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Mais de 30 famílias continuam vivendo em situação bastante precária no espaço onde antes funcionava o estaleiro Mac Laren, entre o Timbau e a Vila do Pinheiro. A maior parte das famílias já vivia antes na Maré, mas não pode acompanhar os aumentos dos aluguéis praticados no Rio de Janeiro. Os moradores esperam ser reassentados para viver com dignidade e, assim, ter o direito à moradia garantido. Pág. 8 a 11 Centro de Artes da Maré Lona Cultural Herbert Vianna Sustentabilidade Artesanato no Pinheiro Pág. 4 e 5 Rock and roll! Show na Praça da Nova Holanda 25 / 8 Pág. 12 e 13 História Real Moradora vira personagem de teatro Pág. 15 Elisângela Leite Elisângela Leite Elisângela Leite Elisângela Leite Francisco Valdean 32 Ano III, N o Agosto de 2012 - Maré, Rio de Janeiro - distribuição gratuita Mac Laren põe à prova o direito à moradia O primeiro fim de semana de setembro promete agitar o bairro. Sábado tem programação LGBT na Lona da Maré, domingo tem feira de saúde de dia e Parada do Orgulho LGBT no fim da tarde. O objetivo é estimular o respeito à orientação sexual de cada um. Pág. 3 Maré terá Parada do Orgulho LGBT PROGRAME-SE Artigos abordando o direito à moradia Pág. 11 - Fique de olho na Maré Pág. 5a7 Pág. 15 Pág. 14

Maré de Notícias #32

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Leia no Maré de Notícias: Parada gay, Mac Laren, reciclagem, moradia, rock e muito mais.

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Mais de 30 famílias continuam vivendo em situação bastante precária no espaço onde antes funcionava o estaleiro Mac Laren, entre o Timbau e a Vila do Pinheiro. A maior parte das famílias já vivia antes na Maré, mas não

pode acompanhar os aumentos dos aluguéis praticados no Rio de Janeiro. Os moradores esperam ser reassentados para viver com dignidade e, assim, ter o direito à moradia garantido. Pág. 8 a 11

Centro deArtes da MaréLona Cultural

Herbert Vianna

SustentabilidadeArtesanato no Pinheiro

Pág. 4 e 5

Rock and roll!Show na Praça da Nova Holanda 25 / 8

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História RealMoradora vira personagem de teatro

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32Ano III, No Agosto de 2012 - Maré, Rio de Janeiro - distribuição gratuita

Mac Laren põe à provao direito à moradia

O primeiro � m de semana de setembro promete agitar o bairro. Sábado tem programação LGBT na Lona da Maré, domingo tem feira de saúde de dia e Parada do Orgulho LGBT no � m da tarde. O objetivo é estimular o respeito à orientação sexual de cada um. Pág. 3

Maré terá Parada do Orgulho LGBTPROGRAME-SE

garantido. Pág. 8 a 11

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Expediente

Instituição Proponente Redes de Desenvolvimento da Maré

Diretoria Andréia Martins

Eblin Joseph Farage Eliana Sousa Silva

Edson Diniz Nóbrega Júnior Fernanda Gomes da Silva

Helena EdirPatrícia Sales Vianna

Shyrlei Rosendo

Instituição Parceira Observatório de Favelas

Apoio Ação Comunitária do Brasil

Administraçãodo Piscinão de Ramos

Associação Comunitária

Roquete Pinto

Associação de Moradores e Amigos do Conjunto Bento Ribeiro Dantas

Associação dos Moradores e Amigos do Conjunto Esperança

Associação de Moradores do Conjunto Marcílio Dias

Associação de Moradores do Conjunto Pinheiros

Associação de Moradores do Morro do Timbau

Associação de Moradores do Parque Ecológico

Associação de Moradores do Parque Habitacional

da Praia de Ramos

Associação de Moradores do Parque Maré

Associação de Moradores do Parque Rubens Vaz

Associação de Moradoresdo Parque União

Associação de Moradores

da Vila do João

Associação Pró-Desenvolvimento da Comunidade de Nova Holanda

Biblioteca Comunitária Nélida Piñon

Centro de Referência de Mulheres da Maré - Carminha Rosa

Conexão G

Conjunto Habitacional Nova Maré

Conselho de Moradores da Vila dos Pinheiros

Luta pela Paz

União de Defesa e Melhoramentos do Parque

Proletário da Baixa do Sapateiro

União Esportiva Vila Olímpica da Maré

Editora executiva e jornalista responsável

Silvia Noronha (Mtb – 14.786/RJ)

Repórteres e redatores Hélio Euclides

(Mtb – 29919/RJ)

Rosilene Miliotti Silvana Bahia(Estagiária)

Fotógrafa Elisângela Leite

Projeto grá�coe diagramação

Pablo Ramos

Logotipo Monica Sof�atti

Colaboradores Anabela Paiva

André de LucenaAydano André Mota

Flávia OliveiraFrancisco ValdeanMariana Cavalcanti

Observatório de FavelasRossana Brandão

Impressão Grá� ca Jornal do Commércio

Tiragem 40.000 exemplares

Redes de Desenvolvimentoda Maré

Rua Sargento Silva Nunes, 1012, Nova Holanda / Maré

CEP: 21044-242 (21) 3104.3276 (21)3105.5531

www.redesdamare.org.br [email protected]

Os artigos assinados não representam a opinião do jornal.

Parceiros

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Um direito de todos

A reportagem de capa desta edição – sobre as condições de moradia na comunidade Mac Laren – traz à tona um dos problemas mais antigos do Brasil: o dé� cit habitacional. Este termo considera tanto a falta de uma moradia para cada família quanto a sua inadequação (conceito da Fundação João Pinheiro). Domicílios rústicos ou improvisados, problemas na questão fundiária e carência de infraestrutura (abastecimento de água e luz, sistema de esgotamentosanitário e coleta de lixo) estão entre os aspectos considerados para determinar o dé� cit habitacional. Por outro lado, no Brasil a moradia digna é um direito constitucional, embora ainda não assegurado para muitas famílias, como as que vivem na Mac Laren, como poderá ser lido a partir da página 8.

Na página 3, o Conexão G propõe aos leitores uma re� exão sobre o direito de orientação sexual de cada um. Esta edição do Maré traz também uma série de boas notícias, como a ampliação do número de espaços para a apresentação de músicos locais (pág. 12 e 13). A partir deste número, passamos a divulgar a programação do Centro de Artes da Maré (pág. 15), espaço gratuito de cultura para os moradores.

A todos, uma boa leitura!

Organizadores do evento, marcado para o dia 2 de setembro, vão promover a

refl exão sobre o preconceito

Candidatos a prefeito na Maré

Na edição de junho de 2012, o Maré de Notícias apresentou matéria excelente sobre o coletivo “A Maré que Queremos”; e como sempre leio o jornal e divulgo – porque sei da relevância de participarmos ativamente das questões sociais que envolvem as nossas vidas –, foi muito válido o convite ao atual prefeito Eduardo Paes com o intuito de apresentar/discutir as propostas contidas no projeto. Realmente é muito bom saber que mesmo com as especi� cidades de cada comunidade, o conjunto Maré deve prevalecer, como bem citou Eliana Sousa Silva: Um dos objetivos do grupo é acabar com as práticas políticas de favor. “Somente organizados podemos mudar as coisas.” Concordo plenamente e gostaria de fazer uma sugestão: que o coletivo “A Maré que Queremos” convidasse TODOS os candidatos à Prefeitura do RJ para participarem do projeto e que eles tivessem as mesmas oportunidades de apresentar as suas propostas para os representantes da Maré, com divulgação no “nosso” jornal.

Creio que estaríamos concretizando a democracia e possibilitando a todos os leitores do Maré de Notícias o acesso ao conhecimento das propostas de cada candidato. Assim como devemos valorizar o “conjunto Maré”, devemos valorizar o “conjunto Eleição/candidatos a

prefeitura do RJ”. Além do Eduardo Paes (PMDB), atual prefeito, temos Rodrigo Maia (DEM), Aspásia Camargo (PV), Marcelo Freixo (PSol), Fernando Siqueira (PPL), Otávio Leite (PSDB), Cyro Garcia (PSTU).

Como o nosso Maré de Notícias divulgou na página 10 (junho/2012), “80% dos municípios do país não possuem o tamanho da Maré.” E o que não falta é gente pra votar e reivindicar os seus direitos... E aí candidatos, vocês vêm ou não vêm à Maré?!

Parabéns para todo o jornal e para a Nova Holanda que agora é cinquentona!

Sara Alves, Vila do João

Resposta da Redação

Sara, obrigado pela sugestão e pelos elogios ao jornal. A sugestão está sendo avaliada para a edição de setembro.

Lixo em frente ao Ciep Estamos muito felizes pelo fato de nosso trabalho estar estampando o Maré de Notícias de Julho/2012. Muito orgulhosos por saber que estamos no caminho certo, valorizando e preservando os valores da Maré.

Em tempo: Participamos do Festival de Música da 4ª CRE

e nos classi� camos em 2º lugar e somos � nalistas do Trofeu Rioeduca nas categorias Rio Sustentável e Rio Cidadania.

Carmen Lucia, diretora do Ciep Ministro Gustavo Capanema

Excepcionalmente nesta edição não publicaremos a charge, do André de Lucena

Parada LGBT vai mexer com a Maré

Sílvia Noronha

Domingo, 2 de setembro, a Parada do Orgulho LGBT da Maré promete agitar a comunidade, saindo da Rua Teixeira Ribeiro, no Parque Maré, e circulando pelas ruas do bairro até a chegada ao Parque União, onde haverá uma festa. Mas a manifestação não será apenas farra.

O objetivo principal é sensibilizar moradores, trabalhadores e visitantes da favela, e levá-los a re� etir sobre diversas formas de preconceito e sobre a incidência de AIDS na população. Por isso, uma feira de saúde acontecerá durante o dia, com diversas barracas voltadas para qualidade de vida, direitos, cidadania e cultura. E no sábado, dia 1º, haverá des� le e show na Lona Cultural da Maré (veja programação completa nesta

página).

Uma das principais questões do movimento LGBT – sigla que signi� ca lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais – é o

combate à homofobia. Segundo Gilmar Cunha, coordenador do Conexão G, organização não governamental da Nova Holanda que organiza o evento, a Parada deseja estimular o respeito à orientação sexual de cada um. “Nós estamos percebendo ultimamente um aumento no número de casos de violência contra LGBTs na Maré. É uma percepção, pois não existe pesquisa sobre o tema na comunidade. Por isso, desejamos sensibilizar os moradores”, explica ele.

O evento acontece em parceria com o Ibase, Cedaps, Instituto Promundo, CAP 3.1, Luta Pela Paz, Observatório de Favelas, Redes de Desenvolvimento da Maré, Raízes em Movimento e Fase.

O Conexão G desenvolve projetos voltados à promoção da saúde e qualidade de vida da população LGBT e busca estimular novas práticas, inclusive comportamentais, nas comunidades populares. “Nosso projeto é de longo prazo. Queremos transformar as comunidades”, destaca Gilmar, que desenvolve os projetos AIDS e Pobreza e A� rmando Vozes e Identidade, entre outros.

Para saber mais:conexaogdamare.blogspot.com.br

Sábado, dia 01 de setembro:A partir das 19h na Lona Cultural Municipal Herbert Vianna (Rua Ivanildo Alves, s/n - Nova Maré).Des� le das Meninas Trans da Comunidade, Barraca da Prevenção, Show com Kakau de Moraes e show com as dragg. Domingo, 02 de Setembro:Parque Maré - Rua Teixeira Ribeiro9h - Chegada dos voluntários10h - Abertura da Feira da Saúde10h30 - Apresentação Cultural: Jovens de Periferia11h30 - Mães Pela Igualdade12h - Almoço14h - Des� le das Meninas Trans14h30 - Grupo de dança Onix15h - Fala de lideranças comunitárias 16h - Encerramento da Feira, com show da Kakau Moraes - PrecVida17h - Saída da Parada do Orgulho LGBT da Maré (da Teixeira Ribeiro, indo por dentro da comunidade em direção ao Parque União)22h - Festa da Parada do Orgulho LGBT, no Ciep 326 Professor Cesar Perneta, no Parque União

Programação

Arquivo / Conexão G

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Projeto incentiva morador a reaproveitar materiais, que são transformados em pesos de porta e bandeiras de time de futebol

Hélio Euclides Elisângela Leite

O Projeto Arte e Areia & Cia, na Vila do Pinheiro, tem como lema a valorização do trabalho da comunidade, por meio da reciclagem. Na Via C/12, funciona o pólo artesanal Maré, onde diversos moradores aproveitam materiais para a criação de bandeiras de clubes de futebol e pesos de porta em formato de cobra e de boneco. Além de incentivar a reciclagem, o projeto permite a complementação da renda dos moradores.

Tudo começou quando o casal Eduardo e Cida Fernandes, coordenadores do projeto, veio para o Rio de Janeiro para entrega de roteiro de novela e minissérie para uma rede de televisão. Como tinham que esperar a resposta, conversaram com um taxista que os trouxe até a Maré, bairro que nem estava nos planos dos dois. “Foi de paraquedas. Até pensávamos em iniciar um pólo na cidade, mas era na Mangueira”, comenta Eduardo.

Isso foi no ano passado, e o casal deu início aos preparativos até que no último dia 27 de julho ocorreu a inauguração o� cial, com 35 trabalhadores parceiros.

Todos passam por um curso, que também ensina a gerir o negócio, para quando os coordenadores deixarem o espaço. O pólo Maré é o 18º do projeto e o primeiro do Rio. Os demais funcionam em São Paulo, vendendo os bonequinhos de peso de porta. “Costumo abrir e deixar que a comunidade � que gerindo, mas compro o material concluído”, conta Eduardo. Segundo ele, o trabalho deu tão certo entre os cariocas, que um segundo pólo já vai surgir na Rocinha. “Estamos abertos para novas pessoas. O importante é gostar, e não perder a coragem”, relata Cida.

Bonecos vendidos em lojase bazares

O carro-chefe do projeto são os bonequinhos. São 55 personagens, desenvolvidos conforme a época do ano. No Natal, não pode faltar o papai Noel. Para o mês de agosto, estava previsto o lançamento do boneco do Neymar. Ao preço de R$ 1,99, são produzidas 600 unidades por dia, atualmente vendidas para as redes Fama e Amigão e para pequenos lojistas da comunidade. Os

Reciclando renda!produtos são feitos com a reciclagem de bolsas, plásticos, pet, tampas de garrafas, roupas velhas, retalhos e serragens. Além disso, levam ainda areia, única matéria-prima não reciclada. Para os olhos dos bonecos, o material reutilizado é a garrafa pet; já as tranças são feitas de qualquer tipo de pano.

“Já estou aqui há nove meses e estou bem satisfeita. Se não tivesse aqui estava desempregada. O dinheiro que ganho ajuda a sustentar a casa”, a� rma a aluna e moradora do Salsa, Valquiria Marques, que tem seis � lhos. O grupo conta com pessoas de todas as idades, inclusive mulheres aposentadas que desejam melhorar a renda mensal.

A monitora do Programa de Integração Cidadã, da Vila do João, Ailza Victor, preparou uma aula campo e levou seus 15 alunos ao pólo. “Eu já trabalho com material reciclado, e quando vi uma aluna com uma boneca de areia, resolvi visitar o projeto. Achei muito legal o local e vimos pessoas acolhedoras, que nos mostraram como tudo é feito. Foi uma sementinha que espalhou”, conclui.

Piscina prontinhaA piscina grande da Vila Olímpica da Maré (VOM), que � cou interditada quase um ano e meio, voltou a funcionar após ser reformada pela prefeitura. A interdição foi tema de carta enviada pelo leitor Everaldo, em janeiro deste ano, denunciando o “descaso” com o Parque Aquático da VOM. No mês seguinte, a leitora Ana Paula também se manifes-tou na seção de Cartas. A obra teve início ainda em janeiro, atrasou, mas � cou pronta e a piscina está sendo novamente utilizada. Telefone da VOM: 3868-7083.

Música internacional de graçaA Vila Olímpica da Maré (VOM) recebe, pela segunda vez, o Rio International Cello Encounter, encontro de músicos internacionais que tocam violoncelo e os mais variados instrumentos. A apresentação acontece no dia 16 de agosto, às 9h.

Na edição de 2011, foram três horas de concerto dos músicos internacionais, que interagiram com os alunos de música da VOM. A dobradinha promete ser repetida este ano, uma vez que a interação de grupos com realidades distintas é um dos pontos fortes do evento, que está em sua 18ª edição.

O Cello Encounter foi criado pelo violoncelista inglês David Chew, radicado no Brasil, em homenagem ao maestro carioca Heitor Villa-Lobos. Chew, aliás, virá a Maré e tocará Trenzinho Caipira, um dos maiores sucessos de Villa-Lobos.

Con� ra a programação completa do evento que acontece em vários pontos da cidade, entre os dias 8 e 19 de agosto, no blog: http://riocello.com.

Música internacional de graça

VILA OLÍMPICA DA MARÉ

Taliesin / Morgue� le

Divulgação

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Projeto no Parque EcológicoNa Associação de Moradores do Parque Ecológico, na Vila do Pinheiro, todos os sábados, pela manhã, acontecem aulas do Projeto Maré Latina de Aprendizado. São cursos gratuitos de dança, artesanato, reforço escolar, alfabetização e cultura latina, africana e indígena. Os bene� ciários são cerca de 20 crianças, de três aos 12 anos. O projeto foi idealizado pela moradora da Maré e professora Aline Melo, que conta com o apoio do marido e da mãe. “Trabalhei na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) durante dois anos, e o que aprendi trouxe para cá”, conta Aline.

Um dos destaques é o curso de reforço escolar, que busca uma evolução no desempenho das crianças no colégio. É o caso de Mariana de Oliveira, de 11 anos, que se mudou do Nordeste para o Rio, gerando alteração em suas notas. Com o curso, hoje já se percebe melhora da menina na escola.

Outro ponto alto é a reciclagem de roupas, jornais e plásticos, que são transformados e reutilizados. Um exemplo são caixas de chá que viram porta-retratos. Em outubro, o grupo vai apresentar os trabalhos em estande no Centro Federal de Educação Tecno-lógica (Cefet).

Apesar dos resultados, o projeto não tem patrocínio, e até para o lanche o dinheiro é retirado do bolso dos três organizadores. Quem desejar mais informações ou puder colaborar, escreva um e-mail para [email protected] ou acesse o blog: http://marelatina.blogspot.com

Mais vazamento de esgoto na Maré Saneamento adequado é uma das mais frequentes rei-vindicações dos leitores, que reclamam – com razão – especialmente do acúmulo de lixo nas ruas e de va-zamentos de esgoto. Desta vez, foram os moradores da Rua B, na Nova Holanda, que entraram em conta-to com a Redação. Luana Conceição dos Santos (de vestido preto) e Mary Anjo (de bermuda) dizem que o vazamento no quarteirão entre as ruas do Canal e a Bittencourt Sampaio ocorre há cerca de sete meses e, desde então, só se agrava.

“Isso acontece justo na rua que tem mais criança. Vá-rias crianças aparecem com o pé estourado de ferida”, a� rma Luana. Mary, por sua vez, tratou de colocar ci-mento na entrada de sua casa, formando uma “ilha” de proteção.

O problema se repete nas ruas paralelas. Na Rua D, os moradores Paulo Sergio Rangel e Jandira Santos de Araújo convivem com o problema há cerca de três anos. Quando chove, � ca ainda pior. Como o esgoto parece minar por baixo da rua, o local não � ca seco nunca. A Rua das Maravilhas, ao lado, ganhou calça-mento alto feito pelos próprios moradores. A elevação da rua é a saída que muitos encontram para fugir do convívio direto com o esgoto.

A Cedae Maré já esteve nessas ruas, mas não conse-guiu resolver os problemas.

Maré conquista medalhas no karatêAline Cristina Ferreira, de 11 anos, e Uriel de Andrade de Aguiar, de 13, conquistaram, cada um, medalha de bronze na categoria kumite , no Campeonato Brasileiro de Karatê infantil e mirim, realizado em julho, em Vitória, no Espírito Santo. “Agora quero treinar mais”, a� rma Aline, animada com o resultado. Uriel trouxe sua segunda medalha do Bra-sileiro. Em 2011, ele também conquistou um Bronze.

Participaram da competição 936 atletas de 23 estados do Brasil, sendo 18 alunos da Academia Kihon-Dai (que signi� ca “grande movimento de ataque e defesa”), localizada na Rua C/4, da Vila do Pinheiro. “Em condições de competir, nós teríamos 30 alunos, mas só foram aqueles cujas famílias puderam pagar as despesas. Isso acontece porque não temos patrocínio”, explica o professor Ronaldo Eugênio Santana, árbitro da Federação de Karatê do Estado do Rio de Janeiro e campeão carioca, em 2011, do The Best of the Best (melhor dos melhores), na categoria Master.

Os alunos da academia já participaram de várias competições e, juntos, conquistaram mais de 200 medalhas. Telefones: 3109-1060 ou 9993-3972.

Cerâmica Negra da Maré é premiadaA O� cina de Cerâmica Negra da Maré, projeto da Ação Comunitária do Brasil (ACB/RJ), na Vila do João, é um dos vencedores do prê-mio Sebrae TOP 100 de Artesanato no estado do Rio de Janeiro. A premiação destaca as 100 unidades produtivas mais competitivas do país, reconhecendo e incentivando o trabalho dos artesãos brasilei-ros. A solenidade de entrega será no dia 4 de setembro, na Marina da Glória.

A Cerâmica Negra da Maré existe desde 2002, produzindo peças artísticas e utilitárias, de referências etnográ� cas, que constituem um trabalho de resgate da cerâmica primitiva brasileira. O processo produtivo é totalmente artesanal. Uma parceria com o Ministério do Turismo permitirá a produção de uma exposição permanente de pro-dutos no núcleo comunitário da Vila do João, que � ca na Rua Onze - Quadra 58, nº 243.

Maré de Sabores Slow foodO projeto Maré de Sabores foi incluído no guia “100 dicas slow food – Rio de Janeiro”, que recomenda opções onde se pode sa-borear alimentos à base de ingredientes de qualidade, preparados com respeito à na-tureza e remuneração justa. O movimento internacional slow food se contrapõe ao fast food, aquele da comida rápida, pré--pronta, digerida (ou engolida) conforme a pressa do mundo atual. Já o slow food (que em tradução literal signi� ca “comer devagar”) parte de outros princípios e valo-res, que incluem o prazer de se alimentar. A logomarca do movimento (um caracol) já indica a proposta do grupo.

O Maré de Sabores, iniciativa da Redes, ensina gastronomia e empreendedorismo a mulheres moradoras de diferentes comu-nidades da Maré, em sua maioria chefes de família e vítimas de violência. Atualmen-te, elas têm sido contratadas para preparar bufês servidos em eventos. Tel: 3105-6815, para encomendar re-feições ou bu-fês.

O que acontece eo que não deixade acontecer por aqui

Aline.

Um dos destaques é o curso de reforço escolar, que busca uma evolução no desempenho das crianças no colégio. É o caso de Mariana de Oliveira, de 11 anos, que se mudou do Nordeste para o Rio, gerando alteração em suas notas. Com o curso, hoje já se percebe melhora da menina na escola.

Outro ponto alto é a reciclagem de roupas, jornais e plásticos, que são transformados e reutilizados. Um exemplo são caixas de chá que viram os trabalhos em estande no Centro Federal de Educação Tecno-lógica (Cefet).

Apesar dos resultados, o projeto não tem patrocínio, e até para o lanche o dinheiro é retirado do bolso dos três organizadores. Quem desejar mais informações ou puder colaborar, escreva um e-mail para [email protected] ou acesse o blog: http://marelatina.blogspot.com

Elisângela Leite

Elisângela Leite

Hélio Euclides

Arquivo Maré Latina

O grupo de teatro vem se apresentando aos sábados e domingos, às 11h, na concha acústica

Silvia Noronha

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Hélio Euclides Elisângela Leite

Passado um ano da reportagem no Maré de Notícias (Edição nº 19, de julho de 2011) sobre a localidade batizada de Mac Laren, nada foi feito, e a precariedade com que vivem os moradores só aumentou. A ocupação, há mais de dez anos, de um antigo estaleiro abandonado, entre a Vila do Pinheiro e o Morro do Timbau, por baixo da Linha Amarela, foi feita de modo improvisado, e, dessa forma, não há um mínimo de estrutura para as mais de 30 residências de alvenaria e madeira.

O local é habitado, em parte, por moradores da própria Maré que perderam a capacidade de arcar com os custos de um aluguel. As di� culdades � nanceiras e o alto valor dos imóveis no Rio de Janeiro, inclusive na Maré, tornam o sonho de morar com dignidade mais distante.

“É ruim morar aqui, tem muito rato, barata e lacraia. Houve casos de dengue, uma grávida � cou 12 dias internada. Falam que vão dar casa, espero sair daqui. A casa nova é um sonho de todos nós”, comenta An-dréa Oliveira da Costa, que mora há mais de oito anos no local, onde cria os quatro � lhos. Ela revela que teve de ir para a Mac Laren após a separa-ção do marido.

Hábitos que podem ser s i m p l e s

no dia a dia se tornam problemáticos na Mac Laren. “Fico pensando como deve ser tomar um banho decente. Eu desejo uma casa com chuveiro, água e sistema de esgoto. Com consciência ninguém � ca aqui”, reclama Andréa. Ela é uma das que sofrem com a infestação de insetos; e à noite, diz ela, os moradores precisam brigar com os ratos. Andréa foi mordida por lacraia, e teve que tomar até vacina.

As di� culdades não são poucas. Água no banheiro e na cozinha é rari-dade. A água utilizada por todos vem por um único cano, onde as pessoas enchem suas vasilhas ou aproveitam para lavar utensílios ali mesmo. O sis-tema de esgoto também é improvisa-do. Com isso, quando chove, o valão enche e tudo � ca alagado, chegando a invadir o primeiro andar das casas. Com o esgoto a céu aberto, as mais prejudicadas são as crianças, que vi-vem doentes. “O objetivo de todos é sair daqui para ter um lugar de criar os � lhos. Nenhuma mãe quer criar o � lho aqui, nós queremos dar um pouco de conforto para eles. Não te-mos condição de morar nessa situação”, expõe a mo-radora Claudia-ne Pereira.

Famílias querem ser reassentadas

A assistente social da Redes da Maré, Nubia Alves, informa que o Centro de Referência da Assistência Social Nelson Mandela (Cras) já fez o cadastramento dos moradores. Segundo ela, o órgão fez um relatório de cada família para enviar à Secretaria Municipal de Habitação (SMH), mas há um ano o processo está parado por causa de burocracia.

Moradora do local há dois anos, Simone

Conceição dos Santos é uma das que vive em situação

mais precária. Sua residência é de madeira. O sofrimento é ainda maior quando chove e também quando aparecem ratos, o que é

rotineiro. “Meu marido � cou de-sempregado e não tínhamos

como pagar aluguel. Hoje vivemos de biscate”,

explica.

vem doentes. “O objetivo de todos é vem doentes. “O objetivo de todos é vem doentes. “O objetivo de todos é sair daqui para ter um lugar de criar sair daqui para ter um lugar de criar sair daqui para ter um lugar de criar sair daqui para ter um lugar de criar os � lhos. Nenhuma mãe quer criar os � lhos. Nenhuma mãe quer criar os � lhos. Nenhuma mãe quer criar os � lhos. Nenhuma mãe quer criar o � lho aqui, nós queremos dar um o � lho aqui, nós queremos dar um o � lho aqui, nós queremos dar um o � lho aqui, nós queremos dar um pouco de conforto para eles. Não te-pouco de conforto para eles. Não te-pouco de conforto para eles. Não te-pouco de conforto para eles. Não te-mos condição de morar nessa mos condição de morar nessa mos condição de morar nessa

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mais precária. Sua residência é mais precária. Sua residência é mais precária. Sua residência é mais precária. Sua residência é mais precária. Sua residência é mais precária. Sua residência é mais precária. Sua residência é mais precária. Sua residência é mais precária. Sua residência é mais precária. Sua residência é mais precária. Sua residência é mais precária. Sua residência é mais precária. Sua residência é mais precária. Sua residência é de madeira. O sofrimento é ainda de madeira. O sofrimento é ainda de madeira. O sofrimento é ainda de madeira. O sofrimento é ainda de madeira. O sofrimento é ainda de madeira. O sofrimento é ainda de madeira. O sofrimento é ainda de madeira. O sofrimento é ainda de madeira. O sofrimento é ainda de madeira. O sofrimento é ainda de madeira. O sofrimento é ainda de madeira. O sofrimento é ainda de madeira. O sofrimento é ainda de madeira. O sofrimento é ainda de madeira. O sofrimento é ainda maior quando chove e também maior quando chove e também maior quando chove e também maior quando chove e também maior quando chove e também maior quando chove e também maior quando chove e também maior quando chove e também maior quando chove e também maior quando chove e também maior quando chove e também maior quando chove e também maior quando chove e também maior quando chove e também quando aparecem ratos, o que é quando aparecem ratos, o que é quando aparecem ratos, o que é quando aparecem ratos, o que é quando aparecem ratos, o que é quando aparecem ratos, o que é quando aparecem ratos, o que é quando aparecem ratos, o que é quando aparecem ratos, o que é quando aparecem ratos, o que é quando aparecem ratos, o que é quando aparecem ratos, o que é quando aparecem ratos, o que é

rotineiro. “Meu marido � cou de-rotineiro. “Meu marido � cou de-rotineiro. “Meu marido � cou de-rotineiro. “Meu marido � cou de-rotineiro. “Meu marido � cou de-rotineiro. “Meu marido � cou de-rotineiro. “Meu marido � cou de-rotineiro. “Meu marido � cou de-rotineiro. “Meu marido � cou de-rotineiro. “Meu marido � cou de-sempregado e não tínhamos sempregado e não tínhamos sempregado e não tínhamos sempregado e não tínhamos sempregado e não tínhamos sempregado e não tínhamos sempregado e não tínhamos

como pagar aluguel. Hoje como pagar aluguel. Hoje como pagar aluguel. Hoje como pagar aluguel. Hoje como pagar aluguel. Hoje

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Muitos que passam pelo

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moradores. Mariete Pereira de Lima, que sempre atravessa o cami-

nho, , é exceção. Ela sabe da gravidade do problema. “É preciso um olhar para essa situação, uma melhoria. Os mora-dores são dignos de um lugar melhor”, opina.

Alessandra Alves, também assistente social da Redes, acredita que todos precisam ter a consciência de que o caso é emergencial. “De fato precisamos ter um olhar mais crítico sobre esse espaço. A situação em que vivem é precária. Como pro� ssional, nos sentimos incomodadas. Não pode haver arbitrariedade, mas é preciso colocá-los em um lugar digno”, ressalta.

Crianças fora da escola

Em visita ao local, uma equipe da Redes da Maré encontrou nove crianças fora

da escola e uma fora da cre-che. Todas estão

sendo

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m i -nhadas

para ma-trícula.

Para o pre-sidente da

Associação de Moradores do

Morro do Timbau, Osmar Paiva Camelo

a moradia da Mac Laren está no vermelho. “A ocupa-

ção existe há mais de 10 anos. É uma vergonha essa situação pró-

xima a uma via expressa e às vésperas de uma Olímpiada, em pleno 2012. As pessoas vêm cobrar na associação, mas posso assegurar que estamos fazendo o máximo”, diz Osmar. Segundo ele, a pro-messa dos órgãos municipais é oferecer primeiro o aluguel social e depois realo-car as famílias. “A Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) já fez vários cadastros, e o número de família vem crescendo. O último apurou 32 famílias. Segundo informações do CRAS, eles não estão mais na alçada do órgão, e sim na da SMH”, explica.

O Maré de Notícias entrou em contato com a SMAS e a SMH, mas até o fechamento dessa edição não obteve retorno.

Leia também “Dias melhores virão” (pág. 10) e dois artigos sobre direito à moradia, na pág. 11.10) e dois artigos sobre direito à moradia, 10) e dois artigos sobre direito à moradia, 10) e dois artigos sobre direito à moradia, 10) e dois artigos sobre direito à moradia, 10) e dois artigos sobre direito à moradia, na pág. 11.na pág. 11.na pág. 11.

Um lugar para criar nossos

Muitos que Muitos que Muitos que Muitos que Muitos que Muitos que passam pelo passam pelo passam pelo passam pelo passam pelo passam pelo passam pelo

atalho próximo des-atalho próximo des-atalho próximo des-atalho próximo des-atalho próximo des-atalho próximo des-atalho próximo des-atalho próximo des-atalho próximo des-conhecem a situação dos conhecem a situação dos conhecem a situação dos conhecem a situação dos conhecem a situação dos conhecem a situação dos conhecem a situação dos conhecem a situação dos conhecem a situação dos conhecem a situação dos conhecem a situação dos

moradores. Mariete Pereira de moradores. Mariete Pereira de moradores. Mariete Pereira de moradores. Mariete Pereira de moradores. Mariete Pereira de moradores. Mariete Pereira de moradores. Mariete Pereira de moradores. Mariete Pereira de moradores. Mariete Pereira de moradores. Mariete Pereira de moradores. Mariete Pereira de moradores. Mariete Pereira de Lima, que sempre atravessa o cami-Lima, que sempre atravessa o cami-Lima, que sempre atravessa o cami-Lima, que sempre atravessa o cami-Lima, que sempre atravessa o cami-Lima, que sempre atravessa o cami-Lima, que sempre atravessa o cami-Lima, que sempre atravessa o cami-Lima, que sempre atravessa o cami-Lima, que sempre atravessa o cami-Lima, que sempre atravessa o cami-Lima, que sempre atravessa o cami-Lima, que sempre atravessa o cami-

Conceição dos Santos é Conceição dos Santos é Conceição dos Santos é Conceição dos Santos é Conceição dos Santos é Conceição dos Santos é Conceição dos Santos é Conceição dos Santos é Conceição dos Santos é Conceição dos Santos é

Andréa (à dir.) e Claudiane (agachada) precisam lavar louça de maneira bem

desconfortável

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Silvana Bahia Elisângela Leite

Dos 50 anos de vida de Tânia Gonçalves, os 12 últimos estão sendo vividos na Mac Laren, comunidade localizada entre a Vila do Pinheiro e o Timbau, na Maré. Em uma casa de três cômodos, Tânia mora com as duas � lhas, Estefani e Raquel Gonçalves, respectivamente de 14 e 12 anos, e o companheiro com quem é casada há 11. Tem um � lho mais velho de 18 anos, que foi criado pelas tias em Realengo e que ela não vê há mais de sete anos.

Tânia nasceu em Minas Gerais e veio para o Rio de Janeiro trabalhar na casa de uma senhora que a trouxe para ser babá de suas netas em Jacarepaguá. Viveu com esta família por 18 anos, até engravidar e buscar a vida em outro lugar. Antes de viver na Mac Laren, Tânia morou em abrigos da prefeitura, na Praça da Bandeira e na Ilha do Governador. Depois viveu na Vila do Pinheiro por um tempo e, quando acabou o contrato da casa, sem dinheiro para pagar o aluguel, foi morar na rua, onde � cou por dois anos.

A casa em que mora atualmente ela ganhou da senhora que ocupava o lugar anteriormente. O sonho de Tânia, como de outros moradores da Mac Laren, é morar num lugar com melhores condições de vida. “Aqui não é um lugar certo pra viver, principalmente com crianças pequenas que gostam de andar muito. É um lugar muito sujo, não � ca limpo nunca. A gente limpa, mas rapidamente está sujo. São muitos ratos. Às vezes, a noite é uma di� culdade dormir. É rato pra lá e pra cá, até dentro de casa eles entram. As mães, muitas vezes, têm que levar as crianças ao médico, porque é fácil demais pegar doença aqui”, desabafa Tânia, que gostaria de ser indenizada para comprar sua casa onde quiser.

A renda mensal de Tânia é de aproximadamente R$ 250 mensais. Do programa Bolsa Família, do governo federal, recebe R$ 140, que ela complementa com o trabalho de coleta de materiais recicláveis, como latas e garrafas pet. “Saio a partir das três horas da manhã para catar materiais com meu marido. Durante o dia cuido das meninas e da casa. Temos que completar a renda. Por exemplo, agora estamos sem gás, estou cozinhando com álcool”, revela Tânia, que recebe pelo quilo da lata R$ 2 e pelo da garrafa R$ 1.

Sem lazer, as � lhas passam parte do dia na escola e a outra parte dentro de casa. Tânia tem medo de que as crianças adoeçam e diz que tem muita confusão do lado de fora da casa. A privacidade também faz parte de suas reivindicações. “Não temos lazer e nem liberdade. Quero um lugar onde a gente tenha privacidade para � car com a porta aberta sem ninguém olhando para dentro da sua casa”, completa a catadora, que acredita que dias melhores virão.

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OSDias melhores virão Cidade para quem?A mulher invisível

A trajetória de uma das moradoras mais antigas da Mac Laren,que também acredita em um futuro melhor

Tema em debate: Direito à moradia

pelo quilo da lata R$ 2 e pelo da garrafa R$ 1.pelo quilo da lata R$ 2 e pelo da garrafa R$ 1.pelo quilo da lata R$ 2 e pelo da garrafa R$ 1.

Sem lazer, as � lhas passam parte do dia na escola e a outra parte dentro Sem lazer, as � lhas passam parte do dia na escola e a outra parte dentro Sem lazer, as � lhas passam parte do dia na escola e a outra parte dentro Sem lazer, as � lhas passam parte do dia na escola e a outra parte dentro Sem lazer, as � lhas passam parte do dia na escola e a outra parte dentro Sem lazer, as � lhas passam parte do dia na escola e a outra parte dentro Sem lazer, as � lhas passam parte do dia na escola e a outra parte dentro Sem lazer, as � lhas passam parte do dia na escola e a outra parte dentro Sem lazer, as � lhas passam parte do dia na escola e a outra parte dentro de casa. Tânia tem medo de que as crianças adoeçam e diz que de casa. Tânia tem medo de que as crianças adoeçam e diz que de casa. Tânia tem medo de que as crianças adoeçam e diz que de casa. Tânia tem medo de que as crianças adoeçam e diz que de casa. Tânia tem medo de que as crianças adoeçam e diz que de casa. Tânia tem medo de que as crianças adoeçam e diz que de casa. Tânia tem medo de que as crianças adoeçam e diz que de casa. Tânia tem medo de que as crianças adoeçam e diz que tem muita confusão do lado de fora da casa. A privacidade tem muita confusão do lado de fora da casa. A privacidade tem muita confusão do lado de fora da casa. A privacidade tem muita confusão do lado de fora da casa. A privacidade tem muita confusão do lado de fora da casa. A privacidade tem muita confusão do lado de fora da casa. A privacidade tem muita confusão do lado de fora da casa. A privacidade também faz parte de suas reivindicações. “Não temos também faz parte de suas reivindicações. “Não temos também faz parte de suas reivindicações. “Não temos também faz parte de suas reivindicações. “Não temos também faz parte de suas reivindicações. “Não temos também faz parte de suas reivindicações. “Não temos lazer e nem liberdade. Quero um lugar onde a lazer e nem liberdade. Quero um lugar onde a lazer e nem liberdade. Quero um lugar onde a lazer e nem liberdade. Quero um lugar onde a gente tenha privacidade para � car com a gente tenha privacidade para � car com a gente tenha privacidade para � car com a

O debate político acerca do direito à moradia e as mulheres é algo ainda muito inicial no Brasil. Desde o início do processo de Conferência das Cidades, a dimensão das mulheres surge na discussão: (a) sobre as cotas na representação das cadeiras dos conselhos das cidades e (b) sobre

regularização fundiária quanto à titularidade, questão já incorporada em projetos de provisão habitacional do Rio de Janeiro e no programa do governo federal, Minha Casa, Minha Vida. A invisibilidade da perspectiva das mulheres e seu cotidiano na vida urbana também não são centrais nas análises sobre favelas. Surgem questões que estão no âmbito de seu papel tradicional no espaço doméstico: creches, escolas, praças para as crianças etc. Mas é o su� ciente para garantir a sua autonomia?

A experiência urbana em muitos fatores se diferencia entre os indivíduos e grupos sociais, principalmente se olharmos para as desigualdades sociais, e consequentemente, de gênero. Ao mesmo tempo, estamos nos referindo a uma realidade urbana bastante marcada pela divisão sexual do trabalho. Esta discussão ganha maior relevância visto que, segundo o Censo IBGE 2010, em “aglomerados subnormais”, as mulheres continuam tendo renda menor que os homens: homens com rendimento de R$ 690 e mulheres R$ 510; mas em muitas áreas são elas as responsáveis pelos domicílios, realidade que as tornam mais vulneráveis, principalmente de ocuparem áreas mais precárias das favelas.

Barreiras tanto materiais e simbólicas precisam ser quanti� cadas e quali� cadas na política urbana e habitacional da cidade. Os programas de urbanização e de construção de moradia popular precisam dimensionar estes aspectos, pois podem reforçar lógicas que vão contra ao direito à moradia.

Se tomarmos como exemplo os processos de remoções, regulado por decreto, chama a atenção como são tratados os casos de imóveis alugados: o locatário tem apenas o direito a um auxílio � nanceiro, enquanto o titular recebe indenização. Ou seja, no caso de uma casa onde a mulher é a única responsável que alugou um imóvel, não tem direito a ser incluída em processo de reassentamento a � m de que seu direito à morada seja assegurado, principalmente considerando que estão mais vulneráveis socialmente que os homens, principalmente em casos em que estão sujeitas a violência doméstica. Só vale o direito individual de uma pessoa que fez um investimento em uma casa? E o papel do Estado de garantir o direito à moradia a todos?

Ressaltar a perspectiva das mulheres sempre traz novas formas de tratar a política urbana em favelas, por isso, a luta por cidades mais justas e democráticas precisa considerar todas as dimensões das desigualdades para a garantia plena ao direito à moradia para homens e mulheres.

O geógrafo David Harvey escreveu que “o direito à cidade é bem mais do que a liberdade individual para acessar os bens urbanos: é um direito a mudar a nós mesmos ao mudar a cidade”. Hoje nos defrontamos com um momento em que a cidade está

em vias de ser refeita em função de megaeventos globais como a Copa e as Olimpíadas.

Pensar essa conjuntura, tendo em vista o passado recente das políticas públicas direcionadas às favelas cariocas, implica reconhecer os avanços em direção à garantia do direito à moradia no Rio. Até os anos 1970, remoções autoritárias – tantas vezes antecedidas por incêndios, com os moradores, junto a seus pertences, sendo removidos para locais distantes em caminhões de lixo – constituíam o principal modo de lidar com o “problema favela”. A Maré foi um dos primeiros lugares em que a urbanização foi realizada pelo Estado, no Projeto Rio. A abertura política e a Constituição de 1988 trouxeram instrumentos que consolidaram o direito à moradia.

Nos anos 1990 vieram as grandes políticas de urbanização e “integração” à cidade dita formal. O Favela Bairro, por exemplo, seguia a premissa de remover apenas moradias em áreas de risco. Já as obras do PAC e do Morar Carioca vêm encontrando justi� cativas para novas remoções ou “reassentamentos”, às vezes de comunidades inteiras. A “volta” das remoções traz novamente a incerteza e a precariedade que antes de� niam a vida na favela. Fica, portanto, a questão: de quem e para quem é a cidade em construção para os megaeventos?

Mais do que um reconhecimento formal de direitos, nas favelas cariocas o direito à moradia implica o reconhecimento de trajetórias comuns a milhares de famílias. As histórias variam, mas compartilham uma trajetória: tudo começava com um “barraquinho” de estuque. Tantas vezes construído de noite, para evitar a vigilância e a possível remoção, pois as favelas já haviam sido proibidas pelo Código de Obras de 1937. O “barraquinho” era precário: podia ser removido, podia ser levado pelas chuvas. Mas lentamente se expandia, aumentava, melhorava. Ganhava banheiro e cozinha, decorados com azulejos escolhidos com amor. Nascia um � lho, batia-se uma laje, erguia-se um quarto. Emboço, reboco, cimento. Tudo a conta-gotas, devagar e sempre. Chega o neto, tudo de novo: nova laje, novo quarto, nova casa. A casa na favela é uma obra de décadas, de escolhas e de sacrifícios. De moradores que, ao construir suas casas, também construíram, de tantos modos, a cidade tal como a conhecemos.

manhã para catar materiais com meu marido. Durante o dia cuido das meninas e da casa. Temos que completar a manhã para catar materiais com meu marido. Durante o dia cuido das meninas e da casa. Temos que completar a manhã para catar materiais com meu marido. Durante o dia cuido das meninas e da casa. Temos que completar a

“Saio a partir das três horas da manhã para catar materiais com meu

marido. Durante o dia cuido das meninas e da casa. Temos

que completar a renda. Por exemplo, agora estamos

sem gás, estou cozinhando com álcool.”

Tânia Gonçalves

O debate político acerca do direito à moradia e as mulheres é algo ainda muito inicial no Brasil. Desde o início do processo de Conferência das Cidades, a dimensão das mulheres surge na discussão: (a) sobre as cotas na representação das cadeiras dos conselhos das cidades e (b) sobre

regularização fundiária quanto à titularidade, questão já incorporada

O geógrafo David Harvey escreveu que “o direito à cidade é bem mais do que a liberdade individual para acessar os bens urbanos: é um direito a mudar a nós mesmos ao mudar a cidade”. Hoje nos defrontamos com um momento em que a cidade está

em vias de ser refeita em função de megaeventos globais como

Mariana CavalcantiProfessora e pesquisadora do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC)da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ)

Rossana BrandãoDoutoranda em Urbanismo Prourb/UFRJ

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raAumenta que isso aí...Aumenta que isso aí...é da Maré!

Os D’Loks

A Maré não só respira música para todos os lados, como também produz música de qualidade. Aqui no bairro nem tudo termina em samba, porque a diversidade é uma característica local. Além de grupos de pagode, têm bandas de forró, funk, MPB, rock. Por falar em rock, este é um estilo que muitos moradores curtem, tanto que o evento mais concorrido da Lona Cultural da Maré costuma ser o Favela Rock, que acontece uma vez por mês. Entre as bandas locais deste gênero que já se tornaram conhecidas na cidade estão D´Loks, Algoz, Café Frio e Canto Cego. De um ano para cá, mais espaços de apresentação para os músicos locais, principalmente roqueiros, vêm surgindo nas comunidades da Maré, como os bares do Zé Toré, no Timbau, e o do Leandro, no Parque União. Dia 25 de agosto, a Praça da Nova Holanda promete entrar para este roteiro musical, com um primeiro evento que apresentará covers de Barão Vermelho, Legião Urbana e Charlie Brown. Entre as bandas já con� rmadas está a D´Loks, que apresentamos a seguir.

Francisco Valdean, fotógrafo do Imagens do Povo e blogueiro

O grupo

O grupo se identi� ca com o rock alternativo. Já na sua terceira formação, a banda é composta por quatros integrantes: Jhony (bateria e vocal), Fabio Loks (vocal), Dásio (guitarra) e Gustavo (baixo). Atualmente, eles trabalham na gravação do primeiro EP e na gravação do clipe que será disponibilizado em suas redes sociais.

História da banda

A banda D’Loks tem como principal objetivo levar sua mensagem para fora das fronteiras mercadológicas. Suas letras abordam temas e/ou sentimentos comuns do cotidiano, como frustração, amor, ódio, tédio etc. A banda começou em 2005, quando Dásio e Jhony conheceram Fabio, e os três se identi� caram tanto na bagagem de bandas antigas de cada um quanto nas in� uências. Daí resolveram começar uma banda que pudesse produzir um rock atual, fazendo uma química entre sinceridade e atitude.

Com uma guitarra nervosa, bateria e backing vocal extremamente técnico, voz rasgada e baixo alucinante, a D’Loks tem um mix de in� uências que aborda uma grande parte do rock, que vai desde bandas nacionais como Cazuza, Barão Vermelho, Legião Urbana, Detonautas, e outras mais pesadas como Angra, O� cina G3, e as internacionais Audioslave, Rage Against The Machine, Soundgarden, entre outras, até o cenário Heavy Metal, como Ozzy e Dream Theater.

Processo de criação das letras

Inicialmente as letras são compostas por Dásio e posteriormente trabalhadas pelos demais integrantes. Segundo Dásio, não existe uma receita para composição musical. “A melhor forma de se fazer uma letra honesta é a verdade; me baseio em conversas, na minha vida e na dos outros

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disponibilizado em suas redes sociais. Com uma guitarra nervosa, bateria e backing vocalrasgada e baixo alucinante, a D’Loks tem um mix de in� uências que aborda uma grande parte do rock, que vai desde bandas nacionais como Cazuza, Barão Vermelho, Legião Urbana, Detonautas, e outras mais pesadas como Angra, O� cina G3, e as internacionais Audioslave, Rage Against The Machine, Soundgarden, entre outras, até o cenário Heavy Metal, como Ozzy e Dream Theater.

integrantes da banda. Algumas letras vêm de comentários que escuto, às vezes tristes, dramáticos, melancólicos, outros felizes e motivadores”.

O grupo já se apresentou em diversos festivais, realizou shows cover, autorais e abriu shows para as bandas Moptop, Raimundos, Luxúria, Dr. Silvana, entre outros.

Na Maré

No cenário da música da Maré, a banda é bastante conhecida, e já se apresentou na Lona Cultural Herbert Vianna (a Lona da Maré), no Museu da Maré e nos bares do Zé Toré e do Leandro.

Bandas D´Loks

e The Monios

interpretam Barão,

Legião Urbana e

Charlie Brown Jr:

25 de agosto, na Pça

da Nova Holanda

14h - gra� te no muro

e música mecânica

18h - shows, roda de

break e campeonato

de skate com

música ao vivo

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Ofi cina Literária de PoesiaCom Adriana Kairós, coordenadora do projeto cultural Alepa www.literaturapopular.webnode.ptSábados, 04, 11, 18 e 25 de agosto - de 13h às 17h Espetáculo Adulto ProculturaDança - Denise StultzSábado, dia 25, 19hEspetáculo Infantil ProculturaTeatro - Oh Menino Domingo, dia 26, 19hCineclube Maré Cine Sempre às segundas, às 17h30Dia 20 - Perto Demais se Enxerga de Menos, de Lilyen VassDia 27 - Avenida Um, de Toinho CastroOs diretores estarão presentes nestas exibições!

Dança contemporânea (12-18 anos) 18h30-20hDança de rua (Nível avançado) 20h-21h30Cineclube Maré Cine sempre às 17h30

Consciência corporal (a partir de 16 anos) 18h30-20hPercussão (Método O Passo) 20h-21h30

Introdução ao balé (a partir de 8 anos) 9h30-11h na RedesDança de rua (a partir de 10 anos) 17h-18h30

Consciência Corporal (7-12 anos) 18h30-20hDança criativa (7-12 anos) 18h30-20hDança contemporânea 20h-21h30

Introdução ao Balé (a partir de 8 anos) 17hs-18h30Dança de salão (a partir de 16 anos) 18h30-20h e 20h-21h30

PROGRAMAÇÃO AGOSTO OFICINAS REGULARES

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OFICINAS REGULARESCapoeira

3as e 5as - 13 às 15hCavaco

2as - 15 às 17h e 3as - 18 às 20hArtes Circenses

2as e 4as - 14:30 às 16:30hPercussão - Ritmos brasileiros3as e 5as - 9h30 às 11h30

Percussão - Samba2as e 4as - 9 às 11h

Violão2as - 15 às 17h e 3as - 18 às 20h

Gastronomia4as e 5as - 8h30 às 11h30

13h às 16hTeatro

Sábados - 10h às 12h(13 a 17 anos)

Dança de salãoSábados, - 18h às 20h

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO! R. Ivanildo Alves, s/n - Nova Maré - Tels.: 3105-6815 / [email protected] FACE: Lona da Maré - ORKUT: Lona Cultural da Maré Twitter: @lonadamare cultura

Herbert ViannaLona cultural

PROGRAME-SE !TODA A PROGRAMAÇÃO É GRATUITA !

PROGRAMAÇÃO

Cineclube RABIOLATodas as sextas, às 16h303, 10, 17, 24 e 31 de agosto

14, 21 e 28 de setembroCinema de primeira

para nossos pequenosProgramação pelo tel. 3105-6815

Pontinho de culturaProgramação infantil

agora sábados, das 11h às 14h30Construção de Brinquedos (11 às 12h)

Gra� tti (12h às 13h)Brinquedos Cantados (13h30 às 14h30)

4, 11, 18 e 25 de agosto01, 08, 15, 22 e 29 de setembro

Brincadeiras, histórias, fabricação de brinquedos, cinema e muito mais!

Favela Rock10 de agosto, 20h

14 de setembro, 20hBanda Levante e Devotta, vídeoclipes e

discoteca nos intervalos.

Ros

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raMoradora inspira diretor de teatro

R. Bitencourt Sampaio,181 Nova olanda

(21) 3105-7265

Elis

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ela

Leite

Confi ra a programação no local ou pelo telefone: 3105-7265 (de segunda a sexta, de 14h às 21h30)

Silvana Bahia Elisângela Leite

Teatro em casa. Essa é a proposta do novo projeto, intitulado Home Theater, dirigido por Marcus Faustini, criador e diretor da Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu, da Escola Livre de Teatro de Santa Cruz e da Agência de Redes para Juventude. Três mulheres, uma de cada lugar da cidade – Maré e Pavuna (Zona Norte), e Jardim Botânico (Zona Sul) – foram escolhidas, neste primeiro momento, para terem suas vidas interpretadas pela atriz Regiane Alves dentro da casa delas para um público de 20 pessoas.

Sandra Tomé, moradora da Maré, conta que � cou muito emocionada ao receber o convite. “A Eliana Sousa Silva (diretora da Redes) me indicou para o Faustini. Ele disse que precisava de uma mulher com uma história legal; me senti honrada com o convite. Sou moradora da Maré, nascida e criada aqui, sou da época das pala� tas. Na adolescência, as coisas eram muito difíceis. As pessoas da minha geração que conseguiam fazer

o ensino médio era como se chegassem à faculdade. Concluir o ensino médio já era uma vitória”.

Aos 36 anos, Sandra voltou a estudar. Terminou o ensino médio e se matriculou no pré-vestibular que tinha sido aberto na Maré. Durante três anos tentou ingressar na universidade para cursar Serviço Social, até que conquistou a vaga. “Determinei que � caria quatro anos na faculdade. Sou a primeira pessoa da minha família a se formar numa universidade. Depois de formada, trabalhei na Redes da Maré. Não entrei trabalhando na minha área, mas esse aprendizado foi fundamental. Só depois de um tempo, quando surgiu uma vaga, consegui trabalhar na minha área, e lá � quei por dois anos e meio”, comenta Sandra, que atualmente trabalha no Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibse) como assistente social.

A história chamou a atenção de Faustini. O projeto ainda não tem data certa para acontecer, mas tudo indica que será no mês de setembro. O laboratório com a atriz Regiane Alves já começou. Ela esteve na casa de Sandra para conhecê-la e ouvir as histórias da boca de quem as vivenciou.

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Biblioteca Popular Jorge Amado16 de agosto, 10h

Circuito Jovem de leitura na com Georgina Martins, em homenagem

ao patrono da biblioteca

Kizomba - a festa da raça17 de agosto, 19h

Musik Eletro Folk com grupo Musik Fabrik e banda Baiana Qquado06 de setembro (véspera de

feriado), 20h

MNB (Nova Música Brasileira) 24 de agosto, 19h

O maior festival de música independente do Rio com Bandas Algoz, Passarela 10, Mortarium, Canto Cego, Levante e Café Frio.

Tardes Culturais:30 de agosto, quinta, 10h O universo de Jorge Amado

cantado por Edu Kneip e Thiago Amud

Festa LGBT01 de setembro, bábado, 19h

Leia reportagem na pág. 3

Forró na Lona21 de setembro, 20h

Homenageando o centenário de Luiz Gonzaga: cordel,

comidas típicas e bandas ao vivo.

Festa PLOC! anos 8028 de setembro, 20h

Banda Gra� te, DJ e outras atrações.

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BER

TO

Rindoatoa)

Diogo dos Santos

Tar...ta...ru..gas...tartarugas famintas cruzam o oceano quando avistam uma horta de alface no fundo do mar (não me perguntem como rs). O líder decide parar mas percebe que eles esqueceram os

talheres, Então manda o mais novo ir buscá-los. este, diz que não, pois o grupo comeria tudo sem ele. o líder diz que não fariam isso e ordena que ele vá logo. desconfiado, ele vai.

Passam-se cinco anos e nada; dez anos de espera e o grupo não aguenta mais de fome: o mais novo deve ter morrido, dizem uns. Eles decidem comer, e é quando o mais novo sai de trás

de uma pedra:

A-ha! tá vendo só, Se eu tivesse ido, vocês iam comer tudo sozinhos !!!

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Enviado pelo Diogo, aluno da Escola Municipal Tenente General Napion, no Parque Roquete Pinto

P O E S I AFeita na Maré, por gente da Maré

S.O.S. Juarez Cantaro

Após expor o caubói e o cigarroA propaganda agora tem por meta:Reduzir o carbono de cada carro,Deslanchando assim a bicicleta Já vejo numa ciclovia, um atletaTreinando imune ao pigarroE festejando isso, o João de barro,Construirá na mata que ainda resta.

Incontinente a biodiversidadeO rio exilou o katrinaCom águas contaminadas de saudade.

Mas no ideal formatando a rotina:Ciclistas aspirando à majestade,Sonharão com o � m da gasolina.

Uma pequena folha seca Roberta Jaliana (Vila do Pinheiro), alunado CPV Redes (unidade Baixa do Sapateiro)

Uma pequena folha secaQue ao cair de uma árvoreNão tem outro destino se nãoO desprezo... Assim sou, assim estou.Como um vento avassaladorQue traz consigo todas as impurezasCapaz de destroçar até a mais perfeita das � oresAssim permaneço.

Entre um segundo e outroEis que ouço meu coraçãoNas suas batidas lentasCada vez mais angustiadoÉ um coração ferido,Que ao despertar de um sonho real,Sangra.E na escuridão da noite ao ver a luaPercebe a paz que eu não vejo.

Nosso Amor Alex Bom� m F., aluno do Luta Pela Paz

Amor, nosso amor.Claro, leve amor.Unidos daremos importânciaAo amor... Leve, eterno xodó.Beijos, oásis, minha fêmeaInefável mulher.