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Ano V, N o fevereiro de 2014 - Maré, Rio de Janeiro - distribuição gratuita 50 Amigas de infância, Romilda Severina dos Santos e Elenice Leite da Silva nos contam várias histórias e bagunças que faziam quan- do crianças em Marcílio Dias. Para elas, não tinha tempo ruim. A “enceradeira” improvisa- da, a hora da xepa, a cata ao caranguejo, o barco na porta do barraco sobre palafita, o siri subindo, a água invadindo. Tudo era moti- vo de alegria. Pág. 8 e 9 Imóveis por mais de R$ 100 mil não são mais raridade na Maré, embora a média de preços seja de R$ 20 mil por uma quitinete e de R$ 60 mil a R$ 90 mil por uma casa maior. Em 10 anos, um imóvel com laje na Nova Holanda passou de R$ 12.500 para R$ 60 mil. Os alugueis ultrapassam os R$ 350. A especulação imobiliária que tomou conta do Rio de Janeiro influencia os valores atuais. . Pág. 4 e 5 Nas favelas “pacificadas” do Rio, a Polícia Militar proíbe ou dita quais são as regras para a realização de eventos. A polêmica é debatida pelo MC Leonardo e pelo coordenador das UPPs. Moradores da Maré falam dos prós e contras dos bailes que vão até tarde. Pág. 12 e 13 Marcílio Dias é só alegria Tá caro pra caramba! Cultura virou caso de polícia Entrevista Cadu Barcellos fala sobre os rolezinhos Pág. 3 Carnaval Perfil da Nega e roteiro da Maré Pág. 6 e 7 Maré na França Por Thaina Farias Pág. 15 Centro de Artes e Lona da Maré Pág. 14 Arquivo de Romilda Severina dos Santos Elisângela Leite Rosilene Miliotti Hélio Euclides Reprodução Reprodução Hélio Euclides Muitas atrações! Confira!

Maré de Notícias #50

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Leia este mês: Rolezinho; Historia de passista; Funk X UPP; Histórias de Marcílio Dias; França; Especulação imobiliária e muito mais.

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Ano V, No fevereiro de 2014 - Maré, Rio de Janeiro - distribuição gratuita50

Amigas de infância, Romilda Severina dos Santos e Elenice Leite da Silva nos contam várias histórias e bagunças que faziam quan-do crianças em Marcílio Dias. Para elas, não tinha tempo ruim. A “enceradeira” improvisa-da, a hora da xepa, a cata ao caranguejo, o barco na porta do barraco sobre palafita, o siri subindo, a água invadindo. Tudo era moti-vo de alegria. Pág. 8 e 9

Imóveis por mais de R$ 100 mil não são mais raridade na Maré, embora a média de preços seja de R$ 20 mil por uma quitinete e de R$ 60 mil a R$ 90 mil por uma casa maior. Em 10 anos, um imóvel com laje na Nova Holanda passou de R$ 12.500 para R$ 60 mil. Os alugueis ultrapassam os R$ 350. A especulação imobiliária que tomou conta do Rio de Janeiro influencia os valores atuais. . Pág. 4 e 5

Nas favelas “pacificadas” do Rio, a Polícia Militar proíbe ou dita quais são as regras para a realização de eventos. A polêmica é debatida pelo MC Leonardo e pelo coordenador das UPPs. Moradores da Maré falam dos prós e contras dos bailes que vão até tarde. Pág. 12 e 13

Marcílio Diasé só alegria

Tá caro pra caramba!

Cultura virou caso de polícia

Entrevista

Cadu Barcellos fala sobre os rolezinhos Pág. 3

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Perfil da Nega e roteiro da Maré Pág. 6 e 7

Maré na França Por Thaina Farias Pág. 15

Centro de Artes e Lona da Maré Pág. 14

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Muitas atrações! Confira!

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Redes de Desenvolvimento da Maré Rua Sargento Silva Nunes, 1012,

Nova Holanda / Maré CEP: 21044-242 (21) 3104.3276 (21)3105.5531

www.redesdamare.org.br [email protected]

Os artigos assinados não representam a opinião do jornal.

Parceiros:

Fabíola Loureiro (estagiária)

Fotógrafa Elisângela Leite

Proj. gráfico e diagramaçãoPablo Ramos

Logomarca Monica Soffiatti

Colaboradores Anabela Paiva

André de LucenaAydano André Mota

Equipe Social da Redes da MaréFlávia Oliveira

Numim/ Redes da MaréThaina Farias

Coordenadoresde distribuição

Luiz GonzagaSirlene Correa da Silva

Impressão Gráfica Jornal do Commercio

Tiragem 40.000 exemplares

Instituição Proponente Redes de Desenvolvimento da Maré

Diretoria Andréia Martins

Eblin Joseph Farage (Licenciada) Eliana Sousa Silva

Edson Diniz Nóbrega Júnior Helena Edir

Patrícia Sales Vianna

Coordenação de ComunicaçãoSilvia Noronha

Instituição Parceira Observatório de Favelas

Apoio Ação Comunitária do Brasil

Administraçãodo Piscinão de Ramos

Associação Comunitária

Roquete Pinto

Associação de Moradores e Amigos do Conjunto Bento Ribeiro Dantas

Associação dos Moradores e Amigos do Conjunto Esperança

Associação de Moradores do Conjunto Marcílio Dias

Associação de Moradores do Conjunto Pinheiros

Associação de Moradores do Morro do Timbau

Associação de Moradores do Parque Ecológico

Associação de Moradores do Parque Habitacional

da Praia de Ramos

Associação de Moradores do Parque Maré

Associação de Moradores do Parque Rubens Vaz

Associação de Moradoresdo Parque União

Associação de Moradores

da Vila do João

Associação Pró-Desenvolvimento da Comunidade de Nova Holanda

Biblioteca Comunitária Nélida Piñon

Centro de Referência de Mulheres da Maré - Carminha Rosa

Conexão G

Conjunto Habitacional Nova Maré

Conselho de Moradores da Vila dos Pinheiros

Luta pela Paz

União de Defesa e Melhoramentos do Parque

Proletário da Baixa do Sapateiro

União Esportiva Vila Olímpica da Maré

Editora executiva e jornalista responsável

Silvia Noronha (Mtb – 14.786/RJ)

Editor assistente Hélio Euclides (Mtb – 29919/RJ)

Repórteres e redatores Aramis Assis

Beatriz Lindolfo (estagiária) Rosilene Miliotti

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Agradecimento

Gostaria de agradecer o trabalho que vocês, da Redes, vem fazendo com parcerias para a nossa comunidade. Sempre gostei de ler o jornal da Maré e de um tempo para cá soube das oficinas através do jornal. Esse ano vou me escrever na oficina de gastronomia, que sempre gostei, mas não tinha condições de pagar. Agora que sei que na minha comunidade tem o curso fiquei muito feliz. Agradeço a vocês e peço que publiquem mais sobre os cursos e oficinas no nosso jornal, pois não tinha conhecimento de muitas coisas que têm na minha comunidade, como acho que muitas pessoas e jovens ainda não têm. Peço que vocês divulguem mais aqui na Nova Maré e desde já agradeço. Fiquem com Deus.

Nilma Morais

Alcoolismo

Esse excelente jornal já publicou por diversas vezes os endereços dos grupos de alcoólicos anônimos da Maré. Uma grande iniciativa na luta contra o número cada vez maior de pessoas, inclusive jovens, com sérios problemas com a bebida. Gostaria de saber se não seria interessante vocês publicarem uma reportagem e/ou entrevista sobre o alcoolismo com um médico especialista. Há mais de 40 anos nesse tema tão atual, posso facilmente ser o mediador do contato entre vocês e o profissional, pois conheço vários que adorariam participar dessa empreitada.

Edinaldo Lima

Resposta da Redação: Conforme já adiantado por email, a reportagem sairá em breve. Obrigada pela sugestão e apoio!

HUMOR - André de Lucena: “Assim caminha a humanidade”

CARTAS

Expediente

Leia o Maré e baixe o PDF em www.redesdamare.org.br /redesdamare @redesdamare

Maré também dá um rolezinho Silvia Noronha Elisângela Leite

Um grupo de jovens moradores e de frequentadores da Maré havia organizado um rolezinho no Fashion Mall, shopping de alto luxo em São Conrado. O evento estava marcado para domingo, 2 de fevereiro, e um ônibus sairia da Maré, passaria no Alemão e no Jacarezinho, mas o encontro acabou não acontecendo por causa de uma medida judicial que determinou o seu cancelamento.

Entre os organizadores, estava o morador e cineasta Cadu Barcellos, um dos diretores do filme “Cinco vezes favela, agora por nós mesmos”, ao lado de amigos como Ana Paula Lisboa e Renato Cafuzo, também da Maré. Abaixo, Cadu conta um pouco o que ocorreu.

Maré de Notícias: Por que vocês marcaram esse rolezinho?

Cadu Barcelos: Foi uma iniciativa. O ponto de encontro foi a Maré, porque a Maré vem se tornando isso há muito tempo: meio que um imã da cidade para pessoas engajadas se reunir e pensar alguma coisa, mas com pessoas de diversas partes da cidade. Foi um movimento que surgiu espontaneamente, mas não sou líder de movimento nenhum. Esse movimento não tem cara, na verdade ele tem cor e expressão, sendo uma das principais o funk. É uma ida simbólica a um shopping específico que já tem um histórico de preconceitos muito grande.

A gente já tinha discutido esse movimento do rolezinho há muito tempo, porque não começou agora, já vem de encontros, orkontros (marcados pelo Orkut), que há muito tempo são movimentos espontâneos de jovens e adolescentes que querem se encontrar, trocar uma ideia. Mas hoje com o advento da internet isso explodiu. Para dar um exemplo, no último encontro desses em Caxias foram quase 3.000 pessoas, shopping lotado do lado de fora e de dentro. No Madureira Shopping acontece muito, na expansão do Norte Shopping também. Acontecem há muitos anos sem problemas, mas estamos falando de bairros da Zona Norte, da Baixada Fluminense, onde o público que frequenta é negro, funkeiro, usa bermuda, boné e tem esse linguajar, e isso é comum, né.

Editorial

Histórias de hoje e de ontem

A vida sobre palafitas não era fácil. Tempos difíceis, sem dinheiro suficiente para as compras de mercado, sem luz, sem saneamento, sem água encanada e tantas privações. Nada disso tirou a alegria de viver de duas moradoras de Marcílio Dias, que nos contam sobre a infância vista pelos olhos de duas crianças. Acreditamos que a reportagem de Hélio Euclides, nas páginas 8 e 9, contagie também o leitor.

Aliás, essa edição está rica de boas histórias. Tem a Nega, passista de escola de samba, copeira e dona de lanchonete na Nova Holanda (pág. 6 e 7); a Thaina Farias, jovem que voltou da França recentemente (pág. 15); e Cadu Barcellos, que nos conta sobre o engajamento político da galera da Maré (pág. 3).

Outro assunto da maior relevância são os valores dos imóveis na Maré, que não param de subir – reflexos da chamada especulação imobiliária (pág. 4 e 5). Os moradores tentam se adaptar à realidade. Afinal, a Maré está bem localizada, tem comércio farto e bancos logo ali em Bonsucesso.

A todas e todos, boa leiturae bom carnaval!

Maré: Esse tipo de evento pode levar a uma reflexão sobre nossa sociedade segregada?

Cadu: Esses rolezinhos vêm causando muito discussão e impacto. Não é a toa que um shopping de elite toma uma atitude como essa de abrir um processo civil criminal contra pessoas que estavam simplesmente celebrando um encontro em um espaço da cidade. Tem um processo aberto mesmo! Eu não fui procurado ainda, mas fui citado nominalmente, com o agravante de pedir o IP (identificação de cada computador) e os dados dos organizadores do evento. Estamos realmente numa ditadura. O argumento deles é que essas pessoas estavam incitando a violência, sendo que na nossa página (que foi apagada pelo próprio Facebook) não tinha ninguém incitando nada, nem perfil falso houve para atiçar violência.

Maré: Você pretende marcar outro rolezinho?

Cadu: Estamos conversando, porque a internet pode ser usada para o bem e para o mal, contra

a gente. Estamos conversando fisicamente para ver. Não sabemos se faremos um rolezinho, um manifesto, um vídeo para mostrar às pessoas o que estamos pensando, porque essa cidade está caminhando para algo que não é para o bem comum. Os grandes eventos, as grandes obras, as remoções e agora também está havendo essa discussão dos valores cobrados na praia. Pra mim pode ser mais uma forma de expulsar o suburbano da praia e segregar, mostrar que ele não tem condições de ir. Essa falácia de que a praia é o lugar do encontro universal, que é de graça, que todo mundo pode ir. Não é, tem que pagar passagem pra ir e o prefeito coloca policiais para revistar as pessoas que estão indo à praia. Eu escuto banhistas do Leblon falando: ”Ah, já perdemos o Arpoador”, que é a praia pobre suburbana, e perguntando: ”Será que vamos perder Ipanema e Leblon agora?” Tudo isso evidencia que a cidade não é para todos, não é para o negro. A cidade é para o turista e para o morador do túnel pra lá.

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Fonte: Robvendas. Uma casa semelhante na Maré pode valer mais de R$ 100 mil dependendo da localização.

quarto e sala apertado na Rua Principal. Ela paga R$ 350 e continua em busca de uma casa maior por até R$ 500. “Apareceu uma por R$ 700, mas não temos condições de pagar”, diz.

Se pudesse escolher, Cida moraria em Ramos. Para o futuro, ela pensa em entrar no programa Minha Casa Minha Vida. “Assim que resolver uma dívida com cartão de crédito, vou me inscrever. Prefiro próximo daqui, mas se não tiver jeito, me mudo até para Zona Oeste”, acrescenta.

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Imóveis na Maré nasCasas por até R$ 160 mil assustam até corretor. Em média preços vão de R$ 20 mil a R$ 90 mil

Hélio Euclides e Silvia Noronha

O mercado imobiliário na Maré continua em alta, acompanhando a onda do restante da cidade. Os valores variam de R$ 20 mil por um quitinete mais simples a R$ 160 mil por uma casa grande (montante pedido por um proprietário na Vila do João). Entretanto, este preço mais elevado foi considerado “sem noção” pelo corretor de imóveis que atua na Maré, Josemar Nazá-rio. Segundo ele e seu colega de profissão Robson da Silva, as ca-sas maiores e melhores costumam ser negociadas entre R$ 60 mil e R$ 90 mil, mas há as que valem R$ 120 mil. As mais caras estão na Vila do João e no Parque União, espe-cialmente as situadas no Sem Terra. Ainda de acordo com os dois corretores, a maior parte das pessoas que procuram imóvel já mora na Maré. “Quem compra um quitinete, trabalha e depois compra um quarto e sala e assim por diante. É uma escada”, observa Robson, que há dez anos come-çou a trabalhar como corretor após vender a casa

onde seus pais haviam morado, na Rua Safira, na Nova Holanda. O imóvel de dois andares, três quar-tos e laje foi negociado na época por R$ 12.500. Hoje, vale R$ 60 mil. O quitinete onde ele próprio morou 10 anos atrás, de aluguel, foi vendido na mesma época por R$ 4.500 e hoje vale R$ 20 mil.

Josemar também é mais procurado por quem já é daqui. “A maioria vende para comprar algo maior dentro da comunidade; eu mesmo fiz isso. Alguns trocam a comunidade, mas ficam na Maré”, avalia ele. Este foi o caso de Kátia Lapa, que recentemente se mudou de Bento Ribeiro Dantas para o Conjunto Pinheiro. “Estou muito satisfeita com a aquisição do apartamento (originalmente de um quarto, mas transformado em dois). Não achei caro, custou R$ 41 mil. Só sei que a procura é grande, mas tive sorte”, comenta ela.

Kátia quis se mudar porque sua antiga casa precisava de obras. “Aqui no Conjunto Pinheiro pode não ter quintal, mas gostei da grande área de lazer que é a ciclovia. Para mim, o que desvaloriza a comunidade é a falta de luz. A Light podia fazer algo para reverter essa situação”, acrescenta.

Melhorando de casa aos poucos

Boa parte dos que procuram o Josemar já é da-qui e sonha em sair do aluguel. “Só conheço a Vila do João

que vem gente de fora para morar, tipo de Copa-cabana e até de áreas pacificadas. O mercado das comunidades oferece até laje”, observa. Segundo Josemar, o preço aumentou com o boato da UPP.

Gisele Arruda é moradora antiga e tenta sempre melhorar de habitação. Ela fica de olho, pois se aparecer algo melhor, ela vende a atual e compra a outra. “Comecei na Rua Tatajuba, depois fui para Flavia Farnese, Leonardo Moreno, Cinco e agora já é a segunda na Teixeira Ribeiro. Sempre na Nova Holanda, pois fui nascida e criada aqui, é tudo povão. Sei que não tenho condição financeira de ir para fora, então tento melhorar minhas habitações cada vez que me mudo”, explica.

Ela viu casas custando até R$ 120 mil e associa a va-lorização à migração de pessoas de fora, muitas delas em busca das oportunidades oferecidas por projetos sociais existentes da Maré. Essa migração é obser-vada pelos corretores, mas não seria a causa da alta, na avaliação deles.

Gisele está há três meses em um quarto e sala

Casa de três quartos naNova Holanda em 2004R$ 12.500

Casa de três quartosna Nova Holanda em 2014

R$ 60.000

Valor médio do aluguel na Maré:

Quitinete: R$ 350,00 Casa: R$ 450,00 Apartamento: R$ 550,00

com varanda e laje. “A última casa vendi a R$ 50 mil e comprei essa por R$ 81 mil. Com as reformas que fiz, como instalação de bomba, luminárias, massa e pintura, agora vale uns R$ 90 mil. Aqui na Nova Holanda tem pessoas comprando e dividindo em dois para lucrar mais na venda. Vejo que tem morador que vende e vai para o Nordeste. Depois se arrepende, retorna e o dinheiro não vale mais o de antes; fica sem casa”, afirma.

Quanto aos valores, Robson diz que a favela acompanha a tendência de aumento de outros bairros da cidade, como uma onda em que um puxa o outro. Recentemente, ele viu variação de R$ 70 mil para R$ 90 mil em apenas três meses e acha que a tendência é valorizar ainda mais. “Estamos num dos melhores lugares que têm”, opina ele, embora também diga que muitos sonham em morar fora da favela, em Bonsucesso, por exemplo, onde um apartamento custa R$ 180 mil. Segundo Robson, há também os que vendem aqui para comprar algo mais em conta na Zona Oeste.

Alugar: difícil e preço nas alturas

O mercado de aluguel, por sua vez, está concorridíssimo. Robson tem cerca de 250 clientes na fila. “É mais quem está começando a vida”, diz ele a respeito dos que vivem em casa alugada. Mas há muitos que lutam e não conseguem comprar o primeiro imóvel, até porque as cartas de crédito só são aceitas para aquisição de imóveis com escritura. Praticamente só os apartamentos do Conjunto Esperança e algumas casas de Bento Ribeiro Dantas e do Timbau possuem, segundo Josemar.

Maria Aparecida da Conceição, a Cida, mora de aluguel na Maré desde 1996. Seu marido tem um terreno em Duque de Caxias, mas eles não querem construir por lá. “É muito longe”, explica. No final do ano, ela precisou entregar a casa onde morava. Como não achou o que queria, teve de se mudar para um

altura$Fonte: Josemar

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Pequena no tamanho, mas gigante no samba, Nega mede 1,55m e pesa 52kg, mas quando coloca o salto 18 e começa a sambar, vira uma gigante

Rosilene Miliotti

Nascida no mundo do samba, a passista Cremilda Lima, conhecida como Nega, 44 anos, entende do riscado desde criança, mas só aos 19 começou a desfilar como passista. Na Unidos da Tijuca, escola de coração, ela dedicou 14 anos da sua vida e fez shows no Rio de Janeiro e em São Paulo.“Há três anos parei de desfilar por causa da tuberculose e não quis mais voltar à rotina de ensaios, mas tenho a minha vaga lá. Escola de grupo especial é marcação, tem que ensaiar durante a semana e eu não aguento mais. Traba-lho o dia todo como copeira em um escritório, à noite vou para minha lancho-nete e ainda tenho encomendas de doces e salgados. Agora me dedico só ao Gato de Bonsucesso, outra escola de coração, onde já fui rainha de bateria”, conta ela. Ela lembra que antigamente desfilava em uma escola, corria, tro-cava de fantasia e desfilava em outra e assim fazia todos os dias do carnaval.

Nega tem três netos e a menor já samba. O marido, Ronaldo Souza, é só elogios a ela. “Ela trabalha fora e ainda mantém a casa em ordem. Isso é uma máquina”, declara. Nega não pode escutar um batuque que começa se ba-lançar. “Carnaval pra mim deveria ser o ano todo. Apesar de desfilar há muito tempo, todo ano parece a primeira vez”, revela ela, que mora na Nova Holanda.

Loucuras de carnaval

“Quando trabalhava como caixa em um supermercado, eu sentia uma dor no pulso e perto do carnaval fui ao médico para ele engessar o braço. Quando cheguei em casa, arranquei o gesso e fui desfilar. As amigas do trabalho me viram na televisão. Elas diziam que era eu e eu dizia que não era. Depois do carnaval, voltei ao médico e ele percebeu que eu tirei o gesso. Aí colocou o gesso novamente”, se diverte Nega.

Boca de SiriSegunda-feira, dia 3, às 21h

Gato de BonsucessoTerça-feira, dia 4, às 22h

Filhos do ParqueDomingo, 02/03, às 14h

Concentração na rua Deodoro da Fonseca, Parque UniãoBeber, cair e levantar

Programação diária durante o carnaval a partir das 16h, Praia de Ramos

Gargalo da Vila Domingo, 02/03, às 15h.

Concentração na rua 11, Vila do João

Tapa na PetecaDomingo, dia 2, às 15h.

Concentração na Teixeira RibeiroSe Benze Que Dá

Dia 22/02 e 08/03, às 18hBoca da Ilha

Terça, 04/03, às 17h. Concentração na Rua da Conquista, Parque União

Roteiro do carnaval na Maré e da MaréDesfile das escolas de samba da Maré na Estrada Intendente Magalhães, Campinho

“Arranquei o gesso do braço e fui

desfilar. As amigas do trabalho me viram

na televisão. Elas diziam que era eu e eu dizia que não era. Depois do carnaval, voltei ao médico e

ele colocou o gesso novamente”

“Já tive bolhas nos pés e tenho algumas marcas no corpo por causa do es-plendor (adereço que carrega nas costas, em geral cheio de plumas e paetês). No primeiro ano que desfilei pela Unidos da Tijuca, a bota estava com o salto mole. Eu chorava porque queria sambar. Aí o presidente falou pra eu ir só me mexendo. Mas como sambo na ponta do pé, quando eu entrei na avenida comecei a sambar, esqueci o salto mole e quando dei por mim sambei assim mesmo”, lembra.

Para Nega, as passistas são guerreiras. “Não ganhamos dinheiro para desfilar. E por mais que a gente vá direto do trabalho para o ensaio, a gente se monta, coloca um sorriso no rosto e samba a noite toda. Sou muito vaidosa e por isso eu trabalho muito para sustentar minha vaidade. Fico maquiada o dia todo. Quando vou trabalhar sem maquiagem, as pessoas não me reconhecem”, brinca.

Nega sonha em criar uma escola de passistas mirins para incentivar a continuida-de do carnaval. Este ano ela só vai desfilar no Gato de Bonsucesso, “mas sempre pode aparece uma vaga em uma escola em cima da hora”, acrescenta ela.

Cozinheira de mão cheia, Nega passou uma receita para gente. Confira na página 14.

Roteiro dos blocos da Maré

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Nega no ensaio do Gato de Bonsucesso este ano. Na foto mais à direita, ela na Unidos da Tijuca, anos atrás

Até o fechamento desta edição, alguns blocos não tinham definido todas as informações.

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encerado, colocava-se um casaco no chão e em cima uma criança e puxava, era nossa enceradeira. Depois vinha a maré e lavava tudo”, expõe Elenice.

Romilda, por sua vez, não esquece a dificuldade com a água, que iam buscar no antigo depósito da Brahma, usando lata ou o rola. Muitas vezes os moradores atravessavam as quatro pistas da Avenida Brasil, em busca de água, na antiga fábrica

da DeMillus, na Penha. Naquele tempo não tinha passarela, então muita gente morreu atropelada.

No tempo do mar na porta de casa, a comunidade era visitada por pessoas de outras localidades. Muitos vinham de Copacabana tomar banho de lama medicinal. “Íamos pegar no mangue a lama virgem para as madames. Era uma lama tipo geleia, que eles chamavam de argila”, conta

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Moradoras se divertem ao lembrar a infância em Marcílio Dias, lugar em que vivem até hoje

Lembranças divertidas de Marcílio Hélio Euclides

Um marco para a comunidade Marcílio Dias foi servir de cenário para a gravação do filme “Maré, Nossa História de Amor”, em 2006/2007 (dirigido por Lúcia Mu-rat e lançado em 2008). Mas para moradores, a vida em Marcílio é sempre marcante e cheia de his-tórias, algumas delas estão logo abaixo. Fomos até a Rua Nossa Senhora da Penha, ponto de en-contro de duas amigas: Romilda Severina dos Santos, de 65 anos, e Elenice Leite da Silva, de 62, que transformaram o bate papo numa viagem ao túnel do tempo. As lembranças de um lugar “sem terra”, onde as casas eram dentro do mar, vieram à tona.

Nascida em Fortaleza, por causa da seca Romilda veio em 1954 para

Marcílio, com apenas cinco anos de idade. Quando chegou encontrou apenas 25 barracos, todos sobre a água. Pelas fendas, ela via o mar e não precisava sair de casa para pescar, era só usar linha e anzol. “Morávamos em tablado de madeira, com água embaixo. Na época pegávamos siri, tatuí e mariscos”, conta Romilda. Ela lembra que os barracos tinham dois metros de altura; mesmo assim os siris subiam pelas estacas. Outro marco era que os barcos vinham até a porta das casas.

Já Elenice veio para Marcílio com seis meses de idade e hoje as duas amigas concordam em dois pontos: não têm vontade de sair comunidade e dizem que o passado era especial. “Marcílio é um coração de mãe. Mas quando olho para trás percebo que a gente era feliz e não sabia”, destaca Elenice. Ela lembra das muitas doações que as famílias recebiam. “No mercado estourava o saco de feijão e arroz no transporte e davam para nós. Os mercados Pague Menos e Pegue Pague davam mercadorias que sobravam, como biscoitos. Também pegávamos biscoito e pão para a semana toda de doação de marinheiros.

Ganhávamos retalhos, bebidas, cigarros, carnes, chocolates e frangos, tudo que sobrava do mercado”, enumera.

A amiga Romilda diz que na época ninguém tinha conforto, mas dava para se virar com biscates e com doações. “Ninguém passava fome, pois atravessávamos a ponte e chegávamos ao Mercado São Sebastião. Lá ganhávamos muitas frutas, pois era como se fosse a Ceasa de hoje. Meu irmão e eu pegávamos dois sacos de estopas, emendávamos e fazíamos um arrastão para pegar peixe ou com as tripas de galinha capturávamos siri. Onde é a Kelson era mangue, e lá íamos atrás de caranguejos. Os barcos também davam peixe para os moradores. Éramos chamados de xepeiros”, comenta Romilda. As duas sentem saudades do tempo que era fácil pegar camarão e tatuí, que chamam de barata d’água. A poluição veio e acabou com tudo, lamentam elas.

Palafitas deixaram saudade

As duas se lembram com carinho do tempo das palafitas. “As pontes eram pinguelas que passavam de um lado para o outro. Tudo era barraco, mas no capricho, com cera no chão, toda sexta-feira era

Romilda. A falta de tecnologia da época também chamava atenção. Não tinha energia elétrica, então a solução era lampião e lamparina. O ruim era pela manhã, pois o nariz ficava preto de tanto respirar aquele ar. A mãe de Romilda improvisava com lata de leite ninho e pano e fazia uma lamparina caseira. Ela não esquece o primeiro fogão que era da marca Cosmopolita e a geladeira de madeira.

Fantasmas e sonâmbulos

A infância era de inocência. Uma das demonstrações disso é a história sobre Dona Estelinha, a parteira de Marcílio Dias. Ela dizia para as crianças ficarem na frente da casa da grávida para esperar a cegonha. Quando a criança nascia, a desculpa era que a cegonha tinha entrado pelos fundos da casa.

Da lavagem de roupa, as lembranças são muitas. Havia um bicão da Marinha, que era uma festa, onde todos aproveitavam para tomar banho. Elas contam que levavam a roupa na bacia, em cima da cabeça, e o retorno era uma grande trouxa. Próximo a bica os panos eram deixados para quarar e secar.

As festas também não saem da cabeça dessas duas amigas. “Na sexta-feira a animação ficava

por conta do Bar do Moacir. No dia de São Pedro todos enfeitavam os barcos para a procissão, era um passeio gostoso. Já em São João juntávamos todos para enfeitar as ruas. A festa era à base da sanfona e zabumba”, rememora Elenice.

As histórias engraçadas de infância são inúmeras. As duas faziam palhaçada com tudo. Na memória afetiva, os tempos difíceis foram bons e divertidos. Falta d´água, resto de comida, barracos sobre palafitas, falta de passarela na Av. Brasil, mortes – nada tirava a alegria de viver. “Certa vez, houve um suicídio e a casa ficou vazia; a pessoa tomou formicida Tatu. Então, pegamos lençol, capa preta e vela e ficamos assombrando os pescadores. O Tatão, que era o fundador da favela, apareceu com um facão e sumimos”, relembra Romilda.

Durante o bate papo, a risada era a todo o momento. “O Tatão era o rabecão do mar, trazia os mortos do mar para as margens. Certa vez, lá para Brás de Pina achou um morto de pijama e trouxe para Marcílio. Quando o povo estava em volta, o morto começou a se espreguiçar; era um sonâmbulo, só que todos correram gritando: O defunto acordou!”, recorda Romilda.

Romilda Severina dos Santos (`esquerda), Elenice Leite da Silva (à direita) Romilda, o irmão e a mãeno barraco nos tempos da palafita

Moradores vestidos de caipira para a festa junina(Romilda não sabe o ano da foto)

Aniversário da sogra da Romilda (que é a primeira à direita)

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“Tudo era barraco, mas no capricho, com cera no chão,

colocava-se um casaco no chão e em cima uma

criança e puxava, era nossa enceradeira”

Elenice, lembrando da infância

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TASO que acontece e o que não deixa

de acontecerpor aqui

Vagas abertas para diversas oficinas na RedesO projeto Maré sem Fronteiras, da Redes da Maré, está com inscrições abertas para cinco oficinas: Teatro (a partir de 16 anos), Audiovisual, Educação Ambiental, Literatura e Expressão (de 7 a 12 anos) e Música e Ciclismo (de 7 a 16 anos).

São apenas 25 vagas para cada oficina. As inscrições podem ser feitas na secretaria do prédio central da Redes, na Rua Sargento Silva Nunes, 1.012 (esquina com a Rua Principal), Nova Holanda. Mas para a oficina de Educação Ambiental os interessados devem procurar a Lona Cul-tural da Maré, na Rua Ivanildo Alves, no Parque Maré. As oficinas são gratuitas. Mais informações pelo tel.: 3105-5531.

Para se manter atualizado sobre as oficinas com inscrições abertas na Redes, visite o site: redesdamare.org.br e clique na aba “Oficinas”, que fica no alto à direita.

Pequeno CampeãoO projeto Pequeno Campeão, que existe desde 2005, oferece aulas de jiu jitsu, judô e submission (jiu jitsu sem pano). A iniciativa é do professor de jiu jitsu Anderson Ramalho, o Dinho, e conta com ajuda de familiares e amigos. A escolha do nome foi porque, no início, as aulas eram somente para crianças; logo depois vieram os jovens e adultos.

Os alunos participam das federações Carioca, Desportiva e Olímpica e já conquistaram diversos campeonatos sulamericanos. “É uma conquista muito boa, porque em um dia são várias lutas. Teve um aluno nosso que lutou seis vezes”, conta Dinho. Por não terem espaço próprio, eles já passaram por di-versos lugares dentro e fora da Maré. Hoje treinam na antiga Infinity Music, na Nova Holanda. As aulas acontecem de segunda a quinta, de 19h às 21h. Porém, devido ao espaço, as inscrições estão temporariamente suspensas.

Mileide Henrique, de 18 anos, e Rafael Fernandes, o Bochecha, ambos da Nova Holanda, começaram novos no projeto e hoje ajudam Dinho com as crianças. Mileide foi campeã carioca e sulamericana e Rafael já conquistou cerca de 30 medalhas. Bochecha pretende ser professor e ter a sua própria academia. “Em vez de me verem campeão, eu farei campeões”, conclui.

Cursos na Vila do JoãoO Banco da Providência está com inscrições abertas para diversos cursos: Beleza- Cabeleireiro - Mega Hair, Entrelace e Maquiagem; Confecção: Corte Costura, Modelagem, Costura em Malha e Lycra; Gatronomia: Lancheiro , Bolos e Tortas, Auxiliar de Cozinha; Informática; Mecânico de Re-frigeração, Mecânico de Automóveis; Eletricista e Instalador. Inscrições gratuitas na Paróquia São José Operário, na Via A1, nº 150, na Vila do João. Mais informações com Vânia, assistente social da instituição, pelo tel.: 98578- 0628.

Funcionários reclamam do posto Gustavo CapanemaOs funcionários do posto de saúde Gustavo Capanema, na Vila do Pinheiro, fizeram uma paralisação na primeira semana de fe-vereiro, devido às más condições de trabalho. “Resolvemos fazer essa paralisação para reivindicar alguma melhoria”, conta o agente comunitário Ernesto João.

Dias antes, a sala onde ficam os agentes e os enfermeiros, na par-te de trás do posto, registrou 48° de sensação térmica e há relatos de que já chegou a 62°C. Os pacientes são obrigados a enfrentar o calor, pois não há ambientes adequados para acolhê-los. Além disso, os funcionários já ficaram até mesmo sem água para beber.

Os funcionários esperam há 3 anos pela construção da Clínica da Família que substituirá a posto. “Esperamos ur-gentemente pela Clínica da Família; é angustiante ficar nessa situação”, afir-ma Jahnnyfer Lira, tam-bém agente comunitária.

A Coordenação de Saúde da Área 3.1 informou que a construção da Clínica da Família será providencia-da para este ano, em um terreno próximo à passare-la do Morro do Timbau. In-formou ainda ter realizado um estudo para que sejam feitas adequações que irão melhorar o conforto térmico das instalações do posto.

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ARTIGO

Tecendo REDES de histórias da Maré Equipe do Numim / Redes da Maré

O jornal Maré de Notícias, vinculado à Redes de Desenvolvimento da Maré, publicou na edição nº 48 (dezembro/2013) o artigo “Tecendo Redes de História da Maré – conhecendo as pessoas por trás do trabalho de pesquisa do núcleo de memória da Maré”, escrito por Marcelo Belfort, um dos autores do livro “Memória e Identidades dos Moradores do Morro do Timbau e do Parque Proletário da Maré”, que apresentou a equipe que forma o Núcleo de Memórias e Identidade da Maré (Numim).

Como membros da equipe de pesquisado-res, nós, Higor Antonio e Marcelo Lima, re-solvemos escrever este artigo, para apresen-tar nossas trajetórias como moradores, bem como nossas experiências com o trabalho de pesquisa que desenvolvemos no Numim.

Escrever sobre nós implica em apresentar um pouco nossas trajetórias de vida na comunidade onde nascemos e ainda hoje vivemos, e o que temos em comum com outros jovens de nossa geração, moradores também da Maré, e com quem compartilhamos da mesma realidade. Nascemos na década de 1980 e somos filhos de pais nordestinos que para cá vieram, como muitos outros, numa época em que a Maré era considerada um dos lugares mais precários do Brasil.

Quem de nossa época não sabe o que é um “cachorrinho do mato”? Só mesmo quem brincava na rua, quando ainda era de terra, é que sabe o significado. Quem nunca bebeu “água do valão”? Pode parecer estranho, mas só quem jogava bola na “linha vermelha”

“Somos privilegiados por conviver com importantes figuras que precisam ser olhadas como

protagonistas desse processo e que, certamente, talvez nós não

tivéssemos oportunidade de conhecer alguns deles se não fosse através deste trabalho”

Higor Antonio e Marcelo Lima,da equipe do Numim/Redes da Maré

A equipe do Numim no lançamento do primeiro livro, sobre a Nova Holanda (Marcelo, em pé à esqu.; e Higor, sentado de blusa branca)

vai entender sem espanto o que isso significa. Lembranças como estas, sem dúvidas, estão guardadas na memória de nossa geração.

Apesar de alguns obstáculos que a sociedade nos impõe, nós conseguimos aprovação no vestibular e hoje estudamos na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e por sermos estudantes das Ciências Humanas, construímos uma visão que nos possibilita ver a Maré de um jeito novo.

Fazer parte do Numim e desenvolver um trabalho de pesquisa sobre a história e memória da Maré nos colocou em contato com

CONVITELançamento do livro “Memória e Identidade dos Moradores do Morro do Timbau e do Parque Proletário da Maré” (Numim/ Redes da Maré)Data: quinta-feira, 20/02/2014 - Horário: 19h Local: Centro de Artes da Maré (CAM)Endereço: Rua Bittencourt Sampaio, 181 – Nova Holanda (próxima à Av. Brasil, terceira rua após a passarela 9)Livro gratuito!Saiba mais pelo hotsite: redesdamare.org.br/memória

(!)

personagens que antes, ao cruzarem com a gente pelas ruas, mercados, padarias, ou qualquer outro lugar, nunca nos demos conta de que suas vivências um dia poderiam nos dar a matéria-prima de que precisávamos para ajudar a acender o que há tempos vem se apagando – e não deixar morrer toda a história do lugar em que nascemos, moramos e valorizamos.

Assim, aprendemos que as memórias são fontes que nos ajudam a compreen-der o processo de ocupação e consolida-ção deste espaço, além de nos fornecer

pistas de como foram se afirmando identidades, tanto individuais quanto coletivas, numa relação com a cidade e com o próprio país.

Sem dúvidas somos privilegiados por conviver com importantes figuras que precisam ser olhadas como protagonistas desse processo e que, certamente, talvez nós não tivéssemos oportunidade de conhecer alguns deles se não fosse através deste trabalho.

Por isso consideramos e levamos para nos-sa vida a experiência única de contribuir com a pesquisa sobre a história da Maré, que nos possibilita, entre outras coisas, conhecer mais sobre o lugar em que vivemos, compreender as lutas dos antigos moradores, suas histórias de vidas, seus exemplos, as oportunidades negadas, seus sentimentos, emoções e seus desafios diários. E, mais ainda, poder perceber histórias que em comum com as de nossas fa-

mílias, nos fazem sentir dentro do processo, fazendo par-te dessa his-tória.

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O que diz MC Leonardo

“Depois de muita luta consegui-mos derrubar a lei que crimina-lizava o funk (legislação anterior que não está mais em vigor). Só que a Resolução 013, que já existia antes e que não foi feita somente para a favela e nem para o funk, está sendo usada apenas para a favela e para o funk. Você não pode montar uma resolução colocando o poder do veto na mão da polícia.

A polícia, em um Estado demo-crático, tem que ser avisada que em uma determinada hora um determinado número de pessoas

vai estar reunida. A polícia deve montar um plano de segurança para que as pessoas possam chegar e ir embora com segurança. A partir do momento em que você deixa na mão do capitão da UPP a análise se o som está muito alto ou não, você está expulsando a Secretaria de Meio Ambiente da favela. Quando o capitão diz que não pode haver o baile porque vai ter criança, ele está expulsando o Juizado de Menor de den-tro da favela. A nossa luta não é para não ter lei”, explica MC Leonardo.

De acordo com o MC, sem baile funk, cerca de 9 mil pessoas ficaram sem trabalho. “Deixei de trabalhar por 20 anos no Rio de Janeiro. Faço show no mundo todo, mas no Rio não. Tem que chamar mais secretarias pra dentro da favela, não mais polícia”, sugere.

“A criação dessas resoluções e leis sempre fica na mão do Estado, que acha outras maneiras de barrar os eventos em favelas. Os eventos de favelas estão fora do mega, e no mega pode tudo, pode fechar a rua. A questão é simples, quando o capitão recebe a queixa, ele pode notificar o Ministério Público. O Ministério Público vai mandar a Secretaria de Meio Ambiente com medidor (de volume de som). Não vai ficar no ouvido do capitão”, sugere MC Leonardo.

O que diz o coordenador das UPPs

Quando questionado sobre as diferenças de exigências para execução de eventos em favelas e em áreas da zona sul da cidade como Copacabana, o coordenador das UPPs disse que o que se busca são garantias mínimas de limites e de responsabilidade que não se existem em um espaço de informalidade, de restrições estruturais. “É muito injusto deixar na mão de um policial militar a responsabilidade de decidir se vai ter o evento ou não. Sem dúvida, o desafio que se tem na elaboração dessa nova Resolução é compreender as limitações e as diferenças que se têm no espaço urbano. A primeira pergunta que o comandante da UPP me faz é ‘coronel, se morrer alguém, de quem é a responsabilidade?’. No Rio Grande do Sul, no episódio da boate Kiss, os bombeiros estão sendo punidos pelas mortes no local. As exigências de um modo geral são comuns a todos”, justifica.

O coronel Frederico Caldas explica que a Resolução 014 vai ajudar a mediar os interesses de quem quer dormir às 22h e os de quem deseja festejar. “Sabemos que há o jovem que quer o funk, o pagode, o churrasco, a feijoada. Então saber mediar é a grande questão. A 014 tem o objetivo de encontrar esse caminho”, esclarece.

De acordo com o coronel, a Resolução 014, que está sendo concluída na Casa Civil, contempla a quem cabe a responsabilidade caso haja morte no local e como proceder em um local fechado, por exemplo, que não tenha extintor de incêndios. “É muito injusto que essa responsabilidade esteja apenas na mão da polícia. É preciso que essa responsabilidade seja compartilhada. É indiscutível que em algum momento alguém terá que arcar com essa responsabilidade, que não somente seja a polícia”, afirma.

De olho no que vem ocorrendo em outras áreas populares da cidade, ouvimos MC Leonardo e o coordenador das UPPs sobre a proibição de realização de eventos em

áreas pacificadas, especialmente bailes funks

Cultura não é caso de polícia

“Você não pode montar uma resolução colocando o poder do veto na mão da polícia. Tem que chamar

mais secretarias (de meio ambiente, juizado de menores etc.) pra dentro da favela, não mais polícia”

“É muito injusto deixar na mão de um policial militar a responsabilidade de decidir se vai ter o evento ou não. Sem dúvida, o desafio que se tem na elaboração dessa

nova Resolução é compreender as limitações e as diferenças que se têm no espaço urbano”

Rosilene MiliottiEm todas as comunidades com Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), houve a proibição de eventos como forró, pagode e, principalmente, o baile funk. Depois de muita discussão, os eventos vêm sendo liberados a partir de documentos firmados entre os organizadores e o comando das UPPs. A Resolução 013, do governo do estado, dá à polícia o poder de proibir festas na favela. Uma nova resolução, a 014, está sendo preparada para substituir a resolução 013.

Leia abaixo a opinião de MC Leonardo, ex-presidente da Associação de Profissionais e Amigos do Funk (Apafunk), e do coordenador das UPPs, coronel Frederico Caldas. Moradores da Maré, onde o governo do estado vem constantemente anunciando e adiando a instalação de uma UPP, aceitaram opinar sobre os bailes que acontecem hoje nas comunidades locais, mas pediram para não serem identificados (leia na página ao lado).

A resolução 013, que regulamenta o decreto nº 39.355, de 24 de maio de 2006, determina a atuação conjunta de órgãos de segurança pública na realização de eventos em favelas. Dá o poder da última palavra aos comandantes das UPPs. Mesmo que o organizador cumpra tudo o que é pedido, o comandante da UPP continua podendo vetar por razões de segurança.

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Moradores se dividem

J*, 37 anos, diz que nos fins de semana tem que dormir fora de casa por causa do barulho. “Tenho filho pequeno e ficar em casa no fim de semana, seja de dia ou à noite, é um verdadeiro inferno”, reclama. A*, 20 anos, diz que é complicado acordar cedo para trabalhar no sábado e na segunda. “É funk, é forró, é pagode. Em cada esquina uma música diferente. Não acredito que as pessoas consigam escutar alguma coisa porque é só barulho que se ouve”, afirma.

B*, 55 anos, diz que deveria haver bom senso entre os moradores e os organizadores desses eventos e festas. “Talvez fosse o caso da associação de moradores intervir. Muitos moradores se mudaram por causa do barulho, mas quem não tem pra onde ir fica e acaba doente. Deveria ter pelo menos horário para terminar, assim até muitos moradores frequentariam mais esses eventos porque boa parte dos que vem são pessoas de fora da favela”, ressalta.

Já F*, 18 anos, conta que deixa o filho com os pais e que curte o baile todos os fins de semana, mas só faz isso porque não trabalha no dia seguinte. “Eu ia a vários bailes em outras favelas, mas como muitas acabaram por causa da UPP e também por causa do trabalho e do meu filho, agora só vou ao baile aqui na favela mesmo. De qualquer forma, eu sei que o barulho deve incomodar os moradores que não gostam de funk”.

V*, 37 anos, diz que precisa desses eventos de rua porque boa parte da sua renda familiar é tirada nos fins de semana. Na barraca cerca de cinco pessoas trabalham. “É no baile, forró, pagode, festa junina. Sempre estamos trabalhando vendendo bebidas e salgadinhos. Se ficarmos sem isso aqui, vamos praticamente mendigar já que apenas duas pessoas na família têm trabalho formal. Com esse trabalho aqui, conseguimos construir casa, comprar carro, pagar escola particular. Mas entendo que tem que achar um meio termo. Muitos moradores idosos, pessoas que têm que acordar cedo para trabalhar e crianças sofrem com o barulho”, conclui.

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Documento assinado por quem organizou um evento no Complexo do Alemão no ano passa-

do. O organizador fica responsável até por evitar palavrões das pessoas na rua

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Kibe da NegaR

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Uma das 13 jovens do Núcleo 2 da Escola Livre de Dança da Maré (ELDM) relata a emoção da viagem à França, onde o grupo – todos moradores – esteve em

intercâmbio com a Escola Municipal Artística de Vitry-sur-Seine, de 28/11 a 8/12

Boa no samba e na cozinha, Nega dá a receita do kibe que ela vende na sua lanchonete na Nova Holanda

Maré na FrançaCu

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“Pessoas vinham nos abraçar em resposta a tudo o que viram e ouviram durante o Exercício M, de

movimento e de Maré”

Thaina Farias, integrante do Núcleo 2 daELDM, que funciona no Centro de Artes da Maré

Raquel Alexandre

Embora eu tenha revisto a cena em filmagem, lembraria ainda assim como se fosse ontem a reação que todos tivemos ao sair de um dos portões do aeroporto, assim que chegamos. O frio não conseguiu ser maior que a emoção que tivemos ao sentirmos que a ficha estava caindo e estávamos mesmo na França; que aquela nossa primeira viagem juntos teria tudo para ser especial. Embora cansados, estávamos todos curiosos, olhando para todos os lados, tirando fotos e filmando o caminho de Paris a Vitry (cidade nos arredores de Paris, onde o grupo ficou hospedado). Já nos comentários, comparamos o caminho com a Linha Amarela daqui e eu fiquei impressionada com a quantidade de grafites.

Chegamos a Vitry e tudo era novidade. Desde o início fomos muito bem cuidados e logo visitamos o Theatre Jean-Villard, onde encontramos pessoas com sorrisos enormes para nos receber. E foi aí que começamos a perceber que essa história de que os franceses eram frios era mentira. Conhecemos o teatro, os alunos do núcleo de dança de lá e tudo foi tão novo e divertido que eu já começava a pensar que ir embora ia ser realmente difícil. Tive certeza desse meu pensamento no dia em que passamos a tarde com os jovens de lá e dançamos juntos. Fizemos aula e mantivemos um contato tão profundo que mesmo que a língua não fosse a mesma e não ajudasse muito na comunicação, tudo fluía.

O amor pela dança cresceu com esse contato e troca que tivemos. Vimos que nos tornamos amigos, mas amigos mes-mo, como se tivéssemos nos conhecido há muito tempo. Conversávamos e pensá-vamos muito nessa relação com eles, os

novos amigos franceses, enfatizando que o melhor de termos ido à França era ter conhecido as pessoas que conhecemos e termos vivido a experiência de dançar para um teatro lotado de gente que nunca tinha ouvido falar do nosso trabalho ou tinha ouvido falar muito pouco.

As respostas foram positivas. Pessoas vinham nos abraçar em resposta a tudo o que viram e ouviram durante o “Exercício M, de movimento e de Maré” (coreografia criada durante a formação do Núcleo 2 e encenada 18 vezes no Brasil, em diferentes locais). Algumas choravam e muitas comentaram da nossa força, da potência que éramos juntos, enfatizando as nossas diferenças que contribuíam muito para um trabalho rico. E aquela foi, sem dúvida, uma das melhores noites da minha vida e acredito que foi assim para todos nós.

E sobre os passeios e sobre nossa estada em Vitry, tenho a dizer que nos vimos como uma família. Aprendemos a conviver e a respeitar a opinião de todos para a harmonia do grupo. Foram dias que nos renderam lindas experiências, lindas fotos e vídeos bem engraçados. Estar na França nos fez ver a valorização que lá eles dão a arte, perceber o que falta no Brasil, o que precisamos buscar como estudantes de dança e futuros profissionais da área, quem sabe.

Aqueles dias ficaram marcados, assim como o rosto de cada um daqueles que nos receberam tão bem e acreditaram em nós. Voltei para o Brasil com o coração cheio de expectativas, metas e ideias, um desejo muito grande de voltar e também de receber nossos novos amigos aqui. Foram intensos dias de muita dança e muita troca de energia!

Mostra Maréde Artes CênicasConfira em: redesdamare.org.br/cam

ou pelo tel.: 3105-7265

R. Bitencourt Sampaio, 181 Nova Holanda. Programação no local ou pelo tel. 3105-7265 De 2 a a 6a, de 14h às 21h30

Herbert ViannaLona cultural

PROGRAME-SE !

ENTRADA GRATUITA!Veja a programação em www.redesdamare.org.br

Programação para jane i ro

PROGRAMAÇÃO DE MARÇO

Espetáculo infantil Zigg & ZoggSexta, 14/03, às 15h

Espetáculo da Cia.2, premiado e indicadocomo um dos melhores do Rio.

Apresentações adaptadas com audiodescriçãopara deficientes visuais e auditivos,

além de espaços para deficientes físicos.

Lona Música Livre de VerãoSexta, 14/03, às 20h

Los Chivitos convida Fanfarrada

Favela rock showSexta, 21/03, às 21h

Bandas Canto Cego e El Efecto

Cine Clube RabiolaSessões infantis

todas as quartas, às 16hSessões juvenis

todas as quintas, às 16h

R. Ivanildo Alves, s/nNova Maré

Tels.: 3105-6815 / [email protected]

FACE: Lona da Maré /Twitter: @lonadamare

cultura

Biblioteca Popular Municipal Jorge AmadoAo lado da Lona, atende a toda a Maré:

Amplo acervo, brinquedoteca,gibiteca e empréstimo domiciliar

Ingredientes:- 500gr de farinha de kibe; - 500gr de carne moída; - 1 molho de hortelã; - alho, sal, pimenta

do reino, cebola, coentro, salsa e cebolinha.Modo de preparo:

- Deixe a farinha de kibe de molho em 600 ml de água durante 30 minutos;- Tempere a carne; - Misture a carne, a farinha de kibe e os outros temperos;

- Acrescente uma colher de azeite. Faça os bolinhos de kibe e coloque o recheio de sua preferência. A Nega coloca queijo. - Passe o kibe no ovo e farinha de rosca. Depois é só fritar

em óleo bem quente.

Segunda-feiraDança de Rua

Iniciante - 18h às 19hIntermediário - 19h às 20h30

Faixa etária: acima de 10 anos

Sexta-feiraDança de salão

Iniciante18h às 19h

Intermediário19h às 21hFaixa etária:

acima de 16 anosOBS: No momento, inscrições

para damas sócom o seu cavalheiro..

Quarta feiraDança Criativa

18h às 19h (acima de 12 anos)Dança contemporânea (iniciante) - 19h às 20h

Quinta-feiraBallet

14h30 às 16h30 (acima de 12 anos)

Dança contemporânea (intermediário) – 16h às 18h

(acima de 12 anos)

Terça-feiraBallet

14h30 às 16h (acima de 12 anos)Dança contemporânea

(intermediário) – 16h às 18h30 (acima de 12 anos)

Consciência corporal 18h às 19h30 (acima de 16 anos)

Percussão 19h às 21h (acima de 10 anos)

Oficina Brincandocom Clarice

Sábado, dia 22/02, às 15h Teatro e música para crianças a partir de leituras de textos

de Clarice Lispector, uma das maiores escritoras da língua

portuguesa. Entrada livre

KatanaDomingo, dia 23/02, às

18h Espetáculo de dançaA Cia R.E.C aborda o

universo deseus heróis: Ninjas,

samurais etc.Classificação etária: livre

Como Nascem as EstrelasSábado, dia 22/02, às 17h

Espetáculo de teatro.A montagem encena seis das 12 lendas do livro “Como Nasceram

As Estrelas”, de Clarice Lispector, e traz para o palco índios, macacos, onças e personagens brasileiros.

Classificação etária: livre

PindoramaNova apresentação da Lia Rodrigues Cia. de DançasEstreia: 13/03 Temporada: de 14 a 30 de março, de

quinta a domingoQuinta e sexta, às 20h; sábado e domingo, às 18h.

Classificação: 16 anos Acesso para pessoas portadoras de deficiência.

Interpretada pelos 11 bailarinos da Companhia, sem música e sem separação entre palco e plateia. A turnê nacional começa já com uma história de sucesso de

crítica e público no exterior.

Oficinas

Leia mais sobre a Nega na pág. 3

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Por que Maria do Buraco Fundo?

Cabos da Light apavoram no Pinheiro

Em visita à nossa redação, Tadeu Ribeiro nos contou a origem do apelido de Maria do Buraco Fundo, antiga moradora, já falecida, que fez história no Parque União. “Era porque ela morava num buraco. Ela cavou um buraco e cobria com chapas de lata suspensas por umas estacas. Isso no início, bem improvisado mesmo, mas não minava água dentro quando chovia não. Ela descia o buraco por uma escada de madeira. Depois arrumaram uma casa para ela morar. As pessoas ajudavam, o mercado, os feirantes davam sobra de comida para ela manter as crianças”, revela Tadeu.

Leia sobre a história de vida de Maria do Buraco Fundo na pág. 3 da edição 48, de dezembro passado, disponível no prédio da Redes da Maré ou no site redesdamare.org.br.

Moradores da Travessa 29, na Vila do Pinheiro, reclamam que os cabos de energia estão provocando medo. O motivo do temor: toda vez que há rompimento de cabo, os funcionários da Light vão ao local e fazem uma emenda. Segundo moradores que preferiram não tornar público seus no-mes, os cabos não suportam tanto improviso. Com medo, os moradores não podem mais ficar em frente aos números sete, nove, 11 e 13, pois os cabos podem cair a qualquer momento, o que causaria um grave acidente.

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Uma senhora de 70 anos ganhou uma carro em uma rifa. Ela foi fazer um passeio com a

netinha, tudo em alta velocidade.A neta pediu para ir devagar nas curvas.

Ela respondeu: Faça como eu, nas curvas fecho os olhos.

A professora queria acabar com a mentira na sala, mas não sabia como tocar no

assunto. Então pediu que os alunos lessem em casa, no livro de história, sobre o que

aconteceu na 3ª guerra mundial. No outro dia todos confirmaram terem lido. Como foram duas as guerras, a professora partiu para

o sermão: Vamos falar da mentira...

A atendente de uma clínica falou para o médico: Doutor, tem um paciente invisível

à sua espera.A resposta: Diga que no momento não

posso vê-lo.

Alta velocidade Mentira tem perna curta

Invisívelcurta

Envie seu desenho, foto, poesia, piada, receita ou sugestão de matéria.

Rua Sargento Silva Nunes, 1.012 – Nova Holanda Tel.: 3104-3276E-mail: [email protected]

Rindoatoa)

pra Maré participar do Maré

Garanta o seu jornal

comunidade!

Busque um exemplar na Associação deMoradores

todos os meses!

da sua

Garotada da Maré na SapucaíOs pais que quiserem levar seus filhos de 6 a 17 anos de idade para desfilar na Sapucaí podem procurar o Tadeu Ribeiro, do Par-que União. Ele está organizando um grupo para integrar a Escola de Samba Mirim Ainda Existem Crianças de Vila Kennedy. O desfi-le será no dia 4, terça-feira de carnaval. Os dois ônibus que levarão a garotada sairão da Maré às 16h. Para participar, ligue para o Tadeu: 99881-0754 (Vivo) / 99164-3932 (Claro). Os responsáveis precisam autorizar a participação das crianças e adolescentes. Até 2012, Tadeu levava a garotada para a Inocentes da Caprichosos. E

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Em 2012, a garotadadesfilou pela Inocentes

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Hélio Euclides