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1 Acadêmico (a) Dandhara Delatorre de Engenharia Civil, da Universidade Paranaense, Campus
Toledo. E-mail:[email protected] 2
Prof.(a) Orientador(a) Mestre em Pavimentação, do curso de Engenharia Civil, da Universidade Paranaense, Campus Toledo. E-mail: [email protected]
1
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
UNIVERSIDADE PARANAENSE, CAMPUS DE TOLEDO/PR
TRABALHO FINAL DE CURSO - TFC
ESTUDO DE CASO: AVALIAÇÃO DE SERVENTIA ATUAL DO PAVIMENTO
URBANO DA AVENIDA BANDEIRANTES DE FORMOSA DO OESTE – PR
Dandhara Delatorre¹ Victor Antonio Cancian²
RESUMO
Com a falta do tratamento adequado e do uso irregular dos pavimentos, os mesmos podem vir
a apresentar problemas em sua estrutura, principalmente em municípios de pequeno porte que
não conseguem aplicar grande investimento em infraestrutura, o que acarreta prejuízos
financeiros consideráveis para o município. O presente trabalho teve por objetivo fazer uma
avaliação subjetiva do pavimento, bem como identificar e listar os principais defeitos
encontrados em sua superfície. A pesquisa foi realizada na cidade de Formosa do Oeste - PR,
na Avenida Bandeirantes, em uma extensão de 600 metros, sendo subdividido em trechos de
100 metros cada, analisando cada defeito encontrado e descrevendo as principais características. O trabalho foi realizado por 06 avaliadores que após visita em campo,
avaliaram o pavimento em uma escala de 0 a 5 em relação ao seu estado. Os resultados
encontrados apontaram que 03 trechos foram classificados como péssimo e 03 trechos como
regular. Com a ajuda dos avaliadores, e levando em consideração o estudo teórico, conclui-se
que o pavimento necessita de intervenção para ser utilizado com conforto e segurança,
reabilitando-o para uma maior vida útil, e consequentemente, proporcionando economia ao
município em longo prazo.
Palavras-chave: Defeitos. Pavimentação Urbana. Degradação do Pavimento. Pavimento
Flexível.
ABSTRACT
With the lack of adequate treatment and the irregular use of pavements, they may present
problems in their structure, especially in small municipalities that can not apply large
investment in infrastructure, which causes considerable financial losses for the municipality.
The present work had the objective of making a subjective evaluation of the pavement, as
well as to identify and list the main defects found on its surface. The research was carried out
in the town of Formosa do Oeste - PR, at Bandeirantes Avenue, in an extension of 600 meters,
being subdivided into stretches of 100 meters each, analyzing each defect found and
describing main characteristics. The work was carried out by 06 evaluators who, after field
visit, evaluated the pavement on a scale of 0 to 5 in relation to their state. The results found
that 03 excerpts were classified as lousy and 03 excerpts as regular. With the help of the
evaluators, and taking into consideration the theoretical study, it is concluded that the
pavement needs intervention to be used with comfort and safety, rehabilitating it for a longer
useful life, and consequently, providing long-term savings to the municipality.
Keywords: Defects. Urban Pavement. Degradation of the Pavement. Flexible Pavement.
2
1 INTRODUÇÃO
As ruas, avenidas e rodovias têm importante papel no desenvolvimento da economia
brasileira, pois são por elas que trafegam a maior parte dos materiais produzidos no Brasil,
sendo considerado o principal meio de deslocamento.
De acordo com as estatísticas apresentadas pela Confederação Nacional de
Transportes (CNT, 2018) a malha rodoviária é constituída por 1.735.411 Km de extensão,
sendo que 12,31% são pavimentadas, 78,63% não pavimentadas e 9,06% são redes
planejadas. Comparado à grande extensão do país, o número de rodovias pavimentadas é
baixo.
Tendo a responsabilidade de garantir a infraestrutura das ruas e avenidas dentro de um
município, a Prefeitura Municipal deve construir, conservar e restaurar ruas e avenidas
necessárias no município, garantindo assim a qualidade e segurança no fluxo de transporte.
Segundo Ribeiro (2017) a capacidade de um pavimento em permitir a circulação de
veículos, adequada e com segurança durante sua vida útil, tem sido desejada em todos os
lugares onde são planejados e projetados. Deteriorações são inevitáveis, principalmente
ocasionadas pela falta de projetos tecnicamente adequados e pavimentação mal executada, do
uso de materiais inadequados e da falta de sistema de drenagem, que é fundamental, levando
em consideração as intempéries existentes. As ruas, em algum momento no decorrer de sua
vida útil, apresentam problemas em sua estrutura, o que compromete sua funcionalidade.
Desse modo, o pavimento vai diminuindo seu grau de serventia, vindo a necessitar de
restaurações para se evitar ruínas precoces.
De acordo com Jiménez e Sánchez (2006), a ruína do pavimento de uma rua dar-se-á
no momento em que a qualidade e a eficiência se reduzem, quando a circulação dos veículos
deixa de ser executada em condições de segurança e conforto, passando a apresentar riscos de
acidentes no local. O revestimento do pavimento não deve apresentar irregularidades que
ocasionem vibrações nos veículos e incômodos aos seus usuários.
O sistema viário urbano em geral, não vem sendo analisado com a importância
merecida. Esta é uma abordagem para se analisar, na medida do possível, que um número
elevado de usuários são penalizados diariamente na utilização de vias urbanas mal
conservadas. Isto é observado não só no local em estudo, mas em diversos pontos do país que
apresentam pavimentos em elevado estado de deterioração após muitos anos sem nenhuma
conservação ou restauração.
3
O presente estudo tem por objetivo demonstrar o estado em que se encontra o
pavimento da via urbana em determinado ponto, descrevendo conceitos de defeitos e
características de problemas identificados no objeto da pesquisa, bem como fazer uma
avaliação de serventia atual do pavimento.
O trabalho descreveu a condição superficial do pavimento em estudo, foi avaliado o
estado de deterioração do revestimento asfáltico urbano, apresentando propostas que podem
servir de auxílio para a conservação do mesmo, bem como sugestões para possíveis
reconstituições em sua última camada.
As vias públicas urbanas administradas pela Prefeitura Municipal apresentam
anomalias frequentes, o que prejudica uma grande parte da população, ocasionando riscos de
segurança, prejuízo financeiro, perda de produtividade, entre outros problemas.
Não se tem registro da realização de um levantamento da situação que se encontra a
qualidade dos pavimentos flexíveis da cidade de Formosa do Oeste - PR, o que por fim,
acarreta prejuízos quanto a aplicação do dinheiro público gasto em sua conservação e
restauração quando realizada a manutenção dos pavimentos.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Conceito de pavimento
O pavimento é uma estrutura composta de diversas camadas finitas sobre a
terraplanagem, designada a resistir e distribuir os esforços do tráfego de veículos em sua
estrutura (BERNUCCI et al, 2008). Os pavimentos são classificados de acordo com sua
estrutura segundo Pinto e Preussler (2002):
Pavimentos rígidos: constituído principalmente por placas de concreto de cimento
Portland (CCP), tem como principal característica elevada rigidez a flexão em sua
primeira camada comparando com as camadas inferiores, deixando o pavimento pouco
deformável.
Pavimentos semirrígidos: São compostos por uma camada de revestimento flexível
colocado sobre uma base de placa cimentada, como solo-cimento, solo-cal e brita
graduada tratada com cimento.
Pavimento flexível: O pavimento flexível é composto por um revestimento asfáltico
sobre a camada de base granular, todas suas camadas são formadas por materiais
deformáveis.
4
2.2 Pavimentos flexíveis
De acordo com Pinto e Preussler (2002), o pavimento flexível é aquele em que em
todas as camadas são constituídas por materiais deformáveis, onde elas passam por uma
deformação elástica considerável sob o carregamento aplicado, de modo que a carga se
distribui equivalentemente iguais entre as camadas.
Os defeitos do sistema viário podem surgir precocemente devido a erros de projeto,
execução, no uso de materiais duvidosos, entre outros, ou ainda com o passar do tempo por
desgaste da via e uso sem a conservação da mesma. Quando os defeitos do pavimento flexível
se revelam, estes podem ser divididos em dois conjuntos, são eles defeitos funcionais e
defeitos estruturais.
Entender a causa dos defeitos se torna muito importante, pois assim, consegue se usar
as técnicas de manutenção adequadas.
Ao se analisar o sistema viário, é necessário que se obtenha informações e parâmetros
que permitam diagnosticar os defeitos de forma a se identificar as necessidades de
manutenção apropriadas para o local (BONIFÁCIO, 2017).
Segundo Pinto e Preussler (2002), as espessuras de cada camada do pavimento
dependem de diversos fatores como estudos geotécnicos, estudo do tráfego, materiais a serem
utilizados, entre outros.
Sua última camada é chamada de revestimento ou capa de rolamento, que usualmente
em vias urbanas são flexíveis, sua característica principal observada é a elevada deformação
elástica, sua função é melhorar a resistência à derrapagem, aumentar a segurança ao
rolamento e suportar os esforços causados pelo intemperismo (SILVA, 2008).
A Figura 1 apresenta uma seção típica de pavimento flexível, com largura de 14 metros,
especificando suas camadas.
5
Figura 1: Esquema das camadas de um pavimento flexível.
Fonte: Faleiros, 2005, p. 4.
2.2.1 Defeitos Funcionais
De acordo com o Departamento Nacional de Estradas e Rodagem (DNER, 1998), o
desempenho funcional designa-se à capacidade do pavimento de atender sua função principal,
onde ele se deve proporcionar uma superfície com utilidade apropriada em termos de
qualidade de rolamento.
O defeito funcional é aquele que afeta as boas condições de rolamento do sistema
viário, comprometendo o conforto do usuário e a segurança quanto à derrapagem (SOUZA,
2004).
2.2.2 Defeitos estruturais
O desempenho estrutural do pavimento flexível refere-se à capacidade do pavimento
de resistir a sua integridade estrutural, sem apresentar irregularidades significativas. Os
defeitos estão associados com a ação do tráfego e as condições climáticas, os principais tipos
de problemas são: trincamentos, deformações e desagregações (DNER, 1998).
De acordo com Domingues (1993), deve-se ressaltar que os pavimentos com defeitos
estruturais exibirão também, defeitos funcionais, entretanto, os pavimentos funcionalmente
defeituosos podem estar estruturalmente em perfeito estado.
6
2.3 Defeitos em pavimentos flexíveis
2.3.1 Defeitos de superfície
Os defeitos de superfície têm por objetivo qualificar o estado de conservação dos
pavimentos asfálticos e fundamentar o diagnóstico da situação funcional para se fazer a
definição correta de uma solução tecnicamente adequada (PINTO E PREUSSLER, 2002).
Segundo Bernucci et al. (2008) são avarias ou deteriorações no plano superficial dos
pavimentos asfálticos que podem ser identificados a olho nu e classificados segundo a
terminologia dos defeitos catalogados pela norma brasileira DNIT 005 /2003 – TER, são elas:
fendas (F); corrugação e ondulações transversais (O); afundamentos (A); exsudação (EX);
panela ou buraco (P); desgaste ou desagregação (D); e remendos (R).
Fenda: é definida como qualquer irregularidade na superfície do pavimento, que leve a
aberturas pequenas ou grandes, as fendas correspondem a um dos defeitos mais
significativos do pavimento asfáltico, apresentando-se sob diversas formas.
I. Fissura: Fenda de largura capilar presente no revestimento, posicionada longitudinal,
transversal ou obliquamente ao eixo da via, vista somente a 1,50 metros de distância ou
menos.
II. Trinca: Fenda observada facilmente no revestimento, de uma distância maior que 1,50
metros, com abertura superior à da fissura, podendo apresentar-se sob a forma de trinca
isolada ou trinca interligada.
a. Na trinca isolada, temos:
Trinca transversal: Trinca isolada que apresenta direção predominantemente ortogonal
ao eixo da via. Com até 1 metro, é considerada trinca curta, com mais de 1 metro, é
considerada trinca longa. (exemplo no anexo O).
Trinca longitudinal: Trinca isolada que apresenta direção paralela ao eixo da via. Com
até 1 metro é considerada trinca longitudinal curta, com mais de 1 metro, trinca
longitudinal longa (exemplo no anexo A).
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Trinca de retração: Trinca isolada não ligada aos fenômenos de fadiga, mas aos
fenômenos de retração térmica ou do material do revestimento ou do material de base
rígida ou semirrígida subjacentes ao revestimento trincado (exemplo no anexo D).
b. Na trinca interligada, temos:
Trinca tipo “Couro de Jacaré”: Conjunto de trincas interligadas sem direções precisas,
lembrando o desenho de couro de jacaré. Podem ou não apresentar erosão nas bordas
(exemplo no anexo C).
Trinca tipo “Bloco”: Conjunto de trincas interligadas e com direções e lados precisos,
podem ou não apresentar erosão nas bordas (exemplo no anexo B).
Afundamento: É a deformação permanente caracterizada por afundamento do
revestimento do pavimento, com presença ou não de levantamento da capa de rolamento,
apresentando-se sobre a forma de afundamento plástico ou de consolidação.
I. Afundamento plástico: Deformação causada pelo movimento de uma ou mais
camadas do pavimento ou do subleito, acompanhado de solevamento (compensação
volumétrica lateral). Com até 6 metros de comprimento é considerado afundamento
plástico local; acima de 6 metros de comprimento e estiver localizado ao longo da trilha de
roda é considerado afundamento plástico da trilha de roda (exemplo no anexo P).
II. Afundamento de consolidação: É causado pelo estabelecimento diferente de uma ou
mais camadas do pavimento ou subleito sem estar acompanhado de solevamento
(compensação volumétrica lateral). Com até 6 metros de comprimento é considerado
afundamento de consolidação local; quando maior de 6 metros de comprimento é
considerado afundamento de consolidação da trilha de roda (exemplo no anexo N).
Ondulação ou Corrugação: deformidade apresentada em forma de ondulações ou
corrugações transversais na capa de rolamento (exemplo no anexo G).
Escorregamento: deslizamento do revestimento em relação à sua camada inferior do
pavimento, onde observa-se o surgimento de fendas em forma de meia-lua (exemplo no anexo
H).
8
Exsudação: Excesso de ligante betuminoso em cima do pavimento, em consequência
da migração do ligante através do revestimento (exemplo no anexo I).
Desgaste: Desligamento progressivo do agregado do pavimento, caracterizado por
aspereza superficial do revestimento e provocado pelo excesso de tráfego, principalmente
veículos pesados e pela falta de conservação da via (exemplo no anexo M).
Panela ou buraco: Orifício que se forma na capa de rolamento, podendo se estender a
outras camadas inferiores, provocando a separação dessas camadas (exemplo no anexo J).
Remendo: Cavidade preenchida com uma ou mais camadas de pavimento no
procedimento chamado de “tapa-buraco”.
I. Remendo profundo: Quando acontece a substituição da capa de rolamento juntamente
com uma ou mais camadas inferiores. Geralmente apresenta formas retangulares (exemplo
no anexo L).
II. Remendo superficial: Quando o conserto é realizado em uma determinada área
localizada na superfície da capa de rolamento, onde se é aplicado uma camada betuminosa
(exemplo no anexo K).
2.4 Avaliação Funcional do Pavimento
De acordo com Bernucci et al. (2008) a avaliação funcional de um pavimento refere-se
à análise da superfície de um pavimento, bem como esta condição influencia no conforto ao
rolamento. O principal método definido para a avaliação funcional foi o da serventia de um
determinado trecho de pavimento, concebida por Carey e Irick em 1960 para as pistas
experimentais da AASHO (American Association of State Highway Officials, atualmente
denominada AASHTO, American Association of State Highway and Transportation
Officials).
O Valor de Serventia Atual é uma função numérica compreendida em uma escala de 0
a 5, dada pela média de notas de avaliadores para o conforto ao rolamento de um veículo
trafegando em um determinado trecho, em um dado momento da vida do pavimento. Esta
escala compreende cinco níveis de serventia, conforme consta no Quadro 01 de acordo com a
norma DNIT 009/2003-PRO (DNIT, 2003).
9
Quadro 01: Avaliação de serventia do pavimento.
Padrão de conforto ao rolamento Avaliação (Faixas de Notas)
Excelente 4 a 5
Bom 3 a 4
Regular 2 a 3
Ruim 1 a 2
Péssimo 0 a 1
Fonte: Norma DNIT 009/2003-PRO.
3 METODOLOGIA
Foi realizada uma coleta de dados patológicos em campo para um estudo de caso
situado na cidade de Formosa do Oeste – PR, no centro da cidade, como ilustra a Figura 02,
com a intenção de identificar, quantificar e qualificar o local escolhido para a avaliação.
A Figura 02 apresenta a localização da via em estudo, em seguida a Figura 03
apresenta a localização de cada trecho em estudo.
Figura 02: Localização da via de estudo.
Fonte: Google Maps (2018).
10
Figura 03: Localização de cada trecho a ser avaliado.
Fonte: Google Maps (2018).
Durante o estudo realizado, foram realizadas visitas ao local escolhido para a coleta de
dados, onde identificou-se os defeitos analisados visualmente e foram feitos registros
fotográficos do local em estudo. Seguidamente, através de pesquisas bibliográficas e baseadas
em normas técnicas, foi realizada a avaliação de serventia do pavimento, onde com a ajuda de
um grupo de 6 avaliadores (usuários), percorreram o local de estudo, atribuindo notas em uma
escala de 0 a 5 para cada trecho. Com a média das notas obtidas, concluíram-se os estudos de
definições e conceitos relativos às patologias encontradas nos trechos dos pavimentos
analisados.
A extensão analisada é parte da Avenida Bandeirantes, totalizando 600 metros de
extensão conforme a Figura 02, dando início na esquina com a Rua Fernando de Noronha, e
com o término no encontro com a Rua Maranhão, na cidade de Formosa do Oeste, Paraná.
No total foram avaliados 06 seções da via, sendo 100 metros cada. A rua possui
tráfego médio de veículos e desvia a rota de caminhões do centro da cidade, dando passagem
até a rodovia.
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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os pavimentos flexíveis são planejados e executados para ter uma vida útil limitada,
necessitando de manutenção preventiva periódica das vias e restauração dos mesmos, quando
necessário. Com a falta do tratamento adequado e do uso irregular, os pavimentos asfálticos
podem vir a apresentar problemas em sua estrutura, o que compromete sua durabilidade e a
segurança de quem o utiliza.
Ao analisar a superfície do pavimento, no trecho 01, conforme a Figura 04, pode-se
observar os defeitos de trincas interligadas entre si, tipo couro de jacaré em toda a extensão,
com erosão do revestimento betuminoso, mostrando assim que o pavimento se encontra em
um estado bem degradado, com danificação na estrutura da camada de revestimento, já
comprometida pela ação do tempo, tráfego, temperatura, entre outros.
Já no trecho 02, observa-se deformidades moderadas que podem ser identificadas
como escorregamento do revestimento, provocando um conjunto de fendas em forma de meia
lua. Estes defeitos ocorrem devido ao deslocamento do revestimento em relação a sua camada
inferior.
A Figura 04 a seguir apresenta os defeitos no pavimento encontrados no trecho 01 e
trecho 02.
Figura 04: Defeitos encontrados no pavimento, (A) trecho 01, (b) trecho 02.
(a) trecho 01. (b) trecho 02.
Fonte: o Autor (2018).
12
Ao analisar o trecho 03 apresentado na Figura 05, identificou-se defeitos agravados no
pavimento com danificação na estrutura da camada de revestimento já comprometido
possivelmente provocado pela ação do tempo, tráfego com excesso de carga acima do limite
projetado, o que somado à falta de manutenção periódica, prejudica o tráfego e a segurança de
quem trafega na via.
Estes defeitos podem ser descritos como panela profunda, atingindo outras camadas
do pavimento, provocando grandes aberturas localizadas na extremidade do revestimento por
consequência do afundamento por consolidação local, um conjunto de trincas longitudinais
curtas causadas pela desagregação dos bordos, dando início a evolução do conjunto das
trincas.
Dentre as causas prováveis, estão as associadas com a ação do tráfego e intempéries,
ocorrendo a remoção da capa de rolamento e até mesmo, em alguns lugares, parte da base.
A figura 05 a seguir, apresenta os defeitos encontrados no pavimento analisado no
trecho 03.
Figura 05: Defeitos encontrados no pavimento.
Fonte: o autor (2018).
Neste outro trecho do pavimento (trecho 04), observado na Figura 06, verificou-se
defeitos localizados em suas extremidades, tais quais já estão em um estado crítico, podendo
ser classificados como trincas interligadas entre si, sem direção precisa, sendo denominadas
trincas tipo couro de jacaré com desagregação da capa de rolamento, causando buracos em
sua superfície.
13
As trincas estão associadas com as cargas de tráfego contínuas, concentrando-se nas
trilhas de roda, bem como também em diversos outros fatores que provocam o aparecimento
destas.
Em sua borda identifica-se a falta de revestimento com deformação causada pelo
movimento das camadas do pavimento, classificado como afundamento por consolidação
local, notando uma fina camada inferior especificada como base tipo macadame hidráulico.
Essa falta de revestimento ocorreu principalmente devido a falta de canaletas e galerias para a
drenagem da água da chuva, entre outras intempéries.
A figura 06 apresenta os defeitos encontrados no pavimento analisado no trecho 04.
Figura 06: Defeitos encontrados no pavimento.
Fonte: o Autor (2018).
Ao observar o trecho 05 apresentado na Figura 07, identifica-se variados tipos de
defeitos na superfície do pavimento. Desagregação superficial generalizada do revestimento, a
qual pode-se classificar como desgaste do pavimento causado principalmente pela falta de
qualidade dos materiais; remendo superficial com correção do revestimento mal executado
formando um desnível na superfície do revestimento e assim, causando incômodo para quem
trafega na via; início de trincas interligadas entre si sem direção precisa, sendo denominadas
trincas tipo couro de jacaré.
A Figura 07 apresenta os defeitos encontrados no trecho 05 da avenida.
14
Figura 07: Defeitos encontrados no pavimento.
Fonte: o Autor (2018).
Ao analisar a superfície do pavimento no trecho 06, observou-se a presença de
desgaste no revestimento com início de panela em sua estrutura, deixando visível a camada
inferior do revestimento, possivelmente provocado pelo excesso de tráfego, principalmente
por veículos pesados. Observa-se também um remendo superficial mal executado, o que causa
desnível na superfície da capa de rolamento, provocando desconforto para quem trafega no
local em que se encontra.
A Figura 08 demonstra os defeitos encontrados no trecho 06 da avenida.
Figura 08: Defeitos encontrados no pavimento.
Fonte: o Autor (2018).
15
Entre os dias 06 e 11 de agosto de 2018, foi realizada a avaliação subjetiva de
serventia do pavimento de acordo com a norma DNIT 009/2003-PRO, onde um grupo de
avaliadores (usuários) visitaram o local de estudo, realizando uma avaliação no pavimento em
uma escala de 0 a 5 com objetivo de qualificar o pavimento em questão, em uma extensão de
600 metros, sendo subdivido em trechos de 100 metros, verificando assim o seu estado de
vida útil.
O Quadro 02 demonstra o resultado dessa avaliação de serventia do pavimento
analisado.
Quadro 02: Resultado avaliação de serventia do pavimento.
Avaliador
Nº 01
Avaliador
Nº 02
Avaliador
Nº 03
Avaliador
Nº 04
Avaliador
Nº 05
Avaliador
Nº 06
Média
Final
Trecho 01 0,5 1,0 0,6 0,7 0,5 0,8 0,68
Trecho 02 0,8 0,5 0,7 1,0 0,5 1,0 0,75
Trecho 03 1,2 0,5 1,3 0,5 1,0 0,5 0,83
Trecho 04 2,0 2,0 1,8 2,2 2,5 2,5 2,16
Trecho 05 3,2 2,5 3,3 3,0 3,0 2,0 2,83
Trecho 06 2,7 3,0 2,5 2,5 3,0 3,0 2,78
Fonte: o Autor (2018).
O pavimento analisado se encontra em estado de deterioração agravado, necessitando
urgentemente de intervenção, o que explica o porquê das notas obtidas nos trechos não serem
satisfatórias.
O gráfico a seguir apresenta com maior clareza o resultado da avaliação efetuada,
classificando cada trecho conforme o seu estado encontrado.
16
Gráfico 01: classificação da qualidade do pavimento.
Fonte: o Autor (2018).
Devido a grande quantidade de defeitos encontrados no pavimento analisado, os
valores dos resultados não foram satisfatórios, apresentando 50% dos trechos com resultados
classificados como péssimo e 50% dos trechos classificados como regular. O pavimento
avaliado necessita de uma intervenção urgente, devendo ser priorizada a manutenção no local
pelo fato do pavimento estar com degradação avançada em alguns trechos, o que dará maior
conforto e segurança para quem trafega na via.
Caso haja uma manutenção na via, deve-se priorizar as seções dos trechos 01, 02 e 03,
pois são onde o pavimento se encontra com defeitos mais agravados, sendo necessários
cuidados e reparos específicos para a região.
5 CONCLUSÃO
A execução do estudo em campo da proposta realizada mostrou a existência de uma
grande variedade de defeitos no trecho do pavimento analisado, alguns com estado agravado.
Na apreciação dos defeitos, levou-se em consideração a avaliação subjetiva, e por esta,
pode-se definir os melhores métodos de correções a serem utilizados para correção dos
defeitos, o que ao final, contribuiu para conhecimento, eficiência e desenvolvimento dos
sistemas de manutenção e restauração do pavimento da via urbana, podendo assim aumentar
sua vida útil e diminuir custos.
O pavimento analisado apresentou desagregação do revestimento, classificando como
desgaste em boa parte de sua extensão, causado pela falta de materiais de qualidade e
remendos mal executados, deixando a superfície do pavimento com desnível, trincas isoladas
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
5,00
Trecho 01 Trecho 02 Trecho 03 Trecho 04 Trecho 05 Trecho 06
Péssimo
Ruim
Regular
Bom
Excelente
17
transversais e trincas interligadas tipo couro de jacaré, sendo este o defeito mais presente em
todo o pavimento.
Em outros pontos analisados, observou-se afundamento de consolidação local seguido
de escorregamento do revestimento. Identificou-se também na superfície do revestimento,
diversas panelas que se entendem em outras camadas inferiores.
Os defeitos encontrados e apresentados na discussão acima, demonstram que as causas
existentes tendem a ser principalmente ao que se refere à ação do tráfego na via, agravado
pelas intempéries existentes.
A quantidade excessiva de defeitos encontrados no pavimento avaliado, provoca uma
grande preocupação para o usuário da via, haja visto que o excesso de defeitos coloca em
risco a sua segurança, e aumenta o desgastes dos veículos, causando grandes prejuízos para
quem necessita utilizá-la .
Além da preocupação com relação à segurança do usuário, o agravamento dos defeitos
causam prejuízos enormes quando não identificados e reparados em seu estado inicial, o que
deixa tanto o município, quanto a população com grandes perdas financeiras.
O estudo teve o objetivo de qualificar o estado do pavimento no município de Formosa
do Oeste, com um trecho de 600 metros divididos em 6 segmentos de 100 metros, onde
apresentou trechos com um valor de serventia menor do que 3, o que implica na necessidade
de intervenção.
Das seções analisadas, 3 foram classificadas como péssimas e 3 como regular. Sendo
assim, conclui-se que de acordo com esta avaliação, o pavimento necessita de intervenção do
município para fazer a restauração da via, melhorando assim a segurança de quem trafega pelo
local, e consequentemente, proporcionando economia ao município em longo prazo.
Muitos municípios não contam com profissionais para se fazer a avaliação de
serventia do pavimento, o que prejudica a vida útil deste. Por se tratar de uma avaliação
simples, deveria ser realizada constantemente nos pavimentos da cidade.
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REFERÊNCIAS
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BONIFÁCIO, D. R. Estudo de caso quanto às patologias em pavimento urbano. XIV
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SOUZA, M. J. Patologias em pavimentos flexíveis. São Paulo, 2004.
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ANEXOS
20
Anexo A: Trincas longitudinais longas.
Fonte: Bernucci et al, 2008, p. 417.
Anexo B: Trinca de bloco sem erosão.
Fonte: Bernucci et al, 2008, p. 418.
Anexo C: Trinca tipo couro de jacaré.
Fonte: Bernucci et al, 2008, p. 418.
Anexo D: Trinca de retração.
Fonte: Bernucci et al, 2008, p. 417.
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Anexo G: ondulação ou corrugaçao.
Fonte: Bernucci et al, 2008, p. 420.
Anexo H: Escorregamento do revestimento.
Fonte: Bernucci et al, 2008, p. 420.
Anexo I : Exsudação.
Fonte: Bernucci et al, 2008, p. 420.
Anexo J: Panela atingindo a Base.
Fonte: Bernucci et al, 2008, p. 422.
Anexo K: Remendo superfucial.
Fonte: Bernucci et al, 2008, p. 422.
Anexo L: remendo profundo.
Fonte: Bernucci et al, 2008, p. 422.
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Anexo M: Desgaste.
Fonte: Bernucci et al, 2008, p. 421.
Anexo O: Trinca isolada transversal.
Anexo N: Afundamento por consolidação.
Fonte: Bernucci et al, 2008, p. 419.
Anexo P: Afundamento plástico.
Fonte: Norma DNIT 005/2003 – TER (2003) Fonte: Bernucci et al, 2008, p. 419.