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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA Palavras de Fong Chi Keong despertam consciências JOGO SALAS VIP Promotores dão a conhecer as primeiras deserções ANTÓNIO JOSÉ DE FREITAS ANTÓNIO FALCÃO Ter para ler São as palavras do Provedor da Santa Casa de Misericórdia que reclama das operadoras de Jogo um papel social mais activo. Perto de completar 15 anos à frente dos destinos da Santa Casa, António José de Freitas analisa a nova realidade de Macau em que já não se morre de fome, mas onde ainda persistem inúmeras necessidades para sobreviver. Governo devia apertar com as operadoras DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEGUNDA-FEIRA 19 DE JANEIRO DE 2015 ANO XIV Nº3254 hojemacau DESPORTO PÁGINA 15 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB PUB PÁGINAS 2-3 LIGA DE ELITE AGUIAS COM ARRANQUE VITORIOSO No primeiro embate da época futebolística, o Benfica de Macau venceu o Ka I num jogo que de futebol pouco teve. PÁGINA 7 PÁGINA 9 ´ PUB

Hoje Macau 19 JAN 2015 #3254

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Hoje Macau N.º3254 de 19 de Janeiro de 2015

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Page 1: Hoje Macau 19 JAN 2015 #3254

VIOLÊNCIA DOMÉSTICAPalavras de Fong Chi Keong despertam consciênciasJOGO SALAS VIPPromotores dão a conhecer as primeiras deserções

ANTÓNIO JOSÉ DE FREITAS

ANTÓ

NIO

FALC

ÃO

Ter para ler

São as palavras do Provedor da Santa Casade Misericórdia que reclama das operadorasde Jogo um papel social mais activo. Pertode completar 15 anos à frente dos destinosda Santa Casa, António José de Freitas analisaa nova realidade de Macau em que já nãose morre de fome, mas onde ainda persisteminúmeras necessidades para sobreviver.

Governo deviaapertar comas operadoras

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E G U N DA - F E I R A 1 9 D E J A N E I R O D E 2 0 1 5 • A N O X I V • N º 3 2 5 4

hojemacau

DESPORTO PÁGINA 15

AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006

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PÁGINAS 2-3

LIGA DE ELITEAGUIAS COM ARRANQUE VITORIOSONo primeiro embate da época futebolística, o Benfica de Macau venceu o Ka I num jogo que de futebol pouco teve.

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2 ENTREVISTA hoje macau segunda-feira 19.1.2015

A completar 15 anos como provedor da SCM, António José de Freitas fala de aspirações, projectos e receios futuros. Entre estes, está o desejo de recrutamento de pessoal da saúde da parte do Governo, que leva o responsável a prever que ficará sem funcionários. António José de Freitas fala de uma época em que “o conceito de pobreza e auxílio mudou” e onde, em Macau, não se morre à fome, mas custa muito sobreviver

FIL IPA ARAÚ[email protected]

Estamos à porta dos 450 anos da irmandade da Santa Casa da Misericórdia (SCM) e dos seus 15 anos como provedor. Quantas são as famílias que neste momento ainda recebem ajuda da instituição?Não lhe consigo dizer o número total de famílias que recebem ajuda, tenho números mas para isso precisamos de falar dos vários projectos, dos casos pontuais.

Vamos então por partes. Que tipo de projectos tem a SCM que possa oferecer às famílias?Neste momento estamos a trabalhar para abrir uma nova creche, por exemplo, que contamos que tenha capacidade para mais cem crianças. Sem esquecer a que já existe que, sem mais vagas disponíveis, tem 258 crianças de várias nacionalida-des. Também temos o Lar da Nossa Senhora da Misericórdia, que tem

ANTÓNIO JOSÉ DE FREITAS, PROVEDOR DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA

“Operadoras deviam ter um papel mais activo na sociedade”

capacidade para 128 camas e que é um bom exemplo de apoio à terceira idade. Existe também um Centro de Reabilitação de Cegos onde uma centena de invisuais ocupa o seu dia-a-dia.

Este Centro foi acusado de não estimular os seus utentes. É verdade? Que meios dispõem para o fazer?Não. No Centro, os utentes têm várias actividades que permitem passar os seus dias e a aprender a adaptar-se consoante as suas dificuldades. Têm à sua disponi-bilidades computadores, existem aulas de música oriental e também ocidental e outras actividades. É preciso entender que estamos na China e os métodos de trabalho e de organização são diferentes, até pela cultura, dos métodos inter-nacionais. Gostamos de reclamar quando há necessidade para isso, não de uma forma constante.

Fora estes espaços, existem ou-tros projectos, tais como a Loja Social. Quantas famílias já foram auxiliadas durante o primeiro ano de existência? Sim, temos outros projectos como

os subsídios de propinas e a Loja Social que foi lançada em 2013. Este projecto consiste na distribui-ção de cabazes de bens de primeira necessidade às famílias que estão em dificuldades perante o crescen-te aumento do custo de vida de Macau. Falo em bens de primeira necessidade. Sei que em Portugal a SCM também faz distribuição de roupa, aqui isto não acontece, até porque há roupa mais barata que comida, portanto os nossos cabazes mensais ajudam 340 famílias por mês, com enlatados, arroz, pasta de dentes, champô, massas, etc. Num ano chegámos às 6500 famílias.

Quem faz a selecção das famí-lias? E quem patrocina esta Loja Social? Para a selecção e distribuição dos cabazes às famílias contamos com o apoio dos Kaifong [União Geral dos Moradores] e a Federação das Associações dos Operários de Macau. Entregamos a estas associações porque são eles que tratam de toda a logística, por conhecerem o terreno, as famílias, tudo isso. É importante referir que quem recebe estes cabazes não são pessoas que estão à beira da miséria, ou pessoas que estejam a receber o Subsídio de Risco de So-brevivência através do Governo,

porque esses a Cáritas toma conta deles através do Banco Alimentar. Relativamente ao patrocinadores, são maioritariamente os bancos e as operadoras de Jogo, claro contando sempre com a ajuda de beneméritos e toda a sociedade, mas maioritariamente são estes. Posso dizer-lhe que desde Feve-reiro de 2013 garantimos o apoio todos os meses, já temos o ano de 2015 garantido. Estamos a falar de 300 mil patacas.

As famílias de Macau estão cada vez mais pobres? Precisam de ajuda?Sim, as famílias precisam de ajuda, não só monetária, mas de outros tipos de auxílio. Uma assistência social com um novo conceito...

Um novo conceito? Algo mais abrangente?É preciso perceber que hoje em dia, efectivamente, o conceito de assistência social mudou to-talmente. Repare, quando eu era miúdo o conceito de ajudar ou de assistir a alguém que precisa era dar-lhe uma esmola, ou doar-lhe o resto da comida. Hoje em dia tudo isto mudou, é um conceito

HABITAÇÃO É O CALCANHAR DE AQUILESÉ a habitação o maior problema que neste momento as famílias que vivem em Macau têm. António José de Freitas afirma que a “SCM pouco pode fazer, porque todo o seu património já está quase todo ocupado”. A subida vertiginosa dos preços da habitação começou há dez anos, como explica o provedor, e já nessa altura os inquilinos estavam nas casas da SCM. “Temos muitos pedidos de habitação, dezenas, que estão pendentes por razões óbvias”, diz, admitindo que “a médio prazo a SCM possa resolver”. “Espero que com este abrandamento da economia a situação possa melhorar no sentido de favorecer quem possa comprar uma casa, ou até que as rendas possam baixar”, remata.

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3 entrevistahoje macau segunda-feira 19.1.2015

ANTÓNIO JOSÉ DE FREITAS, PROVEDOR DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA

“Operadoras deviam ter um papel mais activo na sociedade”

MACAU PALCO DE ATENÇÕESQuase a festejar os 450 anos da Irmandade da SCM, Macau irá receber o 12º Congresso Internacional das Misericórdias em 2018. Momento que para o provedor é de maior importância, tendo em conta que Macau é o único território que tem uma Santa Casa da Misericórdia, já que as da Índia, Damão, Diu, Cochim e Ceilão já não mais existem. A organização deste congresso é, segundo António José de Freitas, “um passo de grande fôlego que certamente contribuirá para a afirmação das Misericórdias, não só na Ásia como no mundo lusófono para o qual a RAEM tem especial vocação e responsabilidades históricas”. O provedor não coloca em causa a capacidade de organização, assumindo que o evento permitirá “demonstrar também em Macau a nossa ligação a um movimento internacional de valores universais”.

tizar este objectivo do recrutamento durante este ano de pessoal médico e de enfermagem, seja algo feito com equilíbrio, sem causar mossa às ou-tras instituições, aos funcionamentos dos lares e das creches. Ainda que mais dos lares. Os casos de saídas de funcionários dos lares para o hospital [público] são muitos. Quando me pergunta se temo, não temo, eu sei que estas medidas vão influenciar negativamente o bom funcionamen-to, em termos de recursos humanos. Quem não quer ir trabalhar para o Governo? Com todas as regalias da Função Pública...

E é o maior problema, a falta de recursos humanos?O que eu vejo na Função Pública, mesmo na área da Saúde, é que muitas vezes o problema não é só de recursos humanos, mas sim a distribuição de tarefas, a gestão em si. Não duvido que faltem médicos. Mas o problema é da administração em geral, porque ter muitas pessoas não quer dizer que a máquina administrativa funcione bem ou com mais eficiência. Tem a ver com o regime em si.

Um exemplo...Um exemplo? O Fundo de Pen-sões. Foi criado, suponho eu, antes dos anos 90 já antevendo a transferência de soberania, na altura tinham de facto muito que fazer, porque tinham que lidar com os funcionários, era muita coisa. Hoje em dia o Fundo de Pensões praticamente limita-se a fazer pagamentos aos que estão aposentados, ou tratar daqueles que estão a tratar dos descontos. Já reparou na estrutura do órgão? Acho que funciona de forma muito pesada. Aquilo funciona com uma comissão e dois conselhos, mais dois departamentos e com mais seis divisões. Nos dias que correm isto já não se justifica em lado nenhum.

Como estão as ligações com Portugal? É que não é mentira a existência de um corte... A SCM sempre pertenceu à União das Misericórdias Portuguesas, desde o início. Só que antes da transferência da soberania teve que sair face a uma diferente conjuntura sociopolítica. Portanto deixou de pertencer a esta União com o esta-belecimento da RAEM. Posso dizer que, até 2012, a SCM funcionou como órfã. Nesse mesmo ano, a SCM teve um reencontro com a história, porque filiou-se na cha-mada Confederação Internacional das Misericórdias e desde aí temos participado nos congressos que decorrem de três em três anos. É de notar que em 2018, Macau será palco do 12º Congresso. Momento muito importante. Aqui todos par-ticipamos numa acção comum, é essencial esta troca de opiniões e informações, a comunhão de pro-jectos e de objectivos entre todos que estão espalhados pelo mundo.

muito mais abrangente, não se resume a dar dinheiro.

Como por exemplo?Como por exemplo serem criadas intra-estruturas, lares, creches, casas de repouso, berçários, casas para órfãos. É este conceito que hoje em dia existe e deve ser feito. No qual o Governo deve ter um pa-pel activo. Hoje em dia já ninguém morre à fome, há mais pobres, pessoas com menos recursos, mas ninguém morre de miséria.

Mas defende que há cada vez mais pobres e também que o fosso entre ricos e pobres é cada vez maior. Como é que se justifica numa economia em que, como disse, os cofres estão cheios, isto aconteça?Porque o dinheiro... O salário mé-dio, digamos assim, que se pratica em Macau, de dez mil patacas, para o custo de vida não é suficiente. Até lhe digo, está longe de poder acompanhar a inflação. Não po-demos olhar para as receitas do Jogo e do Governo, mas também temos que olhar para as PME que não podem pagar mais que isso aos seus trabalhadores. O fosso é de facto cada vez maior. Mas não concorda que as opera-doras de Jogo deveriam ter um papel muito mais activo a área social? Aproveitando a revisão prevista este ano, o Governo poderia exigir essa mesma con-duta social.O Governo devia “apertar os calos” às operadoras do Jogo. O trabalho por elas realizado a nível social é muito pouco. Não posso negar o apoio relativamente à Loja Social, mas precisamos de muito mais, todas as instituições sem fins lucrativos. As operadoras de Jogo deviam ter um papel muito mais activo na sociedade. No meu entender, uma parte da percenta-gem das receitas de Jogo que se dá à Fundação Macau deveria ser reservada – não digo através da Fundação – mas através de um novo contrato - desta nova revisão – [para] ser imposto, destinando assim uma percentagem para instituições de solidariedade sem fins lucrativos. Não sei quais. Mas por exemplo, é preciso um fundo – que supostamente existe mas não está a funcionar – para apoiar as estruturas sociais subsidiadas pelo Governo.

Falou há pouco de um projecto de subsídios de propinas, para quem é dirigido?Esse projecto foi implementado no ano em que assumi o cargo como

provedor, em 2000 e decorre até agora. Nele estão envolvidos quase três milhões e meio de patacas. Basicamente é um subsídio para os alunos da Escola Portuguesa e Jardim de Infância D. José da Costa Nunes. Até à data foram subsidiadas 726 crianças. Todos se podem candidatar, claro que o cálculo é feito através dos rendi-mentos familiares, que não pode ultrapassar as dez mil patacas per capita. Mas mesmo assim, com dez mil patacas, a criança já recebe 25% do apoio. É bom.

Diga-nos, quantos trabalhadores estão envolvidos na SCM para que todos estes projectos e infra--estruturas funcionem?A equipa da SCM conta com 172 funcionários. Não são muitos.

Faltam-lhe recursos humanos? Sim, muito. Esse é um dos pro-blemas graves. Gravíssimo. Em termos de gestão de lar, da creche ou do nosso centro de cegos. Porque há estruturas em que os recursos humanos não podem ser substituídos por uma máquina,

como por exemplo agora a pla-taforma online que o Consulado Português lançou, isso é óptimo, facilita, substitui. Mas nesta área isso não pode acontecer.

Qual a sua opinião face às decla-rações do Secretário para os As-suntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, quanto ao recrutamento de mais recursos humanos? Teme que isso influencie o pessoal da SCM?Claro! Bem, o que o Alexis Tam disse é de toda a boa vontade, mas eu espero sinceramente que, a concre-

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4 hoje macau segunda-feira 19.1.2015POLÍTICA

A UTORIDADES chi-nesas vão estar em Macau para falar

sobre o sector do Jogo com o Governo, sendo que po-derá estar em cima da mesa a criação de um sistema de monitorização em directo das transferências bancárias feitas através do sistema Union Pay.

A notícia é avançada pelo jornal de Hong Kong Sunday China Morning Post. O diário fala de uma reunião de alto nível entre

JOGO ALTERAÇÃO DE IMPOSTO DEPENDE DA REVISÃO DE CONTRATOS

Governo “atento” a tudo

“Nesta revisão intercalar do Jogo, o Governo tem que estar atento para perceber se as operadores têm vindo a cumprir as cláusulas contratuais e os compromissos assumidos”LIONEL LEONG Secretário para a Economia e Finanças

Ainda não há novidades sobre se o imposto sobre o Jogo vai realmente aumentar, como previu o analista Aaron Fischer. É preciso ver se as cláusulas contratuais com as operadoras estão a ser cumpridas ou não e, para além disso, perceber se se pode aumentar a taxaFIL IPA ARAÚ[email protected]

O agravamento da carga fiscal de 39% para 43% no sector do Jogo, previsto pelo

analista Aaron Fischer durante a apresentação da Global Gaming Expo, na semana passada, depen-derá, diz Lionel Leong, da revisão intercalar dos contratos do Jogo. Os contratos com as operadoras vão ser revistos “até ao fim” deste ano.

“Sem haver a revisão intercalar, o [Governo] não vai conseguir encontrar um resultado final, visto que sem esta base não nos podemos pronunciar de forma tão repentina quanto ao aumento ou não aumento do imposto do Jogo”, esclareceu ontem numa reunião com os jorna-listas o Secretário para a Economia e Finanças.

Lionel Leong afirma ainda que esta revisão e verificação de cláusulas

passa não só pelo Jogo, mas também por saber se as operadores assumiram “algumas responsabilidades sociais”, algo que tem vindo a ser defendido por muitos especialistas.

“Nesta revisão intercalar do Jogo, o Governo tem que estar aten-to para perceber se as operadores têm vindo a cumprir as cláusulas contratuais e os compromissos as-

a esse problema. Questionado sobre se poderão haver mudanças na polí-tica de importação de mão-de-obra, o responsável não deu detalhes, nem respondeu se considera que há necessidade de alterações.

“Quanto às políticas de traba-lhadores não-residentes (TNR) é sempre uma política para colmatar a falta de [recursos humanos] em Macau, quer seja na taxa de po-pulação activa ou de desemprego. Não houve grandes mudanças. Mas estaremos sempre atentos”, afirma.

PME COM MENOS IMPOSTO?Durante as duas horas de encon-tro com os média, o Secretário reforçou a ideia do Governo em apostar no apoio às Pequenas e Médias Empresas (PME), adian-tando que o Executivo necessita de “aliviar as PME diminuindo-lhes a pressão”.

Lionel Leong dá como exemplo a possibilidade de “diminuir os impostos que as [PME] têm que pagar” como forma de conseguir diminuir essa pressão.

Respondendo às perguntas co-locadas pelos jornalistas presentes, Lionel Leong admitiu a hipótese de uma “maior articulação entre serviços” para facilitar a comuni-cação entre sectores.

A competitividade e a diversifi-cação económica foram as palavras de ordem do novo Secretário, que se assumiu como “uma pessoa normal, tendo começado a sua vida profissional como operário”.

Sem negar a importância do sector do Jogo, Lionel Leong assu-miu que o Governo deve “continuar a dar condições ao desenvolvimen-to” do sector – paralelamente aos outros sectores - para que assim Macau reúna a condições para se tornar o tão desejado Centro Internacional de Turismo e Lazer.

Mas, a aposta no mundo lusó-fono é também um dos objectivos do actual Secretário, que em pouco mais de um mês ainda tem “muito que estudar”.

autoridades de Macau e do Ministério de Segurança Pública da China, a aconte-cer esta semana no territó-rio. Na reunião, a acontecer, vão estar “reguladores financeiros e banqueiros”.

A ideia da reunião é dar detalhes sobre a implemen-tação de um o sistema que está já a ser criado pelas autoridades chinesas.

“O sistema de moni-torização em directo vai dar-lhes um acesso sem precedentes a todas as

transferências monetárias feitas em Macau através do [sistema] Union Pay”, escreve o jornal, citando uma fonte conhecedora do processo. “O plano de mo-nitorização está a ser levado a cabo pelo departamento de investigação de crimes económicos” do Governo Central, que está a levar a cabo a ‘Caça à Raposa’”, acrescenta ainda o diário.

Este sistema está in-serido na campanha anti--corrupção da China con-

tinental, onde são também perseguidos os oficiais “corruptos” do partido que saíram do país. O jornal diz mesmo que a reunião “con-firma a crença de muitos de que os casinos de Macau são um importante canal

para a fuga de capitais do continente”.

NO SEGREDO DOS “DEUSES”Os detalhes da reunião estão em segredo, daí que o jornal cite apenas fontes anónimas, mas a reunião terá sido feita

a convite da Autoridade Mo-netária de Macau (AMCM).

“A AMCM quer, clara-mente, ser vista como tendo um papel de liderança, mas não há como fugir ao facto de que o Ministério [para a Segurança Pública] tem um papel importante nisto.”

Questionado sobre a ques-tão num encontro com jorna-listas, ontem, Lionel Leong não confirmou a veracidade dos factos descritos pelo Sunday Morning Post. O Secretário para a Economia e Finanças disse apenas que “o Governo da RAEM terá uma postura muito séria para res-ponder [à corrupção], sendo esta uma grande responsabili-dade para o Governo”. - J.F./F.A.

sumidos, inclusivamente na cons-trução ou a realização de elementos que não o Jogo. Esta revisão será uma referência muito importante para a análise e apreciação da renovação, ou não, dos contratos. Portanto, em 2015, iremos dar ên-fase à revisão intercalar”, afirmou o Secretário.

DE OLHO NOS TNRRelativamente à falta de mão-de--obra, Lionel Leong garante que o “Governo vai estar sempre atento”

JOGO REUNIÃO COM MINISTÉRIO DA SEGURANÇA

Controlar em directo

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5 políticahoje macau segunda-feira 19.1.2015

Aterros Chui Sai On pede celeridade na finalização da zona A Habitação económica Revisão da lei atrasa aprovações

Sónia Chan quer serviços públicosa trabalhar mais A Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, visitou na semana passada a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ), o Fundo de Pensões e a Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), tendo apelado aos dirigentes e chefias da DSAJ para que acelerem “processos da produção jurídica”, reforcem a divulgação jurídica e promovam junto de todos os cidadãos os conhecimentos jurídicos. Ao longo das visitas, a Secretária estimulou os trabalhadores dos organismos de si dependentes apelando aos lemas “servir melhor a população”, ter “atitude ambiciosa”, “capacidade de melhoramento” e “sentido de responsabilidade”.

JOANA [email protected]

O Governo propôs al- terações à Lei do Comércio Externo, de forma a facilitar as

trocas comerciais entre Macau e o exterior. Uma das mudanças prin-cipais, de acordo com a proposta de lei apresentada pelo Conselho Executivo na sexta-feira, consiste no facto de os importadores e exportadores poderem começar a utilizar livretes reconhecidos a nível internacional e a não preci-sarem de fazer as declarações antes de desalfandegarem os bens.

A ideia, como explica o Execu-tivo, é facilitar as trocas comerciais de bens temporários, já que se prevê que aumente o volume de mercadorias com o desenvolvi-

Menos burocracia é o objectivo do Governo que, devido à previsão do desenvolvimento do sector das exposições, quer poupar tempo nos procedimentos alfandegários no que aos bens temporários diz respeito

COMÉRCIO EXTERNO ALTERAÇÕES À LEI PARA FACILITAR TROCAS COMERCIAIS

Entrada mais livre

mento do sector das exposições e convenções. Mas não só.

“Depois da entrada em fun-cionamento da ponte Hong Kong- Zhuhai – Macau penso que, entre as várias regiões, o volume de mercadorias vai aumentar signifi-cativamente e por isso temos essa urgência de melhorar essa lei”, frisou Leong Heng Teng, porta-voz do Conselho Executivo.

A proposta de lei prevê as operações a coberto de livretes ATA, um documento aduaneiro internacionalmente reconhecido, que pode ser usado em diferentes países para cobrir o uso tempo-rário de bens sem pagamento de taxas alfandegárias. O Governo quer colocar este como um dos documentos das operações do comércio externo, incorporando-o no sistema jurídico.

Mas alerta: este documento serve apenas para os segmentos das operações temporárias do comércio externo - onde predomina o sector de convenções e exposições - como equipamentos profissionais, amos-tras comerciais e produtos para apresentação ou uso em feiras e exposições, por exemplo.

“[Isto] não só beneficiará a atracção de projectos de conven-ções e exposições com destino a Macau ou itinerantes internacio-nais, bem como estimulará a inter-nacionalização do sector, abrindo espaço no mercado internacional e aumentando o desenvolvimento sustentado da respectiva indús-tria”, considera o Executivo.

EM PROL DA DIVERSIFICAÇÃOEstes bens – que podem incluir computadores, ferramentas de re-

paração, equipamento fotográfico, instrumentos musicais e até cava-los de corrida – ficam em Macau por um curto período de tempo. “A promoção do desenvolvimento do sector de convenções e exposições contribuirá para a maior diversifi-cação económica de Macau e com o desenvolvimento desse sector resultará num aumento significa-tivo do volume das mercadorias temporariamente importadas para Macau, que serão reexportadas de Macau dentro de um curto perío-do”, explica a nota do Governo sobre as alterações à lei.

Como mote para as mudanças está ainda a integração regional, já que o Executivo considera que “com o desenvolvimento cada vez mais integrado entre Macau e as regiões vizinhas, o fluxo de mercadorias também aumenta constantemente”.

Assim sendo, “o aumento de facilidade no desalfandegamento e a simplificação dos respectivos pro-cedimentos contribuirão para Macau criar um melhor ambiente de negócio e para consolidar a posição central de Macau”, indica ainda o Governo.

Além dos documentos, e para aperfeiçoar as trocas comerciais, a proposta de lei prevê ainda a in-trodução da hipótese de “desalfan-degamento antes da declaração”.

Ainda não há data para que a lei seja entregue na Assembleia Legislativa, onde é analisada e votada, mas o Governo pretende que esta entre em vigor 30 dias após a sua publicação.

DURANTE uma visita no passado sábado aos aterros

da zona A, o Chefe do Executivo pediu aos serviços responsáveis que os trabalhos fossem finali-zados “o mais breve possível”. Na mesma visita, o Secretário para os Transportes e Obras Pú-blicas, Raimundo do Rosário, revelou que está a pensar criar um grupo inter-departamental para discutir a “circulação de transportes e as ligações terrestres à zona A”, devendo este compreender profissionais dos Serviços para os Assuntos

O director do Instituto de Habitação (IH),

Ieong Kan Wa, prevê que os 42 mil candidatos na lista para obtenção de habitação económica não possam ser incluídos nos números deste ano, já que a revisão da Lei da Habitação Económica está atrasada. De acordo com o responsável, não será possível implementar a política de “sorteio e aprovação”. Os planos do Governo incluíam a revi-são, até Outubro do ano passado, do processo de aprovação dos candidatos – parte integrante da legis-lação referida – e posterior entrega à Assembleia Le-gislativa, mas o processo não ficou concluído.

O objectivo da revisão passa por tentar diminuir para metade o tempo de espera pela aprovação dos candidatos a casas económicas pelo método “sorteio e aprovação”, estando ainda prevista a integração dos 42 mil candidatos mais recentes

de Tráfego e do Gabinete para o Desenvolvimento de Infra--estruturas.

O pedido pela celeridade das obras tem em vista a rá-pida construção de habitação pública, que – tal como foi anunciado pelo Governo – vai ser mais do dobro do inicial-mente planeado para aquela zona. No total, vão haver 32 mil fracções de habitação pública, quando eram apenas 18 mil as previstas.

A visita de Chui Sai On ao local incluiu a deslocação ao

gabinete provisório do emprei-teiro daquela zona. De acordo com um dos responsáveis, Chau Vai Man, os trabalhos têm corrido dentro do tempo previsto. “Os aterros finaliza-dos seguem para tratamento dos solos da fundação e após terminados os procedimentos adequados, relativamente ao solo, segue-se o respectivo planeamento do espaço para em seguida se determinar o tipo de construção”, assegura o Gabinete do Chefe do Exe-cutivo, em comunicado.

nas aprovações a partir de Março próximo. No entanto, até ao momen-to, não houve qualquer avanço na revisão da lei. Citado pelo Jornal do Cidadão, o director do IH referiu que a revisão desta parte da Lei de Habitação Económica deve ser feita

com muito rigor, mas uma vez que não se encontra concluída, o período de aprovação de candidatos poderá ser mais longo.

Ieong Kan Wa acres-centou ainda que espera que estes trabalhos pos-sam ser finalizados este ano. - F.F.

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6 política hoje macau segunda-feira 19.1.2015

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L EONEL Alves defende que tem de haver melhorias no trabalho da Assembleia Legislativa, com o qual o

deputado diz não estar satisfeito ao nível da qualidade. No programa Rádio Macau Entrevista, Leonel Alves defende que a AL “tem de se apetrechar melhor para as tarefas que tem pela frente”, por exemplo havendo mais intervenção do próprio presidente do hemiciclo, Ho Iat Seng.

“Parece-me que o presidente não está disposto a assumir uma

“CLÁUSULA” PARA MAIS ÁREASNÃO-JOGOLeonel Alves defende ainda que o Governo deve exigir às operadoras maior investimento nas áreas não-Jogo, colocando mesmo esta obrigação nos contratos. “Creio que o Governo deve introduzir uma cláusula contratual que exija um determinado nível de investimento nas áreas não-Jogo. Algumas concessionárias ou subconcessionárias já estão a fazer isso, mas há outras que parece que não”, notou Leonel Alves, que acrescenta ainda que seis operadoras “são suficientes”.

“Parece-me que o presidente (da AL) não está disposto a assumir uma posição activa e tem deixado as coisas correr, até ao limite dos limites”

AL LEONEL ALVES DEFENDE MELHORIAS NA ACTUAÇÃO DO HEMICICLO

Acabar com “conversas de café”posição activa e tem deixado as coi-sas correr, até ao limite dos limites. Em casos de situação muito, muito extrema é que vejo o presidente a actuar. Isto tem que ver com a cultu-ra chinesa, com a personalidade das pessoas”, começa por dizer Leonel Alves. “Quando olhamos para o regimento da AL é de inspiração e matriz portuguesas. Como um presidente interpreta o regimento, pode haver divergências, portanto, aquilo que estamos habituados a ver no Parlamento europeu

REGULAMENTAR ARTIGO 27º O deputado Leonel Alves defende que o Governo deve avançar com a regulamentação do artigo 27 da Lei Básica. Em entrevista à rádio Macau, o deputado disse que considera que o artigo que determina que “os residentes de Macau gozam da liberdade de expressão, de imprensa, de edição, de associação, de reunião, de desfile e de manifestação, bem como do direito e liberdade de organizar e participar em associações sindicais e em greves” deve não só ser regulamentado, como o deve ser de forma urgente. “Devem ser criadas as condições para que os diversos sectores da sociedade de Macau, os empresários e os trabalhadores, encontrem um consenso mínimo para que estas leis possam ser aprovadas em Macau. Acho que é uma necessidade urgente”, disse no Rádio Macau Entrevista. Para Leonel Alves, “o impulso inicial tem de ser dado”.

provavelmente não acontece com frequência no Parlamento chinês e aqui em Macau na AL”, afirmou, acrescentando que “muitas vezes o presidente devia dizer ao deputado que aquilo que está a dizer está fora da ordem do dia”.

“Às vezes está-se a discutir o diploma A e há intervenções que nada têm que ver com esse diploma A. Portanto, é neste sentido que acho que

o presidente deve ser mais actuante, tornando os plenários mais eficazes e menos morosos”, defendeu.

As críticas são ainda apontadas aos colegas do hemiciclo e ao pró-prio Governo, devido à morosidade e aos assuntos que são levados ao plenário.

“Não basta haver duas horas de intervenções antes da ordem do dia. Não basta haver interpelações

para o Governo responder seis ou dez meses depois. Os debates na generalidade têm de deixar de ser uma espécie de conversa de café.”

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7SOCIEDADEhoje macau segunda-feira 19.1.2015

FIL IPA ARAÚJO*[email protected]

A S polémicas declara-ções do deputado Fong Chi Keong já fizeram com que esteja a correr

uma petição para um pedido de desculpas público e até um protesto para o próximo sábado. Mas, para tentar perceber a dimensão da questão, o HM contactou algu-mas mulheres ligadas ao tema da violência doméstica e de destaque na sociedade que, sem hesitar, defendem: “há muitos homens a pensar como o deputado Fong Chi Keong”. Há quem diga mesmo que Macau ainda é um local onde o patriarcado é algo comum.

“Primeiro temos que pensar que ele representa um grupo de pessoas em Macau, particularmente outros homens de meia idade, assim como a classe dos polícias, portanto não acredito que ele seja um caso único, com esta opinião”, começa por explicar Melody Lu, membro da Coligação Anti-Violência Do-méstica de Macau.

A também académica acredita que grande parte dos homens que pensam da mesma forma que o de-putado, não “expressam de forma tão dramática” o que sentem, mas não esconde que, na sua opinião, grande parte da população pensa de igual modo.

“Há algumas pessoas em Ma-cau, várias, que consideram que a violência doméstica não deve ser considerada um crime público. Só isso explica o pensamento geral”, argumenta, sublinhando que “há muitos homens que pensam que é o dever do marido dar educação e disciplina à mulher e aos filhos”.

DESFASAMENTOSPara Rita Santos, secretária-geral adjunta do Secretariado Permanen-te do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Por-tuguesa, “Macau continua a ter uma mentalidade tradicional do interior da China”, onde a mulher era profundamente submissa ao seu marido. “Mas já nem na China se vive com este pensamento”, diz Rita Santos, dando como exemplo a altura em que foi estudar para Pequim, em 1996.

“Estava numa aula e uma pro-fessora disse-me ‘está bem, esta noite vou jantar convosco, porque já falei com o meu marido e ele vai fazer o jantar para ele e para os nosso filhos’. Lembro-me que na altura todas nós, colegas de escola, ficámos de boca aberta. Como era possível, uma mulher chinesa ter aquela liberdade. Portanto já nem no interior da China se vive este pensamento”, argumenta.

Também Lei Choi In, assisten-te social do Centro Bom Pastor, durante a sua intervenção no pro-grama de televisão Fórum Macau, que decorreu na manhã de ontem,

“M UITAS mulheres vivem em silên-cio, guardando para si toda esta situação”, começa por defender

Rita Santos quando questionada pelo HM sobre o problema da violência doméstica. Também a académica Melody Lu defende que “muitas mulheres não percebem que é um direito delas dizer basta”.

Rita Santos conta que, muitas vezes, em conversa com mulheres, “maioritariamente da comunidade chinesa”, estas não sabem que podem lutar pelo fim da violência doméstica. “Muitas delas perguntam-nos se realmente podem lutar por isso, se podem reagir, se efectivamente têm esse direito”, conta.

HORA DE ACORDARForam as declarações do deputado Fong Chi Keong sobre a violência doméstica,

que, segundo Rita Santos e Melody Lu, fizeram “algumas mulheres acordar para esta situação”.

“Só agora é que as mulheres acreditam e consideram que é a altura de começar a lutar pelos seus próprios direitos”, defende Rita Santos.

A concordar com a tendência está também Ieong Sok In, chefe do Centro de Solidariedade da Associação das Mulheres de Macau, que argumenta que muitas mulheres vítimas de violência submetem-se à ideia do “conceito tradicional”.

“Acham que já são casadas e por isso têm que obedecer. Em chinês dizemos ‘Casas com cão, segues o cão, casas com galo, segues o galo’”.

Ieong Sok In defende ainda que muitas vezes é o “não querer ver os filhos sem pai,

ou a família separada, que faz com que as mulheres aceitem ser vítimas de violência doméstica”.

O PRINCÍPIO DA MUDANÇAPara Melody Lu, não há qualquer margem para dúvida: este é o início de algo muito forte, de uma mudança. “Esta manhã [on-tem], durante o Fórum Macau, fiquei muito surpreendida com a presença de mulheres de mais de meia idade, que sei que não são mulheres com formação, portanto têm a edu-cação tradicional, que não estão conscientes para esta temática, não percebem que têm o direito de não serem vítimas. Mas depois do debate, elas saíram à rua, e decidiram lutar por elas mesmas. Penso que este é o início de algo em que as pessoas dizem não à violência”, concluiu. - F.A.

MELODY LU MULHERES NÃO PERCEBEM QUE É UM DIREITO DIZER BASTA

Posso fazer queixa do meu marido?

Em análise às declarações do deputado Fong Chi Keong sobrea violência doméstica, as mulheres não hesitam: há mais homensa pensar assim e Macau ainda é uma sociedade de patriarcado

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA HÁ MAIS HOMENS A PENSAR COMO FONG CHI KEONG

Fongs há muitos

mostrou-se chocada com a men-talidade mostrada pelo deputado.

A assistente social conta que há 25 anos conheceu um caso de uma mulher que sofria de agressões por parte do marido, em 1990. Na altu-ra, quando o caso foi denunciado à polícia, o oficial que recebeu a queixa defendeu à própria vítima que se o marido lhe batia era sinal que a amava. “Felizmente a mu-lher teve coragem para responder: ‘então senhor polícia eu vou-lhe bater, porque o amo, e o senhor não me acusa’. Só assim é que o polícia aceitou as declarações da vítima”, contou.

Lei Choi In partilhou que nunca pensou ouvir 25 anos depois o mes-mo género de declarações. “Fiquei assustada quando ouvi um deputado nomeado na Assembleia Legislativa a dizer a mesma frase. Pergunto-me se depois de 25 anos o conceito tradi-cional se mantém na AL? Onde está o valor da mulher?”, argumentou.

SOCIEDADE PATRIARCALUma das cidadãs presentes no debate do Fórum disse mesmo que a sociedade de Macau ainda é um “patriarcado e que há uma reali-dade com tamanha desigualdade de género, que a maior parte das vezes as mulheres e crianças são vítimas de abusos”. “Só o crime público pode proteger de forma

“Depois das declarações do deputado, muitas pessoas, tanto homens como mulheres, jovens ou não, parece que acordaram para este tema”MELODY LU Membroda Coligação Anti-Violência Doméstica de Macau

abrangente todas as vítimas e evitar que os infractores cometam abusos contra elas novamente”.

Ieong Sok In, chefe do Centro de Solidariedade Lai Yuen da As-sociação das Mulheres de Macau, referiu ao HM que, nos casos de violência doméstica recebidos pelo próprio centro, tudo aconteceu devido a este pensamento tradi-cional. “Os homens são maiores e as mulheres devem ouvir e obedecer”, exemplifica. “Segundo as queixas feitas por mulheres no Centro, muitos maridos acham que homens são honrosos e mulheres são menores”, explicou.

Relativamente ao discurso do deputado Fong Chi Keong, a chefe do centro afirmou que, para além de ser um pensamento errado, é sinónimo de que é necessário consolidar a educação de igualdade de dois géneros.

JANELA ABERTAMelody Lu acredita que este é o momento certo para que a popu-lação “acorde” para o que efecti-vamente se pretende: a violência doméstica como crime público.

“Depois das declarações do deputado, muitas pessoas, tanto homens como mulheres, jovens ou não, parece que acordaram para este tema, porque muitos deles se sentiram ofendidos. Acredito que

“Macau continua a ter uma mentalidade tradicional do interior da China”RITA SANTOSSecretária-geral adjuntado Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entrea China e os PLP

esta é boa altura, uma boa oportu-nidade para conseguirmos discutir este assunto”, remata.

Quanto ao pedido de desculpas públicas por parte de Fong Chi Keong, a académica avança: “não vamos parar enquanto isso não acontecer”. - *com Flora Fong

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8 sociedade hoje macau segunda-feira 19.1.2015

Síndrome de Down Contactadas maisde 400 grávidaspara rastreio Durante os primeiros 15 dias do ano, os Serviços de Saúde (SS) disponibilizaram uma linha de apoio que permitia a todas as mulheres grávidas marcar a consulta para a medição ecográfica da translucência da nuca (TN) e para o exame de sorologia bioquímica, exames inerentes ao rastreio do Síndrome de Down. Num comunicado, os SS informam que foram contactadas 466 mulheres grávidas que não conseguiram marcar a data para se submeterem ao rastreio pré-natal desta doença, sendo que de 5 a 15 de Janeiro o Centro Hospitalar Conde de São Januário notificou 57 mulheres para a realização dos exames.

Óbito MorreuLau Kuong Po,ex-presidentedos KaifongO Chefe do Executivo, Chui Sai On, divulgou na semana passada uma carta de condolências pela morte do ex-presidente e presidente honorário da União Geral das Associações de Moradores de Macau (Kaifong), Lau Kuong Po. De acordo com uma nota do Chefe do Executivo, Lau Kuong Po fundou a Associação dos Moradores, ocupando ainda os cargos de deputado da Assembleia Legislativa, de membro da Comissão Executiva do Leal Senado e de representante da província de Guangdong nas sétima e oitava Conferências Consultivas Políticas do Povo Chinês. Além disso, foi ainda um dos deputados seleccionados pelo Executivo durante a primeira e segunda administrações após a transferência da soberania. A mesma nota refere que Lau serviu os moradores e a sociedade com “pureza de intenções”. O responsável dedicou grande parte da sua vida às causas dos moradores, tendo obtido “amplo reconhecimento” e consideração por parte dos residentes. “Que nós tenhamos viva a sua lembrança!”, finda a carta do Chefe do Executivo.

Sands China Edward Tracy reforma-se e deixa direcção

FIL IPA ARAÚ[email protected]

S Ó falta a análise das entida-des que gerem a aplicação para a triagem de utentes não urgentes em Macau,

para que esta esteja disponível para download. Num comunicado à imprensa, os Serviços de Saúde (SS) explicam que a aplicação está a “aguardar análise das entidades” e que, assim que esteja disponível, “irá aperfeiçoar os serviços de

Os SS vão lançar uma aplicação móvel que vai permitir aos doentes não urgentes perceber o estado das listas de espera nos hospitais e centros de saúde públicos, de forma a que haja melhor triagem. A vantagem da nova aplicação é que vai estar ligada a serviços privados, como o Kiang Wu e clínicas de diversas associações

SAÚDE APLICAÇÃO PARA TRIAGEM DE UTENTES INCLUÍ PRIVADOS

Já é a minha vez?

RECRUTAMENTO EXTERIORSERÁ “CONSIDERADO”Lei Chin Ion, director dos SS, assegurou, de acordo com um comunicado, que têm sido realizadas várias acções de formação de médicos generalistas e especialistas e que “em 2013 houve uma intensificação dos programas de formação a curto e médio tempo, a fim de atender à criação dos diversos projectos que estão em curso no âmbito das infra-estruturas médicas”. Durante o discurso, Lei Chin Ion assumiu que será “considerado o recrutamento exterior [de enfermeiros] para aliviar a pressão sobre os serviços, caso a situação de escassez destes profissionais locais se agrave no futuro”. O director não deu mais detalhes e, falando sobre estudo da Universidade de Macau que pretende analisar a viabilidade de construção de uma faculdade de Medicina em Macau, Lei Chin Ion assegura que ainda não se chegou a nenhuma conclusão.

“Em breve, os tempos reais de espera serão exibidos na página electrónica dos SS e nas salas de espera das entidades médicas aderentes ao sistema” COMUNICADO DOS SS

sistema de informático no hospital [público] e das instituições sem fins lucrativos”.

A aplicação vai permitir aos utentes escolher o locais de aten-dimento em função do tempo de espera, sendo que vai ainda ligar os serviços de saúde públicos aos privados, como o Kiang Wu.

“Em breve, os tempos reais de espera serão exibidos na página elec-trónica dos SS e nas salas de espera das entidades médicas aderentes ao sistema, incluindo o Centro Hospi-talar Conde de São Januário, o Posto de Urgência das Ilhas e a Consulta Externa de 24 horas, assim como as instituições sem fins lucrativos”, pode ler-se num comunicado.

KIANG WU INCLUÍDO O serviço, como esclarece o di-rector dos SS, Lei Chin Ion, visa

fazer a triagem “dos utentes não urgentes do São Januário para as entidades médicas ou instituições sem fins lucrativos subsidiadas, abrangendo o Serviço de Urgência do Hospital Kiang Wu, todas as Clínicas da Federação das Asso-

ciações dos Operários de Macau, a clínica subordinada à Oversea Chinese Association Macau, o Centro Médico da Aliança do Povo de Instituição de Macau e o Centro Médico Son Vo, da Associação da Nova Juventude Chinesa de Macau”.

As informações relativas aos médicos privados de Macau, in-cluindo endereço e número de tele-fone, e o horário de funcionamento das farmácias, estão também disponíveis na aplicação, assim como a situação de atendimento individual nas consultas externas diferenciadas do São Januário.

Os SS dizem que a aplicação – a ser criada desde meados de 2014 – poderá estar disponível ao público até ao fim do primeiro trimestre.

EDWARD Tracy, que foi du-rante quatro anos o director-

-executivo da Sands China em Macau, vai deixar a direcção da operadora a 6 de Março. Num documento enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong, datado de 16 de Janeiro, a empresa anuncia a retirada do responsável, que vai para a reforma. “Anunciamos que

Edward Tracy se vai retirar da pre-sidência e direcção da empresa (...), com efeito a partir de 6 de Março. [Edward] Tracy decidiu reformar--se”, pode ler-se no comunicado ao Heng Seng Index.

Tracy, que tem 62 anos, vai permanecer como consultar da operadora, pelo menos durante o período da transição de direcção.

De acordo com o comunicado, não há qualquer desacordo ou conflito com o homem que teve nas mãos o destino da Sands China desde 2011, sendo que a ideia de Tracy é regressar aos EUA e focar-se na família e na saúde, de acordo com o que disse o responsável à imprensa norte-americana.

Tracy já está a trabalhar com

a Sands desde 2010, ainda que apenas um ano depois tenha as-sumido o comando da operadora. De acordo com o comunicado da Sands China, prevê-se que a Comissão de Administração se reúna na sexta-feira, de forma a “considerar candidatos e fazer recomendações” para nomear um novo director-executivo. - J.F.

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9 sociedadehoje macau segunda-feira 19.1.2015

FLORA FONG [email protected]

V ÁRIAS salas VIP dos grupos David e Nep-tuno vão fechar por-tas, depois da recente

quebra nas receitas do Jogo e das medidas anti-corrupção da China continental. De acordo com fonte do grupo Forefront of the Macau Gaming, a partir de 31 de Janeiro o grupo David vai suspender o funcionamento das salas VIP nos casinos L’Arc Macau, MGM e Four Seasons, ainda que as salas VIP no Wynn e Galaxy vão con-tinuar a operar. Já sobre o grupo Neptuno, que encerra funções no mesmo dia, sabe-se apenas que uma sala VIP decidiu fechar no L’Arc Macau. A justificação do junket foi, contudo, que o encer-ramento era para “coordenar com os futuros casinos no Cotai”.

Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, confir-mou ontem o encerramento de um destes promotores de Jogo, mas não especificou qual. Como o HM avançou recentemente, especialistas previram que cerca de meia centena de salas VIP

LEONOR SÁ [email protected]

D E acordo com resposta do Instituto Cultural (IC) ao HM, o novo

projecto de reconstrução e am-pliação do Quartel de S. Fran-cisco, tem em vista “destacar as características do edifício antigo”. Na resposta, o IC frisa, contudo, que foi proibida a imitação do estilo antigo do edifício, numa alusão que será ao que actualmente se encontra erguido e que “sofreu remodelações”. A resposta surge depois do arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro ter referido ao Jornal Tribuna de Macau que o novo projecto é “uma falácia total” e não segue a linha arquitectónica dos edifícios lá construídos.

O debate sobre a ampliação daquele espaço – que serve de sede aos Serviços das Forças de Segurança – tem tido lugar desde 2006, tendo a planta ofi-cial, emitida em 2011, ditado

que seria obrigatório manter o forte, as muralhas e as árvores antigas. O projecto acabou por ser concluído em 2013 e, de acordo com a entidade responsável, estará terminado dentro de dois a três meses.

Além disto, o IC promete ainda um “controlo rigoroso” dos moldes do edifício recons-truído. No fundo, o projecto actual prevê o restauro de parte do quartel, retirando as partes degradadas, que “ocultam as características arquitectóni-cas do edifício original”, de forma a tornar visíveis certos elementos antigos, como as janelas.

Numa notícia publicada na semana passada pelo JTM, Vizeu Pinheiro argumentava que o novo projecto para a remodelação do quartel – construído na década de 60 – em nada tem que ver com o original, correndo-se o risco de descaracterizar o edifício, que é actualmente classificado como património cultural.

Ano Novo ChinêsMedidas de controlo de turistas na baixa da cidadeA Polícia de Segurança Pública (PSP) vai accionar medidas de controlo de turistas na zona do Leal Senado e nas Ruínas de S. Paulo. “Talvez implementemos uma medida [corredor] de um só sentido e uma medida de grupo a grupo. Por exemplo, no dia 31 de Dezembro, também lançámos esta medida de grupo a grupo porque é absolutamente seguro deixar um certo número de pessoas andar para que não haja um grande número delas concentradas”, disse Chan Kuok Lok ao canal televisivo da TDM. O intuito é evitar que tenha lugar na região um incidente semelhante ao que acontece durante a noite de passagem de ano, em Xangai, onde várias pessoas morreram devido ao elevado fluxo de pessoas. A primeira medida da PSP consiste na mobilização de agentes para o local, seguindo-se a criação de um corredor de um só sentido naquela zona e, finalmente, o eventual encerramento do Leal Senado, caso o fluxo de pessoas assim o exija.

Museu de MacauPedido outro complexo de Arte nos novos aterros

O director do Museu de Macau, Chan Ieng Hin, queixa-se da

falta de espaço destinado ao espaço cultural e por isso mesmo pediu ao Governo que fosse cedida uma parcela dos novos aterros para a construção de um segundo complexo. O director justifica que o espaço actualmente existente não chega para mostrar toda a história do território.

Em declarações ao Jornal do Cidadão, Chan explicou que a estru-tura actual tem apenas 2800 metros quadrados de área dividido em três partes: História, Nação e época Con-temporânea. “Caso a nova construção seja aprovada, a estrutura actual deve permanecer porque é a linha principal da fusão entre o Oriente e o Ocidente e está perto das Ruínas de S. Paulo e é conveniente para os turistas. depois, pode até pensar-se em criar exposições com temas especiais”, disse o responsável. O espaço dedi-cado à história de Macau ocupa 700 metros quadrados, algo que o director considera insuficiente para mostrar o percurso da região, incluindo in-cidentes e conteúdos históricos que não se encontram expostos.

Chan Ieng Hin argumenta ain-da que a história de fusão entre o Oriente e o Ocidente, que tem lugar em Macau, é mais longa do que a de Hong Kong e outras regiões e que por isso mesmo deve ser permitida a explanação de toda essa história. Para tal, já pediu ao Executivo que seja reservado um espaço numa das zonas dos novos aterros para criar um novo Museu de Macau, mas até ao momento ainda nada está deci-dido. - F.F.

QUARTEL DE S. FRANCISCO REMODELAÇÃO “DESTACA” CARACTERÍSTICAS DE EDIFÍCIO ANTIGO

O velho do património

JOGO GRUPOS NEPTUNO E DAVID FECHAM. EXPANSÃO PARA O ESTRANGEIRO NA MIRA

Toca a fugir a sete pésManila, Vietname e Coreia do Sul são alguns dos destinos possíveis parao David Group

independentes das operadoras de Jogo iriam fechar. Segundo fonte do grupo, várias salas VIP destes promotores vão ser as primeiras a fazê-lo, “suspendendo os ser-viços temporariamente”.

LÁ FORA É MELHORDe acordo com um comunicado que terá sido enviado aos clientes e também com a agência Bloom-berg, o junket David Group – um dos dez maiores em Macau – vai

mudar-se para o estrangeiro, tendo já integrado grupos como o Suncity e o Hengsheng para se expandir para esses mercados.

“Como o sector de Jogo de Macau foi recentemente in-fluenciado por factores exterior, o nosso grupo vai aproveitar os recursos e integrar-se mais ade-quadamente no negócio”, escreve o grupo numa nota.

Nos planos do promotor estão Manila, Vietname, Coreia

do Sul e Austrália, sendo que serão alocados mais recursos no desenvolvimento do negócio no estrangeiro.

Para o líder da Forefront, Ieong Man Teng, o fecho de salas VIP pode estar relacionado com duas causas, sendo a primeira a suspeita de lavagem de dinheiro que poderá ter levado o capital a ser congelado e, consequentemente ao encerra-mento das salas. A segunda causa, diz, pode estar relacionado com a dificuldade económica que todo o sector enfrenta – a diminuição de clientes ricos e o corte de despesas para poupar recursos. Ieong Man Teng acredita ainda que vão con-tinuar a fechar mais salas VIP de grande dimensão.

Recorde-se que as receitas do Jogo VIP caíram 30% no quarto trimestre do ano passado.

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hoje macau segunda-feira 19.1.201510 EVENTOS

São voluntários e juntam-se para apoiar crianças mais desfavorecidas. Chama-se “Um céu para as crianças” e é um projecto cultural e artístico

LEONOR SÁ [email protected]

A Associação Em-presarial França--Macau vai orga-nizar uma série

de projectos culturais e artísticos destinados a crian-ças desfavorecidas. “Um céu para as crianças” está previsto começar em Maio e conta com a colaboração da Associação Y-Life, integran-do várias actividades na qual jovens e adultos voluntários se disponibilizam para en-sinar a arte da gastronomia, da pintura, do desenho ou do artesanato aos mais novos.

Este ano fazem parte da iniciativa 50 pessoas, das quais 36 são crianças apren-dizes, 12 são assistentes da organização e dois são ins-

U MA equipa de arqueó-

logos turcos acaba de confirmar a des-

coberta do que se julga ser uma das maiores e das

mais antigas cidades subter-râneas do país. Os vestígios terão mais de cinco mil anos e estão localizados perto da cidade turca de Nevsehir.

Segundo informação avançada à imprensa local, a cidade arqueológica nas-ceu há cinco mil anos e terá passado ainda pelo Império Romano. Esta cidade foi descoberta por construtores que se preparavam para erigir no local um novo projecto imobiliário, que foi entretanto foi cancelado.

De acordo com o jornal turco Hurriyet Daily News, esta poderá ser “uma das maiores cidades subterrâ-neas do mundo”.

Hasan Unver, o autarca da cidade, disse à mesma publicação que as outras ci-dades subterrâneas da região

A Orquestra de Filadélfia volta mais uma vez ao

território no dia 4 de Fe-vereiro, desta vez para um concerto conduzido pelo maestro local Lio Kuokman. “Ode à Humanidade” vai ter lugar no Venetian Theatre.

Lio foi nomeado Maes-tro Assistente pela Orques-tra de Filadélfia, em Abril de 2014, tendo ainda recebido a medalha de Mérito do Go-verno local em Dezembro passado. O seu percurso educativo inclui um mestra-do na notável escola de artes performativas e música dos EUA Juiliard.

O grupo musical é com-posto por mais de cem vozes no coro, provenientes das orquestras de Shenzhen, Fi-ladélfia e Macau. De acordo com a organização, esta é uma “união nunca antes vis-ta” e faz parte da semana de in-tercâmbio 2015 do

CULTURA FRANÇA E CHINA JUNTAM-SE EM PROJECTO INFANTIL

Apoios por toda a cidade

“O objectivo deste projecto é permitir que crianças de famílias menos afortunadas possam participar em programas criativos relacionados com culinária, pintura, desenho, criação de peças de arte, artesanato e jogos”

trutores, todos voluntários. Entre eles encontram-se jo-vens contabilistas, designers e estudantes universitários que se juntam para trazer dias lúdicos e didácticos a crianças de famílias com poucas possibilidades.

“O objectivo deste pro-jecto é permitir que crianças de famílias menos afortuna-das possam participar em programas criativos relacio-nados com culinária, pintura, desenho, criação de peças de arte, artesanato e jogos”, refere a associação sino--francesa em conferência.

“Um céu para as crian-ças” tem, no entanto, uma

particularidade: as activi-dades serão realizadas em locais específicos, depois dos instrutores voluntá-rios seleccionaram várias crianças para participarem. O mercado do bairro Iao Hon, o Centro de Ciência de Macau, o Centro Cultural

ou o Centro de Actividades para Jovens dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) são alguns dos locais escolhidos pela organização.

GERAÇÃO VINDOURAPara abrir ainda mais o leque de escolha de actividades e

Turquia Descoberta cidade subterrânea com cinco mil anos

Música Orquestra de Filadélfia volta a Macau com “Ode à Humanidade”

não serão mais pequenas “do que uma cozinha, quando comparadas com estas des-cobertas”.

A cidade já foi ofi-cialmente registada pela Associação de Preservação do Património Natural e Cultural da Turquia.

A descoberta tem várias galerias e igrejas, e até já foi registada oficialmente pela entidade que preserva os monumentos turcos. Para além, tem também galerias que estarão ligados por tú-neis de vários quilómetros.

Até à data, a cidade subterrânea mais conhecida de Nevsehir era Derinkuyu, situada a cerca de hora de viagem da nova cidade.

Derinkuyu, que se acredi-ta ser do século VIII antes de Cristo, ocupa uma área que teria capacidade para alber-gar “milhares de habitantes”.

A cidade está desabi-tada desde 1923 mas atrai visitantes e turistas de toda a parte do mundo.

grupo da cidade norte--americana na China.

O concerto “Ode à Hu-manidade” conta a história da interculturalidade e pa-rece criar a ponte entre o Oriente e o Ocidente, ao mesmo tempo homena-geando dois mil anos de Confucionismo. O concerto encontra-se dividido em cinco diferentes momentos, representativos do con-ceito nuclear da corrente de pensamento chinesa. A Benevolência é a primeira fase, seguindo-se a Justiça, a Etiqueta, a Sabedoria e, finalmente, a Integridade. A peça musical demorou oito anos a ser composta e é dedicada ao Sonho Chinês: “a busca por um país mais próspero, desenvolvido, pacífico e cooperante”.

Os bilhetes para o even-to estão à venda e

custam entre 100 a 200

patacas.

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hoje macau segunda-feira 19.1.2015 11 eventos

DÁLIA AZUL, OURO NEGRO • Daniel MetcalfeDesde 2002, após 27 anos de uma horrífica guerra civil, Angola mudou drasticamente. O enorme crescimento económico, sustentado pelos lucros do petróleo, trouxe um maciço investimento externo e criou uma nova aristocracia, fabulosamente rica, extraordinariamente açambarcadora, transformando Luanda na segunda cidade mais cara do mundo. Um país de contrastes: ao enorme exército e à sede de poder contrapõe-se a triste realidade de uma população mergulhada na mais profunda pobreza, graças ao saque das riquezas nacionais por um punhado de angolanos. Daniel Metcalfe envolve-se nesta intensa realidade e atravessa Angola de lés a lés.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

UMA HISTÓRIA DO MUNDO EM 100 OBJECTOS • NEIL MACGREGORUm galeão dourado, um utensílio da Idade da Pedra, um cartão de crédito... cada um destes objectos conta uma história. Este livro conta-nos a história do mundo, e do nosso lugar nele, de uma maneira totalmente original: graças a 100 objectos que acarinhámos e preservámos, ou que utilizámos, destruímos e deitámos fora. Conduz-nos numa viagem no tempo e no espaço, dando-nos a conhecer como a Humanidade moldou o mundo, e como tem sido moldada por ele, nos últimos dois milhões de anos.

A Arena do Cotai, no Venetian, volta a acolher o lutador Zou Shiming, que desafiou

Amnat Ruenroeng, para aquela que é a primeira tentativa de vencer um título mundial. Às 17h30 do dia 7 de Março, o pugilista chinês – vencedor de três medalhas olímpicas – vai defrontar o tailandês, campeão mundial de peso-mosca.

Desta vez, o objectivo do cida-dão chinês passa por obter um título de melhor do mundo. “O confronto surge dois anos depois da estreia de Zou [como profissional], sendo esta a sua sétima luta profissional”, lê--se no comunicado da organização. Os bilhetes para este combate já se

Soho Sexta-feiras com buffet de bebidas e entretenimentoA zona do SOHO, no City Of Dreams, volta a ter as noites de sextas-feiras mais animadas, com vinho e cerveja à descrição entre as 19h00 e as 21h00. E as promoções e ofertas não ficam por aqui. Das 20h00 às 23h00, o espaço oferece ainda espectáculos de música e dança ao vivo para animar os visitantes do SOHO. É às 21h00 que começa a ‘happy hour’, onde a compra de uma bebida vale a oferta de outra. Às 22h00 tem ainda lugar um sorteio que incluiu todos os participantes da prova de vinhos e cerveja, havendo direito a prémios. Não é a primeira vez que City of Dreams organiza esta iniciativa, que também já aconteceu em Dezembro passado. As noites de sexta-feira voltam então a ter um sabor especial, onde as pessoas poderão, por 150 patacas, ter acesso a vinhos e cervejas de todo o mundo durante três horas. Os clientes que prefiram prevenir-se quanto a lugar sentados podem reservar uma mesa no restaurante italiano Shelter localizado no espaço SOHO.

CULTURA FRANÇA E CHINA JUNTAM-SE EM PROJECTO INFANTIL

Apoios por toda a cidade

BOXE ZOU SHIMING DESAFIA AMNAT RUENROENG PARA PRIMEIRO TÍTULO MUNDIAL

A caminho do topo

iniciativas, os dois colectivos estão neste momento a anga-riar fundos, principalmente através da realização da gala “Uma noite em Monte Carlo”, que conta já com a quarta edição. Neste jantar, que tem lugar às 18h30 do próximo dia 23 no MGM, os convidados vão ter opor-tunidade de contribuir mo-netariamente – através de sorteios e vendas – para a realização destas actividades para crianças e jovens. Todas as actividades contam com o apoio da DSEJ, da Fundação Macau, do Instituto Cultural, do Famille Caffé e dos Insti-tuto de Acção Social.

encontram à venda e custam entre 180 e 4680 patacas.

É a primeira vez que estes dois lutadores se defrontam desde que se sagraram profissionais, assim dando aos espectadores mais uma razão para a ocupação da linha e cadeiras da frente. “A parada é alta para ambos os invencíveis profissionais, com Ruenroeng a caminho da sua terceira defesa

bem sucedida do seu título mundial de peso-mosca e Zou ansioso por provar que está preparado para se juntar aos rankings dos campeona-tos mundiais de boxe profissional”, continua o Venetian.

Zou terá, no entanto, de enfrentar um lutador mais experiente e com mais potencial para pontuar. Este é, de acordo com a organização, o combate mais esperado da série

The Showdown at Sands, evento promovido pela Top Rank e pela Sands China, juntamente com a Tecate.

OUTRAS LUTASAlém do evento principal, o Cotai Arena vai ainda acolher os lutadores Ik Yang, Patomsuk Pathompothong, o australiano Daniel Dawson e o americano Glen Tapia. Todos eles contam com mais de 13 KO e Dawson está na linha da frente, com um total de 26 KO. Haverá ainda espaço para os lutadores “da casa”, com o local Ng Kuok Kun e o atleta de Hong Kong, Rex Tso, a defrontarem novos adversários. - L.S.M.

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12 CHINA hoje macau segunda-feira 19.1.2015

Confirmados dois mortos em naufrágiono rio YangtzeAs autoridades chinesas confirmaram sábado que pelo menos 21 pessoas morreram e outra permanece desaparecida no naufrágio de um barco no rio Yangtze (no leste do país), informou a agência Xinhua. O barco, um rebocador recém-fabricado, estava em fase de testes na província oriental chinesa de Jiangsu, quando se afundou na noite de quinta-feira com 25 pessoas a bordo. Três pessoas foram resgatadas com vida. As equipas de resgate conseguiram sábado trazer à superfície os destroços do barco, 40 horas depois do naufrágio, e certificaram a morte da maior parte da tripulação.

Pelo menos seismortos e 19 feridosem explosão de gás Pelo menos seis pessoas morreram e outras 19 ficaram feridas numa explosão de gás na província autónoma de Guangxi, no sul da China, informaram este fim-de-semana as autoridades locais. A explosão alegadamente causada por uma garrafa de gás butano ocorreu num estabelecimento de comida perto de um supermercado por volta das 21:30 de quinta-feira. Os feridos foram hospitalizados e dois deles permaneciam sábado de manhã em estado crítico. As autoridades estão a investigar as causas do incidente, segundo a agência oficial Xinhua. Na mesma província, as autoridades confirmaram a morte de quatro pessoas que ficaram soterradas numa conduta para o fornecimento de água em construção.

Taiwan Homem morre após três dias a jogar no computador Pequim quer 20 mil escolas com especialização em futebol

UM homem de 32 anos morreu depois de ter

passado três dias seguidos a jogar no computador num cibercafé em Taiwan, naquele que é o segundo caso do género este ano, informou sábado a im-prensa.

O indivíduo, identifica-do pelo apelido Hsieh, foi encontrado inanimado na cadeira do café na cidade de Kaohsiung.

Outros clientes do café

pensaram que o homem estaria a dormir, até que um funcionário do café percebeu que ele não esta-va a respirar. O indivíduo foi levado para o hospital, onde foi declarado o óbito, informou o Taipei Times.

Médicos confirmaram que o homem sofreu uma paragem cardíaca, tendo declarado “morte súbita” devido a prolongadas ho-ras de jogo em computador.

“Hsieh era um cliente

frequente e jogava sempre dias consecutivos. Quando ficava cansado costumava dormir com a cara sobre a mesa ou na cadeira. Foi por isso que não nos apercebe-mos do seu estado imediata-mente”, disse o empregado do café.

No dia 01 de Janeiro, um homem de 38 anos foi encontrado morto num ci-bercafé de Taiwan, depois de estar a jogar cinco dias consecutivos.

A China vai impulsionar o desenvolvimento de

talentos de futebol, com o Ministério da Educação planeando construir 20 mil escolas primárias ou secun-dárias com especialização na modalidade desportiva até 2017.

O ministério também escolherá 30 distritos como áreas experimentais para o futebol em escola, dizendo que a medida tem como objectivo impulsionar a

popularidade do jogo nas escolas chinesas e dar uma base para um número maior de jogadores talentosos.

As escolas em questão serão superiores (10%), se-cundárias (30%) e primárias (60%). As escolas vocacio-nais também serão conside-radas, segundo o ministério.

A pasta informou que as escolas com especialização em futebol gozarão de apoio de política em ensino, treino, concurso, registo, fi-

nanciamento e outras áreas. O desempenho das escolas e dos distritos também será usado para avaliar o papel do governo local ao nível da educação.

O Ministério da Educa-ção chinês disse que a medida também irá promover a cons-trução de ginásios e outros espaços vocacionados para o exercício, garantindo que os estudantes tenham pelo menos uma hora de desporto na escola.

A China confirmou sexta--feira que o seu vice--ministro da Segurança de Estado, Ma Jian,

“está a ser investigado” por suspeita de “grave violação da disciplina e das leis”.

A confirmação foi feita pela Comissão Central de Disciplina do Partido Comunista Chinês (PCC) numa notícia de quatro linhas difundida pela agência noticiosa oficial Xinhua.

Considerado um dos respon-sáveis máximos do aparelho de

A confirmação da detenção de Ma Jian ocorre menos de 24 horas depois da divulgação deuma lista com os nomes de 16 oficiais superioresdas Forças Armadas chinesas investigadasem 2014 por suspeita de corrupção

Um dos principais responsáveis pela máquina de espionagem chinesa junta--se ao rol de vitimas da campanha anti- -corrupção levada a cabo por Xi Jinping

VICE-MINISTRO DA SEGURANÇA DE ESTADO SUSPEITO DE CORRUPÇÃO

Os espiões também se abatem

espionagem do país, é Ma Jian é o primeiro dirigente dos Serviços de Informação atingido pela cam-panha anti-corrupção em curso na China.

Um jornal de Hong Kong

anunciou na passada segunda-feira a detenção de Ma Jian, mas a infor-mação foi ignorada pela imprensa oficial do continente chinês.

A detenção daquele vice--ministro estará relacionada com as actividades de uma empresa tecnológica de Pequim, disse o South China Morning Post citando “fontes com directo co-nhecimento da situação”.

A confirmação da detenção de Ma Jian ocorre menos de 24 ho-ras depois da divulgação de uma lista com os nomes de 16 oficiais

superiores das Forças Armadas chinesas investigadas em 2014 por suspeita de corrupção.

ESPADA AFIADAFoi a primeira lista do género divulgada na China, evidenciando a inédita dimensão da campanha anti-corrupção lançada depois do actual presidente, Xi Jinping, ter assumido a chefia do PCC, em Novembro de 2012.

Xi Jinping prometeu esta se-mana “manter bem afiada a espada da anti-corrupção” e qualificou o combate à corrupção como “uma questão de vida ou de morte para o Partido e a nação chinesa”.

Dezenas de quadros dirigentes com a categoria de vice-ministro ou superior, entre os quais um antigo chefe da Segurança e um vice-presidente da Comissão Militar Central, já foram presos.

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hoje macau segunda-feira 19.1.2015

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A Amnistia Internacional classificou ontem como um retrocesso para os di-reitos humanos na Indo-

nésia a execução de seis condenados por tráfico de droga, incluindo de um brasileiro, no país actualmente sob a liderança de Joko Widodo.

13REGIÃOApesar da promessa de respeito pelos direitos humanos, o Governo indonésio executou por fuzilamento seis cidadãos de várias nacionalidades, entre os quais um brasileiro. Estas são as primeiras de vinte execuções agendadas para este ano pela administração

INDONÉSIA AMNISTIA FALA DE RETROCESSO NOS DIREITOS HUMANOS APÓS EXECUÇÕES

Domingo sangrento“Este é um grave passo atrás

num dia muito triste. A nova administração tomou posse com a promessa de fazer dos direitos humanos uma prioridade, mas a execução de seis pessoas faz desses compromissos letra-morta”, disse o director de investigação da Am-nistia Internacional no sudeste da Ásia, Rupert Abbott.

Estas foram as primeiras seis de 20 execuções que o Governo indonésio planeia levar a cabo este ano, depois de em 2014 não realizado nenhuma.

Rupert Abbott instou o governo indonésio a “suspender o plano de matar mais pessoas” e lamentou que o Executivo tenha mudado de direcção depois dos “passos positivos” dados no país nos úl-timos anos.

“O uso da pena de morte em casa faz com que os esforços do governo para evitar execuções de indonésios no estrangeiro sejam hipócritas. A Indonésia deve impor uma moratória à pena de morte com

vista à sua abolição”, acrescentou Abbott em comunicado.

CIDADÃOS DO MUNDOAlém do Brasil, os cidadãos estrangeiros eram originários da Holanda, Vietname, Malawi e Nigéria e foram todos executados por um pelotão de fuzilamento, noticiou a AFP.

O cidadão brasileiro é Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, instrutor de voo livre, que foi conde-nado por tráfico de drogas em 2013.

Os condenados, entre eles, um

cidadão indonésio, foram executa-dos por fuzilamento na prisão de Nusakambangan às 00:30 horas de domingo, segundo o portal Merdeka.com.

Uma cidadã vietnamita foi exe-cutada na prisão de Boyolali, pelas 00:00, de acordo com a televisão local TVOne.

Uma fonte da embaixada do Brasil em Jacarta disse à Lusa que no final da manhã de domingo, seria realizada uma cerimónia antes da cremação do corpo do cidadão bra-sileiro, num local próximo da prisão.

A cerimónia contou com a presença de uma tia do brasileiro, que se deslocou à prisão para passar o sábado com o condenado, e um representante da embaixada.

“Este é um grave passo atrás num dia muito triste. A nova administração tomou posse com a promessa de fazer dos direitos humanos uma prioridade, mas a execução de seis pessoas faz desses compromissosletra-morta”RUPERT ABBOTTDirector de investigaçãoda Amnistia Internacionalno sudeste da Ásia

Marco Archer

Page 14: Hoje Macau 19 JAN 2015 #3254

14 hoje macau segunda-feira 19.1.2015

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IDEI

AS

N O dia 12 de Janeiro de 1904, o povo banto dos hereros revoltou-se contra os colonizadores alemães,

que ocupavam o seu território no Su-doeste Africano (actual Namíbia). A resposta alemã foi o genocídio.

Este drama reflecte os horrores que marcaram a expansão colonial euro-peia, no final do século XIX. Durante 20 anos, os alemães expandiram o seu domínio usando a táctica de alimentar as rivalidades entre os povos bantos.

Os hereros, que viviam basicamen-te da pecuária, foram perdendo os seus campos para os colonizadores alemães, através de negociações, falcatruas e violência. A situação chegou a tal pon-to que o chefe, Samuel Maharero, ape-lou ao seu povo e a outras tribos para resistirem à dominação alemã.

Numa carta ao líder nama, Hendrik Witbooi, escreveu: “Toda a nossa sub-serviência e paciência em relação aos alemães não trouxe vantagens. Por isso, faço um apelo, meu irmão, para que participes na nossa revolta, de modo a que toda a África levante as armas con-tra os alemães.”

O sonho de Maharero não se con-cretizou, pois os nama não aderiram ao seu apelo. No dia 12 de Janeiro de 1904, os guerreiros comandados por Samuel Maharero atacaram e massa-craram os colonos do posto de Oka-handja. O Império Alemão reagiu com extrema brutalidade.

O imperador Guilherme II mandou para o Sudoeste Africano (actual Namí-bia), 3500 soldados comandados pelo general Lothar von Trotha. Numa car-ta ao governador da colónia, Theodor von Leutwein, anunciou a repressão: “Conheço muitas tribos africanas…Terror, violência brutal. Essa é a minha política”, escreveu.

A 11 de Agosto de 1904, tropas alemãs comandadas por Von Trotha cercaram 7500 hereros e o seu chefe, Samuel Maharero, com armas podero-

António José Andréin Esquerda.net

“CONHEÇO MUITAS TRIBOSAFRICANAS…TERROR, VIOLÊNCIA BRUTAL. ESSA É A MINHA POLÍTICA”THEODOR VON LEUTWEIN, GOVERNADOR ALEMÃO DA COLÓNIA

MEMÓRIASREVOLTA DOS HEREROS

FOI HÁ 111 ANOS

sas. Sobreviventes do massacre foram expulsos com os seus animais para o deserto do Kalahari.

Alguns fugitivos escaparam para o território britânico de Betshuana. Ou-tros, tentaram voltar para as suas po-voações de origem, mas von Trotha foi implacável. A 11 de Dezembro de 1904, foi ordenada a concentração dos hereros sobreviventes em campos de trabalhos forçados e, pouco depois,

as últimas terras indígenas foram con-fiscadas e colocadas à disposição dos colonos alemães.

Nos três anos seguintes, dezenas de milhares de hereros sucumbiram à repres-são, à fome e às doenças. Apenas cerca 15 mil de um total de 90 mil hereros esca-param do genocídio. O domínio alemão ainda persistiu por mais uma década.

Em 1915, durante a Primeira Guerra Mundial, a actual Namíbia foi ocupada

“TODA A NOSSA SUBSERVIÊNCIA E PACIÊNCIA EM RELAÇÃO AOS ALEMÃES NÃO TROUXE VANTAGENS.POR ISSO, FAÇO UM APELO, MEU IRMÃO, PARA QUE PARTICIPES NA NOSSA REVOLTA, DE MODO A QUE TODA A ÁFRICA LEVANTE AS ARMAS CONTRA OS ALEMÃES”CARTA DO CHEFE SAMUEL MAHARERO AO LÍDER NAMA, HENDRIK WITBOOI

pela África do Sul, na época colónia britânica. Em 1920, a Liga das Nações deu à África do Sul um mandato para administrar o território, situação que perdurou até ao final da década de 80.

Em 1966, eclodiu a luta pela liberta-ção com o início da luta de guerrilhas, organizada pela SWAPO (Organiza-ção dos Povos do Sudoeste Africano). A Namíbia tornar-se-ia um país inde-pendente, em 21 de Março de 1990.

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GONÇ

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LOBO

PIN

HEIR

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15DESPORTOhoje macau segunda-feira 19.1.2015

GONÇALO LOBO [email protected]

A tarde no Estádio da Faculdade de Ciências e Tec-nologia (MUST)

convidava à prática de bom futebol mas os jogadores não estiveram para aí virados. Num jogo mais quezilento do que propriamente bem jogado, o Benfica acabou por derrotar o Ka I por 2-1.

O Benfica de Macau começou bem o encontro, ganhando vantagem no mar-cador logo aos três minutos na transformação de uma grande penalidade por Wi-lliam. Mas, fora isso, pouco mais se viu. Aliás, a primeira parte do encontro entre os dois candidatos ao título foi má de mais para ser verdade. Passes errados, transições falhadas, mais virilidade – por vezes com maldade - do que futebol e ataques perdulários.

Como se não bastasse, a equipa de arbitragem sempre foi ao som do jogo. Aos 10 minutos, uma entrada extem-porânea de Iuri Capelo sobre o guarda-redes adversário poderia ser alvo de sanção mais pesada do que um sim-ples amarelo. Acto contínuo, Max Wamba agrediu ao murro o avançado benfiquista e tam-bém só viu a cartolina amarela.

Estava dado o mote para que os jogadores pudessem fazer o que bem lhes apetecia pois não seriam admoesta-dos rigorosamente. Faltas atrás de faltas, entradas fora de tempo, ameaças, entradas duras sem nexo foi o que se viu num jogo de fraca figura principalmente durante os primeiros 45 minutos.

Aos 20 minutos, Ricardo Torrão deveria ter visto o cartão vermelho por entrada violenta sobre o avançado do Benfica de Macau Vinício Alves – entrada que o enviou de imediato para o estaleiro - mas não sofreu sequer uma reprimenda por parte do juiz da partida. Quem vir a folha de jogo com apenas três cartões amarelos vai pensar que o que se assistiu no campo da MUST foi um jogo de cavalheiros.

MELHOR MAS POUCOO jogo foi para intervalo com o Benfica a ganhar pela mar-gem mínima sem que tenha feito muito para o merecer.

Talvez devido a alguns puxões de orelhas ao inter-valo, os jogadores voltaram ao rectângulo de jogo com vontade de fazer aquilo para o qual são pagos: jogar futebol.

O Windsor Ka I, a tentar fugir do prejuízo, entrou me-

LIGA DE ELITE 2015 BENFICA VENCE KA I EM JOGO DE FRACO FUTEBOL

Sarrafeiros e companhia

PRIMEIRO TORNEIO INDOOR DE FUTEBOL FEMININO

Foi um ‘Show di Bola’

LIGA DE ELITE 2015RESULTADOS (1.ª JORNADA)

Casa de Portugal 0 – 3 Monte Carlo

Sub-23 1 – 1 Lai Chi

Polícia 0 – 0 Sporting

Benfica 2 – 1 Ka I

Chuac Lun 0 – 6 Chao Pak Kei

CLASSIFICAÇÃO

Equipa J V E D GM-GS P

Chao Pak Kei 1 1 0 0 6-0 3

Monte Carlo 1 1 0 0 3-0 3

Benfica 1 1 0 0 2-1 3

Lai Chi 1 0 1 0 1-1 1

Sub-23 1 0 1 0 1-1 1

Sporting 1 0 1 0 0-0 1

Polícia 1 0 1 0 0-0 1

Ka I 1 0 0 1 1-2 0

Casa de Portugal 1 0 0 1 0-3 0

Chuac Lun 1 0 0 1 0-6 0

Bruno Álvares estava mais satisfeito pelos três pontos conquistados. “Não foi o jogo que queríamos mas foi o resultado que queríamos”, começou por dizer o treinador encarnado aos jornalistas. “Nem sempre o Benfica res-pondeu da melhor forma e muito vezes entrámos no jogo do adversário. Seja como for, usámos as nossas armas como deve ser e chegámos ao golo em momentos certos.”

Do lado do Ka I, Josecler Filho, acredita que a sua equipa “pagou o preço por dois erros inocentes que não podem acontecer”. “Apesar disso, tiro o chapéu aos meus jogadores que fizeram tudo para quem apenas tem uma semana e pouco de trabalho. Quem viu o jogo sabe que tivemos oportunidades mas não tivemos a felicidade de concretizar.”

Duas das melhores equipas da Liga de Elite mostraram poucono primeiro embate da época futebolística. Pelo contrário, viram-se jogadores mais preocupados em derrubar o adversário do queem produzir futebol

lhor e mais pressionante. Du-rante os primeiros 15 minutos, o Benfica não conseguiu impor o seu futebol e foi com alguma naturalidade que os comandados de Josecler Filho chegaram ao golo que valeria o empate. Aos 53 minutos, e

após um lance de insistência na grande área das águias, o nigeriano Christopher Nwa-rou acabou por fazer o golo.

Contudo, três minutos volvidos, o recém entrado Tang Hou Fai, médio interna-cional por Macau com gran-

U MA equipa treinada pelo jogador do Ben-fica de Macau, Cuco,

conquistou o primeiro torneio indoor de futebol feminino de Macau. A equipa Show di Bola, com três vitórias e um empate, levou a melhor perante as restantes adversárias. “Ga-

nhámos por três vezes por 9-1, 8-4 e 9-4. Empatámos o último jogo por 5-5”, reve-lou ao HM uma das capitãs, Sandra Lobo Pimentel.

O torneio, que termi-nou no dia 11 de Janeiro, foi organizado pela Sun Soccer Sports Stadium que tem campos sintéticos num

décimo andar de um prédio na zona da Areia Preta e foi disputado num campo de dimensões reduzidas.

A equipa Show di Bola, composta por oito elemen-tos - Tchusca Songo, Ales-sandra Araújo, Ana Rita Amorim, Vanessa dos San-tos, Edite Ribeiro, Adriana

Filipe Afonso, Sara Diniz (capitã) e Sandra Lobo Pi-mentel (capitã) - competiu contra outras três equipas, uma espécie de selecções de jogadoras de Macau.

Adriana Filipe Afonso venceu mesmo o prémio de melhor marcadora com 15 golos apontados.

Em Macau, o projecto tem diversas equipas como uma equipa sub-16 e outra sub-18 que este ano vão competir nos campeonatos locais. “No caso da equipa

feminina, estamos a jogar há quase um ano juntas, apesar de não haver ne-nhum campeonato local tentamos sempre aproveitar as oportunidades como este torneio”, afirmou Sandra Lobo Pimentel.

O projecto Show di Bola já é antigo, tendo começa-do em 1998, na zona da Damaia, em Portugal, em especial “para dar apoio aos miúdos mais caren-ciados que precisavam de atenção”. - G.L.P.

talhou bem no meio da defesa encarnada. A rever.

FAZER MAISNo final do encontro, os treinadores mostraram-se resignados com o pobre es-pectáculo de futebol propor-cionado às dezenas de pessoas que acorreram ao campo da MUST mas, naturalmente,

de margem de progressão, voltou a colocar o Benfica em vantagem depois de uma jogada de contra-ataque bem conseguida pelos encarnados.

Até ao final, houve oportu-nidades para ambos os lados, sendo que o Ka I teve as mais perigosas. O guarda-redes do Benfica Rui Nibra esteve em bom plano. Destaque ainda para a defesa encarnada, que apesar de estar pouco rotinada, apresenta quatro jogadores de bons recursos: Chan Man, Juary, Filipe Duarte e Lei Chi Kin. Outra boa surpresa foi a actuação do avançado brasileiro do Ka I, Roni Silva. Possante e movimentado, ba-

“Não foi o jogo que queríamos mas foi o resultado que queríamos”BRUNO ÁLVARES Treinador do Benfica de Macau

“Tiro o chapéu aos meus jogadores que fizeram tudo” JOSECLER FILHO Treinador do Ka I

Page 16: Hoje Macau 19 JAN 2015 #3254

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 12 MAX 19 HUM 40-70% • EURO 9 .2 BAHT 0 .2 YUAN 1 .2

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SALA 1INTO THE WOODS [B]Um filme de: Rob MarshallCom: James Corden, Emily Blunt, Meryl Streep14.30, 16.45, 19.15, 21.30

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INTO THE WOODS

ACONTECEU HOJE 19 DE JANEIRO

U M D I S C O H O J E

João Corvo

A liberdade não é um convite para jantar.

fonte da inveja

O QUE FAZER ESTA SEMANA?16 (F)UTILIDADES hoje macau segunda-feira 19.1.2015

Morre Elis Regina, a maior cantora brasileira de sempre• Considerada a maior cantora brasileira de todos os tempos, Elis Regina inscreveu o nome na lista de eternos do mundo lusófono. Recorda-se hoje, dia da sua morte, que coincide com a data de nascimento de duas das maiores cantoras norte-americanas (Janis Joplin e Dolly Parton) e de um grande poeta português (Eugénio de Andrade).Elis Regina foi uma das grandes intérpretes do mundo, considerada a diva maior da música brasileira, onde proli-feram talentos. Elis nasceu em Porto Alegre, a 17 de Março de 1945, e destacou-se pela voz, personalidade e por uma presença em palco algo burlesca.Na sua música, na mesma música, cantou a melancolia e a felicidade, o reencontro e a saudade, a proximidade e a desavença, realidades e sentimentos contraditórios, que concederam uma particularidade à sua interpretação. Muitos críticos elegem-na como a maior cantora brasileira de todos os tempos.Encantou o mundo lusófono com temas como ‘Falso Brilhante’ e ‘Transversal do Tempo’, emergindo na década de 60, com participação em diversos festivais. Elis Regina foi a primeira estrela da canção popular brasileira da televisão, numa altura em que outras grandes cantoras contemporâneas, como Maria Bethânia, se dedicavam ao canto noutras áreas, como o teatro.Elis muda-se para São Paulo em 1964, onde alcançou grande sucesso, numa cidade de cultura efervescente. Cantou música popular, bossa nova, samba, jazz e até rock. Deu notas de arte ao amor e à tristeza, sentiu com patriotismo um Brasil que vivia em ditadura militar. Trabalhou com nomes então desconhecidos, como Milton Nascimento ou Ivan Lins, permitindo que alguns lançassem a sua carreira. Fez duetos com Jair Rodrigues, Tom Jobim, Rita Lee e com Chico Buarque, entre outros.Idolatrada pelos brasileiros, morre precocemente em São Paulo, a 19 de Janeiro de 1982, apenas com 36 anos. Uma vida obscura de dependências, de álcool e de droga, silencia a voz maior e choca uma sociedade feliz com a voz de Elis Regina.

“MÚSICAS PARA CHURRASCO”(SEU JORGE, 2012)

Se lhe falarmos de ‘Burguesinha’, ‘Amiga da minha mulher’ ou ‘Eu sou o Samba’, com certeza que não terá muitas dificuldades em associar estas músicas a um dos artistas mais populares da actualidade brasileira: Seu Jorge. Nascido no início da década de 70, aos 19 anos saiu de casa e, durante alguns anos, viveu nas ruas do enorme Rio de Janeiro, até que um dia tudo mudou. Descoberto pelo clarinetista Paulo Moura, Jorge Silva – agora Seu Jorge – fez o seu primeiro teste para um musical, que viria a ser o primeiro passo para a sua carreira. São mais de uma dezena os álbuns e DVDs os já lançados pelo artista. Da selecção escolhemos o mais recente, que compila os grandes êxitos de Seu Jorge, num tom descontraído e divertido. É “Música para Churrasco”. - Filipa Araújo

• Quarta-feiraEXPOSIÇÃO DE ESCULTURA ‘METAMORFOSE’,

DE TODI KONG DE SOUSA

Casa Garden, 18h30

Entrada livre

• Sexta-feiraBUFFET DE VINHO E CERVEJA E ESPECTÁCULOS AO VIVO

Soho, City of Dreams, a partir das 19h00

Bilhetes a 150 patacas

• DiariamenteEXPOSIÇÃO “PONTO DE PARTIDA:

PINTURAS DE DENNIS MURREL E

DOS SEUS ARTISTAS” (ATÉ 31/01)

Fundação Rui Cunha, 18h30

Entrada livre

EXPOSIÇÃO DE SÂNDALO VERMELHO (ATÉ 22/03)

MGM Resort

Entrada livre

EXPOSIÇÃO DE PINTURA “KOREAN ART”,

COM OH YOUNG SOOK E KIM YEON OK (ATÉ 15/02)

Galeria Iao Hin

Entrada livre

EXPOSIÇÃO DE DESIGN DE CARTAZES “V•X•XV:”

(OBRAS DE 1999, 2004 E 2009) [ATÉ 15/03]

Museu da Transferência da Soberania de Macau,

10h00 às 19h00

Entrada livre

EXPOSIÇÃO “TRANSMUTATION” E “FOAM TIP”

(PINTURA E PORCELANA, POR CAROL KWOK E ARLINDA FROTA)

Signum Living Store, 18h30 (até 31/01)

Entrada livre

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA

DE TAM KAI HON “BRILHANTE”

Centro UNESCO de Macau, 18h30

Entrada livre

Page 17: Hoje Macau 19 JAN 2015 #3254

hoje macau segunda-feira 19.1.2015 17OPINIÃO

O site inglês do “Dailymail” publicou uma notícia no dia 16 de Janeiro do corrente ano em que mencionava que a primeira escola especializa-da para estudantes lésbicas, homossexuais, bissexuais e transgéneros (LGBT) ia ser criada nos próximos três anos naquele país.

O plano foi avançado pelo grupo “LGBT Youth North West”, que é uma organização que cuida de jovens com estas características e foca o seu trabalho na região de Greater Manchester, Greater Merseyside, Lancashire, Cheshire e Cambria. De acordo com este pla-no, esta escola pretende oferecer 40 lugares a tempo inteiro e 20 em regime de part-time a jovens LGBT com mais de 13 anos de idade, devendo as suas operações ser patrocinadas pelo estado. Um estudo de viabilidade no valor de 63 mil libras foi financiado pelo “Department for Communities and Local Government” de modo a escolher a melhor localidade para erigir o edifício da escola em Manchester.

Amelia Lee, a directora estratégica do “LGBT Youth North West” disse que “apesar das leis que dizem defender homossexuais de ataques homofóbicos por parte do resto da população, a verdade é que, especialmente nas escolas, registam-se muitos casos de provocação e intimidação que fazem com que muitos jovens se sintam isolados e alienados, facto que os leva invariavelmente a se sentirem negligenciados e, na pior das hipóteses, até ao suicídio.

A primeira vítima de suicídio de um caso deste género foi Elizabeth Lowe, com apenas 14 anos de idade, que se matou num parque de Manchester devido ao medo que tinha em confessar aos seus pais que era lésbica. Um outro caso semelhante ocorreu com Lizzie, de Bolton, que partilhava uma situação idêntica à de Elizabeth.

Amelia Lee adiantou ainda que “os professores das escolas convencionais têm problemas em lidar com assuntos que en-volvam provocações devido a tendências homossexuais e ao medo de as assumir perante a sociedade”.

Infelizmente, as escolas são na realidade os últimos bastiões da homofobia.

Obviamente que a intenção destas escolas especializadas é a prevenção deste tipo de suicídios assim como a eliminação de precon-ceitos, procurando ao mesmo tempo ajudar os professores a lidar com problemas que as escolas tradicionais não consigam resolver.

Contudo, Tim Loughton, um membro do Parlamento e antigo ministro da educação revelou que “não consigo entender como é que segregar um grupo de jovens de acor-do com as suas tendências sexuais pode as motivar ou mesmo ajudar a ser compreen-didas. A melhor maneira de auxiliar a sua integração na sociedade e de fomentar uma melhor compreensão e empatia não passa pela segregação dos membros deste grupo

Primeira escola para lésbicas e homossexuaismacau v is to de hong kongDAVID CHAN*

[email protected] • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog

Se queremos ter uma sociedade harmoniosa, todos têm de se dar bem uns com os outros e, independentemente das nossas opiniões pessoais sobre a homossexualidade, não podemos discriminar indivíduos homossexuais ou lésbicas

pois isto vem na realidade a tornar-se infru-tífero ao aumentar o clima de intolerância”.

Não é para nós uma surpresa ouvir notícias como as do estabelecimento da escola acima referida. Em 2004, a Inglaterra introduziu uma lei para autorizar as relações denomi-nadas “uniões civis”, que era na realidade uma forma de viabilizar as relações entre homossexuais e lésbicas. Já em Julho de 2013 o Reino Unido e Gales criaram uma lei que autorizava o casamento entre indivíduos do mesmo sexo, lei esta que entrou em vigor em 31 de Dezembro de 2014. Na Escócia, por sua vez, foi apresentada uma lei semelhante que se tornou efectiva no dia 16 de Dezem-bro de 2014, tendo o primeiro casamento do género acontecido em Hogmanay no dia 31 de Dezembro do mesmo ano.

E o leitor concorda com o casamento entre indivíduos do mesmo sexo? Imagino que a resposta varie de pessoa para pessoa. A homossexualidade não é obviamente

um assunto de carácter legal, mas sim do universo da moralidade. Torna-se assim necessário definir a maneira correcta para lidar com um homossexual ou uma lésbica.

A moral constitui um grupo de regras de carácter obrigatório que definem o compor-tamento aceitável entre diferentes pessoas.

Foca-se principalmente naquilo que temos forçosamente de fazer pelos outros, ao invés daquilo que os outros têm de fazer por nós. Aqueles que infringirem a moral não costumam ser castigados pelos tribunais mas sim pela sociedade.

Em 1971, a Inglaterra publicou o “The Report of the Committee on Homosexual Offences and Prostitution”. Este relatório, que fez um estudo detalhado da homosse-xualidade no país, decidiu não criminalizar este tipo de prática. Por outras palavras, o relatório sugeriu mesmo que tendências homossexuais não deviam ser consideradas um crime em Inglaterra. Além disso, este do-cumento mencionou que a lei criminal existe para preservar a ordem pública entre os seus cidadãos. Assim sendo, um acto sexual entre um casal homossexual ou lésbico seria con-siderado um assunto de âmbito moral desde que acontecesse à porta fechada, e assuntos morais não são abrangidos pela lei criminal.

Hoje em dia, a homossexualidade já é um assunto de carácter moral abrangido pela lei. Desde o relatório de 1971 até às mais recentes leis sobre o casamento entre indivíduos do mesmo sexo podemos ver as diferentes fases que têm transformado o comportamento entre indivíduos do chamado grupo LGBT. De início, os homossexuais foram rejeitados pela sociedade. Depois, com o passar do tempo, a prática era aceite desde que permanecesse

privada, vindo depois a ser considerada normal pela sociedade em geral e chegando mesmo a ter leis específicas para a proteger. Estas mudanças demonstram claramente que este comportamento tem vindo a ser lenta-mente aceite pela população, sendo agora abrangido por leis destinadas à sua protecção. Assim sendo, aqueles que não concordam com este comportamento podem mostrar a sua insatisfação mas não podem violar a lei.

A sociedade de Hong Kong e de Macau possui diferentes opiniões sobre esta tendên-cia sexual. No dia 17 de Abril de 2013, o Tribunal de Última Instância de Hong Kong decidiu que o casamento entre transgéneros seria legal no território vizinho. Assim sendo, é legítimo esperar que a homossexualidade venha também a ser aí considerada legal num futuro próximo.

Contudo, no dia 28 de Março de 2013, José Pereira Coutinho propôs em Macau uma lei sobre “Uniões Civis Entre Pessoas do Mesmo Sexo”, mas esta proposta de lei foi no final rejeitada pela Assembleia Legislativa de Macau. Este facto reflecte a opinião geral da população de Macau, que não aceita ainda a homossexualidade. Logicamente, podemos concluir que sejam da mesma opinião para com assuntos que envolvam indivíduos transgéneros.

Se queremos ter uma sociedade harmo-niosa, todos têm de se dar bem uns com os outros e, independentemente das nossas opiniões pessoais sobre a homossexuali-dade, não podemos discriminar indivíduos homossexuais ou lésbicas.

*Professor Associadodo Instituto Politécnico de Macau

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O terrorismo é uma das maiores e mais graves ameaças à paz e seguran-ça internacionais, cuja actividade constitui uma das maiores violações dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, bem como dos princípios fundamentais da demo-

cracia e do respeito pelo Estado de Direito. O terrorismo é um crime que deve ser in-vestigado e sancionado através dos sistemas de justiça penal, com todas as garantias de um processo justo no quadro do Estado de Direito. A luta contra o terrorismo e o respeito cuidadoso pelos direitos humanos são dois objectivos que se reforçam e se complementam reciprocamente.

O enfraquecimento do núcleo duro da organização terrorista Al-Qaeda e o desa-parecimento de muitos dos seus líderes, em particular do mediático, Osama Bin Laden, cujo corpo nunca foi visto, nem existe uma prova absoluta quanto à sua morte, não permite de modo algum chegar à conclusão de que o terrorismo está a ceder, antes pelo contrário tem recrudescido, impulsionado pelo denominado Estado Islâmico (EI) que tem, em Abu Bark Al-Baghdadi, líder do grupo terrorista sunita como figura de topo, proclamado califa, a 29 de Junho de 2014, de uma vasta região que se situa entre o Iraque e a Síria.

É aterradora a proliferação de grupos e cisões do jihadismo internacional que, em grau distinto, e mais ou menos comandados, coordenados ou inspirados pela organização ou espírito da Al-Qaeda, continuam a pla-near a sua barbaridade assassina em vastas zonas do mundo. A ameaça é universal e inclui, além do jihadismo internacional, o terrorismo anarquista internacional, que pode denominar-se de terrorismo étnico--nacionalista ou separatista, praticada pelos seus lobos solitários.

A Al-Qaeda na Península Arábica rei-vindicou o atentado contra o semanário satírico francês “Charlie Hebdo”, por meio de um vídeo colocado no “YouTube”, em que o porta-voz da célula radicada no Iémen, em referência às caricaturas de Maomé, publicadas pelo hebdomadário, assume a responsabilidade da sangrenta operação para vingar o mensageiro de Deus.

“Members of the Obama administration had given careful thought about how to handle bin Laden’s corpse. The primary goal was to avoid further inflaming Islamic passions, potentially increasing the dangers faced by Americans from extremists. Photographs were ruled out-releasing a picture of bin Laden, with his head partly gone, would have been not only a strategic blunder, it also would be downright ghoulish. The body slid down and fell about twenty-five feet, hitting the water with a splash. Osama bin Laden, the most infamous mass murderer of the twenty-first century, sank silently to the bottom of the sea.”500 Days: Secrets and Lies in the Terror WarsKurt Eichenwald

Terrorismo como ameaça à paz e segurança (I)

O ataque terrorista perpetrado a 7 de Janeiro de 2015, pelos irmãos Kouachi fez 12 mortos e deu origem, a 11 de Janeiro de 2015, a uma marcha em Paris, com a parti-cipação de cerca de 1,5 milhões de pessoas e cerca de sessenta chefes de Estado e de governo, como manifestação de solidarieda-de, unidade nacional, homenagem às vítimas

e respeito para com o povo parisiense, que desde 26 de Agosto 1789, que aprovou a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”, pela Assembleia Nacional Constituinte, tem lutado pela preservação e cumprimento desses direitos, sendo de realçar quando aos fatídicos acontecimentos, o artigo 2.º determinando, que a finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade a segurança e a resistência à opressão e do artigo 11.º afirmando, que a livre comunicação das ideias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem. Todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na lei.

Os grupos terroristas vão alterando os

seus métodos de organização e funciona-mento, tentando aproveitar as fragilidades dos Estados e recorrendo a tecnologias de informação modernas para aumentar o im-pacto dos seus atentados, como as chocantes imagens de degolações por terroristas do “EI” propaladas nas redes sociais sem que nada, nem ninguém, as impeça, o que leva a colocar a questão crucial, de saber se as redes sociais não se estão a transformar em redes anti-sociais, onde tudo é permitido e servem de rampa de lançamento aos mísseis de destruição de todos os valores subjacentes ao Estado de Direito.

Tais grupos, aproveitam-se, igualmente, da existência de zonas existentes, em alguns Estados que escapam ao controlo das autori-dades públicas. Os terroristas utilizam esses abrigos seguros para se organizarem, treina-rem e prepararem ataques, tanto nos Estados

A luta contra o terrorismo e o respeito cuidadoso pelos direitos humanos são dois objectivos que se reforçam e se complementam reciprocamente

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Eloy; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

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AvisoPrograma de Devolução do Imposto Profissional do Ano de 2013

Nova forma de restituição para contribuintes que não sejam funcionários públicos e pessoal docenteNos termos do artigo 18.º da Lei do Orçamento de 2015, vai-se proceder à devolução de 60% da colecta do imposto profissional, devido e pago, até ao limite de $12.000,00 (doze mil patacas), relativamente ao ano de 2013, pelos contribuintes que, em 31 de Dezembro de 2013, sejam titulares do Bilhete de Identidade de Residente da Região Administrativa Especial de Macau. No entanto, não se procede à devolução do imposto de valor inferior a $50,00 (cinquenta patacas), nos termos do n.º 2 do art.º 39 do Regulamento do Imposto ProfissionalPor forma a facilitar o recebimento do montante da devolução, os contribuintes que não sejam funcionários públicos e pessoal docente, podem proceder até ao dia 25 de Fevereiro de 2015, à entrega da declaração junto dos 7 Bancos abaixo indicados, para que os montantes da devolução sejam depositados, por transferência, para as suas contas bancárias em patacas. Os Bancos visados e as formas de registo disponibilizadas pelos mesmos são os seguintes:

Denominação dos bancos Meio Electrónico BalcãoBanco da China √ √Banco Comercial de Macau x √Banco Industrial e Comercial da China √ √Banco Luso Internacional x √Banco Nacional Ultramarino √ √Banco OCBC Weng Hang x √Banco Tai Fung √ √

Aos 16 de Janeiro de 2015.

A Directora,Vitória da Conceição

perspect ivasJORGE RODRIGUES SIMÃO

A cooperação internacional é a única via existente para fazer face de forma efectiva a uma ameaça, à qual não é possível responder a partir de uma visão exclusivamente nacional

em que vivem ou que se encontram, como em outras partes do mundo. A cooperação entre os países é essencial, pois permite em conjunto, fazer a análise continua do fenó-meno do terrorismo internacional, propor e definir as diversas acções a tomar para fazer face a esta ameaça, e a participação activa nos principais fóruns internacionais onde se aborda esta problemática.

Existem crescentes ligações entre os grupos terroristas e os grupos criminosos multinacionais, como realçou o “Grupo de alto nível sobre as ameaças e desafios à mudança”, criado pelo Secretário-geral da ONU, no seu relatório, “Um mundo mais seguro: a responsabilidade que com-partilhamos”. As ditas ligações fizeram que a luta contra o terrorismo fosse ligada à luta contra o comércio ilegal, acerca da proveniência dos fundos de financiamento dos terroristas.

Os países que sofreram no seu âmago ataques terroristas de envergadura, criaram uma abundante rede de acordos bilaterais a nível mundial em diferentes áreas rela-cionadas com a delinquência organizada. A cooperação internacional é a única via existente para fazer face de forma efectiva a uma ameaça, à qual não é possível respon-der a partir de uma visão exclusivamente nacional.

As principais organizações internacio-nais têm assumido a luta contra o terrorismo como uma das suas funções fundamentais e alguns países defendem a tese total das estratégias internacionais de luta contra o terrorismo, de forma que esta ameaça seja abordada em todas as suas dimensões, incluindo os factores que levam à radicali-zação violenta.

A União Europeia apoia por exemplo, o sistema multilateral, e em particular o da ONU, como um meio eficaz e com plena legitimidade para dar resposta a longo prazo à ameaça do terrorismo. Os Estados Membros da ONU, no âmbito da Assembleia Geral, têm vindo a estimular iniciativas, coorde-nar acções e elaborar normas para lutar de maneira mais eficaz contra o terrorismo, e entre os progressos conseguidos, destaca-se a “Estratégia Global das Nações Unidas contra o Terrorismo”, aprovada em 2006.

A “Estratégia” funda-se em quatro pila-res, como o de enfrentar as condições que proporcionam a propagação do terrorismo; impulsionar medidas para prevenir e com-bater o terrorismo; aumentar a capacidade dos países para prevenir e lutar contra o terrorismo; e assegurar o respeito dos direitos humanos para todos e a autoridade da lei na luta contra o terrorismo.

A “Equipa Especial sobre a Execução da Luta contra o Terrorismo (CTITF na sigla inglesa)” foi criada pelo Secretário-geral da ONU, em 2005, e aprovado pela Assembleia-

-Geral. O objectivo do “CTITF” consiste em fortalecer a coordenação e a coerência das iniciativas do sistema da ONU na luta contra o terrorismo.

A “CTITF” é composta por trinta e cinco entidades internacionais, cujo trabalho está relacionado com os esforços multilaterais de luta contra o terrorismo, fazendo cada uma das entidades contribuições de acordo com o seu mandato. Ainda que, a responsabili-dade primária da aplicação da “Estratégia” incumba aos Estados Membros, a “CTITF” assegura que o sistema da ONU responda às necessidades dos países, proporcionando--lhes o necessário apoio em matéria de polí-ticas e difusão de conhecimentos detalhados sobre a “Estratégia”, além de acelerar a prestação de assistência técnica, se tal for necessário.

A maioria dos países e entidades par-ticipantes conscientes da importância de fomentar a aplicação da “Estratégia” con-tribuem activamente com a “CTITF”, em particular, com o “Grupo de Apoio às Víti-mas do Terrorismo”. Além da “Estratégia”, a ONU criou uma arquitectura institucional contra o terrorismo no âmbito do Conselho de Segurança, em especial, o “Comité contra o Terrorismo”, que tem por fim fomentar a aplicação da resolução 1373, aprovada pelo Conselho, após os atentados de 11 de Setem-bro de 2001 e que recolhe um vasto conjunto de medidas de resposta, proporcionando, também, a aplicação efectiva da resolução 1624, que estabelece medidas para prevenção da incitação à prática de actos de terrorismo e ao estímulo à tolerância e ao diálogo.

É importante realçar o “Comité da reso-lução 1267” que cria as listas de sanções a pessoas e entidades associadas à Al-Qaeda

e aos Talibãs. Os Estados Membros estão muito empenhados na conclusão da “Con-venção Global contra o Terrorismo”, e daí a sua participação nos debates fora e dentro do sistema da ONU para a sua adopção. Apesar de não se ter chegado a consenso quanto ao conteúdo da “Convenção’, no âmbito do sistema da ONU foi possível elaborar dezoito instrumentos internacionais contra o terrorismo e contra actos terroristas específicos.

Os Estados Membros são os principais responsáveis pela execução da “Estratégia”. A “CTITF”, deve garantir que o sistema da ONU esteja em concordância com as neces-sidades dos Estados Membros para prestar--lhes o apoio necessário quando necessitem de definir políticas, difundir o conteúdo da “Estratégia” e dar assistência técnica rápida.

O objectivo primário é o de aproveitar ao máximo as vantagens comparativas de cada um dos organismos, actuando ao mesmo tempo, como um ente único para ajudar os Estados a implementar os quatro pilares da “Estratégia”, que são medidas para abordar os problemas que conduzem à propagação do terrorismo; que previnam e combatam o terrorismo; que fortaleçam as capacidades dos Estados na prevenção e luta contra o terrorismo e reforcem o papel do sistema da ONU; que garantam os direitos humanos de todas as pessoas e que o Estado de Direito seja a base fundamental na luta contra o terrorismo.

O “CTITF” realiza o seu serviço por meio de grupos de trabalho e projectos relaciona-dos com a luta contra o terrorismo em esferas de cooperação entre os diferentes organis-mos do sistema da ONU, sendo um valor acrescentado à execução da “Estratégia”.

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hoje macau segunda-feira 19.1.2015

cartoonpor Stephff

AMEAÇA

SALA DE ESTUDO DÁ ALOJAMENTO. DST SEM “PROVAS DE ACUSAÇÃO”

Mais económico que hotelFLORA [email protected]

U M sala de estudo está a servir de hotel, oferecendo sofás e cadeiras de mas-

sagem como forma dos turistas passarem a noite. A sala estará a funcionar há dois anos, sendo que a taxa de pagamento é de 30 patacas por hora.

De acordo com o jornal Ou Mun, o ‘Leisure Space’, loca-lizado no 4º andar no Centro Comercial Iat Teng Hou, na Avenida da Praia Grande, é uma sala de estudo e descanso que coloca à disposição estantes com revistas e livros de banda dese-nhada. Além disso, tem ainda 20 cadeiras de massagem e vários “quartos VIP” individuais, de quatro e de cinco pessoas, com maior privacidade porque as portas podem ser fechadas.

O local oferece ainda wifi e espaços para colocar as baga-gens, além de casas de banho onde se pode tomar duche.

A tarifa para ocupar a sala é de 30 patacas por hora em sala comum, sendo de 35 patacas em quartos individuais.

BURACOS NA LEIO local, considerado como aloja-mento ilegal, estará a aproveitar as lacunas na lei, como defende a deputada Song Pek Kei ao diário em língua chinesa. Con-tudo, a Direcção dos Serviços

Manchester City atento ao BelenensesDiz a “lei futebolística” que o dinheiro não é tudo mas ajuda. E muito. A intenção do City em comprar um clube belga e um português é enorme – o Belenenses era o clube mais desejado pelos dirigentes citizens embora, por agora, não existam avanços – mas a UEFA acompanha o caso, pois dois clubes detidos pelo mesmo dono não podem jogar na mesma prova europeia. Refira-se que a Europa continua a ser importante num aspecto: encontrar clubes para que os jovens ganhem rodagem e sejam chamados à selecção. Dessa forma, é mais fácil obter a licença de trabalho na Premier League, que muitas vezes limita as acções no mercado.

Filipinas Papa recordou jovem que morreu na missa em TaclobanO papa Francisco recordou ontem e pediu uma oração pela jovem que morreu durante a missa que celebrou em Tacloban, na ilha de Leyte, no sábado. “Chegou-me ontem (sábado) a triste notícia que antes de começar a missa caiu um dos andaimes sobre uma jovem que estava a trabalhar e ela morreu. O seu nome é Kristel Mar Padasas”, disse o papa. Francisco assinalou que a jovem de 27 anos trabalhava para uma associação católica (Catholic Relief Services) e era voluntária. No sábado, a AFP tinha avançado que a jovem tinha 21 anos. Segundo o papa, Kristel Mar Padasas era filha única e a sua mãe estava a viajar de Hong Kong e o pai já se encontrava em Manila. O papa Francisco encurtou visita de sábado à região central das Filipinas devido à ameaça de uma tempestade tropical na zona devastada pelo tufão Haiyan em 2013.

Construção Macau é segundo lugar mais caro na ÁsiaMacau ocupa a segunda posição no ranking dos locais mais caros para construir da Ásia. Como avança a TDM, a consultora Arcadis, que fez as contas, comparou os preços de 13 tipos de edifícios em 43 lugares no mundo. Neste ranking mundial, o território ocupa o 11º lugar, mantendo-se atrás da região vizinha, Hong Kong, que ocupa o 3º lugar. A liderar a tabela está a Suíça e a Dinamarca, tornando-se assim os países mais caros para construir.

COI preocupado com atrasos para Jogos Olímpicos de Inverno2018

O Comité Olímpico Interna-cional (COI) manifestou

ontem sérias preocupações sobre o ritmo dos preparativos para os Jogos Olímpicos de In-verno2018, que vão decorrer em Pyeongchang, na Coreia do Sul.

“O cumprimento dos prazos está apertado, inclusive para a realização dos eventos teste”, afirmou em comunicado Gu-nilla Lindberg, responsável do COI pela preparação da com-petição, pedindo aos organiza-dores que “acelerem as obras”.

Os preparativos têm sido prejudicados por dificuldades financeiras, que já levaram os organizadores a pedirem mais apoio ao governo sul-coreano.

Recentemente, o COI apro-vou uma série de medidas, sobretudo com o objectivo de reduzir custos, que permitem aos organizadores maior flexi-bilidade na escolha dos locais de prova e permitem a realização das mesmas em cidades ou países vizinhos.

Apesar disso, a organização sul-coreana rejeitou a possi-bilidade de algumas provas decorrerem no Japão.

A cidade de Pyeongchang foi eleita sede dos Jogos Olím-picos de Inverno em 2018, tendo ganho às candidaturas de Munique, na Alemanha, e Annecy, em França.

de Turismo (DST) afirmou ao Ou Mun que, apesar de ter recebido denúncias sobre a sala e ter já levado a cabo uma investigação, não consegue “apresentar provas suficientes de acusação”.

Para a deputada Song Pek Kei, os proprietários do espaço estão a aproveitar as lacunas na lei que regula o alojamento. Song Pek Kei aponta que a sala ganha dinheiro através do nome “Estudo e Descanso”, quando, na verdade, “dá alojamento a turistas”.

“A natureza dessa sala não é completamente igual ao objecto da Lei de Proibição de Prestação Ilegal de Alojamento. A lei não regulamenta se uma sala de

estudo pode ou não oferecer serviços de descanso, portanto, é difícil definir”, explicou a deputada.

A deputada relembra que os estabelecimentos de sauna e massagem oferecem também serviços passar a noite, ainda que seja preciso pedir licenças para tal. Algo de que a sala de estudo não precisa.

O responsável pelo espaço as-segura que esta funciona apenas como uma sala para descansar e afirma sugerir aos clientes que não passem a noite na sala. No entanto, afirma, “muitos clientes escolhem dormir várias horas depois de jogar em casinos.”