT = . O resultado é mostrado

na figura 4.8. Repetindo o mesmo método para o primeiro controlador (i.e., o controlador do

comando de posição, apresentado na Figura 4.1), consegue-se o resultado da figura 4.9.

Figura 4.8 – Método do Relé Aplicado ao Conjugado.

Figura 4.9 –Método do Relé aplicado ao Controle de Posição.

O ponto de cruzamento de fase na curva de Nyquist para o controlador mais externo na

malha de controle se encontra em 0,2389ar = e oa 0=φ . O cálculo dos parâmetros do PI

utilizando o mesmo critério adotado anteriormente encontra-se 7,3432pK = e 0,1591iT = .

Tendo assim o ganho proporcional e o tempo integral para ambos os controladores. Testando-

se o desempenho dos parâmetros do controlador encontrados, realizou-se o seguinte

procedimento: aplicou-se uma referência de posição para dois radianos, tendo depois a

referência de posição modificada para quatro radianos, conseguindo-se os resultados da figura

48

4.10 (DINIZ et al, 2007). Aplicando-se o controlador proposto ao sistema, a oscilação em

torno da referência do eixo do motor em regime permanente foi de 0,5% radianos.

Analisando a Figura 4.10, nota-se que houve uma grande variação no comando de

conjugado durante o tempo que o rotor tende a seguir a referência, que corresponde aos

instantes de 0,5 a 3 segundos e de 3,5 a 5 segundos, isto é, na saída do controlador da malha

mais interna, houve uma grande variação no conjugado eletromagnético resultante, de forma

que o rotor permaneça na posição de referência e que possua uma determinada capacidade de

conjugado, a fim de suportar a movimentação de uma possível carga, sendo que no caso da

simulação não há carga aplicada ao eixo do motor, o que vem a influenciar ainda mais nessa

variação. Além do que, este é um estado imposto à máquina que não corresponde à aplicação

convencional do MIT, então o controlador vem a atuar de maneira tal que altere o torque

eletromagnético para que o rotor permaneça na posição estabelecida. Durante o tempo em que

o rotor está em movimento para atingir a referência, correspondendo ao instante de 0 a 0,5

segundos e de 3 a 3,5 segundos, o conjugado eletromagnético resultante não possui uma

grande variação, devido ao fato de ser o momento em que a máquina se comporta de forma à

qual é construído, que é o de causar ao eixo do rotor um movimento rotacional, logo o

controlador não atua tão intensamente no torque eletromagnético como na situação em que o

rotor deve permanecer na posição de referência.

Figura 4.10 –Conjugado eletromagnético e posição do rotor a partir da simulação.

49

A partir destas simulações iniciou-se a construção da planta a ser utilizada, de modo a

analisar os dados encontrados na simulação com os resultados reais. O primeiro problema

verificado foi o fato de o processador TMS320F2812® utilizar comandos de tensão ao invés

de comandos de corrente, o que foi resolvido aplicando a teoria revisada no capítulo 3. Assim,

houve a necessidade de modificar o diagrama de blocos visto na figura 4.1 pelo da figura

4.11, de modo que apenas o bloco responsável por gerar os pulsos para os gatilhos do inversor

trifásico foi alterado. Na saída do bloco de comando de tensão foi colocado um bloco de

modulação SVPWM para se assemelhar à modulação utilizada no trabalho.

md

dt

θ

mω*Te

*qeI

*deI

*dqsV

Figura 4.11 – Diagrama de blocos do servoposicionador utilizando comando de tensão.

O diagrama de blocos de conversão de comando de corrente para comando de tensão

pode ser visto detalhado na figura 4.12. Este bloco primeiramente modifica o comando de

corrente transformando-o em comando de tensão (LIPO & NOVOTNY, 1997). O comando de

corrente, então com referencial síncrono é modificado para um referencial estacionário, do

mesmo modo que pode ser visto na figura 4.5. Nota-se que, neste caso, não foi utilizada uma

malha de realimentação de corrente, como o diagrama mostrado na Figura 3.15.

50

*eqsv

*edsv

*eω

*sdsv

*sqsv

*rfθ

*edsi

*eqsi

sr

( )ˆ ˆ1s sr sτ+

ˆsL

'sL X

X

Σ+

-

1T −

Σ+

+

Figura 4.12 – Conversão de comando de corrente para comando de tensão.

Aplicando-se o mesmo critério de desempenho dos parâmetros do controlador utilizados

na configuração anterior, realizou-se o mesmo procedimento, ou seja, aplicou-se uma

referência de posição para dois radianos, tendo depois a referência de posição modificada para

quatro radianos. Deste modo, os resultados obtidos na simulação podem ser vistos na figura

4.13. Em termos de desempenho, este controlador empregando o SVPWM, apresentou

resultados bastante similares aos do inversor com comparador por histerese. Além do que,

essa simulação vem a comprovar as observações feitas anteriormente sobre o comportamento

do torque eletromagnético na situação anterior, ou seja, no instante de posicionamento do

rotor, instantes iguais a aproximadamente 0,75 a 3 segundos, e de 3,7 a 5 segundos, há uma

grande variação do torque eletromagnético, enquanto que durante o movimento do rotor nos

instantes 0 a 0,5 segundos, e de 3 a 3,5 segundos, o torque eletromagnético não possui uma

variação tão expressiva. Devido aos fatores já discutidos anteriormente na explanação do

comportamento da máquina na simulação do sistema, que foram verificados na figura 4.10.

51

Figura 4.13 –Conjugado eletromagnético e posição do rotor utilizando SVPWM.

Os resultados experimentais para o controle de posição utilizando SVPWM são

mostrados na figura 4.14 (BARBOSA et al, 2008; DINIZ et al, 2008), os equipamentos

utilizados e a planta construída podem ser vistos no anexo II.

As simulações realizadas anteriormente utilizaram uma taxa de amostragem de 50 kHz,

então pelo fato da limitação de processamento do DSP, a taxa de amostragem não pôde ser

maior que 2,5 kHz, então os parâmetros discretizados foram calculados, segundo o capítulo 2,

para esta taxa de amostragem, como mostra a figura 4.15. Observa-se a similaridade entre os

gráficos das figuras 4.14 e 4.15, onde se verifica em ambos gráficos um sobresinal de

aproximadamente 1 radiano e um tempo de assentamento de aproximadamente 20 segundos, o

que valida a modelagem matemática feita.

52

(a) (b)

Figura 4.14 – Dados Experimentais: (a) posição do rotor (500 mV/div., 5 s/div.) e (b) corrente do estator (500 mA/div., 1 s/div.).

Figura 4.15 – Posição do rotor e corrente do estator a partir da simulação a uma taxa de 2,5 kHz.

Procurando-se otimizar o processo, decidiu-se realocar outro ponto que não fosse (-1,0)

na curva de Nyquist, de modo a melhorar os critérios de desempenho da planta, como

sobresinal e oscilações em regime permanente. Assim foi aplicado o método do relé, visto no

53

capítulo 2, em várias frequências de modo a se conseguir não um, mas vários pontos da curva

de Nyquist da planta. Assim, a curva de Nyquist traçada pode ser vista na figura 4.16.

O ponto de cruzamento entre a reta perpendicular a curva de Nyquist do processo e a

própria curva do sistema se localiza em -0,654 - i0,5236, encontrando-se =ar 0,837 e =aφ 38º.

Esta reta fornece a menor distância entre o ponto (-1,0) e a curva do sistema, sendo, portanto

o ponto menos estável da planta (ASTRÖM & HÄGGLUND, 1995). Segundo os critério de

alocação, move-se este ponto para -0,1 -i0,5236, calculando-se os parâmetros =br 0,533 e

=bφ 79,18º.

A escolha do elemento derivativo utilizou a regra de Ziegler-Nichols com α= 0,25.

Assim, os parâmetros encontrados foram =pK 0,4787, =iK 0,03923 e =dK 1,4552.

Figura 4.16 – Curva de Nyquist traçada a partir de simulações

Comparando o desempenho entre o controlador utilizado anteriormente e o controlador

com os parâmetros calculados novamente, nota-se que no último o atraso de transporte não é

maior que 1 segundo, comparado aos 5 segundos do primeiro controlador. A oscilação em

regime permanente no primeiro caso gira em torno de 2,5%, maior que os 2% em torno da

referência, vistos na figura 4.17. Pode-se também notar que o esforço de controle, denotado

no caso pela corrente estatórica, é menor para o segundo caso, não ultrapassando o valor de

200 mA, enquanto que o outro controlador a média é em cerca de 500 mA com picos de 2 A.

Conclui-se então que foi conseguido um melhor controlador apenas alterando-se os

parâmetros do controlador aplicando a regra de sintonia de Ziegler-Nichols modificado

(BARBOSA et al, 2008).

54

(a) (b)

Figura 4.17 – Dados Experimentais: (a) posição do rotor (1 V/div., 1 s/div.) e (b) corrente do estator com realocação do ponto da curva de Nyquist menos estável (200 mA/div., 500 ms/div.).

4.2 CONTROLE DE POSIÇÃO DE UM MIT “GAIOLA-DE-ESQUILO” COM MALHA

DE CORRENTE

De modo a se melhorar o controle de posição, decidiu-se pela implementação do

controle da malha de corrente. A diferença deste novo sistema com relação ao da figura 4.11 é

que, para o cálculo dos gatilhos das chaves, utilizam-se valores de corrente, que na aplicação

na planta serão aquisicionados a partir de sensores, a fim de fechar a malha de controle, como

pode ser visto na figura 4.18. O controle da malha de corrente obedece aos mesmos critérios

mostrados na figura 3.15.

md

dt

θ

mω*Te

*qeI

*deI

*dqsV

dqsI

Figura 4.18 – Diagrama de blocos do servoposicionador utilizando comando de tensão e malha de corrente.

Utilizando o mesmo controlador, de modo que os efeitos da inserção da malha de

corrente fossem avaliados, e aplicando a mesma metodologia de ensaio, obtiveram-se os

resultados da figura 4.19.

55

Os resultados da figura 4.19 foram comparados com os do sistema que não apresenta

malha de corrente, mas que utiliza o SVPWM, cujos resultados podem ser vistos na figura

4.13 (DINIZ et al, 2008). Houve uma oscilação de aproximadamente 0,5% para a referência

de posição em regime permanente para o controlador sem malha de corrente, enquanto o

controlador com controle da malha de corrente forneceu uma oscilação aproximadamente de

0,2% para a mesma referência de posição. Além de se verificar o mesmo comportamento da

variação do torque eletromagnético observado nos testes anteriores.

Figura 4.19 – Conjugado eletromagnético e posição do rotor a partir da simulação para o controle com malha de

corrente.

A manutenção da posição de 4 radianos mostrou-se mais estável para a segunda

configuração, conforme se pode ver nas figuras. 4.20 e 4.21, que mostram o comportamento

da posição em regime permanente. O primeiro controlador mostrou-se mais ruidoso que o

segundo, resultando assim em um esforço de controle maior, como pode ser observado nos

gráficos dos conjugados eletromagnéticos das figuras. 4.13 e 4.19.

56

Figura 4.20 – Visão detalhada do controle de posição de 4 radianos em regime permanente para o controle

vetorial sem malha de corrente.

Figura 4.21 – Visão detalhada do controle de posição 4 radianos em regime permanente para o controle vetorial

com malha de corrente.

Os resultados experimentais aplicados a planta construída, ver anexo II, podem ser

vistos nas figuras 4.22 e 4.23. Observa-se que o sistema sem malha de corrente possui a

resposta de posição mais oscilatória que o sistema com malha de corrente, como previsto nas

simulações. A oscilação em regime permanente do primeiro sistema girou em torno de 0,3

radianos, enquanto no segundo sistema essa oscilação ficou em torno de 0,15 radianos. Os

valores de corrente medidos em ambos os experimentos foram similares. Utilizaram-se apenas

dois sensores de corrente, pois, na presença de um terceiro, o erro de medição geraria um erro

de análise, uma vez que o motor não possui neutro aterrado. Assim poderia ocorrer um erro e

a soma das duas correntes medidas não ser igual ao da terceira (LIPO & NOVOTNY, 1997;

BOSE, 1986). Além disso, a utilização de apenas dois sensores gerou uma redução de custos

para o projeto.

57

Figura 4.22 – Resultados experimentais do sistema sem malha de corrente.

Figura 4.23 – Resultados experimentais do sistema com malha de corrente com o motor na configuração estrela.

58

Todos os ensaios foram realizados com o motor conectado em Y (estrela), como

mencionado anteriormente no item 4.1. Utilizando o mesmo algoritmo com os mesmos

parâmetros do sistema com malha de corrente, a conexão foi modificada para uma conexão

em ∆ (triângulo), a fim de verificar o comportamento do sistema.

O motor apresentou um melhor controle de posição no que se refere à oscilação em

regime permanente com relação à referência em torno de 0,6%, ou 0,038 radianos. O tempo

de regime permanente se manteve praticamente inalterado, sendo os resultados mostrados na

figura 4.24.

Havia a necessidade de comparação do conjugado do sistema com e sem malha de

corrente. Assim, montou-se uma estrutura para medir a força que o motor produzia ao

modificar a referência, como pode ser visto no anexo II.

Verificando-se que o conjugado do sistema sem malha de corrente foi de 0,131 N.m,

enquanto do sistema com malha de corrente foi de 0,196 N.m, um acréscimo de 49%, e a

capacidade de conjugado do sistema para a conexão em ∆ (triângulo) foi de 0,824 N.m, ou

seja, conseguiu-se uma capacidade de torque cerca de 4 vezes maior do que utilizando a

conexão em Y (estrela) com a malha de corrente.

Figura 4.24 – Resultados experimentais do sistema com malha de corrente com o motor na configuração

triângulo.

59

4.3 PROJETO DE UM CONTROLADOR COM REJEIÇÃO A DISTÚRBIOS

A fim de verificar uma possível aplicação do servoposicionador em um manipulador

robótico, analisou-se a influência do acoplamento mecânico feito em (SPONG &

VIDYASAGAR, 2004), onde se concluiu que este pode ser modelado como um distúrbio no

acionamento de um grau de liberdade. Deve-se agora projetar um controlador que seja robusto

a este distúrbio.

O método mais utilizado para modelar os controladores mais externos da malha

(posição e velocidade) no caso de servoposicionadores é considerar que o sistema mecânico

está desacoplado do sistema elétrico (LIN & LIAW, 1993; GHANG-MING, 1994; SHIAU &

LIN, 2001; FUSCO, 2001). Deste modo, o diagrama de blocos do sistema mecânico pode ser

visto na figura 4.25.

∑∑

++

∑+

BJs +

1s

1mω mθ*rω

refθ

Figura 4.25 – Fazer malha de velocidade e posição.

Sendo “J” o momento de inércia do sistema, “B” o coeficiente de atrito viscoso e “TL”

um distúrbio de carga. Os valores do momento de inércia e do coeficiente de atrito viscoso

podem ser conseguidos verificando a folha de dados fornecida pelo fabricante do motor, que

podem ser vista no anexo I.

Adotou-se, através de análise das simulações realizadas, que as cargas variam conforme

a posição do grau de liberdade a uma taxa máxima de 4 rad/s, mostrando que este distúrbio de

carga trabalha nesta região de frequência, e admitiu-se que possuam valores máximos de

aproximadamente 0,63 N.m para o grau de liberdade.

Traçando o gráfico polar da malha interna da figura 4.25, ou seja, da malha

realimentada contendo a função de transferência do controlador de velocidade e da parte

mecânica da planta, tem-se de acordo com a equação 4.2:

60

Figura 4.26 – Diagrama de Nyquist da malha de velocidade.

Para a região da frequência de distúrbio, tem-se, no mesmo gráfico, mostrado na figura

4.27.

Figura 4.27 – Diagrama de Nyquist da malha de velocidade na região do distúrbio.

61

A natureza do distúrbio pode ser modelada como um degrau quando o manipulador

chega à posição desejada. Observando as equações em (SPONG & VIDYASAGAR, 2004),

onde se encontrou que o conjugado máximo ocorre quando o ângulo do grau de liberdade é

igual a zero.

Deve-se verificar a rejeição ao distúrbio do sistema a partir da função de sensibilidade,

que fornece a relação entre a saída do sistema e um distúrbio, como visto no capítulo 2, dada

por:

1( )

1 ( )S s

L s=

+

(4.1)

Sendo L(s) a função de transferência em malha aberta do sistema que, no caso dos

motores utilizados e para a malha de velocidade, é dada por:

178,5( )

0,0179velL ss

=+

(4.2)

Assim, a equação (4.2) se torna:

s+0,0179( )

178,6velS ss

=+

(4.3)

Sendo ( )velS s a função de sensibilidade da malha de velocidade. Definindo ( )sW jω a

resposta em freqüência do distúrbio, a condição de rejeição ao distúrbio é definida por:

1( ) ( ) 1 ( ) 0Ws j S j L jω ω ω ω

−< = + ∀ ≥ (4.4)

Esta condição é satisfeita para o grau de liberdade, uma vez que se o distúrbio for

modelado por um degrau ponderado pelo conjugado máximo, têm-se, para uma frequência de

4 rad/s, figura 4.28:

62

Figura 4.28 – Diagrama de Nyquist para o distúrbio na malha de posição.

Obtendo os seguintes resultados, para a frequência em estudo de 4 rad/s:

1

4 / 4 /( ) 0,1588 44, 6268 ( )velrad s rad s

Ws j S jω ω

ω ω−

= == < =

(4.5)

graficamente o sistema modelado para esse distúrbio pode ser analisado na figura 4.29.

Utilizando a equação (4.5), pode-se propor qualquer controlador que desloque um ponto

desejado da curva de Nyquist para acima da região de distúrbio, de modo a garantir robustez

ao sistema.

Para o cálculo dos parâmetros do controlador PID, decidiu-se mover o ponto visto na

figura 4.29 de modo a que o sistema se tornasse criticamente amortecido, utilizando o método

do lugar geométrico das raízes, projetando um controlador que aloque o ponto (2,47;-130),

que é a região de atuação do distúrbio, para o ponto (0;-128,5), de forma a aumentar a rejeição

ao distúrbio na frequência a ser analisada.

63

Figura 4.29 – Diagrama de Nyquist da malha de velocidade na região do distúrbio, com o distúrbio modelado.

Foi simulada então uma entrada de carga de 0,4 N.m no instante 25 segundos. O

resultado pode ser visto na figura 4.30.

Figura 4.30 – Simulação da malha de velocidade com entrada de carga em 25 segundos.

Apesar de ter sido aplicada uma entrada de carga próxima ao valor máximo apresentado

na equação (4.5), o controlador conseguiu fazer com que o motor seguisse a referência de

64

velocidade de 4 rad/s, que embora tenha levado 5 segundos para o retorno à referência, o

desvio foi em torno de 0,1 radianos, o que pode ser considerado aceitável em muitas

aplicações.

Utilizando o mesmo método de análise de rejeição ao distúrbio, é traçada a curva polar

da malha externa, com o controlador de velocidade configurado com os parâmetros

calculados, mostrada na Figura 4.31.

Figura 4.31 – Diagrama de Nyquist da malha de velocidade.

A figura 4.32 mostra o gráfico polar para a região da frequência do distúrbio em

questão:

65

Figura 4.32 – Diagrama de Nyquist da malha de posição na região do distúrbio.

A função de transferência em malha aberta para a malha de posição é dada por:

2

2

17,85 + 7.678,6 2.321,4( )

0,0179pos

s sL s

s s

+=

+

(4.6)

Portanto, utilizando a equação (4.6), a função de sensibilidade para a malha de posição

é:

2

2

0,053 0,00095( )

381,6 123,1pos

s sS s

s s

+=

+ +

(4.7)

66

Figura 4.33 – Diagrama de Nyquist para o distúrbio na malha de posição.

Utilizando o mesmo critério da equação (4.4), tem-se que:

1

4 / 4 /( ) 0,1588 29.147 ( )posrad s rad s

Ws j S jω ω

ω ω−

= == < =

(4.8)

Utilizaram-se os mesmos critérios da malha de velocidade na malha de posição, de

modo agora a obedecer às restrições impostas pela equação (4.8). Utilizando o mesmo critério

de se projetar um sistema criticamente amortecido, agora para a malha de posição para o

ponto (-131; -1880), alocando-o para o ponto (-135,2; -198), e aplicando um degrau de carga

de 0,4 N.m em 25 segundos, consegue-se o resultado da figura 4.34, mostrando que mesmo

após a aplicação da carga o sistema retorna a sua referência inicial, de 4 radianos.

Figura 4.34 – Diagrama de Nyquist da malha de posição na região do distúrbio.

4.4 APLICAÇÃO DO CONTROL

Para o desenvolvimento deste tipo de controla

braço robótico SCORBOT com três graus de liberdade,

Fortaleza - UNIFOR, pelos alunos do curso de Engenharia de Controle e Automação, e o

projeto e construção dos circuitos de acionamen

desenvolvidos pelos alunos do laboratório de estudo do Grupo de Automação e Robótica

GPAR da Universidade Federal do Ceará

os estudos do comportamento dos controladores aplica

liberdade do braço robótico (figura 4.35).

Diagrama de Nyquist da malha de posição na região do distúrbio.

APLICAÇÃO DO CONTROLADOR PROPOSTO AO MOTOR COM CARGA

Para o desenvolvimento deste tipo de controlador, utilizou-se um manipulador do tipo

com três graus de liberdade, desenvolvido na Universidade de

UNIFOR, pelos alunos do curso de Engenharia de Controle e Automação, e o

projeto e construção dos circuitos de acionamento, sensoreamento e alimentação

desenvolvidos pelos alunos do laboratório de estudo do Grupo de Automação e Robótica

GPAR da Universidade Federal do Ceará-UFC, para que, em conjunto, se pudessem realizar

os estudos do comportamento dos controladores aplicados ao motor conectado ao grau de

liberdade do braço robótico (figura 4.35).

Figura 4.35 – Manipulador robótico.

67

Diagrama de Nyquist da malha de posição na região do distúrbio.

OR COM CARGA

se um manipulador do tipo

desenvolvido na Universidade de

UNIFOR, pelos alunos do curso de Engenharia de Controle e Automação, e o

to, sensoreamento e alimentação

desenvolvidos pelos alunos do laboratório de estudo do Grupo de Automação e Robótica-

UFC, para que, em conjunto, se pudessem realizar

dos ao motor conectado ao grau de

68

Utilizando os parâmetros calculados no item 4.3, aplicou-se o controlador com rejeição

a distúrbio, propostos ao segundo grau de liberdade do manipulador, que é o “cotovelo”

também conhecido com “Elbow”, figura 4.36. Para assim, analisar o comportamento do

controlador para uma elevada carga inercial, já que esta articulação possui a maior carga

inercial, dentre os demais graus de liberdade, ver Tabela A.2 no anexo I. Realizando-se testes

que consistiam na repitibilidade das posições, verificando assim o comportamento da posição

deste grau de liberdade e analisando os efeitos das correntes de eixo direto e em quadratura do

motor. Assim, pode-se observar que as variações da corrente de eixo em quadratura

ocasionam poucas variações na corrente em eixo direto em todos os testes, validando assim o

controle vetorial.

Figura 4.36 – Segundo e primeiro graus de liberdade do manipulador robótico.

Para o controlador aplicado ao “cotovelo” verifica-se uma boa repitibilidade da posição

do grau, com uma variação em torno de 0,23% em relação à referência, porém com um valor

de corrente em eixo em quadratura bem elevado, variando de 1,5 A à -1,5 A, devido ao fato

de ser uma junção com elevada carga inercial, e uma corrente em eixo direto com uma

considerável variação, em média de 300 mA e com picos de quase 500 mA, figura 4.37.

69

Figura 4.37 – Posição angular em radianos , corrente em eixo em quadratura , corrente em eixo direto para o

controlador com rejeição a distúrbio aplicado ao segundo grau de liberdade (cotovelo).

4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verificou-se, através de simulações, a viabilidade dos modelos estudados ao longo do

desenvolvimento do projeto. Além disso, construiu-se uma planta do sistema, para fazer a

aquisição de dados experimentais, a fim de compará-los com os simulados. Enfim, constatou-

se a aplicação do controle vetorial para a malha de elétrica, e o emprego do controlador PID

convencional aplicado à malha mecânica, com característica de rejeição a distúrbios,

verificada experimentalmente em um grau de liberdade de um manipulador robótico.

70

CONCLUSÃO

O principal objetivo deste trabalho foi o estudo e implementação de um

servopocisionador empregando-se motores de indução trifásicos, analisando a aplicação de

alguns controladores, encontrados na literatura, para verificar o melhor controlador que

poderia ser utilizado. Controlar a posição de uma máquina deste tipo é particularmente difícil,

por esta possuir baixos momentos de inércia e coeficiente de atrito viscoso, que representam

um fator negativo no instante de posicionar o rotor na referência, exigindo assim um

controlador bem ajustado e robusto em relação à rejeição de distúrbios, para análise do

desempenho dos controladores pode ser avaliado as correntes do estator, que representam o

esforço de controle do sistema.

O controle vetorial utilizando uma malha de corrente com referência síncrona se

mostrou o mais adequado para a aplicação, uma vez que, dentre os controladores analisados,

foi o que mostrou menor oscilação com relação à referência de posição em regime

permanente, com uma variação de no máximo 0,25% no caso experimental com carga, menor

tempo de subida (utilizando o critério 0-100%) e o maior conjugado nominal. Assim como, o

controle PID com rejeição a distúrbio aplicado a malha mecânica, apresentou resultados que

demonstram a possível aplicação da planta construída, no posicionamento de um grau de

liberdade de um manipulador robótico.

De modo a utilizar a configuração que eleve a capacidade de conjugado do motor,

optou-se em trabalhar na configuração ∆ (triângulo) de ligação do motor, ao invés da

configuração Y (estrela), na qual estava anteriormente e como está configurado na maioria

dos trabalhos pesquisados, que permite uma capacidade de conjugado de 0,824 N.m, que é

aproximadamente o torque de partida do motor, no caso para o motor utilizado é de 1 N.m.

Este melhor desempenho atribuído a esta configuração, deve-se ao fato de obter uma

proximidade da tensão do barramento cc do inversor utilizado, que é em torno de 120 V, e

uma elevação da corrente nas bobinas do motor no valor de 1,72 vezes maior que na

configuração anterior.

Para a continuação de projetos futuros propõe-se:

- Construção de um manipulador de 5 graus de liberdade e, portanto, utilização de cinco

motores, além da colocação dos motores de indução na estrutura, no caso o fato do

TMS320F2812® conseguir chavear dois motores será fator de economia para o projeto;

71

- Utilização de potenciômetros de precisão e multi-voltas, já que a posição do rotor é de

suma importância para o controle vetorial utilizado;

- Verificação do uso de outros tipos de DSP’s, já que o TMS320F2812® mostrou-se

com sua capacidade já no limiar de nossa implementação, e por já existir no mercado DSP’s

mais modernos e mais eficientes;

- Implementação de um supervisório, uma GUI (Guide User Interface) provavelmente

construído usando o software já conhecido MATLAB®, para envio de dados de

posicionamento, calculados pela cinemática direta e inversa do manipulador, via comunicação

serial;

- Projeto de um algoritmo de controle utilizando a técnica Sliding Mode Control (SMC),

pois é uma técnica utiliza um controle não-linear da malha de corrente fornecendo resultados

melhores que o controle vetorial (SHIAU & LIN, 2001);

- Estudo de outros algoritmos que possuam características de controle não-linear, pois

com o aumento da quantidade de graus no manipulador, mais complexo será o seu

posicionamento;

- Implementação de um supervisório que utilize tratamento de imagem, para o cálculo

do posicionamento final do atuador do manipulador, a partir de ferramentas de visão

computacional.

72

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77

ANEXO I

PARÂMETROS DO MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO E DO MANIPULADOR

Os parâmetros da máquina de indução trifásica tipo “gaiola-de-esquilo” estão listados

na Tabela A1.1 e serviram de base para todo o projeto e desenvolvimento do sistema de

controle vetorial, e que estão baseados no circuito clássico utilizado para modelar os motores

de indução (KOSOW, 1996).

Tabela A1.1. Parâmetros da máquina de indução.

Parâmetro Descrição Valor

Pnominal Potência Nominal 119,36 W/0,25 HP Wnominal Velocidade Nominal 1800 r.p.m. Vnominal Tensão Nominal

(Estrela/Triângulo) 220/380 V

Inominal Corrente Nominal 0,66 A P Número de pólos 4 Rr Resistência rotórica

referenciada ao estator 87,44Ω

Rs Resistência estatórica 35,58Ω Lr Indutância rotórica

referenciada ao estator 0,16 H

Ls Indutância estatórica 0,16 H Lm Indutância mútua 0,884 H

Os parâmetros do manipulador foram conseguidos através do aplicativo Solidworks®, e

são mostrados na tabela A1.2:

Tabela A1.2. Parâmetros do manipulador.

JUNTA MASSA

(kg) COMPRIMENTO

(cm)

DISTANCIA DO CENTRO DE MASSA DO EIXO

(cm)

MOMENTO DE INERCIA

(kg.m²)

ÂNGULO DE GIRO

1(ombro) 17,34 32,5 1,5 0,43424 220° 2(cotovelo) 12,45 53 14,9 0,5303 225° 3(punho) 5,5 37,5 10,6 0,28708 300°

78

ANEXO II

EQUIPAMENTOS UTILIZADOS

O sistema constitui-se basicamente de um inversor de tensão trifásico, uma placa com

sensores de corrente de efeito “hall” para aquisição de dados, uma fonte de tensão auxiliar,

uma placa de distribuição e recepção de sinais chamado de concentrador, um motor de

indução trifásico, um potenciômetro acoplado ao eixo, uma kit de desenvolvimento

ezdsp2812® da Spectrum® e um retificador semi-controlado de ponte completa.

O inversor, Figura A2.1, recebe os sinais diretamente da placa ezdsp2812, Figura A2.2.

A partir de um “buffer”, opto-acopladores recebem os sinais do DSP, de modo a isolar o

circuito de controle do circuito de potência. A partir desta etapa os sinais de saída dos opto-

acopladores fornecem o comando para um integrado com tecnologia “bootstrap”. Deste modo

não há a necessidade de se ter uma fonte de alimentação isolada para cada um dos

interruptores superiores do inversor.

A placa contendo os sensores de corrente conta com um LEM® (sensor de efeito “hall”),

no qual em sua saída é colocada em um amplificador operacional, Figura A2.3. Deste modo

consegue-se controlar, através de calibração, os limites de tensão de 0 a 3,3V, que são é o

nível de tensão máximo permitido no ezdsp2812®.

(a)

79

(b)

80

(c)

Figura A2.1- Inversor de tensão trifásico:(a) Placa confeccionada;(b) PCB da Placa;(c) Schematic da placa.

81

Figura A2.2– kit de desenvolvimento DSP da TEXAS INSTRUMENTS® ezdsp2812®.

(a)

(b)

82

(c)

Figura A2.3– Sensor de corrente:(a) Placa confeccionada;(b) PCB da Placa;(c) Schematic da placa.

O ezdsp2812® possui 12 canais PWM, além de 14 canais de conversor

analógico/digital. Assim, para o controle de dois motores, os 12 canais são utilizados, sendo 6

para cada inversor. Somente há a necessidade de 4 canais do conversor analógico/digital, para

2 sensores de corrente de cada motor. A terceira corrente é calculada a partir das outras 2,

evitando um custo adicional de se empregar outro sensor de corrente e evitando erros de

medição. O ezdsp2812® ainda possui a vantagem de se poder implementar a banda morta

(“deadband”) ao se chavear dois interruptores do mesmo braço, evitando assim a adição de

um potenciômetro ou outro equipamento para o controle de cada braço do inversor.

A utilização do processador digital de sinais (DSP) da Texas Instruments®, o

TMS320F2812®, que executa instruções a 150 MIPS, mostrou-se de suma importância, onde

mesmo com a capacidade de processamento elevada, a aplicação do algoritmo de controle

83

vetorial utilizando uma malha de corrente neste DSP ficou no limiar da sua utilização, fato

este notado nos procedimentos experimentais. Este processador possui ainda uma função

intrínseca de modulação em espaço vetorial (SVPWM), sem que fosse necessária a

implementação deste no aplicativo embarcado, consumindo menos memória e tempo de

processamento. Outra característica de extrema valia é que o processador escolhido possui 12

canais de modulação por largura de pulso (PWM), podendo, portanto, acionar até dois

motores trifásicos simultaneamente. Isto gerará uma economia na quantidade de

processadores necessários para aplicação de trabalhos futuros.

O concentrador, Figura A2.4, executa três funções: 1) recebimento dos sinais dos

sensores de corrente para envio ao ezdsp2812®; 2) envio dos comandos de tensão para cada

um dos conversores a partir de uma única porta do ezdsp2812®. Deste modo todos os sinais

do sistema passam pelo concentrador, e não há a necessidade de ligar cada parte do sistema a

outra diretamente. Como os comandos de tensão e os canais conversor analógico/digital se

localizam em uma mesma porta, se tornaria difícil interligar estes sistemas de uma forma

organizada; 3) além disso, para a resolução de problemas, os defeitos podem ser verificados

somente em uma placa, ao invés de se verificar todo o sistema.

(a)

(b)

84

(c)

Figura A2.4–Concentrador de sinais:(a) Placa confeccionada;(b) PCB da Placa;(c) Schematic da placa.

A fonte auxiliar, Figura A2.5, conta com várias saídas: 18 V, 15 V, -15 V e 5 V. O

controle de tensão é realizado através do TOP249. A tensão de 18 V é utilizada pelo integrado

que realiza o comando de tensão para chaveamento dos interruptores. A segunda e a terceira

tensão servem para alimentar os operacionais da placa dos sensores de corrente, enquanto a

quarta tensão serve para alimentar a placa do concentrador, além do “buffer” e dos

85

optoacopladores na parte de controle do inversor. E por fim, um retificador trifásico semi-

controlado para alimentar o barramento cc do inversor, Figura A2.6.

Figura A2.5– fonte de tensão auxiliar de +15,-15,5 e 18 volts.

(a)

86

(b)

87

(c)

Figura A2.6– retificador semi-controlado de ponte completa:(a) Placa confeccionada;(b) PCB da Placa;(c) Schematic da placa.

Logo em seguida, pode-se verificar o fluxograma, Figura A2.7, do sistema como um

todo, e em seguida a todos os circuitos ligados do sistema, Figura A2.8.

Para medir a capacidade de conjugado do motor construiu-se uma estrutura de acordo

com a Figura A2.9, constituída de uma armação metálica, onde se tem uma balança portátil e

uma haste que faz o acoplamento com o rotor do motor. Então ao modificar a referência do

rotor, verifica-se a força que o rotor imprime à balança, por seguinte calcula-se a capacidade

do conjugado.

88

Figura A2.7– Fluxograma de funcionamento da planta.

89

Figura A2.8 – Visão geral do sistema de controle e acionamento.

Figura A2.9 – Estrutura para medição da capacidade de conjugado.

90

ANEXO III

DIAGRAMA DE BLOCOS MODELADOS NO SIMULINK®

A seguir, têm-se os diagramas construídos utilizando o Simulink®, utilizados no capítulo

4, aplicados nas simulações do sistema.

Figura A3.1 – Diagrama de blocos simplificado do servoposicionador para modelagem no Simulink®.

91

Figura A3.2 – Diagrama de blocos para o cálculo do ângulo elétrico.

Figura A3.3 – Diagrama de blocos para o cálculo da corrente do eixo em quadratura.

Figura A3.4 – Diagrama de blocos para o cálculo da corrente do eixo direto.

92

Figura A3.5 – Diagrama de blocos para transformação de um sistema bifásico de referência síncrona para

trifásico de referência estacionária.

Figura A3.6 – Inversor por comparador com histerese.

93

Figura A3.7 – Diagrama de blocos do servoposicionador utilizando comando de tensão.

94

Figura A3.8 – Transformação de comando de corrente para comando de tensão.

95

Figura A3.9 – Diagrama de blocos do servoposicionador utilizando comando de tensão e malha de corrente.

96

Figura A3.10 – Implementação do esquema da Figura 3.20 no Simulink®.