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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 TERÇA-FEIRA 7 DE JANEIRO DE 2014 ANO XIII Nº 3005 PUB • ILHA DA MONTANHA Chan Chak Mo quer investir forte PÁGINA 6 • SERVIÇO DE AUTOCARROS Interessados para nova operadora PÁGINA 2 • CANAIS NAS MÃOS DO GOVERNO LAU SI IO GARANTE NÃO HAVER LUGAR À RENOVAÇÃO DE CONTRATO COM TV CABO TELEVISÃO PÁGINA 3 As portas da RAEM Apesar de ainda não terem ocorrido casos de gripe das aves no território, o IACM e os Serviços de Saúde convocaram uma conferência de imprensa de urgência onde prometeram reforçar fronteiras, prevenção e atenção à importação de aves. Governo atento ao H7N9 hojemacau EUSÉBIO O último adeus ao “Pantera Negra”. Chui Sai On manifesta pesar PÁGS. 9 E 16 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB ` PÁGINA 5

Hoje Macau 7 JAN 2014 #3005

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Edição do jornal Hoje Macau N.º3005 de 7 de Janeiro de 2014

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Page 1: Hoje Macau 7 JAN 2014 #3005

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 T E R Ç A - F E I R A 7 D E J A N E I R O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 0 5

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• ILHA DA MONTANHA

Chan Chak Moquer investir forte

PÁGINA 6

• SERVIÇO DE AUTOCARROS

Interessados para nova operadora

PÁGINA 2

• CANAIS NAS MÃOS DO GOVERNO

LAU SI IO GARANTE NÃOHAVER LUGAR À RENOVAÇÃO DE CONTRATO COM TV CABO

TELEVISÃO PÁGINA 3As portasda RAEM

Apesar de ainda não terem ocorrido casos de gripe das aves no território, o IACM e os Serviços de Saúde convocaram uma conferência de imprensa de urgência onde prometeram reforçar fronteiras, prevenção e atençãoà importação de aves.

Governo atento ao H7N9

hojemacau

EUSÉBIO • O último adeus ao “Pantera Negra”. Chui Sai On manifesta pesar PÁGS. 9 E 16

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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PÁGINA 5

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2 hoje macau terça-feira 7.1.2014POLÍTICA

JOANA [email protected]

L AU Si Io garante que há “in- teressados” em explorar os serviços prestados pela Re-olian, empresa que declarou

falência em Outubro passado. O secretário para as Obras Públicas e Transportes respondia aos depu-tados na Assembleia Legislativa, quando assegurou estar “optimista” no que diz respeito a encontrar uma nova operadora de autocarros.

Tsui Wai Kwan e Gabriel Tong, que apresentaram interpelação jun-tos, interrogaram o Governo sobre as despesas com a falência da Reolian e se estas iriam, eventualmente, ser deduzidas da caução da empresa. Lau Si Io não responde directamen-te, mas assume que tudo está a ser tratado “de acordo com a lei”. “Os 65 milhões de patacas de caução estão na posse do Governo e não vão ser restituídos. Temos ainda outras acções para reembolso de outros valores.” Wong Wan, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), acrescentou que a RAEM já apresentou “junto do tribunal um processo” para que isso aconteça.

Apesar de terem sido pedidos mais pormenores, Lau Si Io diz não

A chegada de mais tra- balhadores não-resi-dentes (TNR) deve-

-se à quantidade de população activa em Macau. Quem o diz é Francis Tam, que es-teve ontem na Assembleia Legislativa para responder às perguntas dos deputados.

O secretário para a Eco-nomia e Finanças foi con-frontado com os deputados, que estão contra a importação de mais TNR para os casinos e do que dizem ser falta de oportunidade para os locais e Melinda Chan pediu mesmo que haja negociações com as operadoras de jogo para que haja mobilidade de pessoal.

REOLIAN GOVERNO TEM PROCESSO PARA REAVER DÍVIDAS

“Há interessados” para nova operadora

Ainda que assegure que o Executivo quer melhorar o novo modelo de autocarros e a fiscalização, Lau Si Io não admite que houve violação da lei com o sistema de prestação de serviços escolhido pelo Executivo – como disse o CCAC

TNR EM EQUILÍBRIO COM POPULAÇÃO ACTIVA DE MACAU, DIZ FRANCIS TAM

“Locais já ocupam cargos médios e elevados”

O secretário para as Obras Públicas e Transportes garante que haverá uma nova operadora para substituir a Reolian. Em dia de responder aos deputados, Lau Si Io deixou claro que já decorrem acções em tribunal para rever despesas com a falência da Reolian e ainda que a caução está na posse do Governo e não vai ser restituída. Os contratos para serviços de autocarros vão ser melhorados

ser “conveniente” divulgar mais dados dentro dos três meses em que o Governo fica a gerir os autocarros verdes. Recorde-se que o Executivo assumiu a gestão da empresa através de um contrato de locação.

MELHORAR CONTRATOS Em resposta a Ella Lei - que tam-bém se juntou aos colegas, pedindo que o Governo agrave as cláusulas dos contratos das empresas que prestam serviços públicos, de for-ma a que se salvaguarde o erário pú-blico em caso de falência - Lau Si Io garantiu que esse é já um plano do Governo. “Vamos continuar a rever as cláusulas dos contratos para quando encontrarmos operadora e vamos rever os contratos com as duas outras operadoras.” Uma das revisões deixadas prometidas é a da caução, de forma a “garantir que cobre todas as despesas, para que uma situação semelhante [à da Reolian] não venha a acontecer”.

Ainda que assegure que o Executivo quer melhorar o novo modelo de autocarros e a fiscali-zação, Lau Si Io não admite que houve violação da lei com o sistema de prestação de serviços escolhido pelo Executivo – como disse o CCAC. “Não foi uma ilegalidade,

aconteceu um vício, devido ao modelo dos autocarros ser novo. Vamos dar continuidade e seguir as sugestões do CCAC.”

NOVA OPERADORA, OS MESMOS MOTORISTASMesmo perante a preocupação de vários deputados em não se encontrar uma nova operadora, Lau Si Io disse estar “optimista”

e deixou outras garantias para du-rante o tempo em que o Governo gere a Reolian. “Vamos continuar a usar o pessoal e o equipamento. Temos muito tempo para garantir os direitos dos trabalhadores e temos tido centenas de reuniões com motoristas da Reolian e es-pecialistas, para que o processo todo não afecte [os trabalhadores].”

Mas há mais. “A nova opera-

dora tem de assumir os motoristas [da Reolian]”, frisou Wong Wan.

FALÊNCIA ADEQUADA? Mak Soi Kun colocou em causa a razoabilidade da falência da Re-olian. Isto, no caso de o Governo não ter cumprido as cláusulas do contrato e de, consoante a lei, não poder reaver a caução. Mas, Ng Kuok Cheong foi mais longe ainda.

O deputado da bancada demo-crata relembra que, se o Executivo tivesse assinado um contrato de concessão de serviços públicos – ao invés do que foi feito, de prestação de serviços -, só teria de reaver os autocarros e não de criar um contrato de locação com a massa falida. “Assim, não teria de os alugar, mas, agora, a quem pertencem os autocarros?”

Lau Si Io não soube responder se a falência é “razoável ou não” – ou seja, se a culpa poderá ser do Executivo -, mas assegura que mais dados serão dados oportunamente, até porque não há conclusão ainda sobre o que aconteceu à operadora. Mais informações, disse também o secretário, poderão ficar para o debate que vai acontecer esta semana na AL sobre o caso dos autocarros.

“Alguns postos cimeiros ocupados por trabalhadores não-residentes e eu creio que o pessoal local já reúne condições para ocupar esses lugares. Deveriam ser apro-veitados estes dois anos [para os novos casinos] para formar e substituir os trabalhadores importados e ir reduzindo esse pessoal gradualmente.”

Francis Tam, contudo, afirma que o número de TNR está em equilíbrio com a re-alidade de Macau. “Está em equilíbrio com a população

activa local, que são 200 mil pessoas. Se deve haver mais ou não [TNR] tem de se ter em conta esses 200 mil. É a nossa realidade, se é justa

ou não, vamos analisar.” Os números são de Tam, ainda que, de acordo com dados da Direcção de Serviços de Es-tatísticas e Censos, o número de população activa supera os 300 mil.

“LOCALIZAÇÃO”O secretário diz que nas empresas de jogo há 70 mil TNR, 30 mil na fun-ção pública e 10 a 20 mil em empresas não-jogo e, mediante as perguntas dos deputados sobre a importa-ção de ‘croupiers’, assegura que os locais até já ocupam alguns cargos cimeiros. “Nos cargos de nível médio

e superior já há localização [trabalhadores locais], não há importados. Os que participam directamente no sector do jogo são locais, já assumem cargos de catego-ria média e superior.”

Tam voltou a reiterar que não haverá importação de ‘croupiers’, mas, da mesma forma, não haverá também uma lei que proíba essa importação. “Não vai ser implementada nenhuma medida para a importação de ‘croupiers’, nessas funções e nas de supervisor não vamos alterar o que já dissemos. As políticas são claras, já repe-timos várias vezes.” - J.F.

MAIS MESAS, MAIS ELEMENTOS DE JOGO O aumento das mesas de jogo vai depender dos projecto não-jogo que as operadoras apresentarem, disse ontem Francis Tam. Este vai ser o factor principal a ponderar em 2015/2016, quando o Governo renovar o contrato com as operadoras e, nessa altura, será feita uma avaliação. “Se calhar, daqui a 10/20 anos, o número de mesas pode nem ocupar o peso maior, daí a política tem de ser muito clara. Nós vamos dar atenção a isto e, nos novos contratos, vamos ter uma exigência muito concreta sobre isto. Há dez anos, o desenvolvimento económico era diferente, agora sabemos melhor sobre as opções face ao futuro desenvolvimento. E as nossas exigências também são mais claras para as operadoras.”

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3 políticahoje macau terça-feira 7.1.2014

JOANA [email protected]

A TV Cabo não vai ver renovado o seu contrato com o Governo, quan-

do este terminar em Abril e o Governo vai assumir alguns canais televisivos, através de uma empresa sem fins lucrativos.

A certeza foi deixada pelo secretário Lau Si Io, que esteve na Assembleia Legislativa ontem para res-ponder às interpelações dos deputados. “Vai haver mais canais no futuro. O Governo vai dominar os principais canais, se não, a população não consegue ter acesso a mais. Temos de o fazer e não podem ser entregues a uma terceira parte. Não vamos deixar que a TV Cabo vá continuar, mas sim uma empresa sem fins lucrativos para ajudar.”

Lau Si Io diz que o tra-tamento que está a ser dado à situação com a TV Cabo e os anteneiros – e que já obrigou o tribunal a dar razão à empresa e a impedir os anteneiros da transmissão de alguns canais - está a ser feito de acordo com os hábitos dos cidadãos, de ter acesso a todos os canais abertos.

Mas, José Pereira Cou-tinho não está convencido. O deputado questionou di-rectamente Lau Si Io sobre qual a empresa “sem fins lucrativos” que ficará com a gestão dos canais do Go-verno. “Há umas cinco mil empresas sem fins lucrativos em Macau. E a escolha vai ser feita directamente ou através de concurso públi-co?” O deputado ficou sem resposta.

O secretário para a Economia e Finan-ças, Francis Tam,

afirmou ontem na Assembleia Legislativa que o Governo pretende combater, através de legislação, a procura de emprego por estrangeiros que chegam ao território como turistas. “É tempo oportuno de o Governo assumir as devi-das obrigações no sentido de, com os serviços competentes, produzir ou rever a lei para colmatar esta questão. E hoje deixo o meu compromisso de que vamos, em conjunto

com os serviços competen-tes, procurar encontrar uma solução através da legislação, colmatando a situação”, disse o secretário, num plenário de respostas a interpelações dos deputados.

O tema veio à discussão com a interpelação da depu-tada Wong Kit Cheng que constatou que o “Governo não tem vindo a interferir nos casos em que pessoas de fora entram em Macau na qualidade de turistas e apresentam directa-mente pedidos para o exercício da actividade de empregadas

domésticas, permanecendo em Macau para trabalhar”.

A mesma deputada con-siderou também como “um potencial perigo para a se-gurança de Macau” o facto de, “mesmo depois de casos como furtos que envolvem empregadas domésticas [estrangeiras], estas poderem continuar a permanecer” no território.

Já Ella Lei defendeu que as autoridades não devem “permitir aos turistas arranjar um emprego em Macau”, considerando esta situação

como um “problema grave” que não se limita às empre-gadas domésticas, carecendo de ser combatido. Melinda Chan deixou mesmo uma sugestão. “Devia haver uma lista e, se uma empregada doméstica tiver muitos em-pregos num ano, deve ficar na lista negra, porque se muda tantas vezes de trabalho, não está apta a trabalhar em Ma-cau, devendo então trabalhar no seu país de origem.”

Francis Tam reiterou que a “política é apoiar os traba-lhadores locais”, indicando

que, “para salvaguardar os seus direitos e interesses”, os recursos actuais serão ma-ximizados, tendo o Governo em vista várias medidas para formar “talentos locais, consoante as necessidades do mercado”, incluindo produ-ção de legislação e realização de acções de formação “com a colaboração de empresas e associações”.

As mesmas medidas, além de terem como objec-tivo “proporcionar recursos humanos suficientes para o mercado laboral” local,

têm também em vista a “mobilidade ascendente dos trabalhadores locais”, acrescentou. “Esperamos que, com todas as medidas, possamos criar mais oportu-nidades para os trabalhado-res locais, sobretudo para os jovens, no sentido de terem melhores perspectivas de carreira profissional.”

Francis Tam defende, contudo, que o número de trabalhadores domésticas importadas em Macau está de acordo com a necessidade da sociedade. – Lusa

TOU VENG KEONG TEM DIREITO A RECOMPENSADepois de repetir por diversas vezes que a mudança de Tou Veng Keong esteve adequada com a situação real de Macau, Lau Si Io foi ainda confrontando com uma outra questão: se Tou Veng Keong tem direito a indemnização por ter sido retirado da comissão de serviço que desempenhava para outro cargo. Lau Si Io foi peremptório. “De acordo com as leis, ele tem direito a receber até seis meses de remuneração. Não é uma indemnização porque a lei prevê isto.”

EXECUTIVO VAI ASSUMIR CANAIS TELEVISIVOS ATRAVÉS DE EMPRESA SEM FINS LUCRATIVOS

“Vamos dominar os principais canais”A TV Cabo não vai ter o contrato renovado com o Governo, que assegura estar a preparar a liberalização do mercado. Ainda não há definições concretas, mas Lau Si Io garante que o Governo vai dominar canais através de uma empresa não lucrativa. Em dia de plenário, fica ainda a certeza de que Tou Veng Keong saiu da DSRT, mas continua a ajudar a resolver o problema das telecomunicações

GOVERNO QUER REFORÇAR LEGISLAÇÃO PARA EVITAR PROCURA DE EMPREGO POR TURISTAS

Domésticas com lista negra, sugere Melinda Chan

Lau Si Io assegura que ainda há trabalho a fazer face aos canais, como perceber, por exemplo, quais deles podem ser gratuitos e quais

deverão ser submetidos a subscrição. O secretário diz que o Governo tem de ter em conta questão como os direitos de autor e relembra

que “este é um problema histórico e complexo”. Ainda assim, assegura que o Governo está a caminhar para “a liberalização total do mercado televisivo, a criar condições para novas operadoras, a reforçar a regulação para a instalação de equipamentos e a criar coberturas de serviço”. Os deputados não se mostra-ram muito satisfeitos com as explicações, até porque o contrato com a TV Cabo termina em Abril e só de-pois disso é que o assunto dos direitos de autor será clarificado.

TOU VENG KEONG“É NECESSÁRIO”Song Pek Kei, que foi quem deu início à discussão, dei-xou ainda outra questão no ar: a transferência de Tou Veng Keong da Direcção dos Serviços de Regulação das Telecomunicações (DSRT) para assessor das Obras Pú-blicas teve ou não a ver com os problemas do mercado de televisão?

Lau Si Io foi confrontado com a mesma questão duas vezes – Pereira Coutinho e Leong Veng Chai dedicaram uma interpelação sobre o responsável -, mas assegura que tudo foi feito dentro do normal. “Essa mobilidade tem a ver com o desempe-nho dos mesmos cargos por pessoas diferentes e tem a ver com diferentes compe-tências. Uma pessoa pode não ter um bom desempenho num cargo, mas melhor noutro. Só tem a ver com as necessidades do serviço.”

Lau Si Io diz que, ape-sar de Tou Veng Keong ter saído da DSRT, continua a ajudar. “A distribuição de

pessoal serve para elevar as competências do Governo e [Tou Veng Keong] esteve na DSRT por um período longo, saiu, mas continua a emitir pareceres sobre a área e é necessário para resolver o problema das telecomuni-cações e elevar os serviços televisivos.”

Lau Si Io também diz não ter de ser dada muita importância a essa transfe-rência, uma vez que não é um cargo, mas “uma equipa

inteira quem tem a responsa-bilidade e a capacidade para assegurar trabalhos”.

Si Ka Lon ainda tentou perceber se, com a transfe-rência para assessor, Tou Veng Keong iria ser ilibado das responsabilidades sobre os apagões das telecomuni-cações e o problema com a TV Cabo. Lau Si Io não respondeu, limitando-se a dizer que é ele quem decide a função do assessor e toma as decisões.

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4 política hoje macau terça-feira 7.1.2014

CECÍLIA L [email protected]

O deputado Chan Meng Kam entre-gou uma interpe-

lação escrita ao Executivo onde pede uma gestão unifi-cada dos museus. Apesar da existência de mais de 20, o político, parceiro de Si Ka Lon e Song Pek Kei na As-sembleia Legislativa (AL), acredita que os museus acabam por entrar numa situação de auto-gestão.

Isto porque a autoridade máxima responsável, o Ins-tituto Cultural (IC) não tem,

A directora executiva da Sociedade de Jogos de Macau

(SJM) falou sobre os pro-blemas emocionais sen-tidos pelos funcionários dos casinos, e garantiu que a sua empresa, con-cessionária de jogo líder do mercado, sempre deu atenção ao problema.

Em declarações à im-prensa chinesa, Angela Leong acusa o Governo

CHAN MENG KAM PEDE GESTÃO UNIFICADA DOS MUSEUS

Dedo apontado ao ICJOGO ANGELA LEONG ACUSA GOVERNO DE DIFICULTAR A VIDA

SJM quer terreno para construir uma creche

na sua óptica, coordenação e actividades de promoção para com esses museus, o que resulta na falta de vi-sitantes. O deputado insta ainda a que sejam feitas melhorias a este nível, dado que vários departamentos do Governo estão responsáveis pela gestão destes espaços. “Muitas vezes os seguranças dos museus estão em maior número face aos visitantes. Ao mesmo tempo são ne-cessários muitos dinheiros públicos em actividades de operação e manutenção, e se esses museus não con-seguem desempenhar a sua

função ao nível do turismo, então só servem para gastar dinheiro.”

Chan Meng Kam de-fende que os museus não têm como função gerar lucros, mas que, como a sua criação envolve o uso do erário público, então devem ajudar a desenvolver o turismo. “Depois da tran-sição o Governo da RAEM criou vários museus, como o Museu do Chá, Museu das Comunicações, Museu da História da Taipa e Coloane, ou o Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania. Será que todos os museus têm mesmo necessidade de existirem e um significado? Qual é a avaliação que é feita ao seu funcionamento?”

O deputado quer ainda saber quando dinheiro foi gasto nos últimos três anos para a gestão dos 20 museus de Macau, bem como qual o orçamento para a expansão do Museu Marítimo.

de não dar atenção sufi-ciente às necessidades de quem trabalha para esta indústria. “Os problemas emocionais sempre exis-tiram, e por isso criámos um centro de consulta Yat On na área de jogos de fortuna e azar para acon-selhamento psicológico aos empregados”, disse a empresária e deputada à Assembleia Legislativa (AL), que garante que o trabalho por turnos na SJM

é mais “humano”. Leong diz ainda

que se o Executi-vo não ajudar os trabalhadores as concessionárias de jogo também não podem fa-zer muito mais

por eles, e dá o exemplo das cre-

ches para os filhos de

‘croupiers’. “Os funcioná-rios do jogo contribuem para a sociedade de Macau, e é um grupo responsável por criar grande parte das receitas do Governo, mas este não dá atenção suficiente às suas necessidades. Enquanto deputada já pedi ao Governo a concessão de um terreno para construir uma creche, bem como para criar uma comunidade independente para os funcionários do jogo. Assim podem ser oferecidos serviços de apoio durante 24 horas, para que se possa beneficiar a harmonia fami-liar. Apesar das seis conces-sionárias concordarem com esta ideia, o Governo não apoia.”

A deputada defende que, se o Governo não der apoio nessa concessão, torna-se “impossível” criar uma creche de suporte aos casinos. - C.L.

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5SOCIEDADEhoje macau terça-feira 7.1.2014

Não há casos de contaminações por gripe das aves, mas num mercado de Zhuhai as autoridades verificaram um sinal numa “amostra ambiental”. IACM e Serviços de Saúde prometem reforçar fronteiras, prevenção e importação de aves

ANDREIA SOFIA [email protected]

O Governo convocou ontem uma conferên-cia de imprensa de ur-gência para confirmar

que, afinal, não há novos casos da gripe das aves, ou H7N9, mas que nos mercados da vizinha Zhuhai foi detectado um sinal numa “amostra ambiental”. Para já, tanto o Insti-tuto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) e Serviços de Saúde (SSM) garantem ter a situ-

Macau importa, em média, cerca de seis a sete mil aves por dia, mas segundo o IACM os locais de abastecimento só trabalham com Macau e Hong Kong, além de que as aves vendidas são analisadas à saída e entrada na RAEM. Já no mercado abastecedor local, voltam a ser analisadas, e só são distribuídas para consumo depois de serem conhecidos os resultados das análises, ao fim de um dia ou dois

H7N9 NÃO HÁ CASOS EM MACAU, MAS EM ZHUHAI JÁ HOUVE UM SINAL

Alerta aviário e populacionalação controlada, mas prometem manter o alerta.

“Foram reforçadas as acções de controlo e fiscalização junto dos aviários em Zhuhai. Todas as amostras (cerca de mil) passaram sem sintomas de doença. Temos vindo a fazer o controlo do pessoal nos aviários e todos os restantes equipamentos”, disse Alex Vong, presidente do conselho de admi-nistração do IACM.

Em Zhuhai, apenas dois mer-cados são alvo de atenção, para já. “Atendendo à situação, enviámos pessoal para fazer uma recolha aleatória nos mercados mensal-mente. Das amostras recolhidas até ao momento (14, em Macau) não verificámos nenhum foco da doença”, disse ainda.

Macau importa, em média, cer-ca de seis a sete mil aves por dia, mas segundo o IACM os locais de abastecimento só trabalham com Macau e Hong Kong, além de que as aves vendidas são analisadas à saída e entrada na RAEM. Já no mercado abastecedor local, voltam a ser analisadas, e só são distri-buídas para consumo depois de serem conhecidos os resultados das análises, ao fim de um dia ou dois.

Alex Vong garantiu que “nos mercados e outros estabelecimentos onde é permitida a venda de aves estas têm de ser abatidas no próprio dia”, sendo que “todos os agentes são monitorizados por fiscais do IACM”. “Se forem confirmados casos num estabelecimento fornece-dor vamos impedir a importação de aves deste fornecedor”, disse ainda.

MEIOS E MEDICAMENTOS SUFICIENTES Lei Chi Ion, director dos SSM, disse ainda que esta é uma altura particularmente propícia às gripes, sendo que os casos no hospital

aumentaram 50%. Sem a existên-cia de uma vacina de prevenção a esta estirpe da gripe das aves, resta tomar a vacina normal. Até então, já 76 mil pessoas o fizeram. “A doença é mais visível nesta altura do ano e têm surgido mais casos na província de Guangdong. Vamos apelar à população para tomar as devidas medidas de prevenção, e da nossa parte também vamos fazer toda a prevenção.”

“Temos toda a capacidade de detectar uma doença e consegui-mos fazer uma análise de seis horas, e temos todos os medica-mentos necessários. Continuamos

com todos os procedimentos nos postos fronteiriços e apelamos para que a população siga as instruções. Não visitem os mercados das zonas onde foram detectadas anomalias e não visitem os aviários de Zhuhai.”

Em relação ao Ano Novo Chi-nês que se avizinha, e sendo uma época de elevado tráfego de pesso-as, os SSM afirma que as fronteiras estão preparadas para o trabalho de medição da temperatura e que as medidas são “suficientes”.

Do lado do Serviço de Alfânde-ga, a máxima é para evitar qualquer tipo de venda ilegal de carne a Macau. “Os serviços têm feito o seu melhor trabalho e temos vindo a evitar a introdução de qualquer produto animal ilegal. Quando forem detectados casos ilegais de importação de aves vamos falar com o IACM de imediato. Nas fronteiras vamos manter as presen-tes medidas e reforçar o pessoal”, disse um representante.

De frisar que foram detectados o ano passado 150 casos de gripe das aves em humanos, com inci-dência no sul da China e província de Guangdong. Visitas a mercados ou compra e transporte de carne são, para já, de evitar.

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SALÁRIO MÍNIMO ENTRE 26 A 30 PATACAS Em declarações à margem das reuniões no IPIM, Francis Tam garantiu que o salário mínimo deverá situar-se entre as 26 e 30 patacas. Contudo, disse que tem sido “muito difícil” obter o consenso entre patronato e empregados. “Queremos que a última apresentação ao Conselho Permanente de Concertação Social seja feita este mês. Depois, vai começar o processo legislativo”, disse.

‘SLOT-MACHINES’ FORA DOS CASINOS VÃO ACABARO secretário para a Economia e Finanças disse ainda que, até ao final do próximo ano, as empresas que operam slot-machines fora dos casinos vão fechar portas, e que só as concessionárias vão poder operar este tipo de jogo. Das cinco que existem, só duas vão continuar em funcionamento este ano, longe das áreas residenciais, como está previsto na lei.

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hoje macau terça-feira 7.1.20146 sociedade

O deputado apresentou ontem o seu projecto de uma área recreativa de restauração para a Ilha da Montanha. Como ele, mais de 50 projectos foram aprovados e serão alvo de análise por parte de um júri. Daqui a três meses, vai saber-se quem de Macau estará em Hengqin

ANDREIA SOFIA SILVA*[email protected]

É caso para dizer: se a Mon- tanha não vai a Chan Chak Mo, Chan Chak Mo vai à Montanha. Mais pre-

cisamente em Hengqin, onde o empresário da área da restauração e deputado à Assembleia Legis-lativa (AL) quer desenvolver um projecto de uma área recreativa e restauração. Estão previstas 100 lojas de comidas e bebidas, bem como lembranças, como o pró-prio disse à TDM. “Macau não tem espaço suficiente para fazer este projecto complexo, por isso tenho perspectivas. Espero que

OS depósitos dos residentes de Macau aumentaram 20,4% em

Novembro de 2013, face ao mesmo mês de 2012, para um total de 436.874,8 mi-lhões de patacas, foi ontem anunciado.

Dados das estatísticas monetárias e financeiras relativas ao penúltimo mês de 2013 revelados pela Autoridade Monetária de Macau indicam que os residentes de Macau possuem mais di-nheiro - 270.245,8 milhões de patacas, ou mais 23% face a Novembro de 2012 - em depósitos a prazo, seguindo-se, com 118.569,5 milhões de patacas, ou mais 11,4%, os depósitos de poupança.

Já os não residentes tinham depo-sitados em Macau 173.318,4 milhões

de patacas, mais 32,1% do que em Novembro de 2012.

O sector público aumentou as suas ‘poupanças’ em 23,6% para 290.264,6 milhões de patacas, sendo que 222.376,6 milhões de patacas ou mais 15,4% estavam depositadas na Autoridade Monetária e 67.888 mi-lhões de patacas, ou mais 61,1%, nos bancos locais.

Já no capítulo dos empréstimos, os internos ao sector privado estavam calculados em 254.773,3 milhões de patacas, ou mais 30%, enquanto os efectuados ao exterior tinham subido 31,2% para 278.758,9 milhões de patacas.

CHUI Ming Man, presi-dente da Associação de

Administração de Propriedades de Macau, disse ao jornal Ou Mun que “é difícil melhorar” a definição da idade em que os seguranças devem deixar o serviço. Disse ainda que há falta de licenciamento da profissão, sendo que em Hong Kong há formação para seguranças de edifícios. Na sua opinião, isso faz com que o cargo atinja um nível mais profissional. “Os administradores dos edifícios normalmente são idosos que não conseguem arranjar outro trabalho, e isso traz dificulda-des na formação. Além disso,

o bom estado da economia faz com os seguranças achem que não precisam de melhorar o seu trabalho. Depois a empresa res-ponsável pela gestão do edifício tem medo de os acusar, porque não querem que os seguranças se despeçam e acreditam que é difícil contratar outros”, disse Chui Ming Man, garantindo que é necessária uma lei que regule a profissão de segurança e os seus comportamentos.

“Se a qualidade dos segu-ranças estiver garantida, então a segurança do edifício também pode ser melhor.” Chui Ming Man defende ainda que em Macau é necessário apostar

numa especialização do sector e melhorar a consciência face à profissão.

Chui Ming Man mencionou também a tarifa do serviço de gestão do edifício. Aponta que muitos prédios não aumentam as tarifas há mais de dez anos, sendo que essa também é outra questão que gera insatisfação.

Afirma concordar com a implementação do salário mí-nimo para o sector, mas afirma que os proprietários também têm responsabilidade para equilibrar as despesas com as tarifas de gestão dos prédios, bem como proteger o serviço de influências. - C.L.

HENGQIN AUTORIDADES PROMETEM “FLEXIBILIDADE” PARA EMPRESÁRIOS

Chan Chak Mo quer ir à montanha

Macau não tem espaço suficiente para fazer este projecto complexo, por isso tenho perspectivas. Espero que possa fazer com que as Pequenas e Médias Empresas possam entrar na Ilha da Montanha CHAN CHAK MO Deputado e empresário

Um deles é de Lam Ion Fun, que já ganhou das mãos de Chui Sai On a medalha de mérito industrial e comercial em 2002, e que quer criar um parque de produção au-diovisual. “Quero investir cerca de 1,5 mil milhões de RMB para construir um estúdio de produção audiovisual. A ideia é ter pelo me-nos oito estúdios, para que Macau tenha as suas telenovelas e os seus artistas”, disse à TDM.

Já Kwan Yan Chi, presidente da Treasure Island Entertainment Complex Ltd, quer construir mais um parque temático, mas não se assusta com a concorrência. “O meu projecto é um parque mundial. A obra terá três fases, e só a primeira vai precisar de 30 meses para ser terminada. O investimento base é de 15 mil milhões de RMB.”

possa fazer com que as Pequenas e Médias Empresas possam entrar na Ilha da Montanha.”

O projecto do deputado faz parte do conjunto de 53 iniciativas de empresários locais, escolhidas pelas autoridades governamentais de um conjunto de 89. Para já, um júri composto por diferentes figuras, onde se inclui o presidente do Instituto de Promoção ao Comércio e Investi-mento (IPIM), Jackson Chang, ou o director da faculdade de economia da Universidade de Macau, vão analisar as propostas. As escolhas são conhecidas daqui a três meses.

Niu Jing, director da Comissão de Administração da Nova Área de Hengqin, garantiu que vai haver “flexibilidade” entre a projecto proposto e área do terreno destina-da. Até porque a área destinada a Macau, de 4,5 quilómetros quadra-dos, já foi ultrapassada para mais de cinco quilómetros quadrados em termos de projectos propostos.

Francis Tam, secretário para a Economia e Finanças, disse ainda que os “projectos que têm mais qualidade têm mais possibilidade” de passarem e que é provável que os 20 primeiros apresentados sejam escolhidos.

De frisar que os elevados valores para investir na Ilha da Montanha foram bastante contestados pelas PME e associações locais, e talvez tenha sido esse o motivo pelo qual muitos projectos não foram aprova-dos. Não se sabe ainda quantos pos-tos de trabalho podem ser criados, nem a totalidade dos investimentos que estão envolvidos.

FRANCIS TAM NÃO DECIDEAo lado de Chan Chak Mo sur-giram ontem mais dois projectos.

Depósitos dos residentes aumentaram 20,4% num ano até Novembro

Associação pede melhor gestão para seguranças dos prédios

Apesar de Francis Tam não estar no júri e não decidir quem, de Macau, vai estar na Ilha da Montanha, a verdade é que ontem marcou presença nas reuniões de apresentação dos três primeiros projectos. Aos jornalistas, disse ainda que “não há um número fixo” para a aprovação dos mes-mos. - *com Cecília Lin

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TIAG

O AL

CÂNT

ARA

7 sociedadehoje macau terça-feira 7.1.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

E STÃO abertas as candi-daturas para mais uma edição do curso de lín-

gua portuguesa em Lisboa, ministrado pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), e que deverá ser frequentado por 56 alunos de Macau e inte-rior da China, que já tenham o nível básico de português, equivalente ao A1.

O “Ser e Saber da Lín-gua Portuguesa – Curso de Verão em Lisboa” foi ontem apresentado pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) e vai realizar-se nos meses de Julho e Agosto na capital portuguesa.

Contudo, o requisito obrigatório é ter, pelo menos, o nível A1 de por-tuguês, que equivale ao nível mais básico. Os alunos interessados devem, assim, inscrever-se no curso mi-nistrado pelo Instituto Por-tuguês do Oriente (IPOR) durante as épocas do Ano Novo Chinês e Páscoa. As inscrições para ambos os cursos duram até ao dia 19 de Janeiro e 28 de Feverei-

EDUCAÇÃO INTERCÂMBIO LEVOU 300 ESTUDANTES A LISBOA

GAES quer enviar mais 56 alunosArranca terceiro ano do “Ser e Saber da Língua Portuguesa – Curso de Verão em Lisboa”, mas GAES ainda não tem orçamento definido. Alunos pagam três mil patacas, mas o Executivo ajuda nas viagens e alojamento

apresentar o comprovativo. Não há discriminações e aceitamos todos os alunos que preencham os requisitos, e no fim serão seleccionados 56 para irem para Portugal, em grupos de 28 pessoas. Os estudantes acharam muito proveitoso um mês em Lis-boa, acham que equivale a um ano em Macau”, disse a mesma responsável.

Na FLUL os alunos têm de se submeter a um teste de avaliação de competências, tal como os colegas oriundos de várias partes do mundo. O certificado é emitido pela FLUL e comprova o domí-nio de um nível da língua, mas só é dado depois de ser feito um relatório.

Em relação aos custos, e apesar dos alunos terem de pagar três mil patacas de tarifa de actividade, o Governo de Macau acaba por pagar a grande fatia das despesas. Incluem-se oito mil patacas para o bilhete de avião, incluindo bilhetes de barco, mais de quatro mil patacas como subsídios de alimentação e alojamento e as propinas do curso, ava-liadas em mais de cinco mil patacas.

ro. “Este é o terceiro ano que realizamos este curso e queremos encorajar mais os estudantes da língua e cultura. O Governo da RAEM dá muita atenção a

essa questão”, garantiu uma das chefes de departamento do GAES.

Contudo, ainda não há um orçamento concreto para levar os 56 alunos a Lisboa –

o mesmo número do ano pas-sado. Também não foi dito quanto é que a tutela gastou nos anos anteriores a levar os estudantes a Portugal. “Não temos orçamento porque

isso depende do número concreto de participantes. Não conseguimos calcular quanto dinheiro é investido para cada pessoa”, disse a mesma responsável.

TRÊ MIL PATACAS E O RESTOCom cerca de 300 alunos já formados ao longo des-tes três anos, este ano a novidade é a abertura do acesso a quem já tem o nível básico de português e quer ter esta experiência, mesmo que tenha estudado numa outra entidade. Basta apresentar o comprovativo. “A primeira condição de acesso é a conclusão do curso base de português e a realização de uma entrevis-ta, quem já tem um curso básico de português tem de

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um aumento nos registos de auto-móveis de mais de 20% por ano.

Ao mesmo tempo, a rede ro-doviária aumentou muito pouco, passando de cerca de 12.600 quilómetros no fim de 2010 para perto de 12.875 no fim de 2011. As autoridades municipais não quiseram comentar.

Os rios Yangtze e Han dividem Wuhan em três distritos principais ligados por algumas pontes e um túnel. Actualmente, Wuhan tem apenas duas linhas de metro. “Há gente a mais. O transporte público está longe de ser suficiente para satisfazer a procura”, disse King Zhu, um profissional do sector imobiliário.

“Os engarrafamentos são uma praga constante. O metropolitano e as estradas elevadas estão a ser construídas ao longo de ruas vitais, diminuindo as faixas de rodagem, e os ciclistas acabam por se misturar com o trânsito”, diz Li Fuyuan, de 33 anos e que é taxista em Wuhan.

Para aliviar o congestiona-mento das vias Wuhan introduziu um sistema de taxa electrónica em 2011. Os motoristas levam um aparelho no carro que regista automaticamente a cobrança. O sistema cobra pelo menos cerca de dez patacas de cada vez que se passa por uma das pontes ou pelo túnel. Os motoristas têm a opção de comprar um cartão anual de uso ilimitado. Os au-tocarros e os táxis pagam cerca de 600 patacas pelo cartão e os motoristas individuais privados, cerca de 2.700 patacas.

Kang, funcionário do sector financeiro, disse que embora a cidade esteja a ampliar as suas infra-estruturas de transporte a um ritmo acelerado, ainda está longe de se equiparar ao aumento do número de carros. “O trânsito está insuportável”, disse.

Fang Ke, especialista em transportes do Banco Mundial que trabalhou largamente com os projectos de transporte em Wuhan, disse que algumas das estratégias que estão a ser adoptadas para ali-viar os congestionamentos podem na verdade vir a agravar o proble-ma. As vias elevadas, por exemplo, poderiam deixar as pessoas presas numa situação sem saída, disse. “Wuhan escolheu o modelo de desenvolvimento errado [...] Se continuarem a usar esta aborda-gem, vão ter problemas sérios.”

8

Os engarrafamentos são um dos maiores problemas no caminho dos novos líderes da China, que estão a apostar numa estratégia de urbanização para estimular o crescimento económico

O ESSENCIAL

hoje macau terça-feira 7.1.2014CHINA

P ARA perceber melhor o imenso desafio da China para tentar que mais pessoas se mudem do campo para as

cidades, é bom olhar para Wuhan.Nesta cidade do interior da

China com mais de oito milhões de habitantes, famosa pelo seu clima quente e pelo seu esparguete apimentado, o trânsito é um proble-ma sério. Um estudo realizado em 2011 pelo banco de investimento UBS revela que os automóveis andam pela cidade a uma veloci-dade média de 20,4 quilómetros por hora, mais devagar do que em Nova York e Tóquio.

O professor de dança Huang Liang recorda-se de um dia tórrido, no ano passado, em que levou três horas para avançar pouco mais de 1,5 quilómetro devido a uma obra num viaduto que paralisou o trânsito. Exasperado e quase sem gasolina, abandonou o carro e voltou para casa de boleia com um amigo. “Estar no carro era o mesmo que estar numa sauna”, disse.

Os engarrafamentos são um dos maiores problemas no caminho dos novos líderes da China, que estão a apostar numa estratégia de urbanização para estimular o crescimento económico.

Wuhan está a empreender uma

TRÂNSITO NAS CIDADES AMEAÇA PLANO DE CRESCIMENTO

Beco sem saídafrenética ampliação no seu sistema de metropolitano, com nove linhas a serem construídas em simultâneo. A cidade está também a construir uma série de novas estradas e anéis rodoviários.

Ainda assim, os engarrafamen-tos continuam.

Para tentar resolver o problema, Wuhan tornou-se há dois anos atrás, a primeira cidade chinesa a cobrar uma taxa no acesso ao seu movimentado centro comercial, a exemplo de metrópoles como Londres e Singapura.

Mas para além de desagradar os motoristas, que dizem que as taxas são caras e ineficazes, a iniciativa ilustra também os obstáculos ao desejo do governo chinês de trazer mais gente para as cidades.

O sistema “não ajudou em nada a reduzir o volume de tráfego de-vido ao imenso número de pessoas que precisa de chegar ao emprego”, disse Efan Kang, que trabalha no sector financeiro.

Os especialistas dizem que, para os sistemas de taxas serem eficazes, as pessoas necessitam de alternativas como um sistema robusto de transporte público, algo que Wuhan ainda está a tentar construir.

No mês passado, o governo chinês reafirmou a sua intenção de deslocar centenas de milhões de moradores da zona rural para as cidades a fim de aumentar a massa de consumidores e, assim, ajudar a diminuir a dependência da economia das exportações e dos imensos gastos do governo.

Mas muitos dos que já moram nas cidades receiam que a imensa população rural da China - que representa quase metade da po-pulação total, de 1,3 mil milhão de habitantes - vai sobrecarregar as escolas e os hospitais e elevar a concorrência pelos serviços.

Os engarrafamentos são parte desta equação. Numa pesquisa sobre os efeitos económicos e

emocionais do deslocamento para o trabalho feita em 2011 pela International Business Machines Corp., Pequim e Shenzhen, a pu-jante cidade do sul do país, ficaram atrás apenas da Cidade do México em relação ao nível de stress dos motoristas.

Para lidar com os conges-tionamentos e com a poluição - outra consequência funesta do crescimento -, o governo chinês afirmou no mês passado que vai reduzir de 240.000 para 150.000 a cota anual de licenciamentos de veículos. Lanzhou, a capital da província de Gansu, no noroeste do país, informou recentemente que iria implementar uma rotação de veículos de acordo com o número das matrículas — semelhante ao que é feito em São Paulo.

Segundo a câmara de Wuhan, mais de 1,45 milhão de veículos motorizados foram registados na cidade até Julho de 2013. Nos últimos cinco anos, Wuhan teve

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9 chinahoje macau terça-feira 7.1.2014

A morte de Eusébio do- minou ontem o noti-ciário desportivo na

China, país que no auge da carreira do jogador português não estava sequer filiado na Federação Internacional de Futebol (FIFA).

O jornal China Daily descreveu Eusébio como “amado gigante do futebol português”.

“Adeus, Para Sempre, Pantera Negra de Portugal”, diz o Notícias de Pequim, um dos diários mais populares da capital chinesa, que dedicou quase uma página à morte de Eusébio.

O Diário de Xangai relata que “Portugal está de luto pela morte do lendário Eusébio”, salientando que “a estrela portuguesa nasceu pobre em África, mas tornou-se um íco-ne do desporto internacional”.

“Pantera Negra morre com 71 anos”, diz o Global Times, num texto de meia página ilustrado com uma fotografia de Eusébio e de “C Luo” (Cristiano Ronaldo).

Eusébio morreu no do-mingo de madrugada em Lisboa, vítima de paragem cardiorrespiratória.

Ao anunciar a morte de

Eusébio, no domingo ao fim da tarde, a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua des-creveu o jogador como “uma figura lendária do futebol português” e salientou que o antigo avançado do Benfica e da selecção portuguesa “era considerado um dos melhores jogadores do mundo”.

Eusébio “era conhecido como ‘Pantera Negra’ pela sua velocidade, a sua técnica e o seu poderoso pontapé com o pé direito”, disse a Xinhua.

O “Pantera Negra” ganhou a Bola de Ouro em 1965 e conquistou duas Botas de Ouro (1967/68 e 1972/73).

No Mundial de 1966, em Inglaterra, que Portugal ter-minou em 3.º lugar, Eusébio foi considerado o melhor jogador da competição e o melhor marcador, com nove golos.

A Republica Popular da China, na altura, estava mergulhada numa “Grande Revolução Cultural Proletá-ria” e só em 1979 se filiaria na FIFA.

Até 1992, o ano em que Partido Comunista Chinês adoptou a “economia de mer-cado socialista”, o futebol era uma modalidade amadora.

Confirmado novo caso de H7N9, o primeiro no leste do país em 2014Uma mulher de 34 anos foi diagnosticada com gripe das aves pela nova estirpe H7N9 do vírus na província oriental chinesa de Zhejiang, o primeiro que se regista no leste do país em 2014. Segundo informou ontem a agência oficial Xinhua, a mulher está em estado crítico e é oriunda da cidade chinesa de Zhuji. Este inverno foram detectados até ao momento três casos no leste da China e outros cinco na província de Cantão. Os primeiros contágios de H7N9 em humanos foram registados na primavera de 2013 no leste do país, junto a Xangai e várias províncias vizinhas, onde provocou 45 vítimas mortais e 142 contágios.

Tumultos em mesquitafazem 14 mortos e vários feridos Catorze pessoas morreram este domingo e dez ficaram feridas em tumultos durante um encontro numa mesquita na região de Ningxia, no noroeste da China, segundo a comunicação social estatal. Os tumultos registaram-se por volta das 13h, hora local, durante a entrega de comida tradicional a pessoas que estava a frequentar o evento de comemoração de um líder religioso, afirmou a agência de notícias Xinhua, citando o governo local. Os feridos foram hospitalizados, com quatro deles em estado crítico, adiantam as mesmas fontes. Em curso estava uma investigação sobre a causa de tumultos numa mesquita na cidade de Xiji, cerca de 320 quilómetros a noroeste de Xian. A região de Ningxia acolhe a minoria Hui de língua chinesa, na sua maioria muçulmana.

A Coreia do Sul vai instalar nos seus helicópteros de com-

bate mísseis guiados israe-litas Spike com um alcance de até 25 quilómetros, para reforçar a sua capacidade militar contra a Coreia do Norte, informaram ontem as autoridades sul-coreanas.

A Administração do Pro-grama de Aquisições de Defesa sul-coreano (DAPA,

REGIÃO

EUSÉBIO MORTE DE ‘PANTERA NEGRA’ DOMINA NOTICIÁRIO DESPORTIVO

Gigante amado

COREIA DO SUL VAI INSTALAR MÍSSEIS GUIADOS ISRAELITAS NOS SEUS HELICÓPTEROS

Defesa reforçadana sigla inglesa) indicou que os helicópteros Wildcat das forças armadas estarão plena-mente equipados com estes mísseis guiados de precisão israelitas a partir de 2015.

Os mísseis têm capaci-dade para destruir artilharia costeira da Coreia do Norte, assim como os seus barcos militares de alta velocidade no caso de serem realiza-das aterragens surpresa em

território sul-coreano, con-firmou à Efe um porta-voz do Ministério de Defesa da Coreia do Sul.

A DAPA especificou que cada um dos helicópteros Wildcat consegue transpor-tar quatro mísseis Spike.

O exército da Coreia do Sul já tinha instalado mísseis guiados de precisão israe-litas nas suas ilhas do Mar

Amarelo (Baengnyeong e Yeonpyeong) em Maio do ano passado. As duas ilhas são consideradas espe-cialmente vulneráveis por estarem próximas da costa da Coreia do Norte.

Tanto o Ministério de Defesa sul-coreano como a Presidente do país, Park Geun-hye, advertiram nas passadas semanas sobre a possibilidade de o regime da Coreia do Norte realizar algum tipo de “provocação” militar nos próximos meses depois da recente execução do número dois do regime de Pyongyang.

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10 hoje macau terça-feira 7.1.2014EVENTOS

O artista português Álvaro Barbo-sa inaugura na sexta-feira, dia

10, uma exposição foto-gráfica sobre icebergues da Antárctida que resulta de uma expedição realizada em 2012 com o músico Victor Gama e que dará origem a um livro.

A exposição “Gelo à deri-va: contemplando icebergues da Antárctida”, que terá lugar na Creative Macau, conta com 20 fotografias captadas na An-tárctida em Janeiro de 2012, durante uma expedição de dez dias realizada com objectivos artísticos pelos dois portu-gueses nascidos em Angola. “A Orquestra Sinfónica de Chicago tinha encomendado a Victor Gama uma peça sobre um teste nuclear levado a cabo pela África do Sul na Antárcti-

O nascimento da Lei-ca, em 1914, é um dos marcos da his-

tória da fotografia. A marca alemã vai assinalar o jubileu com uma grande exposição a inaugurar em Outubro. Ima-gens de Paulo Nozolino e de um grupo de fotógrafos dos anos 1950 formarão a grande embaixada portuguesa em Hamburgo. O Museu do Chiado tentará depois levar a mostra para Portugal.

Quando, em 2010, Hans--Michael Koetzle viu a ex-posição Batalha de Sombras em Cuenca, Espanha, ficou de boca aberta. Andou des-lumbrado de um lado para o outro numa sala da Casa Zavala a perguntar: “Quem são estes fotógrafos?” “De onde vieram?” A comissária

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

SÉRGIO GODINHO • Mútuo Consentimento No ano em que passavam 40 anos da edição de “Os Sobreviventes”, o primeiro longa duração da sua carreira, Sérgio Godinho olhava em frente e apresentava um disco constituído por 11 novas canções como só ele sabe fazer. “Mútuo Consentimento” inclui algumas parcerias inéditas: Bernardo Sassetti, Noiserv, Francisca Cortesão (aka Minta), o percussionista António Serginho (Foge Foge Bandido) e a Roda de Choro de Lisboa são alguns dos que se juntaram à banda que tem acompanhado Sérgio Godinho nos últimos anos - “Os Assessores”.

BURAKA SOM SISTEMA • KombaO sucessor de “Black Diamond”, gravado na vila algarvia de Monchique, conta com as colaborações de Igor Cavalera, fundador dos Sepultura, do austríaco Stereotyp e de outros nomes. A origem do nome Buraka Som Sistema, já se sabe, é o da freguesia da Buraca, na cidade da Amadora, arredores de Lisboa. O conceito de sound system, esse é oriundo da Jamaica.

ARTISTA PORTUGUÊS EXPÕE NA CREATIVE MACAU FOTOGRAFIAS SOBRE ICEBERGUES DA ANTÁRCTIDA

Gelo à derivada nos anos 70 e, por isso, ele queria fazer uma expedição para captar imagens do local onde ocorreu esse evento. Como tínhamos começado a trabalhar juntos, ele propôs--me que o acompanhasse”, explicou Álvaro Barbosa à agência Lusa.

Os dois conheceram-se na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, onde Victor Gama estava a fazer uma residência artística e

Álvaro Barbosa um pós--doutoramento em tecnolo-gia musical.

“Fomos à Antárctida num barco oceanográfico que realizou uma expedição com pessoas de várias áreas, como biólogos e geólogos, e nós éramos os únicos que íamos com um propósito artístico e não científico”, recordou Álvaro Barbosa.

Os dois artistas captaram sons e vídeo que serviram

o propósito da peça “Vela 691” (nome do satélite norte--americano que detectou em 1979 a explosão nuclear na Antárctida), realizada por Gama e com a participação de Barbosa na parte do vídeo, que estreou em Chicago, ainda em 2012.

O material recolhido deu origem a outras peças como “Journey to the Last Fron-tier”, apresentada por ambos ao vivo no Porto, na abertura

do Festival Black&White, e por Barbosa com a Hong Kong Music Ensemble, em Julho de 2013, na antiga coló-nia britânica. “Na Antárctida, também tirámos muitas foto-grafias, mas fizemo-lo mais como elemento colateral, mas como estivemos em sítios que nos proporcionaram adquirir imagens fora do normal e bas-tante interessantes, preparei todo este material para um livro que será publicado este ano essencialmente sobre os icebergues e a Creative propôs-me também fazer uma exposição”, indicou Barbosa.

“Há uma narrativa à volta desta ideia dos icebergues, debrucei-me sobre a forma como eles surgem, como se desenvolvem e acabam por morrer, comecei a aperceber--me que existe ali um ciclo de vida, apesar de não se tratar de matéria viva, semelhante ao das espécies animais”, salientou.

A par dos icebergues, as fotografias incidem tam-bém sobre o que chama de “antarcticans”, os “animais e vegetais, que são poucos, que vivem na Antárctida”. “Uma das coisas que mais me surpreendeu é que o imaginá-rio que temos de uma região agreste, silenciosa, sem qual-quer tipo de vida, não corres-ponde nada ao que existe na península, que é uma costa extensa, com muitos animais, nada silenciosa, antes muito ruidosa, com muitos cheiros, tentei, portanto capturar um pouco essa ideia da vida na Antárctida”, sustentou.

Álvaro Barbosa, de 43 anos, nasceu em Luanda, licenciou-se em Engenharia de Telecomunicações em Portugal, fez o doutoramento em tecnologia musical em Barcelona, lançou o curso de Som e Imagem na Escola das Artes da Universidade Cató-lica do Porto e actualmente é director da Faculdade de Indústrias Criativas da Uni-versidade de São José em Macau, filiada à Universi-dade Católica Portuguesa.

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eventoshoje macau terça-feira 7.1.2014 11

O filme “A última vez que vi Macau”, de João Pedro Rodri-

gues e João Rui Guerra da Mata, é o candidato português a uma nomeação para os prémios Ariel, da Academia de Artes e Ciências Cinema-tográficas do México, foi este fim-de-semana anunciado.

A Academia Portuguesa de Cinema anunciou que se-leccionou o filme português para uma nomeação para o prémio de melhor filme ibero--americano.

A 56.ª edição dos Prémios Ariel acontecerá a 27 de Maio, mas as nomeações nas diferentes categorias serão conhecidas a 01 de Abril, na Cidade do México.

No entender da Academia

Portuguesa de Cinema, - que já tinha submetido a longa--metragem para os prémios Goya 2014 (Espanha) - “A Úl-tima Vez que Vi Macau” é “um filme misterioso, exuberante, que atravessa as fronteiras do cinema e devolve-nos a intimi-dade da narração”. “Uma obra maior do cinema nacional”.

Rodado entre Portugal, Macau e China, com a parti-cipação da actriz transexual Cindy Scrash, o filme de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata foi exibido em estreia mundial em 2012, no festival Cinema de Locarno (Suíça), onde recebeu uma menção especial.

De acordo com a apre-sentação do filme, a trama de “A última vez que vi

Macau” constrói-se “num plano de contaminação entre as memórias e fantasias de infância de João Rui Guerra da Mata”, que viveu em Macau, “e a procura documental dos vestígios de uma presença nesse território”, acabando por cruzar histórias pessoais dos dois realizadores.

O filme abriu o DocLisboa 2012, foi premiado ainda em Itália e no Chile, exibido em mais de vinte festivais e teve estreia comercial na Suíça.

“A Última Vez que Vi Ma-cau” estreou-se nos cinemas portugueses em Março de 2013, contando em comple-mento com a curta-metragem “Alvorada Vermelha”, tam-bém assinada pelos dois realizadores.

C HEONG Kin I ence-nou a peça de teatro «O Dragão Dourado»

(Der goldene Drache), da autoria do célebre dramatur-go alemão Roland Schim-melpfennig em Taiwan. Kin I, natural de Macau, é finalista da licenciatura em teatro na Taipei Natio-nal University of the Arts (TNUA), Taiwan. A peça, que tinha sido apresentada no Brasil e no 21.º Festival de Artes de Macau, é o projecto final de estudos da jovem artista e é consi-derada “especial e bastante difícil [de ser encenada]”, segundo o Zhanyan Zixun, boletim informativo do Department of Theatre Arts daquele estabelecimento de ensino superior. No mês de Dezembro do ano passado foram apresentados oito espectáculos na Formosa, informa o comunicado de imprensa da artista.

O palco era o sonho da Kin I, que antes de ter chegado à «ilha Formosa», já tinha um currículo como actriz em Macau. Mas ao enfrentar a exigência da perfeição da pronúncia de cada palavra do mandarim (hoje ainda chamada a «língua nacional» na ilha) pela sua universida-de, optou, no segundo ano dos estudos, pelo rumo de encenação, acrescenta a nota de imprensa. Em Taiwan, para além de «O Dragão Dourado», a jovem natural de Macau encenou ainda «Cenas da Vida Conjugal» (2013) de Ingmar Bergman, «Tio Vânia» (2012) de Anton Tchekhov e «Ir e Vir» (2012) de Samuel Beckett. Em 2012, Kin I, participou ainda no Taipei Fringe Festival como directora de cena da peça de teatro «Boom Boom». Kin I encontra-se agora a preparar uma nova peça «Gua-ji» para ser estreada este ano.

Um documentário sobre Macau criado por Rui Filipe Torres vai ser exibido nos dias 16, 19 e 26 de Janeiro, treze anos depois da transferência de soberania de Portugal para a China e 500 anos após a chegada dos Portugueses. Intitulado “Macau, um longe tão perto”, o documentário transmite o olhar do realizador sobre a cidade que, no delta do rio das pérolas, a 10.992 km de Lisboa, continua a viver e sentir Portugal com grande intensidade. O realizador Rui Filipe Torres debruçou-se sobre o papel das identidades

nas novas dinâmicas sociais e económicas da cidade de Macau, a importância da herança portuguesa no acesso da China ao mercado dos países da lusofonia, e o papel e importância das artes, cultura, língua, conhecimento, nas dinâmicas sociais na cidade. Rui Filipe Torres é licenciado em Ciências da Comunicação do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, sendo actualmente aluno de mestrado em Estudos Cinematográficos na Universidade Lusófona.

PORTUGAL EM DESTAQUE NA EXPOSIÇÃO QUE CELEBRA OS 100 ANOS DA LEICA

Marco da história da fotografia

“A ÚLTIMA VEZ QUE VI MACAU” CANDIDATO DE PORTUGAL A PRÉMIO DE CINEMA DO MÉXICO

Nomeações em AbrilCHEONG KIN I ENCENA PEÇA DE SCHIMMELPFENNIG EM TAIWAN

Artista local vale ouro

Emília Tavares, do Museu do Chiado, estava lá para lhe responder. E disse-lhe que eram portugueses e que tinham fotografado sobretudo nos anos 50 e 60. Chamavam-se Gérard Cas-tello-Lopes, Victor Palla, Varela Pécurto, Eduardo

Harrington Sena, Sena da Silva, Fernando Taborda.

Nesse dia, o jornalista e investigador alemão espe-cializado em história e teoria da fotografia apaixonou-se por aquelas imagens e ficou com mais uma pergunta na cabeça: “Terão sido feitas com

[câmaras] Leica?” Umas sim, outras não. Mas esse número também não foi importante quando, no final do ano passado, decidiu viajar para Portugal à procura de mais fotografias daquele período para incluir na grande expo-sição do jubileu da Leica que

está a preparar para este ano. Em Lisboa, Koetzle, que foi director da revista da Leica durante anos e que tem vasta obra publicada, confirmou o seu instinto quando viu direc-tamente as provas de alguns dos fotógrafos de Batalha de Sombras. Escolheu cerca de 30 imagens dos que usavam câmaras Leica e descobriu, maravilhado, o trabalho de um amador muito dedicado à mítica marca alemã, Jorge Silva Araújo, de quem trazia apenas uma pista, um artigo publicado na revista da Leica nos anos 50. Na comemoração dos cem anos da invenção da câmara que revolucionou a fotografia e a maneira como vemos o mundo através dela, Portugal será um dos países em grande destaque.

Documentário sobre Macau exibido no Museu do Oriente

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12 hoje macau terça-feira 7.1.2014

hARTE

S, L

ETRA

S E

IDEI

AS

L ONGAS viagens de avião servem, para além da provi-dência de transporte, para ver filmes maus. Confirma-

-se nesta deslocação que décadas de embrutecimento criaram uma resposta automática universal a um conjunto relativamente pequeno de estímulos que  informam  uma gigantesca indús-tria generadora de milhões ao mesmo tempo que esta imobilidade impede o usufruto de qualquer experiência esté-tica inovadora. Se é isto que as pessoas passaram a exigir o mercado aplaude.

Para quem, há 20 anos atrás, espera-va ansiosamente por um novo filme de Woody Allen e se obrigava às estreias, é agora doloroso confirmar  como este  se tornou num regurgitador de intermináveis lugares comuns e repe-tições de clichés pessoais cuja virtual eficácia é totalmente incompreensível. É quase comovente pensar que há pes-soas que ainda vêem estes filmes, rumi-nações de objectos que fizeram sentido há 30 anos. É difícil de perceber quem será este público e sinistro pensar que serão as mesmas pessoas de sempre, as que há mais de quarenta anos seguem a carreira de quem se vê agora reduzido a insignificante régulo, mas que foi bri-lhante até dada altura.

Tudo é previsível, dos acontecimen-tos ao tipo de planos. Nada convence. Penso ter lido há pouco tempo que com um destes filmes, Blue Jasmine, Al-

luz de inverno Boi Luxo

FILMES DE AVIÃO

len regressara aos sucessos. É quase tão assustador pensar que filmes terá feito anteriormente como pensar que alguém possa considerar que isto é um sucesso. De qualquer maneira, compa-rando com os outros dois filmes que a KLM orgulhosamente dispensa, este parece claramente superior, pelo elo-gio simples que faz à paranóia e por se mostrar menos repetitivo. Poderia ter seguido mais de perto, e de modo mais obsessivo, a figura principal, Jasmine e ter-se afastado do trivial. Nem tenta.

Mesmo que tenha visto estes filmes com uma intenção didáctica, também de Woody Allen estava disponível (quem escolhe estas coisas? por que é que não há, numa selecção de mais de 50 filmes, nada que não seja confran-gedoramente trivial? Será que pensam que as pessoas inteligentes só viajam de barco?) um outro filme chamado Match Point, tão pobrezinho, tão maçador, tão falho do mais ínfimo interesse ou ideias que não consegui, de início, mesmo perseguido, repito, por uma vontade de perceber, ver mais de 15 minutos. Só uma segunda tentativa o permitiu.

Scoop é o nome de outro filme de Woody Allen. Não vale a pena listar as suas insuficiências, o próprio Woody Allen expondo os seus clichés de modo patético. É difícil de conceber este fil-me como muito mais que uma longa colecção de tiques de linguagem e de trama.

Há um outro filme, de um realizador (não um autor) chamado Lee Daniels, chamado Butler. Não é uma comédia. Se é isto que as pessoas vêem causará pouco espanto se a humanidade, como os dinossauros, desaparecer, empredra-da numa estupidificação que as impedi-rá, em breve, de se levantar e preparar o pequeno almoço sem a ajuda de uma enfermeira. Que alguém com mais de 16 anos consiga permanecer interessa-do numa tão atroz banalidade durante mais de 15 minutos é a prova final do completo emburrecimento das massas. Paternalista e piegas, recomendado para crianças dos 10 aos 12 anos.

Este é um filme que foi feito há cer-ca de 50 anos e continua a vomitar imi-tações: as mesmas piadas sem piada, os mesmos argumentos, a mesma música lamechas, os mesmos planos, a mesma manipulação sentimental, exactamente a mesma montagem sem imaginação, certinha, correcta, a mesma inanidade mental, a mesma péssima direcção de actores, os mesmos actores, com os mesmos trejeitos, as mesmas maneiras de virar a cabeça e as mesmas insufici-ências gerais.

Curiosamente, neste ano ficou dis-ponível, em cópia recuperada, um dos mais intensos, melancólicos e críticos filmes sobre a vida dos negros dos Esta-dos Unidos, Nothing but a Man, de 1964, de Michael Roemer.

De Gus van Sant poucos filmes vi,

pouco motivado pelos 4 ou 5 que peno-samente me dispus a atravessar, embru-tecido pelo tédio, enganado pela crítica e por alguns amigos bem intenciona-dos. A KLM disponibiliza também um filme deste parece que celebrado autor. Pobre instalação. Não lembro o nome mas nele um actorzinho cansado ten-ta convencer uma pequena localidade small-town America das vantagens da ex-ploração de gás. Tudo isto é verdadei-ramente penoso, como penoso fora, em 2008, Milk, este especialmente porque o assunto em exibição poderia fazer de-sejar algo menos próximo à televisão . O pequeno twist final do filme sobre a exploração de gás poderá causar algu-ma excitação? Cinematográfica certa-mente que não. Pensar em This Property is Condemned, que segue um assunto se-melhante, é quase um insulto ao filme ao mesmo tempo solar e crepuscular de Sidney Pollack, de 1966.

Esta é uma forma autoinfligida de tornar as pessoas precocemente velhas, de nunca as deixar ousar seja o que seria de revolucionário ou fora do conforto da conformidade. Pobre falta de qua-se tudo. Para além de demonstrar uma imensa incapacidade para a regenera-ção, confirma a necessidade mórbida que o público sente de se reconfortar perante fórmulas repetidas há várias décadas. Tudo isto é curiosamente se-melhante aos aviões da KLM, talvez aí resida a explicação.

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13 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 7.1.2014

N O final da vida, Michel Foucault ministrou um cur-so no Collège de France em que manifestou simpatia

pelo neoliberalismo. Como anarquista, Foucault vislumbrou no neoliberalismo uma arma de destruição do Estado. Na verdade, o neoliberalismo enfraquece o Estado e transforma-o em instrumento para os seus objetivos. A crise econó-mica, social e ambiental é actualmente, responsabilidade dele. Por este prisma, o neoliberalismo não é o agente revo-lucionário da actualidade, a menos que se considere seu poder de fabricar crises económicas, miséria social e devastação ambiental que levarão à sua destruição.

Zygmunt Bauman, Stéphane Hessel e Edgar Morin acreditam ser possível exercer controlo sobre o capitalismo. O Estado e a sociedade seriam as instâncias controladoras, estabelecendo limites ao lucro, promovendo justiça social e prote-gendo o ambiente. Não que eles acredi-tem no capitalismo. A bem dizer, os três e outros mais percebem que o capitalismo não pode ser superado no momento pre-sente. Morin concebe um Estado forte no plano interno, mas que reduz sua sobera-nia em prol de uma organização mundial, como a ONU, por exemplo. Pelo menos, os três não se posicionaram como Mao Zedong, que, depois de levar milhares de

Arthur SoffiAti*IN PRAVDA

UM NOVO AGENTE REVOLUCIONÁRIONATUREZA

SE EXISTE

ESPERANÇA DE

TRANSFORMAÇÃO,

ESTA PASSOU

PARA AS MÃOS

DAS FORÇAS

IRRACIONAIS

DA NATUREZA,

AMPLIADAS DE

FORMA IMPREVISÍVEL

PELAS ACÇÕES

HUMANAS

pessoas à morte em duas revoluções con-tra o capitalismo, concluiu que este ainda não poderia ser destruído.

Ex-marxista, mas com posições de esquerda como Edgar Morin, Imma-nuel Wallerstein prevê o fim do capita-lismo, devorado em suas contradições internas em prazo médio. Ele toma o cuidado de não definir como será o sis-tema sucessor do capitalismo. Assim, o agente destruidor serão as sucessivas crises do modo de produção.

Entre os marxistas - ortodoxos ou não -, existem as posturas mais diversas. Exis-tem os que continuam a acreditar na clas-se operária como sujeito revolucionário, apesar da falência de todas as experiências

socialistas. Há os que assumem o marxis-mo solitariamente, como forma de resis-tência pessoal ao capitalismo. Há os que afirmam a grande influência do marxismo na actualidade. Em entrevista concedida à “Folha de São Paulo” de 17/11/2013, o filósofo marxista István Mészáros, com razão, acusa o capitalismo de produzir crises que geram desemprego, aumen-tam o número de miseráveis e agridem o planeta. Ao que parece, a natureza é, para ele, um palco violado pelo capital. Mas, apesar da actualidade do marxismo, Mészáros não esclarece quem será o su-jeito revolucionário transformador.

Michael Löwy, pensador marxista

nascido no Brasil e radicado em Fran-ça, formulou o ecossocialismo, projec-to excelente. Mas quem será o sujeito a viabilizá-lo? Certamente as classes sociais desfavorecidas. Por outro lado, o filósofo marxista esloveno Slavoj Zi-zek vê a grande massa de miseráveis do mundo como potenciais agentes da revolução socialista, contando com o apoio de pequenos empresários e de intelectuais comprometidos com a cau-sa da transformação. Ao mesmo tempo, contudo, reconhece que os miseráveis tendem a converter-se às igrejas evan-gélicas ou a cair na criminalidade.

Neste breve panorama, que não pretende ser exaustivo, o “Homem”, sempre ele, é o único animal capaz de transformar o mundo. Examinando a história do Universo, assumo uma ati-tude humilde. Há forças naturais com enorme capacidade de transformação. Foram eventos naturais que provoca-ram as maiores crises ambientais en-frentadas pela Terra, antes que o “Ho-mem” andasse sobre ela. Num ponto, concordo que o “Homem” é capaz de produzir grandes transformações. Des-de a primeira revolução industrial, ele tem agredido a humanidade e a nature-za de forma nunca antes vista.

Na mitologia grega, Pandora foi a pri-meira mulher. Casou-se com Epimeteu, que recebeu dos deuses uma caixa man-tida sempre fechada. A caixa encerrava todos os males do mundo. Mesmo com a forte recomendação de nunca abrir a caixa, Pandora não resistiu à tentação de conhecer seu conteúdo e desrespeitou o marido, assim como Eva desrespeitou a ordem de Deus. Desse modo, nasceram todos os males do mundo. Dentro da caixa, ficou apenas a esperança. A pará-bola aplica-se perfeitamente aos sistemas capitalista e socialista pós-revolução in-dustrial. A diferença é que, agora, nem a esperança restou. Os “Homens”  perde-ram o controlo sobre a sua obra. Se existe esperança de transformação, esta passou para as mãos das forças irracionais da na-tureza, ampliadas de forma imprevisível pelas acções humanas.

A natureza enfurecida, mas não vin-gativa, destruirá estruturas, causará muitas mortes, mas não extinguirá a espécie hu-mana. Depois de tudo, os sobreviventes talvez consigam criar uma civilização so-cial e ecologicamente sustentada.

*Ecohistoriador e ambientalista

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14 hoje macau terça-feira 7.1.2014h

HUAI NAN ZI 淮南子 O LIVRO DOS MESTRES DE HUAINAN

Da Guerra – 58

Aqueles que fazem a guerra para ganhar terras, nunca poderão deveras tornar--se reis dessas terras; aqueles que fazem guerra em nome do seu próprio interes-se nunca verão os seus feitos perdurar.São muitos os que ajudam aqueles cujos projectos beneficiam outros; são muitos aqueles que abandonam quem inicia projectos para beneficio próprio.Aqueles que são ajudados pela maioria serão decerto fortes, mesmo que sejam eles mesmos fracos; por poderosos que sejam, aqueles a quem a maioria deser-ta perecerão decerto.

* * *

São fracos os exércitos que perdem a Via e fortes os que a ela se atêm. São ineptos os generais que perdem a Via e capazes os que a ela se atêm. As nações que se atêm à Via sobrevivem e as que a perdem perecem.A Via significa encarnar o círculo e emular o quadrado, voltar costas à es-curidão e abraçar a luz, ser culturalmen-te flexível e firme em termos militares, agir directamente mas fazê-lo de forma iluminada, mudar e transformar-se sem rigidez e atingir a fonte da unidade, desse modo reagindo sem preconceito. A isto se chama iluminação espiritual.O céu é redondo, a terra é quadrada. O céu é redondo e sem lados, de modo que a sua forma permanece invisível. A terra é quadrada e sem limite, de modo que ninguém consegue olhar através da sua porta. O céu alimenta a criação sem forma, a terra desenvolve o crescimen-to sem cálculo. Quem sabe o que está guardado na vastidão da sua totalidade?

Da Guerra – 59

Numa acção militar que encarne a Via, os carros de combate não são destaca-dos, os cavalos não são selados, os tam-bores não rufam e os estandartes não tremulam. Não se disparam flechas e os gumes das espadas não conhecem o sa-bor do sangue. Os tribunais mantêm o seu estatuto, os vendedores não aban-donam os mercados, os camponeses não deixam os campos.Quando se verifica uma urgência de jus-

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15 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 7.1.2014

Huai Nan Zi (淮南子), O Livro dos Mestres de Huai-

nan foi composto por um conjunto de sábios taoistas

na corte de Huainan (actual Província de Anhui), no

século II a.C., no decorrer da Dinastia Han do Oes-

te (206 a.C. a 9 d.C.). Conhecidos como “Os Oito

Imortais”, estes sábios destilaram e refinaram o corpo

de ensinamentos taoistas já existente (ou seja, o Tao

Te Qing e o Chuang Tzu) num só volume, sob o pa-

trocínio e coordenação do lendário Príncipe Liu An

de Huainan. A versão portuguesa que aqui se apre-

senta segue uma selecção de extractos fundamentais,

efectuada a partir do texto canónico completo pelo

Professor Thomas Cleary e por si traduzida em Taoist

Classics, Volume I, Shambhala: Boston, 2003. Estes

extractos encontram-se organizados em quatro gru-

pos: “Da Sociedade e do Estado”; “Da Guerra”; “Da

Paz” e “Da Sabedoria”. O texto original chinês pode

ser consultado na íntegra em www.ctext.org, na sec-

ção intitulada “Miscellaneous Schools”.

O céu alimenta a criação sem forma, a terra desenvolve o crescimento sem cálculo.

tiça, as grandes nações aliam-se e os pe-quenos estados as seguem. Isto se baseia na vontade do povo, para que o livrem de quem pilha e mata.Assim, aqueles que partilham um inte-resse comum morrerão juntos; aqueles que partilham os mesmos sentimentos desenvolver-se-ão juntos; aqueles que partilham desejos comuns esforçar--se-ão juntos; aqueles que partilham as mesmas aversões se entre ajudarão. Quando te moves de acordo com a Via, o mundo reagirá contigo; pensa nos in-teresses do povo e o mundo lutará a teu lado.Quando os caçadores caçam, há quem vá a cavalo e quem vá a pé; cada um dando de si o melhor. Apesar de nin-guém os ameaçar com castigos, aju-dam-se mutuamente a atravessar flo-restas espinhosas, dado partilharem os mesmos interesses.Quando atravessam um rio no mesmo barco e este se depara com uma borras-ca, os filhos de cem famílias se ajudarão mutuamente como a mão direita à mão esquerda, sem questões de recompen-sa, dado partilharem a mesma aflição.Como tal, as operações militares dos lí-deres iluminados destinam-se a eliminar a destruição do mundo, de modo a que todos disso tirem vantagens comuns.

Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho

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16 DESPORTO hoje macau terça-feira 7.1.2014

O S admiradores de Eu-sébio tiveram, nesta segunda-feira, a últi-ma oportunidade de se

despedirem do célebre futebolista, que morreu no domingo, aos 71 anos, de paragem cardiorrespira-tória, em Lisboa. Para as 13h30 esteve marcada uma volta da urna ao Estádio da Luz - um desejo do atleta. O funeral realizou-se às 17h, hora local, no cemitério do Lumiar.

O corpo de Eusébio esteve em câmara ardente no Estádio da Luz, após o que será dada a volta ao está-dio. Em seguida, o cortejo fúnebre atravessou Lisboa em direcção aos Paços do Concelho, dirigindo-se em seguida ao seminário da Luz, onde será celebrada missa de corpo presente. Daí seguirá para o cemitério.

O acesso ao local do estádio onde o corpo esteve a ser velado,

CORTEJO FÚNEBRE DE EUSÉBIO ATRAVESSOU LISBOA

O dia do último adeusjunto à porta 1, foi feito pela porta 11 e voltou a ser possível na manhã desta segunda-feira. No domingo, milhares de adeptos de Eusébio desfilaram junto à urna. As portas foram fechadas por volta da meia--noite, depois de terminada a fila de adeptos.

Após a última volta ao está-dio - o acesso para quem queira acompanhar o momento é feito pela porta 17 -, o cortejo fúnebre de Eusébio seguiu para a Praça do Município. Depois da saída do Estádio da Luz, seguirá pela Segunda Circular, Campo Grande,

Avenida da República, Saldanha, Avenida Fontes Pereira de Melo, Marquês de Pombal, Avenida da Liberdade, Restauradores, Rossio, Rua do Ouro, Rua do Arsenal e Praça do Município. Aí passou frente aos Paços do Concelho, onde a vereação de Lisboa lhe prestou homenagem, pelas 15h15.

Da Praça do Município, o corte-jo continuou pela Rua de São Julião, Rua da Prata, Praça da Figueira, Rossio, Restauradores, Avenida da Liberdade, Avenida Fontes Pereira de Melo, Saldanha, Avenida da Re-pública, Campo Grande, Segunda

Circular, Largo da Luz e Igreja do Seminário da Luz, onde foi rezada missa de corpo presente pelas 16h. Finda a cerimónia, o corpo foi leva-do para ser sepultado no cemitério do Lumiar.

TRÊS DIAS DE LUTOO Governo decretou três dias de luto nacional pela morte de Eu-sébio e a Federação Portuguesa de Futebol determinou que seja cumprido um minuto de silêncio nos jogos.

Considerado um dos melhores futebolistas de sempre, Eusébio da

Silva Ferreira, o Pantera Negra, nasceu a 25 de Janeiro de 1942 em Lourenço Marques, actual Maputo, Moçambique. Estreou-se no Benfica em Maio de 1961, fez o último jogo vestido de encarnado em Março de 1975.

Com Eusébio na equipa, o Benfica foi 11 vezes campeão. Sete vezes melhor marcador do campeonato português, duas vezes o melhor goleador da Europa, aju-dou o clube a vencer cinco taças de Portugal e um título de campeão europeu de clubes. Contribui deci-sivamente para o terceiro lugar da selecção portuguesa no Mundial de 1966, em que foi o melhor marcador do torneio, com nove golos. Foi o primeiro português a ser considerado o melhor da Europa, em 1965, muito antes de Figo, em 2000, e Cristiano Ronaldo, em 2008.

Chefe do Executivo manifesta pesarO Chefe do Executivo, Chui Sai On, manifestou ontem, sentido pesar pela morte do futebolista Eusébio da Silva Ferreira, ícone do futebol mundial, que conheceu aquando das suas visitas ao território. A sua dimensão mundial, comprovada pelo prémio “Bola de Ouro” em 1965, foi conseguida através de um enorme talento, profissionalismo e dedicação que poucos poderão alcançar. A tristeza pela sua partida é partilhada em Macau não apenas pela comunidade portuguesa aqui residente. A carta de condolências será entregue pessoalmente pelo Chefe da Delegação Económica e Comercial de Macau em Lisboa.

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hoje macau terça-feira 7.1.2014 FUTILIDADES 17

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 54 MAX 19 HUM 65-95% • EURO 10.8 BAHT 0 .2 YUAN 1.3

João Corvofonte da inveja

Pu YiPOR MIM FALO

E se a tristeza for o tema principal na vida de uma pessoa

O ideal do ego é um ego com ideal ou um ideal sem ego?

47 ANOS DE MUITA FRESCURA

Pode não acreditar mas esta argentina tem 47 anos e dois filhos. Flavia Palmiero é a nova inspiração do treinador do Atlético de Madrid, Diego Simeone. Nascida em Buenos Aires, Flavia tem sido vista por diversas vezes com o treinador, a última das quais durante um jantar num dos restaurantes mais conceituados, seguindo-se uma sessão de cinema. Afinal, na meia-idade é que está o ganho...

Relação entre mulheres e cabeleireiros dura mais do que o casamento• Maridos e casas podem ir e vir, mas parece que um bom corte de cabelo é para sempre. Segundo um estudo, a média da relação das mulheres com o cabeleireiro é maior do que a duração da maioria dos casamentos. Quem o diz é o Daily Mail. De acordo com a pesquisa, realizada por um site de venda online da Inglaterra, as mulheres mantêm o mesmo ‘hair stylist’ por cerca de 12 anos e cinco meses, enquanto a média de duração dos casamentos é de 11 anos e seis meses. A relação com o profissional vai além e, para 53% delas, o cabeleireiro está no topo da lista das 10 pessoas mais importantes da vida. O estudo ouviu 360 mulheres e uma em cada 10 disse que a distância do salão de cabe-leireiro conta quando elas pensam em mudar de casa. O apego é grande e teria uma explicação, já que, em média, as mulheres gastam um ano e 10 meses da sua vida na procura do profissional perfeito para cuidar dos seus cabelos.

Avião aterra de emergência devido a uma Pen Drive• Um Boeing 767 da American Airlines, com 215 passageiros a bordo, foi este domingo obrigado a aterrar de emergência em Kansas City. O aparelho levantou voo em São Francisco e tinha como destino Nova Iorque. Durante a viagem, um passageiro encontrou um aparelho na casa de banho, cuja tripulação considerou suspeito. Inicialmente acharam tratar--se de uma câmara de vídeo com a forma de uma Pen Drive, um objecto que é utilizado para servir como câmara oculta. O comandante informou os passageiros da necessidade de aterrar de emergência mas não contou a verdade. Segundo um passageiro garantiu à NBC News, nos altifalantes foi referido que existia um problema com a circulação de ar na cabine. Após analisarem o dispositivo, concluíram que se tratava apenas de uma Pen Drive.

C I N E M ACineteatro

SALA 1THE SECRET LIFE OF WALTER MITTY [B]Um filme de: Ben StillerCom: Ben Stiller, Sean Penn, Kristen Wiig14.00, 16.00, 18.00, 22.00

FIRE STORM [C](LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Alan YuenCom: Andy Lau, Yao Chen, Lam Ka Tung20.00

SALA 2 AS THE LIGHT GOES OUT [B](LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Derek KwokCom: Nicholas Tse, Shawn Yue, Simon Yam, Hu Jun, Bai Bing 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 3THE WIND RISES [A](FALADO EM CANTONÊSLEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Miyazaki Hayao14.30, 19.15

ROCK ME TO THE MOON [B](FALADO EM MANDARIMLEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Huang Chia-Chun16.45, 21.30

Por norma o ser humano não prefere a tristeza, e claro que a maior parte das pessoas escolhe a alegria. Mas às vezes a tristeza pode ensinar uma pessoa a olhar melhor para a sua vida. Se tudo correr bem na vida de uma pessoa, ela não vai saber o que é a tristeza do pobre, não vai sentir a separação do seu amor ou a falta do cuidado dos familiares. Só quando se sente a falta de algo é que nos lembramos do que tínhamos antes. A tristeza faz com que uma pessoa reveja a sua vida anterior, fazendo com que pense no que tem e no que lhe faz falta. Ela fica mesmo a pensar. Trata-se de uma maneira cruel, mas realista, para, de facto, sentirmos a vida. Se calhar as pessoas podem ficar mais contentes com uma comédia, mas nenhuma outra comédia pode contar a verdade profunda. Nunca. Qualquer comédia deve incluir a percepção da vida. Essa percepção nunca é leve, é pesada. Porque é que o bebé deve chorar quando nascer? Para lá do lado científico da coisa, acredito que é porque ele já sabe que a vida não vai ser leve, mas sim dura. Estou a falar de como a vida pode ser complicada, mas se tivermos muita coragem, tudo se resolve. Contudo, mal ultrapassamos uma dificuldade, surge outra. Gostava era de evitar as polémica e gozar de uma vida calma, mas os meus desejos parece que nunca vão ser realizados. Então se a tristeza vai sempre ser um dos temas da nossa vida, mais vale habituarmo-nos a ela como algo que vai acontecendo esporadicamente. Afinal não há dificuldades que não se ultrapassem, se olharmos para as experiências dos nossos antepassados.

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18 publicidade hoje macau terça-feira 7.1.2014

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana de Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores Amélia Vieira; Ana Cristina Alves; António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

hoje macau terça-feira 7.1.2014

E M primeiro lugar gostaria de deixar os votos de bom ano para os leitores do Hoje Macau e do Bairro do Orien-te, e como não sou muito bom nesta espécie de magia branca que é desejar saúde, prosperidade e tudo mais, espero apenas que este ano que agora chega seja melhor

que o anterior. Pensei em começar 2014 com uma nota de optimismo, mas prefiro uma dose de realismo puro e duro, que para falar bem já temos quem o faça, e este ano o Pai Natal não me deixou um par de óculos cor-de-rosa no sapatinho. Hoje é dia 2, a realidade de mais um ano morde-nos com mais força que um “rotweiller”, e quem ainda não acabou com a garrafa de champa-nhe vai achar os últimos goles um tanto ou quanto insípidos. Chegou a hora de guardar os sorrisos amarelos e as boas intenções na mesma caixa das bolas e das luzes de Natal até Dezembro, e olhem que parecendo que não, é um pulinho até lá. Por enquanto enfren-temos a besta pela frente, olhos nos olhos.

Durante os muitos feriados que a recta final de 2013 me deixou gozar, fui beber chá com uma amiga (digamos que foi chá, para manter o nível), que me confessou

Macau tornou-se numa cidade da China, literalmente. Mas não no bom sentido; não combina a dimensão e o charme de Pequim, a áurea cosmopolita de Xangai e Hong Kong, ou sequer o encanto de Zhuhai

Uma cidade na Chinabairro do or ienteLEOCARDO

que fazia planos de deixar Macau este ano, de preferência antes do início do último trimestre. Quer ir estudar, mudar de ares, começar uma vida nova longe daqui, onde nasceu, cresceu e formou família, mas agora sem razões que a prendam ao terri-tório, quer sair deste filme. O filme até não começou mal, o “trailer” prometia, mas as audiências mais refinadas começam agora a sair a meio – o que começou por ser uma comédia romântica, descambou para um filme de terror da variante “slasher”. Podia chamar-se “Pesadelo em Macau Street”. A banda sonora original abre com as “Qua-tro Estações” de Vivaldi, mas a partir da terceira ou quarta faixa só se ouve “death metal”. Não esperava este desabafo da parte da minha amiga, mas fui eu o agente provocador. Quem me mandou começar a falar dessa gritante evidência que é a perda de qualidade de vida que afecta cada vez mais a população de Macau?

Todos os dias de manhã, depois de atra-vessar os poucos metros que me separam da tranquilidade do pátio onde vivo da rua ao lado deparo com um cenário de caos e devastação. Ainda com os tímpanos virgens da calma com que passei a noite, sem o som de um automóvel, de um motociclo, de um camião do lixo ou de uma mosca,

sou violentado com o som das escavadoras, das britadeiras, dos operários que atiram as placas de metal para as camionetas com toda a calma do mundo, como se estives-sem a produzir música maravilhosa, e os transeuntes vão passando, meio confusos, com um sorriso amarelo e um ar enjoado, mas fazer o quê? É o preço do progresso.

Macau cresceu muito nos últimos anos, mas cresceu mais em envergadura, não em altura, e muito menos em termos de maturidade. Faz lembrar um pouco aqueles casais que se desleixam depois do nascimento dos filhos; ela com as ancas

flácidas da celulite, ele com uma pança de cerveja. A população cresceu também, em quantidade, não em qualidade. Os que vêm chegando ganham de imediato um lugar de destaque na orquestra da escarreta, na equipa titular do papel atirado para o chão, na selecção do empurrão e do encontrão. A cidade que passou de tão pacata e ordeira a um saco de gatos em dez anos não deve encher de orgulho os seus governantes, mas estes encolhem os ombros e acenam com os lucros, com a saúde financeira e a liquidez deste monstro que eles próprios ajudaram a criar. Pronto, tudo bem, sabemos que é mau, mas qual é a alternativa?

Macau tornou-se numa cidade da Chi-na, literalmente. Mas não no bom sentido; não combina a dimensão e o charme de Pequim, a áurea cosmopolita de Xangai e Hong Kong, ou sequer o encanto de Zhuhai, considerada uma das cidades mais românti-cas da China, e que ultrapassou Macau em matéria de qualidade de vida. E o que fazem os residentes de Macau, os de terceira ou quarta geração, ao assistir à violência que vem sendo cometida contra a sua cidade? Viram-lhe as costas, abandonam-na, e tal como Sodoma, pode ser que nem olhem para trás para a contemplar uma última vez. Foi bom enquanto durou.

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19OPINIÃO

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hoje macau terça-feira 7.1.2014

Alemanha Angela Merkel sofreuacidente de esquiA chanceler alemã, Angela Merkel, sofreu um acidente de esqui durante as suas férias de Natal e Ano Novo na Suíça. Em virtude dos ferimentos sofridos na bacia, a sua agenda, que incluía um viagem à Polónia, foi cancelada, informou um porta-voz citado pela AFP. Merkel sofreu «uma contusão grave associada a uma fractura incompleta no anel pélvico posterior esquerdo», esclareceu. Ainda de acordo com o porta-voz Steffen Seibert, Merkel terá de ficar de repouso nas próximas três semanas. Assim, para já, foram canceladas as viagens a Varsóvia e uma reunião com o primeiro-ministro do Luxemburgo, Xavier Bettel.

China Detidos suspeitos de injectar água suja em carneA China deteve sete pessoas na província de Guangdong por suspeitas de injectarem água suja em carne de cordeiro para aumentar o peso e elevar o preço num matadouro ilegal. Os suspeitos matavam até cem ovinos por dia e injectavam água cheia de bactérias na carne antes de vendê-la em feiras, quiosques de rua e restaurantes de cidades como Cantão e Foshan. A denúncia foi feita pelo canal de televisão CCTV.

Crime Renato Seabraé sacristão na cadeiaRenato Seabra, modelo português condenado a uma pena que pode ir de 25 anos de prisão a perpétua por ter assassinado o cronista Carlos Castro a 7 de Janeiro de 2011, tenta levar uma vida normal na cadeia e, ao domingo, ajuda na Igreja de São Dimas, no Estabelecimento Prisional de Clinton, perto da fronteira com o Canadá. Trabalha sete horas por dia na fábrica de roupa na prisão.

Futebol Medalhapara de Cristiano Ronaldo adiadaA Presidência da República anunciou, através de comunicado, que a condecoração de Cristiano Ronaldo com a Ordem de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique foi adiada. Inicialmente marcada para esta terça-feira, a cerimónia passa agora para a próxima segunda-feira, dia 20, às 15 horas, no Palácio de Belém, devido às cerimónias fúnebres de Eusébio da Silva Ferreira.

EUA Avião cai ao aterrar em AspenUm avião caiu este domingo ao tentar aterrar no aeroporto em Aspen, no estado norte-americano do Colorado. A aeronave, um jacto privado, incendiou-se na pista de Aspen, um dos destinos predilectos no inverno para muitas celebridades. A agência noticiosa AP adianta que a bordo seguiam três pessoas, tendo uma morrido e outras duas ficado feridas, citando as autoridades locais. Um dos feridos foi internado no Aspen Valley Hospital em estado grave. O porta-voz da Agência Federal de Aviação dos EUA, Allen Kenitzer, falou do acidente à agência AFP: «O avião parece ser um Bombardier Challenger 600, vindo de Tucson [Arizona]. Ele caiu enquanto tentava aterrar.»

Brasil Morreuo cantor Nelson NedO cantor romântico brasileiro Nelson Ned, de 66 anos, morreu no domingo, em São Paulo, no Hospital Regional de Cotia, onde dera entrada sábado com uma pneumonia. Nelson Ned, nascido em 1947, na cidade de Ubá, no estado de Minas Gerais, faria 67 anos no dia 2 de Março. Desde 2003, que o artista vivia numa casa de repouso de São Paulo depois de ter sofrido um acidente vascular cerebral. “Ele teve febre muito alta e estava muito debilitado. Nos últimos dois dias, ele já estava inconsciente e respondia muito pouco”, disse ao site G1 a irmão do cantor, Neuma Nogueira, adiantando que ele teve uma infecção pulmonar e urinária e não respondeu ao tratamento.

cartoonpor Stephff

FRIO DE RACHAR

MARIA JOÃO BELCHIOREm Pequim

O comunicado foi publi-cado pelo Conselho de Estado a 18 de Dezem-

bro e terá surgido depois de uma agência funerária chinesa ter sido notícia pela entrada na bolsa de valores de Hong Kong, com uma valorização impressionante no primeiro dia. Mórbido ou não, a verdade é que este novo mercado de acções pareceu demasiado ousado ao governo chinês que emitiu um regulamento para todos os membros do partido a proibir funerais ostensivos.

Os membros do Partido, apesar das honras que devem ter consoante o lugar que ocupem, devem ser os primeiros a dar o exemplo e escolher ter funerais sóbrios e sem extravagâncias, dizia o documento. A resolução que agora entra em vi-gor, dirige-se sobretudo ao governo e nada indica que venha a ser uma campanha nacional.

A morte é um assunto que preocupa cada vez mais chineses ricos que começaram recente-mente a investir na compra de um espaço para o fim da vida. Mesmo que por lei os corpos devam ser cremados, é cada vez mais caro ter um espaço num cemitério e, com os preços a subir em Pequim há gente que escolhe enterrar os familiares em Tianjin.

DECISÃO APARECE DEPOIS DE AGÊNCIA FUNERÁRIA ENTRAR NA BOLSA DE HONG KONG

Funerais ostensivos estão proibidos

A demonstração da riqueza começa exactamente na dife-renciação entre alguns que são enterrados e outros que são cremados. As cinzas são muitas vezes guardadas em casa. En-terrar um corpo na terra e fora dos cemitérios, onde já não há espaço, representa, de acordo com a notícia oficial publicada pela agência Xinhua, um desper-dício de terra arável que pode ser usada de outra forma. O comprar de parcelas de terra para enterros começa a ser mal visto segundo a doutrina do governo.

De facto, a especulação alargou-se aos terrenos escolhi-dos para enterros e o preço de uns metros de terra em Pequim ou Xangai, pode chegar aos milhares de renminbi e estar ao nível do que custa comprar uma casa noutras cidades. O governo quer encorajar os membros do governo e chineses mais ricos a optarem pela cremação, através de uma sensibilização sobre o

valor da terra. Sendo sempre propriedade do Estado, por diferentes razões a terra tem-se tornado um factor fundamental na China.

A campanha pela austeridade nos funerais vem no seguimento do plano nacional de reduzir a extravagância e a ostentação de encontros oficiais do gover-no e do partido. De ementas sem iguarias exóticas, ao fim dos banquetes extravagantes, junta-se agora a necessidade de sobriedade nos funerais, que não podem ser razão para mos-trar riqueza ou estatuto social do falecido ou da família do mesmo. Mas, embora o culto dos antepassados seja parte inalienável da cultura popular chinesa, as novas ideias chegam a referir que um hábito ancestral como o queimar de papel no formato de dinheiro falso para o falecido deve ser evitado porque fazer fumo não é “amigo do ambiente”.