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1 Ano XV - Nº 50 - Novembro e Dezembro / 2012 - Rua Piauí, 220, 5º andar - Santa Efigênia - BH/MG CEP: 30150-320 Impresso Fechado Pode ser aberto pela ECT A QUALIDADE DO LEITE MELHOROU? Mônica Cerqueira, professora da Escola de Veterinária da UFMG, fala sobre os resultados da análise de amostras nas fazendas mineiras págs. 12 e 13 MUDANÇA NOS RÓTULOS DOS ALIMENTOS Alterações nas informações nutricionais dos produtos alimentícios, exigidas pela Anvisa, vão interferir na produção de lácteos págs. 6 e 7 Documento com ações prioritárias da Política Nacional do Leite, como melhores estradas e fornecimento de energia elétrica, é entregue ao governo federal págs. 8 a 10 EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS Mudou-se Em ___/___/___ Responsável ________________ Ausente Endereço insuficiente Desconhecido Não procurado Não existe o nº indicado Recusado Falecido A INFRAESTRUTURA QUE FALTA PARA O SETOR

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20Impresso Fechado

Pode ser aberto pela ECT

A quAlidAde do leite melhorou?Mônica Cerqueira, professora da Escola de Veterinária da UFMG, fala sobre os resultados da análise de amostras nas fazendas mineiras págs. 12 e 13

mudAnçA nos rótulos dos AlimentosAlterações nas informações nutricionais dos produtos alimentícios, exigidas pela Anvisa, vão interferir na produção de lácteospágs. 6 e 7

Documento com ações prioritárias da Política Nacional do Leite, como melhores estradas e fornecimento de energia elétrica, é entregue ao governo federalpágs. 8 a 10

EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS

Mudou-se

Em ___/___/___ Responsável________________

Ausente

Endereço insuficiente

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expediente

ANO XV / Número 50 / Novembro e Dezembro de 2012SILEMG / Endereço: Rua Piauí, 220 / 5º andar / Santa EfigêniaCEP: 30150-320 / BH/MG / Tel: (31) 3223-1421www.silemg.com.br / [email protected]: BimestralImpressão: Gráfica CBG Artes Gráficas / Tiragem: 3.500

DIRETORIA EXECUTIVAGuilherme Olinto Abreu Lima Resende - CoaperiodocePresidentePaulo Bartholdy Gribel - Laticínios São Vicente de Minas LtdaVice-presidenteJoão Lúcio Barreto Carneiro - Laticínios Porto Alegre LtdaDiretor AdministrativoGuilherme Silva Costa Abrantes - Laticínios Dona Formosa LtdaDiretor FinanceiroAlessandro José Rios de Carvalho - Laticínios Verde Campo LtdaDiretor Tecnológico

DIRETORIA ADJUNTAAntônio Fernandes de Carvalho - Laticínios Union LtdaArmindo José Soares Neto - Coop. Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais/ItambéBernardo Bahia - Laticínios MB LtdaCarlos da Silveira Dumont - Coop. dos Produtores Rurais do Serro LtdaCarlos Eduardo Abu Kamel - Coop. dos Produtores Rurais de Itambacuri LtdaCarlos Henrique Pereira - Forno de Minas Alimentos S/ACarlos Roberto Soares - Dairy Partners Americas Manufacturing/DPA NestléCarolino da Silva Brito Neto - Coop. de Laticínios Teófilo Otoni LtdaCícero de Alencar Hegg - Laticínios Tirolez LtdaClaudinei Ribeiro Chaves - Laticínios Bom Gosto LtdaEstevão Andrade - Laticínios PJ LtdaGiovanni Diniz Teixeira - Coop. Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais/ItambéGuglielmo Agostini da Matta - Godiva Alimentos LtdaHumberto Esteves Marques - Barbosa & Marques S/AHumberto Pozzolini - Coop. Agropecuária de Divinópolis LtdaIvan Teixeira Cotta Filho - Cottalac Indústria e Comércio LtdaJaime Antônio de Souza - Laticínios Bela Vista LtdaJoão Bosco Ferreira - Coop. Central Mineira de Laticínios Ltda/CemilJosé Antônio Bernardes - Embaré Indústrias Alimentícias S/AJosé Márcio Fernandes Silveira - CristaulatJosé Samuel de Souza - Coop. Agropecuária de Raul Soares LtdaJuarez Quintão Hosken - Laticínios Marília S/ALéo Luiz Cerchi – Scalon & Cerchi LtdaLúcia Alvarenga - Laticínios Lulitati LtdaMarcelino Cristino de Rezende - Nogueira e Rezende Indústria de Laticínios LtdaMarcos Alexandre Macedo Narciso - Laticínios Vida Comércio e Indústria LtdaMarcos Campos Dell’Orto - Coop. Agropecuária de Resplendor LtdaMarcos Sílvio Gonçalves - Indústria de Laticínios Bandeirantes LtdaMaurício Chucre de Castro Silva- Puroleite Industrial LtdaOlavo Imbelloni Hosken - Laticínios Marília S/ARicardo Cotta Ferreira - Coop. Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais/ItambéRodrigo de Oliveira Pires - Brasil Foods S/AValéria Cristina Athouguia Dias - Indústrias Flórida LtdaVicente Roberto de Carvalho - Vicente Roberto de Carvalho e Cia. LtdaWelson Souto Oliveira - Coop. de Laticínios Vale do Mucuri LtdaWellington Silveira de Oliveira Braga - Laticínios Bela Vista LtdaWilson Teixeira de Andrade Leite - Laticínios Vitória Ltda

CONSELHO FISCAL EFETIVOJosé Nilton Gomes Barbosa - Coop. dos Produtores de Leite de Leopoldina de Resp. LtdaLuiz Fernando Esteves Martins - Barbosa & Marques S/ARoberto de Souza Baeta - Cayuaba Agroindustrial LtdaCONSELHO FISCAL SUPLENTEAna Paula Reis Lopes - Laticínios Nutrileite Ind. e Com. LtdaElias Silveira Godinho - Laticínio Sevilha LtdaRamiz Ribeiro Junqueira - Laticínios Curral de Minas LtdaDELEGADOS JUNTO AO CONSELHO DE REPRESENTANTES/FIEMG - EFETIVOSGuilherme Olinto Abreu Lima Resende - CoaperiodoceFrancisco Rezende Alvarenga - Alvarenga & Cia. LtdaDELEGADOS JUNTO AO CONSELHO DE REPRESENTANTES/FIEMG - SUPLENTESLuiz Fernando Esteves Martins - Barbosa & Marques S/AValéria Cristina Athouguia Dias - Indústrias Flórida Ltda

Jornalista responsável: Flávia Rios (06013 JP)Projeto Editorial: Rede Comunicação de ResultadoEdição: Licia LinharesRedação: Beatriz Debien, Hellem Malta, Paulo Mangerotti e Rita CardosoFotos: Ana Paula Couto, Arquivo Epamig, Arquivo Pessoal, Assessoria de Imprensa Dep. Domingos Sávio/Divulgação, Gilson de Souza, Juliano Vilela, Laticínios Curral de Minas/Divulgação, Leandro Bifano, Mônica Salomão, MPerez, Pedro Ladeira, Sebastião Jacinto Júnior e Zsuzsanna Kilian/SXCProjeto Gráfico, Diagramação e Ilustrações: Obah Design

Milhares de postos de trabalho são gerados a partir da cadeia produtiva do leite que se inicia nas 1,35 milhões de propriedades rurais envolvidas na produção primária em todo o país. Atividades que vão desde a plantação de grãos e sementes para insumos até o comércio de produtos lácte-os estão dentro desse ciclo produtivo. Mas, para continuarmos com a geração de empregos, o de-senvolvimento do setor e a busca por melhorias nos processos produtivos, precisamos de políticas públicas que eliminem os gargalos e beneficiem os processos do começo ao fim.

Por isso, recentemente participamos da I Conferência Nacional do Leite, em Brasília, para elaborar o Plano Nacional de Pecuária de Leite – um documento com 96 ações, dividido em 11 temas –, que representa um marco na busca junto aos governos de políticas públicas capazes de tornarem a cadeia do leite do Bra-sil um player internacional.

O documento é a oportunidade que te-mos para pleitear a revisão das legislações re-gulatórias – como a aprovação do novo Regu-lamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (Riispoa) –, da tributação, do controle das importações, dos incentivos aos setores de pesquisa e extensão rural, além de investimento em infraestrutura básica. Essas medidas, somadas a decisão de le-var conhecimento aos produtores e orientá-los sobre a gestão da propriedade rural, abrirão um flanco importante por onde passará, obri-gatoriamente, o quesito qualidade.

E qualidade no setor leiteiro significa saúde animal, produtividade, rendimento no processo industrial, produtos mais ricos do ponto de vista nutricional e rentabilidade para os envolvidos. Po-rém, é preciso chamar a atenção do governo para os investimentos públicos em rodovias vicinais e a segurança da eletrificação rural, sem os quais não temos nenhuma chance de produzir com a exce-lência desejável.

Além disso, o homem do campo necessita de informação para fazer o seu negócio prospe-rar. Vivemos na era da disseminação do conhe-cimento pela web e telefonia rural. Por isso, não podemos planejar desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida e do produto sem o acesso à internet na zona rural.

Já demos o primeiro passo para termos um setor mais organizado com condições de com-petir no mercado internacional. Agora, só falta o governo acenar positivamente para atender os nossos pleitos e fazer a parte que lhe cabe.

Boa leitura!Guilherme OlintoPresidente do Silemg

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giro no mercAdo

itAmbé, ninho e pArmAlAt são tricAmpeãsAs marcas Itambé, Ninho e Parmalat são as grandes líderes na

categoria leite Top of Mind em 2012. Elas já haviam recebido o título em 2006 e 2010, e agora, dividem o feito pela terceira vez. A Ninho, que em 2011 ficou em primeiro lugar, reduziu 2% na preferência, pas-sando de 14% para 12%. A Itambé manteve o mesmo índice (12%) e a Parmalat oscilou de 10% para 11%. Considerando a margem de erro da pesquisa, as três empresas empataram: a Ninho com 23%, a Itambé com 22% e a Parmalat com 20%.

Os resultados também demonstram que a Ninho e a Itambé têm presença consolidada no Nordeste (22% e 18%, respectivamente) e a Parmalat no Sudeste (18%). A Itambé também se destacou entre as classes D e E com 17% das menções, totalizando 5 pontos acima da média. Nos outros segmentos avaliados, as três marcas ficaram dentro da média.

Os leites Elegê (5%), Camponesa, Nestlé, Tirol (3% cada) e Líder (2%) também foram lembrados pelos entrevistados. As outras mar-cas citadas somaram 1%, e 9% dos participantes não souberam referir a nenhuma delas.

Minas Gerais manteve o primeiro lugar na produção na-cional de leite. De acordo com a Pesquisa de Produção Pecu-ária Municipal, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em outubro de 2012, dos 32,1 bilhões de litros de leite produzidos no Brasil, o Estado foi responsável por 27,3% do total (8,7 bilhões), além de possuir o maior nú-mero de vacas ordenhadas. Esse resultado favoreceu o cresci-mento de 4,5% da produção no país, no comparativo a 2010.

Os estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás foram os outros destaques com 12,1%, 11,9% e 10,9% da produção, respectivamente.

Em relação à captação feita pela indústria, no tercei-ro trimestre de 2012, somou-se 5,5 bilhões de litros, o que representa um aumento de 3,5% em relação ao mesmo pe-ríodo em 2011, de acordo com o IBGE. O valor acumulado total, até setembro do ano passado, mostra que o crescimen-

to, em relação a setembro de 2011, ocasionou o aumento de 3,8% da captação do leite.

minAs se mAntémem primeiro

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giro dos AssociAdos

A 26ª Superminas Food Show, realizada de 16 a 18 de outubro de 2012, no Expominas, em Belo Horizonte, recebeu 58 mil pessoas e movimentou R$ 1,2 bilhão. Durante o evento, empresários tiveram a oportunidade de am-pliar seu negócio com a compra de máquinas e produtos e conhecer as novidades do setor de alimentos, bebidas e artigos para supermer-cados e panificadoras de 550 cidades mineiras, além de outros países, como Argentina, Portu-gal, Indonésia, México e China.

O Silemg contou com dois representan-tes no stand organizado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a Godam e o Laticínios Tirolez. “O momento foi oportuno para reforçar o processo de ex-pansão das empresas. A presença na Supermi-

nas faz parte da estratégia para o aumento do nosso mercado e de novos nichos de negócio”, comenta Márcio Hermanny, representante de vendas em Minas Gerais do Laticínios Tirolez.

Márcio Torres, gerente de vendas da Godam, também concorda que a Supermi-nas é a forma ideal para fortalecer a empresa no Estado. “Essa foi uma oportunidade para mostrar de perto aos atuais e futuros clientes nossa linha de produtos, os seus sabores e a sua qualidade”, ressalta. Outro associado do

Silemg, o Laticínios Porto Alegre, aproveitou o momento para lançar uma novidade em sua linha de produtos: o leite UHT nas versões in-tegral e desnatado.

Os empresários e executivos presentes ao evento participaram, ainda, de palestras, treinamentos, visitas técnicas e negociações. A Superminas é organizada pelo Sindicato e As-sociação Mineira da Indústria da Panificação (Amipão) e pela Associação Mineira de Super-mercados (AMIS), em parceria com a Fiemg.

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Godam e Tirolez foram os destaques no stand de laticínios na 26ª Superminas Food Show

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de olho

A falta de chuvas, a pressão do varejo sobre a indústria e a impor-tância do Brasil no cenário mundial lácteo foram alguns dos temas dis-cutidos por especialistas durante a Assembleia Geral do Silemg, realizada no dia 25 de outubro. O evento reuniu empresários e presidentes de en-tidades representativas do setor, que reafirmaram a importância do ali-nhamento de todos os atores da cadeia produtiva do leite. Apesar de ter enfrentado grandes adversidades em 2012, a indústria láctea encerrou o ano com um crescimento de 3% (8,4 bilhões de litros de leite), superando a captação do produto em 2011, que atingiu a marca de 8,2 bilhões.

O vice-presidente de Estratégia e Negócios da Tetra Pak, Eduar-do Eisler, reforçou para os empresários a relevância do país no merca-do mundial ao proferir a palestra Brasil: um país lácteo. Segundo ele, o território verde e amarelo é conhecido no exterior por suas belezas naturais, pelo futebol e pelo Carnaval, mas nunca por sua produção de leite. “Quando as empresas e entidades lá de fora falam sobre a produ-ção leiteira na América do Sul, citam, em primeiro lugar, o Uruguai e a Argentina. O Brasil é lembrado em terceiro, mesmo estando entre os seis maiores produtores do mundo”, afirma Eisler.

A mesa de debates que abordou questões como a transferência de receitas da indústria para o varejo – a distribuição média do preço do leite, entre 2008 e 2012, mostra que a fatia das empresas caiu de 32% para

26% enquanto a cota do varejo subiu de 29% para 34% –, a pressão do va-rejo e as importações sobre os resultados da indústria foi um dos pontos altos da Assembleia. A rodada de opiniões, mediada pelo presidente do Silemg, Guilherme Olinto, contou com a presença de José Carnieli, presi-dente da Associação Brasileira de Pequenas e Médias Cooperativas e Em-presas de Laticínios (G-100); Laércio Barbosa, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV); Luiz Fernando Esteves Martins, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (Abiq); Ricardo Cotta, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Leite Desidratado (Abild), além de Eduardo Eisler, da Tetra Pak.

união faz a forçaApesar da diversidade de opiniões, o fato de a cadeia do leite preci-

sar unir esforços para vencer as dificuldades que lhe são impostas, assu-mindo o seu lugar no mercado mundial, é uma visão em comum entre as instituições. Segundo o presidente da ABLV, Laércio Barbosa, toda a classe necessita trabalhar pelo reconhecimento dos lácteos como um elemento indispensável no cardápio do brasileiro.

“Precisamos nos fortalecer como segmento reconhecendo a impor-tância do leite no mercado. Enquanto nossos setores internos competem entre si, algumas indústrias, como a da soja, enaltecem as características comuns do leite para conquistar mais espaço entre os consumidores”, afirma. Para modificar esta realidade, Barbosa defende que a indústria se organize e torne público as potencialidades do alimento. “Assim como outros setores do mercado alimentício, precisamos nos unir e criar uma agenda positiva do leite, disseminando para os consumidores os seus be-nefícios para a saúde”, sugere.

O público da Assembleia também pôde conferir uma palestra so-bre competitividade, ministrada pelo psicólogo e consultor de empresas, Waldez Ludwig, além da apresentação das ações institucionais desenvol-vidas pelo Silemg para a conscientização da sociedade sobre a relevância do consumo de lácteos para uma vida saudável.

As expectativas de crescimento e os desafios enfrentados pela indústria de laticínios foram discutidos na Assembleia Geral do Silemg

cAptAção de leite chegA A 8,4 bilhões em 2012

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Representantes do setor lácteo defenderam a ideia de unir esforços para vencer as dificuldades e a cadeia do leite assumir seu lugar no mercado mundial

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Fabricantes de alimentos e bebidas devem ficar atentos à nova nor-ma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que entra em vigor a partir do dia 1º de janeiro de 2014. Trata-se de mudanças nas alegações nutricionais, informações presentes nos rótulos de alimentos, que agora, deverão seguir outros critérios. Termos, como light, baixo, rico e não contém, receberão novas dimensões para serem utilizados.

Outra alteração trazida pela Resolução RDC 54/2012 da Anvisa refere-se à base para o cálculo destas informações. O antigo previa uma base em 100g ou ml do alimento. Agora, as informações deverão ser calculadas tendo como referência a porção de cada alimento. Ainda foram criadas oito alegações nutricionais com a regulamentação.

Para entender todas estas mudanças nos rótulos e quais os objetivos da nova norma, a consultora técnica da Associação Brasileira das Indús-trias de Queijo (Abiq), do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados no Estado de São Paulo (Sindileite) e do Conselho Nacional das Indústrias de Laticínios (Conil), Maria Cristina Mosquim, fala ao Silemg Notícias. Para ela, este padrão atende tanto a quem produz, quanto a quem escolhe o produto nas prateleiras de supermercados e padarias.

Porque a Anvisa optou por esta alteração? A discussão foi proposta pelo Mercosul, tendo em vista que a

Portaria 27 de Informação Nutricional Complementar-INC, que trazia regras sobre informações nutricionais publicada em 1998, já estava completando 14 anos e precisava ser atualizada. O Codex Alimenta-rius Comission, comissão mundial que trata da legislação para alimen-tos, e a União Européia saíram na frente e se modernizaram sobre o assunto. Portanto, o grupo de países da América do Sul também pre-cisava se aliar a estes novos conceitos. Isso é muito importante para eliminar as barreiras comerciais que poderiam ser impostas devido à desatualização das informações e para proteger todos os consumido-res da mesma forma.

Quais as mudanças mais significativas? A diferença da base de cálculo. Os valores eram previstos para

100 g ou 100 ml. Agora, eles terão que ser adequados de acordo com a porção de cada alimento em questão. Os produtos lácteos, que cos-tumam ter porções menores, a exemplo dos queijos, foram os mais

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Para Maria Cristina Mosquim, as mudanças nas informações nutricionais dos produtos são importantes para eliminar as possíveis barreiras comerciais com outros países

Resolução publicada pela Anvisa modifica as normas das informações nutricionais em rótulos

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afetados com esta alteração. Outra mudança se refere ao conceito da palavra light, que agora só poderá ser usada se o produto tiver uma redução de pelo menos 25% do original da empresa ou de outros três do mercado. Se o produto for light somente para um atributo, essa informação deverá ser repassada ao consumidor no rótulo.

Além disso, oito alegações nutricionais foram criadas pela nova regulamentação com outros critérios para suas classificações. A proi-bição das chamadas com especificação de fibras e chamadas com o termo “reduzido” ou “sem lactose” também é uma mudança signifi-cativa. É possível que seja feito um outro acordo entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Anvisa para verificar a situação dos produtos que já usam essas nomenclaturas nos rótulos.

Quais os produtos lácteos que deverão ter esta mudança nos rótulos?

Todos aqueles que fizerem em suas embalagens chamadas de in-formação nutricional complementar.

Quais os pontos de atenção específicos para os produtos lácteos? Para produtos com porções maiores como os leites fermentados

e leites UHT, as alterações não vão ser muito sentidas, mas para os queijos, em especial, muitas chamadas das embalagens serão extin-tas, como por exemplo, adição de fibras. As quantidades de sódio também ficaram menores e os fabricantes de queijo encontrarão al-gumas dificuldades.

Uma das ideias da nova regulamentação é coibir o uso das informações que possam causar enganos, como no caso das pro-teínas. O que isso significa?

Para os lácteos isso foi bom, pois temos a proteína padrão, que pos-sui os aminoácidos necessários para se fazer uma chamada na embalagem. Portanto, os laticínios poderão usar termos como “fonte de proteínas” ou “rico em proteínas”. Alguns produtos vegetais, que tinham proteína de bai-xa qualidade, faziam essas chamadas indevidamente. Agora, isso não será mais permitido, o que é importante para o consumidor, que poderá esco-lher proteínas realmente especiais do ponto de vista nutricional.

Qual é a dificuldade para o cumprimento da norma para os laticínios?

Se não houver uma legislação que permita alterações dos regu-lamentos técnicos, alguns produtos não poderão existir mais com o mesmo nome. Um exemplo é queijo prato light. Não seria interessan-te para as empresas perderem produtos com essa nomenclatura, pois muitos deles já são consolidados no mercado. Também serão excluí-das as chamadas de rótulos com o termo sem lactose.

Qual a importância dessa mudança para a sociedade? O consumidor será melhor informado. Pelo próprio nome do pro-

duto, ele já verá a mudança ocorrida. Também saberá de uma maneira mais correta, se é light em relação ao teor de gordura ou ao valor ca-lórico. As informações ficarão mais visíveis. Ainda não sabemos como o consumidor irá se posicionar. Isso pode ser uma vantagem ou uma desvantagem do ponto de vista de marketing das empresas.

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A palavra light só poderá ser usada na embalagem dos lácteos se o produto tiver uma redução de pelo menos 25% do original da empresa ou de outros três do mercado

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cApA

Recentemente, a cadeia produtiva do leite brasileira mostrou que é possível, e fundamental, integrar e unir todos os seus elos em prol do desenvolvimento do setor. Produtores de leite, indústria, cooperativas e instituições de pesquisa e extensão rural se mobilizaram, a partir da iniciativa da Subcomissão do Leite na Câmara dos Deputados, para pro-mover a I Conferência Nacional do Leite, no início de novembro de 2012. O objetivo foi envolver todos os segmentos da cadeia para levantar, de-bater e propor ações prioritárias ao governo federal, que visam a constru-ção de uma política setorial efetiva.

O encontro resultou na criação do documento que apresenta 96 ações, divididas em 11 temas: sanidade, defesa comercial, capacitação e assistência técnica, políticas de crédito, tributação, infraestrutura e logís-tica, promoção comercial, legislação, fiscalização, pesquisa e desenvolvi-mento e organização do setor. A proposta foi entregue pelo deputado federal e presidente da Subcomissão do Leite, Domingos Sávio (PSDB), aos ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro

Setor se reúne na I Conferência Nacional do Leite para elaborar e entregar ao governo federal um documento com as ações prioritárias da Política Nacional do Leite

orgAnizAr pArA melhor competir

Filho, e do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, no final da Conferên-cia, na sede da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

O desenho da Política Nacional do Setor Leiteiro é um pleito anti-go da área que demanda por projetos, iniciativas, apoio e incentivos go-vernamentais que deem condições à cadeia de investir em melhorias na qualidade do leite, com redução de custos e aumento da produtividade e da rentabilidade, priorizando a segurança e a organização da produ-ção primária. ”É hora de o Brasil ter uma política específica para o setor. A partir dessa iniciativa, nós, parlamentares da Comissão de Agricultu-ra, vamos cobrar do governo a atenção que a cadeia produtiva do leite merece”, declara Sávio. Ele acrescenta que, por ser o segmento que mais emprega na agricultura, tem um papel importante, não só na economia, mas no âmbito social, pois gera emprego e distribuição de renda, sem, no entanto, até o momento, receber o devido apoio governamental.

O presidente do Silemg e da Cooperativa Vale do Rio Doce, Gui-lherme Olinto, que representou o sindicado na Conferência,

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reforça o coro. De acordo com ele, a cadeia produtiva do leite brasileira começa nas propriedades rurais que, hoje, somam 1,35 milhão. “Milhares de postos de trabalho são gerados na produção primária, antes e depois dela, como os segmentos de produtos e serviços veterinários; comercia-lização e produção de sementes, grãos e rações; transporte de matéria--prima e derivados; indústria laticinista; e comércio”, detalha. Olinto des-taca que a Conferência Nacional do Leite representa um marco na busca por políticas públicas capazes de tornarem esse setor econômico em um player internacional.

Na opinião do diretor executivo do Silemg, Celso Moreira, que tam-bém participou do evento, a falta de políticas específicas para o leite traz transtornos nos âmbitos da qualidade da matéria-prima e seus derivados, da tributação, legislação e das importações e exportações. “Unir os três elos da cadeia para se buscar uma identificação das dificuldades de cada segmento e do setor como um todo, e para traçar uma política nacional foi uma deci-são muito coerente. Esse foi o objetivo da participação do Silemg na Confe-rência: pontuar nossas dificuldades e somar forças”, declara Moreira.

Ele também frisa a importância dessa política para organizar melhor o setor, fortalecer a integração de toda a cadeia e “azeitar” seu funciona-mento, gerando qualidade, produtividade e rentabilidade. “Porém, a área necessita de uma ação mais efetiva do governo. Temos assistido ações iso-ladas por parte do poder público que são discutidas sem, de fato, serem re-solvidas. Principalmente a respeito da qualidade do leite.” Para ele, a legis-lação é estruturada e a indústria e os produtores têm feito o possível para evoluir. Porém, o governo se envolve pouco nesta questão e não apresenta e nem executa iniciativas que deem condições para o avanço do setor.

Ações prioritáriasPara o deputado Domingos Sávio, é preciso uma maior atenção à

realidade dos produtores, com a defesa de uma remuneração mais justa, não tabelada e que permita cobrir 100% dos custos e obter uma margem mínima de lucratividade. “É fundamental oferecer uma política de esta-bilidade para esse grupo, pois o mercado é instável. Há momentos em que o leite é vendido com lucro e outras em que o valor fica abaixo do custo”, exemplifica.

Outro fato importante é que, em outros setores, quando há preju-ízo, a produção é interrompida. Na atividade leiteira isso não é possível, pois a vaca continua dando leite e os custos de produção são fixos. “O que vira uma bola de neve. Cada crise enfrentada pelo pequeno produ-tor representa mais endividamento, até o ponto em que ele é obrigado a vender o patrimônio e abandonar a atividade para tentar a vida na cidade”, reflete Sávio.

As propostas do setor também visam agregar mais estabilidade à indústria e possibilitar um melhor planejamento de produção. Para isso, as ações sugeridas buscam minimizar burocracias e potencializar os in-vestimentos em qualidade, na área sanitária e em infraestrutura básica.

Daí a importância de uma política nacional para o setor, de forma a dividir os papeis e solucionar os problemas que necessitam da ação efetiva dos governos federal, estadual e municipal. “A qualidade do leite e dos derivados depende diretamente de boas estradas e do fornecimento de eletricidade. Sem isso, a produção primária não consegue se organizar, não tem segurança para manter o negócio produtivo e rentável e sem prejuízos”, avalia Celso Moreira.

Na visão do diretor executivo do Silemg, sem eletricidade não há como utilizar, por exemplo, a ordenha mecânica ou manter o leite res-friado, aspecto fundamental para que ele mantenha suas características. Já as estradas precisam estar em condições para um escoamento satis-fatório do produto, dentro do prazo necessário. Frente a este cenário, as estradas e o fornecimento de energia elétrica se mostram como as demandas prioritárias da cadeia.

O setor lácteo precisa de estradas vicinais em boas condições para escoar o leite dentro do prazo necessário

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Na opinião de Guilherme Olinto, a Conferência também serviu de alerta para esta realidade nacional. Ele pontua que o Brasil tem uma das mais rigorosas legislações do mundo, no que diz respeito às exigências mi-crobiológicas e físico-químicas, cujos padrões estão no nível dos adotados nos EUA. “A grande diferença é que naquele país o leite pode ser coletado na propriedade rural por carretas que não conhecem estradas de terra. Outra diferença é que, em qualquer fazenda, o leite é armazenado em tan-ques de resfriamento e os produtores não se lembram mais quando houve falta de eletricidade que comprometesse a qualidade do produto.”

Por isso, é preciso o alinhamento correto de diferentes variáveis que impactam no processo, além do engajamento de produtores e do governo. É o que reflete o diretor-presidente da Cooperativa Ve-neza e do G100, José Carnieli. “A melhoria da qualidade do leite não depende só de ações pontuais, passa por um conjunto de iniciativas integradas, contínuas e sistematizadas, nas quais cada parte cumpre com suas responsabilidades.”

Desta forma, a implantação de uma política nacional para o setor vem preencher esta lacuna. “Melhorar a qualidade é uma questão ur-gente para competirmos em uma economia globalizada. Mas, o governo precisa fazer a sua parte, melhorando as estradas e o abastecimento de energia elétrica, universalizando telecomunicações como a internet, en-tre outros investimentos”, argumenta Domingos Sávio.

importações e medidas protecionistas

A restrição de importações de derivados lácteos do Mercosul foi ou-tra questão apresentada como prioritária. Na avaliação de Domingos Sávio, participar de uma economia externa e ter bons parceiros comerciais não dispensa o país da responsabilidade de defender o mercado nacional. Ele cita os EUA e a União Europeia como mercados livres que, permanentemen-

te, adotam medidas de proteção ao setor. “O Brasil não pode continuar permitindo a entrada indiscrimina-da de leite em pó e derivados do Uruguai e da Argentina, por exem-plo, sob a pena de prejudicar nos-sos produtores e nossas indústrias”, afirma. O documento entregue ao governo propõe a intensificação de uma fiscalização mais rigorosa na área de importações, já no início de 2013, por meio do Ministério do De-senvolvimento, Indústria e Comér-cio Exterior (MDIC).

Na análise de Celso Moreira, nesse primeiro momento, é neces-sária uma atitude protecionista do poder público. “Porém, no médio e longo prazo, a partir do momento em que o Brasil passar a ter con-dições e infraestrutura básica para produzir com custo e qualidade, o problema acaba, pois passaremos a ter potencial competitivo”, de-fende. Ele acrescenta que o setor brasileiro também precisa fazer esse ajuste interno e entender suas deficiências. “Só a política protecionista acaba gerando a ineficiência nos agentes. Neste momento, precisamos da regulação e do estabelecimento de cotas, mas com prazo definido, para que a nossa cadeia produtiva possa se reorganizar e o governo criar condições para seu desenvolvimento.”

José Carnieli também partilha dessa opinião e frisa que o setor primário e terciário ainda têm muito o que fazer internamente para se tornarem competitivos e sustentáveis. “É preciso que as indústrias desen-volvam sistemas de apoio aos seus produtores e que ambos encontrem o melhor arranjo produtivo para a sua bacia leiteira ou região, elevando a produtividade, a qualidade e a renda. Essa é a melhor defesa que se pode fazer da produção nacional”, conclui.

O deputado Domingos Sávio (a dir.) defendeu as propostas do setor lácteo durante a I Conferência Nacional do Leite

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abordadas

Outras ações prioritárias sugeri-das pelo setor ao governo federal foram:• aprovação do novo Regulamen-

to de Inspeção Industrial e Sa-nitária de Produtos de Origem Animal (Riispoa);

• implementação da Instrução Normativa 62 (IN 62);

• fim da cobrança do PIS/Cofins sobre rações e suplementos dos produtores;

• melhorias na logística e revisão da legislação;

• incentivos à comercialização do leite;

• aprimoramento das ações de sanidade animal;

• criação do Conselho Nacional do Leite (Conseleite) nos esta-dos;

• fortalecimento do processo de inovação tecnológica;

• reestruturação e ampliação do sistema brasileiro de assistência técnica e extensão rural público e privado.

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A 121 quilômetros da capital mineira, no Centro-Oeste do Estado, está Divinópolis. Com 100 anos recém-completados em 1º de junho de 2012, e mais de 200 mil habitantes, a cidade, que foi criada por tropeiros e bandeirantes, passou por diferentes ciclos econômicos.

No início, conhecida como Cidade do Ferro, Divinópolis abrigou a maior oficina ferroviária da América Latina, que até hoje está em ope-ração, recuperando locomotivas. Entre o acervo, um modelo chama a atenção. É o 339, que por toda sua representatividade na história do mu-nicípio, se tornou uma das atrações turísticas da região.

Entre as décadas de 40 e 80, o ferro-gusa passou a ser o principal motor econômico. A expansão da indústria de confecções aconteceu logo em se-guida e perdurou até o início dos anos 2.000. Mesmo não sendo mais o setor com maior representatividade na economia local, as confecções ainda têm sua relevância, com cerca de 1.500 fábricas que vão de moda praia à jeans. Atualmente, como a cidade polo da região, Divinópolis se destaca no seg-mento de serviços, tendo grande importância nas áreas de saúde e de ensino.

Cercada pelos municípios de Nova Serrana, Santo Antônio do Mon-te, São Sebastião do Oeste, entre outros, Divinópolis atrai todos os anos a população da redondeza e de Belo Horizonte para festejar os diversos eventos realizados ao longo do ano. A Festa da Cerveja, que comemorou em 2012 sua 21ª edição, conta, anualmente, com a presença de mais de 30 mil pessoas e shows de cantores renomados da música brasileira.

A Divina Folia e o tradicional Rodeio na DivinaExpo, o principal de Mi-nas Gerais e um dois cinco maiores do país, também ajudam a sustentar o rótulo festeiro dado à cidade, conhecida, ainda, por seus numerosos bares.

Além das festividades, Divinópolis tem belezas naturais memorá-veis. O “Lago das Roseiras”, mais conhecido como Praia do Cajuru, atrai a população em dias quentes para as águas de sua represa. A Praça do Santuário, outro cartão-postal, abriga a igreja do Santuário de Santo An-

tônio. O templo é marcado pelas pinturas históricas dos padres francis-canos holandeses que chegaram à cidade por volta de 1930, um patrimô-nio tombado pelo município.

produção lácteaNão é apenas de ferro, roupas e serviços que Divinópolis alimen-

ta a sua economia. O Laticínios Karinho, tradicional empresa local e associada ao Silemg, também traz representatividade ao setor agrope-cuário local. “Divinópolis está comemorando o seu centenário e a Ka-rinho completará 60 anos de fundação. Sem dúvida, a nossa empresa faz parte da história da cidade, pois contribuiu decisivamente para o crescimento industrial do município, gerando emprego e renda, além de estimular o associativismo e a integração regional”, ressalta o diretor vice-presidente da Karinho, Ronaldo Fagundes.

Com aproximadamente 120 colaboradores diretos, a produção da empresa é destinada ao mercado regional, das cidades ao entorno de Divinópolis e da grande BH, o que representa 90% do público da Karinho.

O Leite Karinho UHT é o trunfo da empresa, que segundo o vice--presidente ganha a preferência dos consumidores. A produção média anual gira em torno de 36 milhões de litros. Outros produtos oferecidos são a manteiga, o doce de leite e o requeijão. Segundo Ronaldo Fagundes, a conquista dos moradores da região ocorre, especialmente, pela pre-ocupação e preservação da qualidade dos lácteos oferecidos, uma das principais bandeiras defendidas pela empresa.

trilhAs de minAs

Divinópolis, polo da indústria de confecções, também é conhecida como a cidade das festas e do turismo econômico

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Você sabia?O nome Divinópolis foi dado à cidade em homenagem a um antigo padroeiro local, chamado Divino Espírito Santo. Essa devoção sur-giu em 1760, quando a cidade ainda era apenas uma vila. O santo foi homenageado e hoje dá nome e identidade aos divinopolitanos.

A Cachoeira Ponte do Niterói é um dos pontos turísticos da cidade

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ponto de vistA

Desde 2005, com a publicação da Instrução Normativa 51 (IN 51), pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), uma pergunta vem sendo frequentemente repetida em toda cadeia produ-tiva: a qualidade do leite no Brasil melhorou? Indiscutivelmente, essa é uma questão que merece um constante monitoramento de todos os atores e envolvidos no setor, como produtores, indústrias, instituições de pesquisa e extensão rural, entidades de classe e governos. Porém, acre-dito que uma outra pergunta deva acompanhar este questionamento: o que estamos fazendo para alcançar tal mudança? Cada segmento en-volvido na cadeia tem desempenhado o seu papel, de maneira efetiva?

Entre 2008 e 2011, o Laboratório de Análise da Qualidade do Leite da Escola Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (LabUFMG) realizou monitoramentos e pesquisas nas fazendas mineiras, com a coleta e a análise de 772.290 amostras de leite. Com base neste universo, po-demos dizer que, de uma maneira geral, a Contagem Bacteriana Total (CBT), expressa em Unidades Formadoras de Colônias (UFC/mL), vem melhorando, ou seja, tem apresentado uma redução gradual. No que diz respeito à Contagem de Células Somáticas (CCS), o cenário é estável e se mantém sem reduções significativas. Pontualmente, podemos dizer que, para a CCS, ocorreu melhoria em alguns rebanhos. Cerca de 25% a 35% dessas amostras apresentaram a CBT inferior a 100.000 UFC/mL de leite e, em 50 a 55% constatou-se uma CCS abaixo de 400.000 células/mL, ou seja, conforme as exigências da IN 51, que vigorou até junho de 2011. Abaixo, os detalhes das análises já realizadas.

o prejuízo no bolsoOs resultados mostram que ainda falta uma aplicação mais criterio-

sa de procedimentos padronizados e de um monitoramento sistemático da qualidade do leite. Isto é, o setor primário carece de mais treinamento e orientação técnica da mão de obra. Essa capacitação é fundamental para o controle da mastite subclínica, responsável pelas maiores perdas econômicas nas propriedades, principalmente, porque o animal não apresenta sintomas, facilitando a contaminação do rebanho e provocan-do aumento dos prejuízos e da redução da produção de leite.

É o que mostrou a tese de doutorado de Geraldo Márcio da Cos-ta, de 2008, professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), que examinou 35 rebanhos leiteiros no Sul de Minas, entre 2004 e 2006. Confira alguns valores do estudo:

Se multiplicarmos a perda pelo preço do leite pago ao produtor, vamos entender o que o resultado representa de prejuízo para a fazen-da. Por exemplo, em uma propriedade que produz 1.000 litros de leite/

Produção diária de leite (litros)

CCS (células/mL) Perda anual

800 325.000 10.685 700 1.182.000 66.280 740 1.702.000 106.585 4.400 2.277.000 873.825

Diante das exigências do Mapa, com as Instruções Normativas 51 e 62, a qualidade do leite no Brasil realmente melhorou? Como o setor tem tratado essa questão?

A mudAnçA é compulsóriA

*Por Mônica Pinho Cerqueira

*Fonte: Lab UFMG 2008/2011

Ano CBT (UFC/mL) CCS (células/mL)2008 383.000 360.0002009 347.000 378.0002010 279.000 381.0002011 242.000 383.000

médias geométricas para cbt e ccs:

Ano CBT > 750.000 UFC/mL CCS > 750.000 células/mL2008 19,35% 37,66%2009 21,11% 37,01%2010 21,97% 33,70%2011 22,02% 31,75%

percentual de amostras fora do padrão da in 51:

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dia, com uma CCS no tanque de 1.500.000 células/mL, estima-se que ocorra uma diminuição da produção de leite na fazenda de 29%, ou seja, cerca de 290 L/dia, ou 8.700 L/mês, ou 104.400 L/ano. Se conside-rarmos o valor de R$ 0,85/L, a perda anual seria de R$ 88.740.

interpretando dados e fatosNas propriedades em que há um trabalho de monitoramento da

saúde do rebanho e da matéria-prima e, ainda de educação continuada, apoiado pela indústria e outros parceiros ou instituições do setor, cons-tata-se melhoria da qualidade do leite. Isso porque os produtores conse-guem implementar as ações necessárias e imprescindíveis para corrigir as falhas. Já nas fazendas em que não há padronização de procedimentos de manejo de ordenha, tratamento de vaca seca, limpeza de equipamentos e resfriamento imediato do leite, entre outros, não são verificadas melhoras na qualidade do leite. Para reverter este quadro, é necessário um compro-metimento de todos que compõem a cadeia produtiva do leite com a ade-quação da qualidade da matéria-prima aos padrões das INs. Sem iniciativa e compromisso, a tendência é que os resultados piorem.

O monitoramento do leite no tanque de resfriamento não é suficiente para controlar a sua qualidade e a mastite subclínica, doença cujos sintomas no animal são difíceis de serem percebidos. É preciso analisar o leite de cada vaca, individualmente, uma vez por mês, no dia da pesagem, e encaminhar essas informações e amostras para o laboratório. Programas de gerencia-mento de rebanhos leiteiros constituem uma ferramenta fundamental para subsidiar a tomada de decisões e ações para controle da mastite.

Outro aspecto importante que merece reflexão refere-se ao transporte do leite. No atual sistema adotado no Brasil, as matérias-primas de boa qua-lidade se misturam com as que são ruins. Com isso, o leite que a indústria recebe não é o mesmo que ela remunera. Ela paga pela qualidade analisada no tanque de resfriamento e, o que ela recebe para processamento, normalmente perde essa referência pelo aumento da CBT. Assim, todo o trabalho do produ-tor que se preocupa com excelência do leite é perdido, uma vez que se mistura

no caminhão produtos com diferentes características e padrões. Esse cenário compromete a qualidade e a vida de prateleira dos produtos derivados.

É fundamental compreender que a qualidade é compulsória, tem que ser cumprida para garantir o desenvolvimento e a competitividade do setor como um todo, seja no mercado interno, seja no externo. As modificações de parâmetros legais, sozinhas, não resolvem a questão. Os elos da cadeia preci-sam estar integrados e comprometidos com essa meta. A mudança efetiva é conquistada por uma nova atitude que envolva os diferentes segmentos do setor e pela adoção sistemática e disciplinada dos padrões de produção bra-sileiros. Isto porque todos perdem com a falta de qualidade, os prejuízos são significativos e, hoje, não são mensurados como deveriam.

Cada um dos atores envolvidos tem responsabilidades neste pro-cesso. Os produtores, a indústria, as entidades de classe, as instituições de pesquisa e extensão rural e os governos. Esses últimos, por sua vez, devem priorizar a infraestrutura básica do agronegócio, como estradas e energia elétrica, de forma que não comprometam a busca do setor pela qualidade do leite, e sim o ajude a resolver a questão. O agronegócio brasileiro res-ponde por, aproximadamente, 30% do Produto Interno Bruto (PIB). Se o país é um dos maiores produtores de commodities do mundo, a qualidade dos produtos agropecuários não deve ser uma barreira e sim um atributo na conquista de novos mercados e uma referência mundial. Por isso, a qua-lidade é compulsória, não sendo mais possível produzir sem ela. Existem gargalos, com certeza, e há muitos desafios a serem vencidos. Mas se toda a cadeia abraçar a causa e cada segmento fizer a sua parte, podemos mudar. Conhecimento, tecnologia e competência, nós já temos.

Análise no labufmg Por meio de uma parceria com o laboratório da Associação Paranaense

de Criadores de Gado Holandês, que desde 1966 desenvolve um eficiente tra-balho de controle leiteiro, o LabUFMG investiu na autorização de utilização de um software. Essa ferramenta possibilita a análise individual do leite e das informações zootécnicas das vacas e a emissão de relatórios que contribuem para o controle da mastite e da qualidade do leite de cada animal do rebanho.

O serviço já está disponível para todos os produtores de Minas Ge-rais. Basta que o produtor se cadastre e que, uma vez por mês, o leite de cada animal do rebanho seja pesado, coletado individualmente e encami-nhado, junto com as informações da vaca, para o LabUFMG. Nossa meta é disponibilizar este serviço para o maior número de fazendas no Estado, visto a controlar a mastite o mais rápido possível.

Com esses relatórios é possível calcular a contribuição de cada animal para a CCS do leite no tanque, orientando o produtor na identificação de quais animais estão infectados, na prevenção da disseminação da mastite, no controle da doença no rebanho e na melhoria da qualidade do leite. Mais in-formações pelo telefone (31) 3409-2142 ou pelo e-mail [email protected].

*Professora associada da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e coordenadora geral do Laboratório de Análise da Qualidade do Leite

da instituição (LabUFMG)

Mônica Cerqueira acredita que ainda falta uma aplicação mais criteriosa de procedimentos padronizados, como a ordenha, para melhorar a qualidade do leite

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contAndo históriAs

Minas Gerais concentra a maior produção de leite do Brasil, sendo responsável por 8,4 bilhões de litros e representando 27,3% do total pro-duzido no país. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam a razão pela qual o Estado em questão tem uma grande quantidade de laticínios e se tornou tradicionalmente reconhecido como produtor de queijos e outros derivados do leite. Esse prestígio deve seu sucesso a uma pessoa, em especial: Carlos Pereira de Sá Fortes.

De acordo com Luiza Carvalhaes de Albuquerque, coordenadora de Transferência e Difusão de Tecnologia do Instituto de Laticínios Cândido Tos-tes/Epamig, Dr. Sá Fortes, como era conhecido, atuou de forma decisiva para a multiplicação das instalações de fábricas de laticínios em Minas Gerais. “Com uma iniciativa ousada para a época, ele montou, em 1888, na Serra da Manti-queira, a primeira fábrica de laticínios do Brasil e da América do Sul”, recorda.

A ideia do empreendedor era fabricar o queijo tipo holandês Edam. Em uma iniciativa pioneira, importou maquinário e mão de obra espe-cializada da Holanda. “A prática não seguiu a teoria, pois as condições cli-máticas influenciaram bastante o resultado”, afirma Luiza. Mesmo com os prejuízos da primeira tentativa, Dr. Sá Fortes não desistiu. Logo, ele fez adaptações nas tecnologias usadas e contratou fabricantes de queijos

para aperfeiçoar sua produção. “Apesar de ser médico por formação, ele era um entusiasta do queijo e, nesse período, foi à Europa para observar de perto o avanço da indústria de laticínios.”

Após o estágio no exterior, os técnicos conseguiram dar ao Edam da Mantiqueira o mesmo padrão do holandês. O queijo conquistou o mercado por ser mais amarelo, seco, salgado, o que evita perdas em viagens, e de sabor picante. Segundo Luiza, um dos apreciadores do queijo foi o imperador Pedro II, grande incentivador dos primeiros institutos de pesquisa agrícola do país, que, ao visitar a fábrica, se encantou pela produção.

laboratório de sucessoA Empresa Laticínios de Monte Bello, como foi nomeada a fábrica, ser-

viu de laboratório para pesquisas e a formação de profissionais especializados. No final de 1888, Sá Fortes já comercializava para o Rio de Janeiro manteiga e queijos tipo Petit Suisse e Holandês. Para a exportação do leite, existiam as

contAndo históriAs

nos pAssos dA trAdiçãoO primeiro laticínio do Brasil surgiu em Minas Gerais, o que rendeu à região o renome e o reconhecimento no setor

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câmaras frigoríficas especiais. O produto seguia para a capital carioca em blocos congelados. Já a manteiga era acondicio-nada em latas feitas na própria fábrica. “Ele foi um dos primeiros industriais no mundo que exportou o leite em blocos congelados”, lembra a coordenadora.

Além de implementar o primeiro laticínio do Brasil, o empreendedor tam-bém criou a Liga da Lavoura Comércio e Indústria, foi presidente da Câmara Mu-nicipal de Barbacena durante 18 anos e o primeiro presidente da Companhia Brasi-leira de Laticínios e integrou a Comissão Fundamental do Congresso Agrícola e Industrial de Belo Horizonte, que lançou

as bases da política econômica progressista de Minas Gerais. Além disso, o empresário organizou o Sindicato Central dos Produtos de Laticínios Minei-ros, destinado, sobretudo à defesa da manteiga mineira. Ele incorporou, ainda, em 1913, a Companhia de Laticínios da Mantiqueira à Companhia Brasileira de Laticínios, tornando-a a maior produtora e exportadora de leite, manteiga e queijos do mercado nacional.

O legado do empreendedor rendeu à região e ao Estado uma tradição em laticínios. Segundo o historiador Oswaldo Henrique Castelo Branco, os primeiros técnicos em fabricação de queijos contratados por Dr. Sá Fortes foram Frederich Kingma, J. Etienne e Gaspar Jong, queijeiros holandeses, e Alberto Boeke, mecânico nato responsável pela montagem das máquinas e dos equipamentos importados da Holanda. O grupo fincou raízes mais tarde na Serra da Mantiqueira, onde criou novos laticínios e gerou progres-so para a região, a exemplo da “Alberto Boeke Jong e Companhia”, fundada em 1º de abril de 1907, com a participação dos sócios Alberto Boeke, Gas-par Jong e Paul Martins Tancke.

Um dos associados do Silemg surgiu a partir desse legado. Uma vez dis-solvida a parceria entre o trio, Jong partiu rumo a Lima Duarte, na Zona da Mata mineira, para construir um novo negócio. Quanto decidiu retornar de-finitivamente à Holanda, o empresário vendeu sua queijaria para a família As-

sed e outros sócios do Rio de Janeiro. Em 1967, o empreendimento faliu e foi à leilão público no início dos anos 70. Nesse momento, a empresa foi adquirida por Edna Maria de Mello Bahia, Pedro Paulo de Mello e Jarbas Pedro de Mello.

As famílias de Caeté e Belo Horizonte nomearam o novo empreendi-mento de Laticínio MB – Mello e Bahia. Até hoje a tradição criada pelo mestre queijeiro Jong é mantida no mercado nacional.

referência nacionalOutro associado que tem boas histórias e lembranças é a Itambé. Inau-

gurada em 1949, a Cooperativa Central de Produtores de Leite – CCPR/Itam-bé foi criada, no formato de cooperativa, para abastecer Minas Gerais com leite de qualidade. A história de mais de 60 anos consolida a empresa como uma das referências nacionais do setor.

Como uma de suas iniciativas, a Itambé, construiu em Sete Lagoas, em 1957, uma fábrica, com produtos como leite em pó integral, desnatado, quei-jo, manteiga e doce de leite. Leite e iogurte natural já eram comercializados. A partir daí, foi implantando um programa de expansão com a compra e a construção de novas fábricas. A Itambé lançou mão de iniciativas importan-tes, como o Manual de Qualidade do Leite, em 1999, ações voltadas para os produtores a exemplo do Programa de Fidelidade do Produtor de Leite Itam-bé, em 2003, e exportações para outros países da África, América Latina e Oriente Médio. Com esses investimentos, a empresa se tornou, hoje, uma das líderes do mercado nacional.

Produção de requeijão na fábrica da Itambé, que tem 60 anos de tradição e liderança

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