15
1 Universidade Federal do Tocantins Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica Formação docente e o aprimoramento da qualidade do ensino. Creusa Elaine Alves Ferreira

Formação docente e o aprimoramento da qualidade do ...coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · 1-INTRODUÇÃO O presente ... e vivenciar posturas

  • Upload
    vothu

  • View
    218

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

1

Universidade Federal do Tocantins

Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica

Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica

Formação docente e o aprimoramento da qualidade do ensino. Creusa Elaine Alves Ferreira

2

1-INTRODUÇÃO

O presente relatório apresenta os resultadosdo projeto de intervenção, desenvolvido na

Escola Estadual Combinado, situada no município de Combinado – To. Por ser a primeira

escola do município, possui um prédio antigo, mas com muito espaço físico e com um papel

relevante na educação do município, por seus trabalhos prestados a comunidade ao longo dos

quarenta e oito anos de contribuição na formação dos cidadãos que nela estudaram. O

relatório está vinculado ao Curso de Pós-graduação com especialização em Coordenação

Pedagógica, pela Universidade Federal do Tocantins; visando o aperfeiçoamento do

coordenador pedagógico das escolas estaduais e municipais do estado do Tocantins, que atua

como líder e formador de professores na escola. As ações do projeto foram desenvolvidas

com a parceria da equipe administrativa da Unidade escolar. O projeto foi elaborado com a

proposta de detectar a grande problemática dos alunos não terem estímulo e nem interesse

pelas aulas e também mediante a grande dificuldade de professores novatos e recém-

concursados terem na aplicação dos conteúdos e no uso de metodologias. Durante o processo

ficou evidente a deficiência dos professores de planejar aulas, fazendo o uso dos recursos

didáticos e com o uso de material concreto. No decorrer da execução do projeto foi

desenvolvida ações que promoveram a formação continuada em serviço dos professores da

escola. E o maior destaque foram as formações em forma de oficinas, que instigaram o uso

do material concreto nas aulas, despertando e motivando os alunos para os estudos bem como

a valorização dois recursos existentes na escola de forma produtiva.

O projeto está estruturado nos seguintes tópicos: introdução,revisão da literatura,

processo de pesquisa-ção e metodologia, discussão dos resultados e a conclusão.

Na introdução são abordados os objetivos do projeto de pesquisa, os envolvidos, a

importância e um resumo do trabalho. Na revisão da literatura expõe os conhecimentos

alcançados referentes aos estudos no decorrer da pós-graduação, o que a teoria acrescentou na

prática dos professores enfatizando a fundamentação teórica no qual a intervenção se baseou

na elaboração da formação contínua do professor.

No processo de pesquisa- ação e metodologia é relatado detalhadamente todas as

metodologias e os procedimentos usadas durante a execução do projeto, a coleta de

informações e o desenvolvimentos das ações. Na discussão dos resultados é demonstrado

através de relatos das atividades realizadas com o grupo de professores. São expostas também

as evidências que confirmam os efeitos no crescimento dos alunos, depoimento de

3

3

professores que comprovam o valor dos estudos promovidos durante a execução do PI e fotos

registrando aulas práticas com uso de material concreto.

Na conclusão do relatório, apresenta um resumo do projeto executado analisando

detalhadamente os resultados alcançado avaliando os avanços e as dificuldades e evidenciado

a importância do trabalho do coordenador.

2-REVISÃO DA LITERATURA

O sistema educacional vem passando por várias reformas implantadas, com a proposta da

reorganização escolar, redefinição do currículo, do processo de gestão democrática, dos métodos

avaliativos e também o financiamento da educação. Com isso as escolas sofreram e ainda sofrem com

as mudanças em busca da melhoria da qualidade do ensino. Ainda existem os conflitos e os

desafios que a escola enfrenta, como a indisciplina, a violência, as inovações tecnológicas, a

nova estrutura familiar entre outros. Na busca de superar esses entraves a qualificação

profissional é um dos pontos essências, como estratégia para controlar essa problemática. A

formação acadêmica nem sempre dá a base necessária para a prática do professor. O estágio

como é realizado pela maioria dos graduandos, pouco contribui para a formação prática do

professor. E se o estágio fica a desejar na formação acadêmica, compromete a prática da sala

de aula dos professores iniciantes.

Mediante esses impasses a Escola Estadual Combinado, passou nos últimos anos por

grandes conflitos e o maior deles foi a mudança da maioria da equipe docente, onde os

professores veteranos que já possuíam uma grande bagagem de anos de trabalho, foram

trocados por os recém concursados sem conhecimento prático em sala de aula e também não

possuíam conhecimento do espaço da escola e nem dos recursos existentes. E como o

desafio do coordenador consiste em desencadear o processo de formação continuada na

própria escola, por isso a equipe pedagógica teve que repensar e analisar suas ações. E o

melhor espaço de formação do professor é a escola e o conteúdo dessa formação a sua prática

educativa, a sala de aula se tornou um laboratório para analisar, refletir e colocar em prática

suas idéias e principalmente rever as ações que não deram certo. E o processo de formação

propôs situações que possibilitaram a troca dos saberes entre os professores, através de

estudos, oficinas e planejamentos coletivos. O estudo compartilhado, o planejamento e o

desenvolvimento de ações foram dispositivos essenciais para a formação pessoal e

profissional do professor. E como parafraseando Esther Grossi “ só ensina quem aprende”. E

4

o professor precisa querer aprender diariamente, buscar o seu aperfeiçoamento como

prioridade em seus projetos.

Considerando que o coordenador pedagógico é também um professor e conhece a

equipe de professores, os alunos, a comunidade escolar e local e as fragilidades e avanços da

escola; é de grande valia que as formações continuadas sejam planejadas e mediadas por ele,

sendo assim, há maiores chances dos resultados serem positivos. Vale ressaltar ainda que o

coordenador pedagógico é essencial para esse fim como agente transformador e agente

formador.

Desencadear o processo de formação continuada na própria escola, com o

coordenador assumindoas funções de formador, além de possibilitar ao professor a

percepção de que a proposta transformadora faz parte do projeto da escola,

propiciará condições para que ele faça de sua praticaobjeto de reflexão e pesquisa,

habituando-se a problematizar seu cotidiano, a interrogá-lo e a transformá-lo,

transformando-se a própria escola e a si próprio. (Placco, 2005,p.23)

Perrenoud (2000) entende a formação continuada como a última das dez competências

profissionais a serem cultivadas com prioridade pelo professor. Última, não por ter menos

importância que as demais, mas, ao contrário, por ser essa competência a responsável pela

manutenção e pelo desenvolvimento de todas as outras adquiridas ao longo da vida, seja

profissional, ou pessoal. A construção de determinada competência nunca se conclui:

“nenhuma competência permanece adquirida por simples inércia” (PERRENOUD, 2000, p.

155).

O cenário da educação “hoje” apresenta novos desafios aos professores. Com tantos

avanços, a escola precisa acompanhar o desenvolvimento e o educador assumir um papel

fundamental como mediador das aprendizagens. Por outro lado, perante os recursos

tecnológicos, o educador deverá assumir-se analisando cuidadosamente os materiais que são

colocados a disposição das crianças. Como exemplo pode destacar um professor que não

consegue manipular o computador e as crianças, desde cedo já fazem isso com muita

facilidade. Por esse motivo o aperfeiçoamento profissional deve ser um projeto pessoal que

implica uma relação do professor consigo mesmo, neste contexto globalizado.

Entendendo a formação continuada como proposta intencional e planejada, que visa

a mudança do educador através de um processo reflexivo, critico e criativo, conclui-

se que ela deva motivar o professor a ser ativo agente na pesquisa de sua própria

pratica pedagógica, produzindo conhecimento e intervindo na realidade.(Falsarella,

2004, p. 50.)

O papel do professor, nesse novo cenário, é também saber administrar a sua formação

contínua que deverá acompanhar as transformações para se tornar um professor orientador,

criando situações de aprendizagens, transformando a sala de aula em um laboratório num

5

5

contexto em que é desafiado constantemente, desenvolvendo novas formas de ensino e

aprendizagem e também saber aproveitar os espaços e as práticas de comunicação existentes

ao nosso favor.

O aluno é um dos agentes mobilizadores da mudança do processo da mudança do

professor; assim, é fundamental planejar situações que permitam, efetivamente, sua

participação no processo curricular da escola {...} o olhar do aluno instiga o

professor a refletir e avaliar, com frequência, seu plano de trabalho e redirecioná-lo.

É também oportunidade para o professor produzir conhecimento sobre seus alunos(

dimensão da formação continuada) e vivenciar posturas de flexibilidade e de

mudanças.(Placco, 2005, p.24)

Organizar e dirigir situações de aprendizagem em sala de aula são competências que

adquirimos ao longo dos anos de experiência e com a busca constante do nosso

aperfeiçoamento profissional e a formação continuada em serviço é uma ocasião favorável

para a melhoria da prática pedagógica do professor, garantindo o aperfeiçoamento constante,

exigindo mais investimentos , mais compromisso e força de vontade dos docentes. E hoje

Com os avanços e mudanças no meio escolar e na sociedade, pode ser considerado um

desafio conseguir atrair e motivar os nossos alunos, informar e envolver os pais, utilizar

tecnologias novas. Sendo assim, atualmente não está fácil enfrentar os deveres dessa árdua

profissão se não estivermos atualizados e em consonância com as constantes mudanças.

Portanto saber administrar sua formação contínua hoje é administrar bem mais do que saber

escolher com discernimento entre diversos cursos em um catálogo. ( Perrenoud, 2000,

p.158)

O processo de formação de professor deve ser pensado como um todo e como um

processo contínuo; à medida que a sociedade vive em constantes transformações, o

conhecimento deve ser reelaborado e reconstruído a partir de uma postura reflexiva,

abrangendo desde a troca de experiência com seus alunos até a sua auto avaliação. A partir da

prática pedagógica reflexiva o professor desmistifica as desigualdades que se produzem na

sala de aula e na sociedade resgatando o seu compromisso social e promovendo uma

educação de qualidade. O professor se torna consciente de todas as possibilidades, limitações

e inferências na sua prática pedagógica. E as transformações só se efetivarão à medida que

houver uma reavaliação da sua própria prática, de suas atitudes em sala de aula, e tiver um

olhar para a escola e a sociedade como um todo.

6

3. PROCESSO DE PESQUISA-AÇÃO E METODOLOGIA

A coordenação pedagógica tem como papel primordial gerenciar, coordenar,

supervisionar todas as atividades relacionadas com o processo ensino e aprendizagem, tendo

como foco principal a permanência do aluno com sucesso na escola. (Piletti, 1998, p.125)

aponta dimensões como essenciais para o trabalho do coordenador pedagógico. E uma das

dimensões é fornecer subsídios que permitam aos professores atualizarem-se e aperfeiçoarem-

se constantemente em relação ao exercício profissional.

Nos acompanhamentos semanais realizados com a equipe de professores da Escola

Estadual Combinado, ficou evidente a angustia e a dificuldade da maioria em aplicar alguns

conteúdos, bem como o desenvolvimento das aulas que não tinham motivação e nem

metodologias que proporcionassem aprendizagem, sendo os recursos mais utilizados o

quadro, os livros didáticos e os cadernos. Considerando ainda a riqueza dos recursos e

materiais pedagógicos, do acervo bibliográfico existentes na escola e com pouca utilização, se

fez necessário a elaboração do Projeto de Intervenção.

Inicialmente para organizar o tempo foi meio complicado devido à diferença de

horário entre os professores e depois por não poder tirar o professor da sala de aula. Com essa

problemática gerou uma grande obstáculo para o desenvolvimento das ações planejadas e

elaboradas, uma vez que, a maioria dos professores mora, em outro município e nem sempre

tem disponibilidade para ficar na escola em horário inverso.

Mesmo com essa problemática, a equipe organizou o horário com a proposta de

promover as formações, as oficinas e os momentos de estudo, buscando a qualidade no

desempenho profissional dos professores. Primeiramente fez-se um levantamento das maiores

necessidades apresentadas pelos professores e com isso elaboramos as ações de intervenção,

que posso destacar: lendo e socializando, oficina de produção textual, oficina de Matemática,

oficina de Ciências e estudo sobre avaliação.

Lendo e socializando

Para incentivar os professores a conhecer o acervo da biblioteca que tem uma grande

quantidade de livros na área de formação do professor e também criar um momento de troca

de experiências entre os professores, organizamos o grupo de estudo e um cronograma para a

socialização do estudo dos livros. Mensalmente o grupo indicado era responsável em

apresentar e socializar um livro expondo as sugestões e metodologias de trabalho contidas

nele para os colegas.

Oficinas de produção textual

7

7

Incentivar o aluno a escrever, intervir no texto, corrigir, orientar são alguns aspectos que

precisavam ser utilizados pelo professor. Também percebia que muitos alunos sentiam

desmotivados a produzir um texto por saber que seu único objetivo era ser avaliado pelo

professor. As metodologias e os gêneros utilizados eram sempre os mesmos. No entanto a

oficina de produção e refacção textual previstas no PI, teve uma alteração na proposta de

trabalho. Foram realizadas na formação continuada planejadas pela Diretoria Regional de

Ensino no inicio de setembro. Por ser um tema que já fazia parte da pauta foi associada e

também realizada com todos os professores novatos que trabalhavam nas turmas de 2º ao 5º

ano do Ensino Fundamental, dos municípios de Aurora, Lavandeira, Novo Alegre e

Combinado, ministradas pelos Coordenadores Pedagógicos. Como as formações continuadas

são de responsabilidade dos coordenadores pedagógicos que trabalham com o Programa

Circuito Campeão, as ações também puderam ser desenvolvidas com a proposta de melhoria

da qualidade do ensino conforme necessidade da escola.

Oficina de matemática

Outra ação desenvolvida no mês de agosto foi a Oficina de Matemática, ministrada

por uma professora que trabalha na função de apoio pedagógico da escola. O tema escolhido

foi os números decimais, para os professores do4º e 5º ano. Durante a realização da oficina

todos os participantes utilizaram o material dourado entendendo na prática a transformação

dos números fracionários e decimais. Os professores responderam as atividades sugeridas e

tiraram as dúvidas sobre o conteúdo. No decorrer cada professor demonstrou na prática uma

atividade com proposta da transformação do número fracionário para decimal, atividades que

poderiam ser utilizadas em sala de aula com os alunos. Do mesmo modo houve a

demonstração de materiais concretos para a resolução de problemas e para a introdução de

conteúdos.

Oficina de Ciências

Na disciplina de Ciências também se fez necessário uma reflexão sobre as aulas que

eram realizadas. A escola possui uma grande quantidade de materiais didáticos e pedagógicos

e não eram valorizados. A iniciação cientifica e os experimentos estavam adormecidos na

prática docente. O acervo da biblioteca também é muito rico e com muitos livros de apoio ao

professor, nas áreas diversas em especial na formação de professores, mais ainda pouco

utilizados. As professoras responsáveis pela oficina prepararam um estudo bibliográfico e

também fizeram a demonstração das revistas Ciências Hoje e PCN, do acervo da biblioteca na

8

área de ciências. A oficina proporcionou a realização de experiências científicas e também

passou um Vídeo: Diversidade Textual, no qual mostrava a possibilidade de se trabalhar a

Ciências interdisciplinarmente de maneira prazerosa. Ainda fizeram a apresentação do

material científico e pedagógico disponível na escola, como: esqueleto, doso, coleções, arcada

dentaria, quebra-cabeça, jogos, entre outros como evidencia a foto abaixo:

FIGURA 1: exposição dos recursos didáticos existentes na escola na área de Ciências

Estudando sobre avaliação

Outro ponto fraco dos professores percebido foi à dificuldade em avaliar dentro do

novo contexto educacional. Sendo que a maioria dos professores no 1º bimestre, não

valorizaram as habilidades individuais dos alunos,desenvolvidas no dia a dia e avaliaram

somente através das notas adquiridas nas atividades aplicadas; gerando com isso muitos

problemas com a avaliação dos alunos e a insatisfação da família. Mediante as problemáticas

existentes no primeiro bimestre, organizamos um momento de estudo. O estudo enfocou a

leitura de textos sobre como avaliar, porque avaliar e o que avaliar. Fez também a

socialização de sugestões e metodologias utilizadas no processo avaliativo.

FIGURA 2: momento de estudo com a equipe de Professores 4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Quando se relaciona a formação continuada como o aprimoramento do trabalho

pedagógico é visível perceber que ela dá continuidade a formação profissional,

proporcionando novas reflexões sobre a ação do professor. São novos meios para desenvolver

9

9

e melhorar o trabalho pedagógico. É também um processo de construção permanente e

contínua do professor. É importante destacar que existe uma relação indissociável entre a

gestão democrática e a formação continuada. Se o gestor não apoiar, fica impossível de o

coordenador realizar esse trabalho. No entanto para desenvolver as ações o gestor foi um

incentivador da formação continuada, estimulando e valorizando esta atitude por parte do

educador.As formações continuadas desenvolvidas na Escola Estadual Combinado, contou

com o apoio da equipe administrativa e pedagógica. As ações foram gratificantes para o

coordenador pedagógico, pois a partir delas os docentes já colocam em prática o que foi

estudado. Todas as ações executadas trouxeram grandes contribuições para a formação do

professor e a qualidade do trabalho desenvolvido em sala de aula, proporcionando

crescimento profissional na equipe, como pode perceber através do relato dessa professora:

Ser professor nos dias atuais exige de cada profissional uma busca incessante de

conhecimentos e de renovação da prática pedagógica, {...} As aulas precisam ser

atraentes, para que nossos alunos se sintam atraídos por elas e assim possam

externar esta vontade de aprender.{...} As formações Continuadas das quais eu

participei, me despertou para um olhar cada vez mais fixo na minha prática

pedagógica. Estes cursos recheados de dicas trazem para o nosso cotidiano um

resultado muito bom, pois promovemos aulas mais agradáveis e pelos depoimentos

dos alunos até mais fáceis. Fáceis, pois a aprendizagem fluiu. E é isto que

precisamos ouvir de nossos alunos: “Eu entendi este conteúdo”. Quando isto

acontece é visível que a aprendizagem aconteceu. Portanto, os cursos fornecidos

nesta Unidade de Ensino, foram ricos em experiências e torço para que eles possam

continuar acontecendo. (Professora do 3º ano.)

Ela descreve em seu depoimento a importância das formações continuadas

desenvolvidas pela escola, relatando que as mesmas enriquecem os professores com

metodologias e sugestões criativas para o trabalho em sala de aula. Além da troca de

experiências que há entre os colegas.

O estudo sobre avaliação foi uma ação de destaque. Antes os professores tinham

como foco principal ao avaliar as provas. As notas eram extraídas da somatória dos pontos,

não valorizando outros aspectos que são relevantes e nem o processo da construção do

conhecimento. Baseado nessa dificuldade apresentada no 1º bimestre, o estudo sobre a

avaliação trouxe grandes contribuições e mudanças na prática avaliativa e também na reflexão

sobre os resultados alcançados, revendo os métodos utilizados e também avaliando o ensino e

não somente a aprendizagem. Os professores mudaram os critérios avaliativos e com as

oficinas pedagógicas é perceptível ver o crescimento dos alunos bem como o avanço no

rendimento, como mostra o quadro comparativo abaixo:

Quadro comparativo dos rendimentos dos alunos em Língua Portuguesa

Turma 1º bim 2ºbim 3ºbim

10

Alunos

frequentes

Alunos reprovados Alunos frequentes Alunos

reprovados

Alunos

frequentes

Alunos reprovados

2º ano 16 06 16 04 19 04

3º ano 47 16 47 06 48 04

4º ano 93 26 96 13 94 03

5º ano 92 24 103 11 89 02

Quadro 1: mostra os resultados por turma na disciplina de Língua Portuguesa

Quadro comparativo dos rendimentos dos alunos em matemática

Turma 1º bim 2ºbim 3ºbim

Alunos

freqüentes

Alunos

reprovados

Alunos freqüentes Alunos

reprovados

Alunos

freqüentes

Alunos reprovados

2º ano 16 06 16 03 19 03

3º ano 47 16 47 06 48 04

4º ano 93 21 96 12 94 06

5º ano 92 27 103 08 89 05

Quadro 2: mostra os resultados por turma na disciplina de Matemática

Os quadros mostram que as taxas de reprovação diminuíram significativamente após o

estudo sobre avaliação e as formações continuadas proporcionadas pela escola. É visível que a

prática pedagógica tem mudanças e transformações, quando o professor busca seu

aperfeiçoamento pessoal e profissional. Mediante o desenvolvimento de formações como

dispositivos para a formação do docente, muitos professores mudaram suas atitudes, seus

planejamentos e principalmente a sua prática pedagógica.

Com o desenvolvimento da ação lendo e socializando, os acervos bibliográficos

passaram a ser mais utilizados pelo professor e recursos didáticos da escola estão

constantemente em uso na sala de aula. O mais interessante foi que todas as disciplinas foram

valorizadas, pois a biblioteca possui um grande número de livros enviados pelo MEC, na área

de formação do professor. E nas socializações os professores responsáveis realizaram uma

oficina enfocando o ensino de cartografia nas séries iniciais. O momento foi bem dinâmico e

além do livro apresentado, foi utilizado vídeo, da TV escola, enriquecendo ainda mais a

oficina. Após o estudo sobre cartografia pode perceber as mudanças nas aulas, como

demonstra a professora em seu depoimento:

[…] resolvi trabalhar na oficina com os meus colegas sobre o tema

Cartografia na Escola. A oficina foi muito produtiva, pois, houve um

envolvimento dos participantes com muito entusiasmo. Foi importante e até

surpresa para alguns de que, não é só o mapa que possibilita o trabalho com a

Cartografia. Podemos começar desenhando simplesmente a sala onde

estamos vista de outro ângulo, a sala de aula (para os alunos), o caminho que

percorrem de casa até a escola e até mesmo a escola onde estudam. Essa

oficina foi realmente gratificante.[…] Como resultado positivo dessa oficina,

levei a atividade para o cotidiano da sala de aula e acredito que obtive um

excelente resultado: aprendizagem, fixação do conteúdo e prazer em fazer uma atividade e estudar um conteúdo. Como sou ainda criança nessa

profissão, ainda não tenho muita prática e experiência. (Professora do 4º

Ano.)

11

11

A professora declara em seu depoimento a importâncias das formações para o

crescimento profissional e o melhor é que isso reflete dentro da sala de aula, com

inovações e o melhor despertando nos alunos o interesse pelos conteúdos E que a

prática pedagógica é complexa e surpreendente. Complexa, porque a cada dia temos um

novo desafio na arte de ensinar e aprender. Surpreendente, porque descobrimos com o

decorrer dessa prática que podemos utilizar novos recursos e metodologias para se

trabalhar os conteúdos inéditos ou mesmo, os já conhecidos

A oficina de Ciências desenvolvida, teve uma grande repercussão e mudanças na

forma de aplicar o conteúdo por parte de alguns professores. E o crescimento da equipe

pedagógica, principalmente dos professores que atuam diretamente na sala de aula, foi a

utilização de materiais concretos nas aulas nas aulas de Ciências, realizando experienciais

como pode perceber na foto abaixo:

FIGURA 3: aula de Ciências sobre transformações físicas e químicas

A foto mostra uma aula de Ciências onde foi trabalhado sobre transformações físicas

e químicas, e a professora utilizou vários experimentos para demonstrar o processo de

transformação de alguns produtos. Durante a realização da aula pode notar o interesse dos

alunos e principalmente a compreensão do tema abordado na aula. Também foi destaque após

as oficinas realizadas na escola as aulas de Ciências sobre a alimentação. Além de trabalhar o

conteúdo do livro foi organizado na sala de aula exposição de alimentos com placas indicando

as vitaminas de cada um. A exposição permaneceu por vários dias, proporcionando fixação do

conteúdo. O entusiasmo e a aprendizagem dos alunos foram visíveis, principalmente nas

atividades sobre o tema. A exposição além de enriquecer a aprendizagem também causou

admiração por toda a escola, como pode perceber na foto:

12

FIGURA 4: exposição em sala de aula dos alimentos e suas vitaminas. Após os estudos realizados percebe-se que a maioria dos professores buscou melhorar a

prática pedagógica e o planejamento as aulas: principalmente a introdução de conteúdos

novos; preocupam com o material que vão utilizar e como utilizá-lo. Ressalto que, uma aula

pode ser comparada com uma refeição: se a refeição for bem preparada com temperos

adequados, se torna saborosa e todos saboreiam com prazer. Assim também são as aulas se for

bem planejada, recheada com recursos e materiais, desperta interesse nos alunos e com isso

uma aprendizagem prazerosa. E a partir das oficinas pedagógicas essa prática mudou muito,

como destaca a professora envolvida nas ações:

Através da formação continuada pude perceber a importância de trabalhar

com o concreto bem como, com as experiências reais para uma aprendizagem

de qualidade e interesse maior dos alunos em relação ao contexto o aplicado.

Dentre as muitas aulas aplicadas destaco as aulas sobre “alimentação

saudável,” na qual foi feita uma exposição na sala para explicar sobre as

vitaminas e os sais minerais, na exposição tinha diversos tipos de alimentos e

informações sobre as vitaminas e para que elas servem. Os alunos tiveram

bastante interesse em aprender o conteúdo e também por em prática, pois

através de relatos de algumas mães, posso afirmar que a maioria dos alunos

mudou o hábito alimentar. {...} Contudo a formação continuada e de grande relevância para o contexto pedagógico da sala de aula e também para o

crescimento profissional do educador. ( Professora do 4º ano )

Com as ações do PI desenvolvidas na escola, é evidente a mudanças nas aulas e no

crescimento individual e profissional dos professores. Hoje a maioria das aulas contemplam a

utilização dos recursos tecnológicos e didáticos se tornando mais dinâmicas e a

aprendizagem dos alunos é bem mais significativa. Os materiais pedagógicos passaram a

serem valorizados os resultados da aprendizagem tem mais qualidade, diminuindo o índice

de reprovação e também a indisciplina nas turmas. Pode perceber uma maior valorização dos

espaços da escola, como a utilização e exposição dos trabalhos fora da sala. A mudança

também é percebida pelos pais que acompanham seus filhos no dia a dia a escola e relatam

as aulas com entusiasmo, fazendo com isso a valorização do professor na comunidade.

13

13

Mesmo com o sucesso das ações desenvolvidas e seus resultados na prática é bom

ressaltar que com o acúmulo de trabalho, as tarefas que são envidas diariamente para a

escola, as ações planejadas tiveram mudanças e às vezes foram atropeladas por outras. Nos

grupos de estudos muitos não conseguiram realizar a socialização dos livros, tendo que

reorganizar as datas previstas e também reorganizar os grupos com um número maior de

participantes. Outro aspecto foi na questão da matemática a ação foi modificada devido a

necessidade momentânea ser um conteúdo mais complexo.

Também percebo que a maior ênfase se deu na área de Ciências, onde os professores

planejaram uma feira de Ciências para exposição e demonstração dos conteúdos trabalhados

em sala de aula. O planejamento coletivo também foi uma sugestão vinda dos professores nas

formações, pois perceberam que a proposta de um pode enriquecer o trabalho do outro, assim

toda semana a equipe reúne num período noturno para planejar, discutir e socializar os

sucessos e as dificuldades, tornando um momento rico de aprendizagens, experiências e

também de entrosamento entre todos.

5. CONSIDERAÇOES FINAIS

O PI apresentou como objetivo central melhorar a qualidade do ensino oferecido na

Escola Estadual Combinado, através da formação continuada, momentos de estudo e oficinas

desenvolvidas pelos coordenadores. A formação teve como público os professores que

estavam iniciando a sua jornada profissional, sendo recém-concursados e a maioria não

tinham participado de formações continuadas. Com isso apresentavam grande conhecimento

teórico, mas algumas dificuldades na prática de sala de aula. As ações foram desenvolvidas

como a proposta de melhorar a atuação do professor em sala de aula, fazendo o uso dos

recursos existentes na unidade escolar, bem como melhorar a qualidade do ensino. O trabalho

teve uma grande aceitação por parte dos professores. E uma das maiores dificuldades foi o

tempo, ou seja, o calendário não oportuniza tempo para a formação, ou momentos de estudos,

visando a qualificação do profissional. Com isso gerou uma grande dificuldade em reunir sem

prejudicar as horas aulas garantidas aos alunos.

Com o apoio do gestor da escola, as ações puderam ser realizadas sem maiores

prejuízos aos alunos. E no decorrer do desenvolvimento das ações ficou visível a mudança na

prática da maioria dos professores. Infelizmente sempre tem aqueles que são acomodados e

acham que já sabem tudo e não precisam aperfeiçoar. Outro ponto destaque após a

realização das oficinas e dos estudos, foi a valorização dos espaços da escola, como recurso

de aprendizagem. Os professores já expõem no pátio da escola trabalhos produzidos pelos

14

alunos, procurando dar destaque no que é realizado em sala e com isso valorizam e

incentivam os alunos. Também realizam aulas diferenciadas utilizando os recursos

tecnológicos e áudio visuais da escola; promovem momentos de leitura fora da sala; expõem

em painéis as produções destaques com incentivos e premiações; fazem exposição das artes

dos alunos; utilizam os eventos para enriquecer as produções textuais. Em Ciências os

conteúdos passaram a ter maior destaque nas aulas e também maior importância para os

alunos.

Com todas essas mudanças o mais gratificante é perceber a satisfação dos pais em

relação ao trabalho da escola, dando depoimentos nas reuniões sobre a qualidade das aulas

realizadas pelos professores. E como ponto principal a redução do índice de reprovação é

muito grande.

Portanto, considero que o trabalho veio enriquecer a qualidade do ensino da Escola

Estadual Combinado e como coordenadora pedagógica assumi um papel de liderança, tendo

a satisfação de poder contribuir para a formação do professor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Laurinda Ramalho de; PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza. O coordenador

pedagógico e o espaço de mudança. 4 edição São Paulo: Loyola, 2005. 127 p.

CABRAL, Maria das Graças. “Conhecendo a nossa escola:” O Coordenador Pedagógico da

Rede Municipal de Ensino do Recife no Papel do Formador: Relato de Experiências -

Publicação da Secretaria de Educação, Esporte e Lazer do Recife (2008, P. 93)

BAZARA, Lourdes. CASANOVA, Olga. UGARTE, Jerónimo García: Ser Professor e

Dirigir Professores em Tempos de Mudanças – 2. Ed. – São Paulo: Paulinas, 2008.

FALSARELLA, Ana Maria. Formação continuada e prática de sala de aula: Os efeitos da

formação continuada na atuação do professor. Campinas: Autores Associados, 2004. (II).

PERRENOUD, Philippe. 10 Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: Artmed,

2000. 192 p.

PILETTI, N. Estrutura e funcionamento do ensino fundamental. São Paulo: Ática, 1998.

15

15