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Grandes Culturas - Cultivar 158

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Julho de 2012

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Pressão branca..........................11Como reagir às epidemias de mofo-branco,registradas com cada vez mais frequência nas áreas produtoras de algodão no Brasil

Destaques

Índice

Diretas 05

Resistência genética ao mofo-branco em soja 07

Atributos químicos do solo X nematoides em soja 08

Incidência do mofo-branco nas lavouras de algodão 11

Uso de nutrientes em algodoeiro adensado 14

Demanda nutricional em café 16

Monitoramento do vírus BYDV em lavouras de trigo 20

Inauguração da fábrica Plene da Syngenta 23

Congresso de Soja 2012 24

III Fórum Nacional de Máxima Produtividade da Soja 27

Polímeros em nutrição do milho 28

Controle de corda de viola nos canaviais 30

Coluna ANPII 32

Coluna Agronegócios 33

Mercado Agrícola 34

Reação monitorada..............................20Conheça o papel de fatores ambientais e o comportamento de cultivares de trigo ofertadas no mercado brasileiro frente ao vírus BYDV, causador do nanismo amarelo

Expediente

Cultivar Grandes Culturas • Ano XIV • Nº 158 • Julho 2012 • ISSN - 1516-358X

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: [email protected]

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DiretorNewton Peter

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Nossos Telefones: (53)

Nossas capas

Corda que destoa.......................30O que levar em consideração ao manejar a corda de viola, planta daninha responsável por reduzir o potencial produtivo dos canaviais

Relação proporcional..................08Atributos químicos do solo estão relacionados ao comportamento de nematoides na soja, influenciando tanto a praga como a resistência ao seu parasitismo

Fundadores: Milton Sousa Guerra e Newton Peter

• Geral3028.2000• Assinaturas:3028.2070• Redação:3028.2060

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REDAÇÃO• Editor

Gilvan Dutra Quevedo• Redação

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• Design Gráfico e DiagramaçãoCristiano Ceia

• RevisãoAline Partzsch de Almeida

MARKETING E PUBLICIDADE• Coordenação

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GRÁFICAKunde Indústrias Gráficas Ltda.

Douglas Lau Syngenta

FMC/Fábio Bettini Lucia Vivan

05www.revistacultivar.com.br • Julho 2012

Diretas

InseticidasO engenheiro agrônomo Aimar Pedrini é o novo gerente de Por-tfólio de Inseticidas da Syngenta. Nesta nova posição aponta como principal desafio trazer para o mercado tecnologias que acom-panhem as mudanças no cenário de pragas, com a introdução da biotecnologia.

Nova unidadeA FMC criou uma nova unidade de produção em Paulínia, São Paulo. Com investimento de cinco milhões de dólares, a companhia firmou acordo com a Tagma, que utilizará suas instalações e a construção da linha de produção para ampliar a capacidade na linha de herbicidas, como o Boral (Sulfentrazone) e o Gamit Star (Clomazone). A amplia-ção, a parceria e a criação da nova unidade têm como objetivo atender à grande demanda por produtos da empresa, que até 2015 pretende dobrar o faturamento de vendas, atingindo a marca de 1,2 bilhão. “Além da nossa meta de crescimento e participação em diversos segmentos agrícolas, alinhamos também essa estratégia da nova unidade por uma questão de logística, pois nossos herbicidas têm o maior volume de vendas em cana e assim queremos melhorar cada vez mais nosso desempenho no suprimento deste mercado”, destacou o presidente da FMC Corporation América Latina, Antonio Carlos Zem.

DestaqueA FMC destacou durante o 27º Seminário Cooplantio os inseti-cidas Rocks e Talisman e o fungicida Locker. “Além dos produtos, promovemos ampla troca de informações sobre as culturas de soja e milho para os visitantes. Lançamos recentemente três produtos de alta tecnologia e precisamos nos aproximar dos produtores e revendedores para apresentar os produtos que aumentam a produ-tividade e rentabilidade nas suas lavouras. Queremos contribuir com o agronegócio, investindo em inovações para atender às necessidades específicas dos produtores”, apontou o gerente de Marketing Sul da FMC, Eduardo Menezes.

ComemoraçãoA Pionner participou da Bahia Farm Show realizada em junho, em Luís Eduardo Magalhães, na Bahia. A empresa comemorou, junta-mente com seus clientes, 40 anos de presença no Brasil e também realizou o lançamento da tecnologia de proteção contra insetos: Optimum Intrasect, na cultura do milho.

TecnologiaA equipe da Dow AgroSciences destacou na Bahia Farm Show o Powercore. A tecnologia reúne cinco genes para dar maior proteção à plantação de milho com tolerância a dois tipos de herbicidas (glifo-sato e glufosinato) e controla quatro espécies de lagartas: a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), lagarta-de-espiga (Helicoverpa zea), a broca-da-cana (Diatraea saccharalis), a largarta-rosca (Agrotis ipsilon) e lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus).

SinergiaA Sipcam UPL participou do 27° Seminário da Cooplantio. De acor-do com o representante técnico de Vendas, Celso Albino Andriolo, um dos objetivos foi promover uma maior aproximação da diretoria, dos gestores e equipe de campo das filiais. “Queremos criar uma sinergia positiva para enfrentarmos juntos os novos desafios que a safra 2012/2013 irá nos proporcionar”, explicou.

Antonio Carlos Zem e José Carlos Leite

Aimar Pedrini

06 Julho 2012 • www.revistacultivar.com.br

Por culturasA Basf apresentou no 27º Seminário Cooplantio propostas de manejo específico para as culturas da soja, trigo e arroz. Em soja, a equipe destacou o AgCelence Soja Produtividade Top. O modelo de manejo desenvolvido no Brasil busca contribuir para assegurar ao agricultor aumento em quantidade e melhora da qualidade do grão. Além do controle fitossanitário, o manejo integrado com os produtos fungici-da/inseticida Standak Top e os fungicidas Comet e Opera - aplicados de forma integrada e sequencial – promete melhorar a relação de transformação da água, luz e nutrientes em energia e grãos.

FungicidaOs visitantes da Bahia Farm Show puderam conhecer, no estande da Bayer, os resultados do fungicida Fox, indicado para o manejo do complexo de doenças na cultura da soja. O produto, à base de uma nova classe química, a Triazolinthione, é recomendado no combate a desafios como ferrugem asiática, mancha alvo e antracnose.

PresençaPresente na 27ª Edição do Seminário da Cooplantio, a DuPont do Brasil Produtos Agrícolas destacou o fungicida Aproach Prima e os inseticidas Premio e Altacor. Durante o evento, pesquisadores, técnicos e agricultores da região tiveram a oportunidade de conhecer de perto as características de ação desses produtos.

No arrozO coordenador de mercado da Dupont para cultura de arroz, Fernando Bizzi, destacou no 27° Seminário da Cooplantio os atributos do inseticida Altacor. “O pro-duto possui ação rápida e longo período de controle ou residual, além da resistência às chuvas e introduz no mercado um novo e exclusivo modo de ação sobre os insetos-praga. Seu efeito é imediato, um fator que, aliado ao período residual ofe-recido, resulta em excelentes resultados na proteção da cultura”, garantiu.

Arroz e sojaA Ihara apresentou no Seminário Cooplantio, tecnologias para as culturas do arroz e da soja, com foco no manejo de plantas daninhas e controle de mofo-branco. Em herbicidas o destaque foi o Nominee, recomendado para a fase inicial da lavoura orizícola, como também no manejo de angiquinho tardio nessa cultura, além do Grassmax, uma ferramenta para rotação de princípio ativo e modo de ação. Os produtores que visitaram o estande da empresa também conhe-ceram o portfólio completo para combate ao mofo-branco, desde o tratamento de sementes através da aplicação do fungicida Certeza, seguido pelos fungicidas Cercobin 500, Sumilex e Frowncide.

VariedadesDurante o 27° Seminário da Cooplantio, a equipe da Bras-max Genética deu ênfase a variedades de soja. Na safra 2011/12 foram implantados 45 ensaios junto aos produtores de sementes licenciadas, empresas parceiras e instituições de pes-quisa, distribuídos nos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Bahia. Atualmente a Brasmax possui sete culturas comerciais e três pré-lançamentos.

NutriçãoA Yara Brasil marcou presença no 27° Seminário da Cooplantio através de uma equipe formada pelo diretor de Produção Marcus Guerra, ge-rentes e supervisores de vendas das áreas de abrangência da Cooplantio. Durante o evento foi apresentada a tecnologia N-Sensor, um aparelho que, acoplado a tratores, faz a leitura da coloração das folhas de uma lavoura através de um sensor inteligente que identifica a intensidade cromática captada e traduz essa informação ajustando a taxa exata de nutrientes que a planta precisa. Tudo em tempo real. A Yara levou tam-bém ao evento o Topmix Evolution. O produto tem os micronutrientes do YaraVita aplicados diretamente nos grânulos por impregnação.

Fernando Bizzi

Anderson Clayton e Jorge Cristiano Rosa

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ALTITUDE m900940900830

Tabela 1 - Municípios, altitude e localização dos ensaios avaliados, safra 2010/2011

LATITUDE14º14’31”12º40’52”13°51’38”11°47’29”

LONGITUDE45º42’09”46º15’38”

46°11’41,1”45º57’35”

MUNICÍPIO Jaborandi/BA

São Desidério/BACorrentina/BABarreiras/BA

DATA DE PLANTIO 02.1205.1223.1130.11

Tabela 2 - Data de plantio e ciclo da cultivar BRS 313 Tieta nos quatro locais avaliados, safra 10/11

CICLO/dias130130118129

MUNICÍPIOJaborandi/BA

São Desidério/BACorrentina/BABarreiras/BA

ESPAÇAMENTOm0,50,50,50,5

Tabela 3 - População final (plantas/m), espaçamento entre linhas (m), pluviometria (mm) e produtividade (kg/ha e sc/ha) das áreas avaliadas com BRS 313 Tieta no oeste da Bahia, Safra 2010/2011

PLUVIOMETRIAmm

1.2001.6201.3001.358

MUNICÍPIO

Jaborandi/BASão Desidério/BACorrentina/BABarreiras/BA

PRODUTIVIDADEkg/ha4740,03840,03726,03720,0

sc/ha79,064,062,162,0

Cultivares de soja (Glycine max (L.) Merr) mais produtivas e que aten-dam às necessidades de manejo

são almejadas pelos produtores a cada safra. O melhoramento genético e a adaptabilidade dos materiais a diferentes locais e situações climáticas são fatores que figuram para o lan-çamento e o sucesso dessas cultivares.

A seleção de genótipos de soja, com elevada produtividade de grãos e capacidade de adaptação a ampla faixa de ambientes, é um dos principais objetivos dos programas de melhoramento genético, buscando assim o conhecimento dos genótipos em relação ao caráter na interação genótipo x ambiente (Almeida et al, 2010).

Características de cultivares de soja, como rusticidade, ciclo precoce, porte ereto e resistência ao acamamento são desejadas por facilitarem a condução em campo, es-pecialmente em áreas com alta incidência de doenças, principalmente o mofo branco da haste, causado pelo fungo necrotrófico Sclerotinia sclerotiorum (Lib). Segundo Blad et al, 1978; Boland & Hall, 1988, o cultivo com variedades com arquitetura (hábito ereto, folhas pequenas, que não acame, ciclo precoce, período de curto florescimento) constitui uma barreira física e reduz a duração do molhamen-to dos órgãos suscetíveis e consequentemente a probabilidade de infecção da doença. A tendência de serem adotadas variedades com essas características descritas também estará correlacionada com a tendência no aumento do espaçamento nas entre linhas de plantio, superior a 50cm.

Os fatores arquitetura e aumento no

espaçamento tendem a favorecer o controle de doenças devido à redução da existência de microclima favorável ao desenvolvimento do patógeno e à facilidade na operação de con-trole, utilizando pulverização de defensivos agrícolas, nesse caso, fungicidas.

O aumento no espaçamento entre linhas > 0,50m reduz a duração do molhamento dos órgãos suscetíveis e, consequentemente, a probabilidade de infecção (pétalas de flores). (Blad et al, 1978; Boland & Hall, 1988). Para atender essa demanda foi lançada na safra 2009/2010, através da parceria Embrapa Soja e Fundação de Apoio à Pesquisa e Desenvol-vimento do Oeste Baiano, a cultivar de soja BRS 313 Tieta.

ExPERIMENTO NO OESTE BAIANOO objetivo desse trabalho é descrever a

cultivar de soja BRS 313 Tieta e apresentar diferentes resultados de produtividades em quatro locais (Tabela 1) do oeste da Bahia.

As parcelas foram compostas de quatro linhas de 5m de comprimento, com espa-çamento de 0,5m entre linhas e estande conforme a Tabela 3. A área útil foi de 4m2 após descartar, como bordadura, as duas linhas centrais e 0,5m em cada extremidade da parce-la. A instalação e o manejo dos ensaios foram conduzidos seguindo as normas técnicas recomendadas, de modo a manter as plantas sob condições ideais de desenvolvimento.

A cultivar BRS 313 Tieta é um material de ciclo indeterminado e apresenta como característica importante em sua arquitetura o porte ereto com resistência ao acamamento, tendo altura média 91cm.

Adaptada e produtivaConforme Moreira et al, 2010 os dados

de VCU da BRS 313 Tieta indicaram que a cultivar pertence ao grupo de maturação precoce – 8.7 - com ciclo total para maturação variando de 107 dias a 118 dias. Nesta safra 2010/2011, em três das quatro áreas acompa-nhadas a campo da cultivar BRS 313 Tieta, observa-se um acréscimo de dias no ciclo de maturação (Tabela 2); efeito possivelmente ocasionado pela influência do fenômeno La Niña que provocou o aumento do regime pluviométrico médio da região.

O rendimento médio de produtividade (Tabela 3) em quatro locais de avaliação foi de 4.002,0kg/ha (66,7sc/ha), variando de 3.720kg/ha (62,0sc/ha) a 4.740,0kg/ha (79,0sc/ha).

A cultivar BRS 313 Tieta apresentou excelente rendimento nos quatro diferentes locais avaliados e com diversas populações, superando a média de produtividade do oeste da Bahia de 56sc/ha (3° levantamento de safra 2010/2011, Fonte: Aiba), sendo excelente ferramenta no manejo integrado de mofo branco da haste.F. Weber, F.A.Pesq. e Des. do Oeste BaianoJ.U.V. Moreira e A. E. Pipolo, Embrapa Soja

Cultivar BRS 313 Tieta é mais uma ferramenta para auxiliar o produtor de soja a manejar doenças como o mofo-branco,

causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum

CC

07www.revistacultivar.com.br • Julho 2012

08 Julho 2012 • www.revistacultivar.com.br

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Nas últimas safras, o nematoide das lesões radiculares (Pratylen-chus brachyurus) tem causado

danos econômicos elevados e crescentes na cultura da soja no Brasil, especialmente na região Centro-Oeste. Fatores ambientais, como os atributos químicos do solo, possivel-mente, alteram a intensidade dos sintomas nas lavouras, por influenciarem tanto o ne-matoide, quanto a tolerância da soja ao seu parasitismo. Diante do exposto, a Embrapa Soja, em parceria com a Embrapa Cerrados, a Embrapa Agrossilvipastoril, a Aprosoja/MT e o Fundo de Apoio à Cultura da Soja (Facs/MT), vêm monitorando lavouras de soja ata-cadas pelo nematoide, em diferentes regiões do Mato Grosso. O objetivo dessa pesquisa é determinar a relação existente entre alguns atributos químicos de solo e a população e os danos ocasionados por P. brachyurus.

Na safra 2009/2010, foram selecionadas oito lavouras de soja atacadas por P. brachyurus em Mato Grosso: três na região médio-norte [municípios de Sinop (P1 e P2) e Vera (P3)], duas na região oeste [municípios de Campos de Júlio (P4) e Sapezal (P5)] e três na região leste [município de Querência (P6, P7 e P8)]. Em cada lavoura, foram coletadas dez amostras de solo nas camadas de 0-10cm e 11-20cm, fora e dentro das reboleiras identi-ficadas pela alteração na altura das plantas de soja (Figura 1). Essas amostras foram utiliza-

das para determinação do pH em CaCl2, P, K, Ca, Mg, Al, saturação por bases, quantidades de argila, silte e areia, além da população de nematoides. A população de P. brachyurus foi determinada nas plantas de soja presentes em cada lavoura no momento da amostragem. Para isso, foram coletadas dez amostras de raízes (cinco na reboleira e cinco fora da re-boleira), cada uma constituída pelo sistema radicular de dez plantas de soja. A população de nematoides também foi estimada por meio de bioensaio. O bioensaio consistiu na conta-gem, em cada amostra, do número de juvenis e adultos do nematoide presentes nas raízes das plantas de soja após 60 dias de cultivo em casa de vegetação, em vasos contendo 1kg de solo. A partir de cada amostra de solo, foram pre-enchidos dois vasos, sendo um ocupado com a soja cultivar BRSGO Chapadões (padrão de resistência) e o outro, com a cultivar TMG 115 RR (padrão de suscetibilidade), totalizando 20 vasos por lavoura monitorada. Para quantifi-car a magnitude dos danos provocados pelo nematoide, a altura da soja foi avaliada em 50 plantas, amostradas dentro e fora da reboleira. No momento das amostragens, em todas as lavouras avaliadas, a soja encontrava-se nos estádios R4 (vagem completamente formada) a R5 (enchimento de grãos).

Todas as lavouras amostradas apresenta-ram reboleiras de plantas de soja com redução significativa de altura (Figura 2), evidenciando

a existência de regiões dentro de cada lavoura onde os sintomas ocasionados por P. brachyu-rus foram mais intensos. Das oito lavouras amostradas, em apenas uma (P1) a população do parasita nas raízes da soja, no momento da amostragem, era maior dentro do que fora das reboleiras (Figura 3a). No bioensaio, apenas as amostras de solo coletadas nas lavouras P1 e P7 revelaram populações de P. brachyurus, nas raízes da soja, maiores no interior do que fora da reboleira (Figura 3b).

Deste modo, na maioria das lavouras a população do nematoide das lesões radiculares foi igual ou menor nas reboleiras do que no restante da área, indicando que a intensidade dos sintomas não depende apenas da popula-ção de P. bachyurus, mas também da maior ou menor tolerância da soja ao nematoide. Nesse sentido, cinco das oito lavouras apresentaram, na camada de 0-10cm, menores valores de pH, saturação por bases (V%), Ca e Mg trocável nas reboleiras (Figura 4). De forma inversa, os teores de Al na camada de 0-10cm foram maiores nas reboleiras em quatro lavouras. Na camada de 11-20cm, os resultados seguiram a mesma tendência, com a saturação por bases, o pH e os teores de Ca e Mg trocável sendo significativamente maiores nas regiões localizadas fora das reboleiras em cinco, três, quatro e sete lavouras, respectivamente (Fi-gura 5). Adicionalmente, sete das oito áreas apresentaram teores de Al na camada de 11-

Relação proporcionalRelação proporcional

Atributos químicos do solo estão entre os fatores ambientais capazes de influenciar tanto nematoides como a tolerância da soja ao parasitismo desses microrganismos. No combate a P.

brachyurus, uma das espécies mais agressivas, o manejo correto da acidez, por meio da aplicação criteriosa e homogênea de corretivos, é prática importante para reduzir os danos à cultura

Atributos químicos do solo estão entre os fatores ambientais capazes de influenciar tanto nematoides como a tolerância da soja ao parasitismo desses microrganismos. No combate a P.

brachyurus, uma das espécies mais agressivas, o manejo correto da acidez, por meio da aplicação criteriosa e homogênea de corretivos, é prática importante para reduzir os danos à cultura

Figura 3 - Número de nematoides (Pratylenchus brachyurus) por grama de raiz de soja no campo (a) e por planta de soja no bioensaio (b), fora e dentro das reboleiras identificadas pela alteração na altura das plantas de soja, em oito lavouras atacadas pelo parasita no Mato Grosso. Médias seguidas pela mesma letra, dentro de cada área, não diferem significativamente pelo teste t (p<0,05)

Figura 2 - Altura média das plantas de soja, fora e dentro das reboleiras, em oito lavouras atacadas pelo nematoide das lesões radiculares no Mato Grosso. Médias seguidas pela mesma letra, dentro de cada área monitorada, não diferem significa-tivamente pelo teste t (p<0,05)

20cm mais altos nas reboleiras (Figura 5). Já os teores de P e K, em ambas as camadas, não variaram em função da posição de coleta de amostras (dados não apresentados).

Portanto, a acidez do solo e os efeitos da mesma no Ca, Mg e Al trocável aumentam a intensidade dos sintomas ocasionados à soja pelo nematoide das lesões radiculares. Tal fato pode ser atribuído à redução da tolerância da soja a P. brachyurus em áreas mais ácidas, uma vez que a população do nematoide não se correlacionou significativamente com nenhum dos atributos químicos avaliados. Os menores valores de Ca e Mg trocável e os maiores

de Al trocável dentro das reboleiras podem reduzir o crescimento radicular da soja. Isto implica em redução da capacidade da planta em absorver água e nutrientes da solução do solo, sobretudo se estiver sendo parasitada por P. brachyurus. A relação desses elementos com a intensidade dos sintomas é mais evidente na camada de 11-20cm, onde se observa os maiores teores de Al, particularmente nas reboleiras. Além

disso, nessa camada, os teores de Ca trocável nas reboleiras, à exceção da lavoura P4, foram inferiores a 2cmolc dm-3, valor considerado crítico à soja (Tecnologias de Produção de Soja – Região Central Do Brasil, 2010).

10 Julho 2012 • www.revistacultivar.com.br

Figura 4 - Atributos químicos do solo na camada de 0-10cm, fora e dentro das reboleiras identificadas pela alteração na altura das plantas de soja, em oito lavouras atacadas pelo nematoide das lesões radiculares no Mato Grosso. Médias seguidas pela mesma letra, dentro de cada área monitorada, não diferem significativamente pelo teste t (p<0,05)

Figura 5 - Atributos químicos do solo na camada de 11-20cm, fora e dentro das reboleiras identificadas pela alteração na altura das plantas de soja, em oito lavouras atacadas pelo nematoide das lesões radiculares no Mato Grosso. Médias seguidas pela mesma letra, dentro de cada área monitorada, não diferem significativamente pelo teste t (p<0,05)

Além do Ca, a presença de Mg em níveis adequados no ambiente radicular também tem sido indicada como importante para o crescimento radicular (Silva et al, 2005). Assim, a menor disponibilidade de Mg nas reboleiras pode resultar em plantas de soja debilitadas e com menor desenvolvimento radicular e, portanto, mais vulneráveis aos danos por P. brachyurus. É importante ressal-tar que os teores de Mg em todas as lavouras e camadas de solo amostradas (Figuras 4 e 5), com exceção da área P8 na camada de 0-10cm, foram inferiores a 0,8cmolc dm-3, valor consi-derado crítico à soja (Tecnologias de Produção de Soja – Região Central do Brasil, 2011).

De acordo com observações de campo, os danos de P. brachyurus à soja têm sido maiores em solos arenosos. No entanto, este estudo não permitiu relacionar a intensidade dos sintomas com o teor de argila, uma vez que os valores deste atributo na camada de 0-20cm foram similares dentro e fora das reboleiras, equivalendo, em média, a 175g/kg; 231g/kg; 245g/kg; 118g/kg; 104g/kg; 110g/kg; 156g/kg; e 311g/kg nas áreas P1, P2, P3, P4, P5, P6, P7 e P8, respectivamente.

Os resultados mostram que o manejo correto da acidez do solo, por meio da apli-cação criteriosa e homogênea dos corretivos, constitui-se em uma prática importante para

reduzir os danos por P. brachyurus na soja. Essa medida não diminui a população de P. brachyurus no solo, mas aumenta a tolerância da planta de soja ao ataque do nematoide.

Henrique Debiasi, Julio Cezar Franchini eWaldir Pereira Dias,Embrapa SojaJoão Flávio Veloso da Silva,Embrapa AgrossilvipastorilLuiz Nery Ribas,Aprosoja/MT Alexandre Moura C. Goulart, Embrapa Cerrados

CC

Algodão

11www.revistacultivar.com.br • Julho 2012

Pressão brancaEpidemias de mofo-branco têm sido registradas cada vez com maior frequência nas áreas produtoras de algodoeiro, no Brasil. Para barrar a doença, capaz de provocar prejuízos sérios à cultura, são recomendadas medidas integradas, como controle

biológico, aplicação de fungicidas durante toda a fase de floração, uso de sementes certificadas e rotação com plantas não hospedeiras

No atual sistema de produção do algodoeiro no cerrado do Bra-sil é comum o uso de poucas

espécies vegetais na rotação de culturas. Esse fato pode aumentar a pressão de inóculo de patógenos habitantes de solo e comuns a essas culturas. Esse incremento de inóculo, aliado a um ambiente favorável ao desenvolvimento desses patógenos, con-tribui para a ocorrência de epidemias.

Dentre as doenças que afetam o algo-doeiro no Brasil, o mofo-branco, causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary, tem aumentado sua importância. O patógeno é relatado como responsável pela doença nessa cultura apenas na Escócia, Israel e Brasil. Atualmente, em áreas de ocorrência, é uma das principais doenças do algodoeiro, tanto em lavouras irrigadas como de sequeiro.

O fungo S. sclerotiorum causa a doença em várias espécies de plantas, muitas delas de importância econômica e com cultivos em larga escala, como é o caso de algodo-eiro, soja, feijão e girassol. Considerando o aumento de áreas infestadas com o pa-tógeno, o número de plantas de algodão infectadas pelo fungo S. sclerotiorum e a severidade dos sintomas observados em di-ferentes partes da planta, essa doença deve ser motivo de preocupação do produtor.

Mais recentemente a doença foi ob-servada em algodoeiro nos estados da Bahia e de Goiás, em áreas de pivô central, precedida por contínuos cultivos de feijão. A doença também tem sido detectada em regiões de maior altitude, inclusive em áre-as de algodão não irrigado, causando baixas na população de plantas e alta severidade em plantas adultas, em especial sob con-dições de temperaturas amenas associadas às chuvas frequentes, cenário que favorece o desenvolvimento da doença.

SINTOMAS E SINAISO fungo S. sclerotiorum produz micélio

cotonoso branco sobre e dentro das partes das plantas infectadas. Os sintomas da doença são murcha, necrose e podridão

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intensidade de luz, maior produção de apotécios ocorre apenas em condições de alta umidade (saturação do solo). Portanto, se a intensidade de luz é alta e o solo está relativamente seco, o desenvolvimento da doença pode ser reduzido.

Alta umidade do solo antes do fecha-mento da copa das plantas é importante para a produção de apotécios. Durante esse período, chuvas constantes podem produ-zir ambiente favorável. Entretanto, após o fechamento da copa, a importância relativa da umidade é menor, devido à redução da intensidade de luz. Nessa fase a temperatu-ra passa a ser o fator mais importante para a formação de apotécios. Sob condições de baixa intensidade de luz, mais graus/dias acumulados são necessários para ocorrer a formação de apotécios (760-1.720), comparando-se com a condição de maior intensidade de luz, onde são necessários de 160 graus/dia a 900 graus/dia.

Portanto, em condições tropicais, qual-quer tática de manejo que contribua para diminuição da intensidade de luz sobre os escleródios, quando as demais condições de ambiente são favoráveis, poderá contribuir para reduzir o número de apotécios e, em consequência, a pressão de inóculo.

Ao contrário dos escleródios formados em outras plantas, como feijão e soja, os escleródios formados em algodoeiro são maiores e, a partir deles, germinam vários apotécios. Nos apotécios são formados esporos (ascósporos), que são ejetados de maneira forçada, deslocam-se por correntes de ar e podem percorrer longas distâncias até uma planta suscetível. Um apotécio

12 Julho 2012 • www.revistacultivar.com.br

produzidos em áreas vizinhas e conduzidos passivamente pelo vento. Apenas escleró-dios localizados até 3cm de profundidade no solo são capazes de germinar de forma carpogênica. Escleródios encontrados no interior de capulhos desenvolvem apoté-cios em, aproximadamente, 60 dias.

Para que ocorra a germinação carpogê-nica é necessária uma combinação entre temperatura, umidade e intensidade de luz. A situação ideal é um período supe-rior a dez dias com alta umidade no solo, aliado a temperaturas não inferiores a 5oC e não superiores a 30oC, e ótimas entre 15oC e 21oC.

Os apotécios podem ser formados em variadas condições de umidade. A com-binação de intensidade de luz e umidade também afeta a produção de apotécios. Sob condições de baixa intensidade de luz (80mol m–2 s1 a 90mol m–2 s–1) e pouca umidade no solo (50% da capacidade de campo) há população maior em número de apotécios. Por outro lado, sob alta

Os sintomas da doença são murcha, necrose epodridão úmida em hastes, pecíolos e maçãs

úmida em hastes, pecíolos e maçãs. No interior do capulho, em geral, é constatado micélio branco. Este micélio posteriormen-te agrega-se para formar escleródios tanto internamente quanto na parte externa da maçã. Os escleródios são estruturas que tornam possível a sobrevivência do fungo no solo por várias safras na ausência de uma planta hospedeira.

Os escleródios possuem uma parede ex-terior rígida e escura e um interior esbran-quiçado. O formato é irregular e, em maçãs de algodoeiro, ocasionalmente, chegam a comprimentos superiores a 3cm.

EPIDEMIOLOGIAEm áreas livres de S. sclerotiorum uma

epidemia de mofo-branco pode ser iniciada por meio de sementes contaminadas inter-namente pelo micélio dormente do fungo ou com escleródios transportados junto ao lote de sementes. Quando semeadas, e sob condições favoráveis de umidade e tempe-ratura, o micélio se desenvolve e dá início à infecção. Muitas das sementes, assim contaminadas, podem não germinar, mas tendem a produzir micélio e escleródios.

Após o período de sobrevivência du-rante a entressafra, os escleródios podem formar micélio (germinação miceliogênica) e infectar as plantas diretamente ou formar uma estrutura de frutificação (germinação carpogênica), chamada de apotécio, que produz esporos denominados ascósporos.

A ocorrência do mofo-branco em lavou-ras de algodão está condicionada ao inóculo inicial (escleródios) já presente na área, gerado por outra cultura suscetível, como soja, feijão ou girassol, ou por ascósporos

Por conta do atual sistema de produção do algodoeiro, utilizado no Cerrado, há poucas espécies vegetais na rotação de culturas, o que tende a aumentar a pressão de inóculo de patógenos habitantes de solo

Este micélio posteriormente agrega-se para formar escle-ródios tanto internamente quanto na parte externa da maçã

Fotos Nélson Suassuna

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pode produzir até 3x10 ascósporos que são liberados continuamente de dois a 17 dias. Os apotécios são estruturas sensíveis e sobrevivem por até 12 dias em condi-ções de campo. Prolongados períodos de molhamento foliar (16 a 48 horas) com temperaturas variando entre 12ºC e 24°C promovem a germinação de ascósporos e a infecção.

Apesar de ainda não existirem dados em algodoeiro, em diversas culturas os ascósporos correspondem à principal fonte de inóculo primário do patógeno e necessitam de uma fonte de energia exógena para infectar plantas sadias. As pétalas de flores são essa fonte de energia para as infecções iniciais. Entretanto, ascósporos também infectam esporadica-mente tecidos injuriados mecanicamente ou lesionados por outro patógeno. A colonização de pétalas maduras ou se-nescentes ocorre dentro de dois a três dias e o micélio originado coloniza os demais tecidos (folhas, hastes e maçãs) por contato direto ou nos locais onde as flores caem após a fecundação. Portanto, o controle químico deve ter as pétalas como principal alvo a ser protegido.

Sob condição de alta umidade, o mi-célio se desenvolve e move-se do tecido colonizado para hastes, folhas e maçãs. Após o avanço da colonização, escleródios são formados tanto na superfície quanto na parte interna dos tecidos do algodoeiro. Quando a planta ou uma parte dela morre, os escleródios caem no solo, onde podem sobreviver por vários anos e recomeçar o ciclo na safra seguinte.

A produção de ácido oxálico por S. sclerotiorum está envolvida no processo de patogênese. O ácido oxálico atua na indução de abertura de estômatos e/ou inibição de fechamento de estômatos induzidos por ácido abscísico. Enzimas capazes de degradar o ácido oxálico, como oxalato decarboxilase, têm sido usadas para produzir plantas transgê-nicas resistentes ao mofo-branco, como alface e soja, e podem representar uma

solução para a cultura do algodoeiro.

MANEJOO manejo da doença é dificultado

pela capacidade do agente causal formar estruturas de resistência (escleródios), que garantem sua sobrevivência por vários anos, mesmo em condições adversas, limi-tando a utilização de culturas hospedeiras na prática de rotação de culturas.

Não são conhecidas cultivares resis-tentes de algodoeiro e o controle químico nem sempre é eficaz, uma vez que a planta deve estar protegida de maneira preventiva com fungicida durante todo o período de florescimento. O desafio para a cultura do algodoeiro é que o período de florescimento é amplo e ocorre simul-taneamente em várias partes da planta, o que dificulta atingir o alvo (pétalas) com cobertura adequada.

A integração de medidas de controle, como o biológico (a exemplo dos fungos Trichoderma harzianum ou T. asperellum, para reduzir escleródios na entressafra), o controle químico durante a condução da lavoura, o uso de sementes certificadas, a rotação de culturas com plantas não hospedeiras, além de outras práticas, deve ser implementada para o manejo dessa doença.

Outra medida que pode ser utilizada em áreas de cultivo convencional é o re-volvimento do solo para inviabilizar parte dos escleródios presentes. Em lavouras

Nelson Dias Suassuna eAlexandre Cunha de B. Ferreira,Embrapa Algodão

de plantio direto na palha, onde haja infestação de mofo-branco, a inadequada sucessão de culturas suscetíveis pode agravar o problema. Nesses locais, se faz necessário o uso mais intenso de cultu-ras não hospedeiras (gramíneas) e de espécies formadoras de palha com maior produção e persistência de matéria seca e facilidade de dessecação, bem como rigoroso controle de plantas invasoras hospedeiras do patógeno em períodos de entressafra. Outro ponto de alerta se refere ao uso de espécies vegetais para diminuição da população de nematoides, como Crotalaria spectabilis, que é hospe-deira de S. sclerotiorum e cujas sementes, quando produzidas em áreas infestadas, podem disseminar o patógeno, uma vez que os escleródios confundem-se com suas sementes.

Recentemente tem-se buscado redu-zir os custos de produção do algodoeiro, sendo o cultivo em espaçamentos mais reduzidos e em segunda safra (safrinha) uma opção a ser pesquisada. Nesse con-texto, o aumento da população de plantas pode favorecer o desenvolvimento de epidemias de mofo-branco em áreas de ocorrência de S. sclerotiorum. Nesse sistema de cultivo, maiores incidência e severidade da doença ocorreram quando se cultivou algodoeiro com maior den-sidade (dez plantas/m, comparando-se com oito plantas/m, seis plantas/m ou quatro plantas/m), em ano que as chuvas ocorreram com maior intensidade em abril e maio. Também, o uso de culti-vares de algodoeiro de menor porte, por permitirem maior aeração, apresentou menor incidência e severidade de mofo-branco, do que cultivares de porte alto. Em condições de infestação natural em campo, testando-se 34 diferentes genó-tipos de algodoeiro em segunda safra após a cultura do feijoeiro, todos foram suscetíveis à doença.

Os escleródios formados em algodoeiro são maiorese, a partir deles, germinam vários apotécios

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Algodão

Quanto aplicarO algodoeiro é extremamente exigente em nutrientes como potássio e nitrogênio. Com o advento do cultivo adensado e o plantio em sucessão à soja, a tendência é de que ocorram reduções na necessidade de reposição desses insumos. No entanto, o cotonicultor precisa estar atento aos

vários aspectos que envolvem a demanda por adubação, como o uso racional desses insumos, a manutenção de bons níveis de produtividade e, sempre que possível, a diminuição de custos

O nitrogênio e o potássio são os nutrientes mais extraídos pelo algodoeiro, tornando-se necessá-

ria sua reposição através de adubação. Racio-nalizar o uso desses insumos para possibilitar a manutenção de altas produtividades, com menor custo, é uma medida importante. O cultivo adensado do algodoeiro também vem sendo considerado como uma das estratégias de redução de custos de produção por reduzir o ciclo da cultura.

O algodoeiro é conhecido por sua alta exi-gência em nutrientes minerais para alcançar grandes produtividades. Dentre os macronu-trientes, o nitrogênio (N) e o potássio (K) são os mais exigidos (Carvalho et al, 2007). Para produzir 2.500kg/ha de algodão em caroço (ou aproximadamente 1.000kg/ha de pluma) o algodoeiro extrai do solo 156kg a 212kg de N e 118kg a 197kg de K2O. Porém, essa quan-tidade varia na dependência das condições de clima, solo, manejo, cultivares utilizadas, produtividade alcançada, fertilidade do solo cultivado e doses de fertilizantes aplicados (Staut e Kurihara, 1998; Carvalho et al, 2007). Da quantidade total que a lavoura de algodão

extrai, grande parte retorna ao solo nos resí-duos da cultura após a colheita. Contudo, o nutriente que é levado da área pela retirada da fibra + semente não retornará, sendo, portanto, classificado como a quantidade de nutriente exportada.

Como a maioria dos solos cultivados com algodão não tem reserva natural de nutrien-tes em quantidades suficientes para suprir a quantidade exportada pelas colheitas ao longo dos anos, torna-se necessário fazer adubação, prática que tem por objetivo repor as quanti-dades exportadas, acrescidas daquelas perdidas por lixiviação, volatilização, fixação e erosão do solo, caso contrário haverá declínio na produtividade nas safras seguintes. Com uma adubação adequada, tem-se maior regularida-de do ciclo e o tamanho das plantas de algodão, aumento do peso médio dos capulhos, das sementes e melhoria de certas qualidades da fibra, como comprimento e maturidade (Silva et al, 1979 e 1982).

Atualmente, a maioria das áreas brasileiras cultivadas com algodoeiro encontra-se na região de cerrado, que é reconhecida mun-dialmente como a região de maior produtivi-

dade do mundo sob condições de cultivo em sequeiro. Nestas áreas a maioria dos solos é de textura média a arenosa, originalmente pobre em nutrientes, onde os custos com correção de solo e adubação com micro e macronutrientes são elevados, podendo representar alta porcen-tagem do custo total de produção. Conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o custo com adubação da safra 2010/11 atingiu porcentagem entre 19,5% e 25,1% do custo total de produção. Entretanto, nas áreas mais novas de cultivo, onde a fertilidade do solo ainda é baixa e precisa ser construída, esses gastos podem ser ainda maiores.

Desta forma, fazer uso de adubações com critérios baseados nas técnicas agronômicas e nos resultados das pesquisas é uma medida racional que possibilita continuar obtendo produtividades elevadas, evita excessos e diminui as perdas. Com isso, pode-se ter um menor custo de produção, com maior sustentabilidade do sistema como um todo, e desta lavoura em particular ao longo dos anos, principalmente naqueles em que o preço pago no mercado pela pluma apresentar

14 Julho 2012 • www.revistacultivar.com.br

baixos valores.

O CULTIVO ADENSADOCom intuito de redução dos custos de

produção, o cultivo do algodoeiro de forma adensada (0,75m a 0,39m) ou até mesmo ultra-adensado (0,19m a 0,38m) é cada vez mais discutido e ganha espaço entre os coto-nicultores. Esta técnica consiste em utilizar espaçamentos mais estreitos entre as linhas de semeadura em relação aos convencionalmente utilizados (0,76m a 1,0m com população entre 90 mil plantas/ha e 120 mil plantas/ha) e aumentar a população de plantas na área, trabalhando-se as plantas com regulador de crescimento para que atinjam entre 80cm e 90cm de altura, por ocasião da colheita. Com um maior número de plantas, cada uma delas precisa produzir menos maçãs para alcançar a mesma quantidade obtida nas áreas de cultivo com espaçamentos convencionais, necessitando, portanto, de menor tempo de cultivo, acarretando em um ciclo de produção mais precoce, o que possibilita a diminuição dos custos de produção com fertilizantes e também defensivos. No cultivo adensado são esperadas reduções de adubação, pois neste sistema o algodoeiro tem maior possibilidade de exploração do solo pelas raízes e, com isso, reduzir as perdas de fertilizantes por lixiviação, principalmente do potássio, que nos solos mais arenosos são consideráveis. Em locais onde o período chuvoso é maior, torna-se possível a semeadura de algodoeiro adensado entre o final de janeiro ou fevereiro (como cultura safrinha), normalmente após a colheita da soja. Neste caso se tem por objetivo utilizar o mesmo espaçamento da soja e uma população entre 120 mil plantas/ha e 250 mil plantas/ha, bem como o residual de fertilizante deixado pela leguminosa, principalmente o N, devido à fixação biológica, o que possibilitará ainda mais economia no caso deste nutriente.

O nitrogênio tem papel fundamental para o crescimento, desenvolvimento do algodoeiro, produção de maçãs e qualidade das fibras, por isso esse elemento possui importância princi-pal para obtenção de produção satisfatória. É um elemento essencial para as plantas e está

presente na composição das mais importantes biomoléculas, tais como todos os aminoácidos e proteínas, molécula de clorofila e outros pigmentos. Por isso, os sintomas de deficiência são caracterizados por perda da intensidade de cor verde em toda a planta. Sob sua carência, o algodoeiro também apresenta baixa velocidade de crescimento, internódios curtos e poucos ramos. Por ser um elemento móvel dentro da planta, os primeiros sintomas de amare-lecimento surgem nas folhas mais velhas do “baixeiro” e, à medida que a deficiência vai se tornando mais severa, ocorrem seca e queda precoce das folhas mais velhas, encurtamento do ciclo, prejudicando a produtividade e a qualidade da fibra.

A determinação da quantidade de nitro-gênio a ser aplicada tem como principal fator a produtividade esperada. Por isso, no caso deste nutriente, as doses requeridas no sistema adensado não diferem muito das necessárias para o sistema convencional, porém, quando o cultivo é feito em sucessão à soja, pode-se haver redução pelo aproveitamento do N fixado pela leguminosa. Entretanto, como o N favorece o crescimento das plantas, doses elevadas deste nutriente, e aplicações tardias, podem reduzir a produtividade devido ao excessivo crescimento vegetativo. Esta falha pode alongar o ciclo da planta, quebrando o propósito do adensamento. Por isso, doses de N no sistema adensado devem ser ajustadas para evitar o crescimento excessivo. Aplicação de 80kg/ha de nitrogênio foi suficiente para se alcançar a máxima produtividade do sistema adensado com espaçamento de 0,38m entre as linhas. Entretanto, resultados de pesquisas mostram respostas positivas que variam de

60 até 156kg/ha de N em espaçamentos entre linhas de 0,42m a 0,45m (Freitas et al, 2011; Sofiatti et al, 2011). O parcelamento do total aplicado é uma prática a ser considerada. Conforme Minotto et al (2011), a melhor produtividade foi obtida quando se aplicou um quarto da dose no plantio e o restante em cobertura aos 30 dias após a emergência.

Sobre o potássio, é um nutriente essencial que tem papel na atividade de dezenas de en-zimas como catalisador, na atividade osmótica da planta, na eficiência do uso da água, na fotossíntese e no transporte de carboidratos para os frutos, e por isso desempenha papel fundamental no desenvolvimento da planta, na produção e na qualidade de fibra, principal-mente no valor do “micronaire”. Os sintomas característicos de sua deficiência no algodoeiro são clorose internerval nas folhas do baixeiro, seguida de necrose nas margens e queda das folhas. Ocorrem, também, encurtamento do ciclo da planta, redução da produtividade e da qualidade da fibra.

Os teores no solo e a expectativa de produ-tividade são os principais fatores sobre quanti-dade de potássio a ser aplicada no algodoeiro. Em solos de textura média e argilosa, é possível fazer adubações corretivas com K, quando o teor no solo for muito baixo, contudo, em solos arenosos (menos de 20% de argila) deve-se evitar devido ao elevado potencial de lixiviação. As melhores respostas com potássio no siste-ma adensado foram obtidas com aplicações próximas às realizadas nos espaçamentos convencionais, mas seguindo o raciocínio de que no sistema adensado o aproveitamento é maior, devido à maior exploração do solo pelas raízes. Reduzindo a lixiviação, as perdas tendem a diminuir e o aproveitamentos pelas culturas seguintes pode ser maior. Pesquisas desenvolvidas no cerrado da Bahia (realizadas em parceria com a Fundação BA e financiadas pelo Fundeagro) mostraram que a partir do teor 1,15mmolc/dm3 ou 45mg/dm3 de K no solo, doses adicionais deste nutriente não permitiram acréscimo de produtividade do algodoeiro cultivado com 0,38m entre linhas, e também que a qualidade da fibra mostrou-se excelente.

Bogiani e Ferreira abordam a demanda nutri-cional do algodoeiro por nitrogênio e potássio

Área de produção de algodoeiro com espaçamento adensado à esquerda e com a utilização do sistema convencional à direita

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Julio Cesar Bogiani eGilvan Barbosa Ferreira,Embrapa Algodão

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15www.revistacultivar.com.br • Julho 2012

O cultivo do algodoeiro adensado ou ultra-adensado ganha espaço entre os cotonicultores

Café

16 Julho 2012 • www.revistacultivar.com.br

A produção brasileira de café é alcançada graças à adoção de certas técnicas de manejo, sendo

o emprego de fertilizantes considerado de suma importância para tal produtividade. O nitrogênio (N) é utilizado em grandes quan-tidades nessa cultura na forma de fertilizantes e constitui-se em uma prática essencial para a produção de alimentos em grande escala, necessária para suprir a demanda nutricional gerada pelo crescimento populacional.

Ao analisar as características tecnológicas dos fertilizantes/adubos mais utilizados na agricultura brasileira e das condições edafo-climáticas tropicais constatam-se aplicações intensivas de fórmulas altamente concen-tradas e solúveis sobre solos que apresentam baixa capacidade de retenção de cátions, evidenciando a inadequação desta prática aos ambientes tropicais. Neste tipo de sistema, a liberação de nutrientes necessita ser mais lenta e, se possível, controlada.

Os gastos com fertilizantes e corretivos re-presentem 30% do custo total da produção do cafeeiro no Brasil. Dos insumos utilizados na cultura do café, mais de 200 mil toneladas por ano correspondem aos fertilizantes nitrogena-dos, uma vez que é um dos nutrientes mais exigidos pelas plantas, representando um gasto estimado superior a R$ 350 milhões no Brasil. Além disso, o país depende significativamente da importação desse nutriente.

No Brasil, a ureia, o sulfato de amônio e o nitrato de amônio compreendem os fertilizantes nitrogenados mais utilizados. Como atributos comuns apresentam alta solubilidade em água e são facilmente dispo-níveis para as plantas. O uso de mistura entre fontes, em determinadas condições, também serve para aumentar o aproveitamento do N pelas culturas.

Desse modo, os agricultores podem aumentar os seus retornos líquidos com a utilização de insumos de menor custo e/ou que

apresentem maior eficácia, reduzindo perdas de nutrientes e aumentando a lucratividade na atividade cafeeira.

A VOLATIzAÇãOUreia é uma molécula que sofre hidrólise,

em que é produzida a amônia, um gás que pode volatizar. A ureia é preferida por ser um dos fertilizantes sólidos granulados com maior concentração de N (45%), característica que permite baixo custo de transporte, e que, asso-ciada à alta solubilidade, à baixa corrosividade e à facilidade de mistura com outras fontes, se torna a forma de adubo nitrogenado mais utilizado no mundo. O nitrogênio não utili-zado pela cultura é presumidamente perdido através de denitrificação, escoamento, lixivia-ção e/ou volatilização. Tais perdas levantam preocupações sobre a contaminação da água e as emissões de gases de efeito estufa, além de perdas econômicas.

A volatilização da ureia é a principal via de perda do N para a atmosfera e isso ocorre porque, quando aplicada ao solo, a ureia está sujeita à ação da enzima urease. Essa enzima é encontrada na natureza, na palhada, no solo, em plantas, bactérias, fungos, algas e inverte-brados e exerce uma única função catalítica que é a hidrólise de ureia, produzindo amônia e ácido carbônico. A amônia produzida na reação pode ser perdida para a atmosfera por volatilização, principalmente quando se encontra próxima à superfície do solo.

A aplicação de ureia em solos secos, com a ausência de chuvas, resulta em pouca dis-solução e em hidrólise do fertilizante. Mas, à medida que a umidade do solo se eleva, a hidrólise também tende a aumentar e, com isso, a volatilização pode crescer se a umidade não for suficiente para ocorrer a infiltração/incorporação do N no solo.

Como meio de reduzir perdas por volati-lização do N da ureia, tem-se a possibilidade de incorporar mecanicamente o fertilizante

ou proceder à aplicação do adubo quando são esperadas chuvas ou se dispõe de sistema de irrigação para a realização da incorporação com a água. Entretanto, para ambas as situ-ações, pode haver dificuldades nas regiões tradicionais de cultivo do cafeeiro. No pri-meiro caso, a incorporação é uma alternativa onerosa e de difícil realização em regiões de relevo acidentado e, para o segundo caso, tem-se a má distribuição das chuvas, baixa capacidade de armazenamento de água em alguns solos e, ainda, a elevação do custo de produção causada pela utilização de sistemas de irrigação. Ao optar por irrigação, esta es-tratégia deve ser eficiente para minimizar as perdas no nitrogênio.

As perdas por volatilização aumentam com fatores que incrementam a evaporação, como altas temperaturas do ar e do solo e ventos fortes. Aplicando-se fertilizante sob condições de temperaturas amenas e ventos leves e com boa probabilidade de ocorrer chuvas após a aplicação de N, as perdas por volatilização tendem a ser reduzidas.

Surge então a possibilidade de uso de fontes nitrogenadas que apresentam menores perdas de N por volatilização. Vários estudos têm sido realizados na busca de fertilizantes com eficiência aumentada. Atualmente, já existem alguns produtos utilizados em nichos de mercado e outros com utilização em expansão.

AUMENTO DA EFICIêNCIADiversos pesquisadores têm trabalhado

com o intuito de minimizar as perdas de ni-trogênio e aumentar a eficiência da adubação nitrogenada através da fertilização com ureia. As alternativas incluem adequação da época de aplicação do N, manejo da umidade do solo, mistura da ureia com outros fertilizantes de características ácidas, com o objetivo de ma-nejar as interações entre o nutriente e o solo,

Demanda nutricionalA alta dependência do cafeeiro por nutrientes, como o nitrogênio, encontrado em fontes como a ureia, tem feito com que o Brasil consuma anualmente mais de 200 mil toneladas de fertilizantes nitrogenados, o que resulta em gastos superiores a R$ 350 milhões. Com

isso cresce a busca por insumos de menor custo, baixa volatização e que apresentem maior eficácia, para reduzir perdas e aumentar a lucratividade dos produtores

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e, mais recentemente, o uso de fertilizantes com eficiência aumentada.

Dentre estes fertilizantes, destacam-se os produtos com aditivos que têm por objetivo a inibição da ação da enzima urease. Estes produtos reduzem a velocidade de conversão de ureia – CO(NH2)

2, para NH3, reduzindo a concentração de NH3 na superfície do solo, o que, consequentemente, reduz as perdas por volatilização.

Alguns produtos já estão sendo utilizados na cafeicultura brasileira, tais como o inibidor de urease NBPT (N-(n-butil) tiofosfórico triamida), substância inibidora da urease que vem apresentando bons resultados por reduzir as perdas de ureia por volatilização. Este inibidor ocupa o local de atuação da urease, inativando a enzima, retardando o início da reação e reduzindo a velocidade de volatilização de NH3. O atraso na hidrólise reduz o teor de NH3 presente na superfície do solo, diminuindo o potencial de volatilização e permitindo o deslocamento do nutriente para horizontes mais profundos do solo. O NBPT

O Brasil é o maior produtor mun-dial de café, com aproximada-

mente 43,5 milhões de sacas produzidas na safra 2011, possuindo um parque cafeeiro de aproximadamente 6,5 bilhões de plantas cultivadas em uma área apro-ximada de 2,3 milhões de hectares. Do total produzido, 32,2 milhões de sacas são de café Arábica (Coffea arabica) e 11,3 milhões de sacas são de café Coni-

CAfé No BrASIl lon (Coffea canephora), o que coloca o país em primeiro lugar mundial em produção de café Arábica e em segundo na produção de Conilon, perdendo este último apenas para o Vietnã, que produziu na mesma safra 18,5 milhões de sacas beneficiadas. Com isso, o café no Brasil não é só fonte de renda para milhares de famílias, mas, so-bretudo, fonte permanente de distribuição de renda e bem-estar social no campo.

O café Conilon responde por 11,3 milhões de sacas da produção cafeeira cultivada no Brasil

pode ser uma alternativa viável para minimi-zação das perdas por volatilização de NH3, mas a sua eficácia ainda não foi comprovada para a maioria das culturas e condições brasileiras, havendo poucos estudos e, como consequên-cia, utilização empírica do produto.

O ácido bórico, também tem apresentado inibição da atividade da enzima urease. Este ácido, além de inibir a competição com a ureia pelos sítios de ligação da enzima urease também contribui com o abaixamento do pH do solo. O NH3 oriundo da ureia reage com o H+ do solo formando o íon NH4

+ que não é perdido por volatilização. Portanto, a ureia, quando aplicada ao solo, consome prótons e, com isso, eleva o pH do solo na região próxi-ma ao grânulo. Esses compostos diminuem o pH no entorno dos grânulos permitindo que o N da ureia permaneça na forma do íon amônio.

O cobre é um micronutriente com po-tencial de inibição da urease, que entra na

categoria dos íons metais pesados, sendo geralmente considerado como forte inibidor ao lado do Hg2+ e da Ag+.

No entanto, a eficácia destes elementos como redutores da volatilização, bem como seus efeitos residuais no ambiente (planta e solo), carece ainda de estudos no que se refere à cultura do cafeeiro. Algumas destas substâncias estão sendo bastante usadas na cafeicultura brasileira sem, no entanto, es-tudos aprofundados. Esse cenário demanda a realização de mais pesquisas, que já estão sendo realizadas.José de Oliveira Rodrigues,Fábio Luiz Partelli,Fábio Ribeiro Pires eIvoney Gontijo,Univ. Federal do Espírito SantoMarcelo Curitiba Espindula,Embrapa Rondônia

Os gastos com fertilizantes e corretivos alcançam30% do custo total de produção do café no País

No Brasil são produzidas aproximadamente 32,2 milhões de sacas de café Arábica

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20 Julho 2012 • www.revistacultivar.com.br

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Reação monitorada

O Barley yellow dwarf virus (BYDV), descrito primeiramente nos Esta-dos Unidos (Oswald & Houston,

1951), é o agente causal do nanismo amarelo. Doença com ampla distribuição geográfica ocorre nas diversas regiões do globo onde se plantam cereais de inverno, sendo uma das viroses de planta de maior impacto econô-mico no mundo (Liester & Ranieri, 1995). No Brasil, relatos da “amarelidão dos trigais” apontavam sua presença desde 1929, sendo oficialmente descrito em 1968 (Caetano, 1968). São componentes primários deste pa-tossistema a população hospedeira (espécies de plantas da família Poaceae), a população viral

(espécies de vírus da família Luteoviridae) e a população vetora (espécies de afídeos – família Aphididae). Atualmente, no Sul do Brasil, BYDV-PAV é a espécie viral predominante (Lau et al, 2009) e os afídeos Rhopalosiphum padi (Linnaeus, 1758), com ocorrências no outono e primavera, e Sitobion avenae (Fabri-cius, 1775), na primavera, vetores importantes (Lau et al, 2009). O nível de dano (redução da produtividade na lavoura) é decorrente de fatores que afetam estas três populações. Anos favoráveis à multiplicação e disseminação das espécies de afídeos vetores tendem a elevar a pressão de inóculo no campo e aumentar o número de plantas infectadas. Outro fator

chave, objeto da análise deste artigo, é o nível de resistência/tolerância da população hospe-deira. A combinação de genótipos hospedeiros suscetíveis ao vírus e ao vetor que permitam a sua multiplicação e disseminação e genóti-pos intolerantes (que exibem elevados danos quando infectados) pode resultar em danos significativos (Figura 1).

Portanto, é essencial o conhecimento de como fatores ambientais afetam o progresso da epidemia e dos níveis epidemiológicos médios de uma determinada região, assim como a ca-racterização do comportamento das cultivares de trigo, indicadas pelo zoneamento agrícola. Este conjunto de informações permite melhor

Figura 1 - Redução na produtividade: função do produto da interação entre a incidência da doença (% de plantas infectadas no campo) e nível de tolerância da planta infectada (Intolerante = D100%; Moderadamente Intolerante = D75%; Moderadamente Tolerante = D50%, e Toler-ante = D25% - corresponde ao Dano % estimado para uma planta infectada da cultivar)

Figura 2 - Reação de cultivares de trigo à infecção por BYDV-PAV. A) Cultivar intolerante (Embrapa 16): à direita, vaso com plantas infestadas com R. padi virulíferos exibindo nanismo e redução do número de afilhos; à esquerda, plantas sadias. B) Cultivar tolerante (BRS Timbaúva): à direita, vaso com plantas infestadas com R. padi virulíferos; à esquerda plantas sadias

Reação monitoradaFotos Doulgas Lau

O vírus BYDV, transmitido por afídeos e causador do nanismo amarelo, é responsável por danos elevados na cultura do trigo. Favorecido por aspectos que impulsionam sua multiplicação

e disseminação, exige atenção e conhecimento para que o manejo e o controle possam ser efetuados de forma satisfatória. Conhecer a interferência dos fatores ambientais, bem como o comportamento das cultivares disponíveis aos produtores, tem papel importante na tomada de

decisão e na adoção de ações estratégicas para enfrentar esse desafio

O vírus BYDV, transmitido por afídeos e causador do nanismo amarelo, é responsável por danos elevados na cultura do trigo. Favorecido por aspectos que impulsionam sua multiplicação

e disseminação, exige atenção e conhecimento para que o manejo e o controle possam ser efetuados de forma satisfatória. Conhecer a interferência dos fatores ambientais, bem como o comportamento das cultivares disponíveis aos produtores, tem papel importante na tomada de

decisão e na adoção de ações estratégicas para enfrentar esse desafio

avaliação de risco e de desempenho, auxiliando na tomada de decisão pela assistência técnica e por produtores rurais. Assim, o objetivo deste trabalho foi o de avaliar a reação de cultivares que compunham o ensaio estadual de cultiva-res do Rio Grande do Sul em 2011.

ENSAIOForam avaliadas 30 cultivares de trigo e

utilizadas como testemunhas padrão as se-guintes cultivares: BRS Timbaúva (tolerante) e Embrapa 16 (intolerante).

As plantas de trigo testadas foram infes-tadas com o afídeo R. padi, portador de um isolado viral pertencente à espécie BYDV-PAV. O ensaio foi realizado em telado da Embrapa Trigo (Passo Fundo – RS) entre junho e no-vembro de 2011. Sementes das cultivares de trigo foram semeadas em vasos com sete litros de capacidade. Após a emergência das plantas foi realizado o desbaste para que apenas cinco plantas por vaso se desenvolvessem. Para cada cultivar de trigo, um conjunto de cinco vasos foi submetido à inoculação por meio de infes-tação com indivíduos de R. padi virulíferos. O outro conjunto de cinco vasos que não foi submetido à inoculação serviu como teste-munha do padrão de desenvolvimento e do potencial produtivo da cultivar nas condições em que o ensaio foi conduzido. A inoculação (dez pulgões/planta) foi realizada quando as plantas apresentavam duas folhas expandidas. O período para a transmissão do vírus foi de uma semana, após foi aplicado inseticida para eliminar os afídeos. Nitrogênio em cobertura foi aplicado na forma de ureia (90kg/ha) no estádio de afilhamento. Ao longo do ensaio, foram utilizados inseticidas e fungicidas para evitar a ocorrência de insetos e de doenças. A colheita ocorreu em novembro de 2011.

AVALIAÇõESA avaliação visual dos sintomas foi rea-

lizada no estádio de espigamento. As notas foram atribuídas para cada vaso, consideran-do o dano visual na massa da parte aérea ao

compararem-se as plantas inoculadas com as não inoculadas. A escala utilizada variou de 0 (ausência de dano em decorrência do vírus) a 100 (dano extremamente severo com ausência de espigamento). Após a colheita, foi determinado o peso total de grãos para cada repetição (vaso). O efeito de BYDV-PAV sobre as amostras foi estimado comparando-se o tratamento “plantas inoculadas” (I) com o tratamento “plantas não inoculadas” (NI) por meio de teste t, ao nível de 5% de probabilida-de, e por meio do dano percentual, estimado pela fórmula:

Dano % = (Média NI - Média I)/(Média NI)*100, onde

Média NI = média das plantas não inoculadas

Média I = média das plantas inoculadas

RESULTADOSNas plantas das cultivares intolerantes, os

sintomas visuais da virose foram evidentes. Em relação às plantas não inoculadas, as plantas inoculadas exibiram amarelecimento do limbo foliar, redução da estatura, redução da massa da parte aérea, redução do número de espigas e atraso no desenvolvimento (Figura 2). Todas as cultivares avaliadas apresentaram sintomas, com notas médias variando de 23% a 92% (Tabela 1). Este fato indica suscetibilidade ao BYDV-PAV. Para uma estimativa mais precisa do nível de suscetibilidade/resistência seria necessário avaliar a taxa de multiplicação do vírus nos tecidos da planta, o que não foi reali-zado neste trabalho. As análises subsequentes são uma estimativa da tolerância baseada nos danos à produtividade das plantas inoculadas em relação às plantas não inoculadas.

Os sintomas avaliados visualmente apre-sentaram relação com os danos à produtivida-de de grãos causados por BYDV-PAV (Tabela 1). Em média, houve redução de 49,4% no peso de grão por vaso. A maioria das cultivares apresentou redução entre 41 e 50% (Figura 3). A maior redução observada foi de 78,3% (Mirante) e a menor de 7,2% (TEC Vigore)

(Tabela 1). Para a variável produtividade de grãos, a

correlação entre o conjunto de plantas não inoculadas e o de plantas inoculadas foi de 0,13 e a correlação destes dois grupos com o dano percentual estimado foi de - 0,83 (para plantas inoculadas) e 0,42 (para plantas não inoculadas). Portanto, a maior parte do dano é explicada pela redução da produtividade nas plantas inoculadas, embora plantas mais produtivas tendam a apresentar maiores danos (Figura 4). As cultivares Mirante, Topázio, BRS 331 e TBIO Iguaçu foram intolerantes com danos acima da média do grupo de genóti-pos analisado (média + desvio padrão) (Figura 4). No outro extremo, cultivares como TEC Vigore, Fundacep Campo Real, Fundacep Bravo e TEC Triunfo foram tolerantes com danos abaixo da média do grupo de genótipos analisado (Média - desvio padrão) (Figura 4). Para a classificação final das cultivares (Tabela 1), além deste ponto de corte, também as cul-tivares de reação intermediária situadas entre estas duas classes foram discriminadas em moderadamente tolerantes (com dano entre o limite superior de dano descrito para tole-rantes até o valor médio de dano das cultivares que constituíam o ensaio) e moderadamente intolerantes (do valor de dano médio das cul-tivares do ensaio até o limite inferior de dano

21www.revistacultivar.com.br • Julho 2012

Figura 3 - Distribuição de frequência de cultivares de trigo do Ensaio Estadual de Cultivares de 2011 para a variável Dano % (redução percentual na produtividade), Passo Fundo, 2011

Figura 4 - Análise comparativa de cultivares de trigo quanto à reação ao BYDV-PAV. Dano % - linha em laranja corresponde ao Dano percentual calculado para cada cultivar. NI – linha verde, produtividade média (g/vaso) para o conjunto de plantas não inoculadas por cultivar. I – linha vermelha, produtividade média (g/vaso) para o conjunto de plantas inoculadas por cultivar. Barras correspondem ao desvio padrão da média

Figura 5 - Dano % para as cultivares Embrapa 16 (intol-erante) e BRS Timbaúva (tolerante) determinados em condições de campo para os anos de 2008 a 2011 em Coxilha (RS). O Dano % foi obtido pela comparação entre parcelas com e sem aplicação de inseticidas

22 Julho 2012 • www.revistacultivar.com.br

I – Produtividade (g/vaso) das plantas inoculadas com o vírus (células em vermelho e amarelo indicam produtividade abaixo da média e células em verde-claro e escuro indicam produtividade acima da média). NI – Produtividade (g/vaso) das plantas não inoculadas (células em vermelho e amarelo indicam produtividade abaixo da média e células em verde-claro e escuro indicam produtividade acima da média). Dano % – Dano percentual (verde-escuro: tolerante; verde-claro: moderadamente tolerante; amarelo: moderadamente intolerante, e vermelho: intolerante). Nota - Nota referente aos sintomas (em vermelho, notas acima da média com elevada severidade; em verde, notas abaixo da média com baixa severidade). t – Teste t ** - difere ao nível de 1% de probabilidade, * - difere ao nível de 5% de probabilidade, ns não difere.

das cultivares intolerantes).

ESTIMATIVA DO IMPACTO EM CONDIÇõES DE CAMPOA caracterização realizada em condi-

ções controladas tem por objetivo auxiliar nas estimativas do comportamento do ma-terial a campo. Atualmente, nas condições de campo as cultivares estão expostas a um nível de pressão de inóculo menor que a empregada na caracterização. É essencial, portanto, determinar esta pressão. Para este fim, experimentos são conduzidos em campo para monitorar componentes da epidemia, como populações de afí-deos, percentual de afídeos virulíferos nas populações, incidência da virose em plantas. O impacto da epidemia sobre as cultivares padrão Embrapa 16 (intoleran-te) e BRS Timbaúva (Tolerante) também é ferramenta importante para estimar os níveis epidemiológicos. Este impacto é quantificado comparando-se, por exemplo, a produtividade de parcelas sem aplicação de inseticidas em contraponto às parcelas com inseticidas (que visam determinar o potencial da cultivar frente às condições observadas em um ano específico) e deter-minando o Dano (%). Nos últimos quatro anos os maiores danos foram observados em 2010 (Figura 5). Estes dados estão de acordo com informações referentes às populações de afídeos.

Com base nestes dados e nos obtidos em condição controlada é possível projetar o comportamento das cultivares (Figura 6). As curvas são projetadas com base em dados médios e auxiliam a estimar o que ocorre em condições de campo. É importante ressaltar que pela sua natureza complexa a tolerância a vírus sofre forte influência de fatores am-bientais. Assim, tanto o comportamento em

condições controladas como a campo podem ser significativamente afetados. Ainda, os da-dos gerados em condição controlada refletem impactos de infecção no início de ciclo da cul-tura (inoculações realizadas no estádio de duas folhas). Portanto, para estimativas mais preci-sas necessitariam ser considerados parâmetros gerados para infecções em diferentes estádios das plantas e, também, o momento dos picos de afídeos virulíferos durante a safra.

MANEJO E CONTROLEAssociado à escolha da cultivar decorre

a maior ou menor necessidade e impacto do controle químico. Para as cultivares mais into-lerantes o dano da virose pode ser potencializa-do em anos epidemiológicos favoráveis.

No caso do trigo, a proteção química de cultivares suscetíveis/intolerantes, sobretudo quando semeadas no outono, período com temperaturas médias que permitem manter altas populações do vetor, pode reduzir a incidência de B/CYDVs. Como surtos de S. avenae no final do inverno e primavera tam-bém são comuns, sobretudo em regiões mais quentes, a proteção química também pode ser necessária. Desta maneira, recomenda-se o tratamento de sementes com princípio ativo inseticida registrado para a cultura do trigo e que atue no controle de insetos sugadores e, em pulverizações, adotar as práticas de moni-toramento e os níveis de ação recomendados pela Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale (CBPTT) - (Figura 7).

Figura 7 - Níveis de ação recomendados para controle de afídeos em trigo (adaptado de Pereira et al, 2010)

Douglas Lau e Paulo Roberto Valle da S. Pereira,Embrapa Trigo

CC

Tabela 1 - Reação de cultivares de trigo ao BYDV-PAV, agente causal do nanismo amarelo, Passo Fundo, 2011

I21,226,825,929,518,623,017,820,721,019,920,521,021,221,217,619,218,015,319,019,915,018,813,914,013,217,511,016,314,39,611,48,5

18,1

NI22,831,733,144,629,337,130,035,036,034,636,538,239,239,933,737,435,330,738,240,232,540,830,834,634,145,429,944,541,530,140,039,135,8

CultivarTEC Vigore

Fundacep Campo RealFundacep Bravo

TEC TriunfoTBIO SeletoTurquezaCD 123CD 122

TBIO ItaipuBRS 296

BRS TimbauvaTBIO Pioneiro

Fundacep HorizonteCD 124BRS 327BRS 329MarfimCD 121CD 119QuartzoAmetista

BeriloTBIO Tibagi

BRS GuamirimCD 120

Embrapa 16Fundacep Raízes BRS 328

BRS 328TBIO Iguaçu

BRS 331TopázioMiranteMédia

Dano %7,215,421,733,936,638,140,641,041,742,643,744,945,847,047,848,849,050,050,150,553,853,854,759,761,461,563,263,465,668,171,678,349,4

Nota235058435158575871415670727779707758666079764572806680537666839264

Test tnsnsns*****************************************************

Figura 6 - Dano % estimado para as cultivares do Ensaio Estadual 2011 com Base nos dados de campo das cultivares padrões Embrapa 16 (A) e BRS Timbaúva (B) para os anos de 2008 a 2011

Empresas

23www.revistacultivar.com.br • Julho 2012

Oferta ampliadaSyngenta inaugura fábrica da tecnologia Plene, em Itápolis, São Paulo. Investimento de 100 milhões

de dólares coloca empreendimento no posto de quinta planta de produção da empresa no Brasil

A Syngenta inaugurou em junho sua fábrica de Plene, uma nova tecnologia para o plantio da cana-

de-açúcar que consiste na oferta de pequenos toletes previamente tratados com fungicidas e inseticidas. Localizado em Itápolis, São Paulo, o empreendimento é resultado de 100 milhões de dólares investidos ao longo de um ano e meio e passa a ocupar o posto de quinta planta de produção da empresa no Brasil.

O Plene apresenta toletes de cana com cinco centímetros, já tratados contra doen-ças e pragas e desenvolvidos a partir de uma planta matriz selecionada. Ao se comparar com o sistema convencional de plantio de cana, em que se utiliza em média 18 tonela-das de “sementes” por hectare, a tecnologia representa uma redução aproximada de 90%, já que são necessárias em média de 1,5 a 2 toneladas por hectare.

A tecnologia Plene é nacional e suas pesquisas tiveram início em 2007. Segundo o diretor geral da Syngenta na América Latina, Antônio Carlos Guimarães, o foco é auxiliar na produção de mais cana-de-açúcar por hectare, a partir de um plantio simples e eficiente. “Precisamos pensar em tudo e desenvolver soluções integradas, para que o plantio seja pleno, a cana seja estabelecida sem falhas e a colheita tenha bons resulta-dos”, explicou.

Para o plantio, a John Deere desenvolveu

uma máquina específica para semear as mudas, a PP 1102, que atualmente é a única certificada para este processo. A plantadora é acoplada ao trator, que deve ter mais de 180cv. “Esse processo garante mais segurança ao produtor, já que requer só uma pessoa para controlar a máquina”, explica o gerente de Pós-venda, José Rufato.

A renovação mais cedo do canavial foi um dos principais pontos destacados pelo gerente de Produção, José Padua, para auxiliar no aumento da produtividade. De acordo com o gerente, no plantio normal a renovação é feita de seis em seis anos e com o Plene é reduzido para quatro anos, já que a tecnologia possibilita que a cana se enraíze melhor, o que garante vantagens no estabelecimento das plantas, um perfilhamento mais equilibrado e redução de custos.

A comercialização do Plene já está sendo realizada por contratos preestabelecidos. De acordo com o diretor global de Cana-de-açúcar da Syngenta, Daniel Bachner, atu-almente o Plene já possuiu 300 mil dólares comercializados e com potencial de receita de 500 milhões de dólares até 2015. A previsão é de que a tecnologia seja exportada nos pró-ximos anos principalmente para Guatemala e Colômbia.

PROCESSO DE PRODUÇãO A produção do Plene leva em média

três anos e passa por diversos processos laboratoriais, industriais e de manejo antes de chegar ao produtor. Na biofábrica é onde tudo começa, com a seleção e multiplicação das mudas para a produção em larga escala da cana. “Com a clonagem de uma única muda, conseguimos gerar cinco mil cópias”, afirma o supervisor de Produção em Laboratório, Carlos Eduardo Ribeiro de Souza.

Este processo leva em média nove meses e o laboratório em Itápolis tem capacidade de produção de 3,5 milhões de plantas por mês. Para o próximo ano o responsável estima que a unidade quase dobre esse número e alcance seis milhões de plantas mensais.

Quando a muda já está pronta, é trans-ferida para a estufa, onde fica por três meses, até ir para o campo. Segundo o supervisor das estufas, Luis Eduardo Batista, essa fase é realizada em três etapas: enraizamento, quando a muda é plantada e colocada em uma estufa de alta umidade; crescimento, fase em que são realizadas as podas, apli-cação de fungicidas e irrigação, que é feita com o auxílio de barras; e rustificação, que é quando a planta ainda é irrigada e exposta ao sol, para se adaptar ao campo. Após essas etapas, a cana é plantada e seu crescimento acompanhado por dois anos.

Após a colheita, a cana-de-açúcar é transformada finalmente em Plene. “Nesta etapa retiramos a palha da cana e com uma máquina específica cortamos os toletes. Após, ela é tratada com produtos da Syngenta, vai para a secagem e finalmente é embalada”, de-talha o gerente de Start up, Pedro Wolf. São aplicados três produtos para a imunização da cana: o inseticida Cruizer, o nematicida Avicta e o fungicida Dynasty.

Tecnologia consiste em toletes de cinco centímetros, tratados com inseticida, nematicida e fungicida

Carolina Silveira

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As grandes questões que envolvem a principal oleaginosa brasileira fo-ram debatidas durante a 6ª edição

do Congresso Brasileiro de Soja, em Cuiabá, Mato Grosso. O evento ocorreu em junho e bateu recorde de público, com mais de 2,1 mil participantes.

Soja: fator de integração nacional e de-senvolvimento sustentável foi o tema central do Congresso. “Foi um evento marcante. A participação intensa do público nos debates e a ampla interação com especialistas permitiram aprofundar as discussões e avançar o conhe-cimento em várias temáticas”, comemorou o presidente do Congresso e pesquisador da

Embrapa Soja, Ricardo Abdelnoor.Para o presidente da Aprosoja, Carlos

Henrique Fávaro, foi uma oportunidade de estreitar o relacionamento entre a pesquisa e os produtores, o que marca uma nova fase de desenvolvimento do setor agrícola de Mato Grosso. “Estamos fortalecendo os caminhos entre os produtores e os cientistas brasileiros”, enfatizou.

Durante os quatro dias de programação foram realizados 12 painéis, 14 palestras e cinco minicursos, além da apresentação de 423 trabalhos, onde foram discutidos os mais recentes avanços em pesquisa de soja no Brasil. O evento também contou com uma feira que

reuniu 50 importantes empresas dos segmen-tos de soja, insumos, máquinas, equipamen-tos, fertilizantes e serviços, que apresentaram novidades e soluções para o setor.

A Basf, uma das empresas de agroquími-cos participante, destacou aspectos como a responsabilidade de gerar alimentos e energia para um planeta cada vez mais populoso. O Sistema AgCelence Soja Produtividade Top (com os produtos Standak Top, Comet e Opera), a versão móbile do Digilab 2.0 (equi-pamento de diagnóstico de pragas, plantas daninhas e doenças) e o Sistema de Produção Cultivance (cultivar de soja geneticamente modificada desenvolvida em parceria com a Embrapa) estiveram entre os destaques.

BAYERA Bayer foi para o Congresso de Soja

com mais de 50 profissionais para auxiliar os produtores na identificação de oportunidades e soluções para cada uma de suas necessidades, especialmente na cultura da soja. “Nós, da Bayer CropScience, acreditamos no desen-volvimento sustentável da produção de soja e

Debate fértilVI Congresso Brasileiro de Soja reúne mais de 2,1 mil participantes em Cuiabá

para aprofundar as discussões em torno da principal oleaginosa brasileira

Eventos

24 Julho 2012 • www.revistacultivar.com.br

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A FMC lançou os produtos Rocks, Locker e Profit

A Bayer contou com mais de 50 profissionais para atender ao público no Congresso de Soja

A Spraytec abordou influência dos fertilizantes foliares na produção

O sistema AgCelence Soja Produtividade Top foi um dos destaques da Basf

investimos cada vez mais na busca de soluções inovadoras e diferenciadas para ajudar o soji-cultor brasileiro a produzir desta forma. Por isso, nossa participação no Congresso Brasilei-ro de Soja 2012 está focada em estarmos cada vez mais próximos dos nossos clientes, levando nossa expertise e nossas tecnologias para auxiliá-lo a produzir soja de maneira susten-tável, contribuindo assim para alimentar um planeta faminto”, destacou Marcelo Barbosa, gerente de Cultura Soja da Bayer CropScience para a região Centro-Oeste. Além do forte foco no relacionamento com os clientes, a empresa destacou o fungicida Fox, que contém a nova classe química Triazolinthione, para o manejo do complexo de doenças na cultura da soja. Outro destaque foi o inseticida CropStar, voltado ao tratamento de sementes de soja e outras dez culturas.

FMCPara reforçar e ampliar a presença na

cultura da soja a FMC apresentou os lança-mentos de produtos Rocks, Locker e Profit. O Rocks é um inseticida de ação sistêmica que combate pragas sugadoras como percevejos e possui ação de contato, formando uma barreira química de proteção, com residual a mastigadores como o coró. “O Rocks nasce para ser um dos principais inseticidas no trata-mento de sementes disponível no Brasil. Com desenvolvimento 100% nacional, a solução é voltada para as necessidades do produtor brasileiro para proteção contra pragas iniciais”, garante o gerente de Produtos Inseticidas da FMC Gustavo Canato. O Locker, fungicida para a cultura da soja, atua na solução para controle das principais doenças da cultura, como no controle da ferrugem asiática da soja, oídio, antracnose, mancha alvo e doenças de final de ciclo. Locker é o fungicida com fórmula exclusiva FMC e três modos de ação com um balanço entre os ingredientes ativos. O Profit é um herbicida inibidor de síntese de caroteno e protox que controla folhas largas e

gramíneas com residualidade.

SPRAYTECJúlio Fagliari, especialista em proteção de

plantas, e a equipe da Spraytec, demonstraram no Congresso de Soja o papel dos fertilizantes foliares no aumento da produção. Um dos resultados apresentados foi sobre o uso do manganês nos fertilizantes foliares, aplicado na soja para evitar que o glifosato deixe a planta amarela, enfraquecida. Outro aspecto destacado foi a melhora no enraizamento da soja, comparado com a testemunha. Segundo as informações da empresa, a muda que foi nutrida com o fertilizante teve maior capa-cidade de absorção de água e nutrientes, em razão do elevado crescimento da raiz. Tanto as culturas com modificações genéticas quanto as que não possuem podem ser beneficiadas pela ação dos fertilizantes. E, apesar de serem conhecidos como fertilizantes foliares, agem tanto nas sementes quanto nas folhas.

MONSANTODurante o Congresso de Soja os produ-

tores puderam conhecer a nova tecnologia da Monsanto, a Intacta RR2 PRO, que oferece proteção contra as principais lagartas, tole-rância ao glifosato e potencial aumento de produtividade. Ao longo dos últimos dez anos, a empresa investiu cerca de 100 milhões de dó-lares para o desenvolvimento da tecnologia.

SYNGENTAA Syngenta participou do Congresso

Brasileiro de Soja (CBSoja). A empresa apre-sentou seu portfólio completo para soja com soluções para as três fases do cultivo: plantio, estabelecimento da plantação e maximização da produtividade. O gerente de Portfólio de Inseticidas da Syngenta, Aimar Pedrini, lem-brou que a soja é a cultura mais importante para a balança comercial do Brasil e destacou a importância do Congresso ter sido realizado em Cuiabá, principal polo da cultura, o que proporcionou um público formado por muitos produtores, gerentes de fazendas e pessoas envolvidas diretamente na cadeia produtiva da cultura. “Para o plantio estamos apresentando com exclusividade para o Cerrado brasileiro

A equipe da Monsanto apresentou a tecnologia Intacta RR2 PRO

A Ihara levou ao congresso informações sobre o fungicida Certeza, recomendado contra o mofo-branco

A Syngenta mostrou soluções para plantio, estabelecimento da plantação e aumento de produtividade

25www.revistacultivar.com.br • Julho 2012

o ambiente e expressar seu potencial genético, contribuindo para aumentar a produtividade”, conclui Mariuzzo.

FERTILIzANTES HERINGERA Fertilizantes Heringer, que atua na pro-

dução, comercialização e distribuição de ferti-lizantes no Brasil, também marcou presença no Congresso de Soja 2012. Representaram a empresa o diretor comercial, Daniel Sabbag, o coordenador das Unidades de Mato Grosso, Alfredo Fardin, e o gerente da Unidade de Rondonópolis, Erezil Souza dos Santos. A Heringer aproveitou a oportunidade para des-tacar sua linha de produtos especiais voltados à cultura da soja, como o Micro Total e a nova linha de produtos Gold. A linha de produtos especiais da Heringer é composta por mais de 30 produtos. Essas opções fazem com que a empresa tenha um dos maiores portfólios de produtos especiais, com potencial de uso em todas as culturas.

MILENIADurante o VI Congresso Brasileiro de

Soja, em Cuiabá, Mato Grosso, a Milenia, patrocinadora do evento, divulgou o SIM Soja e comunicou que lançará nos próximos meses um fungicida para controle de ferrugem da soja. Foram realizadas paralelamente ao evento a reunião dos consultores e a palestra do gerente de Operações Comerciais, Ismael Menezes. O diretor de Marketing, Rodrigo Egea de Miranda, detalhou a programação. “Além de mostrar o SIM Soja, nosso portfólio completo para esta cultura, aguçamos a curio-sidade dos visitantes sobre o novo fungicida que será lançado em breve no mercado, uma solução para controle de ferrugem da soja. Para envolver o público neste novo lançamento, realizamos um ‘quiz’ interativo, convidando os visitantes a escrever uma frase criativa sobre o novo produto”, explicou. Os autores das duas melhores frases receberam como prêmio um Ipad.

26 Julho 2012 • www.revistacultivar.com.br

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a semente Syn1080 destacando-se pela pre-cocidade e produtividade. Avicta Completo, o mais completo tratamento de sementes do mercado, e o Maxim Advanced”, citou. Para o estabelecimento da cultura o destaque foi para o herbicida Sequence, que une o glifosinato ao residual do Dual Gold. Para a terceira fase a empresa recomenda o fertilizante foliar Quan-tis, que possui micro e macronutrientes. A marca apresentou também tecnologias como Ampligo, Engeo Pleno e o Priori Xtra. “Sendo o fungicida mais consistente no controle da ferrugem asiática no mercado, sendo o braço direito do produtor”, finalizou Pedrine.

IHARAA Ihara destacou no Congresso Brasileiro

de Soja (CBSoja) o produto Certeza, fungicida registrado para o controle do mofo-branco, em tratamento de sementes na cultura da soja.

“Os visitantes conheceram as características e vantagens do produto, que tem conquistado bons resultados no campo”, afirmou o gerente de Vendas, Edson Miranda.

STOLLER DO BRASIL Tornar as plantas mais nutridas e com

equilíbrio hormonal, para que sejam mais resistentes às pragas, cresçam com mais saúde para garantir maior produtividade. Com esses objetivos, a Stoller do Brasil participou do Congresso Brasileiro de Soja (CBSoja). Dentre as soluções da empre-sa, Sergio Martins Mariuzzo destacou o Stimulate. “Trata-se de um biorregulador composto por uma combinação de regu-ladores vegetais, que agem em conjunto, garantindo adequado equilíbrio hormonal à planta, estimulando a formação de plan-tas altamente eficientes e aptas a explorar

A Stoller destacou o biorregulador Stimulate para o equilíbrio hormonal das plantas

A Fertilizantes Heringer destacou sua linha especial de produtos destinada à cultura da soja

A Milenia divulgou o SIM Soja e fez o pré-lançamento de um fungicida para controle da ferrugem asiática

27www.revistacultivar.com.br • Julho 2012

O Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb) anunciou os vence-dores do Desafio Nacional

de Máxima Produtividade 2011/2012 durante o III Fórum Nacional de Máxima Produtividade da Soja. O evento ocorreu simultaneamente ao VI Congresso Brasilei-ro de Soja, no Centro de Eventos Pantanal, em Cuiabá (Mato Grosso), uma parceria entre o Cesb e o Congresso Brasileiro de Soja e apoio da Embrapa. Além dos nomes dos produtores vencedores, durante o Fórum também foram compartilhadas as tecnologias utilizadas pelos produtores que participaram do desafio.

O vencedor nacional, na categoria soja não irrigada, é o produtor Demétrio Gui-marães Parreira, do município de Correnti-na, na Bahia. O agricultor produziu 108,71 sacas/ha, em um lote de dez hectares.

O vencedor da região Sul foi Ely de Azambuja Germano Neto, de Arapoti, no Paraná, com produção de 103,11 sacas/ha. Na região Sudeste, o paulista Frederik Jacobus Wolters, de Itararé no interior de São Paulo, foi o campeão com produção de 83,89 sacas/ha. Já na região Centro-Oeste,

o agricultor Edmilson Ribeiro Santana, de Uruaçu, Goiás, atingiu 89,85 sacas/ha.

Durante cerimônia de abertura, Or-lando Carlos Martins, presidente do Cesb, reafirmou os objetivos da instituição destacando que se trata de uma entidade sem fins lucrativos composta por 16 mem-bros, quatro empresas patrocinadoras e 13 instituições de pesquisa apoiadoras, que atuam de forma voluntária para promover melhores práticas agrícolas, com o objetivo de elevar a média de produtividade da soja no Brasil.

Martins destacou, ainda, que o Desafio

tem como objetivo, estimular os produ-tores, técnicos e pesquisadores de todo o País para que possam desafiar seus conhe-cimentos e criatividade para aumentar a produtividade da soja com sustentabilidade e rentabilidade.

O prêmio oferecido pelo Cesb, neste ano, é uma viagem técnica aos Estados Unidos, em Ohio, no meio-oeste america-no, para compartilhamento de experiências sobre a cultura da soja. O roteiro inclui visitas a fazendas de grandes produtores, centros avançados de tecnologia, univer-sidades e, inclusive, um tour na Bolsa de Chicago.

O representante da Basf, Eduardo Leduc, destacou a importância de produ-zir de forma sustentável. “Nós, na Basf, acreditamos que sustentabilidade é ciência. Nosso objetivo é possibilitar a obtenção de maior produtividade com o uso de menos terra, água, energia, garantindo a rentabi-lidade da agricultura, cuidando do meio ambiente e atendendo às expectativas da sociedade”, disse.

Representando a Syngenta, o gerente de Soja Brasil, André Savino, destacou que a companhia está alinhada com os objetivos do Cesb. “Queremos oferecer aos agriculto-res soluções para suas reais necessidades no campo, dentro e fora da fazenda, atuando na cadeia produtiva antes, durante e de-pois da produção. Queremos pensar como produtor”, falou.

Cadeia Produtiva da Soja: Oportu-nidades e Ameaças foi o tema abordado no fórum pelo pesquisador da Embrapa e articulista da coluna Agronegócios, publi-cada regularmente por Cultivar Grandes Culturas, Décio Gazzoni.

Foram apresentados, ainda, cases de produtividade coordenados pelo diretor de Marketing do Cesb e gerente de Marketing da Basf, Nilson Caldas. O encerramento ficou por conta de Marcelo Habe, diretor financeiro do Cesb e gerente de Marketing da Syngenta.

Na safra 2011/2012, o Desafio atin-giu 14 estados, 407 municípios e 1.314 produtores.

Produtividade premiada

Cesb anuncia vencedores do Desafio Nacional Máxima Produtividade da Soja, safra 2011/12

Eventos

Leduc, Martins e Savino destacaram a importância de produzir mais soja de forma sustentável

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28 Julho 2012 • www.revistacultivar.com.br

As perdas do nitrogênio (N) oriundo da ureia são bastante significativas, o que gera, em

muitos casos, prejuízos ao agricultor. Atualmente, para reduzir esse problema, desenvolveu-se uma tecnologia de trata-mento dos fertilizantes com camadas de polímeros que protejam o nutriente e evi-tem perdas por volatilização, em especial. Esta tecnologia pode possibilitar a redução da dose de fertilizantes sem influenciar na produtividade das lavouras.

Dessa forma, estudos dessa natureza podem se tornar altamente relevantes para gerar conhecimentos e tecnologias adequadas aos fatores de produção do milho.

O nitrogênio (N) é o nutriente exi-gido em maior quantidade pela cultura do milho, exercendo maior influência na produtividade de grãos, além de ser o que mais onera o custo de produção (Amado et al, 2002). A utilização inadequada de N tende a causar prejuízos ambientais, por apresentar elevado custo energético para sua produção e por ser passível de contaminação de águas superficiais e

subterrâneas por nitrato, em virtude de perdas por erosão e lixiviação (Sims et al, 1998).

O objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho da cultura do milho quanto à produção de biomassa, dimensões da espiga e produtividade de grãos, quando submetido ao emprego comparativo de ureia com fertilizante nitrogenado reves-tido por polímeros.

MATERIAIS E MéTODOSO experimento foi conduzido na área

experimental do Instituto Federal Goiano, Campus Rio Verde, Goiás, em solo de cer-rado cujos resultados de análise química e física (Quadro - 1) estão descritos abaixo.

O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com quatro repetições, em arranjo fatorial 2x2 + tratamento adicional, sendo duas doses de N (75kg/ha e 150kg/ha), duas fontes de N [ureia (45% N) e Ureia Revestida por Polímero (URP) (41% N)] e testemunha (ausência de N). Cada parcela foi formada por nove linhas, espaçadas de 0,9m e com dez me-tros de comprimento. Foram consideradas como área útil da parcela as quatro fileiras centrais, descartando-se um metro de cada extremidade. O híbrido AG 7010 foi semeado em 15/12/07, juntamente com a adubação de 80kg de P2O5 + 80kg de K2O/ha, utilizando-se o superfosfato simples e o KCl como fonte. Foi realizada adubação de cobertura com nitrogênio aos 25 dias após a emergência (DAE), em superfície a lanço, para aplicação dos tratamentos. Aos 73 (DAE) foi realizada avaliação do número de folhas fotossinteticamente ativas/planta, diâmetro, comprimento e

A utilização inadequada de N tende a causar prejuízos

Camada protetoraPerdas de nitrogênio oriundo da ureia provocam prejuízos na cultura do milho, o que tem gerado

a busca por tecnologias capazes de oferecer resposta a esse problema. Uma das alternativas reside no revestimento dos fertilizantes com polímeros, o que reduz a volatilização e pode promover

efeitos positivos tanto nos custos como nos índices de produtividade da cultura

O revestimento de fertilizantes com polímeros tem promovido resultados positivos na produtividade

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29www.revistacultivar.com.br • Julho 2012

Quadro 1 - Análise química e física do solo (0-20cm; Mehlich)

M.Og/dm3

41,01

Pmg/dm3

30,09

pH(água)

6,2

K+

7,06

Ca++

51,40

Mg++

15,80

H+Al

54,05

S

70,36

T

101,41

Al+++

0,00

V%

55,83

Argila

409

Areia

415mmolc/dm3

Silteg/kg176

Tabela 1 - Efeito de fontes e doses de N sobre o diâmetro de espigas, produção de matéria fresca e seca, peso de 100 grãos e produtividade de milho

Ureia

4,62 aAz

4,48 bB

40,69 Bbz47,75 bA

8,29 aBz

9,25 bA

36,35 aAz

36,30 bA

6.223,0 Bbz

6.796,4 Ab

DOSES

75kg N/ha150kg N/ha

75kg N/ha150kg N/ha

75kg N/ha150kg N/ha

75kg N/ha150kg N/ha

75kg N/ha150kg N/ha

URP

4,56 aB4,84 aA

49,75 aA50,21 aA

8,87 aB11,24 aA

36,33 aB37,27 aA

6.708,8 Ba6.919,8 Aa

DIÂMETRO DE ESPIGAS (cm)

PRODUÇãO DE MATÉRIA FRESCA DE PARTE AÉREA (Mg/ha)

PRODUÇãO DE MATÉRIA SECA DE PARTE AÉREA (Mg/ha)

MASSA DE 100 GRãOS (g)

PRODUTIVIDADE (Kg/ha)

FONTES

z Médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem entre si pelo teste F a 5% de probabilidade.

peso de espigas e as produções de matérias fresca e seca da parte aérea das plantas. Na colheita foi realizada avaliação do peso de 100 grãos e da produtividade de grãos (umidade corrigida para 13%). Os dados foram submetidos à análise de variância e comparação de médias pelo teste F ou Schefé, quando necessário.

RESULTADOS E DISCUSSõESO número de folhas/planta não foi

influenciado pela adubação nitrogenada (média de 11,4). Segundo Escosteguy et al (1997), o solo, em geral, não supre a de-manda da cultura do milho em N, havendo a necessidade de aplicação de fertilizantes nitrogenados para se obter rendimentos elevados de milho.

Constatou-se interação significativa entre fontes e doses de N sobre o diâmetro de espigas. Nota-se que para a menor dose, as fontes de N mostraram resultados esta-tisticamente iguais, enquanto que na maior dose de N, a URP apresentou maior diâme-tro de espigas (DE) do que a ureia que, por sua vez, com o aumento da dose, diminuiu o DE referente à menor quantidade de N utilizada na aplicação (Tabela 1)

Ocorreu interação significativa entre fontes e doses sobre a produção de maté-ria fresca da parte aérea (MPFA). A URP, quando comparada com a mesma dosagem

de ureia, apresentou maior produção de MPFA, no entanto, quando ocorreu au-mento da dosagem de URP, comparada com a menor dosagem do próprio pro-duto, não houve aumentos significativos. Entretanto, comparando-se as dosagens utilizadas na aplicação de ureia obteve-se aumento de MPFA quando utilizada maior dosagem.

Na produção de matéria seca de parte aérea constatou-se interação significativa entre fontes e doses de N. Nota-se que na menor dose, as fontes avaliadas apresen-taram resultados iguais entre si, enquanto que na maior dose de N, a Ureia Revestida por Polímeros (URP) apresentou maior produção de matéria seca de parte aérea (MSPA).

Na massa de 100 grãos foi constatada interação significativa entre fontes e doses. Nota-se que para a menor dose de N, as fontes apresentaram resultados estatistica-mente iguais, enquanto que na maior dose de N, a URP apresentou maior massa de 100 grãos.

Foram constatadas diferenças significa-tivas de produtividade de milho em função de doses e fontes de N. Ocorreu aumento de produtividade quando utilizado o fertilizante URP, independentemente da dose utilizada, o que proporcionou maior produtividade de milho, mostrando ser uma fonte mais eficiente.

A Ureia Revestida por Polímero (URP) reduz a perda por lixiviação e volatilização, proporcionando maior eficiência em maté-ria fresca e seca. Já quando se utiliza ureia como fonte de fertilizante nitrogenado, ocorrem perdas significativas por volati-lização. Lara Cabezas & Yamada, 1999, registraram perdas de N por volatilização da ureia acima de 30% em plantio con-vencional (aplicação superficial no solo) e

O emprego de URP na cultura do milho pode resultar na redução de 37,15% no custo da adubação

A Ureia Revestida por Polímeros (URP) tem potencial para se tornar excelente fonte de nitrogênio à agricultura, otimizando a utilização de N e proporcionando maior incremento na produtividade

acima de 70% em plantio direto (aplicação na superfície da palha), em Latossolo Vermelho Amarelo (arenoso) e Latossolo Vermelho Escuro.

Segundo Reis, 2006, o emprego de URP na cultura do milho resulta na re-dução de 37,15% no custo da adubação, quando comparado à ureia, em regiões de cerrado.

A Ureia Revestida por Polímeros (URP) pode se tornar excelente fonte de nitrogênio à agricultura, otimizando a utilização de N e proporcionando maior incremento na produtividade.

CONCLUSõESO emprego do fertilizante URP resul-

tou em maior diâmetro de espigas, peso de grãos e aumento na produtividade de milho quando comparados à ureia. Sendo que apenas quando a dosagem foi de 75kg/ha de nitrogênio, o diâmetro de espiga e a massa de grãos não obtiveram diferenças significativas. Com isso, observou-se que a utilização do fertilizante revestido por polímeros proporcionou maior aproveita-mento do nitrogênio.

Adriano PerinRafhael Espósito de LimaDavid Vieira LimaFernando Rezende CorrêaInstituto Federal GoianoMárcio Valderrama,Indústria Química Kimberlit

CC

Cana-de-açúcar

30 Julho 2012 • www.revistacultivar.com.br

Foto

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As espécies de plantas daninhas co-nhecidas popularmente pelo nome de corda de viola são infestantes

frequentes em canaviais. Em áreas de manejo inadequado de sua infestação podem provocar sérias limitações de expressão do potencial produtivo da cultura e dificultar a colheita mecanizada sem queima da palhada. Na pá-gina seguinte na foto bem abaixo à esquerda podem ser observados os prejuízos potenciais que esta planta daninha pode causar quando sua infestação é elevada.

A corda de viola pertence à família bo-tânica Convolvulaceae, que compreende 55 gêneros e mais de 600 espécies de plantas. No entanto, as principais espécies de corda de viola que infestam os canaviais brasileiros são Ipomoea nil, Ipomoea hederifolia, Ipomoea triloba, Ipomoea purpurea, Ipomoea quamoclit, Merremia aegyptia e Merremia cissoides. Ao lado direito pode ser visualizada a foto de uma plântula de Ipomoea triloba. As plantas de corda de viola têm hábito de crescimento com ramos volúvies (trepadeiras), sendo que sua identificação pode ser baseada principalmente nos aspectos visuais das folhas das plantas jovens e nas suas sementes.

Dentre os aspectos biológicos, ambientais e culturais que favorecem as altas infestações da corda de viola em cana de açúcar destacam-se fluxos tardios de emergência em relação ao plantio e corte da cana, exigindo assim medi-das de manejo de logo residual; baixa exigência de luz para a germinação-emergência, possi-bilitando sua infestação sob a palhada e após o “fechamento” do canavial; hábito de cresci-mento trepador; espaçamentos mais largos da cultura adotados recentemente em função da exigência para a colheita mecanizada e baixa eficácia em seu controle por alguns herbicidas

mais comumente utilizados na cultura.

MANEJO E CONTROLEO controle da corda de viola exige medidas

integradas de manejo durante a condução da cultura. No preparo de solo para o plantio da cultura, medidas de redução do banco são recomendadas com o objetivo de facilitar o controle pós-plantio, através da aplicação de herbicidas residuais em pré-plantio incorpo-rado (PPI). Nesta modalidade de aplicação a incorporação é feita com o objetivo de aumentar o contato do produto com a se-mente, destacando-se para isso os herbicidas amicarbazone e sulfentrazone. Após o plantio, herbicidas residuais podem ser utilizados, com o objetivo de controlar os primeiros fluxos de emergência da planta daninha, sendo então recomendados herbicidas residuais de ação latifolicida como, por exemplo, a formulação comercial de diuron + hexazinone. A dose e a formulação a serem utilizadas destes herbici-das no plantio é função do tipo de solo e condi-ção climática no momento da aplicação. Nesta aplicação é importante que seja considerada a aplicação de um herbicida com ação graminici-da em associação com o diuron + hexazinone

Plântula de Ipomoea triloba em área de palhada

Corda destoanteA corda de viola é uma planta daninha de difícil controle, que não manejada adequadamente reduz o potencial produtivo dos canaviais e dificulta a operação de colheita. Seu combate exige medidas planejadas, adotadas no período correto, com o emprego de herbicidas e ações específicas para cada fase da cultura

Corda destoanteA corda de viola é uma planta daninha de difícil controle, que não manejada adequadamente reduz o potencial produtivo dos canaviais e dificulta a operação de colheita. Seu combate exige medidas planejadas, adotadas no período correto, com o emprego de herbicidas e ações específicas para cada fase da cultura

variam de 1,5kg/ha a 1,75kg/ha, dependendo do tipo de solo.

Na pós-emergência a corda de viola pode ser controlada por herbicidas como o 2,4-D, mesotrione e carfentrazone. O 2,4-D pode ser aplicado em qualquer fase do desenvolmento da planta daninha, através de aplicações tratorizadas ou manuais. Já os herbicidas me-sotrione e carfentrazone podem ser aplicados via aérea para áreas pré-colheita. Esta moda-lidade de aplicação é feita para situações onde a colheita mecanizada é impossibilitada pela alta infestação de corda de viola, que provoca dificuldade na operacionalidade da máquina de colheita de cana.

Sendo assim, o controle da corda de viola

CC

caso a infestação de gramíneas seja também frequente na área. Se for feita a aplicação de ppi, o uso de amicarbazone (exceto em solos argilosos) e sulfentrazone (para qualquer tipo de solo, porém com variação de dose de acordo com a textura), poderá também ser utilizado em pré-emergência pós-plantio. É necessário destacar que as doses e recomendações destes herbicidas devem ser baseadas nas recomen-dações oficiais de bula dos produtos ou na consulta à assistência técnica das respectivas empresas fabricantes. Após a operação de sistematização do solo para a colheita, feita através da operação de cultivo, conhecida popularmente como “quebra-lombo”, há normalmente a necessidade de utilização de herbicidas residuais de controle de corda de viola. Esta modalidade de aplicação é chama-da de aplicação de um extensor de residual ou segunda aplicação de herbicida. Pode ser feita conjugada ao equipamento de cultivo ou separada através de operação específica de aplicação de herbicidas. Em ambas as possibi-lidades de aplicação, a condição de solo/clima pode ser de situação de baixa ou alta umidade no solo. Sendo assim, a recomendação do herbicida e/ou dose nesta aplicação é baseada nas características físico-químicas do herbicida (principalmente solubilidade em água) e sua tolerância à seca.

Em cana-soca o controle da corda de viola é normalmente feito em condição de pré-emergência da planta daninha e da cul-tura através da aplicação de herbicidas. Os herbicidas aplicados na época seca devem ter suas caracteríscas físico-químicas favoráveis para esta modalidade de aplicação. Já os utilizados em época chuvosa normalmente são empregados em misturas formuladas ou associações de herbicidas. O herbicida amicar-bazone é normalmente empregado em grande frequência pelos produtores, principalmente durante o período seco do ano nas doses que

exige planejamento de manejo e utilização de herbicidas para a cultura, medidas de pré-plantio, aplicação de herbicidas em cana-planta logo após o plantio e depois da operação de quebra lombo, além de uso de herbicidas específicos para soqueiras, de acordo com a situação hídrica do solo. A corda de viola é uma planta daninha que, não manejada adequadamente, reduz consideravelmente o potencial produtivo da cultura, além de dificultar a colheita, exigindo grande atenção por parte do setor de tratos culturais de uma unidade.

Aplicação de herbicida conjugada à operação de sistematização do solo para a colheita em cana-planta

Infestação de corda de viola (Ipomoea hederifolia) em soqueiras de cana-de-açúcar (esquerda) e controle de infestação tardia de corda de viola com 2,4-D (direita)

Pedro Jacob Christoffoleti eMarcelo Nicolai,Esalq/USP

31www.revistacultivar.com.br • Julho 2012

32 Julho 2012 • www.revistacultivar.com.br

Coluna ANPII

Posição reforçada

Durante o VI Congresso Brasi-leiro de Soja, realizado entre os dias 11 e 14 de junho, em

Cuiabá, Mato Grosso, houve um painel específico sobre o aporte de nitrogênio na cultura da soja. Com o objetivo de dirimir dúvidas sobre a capacidade das bactérias do gênero Bradyrhizobium for-necerem todo o nitrogênio necessário para elevadas produtividades da soja, o espaço reuniu vários especialistas no assunto, que fizeram suas exposições e responderam perguntas sobre o tema. A ANPII participou do painel, com apresentação realizada pelo consultor da associação, em que foi demonstrada, mais uma vez, a viabilidade da Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) bem

A soja chegou aos 2.000kg/ha, pas-sou para 3.000kg/ha, está chegando aos 6.000kg/ha e o aporte de nitrogênio via biológica continua suprindo toda a necessidade da cultura. Há casos em que o fertilizante nitrogenado apresenta aumentos de rendimento frente à ino-culação, mas são episódios pontuais, em ocasiões em que a inoculação, por algum motivo, não pode expressar todo seu potencial.

Durante o painel isto ficou muito claro. Foi apresentada uma síntese de dezenas de resultados comprovando a eficácia da fixação biológica no forneci-mento do nutriente utilizado em maior quantidade pela cultura da soja. São dados de experimentos conduzidos com

Solon de AraujoConsultor da ANPII

neral, o processo de seleção de estirpes da bactéria é feito desde a década de 60, com contínuas inserções de material mais e mais eficiente no processo pro-dutivo e com constantes inovações nos inoculantes, melhorando sua qualidade conforme a soja vai exigindo mais aporte de nitrogênio. Nos gráficos abaixo, vê-se que os inoculantes foram melhorando sua concentração na mesma medida em que aumentou a produtividade da soja, o que significa que a indústria capacitou-se para atender à demanda qualitativa do potencial da cultura.

Outro mito que vem sendo criado é de que a soja de hábito indeterminado e de ciclo curto não conseguiria ter um suprimento adequado de nitrogênio via

Painel realizado durante o Congresso Brasileiro da Soja referenda, mais uma vez, a viabilidade da Fixação Biológica de Nitrogênio

Outro mito que vem sendo criado é de que a soja de hábito indeterminado e de ciclo curto não conseguiria ter um suprimento adequado de nitrogênio via biológica

como a evolução da qualidade dos ino-culantes comercializados no Brasil, que tiveram grande aumento na concentra-ção de bactérias por grama.

As dúvidas sobre a capacidade de se atingir elevadas produtividades de soja são antigas. Quando a produtividade da soja era de 1.500kg/ha, nos anos 1960, havia o medo de que se a cultura viesse a produzir 2.000kg, a FBN não poderia prover todo o nitrogênio necessário para este nível de produtividade.

todo o rigor científico, em campo, ge-ralmente em condições de lavoura, com análises estatísticas que demonstram cabalmente a capacidade das bactérias fixadoras de fornecer todo o nitrogênio necessário para os mais elevados níveis de produtividade da soja.

Mas isto foi possível devido à gran-de importância e à seriedade com que a fixação do nitrogênio é encarada no Brasil: todo o melhoramento de soja é realizado com inoculação e sem N mi-

biológica. Vários trabalhos apresentados pelos pesquisadores da área demons-traram, claramente, que mesmo nestas condições a FBN é capaz de suprir a necessidade da planta.

Desta forma, mais uma vez e em um importante evento reunindo toda a cadeia da soja, ficou demonstrado que a fixação biológica de nitrogênio é uma tecnologia de alto valor para a produtividade da cultura, constituindo-se em uma ferramenta estratégica para a competitividade da soja. Como a agricultura brasileira tem gargalos, em especial na logística, temos que buscar todas as tecnologias que, dentro da porteira, diminuam os custos e aumen-tem nosso poder da competição com os concorrentes no mercado internacional. E a Fixação Biológica do Nitrogênio é uma destas técnicas fundamentais para se obter elevadas produtividades com baixo investimento.

CC

Coluna Agronegócios

33www.revistacultivar.com.br • Julho 2012

Desafio de produtividade de sojaSEGURO CONTRA ANOS RUINSAssim, em uma safra em que as

condições ambientais forem próximas do ideal, como ocorreu em 2010/11, a média dos vencedores do Desafio Cesb foi 76% superior à média brasileira. Em um ano médio, como na safra 2009/2010, os vencedores do Desafio produziram, em média, 87% acima da média nacional. E, em um ano ruim, como na safra 2011/12, a média dos vencedores do Desafio foi 120% superior à média nacional.

Este fato merece profunda reflexão, pois indica que, em condições muito adversas de clima, o uso de tecnologia apropriada, intrinsecamente sustentá-vel, mantém a média de produtividade, como ocorreu em 2011/12 (5.860kg/ha) comparativamente a 2010/11 (5.826kg/ha), o que não ocorreu com a média

ram que não existe um segredo para altas produtividades, que esteja restrito à confraria dos vencedores. Todos eles usam tecnologias que estão disponíveis para qualquer produtor. A diferença que se observa é que os vencedores aplicam as tecnologias com cuidado e conduzem suas lavouras com muito capricho.

Três grupos de tecnologias são alvo de maior atenção pelos vencedores: a atenção com o solo, o manejo da cul-tura e os cuidados fitossanitários. A minha experiência pessoal destes cinco anos de Cesb é que o manejo do solo, tanto do ponto de vista físico quanto químico, a fertilidade, a descompac-tação, a macro e a microporosidade, o plantio direto, a palha, a capacidade de retenção de água fazem toda a di-

Décio Luiz GazzoniO autor é engenheiro,

pesquisador da Embrapa Soja

Durante o VI Congresso Bra-sileiro de Soja, realizado em Cuiabá, em junho de

2012, foram entregues os prêmios aos vencedores do Desafio de Máxima Pro-dutividade de Soja, edição 2011/2012. Esta safra parecia ser particularmente complicada, pois a seca reduziu em 20% a produtividade de soja no Brasil. Mas, quem conduziu sua lavoura de forma correta, com tecnologias ade-quadas, buscando sempre o tripé da sustentabilidade, conseguiu superar até a forte estiagem que se abateu so-bre grande parte da região produtora de soja.

Entre os vencedores, apenas um deles utilizou irrigação na lavoura, o que não impediu o surgimento de um novo recordista de produtividade

Tabela 1

kg/ha2.6655.0335.3976.1566.1866.5315.860

RegiãoBrasil

SECORSS

N/NEBrasil

% média brasileira-

89103131132145120

ProdutorMédia Conab

Frederik Jacob WoltersEdmilson Ribeiro Santana Tiago Librelotto Rubert*

Ely de Azambuja Germano Demétrio Guimarães Pereira

Média

* Soja irrigada

Tabela 2Região

Brasil – ConabN/NECOSES

Média

2009/20102.9415.0485.1885.2886.5015.506

2010/20113.3156.0375.3045.9386.0275.826

Produtividade kg/ha2009/2010

-72768012187

2010/2011-

6079828276

% media brasileira

Igualmente importante é o agricultor usar uma pequena área para testar novas combinações técnicas, para depois usar as mais adequadas em toda a área

de soja no Brasil. A Tabela 1 mostra os vencedores do Desafio 2011/2012, comparados com a produtividade mé-dia do País.

Em média, os vencedores do Desa-fio 2011/12 produziram 120% acima da média brasileira. O vencedor – e novo recordista - Demétrio Pereira, colheu 145% acima da média nacional. Além de estabelecer um novo recorde brasileiro e de corroborar o que já havia sido observado nos anteriores, o Desafio 2011/12 mostrou que, em safras com adversidades climáticas, a diferença para a média brasileira é muito maior, como mostra a Tabela 2, comparada à Tabela 1.

brasileira, levantada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), para as mesmas safras.

Outras reflexões têm sido possíveis nestas três edições do Desafio. Uma delas é a importância de fazer o ajuste fino das recomendações de pesquisa para a área específica do produtor, buscando a melhor combinação do sis-tema de produção entre as alternativas técnicas recomendadas. Igualmente importante é o agricultor usar uma pequena área para testar novas com-binações técnicas, para depois usar as mais adequadas em toda a área.

SEGREDO DE POLICHINELOOs resultados dos desafios mostra-

ferença. Construir um solo que possa otimizar as demais tecnologias é a chave do sucesso.

Dispor de um profiss ional de Agronomia para efetuar a assistência técnica é fundamental. Sem exceção, em todos os casos de destaque nas três edições do Desafio, a assistência de um engenheiro agrônomo foi essencial para a obtenção de alta produtividade, de forma sustentável e lucrativa.

Finalmente, e não menos importan-te, é necessário salientar que na fase de finalização dos cálculos financeiros os indicativos são bem claros: maior produtividade rima com maior lucra-tividade. Os vencedores do Desafio obtêm margens de rentabilidade na área destinada ao Desafio Cesb - onde a produtividade é maior - que são su-periores ao restante da propriedade. Em conclusão, produtividade e sus-tentabilidade significam lucratividade e competitividade. CC

Coluna Mercado Agrícola

Brasil agrícola continuará crescendo forte em 2012/13

TRIGO - O mercado do trigo mostrou boa reação nas cotações em junho, com os indicativos do produto avançando para níveis de R$ 470,00 a R$ 550,00 por tonelada. Mesmo em crescimento, está abaixo dos valores do importado. Segue com fôlego para novos ganhos, porque há tendência de taxação de PIS e Cofins de 9,25% sobre a farinha importada do Mercosul, o que abre mais espaço para o trigo nacional e para as indústrias nacionais que têm crescido em investimentos para novos moinhos, principalmente de cooperativas de produtores do Paraná. Tudo indica que esta nova safra será lucrativa para os produtores, pois haverá queda de área e fôlego altista para as cotações.

algodão - O mercado seguiu sem rumo, deixando o setor atrelado aos contratos de exportação e entregando produto. Para complicar um pouco mais o quadro, houve chuvas sobre as lavouras em fase de colheita em junho, derrubando a qualidade da pluma. Há menor interesse para o novo plantio, que poderá ser melhor em cotações do que está sendo em 2012.

eua - A safra está andando e o clima segue irregular. Como houve seca nos primeiros dias de germinação e desenvolvimento das lavouras, pode já ter ocorrido perda no potencial produtivo, porque muitas áreas têm estande menor

MILHOSafrinha batendo recorde de produtividade e produçãoA segunda safra, carinhosamente apelidada de

“safrinha”, neste ano será pelo menos 50% maior do que é toda a safra da Argentina. A colheita está em andamento e como as chuvas foram regulares, haverá colheita de junho a agosto, com as lavouras do milho fazendo ciclo completo de desenvolvimento e trazendo a produtividade para os melhores níveis vis-tos até aqui. As geadas ocorridas no começo de junho foram de pouco impacto no Paraná e não afetarão os números finais de colheita no estado, que deverá ser de mais de dez milhões de toneladas. O maior pro-dutor será o Mato Grosso, com mais de 13 milhões de toneladas. Haverá colheita cheia em Goiás e Mato Grosso do Sul e grandes ofertas de milho que ainda não está comercializado nestes próximos meses. O setor ficará totalmente dependente do mercado de exportação, que nestes últimos meses tem trabalhado entre os R$ 25,00 e os R$ 27,00 por saca nos portos. Tudo aponta que serão estes níveis que comandarão o mercado interno no segundo semestre. Como a produtividade será alta, os produtores terão boa lucratividade com o milho.

SOJAEntressafra começou forte O mercado da soja neste ano continuou a

exportar mais do que o programado. Em junho, seguia embarcando forte a oleaginosa e com isso as cotações nominais foram as maiores já registradas no Brasil, com os portos chegando a negociar a saca a R$ 68,00. Cenário que trouxe reflexos também no interior, como visto em Rondonópolis (MT), que também registrou recorde histórico de cotação, operando em R$ 60,00 a saca ou levemente acima. O país entra na entressafra logo após o fechamento da colheita e o quadro tende a continuar assim até o próximo ano, porque há pouca soja para ser negociada e desta forma os vendedores comandarão os negócios.

FEIJãOOfertas escassasO mercado do feijão continuou a apresentar

boas cotações nestas últimas semanas, seguindo a linha que já havia sido apontada nesta coluna. Houve perdas na primeira safra, queda no plantio e prejuízos na segunda safra, fazendo com que ocorresse dependência da terceira safra, que neste

ano teve o plantio atrasado devido ao ataque da mosca branca. Desta forma as áreas maiores da região central do Brasil tiveram o plantio depois de 10 de maio. Com isso a colheita entrará de agosto em diante. As cotações seguem firmes, porque o Nordeste não teve chuvas nos primeiros cinco meses do ano e as primeiras precipitações começaram em junho, muito tarde para o plan-tio do feijão local. Nessas circunstâncias o que dominará a região será o milho e dará fôlego para o feijão seguir firme. No mercado externo segue em alta e dificulta as importações.

ARROzOferta menor que demandasO mercado do arroz em 2012 mostra cotações

entre R$ 8,00 e R$ 10,00 acima do que operava em 2011. Mesmo assim, os produtores tentam segurar para vender no final do ano, quando esperam cotações maiores. Com fôlego para crescer, porque temos safra menor que a demanda e tudo aponta que haverá, de agora em diante, taxação sobre o produto importado, abrindo mais espaço para o arroz nacional crescer e ainda tem fôlego entre 10% e 20% de alta para os próximos meses.

CURTAS E BOASque o recomendado, o que abre espaço para ganhos ou sustentação das cotações. A safra teve plantio recorde de milho, com 38,8 milhões de hectares, frente aos 37,2 milhões de hectares do ano passado. A soja teve 29,9 milhões de hectares contra os 30,3 milhões de hectares do ano passado. Desta forma, mostra potencial de colheita de 375 milhões de toneladas do milho e 87 milhões de toneladas de soja, ambos sob risco do clima irregular que se mostra para este ano.

chIna - As compras de grãos seguiram aquecidas em junho e devem continuar fortes nestes próximos meses porque o país tem sofrido com clima irregular, com quadro de seca sobre boa parte do Noroeste do país, onde se concentra grande parte das lavouras de grãos. Isso pode manter os chineses como grandes importadores em 2013 e até mesmo aumentar os volumes comprados.

aRGenTIna - Os produtores perderam forte para o clima neste ano. Primeiro foi a seca e, agora, na colheita, as inundações. A safra do milho ficou próxima de 19 milhões de toneladas e a da soja abaixo de 40 milhões de toneladas. Contra mais de 30 milhões de toneladas esperadas para o milho e acima de 50 milhões de toneladas estimadas para a soja.

34 Julho 2012 • www.revistacultivar.com.br

Vlamir [email protected]

O novo plantio da safra brasileira 2012/13 começa no início de setembro. Neste ano tudo indica que haverá avanço na área plantada, que tende a crescer próximo de um milhão de hectares (ou até mesmo acima) sobre pastagens degradadas dos estados centrais. Junto a esse cenário os produtores percebem que o ano deve apresentar chuvas regulares. Salvo problemas pontuais, mesmo agora, que normalmente é fase de seca, têm ocorrido chuvas que mantiveram o solo úmido. Desta forma, o quadro sinaliza para ser melhor que o ano que passou, onde a seca ceifou grande parte da safra do Sul e Nordeste do país. Agora, com o clima favorável, tudo aponta para o crescimento da tecnologia, porque neste último ano, além dos entraves climáticos houve algum descuido dos produtores, principalmente no que diz respeito ao tratamento das lavouras de soja contra a ferrugem. Isso porque no ano anterior não houve problemas e o controle tinha sido melhor. Com isso ocorreu atraso no início do tratamento das lavouras, porque as chuvas estavam dentro do mínimo necessário e, desta forma, o que se viu nos estados centrais e principalmente no Centro-Oeste foram grandes perdas, com média de quatro sacas perdidas por hectare devido ao atraso no início do tratamento sanitário das lavouras. A ferrugem comeu parte da carga do baixeiro, então, os produtores, percebendo que perderam muito dinheiro, deverão começar a tratar as lavouras mais cedo e junto a isso efetuarão a adubação e o restante de manejo que as lavouras merecem com maior eficiência. Com esse cenário, a soja brasileira de verão caminha para alcançar mais de 27 milhões de hectares plantados, com potencial de colheita entre 80 e 84 milhões de toneladas. Com esses números é possível encostar-se aos patamares da pro-dução americana e se o clima nos Estados Unidos seguir irregular, o Brasil pode neste novo ano chegar ao primeiro posto mundial na produção da soja. A oleaginosa ganhará espaço em lavouras de milho verão no Sul e Sudeste, em áreas de arroz no Rio Grande do Sul, também de algodão no Centro-Oeste e Nordeste e terá forte avanço em cima de pastagens degradadas no Centro-Oeste, Nordeste e Norte. Sem esquecer que algo entre 200 e 400 mil hectares de cana velha poderão ser trocados pela soja para rotação ou renovação dos canaviais que perderam potencial produtivo nestes últimos anos devido aos baixos investimentos. Ou seja, os produtores brasileiros caminham para uma grande safra e as cotações que surgem são muito atrativas e lucrativas para os agri-cultores, que devem aproveitar e garantir pelo menos os custos de produção, porque na colheita os números poderão estar bem abaixo dos atuais. Está na hora de os produtores garantirem seus lucros.