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Ano V, N o janeiro de 2014 - Maré, Rio de Janeiro - distribuição gratuita 49 Segundo livro da série Tecendo Redes de Memó- rias e Histórias da Maré, da Redes, será lançado no dia 14 de fevereiro, contanto sobre a ocupa- ção do Morro do Timbau e do Parque Proletário da Maré. Pesquisadores revelam ter havido dois núcleos de ocupação no Timbau, o primeiro no início do século 20, formado por trabalhadores da pedreira. Pescadores também já viviam na parte baixa, perto da Praia de Inhaúma, confor- me conta D. Nicéia, uma das 12 moradoras que participam do livro. Pág. 8 e 9 Curso Preparatório para o 6° ano estimula o acompanhamento dos pais no estudo dos filhos. O envolvimento das famílias gera perspectivas e possibilidades de melhores resultados no aprendizado, como atesta Marcela Barros, que se esforça para estar ao lado da filha. Pág. 4 e 5 O BRT Transcarioca, corredor de ônibus ex- presso que ligará a Barra ao Aeroporto Inter- nacional, terá uma estação na altura do Par- que União, segundo informou a Secretaria Municipal de Obras. Já a Transbrasil continua no papel e ainda sem informações sobre os impactos da obra. Pág. 10 e 11 Timbau e Parque Maré em livro Pais na educação dos filhos Obra no caminho Maré clássica Orquestra Maré do Amanhã Pág. 14 e 15 O que vou ser quando crescer? Pág. 3 Coluna Seus Direitos Programas de proteção a crianças e a testemunhas Pág. 6 O mosquito que se cuide Descubra como aderir à luta contra a Dengue, com seu celular Pág. 7 Marcela com a filha Laura Centro de Artes e Lona da Maré Pág. 13 Rosilene Miliotti / Imagens do Povo Fabiola Loureiro Aramis Assis Elisângela Leite Reprodução Higor Antônio da Silva

Maré de Notícias #49

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Leia este mês: Orquestra Maré do Amanhã; Timbau e Parque Maré em livro; Coluna "Seus Direitos"; Torpedo contra a dengue; Transcarioca e muito mais.

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Ano V, No janeiro de 2014 - Maré, Rio de Janeiro - distribuição gratuita49

Segundo livro da série Tecendo Redes de Memó-rias e Histórias da Maré, da Redes, será lançado no dia 14 de fevereiro, contanto sobre a ocupa-ção do Morro do Timbau e do Parque Proletário da Maré. Pesquisadores revelam ter havido dois núcleos de ocupação no Timbau, o primeiro no início do século 20, formado por trabalhadores da pedreira. Pescadores também já viviam na parte baixa, perto da Praia de Inhaúma, confor-me conta D. Nicéia, uma das 12 moradoras que participam do livro. Pág. 8 e 9

Curso Preparatório para o 6° ano estimula o acompanhamento dos pais no estudo dos filhos. O envolvimento das famílias gera perspectivas e possibilidades de melhores resultados no aprendizado, como atesta Marcela Barros, que se esforça para estar ao lado da filha. Pág. 4 e 5

O BRT Transcarioca, corredor de ônibus ex-presso que ligará a Barra ao Aeroporto Inter-nacional, terá uma estação na altura do Par-que União, segundo informou a Secretaria Municipal de Obras. Já a Transbrasil continua no papel e ainda sem informações sobre os impactos da obra. Pág. 10 e 11

Timbau e Parque Maré em livro

Pais na educação dos filhos

Obra no caminho

Maré clássica

Orquestra Maré do Amanhã Pág. 14 e 15

O que vou ser quando crescer?

Pág. 3

Coluna Seus Direitos

Programas de proteção a crianças e a testemunhas Pág. 6

O mosquito que se cuide

Descubra como aderir à luta contra a Dengue, com seu celular Pág. 7

Marcela com a filha Laura

Centro de Artes e Lona da Maré Pág. 13

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Redes de Desenvolvimento da Maré Rua Sargento Silva Nunes, 1012,

Nova Holanda / Maré CEP: 21044-242 (21) 3104.3276 (21)3105.5531

www.redesdamare.org.br [email protected]

Os artigos assinados não representam a opinião do jornal.

Parceiros:

Rosilene Miliotti Fabíola Loureiro (estagiária)

Fotógrafa Elisângela Leite

Proj. gráfico e diagramaçãoPablo Ramos

Logomarca Monica Soffiatti

Colaboradores Anabela Paiva

André de LucenaAydano André Mota

Equipe Social da Redes da MaréFlávia Oliveira

Numim/ Redes da Maré

Coordenadoresde distribuição

Luiz GonzagaSirlene Correa da Silva

Impressão Gráfica Jornal do Commercio

Tiragem 40.000 exemplares

Instituição Proponente Redes de Desenvolvimento da Maré

Diretoria Andréia Martins

Eblin Joseph Farage (Licenciada) Eliana Sousa Silva

Edson Diniz Nóbrega Júnior Helena Edir

Patrícia Sales Vianna

Coordenação de ComunicaçãoSilvia Noronha

Instituição Parceira Observatório de Favelas

Apoio Ação Comunitária do Brasil

Administraçãodo Piscinão de Ramos

Associação Comunitária

Roquete Pinto

Associação de Moradores e Amigos do Conjunto Bento Ribeiro Dantas

Associação dos Moradores e Amigos do Conjunto Esperança

Associação de Moradores do Conjunto Marcílio Dias

Associação de Moradores do Conjunto Pinheiros

Associação de Moradores do Morro do Timbau

Associação de Moradores do Parque Ecológico

Associação de Moradores do Parque Habitacional

da Praia de Ramos

Associação de Moradores do Parque Maré

Associação de Moradores do Parque Rubens Vaz

Associação de Moradoresdo Parque União

Associação de Moradores

da Vila do João

Associação Pró-Desenvolvimento da Comunidade de Nova Holanda

Biblioteca Comunitária Nélida Piñon

Centro de Referência de Mulheres da Maré - Carminha Rosa

Conexão G

Conjunto Habitacional Nova Maré

Conselho de Moradores da Vila dos Pinheiros

Luta pela Paz

União de Defesa e Melhoramentos do Parque

Proletário da Baixa do Sapateiro

União Esportiva Vila Olímpica da Maré

Editora executiva e jornalista responsável

Silvia Noronha (Mtb – 14.786/RJ)

Repórteres e redatores Aramis Assis

Beatriz Lindolfo (estagiária) Hélio Euclides (Mtb – 29919/RJ)

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Ciclovia do Pinheiro

Faço caminhadas pelas manhãs na ciclovia e venho pedir mais atenção para a limpeza e manutenção, pois o local encontra-se com dejetos de animais. Afinal é um lugar de lazer.

Morador que preferiu não ser identificado

Portal de produtos e serviçosda Maré

Meu nome é Jerri Adriani, tenho 38 anos e sou morador da Vila do Pinheiro desde 1985. Acompanho o trabalho de vocês através da sua distribuição e site (redesdamare.org) que hoje está muito bacana e com bastante

HUMOR - André de Lucena: “Assim caminha a humanidade”

CARTAS

Expediente

Leia o Maré e baixe o PDF em www.redesdamare.org.br /redesdamare @redesdamare

O que vou ser quando crescer?Astronauta, bailarina, professora. Essas são algumas das respostas que as crianças dão sobre

a profissão que querem seguir, mas na maioria das vezes mudamos de opinião

Rosilene Miliotti

A maranhense Patrícia Jeane Vieira Car-valho, de 11 anos, diz que será aeromoça. Se não der certo será advogada, mas não quer ser professora. Moradora da Nova Ho-landa, ela estuda inglês, francês, espanhol, informática e está no 6º ano. Patrícia conta que começou a pensar em ser aeromoça quando viajou de avião e passou a viagem conversando com as comissárias de bordo. “Sei que tenho que estudar muito para con-seguir”, afirma, sorrindo.

Escolher uma profissão nem sempre é fácil, mas desde pequenos somos estimulados a pensar sobre isso. “A pergunta ‘o que você vai ser quando crescer?’ gera expectativa e tem foco na formação de mão de obra. Por isso, desde pequeno essa questão é posta, mas não acredito que tenha uma idade para fazer essa escolha. Entretanto, há quem saiba desde criança o que vai ser e às vezes dá certo. Neste momento, a Patrícia deve estar certa da sua preferência, mas a escolha nunca está fechada”, explica Luiza Gullino, estudante de psicologia que atua no projeto Análise do Vocacional, do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Criado em 2006, o projeto atende alunos de pré-vestibulares comunitários em vários bairros. Luiza explica que, em vez de desvendar a vocação de cada um, o objetivo do trabalho é que a pessoa se conheça e escolha o que deseja fazer. “Trabalhamos com noção de escolha porque entendemos que estamos escolhendo o tempo todo, desde a roupa

informação. Primeiramente, parabéns pelo aniversário de 4 anos completados nesta edição 48 (de dezembro passado). Acredito que o caminho percorrido não deve ter sido fácil.

Venho pedir um espaço para divulgar meu projeto criado em 2008 e adormecido até o final de 2013: criar um portal em nossa comunidade, o site do Complexo da Maré (http://www.complexodamare.com.br/), que vai reunir em um só lugar interessados em vender, comprar ou localizar produtos e serviços. Nossa página já está sendo desenvolvida para uma ampla gama de dispositivos móveis. Os responsáveis são Felipe Huggler e eu.

Jerri Adriani

Na Maré, o projeto Análise do Vocacional, da UFRJ, atende alunos dos cursos Preparatório do 9º ano e Pré-Vestibular (CPV) da Redes da Maré. O

atendimento ao público acontece na UFRJ (Av. Pasteur, 250. Praia Vermelha – Urca). Mais informações: [email protected]

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que vamos usar até o que vamos comer”, esclarece.

O trabalho de orientação é feito em grupo após entrevista individual. “Discutimos como cada um se vê naquela escolha”, diz William Penna, que também faz psicologia e participa do projeto atuando com estudantes da Maré.

O objetivo é fazer as pessoas refletirem, ensinando as ferramentas para que elas possam fazer a sua própria escolha, o que, às vezes, ocorre após a orientação vocacional e não durante a participação no grupo. “Às vezes as pessoas entram no grupo para buscar ajuda e saem mais confusas ainda. No último grupo uma aluna entrou e saiu sem saber o que queria, mas ela adquiriu autonomia para pensar sobre o que estava fazendo, ainda que não tivesse uma resposta. Outro aluno entrou com a certeza de ser fuzileiro. Nós falamos: ‘Vamos pensar sobre isso’. Ele não mudou de opinião, mas foi importante para ele ter argumentos sobre essa e s c o l h a ”, conta Luiza.

“A pergunta‘o que você vai ser quando

crescer?’ gera expectativa e temfoco na formação de mão de obra.

Por isso, desde pequeno essa questãoé posta, mas não acredito que

tenha uma idade parafazer essa escolha”

Luiza, do Projeto Análise do Vocacional da UFRJ, conversa com dois alunos da Redes da Maré

Fabíola Loureiro

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Patrícia, de 11 anos,

quer ser aeromoça

Editorial

História em movimento

Aos poucos, iniciativas como a do Núcleo de Memória e Identidade da Maré (Numim) vão revelando novos dados, permitindo uma visão mais realista da formação da cidade do Rio de Janeiro. A história fica mais rica quando contada sob diferentes ângulos. É o que faz o livro de que tratamos na capa desta edição (pág. 8 e 9) e que em breve será oferecido gratuitamente pela internet.

Nas próximas páginas, você também vai ler sobre os dois BRTs previstos para o entorno da Maré, que prometem alterar nossa paisagem. A Transcarioca vai passar entre o Parque Roquete Pinto e o Parque União, felizmente sem ter provocado impactos aos moradores da Maré além dos transtornos de uma obra deste porte. Outros bairros como a Penha sofreram, inclusive com remoções. Estaremos atentos para a Transbrasil, pois nada se sabe ainda a respeito das intervenções pretendidas pela prefeitura ao longo da Av. Brasil.

Leia também nesta edição sobre saúde, educação e cultura.

Boa leitura!

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oCom os pais, fica mais fácil estudar

SaúdeEducaçãoTudo no mesmo lugar

+Com o corre-corre da vida de hoje, arranjar tempo exige esforço. Mas saiba que

este esforço trará resultados positivos para toda a vida de seu filhoAntigo Sesi Maré abriga cinco serviços públicos

municipais Aramis Assis

O Preparatório, que teve gran-de procura em 2013, é uma das oficinas do Programa Criança Petrobras na Maré voltado para a garotada que almeja estudar em escolas públicas de referên-cia, como o Colégio Pedro II e a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fiocruz. Para ingressar nessas unida-des, os alunos precisam passar por um concorrido processo de avaliação, porém o Preparatório também possui sua importância para as crianças que desejam um reforço na aprendizagem.Ajudar os pais a discutir caminhos e ações que melhorem a educação de seus filhos é um dos objetivos do curso, que é oferecido na Redes da Maré. O curso aplica o ensino de Português e Matemática com atividades diferenciadas e lúdicas e procura desenvolver suas atividades sempre em acordo com a escola e nunca competindo com esta.

Segundo Inês di Mare, coordenadora do Preparatório, “o envolvimento das famílias no processo de estudos dos filhos gera perspectivas e possibilidades de melhores resultados no aprendizado, favorece a continuidade nos estudos e preenche lacunas da educação pública”. As crianças precisam do apoio dos pais para o aprendizado da leitura. Por exemplo, compreender o que está escrito é um facilitador até para o ensino de Matemática. A leitura de livros para os filhos e com os filhos pode transformar a relação da criança com os estudos, ressalta Inês.

Hélio Euclides

O espaço do antigo Sesi Maré, em frente ao Morro do Timbau, na Aveni-da Guilherme Maxwell, foi dividido para oferecer cinco serviços municipais. São quatro unidades de educação: Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDIs) Pro-fessora Solange Conceição Tricarico e o Professora Kelita Faria de Paula, a Escola Municipal Escritor Lêdo Ivo e o Centro de Educação de Jovens e Adul-tos (Ceja Maré).

O terreno ainda abriga a Unidade de Saúde da Família Augusto Boal, que beneficia cerca de 21 mil pessoas, realizando em média 4 mil atendimentos por mês. A equipe profissional é formada por nove médicos; seis enfermeiros; sete técnicos de enfermagem; três cirurgiões-dentistas; um técnico de saúde bucal; quatro auxiliares de saúde bucal; e 38 agentes comunitários de saúde. São seis equipes de saúde da família e três de saúde bucal.

No local são oferecidas consultas individuais e coletivas; saúde bucal; vacinação; pré-natal; exames laboratoriais de sangue, urina e fezes; curativos; teste do pezinho; tratamento e acompanhamento de pacientes diabéticos, hipertensos, tuberculose; testes rápidos para HIV e sífilis e outras doenças. A clínica também conta com uma Academia Carioca da Saúde.

Até 24 de janeiro, estão abertas as inscrições para asoficinas do PCP Maré que acontecem na Redes, entre elas o curso Preparatório para o 6º ano. Caso a procura seja maior do que o número de vagas oferecidas, haverá sorteio. Inscrições na secretaria da Redes da Maré:Rua Sargento Silva Nunes, 1012, Nova HolandaDe segunda a sexta, de 7h30 às 22h; sábados, de 7h30 às 14h - Tel: 3105-5531 Pais e responsáveis devem providenciar, com o Detran, o documento de identidade dos seus filhos, pois ele é exigido pelas escolas que realizam prova para o 6º ano. O documento de identidade é um direito de toda criança e adolescente.

Inscrições Abertas

“Quando não olho os cadernos da minha filha, ela reclama. O ato de levar e buscar na escola traz

proteção e mesmo com falta de tempofaço o possível”

Marcela Barros, mãe de Laura (ambas na foto acima)

Mãe que trabalha fora se esforça

Marcela Barros é mãe de Laura, uma das alunas do Preparatório. A menina comenta que adora as aulas do Preparatório porque o conteúdo é ensinado antes de ser aplicado na escola. Isso melhorou muito seu desem-penho escolar, comprovado pelas notas con-quistadas na Escola Municipal Pedro Lessa, em Bonsucesso, todas acima de nove. Ela também conta sobre a professora de mate-mática que usa materiais diferentes, faz brin-cadeiras e atividades que deixam a aula di-vertida.

Mesmo trabalhando como atendente em duas lojas durante todo o dia, Marcela faz o possível para acompanhar os es-tudos de Laura. Ela conta que sempre leva a filha na esco-la, olha seus cader-nos, aparece sem-pre que possível nas aulas do Pre-paratório, conversa com os professores e à noite, no seu

único horário disponível, ela acompanha os deveres da filha.

Marcela defende a importância da participa-ção dos pais nos estudos dos filhos. “Eles se sentem acolhidos. Quando eu não olho os cadernos da minha filha, ela reclama. O ato de levar e buscar na escola traz proteção e mesmo com falta de tempo faço o possível. Para os filhos, a gente sempre arruma tempo”, acredita ela.

A educadora de Matemática Ângela Guima-rães, integrante do Projeto Fundão da UFRJ, se utiliza de metodologias e materiais que en-riquecem o Preparatório. Ela explica que esti-mula a manipulação livre dos materiais, uma forma de brincar e satisfazer a curiosidade, para depois propor o conteúdo da aula. Nas aulas de português, a aposta é aproximar a realidade e o cotidiano das crianças aos te-mas abordados em sala de aula, pois desper-ta o interesse e senso crítico dos alunos.

Adenice Figueiredo, dona de casa, mãe de Williane Figueiredo, afirma que a filha está aprendendo cada vez mais, principalmente matemática. Segundo ela, as professoras são dedicadas, ensinam de forma diferente e in-centivam a leitura. “A família é a principal na educação. A criança, quando tem esse apoio, tem interesse pelos estudos”, conclui ela. Nas aulas de matemática, as crianças do Preparatório primeiro manipulam materiais e depois recebem o conteúdo da aula

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Saiba o que são os Programas de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas (Provita) e de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM)

SEUS DIREITOS O mundo é nosso e o direito é de todos!Coluna especial

Infelizmente, não são raros os casos de ameaças e intimidação por que passam diversas pessoas, por diferentes motivos. O que muitas pessoas não sabem é que há mecanismos oferecidos pelo próprio governo para buscar garantir a proteção de pessoas que enfrentam esse tipo de situação e correm o risco real de serem vítimas de violência por parte do ameaçador. No estado do Rio de Janeiro, há dois programas que atuam nessa direção:

Sétimotema:

Provita ou PPCAAM

Programa de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas (Provita) - Entre os potenciais beneficiários deste programa estão pessoas que se encontram em situação de risco por terem participado de algum procedimento criminal como vítima ou testemunha. Além desses casos, outras pessoas envolvidas podem ser beneficiadas pelo programa, como familiares e dependentes da pessoa ameaçada ou vítima. Se necessário, as pessoas atendidas pelo Provita podem mudar de endereço e até de nome.A Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH) pode oferecer mais informações aos interessados. A SEASDH fica na Central do Brasil, Praça Cristiano Otoni s/n - 6º andar – Centro. O telefone é o (21) 2334-5591.

Tanto o PPCAAM como o Provita são programas nos quais a preservação do sigilo das identidades e histórias das pessoas atendidas é fundamental. Desta forma, quanto menos detalhes forem veiculados a respeito das formas de acesso ao programa, mais seguras estarão as pessoas atendidas e aquelas que trabalham nos programas.Se você ou alguém que conheça enfrenta alguma situação de ameaça procure estes contatos ou outras instituições de defesa de direitos. Assim, você poderá obter ajuda e orientação profissional sobre como acessar esses programas.

Equipe Social da Redes da Maré - [email protected]

Em caso de ameaça, procure

Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM) - Tem como objetivo a preservação da vida de crianças e adolescentes ameaçados de morte. Ou seja, é uma forma de garantir que direitos fundamentais assegurados no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) sejam respeitados, entre eles, o direito à vida, à dignidade, à convivência familiar e comunitária, à educação, à saúde, dentre outros. Um das portas de entrada do PPCAAM são os Conselhos Tutelares. Crianças e adolescentes que vivem situações de ameaça devem procurar ou devem ser levadas ao Conselho Tutelar mais próximo. O órgão fornecerá orientações e dará encaminhamento a esses casos. O Conselho Tutelar que atende aos moradores da Maré fica na Rua da Regeneração, n° 654 – Bonsucesso. Os telefones de contato são: (21) 2573-1013 / 98909-1432.

Segundo definição do dicionárioMichaelis, ameaça consiste em:aceno, gesto, sinal ou palavra,cujo fim é advertir, amedrontar,atemorizar etc.; promessa de castigo ou de ma-lefícios; ato delituoso pelo qual alguém, verbal-mente ou por escrito, por gesto ou por qualquer outro meio simbólico e inequívoco, promete fa-zer injustamente um mal grave a determinada pessoa; advertência de futura pena; prenúncio de qualquer coisa má; intimação.

Evento

No dia 31 de janeiro, a partir das 18h, haverá eventode lançamento do Dengue Torpedo com apresentações musicais, cinema, pipoca e atividades de conscientização sobre identifica-ção e eliminação de focos da dengue. Será na Quadra de esportes do Parque Rubens Vaz, na Rua João Araújo, n° 117.Para participar do projeto, crie seu perfil em www.denguetorpedo.com

Vamos combater a dengue!Aplicativo auxilia moradores a combater foco do mosquito da dengue

Fabíola Loureiro

A partir deste mês de janeiro, o projeto Dengue Torpedo (DT) começará um processo de mobilização dos moradores da Maré para promover iniciativas comunitárias de combate à dengue, com auxílio do celular. Criado e desenvolvido pelo Social Apps Lab da Universidade de Berkeley, na Califórnia (Estados Unidos), o projeto tem como objetivo facilitar a identificação de possíveis focos do Aedes aegypti para que eles sejam eliminados. Para isso, o Dengue Torpedo utiliza linguagens próximas dos moradores, como os celulares básicos com câmeras e a internet.

Através da criação de um perfil no site www.denguetorpedo.com, o morador poderá fotografar um foco do mosquito, postar a imagem e sugerir ações para eliminar aquele risco. Poderá também convidar amigos para participar. Todas as ações contarão pontos para o participante e poderão ser trocados por prêmios.

Rui Harayama, um dos coordenadores do projeto, explica que o DT busca o engajamento comunitário para ajudar no desenvolvimento local. “A ideia do projeto é que os próprios moradores possam ser atores no processo de eliminação dos prováveis focos de dengue, compartilhando a responsabilidade com os outros atores, como o poder público”, ressalta ele.

Meses de chuva são críticos

O projeto será desenvolvido ao longo de 2014, porém a fase mais crítica deve ir até abril, por conta do período de chuvas. No ano passado, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, foram registrados 802 casos de dengue na Maré, a maior parte deles entre março e abril.

A equipe do DT começará a atuar na Nova Holanda, Parque Maré, Rubens Vaz e Vila do João, mas por ser um aplicativo de mobilização comunitária, a ideia é que um morador convide outro, até que todas as comunidades estejam participando.

Agentes comunitários de saúde (ACS) e agentes de vigilância em saúde (AVS) irão auxiliar os moradores na hora de eliminar os focos. Esses agentes já estão fazendo visitas domiciliares para verificar se existem focos ou algum morador com suspeita de dengue. “O Dengue Torpedo é importante porque tem a função de conscientizar a população de que o combate ao mosquito, além de ser uma tarefa diária, é uma responsabilidade de todos”, alerta Nathália Cristina, agente comunitário de saúde e moradora do Parque União.

Os coordenadores Rui Harayama e Joelma Souza: moradores compartilham responsabilidades

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Núcleo de Memória e Identidade da Maré (Numim), da Redes da Maré, lança segundo livro em 14 de fevereiro, com a participação de 12 moradores

Silvia Noronha

O livro “Memória e identidade dos moradores do Morro do Timbau e do Parque Proletário da Maré” é resultado de meses de pesquisa e de várias entrevistas realizadas com moradores. Assim, foi possível descobrir como se deu o início da ocupação do Timbau e do Parque Maré, a exemplo do que foi feito no primeiro livro sobre a Nova Holanda. O trabalho foi desenvolvido pela equipe do Núcleo de Memória e Identidade da Maré (Numim), da Redes da Maré, que pretende contar a história das 16 comunidades locais com o apoio dos moradores mais antigos.

No prefácio, Paulo Knauss – professor de História da Universidade Federal Fluminense (UFF), presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro e diretor-geral do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro – associa a valorização da memória à luta pelo direito à cidade. “O que interessa sublinhar é como o estudo da história e a valorização da memória comuni-tária se situam no lugar social da luta pela afirmação do direito à cidade”, ressalta ele.

Neste segundo livro da série, há depoimentos dos moradores Nicéia Perpétua da Rosa Laurindo, Euclides Nunes, Expedito Correia da Silva, Joaquim Agamenon dos Santos e Pedro Rufino da Costa, todos sobre o Morro do Timbau. E sobre o Parque Maré participam Bento Alves de Paiva, Célia Vanda Alves Marinho, Gonçalo Baratio, Lourival Campista, Maria José Barreto, Maria Luiza de Souza da Silva e Severino Edmundo de Aquino. A seguir, uma pincelada sobre o Timbau relevado no livro.

O que significa a palavra Timbau?

O nome Morro do Timbau deriva da expressão tupi thybau, que significa “entre águas”, e se reporta ao fato geográfico de ser o Morro do Timbau o único terreno sólido em meio ao vasto manguezal da Enseada de Inhaúma.

Quem foram os primeiros habitantes do Timbau?

Foram os trabalhadores da pedreira, que estabeleceram suas residências nas proximidades do local do serviço, tornando-se assim os primeiros residentes do Morro do Timbau. O buraco deixado pela pedreira pode ser observado até hoje, como demonstra a foto.

O registro mais antigo encontrado a respeito do processo de ocupação do Timbau é de 28 de outubro de 1904. Foi publicado na Gazeta de Notícias, indicando o interesse de um senhor chamado Carlos Rossi em explorar a área, que era da Marinha. O local estava identificado como “Sítio do Morro do Timbau em Bonsucesso (Inhaúma)”. Foi a partir daí que a pedreira passou a ser explorada.

Outro registro localizado pelos pesquisadores data de 1922 e atesta a presença de trabalhadores da pedreira morando na localidade. Teria havido, portanto, um primeiro núcleo de ocupação na parte mais baixa do Timbau no início do século 20; e um segundo núcleo a partir dos anos 1940.

Mas muito antes disso já havia na Praia de Inhaúma o Porto de Inhaúma, construído em 1570. Nos anos 1900, o porto estava decadente, mas ainda funcionava e atraía pescadores, que podiam atracar seus barcos por ali. No início do século 20, pescadores moravam perto da praia, como a família de Dona Nicéia Perpétua da Rosa Laurinda, uma das moradoras mais antigas do Timbau. Ela nasceu em 1942, mas sua família já morava no local há décadas.

D. Nicéia chegou a conhecer o cais do porto, que ficava onde atualmente é o Sesi, espaço agora

Na capa do livro está João Inácio Martins, o João da Bolinha. Ele foi fotografado em 2013 quando circulava pelo Parque Maré vendendo seu famo-so sabão para fazer bolinhas. Leia mais sobre ele na edição 42 do Maré de Notícias (disponível em redesdamare.org.br. Clique na imagem do jornal e role a barra para baixo até localizar a edição 42). Foto: Rosilene Miliotti

Livro conta história do Timbau e do Parque Maré Equipe do Numim / Redes da Maré

É janeiro! Começamos mais um novo ano e, certamente, ele traz esperanças de um presente e de um futuro melhor, não é mesmo? Podemos garantir – com quase toda certeza - que o Natal e a festa de ano novo, além do tradicional brinde e dos fogos de artifícios, foram momentos de encontros felizes e hora de contar e escutar antigas histórias familiares. Histórias recheadas de amor, esperança, amizade e graça – eventualmente de alguma tristeza, como faz parte da vida – que provocaram risadas, choro, abraços e muita emoção.

Quem nunca ficou encantado com as histórias de pais, avôs, irmãos ou mesmo dos velhos amigos? Quem não sentiu saudades de um tempo em que não era nem nascido? Certamente, amigos leitores, vocês em algum momento de suas vidas, já se sentiram assim. Isso mostra a importância que as memórias têm em nossas vidas e nas vidas de nossas famílias.

Por isso, cada família tem suas histórias e suas memórias; e recontá-las é parte da vida de todos os membros. É interessante observar que no ato de contar histórias familiares temos situações bem interessantes: irmãos que viveram a mesma situação, quando relembram fatos do passado, por vezes, descobrem que suas lembranças são diferentes. Mas se viveram a mesma situação como isso pode acontecer? Como o mesmo acontecimento pode ser contado de duas maneiras diferentes?

Não é tão difícil de responder a essas perguntas: cada um vive a história e cria suas memórias de uma maneira singular, individual e captura dos momentos passados aquilo que mais mexeu com sua emoção. Por isso, detalhes como uma música, um cheiro, uma conversa ou um fato que marcou o país acabam ficando gravados na memória de algumas pessoas, enquanto passam despercebidos por outras.

Por isso, anos mais tarde, quando o fato é relembrado junto com outras pessoas, cada uma conta como viu ou vivenciou o ocorrido a partir de sua experiência. Não temos duas histórias exatamente iguais. Mas longe de ser um problema, esse é um dos aspectos mais importantes e bonitos das nossas lembranças. Mesmo que não relembremos exatamente como os fatos aconteceram, eles serão sempre parte de nós. É isso: as memórias individuais servem para criar laços afetivos e para nos dizer quem somos no presente.

Como qualquer outro lugar da cidade, a favela tem suas histórias e seus moradores também constroem suas memórias. E essas memórias, entre outras coisas, fazem referências a como eles construíram suas casas e como criaram seus filhos e netos. Falam ainda de como os moradores se uniram para enfrentar seus problemas, como ajudaram vizinhos e parentes em momentos difíceis e como, apesar da falta de apoio dos governos e do mercado, mantiveram suas vidas com absoluta dignidade.

Para fazer com essas memórias sejam conhecidas, o Núcleo de Memória e Identidade da Maré (Numim), da Redes da Maré, lança em fevereiro o segundo livro da série Tecendo REDES de Histórias da Maré. Nesse novo lançamento registramos a história do Morro do Timbau e do Parque Proletário da Maré.

O novo livro traz memórias de moradores que ajuda-ram a construir essas duas favelas da Maré. São me-mórias de lutas, alegrias, algumas tristezas e muita vontade de construir uma vida melhor. Essas memó-rias são importantes porque ajudam a quebrar velhos preconceitos, desfazem imagens equivocadas e afir-mam a favela como parte da cidade. Recordar é viver.

ARTIGO - Recordar é viver

“Quem nunca ficou encantado com as histórias de pais,

avôs, irmãos ou mesmo dos velhos amigos? Isso mostra a importância que as memórias

têm em nossas vidas e nas vidas de nossas famílias”

ocupado com escolas da prefeitura. Assim, ela acompanhou todo o processo de ocupação que ocorreu a partir de 1940.

“Veio muita gente do Nordeste, muita gente que chegou aqui, foi fazendo barraquinho pra lá, tá entendendo? Aí, povoou, ficou o povoamento, porque quando eu era menina, tinha meus dez, 11 anos, eu subia isso aqui [Morro do Timbau] lá em cima onde tem a Assembleia de Deus, e ali tinha pé de caju, pé de coqueiro, jabuticaba, jamelão. Eu era menina e você pegava manga ali, andava no mato, era mato que a gente vinha toda arranhada”, conta no livro D. Nicéia, referindo-se às décadas de 1940 e 1950.

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LançamentoMemória e identidade dos moradoresdo Morro do Timbau e doParque Proletário da Maré Data: 14/02 Local: Centro de Artes da Maré (Rua Bittencourt Sampaio, 181. Nova Holanda)Horário: 19h Entrada gratuita!

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Entorno da Maré receberá dois BRTs: Transcarioca e Transbrasil,este último ainda no papel

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Hélio Euclides

Em preparação da cidade para a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016, a prefeitura vem construindo novas vias e adaptando outras sob a alegação de melhorar a mobilidade urbana. Estão previstos quatro corredores viários, dois deles na zona oeste e outros dois na zona norte passando no entorno da Maré: a Transcarioca e a Transbrasil. Para as intervenções, a cidade virou um canteiro de obras, o que traz transtorno diário para os cariocas. Para piorar a prefeitura ainda derrubou o elevado da Perimetral, dando um nó completo na vida de quem entra e sai da área central da cidade.

Prevista para a Copa, a Transcarioca ligará a Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional, na Ilha do Governador, e terá um viaduto próximo ao Parque União, na Av. Brigadeiro Trompowsky. As obras estão orçadas em R$ 1,6 bilhão, sendo R$ 1,1 bilhão de recurso do governo federal.

Já a Transbrasil está prevista para a Avenida Brasil, mas as obras ainda não começaram. “A Transbrasil terá estações por toda extensão, uma delas ficará na Vila do João”, afirma o diretor da Associação de Moradores do Conjunto Esperança, Waldir Francisco da Costa, que participou de uma audiência pública com representantes do município.

Os dois corredores usarão o sistema de BRT, transporte coletivo por ônibus rápido, permitindo a integração a outros modais, como trem, metrô e ciclovias.

“A Transbrasil terá estações

por toda extensão, uma delas ficará na Vila do João”

Waldir Franciscoda Costa, da

Associação do Conjunto Esperança

Pouco se sabe ainda sobre a Transbrasil

A Transbrasil será um corredor expresso ao longo da Av. Brasil desde Deodoro até o Aeroporto Santos Dumont. A licitação será dividida em dois lotes: o primeiro entre o Aeroporto Santos Dumont e o cruzamento

com o BRT Transcarioca na Ilha do Governador e o segundo a partir deste ponto até Deodoro. Segundo a Secretaria Municipal de Obras, o prazo de conclusão é de 30 meses.

O corredor terá 32 quilômetros, com quatro terminais, 28 estações e 16 passarelas. O orçamento é de R$ 1,5 bilhão, sendo R$ 1,097 bilhão financiado pelo governo federal. O acesso às estações em grande parte do BRT

será por meio de passarelas. Entre os terminais da Candelária e do Trevo das Margaridas, trecho de maior demanda de passageiros, o corredor será operado em duas faixas por sentido por uma frota de 881 veículos, entre ônibus articulados e biarticulados.

A Secretaria de Obras diz que vai providenciar a reestruturação da rede de drenagem ao longo da via, com

a implantação de nove projetos para correção de pontos de alagamento.

Waldir diz que pouco se sabe sobre a Transbrasil. Ele aguarda as reuniões com representantes da prefeitura para que o traçado e a localização das estações sejam discutidos. Como a licitação sequer foi lançada, este BRT pode não ficar pronto para a Olimpíada de junho de 2016.

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Fabíola Loureiro

Elisângela Leite

O viaduto da Transcarioca passa sobre a Avenida Brasil e desce pelo Parque União, onde haverá uma es-tação de embarque e desembarque

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Nova escola de cinema com inscrições abertas

O novo Núcleo de Audiovisual da Redes da Maré implantará a Escola de Cinema Olhares da Maré (Ecom) no primeiro semes-tre de 2014, como Ponto de Cultura aprovado por edital da Rede Carioca de Pontos de Cultura. A Ecom, prevista para funcionar no Centro de Artes, realizará cursos livres de Cinema e Audiovisual voltados para a produção de documentários de autorrepresenta-

ção. Inscrições abertas entre os dias 28 de janeiro e 14 de fevereiro, na secretaria da Redes, de segunda a sexta, das 7h30 às 22h, e aos sábados, até as 14h.

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R. Bitencourt Sampaio, 181 Nova Holanda. Programação no local ou pelo tel. 3105-7265 De 2 a a 6a, de 14h às 21h30

Herbert ViannaLona cultural

PROGRAME-SE !

ENTRADA GRATUITA!Veja a programação em www.redesdamare.org.br

Programação para jane i ro

Oficinas e cine rabiolavoltam em fevereiro

Colônia de Férias De 27 a 31 de janeiro

70 vagas - Faixa etária: 3 a 13 anosHorário: 9h às 16h

Inscrições na secretaria da Lonaa partir de 14h do dia 23

R. Ivanildo Alves, s/nNova Maré

Tels.: 3105-6815 / [email protected]

FACE: Lona da Maré /Twitter: @lonadamare

cultura

Biblioteca Popular Municipal Jorge AmadoAo lado da Lona, atende a toda a Maré:

Amplo acervo, brinquedoteca,gibiteca e empréstimo domiciliar

Programação de férias para a criançada

Exposição de fotos do carnaval Inscrições na Redes da Maré

Além da Lona Cultural da Maré (leia acima), haverá colônia de férias também no Parque de Ramos e na Vila Olímpica da Maré (VOM). Na Praia de Ramos, as atividades acontecerão em dois períodos: de 21 a 24/01 e de 28 a 31/01, de 14h às 17h e, atenderá em cada semana 75 crianças de 6 a 15 anos de idade. As inscrições começam no dia 15 de janeiro, no próprio parque da Praia de Ramos. É preciso levar cópia da identidade e do CPF do responsável, certidão de nascimento do aluno, comprovante de residência, foto e atestado médico. Na VOM, as atividades serão de 21 a 24/01 e de 27 a 31/01, de 9h às 16h.

Outra boa opção para as férias é aproveitar as atividades da Sala Infantil Maria Clara Machado, que está aberta de segunda a sexta-feira, de 10h às 19h; e aos sábados, de 10h às 14h. Ao longo do mês de janeiro, haverá atividades lúdicas, leitura, filmes, entre outras atividades que acontecerão na biblioteca e na Praça da Nova Holanda com direto a banho de mangueira.

Os adultos podem aproveitar o acervo da Biblioteca Lima Barreto, que funciona no segundo andar do mesmo prédio, de segunda a sexta, de 9h às 19h; e aos sábados, de 10h às 14h. As duas bibliotecas são da Redes da Maré e ficam na Rua Sargento Silva Nunes, 1.012, na Nova Holanda.

Em 2013, durante os dias de carnaval, um grupo de 22 fotógrafos registrou a maior festa popular do mundo em quatro cidades brasileiras. Agora, parte deste material está na exposição Folia de Imagens, na Galeria 535, do Observatório de Favelas, de 17 de janeiro a 18 de abril.

Não deixaram de ser registrados os tradicionais Cacique de Ramos, Rio Maracatu e Céu na Terra. Assim como o bloco Boca da Ilha, formado por moradores

Dança de RuaSegundas, 17h30 às 18h30

iniciante18h30 às 19h30

avançado

Consciência CorporalTerças, 17h30 às 19h30

Com Lylien Vass

PercussãoTerças, 19h30 às 21h30Com Marcelo Sant’Anna

Dança contemporâneaQuarta, 18h30 às 19h30

Com Jeane Lima

Dança criativaQuarta: 17h30 às 18h30

Com Jeane Lima

Corpo e ExpressãoSexta, 17h30 às 18h30

Com Talitta Chagas

Dança de salãoSexta, 18h30 às 20h30 Com Roberto Queiroz

Oficinas

do Parque União (Maré), e as turmas de bate bolas na favela do Muquiço, em Guadalupe.

O Folia de Imagens é um coletivo de fotógrafos do Rio de Janeiro, formados pela Escola de Fotógrafos Populares e integrantes do Programa Imagens do Povo, ambos criados no Complexo da Maré pelo Observatório.

A Redes da Maré está com inscrições abertas para uma série de oficinas e cursos, entre eles o pré-vestibular (até 27/01); preparatório para o ensino médio (até 21/01); gastronomia para mulheres pelo projeto Maré de Sabores (até 31/01); e fotografia para crianças e jovens de 8 aos 13 anos pelo projeto Mão na Lata (até encerrarem as vagas). Para o curso de línguas (inglês, francês e espanhol), as inscrições acontecem de 21 a 31/01.

Há também diversas oficinas do Programa Criança Petrobras na Maré (PCP Maré), cujas inscrições se encerram no dia 24/01. Leia também sobre a nova escola de cinema na página ao lado, no quadro do Centro de Artes da Maré.

Inscrições na secretaria da Redes, na Rua Sargento Silva Nunes, 1.012, Nova Holanda. Tel.: 3105-5531. Horário: segunda a sexta, das 7h30 às 22h, aos sábados até as 14h. Para o curso de gastronomia, as inscrições também podem ser feitas na Lona Cultural da Maré, na Rua Ivanildo Alves, na Nova Maré, de segunda a sexta, de 8h às 17h.

É preciso levar cópia da identidade, do CPF e do comprovante de residência e uma foto 3x4. No caso das crianças, os pais devem levar também a declaração escolar.

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Rua Teixeira Ribeiro, 535Parque Maré. De segunda a sexta,

de 9h às 17h - Entrada livre

Exposição Folia de Imagens (?)

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raMaré clássicaCrianças e adolescentes formam a Orquestra Maré do Amanhã e se apresentam em teatros e arenas no Rio e fora do Rio. A ideia é

renovar a música clássica e popularizá-la

“Precisamos que os moradores acreditem na gente, para isso

desejamos fazer apresentações na Maré inteira, fazer daqui a nossa casa”

Carlos Prazeres, fundador da Orquestra

Hélio Euclides Elisângela Leite

Carros, motos e ônibus deixam o mundo cada vez mais barulhento. Mas num canto da Maré cerca de 120 alunos procuram a calma e a concentração na música clássica. Tudo começou em 2010, quando

Carlos Prazeres iniciou o projeto Estrada Cultural, um braço profissional da Orquestra Maré do

Amanhã, nome escolhido pelos próprios alunos. O projeto na Maré tem base no Ciep Operário Vicente Mariano, na Baixa do Sapateiro, mas também atua no Ciep Ministro Gustavo Capanema, na Vila do Pinheiro, com um total de

120 adolescentes, todos moradores das comunidades locais. No Caju, Penha e

Xerém, o projeto agrega mais 300 alunos.“Trabalhei a vida toda com música na Orquestra Sinfônica do Rio. Com o tempo embarquei no sonho do meu pai de fundar uma escolinha de música. O diferencial é não ser um projeto social, mas profissionalizante. Temos meta de formar músicos para o mercado de trabalho, renovar a música

clássica e popularizá-la”, exalta o fundador e coordenador Carlos Prazeres.

No início – lembra ele – o som era de “mosquitos”, pois ninguém dominava ainda os instrumentos. Foi um momento de paciência, inclusive para os pais. “Temos a certeza de que a família precisa jogar a favor para o projeto dar certo. Sonhamos com um futuro, dessa forma incentivamos o estudo e almejamos nossos alunos ingressando na faculdade de música”, aposta ele.

Projeto requer muita dedicação

Agora que os jovens estão afinados é só alegria. Os adolescentes começaram do básico, como em um processo de alfabetização, só que sobre notas musicais. Agora, eles já sabem ler as notas e partituras. “Quando entrei não sabia nada, agora estou superinteressado na música clássica”, comenta o contrabaixista Bruno Neves, de 13 anos.

“No começo não temos a noção de como pegar no instru-mento. Por isso entram 50 adolescentes, mas só ficam 25, pois não é fácil, mas é gratificante. Quero continuar e ser uma musicista ou professora, já que hoje já ensino a quem entra. Toco viola em casa, mas te-nho horário e uso surdina (silencia-

dor) para não atrapalhar ninguém”, relata a violinista Railda Lira, de 16 anos.

Neusa Conceição, mãe de aluna, também se empolga com a orquestra. “Sinto-me feliz e emocionada, pois minha filha está aprendendo música. Estamos todos felizes com a participação no projeto”, conta.

Para o diretor do Ciep Operário Vicente Mariano, Luiz Felipe Vieira Ferrão, a ideia principal é que todos tenham um futuro promissor, quem sabe ligado à música clássica. “Concentração e responsabilidade são alguns dos fatores positivos. Esse projeto é de autoestima e estímulo a aptidão”, avalia ele, acrescentando que todos os participantes têm notas acima de sete na escola.

Para a diretora do Ciep Ministro Gustavo Capanema, Carmen Lúcia Ferreira da Silva, ter essa parceria foi uma conquista para toda a escola. “Temos em média 25 alunos que atuam no projeto. Vejo que todos que participam melhoram o desempenho. É visível o interesse dos alunos e o maior ganho é despertar para o caminho da música erudita. Percebo evolução, compromisso e sensibilidade quando escuto eles tocarem”, afirma.

Muitas apresentações pelo Rio afora

A orquestra da Maré reúne violino, viola, violoncelo, oboé, contrabaixo, flauta doce e flauta transversal. Os instrumentos ficam com os alunos, que levam para casa para ensaiar. “O trabalho é grande, são seis ensaios por semana, mais as

apresentações. Ainda há dificuldades como a infraestrutura nas ruas para levar instrumentos que utilizam rodinhas. Cada dia que passa é um orgulho vê-los levarem o nome da Maré para o Brasil todo”, ressalta o maestro Filipe Kochem. Frequentemente, o grupo é convidado para se apresentar em locais como Arena Dicró, na Penha, e em outros palcos do Rio e fora da capital.

Para o futuro, a orquestra almeja uma sede própria que seja dentro da Maré. Como forma de incentivo ao grupo, o ex-atleta Robson Caetano visitou o projeto e comentou sobre o início de sua vida, que foi na Nova Holanda. O próximo objetivo é trazer o ator André Gonçalves, que morava no Conjunto Esperança quando iniciou a carreira. Já se tentou trazer músicos, mas as respostas são negativas por causa da violência.

O projeto conta com o apoio das Secretarias Municipais de Cultura e Educação e das empresas Multiterminais, Marcopolo/Ciferal, Carioca Engenharia e State Grid Brazil Holding S/A. Atende adolescentes de oito a 16 anos e cada um recebe meio salário mínimo de bolsa auxílio. Este ano não haverá inscrições para novos alunos, pois o grupo vai aperfeiçoar o seu conhecimento musical. Os ensaios acontecem às segundas, quartas e sextas-feiras, das 9h30 a 11h30 e das 13h30 a 16h30.

“Precisamos que os moradores acreditem na gente, para isso desejamos fazer apresentações na Maré inteira, fazer daqui a nossa casa”, finaliza Carlos.

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Para que serve óculos verde ? Para verde perto.E pra que serve óculos vermelho ? Para vermelhor.

E pra que serve óculos marrom ? Para ver marromenos.

O que o tomate foi fazer no banco? Foi tirar extrato.

eU USO ÓCULOS! TOMATE NO BANCO

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Rua Sargento Silva Nunes, 1.012 – Nova Holanda Tel.: 3104-3276 E-mail: [email protected]

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Nossas raízes

Mais uma noite sem sonho! - Sara Alves, moradora da Vila do João

Maria de Lourdes do Nascimen-to, moradora da Vila do Pinheiro, enviou este lindo desenho, difun-dindo um princípio que rege seu trabalho: “Compartilhando nossas sementes”. Conforme noticiado na Ed. 47, de novembro passado, D. Lourdes é fitoterapeuta e participa do livro “Sementes - Agentes do Conhecimento Tradicional”, lança-do pela Rede Fitovida em 2013.

Acho que minha velhice chegou...Na minha doce infância, no dia de Finados, ninguém fazia festa, era dia pra ser “guardado”.O silêncio servia como cama para acomodar os pensamentos sobre a vida e a morte. O silêncio também servia para demonstrar o res-peito com aqueles que não mais estão conosco, nesta dimensão.Cultura ou não, passado ou não, ultrapassado ou não, só sei que era um dia de mais silêncio. Sinto falta disso, daquele silêncio, do silêncio que acalmava o corpo, do silêncio que ensinava; era possí-vel observar mais com menos turbulência, era possível observar as atitudes dos mais velhos. A agitação virava maré.O respeito era obrigatório, não facultativo. Ou respeitava ou respei-tava, nem sempre pra se conseguir o respeito, o respeito era usado, mas a força das palmadas, das palmadas de quem, infelizmente, diz “ter aprendido” muitas coisas boas após uns “bons tapas”. Não sou a favor da violência, dói ver alguém sofrer, seja de qual maneira for.Hoje, não só nos dias considerados Santos, por muitos, mas na maioria dos dias e das noites, o silêncio parece não ser mais dese-jado, praticado, assim como o respeito...Gostar do Silêncio não é desgostar da Alegria...Não sou contra a alegria, acredito que seja Presente Divino. A ale-gria é Bem-Vinda à noite, de dia...

A falta do silêncio parece causar um grande estrago em nossas vidas. À noite então, nem se fala... Acredito que as estrelas estão fugindo pra bem longe, pois não aguentam mais tanto barulho que fazemos, nós, seres humanos; quanto som perturbador.Estrelas me lembram a noite e noite me lembra sonhos... É mui-to bom sonhar. Temos direito a sonhos... Um dos meus é o sono, àquele sono que me permite sonhar e ao acordar, quem sabe, re-lembrar... aquele que me dá Paz para prosseguir na trajetória diária, batalhas a enfrentar, com o corpo descansado e alma leve.Como é possível Sonhar quando o Outro invade meu sonho? O Outro decide por mim, em meus ouvidos tocar, no volume em último lugar, o que eu não quero escutar e que já cansou de extrapolar?Temos direito à Alegria!Temos direito ao Silêncio!O Outro tem direito à Alegria.Eu tenho direito ao Silêncio.Mas voltando a falar sobre o Respeito (seja à noite, seja... ) esse Nosso Direito é Preservado hoje em dia?

Respeite seu vizinho! Ele pode não gostar de ouvir sua escolha musical. Ele tem direito de não querer ouvir nada, tem direito ao Silêncio! Tem direito ao sono! Tem direito à Saúde!Seja Feliz sem incomodar!

Elis

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