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Revista de informação ANO X — Nº 89 OMNI EDITORA www.revistafale.com.br ISSN 1519-9533 OMNI EDITORA R$ 12,00

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Revista de Informação

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Revista de informaçãoANO X — Nº 89OMNI EDITORAwww.revistafale.com.br

ISSN 1519-9533 OMNI EDITORA

R$ 12,00

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R E V I S T A D E I N F O R M A Ç Ã O

EDITOR&PUBLISHER LUÍS-SÉRGIO SANTOS

EDITOR ASSOCIADO Luís Carlos Martins EDITOR DE ARTE Jon Romano REDAÇÃO Larissa Sousa, Luiz Antonio Alencar COLABORADORES Fernando Maia, Roberto Martins Rodrigues

e Roberto Costa

ARTE Larissa Sousa e I. WosemBerg

JURÍDICO Mauro Sales BRASÍLIA (61) 8188.8873SÃO PAULO (11) 6497.0424

IMAGEM Agência Brasil, AE, Reuters REDAÇÃO E PUBLICIDADE Omni Editora Associados Ltda. Rua Joaquim Sá, 746 n Fones: (85) 3247.6101 n CEP 60.130-050, Aldeota, Fortaleza, Ceará n e-mail: [email protected] n home-page: www.revistafale.com.br Fale! é publicada pela Omni

Editora Associados Ltda. Preço da assinatura anual no Brasil (12 edições): R$ 86,00 ou o preço com desconto anunciado em promoção. Exemplar em venda avulsa: R$ 12,00, exceto em promoção com

preço menor. Números anteriores podem ser solicitados pelo correio ou fax. Reprintes podem ser adquiridos pelo telefone (85) 3247.6101. Os artigos assinados não refletem necessariamente o pensamento da revista. Fale! não se responsabiliza pela devolução de matérias editoriais não solicitadas. Sugestões e comentários sobre o conteúdo editorial de Fale! podem ser feitos por fax, telefone ou e-mail. Cartas e mensagens devem trazer o nome e endereço do autor. Fale! é

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reservados. IMPRESSÃO Celigráfica n Impresso no Brasil/Printed in Brazil. Fale! is published monthly by Omni Editora Associados Ltda. A yearly subscription abroad costs US$ 99,00. To

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TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: 13.600 EXEMPLARES

DIRETOR EDITOR LUÍS-SÉRGIO SANTOS

ISSN 1519-9533

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ELIANA EM AÇÃO

TalkingHeads, 6 Brasília, DF, 7 Política, 8Adeus, 14 Persona,43

A justiça atrasada não é justiça; senão injustiça qualificada e manifesta.

RUI BARBOSA, jurista brasileiro

Consumo, 47 Saúde, 32 Artigo,50 Consumo,46

FHC VISITA LULAO ex-presidente Fernando Henrique Cardoso visita o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Hospital Sírio-Libanês. O encontro começou às 11h e durou cerca de 50 minutos.Lula estava no hospital para fazer uma sessão de fonoaudiologia e, após o encontro, retornou a sua residência em São Bernardo do Campo.FOTO DIVULGACAO _ RICARDO

STUCKERT _INSTITUTO LULA

SAO PAULO

Ministra do Superior Tribunal de Justiça Eliana Calmon, corregedora nacional de Justiça, tem feito um trabalho que ganhou as páginas da imprensa. PÁGINA12

O genial escritor e ator Chico Anysio faleceu dia 23 de março de 2012, de falência múltipla dos órgãos deixando uma enorme lacuna no cenário artístico nacional. PAGINA 14 “Livre pensar é só

pensar.” PAGINA 16

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“Demósteles é a cara do DEM, até o nome dele começa com DEM. É como se o PT elegesse um Pterodáctilo.” PABLO PEIXOTO, coolmaker, no endereço @Pablo_Peixoto

“É no mínimo uma grande ironia que uma Copa que se chama Libertadores da America tenha o patrocínio de um grande banco espanhol, não?”MARCELO SEMER, juiz em são paulo, no endereço @marcelo_semer

“Impressionante como ficamos dependentes do cel. Deve, realmente, sero cigarro do sec 21, vicio louco!! To orfa q o meu deu pau e n tinha backup.”MARIANA WEICKERT, apresentadora,no Twitter (@mmweickert)

Tive laringite cerca de uma semana antes do álbum sair e foi tão assustador. Parei de fumar, beber, comer alimentos condimentados e cafeína.

ADELE, cantora, sobre sua cirurgia nas cordas vocais. Adele teve que parar de fumar para poupar a voz

S E Ç Ã O Uma amizade criada nos negócios é melhor do que negócios criados na amizade.

JOHN ROCKEFELLER, industrial americano

Se o dinheiro for a sua esperança de independência, você jamais a terá. A única segurança verdadeira consiste numa reserva de sabedoria, de experiência e de competência.

HENRY FORD, industrial americano

Você pode desconfiar de uma admiração, mas não de um ódio. O ódio é sempre sincero.

MILLÔR FERNANDES, escritor e tradutor brasileiro

Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem.

MILLÔR FERNANDES

As companhias prestam muita atenção ao custo de fazer alguma coisa. Deviam preocupar-se mais com os custos de não fazer nada.

PHILIP KOTLER, consultor de marketing

É bom esfriar a cabeça. Toda vez que uma seleção sai como favorita para ganhar a Copa do Mundo ela acaba perdendo.

PELÉ, aconselhando a Seleção Brasileira de futebol a jogar com humildade

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20 milhões de preservativos femininos

Construção civil, inflação de 5,65%

Mais de 100 chefes de Estado e Governo já pediram autorização para discursar durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que acontecerá no Rio de Janeiro entre os dias 20 e 22 de junho deste ano.

Oitenta e quatro países já solicitaram hospedagem para seus chefes de Estado ou de Governo durante a conferência. “Isso é um bom indicativo para nós [sobre o número de líderes mundiais que participarão do encontro], embora evidentemente não saibamos hoje quantos efetivamente virão”, diz o secretário do Comitê Nacional de Organização da Rio+20, Laudemar Aguiar.

Ex-senador, quatro anos de prisão

O empresário e ex-senador Luiz Estevão foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal a quatro anos e dois meses de prisão, em regime semiaberto, por crime contra a ordem tributária — sonegação fiscal. Responderá em liberdade enquanto não houver condenação definitiva, já que ainda cabe recurso ao próprio tribunal.

Luiz Estevão foi denunciado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) por sonegação fiscal da Fazenda Santa Prisca, da qual é proprietário, entre abril de 1997 e fevereiro de 2000. Estevão teria omitido informações às autoridade fazendárias, fraudando a fiscalização tributária.

Como turbinar o seu salário

Babosa, hortelã e salgueiro são os novos fitoterápicos a entrar na lista oficial de medicamentos do Sistema Único de Saúde (SUS), publicada pelo Ministério da Saúde. Atualizada a cada dois anos, a lista tem agora 810 itens, como medicamentos, vacinas e insumos.

A babosa é indicada para o tratamento de queimaduras e psoríase (doença inflamatória da pele); a hortelã, síndrome do cólon irritado; e o salgueiro, para dor lombar.

O Ministério da Saúde começa a distribuir em maio o primeiro lote dos 20 milhões de preservativos femininos. As populações prioritárias serão definidas de acordo com critérios de vulnerabilidade a doenças sexualmente transmissíveis (DST), incluindo a aids e as hepatites virais.

No público-alvo estão profissionais do sexo, mulheres em situações de violência doméstica e/ou sexual, pessoas com HIV/aids, usuárias de drogas e seus parceiros e pacientes do DST. Também se enquadram pessoas de baixa renda e

usuárias do serviço de atenção à saúde da mulher que tenham dificuldade em negociar o uso do preservativo masculino com o parceiro.

Esta é a primeira aquisição feita pelo governo de camisinhas femininas de terceira geração – fabricadas com borracha nitrílica, ao custo de R$ 27,3 milhões, ao preço unitário de R$ 1,36.

O preservativo feminino chegou ao mercado brasileiro em 1997, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou a comercialização do produto no país.

A palavra é o meu domínio sobre o mundo.CLARICE LISPECTOR

Novas cores nos remédios do MS

As cores e informações nos rótulos de embalagens dos remédios distribuídos pelo Ministério da Saúde vão mudar, entre eles, antirretrovirais e medicamentos para tratamento de hepatite, hanseníase, tuberculose e alguns usados nos hospitais. A ideia é ficar mais fácil para o paciente saber qual medicamento deve tomar. O novo modelo começa a valer somente daqui a seis meses.

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ELIANA CALMON,Corregedora nacional de Justiça

A mulher que enfentou o Judiciário

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AO DECLARAR QUE A DIMINUIÇÃO da competência do Conselho Nacional de Justiça é “ o primeiro caminho para a impunidade da magistratura, que hoje está com gravíssimos problemas de infiltração

de bandidos atrás da toga,” a corregedora do Conselho Nacional de Justiça Eliana Calmon, detonou uma crise sem precedentes do judiciário brasileiro. A generalização feita pela ministra foi de imediato criticada pela a Associação Brasileira dos Magistrados,o Tribunal Superior do Trabalho, o Tribunal de Justiça de São Paulo, e a Associação Nacional dos Magistrados Estaduais.

Por ocasião de uma entrevista concedida à Associação Paulista de Jornais, Eliana Calmon criticou a Ação Direta de Inconstitucionalidade proposta pela Associação Brasileira de Magistrados, questionando os poderes do CNJ de simples-mente punir juízes. A polêmica se instaura na medida em que a AMB argumenta que a razão de existir da CNJ não se assenta no poder de vigiar os juízes, que é inexistente, e que o Conselho Nacional de Justiça foi criado para cuidar de ques-tões administrativas referentes ao funcionamento do poder judiciário, enquanto os juízes por sua vez, já são suficiente-mente investigados pelas corregedorias locais, pelos advoga-dos, pelas partes, e pelo Ministério Público.

Acontece que Eliana Calmon questionou também em suas declarações, como está sendo gerido o dinheiro público nos tribunais brasileiros, já que segundo ela, “alguns magistrados possuem patrimônios acrescidos em desacordo com seus ganhos.”

Para completar, Calmon afirma que 45% dos magistra-dos do Tribunal de Justiça de São Paulo, não apresentaram declaração de imposto de renda, no decorrer dos exercícios de 2009 e 2010, conforme determinação legal. O resulta-do final de toda a questão foi a quebra de sigilo de 231 mil pessoas,por parte da corregedoria do Conselho Nacional de Justiça dentre elas juízes, desembargadores, familiares e servidores, suscitando, cujos dados fiscais e bancários tinham acesso por parte do CNJ.

Como era de se esperar, a reação veio tinindo. Ivan Sartori, presidente do Tribunal de Justiça de São Pau-

lo, a maior corte do País, com 360 desembargadores, fez um desafio à ministra Eliana Calmon, corregedora nacional da Justiça: “Eu até me disponho, se ela quiser mostrar o holerite junto com o meu, eu mostro, os dois juntos. Por que vocês não propõem isso?”, disse a jornalistas.

Sartori não aceita a palavra “investigação”, que em sua ava-

A ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ),

Eliana Calmon, durante sua posse como corregedora nacional de

Justiça

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Eliana Calmon Alves

Corregedora Nacional de Justiça

Ministra do Superior Tribunal de Justiça

POSSE 8 de setembro de 2010

TÉRMINO DO MANDATO 7 de setembro de 2012

DADOS PESSOAIS DATA DE

NASCIMENTO 5 de novembro de 1944, em

Salvador, Bahia FORMAÇÃO Bacharela em

Direito pela Universidade Federal da Bahia

(1968) e especialista em processo pela Fundação

Faculdade de Direito da UFBA (1982).

FUNÇÕES Ministra do Superior Tribunal de

Justiça, desde 30 de junho de 1999. Ministra

Substituta do TSE — biênio 2008-2010).

Colaboradora das ONGs ABMCJ E Cfemea.

PRINCIPAIS ATIVIDADES EXERCIDAS

Juíza do Tribunal Regional Federal da 1ª Região

(1989-1999). Juíza Federal na Seção Judiciária

da Bahia (1979-1989). Procuradora da

República na Subprocuradoria Geral da República,

1976/1979. Procuradora da República no

Estado de Pernambuco, por concurso público

de provas e títulos (1974-1976). Professora

de Direito Civil da Faculdade de Direito da

Universidade Católica de Salvador (1982-1989).

Professora de Direito Processual Civil da

Fundação Faculdade de Direito da Universidade

Federal da Bahia (1982-1989). Professora de

liação implica suspeitas sobre ele e seus pares. “Investigar é indício, quer dizer que todos somos sus-peitos? Estamos sendo indiciados? Eu vou ser investigado?” Ele disse que “a Justiça está conspurcada”. “Talvez sejamos todos bandidos.”

Eliana Calmon não critica somente os “bandidos de toga”. A corregedora nacional de Justiça, atacou também o que chama de bandidos com foro privilegia-do. Em palestra na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Distrito Federal, Calmon afirmou “que o foro tem abrigado muitos bandidos”.

“Quantos Josés da Silva já prendemos para dizer que não há impunidade?”, ques-tionou a ministra. Esses Josés da Silva, conforme a ministra, estão muitas vezes a serviço de grandes criminosos que não são perseguidos pela polícia.

Hoje um “exército” com-posto pela opinião pública que protege os poderes do Conse-lho Nacional de Justiça, brada a ministra. Essa blindagem ocorreu em razão da expressão que ela usou em uma entrevista.

“Isso só foi possível por uma frase: existem bandidos por trás da toga”, disse. “Eu sou falastrona”, reconheceu. “Eu quero chocar. Eu não quero chocar a magistratura. Ela se choca porque quer”, afir-mou.

A Associação dos Juízes Federais do Brasil divulgou nota manifestando “indignação e per-plexidade” com a intenção da cor-regedora Nacional de Justiça, mi-nistra Eliana Calmon, de “limitar a participação de juízes em eventos político, associativos e seminários”. A associação se manifestou contra a quebra administrativa do “sigilo fiscal de magistrados com base em disposição regimental do CNJ”. A Ajufe afirmou que vai recorrer ao Poder Judiciário se essas inicia-tivas forem acolhidas. Em outra nota a Ajufe manifesta “veemente

repúdio” a declarações da correge-dora nacional de Justiça afirmando que “o juiz muitas vezes quer um segurança para ser diferente”, e “quer uma mordomia para mostrar aos outros que ele é importante”.

As críticas feitas pela Associa-ção dos Juízes Federais do Brasil à atuação da corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Cal-mon foi refutada por um grupo de juízes federais. Eles coletaram assinaturas para um manifes-to público. “Entendemos que a agressividade das notas públicas da

Ajufe não retrata o sentimento da magistatura federal. Em princípio, os juízes federais não são contrá-rios a investigações, promovidas pela corregedora. Se eventual abu-so investigatório ocorrer é questão a ser analisada concretamente”, afirma o manifesto, para realçar que “não soa razoável, de plano, impedir a atuação de controle da corregedoria”.

A ideia surgiu em lista de discussão de magistrados federais na internet. Foi proposta pelo juiz federal Rogério Polezze, de São Paulo.

Ganhou adesões após a mani-festação do juiz Sergio Moro, do Paraná, especializado em casos de lavagem de dinheiro, não conven-cido de que houve quebra de sigilo de 200 mil juízes. “Não estou de acordo com as ações propostas no STF nem com as desastradas declarações e notas na imprensa”, disse Moro. “É duro como as-sociado fazer parte dos ataques contra a ministra.”

“Não me sinto representado pela Ajufe, apesar de filiado”, afirmou o juiz federal Jefer-son Schneider, do Paraná, em mensagem na lista de discus-são dos juízes. Marcello Enes Figueira disse que “assinava em baixo do que afirmou o colega Sergio Moro”.

Para uns, a ministra quebrou o sigilo fiscal dos investigados, ao pedir que os tribunais encaminhas-sem as declarações de imposto de renda dos

juízes.De um modo

geral, na percep-ção de quem está de fora, a ministra quer mesmo é dar transparência e corrigir desacertos de

uns poucos — ainda bem — integrantes do importante poder Judiciário.

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“Acho que o problema do ju-diciário brasileiro ainda é gestão, mas já melhorou bastante. O CNJ veio para ensinar ao poder judi-ciário como é que se gere,e criar

N O E S T A D Ã O

Fiquei casada por 20 anos, e tinha uma enxaqueca terrível. Quando eu me separei a enxaqueca foi embora. Depois do marido, só quem conseguiu me deixar com enxaqueca foi o Supremo Tribunal Federal.

ELIANA CALMON, do Conselho Nacional de Justiça, em entrevista ao Estadão, em março de 2012

Luto pela magistratura séria, e que não pode ser confundida , nem misturada com meia dúzia de vagabundos infiltrados.

O senhor conhece algum colarinho branco preso?

A magistratura hoje está com gravíssimos problemas de inf i ltração de bandidos que estão escondidos atrás da toga.

um padrão uniforme para todos tribunais.”

“Quando vamos para a inspe-ção, começamos também a fazer a triagem de problemas discipli-

Uma entrevista abre a crise

Ao conceder uma entrevista á Associação Paulista de Jornais no ano passado, a ministra Eliane Calmon, Corregedora Nacional de Justiça, em 25 de setembro de 2011 provocou uma grave crise no Judiciário Brasileiro, que valeu inclusive uma nota de protesto do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro César Peluso, presidentes de outros tribunais, OAB e outros juristas entre manifestações várias sobre as declarações de Eliane Calmon. Fiel ao seu estilo de falar o que pensa e não se intimidar diante dos desafios, Eliana Calmon não poupou críticas ao Tribunal de Justiça de São Paulo. “Sabe que dia eu vou inspecionar São Paulo? No dia em que o sargento Garcia prender o Zorro. É um Tribunal de Justiça fechado, refratário a qualquer ação do CNJ e o presidente do Supremo Tribunal Federal é paulista.”

A seguir, trechos da entrevista.

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nares. Magistrados que não estão cumprindo seus deveres, processos que estão paralisados por vontade própria e que estão guardados nas prateleiras, dentro dos armários. Temos encontrado muitas coisas feias, que as corregedorias são incapazes de tomar partido, muitas vezes por corporativismo, e outras vezes porque o plenário não dá guarida ao corregedor.”

“Sabe que dia eu vou inspecionar São Paulo? No dia em que o Sargento Garcia prender o Zorro. É um Tribunal de Justiça fechado, refratário a qualquer ação do CNJ e o presidente do Supremo Tribunal Federal é paulista.”

“ A minha preocupação são tribunais que estão absolutamente sem controle, inclusive na ques-tão disciplinar. Bato muito nessa tecla. As corregedorias estaduais não são capazes de cumprir o seu papel. Não têm o apoio necessário dos membros do tribunal, não têm estrutura adequada, o corregedor muitas vezes não tem quadro de pessoal, nem verba própria, as cor-regedorias estão desestruturadas.”

Ao ser indagada sobre o que pode ser modernizado, no Judiciário, Eliana Calmon foi incisiva: “Primeiro o Foro Especial. O tamanho dele é absurdo. Segundo, esta plêiade de recursos. Ninguém agüenta mais. Hoje, no Brasil tem quatro instâncias. Até chegar a última instância, as pessoas já morreram e não agüentam mais esperar. E a corrupção dentro do poder judiciário vem muito desta ideia.”

“A Justiça é muito entupida, porque um conflito na sociedade geral dez processos. Ninguém agüenta este grande número de recursos.”

“ Existe uma intimidade inde-cente entre cadeia de poderosos, e isto tudo que está acontecendo em razão de um esgarçamento ético muito grande. Não existem culpados.”

“ A linguagem moral e ética é uma linguagem fraca dentro de uma sociedade de consumo.”

“Estamos pagando muitos impostos e esses impostos estão

indo pelo ralo. E uma sociedade tranqüila como a brasileira, uma sociedade meio anestesiada, quase que se banalizou a corrupção.”

“Corregedoria também tem por função orientar, direcionar, dirigir e facilitar a magistratura. Corre-gedoria é também corregência. Tenho trabalhado nessas duas po-sições. De orientação, de desman-char os nós que se apresentam na condução da atividade jurisdicio-nal, e ao mesmo tempo a questão disciplinar dos magistrados que estão de alguma forma, com algum problema no seu comportamento como julgador.”

“São Paulo representa 60% dos

S O B P R E S S Ã O

Já disse e está em todos os jornais. Acho que isto é o primeiro caminho para a impunidade da magistratura, que hoje está com gravíssimos problemas de infiltração de bandidos que estão escondidos atrás da toga.

ELIANA CALMON, sobre a enorme pressão para que o Supremo Tribunal Federal reduza as competências CNJ, proibindo-o de investigar e punir juízes acusados de corrupção e ineficiência

processos ajuizados no Brasil. Lá é hermético. Eles não informam ao CNJ, os valores pagos para os desembargadores.”

“Acho que o processo penal brasileiro está em absoluta cri-se, porque tem prevalecido teses jurídicas do grandes escritórios de advocacia.”

“A Justiça estadual de primeiro grau está absolutamente sucateada em termos de equipamentos, de prédios e de servidores. Poucos são os tribunais que estão absolu-tamente organizados. Nós encon-tramos muito os tribunais arru-mados. Eles arrumam os tribunais, arrumam os servidores para os desembargadores e os juízes que se lixem. Tenho encontrado varas onde têm um ou dois servidores. Puxam os bons servidores para os desembargadores. Temos cobra-do mais investimento. Não é fácil porque são muitos os problemas, mas tem dado certo. Um Estado que deu certo foi no Amazonas, onde monitoramos e conseguimos resolver muitos problemas. Liguei para o governador do Amazonas e ele passou R$ 100 milhões para o TJ resolver os problemas.”

Eliana fala sobre como o CNJ identifica os problemas e onde é preciso mais inves-timento para agilizar a Justiça. “Através de inspeções. Isso nós fazemos, é um trabalho constante. Nossa equipe é muito pequena e nos ressentimos disto. Temos apenas 40 pessoas, contando com os juízes e comigo. Muito pouca gente, mas o que vamos fazer? Inclusive, quando vamos para inspeção, co-meçamos também a fazer a triagem de pro-blemas disciplinares. Magistrados que não estão cumprindo seus deveres, processos que estão paralisados por vontade própria e que estão guardados nas prateleiras, dentro dos armários. Temos encontrado muitas coisas feias, que as corregedorias são incapazes de tomar partido, muitas vezes por corporativismo e outras vezes porque o plenário não dá guarida ao corregedor. O Ór-gão Especial não deixa ou não tem quórum para condenar o juiz, muitas vezes por fatos gravíssimos.”

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FRANCISCO ANYSIO DE OLIVEIRA PAULA FILHO ao falecer dia 23 de março de 2012, de falência múltipla dos órgãos, conseguiu a última façanha de unir o riso à saudade, já que a lembrança do humorista remete inarredavelmente à alegria e á situações e bordões cômicos imortalizados nos seus 209

personagens, herança viva de sua inesquecível versatilidade. Chico Anysio nasceu na bucólica cidade cearense de Maranguape, distante 26

km de Fortaleza, no dia 12 de abril de 1931, mas aos seis anos de idade, mudou--se com a família para o Rio de Janeiro. Ao fazer um teste para locutor de rádio foi classificado ao lado de outro grande nome da mídia, no caso Sílvio Santos. Na emissora na qual trabalhava, a Rádio Guanabara já começou a se apresentar como um profissional diversificado exercendo as funções de radioator e comenta-rista de futebol. Na Rádio Nacional do Rio de Janeiro participou do programa “ Papel Carbono,” e nas década de 50 trabalho nas rádios Mayrink Veiga, Clube de Pernambuco e Clube do Brasil. Na época das chanchadas na década de 50, Chico escreveu diálogos e eventualmente até atuou como ator em filmes da Atlântida Cinematográfica.

Estreou na TV Rio em 1957 com o programa “ Noite de Gala,”e em 1959 estreou o programa “ Só tem Tantã “, lançado por Joaquim Silvério de Castro Barbosa, que se tornaria mais tarde “ Chico Total”. Escreveu e interpretou seus próprios textos no rádio, televisão e cinema, tendo se aventurado com brilhantis-mo pelo jornalismo esportivo, teatro, literatura e pintura, sendo esta última uma

CHICO ANYSIOUm gêniooriginal nas artes

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atividade também recorrente na vida do superartista. Compôs e gravou também algumas canções, em discos intitulados “ Baiano e Novos Caetanos.”

Com o programa “ Chico Any-sio Show”, na extinta TV Tupy, o maranguapense ilustre deslanchou, e desde 1968 vinculou-se á Rede Globo de Televisão, e com o pro-grama “ A Escolinha do Professor Raimundo,” Chico Anysio” conse-guiu reunir um elenco apreciável de humoristas em dos momentos mais memoráveis do humor na televisão brasileira.O programa “Chico City”, também marcou época com sua rica diversidade de personagens e tipos cômicos.

Em 2005, fez uma parti-cipação no “ Sítio do Picapau Amarelo,”onde interpretava do Dr, Saraiva, e mais recentemente par-ticipou da novela “ Sinhá Moça” , também na Rede Globo.

Chico Anysio foi internado no dia 02 de novembro 2010 em decorrência de uma falta de ar, sendo detectada uma obstrução da artéria coronariana, sendo subme-tido a uma angioplastia. O humo-rista passou 109 dias internado, recebendo alta dia 21 de março de 2011, e neste período permaneceu a maior parte do tempo na Unida-de de Terapia Intensiva.

No 23 de abril de 2011, Chi-co voltou ao programa “ Zorra Total,” na Rede Globo no papel de Salomé conversando com a presidente Dilma Rousseff. Uma infecção urinária o levou de volta ao hospital dia 30 de novembro de 2011, dando início a uma autêntica via crucis hospitalar culminando no seu falecimento no dia 23 de março de 2012, em decorrência de uma parada cardiorrespira-tória causada por uma falência múltipla dos órgãos. Deixou uma inestimável herança cultural como humorista, ator, dublador, escri-tor, compositor e pintor brasileiro emblemático pelo seu imensurável talento e versatilidade.

Penso na morte menos do que ela pensa em mim.

As mulheres estão descobrindo que mulher é bom, coisa que os homens já sabem há séculos.

CHICO ANYSIO, escritor

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COM O ESTADO DE SAÚDE comprometido após um acidente vascular cerebral, Milton Viola Fernandes, mais conhecido por Millôr Fernandes, faleceu no dia 27 de março de 2012 no Rio de Janeiro, abrindo enorme lacuna na inteligência brasileira

contemporânea.Nascido no dia 16 de agosto de 1923 no Rio de Janeiro, filho do

engenheiro espanhol Francisco Fernandes e de Maria Viola Fernandes,

“LIVRE PENSAR É SÓ PENSAR”

Millôr ganhou esse nome curioso a partir da caligrafia equivocada na certidão de nascimento. Um leitor voraz de histórias em quadrinhos desde a infância e adolescência, principalmente Flash Gordon, acabou submetendo um desenho ao periódico carioca O Jornal, sob

a influência do tio Antonio Viola, o que lhe rendeu um pagamento de 10 mil réis.

Começou na revista O Cruzei-ro, nas funções de contínuo,repaginador e factótum.

Sob o pseudônimo de Notlim, ganha um concurso de contos na revista Cigarra, sendo promovido a arquivista da publicação, preen-chendo o espaço vago deixado pelo cancelamen-to do espaço de publici-dade da mesma revista. Passa a criar a[i]seção Poste Escrito com o pseudônimo de Vão Gogo.

Millor Fernandes marcou presença em publicações como O Cruzeiro,Veja, Jornal do Brasil e o jornal O

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Pasquim do qual foi um dos fun-dadores. Foi desenhista, humoris-ta, dramaturgo, escritor e tradutor brasileiro, inclusive de obras de Shakespeare, Moliére e Brecht.

Em 1962, dispensa o pseudô-nimo Vão Gogo, passando assinar apenas como Millôr, em seus textos para a revista O Cruzeiro. Passa a colaborar com o jornal português Diário Popular em 1964, e obtém o segundo prêmio do Salão Canadense de Humor. Começa a trabalhar na revista Veja em 1968, e em 1969 foi um dos fundadores do polêmico periódico O Pasquim.

A partir daí, Millôr Fernandes escreveu peças de teatro, textos de humor e poesia, e até voltou a expor no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Foi também tradutor dom inglês e do francês de várias obras, espacialmente

peças de teatro, inclusive peças de Sófocles, Shakespeare, Moliére, Brecht e Tennesse Williams.

Após se destacar como colabo-rador de vários jornais brasileiros, Millôr retornou à revista Veja em setembro de 2004, abandonando a publicação em 2009. No início de fevereiro de 2011, Millor sofre um acidente vascular cerebral isquê-mico, permanecendo inconsciente por cerca de duas semanas na UTI, e passando cinco meses internado. Após um segundo internamento de cinco meses, faleceu no dia 28 de março de 2012 de uma parada cardíaca aos 88 anos de idade. Ele deixou dois filho, Ivan e Paula de seu relacionamento com Wanda Rubino Fernandes, e um neto, Ga-briel. Seus últimos anos de vida ele passou ao lado da jornalista Cora Ronái. Mais um multitalento que deixa profunda lacuna. n

MILLOR FALAAlgumas frases do produtivo autorSOBRE DEMOCRACIA“Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim”SOBRE O BRASIL“Viva o BrasilOnde o ano inteiroÉ primeiro de abril”SOBRE ANATOMIA“Anatomia é uma coisa que os homens têm, mas que, nas mulheres, fica muito melhor”SOBRE AMIZADES“A verdadeira amizade é que aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas as nossas virtudes”SOBRE MENTIRAS E VERDADES“As pessoas que falam muito, mentem sempre, porque acabam esgotando seu estoque de verdades”SOBRE VIVER“Viver é desenhar sem borracha”

MILLORIANAS MATEMÁTICAJá sou bem mais velho do que fui há muito tempo, mas não tenho nem a metade da idade de quando tiver mais do dobro.

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O governo federal anuncia ações sobre o câmbio e desonera folha de pagamentos como tentativa de dar mais competitividade à indústria

brasileira, dentro de um pacote chamado Brasil Maior. A principal medida prevê ainjeçãode R$45 bilhões no BNDES, a fonte de crédito no país para investimentos de longo prazo. Também foram incluídas ações já previstas e estímulospara a indústria automobilística que só entrarão em vigor em 2013. Para vigorar já deve haver o corte de R$ 3,1 bilhões em impostos para 15 setores da economia para estimular novos investimentos. A renúncia equivale a apenas umdia da arrecadação do governo nos primeiros doismeses do ano.

Medidas preventivasA crise que assola a Europa e a perda de competitividade da indústria brasileira desencadeiam um pacote de medidas no Brasil

FOTO WILSON DIAS_ABR

Dilma Rousseff conversa com o ministro Guido Mantega, sendo observada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), ao lado dos ministros Mantega (Fazenda) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil), no anúncio de novas medidas econômicas, no Palácio do Planalto

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Sobre o câmbio, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou que as medidas terão caráter per-manente, incluindo o aumento das reservas internacionais. A política de aumentar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) também será mantida para taxar as operações especulativas. Por outro lado, a taxa básica de juros (Selic), que não tem como objetivo redu-zir o câmbio, ajudará a evitar que os especuladores venham a investir no Brasil para garantir maior renta-bilidade de suas aplicações. O Go-verno entende que as medidas irão fortalecer a economia brasileira, garantir a continuidade do cresci-

mento sustentável e responder aos problemas que estão sendo criados pela crise econômica mundial.

Até a China. “Mesmo países como a China estão reduzindo o PIB para 7,5% ante os 9,2% do ano passado. O Brasil é o único que reúne condições para responder à recaída da crise internacional, pois entre outras coisas tem mer-cado interno dinâmico, com gera-ção de emprego e renda”, disse. O governo espera um crescimento de 4,5% ante os 3,8% previstos na eco-nomia global. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial teve

queda de 3,9% em fevereiro — na comparação com o mesmo mês de 2011. Analistas e investidores do mercado financeiro voltaram a re-duzir a estimativa de crescimento da economia, que passou de 3,23% para 3,2% em 2012, segundo o Banco Central.

Em relação à folha de pagamen-to, foi anunciada desoneração da alíquota de 20% do Instituto Na-cional do Seguro Social (INSS). Em contrapartida, o empresariado terá que recolher aos cofres do governo de 1% a 2,5% do faturamento. Pelo Plano Brasil Maior, anunciado em agosto do ano passado, a alíquota era 1,5%, mas nem todos os setores

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O que pedimos é

isonomia. Essas medidas apenas baixaram uma febre de 40°C [Celsius], que atinge a indústria, para 38,9. Precisamos de medidas efetivas de redução de custo.

PAULO SKAF, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo — FIESP

aderiram.As novas medidas devem bene-

ficiar 15 setores, principalmente da indústria intensiva.

Dentro da realidade. Para a Confederação Nacional da Indús-tria — CNI, as medidas anuncia-das pelo governo com o objetivo de estimular setores industriais no país consideram o cenário interna-cional turbulento e estão “dentro da realidade”, afirma o vice-presidente da CNI Paulo Tigre. “É preciso en-tender que o grande problema não é o governo — a situação interna-cional é que é a grande questão”, diz Tigre. “O governo vem toman-do medidas dentro da realidade e são medidas importantes para que possamos nos proteger e aumentar nossa competitividade”, avaliou.

Sobre o câmbio, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, assegura que as medidas terão caráter per-manente, incluindo o aumento das reservas internacionais. A política de aumentar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) também será mantida para taxar as operações especulativas. Por outro lado, a taxa básica de juros (Selic), que não tem como objetivo redu-zir o câmbio, ajudará a evitar que os especuladores venham a investir no Brasil para garantir maior renta-bilidade de suas aplicações.

Tigre disse que são medidas importantes, mas acrescentou que estados que praticam a chama-da “guerra dos portos” preci-sam dar sua contribuição para a indústria nacional. Ele criti-cou o desconto dado por oito estados brasileiros no Impos-to sobre Circulação de Mer-cadorias e Serviços (ICMS) sobre produtos importados.

“Eu acho que o governo está fazendo um conjunto de medidas para estimular a indústria que está vivendo dias difíceis. Nós sabemos que há uma carga de impos-tos alta e que isso é extre-

lho é muito importante para a ca-deia produtiva em uma hora como esta. Para a reorganização dessa cadeia é necessário diálogo. É uma boa, a gente já fez isso no passado com bons resultados e essa reedição em um momento em que a gente está buscando consolidar tudo que se discutiu servirá para aprimorar ainda mais nossa interlocução”.

Além das medidas, o governo decidiu instalar 19 conselhos de Competitividade com o objetivo de estimular o setor produtivo. De acordo com o Ministério do Desen-volvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), esses conselhos serão compostos por aproxima-damente 600 pessoas, entre inte-grantes do governo, de empresas e representantes dos trabalhadores, e funcionarão como espaço de dis-cussão de temas setoriais.

A ideia de criação dos conse-lhos partiu das queixas feitas por empresários sobre a falta de inter-locução com o governo. De acordo com o MDIC, serão contemplados as seguintes áreas: petróleo, gás e naval, automotiva, complexo da saúde, defesa, aeronáutica e espa-cial, tecnologias da informação e comunicação/complexo eletroele-trônico, bens de capital, mineração,

metalúrgica, higiene pes-soal, perfumaria e cosmé-ticos, indústria química, celulose e papel, energias renováveis, construção ci-vil, móveis, calçados, con-fecções e joias, agroindús-tria, comércio, serviços e serviços logísticos.

Para Paulo Safady, as me-didas anunciadas hoje estão sendo recebidas com entu-siasmo. “A expectativa é mui-to positiva, claro que essas medidas são muito focadas na indústria, que mexe mais na questão da importação e exportação. Nós passamos ao largo, mas temos a expectativa de estímulos muito fortes no nosso setor.”

mamente prejudicial. Mas outro aspecto ruim é que alguns estados facilitam a importação e isso não pode ocorrer”, disse.

Já o presidente da Câmara Bra-sileira da Indústria da Constru-ção (Cbic), Paulo Safady Simão, elogiou a reedição dos conselhos setoriais, já anunciados no ano passado, durante o lançamento do Plano Brasil Maior.

“A reedição do c o n s e -

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E a folha? Desonera?

Um total de 15 setores serão beneficiados com as desonerações da folha de pagamento anunciadas pelo governo, dentro do chamado Plano Brasil Maior. A estimativa é que a desoneração total anual seja R$ 7,2 bilhões. Para 2012, o montante será R$ 4,9 bilhões, já que as medidas passam a vigorar somente e partir de julho.

O setores beneficiados são: têxtil, confecções, calçados e couro, móveis, plástico, material elétrico, autopeças, ônibus, naval, aéreo, de bens de capital mecânica, hotelaria e, tecnologia de informação e comunicação, equipamentos para call center e design house.

Desses, confecções, couro e calçados e a área da tecnologia de informação e comunicação já eram beneficiados e tiveram as alíquotas novamente reduzidas para ganhar competitividade.

“Em período de crise a competitividade dos outros países aumenta, há países que vendem abaixo do preço de custo, dão subsídios e, neste momento, temos que dar impulso à nossa competitividade brasileira”, defende Guido Mantega.

Também há prioridade para a aquisição de bens e serviços nacionais com margem de preferência de até 25% sobre os produtos importados nas compras governamentais. Para os medicamentos, a margem de preferência será 8%, com prazo de dois anos. Para fármacos, 20%, e biofármacos, 25%, ambos com prazo de cinco anos. O valor anual estimado de compras é R$ 3,5 bilhões.

Haverá também preferência na compra de retroescavadeias com margem de 10% e motoniveladoras, 18%, até dezembro de 2015. O valor anual estimado de compras é R$ 3,5 bilhões.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo Paulo Skaf considerou positivas as medidas de estímulo anuncia-das pelo governo. Mas ele acredi-ta que as ações não resolverão o problema da falta de competitivi-dade das empresas brasileiras.

“Não se trata de proteção, o que pedimos é isonomia. Essas medidas apenas baixaram uma febre de 40°C [Celsius], que atin-ge a indústria, para 38,9. Preci-samos de medidas efetivas de redução de custo, falta acertar a defasagem cambial, o que não pa-rece ter sido resolvido com as me-

didas; a questão da energia, temos que chamar o leilão de energia das hidrelétricas que já existem; o custo do gás e da luz, que está altíssimo no Brasil, além dos ju-ros altos.”

Para Skaf, o pacote melhora, mas não resolve a falta de compe-titividade. “Você pega a empresa mais competitiva e moderna do mundo, traz para o Brasil e vai ver que ela terá os seus custos aumentados consideravelmen-te”, disse. “Daqui a alguns meses, certamente teremos de estar aqui novamente [anunciando mais medidas]”. Será?

P A U L O S K A F

Medidas não vão resolver problema

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf: pacote é paliativo FOTO VALTER CAMPANATO_ABR

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UM LIVRO QUE APONTA CAMINHOS PARA A CIDADE FORTALEZA. Esta é a proposta do Fortaleza em Projeto — Contribuições Técnicas e Políticas para um Programa de Governo, lançado pelo Centro Industrial do Ceará sob a coordenação de Roseane Oliveira de Medeiros e a organização de Laécio Noronha Xavier. O livro tem 256 páginas e foi lnaçado pela Omni Editora. No prefácio,

Roseane — que foi presidente do CIC até março de 2012 — nos lembra que “a promoção do debate técnico em torno de estratégias para o planejamento das cidades no período de pré-campanha é algo absolutamente crítico”. Eles estão mais preocupados com a viabilização de suas candidaturas e com a formação das coligações. Por isso o CIC promoveu um cilco de debates sob o titulo Movimento Fortaleza em Projeto, reunindo alguns dos melhores pensadores comprometidos com a cidade.

“Quando iniciamos a formatação do Movimento Fortaleza em Proje-to, tínhamos como objetivo a materialização de um seminário em que se discutissem os grandes temas político-administrativos da nossa cidade, de modo a estabelecer uma pauta técnica mínima para a agenda dos candi-datos à Prefeitura de Fortaleza na eleição de 2012”, escreve Roseane. “Isto porque vimos percebendo, ao longo das campanhas políticas, a ausência de propostas sistêmicas, orgânicas e planejadas”, continua. “Entendemos que, como legítimos representantes do setor produtivo, é nosso dever de cidadãos conduzir este tema para uma reflexão mais aprofundada, sen-sibilizando e mobilizando a sociedade para os graves problemas com os quais somos obrigados a lidar diariamente, projetando a cidade com base no conceito de sustentabilidade, que procura articular harmonicamente atividades econômicas, prudência ambiental e justiça social.

No prefácio, o industrial Roberto Macêdo, presidente da da Federação das Indústrias do Estado do Ceará mostra-se esperançoso. “O que se es-

O livro Fortaleza em Projeto, lançado pelo Centro Industrial do Ceará no final da gestão da empresária

Roseane Oliveira de Medeiros é um documento valioso com dezenas de propostas viáveis para a cidade

OS CO-AUTORES DO LIVRO FORTALEZA EM PROJETOAdolfo MarinhoE N G E N H E I R O C I V I LAlbert GradvohlE C O N O M I S T AAndré MontenegroE N G E N H E I R O C V I LCláudia LeitãoS O C I Ó L O G AEdmundo OlindaE N G E N H E I R O C I V I LEvaldo LimaH I S T O R I A D O RFausto Nilo Costa Júnior, A R Q U I T E T OFrancisco Pessoa Araújo NetoE N G E N H E I R O C V I LJosé Borzachiello da SilvaG E Ó G R A F OJosé SalesA R Q U I T E T OJurandi FrutuosoM É D I C OLaécio Noronha XavierA D V O G A D OMaia JúniorE N G E N H E I R O C I V I LMarcos HolandaE C O N O M I S T AMauro OliveiraENGENHEIRO ELÉTRICOPaulo Portela D I P L O M A T ARegina Costa e SilvaA R Q U I T E T ARégis MedeirosE M P R E S Á R I OSchubert MachadoA D V O G A D OTales de Sá CavalcanteP R O F E S S O RWellington DamascenoE C O N O M I S T A

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Capa, em formato aberto, para impressão, do livro Fortaleza em Projeto: contribuições valiosas. FOTO ARQUIVO OMNI EDITORA

pera, sobretudo, é gerar um projeto de longo prazo para a cidade, com uma visão de futuro que inclua um ambiente favorável aos negócios, ao incremento da atividade indus-trial e à melhoria da qualidade de vida da população, em todas as áre-as”, escreve ele, sobre a utilidade do livro Fortaleza em Projeto.

Tambem sobre o livro, o empresário Endilton Gomes de Soárez, ex- Presidente do Centro Industrial do Ceará, diz que CIC “tem sido um dos mais autênticos fóruns de debates do nosso Estado”. Continua: “Na gestão de Roseane Medeiros, não poderia ter sido diferente: ela extrapolou e ousou

ao escolher um tema atualíssimo — Fortaleza em Projeto.” Soárez lembra que a produção de conteúdo do livro usou uma metodologia inovadora, a discussão foi realizada em conjunto com outras entidades da sociedade civil organizada. NAS PÁGINAS SEGUINTES, ALGUMAS IDEIAS DO LIVRO FORTALEZA EM PROJETO

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É verdade que esse fenômeno

das zonas marrons confirma-se de maneira mais intensa, nas cidades que foram cenários do grande desenvolvimento industrial. No caso de cidades como Fortaleza, que nesse intervalo histórico apresentaram um modestíssimo desenvolvimento de indústrias (praticamente reduzido a beneficiamento de algodão, indústrias têxteis ou de processamento de oleaginosas) as ruínas industriais são limitadas ao bairro Francisco Sá e a algumas glebas centrais. De qualquer forma, os efeitos da dispersão urbana em que a cidade de Fortaleza tem sido submetida produzem, também, zonas em declínio com infraestruturas subutilizadas. Coloque-se, portanto, diante da mesma demanda de reciclagem de sistemas de estruturas e espaços urbanos abandonados por deslocamentos de usos do solo, qualificados para

zonas de expansão, que atenderam, sempre, a interesses de alteração de valor de terrenos privados em situações remotas. As cidades que acolheram o processo de dispersão urbana acreditaram em possíveis vantagens de acessibilidade e mobilidade a partir de novos padrões de vias e infraestruturas criados para atender a essas novas áreas. No entanto, se consideram vantagens reais da inserção de novos usos no tecido histórico existente, como forma de manter a vida intensa nessas zonas, preservando a grande acessibilidade e apoiando a boa economia com relação ao uso dessas infraestruturas existentes. FAUSTO NILO

Zonas marrons

A divisão da cidade em regionais gerou uma promissora expec-

tativa que não se efetivou. Porém é imprescindível e inadiável a institucionaliza-ção de novas centralidades com vida autônoma, abri-gando uma população ao redor de meio milhão de pessoas, correspondente à população de uma grande cidade no Brasil e no mun-do. É uma solução de menor custo se comparada a todas as demais, além de ser a úni-ca que vai simultaneamente gerar economia de tempo e dinheiro, e, principalmente, menos congestionamen-to, menos estresse, menos poluição.

Inapelavelmente, implan-tar um novo macrossiste-ma viário e de transportes implica redefinir a rede de terminais rodoviários, ferroviários e aeroviários na busca de consolidação das novas centralidades. Nes-te cenário, apresentam-se como medidas fundamen-tais a municipalização das rodovias federais e estaduais e a confirmação do 4º anel viário como coluna vertebral da Região Metropolitana de Fortaleza, mediante a im-plantação dos equipamentos públicos de uso regional.

Por fim, Fortaleza, cidade privilegiada por natureza, habitada por uma popula-ção trabalhadora, afeita a superar desafios, que vive

com alegria sob o signo da esperança, há tempos me-rece posicionar-se entre as melhores cidades do mundo para se viver. O obstáculo é político; nossa capital preci-sa de uma nova governança, de um gestor capaz de lide-rar a elaboração e a implan-tação de um projeto de de-senvolvimento sustentável. Este seminário que agora se inicia, promovido pelo CIC, em parceria com instituições de ensino superior, é uma oportunidade rica de pers-pectivas e de possibilidades, cuja proposta deve ir muito além da “construção intelec-tual da cidade”. Seu produto principal será a reflexão, a sensibilização, a mobilização da sociedade para fazer da próxima eleição, tal como aconteceu em 86, um novo momento de mudança, um rito de passagem para um novo tempo, de uma Forta-leza próspera, justa, susten-tável e democrática.

Afinal, cidade nem é in-ferno, nem é paraíso. Cidade é o produto da sociedade local. E a cidade que a gente quer é a gente que faz. ADOLFO MARINHO

O problema é político

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Abordar o planejamento para uma cidade como Fortaleza exige um cam-po de visão privilegiado,

com foco no cidadão residente, com seus compromissos e obrigações que implicam condutas diferenciadas; passa pelo entendimento da realidade da cidade, com seus quase 2,5 milhões de habitantes, enfrentando conflitos urbanísti-cos, que na ótica de qualquer especialista, ou mesmo do cidadão comum, poderiam ser minimizados.

Planejar uma cidade implica organizar procedimen-tos técnicos, políticos e legais, transformá-los em rotinas de gestão e tentar conseguir de forma eficaz e participativa, produzir um espaço estrutural-mente organizado, democrático e viável, além de ambiental-mente sustentável e justo. A metodologia é idêntica à de qualquer processo de planeja-mento: definem-se os objetivos, estabelecem-se os métodos, as diretrizes e propostas, diferenciando-se somente na escala e no tempo. Uma cidade tem expansão progressiva e não tem momento final; a ordem natural é de um processo contínuo de desenvolvimento, e é imprescindível antever os mo-mentos de conflito e projetar soluções. Essa é a missão do Planejamento Urbano.REGINA COSTA E SILVA

A integração me-tropolitana é uma necessidade de For-

taleza. O sistema urbano da capital tem uma frota (operante mais reserva) ca-dastrada de 1.884 veículos, que produz 11 milhões km/mês e transporta cerca de 25,5 milhões de passageiros pagantes/mês (dados de agosto de 2011). O sistema metropolitano apresenta uma frota de 324 veículos, produzindo 3 milhões de km/mês e transportando 3,5 milhões de passageiros pagantes por mês (dados de agosto de 2011). Esse siste-ma tem porte bem menor que o sistema urbano de Fortaleza, mas causa inter-ferências contínuas porque todas as linhas do sistema metropolitano aportam no Centro de Fortaleza. Existe uma superposição de itinerário, muitas vezes até uma questão de con-corrência, mas o problema principal é a dificuldade de circulação. Esse sistema é convencional e representa hoje o que o sistema urba-no de Fortaleza era há vinte anos - um sistema radial concêntrico, com 6 anéis tarifários e nenhum tipo de integração.

Para uma integração metropolitana há neces-sidade de uma integração institucional. A Prefeitura de Fortaleza concorda com

a integração metropolita-na, desde que administre o processo. O Governo do Ceará também concorda com a integração metropo-litana, desde que a contro-le. E para esse impasse, há uma opção relativamente recente: o consórcio pú-blico, instituído a partir da Lei n° 11.107, de 2005. Tal opção consorciada foi implementada na Região Metropolitana de Recife, onde a gestão do sistema de transporte coletivo passou de um órgão estadual - a EMTU (Empresa Metro-politana de Transporte Ur-bano) – para um consórcio público - o Grande Recife Consórcio de Transporte. O consórcio de empresas é regulado pelo Direito Empresarial, mas o con-sórcio público é regulado pelo Direito Administrati-vo, uma vez que são entes da federação que se unem para formá-lo. Somente municípios ou municípios e Estado podem se associar para constituir um consór-cio público. FRANCISCO PESSOA DE ARAÚJO NETO

Integração metropolitanaMelhorar a

escola pública no Brasil é uma tarefa muito complexa e não podemos criar uma solução rápida para um problema tão importante e difícil de resolver.

Muitos pensam que toda escola pública é ruim. Isso é um grande erro, existem grandes escolas públicas. E que em décadas passadas foram ainda melhores. Não podemos negar que existam deficiências a serem sanadas. Mas as dificuldades e os problemas não podem ser imputados ao professor A ou B; ao diretor X ou Y ou ao governante fulano de tal. Os problemas da escola pública são essencialmente estruturais.

O primeiro desafio que enfrenta a educação pública brasileira atual é a falta de estímulo. TALES DE SÁ CAVALCANTE

Planejamento Educação

Fortaleza em Projeto é uma tentativa inédita da sociedade civil de levar os debates acerca

das alternativas para o destino de Fortaleza. LAÉCIO NORONHA XAVIER, advogado e professor

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Eficácia do financiamento

público, ampliação dos organismos municipais e melhor atendimento popular são condições complexas e necessárias à melhoria da saúde e constituem-se desafios relevantes para gestores e profissionais na busca incessante por sua efetivação.

Alguns conceitos de saúde ajudam compreender como o tema evoluiu nas últimas décadas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) conceitua saúde como “o completo bem estar físico, mental e social” vivido em harmonia entre homem, sociedade e o meio ambiente. Antes a Escola Européia definia saúde apenas como “a ausência de doença”. Fica compreendido que saúde é um bem público produzido numa relação entre sujeitos e que envolve acessos, bens e serviços em determinadas condições sócio-históricas. A ação interativa, solidária e harmônica desses pensamentos resulta em condições

concretas de vida com qualidade.

[...] Temos um sistema de saúde bem concebido e que apresenta bons resultados, com mudanças importantes nos indicadores de saúde do país, mas que aos 21 anos precisa ser repensado para enfrentar os desafios surgidos no percurso e que agora retardam ou obstruem seu avanço. [...] Como sistema o SUS precisa superar três ameaças: a apropriação inconsciente pela população que o utiliza, mas não o defende; a “desproteção” do sistema pelos governantes que o tem como “prioridade” apenas no discurso e a fragilidade induzida por terceiros que dele tiram proveito (privatização da assistência).

A superação do subfinanciamento exige a unidade de todos os entes federativos, a qualificação da assistência reclama providências e o fortalecimento da gestão. JURANDI FRUTUOSO

Ameaças à saúde

A Prefeitura estuda a viabilidade de construção de um

novo aterro para operar a partir de 2014, juntamente com a implantação da coleta seletiva de forma integrada. Enquanto isso não ocorre, deve atentar para necessi-dades inarredáveis: políticas públicas definidas; implanta-ção do processo de logística reversa; incentivos fiscais, financeiros e creditícios; o monitoramento e a fiscali-zação ambiental, sanitária e agropecuária; o incentivo à adoção de consórcios ou de outras formas de cooperação entre os entes federados, com vistas à elevação das escalas de aproveitamento e à redução dos custos; a

cooperação entre os setores público e privado na pes-quisa de novos métodos, processos e tecnologias de gestão; a cobrança do prin-cípio da responsabilidade compartilhada (todos somos responsáveis pelos resíduos que geramos); a otimização dos investimentos e custos operacionais com melhor uso de tecnologia e capacitação profissional; a gestão trans-parente e compartilhada; a utilização do gás metano dos aterros para geração de energia; a compostagem do lixo orgânico; a evolução da responsabilidade dos Agentes Reguladores e a mudança do foco de obras para os resul-tados dos serviços. EDMUNDO OLINDA FILHO

Saneamento e cooperação

Um dos maiores e atuais prob-lemas de nossa urbe é o trân-sito. Não tínhamos que circular de carro, e sim de transporte

público - metrô, ônibus, vans. Na atual situação em que Fortaleza se encontra não se consegue andar de metrô porque não existe ainda; de ônibus, devido à superlotação, aos congestionamentos traumáticos. Quanto ao adensamento populacional é muito importante se pensar nele como um ativo. Por meio do adensa-mento, concentramos as pessoas e tudo sai mais em conta para a cidade: transporte público, esgoto, água, energia. O problema não é adensa-mento populacional, é o trânsito, é o transporte público. Estamos deixando

de viver melhor por causa do trânsito. Estamos planejando a cidade para carros em vez de planejar a cidade para as pessoas. Estocolmo/Suécia e Londres/Inglaterra têm a “tarifa de pedágio verde”. Ou seja, no Centro, quem quer circular com seu carro, paga um plus, um pedágio, um ônus. Pode-se entrar e circular com seu carro no Centro dessas cidades, mas as pessoas pagam o equivalente a US$ 50,00 ou US$ 60,00 por dia. Isso é uma política pública de transporte: não proibir, mas desestimular a circulação de veículos de passeio em certos espaços angustiantes da cidade. Mas é impossível revitalizar o Centro sem Planejamento Urbano. ANDRÉ MONTENEGRO

Imobiliário

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É um quadro vexatório

Fortaleza ser a única capital sem um Instituto de Planejamento Urbano. Não produzimos conhecimento sistêmico sobre os 118 bairros de Fortaleza ou pensamos a cidade daqui a 10, 20, 30 anos, além de o nosso PDDU necessitar de 33 leis regulamentadoras. Não sabemos para onde rumamos em matéria de planejamento urbano, segurança, mobilidade urbana, turismo e meio ambiente. Ademais, Fortaleza não utiliza nem a sua orla na integralidade. Qual empresário vai implantar um hotel na Barra do Ceará, nas Goiabeiras ou no Titanzinho? O Governo do Ceará é um dos atores que mais desrespeita o planejamento urbano de Fortaleza. O Centro de Feiras e Eventos foi construído com ausência de licença ambiental e Estudos de Impacto de Vizinhança (EIV), prescindido do mar como valor agregado, sem hotéis na área e acirrando um Pólo Gerador de Tráfego (PGT)

na Av. Washington Soares. Não haveria estes problemas, se o Centro de Feiras e Eventos fosse instalado na Praia do Futuro, por exemplo, área que já detém toda a estrutura necessária. O Aquário é outro equipamento fenomenal, mas a sua previsão de construção numa região da Praia de Iracema que possui somente 1 avenida, sem mobilidade urbana e alvo da super-concentração de estabelecimentos de lazer, além do Dragão do Mar, é um acinte urbanístico. Caso quiséssemos cambiar as dinâmicas econômicas e urbanas da cidade, o Aquário deveria ser pensado para a Barra do Ceará ou Praia do Futuro.

As prefeituras devem ser administradas como uma holding de empresas. A Prefeitura de Fortaleza gerencia não somente um orçamento de R$ 5 bilhões, mas uma cidade com um PIB de R$ 32 bilhões. Como a Segurança Pública é uma política âncora, as diferentes pastas municipais devem ser geridas de maneira departamentalizada,

mas sempre atentas em integrar ações intersetoriais nos bairros, com prioridade para os mais carentes. Somente geridas com um planejamento adequado, meritocracia administrativa, integração gerencial e otimização de resultados, a gestão municipal pode alcançar seu objetivo primordial: o bem comum. É chegado o momento dos municípios assumirem suas obrigações constitucionais, incrementarem uma moderna concepção de Segurança Pública e criarem as secretarias municipais de Políticas Públicas de Segurança para atuarem em múltiplas parcerias institucionais (SSPDS, sociedade civil, empresariado, entidades do Terceiro Setor, mídia e universidades). Como bem assinalou John Lennon: A vida é aquilo que acontece enquanto a gente fica fazendo planos. LAÉCIO NORONHA XAVIER

Gestão de holding

Uma providência impor-tante para Fortaleza e Maracanaú seria, por

exemplo, a transformação da poda das árvores em energia. Toda “podação” urbana dessas cidades poderia ser aproveitada nas caldeiras do distrito indus-trial. Poderíamos ter uma unidade de vapor em Mara-canaú, a partir dessa ação. Lembremos que Fortaleza tem quase 100 áreas de ris-co e aproximadamente 600 favelas, e não nos consta que existem nessas comu-nidades carentes quaisquer projetos sociais, ambientais e econômicos.

[...] No bairro do Piram-bu, as comunidades, em parceria com a Socrel e a Coelce recolhem o plástico pet, moem-no e transfor-mam em telhas para casas populares e escolas do interior. São projetos como esses que geram renda para as comunidades carentes, agregam valor às marcas das empresas e representam a “nova economia verde”.

Podemos tornar Forta-leza uma cidade sustentá-vel. E o primeiro passo é simples: integrar as comu-nidades, as universidades, o setor empresarial e os poderes públicos através de projetos sociais, econômicos e ambientais. ALBERT GRADVOHL

Suntentabilidade

Vamos tornar Fortaleza uma cidade sustentável. O primeiro passo é integrar as comunidades,

as universidades e o setor empresarial.ALBERT GRADVOHL, economista

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Sobre Justiça Social, vale

ressaltar que o Brasil com 190 milhões de habitantes, tem 16 milhões ou 8,5% da população vivendo em “extrema pobreza”. São aquelas pessoas que vivem com até R$ 70 por mês e não têm acesso a serviços básicos. E o Nordeste, infelizmente, com aproximadamente 54 milhões de habitantes, ainda tem 9 milhões, ou seja, 18% de sua população, na extrema pobreza. Muito se fala que o Nordeste é pobre porque é seco ou porque não tem chuvas regulares. O Maranhão, que está fora da região semiárida do Nordeste, tem a maior pobreza relativa da região, com 25% da população maranhense na condição de “extremamente pobre”. Em Alagoas, 20%, ou seja, 1/5 da população é extremamente pobre. No Ceará esse percentual de “extremamente pobre” é de 17%, fato indicador que essa pobreza não é uma questão apenas rural, mas também urbana, fazendo-se presente nas cidades interioranas e em

Fortaleza. Não podemos

discutir a justiça social em Fortaleza, sem discutir a realidade do Nordeste. Da mesma forma, ao teorizar sobre a cidade justa, equânime, plena de oportunidades e sustentável não podemos deixar de considerar o ser humano em condições de extrema pobreza, que muitas vezes não consegue se integrar às dinâmicas de crescimento econômico. O que se almeja é um crescimento econômico que não somente ampare as pessoas que vivem na pobreza ou na extrema pobreza, mas se transforme em Desenvolvimento Sustentável, garantindo vida digna às próximas gerações de brasileiros de todas as regiões. Em especial, do Nordeste. WELLINGTON

SANTOS DAMASCENO

Justiça social

Fortaleza é uma cidade grande em quantida-de, mas nem sempre

em qualidade. Somos, por exemplo, grande em tamanho, 300 K m², e população, 2,5 milhões, mas pequena na alfabe-tização das crianças, 5º pior município do estado, e no salário médio do tra-balhador, entre as cinco piores capitais do Brasil.

Somos, no entanto, uma cidade rica em oportunidades. Ocupamos uma posição geográfi-ca privilegiada em um mundo cada vez mais globalizado, temos um padrão climático excelente

em um mundo cada vez mais cheio de catástrofes, somos uma cidade rica em amenidades culturais, ambientais e sociais, em um ambiente econômico que cada vez mais de-manda qualidade de vida.

O que precisamos é desenvolver uma base eco-nômica forte e moderna a partir da qual possamos fortalecer nossa base so-cial. Sem desenvolvimento econômico não existe de-senvolvimento social. Sem a prosperidade do pri-meiro não conseguiremos combater as precariedades do segundo. MARCOS C. HOLANDA

Modernização da base econômica

Um aspecto da deman-da do crescimento da cidade metropolitana

é a circulação. Por exem-plo, há vinte anos, cruzar a cidade de Fortaleza era uma tarefa comum na qual se levava cerca de meia hora. Atualmente, para alguém se transpor-tar de um setor para outro de Fortaleza é necessário pelo menos uma hora de circulação. O transporte coletivo na Região Me-tropolitana de Fortaleza, através dos sistemas viários e rodoviários, em nenhum momento conseguiu sua integração,

sendo os deslocamentos intermunicipais longos, caros e complicados. As demandas pelos servi-ços de saúde são outro aspecto a considerar. A Região Metropolitana de Fortaleza tem por volta de 3,7 milhões habitantes e todos os serviços de saúde de grande resolutividade estão concentrados na sua cidade-sede: Fortaleza. Somente alguns serviços de saúde de resolutividade parcial estão concentrados em Maracanaú. JOSÉ SALES

Integração da região metropolitana

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Fortaleza tem todo o potencial para conseguir ainda mais benefícios nesse novo mundo inter-

dependente, de tanto comér-cio, de tanto investimento e de tanta gente se deslocando. Mas precisa se preparar melhor, su-perando suas limitações. Para se credenciar como melhor destino de investimentos, de pessoas, de turismo, de negó-cios, o município de Fortaleza deve seguir melhorando suas possibilidades de inserção externa, mas, sobretudo, deve ousar um pouco mais. Não devemos esquecer que em vários momentos de sua história, Fortaleza se destacou como cidade aberta ao mundo; e graças a essa abertura, cres-ceu, se modernizou, e atingiu sua maioridade. PAULO HENRIQUE GONÇALVES PORTELA

Superar limitações

Entre as sugestões apontadas por Steve Jobs acerca da gestão de qualquer empresa, e que podem ser perfeitamente adaptadas para a gestão

governamental, elencamos: I. O gestor mediano está longe de ser o gestor eficiente; II. O showman precisa dividir espaço com o businessman, ou seja, quem está no poder precisa vender melhor o que faz; III. Novos produtos não bastam, precisamos de resultados; IV. Ninguém é insubstituível, uma vez que o poder é efêmero; V. O presidente não trabalha sozinho.

Na gestão pública moderna, eficiente e inteligente, o papel da liderança é definir o foco metodológico, constituir uma grande equipe e obter os melhores resultados. FRANCISCO DE QUEIROZ MAIA JÚNIOR

Gestão pública deve ser competente

Ou seja, o IPTU pode ser usado como um instrumento de Política Urbana, com caráter extra-fiscal, como está regulado no Estatuto da

Cidade. Tal norma federal autoriza o município a determinar que proprietários de imóveis urbanos parcelem, edifiquem ou utilizem determinados imóveis, sob pena de, num período de 5 anos, o valor do IPTU do respectivo imóvel aumentar mediante a aplicação de uma alíquota progressiva que pode chegar a 15%, o que configura um ônus bastante significativo a estimular o melhor uso da propriedade, levando em conta, inclusive, a sua finalidade social, conforme indicado no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) e na Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS) de cada município. O mau uso da propriedade pode, inclusive, depois de cumprido o referido período de 05 (cinco) anos de cobrança e do alcance do teto de 15%, implicar na desapropriação deste imóvel. O que se percebe em Fortaleza, é que, como em muitas outras cidades do nosso País, não foi ainda utilizado esse poderoso instrumento de Política Urbana. Nesse ponto é importante esclarecer que o tributo não se confunde com sanção, multa ou forma punitiva, uma vez que seu objetivo primeiro não é punir condutas lícitas, mas sim arrecadar recursos para o Poder Público. SCHUBERT MACHADO

Gestão tributária eficaz e distributiva

O Fórum de Tecnologia da

FIEC podia ter uma participação mais audaciosa nas políticas públicas de C&T do estado. Há uma barreira cultural no Ceará que precisa de medidas pragmáticas para ser implodida. Melhoramos muito, até porque havia uma dicotomia no Ceará: o pesquisador não gostava muito de se relacionar com empresário, que não se aproximava do pesquisador. Os editais de subvenção econômica da FINEP muito contribuíram para aproximar a academia do mundo empresarial, e vice-versa. Não podemos desperdiçar essas oportunidades, pois nunca se investiu tanto em Ciência e Tecnologia neste país. Governo, academia e empresários precisam “estar no mesmo barco, e remar na mesma direção”.

O poeta Antonio Barbosa diz que o jovem carrega pólvora dentro de si. No mundo moderno ela pode explodir com facilidade, pode mofar ou pode ser a ignição de sua realização. MAURO OLIVEIRA

Tecnologia

Há vinte anos, cruzar a cidade de Fortaleza era uma tarefa na qual se levava cerca de meia

hora. Hoje a circulação é grande problema.JOSÉ SALES, arquiteto

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O Centro de Fortaleza, infelizmente abandonado pela classe média,

é o espaço de referência de todo fortalezense. É urgente a recuperação de alguns prédios públicos. O Centro tem sérios problemas, principalmente, quanto à “Feira da Sé” e a transferência do “Beco da Poeira” para a antiga Fábrica Progresso. No entanto, é preciso encontrar uma solução para essas atividades econômicas da cidade, uma vez que não se pode e não se deve desperdiçar todo esse potencial que o Centro tradicionalmente apresenta.

Quanto à modernização do sistema de comunicação, a linha-tronco de fibra ótica alcança o Brasil a partir de Fortaleza. Essa condição facilitou o projeto Cinturão Digital capaz de integrar quase cem cidades cearenses e gerar um novo momento informacional, extremamente importante para a sociedade pós-moderna, uma vez que lida com transmissão quase imediata de imagens, dados e informações. O Cinturão Digital é, sem dúvida, uma conquista fundamental para um projeto de democratização da informação e de importância capital para a realização da Copa 2014. JOSÉ BORZACCHIELLO DA SILVA

Fortaleza está no foco dos grandes acontecimentos nacionais e internacionais.

É o principal destino turístico do Nordeste e o terceiro do Brasil, e a possibilidade de sediar megaeventos esportivos — a Copa das Confederações e a Copa do Mundo — projetará ainda mais a cidade de Fortaleza, confirmando sua vocação.

Em visita a algumas cidades da Alemanha como Stuttgart, Munique, Berlim e Frankfurt para dialogar com seus representantes, conhecemos um dos mais significativos eventos que os

alemães criaram durante a Copa de 2006, que foi a FanFest ou as festas dos fãs, em que eram promovidos os encontros dos torcedores para assistirem os jogos do campeonato mundial, não limitando sua participação ao papel de meros expectadores das arenas alemãs. Os encontros dos torcedores nos locais simbólicos e representativos da cidade serviram para, acima de tudo, promover as referidas cidades e torná-las referências mundiais na recepção de turistas de todo o mundo. EVALDO LIMA

No foco de grandes acontecimentos

O momento singular de Fortaleza com a Copa das Confederações e a Copa

do Mundo é que as obras, a infraestrutura pública e os investimentos privados por si só já deixarão um legado para o nosso destino, nosso povo, nossa cidade. Todavia, o grande legado será a visibilidade do “Visite Fortaleza” nas prateleiras turísticas do mundo todo: Fortaleza, Ceará, Brasil. A FIFA congrega 208 países e a ONU 192 nações. Imaginemos então, quantos bilhões de pessoas estarão vendo as imagens de Fortaleza e de outros destinos do turismo de nosso estado, a exemplo do que se viu há alguns

meses atrás o país onde nasceu Nelson Mandela. Nestes eventos serão bastante exploradas e repetidas as reportagens sobre a nossa terra até porque eles precisam ter o que falar, pois não passarão o tempo todo noticiando sobre futebol. Essa é uma oportunidade única, um divisor de águas para que o mundo saiba o que é o Brasil, onde é o Ceará e sua principal cidade - Fortaleza. Visões lindas ficarão na cabeça dos telespectadores do mundo todo: sol, céu, brisa, praia, temperatura de 26°, compras, forró, e nossa hospitalidade única. RÉGIS MEDEIROS

Um momento singular para Fortaleza

A importância da Copa

Já existem cidades criativas no Brasil e no Ceará. Guaramiranga, por exemplo,

tem demonstrado potencial para se confirmar como cidade dos festivais e da gastronomia. Fortaleza, por sua vez, precisa marcar sua presença no cenário das cidades criativas brasileiras. Mas, para isso, a cidade precisa de gestores competentes, tecnicamente qualificados e politicamente criativos. Mas, sobretudo, necessita construir uma visão de futuro. Em que área/com que rosto Fortaleza deseja ser reconhecida nos próximos 20 anos? CLÁUDIA LEITÃO

Cidades criativas

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M A I O 2 0 1 2 , F O R T A L E Z A , C E A R Á

1. OBJETIVOSPremiar anualmente 30 Cearenses utilizando o critério de

influência. No famoso Dicionário Aurélio o adjetivo influente

é definido como “quem influi ou exerce influência”. Trata-se

de um fato ou ação que afeta pessoas, coisas ou o curso de

um evento, especialmente quando funciona sem qualquer

esforço aparente direto. Influência também se traduz no

poder de influenciar ou afetar, sustentado no prestígio,

riqueza, habilidade ou posição. Em qualquer situação,

traduz reconheci mento e credibilidade.

2. O PROCESSOO Processo de escolha se inicia em consulta aberta na

internet. A lista final é fechada por equipe da Omni Editora.

Os escolhidos são comunicados por Carta protocolada

assinada pela direção da Omni.

3. O EVENTOO evento da entrega do Prêmio é totalmente patrocinado

pela Omni Editora. Serão entregues diploma e troféu

aos homenageados que comparecem ao evento.

Simultaneamente circulará edição especial da revista Fale!

com o perfil e retrato de todos os Influentes. A edição 2012

acontecerá em maio e terá convidado especial que falará

sobre O Brasil e as Megatendências Globais e Regionais.

4. CATEGORIASSÃO SEIS CATEGORIAS

1. Politicos 2. Empresários&Empreendedores 3. Artistas&Intelectuais 4. Profissionais Liberais 5. Esportes. 6. Ícone

www.revistafale.com.br

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O neurocirurgião assume a presidência da Unimed For-taleza desde 2002, sendo em 2010 reeleito pela terceira vez. Na entrevista a seguir à Fale! Dr. Mairton Lucena fala sobre os segredos e de-safios de comandar a maior cooperativa de médicos do Ceará. Conta também o que a Unimed oferece de melhor aos seus clientes que a colo-ca em alto nível de satisfa-ção de acordo com pesquisa Datafolha 2010. A pesquisa publicada na revista Super-Brands comprovou que 80% dos usuários estão satisfeitos com os serviços oferecidos pela Unimed. No dia 9 de janeiro de 2012, a Unimed Fortaleza comple-tou 34 anos de atuação. A a cooperativa possui cerca de 4.000 médicos coopera-dos, 395.000 clientes e 2.700 funcionários Nesses 9 anos de comprometimento com a Unimed Fortaleza, Mair-

Os desafios da saúdeO médico Mairton Lucena, presidente da Unimed, fala sobre a filosofia da empresa e mostra quais as metas da maior cooperativa de médicos do Ceará para 2012 — há 34 anos em atividade Por Larissa Sousa

“TEMOS NA UNIMED A seguinte concepção: o negócio é sustentável quando você procura

ter o seu ganho sem prejudicar os seus clientes, sem prejudicar os seus associados e também sem prejudicar o meio ambiente”, afirma o neurocirurgião Mairton Lucena, presidente da Unimed Fortaleza. Mairton também é membro das Sociedades Francesa e Brasileira de Neurocirurgia, da Sociedade Francesa de Neurorradiologia e da Sociedade Cearense de Neurologia e Neurocirurgia.

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ton presenciou muitos avanços e conquistas da empresa. Em 2011, A Unimed Fortaleza ganhou os se-guintes prêmios: o primeiro lugar no Prêmio nacional de recursos Humanos, realizado pela Unimed Brasil, renovação do selo de Acredi-tação Nível 3 do Hospital Regional Unimed (HRU), Prêmio Instituto Euvaldo Lodi de Melhores Práticas de Estágio e Melhores Empresas para Trabalhar segundo o Instituto Great Place to Work. Foi também pela quarta vez consecutiva, a úni-ca operadora de saúde ganhadora do prêmio Delmiro Gouveia na categoria melhor empresa em de-sempenho social com faturamen-to acima de 90 milhões. A seguir Mairton Lucena conta ainda quais as perspectivas e metas da Unimed Fortaleza para este ano, bem como

a filosofia da empresa que con-quista milhões de clientes.

Fale! Nesses 34 anos de atu-ação, qual o diferencial que a Unimed Fortaleza oferece aos seus clientes?Mairton Lucena. Bom, primei-ramente nós somos uma coope-rativa, e como cooperativa a gen-te não visa lucro. A cooperativa é uma instituição em que os asso-ciados compõem a instituição para melhorar os rendimentos de uma forma justa. É um sistema de mu-tualidade. Então se nós somos uma cooperativa e não visamos lucro, o nosso diferencial é que a gente pro-cura dar um atendimento eficiente, humanizado e que tenha de me-lhor uma medicina a cada momen-to. A medicina é uma profissão

que sempre está evoluindo de par com a tecnologia. O diferencial, resumindo, é que se pratica uma medicina de alta qualidade, huma-nizada e procurando ser eficiente à altura da modernidade.

Fale! A Unimed ganhou mui-tos concorrentes aqui no Ceará, como a Amil, Hapvi-da. Em 2012, dá para crescer mais no meio de tanta con-corrência?Mairton Lucena. O momento é um momento propício ao cres-cimento, porque de qualquer ma-neira a clientela chega a comprar o plano dependendo da situação econômica. A situação econômica do país é boa. E se tem perspecti-va de que nos próximos anos, pelo menos até 2014, se mantenha o

Temos 70 tipos de

plano. O mais novo plano é o Unimed Estilo. É o único em Fortaleza e no Ceará com perspectiva de atendimento em grandes hospitais. Ele é um plano nacional de alto padrão.

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O negócio é sustentável

quando você procura ter o seu ganho sem prejudicar seus clientes, sem prejudicar os seus associados e também sem agredir o meio ambiente o mercado.

mesmo ciclo de melhoria econô-mica financeira. Então a resposta se dá para crescer? Dá! Agora, o crescimento estará atrelado a se você tem um diferencial. O dife-rencial que nós temos é que o mé-dico que atende o cliente é o dono da cooperativa, ele é o proprie-tário, então ele vai procurar dar o melhor em atendimento e com isso fidelizar aquele cliente dentro da instituição. Se você perguntar para os médicos qual o melhor pla-no de saúde para eles, com certeza eles vão dizer: Unimed! Isso é um grande motivador de vendas que a gente tem. É a consciência de que a Unimed, para o médico coopera-do, é melhor plano de saúde.

Fale! Qual o senhor acredita ser o índice de satisfação do usuário?Mairton Lucena. 80%, em nível nacional. Eu estava lendo a revis-ta SuperBrands que eu recebo da Unimed Brasil. Eu estava folhean-do entre as mais de 100 marcas que a revista traz. Este ano foi feita uma pesquisa Datafolha 2010 de índice de satisfação do cliente, e a Unimed obteve 80%. Está comprovado.

Fale! Aponte melhorias que a Ouvidoria deu encaminha-mento por conta de suges-tões e críticas dos clientes.Mairton Lucena. Uma das me-lhorias que temos feito e realmente tem surtido efeito foi a segmenta-ção do atendimento. Lá no nosso hospital, tínhamos o atendimento de pediatria juntamente com adul-to. Adultos e crianças. E se escutava o pessoal dizer que o atendimento era diverso. Em parte, isso se deve ao fato de nós termos algumas ca-racterísticas culturais. Quando a criança vai para o atendimento, vai também a mãe, o pai, o avô, a tia e o padrinho. Dessa forma o hos-pital se tornava muito tumultuado. Então, nós decidimos segmentar o atendimento adulto/criança. Co-locamos um atendimento só para

as crianças, o Centro Pediátrico Unimed Fortaleza, na Rua Padre Chevalier, e também fizemos a seg-mentação por tipo de plano. Com essa separação a gente também conseguiu dar um diferencial no atendimento. Diminuiu a quanti-dade total do atendimento e tam-bém a qualidade melhorou, porque não demorou muito para ser aten-dido. Antigamente o atendimento na nossa central demorava cerca de 40 minutos. Nós fizemos toda uma reestruturação, uma revisão dos processos. Hoje, a média de atendimento é em torno de 8 a 10 minutos. Você tem que estar ou-vindo o que o cliente está falando, porque se você não atendê-lo, na-turalmente ele vai procurar outros caminhos.

Fale! Quantos planos a Uni-med oferece e quais os seus alcance e vantagens?Mairton Lucena. Temos 70 ti-pos de plano. O mais novo plano é o Unimed Estilo. É o único em Fortaleza e no Ceará com perspec-tiva de atendimento em grandes

hospitais. Ele é um plano nacio-nal de alto padrão onde você pode ser atendido em grandes hospitais aqui de Fortaleza, dando uma ên-fase para o nosso hospital HRU e também para o Monclinicum. Se você quiser ir pro São Carlos, pro São Matheus, esse plano está inclu-ído. Além disso a gente fez contra-to com todos os grandes hospitais das capitais brasileiras. Se você for para São Paulo, você vai ser aten-dido no Sírio-Libanês, se você for para o Rio você vai ser atendido na rede Copador, Barrador. Se você for aqui pro Recife, hospital Aliança, se for para Porto Alegre tem o Moinho dos Ventos. Então focamos nos grande hospitais, e esse plano tem toda essa cobertu-ra. O segundo plano que vem na sequência é o Multiplan, também é um plano nacional, porém ele não é atendido nesses hospitais ante-riores. Por exemplo, o ponto forte do Multiplan, em São Paulo, é o hospital Santa Helena. Tem tantos outros, mas especialmente o Santa Helena porque ele é um hospital da rede Unimed paulistana. O ou-tro é o Uniplano, ele é um plano de atendimento estadual. Se você for para Recife, você não vai ser aten-dido por esse plano. É um plano mais em conta, porque ele é uma rede de atendimento menor. E o plano mais iniciante, nós temos o Unimed Núcleos. O atendimento do Unimed Estilo Núcleos é feito aqui na São Raimundo, na Unicli-nic, no CuraDars. E o Multiplan e o Uniplano é feito lá no hospital Unimed.

Fale! Qual a responsabili-dade de comandar a maior cooperativa de médicos do Ceará e o maior plano das regiões Norte-Nordeste e Centroeste?Mairton Lucena. A responsa-bilidade é grande, mas a indicação para o cargo é democrática. As elei-ções acontecem a cada quatro anos e todos os cooperados são convi-

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Temos uma perspectiva

de cresceminto de cerca de 14% em 2012. Se nós terminamos o ano passado com 751 milhões, esperamos que o faturamento da empresa ultrapasse R$ 1 bilhão.

dados a votar. Hoje nós somos mais de três mil oitocentos, aproxima-damente 90% desse número vem votar. Eu fui eleito, na última vez, com quase 700 votos de diferen-ça do oponente. Então quer dizer, eles largamente apoiaram o nosso nome. “Nosso” porque nós somos cinco diretores. O Conselho daqui possui cinco diretores e 3 conselhei-ros. De modo que a responsabilida-de é diluída pelos demais diretores. Por outro lado, eu sei que a coope-rativa representa um mix: de um lado nós somos uma cooperativa, do outro nós somos um plano de saúde. Aqui a gente também equi-vale a um partido político, nós tra-balhamos quando precisa melhorar o nível salarial. A gente se junta e vai conseguir em cima das institui-ções. É muita responsabilidade, po-rém também é muito bom, porque eu sei que estamos prestando um bom serviço para os cooperados e também para os nossos clientes.

Fale! Como foi a experiência da Unimed no estado do Cea-rá ao patrocinar os dois gran-des clubes de futebol daqui (Ceará e Fortaleza)?Mairton Lucena. Foi muito bom. Gostaríamos até de fazer um pouco mais, porque a exemplo de outras Unimeds, a atuação aqui ainda é pequena. Não podemos comparar com a Unimed Rio que há muito tempo patrocina o Fluminense e é muito forte. Infelizmente o nosso esporte aqui não tem a vitalidade e não é tão rico como eu citei a Unimed Rio. Mas a gente tentou de um lado atrelar a cooperativa ao esporte, a uma maneira sau-dável de vida que é você praticar o esporte. A gente tem uma vez por ano uma corrida que já está no calendário, dia 18 de outubro, mais ou menos na data do dia do médico. Uma corrida muito dis-putada, em torno de 1.500 parti-cipantes, e que a gente estimula os médicos e a população em ge-ral a ter essa participação.

Fale! A Unimed Fortaleza terminou 2010 com a recei-ta operacional bruta acima de R$ 785 milhões. Saiu no site invest NE que o senhor afirmou que esse crescimen-to se deve ao fato de: “A Unimed Fortaleza ter ado-tado estratégia de mercado direcionada para sustenta-bilidade do negócio.” A que sustentabilidade o senhor se refere?Mairton Lucena. Sustentabilida-de é uma palavra muito em voga. A gente tem a seguinte concepção: o negócio é sustentável quando você procura ter o seu ganho sem pre-judicar os seus clientes, sem preju-dicar os seus associados e também sem prejudicar o meio ambiente. Então a gente procura dentro da nossa concepção ter um tanto de programas. Nós temos aqui um departamento de responsabilidade sócio-ambiental, e que dentro des-se departamento deve ter uns 12 programas em que trabalhamos a sustentabilidade. Tanto de um lado

fazendo ações sociais como tam-bém fazendo ações para prevenir o ambiente.

Fale! Que programas são es-ses programas voltados para a sustentabilidade?Mairton Lucena. Exemplo, a Convenção Nacional de Médicos, no mês de outubro, nós fizemos aqui em Fortaleza. Todas as Uni-meds vieram para cá. Tivemos um programa para plantar 1000/1200 árvores para neutralizar o carbono, emissões que seriam feitas nesse momento. Nós iniciamos as plan-tações simbólicas lá na Praça do Exército (Praça das Flores), e na sequência, nós disponibilizamos as mudas para colocar no Parque do Cocó. Nós também temos outro programa que eu acho muito legal. É o “Ecos do Mangue”. Nós fizemos uma parceria com a população ri-beirinha e artesã aqui do Parque do Cocó onde a gente faz uma contri-buição em dinheiro mensal e eles pegam esse dinheiro e compram materiais para fazer artesanato. O dinheiro que ganham da venda dos produtos serve, de certa for-ma, para sustentá-los. Temos ou-tro programa que eu também acho muito bom que patrocina institui-ções, como o Lar Francisco de As-sis. Lá muitas pessoas têm o dom de falar bem e de escrever. São pessoas acima de 70 anos que con-tam histórias de vida. Temos uma parceria com a Associação dos Diabéticos e Hipertensos em que procuramos promover tratamen-to preventivo, para que as pessoas que possuem diabetes ou pressão alta se cuidem e evitem também fazer com que tenham episódios de sinistro. E fechando o ciclo nós temos a Medicina Preventiva, um departamento localizado na Santos Dumont com Carlos Vasconcelos. São vários programas onde pro-curamos prevenir doenças rumo a uma vida saudável. Então basta citar um deles que eu acho que é o mais importante: nós temos 10.000

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Inaugurado em 1999, o Hospital Regional Unimed (HRU) é ganhador de diversos prêmios e, desde então, passou a ser referência nacional. Localiza-do na Av. Visconde Rio Branco, O HRU é o maior hospital de todo o sistema Unimed e o único no Ceará a contar com Nível 3 (máximo) de Acre-ditação Hospitalar, certificação concedida pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) que representa excelência em qualidade de atendi-mento e segurança ao paciente. O Hospital Regio-nal Unimed Fortaleza também é o único privado de Fortaleza com autorização do Ministério da Saúde para a realização de transplantes renais, além de ser o único a dispor de plantão em obstetrícia. Hoje com 600 médicos, o HRU conta com 186 leitos e inova a cada dia por meio de serviços pioneiros no Estado, como o Time de Resposta Rápida (TRR), que oferece mais segurança ao paciente e reduz a taxa de mortalidade hospitalar.

clientes e que acompanhamos dia-riamente ou pelo menos semanal-mente. São enfermeiras treinadas e que estão ligando para os clientes para saber se eles estão tomando a medicação, se a pressão está no nível certo, se estão precisando de algum ajuste de remédio, se estão fazendo algum exercício físico. Com isso, já evitamos que o cliente tenha AVC, tenha crise, precise se internar ou que crie mais complicações para a família e para o próprio cliente.

Fale! Quais as metas da Uni-med Fortaleza para 2012?Mairton Lucena. Acreditamos que nós vamos continuar cres-cendo este ano. A gente estima que deva crescer, em número de clientes, pelo menos uns 12%. Nós

concluímos o ano com 381.000 clientes. Deve fechar em torno de 400.000 clientes aqui em Fortale-za. Fizemos uma pareceria com a Cafaz (Caixa de Assistência dos Servidores Fazendários Estadu-ais). Eles não estão incluídos nos nossos clientes, mas somos nós que vamos passar a atendê-los. Vale lembrar que uma coisa é o cliente que porta a carteirinha da Unimed, outra coisa é o clien-te da Cafaz, e nós que atendemos eles. Nós vamos chegar ao final do ano com uns 430.000. Financei-ramente, temos uma perspectiva que cresça até um pouco mais, uns 14%. Se nós cumprimos o ano passado com 751 milhões, a gente espera que o faturamento da em-presa chegue a mais de 1 bilhão.

E falando em benefícios para os clientes, nós estamos concluin-do um pronto-atendimento lá na Bezerra de Menezes, onde nós já temos um atendimento com nú-cleos, dando sequência à mesma política de segmentar o atendi-mento. Colocar pontos de aten-dimento na cidade de modo que você possa facilitar a resolução dos problemas de saúde dos clientes. Então, eu acho que lá pelo mês de março nós estaremos inaugurando um novo pronto-atendimento na Bezerra de Menezes em que nós vamos disponibilizar atendimento de especialidade básica: pediatria, ginecologia, cirurgia geral e clíni-ca médica. Às vezes a gente tam-bém disponibiliza cardiologia de-pendendo da necessidade.

GREVE. 1. Ao lado acima: O presidente Mairton

Lucena recebe o troféu Hospital best 2003, o qual

já conquistou sete vezes 2. Ao lado: prédio do HRU hoje. 3. Abaixo: início da

construção do HRU em 1993. FOTOS: UNIMED

O maior hospital da Unimed, em Fortaleza

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Criptografia baseada no caos, segurançaMídias Sociais e Cidadania — o uso da Internet como meio de relacionamento, informação e politização esbarram num problema, a ameaça de hackers. Um novo sistema de criptografia baseado na teoria do caos pode ser a solução

Cibercultura

Uma equipe de pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP trabalha no desen-volvimento e aprimoramento de um novo sistema de criptografia (codificação de dados), baseado na teoria do caos. A técnica é mais eficiente que os métodos conven-cionais e pode oferecer maior se-gurança a transações financeiras online, por exemplo. O método também apresenta a vantagem de operar em alta velocidade até mes-mo em aparelhos que têm hardwa-res limitados e pouca capacidade de processamento.

A base do sistema é a meto-dologia dos autômatos celulares, proposta pelo matemático inglês Alan Turing (1912-1954), utilizada na geração de números aleatórios, desenvolvida por Stephen Wolfram

UMA EQUIPE DE PESQUISADORES do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da Universidade de São Paulo trabalha no desenvolvimento

e aprimoramento de um novo sistema de criptografia (codificação de dados), baseado na teoria do caos. A técnica é mais eficiente que os métodos convencionais e pode oferecer maior segurança a transações financeiras online, por exemplo. O método também apresenta a vantagem de operar em alta velocidade até mesmo em aparelhos que têm hardwares limitados e pouca capacidade de processamento.38 Fale! | F E V E R E I R O 2 0 1 2

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(1959), cientista inglês. O processo tem inúmeras aplicações na ciência, desde soluções para experimentos em Física até a segurança tecnoló-gica — a criptografia. A proposta da pesquisa do IFSC é uma nova utilização dos autômatos celulares, que serviriam para gerar números pseudo-aleatórios muito fortes e, assim, uma criptografia forte.

A vantagem deste sistema de criptografia é a velocidade em que opera, além da facilidade de ser im-plementado em telefones celulares ou equipamentos que não possuem hardware de grande capacidade. “Nós temos um sistema que pode ser implementado por hardware porque não é um algoritmo pesa-

do”, explica Odemir Bruno, docente do Grupo de Computação Interdis-ciplinar do IFSC e responsável pelo desenvolvimento do projeto. O mé-todo desenvolvido pela equipe do IFSC é uma maneira potencial de tornar ilegível essencialmente qual-quer tipo de dados na computação, como fotografias, filmes, textos, disco rígido (HD), entre outros.

De acordo com o pesquisador, para decodificar a mensagem ge-rada pelo dispositivo, seria neces-sário utilizar um sistema caótico idêntico àquele do qual o disposi-tivo se utilizou para codificá-la em primeiro lugar. “A chance deste sis-tema ser quebrado é infinitamente menor do que a chance de quebrar

senhas convencionais utilizadas hoje em dia na internet, porque o número de combinações utilizadas para gerar aquele padrão específi-co de codificação é muito maior do que as combinações possíveis nos métodos atuais, que são baseados em aritmética e em uma matemá-tica mais básica”, comenta. Muitos pesquisadores da área afirmam que, ao enviar uma mensagem so-breposta por um sinal caótico e por ele criptografada, a codificação é aleatória e essencialmente impossí-vel de ser diferenciada da aleatorie-dade natural.

SegurançaO principal benefício deste de-

Uso da tecnologia da informação, essencial para empresas

A engenheira Kumiko Oshio Kissimoto estudou, em seu

mestrado na Escola Politécnica (Poli) da USP, a influência que a Tecnologia da Informação (TI) tem na estratégia de personalização das empresas e concluiu que ela é essencial para quem busca aprimorar os seus negócios. A personalização de produtos é uma estratégia que visa a fabricação de bens em que algumas características são definidas pelo próprio cliente. Por meio da interação que existe entre o cliente e a empresa, tanto o produto como a experiência que o consumidor tem no momento da compra são construídos.

O estudo, intitulado A influência da tecnologia da informação na estratégia de personalização nas empresas brasileiras, foi orientado por Fernando José Barbin Laurindo e constatou que empresas que desejam trabalhar com personalização devem

considerar como ponto de partida as necessidades dos clientes e não mais as de seu próprio processo ou de seus produtos. Kumiko utilizou três empresas como estudo de caso e pôde estabelecer algumas relações interessantes a respeito do tema. Por exemplo, a TI melhora a eficiência da infraestrutura da empresa no setor que dialoga com o público (o chamado “front-

office”). Esta interface deve ser bem desenvolvida, pois é por meio dela que as necessidades e preferências dos consumidores são captadas e transferidas como atributos dos produtos ou serviços oferecidos.

A engenheira também observou a necessidade de um alinhamento estratégico entre as áreas de negócios e de tecnologia da informação. Este processo pode ocorrer informalmente pois deste modo, sem burocracias, fica mais fácil acompanhar o ritmo dos clientes. “Os modelos teóricos que regem o alinhamento estratégico ainda são válidos, mas a forma de analisar mudou por causa da internet, que alterou a lógica de tudo”, comenta a pesquisadora. Nas três empresas pesquisadas, este alinhamento estava presente, e um ponto observado em todas elas foi a proximidade existente entre os principais executivos de negócios

Cibercultura

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senvolvimento é a promessa de maior segurança em transações bancárias e comércio via internet. Um projeto semelhante divulgado em um artigo científico de 2010, escrito por Marina Jeaneth Machi-cao e Anderson Marco, em parceria com o professor Odemir, já associa-va de maneira inovadora o método tradicional de criptografia à teoria do caos. “De alguma forma, vemos uma contínua batalha entre pesso-as que geram criptografia e pessoas que quebram essa criptografia, por isso precisamos estar à frente no de-senvolvimento constante de novos métodos”, explica Odemir Bruno.

Para demonstrar a presença da teoria do caos, ou ciência não-li-

near, no cotidiano, o professor do IFSC aponta que a própria matu-reza pode ser modelada como um autômato celular, pois o funcio-namento dos seres vivos se dá por meio da interação de células que podem ser vistas como pessoas que, quando em conjunto, dão origem a uma folha, ou a algum órgão do corpo humano, por exemplo.

Os fractais, objetos geométricos que podem ser divididos em par-tes idênticas ao objeto original, compõem uma parte importante na investigação dos pesquisadores e podem ser encontrados na na-tureza de diversas formas, desde a forma de uma couve-flor até a cauda de um pavão, e mesmo na

costa fragmentada de países como a Inglaterra.

“A natureza se utiliza de méto-dos matemáticos que os cientistas só conseguiram desenvolver na década de 70 do século passado”, conta Odemir. “Muitos fenôme-nos naturais encontram uma ex-plicação mais exata na teoria do caos, desde o funcionamento dos seres vivos até a maneira com que a natureza gera certos fenômenos aleatórios”. No IFSC, os pesquisa-dores utilizam essa teoria para de-senvolver um software para reco-nhecimento de plantas, e no caso dos fenômenos aleatórios, para criar um sistema inovador de co-dificação de dados.

com os executivos de TI.Kumiko ainda destaca que

o tipo de indústria influencia no sucesso da questão da personalização. Uma indústria automobilística, por exemplo, não tem muitos caminhos para personalizar um produto.

As corporações estudadas pela pesquisadora incluíam uma loja de artigos esportivos e uma loja virtual de produtos diversos. A loja de artigos esportivos trabalhou com a experiência que o consumidor tem com o produto, já que não era possível customizá-los. Deste modo, a loja construía ofertas diferentes para cada cliente. Já a loja de produtos diversos, desde a sua concepção, foi estruturada para trabalhar somente em ambiente virtual, personalizando os produtos comercializados. Além de oferecer a personalização, a empresa incentiva a colaboração, ou seja, os próprios consumidores criam os designs e layouts dos

produtos comercializados. “Essa é uma estratégia que aumenta a fidelidade do público, o alcance da marca e abaixa o custo de produção”, completa Kumiko.

DesafiosA engenheira observou

que a virtualidade é uma estratégia muito importante na personalização, mas que precisa de três pré-requisitos funcionando em conjunto para dar certo: os processos de relacionamento com o cliente tem de estar maduros; a captação do conhecimento, sua disseminação e internalização têm que estar bem desenvolvidos, e é necessário saber transformá-los em potencial competitivo, trabalhando com o conhecimento adquirido. Segundo ela, quanto mais trabalhados estes aspectos, maior a capacidade de personalização destas empresas.

A pesquisadora destaca a internalização do conhecimento como um desafio para as

empresas no que diz respeito à personalização: “Elas conseguem identificar os seus problemas e as mudanças desejadas pelos consumidores, mas ainda não conseguem internalizar este conhecimento de forma sistemática”.

Refinamento da teoriaKumiko acredita que sua

pesquisa refina a pesquisa teórica na área, já que grande parte dela vem da década de 1990. Desde lá, as tecnologias se desenvolveram com velocidade e é necessário refletir como estes modelos vão se refletir no modelo de negócios atual. A pesquisadora também diz que novas ferramentas, como as mídias sociais, vêm influenciando a personalização de produtos. Tais ferramentas não foram o foco de seu trabalho de mestrado, mas a engenheira os incluiu no seu estudo de doutorado, em curso. — POR MARIANA SOARES

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Internet e CidadaniaParlamentares da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará falam da importância da Internet e das redes sociais para informar, interagir e receber demandas da população

FERNANDO HUGO. O Deputado Estadual Fernando Hugo declara encontrar nas ferramentas virtuais, um amplo suporte para o seu desempenho como parlamentar. Segundo as suas próprias palavras, e na eloquência que lhe é peculiar:” A vida moderna atinge o seu degrau superior, fazendo com que um embricamento instantâneo una pela preciosidade da informação os povos, bem como os continentes. A vida política ultramoderna tem no toque genialesco da informática a peculiaridade de transportar idéias, fatos e ações no imediatismo do pensamento, universalizando desde a câmara parlamentar mais humilde até as hostes congressionais mais imponentes. Isto propicia percucientemente o entendimento popular tão indispensável à boa cidadania, propiciando a todos que têm acesso à pérola da modernidade que é a informática, conhecimento, debates, propostas e reivindicações instantâneas aos representantes dos poderes.” Utilizando com mais assiduidade as ferramentas do Facebook e Twitter, Fernando Hugo enfatiza que “é incocebível se falar em política nesse início do século 21, sem a utilização da mais audaciosa forma de comunicação até hoje existente.

MAÍLSON CRUZ. O deputado estadual Maílson Cruz, do Partido Republicano Brasileiro, é um amplo usuário do Twitter e do Facebook, e prioriza o uso da Internet, como um fórum virtual de intercâmbio de idéias e revalidação dos preceitos democráticos. Tendo criado um grupo virtual de diálogo e interação com a comunidade, acolhendo também críticas e sugestões, o parlamentar criou o projeto Cidade Virtual nos municípios cearenses de Tauá e Limoeiro do Norte, que ganhou inclusive o Prêmio Idéias Inovadoras do Sebrae. Apesar de considerar a Internet, uma mídia ainda segmentada, Maílson Cruz acredita e aposta na eficácia de seu desempenho como ferramenta de interação social e política, bem como um plano aberto de exercício democrático da cidadania e da ação política como um todo, um novo polo de integração entre o parlamentar e a comunidade. Quanto ao seu Projeto Cidade Digital, ele está propiciando o acesso à Internet às cidades as quais abrange, dentro da filosofia do Projeto Cinturão Digital do Governo do Estado do Ceará, que visa informatizar com custos reduzidos 86% da população urbana do Ceará com Internet banda larga. Quanto ao Cidade

Digital, foi criada inclusive uma Praça Virtual para moradores de Limoeiro do Norte interagirem como nas velhas praças interioranas.

HEITOR FÉRRER. O deputado estadual Heitor Férrer, do PDT, se considera um dos grandes entusiastas da Internet na Assembléia Legislativa, sendo até enfático ao afirmar que “a democracia agradece a essa nova ferramenta que abre um espaço valioso para a participação popular, se constituindo assim uma tribuna virtual aberta, com níveis de divulgação, transparência e rapidez da maior expressividade. Trata-se de um mecanismo extraordinariamente barato e transparente, e utilizo como um meio privilegiado de divulgação dos meus propósitos.” Heitor Férrer, manifesta uma predileção especial pelo Twitter e pelo Facebook, e enfatiza que as mídias sociais criam um espaço de atuação e transcendência parlamentar, para muito além dos limites do próprio plenário legislativo estadual.

PAULO DUARTE. O deputado estadual Paulo Duarte, da sigla Democratas, assevera que a Internet, “democratizou a

Cibercultura

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democracia,” segundo suas próprias palavras, a partir da abertura da participação popular, criando assim um novo polo virtual de exercício da própria cidadania. Para o parlamentar, trata-se de uma ferramenta indispensável que possibilita à comunidade, tanto um acompanhamento cotidiano de toda a atividade do representante público, bem como uma interação dessa mesma comunidade com o parlamentar. Utilizando preferencialmente, o Twitter e o Facebook, Paulo Duarte na Internet como uma transcendência os próprios limites da Casa legislativa, democratizando o acesso do eleitor ao homem público, e vice-versa.

FERREIRA ARAGÃO. O deputado estadual Ferreira Aragão, também apresentador televisivo do Programa Comando 22, na TV Diário, além de um recordista em audiência e produção legislativa, garante utilizar o facebook como mídia social favorita, deixando claro que a internet é uma ferramenta altamente importante para a comunicação e para o exercício pleno da cidadania, além de ser uma canal da maior valia no que se refere ao propiciamento da participação popular. Integrado à comunidade até mesmo por conta de sua atuação como parlamentar e como comunicador, Ferreira Aragão se posiciona nitidamente favorável à utilização do espaço virtual como desenvoltura plena da cidadania como conceito e ação.

HERMÍNIO RESENDE. O deputado estadual pelo PSL, Hermínio Resende utiliza o Facebook e o Twitter como ferramentas prediletas na qual, segundo ele, se instrumentaliza todo tipo de participação popular através desse tipo de interação aberta, no que o leva a concluir que a Internet se configura como um equipamento relevante para a consolidação da democracia pura e simples. Ximenes ressalta ainda a transparência do poder legislativo, tanto no espaço virtual como também em outras mídias.

CARLOMANO MARQUES. O deputado estadual Carlomano Marques, assinala o exemplo da revolução do mundo árabe, a Primavera Árabe, para ilustrar as importância interativa da Internet como expediente de interação social. Segundo ele, trata-se de um autêntico observatório eletrônico do que acontece dentro da própria Assembléia Legislativa, a partir do princípio de que cada frase, ou afirmação, por parte de um parlamentar pode suscitar toda uma onda de comentários virtuais, o que confere à mídia social todo um papel de consolidação da própria democracia em sua essência maior.

Carlomano Marques, que prefere ferramentas de pesquisa como Google, Skype e Hotmail assinala a criação do Projeto Cinturão Digital, por parte do Governo do Estado do Ceará, que através de 260km de cabos de fibra ótica, pretende interligar virtualmente 92 municípios cearenses, beneficiando 86% da população urbana do Ceará.

HERMANN HESSE O jornalista Hermann Hesse, coordenador de Comunicação Social da Assembléia Legislativa do Estado do Ceará assinala que a utilização da mídia social confere uma maior transparência às ações do poder legislativo. Hermann Hesse adianta ainda que a comunicação do poder legislativo atua como uma resposta articulada à grande mídia que trata a informação do poder legislativo com desdém, enquanto que o setor de comunicação da Assembléia Legislativa do Ceará, por exemplo, procura atingir um público cada vez maior, utilizando as ferramentas com a maior capilaridade possível, haja visto o fato do Twitter da Assembléia Legislativa contar com quase quatro mil seguidores. O jornalista ressalta também toda a interrelação entre as várias modalidades de ferramentas aplicadas no complexo midiático da casa legislativa, principalmente no sentido de tornar pública a ação dos 46 parlamentares, além de atrair o internauta para a mídia convencional, servindo assim de suporte para essas mesmas mídias, quais sejam, o rádio, a TV, etc. n

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44 Fale! | A B R I L 2 0 1 2

Glossário das Mídias SociaisAs mídias sociais

representam um mercado emergente dentro das várias opções de investimentos na Internet. Acontece que o surgimento de novas ferramentas, redes e formas de desempenho a uma velocidade crescente, pede uma atualização constante de termos e inovações que assomam a cada dia nesse novo e fascinante mercado. Vamos a alguns deles

BLOG. Um blog é uma página da Web estruturada de modo a permitir uma atualização rápida de informações, geralmente em torno de uma mesma temática. Trata-se de uma ferramenta que pode por exemplo, ser utilizada em uma empresa ou entidade visando otimizar a comunicação entre equipes, departamentos e pessoas.

E-MAIL MARKETING. Peças publicitárias em formato HTML destinadas a usuários cadastrados e que deram autorização do recebimento das informações referentes à marca ou à empresa.

BUZZ MARKETING.Termo referente a uma estratégia de marketing visando incentivar um indivíduo a repassar a outros de seu âmbito social, certas

informações acerca de um produto, serviço, etc.

REDES SOCIAIS ONLINE. Define-se como rede social uma estrutura que abrange, organizações ou pessoas, conectadas por uma ou vários tipos de relações, e com valores, interesses e objetivos comuns. As Redes Sociais atuam em níveis diferenciados, como por exemplo, as redes de relacionamento como:-Facebook-Orkut-Twitter-Myspace,Ou então em redes profissionais (linkedin), ou mesmo as redes comunitárias, como por exemplo, as redes sociais em bairros ou cidades, ou em um caso mais específico, em redes políticas. Elas permitem uma análise bem ampla de dados relevantes como a forma de desenvolvimento das atividades das organizações, o meio de alcance de objetivos por parte de indivíduos, e até a mensuração, ou seja a medida do capital social obtido pelos indivíduos como a rede social.

LINK BUILDING. O processo de estruturamento do total de links externos para um site.

NEWSLETTERS.

Informativos com artigos, notícias e sugestões que são remetidos a e-mails com cadastro prévio.

BUSCA ORGÂNICA. Links em ordem de relevância em uma página de resultados.

FEED. Termo oriundo do idioma inglês, que significa “ alimentar”, os feeds são utilizados para que um usuário da Internet, possa ter acesso e acompanhamento de diversos artigos ou conteúdos de um site ou blog, sem que precise visita-lo.

WOMMWORD OF MOUTH MARKETING. Estratégias de marketing que estimulam indivíduos a repassar uma mensagem de marketing para outros, potencializando o conteúdo dessa mesma mensagem.

TRANSMÍDIA STORYTELLING.Narrativas e conteúdos que lançam mão de diferentes mídias para completar uma mensagem inicial. Trata-se de uma técnica adequada para atingir públicos diversificados visando criar engajamento sobre uma marca ou um produto.

MARKETING VIRAL.Também chamado

de publicidade viral, refere-se a técnicas de marketing que buscam explorar redes sociais pré-existentes, visando a produção de aumentos exponenciais em conhecimento de marca.

MÍDIAS SOCIAIS.Conteúdo online criado por indivíduos utilizando tecnologias de publicação como blogs, Facebook, Orkut, Twitter, Myspace, Youtube, etc.

SMO. Social Media Optimization é um conjunto de práticas visando gerenciar a presença digital de uma marca nos diversos canais e mídias sociais existentes na web.

WIKI. As expressões wiki e Wiki/Wiki são usadas para definir uma modalidade específica de coleção ou documentos em hipertexto ou software colaborativo utilizado para cria-lo.

SEEDING. Técnica usada em buzz marketing, representando o ato de disseminar a informação nas redes sociais.

SEM. Search Engine Marketing ou Marketing de Busca, é todo o conjunto de estratégias para sites de busca, envolvendo otimização de sites e links patrocinados.

Cibercultura

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A B R I L 2 0 1 2 | Fale! 45D E Z E M B R O 2 0 1 1 | Fale! 45

Penaforte

Jardim

Jati

Brejo SantoPorteiras

Mauriti

Barro

AbaiafaMilagre

Altanera

Ipaumirim

Pereiro

Cedro

Ererê

Potiretama

Iracema

Jaguaribara

Alto Santo

Tabuleiro do NorteS. João do Jaguaribe

QuixeréIbicuitinga

IcapuíItaiçaba

Jaguaruama

Palhano

Fortim

BeberibeChorozinho

Pindoretama

AquirazMaranguape

Guaiuba

GuaramirangaMulungu

AratubaCapistrano

OcaraItapiuna

Itarema

M. Velha

Caririaçu

GranjeiroV. Alegre

Farias Brito

Crato

Nova Olinda

AraripeSalitre

Campos SalesAssaré

TarrafasCariús

Saboeiro

Aiuaba

Parambu

Quiterianópoles

Catarina

Jucás

AcopiaraQuixelô

Piquet Carneiro

Solonópole

Quixeramobim

MilhaSenador Pompeu

Novo Oriente

Independência

Ipaporanga

PorangaArarenda

Ipueiras

Croatá

Gua. do Norte

Carnaubal

Granja

Barroquinha

Jijoca de Jericoacoara

Cruz

Amontada TrairiParaipaba

Paracuru

Itarema

Tamboril

Nova Russas Catunda

Mons. Tabosa

Boa Viagem

ChoróMadalena

Itatira

Santa Quitéria

HidrolândiaIpu

Pires Ferreira

VarjotaReriutaba

GraçaPacuja

MucamboFlecheirinha

Coreaú

Alcântaras

Moraujo

MartinopoleBela Cruz

MarcoSenador Sá

Massare

Cariré

Forquilha

Miraima

Irauçuba

TururuUmirim

Tejuçuoca

São Luis do CuruApuiarés

Gen. Sampaio

Chaval

Jardim

Camocim

a

Acaraú

Viçosa do Ceará

Sobral

Ubajara

Pacoti

Fortaleza

Morada Nova

Russas

Aracati

Limoeiro do Norte

S. Gonçalo do Amarante

Caucaia

Cascavel

Quixadá

JaguaribeTauá

Iguatu

Juazeiro do Norte

Mombaça

Canindé

Uruburetama

Crateús

Itapipoca

Antonina do Norte

Arneiroz

Barbalha

Santana Cariri

Potengi

Aurora

BaixioUmari

L. da Mangabeira

Icó

Orós

Irapuan Pinheiro

Jaguaretama

Banabuiu

EusébioPacatuba

Itaitinga

Palmácia

Baturité

AcarapeBarreira

RedençãoPacajus

Horizonte

Maracanaú

Paramoti

Pentecoste

Itapajé

Aracoiaba

Santana AcaraúdoMeruoca

Uruoca Morrinhos

São Benedito

Ipiapina

Tianguá

Groaíras

CINTURÃO VIRTUAL UNIFICA O CEARÁ

3.020 KM DE FIBRA ótica, em um investimento de em torno de R$ 65 milhões, o programa Cinturão Digital do Ceará disponibiliza internet em banda larga para prefeituras e órgãos públicos do interior do Ceará, com a vantagem adicional de oferecer uma melhoria de infraestrutura à

própria comunidade em geral. Com previsão de conexão para 92 cidades, o Cinturão Digital

do Ceará estabeleceu uma conexão inicial instalada na sede de 53

DIELÉTRICODWDM - CHESFOPGW a ser lançadoOPMWADSS Urbano

Rede de FibraLegendas

municípios, o que

corresponde a 85% da população

urbana do estado.A partir da economia

resultante da digitalização, o governo prevê a recuperação do investimento em dois

anos. O programa não estabelece contudo a abertura do sinal para a população, mas se propõe a baratear o custo de sua utilização na iniciativa

privada, de modo que a promessa do governo é justamente oferecer

30 megabytes por segundo ao mercado através de uma empresa pública a ser criada. O programa Cinturão Digital

do Ceará contempla todas as escolas públicas estaduais com

acesso á banda larga. A Empresa de Tecnologia de Informação do Ceará ( ETICE) recebeu em agosto de 2011, licença do Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) para operar o Cinturão Digital no Ceará. n

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46 Fale! | A B R I L 2 0 1 2

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A B R I L 2 0 1 2 | Fale! 47

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peça de roupa simples, como uma regata, pode compor produções de grande impacto. E não é só combinar

simples com chamativo, os maxico-lares quebraram todas as regras e

podem ser usados até mesmo com roupas ousadas. Os maxicolares

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diferente dos esmaltes com glitter, já que a camada é lisinha. A Impala

lançou o primeiro esmalte 3D da indústria brasileira: prata!! Um luxo.

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nas mãos. As rodinhas, segundo o criador, são removíveis para se adaptar a qualquer pessoa. Cada pé tem seu motor e sua bateria. O hardware e os componentes eletrônicos estão integrados a uma estrutura de fibra refor-

çada por nylon. O Spnkix já é vendido des

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A B R I L 2 0 1 2 | Fale! 49

The Dark Knight Rises — no Brasil, Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge — é agurdado com expectativa. Dirigido por Christopher Nolan e escrito por Nolan e seu irmão Jonathan, basea-do em uma história concebida por Nolan e David S. Goyer. Baseado

no personagem Batman da DC Co-mics, será o terceiro e último filme da série cinematográfica Batman de Nolan. Christian Bale, Michael Caine, Gary Oldman e Morgan Freeman vão reprisar seus papéis como Batman/Bruce Wayne, Alfred Pennyworth, Jim Gordon e Lucius

Fox, respectivamente. A história se passa oito anos depois dos eventos ocorridos em The Dark Knight e também vai introduzir os perso-nagens Selina Kyle/Mulher-Gato e Bane—interpretados por Anne Ha-thaway e Tom Hardy—dois vilões centrais dos quadrinhos. n

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50 Fale! | A B R I L 2 0 1 2

SIMPLES, LUCRO PRESUMIDO OU LUCRO REALQUAL MELHOR REGIME DE TRIBUTAÇÃO?

Por Glaucio Pellegrino Grottoli

TODO INÍCIO DE ANO RECEBEMOS DIVER-SAS consultas de empresas sobre o mesmo tema: qual o melhor regime de tributação? Na verdade a resposta é mais complexa do que pa-rece levando-se em consideração o intrincado sistema tributário nacional.

Uma dúvida recorrente é sobre o Simples e suas faixas de tributação. Com a recente mudança nas regras do Simples, o que podemos perceber é que muitos empresários ainda desconhecem a fundo a legislação.E aqui estamos falando das restrições para a opção pelo Simples, o que acaba por gerar a maior quantidade de consultas sobre o tema.

Não que as restrições sejam poucas. Fora aquelas contidas no capítulo de “Vedações ao Ingresso no Simples Nacional”, podemos encontrar mais vedações na própria definição de Microempresa e Empresa de Pequeno Porte.

Estas vedações são, na maioria das vezes, desconhe-cidas dos empresários e podem levar a autuações por parte da fiscalização com imposição de multas e juros.

Da mesma forma, o desconhecimento sobre as modalidades de exclusão do regime, bem como a aplicação de um sistema normal de tributação retro-ativo ao início do ano calendário, é tema recorrente.

Na verdade este último ponto é delicado. Muitas vezes um planejamento financeiro mal feito, com projeções de crescimento de receita inferiores ao real, pode levar a empresa a um cenário prejudicial e, mui-tas vezes, mais oneroso do que se a opção houvesse sido feita no início do ano calendário.

Outro ponto que deve ser levado em considera-ção na hora de optar pelo Simples é com relação aos fornecedores da empresa. Isto porque o modo como hoje os Estados vem aplicando a substituição tributá-ria do ICMS pode levar a um prejuízo nas operações da empresa optante do Simples Nacional.

E o mesmo desconhecimento ocorre quando fala-mos em Lucro Presumido. Muitos empresários, des-conhecendo as conexões entre os diversos tributos

nacionais, entendem que apenas por terem um per-centual de lucro maior do que o previsto no Regime de Lucro Presumido deve migrar para o mesmo.

Ocorre que esta não é a única análise que deve ser realizada, visto que a opção pelo Lucro Presumido obriga o contribuinte à aplicação do regime de inci-dência cumulativamente no que se refere ao PIS e a COFINS — que incidem sobre a receita bruta e não sobre o lucro — que, apesar de terem uma alíquota menor, não permitem a escrituração de créditos, o que pode anular o “benefício” do Lucro Presumido.

E o contrário também é verdade. Muitas empre-sas optam pelo Lucro Real porque entendem que, em virtude das despesas correntes da sociedade e a redu-ção da margem de lucro para patamares inferiores aos percentuais de Lucro Presumido, o mais vantajoso se-ria a migração para o Lucro Real.

O que não pode se confundir é lucro contábil e lucro real (base de cálculo do IRPJ). Isso porque na grande maioria das vezes o segundo é maior que o primeiro por conta das adições previstas na legislação em virtude da indedutibilidade de certas despesas.

Da mesma forma o PIS e a COFINS não cumula-tiva somente permitem certos créditos e outros não, o que deve ser analisado detalhada e exaustivamente pela sociedade.

O que eu sempre recomendo aos clientes é que no final do ano seja feito uma simulação real dos regi-mes, levando-se em consideração quais despesas são dedutíveis do IRPJ e da CSLL, quais despesas são ge-radoras de créditos para o PIS e a COFINS e quanto de tributo será recolhido ao final do ano.

Somente com um planejamento detalhado e uma assessoria tributária diferenciada é que os empresá-rios terão a certeza de utilizar o regime mais benéfico para o seu tipo de negócio. n

Glaucio Pellegrino Grottoli ([email protected]) é especialista em direito tri-butário do escritório Peixoto e Cury Advogados

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