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Lona Herbert Vianna Programação Pág. 13 Saúde A Maré que Queremos discute melhorias efetivas com representantes da Secretaria Municipal de Saúde Pág. 6 e 7 Por dentro Entulho debaixo do viaduto Pág. 10 Até quando? Reforma da passarela 12 continua inacabada Pág. 11 Homenagem Arena da Penha recebe o nome de Dicró Pág. 16 Rosilene Miliotti Rosilene Miliotti Rosilene Miliotti Rosilene Miliotti Elisângela Leite Davi Marcos / Imagens do Povo Favela sabe o que quer A conferência oficial da Rio+20 de- cepcionou a sociedade civil, mas o evento gerou discussões em vários locais da cidade, inclusive entre os moradores de espaços populares, que participaram da Cúpula dos Po- vos e apresentaram a agenda social e ambiental das favelas. Pág. 3 a 5 A primeira livraria ecológica do Brasil Pág. 14 e 15 Pelo destino correto do lixo Pág. 8 e 9 31 Ano III, N o Julho de 2012 - Maré, Rio de Janeiro - distribuição gratuita UMA EDIÇÃO VERDE Maré abraça sustentabilidade Por todos os lados, encontramos iniciativas voltadas para a melhoria da qualidade de vida na Maré. Esta edição mostra dois exemplos da Vila do Pinheiro: a Livraria Ecológica, onde os moradores le- vam materiais recicláveis e trocam por livros; e o trabalho de conscientização sobre o descarte cor- reto do lixo, feito por alunos e funcionários do Ciep Gustavo Capanema. Foto: Leo LIma / Projeto Outros Olhares (parceria entre Imagens do Povo, Revista Página 22 e IDS - Instituto Democracia e Sustentabilidade)

Maré de Notícias #31

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Este mês no Maré de Notícias: Livraria Ecológica, saúde, lixo e entulho debaixo do viaduto, homenagem a Dicró, luta por direitos na Rio +20 e muito mais.

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Page 1: Maré de Notícias #31

Lona Herbert ViannaProgramação Pág. 13

SaúdeA Maré que Queremos discute

melhorias efetivas com representantes da Secretaria Municipal de Saúde

Pág. 6 e 7

Por dentroEntulho debaixo do viaduto Pág. 10

Até quando?Reforma da passarela 12 continua

inacabada Pág. 11

HomenagemArena da Penha recebe o nome

de Dicró Pág. 16

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Favela sabe o que quer

A conferência oficial da Rio+20 de-cepcionou a sociedade civil, mas o evento gerou discussões em vários locais da cidade, inclusive entre os moradores de espaços populares, que participaram da Cúpula dos Po-vos e apresentaram a agenda social e ambiental das favelas. Pág. 3 a 5

A primeira livraria ecológica do Brasil Pág. 14 e 15 Pelo destino correto do lixo Pág. 8 e 9

31Ano III, No Julho de 2012 - Maré, Rio de Janeiro - distribuição gratuita

UMA EDIÇÃO VERDEMaré abraça sustentabilidadePor todos os lados, encontramos iniciativas voltadas para a melhoria da qualidade de vida na Maré. Esta edição mostra dois exemplos da Vila do Pinheiro: a Livraria Ecológica, onde os moradores le-vam materiais recicláveis e trocam por livros; e o trabalho de conscientização sobre o descarte cor-reto do lixo, feito por alunos e funcionários do Ciep Gustavo Capanema.

Foto: Leo LIma / Projeto Outros Olhares (parceria entre Imagens do Povo, Revista Página 22 e IDS - Instituto Democracia e Sustentabilidade)

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Expediente

Instituição Proponente Redes de Desenvolvimento da Maré

Diretoria Andréia Martins

Eblin Joseph Farage Eliana Sousa Silva

Edson Diniz da Nóbrega Júnior Fernanda Gomes da Silva

Helena EdirPatrícia Sales Vianna

Shyrlei Rosendo

Instituição Parceira Observatório de Favelas

Apoio Ação Comunitária do Brasil

Administraçãodo Piscinão de Ramos

Associação Comunitária

Roquete Pinto

Associação de Moradores e Amigos do Conjunto Bento Ribeiro Dantas

Associação dos Moradores e Amigos do Conjunto Esperança

Associação de Moradores do Conjunto Marcílio Dias

Associação de Moradores do Conjunto Pinheiros

Associação de Moradores do Morro do Timbau

Associação de Moradores do Parque Ecológico

Associação de Moradores do Parque Habitacional

da Praia de Ramos

Associação de Moradores do Parque Maré

Associação de Moradores do Parque Rubens Vaz

Associação de Moradoresdo Parque União

Associação de Moradores

da Vila do João

Associação Pró-Desenvolvimento da Comunidade de Nova Holanda

Biblioteca Comunitária Nélida Piñon

Centro de Referência de Mulheres da Maré - Carminha Rosa

Conexão G

Conjunto Habitacional Nova Maré

Conselho de Moradores da Vila dos Pinheiros

Luta pela Paz

União de Defesa e Melhoramentos do Parque

Proletário da Baixa do Sapateiro

União Esportiva Vila Olímpica da Maré

Editora executiva e jornalista responsável

Silvia Noronha (Mtb – 14.786/RJ)

Repórteres e redatores Hélio Euclides

(Mtb – 29919/RJ)

Jéssica Oliveira(estagiária)

Rosilene Miliotti Silvana Bahia(Estagiária)

Fotógrafa Elisângela Leite

Projeto gráficoe diagramação

Pablo Ramos

Logotipo Monica Soffiatti

Colaboradores Anabela Paiva

André de LucenaAydano André Mota

Flávia OliveiraObservatório de Favelas

Impressão Gráfica Jornal do Commércio

Tiragem 40.000 exemplares

Redes de Desenvolvimentoda Maré

Rua Sargento Silva Nunes, 1012, Nova Holanda / Maré

CEP: 21044-242 (21) 3104.3276 (21)3105.5531

www.redesdamare.org.br [email protected]

Os artigos assinados não

representam a opinião do jornal.

Parceiros

EDIT

OR

IAL

carta

HUMOR “Ruído na comunicação” Por André de LucenaA hora do lixo

Duas das principais reportagens deste mês trazem reflexões sobre o lixo. Uma estimula simultaneamente a reciclagem e a leitura de livros, numa proposta inédita que está dando super certo na Vila do Pinheiro (leia nas pág. 14 e 15). A outra traz um pedido das crianças para que os adultos respeitem o local e o horário de passagem do caminhão ou do trator da Comlurb. Se todos nós deixarmos o lixo dentro de casa, na lixeira, depositando os sacos do lado de fora somente em horário próximo ao da passagem da Comlurb, certamente teremos muitos ganhos ambientais que, por sua vez, estão associados à nossa saúde. Na maior parte dos bairros do Rio, a Comlurb passa apenas três vezes por semana. Na Maré, o serviço é diário. Fique ligado nas pág. 8 e 9.

Nesta edição “verde”, trazemos também reportagem sobre a Cúpula dos Povos na Rio+20, apresentando a agenda das favelas (pág. 3 a 5).

A questão da quantidade e da qualidade dos equipamentos públicos é tema das pág. 6 e 7, desta vez focando a saúde. Assim como acontece na educação com os Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDIs), na saúde a prefeitura investe em novas unidades, que são bem-vindas, desde que tenham qualidade. Prédio novo só para sair bonito na foto não vale.

Leia essas e outras matérias nas próximas páginas!

Muro das vias expressas

Sinto-me em meio ao furacão quando o assunto é dignidade, pois ao invés de tentar melhorar nossas vidas, os governantes tentam nos encurralar para debaixo do tapete. Sinceramente, eles desejam esconder a pobreza das comunidades cariocas.

Gostaria que ao deitassem em suas camas macias e travesseiros de pena de ganso, nossos políticos lembrassem de quem realmente faz o Brasil andar, esse povo sofrido e batalhador. Queria acreditar que essa “barreira acústica” nas linhas Vermelha e Amarela, de mais de 20 milhões de reais, foi justamente pensada em nossa saúde. Então por que só cercaram favelas? Por que não cercaram a Avenida das Américas ou a Lúcio Costa? Será que eles realmente pensam que somos tão ignorantes? Esse é o respeito que eles têm pelos seus eleitores?

Espero que todos soltem essa voz presa em seus peitos e defendam nossa história, pois foi o povo da comunidade que construiu as mais belas obras do Rio de Janeiro. Desejaria ter um pouco mais de respeito, pois sou da favela com muito orgulho!!!

Bruno Nascimento

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DECúpula dos Povos na Rio+20

debate direitosEventos – oficial e paralelo – deixam claro que os interesses econômicos

caminham para o lado oposto dos interesses sociais

Nas ruas, manifestantes se uniram contra iniciativas públicas e privadas que destroem o meio ambiente

Silvana Bahia Fotos: Rosilene Miliotti / Projeto Outros Olhares, parceria entre Imagens do Povo, Revista Página 22 e IDS - Instituto Democracia e Sustentabilidade

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, popularmente conhecida como Rio+20, causou grande reboliço na cidade na última quinzena de junho. Enquanto a conferência oficial ocorria no Riocentro, com a presença dos chefes de Estado, no Aterro do Flamengo e em outros lugares do Rio aconteciam eventos paralelos ligados à Cúpula dos Povos, conferência organizada pela sociedade civil para debater os temas abordados pela Rio+20.

Para muitos cidadãos a conferência não representou nada mais do que a cidade lotada e alterações no trânsito. Porém, para uma parcela significativa da população – sobretudo para os movimentos populares e organizações da sociedade civil – a Rio+20 foi uma oportunidade de encontro, articulação, troca e discussão, pautadas no desenvolvimento sustentável, meio ambiente, entre outras questões, mas principalmente no que diz respeito aos direitos.

A conferência oficial, no Riocentro, não foi suficiente para que os países representados por seus dirigentes se comprometessem de forma responsável com o futuro do planeta e dos seres que nele habitam. O texto final da Rio+20 foi considerado um fracasso pela sociedade civil. Na declaração final da Cúpula dos Povos, os movimentos sociais, sindicatos, ambientalistas e organizações da sociedade civil criticaram a conferência oficial. O documento aponta que os interesses econômicos caminham para o lado oposto dos interesses sociais.

“A Rio+20 repete o falido roteiro de falsas soluções defendidas pelos mesmos atores que provocaram a crise global. À medida que essa crise se aprofunda, mais as corporações avançam contra os direitos dos povos, a democracia e a natureza, sequestrando os bens comuns da humanidade para salvar o sistema econômico-financeiro”. (Trecho da declaração final da Cúpula dos Povos)

Na próxima página: Favela na Cúpula dos Povos: Moradores de espaços populares levaram a agenda das favelas para o evento

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e Favela do povo na Cúpula dos Povos

Silvana Bahia Fotos: Projeto Outros Olhares, parceria entre Imagens do Povo, Revista Página 22 e

IDS - Instituto Democracia e Sustentabilidade”

As favelas cariocas também foram palco de discussões dos temas abor-dados na Rio+20. Na Maré e no Com-plexo do Alemão, em dois dias, foram realizadas atividades autogestionadas da Cúpula dos Povos com o tema: “A Favela na agenda dos Direitos Sociais e Ambientais”. Os encontros, organiza-dos pelo Observatório de Favelas e instituições parceiras, reuniram pesso-as de dentro e de fora das comunida-des para discutir assuntos abordados na conferência oficial, trocar experiên-cias e propor estratégias para garantir direitos sociais e ambientais nos espa-ços populares.

Dia 16 de junho, no Galpão Bela Maré, teve uma mesa formada pelos representantes das organizações que atuam em favelas do entorno da Av. Brasil: Jorge Luis Barbosa, do Observatório de Favelas; Alan Brum, do Instituto Raízes em Movimento; Edson Gomes, do Verdejar Socioambiental; e Eliana Sousa e Silva, da Redes da Maré. O grupo produziu um documento propositivo que foi apresentado na Plenária de convergência no eixo 1: “Direitos, por justiça social e ambiental”, na Cúpula dos Povos. O texto pontuou, entre outras questões, o direito à cidade em sua plenitude, com ênfase no direito à moradia.

No evento da Maré, moradores da Vila Autódromo, na Zona Oeste, que estão resistindo à tentativa de remoção para a construção de um Parque Olímpico, também falaram sobre a incidência da Rio+20 nos espaços populares. Jane Nascimento, diretora social da Vila Autódromo, acredita que a conferência não traz mudanças diretamente positivas, porém é uma oportunidade para expressar opiniões. “A mudança nós é que vamos fazer, aproveitando a Rio+20 para colocar para fora o nosso direito de voz”, ressalta a diretora que vive há mais de 20 anos na Vila Autódromo.

Alan Brum, do Instituto Raízes em Movimento, do Alemão, disse que o momento atual pode ser uma ocasião de visibilizar as reivindicações das favelas. Eliana Sousa Silva, coordenadora geral da Redes, apresentou o projeto A Maré que Queremos, que reúne instituições locais e as 16 associações de moradores em torno de um projeto estruturante que melhore a qualidade de vida nas comunidades da Maré.

Outros grupos estiveram presentes, como o Coletivo Entre Sem Bater, que exibiu um vídeo com moradores do morro da Providência, que terão suas casas demolidas pela Secretaria Municipal de Habitação para

a construção de um teleférico. O Cineclube Sem Tela, organizado por alunos da Escola Popular de Comunicação Crítica (Espocc) da Maré, exibiu o filme Ilha das Flores, seguido

“A mudança nós é que vamos fazer,

aproveitando a Rio+20 para colocar

para fora o nosso direito de voz.”

Jane Nascimento, da Vila Autódromo

O documento elaborado nas favelas cariocas recomenda:

• Políticas públicas que assegurem condições urbanas plenas da vida so-cial e modos de gestão ambiental, que primem pela preservação e proteção ecológica das favelas. Tais políticas são necessárias para garantir os direitos de habitar a cidade;

• Investimentos em políticas de gera-ção de trabalho e renda, que valorizem as experiências de organização e so-ciabilidade dos moradores de favelas;

• Implementação de políticas de se-gurança pública pautadas nos direitos humanos, que tenham como princípio fundamental a valorização da vida dos moradores;

• Valorização simbólica e material da pluralidade cultural das comunidades, com investimentos na produção, difu-são e socialização das ações artísticas e culturais das favelas no âmbito da ci-dade como um todo.

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eFavela do povo na Cúpula dos Povos

de um debate entre Luciana Meireles, da Retalhos Cariocas, Regina Tchelly, do Favela Orgânica, e Robson Borges, da Cooperativa Eu Quero Liberdade. Todos atuam dentro e fora de favelas cariocas com iniciativas que têm o desenvolvimento sustentável como eixo das ações.

“Hoje todo mundo é eco”

Na continuação das atividades da Cúpula dos Povos nas favelas, em 19 de junho, foi a vez de o Complexo do Alemão reunir ativistas, moradores e organizações da sociedade civil em torno do tema: “A favela como novo modelo de sociedade sustentável dentro da cidade insustentável”. Foram apresentadas experiências desenvolvidas nas favelas como estratégias para o desenvolvimento local sustentável.

Rafael Carvalho, do Verdejar Socioambiental, falou sobre o descaso com a Serra da Mise-ricórdia, que corta 27 bairros da Zona Norte do Rio, e que a dimensão em relação à prote-ção ambiental devia ser mais efetiva e parti-cipativa. Por conta disso, em 2006, foi criado um comitê gestor de desenvolvimento local da Serra da Misericórdia, com o objetivo de dialogar com o poder público sobre as ques-

tões ligadas ao desenvolvimento da Serra da Misericórdia e das comunidades do entorno do maciço.

“A ideia é trazer todos os parceiros que possam contribuir de alguma forma para a construção de um plano de desenvolvimento sustentável efetivo do Complexo do Alemão. Para isso é fundamental que a sociedade civil participe desse processo. Em 2001 foi decretado que a Serra da Misericórdia é uma Área de Proteção Ambiental e Recuperação Urbana. Depois, em 2010, foi nomeada como Parque Urbano da Serra da Misericórdia. Só que a ‘proteção’ nunca saiu do papel”, explicou Rafael Carvalho.

A Cooper Liberdade, que organizou a mostra Eco Periferia, também no Alemão, por meio de seu coordenador Robson Borges, apresentou as ações de coleta seletiva e o reaproveitamento do óleo de cozinha, que depois é transformado em material de limpeza. A iniciativa existe desde 2005, tendo sido formalizada em 2008 como cooperativa de reciclagem. Um de seus objetivos é buscar alternativas de inclusão de egressos do sistema prisional na sociedade, além de usar a educação ambiental como ferramenta

“O trabalho é importante, podemos transformar essa comunidade em sustentável de fato.”

Robson Borges, do Alemão

Moradores de espaços populares também participaram do evento e levaram a agenda das favelas para a Cúpula dos Povos na Rio+20

Rosilene MiliottiRosilene Miliotti

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para sensibilizar, informar e mobilizar os moradores para a destinação correta de resíduos.

“Hoje todo mundo é eco, virou moda. Vai ser como uma onda: vai passar e aquele que não tiver amor não vai continuar lutando. Muitos aproveitam esse momento para capitalizar. O trabalho é importante, podemos transformar essa comunidade em uma comunidade sustentável de fato”, afirmou Robson Borges.

Pautar assuntos como o desenvolvimento sustentável nas favelas é uma forma de trazer para estes territórios as discussões da conferência oficial, como ponderou Melisanda Trentin, do Núcleo de Justiça Ambiental da Fase. “A Cúpula dos Povos é uma grande chance, não só para as favelas, mas também para outros grupos que estão fora desse eixo do discurso oficial que está colocado pela Rio+20. É o momento para trazer todo o trabalho que vem sendo feito há anos sobre o lugar da favela, sobre as soluções criativas que ela apresenta”, concluiu Melisanda.

Três momentos da Cúpula dos Povos no centro e no Flamengo

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E Que saúde! Hélio Euclides

Em fins de dezembro de 2009, a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil anunciou a implantação de cinco clínicas da família na Maré até o final de 2012 (ver edição n° 2 do Maré de Notícias). Entretanto, até o momento apenas uma unidade foi instalada, a Augusto Boal, no prédio do antigo Sesi, no Timbau. Para este ano, a prefeitura prevê inaugurar a segunda clínica da família do bairro, que incorporará as equipes que trabalham no postinho do Ciep Ministro Gustavo Capanema, da Vila do Pinheiro.

O postinho enfrenta problemas de manutenção predial, que geram goteiras, entre outros males. “Estamos no aguardo da unidade nova, pois precisamos ampliar os trabalhos. Hoje não oferecemos vacinação, por exemplo. Já escolhemos até o nome da clínica: Agostinho Neto, líder da independência de Angola. Uma homenagem aos moradores angolanos”, conta a gerente do posto, Vera Quintela. Entre as novidades prometidas estão equipamentos de RX e de ultrassonografia.

A falta de estrutura dos postinhos, que funcionam em salas emprestadas pelos Cieps, se repete na Maré. A precariedade explica, em

parte, porque a quantidade de equipamentos públicos não garante a qualidade do serviço oferecido ao cidadão. Essas unidades foram instaladas em 1996, como solução provisória para a saúde ambulatorial na Maré. O improviso foi sendo mantido ano após ano, sem a devida manutenção e sem a necessária ampliação, que levasse em consideração o crescimento da população do bairro. Passados 16 anos, os postinhos não agradam nem a Secretaria de Saúde nem a de Educação.

“Já foram descartados os postinhos do Operário Vicente Mariano e o Nova Holanda. A ideia é devolver o espaço dos mini postos para a educação. Hoje existe uma cartilha de serviço que os postinhos não conseguem cumprir, até pelo espaço físico, que é precário”, explica o subsecretário Municipal de Atenção Primária, Vigilância e Promoção de Saúde, Daniel Soranz.

Em junho e julho, Daniel participou de duas reuniões com integrantes do projeto A Maré que Queremos, no Centro de Artes da Maré (CAM), na Nova Holanda. Este projeto, coordenado pela Redes, reúne as associações de moradores das 16 comunidades da Maré e instituições locais, em torno de melhorias estruturantes que promovam a qualidade de vida local. O diálogo com a prefeitura teve início em maio passado, quando as propostas dos líderes

da Maré foram formalmente apresentadas ao poder público municipal, dando início a uma série de conversas com representantes de várias secretarias.

“Essas reuniões marcaram a necessidade de, no futuro, se criar mais duas novas clínicas da família, uma na Avenida Brigadeiro Trompowsky, na antiga garagem do Ministério da Saúde, e outra na Avenida Brasil, no posto de gasolina desativado (na altura da passarela 9)”, reconheceu o coordenador de saúde da Área Programática 3.1, Hugo Fagundes, sem falar em datas.

Na Praia de Ramos, houve também o fechamento do postinho do Ciep 14 de Julho. O atendimento na comunidade passou a ser todo feito no Centro de Saúde Américo Veloso. “O novo espaço está em obra, mas acredito que comporte, com salas em dois andares. O antigo posto no Ciep era pequeno, no entanto espero que lá vire uma mini creche”, contou o presidente da Associação de Moradores, Cristiano Reis.

Para o conselheiro municipal de saúde, Gilberto Souto, para conquistar avanços na área, as lideranças da Maré devem se aproximar também deste coletivo. “O conselho é formado por gestores, funcionários e usuários da saúde. Ele é uma conquista da sociedade, e tem que ter a participação da organização. A Maré precisa estar inserida”,

Integrantes do projeto A Maré que Queremos discutem melhorias efetivas com representantes da Secretaria Municipal de Saúde

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explicou. O Conselho se reúne toda terceira quarta-feira de cada mês, na Rua São Godofredo, número 45, na Penha.

Avanços lentos e manutenção dos improvisos

Para somar ao trabalho do Posto de Saúde Hélio Smidt, em junho entrou em funcionamento o do Parque União, já considerado um improviso pela própria prefeitura. “O PS do Parque União é improvisado, por ter escada. Os dois postos não dão conta. A solução definitiva será a clínica da família”, lembrou Daniel, sem citar data de quando isso pode acontecer.

Uma boa notícia foi o resultado obtido com a vacinação. Há três anos que não se tinha um número tão positivo. O diálogo entre os presidentes e os responsáveis pela saúde resultou nesse crescimento de qualidade. “São poucos locais que se colocam

os problemas com tanta clareza, esse fórum é super necessário”, ressaltou Hugo.

Na saúde, a prevenção é sempre o melhor remédio. De

acordo com Hugo, a clínica da família já faz parte de um plano estruturante para a Maré. Segundo a gerente da Clínica da Família Augusto Boal, Catarina Loivos, a unidade oferece uma série de atividades voltadas para a qualidade de vida da população local. “Trabalhamos com a prevenção nos projetos Academia Carioca de Saúde, que têm 540 alunos matriculados na Maré, com grupo de diabéticos e hipertensos, planejamento familiar, tabagismo. Temos uma horta medicinal e outra comunitária, terapia e em breve teremos grupo de adolescentes”, contou Catarina. O projeto Academia Carioca desenvolve atividade física com foco na promoção da saúde.

Contudo, ainda há reclamações do trabalho da clínica. “O resultado dos exames ainda demora. Não é só o prédio, precisamos de estrutura”, criticou o presidente da Associação de Moradores do Morro do Timbau, Osmar Paiva Camelo. O subsecretário garantiu em breve uma solução.

Daniel entende que a questão da saúde envolve muito mais do que atendimento médico e atividades físicas. “Só há saúde se existir saneamento básico, e dessa forma monitoramos os espaços. Mas hoje o maior problema é o hábito de vida, que causa hipertensão e diabetes”, afirmou. Ele acredita que a saúde da família é o ideal, com os médicos conhecendo a população. “É uma relação próxima, não é uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) que chuta e pronto. Ao conhecer o paciente, se tem o melhor desempenho do tratamento”, concluiu.

Leia na página 12: Vazamento de esgoto

do outro lado da rua da Clínica Augusto Boal vira problema crônico

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Postinho da Praia de Ramos fechado

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Jéssica Oliveira Rosilene Miliotti

A Vila do Pinheiro amanheceu diferente na última sexta-feira de junho, 29. As crianças da Ciep Ministro Gustavo Capanema saíram das salas de aula e tomaram a fachada da escola. A mobilização que uniu escola, agentes de limpeza e moradores da Vila do Pinheiro teve como objetivo conscientizar a todos para a importância do armazenamento correto do lixo e de sua reciclagem.

“Um dos grandes problemas da Maré é o lixo. Os moradores alegam que não têm local para jogar, mas embora a coleta seja diária e regular, eles ainda jogam em qualquer lugar”, afirma a diretora do Ciep Capanema, Carmem Lucia Ferreira.

Na Vila do Pinheiro, como em muitas outras comunidades da Maré, o mini-caminhão de lixo passa pelas ruas principais e mais

Um apelo

largas, mas não pelas vielas. Dessa forma, moradores que não dispõem do serviço da Comlurb em sua porta nem sempre se preocupam em colaborar para que o lixo seja armazenado de maneira a prevenir mau cheiro, doenças e infestações. “A Comlurb passa às 7h da manhã. Assim que ela recolhe o lixo, os moradores jogam de novo”, observa Jaquelina Barbalho, mãe da aluna

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Quando passa a Comlurb?

Antes de deixar o saco de lixo na rua, verifique o horário de trabalho da Comlurb. Se todos respeitarmos o horário, a qualidade de vida na Maré vai melhorar ainda mais!

E se a Comlurb costuma falhar, fale conosco:

[email protected];R. Sargento Silva Nunes, 1.012, Nova Holanda. Tel.: 3104-3276.

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deAlunos da Vila do Pinheiro fazem

manifestação bem humorada pela correta destinação para o lixoCOLORIDO

Daniela Barbalho. Com isso, a sujeira vai se acumulando até o dia seguinte, quando a situação se repete. Resultado: o local está sempre repleto de sacos de lixo. Daniela também opina: “Ao invés de ser cidade maravilhosa, o Rio vira ‘cidade cheia de lixo’”. Jaquelina, que faz parte do Projeto de Alfabetização de Jovens e Adultos do Ciep, conta: “Eu separo o lixo. Facilita a coleta e a reciclagem”.

Música, tinta, ação!

A mobilização foi batizada de “Atuação Transforma”, uma alusão à ideia de que “a tua ação pode fazer a diferença”. Esta conscientização, como explica a diretora Carmem, foi necessária devido ao lixo jogado na frente da escola. “O muro estava tomado por lixo. Nossa escola está com infestação de moscas, mau cheiro e entupimento”, pontua,

acrescentando a importância da ação: “O importante é que as crianças levem essa conscientização para suas casas”.

Com a participação do grupo de pagode Só Limpeza, da Comlurb, e do “Super Gari”, os alunos exibiram cartazes, decoraram o muro recém-pintado da escola e cantaram músicas sobre o tema reciclagem e consciência ambiental, junto ao professor de música Guilherme Sá.

“Jogue lixo na lixeira... tatatáA nossa turma tem mania de limpezae a Maré pode ser uma beleza.”

música cantada pelos alunos

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Entulho debaixo do tapeteHélio Euclides

Está em fase de conclusão a obra de triplica-ção das pistas da Linha Amarela. Contudo, o entulho foi depositado debaixo do viaduto de ligação com a Cidade Universitária. Além disso, o alargamento da via expressa provo-cou o estreitamento da Rua Praia de Inhaú-ma, gerando engarrafamento no local. É que esta rua é utilizada por três linhas de ônibus, muitos carros, e não dispõe de sinalização. Para piorar, também não existe calçada para pedestres.

“Uns dizem que a responsabilidade é da concessionária (Lamsa), outros que é da prefeitura. O ruim é o legado que ficou para o morador. Nós sofremos muito com a situ-ação”, comenta o presidente da Associação de Moradores do Morro do Timbau, Osmar Paiva Camelo.

Educação: em construçãoHélio Euclides

A Maré, do Conjunto Esperança até Marcílio Dias, conta com 15 escolas municipais, sendo seis Centros Integrados de Educação Pública (Cieps). Parece um bom número, contudo ainda há carência de professores em sala de aula. “A rede pública de educação está fogo. Faltam professores para a educação infantil. Só prédio novo não é a solução”, queixa-se a moradora do Parque Maré, Kayt Alves. Edileusa Silva do Nascimento reclama pelo mesmo motivo. “Meu neto foi encaminhado pela creche à escola, e demorou bastante para o início das aulas”, afirma.

A Secretaria Municipal de Educação informou que esse problema está sen-do solucionado com a posse de novos professores nas escolas da Maré.

Debaixo do viaduto, uma barraquinha de doces ficou ilhada pelo entulho. “Por aqui passava muita gente, era asfaltado e limpi-nho. Achei que com a obra ia melhorar; só que aterraram o meu comércio. Espero que limpem para voltar a trabalhar de novo. Faz falta esse dinheiro”, desabafa o aposentado José Viana de Llomba. Hoje mal dá para passar pelo local sem se sujar.

O coordenador da 30ª Região Administrativa na época do início das obras, Hildebrando Rodriguês, o Del, assegurou que procedem todos os questionamentos dos moradores,

mas que há jogo de empurra. “Essas obras nunca foram entregues para a prefeitura e mui-to menos inauguradas. Só eles (Lamsa) po-dem responder. Já o entulho, a empresa (La-msa) está providenciando a retirada”, afirmou.

Del ainda apontou outro problema: a ilumina-ção da ciclovia e do campo de futebol foi re-tirada e só houve a recolocação dos postes. “A Rio-luz entrará em contato com a conces-sionária para falarem do assunto”, garantiu.

Ao lado desta área, a gestora da Linha Ama-rela, a Lamsa, construiu um espaço de lazer, intitulado parque linear, que está sem manu-tenção e iluminação. A Lamsa alega que as obras foram executadas de acordo com os projetos desenvolvidos, conforme determina-ção da prefeitura, e que estão devidamente aprovadas. Garantiu ainda que não há qual-quer entulho proveniente da obra sob o via-duto, se eximindo dessa responsabilidade.

O que acontece eo que não deixade acontecer por aqui

O órgão informa ainda que foi concluído o processo de licitação para a reforma da Escola Nova Holanda. A Riourbe adota as medidas ne-cessárias para a assinatura do contrato e início das obras.

Sobre a falta de espaço da Escola Cantor e Compositor Gonzagui-nha, em Marcílio Dias, divulgadas na edição 28 (de abril deste ano), não haverá ampliação da unidade, mas a secretaria afirma ter solici-tado vistoria, visando otimizar o espaço. Por fim, o órgão anunciou ter assinado contrato para o início das obras de instalação de um Centro de Referência de Educação de Jovens e Adultos (Creja), no antigo Sesi, no Timbau.

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tasUma obra que não terminou

Quem passa de carro pela Avenida Brasil, vê a passarela 12 toda pintada, mas para o pedestre as coisas são bem diferentes. Olhando de perto, a obra parece inacabada. “Em alguns locais não houve finalização nas pontas de solda. Crianças podem passar a mão e se machucar”, preocupa-se o morador da Praia de Ramos, Nilson Silva Duarte. Outra questão que chama atenção é o desnível, que parece um degrau. “Faltou acabamento na obra, ficou com irregularidade o piso. É muito difícil passar o vão alto com carrinho de bebê”, afirma a também moradora Raquel Mattos.

Para a diretora da Escola Municipal Armando de Salles Oliveira, Anna Maria Antunes Braga, a obra, apesar de recente, ficou com aspecto de antiga. “Não rasparam a tinta velha, pintaram por cima, e uma parte do piso ficou lisa e a outra escorregadia”, ob-serva. A Secretaria Municipal de Obras voltou ao local recentemente, mas fez mais remendos que não alteraram o estado da passarela.

Parece, mas não éHélio Euclides

Quem olha um pequeno poste na Rua da Rosas, em frente ao numero 19, na Nova Holanda, leva um susto. Um chaveamento seccionador e fusível utilizados no sistema de distribuição de energia, em geral encontra-dos acima dos transformadores, foram instalados em local baixo, ao alcance de todos. A boa notícia é que a aparelhagem não tem tensão; é apenas utilizada como modelo para aula de eletrici-dade. O siste-ma pertence ao eletricista Rob-son dos Santos Monteiro, o po-pular Bin Laden que, com 28 anos de profis-são, transmite conhecimentos a quem deseja seguir os seus caminhos. O objetivo é au-mentar a oferta de serviços elé-tricos mais se-guros na Maré.

Elisêngela Leite

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À esquerda, o desnível que havia sido deixado pela prefeitura; e à direita, como ficou o local após o ‘remendo’ feito no mês passado

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A única floricultura da Maré fica no Parque União. O negócio existe há 17 anos e, depois das dificuldades geradas pelas operações do Choque de Ordem da prefeitura, se mantêm firme e forte. “Adoro trabalhar com flores. Nas datas comemorativas coloco toda a família para trabalhar aqui. É filho, nora, marido, pai, todos ajudam”, conta Mere, dona da floricultura, que fica na rua do Valão.

Vazamento vira problema crônicoHélio Euclides

Uma mistura de água potável, esgoto e lixo se espalha pela calçada oposta à Clínica da Família Augusto Boal, antigo Sesi, na Rua Guilherme Maxwell, no Morro do Timbau. O conserto do bueiro é sempre realizado, mas em pouco tempo o proble-ma volta e o esgoto e a água se misturam ao lixo novamente. “É necessário uma solução por parte do governo e também do cidadão para o bem do ambiente”, ressalta a moradora da Baixa do Sapateiro, Maria Euzete da Costa.

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OFICINAS REGULARESCapoeira

3as e 5as - 13 às 15hCavaco

2as - 15 às 17h e 3as - 18 às 20hArtes Circenses

2as e 4as - 14:30 às 16:30hPercussão - Ritmos brasileiros

3as e 5as - 9 às 11hPercussão - Samba2as e 4as - 9 às 11h

Violão2as - 15 às 17h e 3as - 18 às 20h

Gastronomia4as e 5as - 8h30 às 11h30

13h às 16hTeatro

Sábados - 10h às 12h(13 a 17 anos)

Dança de salãoSábados, - 18h às 20h

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO! R. Ivanildo Alves, s/n - Nova Maré - Tels.: 3105-6815 / [email protected] FACE: Lona da Maré - ORKUT: Lona Cultural da Maré Twitter: @lonadamare

Biblioteca Popular Municipal Jorge Amado - Ao lado da Lona, atende a toda a Maré: Amplo acervo, brinquedoteca, gibiteca e empréstimo domiciliar

cultura

Herbert ViannaLona cultural

PROGRAME-SE !TODA A PROGRAMAÇÃO É GRATUITA !

PROGRAMAÇÃO

Cineclube RABIOLATodas as sextas, às 16h30

6, 13, 20 e 27 de julho 3, 10, 17, 24 e 31 de agosto

Cinema de primeirapara nossos pequenos

Programação pelo tel. 3105-6815

Pontinho de culturaProgramação infantil

agora sábados, das 10h às 14h07, 14, 21 e 28 de julho4, 11, 18 e 25 de agosto

Brincadeiras, histórias, fabricação de brinquedos, cinema e muito mais!

Tardes Culturais:Caravana do Passinho

12 de julho, quinta, 10h Workshow de funk na veia, com

dançarinos itinerantes valorizando nossa manifestação cultural.

Favela RockSexta, 13 de julho, 20h

Tributo aos Raimundos, Paralamas e Los Hermanos

10 de agosto, sexta, 20h Levante e outras bandas

Espetáculo de dança“Sem o que você não pode viver?”

20 de julho, sexta, 19hCom Ivana Mena Barreto

Classificação: 18 anosLotação: 50 pessoas

Forró com Os Três Forrozeiros03 de agosto, sexta, 20h

Edição especial homenageandoo centenário de Luiz Gonzaga

Kizomba17 de agosto, 19hMusik Eletro Folk

com grupo Musik Fabrik

Ciranda na Biblioteca21 de agosto, terça, 14h

Festival Nova Música Brasileira 24 de agosto, sexta

O maior festival de música independente do Rio com seis bandas escolhidas no processo seletivo: Algoz, Passarela 10,

Mortarium, Canto Cego, Levante e Café Frio.

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Nossa história viva

Quem perdeu o lançamento do livro “Memó-ria e identidade dos moradores de Nova Ho-landa” – primeiro de uma série que pretende apresentar a história das 16 favelas da Maré contada pelos próprios moradores – pode baixar o pdf da publicação completa no site da Redes (www.redesdamare.org.br). Se preferir ler a versão em papel, procure:

Biblioteca Popular Escritor Lima Barreto, da Redes, na Rua Sargento Silva Nunes, Nova Holanda

Biblioteca Po-pular Municipal Jorge Amado (ao lado da Lona da Maré), na Rua Ivanildo Alves, Nova Maré, de segunda a sexta--feira, das 9h às 17h.

Na batida do “Corações Unidos”

Os ensaios do bloco do Corações Unidos, na rua dos Caetés, 67, no Timbau, estão de volta, todas as quartas e sextas-feiras, às 19h. E aos domingos, no mesmo horário, tem ensaio e apresentação da roda de samba do grupo Nova Raiz. O Corações Unidos dispõe de espaço de recre-ação com mesa de ping--pong, sinuca, totó e telão para que os moradores as-sistam os jogos do Campe-onato Brasileiro de Futebol. Às segundas e quartas têm aulas de dança de salão, às 18h. Tudo de graça. Em breve, aula de ritmos como samba, salsa, bolero, solti-nho e zouk.

Agenda cheia no CAM

Em um fim de semana por mês, durante dez meses, serão re-alizadas diferentes apresentações de Artes Cênicas no Centro de Artes da Maré (CAM). Estão previstos programas adultos aos sábados e infantis aos domingos. “Ao todo serão 20 apre-sentações e nossa meta de público é de 3 mil espectadores por ano”, estima Isabela Porto, coordenadora deste Ponto de Cultura, da Redes. Um dos próximos programas de teatro adulto será a Cia Marginal, oriunda da Maré, com o espetácu-lo “Ô Lili”, que faz parte da Premiação do Procultura para Pro-gramação de Espaços Cênicos, uma realização da Funarte.

O CAM oferece ainda o Cineclube Maré Cine, com sessões sempre às segundas, às 17h30, em parceria com a Escola Livre de Dança da Maré. A escola também oferece uma série de atividades. Tudo de graça! Dias 28 e 29 de Julho, às 19h: Cia Marginal apresenta “Ô Lili”.

R. Bittencourt Sampaio, 181 - Nova HolandaProgramação completa: www.redesdamare.org.brveja o calendário à direita do site

C u l t u r a

MEMÓRIA FLUMINENSEPESQUISA E PUBLICAÇÕES

EDIÇÃO 2010

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A presente iniciativa da Redes de Desenvolvimento da Maré

(REDES da Maré), através de seu Núcleo de Memória e

Identidade (NUMIM), assume um papel estratégico,

materializando um subsídio central para o processo de

desenvolvimento integral da Maré, em suas múltiplas

possibilidades e dimensões. Mais do que isso: a iniciativa,

tanto no campo da pesquisa quanto no editorial, permite a

construção de uma metodologia que pode ser replicada para

outros territórios populares, de modo que seus moradores e

também indivíduos de outros espaços da cidade conheçam

as riquezas das lutas, sonhos e utopias que constituíram

as favelas cariocas.

E, nesse processo de valorização da história coletiva daqueles que

construíram esses territórios singulares e complexos, vamos

estabelecendo uma nova cidade, mais justa e plena. Diante disso,

torçamos para que esse projeto atinja seus objetivos com muito

sucesso e que celebremos essa nova conquista.

Prefácio de Jailson de Souza e Silva

MEMÓRIA E IDENTIDADE

DOS MORADORES DE

NOVA HOLANDA

REALIZAÇÃO:

PATROCÍNIO:

Naldinho Lourenzo / Divulgação

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Projeto pioneiro na Vila do Pinheiro incentiva a leitura por meio da troca de material reciclado por livros

Silvana Bahia Rosilene Miliotti

O que fazer com latinhas de refrigerante, sacolas plásticas, óleo de cozinha usado e garrafas pets? Existem diversos destinos para esses materiais depois de usados, mas na Maré, na Vila do Pinheiro, os recicláveis podem ser trocados por livros na Livraria Ecológica. Inaugurada em novembro de 2011, em oito meses de funcionamento, a livraria já distribuiu mais de 90 mil livros.

Aberta de segunda a sexta, de 9h às 17h, a livraria caiu no gosto dos moradores da Maré e de pessoas de diferentes lugares da cidade, segundo Demésio Batista, idealizador e coordenador do projeto. “Vem gente de toda parte da Maré, mas tem muita gente de fora também. Do Parque União, Salsa e Merengue, Nova Holanda, Bonsucesso, Olaria, Ramos. Recentemente teve um rapaz que viu o nosso blog e veio trocar livros. Ele é professor de arquitetura e mora na Zona Sul, trouxe as latinhas e saiu daqui feliz da vida”, conta Demésio, que há 15 anos monta bibliotecas em espaços populares.

A ideia de montar uma livraria surgiu do trabalho no projeto Fábrica de Bibliotecas, que teve início no Grajaú. As bibliotecas eram montadas, mas não tinham manutenção adequada. “Montamos bibliotecas em muitos lugares, mas uma vez abrimos uma em Vila Isabel e três meses depois tinha dias que apenas duas pessoas apareciam. Durante três meses só 18 pessoas foram lá. Percebemos que só abrir a biblioteca por abrir não era legal”, explica Demésio.

Incentivo à leitura

Incentivar a leitura foi o objetivo principal para a construção da Livraria Ecológica. Por isso, inicialmente, a proposta é fazer com que as pessoas se aproximem dos livros. “O projeto tem a meta de formar leitores primeiro e depois montar a biblioteca.

Aqui, futuramente, vai ser uma biblioteca, onde as pessoas poderão ficar para ler os livros ou levá-los. Nós pensamos, ‘se as pessoas não vão à biblioteca, a biblioteca vai até as pessoas’”, afirma o coordenador.

Os materiais recicláveis, após trocados pelos livros, têm destino certo. As latinhas são vendidas e o dinheiro é usado para abastecer o carro que busca doações em qualquer parte do Rio de Janeiro. As garrafas pets e as sacolas plásticas são doadas para uma instituição na Nova Brasília, no Alemão, que as transforma em instrumento musical e móveis, estimulando assim o trabalho em rede.

A Livraria Ecológica também promove feiras de livros nas escolas da prefeitura por meio da parceria com o Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (Cieds Bairro Educador). Um dos objetivos da livraria é se tornar aos poucos itinerante, para alcançar um número cada vez maior de pessoas.

A primeira cliente da livraria foi dona Marli Faria, moradora da Vila do Pinheiro desde que a favela existe. Trabalhou durante 10 anos alfabetizando alunos através de um projeto promovido pela igreja católica. “Sou professora e sempre gostei muito de ler. Assim que abriu, comecei a frequentar a livraria. Acho uma iniciativa ótima, principalmente para as crianças que abraçaram o projeto”, comenta dona Marli, que já trocou mais de 20 livros.

Crianças e adolescentes adoram

O público que frequenta a livraria é de todas as idades mas, sem dúvida, as crianças e os adolescentes são os principais frequentadores. Na hora da saída das escolas na Maré, a livraria fica lotada. Demésio acredita que a troca estimula e valoriza o contato com os livros. “Se as pessoas entrassem aqui e levassem o livro sem trocar nada, não daria certo, porque elas não teriam aquele prazer de comprar o livro. Por ser

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“O projeto tem a meta de formar leitores primeiro e

depois montar a biblioteca. Aqui, futuramente, vai ser uma

biblioteca, onde as pessoas poderão ficar para ler os livros

ou levá-los. Nós pensamos, ‘se as pessoas não vão à

biblioteca, a biblioteca vai até as pessoas’”

Demésio Batista, idealizadore coordenador do projeto

uma troca, as pessoas dão mais valor. É como se o material reciclável fosse uma moeda. Tem criança que chega aqui com a bolsa cheia de latinha e troca tudo por livros”, conta.

Sempre bastante frequentada por jovens, assim que foi inaugurada, dois adolescentes, em especial, chamaram a atenção de Demésio pela quantidade de livros que trocavam. O que ele veio a descobrir depois é que os dois estavam montando uma pequena biblioteca infantil em casa, que é aberta depois da escola, onde eles se reúnem com outros amigos para rodas de leitura.

Patrícia Valéria Guimarães, professora em duas escolas na Maré, considera a iniciativa maravilhosa, que contribui de forma decisiva para a formação dos jovens. “Eles correm atrás das latinhas para trocarem por livros. Inclusive os pais já comentaram que estão muito felizes porque as crianças estão lendo mais”, comenta a professora, que acredita que quanto mais doações a livraria receber melhor será para quem a frequenta.

Rosinaldo Sales, morador da Maré há mais de 40 anos, descobriu a livraria andando pela favela. Estudante do curso de Direito, disse que a Livraria Ecológica é essencial para seus estudos. “Têm livros aqui que custariam de R$ 80 a 100 nas livrarias e aqui eu consigo trocar por uma pet”, entusiasma-se o estudante.

Livraria Ecológica

Avenida canal 1, nº 85 - Vila do PinheiroCEP: 21042-020 - de 2a a 6a das 9h às 17hlivrariaecologicadobrasil.blogspot.com.br

Doação de livros

Para doar livros fale com o DemésioTels: 3868-3342 / 9939-5332 [email protected]

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Hélio Euclides

Forasteirochega o viajante querendo logo saber:- É aqui nessa cidade que nasceu um

grande homem?e O morador, sem pestanejar:

- Não, senhor, aqui só nascem crianças.

MOSCA NA SOPAO freguês reclama INDIGNADO:- Tem uma mosca na minha sopa!- É o desenho do prato SENHOR.

- Mas... está se mexendo!- É desenho animado!

Envie sugestões de matéria, opinião, fotos, desenhos, rafite, poesia, crônica, receita...R. Sargento Silva Nunes, 1.012 - Nova Holanda. Tel: [email protected] maré participar do maré

todos os meses! Garanta o seu jornal gratuito!Éda suacomunidade!Busque um exemplar

na Associação de

Moradores

Sustentabilidade, é casa de barro na parede,Colunas de pneus e piso de cascas de côco,A energia solar ou de dejetos do porco, A garrafa reciclada no tapete.

A Embrapa monitorando a rede,Não a queimada que da árvore faz tocoOu carros defumando o corpoE a polêmica (economia verde).

Mudando essa visão “biodesagradável”O carbono zero, bagaços e bio massa,É a vacina para a indústria sustentável

Da biodiversidade ante a fumaça:A expectativa de uma carta respeitávelGlobalizando (7) bilhões, numa só raça

“Domingo de sol, adivinha pra onde nós vamos, aluguei um caminhão, vou levar a família na Praia de Ramos”. Essa música revelou ao mundo o amor que Carlos Roberto de Oliveira, o Dicró, tinha por esta área de lazer da Maré. “Era genial e inocente, um amigo leal e sincero, ele sempre se definiu como o crioulo mais honesto da Praia de Ramos. Profissionalmente era um humorista que cantava. Um marco foi na época em que ele veio candidato a vereador, e aqui realizou 44 shows gratuitos com cantores de renome”, relembra o amigo kleber Cibeli.

Dicró estava sempre na mídia, e com seu jeito de ser, sempre aproveitava a oportunidade para divulgar o seu “quintal”, como se referia à Praia de Ramos para os seus netos.

O cantor de 66 anos sofria de diabete, mas não se abatia. Nos últimos dias de vida fazia hemodiálise numa veia no pescoço, mas não desanimava. Colocava um curativo e ia fazer os seus shows, sempre com muita piada. Mesmo doente, o sambista e compositor realizou um show em Heliópolis e depois retornou para sua casa em Magé, onde não resistiu e faleceu, na madrugada de 26 de abril. A Praia de Ramos ficou sem seu embaixador. Dicró deixou esposa e três filhos.

Em junho o cantor recebeu uma homenagem da prefei-tura. O novo pólo cultural da Zona Norte, a arena carioca da Penha, foi batizada com o nome de Dicró – Carlos Ro-berto de Oliveira.

Ao embaixador da Praia de Ramos

Mãe GaiaJuarez Cantaro

Praia de Ramos Dicró

Domingo de sol adivinha pra onde nós vamosaluguei um caminhãovou levar a família na praia de Ramos

Minha sogra aquela besta cismou de me acompanharlevou sabonete, henê, só pra me envergonharminha nega toda prosa num maiô samba cançãoe o meu filho Joaõzinho jogou um siri no meu calção

Domingo de sol adivinha pra onde nós vamosaluguei um caminhãovou levar a família na praia de Ramos

De repente o reboliço, era a minha sogra se afogandoeu pulava de alegria pois meu sonho estava serealizandomas tudo que é bom dura poucoum salva vida um tremendo negãotrouxe a velha no braço mas na onda perdeu o calção

Que confusão (lêlê) que confusãotodo mundo achava enorme a coragem do negão Que confusão (lêlê) que confusãotodo mundo achava enorme a coragem do negão

Domingo de sol adivinha pra onde nós vamosaluguei um caminhãovou levar a família na praia de Ramos

Davi Marcos / Imagens do Povo