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MDULO DE:

METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTFICA

AUTORIA:

Dr. JAIME ROY DOXSEY

Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

Mdulo de: METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTFICA Autoria: Dr. Jaime Roy Doxsey

Primeira edio: 2003 1 Reviso: 2005 2 Reviso: 2006 3 Reviso: 2007 4 Reviso: 2009 Segunda edio: 2011

CITAO DE MARCAS NOTRIAS

Vrias marcas registradas so citadas no contedo neste Mdulo. Mais do que simplesmente listar esses nomes e informar quem possui seus direitos de explorao ou ainda imprimir logotipos, o autor declara estar utilizando tais nomes apenas para fins Editoriais Acadmicos. Declara ainda, que sua utilizao tem como objetivo, exclusivamente, aplicao didtica, beneficiando e divulgando a marca do detentor, sem a inteno de infringir as regras bsicas de autenticidade de sua utilizao e direitos autorais. E por fim, declara estar utilizando parte de alguns circuitos eletrnicos, os quais foram analisados em pesquisas de laboratrio e de literaturas j editadas, que se encontram expostas ao comrcio livre editorial.

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presentao

Este Mdulo explora temas relacionados Metodologia Cientfica, introduzindo alguns procedimentos bsicos de pesquisa em geral. Tambm apresenta passos necessrios para a elaborao de um projeto de pesquisa bem como, uma introduo s normas acadmicas em vigor, para uma produo cientfica. importante que outras fontes sejam pesquisadas, na Internet ou em livros e textos adicionais, para suprir suas necessidades de aprendizagem sobre Metodologia de Pesquisa Cientfica na sua rea de conhecimento. O Mdulo apresenta fontes de leituras adicionais.

O

bjetivo

Introduzir a Metodologia da Pesquisa enquanto processo de aprendizagem referente produo de conhecimento e a comunicao cientfica de resultados.

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menta

Pressupostos da pesquisa. Fichamentos. Utilizao de instrumentais. Elaborao de relatrios. Estrutura e organizao de relatrio. Regras oficiais acadmicas. Trabalho Cientfico. Monografia.3 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

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obre o Autor

Dr. Jaime Roy Doxsey Ph.D. in Inter-American Studies: Processos Sociais de Desenvolvimento - University of Miami; Mestre em Educao - UFES - ES; Graduado em Sociologia - Pfeiffer University Masters in Inter-American Studies - University of Miami.Masters in Inter-American Studies University of Miami Professor de Metodologia de Pesquisa - Universidade Federal do Esprito Santo Consultor Acadmico - ESAB/BOU

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UMRIO

UNIDADE 2 ........................................................................................ 12A Pesquisa Cientfica .................................................................................... 12

UNIDADE 3 ........................................................................................ 15Os Mtodos .................................................................................................. 15

UNIDADE 4 ........................................................................................ 18Mtodos, Tcnicas e Metodologia................................................................. 18

UNIDADE 5 ........................................................................................ 24Autonomia do Pesquisador ........................................................................... 24

UNIDADE 6 ........................................................................................ 29Classificao dos Trabalhos Cientficos ........................................................ 29

UNIDADE 7 ........................................................................................ 32Por que e para que Pesquisar? .................................................................... 32

UNIDADE 8 ........................................................................................ 34Elaborao da Pesquisa Cientfica ............................................................... 34

UNIDADE 9 ........................................................................................ 42Definindo o Objetivo da Pesquisa ................................................................. 42

UNIDADE 10 ...................................................................................... 44O Objetivo Determina o Carter da Pesquisa ............................................... 44

UNIDADE 11 ...................................................................................... 47Justificando a Importncia da Pesquisa ........................................................ 47

UNIDADE 12 ...................................................................................... 50Organizando um Quadro Terico Inicial ........................................................ 505 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

UNIDADE 13 ...................................................................................... 54Elaborando Resumos e Fichamentos ........................................................... 54

UNIDADE 14 ...................................................................................... 56 UNIDADE 15 ...................................................................................... 63Fazendo a sua Escolha ................................................................................ 63

UNIDADE 16 ...................................................................................... 64Delimitando a Pesquisa ................................................................................ 64

UNIDADE 17 ...................................................................................... 68Cronograma de Execuo da Pesquisa ........................................................ 68

UNIDADE 18 ...................................................................................... 70A busca pela Orientao ............................................................................... 70

UNIDADE 19 ...................................................................................... 72A Execuo da Coleta e da Anlise de Dados .............................................. 72

UNIDADE 20 ...................................................................................... 75Um Exemplo de Anlise Temtica ................................................................ 75

UNIDADE 21 ...................................................................................... 83 UNIDADE 22 ...................................................................................... 87Critrios Mnimos para a Produo Cientfica nos Cursos da ESAB ............. 87

UNIDADE 23 ...................................................................................... 91Redigindo o Trabalho Cientfico .................................................................... 91

UNIDADE 24 ...................................................................................... 99Dialogando com outros Autores: o uso da citao ........................................ 99

UNIDADE 25 .................................................................................... 102Que Tipo de Material Consultar? ................................................................ 102

UNIDADE 26 .................................................................................... 106Linguagem a ser Utilizada........................................................................... 1066 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

UNIDADE 27 .................................................................................... 110A Integridade Acadmica na Produo Cientfica ....................................... 110

UNIDADE 28 .................................................................................... 115Responsabilidades e Direitos dos Professores/Tutores s dos Alunos On-line ................................................................................................................... 115

UNIDADE 29 .................................................................................... 117Desenvolvimento do Compromisso da tica on-line nas Atividades da ESAB ................................................................................................................... 117

UNIDADE 30 .................................................................................... 120Concluso ................................................................................................... 120

GLOSSRIO .................................................................................... 122 BIBLIOGRAFIA ................................................................................ 127

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Objetivo: Facilitar o incio dos estudos on-line, na ESAB, e do Mdulo Metodologia da Pesquisa Cientfica.

Introduo Unidade 1

Caros alunos, Antes de iniciar os estudos deste mdulo fundamental que leia e entenda o recado abaixo: Muitas vezes, o (a) aprendiz se sente perdido (a) iniciando os seus estudos a distncia. Para que isso no acontea, importante conhecer o ambiente CAMPUS ON-LINE da ESAB para dar procedimento a leitura das unidades e completar as atividades sugeridas. Os tutores so responsveis por apoia-lo (a) no seu processo de aprendizagem. No entanto, essencial: (1) Acessar o link Regulamentaes, que fica no Campus On-line, e ler as Informaes Acadmicas disponveis no Manual do Aluno e nas Resolues ESAB, (2) Assistir o Vdeo Tour de Campus On-line e (3) Explorar os links e ferramentas, no seu Ambiente Sala de Aula.

Informaes Acadmicas Alm das informaes e orientaes disponibilizadas no site da ESAB, atravs do Suporte Acadmico o aluno pode esclarecer algumas dvidas. Nota-se que h o link Manual de TCC, que orienta sobre a Produo da Monografia. No ser necessrio definir o seu tema monogrfico ainda no incio do curso. A vantagem principal de estudar on-line que cada aprendiz pode estabelecer o seu prprio ritmo de aprendizagem de acordo com as suas necessidades e tempo disponvel para leitura e pesquisa.

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Solucionando Problemas Problemas com prazos, provas, acesso ao material para download ou dificuldades tcnicas podem ser resolvidos atravs do Suporte Acadmico. Os tutores no tm acesso aos dados acadmicos dos alunos e no resolvem pendncias como: liberao de provas, mdulos ou informaes financeiras. Muitos aprendizes acompanham as dvidas e dificuldades dos outros ajudando com palpites e sugestes. A comunidade da ESAB, tutores, alunos e equipe tcnica, tm interesse em minimizar os problemas e buscar solues rpidas. Obrigado. Este Mdulo explora temas relacionados Metodologia Cientfica, introduzindo alguns procedimentos bsicos de pesquisa em geral. Tambm apresenta os passos necessrios para a elaborao de um projeto de pesquisa, bem como introduz as normas acadmicas em vigor para uma produo cientfica. importante pesquisar outras fontes, na Internet ou em livros e textos adicionais, para suprir suas necessidades de aprendizagem sobre Metodologia de Pesquisa Cientfica, na sua rea de conhecimento. O Mdulo apresenta fontes adicionais e sugere leituras suplementares, em algumas unidades.

Ementa do Mdulo Os pressupostos tericos e metodolgicos da pesquisa cientfica, bem como a utilizao de instrumentos, inerentes ao processo das regras oficias acadmicas para elaborao do trabalho cientfico. Objetivos do Mdulo Introduzir a Metodologia da Pesquisa enquanto processo de aprendizagem referente produo de conhecimento e a comunicao cientfica de resultados.

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O Estudo da Metodologia Cientfica Apesar da maioria dos cursos de graduao oferecer aos estudantes disciplina e/ou atividades ligadas pesquisa cientfica como Metodologia, Procedimento da Pesquisa, Filosofia da Cincia ou matrias semelhantes. Para alguns alunos, um bom tempo se passou sem que os mesmos tivessem oportunidades de utilizar os contedos dessas matrias. Portanto, em um curso de ps-graduao o estudo da Metodologia de Pesquisa torna-se um dos requisitos indispensvel, sendo ainda recomendado pelo MEC, uma vez que busca reforar os conceitos cientficos da pesquisa e dos trabalhos acadmicos, e ultrapassa a barreira da simples memorizao de contedos e forma de aplicao de mtodos, para ser uma aquisio de conhecimento pelo aprendiz. O estudo da Metodologia da Pesquisa Cientfica tambm pode ser algo novo para os que se formam em uma cincia tecnolgica ou aplicada. Nesse sentido, difcil conciliar as necessidades de alunos oriundos de realidades to eclticas atravs de um mdulo nico. Alguns podem achar o Mdulo fcil demais e outros sero confrontados com as incertezas geradas por conceitos no estudados e novas dvidas tericas apresentadas pelas perplexidades que a pesquisa provoca (CHIZZOTTI, 2006). preciso ainda considerar a insegurana do pesquisador, natural a todos que aceitam o desafio de ir alm da mera reproduo de conhecimento. Com o propsito de motivar o aluno a aceitar esse desafio sugere-se uma verdadeira ruptura com o estilo passivo de aprendizagem. Para tanto, prope-se alm da leitura deste Mdulo, que o aluno consulte a Internet e livros didticos sobre as pesquisas e a bibliografia sugerida aqui. Antes de buscar respostas com o tutor, que estar sempre disponvel para suas dvidas acadmicas, lembre-se da possibilidade de construir sua aprendizagem de forma ativa, superando lacunas da graduao e retomando o caminho da autonomia e da autodependncia. O bom pesquisador algum que levanta seus prprios questionamentos, procura informao para formular e organizar seus pensamentos e chega a concluses prprias sobre esses questionamentos. O Mdulo pretende incentivar nesse caminho. Este Mdulo no exige que defina um projeto de monografia ou plano de pesquisa. O aluno receber orientao da ESAB para a organizao de um plano de monografia aps o ltimo10 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

mdulo de seu curso. No entanto, pode comear desde agora registrando suas ideias, e, sobretudo, lendo material em sua rea de interesse. Antes de continuar a leitura, da prxima unidade, responda atividade a seguir que tem por objetivo uma reflexo quanto a sua posio enquanto futuro pesquisador e aprendiz de Metodologia da Pesquisa Cientfica.

Ao (re) estudar Metodologia Cientfica, Mtodos e Tcnicas de Pesquisa, muitas vezes o aluno se questiona em como aplicar esses conhecimentos em termos prticos. J que alguns sero pesquisadores ou autores de uma produo cientfica pela primeira vez. Responda as perguntas abaixo, tendo como parmetro este Mdulo de estudo, e guarde suas respostas para uma reflexo final. Obs.: as respostas a essas reflexes formam parte de sua aprendizagem e so individuais, no precisando ser comunicadas ESAB ou ao tutor. 1. Nesse momento no estou me sentindo muito preparado para executar uma pesquisa cientfica.[ ] Concordo muito [ ] Concordo [ ] Nem concordo ou discordo [ ] Discordo [ ] Discordo muito

2. Na graduao no estudei Metodologia de Pesquisa Cientfica.[ ] Concordo muito [ ] Concordo [ ] Nem concordo ou discordo [ ] Discordo [ ] Discordo muito

3. O contedo de Metodologia de Pesquisa me interessa muito.[ ] Concordo muito [ ] Concordo [ ] Nem concordo ou discordo [ ] Discordo [ ] Discordo muito

4. Sinto-me preparado (a) para ser um (a) aprendiz autnomo (a) em um curso a distancia.[ ] Concordo muito [ ] Concordo [ ] Nem concordo ou discordo [ ] Discordo [ ] Discordo muito

5. Aprender a fazer pesquisas muito importante para o meu desenvolvimento profissional.[ ] Concordo muito [ ] Concordo [ ] Nem concordo ou discordo [ ] Discordo [ ] Discordo muito

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2Quando se fala em Pesquisa Cientfica, vrios elementos vm mente: pensa-se em laboratrios bem equipados, nos experimentos com ratos, na manipulao de plantas, nos microscpios, nos engenheiros criando as parafernlias tecnolgicas, etc. Ou seja, a ideia que o termo Pesquisa Cientfica traduz,

Objetivos: Analisar os conceitos de pesquisa e do mtodo cientfico

A Pesquisa Cientfica

est muito ligada s reas de sade e tecnologia. No entanto, possvel tambm estudar os fenmenos sociais e as aplicaes das novas tecnologias; tarefas que ficam a cargo das Cincias Humanas e das Cincias da Informtica, quando tem no homem seu objeto de estudo. Assim, a pesquisa cientfica abarca as cincias naturais, exatas e sociais. Em todas essas reas, homens e mulheres se vem intrigados por enigmas que precisam decifrar. E embrenham-se na busca de respostas para eles. Essa busca acontece desde que o mundo mundo, pois o ser humano traz consigo a curiosidade e a necessidade de transformar o ambiente em que vive. Por isso mesmo, se olhar para trs, ver que os antepassados sempre estiveram em busca de respostas para seus problemas, tentando entender como os fenmenos aconteciam, movimentando o fazer cientfico. A cincia, portanto, busca respostas, a investigao metdica, organizada, da realidade, para descobrir a essncia dos seres e dos fenmenos e as leis que os regem com o fim de

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aproveitar as propriedades das coisas e dos processos naturais em benefcio do homem (PINTO apud RICHARDSON, 1999, p. 21).

Aristteles

Plato

As respostas, por sua vez resultam em novos conhecimentos, pois respondem a muitas, muitas indagaes. Para chegar a essa etapa, no entanto, o cientista precisa passar por outras duas: refletir sobre o fenmeno estudado e saber como ele acontece, para, finalmente, explicar como ele acontece (RICHARDSON, 1999, p. 20).

Como fazer cincia: o mtodo cientfico Cincia no algo que se faa assim, de qualquer maneira. Quando um cientista realiza uma pesquisa, deve seguir mtodos. Mtodo a juno dos termos gregos meta (alm de, aps de) e dos (caminho), sendo definido como o caminho ou maneira para chegar a determinado fim ou objetivo (RICHARDSON, 1999, p. 22). Na Grcia antiga, pensadores como Plato e Aristteles j tentavam organizar um mtodo para a produo do conhecimento. No sculo XVI, Galileu defendia a elaborao e a testagem de hipteses, etapas que fazem parte do mtodo usado pela cincia moderna, que se consolidou com Francis Bacon e Ren Descartes. Para Descartes, o conhecimento verdadeiro deveria ser produzido com rigores, por meio de demonstrao, seguindo os princpios da Matemtica.13 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

O Mtodo Cientfico Clssico, segundo Richardson (1999), sempre caracterizado pela observao da realidade que leva :

Em resumo, pode-se pensar no Mtodo Cientfico como uma sntese trplice (PHILLIPS, 1971). Essa sntese envolve a integrao da experincia por meio de um processo simblico de ideias, conceitos e teorias. A sntese integra novos conceitos e ideias com outros conceitos e ideias, de ideias com experincia, e de experincia com experincia (p. 23). Cada disciplina tem seu prprio arranjo de smbolos e proposies para a melhor forma de investigar os fenmenos.

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Objetivos: Definir alguns mtodos cientficos; incentivar mais leitura sobre os mtodos.

Os Mtodos H vrios mtodos cientficos: indutivo, dedutivo, experimental, fenomenolgico, entre outros. De acordo com Gil (1999), os mtodos proporcionam as bases lgicas da investigao cientfica. Os diversos mtodos so vinculados s correntes filosficas que se propem a explicar como se processa o conhecimento da realidade (p. 27). Neste Mdulo, no possvel uma reviso de todas as correntes filosficas (os mtodos), mas oferece uma viso que facilita a compreenso. Em cursos de ps-graduao mais extensos, como os de mestrado, as correntes so normalmente apresentadas em disciplinas especficas sobre Metodologia Cientfica, que abordam a Filosofia e a Epistemologia da cincia1). A seguir, encontram-se algumas definies bsicas das principais correntes encontradas em textos didticos sobre mtodos: Indutivo: (...) um processo pelo qual, partindo de dados ou observaes constatados, podese chegar a proposies gerais... Fundamenta-se em premissas (fatos observados), que servem de base para um raciocnio. O Mtodo Indutivo parte de premissas, dos fatos observados, para chegar a uma concluso que contenha informaes sobre fatos ou situaes no observadas RICHARDSON, 1999, p. 35-36). Dedutivo: Popper criticou o Mtodo Indutivo afirmando que s o Mtodo Dedutivo poderia testar uma teoria. Argumentou que a inferncia universal, a partir de singulares, por mais frequente que fosse o nmero de observaes, no comprovaria sua refutabilidade1

Ver o GLOSSRIO se precisar refrescar a definio de epistemologia.15 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

emprica.2 Para Laville e Dione, a deduo a forma de raciocnio que parte de uma proposio geral para verificar seu valor por meio de dados particulares. Em pesquisa, essa proposio , em geral, uma hiptese, e fala-se ento em raciocnio hipottico-dedutivo (1997, p. 332). Experimental: importante dizer que, tanto o Mtodo Indutivo quanto o Dedutivo segue esse mtodo - um procedimento central de pesquisa, com dados criados, pelo qual o

pesquisador atua sobre um ou vrios fatores ou variveis da situao em estudo com o objetivo de observar e, eventualmente, medir as mudanas que da resultam (Ibid, p. 334). (Ver CHIZZOTTI, A. Pesquisa em cincias humanas e sociais. So Paulo: Cortez, 1998 para um detalhamento do mtodo experimental com excelente bibliografia.) Fenomenolgico: Esse mtodo enfoca o fenmeno, entendido em suas diferentes formas de manifestao. O fenmeno examinado em sua totalidade, de maneira direta, sem a interveno de conceitos prvios que o definam e, sem basear-se em um quadro terico prvio que enquadre as explicaes sobre o visto. O pesquisador fenomenolgico dirige-se para o fenmeno da experincia; para o dado; procurando v-lo da forma como percebido. O sujeito e o objeto no so separados, pois so ontologicamente unidos, uma vez que o ser sempre ser no mundo. Quem pretende desenvolver um projeto de pesquisa e uma monografia ter que buscar muitos subsdios para essa tarefa. Essa preparao envolve leitura tanto sobre o tema a ser investigado, quanto sobre o mtodo de pesquisa a ser utilizado. Para uma leitura mais aprofundada em mtodos de pesquisa, consulte a bibliografia que se encontra junto a esse mdulo e alguns dos livros e/ou sites sugeridos no quadro a seguir. Se as definies das correntes acima no esto claras, explore maiores informaes sobre cada mtodo na Internet, usando como palavras chaves Mtodo Indutivo, Mtodo Dedutivo, Fenomenologia, Mtodo Experimental, etc.

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Popper, K. A lgica da investigao cientifica. So Paulo: Abril, 1980. (Os Pensadores). p. 5.16 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

Fontes para leitura aprofundada sobre mtodos de pesquisa na sua rea de conhecimento esto disponveis na INTERNET. s digitar na linha da Ferramenta de Busca mtodos de pesquisa em __________. Para quem usa pouco a INTERNET a Ferramenta de Busca .... ... um instrumento de pesquisa na web atravs de palavras-chave ou categorias, orientadas por texto. um website que lista pginas da web que equivalem aos caracteres escolhidos. Esses sites so armazenados em um sistema computacional, como a 'World Wide Web', ou um computador pessoal. As ferramentas de busca so muito teis porque a pessoa no precisa lembrar o endereo de um site para procurlo. As pessoas precisam dessas ferramentas pela mesma razo que elas precisam de um catlogo em uma biblioteca. As ferramentas de busca, porm, ajudam a encontrar informaes mais especficas. (Disponvel em http://www.iberbrasconsultoria.com/seo-ferramentas-de-busca.html.) Um exemplo de resultado com as palavras mtodos de pesquisa em administrao: http://www.ead.fea.usp.br/cad-pesq/arquivos/C00-art01.pdf AVISO: Os sites, artigos e informaes disponveis on-line mudam constantemente. O exemplo do artigo acima pode ser retirado pelo autor ou programador. A ESAB no se responsabiliza pelas mudanas ocorridas em sites recomendadas na data da reviso do mdulo. A equipe agradece a comunicao de qualquer alterao nas informaes registradas no Mdulo.

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Objetivos: Diferenciar conceitos: mtodo, tcnicas e metodologia.

Mtodos, Tcnicas e Metodologia.

Cada um desses termos tem procedimentos metodolgicos prprios. Mtodo o mesmo que Metodologia? No! Enquanto, Mtodo o caminho percorrido pelo pesquisador, como pretende abordar o fenmeno a ser estudado, com o intuito de alcanar os objetivos do estudo, Metodologia o conjunto dos procedimentos e tcnicas utilizados pelo mtodo adotado. Metodologia ento engloba o Mtodo, os procedimentos e as tcnicas. Chau define Mtodo como uma investigao que segue um modo ou uma maneira planejada e determinada para conhecer alguma coisa; procedimento racional para o conhecimento seguindo um percurso fixo. 3 Laville e Dionne (1999) apresentam trs definies importantes para compreender melhor a terminologia. Metodologia: Estudo dos princpios e dos mtodos de pesquisa (p. 335); Mtodo: Conjunto dos princpios e dos procedimentos aplicados pela mente para construir, de modo ordenado e seguro, saberes vlidos (ibid); Tcnica de Pesquisa: Procedimento empregado para recolher dados de pesquisa ou para analis-los. Tem tcnicas de coleta e tcnicas de anlise de informaes (ibid).

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CHAU, M. Introduo histria da filosofia. Dos pr-socrticos a Aristteles. So Paulo: Brasilense,

1994, p. 354.18 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

Portanto, a entrevista, o questionrio, a anlise de contedo, a histria de vida e a histria oral so procedimentos tcnicos e no mtodos. Como essa diferenciao gera confuso, mesmo para autores de textos sobre pesquisa, interessante notar a opinio de Pedro Demo (1981, p. 7): Metodologia significa, etimologicamente, o estudo dos caminhos, dos instrumentos usados para fazer a cincia. uma disciplina instrumental, a servio da pesquisa.

Esse cientista entende que pesquisa : a construo de conhecimento original, de acordo com certas exigncias cientficas. No precisa ser tambm emprica, embora normalmente se suponha esta como a mais comum e importante... Metodologia ser, ento, definida como o estudo dos instrumentos de montagem de uma teoria, o estudo dos arcabouos tericos... Atribui-se Metodologia um interesse tendencialmente voltado teoria, ou parte terica da produo cientfica, deixando a questo emprica para outra disciplina, muitas vezes chamada de Mtodos e Tcnicas, dedicada s tcnicas de coleta (dados) e mensurao (variveis) (DEMO, 1981, p. 7-8).

Como o pesquisador define os mtodos que vai utilizar no estudo que se prope a realizar? Essa escolha deve depender, principalmente, do fenmeno que ser investigado e no do mtodo preferido ou mais conhecido do pesquisador ou do seu orientador. O Mtodo Cientfico deve ser seguido em estudos em qualquer mbito, mas os procedimentos por ele utilizados devem ser compatveis com o objeto de estudo. Seria complicado medir o comportamento humano da mesma maneira que se mede o comportamento da matria em estudos fsicos. Isso porque os fenmenos sociais envolvem19 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

pessoas. E, os seres humanos esto em constante mudana, pois so dotadas de conscincia e de subjetividade. Assim, nem sempre possvel submeter o comportamento humano a situaes de experincia e controle. No entanto, apesar da diferena nada bsica entre pessoas e plantas ou pessoas e troves, at a poucas dcadas, as cincias sociais usavam mtodos com os mesmos procedimentos do Mtodo Cientfico concebido por Descartes, ou seja, seguindo os rigores da Matemtica. Quando perceberam a inadequao, os cientistas enxergaram a necessidade de estudar os fenmenos sociais com mtodos cujos procedimentos fossem mais adequados a esse tipo de anlise. No caso das Cincias Humanas, as principais abordagens constituem-se em quadros de referncia, subordinando outras teorias e sugerindo normas de procedimentos cientficos, chegando, segundo Gil (1999), a serem designadas como mtodos (p. 36). Os principais referenciais citados por Gil so Funcionalismo, Estruturalismo, Materialismo Histrico e Etnometodologia. Pode-se, tambm, rotular esses referenciais como perspectivas ou abordagens. Ao mesmo tempo em que so importantes para diferenciar entre as posturas e correntes de pensamento, no essencial construir os projetos de pesquisa unicamente em funo delas.

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Metodologia

Tcnicas e /ou Instrumentos

Mtodo

Metodologia importante ficar claro que a Metodologia da Pesquisa Cientfica estuda os mtodos e as tcnicas de pesquisa. Alguns autores confundem os estudiosos atribuindo o significado da palavra metodologia a palavra mtodo. A Metodolgia entendida como disciplina que se relaciona com a Epistemologia ou a Filosofia da Cincia. Seu objetivo consiste em analisar as caractersticas dos vrios mtodos disponveis, avaliar suas capacidades, potencialidades, limitaes ou distores e criticar os pressupostos ou as implicaes de sua utilizao. Em nvel mais aplicado, a metodologia lida com a avaliao de tcnicas de pesquisa e, com a gerao ou a experimentao de novos mtodos que remetem aos modos efetivos de captar e processar informaes e resolver diversas categorias de problemas tcnicos e prticas da investigao. Alm de ser uma disciplina que estuda os mtodos, a Metodologia tambm considerada como modo de21 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

conduzir a pesquisa. Neste sentido, a Metodologia pode ser vista como conhecimento geral e habilidade que so necessrias ao pesquisador para que se oriente no processo de investigao; tomar decises oportunas, selecionar conceitos, hipteses, tcnicas e dados adequados. 0 estudo da Metodologia auxilia o pesquisador na aquisio desta capacidade. Associado pratica da pesquisa, o estudo da metodologia exerce uma importante funo de ordem pedaggica, isto , a formao do estado de esprito e dos hbitos correspondentes ao ideal da pesquisa cientfica (THIOLLENT, 1988, p. 25).

Mtodo Um mtodo pode ser definido como uma srie de regras para tentar resolver um problema (ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 1998, p. 3). O Mtodo uma abordagem, repleta de pressupostos sobre o mundo e o fenmeno a ser estudado. O Mtodo Cientfico nem sempre definido da mesma forma pelos cientistas diferentes, independente de sua rea de conhecimento ou suas ideologias. Estudar mtodos de pesquisa demanda mais tempo do que muitos aprendizes gostariam de desperdiar.

Tcnicas e instrumentos As pesquisas, quantitativas e qualitativas, modernas usam uma grande variedade de procedimentos e instrumentos de coleta de dados. H para cada procedimento vantagens e desvantagens. Todas as tcnicas podem ser complementadas por outras. As pesquisas qualitativas so caracteristicamente multimetodolgicas... (ALVES-MAZZOTTI, A. J.; GEWANDSZNAJDER, F., 1998, 163). Isso no quer dizer que um estudo quantitativo no pode usar mais do que uma forma de coletar os seus dados nem que h diferenas substanciais nos procedimentos utilizados. As tcnicas mais utilizadas so: observaes, entrevista, anlise documental, questionrio, etc. Alguns procedimentos de coleta de dados exigem um domnio de abordagens complexas, como por exemplo, o estudo de caso. Vrios autores classificam o estudo de22 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

caso como Mtodo de Pesquisa, pois o mesmo requer pressupostos tericos e metodolgicos.

Voc pode ler mais sobre Metodologia e Mtodo na INTERNET. Sabe-se que os conceitos nem sempre so utilizados da mesma forma por todos os autores. No esquea que a metodologia cientifica e a metodologia de uma pesquisa INCLUI, ABRANGE o mtodo, as tcnicas e os procedimentos de um estudo.

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Objetivos: Demonstrar a importncia da autonomia do pesquisador no desenvolvimento de seus pensamentos e em suas aprendizagens sobre pesquisa.

Autonomia do Pesquisador Algumas escolas de pensamento delimitaram estritamente os

procedimentos cientficos (especificao do problema, do mtodo e das tcnicas de coleta de dados). Hoje, h mais flexibilidade na organizao da pesquisa cientfica. Em muitos cursos de ps-graduao, como o caso dos cursos da ESAB, no requisito estabelecer uma linha nica de pensamento na monografia ou uma tcnica nica de coleta de dados. Aprendizes na ESAB so estimulados pelos tutores orientadores a:

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Para uma leitura mais avanada sobre Mtodos e Metodologia Cientfica, ver Lakatos e Marconi (1991); Severino (1996); Laville e Dionne (1999); Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1998); Chizzotti (2006) Oliveira (2007) e Poupart, (2008).

Torna-se pesquisador quem comea a investigar suas prprias dvidas. Estudar a distncia oportunidade de praticar autonomia, buscando respostas em fontes alternativas e com recursos disponveis na INTERNET. Tambm nos mdulos da ESAB, h um tutor para trocar ideias e levantar dvidas. Neste Mdulo esto alguns exemplos de dvidas de aprendizes, j respondidas pelo professor tutor. Essas dvidas tambm so fontes de informao para consulta. Sempre pode consultar as dvidas respondidas para conhecer o que j foi perguntado e respondido.

A seguir, para exemplificar, duas dvidas de ex-aluno, j respondidas, em relao ao contedo da UNIDADE 4: Aluno 01 Professor Jaime, A UNIDADE 4 do mdulo apresenta os conceitos de mtodos, metodologia e tcnicas. Para mim, as definies no ficaram muito claras, uma vez que, muitas vezes, alguns artigos e monografias trazem captulos chamados "Materiais e mtodos" ou "Metodologia empregada". Nesses casos, me parece que os captulos discutem, na verdade, as tcnicas utilizadas na pesquisa. Seriam esses termos utilizados de forma errada? Poderia dar exemplos do que seria um o mtodo,25 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

uma metodologia e de tcnicas utilizadas em uma pesquisa? Desde j agradeo a ateno. F. Prezado F.: Acho que eu entendo a sua confuso, que frequente quando consultamos a maioria dos livros sobre Metodologia de Pesquisa. Tentei escolher a melhor definio e coloquei aqui, porm, se for para outros textos, os autores no tm consenso sobre as mesmas definies. Sim, acho que na maioria das vezes o que o pesquisador quer dizer "tcnica usada", porque a Metodologia envolve muito mais. O Mtodo a abordagem, o referencial de como ser abordado o fenmeno em anlise. Segundo Laville e Dionne, Mtodo o "conjunto dos princpios e dos procedimentos aplicados..." Isso sugere uma associao entre os princpios que guiam como um fenmeno pode deve ser estudado e, como devem ser coletadas e organizadas as informaes sobre este fenmeno. Os procedimentos (metodolgicos) so as estratgias, instrumentos e meios a serem empregados. Voc pode fazer a sua prpria escolha; seu prprio entendimento sobre esses conceitos estudando vrias definies e escolhendo a que achar melhor. Aqui, num breve mdulo, infelizmente no possvel expandir a discusso. Voc pediu exemplos e respondi com "teoria". Ainda sim, espero que tenha entendido. Ol Professor! Desejo saber exemplos prticos de mtodos como INDUTIVO, EXPERIMENTAL, FENOMENOLGICO e DEDUTIVO. Pois no encontrei no material didtico. J. J: Quando recebo uma dvida assim parecida, aproveito sempre para sugerir um caminho para o aluno, e no uma resposta direta que aparentemente satisfaa a dvida, mas raramente estimula a verdadeira aprendizagem; j que ela se encontra nas mos do aprendiz e no na resposta do tutor/professor. Buscando no Google, descobri com as palavras chave pesquisa + indutivo o seguinte: [http://www.herbario.com.br/cie/universi/artigos/1018filo.htm]: O legado do filsofo da cincia Karl Popper, que completaria cem anos hoje 18/10/2002.26 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

Shozo Motoyama Especial para a Folha. Para as pessoas que vivem no mundo conturbado e ambguo de hoje, poderia parecer estranho o renome alcanado pelo filsofo Karl Raimund Popper (1902-1994), sobretudo na segunda metade do sculo 20. Afinal, o que teria a oferecer um filsofo, ainda mais da cincia, para a soluo de problemas atuais marcados pela parafernlia de cunho informtico e ciberntico, no aparente reinado capitalista do mercado? J no existe mais aquela polarizao ideolgica que to bem caracterizou o sculo passado e na qual Popper destacou-se como paladino do Liberalismo. Sua veemncia contra o Fascismo e o Comunismo, a sua defesa apaixonada de uma sociedade aberta, parecem, hoje, um anacronismo. E, no universo da cincia, onde a simulao tornouse um recurso corriqueiro, graas ao avano computacional, fundindo e confundindo a realidade virtual com a real; os seus ataques contra o Mtodo Indutivo j no tm o apelo de outrora. Para muitos, a pesquisa cientfica adquiriu um tom mecnico digital, talvez fosse o termo mais adequado no ritmo de computadores. Ento, por que Popper? Porque, mais do que ningum, ele tentou analisar com clareza e mtodo - um mundo conturbado, cheio de guerras e contradies, como foi o sculo 20. E encontrou uma soluo para os paradoxos da Histria, embora sua maneira. Com otimismo, que raro entre intelectuais, vislumbrou o progresso do conhecimento humano como um genuno problema filosfico. Na base desse progresso do conhecimento, segundo ele, estaria a Cincia. Da, privilegiar a questo da Cincia e do Mtodo Cientfico, pondo-a no centro da sua filosofia. Uma vez delineadas as linhas-mestras do seu pensamento, lanou-se ao combate pela defesa dos seus ideais. Esse otimismo e essa confiana na inteligncia contrastam singularmente com a atitude de vrios filsofos do seu tempo, alguns deles muito famosos, que no seu niilismo descartaram a existncia de problemas genuinamente filosficos. Popper uma inspirao. Uma lgica para a pesquisa. Quando, no incio da dcada de 1930, o ainda jovem Popper comeou a frequentar o famoso "Crculo de Viena", nem ele prprio poderia imaginar o papel central que desempenharia posteriormente no campo de Filosofia da Cincia... A nica coisa que o distinguia dos demais integrantes do crculo, constitudo por filsofos como Moritz Schlick (1882-1936), Otto Neurath (1882-1945),

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Rudolph Carnap (1891-1970), Hans Reichenbach (1891-1953), Herbert Feigl (1902-1988) e outros afamados "positivistas lgicos" da poca, era a sua rejeio da induo como lgica da Cincia, em flagrante oposio aos seus companheiros. De fato, estes defendiam que o Mtodo Cientfico era o Indutivo. Em outras palavras, partindo-se de enunciados singulares, resultantes de descries de observaes ou experimentos, chega-se a (induz-se) enunciados universais, hipteses ou teorias. Mas, como argumentava Popper, no existe nenhuma garantia lgica capaz de assegurar a inferncia dos enunciados universais a partir de enunciados singulares, por mais numerosos que fossem estes. Mesmo observando milhares e milhares de cisnes brancos, no se pode afirmar que todos os cisnes so brancos, pois, a despeito de serem raros, tambm existem cisnes negros. Essa questo sobre a validade e as condies de inferncia indutiva conhecida como "problema da induo.... A est um exemplo do que voc mesmo pode fazer para explorar mais os conceitos metodolgicos. Bom trabalho, Jaime. CONSULTE AS DVIDAS ACADMICAS NA REA DE DISCUSSO NO CAMPUS ONLINE PARA LER A RESPOSTA COMPLETA E SABER QUAIS AS DVIDAS LEVANTADAS POR APRENDIZES DESSE MDULO.

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Objetivos: Diferenciar entre os vrios tipos de trabalho cientfico comuns na produo acadmica brasileira.

Classificao dos Trabalhos Cientficos

O produto da Cincia o conhecimento, o mesmo se constri pela realizao de trabalhos cientficos. H vrios tipos de trabalhos cientficos ou de trabalhos de concluso de curso (TCC) que so os requisitos especficos para cada qualificao acadmica. Os mais comuns so: os artigos, as monografias, as dissertaes, teses ou resenhas crticas. Cada uma dessas produes est associada a um nvel educacional, com exceo do artigo cientfico, tambm chamado de paper, que pode ser produzido por estudantes de vrios nveis de ensino ou por pesquisadores independentes, sem vnculos institucionais. Ao nvel da graduao no Brasil o TCC e a monografia so termos usados como sinnimos. TCC a denominao mais frequentemente dada aos trabalhos realizados por alunos que esto concluindo a graduao. Pode ser uma monografia ou no. A monografia tambm elaborada como um pr-requisito para a obteno do ttulo em alguns cursos de psgraduao lato sensu e de especializao. J a dissertao e a tese so elaboradas por alunos de mestrado e doutorado, respectivamente. A monografia ento um tipo de Trabalho de Concluso de Curso. uma produo cientfica comum em alguns cursos de graduao, dependendo da instituio e do colegiado do curso. Alguns cursos lato sensu ou de especializao exigem trabalhos escritos mais

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simples, tipo proposta de interveno institucional, um produto especifico ou apenas o esboo de um projeto de pesquisa. A Monografia focaliza um nico assunto, uma discusso sucinta. A discusso resultado de um referencial de conceitos e teorias e, muitas vezes, envolve a coleta de dados empricos. A monografia pode ser um levantamento bibliogrfico, um ensaio terico, discursivo, sobre o seu tema. Pode, tambm, ser o resultado de uma pesquisa de campo com a coleta de dados primrios, dependendo do tempo, dos recursos e da inteno do investigador. O formato de apresentao dos trabalhos cientficos estabelecido pela Norma NBR 14724, da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT), que apresenta a definio de cada um deles: 1. Monografia: o conceito est ligado origem etimolgica do termo: mnos (um s) e graphein (escrever). Assim, significa que nela o pesquisador aborda um s assunto, ou seja, escreve a respeito de um assunto nico. Por isso, a monografia relaciona-se mais assimilao de contedos, servindo como um ponto de partida para a prtica em pesquisa. A monografia nem sempre requer uma pesquisa de campo, o desenvolvimento e avaliao de um prottipo de sistema ou programa de computao. 2. Dissertao: estudo no qual o pesquisador rene, analisa e interpreta informaes a respeito de um fenmeno, mostrando domnio de conhecimento a respeito do que j foi dito sobre ele. 3. Tese: a principal caracterstica deste tipo de trabalho cientfico a originalidade na investigao. Por isso mesmo, constitui-se em real contribuio para o conhecimento da Cincia, com relao ao fenmeno estudado.

s vezes um curso requer um artigo cientfico como requisito de produo acadmica. O artigo pode ser conceituado como:

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Um estudo realizado de maneira resumida sobre uma questo que se fundamenta em alguma natureza cientfica. Devido sua dimenso, assim como contedo, visa representao de um resultado de estudos efetuados.... Formalmente pode ser definido como um relatrio escrito e publicado que descreve resultados originais de uma pesquisa. A finalidade primordial de um Artigo Cientfico seria trazer a pblicos resultados de pesquisas realizadas ou estudos efetuados, sendo este o cunho exercido na quase totalidade dos cursos de graduao ou ps-graduao.4

O Artigo Cientfico desenvolve um discurso distinto de uma monografia convencional, devido maior conciso e natureza das informaes e dos dados tratados. A reviso da literatura e discusso terica so menos detalhadas A monografia mais detalhada, mas no a quantidade de pginas que a difere do artigo. O artigo cientfico no deve ser qualificado como melhor ou mais significativo que uma monografia. Em resumo, os mais diferentes tipos, de Produo Cientifica, servem funes diferentes e requerem formatos e esforos diferenciados. importante reconhecer que toda a produo acadmica visa aumentar o conhecimento.

Ao longo dos mdulos, o aprendiz pode ir organizando suas ideias sobre possveis temas de interesse para a monografia. (Veja em Informaes Acadmicas na primeira pgina da ESAB maiores detalhes sobre as etapas da monografia e designao do tutor orientador.) Torna-se pesquisador quem comea a investigar e registrar essas ideias. Torna-se cientista quem sistematiza sua investigao e comunica seus resultados no formato padronizado da Cincia.

4

Monografia AC. Disponvel em http://www.monografiaac.com.br/artigocientifico.html. Acesso: 16 nov 2010.

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Objetivos: Esclarecer o objetivo da produo cientfica na ps-graduao e na ESAB.

Por que e para que Pesquisar?

Quem est matriculado em um curso de ps-graduao possvel que j tenha se perguntado algumas vezes: por que tenho que desenvolver um trabalho cientfico ao final desse curso? Um dos objetivos da educao desenvolver nas pessoas o senso crtico, estimulando nelas o desejo da descoberta. Em outras palavras, preciso formar profissionais que possam procurar respostas para os desafios que lhes so impostos cotidianamente. O trabalho cientfico tambm uma mostra da aprendizagem adquirida pelo aluno e a produo coletiva do curso ou instituio um indicador de sua qualidade. Alm disso, a pesquisa ou a produo cientfica tem sido um dos ndices para medir o grau de desenvolvimento de um pas. Infelizmente, o Brasil ocupa posio bem distante da ideal. O desenvolvimento tecnolgico e o ndice de Desenvolvimento Humano IDH esto diretamente associados. Segundo Selz (2005): Em pases desenvolvidos, quando a tecnologia altamente desenvolvida, o IDH alto. Em pases em desenvolvimento, o IDH baixo, e o desenvolvimento tecnolgico baixo. J em pases subdesenvolvidos, o IDH no tem relao com o desenvolvimento tecnolgico. A perspectiva para anos vindouros de grande crescimento tecnolgico, mas sem o conhecimento cientfico, ser gerao da grande pobreza e misria.55

Seltz, R. Euroscience (Organizao governamental para avano da cincia na Europa) Desenvolvimento

tecnolgico e pobreza. Disponvel em http://www.universia.com.br /materia/materia.jsp?materia=7835. Acesso em 16 nov 2010.32 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

O fato do Ministrio da Educao (MEC) estabelecer que a disciplina Metodologia da Pesquisa Cientfica faa parte dos currculos dos cursos de graduao e de ps-graduao representa um incentivo aos aprendizes a se desenvolverem como profissionais da cincia. No caso dos cursos de ps-graduao da ESAB, o MEC determinou a sua incluso como primeiro mdulo de estudo para garantir uma ateno maior da natureza cientfica desse nvel de estudo. A preparao de um trabalho cientfico precisa ser visualizada como uma oportunidade de pr em prtica seu lado e potencial de pesquisador, podendo, assim, contribuir para a construo do saber cientfico, no apenas para obter uma nota e/ou alcanar um ttulo.

Atividades dissertativas Considerando suas experincias, interesses, motivaes e expectativas para uma carreira profissional, elabore um pequeno texto sobre sua potencialidade para produzir uma monografia que contribua para o saber cientifico na sua rea de conhecimento. (limite de 300 palavras). Bons Estudos!

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Objetivos: Descrever as etapas do planejamento de um Projeto de Pesquisa e as etapas da Monografia na ESAB.

Elaborao da Pesquisa Cientfica

A elaborao de um trabalho cientfico requer uma preparao por parte do pesquisador. Estamos falando, portanto, do Planejamento da Pesquisa. Toda pesquisa precisa ser planejada. Esse planejamento mostrado em um documento chamado projeto de pesquisa.

Planejamento da Pesquisa: escrevendo o projeto Em geral, na ps-graduao, antes de executar uma pesquisa, o pesquisador elabora um projeto ou plano de estudos, que entregue ao orientador, para que, em conjunto, possam discutir a melhor forma de executar a pesquisa, fase em que os dados so coletados para, posteriormente, serem analisados. No projeto, o pesquisador informa o que vai estudar; o que pretende alcanar com seu estudo, as razes que o levaram a querer desenvolv-lo; o que j foi dito sobre o que ele pretende estudar (as referencias e a bibliografia disponvel) e de que maneira o estudo ser desenvolvido.

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O trabalho de concluso de curso (TCC) constitui-se em um momento de potencializao e sistematizao de habilidades e conhecimentos adquiridos, na forma de pesquisa acadmico-cientfica. Trata-se de uma experincia fundamental uma vez que proporciona a oportunidade de resolver de forma rigorosa e criativa problemas tericos e empricos relativos formao6. Como trabalho que se submete aos padres da produo cientfica, a Monografia deve respeitar seus parmetros. Na ESAB, ela envolve trs etapas: 1. Plano de Monografia 2. Produo da Monografia 3. Avaliao da Monografia Estas trs etapas conjugadas e sujeitas ao crivo da lgica de procedimento da Cincia asseguram Monografia um carter diferente dos trabalhos normalmente desenvolvidos pelos estudantes em suas respectivas disciplinas. A monografia , portanto, um trabalho de sntese que articula o conhecimento global do aluno no interior de sua rea de formao. Dessa forma, a Monografia deve ser concebida e executada como uma atividade cientfica. Tomando como base o carter cientfico, a Monografia na ESAB compreende, em sua Primeira Etapa a elaborao de um Plano de Monografia. Como critrios bsicos para esta fase, o Plano ter que atender aos seguintes requisitos: a escolha da linha de pesquisa e tema, a definio do problema, a identificao dos objetivos da pesquisa, a estrutura do referencial terico e da bibliografia a ser utilizada e a breve descrio da metodologia. A Segunda Etapa Produo da Monografia corresponde fase de elaborao e envio da monografia finalizada para anlise do tutor orientador. Para concluir a Monografia imprescindvel que o aluno aplique os conhecimentos cientficos de sua rea de conhecimento, bem como efetue as atividades dentro de parmetros mnimos de cientificidade. O aluno deve valer-se de mtodos e tcnicas universalmente aceitas pela comunidade cientfica que incluem pertinncia, consistncia, manipulao de variveis e de hipteses, mensurao de dados primrios e/ou secundrios de acordo com padres de representatividade e generalizao compatveis com seu tema, seu6

Assim, que a ESAB define como etapa final de seus cursos Lato Sensu e MBA a apresentao da

Monografia como elemento avaliador.35 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

problema/hiptese de trabalho e sua rea de conhecimento ou de exerccio profissional. O trabalho deve obedecer s orientaes desse Manual, bem como os padres existentes para a produo cientfica. Finalmente, na Terceira Etapa, Avaliao da Monografia, como toda investigao que possui carter cientfico, a Monografia deve ser submetida ao crivo da crtica da comunidade. De fato, para lograr sua aprovao final, ter que ser levada apreciao de uma Banca Examinadora. A Banca Examinadora tem a funo de avaliar a Monografia sob a tica de diferentes perspectivas. Neste sentido, a banca dever avaliar a consistncia lgica da investigao, a coerncia entre problema de investigao, hiptese e nvel de demonstrao ou de validade argumentativa na correlao entre pressupostos, postulados e corroborao emprica, observando as normas para a produo cientfica. Sujeito crtica, na multiplicidade de perspectivas representadas pelos avaliadores, a Monografia estar cumprindo seu papel de atividade de iniciao cientfica. Do ponto de vista do aluno, a defesa diante de uma Banca Examinadora significa a possibilidade de testar sua competncia discursiva, de exercitar sua capacidade argumentativa e de defender sua perspectiva frente a outras diferentes ou concorrentes. Ao mesmo tempo, permitir-lhe- esclarecer elementos de seu trabalho que possam ter ficado obscuros ou frgeis do ponto de vista de sua consistncia ou pertinncia cientfica. Neste sentido, a defesa da Monografia exercitar a capacidade lgico-dedutiva, de anlise e de sntese do aluno, bem como sua fluncia em resposta diante de argumentos distintos daqueles que desenvolveu. A necessidade de defesa diante de uma Banca justifica-se pela imposio da previso legal.7

Vamos analisar as etapas de realizao da pesquisa cientfica, ento!

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Resoluo CNE/CES n 1 de 2007.36 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

Definindo o Problema de Pesquisa O primeiro passo definir o que vai pesquisar. Isso significa encontrar o que se chama problema de pesquisa. No caso da Pesquisa Cientfica, o problema no est ligado a coisas negativas, pelo contrrio, se o pesquisador tem um problema para analisar, j esta com meio caminho andado. Assim, todo pesquisador precisa ter um problema de pesquisa. E, justamente o problema que o torna um pesquisador. Sem problema no h pesquisa. Problema est relacionado a dvida. E, se no se tem dvidas, para que pesquisar? Em geral, os pesquisadores iniciantes confundem alguns pontos ao definir o problema de pesquisa. Quando se pergunta a um deles sobre o que trata sua monografia, em geral, a resposta que se recebe est mais relacionada rea ou ao tema, no se constituindo, portanto, um problema. Pra clarear isso, vamos a alguns exemplos: Uma aluna de ps-graduao lato sensu em Comunicao Empresarial diz que sua monografia ser sobre a comunicao no setor de mrmore e granito em determinado local. O que se tem aqui o assunto que ela vai tratar, no o problema. O problema de pesquisa a pergunta a que o pesquisador busca responder durante a execuo da pesquisa. E, a partir do assunto ou tema que ele define essa pergunta. No exemplo anterior, a pesquisadora pode ter algumas dvidas, que podem ser problemas de pesquisa. Por exemplo: Qual a percepo dos empresrios do setor de mrmore sobre o uso das ferramentas de comunicao e divulgao? Quais as informaes recebidas pela populao local sobre o setor de mrmore e de que forma so recebidas? Qual a opinio da sociedade local sobre os impactos da extrao de mrmore sobre o meio ambiente e a zona rural?

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Essas perguntas podem ser consideradas problemas de pesquisa. porque busca respond-las que a pesquisadora realiza uma pesquisa e, ao final, espera, de fato, encontrar a resposta. em funo do problema que o pesquisador define como vai executar cada uma das etapas da pesquisa. Mas, como definir o que se quer pesquisar? Pelo exemplo dado, pode-se observar que a definio de um problema de pesquisa parte do macro (fenmeno, assunto, tema) para o micro. Portanto, para chegar ao problema de pesquisa, preciso analisar detalhadamente de forma esmiuada. Booth et al (2000, p. 57) mostram um esquema que pode ser til na hora de definir o problema de pesquisa que voc pretende responder em sua monografia. 1) Especifique seu tpico: Estou estudando_____________________________________________ 2) Formule sua pergunta: Porque quero descobrir. Quem? Como? Por qu?_______________________ 3) Estabelea a fundamentao lgica para a pergunta e o projeto: Para entender como / por que / o qu______________________________

um esquema que todo aluno pode e deve exercitar, pois vai ajud-lo a encontrar seu problema de pesquisa. Os autores sugerem que o pesquisador continue utilizando-o tambm durante a realizao da pesquisa, para que tenha clareza do ponto em que se encontra o que facilita que se mantenha no rumo que traou para si. Pensando bem, o esquema acima no representa novidade, pois, em algum momento, todos j devem t-lo usado, ao tentar resolver problemas do dia a dia. Booth et al (2000) afirmam que os problemas do dia a dia podem suscitar problemas de pesquisa, porque nos fazem questionar algo que ainda no sabemos e que poderia38 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

solucion-lo. Quando no sabemos algo, temos um problema de pesquisa, que precisa ser investigado, ajudando, dessa forma, a resolver os problemas do nosso cotidiano. A pesquisa, portanto, faz parte da vida, de todos; o tempo todo. A pesquisa desenvolvida na Monografia no est num mbito externo, bem distante do aluno. Na verdade, os procedimentos executados ao longo da pesquisa tm mais a ver com o aluno do que ele imagina. O esquema a seguir mostra isso. importante ressaltar que esse ciclo no ocorre da mesma maneira com todas as pessoas. Isso quer dizer que, para alguns, o desejo de pesquisar pode se iniciar, por exemplo, durante a reflexo sobre determinado assunto ou quando se est executando determinada ao. Para muitos alunos a necessidade consequncia de um pr-requisito de um curso: Escrever uma monografia ou artigo cientfico. O que importa que o pesquisador se reconhea nesse ciclo e que saiba em que posio se encontra. Outro ponto interessante que, pela capacidade de discernimento, pode retornar a alguma etapa, se perceber que algo na execuo da pesquisa no levar onde ele pretende chegar.

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Utilizando o esquema de Booth tente responder as trs perguntas a seguir fazendo um pequeno ensaio sobre um possvel tema de estudo. Esta reflexo no precisa ser enviada ao tutor. para voc testar seu primeiro momento de concepo de um projeto. 1. Especifique seu tpico: Gostaria de estudar ____________________________________________. 2. Formule sua pergunta sobre um problema a ser estudado: A pergunta deve comunicar o que especificamente voc quer descobrir:

___________________________________________________________ 3. Estabelea a fundamentao lgica para a pergunta e para o projeto: Esta fundamentao lgica deve ser uma espcie de justificativa da pergunta. Para entender O qu? Como? Por qu?

_____________________________________________________ AVALIA-SE. Qual o seu principal problema em escrever para voc? O que precisa fazer para sentir mais confiana e segurana na sua escrita?

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9Uma vez definido o problema de pesquisa, o pesquisador j sabe qual o objetivo da sua pesquisa. Se o problema de pesquisa qual a percepo dos empresrios do setor de rochas e granitos sobre a utilidade das ferramentas de comunicao na divulgao de suas empresas?, o objetivo do pesquisador conhecer a percepo dos empresrios do setor de rochas e granitos sobre a utilidade das

Objetivos: Explorar a importncia dos objetivos na definio da pesquisa.

Definindo o Objetivo da Pesquisa

ferramentas de comunicao na divulgao de suas empresas. Quase a mesma coisa, no ? Quase! A mudana principal a palavra conhecer, um verbo. Enquanto o problema de pesquisa apresentado em forma de pergunta, o objetivo normalmente redigido em uma frase completa utilizando o verbo no infinitivo. Exemplos: 1. Problema da pesquisa: Quais os efeitos da urbanizao da orla da Poligonal 11 Projeto Terra Vitria, ES na percepo ambiental da populao residente? Objetivo geral da pesquisa: Examinar a percepo e atitudes da populao residente em relao aos processos de urbanizao do Projeto Terra, a recuperao e a preservao do manguezal e dos ecossistemas adjacentes comunidade. 2. Problema de pesquisa: Qual a contribuio de software na administrao de microempresas de confeco no plo da Gloria, ES? Objetivo geral da pesquisa: Avaliar o impacto do uso de software na administrao de microempresas de confeco no plo da Gloria, ES.

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Para facilitar a execuo de seu trabalho, o pesquisador define tambm objetivos especficos para a pesquisa. Os objetivos especficos dizem o que o pesquisador ter de fazer para alcanar o objetivo geral da pesquisa. Definem os vrios pontos a serem abordados e se colocados em sequncia se tornam subtarefas na organizao do estudo. Os verbos dos objetivos especficos tambm devem ser utilizados no infinitivo. (SALOMO, S.T. Projeto de Pesquisa. Disponvel em

http://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:AuJ7umd_FtMJ:www.faad.icsa.ufpa.br/admead /documentos. Acesso em 17 nov 2010.) Vejamos um exemplo de objetivos especficos Objetivo geral: Identificar a percepo dos empresrios do setor de rochas ornamentais capixaba sobre a importncia do uso das ferramentas de comunicao na divulgao da imagem institucional Objetivos especficos: Levantar as ferramentas de comunicao j utilizadas pelo setor; Analisar a influncia do modelo de gesto utilizado nessas empresas, no nvel de valorizao das ferramentas de comunicao. Em outras palavras, para identificar a percepo dos empresrios em relao ao uso das ferramentas de comunicao, o primeiro passo do pesquisador identificar quais as ferramentas usadas atualmente pelas empresas do setor. Em geral, as empresas que utilizam um modelo moderno de gesto reconhecem a importncia da comunicao. Se o pesquisador tem informaes sobre o modelo de gesto adotado pelas empresas do setor investigado, ser possvel fazer uma anlise de como esse modelo influencia o nvel de valorizao das ferramentas de comunicao. Veja que, quanto mais informaes o pesquisador tem a respeito do assunto, mais fcil encontrar a resposta para o problema da pesquisa, por isso, a leitura um hbito fundamental para aprofundar no temtico do trabalho.

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Objetivos: Entender a importncia do objetivo geral para explicitar o carter da pesquisa.

O Objetivo Determina o Carter da Pesquisa O objetivo geral da pesquisa, como foi dito, esclarece o que se pretende alcanar com a investigao. Explicita, tambm, o carter ou especificidade da pesquisa: exploratrio, descritivo ou explicativo. A seguir as caractersticas de cada uma delas. Pesquisas Exploratrias: buscam uma aproximao com o fenmeno, pelo levantamento de informaes que podero levar o pesquisador a conhecer mais a seu respeito. Pesquisas Descritivas: realizadas com o intuito de descrever as caractersticas do fenmeno. Pesquisas Explicativas: ao realizar um estudo dessa natureza, o pesquisador procura explicar causas e consequncias da ocorrncia do fenmeno. O carter da pesquisa influencia todo o seu desenvolvimento, a comear pela maneira como o pesquisador determina os objetivos de sua investigao.

O objetivo deve iniciar com um verbo. Porm, que verbo usar? Richardson d a seguinte orientao: Usualmente, em uma pesquisa exploratria o objetivo geral comea pelos verbos: conhecer, identificar, examinar, levantar e descobrir; uma pesquisa descritiva inicia-se com os verbos caracterizar, descrever e traar; e uma pesquisa explicativa, comea pelos verbos analisar, avaliar, verificar, explicar etc. (1999, p. 63).

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O pesquisador iniciante mais explora do que explica Pesquisadores iniciantes, como o caso dos estudantes de graduao e de ps-graduao geralmente realizam pesquisas de carter exploratrio. Isso no uma afirmao negativa. Gil (1994) esclarece que a explorao do fenmeno tem como objetivos desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias. A pesquisa exploratria to importante quanto os outros tipos de estudo. Esse tipo de pesquisa realizado, especialmente, quando h poucas informaes disponveis sobre o tema a que se relaciona o objeto de estudo. Justamente pelo escasso conhecimento do assunto, o planejamento flexvel, de forma que os vrios aspectos relativos ao fato possam ser considerados. A escassez de informaes torna difcil a formulao de hipteses, como requerem as pesquisas descritivas e explicativas. Na verdade, sobre as pesquisas cientficas que descrevem e explicam os fenmenos que mais se ouve falar. Elas so executadas com muita frequncia por pesquisadores da rea de sade. Eles realizam experimentos, acompanham pacientes por anos, medindo taxas para que, ao final do estudo, possam encontrar as respostas e relaes que procuram. Bons trabalhos cientficos muitas vezes so trabalhos simples. Pesquisadores iniciantes no precisam confeccionar projetos complicados ou ficar imobilizados pela mistificao desnecessria da pesquisa. importante ter foco no problema a ser estudado, traar um plano executvel com os recursos e tempo disponvel e usar procedimentos adequados para a proposta.

Para dar continuidade aos seus estudos fundamental que voc complete a Atividade nmero 1, localizada no link Atividades.

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O Estudo Complementar indica fontes e recursos para aprofundar seus conhecimentos. Muitas informaes sobre o planejamento e especificao dos objetivos de uma pesquisa esto disponveis: ALVES, G. Dicas de pesquisa sociolgica. Disponvel em

http://pesquisasociologica.blogspot.com/ Acesso em 17 nov 2010. Consultar o site.

GUNTHER, H. (Org.) Planejamento de Pesquisa para as Cincias Sociais. Disponvel em http://www.unb.br/ip/lpa/pdf/02Sugestoes.pdf. Acesso em 04 jul 2007. Ver MIDIATECA para cpia em formato pdf. PINHEIRO, I.A. Dicas para escrever um trabalho acadmico. Disponvel emhttp://www.inf.ufsc.br/~rcampiol/downloads/dicas_escrever_texto_cientifico.ppt. Acesso em 04

jul 2007. Ver MIDIATECA para cpia em formato PowerPoint. SOSSAI, J.A. Determinao de objetivos educativos Disponvel em

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003489101974000400009&lng=en&nrm=. Acesso em 04 jul 2007. Ver MIDIATECA para cpia

em formato pdf. WAZLAWICK, R.S. Como fazer uma dissertao de mestrado em informtica na educao: Uma anlise reflexiva sobre a ironia do processo. Disponvel emhttp://zamorim.com/textos/tesedemestrado.html Acesso em 04 jul 2007. Consultar o site.

Z Moleza. Guia para a confeco de projetos de pesquisa. Disponvel em http://www.zemoleza.com.br/como_fazer_projeto.asp Acesso em 04 jul 2007. Consultar o site de Z Moleza para o esse guia e outras dicas para monografias. AVISO: Os sites, artigos e informaes disponveis on-line mudam constantemente. Os recursos recomendados acima podem ser retirados pelo autor ou programador. ESAB no se responsabiliza pelas mudanas ocorridas em sites recomendadas na data da reviso do Mdulo. Agradecemos a comunicao de qualquer alterao nas informaes registradas no Mdulo.46 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

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Objetivos: Reconhecer a importncia da justificativa e do embasamento terico do trabalho cientfico.

Justificando a Importncia da Pesquisa

Nenhum pesquisador acorda pela manh e diz Ah, vou pesquisar sobre tal problema!, assim, sem mais nem menos. A Pesquisa Cientfica gira em torno de uma dvida, em torno de questes que inquietam e que, por isso mesmo, importante ter respostas para elas. Assim, se um pesquisador procura respostas para determinado problema, esse problema surge em decorrncia de uma motivao, um interesse, um desejo pessoal. Pesquisa-se apenas aquilo que se considera importante. Para si, para a humanidade ou para a rea de conhecimento. Os pesquisadores que se dedicam a entender o fenmeno da evaso escolar, por exemplo, o fazem porque as respostas que pretendem encontrar podero auxiliar na definio de programas que contribuam para manter o aluno na escola. O ndice de desenvolvimento de um pas se mede tambm pela escolaridade de sua populao. Da, a importncia de se ter um maior nmero que esteja matriculado e frequentando a escola. Ao escrever o projeto de sua monografia, o pesquisador dever explicitar os motivos pessoais que o levaram a trabalhar com o problema de pesquisa que definiu para si. Em seguida, apresentar o problema de pesquisa, apontando a importncia da realizao de tal estudo. O que realmente constri uma justificativa so os argumentos que substanciam o esforo para compreender melhor os fenmenos e suas interaes. Neste sentido, estar contribuindo para a construo do saber e o avano do conhecimento.47 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

Fundamentao Terica e sua Organizao Uma vez definida a problemtica da pesquisa e os motivos que o levam a pesquis-la, o pesquisador levanta informaes a respeito de tal problema e como ele pode ser explicado. Procurando as explicaes j existentes e as tentativas de buscar um entendimento mais sistematizado sobre o problema, suas possveis causas e seus efeitos nas pessoas, nas instituies e na sociedade. Deve-se perguntar em que contexto o problema surgiu e como se encontra inserido, levantando o seu contexto, suas caractersticas sociais, culturais e ambientais. importante perguntar-se, ainda, quais as ideias, os conceitos, construtos, hipteses e teorias que contribuem para entender esse problema. Trata-se da fundamentao, quadro ou referencial terico de uma pesquisa! Na fundamentao terica, o pesquisador d informaes sobre o que j foi produzido sobre o fenmeno que ele pretende estudar. Quando se apresenta ideias e teorias, preciso deixar claro por que elas esto sendo citadas, no que contribuem e/ou de que forma se relacionam com o fenmeno que ser investigado. Dessa forma, preciso identificar materiais existentes como livros, documentos, artigos, monografias, dissertaes, teses. Portanto, a leitura e explorao de mltiplas fontes so hbitos que devem ser cultivados pelo pesquisador. Ao analisar o material consultado, o pesquisador pode, tambm, apresentar questes alternativas que podem ser estudadas dentro desse referencial. Richardson (1999) sugere uma sequncia para elaborar a fundamentao terica de uma pesquisa cientfica: Definir o fenmeno, apresentando algumas interpretaes dadas a ele e deixando clara a conceituao que se pretende adotar ao longo da pesquisa (isso necessrio, pois, nas Cincias Humanas, alguns fenmenos so interpretados de diversas maneiras, como por exemplo, a intimidade, a autonomia, a paixo); Caracterizar o fenmeno, explicitando os elementos que o compem e o que j foi dito48 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

sobre eles, apresentando, tambm, as relaes do fenmeno a ser estudado com outros fenmenos; Na concluso, o pesquisador torna a fazer referncias conceituao do fenmeno e a sua caracterizao e reapresenta os objetivos de sua pesquisa.

Examine os referenciais de estudos publicados em revistas eletrnicas no campo de estudo escolhido, bem como buscar teses e dissertaes defendidas na maioria das universidades brasileiras. A biblioteca dos programas de ps-graduao muitas vezes tem acervos disponveis de sua produo cientfica. Vrios cursos da ps-graduao oferecem revistas eletrnicas com artigos de professores e alunos. Artigos publicados em revistas cientficas tambm contm seus referenciais tericos destacados no incio do artigo, onde citam as obras mais recentes relacionadas temtica do trabalho. Explora a INTERNET!

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Objetivos: Apresentar os componentes do quadro terico de uma pesquisa.

Organizando um Quadro Terico Inicial

Ajuda bastante pensar em algumas definies bsicas. Se o quadro significa uma forma que limita algo externamente e teoria, um conjunto de princpios fundamentais que sustentam uma explicao de um dado fenmeno, o quadro terico de uma pesquisa iniciado pela identificao do que sabemos sobre o problema a ser estudado.8 necessrio confirmar se o problema j foi estudado, quando e por quem. Na fase de reviso do que foi escrito; se identifica os conhecimentos disponveis sobre o assunto a ser investigado. Tambm se identifica conceitos e teorias que ajudam a explicar o fenmeno. Assim, ao construir um quadro terico de um estudo cientfico, realizam-se trs tarefas simultaneamente: Sistematizam-se as representaes (conhecimentos) que temos acerca do problema, at ento dispersos; Organizam-se os fatos apresentados ou j verificados por outros estudos; Apresentam-se as teorias e os conceitos que ajudam a explicar os fatos (DOXSEY e MUGRABI, 2003, p. 37).

Em outras palavras, o quadro terico um mapa que guia o pesquisador durante toda a pesquisa. No incio do estudo, antes do levantamento bibliogrfico, um quadro simples. O8

Lembra que referencial terico e quadro terico so a mesma coisa!50 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

desafio do (a) pesquisador (a) melhorar e detalhar seu quadro ao longo do estudo, acrescentando novos fatos e informaes. Na concluso do trabalho, voltamos a discutir o problema, as informaes (dados) que coletamos a luz do quadro (mapa) que nos guiou. O quadro seguinte um desenho que simboliza a organizao terica inicial. o referencial para a pesquisa!

Quando o pesquisador escolhe um problema a estudar, certamente sabe algo sobre a situao ou contexto do problema. Esse o ponto de partida. Se o tema a ser explorado a evaso escolar brasileira: O que j sabe sobre evaso escolar? Na escola, na faculdade, no municpio, no Estado de residncia ou no Brasil? Que documentos ou livros existem sobre evaso? J leu algum trabalho, artigo cientfico, livros sobre a evaso? Onde pode procurar mais referncias? Que recursos humanos podem ser consultados sobre isso?51 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

A segur um esquema simples de um quadro terico sobre a evaso em uma escola especfica, localizada em uma estrada federal, a BR 101, no Esprito Santo. As informaes conhecidas esto no lado esquerdo. No lado direito, alguns possveis conceitos, definies, hipteses e teorias importantes para tentar explicar a evaso dessa escola esto listados. O quadro um referencial inicial do conhecimento atual existente sobre o problema. A pesquisa vai ser uma tentativa de documentar ou explicar melhor os fatos. Mesmo configurando informaes superficiais, o quadro permite a elaborao de um mapa mais detalhado. Que outros conceitos seriam importantes para esclarecer o problema? Quais as outras teorias ou hipteses que existem sobre evaso? bvio que h necessidade de trabalhar com conceitos claros e coletar dados sobre os fatos, contexto e histrico do fenmeno investigado. Em reas de conhecimento tcnico nem sempre h muito material disponvel. O pesquisador no deve se desanimar por isso. Nesse caso necessrio buscar subsdios em projetos, sistemas, em outras reas de conhecimento ou em tecnologias semelhantes. medida que as informaes e fontes diversas da produo cientifica vo sendo organizadas, j se est contribuindo para a construo do saber.

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Objetivos: Introduzir a importncia de elaborar resumos e fichamentos de material identificado, no levantamento bibliogrfico.

Elaborando Resumos e Fichamentos

A pesquisa ou levantamento bibliogrfico um importante estgio na elaborao do quadro inicial. Se o pesquisador utiliza teorias e conceitos para estudar fenmenos, a leitura um hbito que deve ser cultivado. Pela leitura, o pesquisador fica conhecendo o que outros pesquisadores e autores j disseram a respeito do fenmeno que pretende estudar. Para que possa otimizar o tempo, bom que, ao ler um livro, um documento ou qualquer outro material o pesquisador faa um levantando das informaes que podero ser teis. Alm de comentar resumidamente as ideias apresentadas, voc pode, por exemplo, destacar o que o prprio autor diz sobre a obra ao apresent-la. Pode, tambm, escrever, destacando trechos para serem usados em futuras citaes. preciso no se esquecer de anotar as referncias da obra, que devem constar do item referncias bibliogrficas, caso a obra venha a fazer parte do quadro terico da pesquisa ou ser citada no texto. Mais adiante sero abordados os tipos de material que o pesquisador pode consultar, bem como a maneira correta de apresentar as referncias das fontes consultadas.

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Quando se sentir sem vontade ou sem muita criatividade para escrever o seu trabalho, organizar as suas referncias, em formato de bibliografia. Mantenha esta lista bibliogrfica em ordem alfabtica e atualizada. Isso pode poupar muito tempo durante a elaborao de seu relatrio de pesquisa, monografia ou outro trabalho escrito. Converse com as pessoas sobre suas ideias e dvidas, sempre consultando a INTERNET com novas palavras chaves, conceitos e nomes de autores. Pesquisar e escrever tendem a ser tarefas solitrias, mas depois, descobre-se vrias recompensas!

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Objetivos: Conhecer os diversos processos de coleta de informaes e dados, diferenciando entre a pesquisa bibliogrfica e a coleta de dados em campo; Mostrar que a escolha de um mtodo especfico depende principalmente do objeto do estudo.Coleta de dados

Processos de Coleta de Informaes e Dados Pesquisar conhecer a realidade. levantar informaes significativas e representativas existentes nesta realidade, chamados de dados. s vezes, esses dados (atributos e caractersticas das pessoas e dos fenmenos que se elege para estudar) podem ser observados, contados, medidos diretamente. Nesse caso, so informaes tangveis. Outras vezes, muitos fenmenos que interessam ao educador e ao cientista no podem ser medidos ou observados diretamente. Nas Cincias Humanas preciso estimular respostas, questionar e observar, para produzir os dados. Esses dados, ento, sero examinados para que o pesquisador possa lhe atribuir significados. E a partir da anlise e interpretao das informaes coletadas que ele ir discernir padres de respostas, tendncias e associaes. necessrio, ento, utilizar ferramentas que permitam chegar a coletar, organizar e analisar os dados. Os instrumentos so os mecanismos pelos quais se organiza e sistematiza-se a coleta de informaes. Para ser considerado um mecanismo adequado e confivel, o formato do instrumento precisa facilitar o registro eficiente das informaes procuradas. Na coleta de dados tambm necessrio garantir a uniformidade de aplicao do instrumento de unidade de anlise para outra, ou seja, de uma pessoa, de um grupo, de uma situao, para outra (Ver RICHARDSON, Captulo 11 Confiabilidade e validade, p. 174.).9

Esse texto foi adaptado do Fascculo 01 Introduo pesquisa educacional, Captulo 3, da autoria de Doxsey

e Mugrabi, 2003.56 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

Isso significa que, o instrumento de coleta (questionrio, ficha de observao, roteiro de entrevista etc.) deve ser organizado de tal maneira que a forma de sua aplicao no altere a natureza dos dados registrados. J os itens e perguntas, so padronizados em termos de seu formato. importante construir instrumentos que coletem informaes que correspondam realidade pesquisada, ou seja, que os instrumentos sejam vlidos, que produzam informaes verdadeiras e vlidas para o objetivo do estudo. Para Richardson (1999), um instrumento vlido quando mede o que deseja.

Resumir o que j foi dito ou ir a campo? Ao preparar o projeto de pesquisa, um dos tpicos que devem ser includos a especificao dos procedimentos metodolgicos planejados para realizar o estudo. Dentre as informaes que devem constar deste item est a classificao da pesquisa quanto coleta de dados. A confuso mais frequente entre os pesquisadores iniciantes est relacionada justamente a isso. A grande maioria informa que vai realizar uma pesquisa do tipo bibliogrfica. Se este for o tipo de pesquisa a ser realizada, significa que o pesquisador vai produzir um ensaio terico; vai ler algumas obras e, a partir disso, fazer uma sntese do pensamento dos autores consultados. A pesquisa bibliogrfica utiliza, exclusivamente, a coleta de informaes, conceitos e dados em livros, revistas cientficas, publicaes eletrnicas e outros documentos escritos (publicados ou no). O que preciso ter claro o seguinte: no se deve confundir a construo do quadro terico ou referencial terico com a pesquisa do tipo bibliogrfica. Toda pesquisa tem algum tipo de referencial, que uma reviso sistemtica da literatura existente10. Todo pesquisador precisa10

Obras, textos, artigos, informao de sites da Internet, dissertaes, teses, monografias, relatrios tcnicos,

revistas cientificas, resenhas, cartas, documentos escritos etc., publicados ou no.57 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

consultar livros, mas essa consulta aos livros, apenas, no caracteriza a pesquisa como bibliogrfica. Mais uma vez: uma pesquisa bibliogrfica aquela em que os dados apresentados provm apenas de livros, revistas cientficas, publicaes eletrnicas e outros documentos escritos. No entanto, o pesquisador pode escolher outro caminho para coletar os dados: a pesquisa de campo. Nela, segundo a definio de Gil (2002), (...) o pesquisador realiza a maior parte do trabalho pessoalmente, pois enfatizada a importncia do pesquisador ter tido, ele mesmo, uma experincia direta com a situao de estudo (p. 53). Este outro caminho se trata de um estudo emprico, no qual o pesquisador sai a campo para conhecer determinada realidade, no interior da qual, usando os instrumentos e tcnicas j especificadas, coleta dados para sua pesquisa. A escolha de um mtodo especfico depende principalmente do objeto do estudo, mas o fator tempo e a necessidade para usar um ou vrios mtodos em conjunto influenciam a seleo. Pesquisadores iniciantes no precisam ter domnio ou conhecimento de todos os mtodos apresentados no quadro, mas importante saber da abrangncia de possibilidades disponveis. O quadro a seguir mostra a complexidade de mtodos de coleta de dados.

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Alguns tipos de estudo usam mais do que um mtodo ou tcnica de coleta de dados. O bom estudo de caso exige a utilizao de documentos, de observao e da coleta de informaes diretamente com os principais atores envolvidos no problema. No entanto, por exemplo: a observao participante. O pesquisador pode optar por um mtodo nico para explorar um problema menos pesquisado. Em resumo, h conexes lgicas e metodolgicas entre o tipo de pesquisa, os mtodos e procedimentos selecionados e os prprios objetivos. Em geral, para quem est iniciando, saber que o elenco de mtodos grande, raramente tranquiliza ou resolve o problema da escolha. Para alguns autores o mtodo utilizado define o tipo de pesquisa. Richardson, por exemplo, sugere uma tipologia bastante simples (p. 326): Pesquisas histricas; Pesquisas exploratrias; Pesquisas descritivas; Pesquisas explicativas: o Enquetes, survey (levantamentos de opinio); o Experimentos; o Quase experimentos; o Estudos de caso Pesquisa-ao.

Como se pode ver, o tipo de pesquisa, ento, apenas um rtulo que se usa para diferenciar entre mtodos e as tcnicas principais. No quadro a seguir, so enumerados alguns tipos de pesquisa com suas respectivas caractersticas e principais formas de coleta de dados.

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Quadro 05. Especificao de tipo de pesquisa, mtodos e principais formas de coleta de dados. TIPOS DE PESQUISA COLETA MTODOS Histrico OBJETIVOS Reconstruir, sistematizar acontecimentos DADOS para Anlise documental DE

explicar fatos e tendncias atuais.

Exploratrio

Conhecer melhor as caractersticas e padres Observao existentes em um fenmeno, para postular associaes e explicar as condies, causas e Informao consequncias. atores

dos

Descritivo

Descrever de forma holstica, detalhada e sistemtica Observao os elementos, atributos, contexto, condies, Informao tendncias de um fenmeno ou rea de interesse. atores

dos

Mtodos Explicativos Levantamento e registro de comportamento verbal Enquetes para investigar entre relaes de causa/efeito geralmente e em Informao atores dos

associaes

fenmenos,

amostras de sujeitos selecionados do universo maior da populao. Experimentos Investigao das possveis relaes de causa/efeito, Observao submetendo grupo experimental a tratamento, Informao atores dos

interveno, e comparando com outro(s) grupo(s) que no sofreram a interveno (grupo de controle). Quase Investigao de relaes de causa/efeito com grupo sob interveno, sem grupo de controle, ou

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experimentos

comparando fatores; no mesmo grupo antes e aps Observao tratamento ou experincia; ou em grupos semelhantes. Informao atores dos

Estudos de caso

Explorao intensiva que investiga fenmeno atual Anlise (individual ou coletivo) detalhadamente e documental Observao Informao atores dos

holisticamente dentro de seu contexto de realidade.

Pesquisa-ao

Estudo participativo dos sujeitos da pesquisa em Anlise todas as etapas, com engajamento pleno do documental pesquisador em clarificar mtodos e uso prtico dos resultados. Observao Informao atores Quadro adaptado de Richardson (1999, p. 326-327). dos

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Objetivos: Clarificar as opes de produo cientfica entre a pesquisa bibliogrfica e investigao de campo.

Fazendo a sua Escolha Diante dessas opes, preciso decidir por um caminho: se a Monografia ser exclusivamente uma anlise de pensamentos e ideias j

apresentadas (tipo de pesquisa bibliogrfica) ou se no campo que ser investigada a resposta para o problema de pesquisa. Nessa escolha, importante ressaltar que a Monografia, para a maior parte dos alunos da ps-graduao, a primeira oportunidade de fazer cincia. Os nveis escolares pelos quais passaram at ento quase sempre exigiam que seus estudos se baseassem em ideias, pensamentos e teorias defendidos por outras pessoas. Era sempre assim: algum disse isso, fulano defendeu aquilo e beltrano argumentou aquilo outro... Quantas vezes ele mesmo pde defender suas ideias, na sala de aula? Preparar a Monografia, utilizando a pesquisa de campo, d essa possibilidade! E mais: a oportunidade para usar as suas ideias, na construo de um discurso cientfico! Mesmo assim, talvez o tema requeira apenas um levantamento bibliogrfico. H problemas de pesquisa com bastante informao disponvel. Um aluno de ps-graduao pode optar por concentrar-se na organizao de material j disponvel. A pesquisa bibliogrfica que produz uma boa sntese crtica de informaes disponveis um timo projeto de psgraduao.

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Objetivos: Reconhecer a necessidade para a delimitao do estudo e a seleo adequada da unidade de anlise, para a coleta de dados

Delimitando a Pesquisa

Uma tarefa difcil para todo pesquisador estabelecer algumas limitaes s suas expectativas de cobrir todos os aspectos relevantes de um problema. No processo de delimitao de um estudo, o pesquisador necessariamente reduz a extenso da investigao para focalizar melhor o seu problema. Isso no quer dizer que perde o contexto de seu problema ou deixa de analisar algo importante. Mas, consideraes, muitas vezes pragmticas, podem forar uma especificao mais precisa do trabalho a ser realizado. Nesse sentido, um bom pesquisador logo aprende a escolher um caminho mais especifico; mais delimitado e focalizado.

A Unidade de Anlise e os Sujeitos da Pesquisa Um detalhe muitas vezes omitido, sobre Metodologia de Pesquisa, a lembrana sobre a delimitao do foco do estudo. Foco uma questo de escolha e especificao de limites. essencial determinar qual ser a principal fonte das informaes a serem coletadas. A unidade de anlise pode ser uma pessoa, um grupo, uma empresa, uma sala de aula, um municpio. Pode ser configurado em outro mbito, num mbito mais macro: um setor econmico, uma diviso de uma instituio ou uma escola. Independente do mbito da anlise necessrio saber quais os sujeitos da pesquisa. A escolha de quem vai ser estudado mantm uma relao estreita com dois aspectos64 Copyright 2009, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

principais: 1) at que ponto se quer generalizar ou concluir algo, para um pequeno grupo ou para uma populao maior; 2) quantos casos, indivduos, unidades de observao precisam ser estudados para que os resultados sejam considerados cientficos (DOXSEY E MUGRABI, 2005).

As tcnicas de amostragem permitem reduzir o nmero de sujeitos numa pesquisa, sem risco de invalidar resultados ou de impossibilitar a generalizao para a populao como um todo. Nos trabalhos quantitativos, a generalizao est determinada pela amostragem aleatria e pela estatstica inferencial, mas essas tcnicas no so relevantes para a pesquisa qualitativa (RICHARDSON, 1999, p. 101). A seguir um resumo da discusso sobre amostragem. Algumas definies de populao e amostra Lavado e Castro (2004) Na elaborao de um projeto de pesquisa, deve-se ter clara a definio dos termos "populao" e "amostra". A populao diz respeito a um conjunto de elementos onde, cada um deles, apresenta uma ou mais caractersticas em comum. Quando se extrai um conjunto de observaes da populao,