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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS
DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E ECOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA
DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A,
FÓSFORO TOTAL E TURBIDEZ NO ESTUÁRIO DO RIO
PIRAQUÊ-AÇU (ARACRUZ, ES)
LARISSA BERTOLDI
VITÓRIA
2013
LARISSA BERTOLDI
DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A,
FÓSFORO TOTAL E TURBIDEZ NO ESTUÁRIO DO RIO
PIRAQUÊ-AÇU (ARACRUZ, ES)
VITÓRIA
2013
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao curso de graduação
em Oceanografia, do Departamento de
Oceanografia e Ecologia da
Universidade Federal do Espírito
Santo, como requisito para a obtenção
do título de Bacharel em Oceanografia.
Orientador: Prof. Dr. Gilberto Fonseca
Barroso
Co-Orientador: M.Sc. Thayana de
Alencar Leite
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS
DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E ECOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA
LARISSA BERTOLDI
DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A, FÓSFORO TOTAL
E TURBIDEZ NO ESTUÁRIO DO RIO PIRAQUÊ-AÇU (ARACRUZ, ES)
COMISSÃO EXAMINADORA
___________________________________________
Prof. Dr. Gilberto Fonseca Barroso
ORIENTADOR – UFES/DOC
___________________________________________
M.Sc. Thayana de Alencar Leite
Co-ORIENTADOR – UFES/DOC
___________________________________________
Prof. Dr. Renato Rodrigues Neto
EXAMINADOR INTERNO – UFES/DOC
___________________________________________
M.Sc. Eduardo Schettini Costa
EXAMINADOR INTERNO – UFES/DOC
DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A,
FÓSFORO TOTAL E TURBIDEZ NO ESTUÁRIO DO RIO
PIRAQUÊ-AÇU (ARACRUZ, ES)
por
Larissa Bertoldi
Submetido como requisito para a obtenção de grau de
Oceanógrafo
na
Universidade Federal do Espírito Santo
Abril 2013
© Larissa Bertoldi
Por meio deste, o autor confere ao Colegiado do Curso de Oceanografia e ao Departamento de Oceanografia e Ecologia da UFES permissão para reproduzir e distribuir cópias parciais ou totais deste documento de trabalho de conclusão de curso para fins não comerciais.
Assinatura do autor.....................................................................................................
Curso de graduação em Oceanografia Universidade Federal do Espírito Santo
Abril de 2013 Certificado por ............................................................................................................
Prof. Dr. Gilberto Fonseca Barroso (Orientador) DOC/UFES
Certificado por ............................................................................................................ M.Sc. Thayana de Alencar Leite
(Co-Orientador) DOC/UFES
Certificado por ............................................................................................................ Prof. Dr. Renato Rodrigues Neto
Examinador Interno DOC/UFES
Certificado por ............................................................................................................ M.Sc. Eduardo Schettini Costa
Examinador Interno DOC/UFES
Aceito por ................................................................................................................... Prof. Dr. Angelo Fraga Bernardino
Prof. Adjunto / Coordenador do Curso de Oceanografia Universidade Federal do Espírito Santo
CCHN/DOC/UFES
Aos meus pais, irmão, namorado e amigos que me acompanharam e me
apoiaram nessa jornada.
“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água
no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.”
Madre Teresa de Calcutá
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus pela saúde e força concedidas durante todos esses anos de
curso e por sempre me iluminar e por permitir a conclusão desse trabalho.
Aos meus pais e grandes amigos Gilson e Dirce que sempre me incentivaram com
todo amor, carinho, esforço e dedicação incansáveis. Vocês são meus suportes na
vida. Muito obrigada!
Ao meu irmão Matheus por me apoiar e me dar força para continuar, sempre!
Ao meu namorado, amigo e companheiro Freddy por sempre estar ao meu lado,
por ser meu suporte emocional e por entender meus momentos de ausência.
A toda minha família pelas orações que me sustentaram ao longo desses anos.
A minha família oceano escolhida a dedo: Jacque, Flor, Lília, Gê, Kyssy, Bel,
Geandré, Jéssica, Lari e Samira que me ajudaram, incentivaram, ensinaram e me
divertiram, sempre com muito amor e carinho. Com certeza, sem vocês o caminho
seria bem mais difícil.
As grandes amigas e companheiras de trabalho do LimnoLab, Jéssica, Annanda,
Samira e Nina. Muito obrigada pela companhia e amizade. Vocês me deram força
para continuar. Não teria conseguido sem a ajuda de vocês.
A todos os companheiros de laboratório pelos momentos filosóficos e pela
amizade que surgiu ao longo da nossa convivência.
Ao meu orientador professor Dr. Gilberto Fonseca Barroso por confiar em mim,
pela amizade e pelos infinitos ensinamentos. Serei eternamente grata por tudo!
A grande amiga e co-orientadora Thayana de Alencar Leite pela paciência e
companheirismo. Muito obrigada pelos momentos de descontração. Com certeza,
foram os momentos mais engraçados que tive no laboratório.
Ao professor Dr. Renato Rogrigues Neto e ao M.Sc. Eduardo Schettini Costa por
terem aceitado o convite para participar da banca.
A todos os professores do DOC, em especial a Valéria, Jean e Jacqueline, muito
obrigada por todos os ensinamentos e conselhos passados que me ajudaram a
construir e finalizar este TCC.
A toda a equipe do Projeto Robalo e Instituto Harpia, em especial a Nana, pela
infraestrutura concedida e pelo suporte nas amostragens. Foram ótimos e
divertidos os momentos com vocês.
A todas as pessoas não citadas, mas que de alguma forma contribuíram para a
minha formação.
RESUMO
O ecossistema estuarino localiza-se na interface continente-oceano, com
características hidrodinâmicas, morfológicas, biológicas e sedimentares
influenciadas pela descarga de água doce da drenagem da bacia hidrográfica, e
por forçantes oceanográficas. O Sistema Estuarino dos rios Piraquê-açu e Piraquê-
mirim (SEPAPM), localizado no Distrito de Santa Cruz (Aracruz, ES), possui uma
área de 7,48 km2 predominantemente encaixada nos vales da Formação Barreiras.
O SEPAPM possui grande importância, proporcionando vários bens e serviços
para a economia local, além de possuir uma configuração predominantemente
natural, sem histórico de dragagem e obras de engenharia significativas. Além
disso, é caracterizado pela presença de falésias da Formação Barreiras e por ser o
primeiro estuário abaixo do delta do rio Doce. Assim, é necessário investigar suas
características para compreender os processos ecológicos visando contribuir para
um melhor conhecimento do estuário. Portanto, este trabalho teve como objetivo
avaliar a variabilidade espacial e temporal das variáveis ambientais clorofila a,
fósforo total e turbidez na água do SEPAPM a fim de subsidiar diretrizes do
gerenciamento costeiro. As amostragens foram realizadas em 18 estações
amostrais, no outono (março) e primavera (setembro/outubro) de 2011, nas marés
de sizígia e quadratura, nas fases de maré baixa e alta. Dados pontuais das
variáveis foram interpolados usando o método Spline, em SIG. Como resultado o
estuário do rio PA apresentou variação espacial significativa de clorofila a na
primavera; de fósforo total no outono; e de turbidez na quadratura e no outono e
variação temporal significativa de clorofila a, para as amostragens de outono e
primavera, nas condições de sizígia e quadratura e nas médias de outono e
primavera; de fósforo total no outono durante a sizígia em fase de maré baixa e
alta, primavera em condição de sizígia e quadratura e nas médias de outono e
primavera; e de turbidez no outono durante a sizígia em fase de maré baixa e alta,
outono em condição de sizígia e quadratura e nas médias de outono e primavera.
Houve correlação significativa negativa pelo teste de Spearman entre turbidez e
clorofila a no outono e correlação significativa positiva entre turbidez e fósforo total
no outono e na primavera.
Palavras-chave: estuário, clorofila a, fósforo total, turbidez.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Sistema Estuarino dos rios Piraquê-açu e Piraquê-mirim (SEPAPM)
(Aracruz/ES), com a localização das estações amostrais. No detalhe a bacia
hidrográfica. .................................................................................................... 26
Figura 2 - Amplitude das marés de sizígia e quadratura na estação maregráfica
do Terminal de Barra do Riacho para março de 2011. .................................... 31
Figura 3 - Amplitude das marés de sizígia e quadratura na estação maregráfica
do Terminal de Barra do Riacho para setembro e outubro de 2011. ............... 31
Figura 4 - Amplitude de maré no mês de março de 2011, com destaque para o
período de amostragem. Dados do Terminal Portuário de Barra do Riacho. ... 33
Figura 5 - Amplitude de maré nos meses de setembro e outubro, com destaque
para o período de amostragem. Dados do Terminal Portuário de Barra do
Riacho. ............................................................................................................ 34
Figura 6 - Estações pluviométricas utilizadas para o cálculo da série histórica
temporal média. .............................................................................................. 36
Figura 7 - Série temporal histórica dos anos de 1925 a 2010 e do ano de 2011
das dez estações pluviométricas e do ano de 2011 para a região da bacia do
SEPAPM. ........................................................................................................ 37
Figura 8 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens na fase de maré
baixa nas estações de coleta. ......................................................................... 41
Figura 9 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens na fase de maré
alta nas estações de coleta. ............................................................................ 42
Figura 10 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens em condição de
sizígia nas estações de coleta. ....................................................................... 43
Figura 11 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens em condição de
quadratura nas estações de coleta. ................................................................ 43
Figura 12 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens de outono nas
estações de coleta. ......................................................................................... 44
Figura 13 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens de primavera nas
estações de coleta. ......................................................................................... 45
Figura 14 - Modelos de distribuição de clorofila a da amostragem de outono,
em condições de sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta (MA) e
maré baixa (MB). ............................................................................................ 48
Figura 15 - Box plots de clorofila a na amostragem de outono, em condição de
maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa................ 48
Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a da amostragem de primavera,
em condições de sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta (MA) e
maré baixa (MB). ............................................................................................ 50
Figura 17 - Box plots de clorofila a na amostragem de primavera, em condição
de maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa. .......... 50
Figura 18 - Modelos médios de distribuição de clorofila a das amostragens de
outono e primavera, em condições de sizígia e quadratura. ........................... 51
Figura 19 - Box plots de clorofila a nas amostragens de outono e primavera, em
condição de maré de sizígia e quadratura. ...................................................... 52
Figura 20 - Modelos médios de distribuição de clorofila a das amostragens de
outono e primavera. ........................................................................................ 53
Figura 21 - Box plots de clorofila a nas amostragens de outono e primavera. . 53
Figura 22 - Box plots de fósforo total na maré baixa das estações de coleta de
todas as amostragens. .................................................................................... 54
Figura 23 - Box plots de fósforo total na maré alta das estações de coleta de
todas as amostragens. .................................................................................... 55
Figura 24 - Box plots de fósforo total em condição de sizígia das estações de
coleta de todas as amostragens...................................................................... 56
Figura 25 - Box plots de fósforo total em condição de quadratura das estações
de coleta de todas as amostragens. ................................................................ 56
Figura 26 - Box plots de fósforo total no outono das estações de coleta de
todas as amostragens. .................................................................................... 57
Figura 27 - Box plots de fósforo total na primavera das estações de coleta de
todas as amostragens. .................................................................................... 58
Figura 28 - Modelos de distribuição de fósforo total da amostragem de outono,
em condições de sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta (MA) e
maré baixa (MB). ............................................................................................ 60
Figura 29 - Box plots de fósforo total na amostragem de outono, em condição
de maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa. .......... 60
Figura 30 - Modelos de distribuição de fósforo total da amostragem de
primavera, em condições de sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta
(MA) e maré baixa (MB). ................................................................................. 62
Figura 31 - Box plots de fósforo total na amostragem de primavera, em
condição de maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa.
........................................................................................................................ 62
Figura 32 - Modelos médios de distribuição de fósforo total das amostragens de
outono e primavera, em condições de sizígia e quadratura. ........................... 63
Figura 33 - Box plots de fósforo total nas amostragens de outono e primavera,
em condição de maré de sizígia e quadratura. ................................................ 64
Figura 34 - Modelos médios de distribuição de fósforo total das amostragens de
outono e primavera. ........................................................................................ 65
Figura 35 - Box plots de clorofila a nas amostragens de outono e primavera. . 66
Figura 36 - Box plots de turbidez na maré baixa das estações de coleta de
todas as amostragens. .................................................................................... 67
Figura 37 - Box plots de turbidez na maré alta das estações de coleta de todas
as amostragens. ............................................................................................. 67
Figura 38 - Box plots de turbidez em condição de sizígia das estações de coleta
de todas as amostragens. ............................................................................... 68
Figura 39 - Box plots de turbidez em condição de quadratura das estações de
coleta de todas as amostragens...................................................................... 69
Figura 40 - Box plots de turbidez no outono das estações de coleta de todas as
amostragens. .................................................................................................. 70
Figura 41 - Box plots de turbidez na primavera das estações de coleta de todas
as amostragens. ............................................................................................. 70
Figura 42 - Modelos de distribuição de turbidez da amostragem de outono, em
condições de sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta (MA) e maré
baixa (MB). ..................................................................................................... 72
Figura 43 - Box plots de turbidez na amostragem de outono, em condição de
maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa................ 73
Figura 44 - Modelos de distribuição de turbidez da amostragem de primavera,
em condições de sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta (MA) e
maré baixa (MB). ............................................................................................ 74
Figura 45 - Box plots de turbidez na amostragem de primavera, em condição de
maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa................ 74
Figura 46 - Modelos médios de distribuição de turbidez das amostragens de
outono e primavera, em condições de sizígia e quadratura. ........................... 75
Figura 47 - Box plots de turbidez nas amostragens de outono e primavera, em
condição de maré de sizígia e quadratura. ...................................................... 76
Figura 48 - Modelos médios de distribuição de turbidez das amostragens de
outono e primavera. ........................................................................................ 78
Figura 49 - Box plots de turbidez nas amostragens de outono e primavera. ... 78
Figura 50 - Teste de correlação de Spearman para as amostragens de OSMA
(a), OSMB (b), OQMA (c), OQMB (d), OS (e), OQ (f) e Outono (g). ................ 80
Figura 51 - Teste de correlação de Spearman para as amostragens de PSMA
(a), PSMB (b), PQMA (c), PQMB (d), PS (e), PQ (f) e Primavera (g). ............. 82
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Cronograma de amostragem.......................................................... 32
Tabela 2 - Estações pluviométricas próximas ao SEPAPM. ............................ 35
Tabela 3 - Estatística descritiva dos valores de clorofila a para o período da
amostragem (n=62). ........................................................................................ 46
Tabela 4 - Classes de qualidade da água com base no estado trófico.. .......... 46
Tabela 5 - Estatística descritiva dos valores de fósforo total para o período de
amostragem (n=62). ........................................................................................ 59
Tabela 6 - Estatística descritiva dos valores de turbidez para o período de
amostragem (n=62). ........................................................................................ 71
LISTA DE ABREVIAÇÕES
ANA – Agência nacional de Água
DHN – Diretoria de hidrografia e navegação (Marinha do Brasil)
ESRI® – Environmental Systems Research Institute
ETE – Estação de Tratamento de Esgoto
MA – Maré alta
MB – Maré baixa
MPS – Material Particulado em Suspensão
µg/L – micrograma por litro
PA – Piraquê-açu
PM – Piraquê-mirim
OSMA – Outono, Sizígia, Maré Alta
OSMB - Outono, Sizígia, Maré Baixa
OQMA – Outono, Quadratura, Maré Alta
OQMB – Outono, Quadratura, Maré Baixa
PSMA – Primavera, Sizígia, Maré Alta
PSMB – Primavera, Sizígia, Maré Baixa
PQMA – Primavera, Quadratura, Maré Alta
PQMB - Primavera, Quadratura, Maré Baixa
SEPAPM – Sistema Estuarino dos rios Piraquê-açu e Piraquê-mirim
SIG – Sistema de Informação Geográfica
UNT – Unidades Nefelométricas de Turbidez
UTM – Universal Transverse Mercator Grid System
WGS 1984 – World Geodetic System (Ano de 1984)
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 18
2 JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 22
3 OBJETIVOS ................................................................................................ 24
3.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 24
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................ 24
4 ÁREA DE ESTUDO ..................................................................................... 25
4.1 ASPECTOS CLIMÁTICOS .......................................................................... 26
4.2 ASPECTOS OCEANOGRÁFICOS .............................................................. 27
4.3 ASPECTOS GEOLÓGICOS E GEOMORFOLÓGICOS ............................... 27
4.4 COBERTURA VEGETAL ............................................................................. 28
5 METODOLOGIA ......................................................................................... 30
5.1 PLANO DE AMOSTRAGEM ........................................................................ 30
5.2 DETERMINAÇÃO DO PERÍODO AMOSTRAL ............................................ 32
5.3 ANÁLISES LABORATORIAIS...................................................................... 38
5.3.1 CLOROFILA A ................................................................................................. 38
5.3.2 FÓSFORO TOTAL............................................................................................ 38
5.3.3 TURBIDEZ ...................................................................................................... 39
5.4 ANÁLISE ESPACIAL ................................................................................... 39
5.5 ANÁLISES ESTATÍSTICAS ......................................................................... 40
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 41
6.1 VARIAÇÃO ESPACIAL DE CLOROFILA A .................................................. 41
6.1.1 VARIAÇÃO DE MARÉ ALTA E MARÉ BAIXA ........................................................... 41
6.1.2 VARIAÇÃO DE SIZÍGIA E QUADRATURA ............................................................... 42
6.1.3 VARIAÇÃO DE OUTONO E PRIMAVERA ............................................................... 44
6.2 VARIAÇÃO TEMPORAL DE CLOROFILA A ................................................ 45
6.2.1 VARIAÇÃO ENTRE MARÉ ALTA E MARÉ BAIXA ...................................................... 46
6.2.2 VARIAÇÃO ENTRE MARÉ DE SIZÍGIA E MARÉ DE QUADRATURA .............................. 51
6.2.3 VARIAÇÃO ENTRE OUTONO E PRIMAVERA .......................................................... 52
6.3 VARIAÇÃO ESPACIAL DE FÓSFORO TOTAL ............................................ 54
6.3.1 VARIAÇÃO DE MARÉ ALTA E MARÉ BAIXA ........................................................... 54
6.3.2 VARIAÇÃO DE SIZÍGIA E QUADRATURA ............................................................... 55
6.3.3 VARIAÇÃO DE OUTONO E PRIMAVERA ............................................................... 57
6.4 VARIAÇÃO TEMPORAL DE FÓSFORO TOTAL.......................................... 58
6.4.1 VARIAÇÃO ENTRE MARÉ ALTA E MARÉ BAIXA ...................................................... 59
6.4.2 VARIAÇÃO ENTRE MARÉ DE SIZÍGIA E MARÉ DE QUADRATURA .............................. 62
6.4.3 VARIAÇÃO ENTRE OUTONO E PRIMAVERA .......................................................... 64
6.5 VARIAÇÃO ESPACIAL DE TURBIDEZ ........................................................ 66
6.5.1 VARIAÇÃO DE MARÉ ALTA E MARÉ BAIXA ........................................................... 66
6.5.2 VARIAÇÃO DE SIZÍGIA E QUADRATURA ............................................................... 68
6.5.3 VARIAÇÃO DE OUTONO E PRIMAVERA ............................................................... 69
6.6 VARIAÇÃO TEMPORAL DE TURBIDEZ ..................................................... 71
6.6.1 VARIAÇÃO ENTRE MARÉ ALTA E MARÉ BAIXA ...................................................... 71
6.6.2 VARIAÇÃO ENTRE MARÉ DE SIZÍGIA E MARÉ DE QUADRATURA .............................. 74
6.6.3 VARIAÇÃO ENTRE OUTONO E PRIMAVERA .......................................................... 76
6.7 CORRELAÇÃO DOS DADOS...................................................................... 79
6.7.1 OUTONO ....................................................................................................... 79
6.7.2 PRIMAVERA ................................................................................................... 80
7 CONCLUSÕES ........................................................................................... 83
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 84
18
1 INTRODUÇÃO
Há muito debate sobre a definição e limitação de estuários. Por isso, existem
várias definições (PRITCHARD, 1952; DIONE, 1963; KJERFVE 1970;
FAIRBRIDGE, 1980; BOYD et al., 1992; DALRYMPLE et al., 1992; PERILLO,
1995; DYER, 1997) as quais consideram diferentes aspectos e cada uma varia
com o objetivo de estudo de cada autor. A grande maioria delas trata-se de
uma evolução da definição anterior.
Uma das definições mais bem aceita é a de Perillo (1995), que procurou
considerar os aspectos físicos, químicos, geológicos e biológicos que
caracterizam o estuário, e o definiu como: “um corpo de água costeira
semifechado que se estende até o limite efetivo de influência da maré, no qual
a água do mar entra por uma ou mais conexões livres com o oceano aberto ou
qualquer outro corpo de água salina costeiro e é mensuravelmente diluída com
a água doce provinda da drenagem fluvial, podendo conter espécies
eurihalinas durante alguma parte ou em todo seu ciclo de vida”.
Os estuários, portanto, constituem ambientes costeiros caracterizados por se
localizarem na interface continente-oceano. Dessa forma, suas características
hidrodinâmicas, morfológicas, biológicas e sedimentares são influenciadas,
fortemente, tanto pela descarga de água doce, proveniente da drenagem da
bacia hidrográfica, como por forçantes oceanográficas e meteorológicas, como
ondas e marés, e ventos, respectivamente. Além disso, possuem
características ambientais únicas e desempenham importantes papéis
ecológicos, como por exemplo, na exportação de nutrientes e matéria orgânica
para águas costeiras adjacentes, constituindo habitats vitais para espécies de
importância comercial, além de gerarem bens e serviços para as comunidades
locais (CLARK, 1996).
Este ecossistema é bastante dinâmico, apresentando variações de maré,
salinidade, temperatura, oxigênio dissolvido e correntes. Como são
ecossistemas aquáticos onde as águas doces e marinhas se encontram,
configuram, portanto, sistemas de transição. Por isso possuem
frequentemente, elevados gradientes e descontinuidades, como, por exemplo,
19
na distribuição dos componentes químicos, como material particulado em
suspensão, nutrientes, matéria orgânica e oxigênio dissolvido (KRAMER et al.,
1994).
A principal rota de entrada de nutrientes oriundos das drenagens continentais
para as águas costeiras são os estuários. A elevada produtividade e a
manutenção do balanço ecológico nesses ecossistemas estão relacionadas
com a disponibilidade de nutrientes provenientes de fontes pontuais e difusas
(MIRANDA et al., 2002). Os elementos químicos que se encontram dissolvidos
na água e são considerados limitantes na produção primária fitoplanctônica em
ambientes aquáticos são o fósforo, nitrogênio e silício (CHESTER; RILEY,
1989; TUNDISI; TUNDISI, 1976).
O fósforo é disponibilizado no ecossistema estuarino por meio de ações
naturais, como a lixiviação do solo e o intemperismo de rochas fosfáticas, como
também através da ação humana, com o lançamento de efluentes domésticos,
industriais e agrícolas (TUNDISI; TUNDISI, 1976). Os efluentes in natura
contêm elevada concentração de fósforo na forma de ortofosfato (PIMENTA,
2006). Em relação ao nitrogênio, as atividades antrópicas como a fertilização, o
desmatamento e a geração de resíduos, têm modificado o seu ciclo
aumentando, assim a sua disponibilidade. O excesso de nitrogênio pode
acarretar desequilíbrios nutricionais nas plantas, lixiviação para águas
superficiais e subterrâneas, acidificação do solo e maior emissão de gases do
efeito estufa (N2O). Nos ecossistemas aquáticos, uma maior entrada deste
elemento pode produzir acidificação da água, hipoxia ou anoxia, perda da
biodiversidade e eutrofização de águas costeiras (RABALAIS, 2000).
Dessa forma, atividades antrópicas têm consequências amplas e em escalas
variadas, sendo que esses efeitos se tornam mais acentuados na zona
costeira, pela tendência crescente de ocupação (ESCHRIQUE, 2007). Vale
salientar que elevadas cargas de nutrientes lançadas em ecossistemas
estuarinos comprometem a qualidade dessas águas, muitas vezes acarretando
no processo de eutrofização, que segundo Giovanardi e Vollenweider (2004)
pode determinar episódios frequentes de anoxia nas águas de fundo. Por outro
lado, com a diminuição das concentrações de nutrientes nos fluxos fluviais,
especialmente o fósforo, ocorre a alteração da sua disponibilidade em suas
20
diferentes formas, seja particulado ou dissolvido, assim como na produtividade
biológica do sistema estuarino, já que o fósforo é o principal fator limitante da
produtividade em águas costeiras (SCHINDLER; VALLENTYNE, 2008;
RABALAIS, 2002).
Entretanto, Tyrrell (1999) afirma que em águas superficiais de regiões
oceânicas, tanto o fósforo quanto o nitrogênio são limitantes para a produção
primária, ao passo que em regiões profundas, o fósforo é classificado como
nutriente limitante definitivo, cuja disponibilidade regula a produtividade
primária por um longo período de tempo, enquanto que o nitrogênio consiste no
nutriente limitante imediato, cuja adição provoca um aumento, em curto prazo,
na produtividade primária. Isso se fundamenta no fato de que o nitrogênio é
encontrado em grandes concentrações na atmosfera e nos oceanos, que por
sua vez pode ser reduzido a amônio, enquanto que não há fonte de fósforo na
atmosfera e sua concentração na água do mar mantém-se sempre baixa
(TYRRELL, 1999; GUILDFORD e HECKY, 2000).
Em contrapartida, águas oligotróficas conseguem reter sempre um resíduo de
fosfato, mesmo quando o nitrato não é detectado (RYTER e DUSTAN, 1971;
TYRRELL, 1999). Assim, há autores que afirmam que o nitrogênio consiste no
nutriente limitante definitivo para o ambiente marinho (RYTER e DUSTAN,
1971). Apesar de não haver um consenso sobre qual seria o nutriente limitante
definitivo para o ambiente marinho, a maioria dos autores consideram o
nitrogênio como o nutriente limitante imediato (TYRRELL, 1999; GUILDFORD e
HECKY, 2000; LOBBAN e HARRISON, 1994).
Conforme citam Thomann e Mueller (1987), dentre as principais variáveis
ambientais que devem ser analisadas para acompanhar e verificar o processo
de eutrofização destacam-se as concentrações de nutrientes e fitoplâncton, já
que esse fenômeno está, frequentemente, associado com a abundância de
biomassa fitoplactônica, que é quantificada pela concentração de clorofila a,
resultando em um aumento da turbidez da água. Vale salientar que a turbidez
pode ser causada pela presença de sólidos em suspensão, tais como
partículas inorgânicas (areia, silte, argila) e de detritos orgânicos, algas e
bactérias, plâncton em geral, entre outros. As concentrações de amônia e
21
compostos de nitrogênio e fósforo junto com os indicadores de biomassa
vegetal (como a concentração de clorofila a) definem o estado trófico de um
ecossistema, classificando-o como reduzido (oligotrófico), médio (mesotrófico),
elevado (eutrófico) e muito elevado (hipertrófico) (PEREIRA, 2006).
As consequências desses eventos em relação aos parâmetros de qualidade da
água do estuário são, na maioria das vezes, difícil de quantificar no espaço, por
causa da variabilidade desses ecossistemas (WHITE et al., 2008). Soma-se a
isso que o tempo de residência da água no interior do estuário é
simultaneamente a causa da sua produtividade e da sua fragilidade, podendo
ser da ordem de semanas a meses. Esse tempo permite que a matéria
particulada se deposite no fundo e que haja o consumo de grande parte dos
nutrientes tanto carreados pelo rio ou provenientes da mineralização da matéria
orgânica (PEREIRA, 2006). Por isso, é grande a preocupação com a
integridade e o equilíbrio ambiental desses ecossistemas por ser um dos mais
vulneráveis do planeta (MIRANDA et al., 2002).
Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo avaliar a variabilidade
espacial e temporal de clorofila a, fósforo total e turbidez no estuário do rio
Piraquê-açu (Aracruz, ES).
22
2 JUSTIFICATIVA
Em decorrência da crescente urbanização na zona costeira, é de fundamental
importância conhecer a dinâmica dos ecossistemas costeiros, assim como
gerenciar seu uso e ocupação. A partir disso, tenta-se minimizar e mitigar ao
máximo os impactos negativos, provenientes da ação humana, como é o caso
da pesca artesanal e esportiva, além das barragens e do lançamento de
efluentes domésticos, industriais e agrícolas, muitas vezes in natura, nos
corpos d’água estuarinos.
O rio Piraquê-açu é a principal fonte de abastecimento de água para a região o
SEPAPM e recebe esgotos in natura dos bairros Santa Luzia e Itaputera e todo
esgoto in natura da cidade de João Neiva, 30 km à montante do sistema
estuarino. Recebe ainda em sua foz o lançamento do efluente da ETE de
Coqueiral de Aracruz, que possui tratamento secundário dos efluentes, e que
atende Caieiras Velhas, Coqueiral e parte de Santa Cruz. Além disso, possui a
paisagem modificada, devido à conversão de áreas de mata atlântica para usos
agrícolas e pastagem.
Apesar disso, uma característica marcante é que o SEPAPM não possui
histórico de dragagem e obras de engenharia acentuadas, possibilitando,
dessa forma, um bom estado de conservação das águas e do sedimento
(JESUS et al., 2009) quando comparado com outros sistemas estuarinos do
litoral do Espírito Santo, como o da Baía de Vitória e o de Guarapari (JESUS et
al., 2009). A partir disto, surge a necessidade de investigar as características
deste estuário visando compreender os seus processos a fim de determinar
seu atual estágio de conservação, já que com o crescimento urbano acentuado
na região, devido, principalmente, à instalação de empreendimentos da
atividade petrolífera, pode favorecer o aumento da domesticação da paisagem,
a diminuição da qualidade das águas do estuário e afetar a saúde humana.
Assim, esse estudo tem por objetivo avaliar a variabilidade espacial e temporal
de clorofila a, fósforo total e turbidez, já que estas variáveis ambientais podem
estimar a qualidade das águas do estuário, pois quantificam o processo de
23
eutrofização, no sistema estuarino do rio Piraquê-açu (Aracruz, ES) a fim de
subsidiar diretrizes do gerenciamento costeiro.
Vale salientar que esse trabalho está associado à Dissertação de Mestrado
“Variação Espacial e Temporal da salinidade no sistema estuarino do rio
Piraquê-açu (Aracruz, ES)”, da aluna Thayana de Alencar Leite no Programa
de Pós-graduação em Oceanografia Ambiental da UFES, cujo objetivo é
delimitar as zonas de salinidade no sistema estuarino, considerando o Sistema
de Veneza, modelo que classifica os estuários de acordo com a variação de
salinidade.
24
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar a variabilidade espacial e temporal de clorofila a, fósforo total e turbidez
no estuário do rio Piraquê-açu (Aracruz, ES).
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Avaliar possíveis padrões de distribuição espacial e temporal de clorofila a,
fósforo total e turbidez no estuário do rio Piraquê-açu (Aracruz, ES);
- Analisar as relações entre as concentrações das variáveis ambientais em face
da variação espacial e temporal.
25
4 ÁREA DE ESTUDO
O Sistema Estuarino dos rios Piraquê-açu e Piraquê-mirim (SEPAPM), com
área de 7,48 km2, está localizado no município de Aracruz, Espírito Santo
(Figura 1). Este município faz parte da Região Norte do estado, e situa-se na
faixa litorânea centro-norte. Além disso, limita-se ao norte com o município de
Linhares; ao sul com Fundão; a leste com o Oceano Atlântico e a oeste com
Ibiraçu e João Neiva, distando de Vitória aproximadamente 85 km. O município
possui distintas formas de uso do solo, destacando-se o industrial, portuário e
residencial, sendo importante ressaltar a presença da indústria de celulose
Fibria e o terminal portuário de escoamento da Portocel, além das atividades
agrícolas, dentre elas, a horticultura, avicultura e silvicultura (LOUREIRO,
2006).
A área da bacia hidrográfica de todo o sistema estuarino, segundo Barroso et
al., (2011), é de 448,11 km2, sendo 378,69 km2 referentes à bacia do Piraquê-
açu (PA) e 69,42 km2 à bacia do Piraquê-mirim (PM), sendo a vazão média
anual de ambas as bacias de 14,5 m3/s. Leite (2012) encontrou para a mesma
região uma vazão de 16,28 m3/s, sendo 13,69 m3/s referentes à bacia do PA e
2,59 m3/s à bacia do PM.
De um total de 14 estuários ao longo do litoral do Espírito Santo, o manguezal
que margeia o SEPAPM é um dos maiores do estado, perfazendo,
aproximadamente, segundo Barroso (2004) 12,34 km2.
26
Figura 1 - Sistema Estuarino dos rios Piraquê-açu e Piraquê-mirim (SEPAPM) (Aracruz/ES),
com a localização das estações amostrais. No detalhe a bacia hidrográfica.
4.1 ASPECTOS CLIMÁTICOS
O clima da região é caracterizado como tropical litorâneo, possuindo inverno
seco e ameno. As chuvas são mais frequentes entre os meses de outubro e
janeiro (primavera/verão) sendo possível ocorrer alguns períodos de estiagem
entre os meses de janeiro e fevereiro (MARTIN et al., 1996; CALIMAN et al.,
1997). O índice pluviométrico médio anual da região é aproximadamente 1250
mm (IEMA, 2011).
A média mensal das temperaturas máximas para o município de Aracruz,
segundo dados do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e
Extensão Rural (INCAPER, acesso em 20 maio 2011), varia de 30,7 a 34,0ºC,
enquanto a média mensal das temperaturas mínimas oscila entre 11,8°C a
18,0ºC, tendo os meses de julho e agosto registrado as menores médias de
27
temperaturas mínimas, ao passo que os meses de fevereiro e março
apresentaram as maiores médias referentes à temperaturas máximas.
Os ventos de maior frequência e maior intensidade na região são,
respectivamente, os provenientes dos quadrantes Nordeste e Sudeste. Os
primeiros estão associados aos ventos alísios, que circulam durante a maior
parte do ano, enquanto que os de Sudeste estão relacionados às frentes frias
que chegam periodicamente à costa do estado (ALBINO, 1999).
4.2 ASPECTOS OCEANOGRÁFICOS
As ondas incidentes no litoral do Estado do Espírito Santo são formadas por
dois sistemas de ventos que há na região; as do quadrante sul, associadas às
frentes frias, mais energéticas, porém, menos frequentes; e as do quadrante
nordeste, mais frequentes e apesar de serem menos energéticas, são
importantes, pois possuem capacidade de erosão e considerável intensidade
(MUEHE, 1996).
As alturas das ondas que atingem o litoral do Estado variam de 0,3 a 2,6 m,
com média anual de 1,0 m, sendo as ondas com altura mais significativa as
oriundas da passagem de frentes frias (MUEHE, 1996).
Em relação ao regime de marés, este pode ser caracterizado como semidiurno
com marés do tipo mista, com ligeiras desigualdades entre as duas baixa-
mares sucessivas e amplitude máxima de 1,8 m, sendo considerada, como
micromaré (FONTANA, 2003; BARROSO, 2004). A profundidade máxima do
estuário é de 16,7 m localizada nas proximidades da ponte sobre o rio Piraquê-
açu (SILVA, 2012).
4.3 ASPECTOS GEOLÓGICOS E GEOMORFOLÓGICOS
A região costeira do Estado do Espírito Santo está contida no litoral do Brasil
Oriental. Essa região é caracterizada por ser uma área de transição entre o
28
relevo de tabuleiros da Formação Barreiras e os afloramentos do
embasamento cristalino (MMA, 2008).
O estado do Espírito Santo apresenta três grandes unidades geológicas: o
Embasamento Cristalino Pré-Cambriano, a Formação Terciária da Formação
Barreiras e a Planície Costeira Quaternária. Dessa forma, Martin et al., (1996)
compartimentaram o litoral do Espírito Santo em 6 diferentes setores. O
município de Aracruz está inserido no Setor 3 que se estende de Barra do
Riacho até Vitória, apresentando falésias da Formação Barreiras e estreitos
pacotes de sedimentos marinhos e/ou fluviais quaternários. O litoral deste
trecho é caracterizado por um litoral recortado e dominado pela Formação
Barreiras, com uma planície de maré pouco desenvolvida. Há que se levar em
consideração a presença das couraças lateríticas, dissipando a energia das
ondas e aumentando a proteção do litoral. Entretanto, a erosão não é evitada
devido à inadequada ocupação antrópica na região e pela própria
hidrodinâmica do rio.
4.4 COBERTURA VEGETAL
A região possuía considerável cobertura de Mata Atlântica densa, vegetação
de restinga, mangue e em regiões mais baixas, campos alagados (CALIMAN et
al., 1997). Hoje, no entanto, a vegetação original está inserida em poucas
áreas remanescentes devido ao elevado extrativismo vegetal, com intensa
exploração dos recursos florestais. Com a implantação da indústria Aracruz
Celulose, posteriormente denominada Fibria, foram utilizadas extensas áreas
de floresta do município para o plantio do eucalipto (CUNHA, 2004; CRUZ,
2004; SCHAEFFER, 2005), aumentando, dessa forma, o impacto sobre a
vegetação.
O SEPAPM possui um sistema de manguezal bem desenvolvido (BARROSO,
2004). Enquanto o manguezal do PM adentra 9 km para o continente, o PA
avança 13 km, perfazendo a maior penetração de maré do estado do Espírito
Santo (PAZOLIN et al., 2007). O manguezal do sistema estuarino supracitado é
composto basicamente por espécies de Rhizophora mangle (mangue
29
vermelho), Laguncularia racemosa (mangue branco) e Avicennia schaueriana
(mangue preto) (BARROSO, 2004; JESUS et al., 2009).
30
5 METODOLOGIA
5.1 PLANO DE AMOSTRAGEM
Foram estabelecidas dezoito estações amostrais, sendo treze no rio PA, duas
no rio PM e três na confluência entre os dois rios (Figura 1). As amostragens
foram realizadas no meio do canal, sendo a distância média via aquática entre
as estações de 1000m. A grade amostral supracitada foi sobreposta à grade
amostral da Dissertação de mestrado “Variação Espacial e Temporal da
salinidade no Sistema Estuarino do rio Piraquê-açu (Aracruz, ES)” da aluna
Thayana de Alencar Leite do Programa de Pós Graduação em Oceanografia
Ambiental e as amostragens foram concomitantes.
Em cada estação amostral foram coletadas amostras de água de sub-
superfície para determinação de clorofila a, fósforo total e turbidez. As
amostras de água para análises de fósforo total foram congeladas em frascos
de polipropileno e posteriormente analisadas em laboratório. Para determinar a
concentração de clorofila a, as amostras, com volume conhecido, foram
filtradas, em campo, com filtros de fibra de vidro (Whatman 934-AH de 25 mm
de diâmetro e 1,2 µm de porosidade) sendo estes armazenados em papel
alumínio dentro de frasco escuro contendo sílica gel, seguida de congelamento,
para posterior análise laboratorial. Para a determinação da turbidez das
amostras foram feitas medições, em campo, com o turbidímetro LaMotte 2020,
sendo os resultados expressos em Unidades Nefelométricas de Turbidez
(UNT).
Os dados de amplitude de maré (m) utilizados foram os referentes à estação
maregráfica do Terminal de Barra do Riacho obtidos a partir do Banco Nacional
de Dados Oceanográficos (BNDO) no Centro de Hidrografia da Marinha (CHM),
dos quais foram selecionados os horários das marés vazante e enchente para
a realização das amostragens (Figura 2 e Figura 3).
31
Figura 2 - Amplitude das marés de sizígia e quadratura na estação maregráfica do Terminal de
Barra do Riacho para março de 2011.
Figura 3 - Amplitude das marés de sizígia e quadratura na estação maregráfica do Terminal de
Barra do Riacho para setembro e outubro de 2011.
32
5.2 DETERMINAÇÃO DO PERÍODO AMOSTRAL
As amostragens foram realizadas em dois períodos distintos do ano de 2011
(março e setembro/outubro), ambos compreendendo as condições de marés de
sizígia e quadratura, em suas fases de enchente e vazante. Essa etapa foi
realizada através de 4 campanhas oceanográficas, conforme mostra a Tabela
1. Na Figura 4 e na
Figura 5 é possível observar a amplitude de maré para os meses de março e
setembro/outubro, com destaque para o dia da amostragem. Vale salientar que
as datas de amostragem foram pré-selecionadas nos equinócios de primavera
e outono, devido às maiores amplitudes de maré, em decorrência deste
trabalho estar associado ao trabalho “Variação espacial e temporal da
salinidade no Sistema Estuarino do rio Piraquê-açu (Aracruz, ES)”.
Tabela 1 - Cronograma de amostragem.
Data da Amostragem Fase da Maré Período da Maré (Amplitude)
21/03/2011 enchente
vazante Sizígia (1,5m)
28/03/2011 enchente
vazante Quadratura (0,6m)
28/09/2011 enchente
vazante Sizígia (1,5m)
04/10/2011 enchente
vazante Quadratura (0,2m)
33
Figura 4 - Amplitude de maré no mês de março de 2011, com destaque para o período de amostragem. Dados do Terminal Portuário de Barra do Riacho.
34
Figura 5 - Amplitude de maré nos meses de setembro e outubro, com destaque para o período de amostragem. Dados do Terminal Portuário de Barra do
Riacho.
35
Para a determinação do período amostral foi necessário um pré-levantamento
de dados de pluviosidade de dez estações pluviométricas próximas à bacia do
SEPAPM (Tabela 2), já que há apenas três estações dentro da bacia, sendo
duas no município de Aracruz (uma no interior e outra no litoral do bairro de
Santa Cruz) e uma no município de João Neiva. As dez estações (Figura 6)
foram escolhidas pela proximidade e, consequente influência na área de
estudo, assim como pela disponibilidade de dados. Os dados de pluviosidade
mensal foram obtidos por meio da Agência Nacional de Águas (ANA), através
do banco de dados hidrológicos HidroWeb.
Tabela 2 - Estações pluviométricas próximas ao SEPAPM.
Estação
Pluviométrica Código
Coordenadas UTM
Responsável Período de
dados Easting Northing
Santa Cruz 1940002 380543,13 7792201,19 ANA 1948 - 2010
Riacho 1940003 353121,82 7815253,16 ANA 1948 - 2002
Fundão 1940007 351916,49 7795063,85 ANA 1949 - 2010
Caldeirão 1940020 317564,52 7792351,85 ANA 1970 - 2010
Aracruz 1940021 366380,47 7807117,17 ANA 1970 - 2010
Jacupemba 1940022 374365,80 7833634,48 ANA 1970 - 2010
Fazenda Fonte
Limpa 2040003 360052,48 7766889,21 ANA 1948 - 2010
Duas Bocas 2040014 345136,49 7758602,55 ANA 1953 - 2010
Porto de Tubarão 2040024 370749,80 7756493,22 ANA 1970 - 1980
Vitória 2040035 360712,74 7752898,30 INMET 1925 - 2010
36
Figura 6 - Estações pluviométricas utilizadas para o cálculo da série histórica temporal média.
A partir da série temporal histórica de cada estação, foi construído um gráfico
mostrando a série temporal histórica média e a pluviosidade para o ano de
amostragem do presente estudo (2011) de todas as estações e para o ano de
amostragem do presente estudo apenas para a região do SEPAPM (Figura 7).
37
Figura 7 - Série temporal histórica dos anos de 1925 a 2010 e do ano de 2011 das dez
estações pluviométricas e do ano de 2011 para a região da bacia do SEPAPM.
Os valores de pluviosidade mensal observados na série temporal histórica
sugerem a formação de um período seco ou com menor pluviosidade entre os
meses de abril a setembro, e um período mais úmido entre os meses de
outubro a março. Comparando o padrão histórico com o ano de 2011 pôde-se
notar que 2011 segue esse mesmo padrão. Entretanto, a região do SEPAPM
para o ano de 2011 apresentou valores atípicos, com o período chuvoso acima
da média histórica e com o período seco abaixo da média histórica, registrando
a menor precipitação no mês de agosto. O pico de pluviosidade ocorreu no
mês de março, sendo 2,21 vezes maior que a média histórica.
Como já fora supracitado, as datas de amostragem, a princípio, foram
determinadas embasadas nos equinócios de primavera e outono não
coincidindo com os períodos de verão e inverno (que em geral, apresentam
maior e menor precipitação, respectivamente). No entanto, como é possível
observar na Figura 7, o mês de março foi bem representativo para um período
chuvoso, apresentando a maior precipitação ao longo do ano de 2011. Em
relação ao mês de setembro, este não foi o mês mais seco, mas apresentou
um valor de precipitação abaixo da média histórica para esse mês. Vale
Outono
Primavera
38
salientar ainda que a amostragem do mês de outubro foi realizada no início do
mês, não sendo afetada por toda a precipitação ocorrida durante todo o mês.
5.3 ANÁLISES LABORATORIAIS
5.3.1 Clorofila a
A análise de clorofila a (µg/L) foi realizada através do método fluorimétrico de
Strickland e Parsons (1972) adaptado por Barroso e Littlepage (1998). Os
pigmentos presentes na amostra foram extraídos pela imersão do filtro em
solução de acetona 90% como solvente por um período de 24 horas em
refrigerador. Após esse processo, o extrato da amostra foi filtrado a fim de
retirar possíveis fibras do filtro e resíduos celulares; e no fluorímetro
TurnerDesigns TD700, o extrato de clorofila foi excitado a 460nm e a
fluorescência foi medida em 670nm. O valor da leitura, o volume da amostra
filtrado em campo e o volume do extrato foram utilizados para o cálculo da
concentração de clorofila a em µg/L.
5.3.2 Fósforo Total
A determinação da concentração de fósforo total na água seguiu a metodologia
descrita em APHA (2005) adaptada por Carmouze (1994). As amostras foram
digeridas com persulfato de potássio sob temperatura e pressão. Dessa forma,
o fósforo orgânico foi transformado em fósforo inorgânico para então ser
analisado pelo método de determinação do ortofosfato em espectrofotometria
com a reação do ácido ascórbico (CARMOUZE, 1994) para posterior cálculo
em µg/L.
39
5.3.3 Turbidez
A determinação da turbidez das amostras foi feita in situ com o turbidímetro
LaMotte 2020, da Aquatic Eco-Sistems, em UNT.
5.4 ANÁLISE ESPACIAL
Para o desenvolvimento da análise espacial os dados pontuais foram
interpolados por meio de um interpolador global, Splines, no sistema de
informações geográficas ArcGIS 9.3 ESRI, no módulo Spatial Analyst Tools.
Para isso foi estabelecido o tipo de Spline regularized, porque, normalmente,
produz superfícies mais suaves do que aqueles criadas com a opção tension.
Além disso, o peso utilizado foi igual a 1,2, pois com a opção regularized, os
valores de entrada para esse parâmetro têm de ser igual ou superior a zero
para produzir superfícies mais suaves. Em relação ao número de pontos
vizinhos utilizados na interpolação, este foi igual a 3. Quanto maior o valor do
número de pontos, mais suave é a superfície do raster de saída. Entretanto,
como o número de estações amostrais é 18 e são orientadas longitudinalmente
a uma equidistância de 1.000 metros, o valor três foi o que mais se aproximou
da realidade dos dados.
Segundo Dias (2005), o método Spline utiliza uma superfície polinomial para
interpolar os valores das estações de amostragem. Basicamente, consiste no
ajuste de uma superfície de curvatura mínima com os pontos, isto é, ajusta
uma função matemática a um número específico de input de pontos vizinhos,
enquanto passa pelas estações amostrais. Esse método estima o valor de cada
célula do grid, fixando uma superfície de curvatura mínima aos dados de
amostragem. Todos os mapas gerados foram representados em formato
matricial ou raster, sendo georreferenciados em sistema de coordenada UTM
(Universal Transverse Mercator Grid System), Datum WGS (World Geodetic
System 1984) do quadrante de latitude 24S, com resolução espacial de 27,7 m.
Foram realizadas interpolações com os resultados de todas as variáveis
ambientais analisadas (clorofila a, fósforo total e turbidez), referentes às duas
40
amostragens de 2011, ambas compreendendo as marés de sizígia e
quadratura, sendo cada tipo de maré analisada em maré enchente e vazante.
Com os modelos de superfície dos parâmetros em cada amostragem foram
gerados modelos representando a condição média. Estes foram ainda
reclassificados usando o módulo Reclassify, do Spatial Analyst, para permitir a
identificação das zonas com maior e menor concentração das variáveis
ambientais analisadas.
5.5 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
Foram utilizados testes estatísticos a fim de analisar o padrão de distribuição
espacial e temporal de clorofila a, fósforo total e de turbidez no estuário do rio
Piraquê-açu.
Para avaliar a variação longitudinal ou espacial dos parâmetros, ou seja, se há
variação entre as 18 estações amostrais, foi aplicado o teste de Kruskal-Wallis
(teste H, p<0,05). Para avaliar a variação temporal dos parâmetros, ou seja, se
há variação entre os períodos amostrados, utilizou-se o teste de Mann-Whitney
(teste U, p<0,05). Em ambos os testes, p representa o nível de significância.
Possíveis correlações entre as variáveis ambientais foram analisadas pelo
teste de Spearman (p<0,05).
41
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1 VARIAÇÃO ESPACIAL DE CLOROFILA A
6.1.1 Variação de maré alta e maré baixa
Não houve variação espacial significativa ao longo do eixo longitudinal do
estuário nem em fase de maré baixa (p=0,9150), nem em fase de maré alta
(p=0,9839) (Figura 8 e Figura 9). Durante a maré baixa (Figura 8) a
concentração de clorofila a não ultrapassou 45 µg/L, com exceção da estação
20, que obteve a maior concentração de clorofila a encontrada neste estudo.
Em relação à maré alta (Figura 9), esta apresentou concentrações abaixo de
30 µg/L, sendo as maiores concentrações à montante do estuário.
25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51
Estações Amostrais
0
10
20
30
40
50
60
70
Clo
rofila
a (
ug/L
)
Clorofila a (ug/L): KW-H(17;68) = 9,7182; p = 0,9150
Figura 8 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens na fase de maré baixa nas estações
de coleta.
42
25%-75%
Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51
Estações Amostrais
0
5
10
15
20
25
30
75
Clo
rofi
la a
(ug/L
)
Clorof ila a (ug/L): KW-H(17;70) = 6,97; p = 0,9839
Figura 9 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens na fase de maré alta nas estações
de coleta.
6.1.2 Variação de sizígia e quadratura
Não houve variação espacial significativa ao longo do eixo longitudinal do
estuário nem em condição de sizígia (p=0,9787), nem em condição de
quadratura (p=0,4030) (Figura 10 e Figura 11). Durante as amostragens em
condição de sizígia (Figura 10), a concentração de clorofila a esteve menor
quando comparada com a condição de quadratura (Figura 11). Esses
resultados podem estar relacionados com uma maior influência marinha
durante as condições de sizígia. Apesar das menores concentrações do
parâmetro nas marés de sizígia, foi nessa condição de maré que as
concentrações apresentaram um padrão crescente em direção a montante do
estuário, fato este que não aconteceu em condição de quadratura. A maré de
quadratura, apesar de apresentar valores maiores de clorofila a, não possuiu
padrão de distribuição do parâmetro.
43
25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51
Estações Amostrais
0
2
4
6
8
10
12
14
74
Clo
rofila
a (
ug/L
)
Clorofila a (ug/L): KW-H(17;67) = 7,3383; p = 0,9787
Figura 10 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens em condição de sizígia nas
estações de coleta.
25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51
Estações Amostrais
0
10
20
30
40
50
60
70
Clo
rofila
a (
ug/L
)
Clorofila a (ug/L): KW-H(17;71) = 17,7776; p = 0,4030
Figura 11 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens em condição de quadratura nas
estações de coleta.
44
6.1.3 Variação de outono e primavera
Não houve variação espacial significativa ao longo do eixo longitudinal do
estuário no outono (p=0,9738) (Figura 12). Houve apenas variação espacial
significativa ao longo do eixo longitudinal do estuário na primavera (p=0,0009)
(Figura 13). Durante as amostragens de outono, a concentração de clorofila a
foi menor quando comparada com a amostragem de primavera. Esse resultado
pode estar relacionado ao fato de que no outono a precipitação registrada foi
bem alta e a lixiviação do solo da bacia hidrográfica pode ter aumentado a
turbidez, que aumenta a atenuação de luz na coluna d’água e, por
consequente, diminui a atividade fotossintética. Já na primavera, a precipitação
registrada foi menor que a precipitação da série histórica na região, e, portanto,
baixos valores de turbidez. Isso proporcionou maiores concentrações de
clorofila a, sendo que estas possuem um padrão crescente sentido montante
do estuário, mostrando a maior influência fluvial, já que águas fluviais são mais
ricas em nutrientes quando comparadas a águas marinhas (TUNDISI;
TUNDISI, 1976).
25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51
Estações Amostrais
0
10
20
30
40
50
60
70
Clo
rofila
a (
ug/L
)
Clorofila a (ug/L): KW-H(17;67) = 7,6344; p = 0,9738
Figura 12 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens de outono nas estações de coleta.
45
25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51
Estações Amostrais
0
5
10
15
20
25
30
75
Clo
rofila
a (
ug/L
)
Clorofila a (ug/L): KW-H(17;71) = 41,0917; p = 0,0009
Figura 13 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens de primavera nas estações de
coleta.
6.2 VARIAÇÃO TEMPORAL DE CLOROFILA A
A análise estatística descritiva dos dados de clorofila a (Tabela 3) indicou
tendências de baixas concentrações nas marés de sizígia, tanto de outono
quanto de primavera, enquanto que em marés de quadratura, as
concentrações foram mais altas.
As concentrações encontradas indicam que o estuário do rio PA comportou-se
como um sistema oligotrófico nas amostragens de OS, mesotrófico nas
amostragens de OQMA e PS, eutrófico nas amostragens de PQ e
hipereutrófico na amostragem de OQMB, conforme pode ser visto na Tabela 4.
46
Tabela 3 - Estatística descritiva dos valores de clorofila a para o período da amostragem
(n=62).
Clorofila a (µg/L) Amostragens
OSMA OSMB OQMA OQMB PSMA PSMB PQMA PQMB
Mínima 1,53 1,55 2,15 2,72 1,82 0,71 1,16 2,67
Máxima 1,67 2,86 16,07 69,19 11,91 12,32 29,95 26,22
Amplitude 0,14 1,31 13,92 66,47 10,09 11,61 28,79 23,55
Média 1,02 1,32 7,37 12,61 4,63 3,63 10,54 10,56
Desvio Padrão 0,46 0,59 4,23 16,49 2,84 2,97 6,65 10,70
CV (%) 45,34 44,45 57,34 130,75 61,35 81,75 63,10 101,33
Mediana 1,13 1,32 6,32 6,25 3,82 2,83 9,93 3,79
Tabela 4 - Classes de qualidade da água com base no estado trófico. Fonte: adaptado de
Bricker et al., (1999, 2003); Carmouze, (1994), NOOA, 1996.
Estado Trófico Clorofila a (µg/L) Fósforo Total (µg/L)
Oligotrófico > 5 > 10
Mesotrófico 5 – 20 10 – 100
Eutrófico 20 – 60 < 100
Hipereutrófico < 60 -
6.2.1 Variação entre maré alta e maré baixa
A Figura 14 mostra os modelos de distribuição de clorofila a da amostragem de
outono. Essa amostragem apresentou a maior variação das concentrações de
clorofila a, e inclusive a maior concentração obtida (69,19 µg/L, estação 20),
apesar de esta ter sido pontual. Barroso (2004) encontrou em seu estudo a
maior concentração de clorofila a (11,51 µg/L) nas proximidades dessa
estação. Nessa mesma estação amostral e na mesma condição de maré
(OQMB) foram encontradas concentrações mais elevadas dos n-alcanos C17 e
C19 na coluna d’água (ROSSONI, 2013), que são característicos de fonte
aquática; fitoplâncton e zooplâncton, respectivamente (MEDEIROS, 2000).
Vale salientar ainda que Rossoni (2012) também encontrou altas
concentrações dos ácidos graxos insaturados C18:1 e C18:2 na coluna d’água,
que indicam fonte bacteriana (PAQUES; MACEDO, 2006). Isso corrobora com
47
os resultados obtidos por Bertoldi et al., (2012) indicando que naquela região a
concentração de bactérias do grupo coliforme é elevada, possivelmente devido
a presença de uma ETE localizada a jusante do SEPAPM. A presença da ETE
propicia elevadas concentrações de matéria orgânica oriunda do efluente. Isso
pode ser comprovado pelo trabalho de Rossoni (2012) que encontrou 59,53%
de matéria orgânica total na água e pelo trabalho de Silva (2012), que
encontrou em regiões altamente lamosas (50% a 75% de lama), elevado teor
de matéria orgânica (20% a 35% de matéria orgânica) no sedimento, sendo
essa associação já esperada em ambientes estuarinos.
A tendência de concentrações mais elevadas durante a preamar e/ou período
seco, é diagnosticada em ambientes que já demonstram sofrer ação antrópica,
onde a maré e a sazonalidade assumem papéis importantes, favorecendo uma
maior diluição e transparência da água, resultando por isso, em um melhor
desenvolvimento fitoplanctônico. Apesar disso, a elevada concentração de
clorofila a foi obtida na baixamar e na amostragem de outono, que superou a
média histórica em precipitação para o mês de março (Figura 7), conforme fora
citado anteriormente. Moura (1991), na Baía de Tamandaré (PE), Lopes et al.,
(1998), no complexo estuarino de Paranaguá (PR), Melo Magalhães (2000), no
complexo estuarino-lagunar Mundaú/Manguaba (AL), Branco (2001), no
sistema estuarino de Barra das Jangadas (PE), Bastos (2002), no estuário do
rio Una (PE), Honorato (2003), no estuário do rio Formoso (PE), Eschrique
(2007) no estuário do Jaguaribe (CE) e Mizerkowski (2007) nos estuários de
Babitonga (SC), Guaratuba (PR), Laranjeiras (PR) e Cananéia (SP) associaram
as maiores concentrações de clorofila a períodos com maior índice
pluviométrico. Leite (2012) calculou a vazão para o mês de
março/2011(amostragem de outono) no SEPAPM (0,44 m3/s), sendo 0,38 m3/s
(86,36%) referentes à bacia do PA e 0,06 m3/s (13,64%) à bacia do PM,
obtendo, portanto, uma elevada precipitação para esse mês.
Na Figura 14 notam-se as baixas concentrações de clorofila a em condição de
sizígia, tanto na fase de maré baixa, quanto de maré alta, comprovando que
não houve diferença significativa entre maré alta e maré baixa nessa condição
de maré (p=0,152). Em condição de quadratura, as concentrações são
relativamente maiores, com a elevada concentração isolada na estação 20.
48
Apesar disso, também não houve diferença significativa entre maré alta e maré
baixa nessa condição de maré (p=0,563) (Figura 15).
Figura 14 - Modelos de distribuição de clorofila a da amostragem de outono, em condições de
sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta (MA) e maré baixa (MB).
Figura 15 - Box plots de clorofila a na amostragem de outono, em condição de maré de sizígia
e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa.
A amostragem de primavera apresentou valores mais baixos que a elevada
concentração isolada de clorofila a (69,19 ug/L) na amostragem de outono.
Entretanto, esses valores mostraram-se melhor distribuídos ao longo do rio PA.
49
A Figura 16 mostra os modelos de distribuição de clorofila a da amostragem de
primavera. Assim como na amostragem de outono, a concentração da variável
foi baixa em condição de sizígia, tanto na fase de maré baixa, quanto na fase
de maré alta. Já em condição de quadratura, as concentrações também foram
relativamente maiores, como na amostragem de outono, mas com uma melhor
distribuição ao longo do canal. Apesar disso, não houve diferença significativa
entra maré alta e maré baixa em condição de sizígia (p=0,146) e nem entre
maré alta e maré baixa em condição de quadratura (p=0,268) (Figura 17).
De acordo com Moreira (1994), no estuário do rio Cocó (CE), Moura Júnior
(1997), no estuário do rio Vaza-Barris (SE), Lucas (2002), no sub-sistema
estuarino do Canal da Passagem (ES), Guimarães (2006), no estuário do rio
Cachoeira (BA) e Murolo et al., (2006) nos estuários dos rios Botafogo e Siri
(PE) as maiores concentrações de clorofila a ocorreram durante o período de
estiagem. Isso pode ser decorrente de uma maior transparência da coluna
d’água, visto que no período chuvoso essa transparência pode ter sido
reduzida pelos possíveis maiores valores de turbidez associados ao material
inorgânico em suspensão. Pode-se considerar que a amostragem de setembro
foi característica de um período seco, principalmente para o mês de setembro,
visto que a precipitação do ano da amostragem foi inferior à precipitação da
série histórica para esse mês. Leite (2012) também calculou a vazão para os
meses de setembro/2011 e outubro/2011 (amostragem de primavera) no
SEPAPM. Em setembro a vazão total da bacia do SEPAPM foi de 0,08 m3/s,
sendo 0,07 m3/s (87,5%) referentes à bacia do PA e 0,01 m3/s (12,5%) à bacia
do PM. Para o mês de outubro a vazão de toda a bacia foi de 0,31 m3/s, sendo
0,27 m3/s referentes à bacia do PA (87,09%) e 0,04 m3/s à bacia do PM
(12,91%). Vale ressaltar que a amostragem de outubro foi realizada no início
do mês (04/10/2011), não sendo afetada por toda essa precipitação. Parizzi et
al., (2010) também encontraram as maiores concentrações de clorofila a no
período de primavera.
50
Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a da amostragem de primavera, em condições
de sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta (MA) e maré baixa (MB).
Figura 17 - Box plots de clorofila a na amostragem de primavera, em condição de maré de
sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa.
51
6.2.2 Variação entre maré de sizígia e maré de quadratura
A Figura 18 mostra a diferença entre as marés de sizígia e quadratura nas
amostragens de outono e primavera. Tanto em condição de maré de sizígia,
quanto em condição de maré de quadratura, a clorofila a apresenta
comportamento semelhante, independente do período amostrado. Na
amostragem de outono, período onde se registrou a maior concentração de
clorofila a, mesmo que pontual, houve diferença significativa entre as marés de
sizígia e quadratura (p<0,001). Na amostragem de primavera, as
concentrações apresentaram-se melhor distribuídas quando comparada à
amostragem de outono, mas apesar disso, durante a condição de quadratura,
as concentrações foram maiores quando comparadas às da sizígia e, portanto,
também houve diferença significativa (p=0,002) entre as marés (Figura 19).
Figura 18 - Modelos médios de distribuição de clorofila a das amostragens de outono e
primavera, em condições de sizígia e quadratura.
52
Figura 19 - Box plots de clorofila a nas amostragens de outono e primavera, em condição de
maré de sizígia e quadratura.
6.2.3 Variação entre outono e primavera
A Figura 20 mostra os modelos médios de distribuição do parâmetro clorofila a
nas amostragens de outono e primavera. Na amostragem de outono, as
concentrações à montante do estuário foram menores quando comparadas às
concentrações obtidas à montante na amostragem de primavera, com exceção
da elevada e pontual concentração na estação 20. Por isso, houve diferença
significativa (p=0,004) entre essas amostragens (Figura 21). Na amostragem
de primavera é possível observar as maiores concentrações a montante do
estuário, mostrando a maior influência fluvial, conforme já fora citado (Figura
13).
53
Figura 20 - Modelos médios de distribuição de clorofila a das amostragens de outono e
primavera.
Figura 21 - Box plots de clorofila a nas amostragens de outono e primavera.
54
6.3 VARIAÇÃO ESPACIAL DE FÓSFORO TOTAL
6.3.1 Variação de maré alta e maré baixa
Não houve variação espacial significativa ao longo do eixo longitudinal do
estuário nas fases de maré baixa (p=0,9178), e de maré alta (p=0,9324) (Figura
22 e Figura 23). Na maré baixa houve um padrão de concentrações de fósforo
total crescendo à montante do estuário, provavelmente, devido à maior
influência fluvial (Figura 22). Já na maré alta, apesar das estações mais a
montante do estuário ainda permanecerem com concentrações elevadas, o
padrão modificou-se mais a jusante, com menores concentrações devido à
maior influência marinha (Figura 23).
25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51
Estações Amostrais
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
Fó
sfo
ro T
ota
l (u
g/L
)
Fósforo Total (ug/L): KW-H(17;67) = 9,6451; p = 0,9178
Figura 22 - Box plots de fósforo total na maré baixa das estações de coleta de todas as
amostragens.
55
25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51
Estações Amostrais
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
Fó
sfo
ro T
ota
l (u
g/L
) Fósforo Total (ug/L): KW-H(17;70) = 9,2399; p = 0,9324
Figura 23 - Box plots de fósforo total na maré alta das estações de coleta de todas as
amostragens.
6.3.2 Variação de sizígia e quadratura
Não houve variação espacial significativa ao longo do eixo longitudinal do
estuário nem em condição de sizígia (p=0,9982), nem em condição de
quadratura (p=0,6943) (Figura 24 e Figura 25). Em condição de maré de
sizígia, a concentração de fósforo mostrou-se com um padrão relativamente
crescente sentido montante do estuário, devido à maior turbulência na coluna
d’água e maior influência fluvial em períodos de maré baixa (Figura 24). Em
condição de maré de quadratura, o padrão modificou-se mais a jusante do
estuário, mostrando que pela menor amplitude de maré e menor movimentação
das águas, a influência fluvial é menor (Figura 25).
56
25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51
Estações Amostrais
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
Fó
sfo
ro T
ota
l (u
g/L
) Fósforo Total (ug/L): KW-H(17;67) = 4,8544; p = 0,9982
Figura 24 - Box plots de fósforo total em condição de sizígia das estações de coleta de todas
as amostragens.
25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51
Estações Amostrais
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
Fó
sfo
ro T
ota
l (u
g/L
)
Fósforo Total (ug/L): KW-H(17;70) = 13,6133; p = 0,6943
Figura 25 - Box plots de fósforo total em condição de quadratura das estações de coleta de
todas as amostragens.
57
6.3.3 Variação de outono e primavera
Houve variação espacial significativa ao longo do eixo longitudinal do estuário
no outono (p=0,0008) (Figura 26), enquanto que na primavera (p=0,8708)
(Figura 27) não houve. No período de outono, devido à maior precipitação,
conforme já fora citado pelo cálculo de vazão realizado por Leite (2012) que
para a bacia do PA foi de 0,38 m3/s e pela lixiviação do solo, as concentrações
de fósforo total se mostraram com um padrão relativamente crescente em
direção a montante do estuário, mostrando a maior influência fluvial (Figura
26). Já na primavera, além das concentrações terem sido menores, não houve
um padrão na distribuição devido à menor precipitação neste período (Figura
27) 0,34 m3/s, conforme Leite, (2012).
25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51
Estações Amostrais
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
Fó
sfo
ro T
ota
l (u
g/L
)
Fósforo Total (ug/L): KW-H(17;66) = 41,2854; p = 0,0008
Figura 26 - Box plots de fósforo total no outono das estações de coleta de todas as
amostragens.
58
25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51
Estações Amostrais
25
30
35
40
45
50
80
85
Fó
sfo
ro T
ota
l (u
g/L
) Fósforo Total (ug/L): KW-H(17;71) = 10,7181; p = 0,8708
Figura 27 - Box plots de fósforo total na primavera das estações de coleta de todas as
amostragens.
6.4 VARIAÇÃO TEMPORAL DE FÓSFORO TOTAL
A análise estatística descritiva dos dados de fósforo total (Tabela 5) indicou
tendências de maiores valores na amostragem de outono e valores mais baixos
na amostragem de primavera.
As concentrações encontradas indicam que o estuário do rio PA comportou-se
como um sistema mesotrófico, conforme pode ser visto na Tabela 4.
59
Tabela 5 - Estatística descritiva dos valores de fósforo total para o período de amostragem
(n=62).
Fósforo Total (µg/L) Amostragens
OSMA OSMB OQMA OQMB PSMA PSMB PQMA PQMB
Mínima 34,62 41,54 33,23 38,77 32,05 29,77 32,05 32,81
Máxima 80,31 70,62 70,15 63,69 44,96 45,34 44,20 44,20
Amplitude 45,69 29,08 36,92 24,92 12,91 15,57 12,15 11,39
Média 47,31 54,52 46,36 48,29 34,62 34,78 36,86 37,66
Desvio Padrão 11,82 8,92 8,38 6,23 3,23 4,72 3,09 3,27
CV (%) 24,99 16,37 18,08 12,90 9,34 13,57 8,39 8,69
Mediana 43,15 53,54 44,31 48,92 33,57 32,81 36,23 37,37
6.4.1 Variação entre maré alta e maré baixa
A amostragem de outono apresentou as maiores concentrações de fósforo total
de toda a amostragem. A Figura 28 mostra os modelos de distribuição de
fósforo total da amostragem de outono. Nota-se que na maré de sizígia as
concentrações do parâmetro são maiores, quanto comparadas com as
concentrações na maré de quadratura. Isso porque nessa condição de maré há
um maior movimento das águas do estuário, devido à maior amplitude de maré,
e consequentemente, maior influência fluvial nas fases de maré baixa. Mesmo
com uma, relativa, baixa diferença entre as marés alta e baixa na condição de
sizígia, houve variação espacial significativa entre essas fases de maré na
condição de sizígia (p=0,0201), ao passo que em condição de quadratura, não
houve diferença significativa entre maré alta e maré baixa (p=0,2009) (Figura
29).
60
Figura 28 - Modelos de distribuição de fósforo total da amostragem de outono, em condições
de sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta (MA) e maré baixa (MB).
Figura 29 - Box plots de fósforo total na amostragem de outono, em condição de maré de
sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa.
A amostragem de primavera apresentou baixas concentrações de fósforo total.
A Figura 30 mostra os modelos de distribuição de fósforo total da amostragem
de primavera. Tanto para a amostragem de sizígia, quanto para a amostragem
de quadratura os valores não apresentaram muita variação. A Figura 31
comprova que não houve diferença significativa entre maré alta e maré baixa
61
em condição de sizígia (p=0,4444) e nem entre maré alta e maré baixa em
condição de quadratura (p=0,4349).
A Resolução CONAMA 357/05 estabelece limites para o fósforo total, citando o
valor máximo permissível de 0,124 mg/L (124μg/L) para águas salobras de
Classe 1 e de 0,186 mg/L (186μg/L) para águas salobras de Classe 2. No
presente estudo, em todas as amostragens, a concentração de fósforo total
esteve abaixo do limite permitido para as duas classes. Entretanto, Gaigher
(2005) trabalhando no mesmo sistema estuarino, encontrou para o período
chuvoso de 2004, concentrações de fósforo total superiores (169,24 μg/L) ao
estabelecido pela CONAMA 357/05 para águas salobras de Classe 1.
O estuário do rio Jaguaribe (Ceará) consiste no destino final de várias fazendas
de carcinicultura e recebe água com substâncias das atividades de agricultura
e pecuária de vários locais. Durante a estação seca do ano de 2006, o estuário
do Jaguaribe apresentou uma variação de 119,3 μg/L a 212,9 μg/L de fósforo
total (ESCHRIQUE, 2007), evidenciando que os teores de fósforo também são
controlados pela maré e outros parâmetros hidrológicos e hidroquímicos. Em
estudos realizados em uma baia de Hong Kong (China), Yung et al., (1999)
encontraram concentrações que variaram de 150 μg/L a 250 μg/L de fósforo
total, em período de estiagem, por esta ser uma região historicamente poluída
por efluentes doméstico e industrial, provenientes de áreas altamente
industriais e urbanizadas que se encontram próximas à baia. Neste estudo, o
estuário do rio PA apresentou valor máximo de fósforo total (80,31 μg/L -
Tabela 5) abaixo dos valores encontrados nos dois trabalhos supracitados. Isso
pode indicar que não existem lançamentos significativos de fósforo total no rio
PA, apesar da presença da ETE a jusante do estuário, já que os efluentes
domésticos possuem alta concentração de fósforo particulado e dissolvido.
Portanto, a própria bacia de drenagem consiste na principal fonte desse
nutriente, não existindo fontes poluidoras que aumentem, significativamente,
sua concentração. Isso corrobora com os resultados obtidos por Barroso
(2004), que afirma que o maior aporte de água doce no rio PA representa uma
importante fonte de nutrientes alóctones e matéria orgânica para o ambiente
estuarino.
62
Figura 30 - Modelos de distribuição de fósforo total da amostragem de primavera, em
condições de sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta (MA) e maré baixa (MB).
Figura 31 - Box plots de fósforo total na amostragem de primavera, em condição de maré de
sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa.
6.4.2 Variação entre maré de sizígia e maré de quadratura
A Figura 32 mostra a diferença entre a concentração de fósforo total nas marés
de sizígia e quadratura nas amostragens de outono e primavera. A variável
63
apresentou comportamento semelhante na amostragem de outono, tanto para
a maré de sizígia, quanto para maré de quadratura, assim como na
amostragem de primavera, também nas duas condições de maré. Na
amostragem de outono as concentrações foram mais elevadas e as maiores
concentrações foram obtidas à montante do estuário, mostrando a maior
influência fluvial em fase de maré baixa e a maior influência da precipitação
(0,38 m3/s na bacia do PA) (LEITE, 2012), enquanto que na amostragem de
primavera, os valores foram menores pela menor influência fluvial nas fases de
maré baixa e pela menor precipitação (0,34 m3/s) (LEITE, 2012). A Figura 33
comprova que não houve diferença significativa entre as marés de sizígia e
quadratura na amostragem de outono (p=0,2724), enquanto que, apesar das
baixas concentrações durante a amostragem de primavera, houve diferença
significativa entre as marés de sizígia e quadratura na amostragem de
primavera (p=0,0003).
Figura 32 - Modelos médios de distribuição de fósforo total das amostragens de outono e
primavera, em condições de sizígia e quadratura.
64
Figura 33 - Box plots de fósforo total nas amostragens de outono e primavera, em condição de
maré de sizígia e quadratura.
6.4.3 Variação entre outono e primavera
A Figura 34 mostra os modelos médios de distribuição de fósforo total nas
amostragens de outono e primavera. Houve diferença significativa (p<0,001)
entre as duas amostragens (Figura 35).
Lucas (2006) encontrou para os estuários dos rios Botafogo e Siriji
(Pernambuco) o mesmo padrão encontrado nesse trabalho, com
concentrações mais elevadas, com valor máximo de 130,19 µg/L, no período
com maior precipitação. Gaigher (2005) também encontrou maiores
concentrações de fósforo total em período de maior precipitação (169,24 µg/L),
enquanto que o menor valor encontrado foi relativo ao período de estiagem
(16,70 µg/L). Silva Neto (2012) para o estuário do rio Paraíba do Norte
(Paraíba), da mesma forma, encontrou a maior concentração de fósforo total
em período com maior precipitação (615,0 µg/L), sendo as maiores
concentrações mais expressivas nas estações à montante, assim como neste
trabalho. Essas maiores concentrações a montante do estuário são em
decorrência do ambiente fluvial ser mais produtivo quando comparado ao
ambiente marinho (TUNDISI; TUNDISI, 1976), associado com maiores valores
de precipitação, e consequente lixiviação do solo da bacia hidrográfica.
Entretanto, Figueiredo e Santos (2012) encontraram para o estuário de Vigia
(Pará) uma relação inversa, sendo as maiores concentrações obtidas no
65
período de estiagem, variando de 120 µg/L a 640 µg/L, enquanto que em
período de maior precipitação os valores foram bem abaixo, variando de 40
µg/L a 70 µg/L. De maneira semelhante, Souza-Fernandes e Camargo (2004)
para o estuário do rio Itanhaém (São Paulo) também encontraram esse mesmo
padrão, com concentrações variando de 40 µg/L a 95 µg/L no período de
menor precipitação, enquanto que no período com maior precipitação a
variação foi de 9 µg/L a 35 µg/L. Escherique (2007) também encontrou padrão
semelhante para o estuário do Jaguaribe (Ceará) com as maiores
concentrações (119,3 µg/L a 212,9 µg/L) no período de estiagem, enquanto
que no período com maior índice pluviométrico as concentrações variaram de
64,5 µg/L a 170,9 µg/L.
Figura 34 - Modelos médios de distribuição de fósforo total das amostragens de outono e
primavera.
66
Figura 35 - Box plots de clorofila a nas amostragens de outono e primavera.
6.5 VARIAÇÃO ESPACIAL DE TURBIDEZ
6.5.1 Variação de maré alta e maré baixa
Não houve variação espacial significativa ao longo do eixo longitudinal do
estuário nas fases de maré baixa (p=0,9983) e de maré alta (p=0,8388) (Figura
36 e Figura 37). Durante a maré baixa (Figura 36) os valores de turbidez
encontrados foram maiores quando comparados aos valores na fase de maré
alta. Além disso, na fase de maré baixa, a turbidez registrou um padrão,
relativamente, semelhante em todo o estuário, salvo algumas estações mais a
jusante do rio PA, que apresentaram valores mais baixos. Em relação à fase de
maré alta (Figura 37), os valores mais elevados situaram-se à jusante e à
montante do estuário e os menores valores na sessão intermediária. Isso pode
ser explicado pelo fato de na fase de maré alta a cunha salina, mais densa,
entrar no estuário pelo fundo e, dessa forma, causar turbulência na coluna
d’água e ressuspender os sedimentos (jusante) (MIRANDA et al., 2002) e pela
influência fluvial (montante). Como as amostras foram coletadas e medidas na
superfície, esses valores mais elevados podem ter sido verificados apenas na
fase de maré baixa.
67
25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51
Estações Amostrais
0
5
10
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30
35
40
Turb
idez (
UN
T)
Turbidez (UNT): KW-H(17;68) = 4,8044; p = 0,9983
Figura 36 - Box plots de turbidez na maré baixa das estações de coleta de todas as
amostragens.
25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51
Estações Amostrais
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Tu
rbid
ez (
UN
T)
Turbidez (UNT): KW-H(17;69) = 11,3328; p = 0,8388
Figura 37 - Box plots de turbidez na maré alta das estações de coleta de todas as
amostragens.
68
6.5.2 Variação de sizígia e quadratura
Não houve variação espacial significativa ao longo do eixo longitudinal do
estuário na condição de sizígia (p=0,9865) (Figura 38), ao passo que na
amostragem de quadratura (p=0,00003) (Figura 39) houve variação espacial
significativa de turbidez. Em condição de maré de sizígia, a turbidez mostrou
um padrão, relativamente, semelhante ao padrão encontrado na fase de maré
alta, com elevados valores à montante e à jusante do estuário e valores mais
baixos na sessão intermediária, mostrando em ambas as situações a maior
influência marinha e fluvial. Os valores de turbidez encontrados para a
condição de sizígia podem ser comparados às concentrações de fósforo total
nessa mesma condição (Figura 24), devido à maior movimentação das águas
do estuário, sendo que ambos os parâmetros mostram-se elevados. Em
condição de maré de quadratura, o padrão de turbidez modificou-se,
apresentando baixos valores, sendo os maiores registrados na sessão
intermediária e à montante do estuário. Esse padrão também pode ser
comparado com o padrão de fósforo total na mesma condição (Figura 25), pela
menor amplitude de maré e menor movimentação das águas do estuário.
25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51
Estações Amostrais
0
5
10
15
20
25
30
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40
Turb
ide
z (
UN
T)
Turbidez (UNT): KW-H(17;67) = 6,7538; p = 0,9865
Figura 38 - Box plots de turbidez em condição de sizígia das estações de coleta de todas as
amostragens.
69
25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51
Estações Amostrais
0
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4
6
8
10
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22
38
40
Turb
idez (
UN
T)
Turbidez (UNT): KW-H(17;70) = 50,5844; p = 0,00003
Figura 39 - Box plots de turbidez em condição de quadratura das estações de coleta de todas
as amostragens.
6.5.3 Variação de outono e primavera
Houve variação espacial significativa ao longo do eixo longitudinal do estuário
no outono (p=0,0168) (Figura 40), enquanto que na primavera (p=0,9996)
(Figura 41) a variação não foi significativa. Durante a amostragem de outono, a
turbidez mostrou um padrão com elevados valores à montante do estuário,
mostrando a influência fluvial, já que no outono a precipitação registrada foi
bem alta (0,38 m3s) (LEITE, 2012), enquanto que nas estações mais a jusante
os valores encontrados foram mais baixos. Já na primavera, os maiores valores
de turbidez foram registrados à jusante do estuário, mostrando a maior
influência marinha, já que a precipitação registrada foi menor (0,34 m3/s)
(LEITE, 2012) que a precipitação da série histórica na região, e, portanto,
ocorreu uma baixa influência fluvial e uma maior influência marinha.
70
25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51
Estações Amostrais
0
5
10
15
20
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Turb
idez (
UN
T)
Turbidez (UNT): KW-H(17;66) = 31,619; p = 0,0168
Figura 40 - Box plots de turbidez no outono das estações de coleta de todas as amostragens.
25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51
Estações Amostrais
0
5
10
15
20
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30
35
40
Turb
idez (
UN
T)
Turbidez (UNT): KW-H(17;71) = 3,7987; p = 0,9996
Figura 41 - Box plots de turbidez na primavera das estações de coleta de todas as
amostragens.
71
6.6 VARIAÇÃO TEMPORAL DE TURBIDEZ
A análise estatística descritiva dos dados de turbidez (Tabela 6) indicou
tendências de valores mais elevados nas amostragens em condição de sizígia,
tanto para a amostragem de outono, quanto de primavera, quando comparados
aos valores encontrados em condição de quadratura.
Tabela 6 - Estatística descritiva dos valores de turbidez para o período de amostragem (n=62).
Turbidez (UNT) Amostragens
OSMA OSMB OQMA OQMB PSMA PSMB PQMA PQMB
Mínima 7,01 9,20 3,99 5,04 5,46 4,12 3,01 2,99
Máxima 30,60 36,90 13,80 14,60 29,60 33,80 20,40 16,20
Amplitude 23,59 27,70 9,81 9,56 24,14 29,68 17,39 13,21
Média 14,85 24,20 10,39 10,83 13,46 13,58 10,54 9,17
Desvio Padrão 9,29 8,88 2,96 2,63 8,00 9,70 5,27 4,25
CV (%) 62,57 36,70 28,45 24,25 59,46 71,44 49,99 46,31
Mediana 9,87 26,20 12,00 11,50 10,78 9,27 10,72 9,72
6.6.1 Variação entre maré alta e maré baixa
A amostragem de outono, na condição de maré de sizígia, registrou o maior
valor de turbidez no período de coleta. A Figura 42 mostra os modelos de
distribuição de turbidez da amostragem de outono. Houve variação temporal
significativa entre maré alta e maré baixa na condição de sizígia (p=0,007)
(Figura 43). Notam-se os altos valores em condição de sizígia, sendo que na
fase de maré baixa esses altos valores são mais bem distribuídos ao longo do
canal, enquanto que na fase de maré alta, os valores também são elevados,
entretanto se restringem a porção superior do estuário. A fase de maré baixa
mostra a maior influência fluvial, com os maiores valores a montante do
estuário, pela ressuspensão de sedimentos ocorrida, possivelmente, na maré
alta e diagnosticada na maré baixa. Esses elevados valores na sizígia podem
estar relacionados à maior amplitude de maré, e, portanto, ao maior movimento
que a água sofre no estuário. Vale salientar ainda que a elevada precipitação
ocorrida no outono (0,38 m3/s) (LEITE, 2012) deu origem a uma maior
72
lixiviação do solo e, consequentemente, maiores valores de turbidez a
montante do estuário. Já em condição de quadratura, as concentrações foram
bem menores, nas duas fases da maré, pela menor amplitude e menor
movimentação da água. Portanto, como o padrão mostrado para a condição de
quadratura nas fases de maré alta e maré baixa é semelhante, não houve
diferença significativa entre maré alta e maré baixa na condição de quadratura
(p=0,809) (Figura 43).
Figura 42 - Modelos de distribuição de turbidez da amostragem de outono, em condições de
sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta (MA) e maré baixa (MB).
73
Figura 43 - Box plots de turbidez na amostragem de outono, em condição de maré de sizígia e
quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa.
A amostragem de primavera apresentou um padrão semelhante nas duas
condições de maré, como aconteceu na amostragem de outono. Entretanto,
apesar da semelhança, os valores encontrados foram relativamente mais
baixos que os da amostragem de outono. A Figura 44 mostra os modelos de
distribuição de turbidez da amostragem desse período. Assim como na
amostragem de outono, os maiores valores de turbidez foram registrados em
condição de sizígia, tanto na fase de maré baixa, quanto de maré alta, devido à
maior amplitude de maré. No entanto, tanto na fase de maré baixa, quanto de
maré alta, os maiores valores foram encontrados à jusante do estuário,
mostrando a maior influência marinha, já que neste período a precipitação foi
reduzida (0,34 m3/s) (LEITE, 2012). Em condição de quadratura, as
concentrações foram bem menores, nas duas fases da maré, também
semelhante à quadratura de outono. A partir da semelhança nos padrões de
turbidez na sizígia e na quadratura, em maré alta e maré baixa, também não
houve diferença significativa entre maré alta e maré baixa em condição de
sizígia (p=0,644) e nem entre maré alta e maré baixa em condição de
quadratura (p=0,375) (Figura 45).
74
Figura 44 - Modelos de distribuição de turbidez da amostragem de primavera, em condições de
sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta (MA) e maré baixa (MB).
Figura 45 - Box plots de turbidez na amostragem de primavera, em condição de maré de sizígia
e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa.
6.6.2 Variação entre maré de sizígia e maré de quadratura
A Figura 46 mostra a diferença entre as marés de sizígia e quadratura nas
amostragens de outono e primavera. Como já fora mencionado, o padrão de
75
distribuição de turbidez obteve elevados valores nas duas condições de sizígia,
e baixos valores nas duas condições de quadratura, independente do período
amostrado. Na sizígia de outono, pela maior precipitação, os maiores valores
foram encontrados à montante do estuário e tiveram maior influência fluvial,
enquanto que na sizígia de primavera, pela menor precipitação, os maiores
valores encontrados foram à jusante do estuário e tiveram maior influência
marinha. Nas condições de quadratura de ambas as amostragens, o padrão
manteve-se o mesmo. Apesar das diferenças no padrão de turbidez das
amostragens de outono e primavera, houve diferença significativa apenas entre
as marés de sizígia e quadratura na amostragem de outono (p=0,003),
enquanto que entre as marés de sizígia e quadratura na amostragem de
primavera (p=0,207) não houve (Figura 47).
Figura 46 - Modelos médios de distribuição de turbidez das amostragens de outono e
primavera, em condições de sizígia e quadratura.
76
Figura 47 - Box plots de turbidez nas amostragens de outono e primavera, em condição de
maré de sizígia e quadratura.
6.6.3 Variação entre outono e primavera
A Figura 48 mostra os modelos médios de distribuição de turbidez nas
amostragens de outono e primavera. Os altos valores de turbidez encontrados
na amostragem de outono possuem relação direta com a elevada precipitação
nesse período. Ocorre o carreamento de material da bacia hidrográfica para o
sistema estuarino, a degradação das margens do rio PA pela ação da chuva e,
além disso, a água doce proveniente da drenagem continental apresenta-se
mais turva que a água marinha. Para a amostragem de primavera, os valores
encontrados mostraram-se mais baixos, sendo os maiores valores encontrados
à jusante do estuário, pela maior influência marinha. Por isso, devido à
diferença nos padrões médios entre as duas amostragens, houve diferença
significativa (p=0,012) entre outono e primavera (Figura 49).
Esses resultados podem ser comparados aos resultados de fósforo total para o
mesmo período. Os maiores valores de fósforo total foram registrados na
amostragem de outono, enquanto as menores concentrações foram referentes
à amostragem de primavera (Figura 34), mostrando que as duas variáveis
ambientais possuem relação direta para a amostragem de outono, amostragem
com maior índice pluviométrico. Gaigher (2005) encontrou essa mesma relação
para o SEPAPM, da mesma forma que Signorin et al., (2005) também
encontraram para o estuário do rio Pequerê (SC). Isso pode ser explicado pelo
77
fato de que o fósforo pode ser um indício da contribuição deste nutriente
existente no sedimento para a coluna d’água, através da ressuspensão e
solubilização de fosfato do sedimento ou material carreado pelo rio (GAIGHER,
2005; BEM, 2009).
Rossoni (2012) mostrou para o mesmo estuário, na amostragem de OSMA,
que a estação 20 registrou 36,41 mg/L de MPS, ao passo que a estação 44
registrou 50,04 mg/L de MPS. Barroso (2004) encontrou a concentração
máxima de 31,33 mg/L de MPS na porção superior do estuário do PA. Isso
mostra que mais à montante do rio PA a concentração de MPS é maior,
possibilitando inferir que nessa região a turbidez é inorgânica. Souza-
Fernandes e Camargo (2004) para o estuário do rio Itanhaém (São Paulo),
também encontraram esse mesmo padrão, com os menores valores variando
de 8 UNT a 38 UNT em período com menor índice pluviométrico, ao passo que
no período de maior pluviosidade, os maiores valores registrados de turbidez
variaram de 22 UNT a 178 UNT. Gaigher (2005) para o SEPAPM encontrou o
maior valor de turbidez referente à estação com maior índice pluviométrico, da
mesma forma que foi encontrado neste trabalho. Além disso, Gaigher (2005)
também confirmou que a turbidez era de origem inorgânica sendo as maiores
concentrações de MPS (42,89 mg/L) também registradas nesse período.
78
Figura 48 - Modelos médios de distribuição de turbidez das amostragens de outono e
primavera.
Figura 49 - Box plots de turbidez nas amostragens de outono e primavera.
79
6.7 CORRELAÇÃO DOS DADOS
6.7.1 Outono
Através do teste de Spearman houve correlação significativa negativa entre as
variáveis fósforo total e clorofila a e entre turbidez e clorofila a na amostragem
de OSMA (Figura 50a) indicando que quando maior os valores de fósforo total
e turbidez, menor é a concentração de clorofila a. Isso pode ser explicado pela
maior influência salina com a entrada da maré alta. Em relação à amostragem
de OSMB, através do teste de Spearman houve correlação significativa positiva
entre fósforo total e clorofila a, entre turbidez e clorofila a, e entre fósforo total e
turbidez (Figura 50b). Ou seja, quanto maior a concentração de fósforo total,
maior é a concentração de clorofila a e maior é a turbidez. Isso pode estar
relacionado à menor influência marinha na fase de maré baixa. Nas
amostragens de OQMA, OQMB, OS e OQ (Figura 50c, Figura 50d, Figura 50e
e Figura 50f) pelo teste de Spearman houve correlação significativa positiva
entre fósforo total e turbidez, indicando que as variáveis são diretamente
proporcionais. Isso significa que com o aumento da turbidez ocorreu um
aumento das concentrações de fósforo total, que pode ter sido liberado através
da turbulência e consequente ressuspensão dos sedimentos após a passagem
da maré alta, com entrada da cunha salina, ou também pelo material carreado
pelo rio.
Com os valores médios na amostragem de outono (Figura 50g), pelo teste de
Spearman, também houve correlação significativa positiva entre fósforo total e
turbidez, conforme ocorreu nas amostragens supracitadas. Possivelmente a
chuva foi um fator contribuinte para o aumento da turbidez e da concentração
de fósforo total na água no período de outono. Gaigher (2005) também
encontrou correlação significativa positiva entre os parâmetros fósforo total e
turbidez para o SEPAPM. Além disso, houve correlação significativa negativa
entre e turbidez e clorofila a, indicando que os maiores valores de turbidez,
devido à maior lixiviação do solo foram responsáveis pela menor concentração
de clorofila a.
80
Figura 50 - Teste de correlação de Spearman para as amostragens de OSMA (a), OSMB (b),
OQMA (c), OQMB (d), OS (e), OQ (f) e Outono (g).
Era de se esperar que a relação clorofila a e fósforo total desse significativa
positiva, principalmente no período chuvoso com a contribuição da chuva
através da lixiviação dos solos da bacia hidrográfica. Essas duas grandezas
estão diretamente relacionadas, sendo que quanto maior a disponibilidade do
nutriente (representado neste caso pelo fósforo total) maior seria o crescimento
de algas e plantas (representadas pela presença do pigmento clorofila).
Entretanto, ambientes tropicais possuem uma assimilação de nutrientes mais
intensa, da mesma forma que a sua perda (excreção, sedimentação de fósforo
particulado) também é maior (VON SPERLING, 2001). Durante a maior parte
desse estudo não ocorreu correlação significativa positiva entre clorofila a e
fósforo total. Parizzi et al., (2010) também encontraram esse mesmo padrão.
Isso pode ser explicado pelo fato de determinados sais inorgânicos limitarem a
produção fitoplanctônica, havendo uma alternância entre a disponibilidade de
nutrientes e os níveis adequados de biomassa fitoplanctônica (RUSSEL, 1970).
6.7.2 Primavera
Através do teste de Spearman houve correlação significativa negativa para a
amostragem de PSMA (Figura 51a) entre clorofila a e turbidez, indicando que
81
quanto maior a turbidez, menor é a concentração de clorofila a. Durante a
condição de sizígia, pela maior turbulência das águas, e, consequente
ressuspensão de sedimentos e também pela maior amplitude de maré a
turbidez, possivelmente, faz referência à turbidez inorgânica. Para a
amostragem de PSMB (Figura 51b) houve correlação significativa negativa
entre clorofila a e turbidez e entre clorofila a e fósforo total. Além disso, houve
correlação significativa positiva entre fósforo total e turbidez. Para as
amostragens de PQMA e PQMB (Figura 51c e Figura 51d), houve correlação
significativa positiva entre clorofila a e turbidez. Isso significa que quanto maior
o valor de turbidez, maior será a concentração de clorofila a. Já que durante a
condição de quadratura há uma menor amplitude de maré e
consequentemente, menor movimentação das águas do estuário, essa
turbidez, possivelmente, faz referência à turbidez orgânica, oriunda de detritos
orgânicos, algas, bactérias e plâncton em geral. Além disso, na amostragem de
PQMA também houve correlação significativa entre fósforo total e turbidez.
Para a amostragem de PS (Figura 51e) houve correlação significativa negativa
entre clorofila a e fósforo total e entre clorofila a e turbidez e correlação
significativa positiva entre fósforo total e turbidez. Já para a amostragem de PQ
(Figura 51f) houve correlação significativa positiva entre clorofila a e fósforo
total, entre clorofila a e turbidez e entre fósforo total e turbidez. Já para a média
das variáveis na amostragem de primavera (Figura 51g), houve correlação
significativa positiva apenas entre fósforo total e turbidez.
82
Figura 51 - Teste de correlação de Spearman para as amostragens de PSMA (a), PSMB (b),
PQMA (c), PQMB (d), PS (e), PQ (f) e Primavera (g).
83
7 CONCLUSÕES
Na amostragem de outono o estuário mostra que quanto maior a vasão fluvial,
maior é a turbidez e a concentração de fósforo total, sendo estes influenciados
pela lixiviação do solo provocado pela água da chuva, e menor é a
concentração de clorofila a pela maior atenuação da luz.
Já na amostragem de primavera, com menor influência das águas pluviais, a
clorofila a apresenta maiores concentrações à montante do estuário, oriundas
da produtividade biológica autóctone. Em relação ao fósforo total, os valores
não possuem um padrão definido, apenas apresentam baixas concentrações,
enquanto que a turbidez apresenta valores maiores em direção à
desembocadura do estuário.
A situação trófica do estuário do rio PA em relação à concentração de clorofila
a mostra-se oligotrófica para as amostragens de OS, mesotrófica para as
amostragens de OQMA e PS, eutrófica para as amostragens de PQ e
hipereutrófica para a amostragem de OQMB. Em reação à concentração de
fósforo total, o estuário mostra-se mesotrófico em todas as amostragens.
84
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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