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    Universidade de Braslia - Departamento de EconomiaFORMAO ECONMICA DO BRASIL - 1/2014 - Turma AProf. Flvio R. Versiani

    10 ROTEIRO DE DISCUSSO DE TEXTOS

    (Fernando de Azevedo, O Sentido da Educao Colonial)

    1. Os missionrios jesutas foram, por sua atividade educacional, agentes de desintegraoda cultura indgena, segundo Gilberto Freyre. Mas Azevedo argumenta que em parte porisso mesmo tal ao favoreceu a formao da unidade nacional. Expique esseargumento.

    A educao jesuta, espalhada em toda a colnia, imprimiu nos educandos umpadro cultural comum, que se sobrepunha ao dos povos indgenas(deliberadamente, no interesse de catequiz-los), e se baseva nos valores dosmissionrios, em particular a religio catlica e a tradio humanista. Nesse sentido,teve um efeito unificador. E foi tambm importante, no sentido de promover a unidadenacional, pela fixao do por tugus como lngua de toda a colnia.

    2. A ao educacional e missionria dos jesutas exerceu influncia sobre a famliapatriarcal pelos elementos passivos da casa-grande: a mulher, o menino e o escravo.Como voc entende essa afirmativa?

    Influncia sobre as mulheres da famlia patriarcal pela orientao religiosadada por padres, especialmene os capeles dos engenhos, quase todos formadospelos jesutas. Sobre os meninos, por meio do sistema educacional jesuita. Osescravos, em geral batizados por seus senhores, eram tambm influenciados, aomenos indiretamente, pelas pregaes dos capeles.

    3. A Companhia de Jesus foi fundada no contexto da reao contra a reforma protestantedo sculo XVI. Azevedo relaciona o carter da educao jesuta marcada pela ausnciade esprito de anlise e de crtica a esse fato. Explique o argumento do autor.

    Segundo o autor, era uma educao influenciada pela defesa da ortodoxiacatlica, no esprito da chamada Contrarreforma; teria, assim, um carterconservador, dogmtico. Talvez mais importante era o fato de que a orientaofilosfica dos jesutas fosse marcada pela escolstica medieval, com pouca ounenhuma influncia do racionalismo de filsofos do sculo XVII, como Descartes, oudo Iluminismo do sculo XVIII.

    4. Ao contrrio do colono ingls e protestante na Amrica do Norte, o colonizadorportugus no trouxe o ideal da instruo, e praticamente no tomou iniciativas no sentidoda implantao de uma estrutura educacional no Brasil colonial. Como se poderia explicaressa diferena de comportamento entre os dois colonizadores?

    Vrios fatores podem concor rer para essa explicao. Um deles seria o fato deque, no caso do Brasil, a atividade produtiva tpica, baseada no trabalho escravo,quase no exigia educao formal. Gilberto Freyre menciona, por exemplo, a

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    existncia de senhores de engenho analfabetos (mas nem por isso menosprsperos). Como Azevedo refere, a educao colonial, alm do nvel de primeirasletras, era em parte uma espcie de luxo cultural dos mais ricos. Na Amrica do

    Norte, ao contrrio, pode-se supor que haveria demanda por educao, entre oscolonos, associada a uma estrutura produtiva baseada na pequena propriedade e nocomrcio interno: haveria necessidade de fazer contas, manter alguma escriturao,dar recibos e assim por diante.

    5. A metrpole portuguesa cortou pela raiz instituies como a universidade e a imprensaque pudessem contribuir para a libertao da colnia; estudos universitrios s emCoimbra, de onde os estudantes sairiam aportuguesados. Mas Azevedo afirma que, aocontrrio, Coimbra contribuiu para o desenvolvimento de um sentimento patritico enfre osestudantes brasileiros. Explique.

    A reunio de jovens brasi lei ros provenientes de vrias regies, naUniversidade de Coimbra, dava a oportun idade de que descobr issem traos cul turaise interesses econmicos comuns, entre eles e diferentes daqueles de seus co legasportugueses o que pode ter contribudo para o fortalecimento de ideias esentimentos nacionalistas.

    6. Quais as caractersticas do sistema educacional da colnia, nas dcadas seguintes expulso dos jesutas?

    Depois de 1759, praticamente nada substituiu a relativamente ampla estruturaeducacional estabelecida pelos jesutas. O governo portugus tomou algumas

    iniciativas de alcance limitado, mas medidas mais significativas s ocorreram aps avinda de D. Joo VI e a Independncia. Mas as caractersticas gerais do ensino semantiveram, em grandes linhas, mesmo depois disso, ao longo do sculo XIX: osistema educacional desenvolveu-se aos poucos nas reas urbanas, enquanto amaioria da populao, predominantemente rural at meados do sculo XX, tinha, pelaatividade produt iva exercida, pouca necessidade de educao formal. Em decorrnciadisso, havia limitado interesse, por parte das camadas com maior influncia poltica,de exercer presso sobre o poder pblico para o desenvolvimento de uma estruturaeducacional ampla e um ensino de qualidade. Um quadro que s lentamente sofreutransformaes.

    7. As possibilidades de ascenso social para um jovem de pouca fortuna, no perodocolonial, passavam, em geral, pela educao jesuta. Explique a afirmativa.

    Essas possibilidades, alm do casamento numa famlia rica e infuente,limitavam-se conquista de postos nas carreiras administrativa ou judiciria, ou nahierarquia da Igreja. Para a administrao e, especialmente, o judicirio, o caminhoeram os colgios jesutas e a Universidade de Coimbra, administrada tambm pelosjesutas at finais do sculo XVIII. E os padres eram quase todos formados nosseminrios jesutas.

    De fato, alm do casamento, a carreira eclesistica era a possibilidade maisconcreta de ascenso para jovens de poucos recursos, j que manter um filho em

    Coimbra era dispendioso.