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TEMPO PERÍODOS DE CHUVA MIN 12 MAX 15 HUMIDADE 80-98% CÂMBIOS EURO 10.2 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEGUNDA-FEIRA 16 DE JANEIRO DE 2012 ANO XI Nº 2531 PUB Ter para ler HO ION SANG ACUSA HABITAÇÃO PÚBLICA TEM PROBLEMAS DE QUALIDADE Página 4 LIGA DE ELITE 2011 PORTO CONTINUA A AFUNDAR E BENFICA MARCA PASSO Página 12 SUSAN BIGGS E ROY ALSON OS DRAMAS DE QUEM ENSINA A LIDAR COM CATÁSTROFES Páginas 6 e 7 Formoso e seguro A reeleição do líder do Kuomintang surge como o triunfo da política de proximidade de Taiwan ao continente. Hao Zhidong, professor universitário, diz que o resultado é também uma boa notícia para Macau. PÁGINA 2 MA YING-JEOU VENCE E MANTÉM TAIWAN NA ROTA DO PAÍS VIZINHO

Hoje Macau 13 JAN 2012 #2531

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Edição do Hoje Macau de 16 de Janeiro de 2012 • Ano X • N.º 2531

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TEMPO PERÍODOS DE CHUVA MIN 12 MAX 15 HUMIDADE 80-98% • CÂMBIOS EURO 10.2 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEGUNDA-FEIRA 16 DE JANEIRO DE 2012 • ANO XI • Nº 2531

PUB

Ter para ler

HO ION SANG ACUSA

HABITAÇÃO PÚBLICATEM PROBLEMASDE QUALIDADE

Página 4

LIGA DE ELITE 2011

PORTO CONTINUAA AFUNDAR E BENFICA

MARCA PASSO Página 12

SUSAN BIGGS E ROY ALSON

OS DRAMAS DE QUEM ENSINA A LIDAR

COM CATÁSTROFES Páginas 6 e 7

Formoso e seguroA reeleição do líderdo Kuomintang surgecomo o triunfo da políticade proximidade de Taiwanao continente. Hao Zhidong, professor universitário,diz que o resultado é também uma boa notícia para Macau.

PÁGINA 2

MA YING-JEOU VENCE E MANTÉM TAIWAN NA ROTA DO PAÍS VIZINHO

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SEGUNDA-FEIRA 16.1.2012

2www.hojemacau.com.mo ACTUAL

MA Ying-jeou, lí-der do Kuomin-tang, foi reeleito este sábado pre-

sidente de Taiwan com perto de 52% dos votos, num sinal de aprovação da sua política de aproximação à China, que levou o relacionamento entre a ilha e o continente ao momento de maior tran-quilidade nas últimas seis décadas.

As expectativas dos ana-listas eram de que a disputa seria apertada, mas Ma venceu com uma vantagem surpreendente de quase 800 mil votos em relação à candidata de oposição, Tsai Ing-wen, do Partido Progres-sista Democrático (PPD), que recolheu as preferências de 46% dos eleitores.

A reeleição folgada de Ma também significou uma vitória para o presidente da China, Hu Jintao, que defendeu, do outro lado do estreito de Taiwan, a política conciliadora que levou ao fortalecimento dos laços económicos entre a ilha e o continente.

O bom clima no relacio-namento de Pequim com Taiwan será um dos princi-pais legados de Hu Jintao, que deixa a liderança do Partido Comunista no final deste ano. “Se Tsai ganhasse, isso fortaleceria a ala ‘linha--dura’ do Exército de Liber-tação Popular, favorável a uma política mais agressiva no relacionamento com Taiwan”, disse Yen Chen--shen, director do Instituto de Relações Internacionais da Universidade Nacional de Chengchi.

ECONOMIA VS. IDENTIDADEOs votos que garantiram a liderança folgada de Ma saíram do terceiro candi-dato, James Soong, um ex--integrante do Kuomintang que recebeu menos de 3% dos votos, quando as pre-visões apontavam para um resultado de cerca de 7% das preferências do eleitorado.

Pouco depois das 20h00, Ma fez o seu discurso da vitó-

Boas relações entre os países agradam à população

Presidente pró-China reeleito em Taiwan

ria, para milhares de pessoas que enfrentaram a chuva em frente à sede do Kuomin-tang. O presidente elogiou sua opositora e prometeu “relações harmoniosas” com a China, ecoando o slogan de “sociedade harmoniosa” de Hu Jintao.

“A vitória mostra que para muitas pessoas a econo-mia é mais importante que a questão da identidade”, disse Yen Chen-shen.

Tsai é favorável à inde-pendência de Taiwan em relação à China e acredita que a política do actual pre-sidente representa um risco à soberania da ilha. Com cerca de 1.000 mísseis apontados para Taiwan, Pequim amea-

ça partir para a guerra caso a ilha declare formalmente sua independência.

RELAÇÕES ECONÓMICASDurante os seus quatro anos de governo, Ma optou por intensificar o relacionamen-to económico com a China e assinou uma série de acordos que facilitaram o transporte, a comunicação e os investi-mentos entre os dois lados do estreito de Taiwan.

Depois de quase seis décadas de interrupção, os voos directos entre o conti-nente e a ilha foram retoma-dos em 2008, acabando com a necessidade de ligação em Hong Kong ou Macau para os que realizavam a viagem.

A mudança beneficiou os milhares de empresários de Taiwan que transferiram suas linhas de montagem para o outro lado do estreito e investiram mais de MOP 1 trilião no continente desde 1998.

Temendo a derrota de Ma, os donos das principais empresas do país declara-ram apoio ao presidente nos últimos dias e mobilizaram os seus empregados taiwa-neses na China para votarem nestas eleições.

“Se a eleição levar a qualquer mudança ou incerteza, todos teremos de pagar o preço das nos-sas próprias decisões”, declarou Terry Gou, dono

da Foxconn, a maior fa-bricante de componentes electrónicos do mundo, e eleitor do Kuomintang.

“A vitória de Tsai traria incerteza o que ninguém deseja”, observou Zhan Linzheng, professora da Universidade de Taiwan.

Enquanto os eleitores do Kuomintang consideram a estabilidade do relaciona-mento com a China essencial para o crescimento, os que escolheram Tsai são favo-ráveis à independência e temem que a aproximação à China ameace as instituições democráticas da ilha.

“CONSENSO”A discussão em torno da existência de “uma só” China esteve no centro da eleição de Taiwan e para muitos foi decisiva para a vitória folgada de Ma Ying-jeou. O presidente defende o cha-mado “Consenso de 1992”, que serve de base para as negociações entre a ilha e o continente e que foi rejeitado pela candidata da oposição.

Elaborado por Taipé e Pequim em 1992, o “con-senso” diz que existe “só uma China”, mas permite

que cada lado interprete o conceito como quiser. Para o Partido Comunista, a ex-pressão refere-se à República Popular da China fundada em 1949, enquanto para o Kuomintang, é à República da China criada em 1911 e “transferida” para a ilha depois da derrota dos nacio-nalistas na guerra civil com os comunistas.

Taiwan já abandonou a antiga pretensão do Kuo-mintang de reconquistar a China continental, mas o pacto faz parte da ma-nutenção do “status quo”, que garante a estabilidade no relacionamento entre os dois lados.

Segundo a imprensa ofi-cial chinesa, a vitória de Ma Ying-jeou poderá melhorar as relações com Pequim.

“A vitória de Ma Ying--jeou e do Kuomintang nas eleições de sábado poderá trazer novas oportunidades para o desenvolvimento pacífico das relações” com Pequim, salienta a agência oficial chinesa Xinhua, num editorial intitulado “A voz da China”, exortando todos os taiwaneses a apoiarem essa melhoria das relações.

ELEIÇÃO COM EFEITO POSITIVO EM MACAUHao Zhidong, Professor do departamento de Sociologia da Universidade de Macau, diz que a vitória de Ma Ying-jeou, nas eleições em Taiwan, terá um efeito importante no desenvolvimento dos dois territórios, e que Macau deve continuar a fomentar o seu papel de plataforma de relacionamento. Hao Zhidong adianta que já se esperava que Ma Ying-jeou ganhasse as eleições e que tal é positivo para Macau. “As relações entre os dois territórios seriam mais difíceis de manter se Tsai Ing-wen tivesse ganho.” Sublinha ainda que as conversações entre a ilha e a China continuarão a ser feitas de forma directa. Se Macau quiser ampliar o papel de plataforma de relacionamento, deverá não só participar nas negociações politicas, mas também procurar metas mais ambiciosas no seu desenvolvimento, de modo a mostrar a Taiwan que a sociedade está activamente a promover o seu crescimento politico. O académico realça que, numa altura em que se recolhem opiniões sobre a reforma eleitoral, “o futuro sistema politico deve ter objectivos claros a serem promovidos de forma progressiva”. Por fim, afirma que as boas relações entre Macau e Taiwan estariam sempre salvaguardadas, declarando que os resultados eleitorais, fossem quais fossem, não teriam grande impacto no número de visitantes entre os dois territórios, assim como nas suas relações comerciais. - V.L.

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O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, iniciou este fim de semana uma rara viagem por Arábia Saudi-

ta, Emirados Árabes e Qatar, com um objectivo duplo: reforçar as relações com estes países, onde vai buscar grande parte das suas necessidades de gás e petróleo, e procurar alterna-tivas ao Irão, um parceiro estratégico responsável por 12% do petróleo que a China importa.

Será a primeira visita de um primeiro-ministro chinês à Arábia Saudita em 20 anos. Já os Emira-dos Árabes e o Qatar nunca foram visitados por um chefe de governo chinês desde que, na década de 1980, restabeleceram relações com Pequim.

A viagem, que deve durar seis dias, acontece num momento deli-cado, devido às sanções ocidentais

A China prevê para este ano um abrandamento

do crescimento do comércio externo, para 10%, com a contracção das exportações devido à crise na Europa e Estados Unidos.

A Comissão Nacional para o Desenvolvimento e Reforma da China, agência pública de planeamento, prevê os 10% face aos 22,5% registados em 2011, ano em que as trocas comerciais da

A China vai construir um parque eólico com capa-

cidade de 300 megawatts na província de Hebei, o maior projecto do país no sector, relatou a agência oficial de notícias Xinhua.

O parque, construído com um investimento total de cer-ca de MOP 7 mil milhões, será composto por 100 turbinas de 3 megawatts e fica próximo da ilha de Puti, no Mar Bohai.

As autoridades vão con-

Procura no Golfo alternativas à relação estratégica

China não se contenta com o Irãoimpostas ao Irão e às ameaças de Teerão de fechar o Estreito de Ormuz, vital no transporte de pe-tróleo. Uma interrupção na rota, que liga os golfos Pérsico e de Omã, causaria graves problemas para a China - entre 40% e 50% do petróleo que chega ao país passa pelo estreito.

PRESSÃO NORTE-AMERICANAOs Estados Unidos pretendem res-tringir a receita obtida por Teerão a partir do petróleo, vetando no

mercado americano as instituições financeiras internacionais que fa-çam negócio com o banco central iraniano.

A China opõe-se à aplicação de sanções unilaterais por parte de EUA e de outras potências oci-dentais, mas também não quer ser vista como a salvadora do regime iraniano. Mas, acima de tudo, o que Pequim quer é acalmar as águas agitadas para evitar que a sua ascensão económica seja comprometida.

“O Irão é um grande fornece-dor de petróleo para a China, e esperamos que nossas importações não sejam afectadas, porque são necessárias para o nosso desen-volvimento”, disse Zhai Jun, vice--ministro das Relações Exteriores.

PREÇOS E FORNECEDORESO secretário do Tesouro ameri-cano, Timothy Geithner, esteve em Pequim a semana passada na tentativa - sem sucesso - de con-vencer a China a pelo menos, já

que não aceitará reduzir o volume de petróleo que importa, diminuir o que paga aos iranianos. Para a China, penalizações deste tipo não resolvem a questão nuclear.

A China é o maior comprador de petróleo iraniano, seguida da Índia e do Japão, mas reduziu as importações em Janeiro e Feve-reiro, devido a disputas sobre os preços dos contratos. A Arábia Saudita é o principal vendedor de petróleo para a China, seguida por Angola e Irão.

GOVERNO CHINÊS PREVÊ ABRANDAMENTO EM 2012

Comércio externo desceAPROVADO MAIOR PROJECTO DA CHINA NO SECTOR EÓLICO

Parque de 300 megawattsChina com o exterior atin-giram cerca de MOP 28 mil milhões, segundo dados das alfândegas chinesas.

“Esperamos novas difi-culdades para o comércio externo e a situação das exportações é este ano sombria, especialmente no primeiro semestre”, disse o director-adjunto da Co-missão, Zhang Xiaoqiang, citado pela agência noticio-sa oficial Xinhua.

A economia chinesa está ainda muito dependente das exportações da indús-tria de manufactura, que emprega milhões de pes-soas e tem a Europa como principal mercado.

Pequim procura estimu-lar o consumo interno para compensar o abrandamento das exportações, mas o go-verno mantém uma política monetária restritiva para combater a inflação.

cluir os procedimentos para sancionar o empreendimento no final do ano, e o projecto será ligado à rede antes do final de 2015, informou a Xinhua na sexta-feira.

Quando estiver operacio-nal, o parque eólico irá gerar 752 milhões de kilowatts--hora, assim como MOP 730 milhões em vendas anuais.

A Xinhua informou que os funcionários da indústria disseram que a China pode

emitir um segundo pedido de propostas para concessão de projectos na área, totalizando dois gigawatts, na primeira metade deste ano.

De acordo com o Bureau Nacional de Energia, a China construirá cinco gigawatts de parques eólicos até 2015, ou 5% do total da sua capacidade eólica instalada, que criarão oportunidades de mercado no valor de quase MOP 100 mil milhões.

Depois de anos como tema quase tabu – pois que não é ainda o tempo adequado, não se deve perturbar a estabilidade, ainda não há consenso, e outros mais argumentos de diversa natureza mas de igual efeito dilatório – assim, “derepentemente”, como se diria noutras paragens, a discussão da evolução do sistema político está na agenda pública e institucional. José I. Duarte, P.15

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4www.hojemacau.com.mo POLÍTICA

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Deputados preocupados com qualidade da habitação pública

Longa espera para a desilusão?Virginia [email protected]

O deputado à assembleia Legislativa Ho Ion Sang declarou durante as in-terpelações escritas que

os proprietários de unidades do Edifício da Tranquilidade se quei-xam da qualidade dos materiais de construção e de decoração daquele conjunto de imóveis. Mesmo os projectos mais recentes, como o Edifício Cheng Chong e o Edifício Mong Sin, têm revelado diversos problemas de qualidade e imper-feições no design, o que deixou os cidadãos preocupados quanto

O Executivo está a ponderar alargar o período de aus-

cultação pública sobre a reforma política. A notícia foi avançada por Chui Sai On à chegada a Macau, depois de uma semana reunido em Bruxelas com a Co-missão Europeia.

Recorde-se que das oito ses-sões de debate sobre a reforma política, apenas uma – a última – foi dedicada à população em geral. A ideia não agradou a mui-tos dos deputados do hemiciclo de Macau, que reclamam não ser suficiente uma hora e meia para que se percebam os desejos da po-pulação sobre a reforma eleitoral.

O Chefe do Executivo afirmou que o Governo está a auscultar as opiniões de diversos sectores

da sociedade “por muitas vias”, pelo que, se for necessário, vai ser ponderada a realização de mais consultas. “Sei que as pessoas estão a exigir mais consultas pú-blicas para dizerem o que pensam e vamos ponderar os diferentes ângulos da questão e todas as posições manifestadas.”

A reforma política poderá aumentar o número de assentos na Assembleia Legislativa e na comissão para a escolha do Chefe do Executivo. Para já, o consenso geral sobre o número de lugares no hemiciclo aponta para um acréscimo de mais quatro deputados, dois pela via directa e dois pela indirecta. Na Comissão Eleitoral, pedem-se mais cem a 150 assentos.

REFORMA PODE TER MAIS SESSÕES DE DEBATE

Ouvir todos os que querem falar

à prometida qualidade para as 19 mil unidades de habitação pública. Mais ainda, o deputado acusou o governo de apenas se preocupar com o progresso das construções, negligenciando a qualidade das mesmas.

O deputado sublinhou que, apesar da indicação dos constru-tores do Edifício da Tranquilidade de que os materiais usados foram todos aprovados, as unidades revelam óbvios problemas de qua-lidade. Inquiriu ainda se o Governo iria proceder a uma investigação para apurar responsabilidades neste caso, e se daria explicações públicas sobre o mesmo.

Ho Ion Sang perguntou quais os padrões impostos aos construtores e se o governo possui mecanismos para apurar responsabilidades junto das empresas de controlo de qualidade e dos seus departamen-tos de fiscalização, questionando também se o governo planeia ampliar as zonas de inspecção, de forma a assegurar mais qualidade para todos os projectos.

ANOS DE PACIÊNCIAEntretanto, os bons resultados nas vendas do Edifício da Tran-quilidade traduzem, segundo o deputado Au Kam San, os anseios da população por habitação eco-

habitação económica o governo deveria controlar melhor as datas de candidatura.

Au Kam San perguntou em que fase se encontravam as 6.300 habitações públicas anunciadas no relatório das LAG para 2012, para além das 19 mil já referidas, e quando estariam prontas.

Terminou inquirindo sobre as candidaturas para a habitação social. Já passaram mais de dois anos sobre as últimas inscrições, efectuadas em 2009, e Au Kam San encorajou o governo a abrir novo concurso e a proceder de forma consistente com a habitação social.

nómica. Salientou este deputado que a presente promessa de 19 mil habitações públicas apenas vem satisfazer o pedido feito ainda antes de 2004. “Os cidadãos tiveram de esperar sete anos para resolver os seus problemas habi-tacionais.” Acrescentou depois que para os novos concursos de

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A Fundação Oriente vai dei-xar de subsidiar a Escola Portuguesa de Macau, já a partir do fim deste ano.

A notícia foi avançada pelo próprio presidente da instituição.

Em declarações à TDM, Carlos Monjardino afirmou que pretende agora concentrar-se noutros projec-tos culturais e no Instituto Português do Oriente (IPOR), o qual tem uma participação de 44% da Fundação Oriente. “O investimento permanen-te é no IPOR, não só porque fomos os fundadores, mas porque achamos que tem uma importância muito grande aqui em Macau.”

A aposta no IPOR é uma estra-tégia da fundação em acompanhar o crescimento do interesse asiático pelo português. “É uma coisa completamente diferente da Escola Portuguesa, porque é feito o ensino do português como língua estran-geira e a EPM é uma escola oficial.”

O subsídio atribuído à Escola Portuguesa ronda os 100 mil euros, já que no ano passado a escola acabou por não receber a verba de apoio e, por isso, receberá por 2011 e 2012.

“Continuaremos a apoiar, este ano, um pouco a Escola Por-tuguesa, mas depois é o último

Escola Portuguesa sem apoio da Fundação Oriente

IPOR fica a ganhar

WYNN DEFENDE-SE DAS ACUSAÇÕES DE OKADA SOBRE FUNDOS MAL UTILIZADOS

Universidade de Macau metida no caso

SOCIEDADEano, também já lá vão 13 anos e já chega para uma escola oficial ser subsidiada por uma instituição pri-vada”, afirmou Carlos Monjardino à Agência Lusa.

CONTAS NO VERMELHOMonjardino assegura que, inicial-mente, o apoio prestado à EPM era aceitável, mas que devia já ter acabado há muito tempo. A Fun-dação Oriente detinha uma quota de 49% na escola lusa. Por agora, a fundação permanece com investi-mentos no IPOR. “Continuaremos a estar activos no IPOR porque é uma aposta que vale muito a pena e vamos acompanhando bem.”

Segundo a Rádio Macau, 2011 não foi um ano muito favorável à Fundação Oriente, que encerrou as contas “no vermelho”. Carlos Monjardino diz que este ano não deverá ser bom para a instituição.

Sem apontar prejuízos exactos – porque as contas ainda não estão fechadas -, 2011/2012 deverão ser anos com saldos negativos de mais de dez mil euros, o valor de 2010. “Não há nenhuma fundação que não tenha tido problemas com o que se passa nos mercados finan-ceiros.”

Joana [email protected]

“Absurda e sem funda-mento.” É assim que

a Wynn Resorts caracteriza a acção judicial interposta por Kazuo Okada contra a ope-radora, na semana passada. Okada foi vice-director da Wynn Resorts até Outubro de 2011 e, agora, acusa a operado-ra de não lhe permitir o acesso aos registos financeiros. O problema do empresário japo-nês prende-se sobretudo com um donativo de 135 milhões de dólares, que terá feito ao Fundo de Desenvolvimento da Universidade de Macau (UMAC), apesar de se ter mostrado contra. “Tamanha doação à instituição é um uso inapropriado dos fundos da empresa, até porque a UMAC está situada em solo do Go-verno”, frisa uma passagem do processo contra a Wynn.

O dinheiro terá sido doado à UMAC em Maio do ano pas-sado, primeiro numa parcela de 25 milhões de dólares e com a entrega de mais dez milhões anuais, calendarizada em vá-rias tranches até 2022. É nesse ano que expira a licença do casino da Wynn no território.

Em comunicado, a Wynn Resorts defende-se dizendo que Okada pretende afastar as atenções de um diferendo assinado por Steve Wynn e outros accionistas, onde fi-cariam acordadas restrições a accionistas de uma outra empresa – a Aruze USA, controlada por Okada -, e à ex-mulher de Steve Wynn.

CONCORRÊNCIANAS FILIPINASA Wynn Resorts terá afastado Okada da presidência, depois de este ter avançado com um projecto nas Filipinas contra a vontade dos accionistas da operadora, que considera-vam esse desenvolvimento como concorrência directa à

Wynn Resorts. “Trata-se de uma tentativa do Sr. Okada para desviar a atenção de uma disputa entre ele e o conselho de administração da Wynn Resorts, relacio-nada com a sua decisão de competir diretamente com a companhia através da prossecução de um projecto nas Filipinas, apesar das repetidas advertências do conselho”, indica o comuni-cado da Wynn Resorts.

A Wynn descreve como “abuso” determinadas acções levadas a cabo por Okada enquanto administrador da operadora - estará envolvido em projectos que a Wynn Resorts não quis desenvolver.

MILHÕES DE DÓLARESA queixa de Okada no tribunal do Nevada refere um pedido de 30 milhões de dólares feito por Wynn ao japonês, para o desenvolvimento de um casino em Macau e mais 90 milhões para outros investi-mentos na empresa. Okada

garante que nunca viu onde foram feitos os seus investi-mentos e diz que, desde 2000, o dinheiro dado à Wynn já vai em 380 milhões de dólares.

Okada, que mora em Hong Kong, assumiu ter iniciado os pedidos devido a suspeitas de investimentos que estavam a ser feitos pela empresa de produção de slot-machines que controla indirectamente – a Aruze -, e que detém mais do dobro das acções de Steve Wynn na Wynn Resorts.

O empresário nipónico tem 20% do capital da Wynn Resorts, enquanto Steve Wynn ficou com uma quota de 10% em 2010, após ter cedido metade do seu capital à ex-mulher Elaine Wynn, depois do divórcio.

ANALISTAS AVISAMA Wynn Resorts diz que Okada recebeu a mesma in-formação que todos os accio-nistas da empresa recebem. O nipónico discorda. “Eu tenho o direito e a obrigação de ser

informado relativamente aos negócios da empresa, para ter a certeza de que são feitos de forma apropriada e de acordo com a vontade de todos os accionistas”, pode ler-se no processo, segundo a AFP.

Analistas de diversos países já vieram a público dizer que a confusão onde se está envolvida a Wynn Re-sorts pode trazer problemas à operadora. Alguns temem mesmo que os investidores da Wynn desistam de inves-tir na empresa e transfiram o dinheiro para concorrentes próximos, como a MGM ou a Melco Crown. Ambas, e como acontece com a Wynn, têm casinos em Macau.

A Wynn já veio defender a empresa em comunicado e promete continuar a fazê--lo acerrimamente. Mesmo assim, o valor das acções da Wynn Resorts encerrou com menos 4,8%, depois de ter sido dado conhecimento da entrada do processo de Okada contra a operadora.

STEVE WYNN É SÓCIO HONORÁRIO DA ANIMAO magnata do jogo Steve Wynn “passou um cheque de dois milhões de patacas” à ANIMA. O responsável máximo da associação protectora dos animais, Albano Martins, revelou à TDM que, “depois de ver fotografias dos animais recuperados pela ANIMA”, Steve Wynn decidiu ajudar a entidade. Albano Martins já tinha revelado, em entrevista ao Hoje Macau, que a ANIMA se debatia com graves problemas financeiros. Na altura, o responsável disse mesmo que o seu grande receio era o de saber se a ANIMA resistiria no futuro só com o apoio anual do Governo da RAEM. O mecenas Wynn, depois desta ajuda, passou a ser sócio honorário da associação.

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Susan Briggs e Roy Alson,do Instituto Internacional de Trauma e Desastres dos Estados Unidos

“Quando fazemos isto, conseguimos amigos para a vida”

Susan Briggs e Roy Alson vieram ao território para ensinar médicos a lidar com desastres naturais. Ao Hoje Macau, contaram as histórias de quem já viu a tragédia muitas vezes.

Andreia Sofia [email protected]

Quais as necessidades que encontraram nos locais por onde passaram?Susan Briggs - A maior necessidade é aprender a responder ao desastre de uma forma diferente face aos cuidados normais que se dão aos pacientes no dia-a-dia. Essa é a maior dificuldade em treinar equipas médicas, porque pensam que todos têm os mesmos recursos e vão ter o mesmo número de pessoas. Se falarmos com os meus colegas chinesas da formação, por exemplo, não têm os mesmos recursos nem a mesma formação de base.Porquê?S.B. - O mais importante é fazer com que os países tenham pessoas experientes e que peçam mais formação. Foi um

sofrimento ver, no Haiti, crianças com tétano, quando sabia que não as podia salvar porque não havia hospitais suficientes. Isto não é a medicina comum. Custou-me ver pessoas a morrer com tétano porque não tinham a imunização básica suficiente. É a parte mais difícil.Quais os países onde já deram formação?Roy Alson – Já demos formação a agências europeias, sendo que algumas lidam com desastres químicos e biológicos. Na Holanda trabalhámos com muitas organizações internacionais, onde também demos formação na área dos cuidados traumatológicos. Passámos por Itália, Reino Unido, Canadá... Mas as necessidades dependem muito do local onde nos encontramos.Entre países do Ocidente e os outros?R.A. - No caso do Reino Unido, por exemplo, encontrámos desafios muito diferentes em relação à África Subsariana ou à América Central e do Sul. Depende muito se existem infra-estruturas suficientes. A doutora Briggs falou do que sentiu no Haiti, onde os cuidados médicos eram muito rudimentares. O que estamos preparados para disponibilizar às pessoas, e a forma como podemos responder ao desastre,

varia sempre. A resposta a um desastre que ocorre em Hong Kong, Nova Iorque ou Japão depende sempre dos recursos que se têm naquele momento.As equipas, portanto, são fundamentais.R.A. - O que importa é ter uma equipa e pensar no tipo de resposta que pode ser dada consoante os recursos. Por vezes isso oferece-nos grandes desafios, porque sabemos o que temos de fazer, mas muitas vezes não conseguimos. S.B. – O número de pacientes é esmagador. No meu primeiro desastre tive de lidar com 500 vítimas. E o primeiro pensamento que nos vem à cabeça é “o que é que eu posso fazer?”. Era um local com condições avançadas, mas não há condições quando não se conhece o hospital ou as estradas, quando não há electricidade. Nos primeiros desastres, é tudo muito esmagador. E penso que nos treinos esse é um elemento importante. Quais os casos mais importantes com que se depararam? R.A. - Foram os meus primeiros casos, porque nunca sabemos o que fazer nestas situações. Encontram-se desafios tremendos e muitas frustrações. Trabalhei com pessoas muito talentosas numa equipa. Olhando para trás, os casos onde as coisas correram bem foi porque tinha uma

Foi um sofrimento ver, no Haiti, crianças com tétano, quando sabia que não as podia salvar porque não havia hospitais suficientes. Isto não é a medicina comum. Custou-me ver pessoas a morrer com tétano porque não tinham a imunização básica suficiente. É a parte mais difícil.

SUSAN BIGGS

ENTREVISTA

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TUDO começou há 25 anos. Susan Briggs tinha acabado a sua forma-

ção na área da cirurgia traumatológica quando conheceu uma médica do hospital de Guangzhou, acabada de chegar a Washington, nos Estados Unidos. Esta trazia-lhe um desafio. “Você precisa de trabalhar na China”. Foi assim que a actual directora do Instituto Internacional de Trauma e Desastres (ITDI, na sigla inglesa) do Hospital de Massachusetts chegou a este lado do mundo para lidar com as vítimas de desastres naturais. Susan afirmou que se “apaixonou imedia-tamente pela China”, onde ajudou na criação dos primeiros centros de trauma. “Criou-se uma ligação natural entre a China e os Estados Unidos.” Apesar de falar de um local “bom para trabalhar”, a cirurgiã, que lidou

com episódios como o terramoto no Haiti, deparou-se com dificuldades. “A coisa mais impressionante foi ver que existiam poucos programas de formação, convenientes a pessoas com tanta experiência.”

Quem também passou pelo territó-rio chinês foi Roy Alson, professor na Escola de Medicina na Universidade de Medicina Wake Forest, da Carolina do Norte. Tendo apoiado Susan Briggs em diversos treinos do ITDI, explicou que, quando chegou à China, reparou que existia “um grande desejo da par-te das pessoas em aprender, porque queriam fazer melhor, queriam fazê--lo bem”. O coordenador da equipa médica para desastres do Governo dos Estados Unidos concorda com a cirurgiã quando se fala na necessidade de ter uma equipa bem formada na

hora de socorrer vítimas. “Temos de ter um grupo. A resposta para isso tem de partir da formação. Há que partilhar informação e compreender que cada caso precisa de uma resposta colectiva”.

Para Susan Briggs, hoje ocorrem desastres “mais complexos”. Por isso, a educação de base de qualquer profissional da saúde é fundamental. “Há um ABC de trauma e outro ABC de desastres. É necessário ter essa preparação focada no conceito de equipa. De outra forma não se conse-gue olhar para o potencial da situação, caso exista, por exemplo, uma cidade que necessite de ser evacuada, ou se for necessário de trazer pessoas para o hospital vindas de outras zonas. Não se aprende isso na altura em que decorre o desastre.”

boa equipa com quem trabalhar. Quando fazemos isto, conseguimos amigos para a vida. Quantas equipas médicas já foram formadas até ao momento pelo Instituto?R.A. - São mais do que médicos. Provavelmente já ensinámos largas centenas de pessoas, que também fizeram cursos relacionados com este programa. Muitos são cursos de educação básica, mas também avançada, porque há sempre nova informação que necessita de ser disseminada. S.B. - O Roy encontra-se neste momento a trabalhar com o nosso Instituto. É algo muito diferente, porque ele trabalha com o Estado e com grupos de resposta médica de emergência. Enquanto membro da nossa faculdade [Escola Médica de Harvard] é uma das pessoas que mais viveu situações de desastre natural e que deu formação em cursos. Foi importante estar em Macau a ensinar estas questões à comunidade médica local?S.B. - Fomos muito bem recebidos por parte da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau. Isso é importante, porque não podemos dar esta formação se não tivermos uma boa organização a suportá-la. Tenho a esperança que irá existir um plano para as necessidades médicas locais. Porque muitas vezes existe a ideia de que isto é apenas para cirurgiões, mas todos necessitam de estar preparados. Espero que haja um encorajamento para continuarem e que consigam informação adicional para além deste curso.Quer dizer que há quem subestime a importância destas formações?S.B. - Ainda não se compreendeu a importância de ter uma equipa ligada aos desastres naturais. Isto não é como nas outras áreas da medicina. Temos uma memória curta, se não existe um desastre há tendência para pensar que não é algo importante. Isso

é o pior que se pode fazer, porque não existe uma equipa local que prepare as pessoas.Como está Macau a esse nível?S.B. - Está bem posicionada, em particular por ter a vizinhança de regiões como Hong Kong e outras áreas na China. R.A. – Lidar com catástrofes é um processo permanente. Tem de ser alvo de muitos treinos e exercícios. Aqui em Macau, estas formações são um processo que está agora a começar. Tivemos apenas um encontro, mas a ideia é continuar a trabalhar com os colegas de Macau.

QUANDO A FORMAÇÃO CHEGOU À CHINA

Lidar com catástrofes é um processo permanente. Tem de ser alvo de muitos treinos e exercícios. Aqui em Macau, estas formações são um processo que está agora a começar. Tivemos apenas um encontro, mas a ideia é continuar a trabalhar com os colegas de Macau.

Provavelmente já ensinámos largas centenas de pessoas, que também fizeram cursos relacionados com este programa. Muitos são cursos de educação básica, mas também avançada, porque há sempre nova informação que necessita de ser disseminada.

ROY ALSON

A maior necessidade é aprender a responder ao desastre de uma forma diferente face aos cuidados normais que se dão aos pacientes no dia-a-dia. Essa é a maior dificuldade em treinar equipas médicas, porque pensam que todos têm os mesmos recursos e vão ter o mesmo número de pessoas.

No meu primeiro desastre tive de lidar com 500 vítimas. E o primeiro pensamento que nos vem à cabeça é “o que é que eu posso fazer?”. Era um local com condições avançadas, mas não há condições quando não se conhece o hospital ou as estradas, quando não há electricidade.

SUSAN BIGGS

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8www.hojemacau.com.mo vida

ENQUANTO ambien-talistas e baleeiros tra-vam, neste momento, uma luta sem tréguas

nos mares frios do Oceano Sul, dois cientistas norte--americanos sugerem uma alternativa para acabar com a caça à baleia: colocar-lhes um preço e pô-las à venda.

Um sistema de comércio de quotas de caça poderia reduzir as capturas pratica-mente a zero, segundo os investigadores Christopher Costello e Steven Gaines, da Escola Bren de Ciência e Gestão Ambiental, da Univer-sidade da Califórnia.

A ideia, descrita num comentário publicado na edi-ção desta semana da revista Nature, parece a princípio simples. Todos os países representados na Comissão Baleeira Internacional (CBI) – sejam pró ou contra a caça – receberiam quotas de caça. Há três opções para a sua utilização: ou são utilizadas,

OS investimentos globais nas energias limpas atingiram um

novo recorde em 2011, apesar da crise económica mundial.

O volume de investimentos subiu 5% em relação a 2010, chegando ao equivalente a 2 triliões de patacas, segundo um relatório da Bloomberg New Energy Finance.

A aposta maior foi na energia solar, cujos investimentos cresceram 36%, para 1 trilião de patacas. O valor é o dobro do dos projectos de energia eólica – 588 mil milhões de patacas –, onde houve uma queda de 17%. O salto do solar ocorre a despeito da redução no preço dos painéis fotovoltaicos, o qual foi compensado pelo aumento nas vendas.

O ano também ficou marcado pelo retorno dos Estados Unidos à posição de maior investidor indi-vidual em energias limpas, ultra-passando a China, que estava em primeiro lugar desde 2009. Apoios públicos – que se estendem até ao final de 2012 – terão contribuído fortemente para a subida de 33% nos valores investidos nos EUA. “Deverá haver uma corrida para concluir projectos em 2012, seguida de uma queda nos investimentos em 2013, se [os apoios] acabarem”, antecipa Michael Leibreich, administrador

Clickecológico

CONTAR ANIMAIS• Um funcionário do Zoo de Whipsnade, em Bedfordshire, Inglaterra, remove um insecto da sua cabeça durante a contagem anual dos animais daquele centro.

Foto: Olivia Harris/Reuters

INVESTIMENTO ATINGE NOVO RECORDE EM 2011

Aposta na energia limpaprincipal da Bloomberg New Energy Finance.

Colectivamente, a Europa ul-trapassa o investimento dos EUA e da China, com 788 mil milhões de patacas. A Índia (80 mil milhões de patacas) e o Brasil (64 mil milhões) também figuram entre os maiores investidores em energias limpas.

Para salvar as baleias,o melhor é dar-lhes um preço, dizem cientistas

Quanto custa?ou são guardadas para o ano seguinte, ou são anuladas para sempre. “O número de baleias caçadas dependeria de quem possui as licenças”, afirmam os investigadores. Numa das situações extremas, as nações baleeiras comprariam todas as licenças e capturariam todas as baleias, até a um limite considerável sustentável. No outro extremo, os países não--baleeiros ou outras organiza-ções investiriam na aquisição das quotas, para garantir que nenhuma baleia é abatida.

“O preço que emergiria no mercado iria reflectir tanto a

disponibilidade de um [país] baleeiro em pagar pelo abate de uma baleia, como a dispo-nibilidade de um conservacio-nista em pagar para a salvar”, explica Christopher Costello, numa entrevista por email ao jornal Público.

Segundo os investigado-res, há boas razões a indicar que a segunda opção é a mais provável. A caça à baleia gera 31 milhões de dólares por ano (24 milhões de eu-ros) de receitas, nas contas apresentadas no artigo. E os conservacionistas gastam 25 milhões de dólares anuais em

campanhas e acções directas contra a caça à baleia. Só a or-ganização Sea Shepherd - que todos os anos lança-se num jogo do gato e do rato com os navios baleeiros japoneses em pleno oceano – tem este ano em campo três embarcações, com 88 tripulantes, mais um veículo aéreo não-tripulado, para filmar e dar indicações precisas sobre a posição do “inimigo”.

Ou seja, este dinheiro gasto pelos conservacionistas, mais o de países que se opõem à actividade baleeira, poderia ser aplicado na aquisição de quotas, facilmente compen-sando as receitas de quem caça baleias. “Esta é a essência da ideia. A nossa aborda-gem poderia, possivelmente, conduzir a caça a zero”, diz Christopher Costello.

Segundo os investigado-res, uma baleia-anã – a mais caçada – gera 13 mil dólares (10 mil euros) em receitas. Já uma baleia-comum vale 85

mil dólares (66 mil euros). “Os preços das baleias esta-riam, portanto, ao alcance dos grupos conservacionistas ou mesmo de algumas pessoas individuais”, argumenta o

artigo publicado na Nature.Se a ideia funcionasse,

poderia ser o fim da divisão histórica que existe na Co-missão Baleeira Internacio-nal (CBI), onde dois grupos

EMBAIXADOR DOS EUA CONTESTA POSSÍVEL ZONA LIVRE DE TRANSGÉNICOS NOS AÇORESO embaixador norte-americano em Lisboa, Allan Katz, terá enviado recentemente cartas às autoridades portuguesas, mostrando-se preocupado com possíveis limitações ao cultivo de organismos geneticamente modificados nos Açores. Numa carta enviada no final de Dezembro ao presidente da Assembleia Legislativa dos Açores, o diplomata norte-americano considera que os transgénicos “não constituem qualquer risco para a vida humana ou animal, ou até mesmo para ambiente” e recorda que a UE gastou “3 mil milhões de patacas” na última década em investigação nesta área, sem nunca ter encontrado motivos de preocupação em matéria de segurança.

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DOIS pandas gigantes que a China empres-tou por dez anos ao jardim zoológico de

Beauval partiram este fim-de-semana para França, a bordo de um avião de carga especial.

Yuan Zi (“gordinho”) e Huan Huan (“fe-liz”), originários de Chengdu, foram coloca-dos em duas grandes caixas com o nome de cada um no interior do Panda Express, um Boeing 777F fretado pela Fedex e decorado com imagens de pandas, que partiu do aero-porto de Chengdu às 08:30 locais. “Durante o transporte, vou observá-los com atenção, sobretudo durante a descolagem, e se houver algum problema o veterinário irá intervir”, explicou o tratador dos pandas, Zhang Hao, citado pela AFP, que, além de acompanhar os dois pandas nesta viagem, irá também estar com eles nos primeiros seis meses de estadia em França.

Vários oficiais, entre os quais o embai-xador chinês em França, vão estar à espera no aeroporto de Roissy pelos pandas, que serão depois transportados num camião para Beauval, no centro de França.

Os dois pandas, que são os primeiros a serem acolhidos em França desde 1973, quando a China ofereceu um casal ao país na altura presidido por Georges Pompidou, poderão ser visitados pelo público a partir de 11 de Fevereiro.

Um dos pandas oferecidos pela China na década de 70 morreu em 2000. O outro tinha morrido pouco depois da sua chegada a França.

Sabia que...

...desde a Almirante Sérgio, passando pela Praia do Manduco e acabando na zona da igreja de São Lourenço, o Hoje Macau não encontrou qualquer caixote de lixo?

PANDAS DA CHINA EM ZOO DE FRANÇA

Duas prendas emprestadas

de países não se entendem, desde que foi adoptada uma moratória à caça comercial à baleia, em 1986. Apesar da moratória, cerca de 2000 baleias são abatidas anual-

mente, metade pelo Japão – para “fins científicos” – e um quarto pela Noruega, que apresentou uma objecção formal à proibição da caça comercial.

Há anos que as reuniões da CBI são palco de uma ba-talha sem fim entre os países que pretendem retomar a caça comercial e os que nem querem ouvir falar disso, te-mendo um descontrolo com consequências dramáticas para os grandes cetáceos. Na lógica dos investigado-res norte-americanos, um sistema de quotas transaccio-náveis poderia deixar todos satisfeitos, acabando com o conflito.

Mas não será assim tão fácil. “Esta proposta trabalha sobre pressupostos errados”, afirma o biólogo Jorge Pal-meirim, que tem representado Portugal nas reuniões da CBI nos últimos anos. A primeira crítica vai para a ideia de que o problema das baleias está nas 2000 que são mortas todos os anos. Segundo Jorge Palmei-rim, o declínio na população dos grandes cetáceos tem raízes na caça comercial até à moratória, com dezenas de

milhares de animais abatidos por ano e cujos efeitos perdu-ram até hoje.

Além disso, admitir a caça até a um limite considerado sustentável pode abrir a porta, na prática, à reivindicação de quotas para muito mais baleias do que as que são actualmente caçadas.

Por fim, o dinheiro não com-pra tudo. “Alguém pensa que os japoneses caçam baleias por dinheiro?”, indaga Palmeirim. O Japão, segundo o biólogo, tem prejuízo com a actividade baleeira, que é mantida em parte para suportar a sua defesa da reabertura da caça comercial. Ou seja, não haverá interesse dos países baleeiros em vender as quotas. “Isto é uma ilusão. O que está em causa não é uma questão de lucro”, afirma Palmeirim, classificando a ideia das quotas apenas como “um exercício académico”, descola-do da realidade.

Ou seja, por ora, as baleias não têm preço.

EMBAIXADOR DOS EUA CONTESTA POSSÍVEL ZONA LIVRE DE TRANSGÉNICOS NOS AÇORESO embaixador norte-americano em Lisboa, Allan Katz, terá enviado recentemente cartas às autoridades portuguesas, mostrando-se preocupado com possíveis limitações ao cultivo de organismos geneticamente modificados nos Açores. Numa carta enviada no final de Dezembro ao presidente da Assembleia Legislativa dos Açores, o diplomata norte-americano considera que os transgénicos “não constituem qualquer risco para a vida humana ou animal, ou até mesmo para ambiente” e recorda que a UE gastou “3 mil milhões de patacas” na última década em investigação nesta área, sem nunca ter encontrado motivos de preocupação em matéria de segurança.

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11www.hojemacau.com.moCULTURA

Gonçalo Lobo [email protected]

O âmbito do Festival Literá-rio de Macau alarga-se à música. Nos dias 3 e 4 de Fevereiro o Fórum de Ma-

cau recebe diversos cantores e músicos de onde se destaca Nancy Vieira como nome mais sonante.

“Escrever não é apenas um exer-cício de ficção ou poesia, escreve-se também para cinema e para música”, esclareceu Ricardo Pinto, director do festival.

Nancy Vieira, assegurada para o último dia de espectáculos, vai estrear em Macau o seu último álbum “No Amá”, bem como cantará alguns dos clássicos da música cabo-verdiana – incluindo um tributo à diva descalça, Cesária Évora, recentemente falecida.

Esta reunião do mundo lusófono na China também traz a Macau So-ler, YFM, Noisery, Andreia Dacal e Turtle Giant. “As palavras cantadas são muito importantes e limitar o festival ao intercâmbio entre os escri-tores seria muito redutor”, justificou Ricardo Pinto.

Os concertos abrem no dia 3 com os

O embaixador de Portugal em Paris afirmou, depois

de mais um protesto contra a redução do número de professo-res de português em França, que os Ministérios da Educação dos dois países vão discutir a questão no final do mês.

Francisco Seixas da Costa falava aos jornalistas depois de ter recebido do Coletivo para a Defesa do Ensino do Portu-guês no Estrangeiro mais de 2.500 assinaturas de protesto. Questionado se a redução por parte do Governo português do número de professores da língua em França, que dão aulas ao ensino primário, não podiam significar futuros cortes por parte do Governo francês, que assegura as aulas de português no secundário, o embaixador respondeu que não.

O diplomata acrescentou ainda que os Ministérios da Educação dos dois países vão reunir-se no final do mês e que

a questão do ensino do portu-guês em França estará em cima da mesa.

“A questão vai ser aborda-da, mas [à partida] não temos nenhuma indicação de que haja qualquer tipo de desmobilização ao nível do ensino secundário na sequência [da redução do núme-ro de professores de português em França]. Continuamos, aliás, a insistir na necessidade de as autoridades francesas reforça-rem a abertura de concursos para professores de português”, afirmou.

Cerca de uma centena de pais, professores, alunos e representantes associativos protestaram hoje, junto à em-baixada, com bandeiras de Portugal e cartazes desenhados pelos mais pequenos: “Nós que-remos aprender português”, “A nossa língua é a nossa pátria!”, “Queremos guardar os nossos professores de português”, podia ler-se.

O cantor português Paço Bandeira negou em

Tribunal todas as acusa-ções de violência domés-tica que lhe são feitas pela ex-mulher Maria Roseta Ferreira, afirmando que todo o processo é uma “en-cenação”, cujo o interesse é “dinheiro”.

Francisco Veredas Ban-deira, nome do conhecido cantor Paco Bandeira, foi ouvido no Tribunal de Oeiras, onde disse ser “taxativamente mentira” as acusações do Ministério Público de ter praticado violência à ex-mulher e maus tratos à filha menor do casal entre 1997 e 2009.

No processo consta que Paço Bandeira terá aponta-do uma arma à cabeça da

sua ex-mulher e lhe terá batido na cabeça, ameaça-do várias vezes e ofendido verbalmente. Dos episódios descritos, Paco Bandeira disse ser “tudo mentira” e uma “encenação por inte-resse no dinheiro”.

Paco Bandeira assu-miu, contudo, que houve períodos na relação de 12 anos com Maria Roseta que foram “difíceis”, mas que as ofensas que existiram foram sempre contra si. “Se houve insultos e insi-nuações foi do lado con-trário. O comportamento da minha ex-companheira alterou-se porque ela que-ria alterar a minha vida por completo”, afirmou.

As discussões do casal começaram a ser feitas por

bilhetes escritos, no qual Paco Bandeira assumiu ter escrito alguns e afirmou que outros são falsos.

Sobre a filha Constança, de 13 anos, Paco Bandeira disse que “nunca lhe faltou nada” e que a relação dos dois é “óptima”. “Duvido que haja relação de pai e filha melhor do que a que eu tinha com a minha filha. Temos uma relação óptima e é isso que me deixa tran-quilo porque se não fosse ela não aguentava este ataque nojento que me está a ser feito”, defendeu.

No final da sessão de julgamento, a ex-mulher do cantor Maria Roseta Ferreira disse acreditar que será feita justiça e rejeitou ainda as acusações de ter

interesse no dinheiro de Paco Bandeira. “Na vida há dois tipos de pessoas: a com caráter e a sem caráter. Nenhuma pessoa podia suportar aquilo que eu suportei de ânimo leve e eu estou a fazer aquilo que no passado ninguém teve coragem de fazer”, afirmou.

À saída da sessão, Paco Bandeira recusou prestar declarações aos jornalistas. “Não vou falar porque o que vocês fazem é lixo. Dediquem-se mas é a coi-sas como deve ser”, disse o arguido.

A próxima sessão de julgamento está marcada para 31 de Janeiro, altura em que serão ouvidas as primeiras testemunhas do processo.

PRIORIDADE DOS GUNS N´ROSES É GRAVAR NOVO ÁLBUMOs Guns N´Roses assumem como prioritária a gravação de um novo álbum. Os compromissos de palco terminaram no final do ano passado e o objectivo é gravar o sucessor de «Chinese Democracy». Desta vez, a banda não quer esperar 15 anos por um novo disco. Ao site Mamasfallenangels.com, o guitarrista DJ Ashba mostrou-se ansioso por «começar a trabalhar» num novo trabalho. «O Axl tem toneladas e toneladas de coisas gravadas», anunciou. Em digressão, «ele sentava-se e tocava horas de material», descreveu ainda. E Ashba escreveu «doze canções que ele gosta». O músico não quer, por agora, assumir data de edição ou sequer entrada em estúdio mas antecipa um «tempo razoável» para o regresso dos Guns ´Roses. Por confirmar, continua a reunião da formação original para a cerimónia do Rock and Roll Hall of Fame a 14 de Abril.

SEQUELA DE “AVATAR” SÓ EM 2016 Durante um visionamento da versão 3D de «Titanic», o produtor Jon Landau respondeu a algumas questões, tendo tocado na questão das sequelas de «Avatar», que segundo ele ainda vão demorar quatro anos a surgir nos cinemas. Se bem se recordam, os primeiros dados indicavam que «Avatar 2» chegaria no final de 2013 e «Avatar 3» um ano depois, no final de 2014. Assim, chegamos à conclusão que o regresso do franchise só estará nos cinemas em 2016. Landau não se mostrou preocupado com o atraso, até porque o filme voltará a surgir já com novas tecnologias que vão voltar a surpreender o espectador, e estas não se prendem apenas ao já falado sistema de frames por segundo, que «The Hobbit» já vai alterar (das 24 fps o filme vai passar para as 48 fps). Recordamos que o primeiro filme da saga «Avatar» bateu todos os recordes de bilheteiras, tendo mesmo ultrapassado «Titanic», tornando-se o filme com maiores receitas de sempre, já muito perto dos 23 mil milhões de patacas.

Festival Literário traz música a Macau

Nancy Vieira, a voz maiorFRANÇA E PORTUGAL DISCUTEM

ENSINO DO PORTUGUÊS

Protestos contra reduções

PACO BANDEIRA NEGA ACUSAÇÕES DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA A EX-MULHER

Jornalismo português é “lixo”

locais Turtle Giant, os chineses YFM e o projecto Soler, de Hong Kong.

O dia seguinte fica reservado ao projecto musical português Noisery, liderado por David Santos – participou na trilha sonora do documentário “José e Pilar”, pré-candidato a Oscar de melhor filme estrangeiro; a Andreia Dacal que trará ritmos de reggae dub

e a diva Nancy Vieira. “A música também é uma festa e o festival tem como objetivo dar uma semana de ce-lebração e alegria a Macau”, concluiu o director do festival.

Os concertos começam às 20h e os bilhetes, já há venda por 280 patacas, podem ser adquiridos nas lojas Kong Seng e na Livraria Portuguesa.

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SEGUNDA-FEIRA 16.1.2012

12www.hojemacau.com.mo DESPORTO

Marco [email protected]

UMA semana depois de se ter estreado no convívio dos grandes do futebol do território com uma vitória

esclarecedora sobre o rival FC Porto, o onze da Casa do Sport Lisboa e Benfica de Macau não conseguiu ir além de um empate sem golos frente ao Lam Ieng, em encontro a contar para a segunda jornada da edição de 2012 da Liga de Elite.

Tida como uma das principais candidatas ao triunfo na principal prova de futebol do território, a formação orientada por Rui Cardoso nunca abriu mão do controlo do encontro, mas também nunca con-seguiu desnovelar a teia defensiva montada pelo adversário. Numa pri-meira parte parca em oportunidades, o Benfica apenas conseguiu levar perigo ao último reduto do Lam Ieng em remates de fora da área. Aos 40 minutos, Lei Kam Hong cria uma das melhores oportunidades da partida até então, ao rematar frouxo para uma defesa fácil do guarda-redes da formação azul celeste.

O Benfica recolheu ao balneário com o nulo a pautar o marcador e no regresso ao relvado procurou des-bloquear a todo o custo a estrutura defensiva do Lam Ieng com mais iniciativas pelas alas, mas em tarde de azar o melhor que conseguiu foi levar perigo ao último reduto adver-sário em lances de bola parada. A excepção é um remate-cruzamento de Marquinhos. O avançado bra-sileiro, que na última temporada alinhou com a camisola do FC Porto, forçou o guarda-redes do Lam Ieng a aplicar-se para impedir que o esférico sobrasse para a cabeça de Adilson.

Sem conseguir quebrar o acerto defensivo do adversário, o Benfica refrescou o ataque e tentou a todo

CASO GEOFREDO | JORNAIS INTERNACIONAIS DÃO DESTAQUE À POLÉMICA

Ka I e Monte Carlo partilham liderança da Liga

Fim-de-semana aziago para águias e dragões

o custo chegar ao golo, mas o Lam Ieng não facilitou e roubou os pri-meiros pontos da temporada ao onze encarnado.

Ainda sem pontuar na edição de 2012 da Liga de Elite está o Futebol Clube do Porto. Depois da derrota contra o Benfica, os dragões volta-ram a somar novo desaire, desta feita frente à Selecção de Sub-23 da Associação de Futebol de Macau. Num desafio equilibrado, coube às jovens esperanças do futebol da RAEM inaugurar o marcador, decorriam já os instantes finais da primeira parte. Sio Ka Un foi o autor da façanha, ao bater o guarda-redes Pun Vai Meng com um remate ras-teiro, depois de ter levado a melhor sobre o camaronês Wamba à entrada da área do conjunto azul e branco.

A perder pela margem mínima,

o FC Porto regressou do balneário apostado em dar a volta ao resultado e Pedro Lopes é o primeiro a tentar levar perigo ao último reduto da Selecção de Sub-23, num remate de longe que falha por pouco a baliza adversária. Mais eficaz na saída para o ataque, os dragões acabam por chegar ao empate aos 57 minu-tos, ainda que na sequência de um lance de bola parada. Éder Arruda bate o livre e o angolano Podilson marca de cabeça, num lance em que o guarda-redes Ho Man Fai não fica bem na fotografia. O jovem astro da Selecção de Sub-23 é surpreendido por um toque de um colega de equipa e acaba por deixar escapar.

Mais perigoso no ataque, o Futebol Clube do Porto voltou a exibir uma fragilidade flagrante na defesa e a permitir a recuperação

dos jovens astros da Associação de Futebol de Macau. Aos 69 minutos, Ao Ieong Kin Leong encerra marcha do marcador, com um golo fácil à boca da baliza do onze azul e branco.

KA I E MONTE CARLO NÃO COMPROMETERAMEm alta continua o campeão Ka I. Depois de na semana passada ter derrotado o Lam Pak no primeiro grande derby da nova época, a formação orientada por Joseclér massacrou sem apelo nem agravo o frágil Hong Ngai por dez golos sem resposta. Nicholas Torrão inaugurou o marcador antes ainda do cronóme-tro contabilizar o primeiro minuto e voltou a fazer o gosto ao pé aos 29, mas a grande figura da partida foi a mais recente contratação dos bi-campeões do território. O brasi-

ANÚNCIO

Nos termos do n.º 2 do artigo 21.º da Lei do Recenseamento Eleitoral (Lei n.º 12/2000), com a redacção dada pela Lei n.º 9/2008, a Direcção dos Serviços de Admin-istração e Função Pública vai expor os cadernos de recenseamento, a partir do dia 16 de Janeiro (2ª feira), no local abaixo indicado e por um período de dez dias, para efeitos de consulta e reclamação dos interessados.

Data e horário: De 16 a 25 de Janeiro, incluindo sábado, domingo e feriados. (Das 9H00 às 18H00, ininterruptamente).

Local: Rua do Campo, n.º 162, Edifício Administração Pública, r/c.

Para qualquer informação adicional, queiram contactar os SAFP através da sua linha aberta (88668866 e 89871704) ou consultar o website do Recenseamento Eleitoral: www.re.gov.mo.

O Director dos SAFP, José Chu 16 de Janeiro de 2012

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2a jornada Liga de EliteRESULTADOS

Kuan Tai 0 – 3 Monte CarloSub-23 2 – 1 FC PortoBenfica 0 – 0 Lam IengKa I 10 – 0 Hong NgaiLam Pak 2 – 0 Polícia

TABELA CLASSIFICATIVA

Equipa Pontos

Windsor Arch Ka I 6Monte Carlo 6Lam Ieng 4Benfica 4Lam Pak 3Policia 3Sub-23 3Kuan Tai 0FC Porto 0Hong Ngai 0

leiro Gustavo chegou, viu e marcou, apontando quatro dos dez tentos com que se teceu o gordo triunfo do Ka I. Pang Chi Hang, por duas ocasiões, e Felipe Ritchie também deixaram o nome nos anais da partida. Depois de uma época de ausência, Ricardo Torrão coroou o regresso aos relvados da RAEM com o golo que encerrou, aos 89 minutos, as contas do placard.

A vitória deixa o Ka I na frente da tabela, ainda que em igualdade pontual com o Monte Carlo. No pri-meiro encontro da segunda ronda da Liga de Elite, a formação orientada por Paulo Bento levou a melhor sobre o Kuan Tai por três bolas a zero. Leong Sio Meng inaugurou o marcador à passagem da meia hora e aos 54 minutos, o internacional Chan Kin Seng dilatou a vantagem do onze “canarinho” na cobrança exímia de uma grande penalidade. Chon Chi Wai encerrou as contas da partida aos 69 minutos, dez minutos depois de ter entrado para o lugar de Chan Kin Seng.

No desafio que encerrou a jor-nada dois da principal prova do futebol de Macau, o Lam Pak vingou a derrota averbada na semana passa-da frente ao Ka I e venceu o Grupo Desportivo da Polícia por duas bolas a zero. Os golos do conjunto azul e branco foram apontados por Li Jia-sheng, aos 30 minutos, e por Ho Man Hou, a doze minutos dos noventa.

GONÇ

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LOBO

PIN

HEIR

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Para terminar a polémica só falta mesmo a Associação de Futebol de Macau (AFM) emitir um comunicado oficial sobre o assunto, que se espera aconteça esta semana. Enquanto isso o caso Geofredo tem vindo a ser dissecado por esse mundo fora. Em Portugal, os diários desportivos deram o devido destaque a votação “fantasma” do capitão e os leitores já vieram afirmar, online, que a votação tem problemas todos os anos, “só não vê quem não quer”. Também em terras lusas, o site na Internet Mais Futebol e o generalista Diário de Notícias abordaram a questão. O mais interessante são as notícias vindas do Brasil e de Espanha. O As, um dos jornais desportivos da terra de “nuestros hermanos”, refere que Leung Sui Wing votou a dobrar e o Lance!, do Brasil, também referiu que Geofredo “não sabia que tinha de votar”. – G.L.P.

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TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h RTPi14:30 RTPi Directo16:00 Liga Sagres: Porto - Rio Ave (Repetição)17:30 Que Loucura de Família18:00 Música Movimento18:30 Contraponto ( Repetição )19:30 Amanhecer20:30 Telejornal21:00 TDM Desporto22:10 Passione23:00 TDM News23:30 Portugueses Sem Fronteiras00:00 Telejornal - Repetição00:30 RTPi Directo

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Gostos e Sabores15:00 Magazine Canadá Contacto 15:30 Um Dia no Museu16:00 Bom Dia Portugal17:00 O Elo Mais Fraco18:00 Resistirei18:45 30 Minutos 19:15 Pai à Força 20:00 Jornal Da Tarde 21:15 O Preço Certo22:15 Magazine Canadá Contacto 22:45 Portugal no Coração

ESPN 3013:00 (Delay) Argentina Chile Peru Dakar Rally 2012 Day 15 13:30 (Delay) Argentina Chile Peru Dakar Rally 2012 Weekly Highlights 14:00 Spirit Of London14:30 2011 World Cup Of Trick Shots 15:30 Big Ten Basketball 2011/12 Nebraska vs. Wisconsin17:30 Len European Short Course Swimming Championships 19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 2012 20:00 Monday Night Verdict 20:30 Personal Achievement 21:00 Argentina Chile Peru Dakar Rally 2012 Day 15

21:30 Argentina Chile Peru Dakar Rally 2012 Weekly Highlights 22:00 Sportscenter Asia 2012 22:30 Monday Night Verdict 23:00 Personal Achievement 23:30 Innsbruck Winter Yog 2012 Daily H/L

STAR SPORTS 3108:00 (LIVE) Australian Open 2012 Men’s / Women’s 1st Round20:00 Motorsports@Petronas 201120:30 Mundialito De Clubes - Beach SoccerVasco De Gama vs. Boca Juniors21:30 (LIVE) Score Tonight 201222:00 When The Games Begin22:30 (Delay) Australian Open 2012 Day #1 Highlights23:30 Australian Open 2012 Men’s / Women’s 1st Round

FOX MOVIES 4012:00 Bewitched13:45 The Switch15:30 Kung Pow: Enter The Fist16:55 Tron: Legacy19:00 Golden Globes 2012 Red Carpet20:00 Awards Fever23:00 The One00:35 The Grudge 3

HBO 4112:00 Burlesque14:00 Did You Hear About The Morgans? 15:45 Free Willy18:00 Sabrina (1995)20:15 Secret Window22:00 You Don’T Know Jack00:10 Curb Your Enthusiasm

CINEMAX 4213:00 Mad Max14:30 The Road Warrior16:00 The Beast From 20,000 Fathoms17:20 Earth Vs. The Flying Saucers18:45 Witchblade20:15 Boardwalk Empire22:00 The Beast23:45 The Final Destination

[f]utilidadesSEGUNDA-FEIRA 16.1.2012www.hojemacau.com.mo

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SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS:1-Osso chato e delgado que separa as duas fossas nasais; Pátria de Santa Teresa de Jesus. 2-Parte do pistilo que encerra as sementes (Bot.); Pertences. 3-O lado do vento (Náut.); Figuras mal distintas. 4-Calçado próprio, com rodas ou lâminas de aço, para deslizar em superficies lisas ou no gelo. 5-Enredado e confuso. 6-Andava para lá; Jibóia; Poema lírico. 7-Transfere o direito ou a posse de; Gratifica; Cabo do Canadá, na província da Nova Escócia. 8-Pesquisador de nascentes de água; Fruto silvestre. 9-Língua dos Árias, antepassados da família indo-europeia; Sufixo designativo de aumento. 10-Embaraçar quem está fazendo alguma coisa. 11-Pão de milho; Planta vulgarmente conhecida por jarro.

VERTICAIS:1-Regressei; Vazia. 2-Germe; Amolecer em molho com tempero. 3-Nociva; Parte larga do remo que mergulha na água; Ordem judicial publicada por anúncios. 4-Desacertar; Fizera doação. 5-Graceja; Casa de pasto ordinária. 6-Ovídeo; Capa sem mangas usada em confrarias religiosas. 7- Arranhadura ou ferimento feito com a unha; Parecença. 8-Dança de salão de ritmo moderado; Enfada. 9-Comiseração; A parte central e mais tenra de certas hortaliças. 10-Constelação conhecida por Leão; Fragrância. 11-Submete à acção directa do fogo um alimento; Época fixa, a partir da qual se começam a contar os anos; Zomba.

[ ] CinemaCineteatro | PUB

SALA 1THE AWAKENING [C]Um filme de: Nick MurphyCom: Rebecca Hall, Dominic Wes14.30, 19.30, 21.30

FROM UP ON POPPY HILL [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Gora Miyazaki16.30

SALA 2THE DARKEST HOUR 3D [B]Um filme de: Chris GorakCom: Emile Hirsch, Olivia Thirlby14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 3NEW YEAR’S EVE [B]Um filme de: Garry MarshallCom: Halle Berry, Jessica Biel, JonBon Jovi14.30, 16.45, 19.15

LAUGHING GORTURNING POINT 2 [C]FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊSUm filme de: Herman YauCom: Michael Tse, Francies Ng, Chapman To21.30

YES IS MORE • Vários Autores“Yes is More” é um manifesto radical de fácil acesso da filosofia de arquitectura de Jack Bjarke Ingeles Group, mais conhecido por BIG, sediado em Copenhaga. Ao contrário das tradicionais monografias de arquitectura, esta obra utiliza o formato dos livros “comics” para expressar a sua agenda radical para a arquitectura contemporânea. É, simultaneamente, uma primeira expressão documental das práticas do BIG´S, comtemplando métodos, processos, ferramentas e instrumentos, e onde os conceitos são constantemente postos em causa e redefinidos. Os projectos BIG´s ganharam prémios da academia real das artes, o premio especial do júri na bienal da arquitectura de Veneza, bem como muitos outros prémios Internacionais.

REVISTA DE VINHOS - PARA APRECIADORES EXIGENTESA Revista de Vinhos é a publicação de referência no segmento de vinhos e gastronomia. Com provas de vinhos, visitas a produtores e regiões vínicas em Portugal e no estrangeiro, entrevistas com personalidades desta área, colunas de opinião sobre temas vínicos e gastronómicos, bem como avaliações de harmonização vinho-gastronomia. A gastronomia, os produtos gourmet e o turismo eno-gastronómico são também temas fortes da Revista de Vinhos: crítica e avaliação de restaurantes, informação sobre produtos gastronómicos, sugestões de viagens e locais a visitar. Disponibilidade garantida com assinatura anual.

HORIZONTAIS:1-Vómer; Ávila. 2-Ovário; És. 3-Ló; Vultos. 4-Patins. 5-Emaranhado. 6-Ia; Boa; Ode. 7-Cede; Dá; Or. 8-Vedor; Amora. 9-Ariano; Ol. 10-Atrapalhar. 11-Broa; Arão.VERTICAIS:1-Voltei; Vã. 2-Ovo; Macerar. 3-Má; Pá; Édito. 4-Errar; Doara. 5-Ri; Taberna. 6-Ovino. Opa. 7—Unhada; Ar. 8-Valsa; Amola. 9-Dó; Olho. 10-Leo; Odor. 11-Assa; Era; Ri.

GEOFREDO SEM MEDOSó faltava mais esta para abrilhantar Macau além-fronteiras. O capitão da selecção de futebol de Macau não votou para a eleição do melhor jogador do mundo, ganha pelo argentino Lionel Messi. Leung Sui Wing, seleccionador de Macau, chamou a si toda a responsabilidade da escolha da RAEM e votou a dobrar, por ele e por Geofredo.Dizem por aí que a Associação de Futebol de Macau trabalha assim, em cima do joelho, e as coisas são todas feitas na última da hora.Como é possível que ninguém saiba o que está a fazer? O seleccionador afirma que votou porque lhe pediram e nem sabia que o capitão tinha de votar. O capitão, surpreso, nunca soube que tinha essa responsabilidade. Mas afinal que andamos nós a fazer?A FIFA descartou, desde o início, todas as responsabilidade no caso e chutou para a AFM o deslindar da situação. Prometeram declarações oficiais para esta semana que se inicia e eu estou doidinho para saber o que é que eles têm para dizer – não muito, possivelmente, agora que o seleccionador assumiu que foi ele quem votou em duplicado. Espera-se, pelo menos, um puxão de orelhas a Leung Sui Wing e a promessa de que não se voltará a repetir tal incompetência.De facto, se assim for, nem daqui a 100 anos a estrutura de futebol de Macau chegará a profissional.Podem vir Benficas, podem vir Ka Is, podem vir Monte Carlos. Nada mudará. Em Macau brinca-se aos futebóis.Já agora que estou com a mão na massa, aproveito para dizer que o campo de futebol do MUST, onde se realizam os jogos do campeonato, não serve nem para plantar batatas.Como é possível que a AFM tenha realizado obras no Estádio de Macau precisamente na altura em que o campeonato está a começar? Como é que é possível, também, que não haja ninguém que se preocupe com o relvado do MUST? É indecente que se jogue num campo completamente seco e maltratado, numa terra onde há dinheiro para tudo e mais alguma coisa. O que é que está a falhar? A culpa é da AFM ou é da Universidade? A rever.

Pu Yi

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na margemJosé I. Duarte

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Redacção Andreia Sofia Silva; Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; José C. Mendes; Nuno G. Pereira; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Carlos Picassinos; Hugo Pinto; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros; Vanessa Amaro Colunistas Arnaldo Gonçalves; Carlos M. Cordeiro; Boi Luxo; Correia Marques; Hélder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia; Peng Zhonglian Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Qual sistema político?

OPINIÃO

EPOIS de anos como tema quase tabu – pois que não é ainda o tempo adequado, não se deve perturbar

a estabilidade, ainda não há consenso, e outros mais argumentos de diversa natureza mas de igual efeito dilatório – assim, “derepentemen-te”, como se diria noutras paragens, a discussão da evolução do sistema político está na agenda pública e institucional.

Tudo procedeu de uns breves parágrafos nas Linhas de Acção Governativa para 2012. No estilo redundante e adjectivo que normalmente as caracteriza, as últimas LAG declaravam: “Assim, em escrupuloso cumprimento com a Lei Básica e em consonância com a realidade de Macau, mantendo em auscultação permanente com os diversos sectores e assente nos trabalhos já desenvolvidos, o Governo irá apresentar propostas sobre a necessidade e a eventual forma de alteração das metodologias para a constituição da 5a Assembleia Legislativa da RAEM em 2013 e para a escolha do 4° Chefe do Executivo da RAEM em 2014, realizando consultas sempre que as necessidades reais exijam. Ao mesmo tempo, irá rever e melhorar a Lei Eleitoral para o Chefe do Executivo e a Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa. O Governo espera através do aperfeiçoamento destes regimes promover uma cultura de elei-ções justas e impulsionar, de forma ordenada e estável, um desenvolvimento do sistema politico da Região Administrativa Especial de Macau”. Ora, ainda mal aprovadas e apenas entrados que estamos no seu período de exe-cução - e já o processo segue a todo o vapor. Tal supõe, presume-se, que o tal consenso terá sido atingido.

Não se espera, pois, que o debate seja rico ou, menos ainda, rijo. Por falta de condições ou de interesse - pode discutir-se - ninguém, nenhum grupo, parece empenhado ou capaz de promover uma discussão substancial, sobre o se, o porquê, o como, ou o quando da evolução da região para um regime democrático.

Em meados do ano podia começar a suspeitar-se que algo iria acontecer. A pro-pósito do processo semelhante já em curso em Hong Kong, o responsável das comissões das leis básicas de Hong Kong e Macau na Assembleia Nacional Popular sugeria, com a força implícita, interpreto eu, nas alusões vindas de responsáveis do seu nível hierár-quico, que era tempo de marchar. O processo de Hong Kong estava em curso e a ausência de movimento em Macau tornar-se-ia notada e isso - presumo ainda eu - não seria desejá-vel. Macau, afirmou ele então à comunicação social, quando inquirido sobre o tema, em “querendo” avançar devia seguir o mesmo itinerário da região vizinha. Isto é, devia adoptar igualmente o designado “processo de cinco passos”, a saber: 1. Ter autorização prévia da Comissão Permanente da ANP; 2. Submeter as alterações à Assembleia Legis-lativa; 3. Obter uma maioria de dois terços dos deputados; 4. Obter o aquiescência do Chefe do Executivo; 5. Receber a aprovação da Comissão Permanente da ANP.

Ora, é este processo que está agora em andamento, afigura-se que a todo o vapor. Note-se que à luz dos “cinco passos” é necessária, do ponto de vista formal, por assim dizer, a concorrência de uma maioria parlamentar qualificada e a não aplicação do que são, na prática, dois direitos de veto. Noutros regimes esta arquitectura sugeriria um processo complexo, difícil e moroso. No quadro local, ao contrário, é de supor que o consenso já exista e a solução, no essencial, já esteja definida. Não se vê que a administra-ção local começasse o processo sem que assim

fosse. Não está no horizonte de ninguém, suponho, que a AL, com as sua composição e características, e sobre a qual o CE tem uma influência determinante, decidisse contra a vontade deste. Não se concebe, assim, que este exerça o seu veto sobre uma decisão da AL que não pode deixar de ser a sua. Nem se vislumbra como tivesse podido sido obtida autorização superior para lançar o processo sem que houvesse a expectativa de chegar

a uma solução expedita e garantidamente congruente com os desejos das autoridades em Pequim. E, porventura, até exemplar para os nossos vizinhos.

Assim, tem todo o sentido esta corrida de palestras e encontros sectoriais, onde muito se diz, algo se especula, mas pouco de essencial se analisa ou efectivamente debate. Vamos, assim me parece, assistir à apresentação de soluções a metro, sem que se formulem claramente os problemas

a resolver ou se fundamentem os méritos específicos das soluções avançadas. Discutir--se-á se o colégio eleitoral deve ter 300, 450, 600 ou mais membros; se deve haver mais ou menos dois, ou quatro, ou seis deputados deste ou daquele tipo; qual representação corporativa dos engenheiros, dos arquitectos, e de mais este ou aquele sector, para não falar dessa extraordinária entidade social sempre invocada, os jovens. Alguns irão mesmo sugerir, no que constituirá provavelmente a mais arrojada proposta, a alteração do método de atribuição de mandatos. Vamos ouvir a palavra democracia ser superficial e abundantemente invocada, a propósito e a despropósito, saturada de conotações e as-sociações quantas das vezes desapropriadas ou ignorantes dos factos e da história.

Não se espera, pois, que o debate seja rico ou, menos ainda, rijo. Por falta de condições ou de interesse - pode discutir-se - ninguém, nenhum grupo, parece empenhado ou capaz de promover uma discussão substancial, sobre o se, o porquê, o como, ou o quando da evolução da região para um regime demo-crático. Pelo que, parafraseando Lampedusa, numa das suas mais abusadas e deturpadas citações, esta talvez não seja mais do que uma situação em que é preciso que algo mude para que tudo fique na mesma. Tanto mais que neste caso, não obstante o possível esforço de um ou outro dos participantes nos debates, dir-se-ia que, ao contrário do tempo em que se situa “O Leopardo”, não é sequer a essência das coisas que está em causa: é mesmo só a aparência. Nesse contexto, a brevidade conta como virtude.

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SEGUNDA-FEIRA 16.1.2012www.hojemacau.com.mo

TAILÂNDIA EMBAIXADAS TEMEM ATENTADOAs embaixadas de 11 países, incluindo Estados Unidos, Canadá, Israel e Reino Unido, mantiveram ontem o estado de alerta perante a ameaça de um atentado em Banguecoque, na sequência da detenção de um alegado terrorista do grupo xiita libanês Hezbollah. No entanto, as autoridades tailandesas afirmam que a situação está sob controlo e informaram que o suspeito terá confessado que a operação de um atentado foi suspensa depois de terem percebido que a polícia conhecia os seus planos. O porta-voz da polícia tailandesa, Piya Uthayo, disse que pelo menos dois libaneses do Hezbollah tinham intenção de atacar zonas frequentadas por israelitas e norte-americanos, em Banguecoque.

MACAU AUTOCARRO CHOCA CONTRA TÁXIUm autocarros dos Transportes Urbanos de Macau chocou contra um táxi perto de Iao Hon, na sexta à noite. Após o embate, o autocarro perdeu o controlo e foi contra um edifício, depois de ter subido o passeio. Apesar do susto, nenhum dos transeuntes foi atingido, havendo apenas a registar quatro feridos ligeiros entre os passageiros do autocarro. Os dois veículos ficaram bastante danificados, suspeitando-se que o acidente tenha sido provocado por um deles, que terá desrespeitado as regras de trânsito. Eram cerca das 20.00h, quando o autocarro e o táxi colidiram no cruzamento da Rua da Tribuna. O autocarro destruiu várias vedações antes de embater contra o edifício. Um transeunte alertou a policia e três homens e uma mulher foram transportados ao hospital, com pequenos ferimentos.

COREIA DO SUL CINCO MORTOS EM EXPLOSÃODE PETROLEIROPelo menos cinco pessoas morreram ontem e seis estão desaparecidas na sequência da explosão de um navio que transportava petróleo em águas sul-coreanas, perto da cidade portuária de Incheon, no noroeste do país. O navio, de 4.191 toneladas, sofreu uma explosão às 08:05, hora local, a cerca de três milhas a norte da ilha de Jawol, próxima de Incheon, e está meio submerso, não havendo, para já, indicação de qualquer derrame de petróleo para o mar, informou a guarda costeira sul-coreana citada pela agência noticiosa Yonhap. A embarcação, que transportava cerca de 120 toneladas de petróleo, contava com 11 tripulantes sul-coreanos e cinco birmaneses e tinha saído do porto de Incheon com destino a Daesan, no sul da província de Chungcheong, no sudoeste da Coreia do Sul. A guarda costeira sul-coreana já resgatou cinco tripulantes que caíram ao mar e está em busca de outros seis desaparecidos. As causas da explosão ainda não foram determinadas.

ÍNDIA TUMULTO EM CERIMÓNIA MUÇULMANA CAUSA VÍTIMASPelo menos 10 pessoas morreram este sábado na região centro da Índia, na sequência de um tumulto ocorrido durante uma cerimónia religiosa muçulmana, informou a polícia indiana. Um oficial da polícia, citado pela agência noticiosa Press Trust of India, explicou que o incidente ocorreu quando um grande número de pessoas estava a tentar entrar num local sagrado para os muçulmanos no Estado de Madhya Pradesh, e alguns peregrinos caíram e foram esmagados até à morte.

Naufrágio do Costa Concórdia em Itália

Portugueses a salvoO naufrágio do navio cruzeiro Costa Concórdia,

ocorrido esta sexta-feira na costa ocidental de Itália, na ilha de Giglio, não registou vítimas entre os 11 portugueses que seguiam a bordo do navio.

De acordo com declarações do Ministério dos Negócios Estrangeiros junto da agência Lusa, um casal português, residente na Suíça, terá sofrido ferimentos ligeiros.

No total, seguiam a bordo 4.231 pessoas, passageiros e tripulação incluídos. Durante o fim-de-semana foram registadas três mortes, entre as quais a de um peruano, membro da tripulação, e de dois turistas franceses. 17 pessoas, onde se incluem seis tripulantes, continuam na lista dos desaparecidos. De entre os sobreviventes, conta-se ainda o resgate de um casal sul-coreano de 29 anos, que ocorreu na noite de sábado para domingo. Ontem foi resgatada mais uma pessoa com vida.

Declarações do comandante do navio, Francesco Schet-tino, à televisão Tgcom 24, citadas pela AFP, explicam que o acidente ocorreu devido ao navio cruzeiro ter embatido “numa formação rochosa que não constava nas cartas náu-

ticas”. Passageiros portugueses descreveram autênticos momentos de pânico, contou ao Diário de Notícias Rui Almeida, um dos passageiros. “Sentimos trepidação e um choque na rocha. O navio adornou para o lado esquerdo e ficámos apenas com a luz de emergência.”

COMANDANTE ACUSADO O caso está também envolto em polémica pelo pedi-do de detenção de Francesco Schettino por parte do Ministério Público. Isto porque o comandante terá abandonado o navio antes da retirada de todos os passageiros, estando acusado de homicídio múltiplo, naufrágio e abandono de navio.

Notícias mais recentes dão conta de uma inves-tigação “completa e exaustiva” ao Costa Concórdia decretada pelo Conselho Europeu de Cruzeiros. De acordo com o seu secretário-geral, Tim Marking, vai decorrer a “plena cooperação” entre a Costa Crociere, empresa proprietária do navio, e as outras partes in-tegrantes da investigação.

Numa descoberta recente,verificou-se que em Macauos fumadores molham-se mais à chuva que os não fumadores. Por Fernando

Ciclone

car toon por Steff NOVO ESCÂNDALO

As dores de cabeça provocadas pela grande procura de transporte ferroviário durante o período do novo ano lunar chinês levaram o banco mundial e outros intervenientes a apresentarem algumas ideias sobre a reestruturação em curso no Ministério dos Caminhos de Ferro, relatou o Oriental Morning Post. A maioria das propostas apresentadas prendem-se com o fim do monopólio deste Ministério sobre as acções dos caminhos de ferro ou com a sua fusão com o Ministério dos

Transportes, declarou ao jornal um dos analistas. O Ministério, que acumula dívidas de mais de MOP 2 triliões, iniciou uma série de mudanças internas, anunciadas em Novembro, na sequência do grave acidente de Julho, em Wenzhou. O ex-ministro da pasta, Liu Zhijun, entretanto demitido por acusações de corrupção, modificou o sistema de funcionamento interno, levando as delegações regionais dos caminhos de ferro a

operar directamente, o que aumentou a dificuldade de comunicação entre sucursais e criou obstáculos à supervisão central. Hu Xingdou, prefessor de economia no Instituto de Tecnologia de Pequim, declara que a actual estrutura do Ministério, se concentrou demasiado na alta velocidade, quando ainda não existem comboios suficientes para satisfazer as necessidades das populações.

PROPOSTA REFORMA DOS CAMINHOS DE FERRO NA CHINA