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[ página 3 ] Entre os dias 15 e 17 de se- tembro,a Universidade Fumec abriu espaço para os três prin- cipais candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte mostrarem seu plano de governo. Fernando Pimentel (PT), João Leite (PSB) e Roberto Brant (PFL) apresentaram pro- postas similares. Acompanhado pelo depu- tado estadual Rogério Corrêa, Pimentel falou do seu manda- to e das futuras melhorias, ca- so seja reeleito. Já o candidato João Leite ressaltou os problemas finan- ceiros de sua campanha em contrapartida à de Pimentel. Jõao leite reiterou a transpa- rência de seu futuro governo e prometeu reduzir o número de secretarias. O deputado federal Ro- berto Brant contestou o resul- tado das pesquisas divulgadas pela imprensa e afirmou que “pesquisa de opinião não ga- nha eleição”. Como toda companha eleitoral assessorada por mar- queteiros políticos, os candi- datos se disseram capazes de re- solver todos os problemas do município. J O R N A L L A B O R A T Ó R I O D O C U R S O D E C O M U N I C A Ç Ã O S O C I A L D A F A C U L D A D E D E C I Ê N C I A S H U M A N A S - F U M E C Ano 02 | Número 41 | Setembro de 2004 | Belo Horizonte/MG distribuição GRATUITA Fumec assina convênio com a USP Universidade recebe estudantes de Portugal Ponto eletrônico tem novo projeto gráfico [ página 14 ] [ página 14 ] [ página 15 ] Projeto de lei de flexibili- zação das construções na Pam- pulha gera protestos entre os moradores dos bairros da re- gião, principalmente na Área de Diretrizes Especiais (ADEs) Trevo,onde será permitida a construção de prédios e insta- lações comerciais. Em outros bairros, como o São Luiz, a possiblidade da edificação de cinemas, bingos, redes de ali- mentação e casas de shows perturba a população que já começa a se preocupar com o provável crescimento dos ín- dices de violência e aumento do fluxo de veículos. A prefeitura acredita que as mudanças contempladas pela proposição de lei trará um maior desenvolvimento eco- nômico para a região com a criação de empregos e com o aumento do turismo. Os au- tores do PL acreditam que tal medida tornará a Pampulha auto-sustentável. Sobre as questões de infra- estrutura, a prefeitura afirma que o projeto tem como uma de suas atribuições implantar um sistema de controle, mudando o curso das principais vias de acesso, sem ter que duplicá-las, além de implantar um novo e melhor estruturado sistema de saneamento público. Programa de recuperação da Pampulha gera protestos Inovação nas ruas de BH O Controle Inteligente de Tráfego (CIT), ainda em fase de implantação, promete facilitar a vida dos motoristas de Belo Horizonte. O programa faz a integração entre o sistema de controle de semáforos, os siste- mas de monitoramento de trân- sito e alertas de congestiona- mento, enviando as informa- ções coletadas do tráfego para dezenas de painéis eletrônicos espalhados por pontos estraté- gicos da cidade.Além de redu- zir os problemas casuais de trân- sito, o sistema pretende dimi- nuir o tempo de espera dos motoristas nos sinais, dificul- tando a ação de marginais e ate- nuando a poluição atmosférica e sonora. Apesar das comodidades tra- zidas pelo Controle Inteligente de Tráfego, muitos motoristas ainda desconhecem o programa, não desfrutando de seus bene- fícios. Outros motoristas che- gam a confundir os sensores de monitoramento com os radares. Pronto-socorro é referência na área de queimados A unidade de tratamento de queimados do HPS João XXIII é uma das maiores da América Latina e a maior do país, atendendo mais de 3 mil pacientes todo ano. Os pacientes que têm quei- maduras mais graves são leva- dos para outro andar do hos- pital, sendo alojados em UTIs destinadas especificamente ao tratamento de queimaduras. Além de atender à região metropolitana, o pronto-so- corro recebe paciente de vá- rias cidades de Minas e do país. Salão do livro é espaço para cultura Em sua quinta edição, o evento reuniu mais de 120 mil pessoas e é hoje referên- cia no país.Além dos descon- tos, o salão ofereceu uma pro- gramação com mostras e sa- raus de poesia. Apesar do sucesso de pú- blico, escritores mineiros re- clamam da falta de espaço pa- ra a literatura. Cartão postal de Belo Horizonte pode perder sua beleza após aprovação do PL Divulgação / Site Ecologia ICB [ página 5 ] [ página 10 ] [ página 7 ] [ página 4 ] Fumec debate com candidatos Conselho Federal de Jornalismo divide O projeto de lei que esta- belece a criação do Conselho Federal de Jornalismo (CFJ) tem gerado muita polêmica entre a classe jornalística. A categoria encontra-se dividi- da entre os que apóiam e os que protestam contra a cria- ção do CFJ. A discussão cresce em muitas vertentes. Uma das fa- ces do problema gira em tor- no do fato de muitos profis- sionais que se posicionam contra o CFJ acusarem o Conselho de ter como uma de suas atribuições a censura de matérias e reportagens que façam críticas ao Governo Federal. Estes jornalistas têm como um de seus argumen- tos o fato de o governo re- solver se manifestar em rela- ção à implantação do órgão fiscalizador e regulamentador justamente na hora em que a mídia faz várias denúncias de corrupção e irresponsabilida- de política ao governo Lula. No entanto, outros jorna- listas, a favor do projeto, di- zem que o Conselho irá or- ganizar a classe e defendê-la, emitindo o registro profissio- nal da categoria e ainda fisca- lizando os profissionais, fa- zendo valer o Código de Éti- ca e a Lei de Imprensa. [ página 9 ]

Jornal O Ponto - setembro de 2004

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Jornal laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Fumec - Belo Horizonte - MG

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Page 1: Jornal O Ponto - setembro de 2004

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Entre os dias 15 e 17 de se-tembro, a Universidade Fumecabriu espaço para os três prin-cipais candidatos à Prefeiturade Belo Horizonte mostraremseu plano de governo.

Fernando Pimentel (PT),João Leite (PSB) e RobertoBrant (PFL) apresentaram pro-postas similares.

Acompanhado pelo depu-tado estadual Rogério Corrêa,Pimentel falou do seu manda-to e das futuras melhorias, ca-so seja reeleito.

Já o candidato João Leiteressaltou os problemas finan-ceiros de sua campanha em

contrapartida à de Pimentel.Jõao leite reiterou a transpa-rência de seu futuro governoe prometeu reduzir o númerode secretarias.

O deputado federal Ro-berto Brant contestou o resul-tado das pesquisas divulgadaspela imprensa e afirmou que“pesquisa de opinião não ga-nha eleição”.

Como toda companhaeleitoral assessorada por mar-queteiros políticos, os candi-datos se disseram capazes de re-solver todos os problemas domunicípio.

J O R N A L L A B O R A T Ó R I O D O C U R S O D E C O M U N I C A Ç Ã O S O C I A L D A F A C U L D A D E D E C I Ê N C I A S H U M A N A S - F U M E C

A n o 0 2 | N ú m e r o 4 1 | S e t e m b r o d e 2 0 0 4 | B e l o H o r i z o n t e / M G

d i s t r i b u i ç ã oG R A T U I T A

Fumec assina

convênio com a USP

Universidade recebe

estudantes de Portugal

Ponto eletrônico tem

novo projeto gráfico[ página 14 ][ página 14 ] [ página 15 ]

Projeto de lei de flexibili-zação das construções na Pam-pulha gera protestos entre osmoradores dos bairros da re-gião, principalmente na Áreade Diretrizes Especiais (ADEs)Trevo, onde será permitida aconstrução de prédios e insta-lações comerciais. Em outrosbairros, como o São Luiz, apossiblidade da edificação decinemas, bingos, redes de ali-mentação e casas de shows

perturba a população que jácomeça a se preocupar com oprovável crescimento dos ín-dices de violência e aumentodo fluxo de veículos.

A prefeitura acredita que asmudanças contempladas pelaproposição de lei trará ummaior desenvolvimento eco-nômico para a região com acriação de empregos e com oaumento do turismo. Os au-tores do PL acreditam que tal

medida tornará a Pampulhaauto-sustentável.

Sobre as questões de infra-estrutura,a prefeitura afirma queo projeto tem como uma desuas atribuições implantar umsistema de controle, mudandoo curso das principais vias deacesso, sem ter que duplicá-las,além de implantar um novo emelhor estruturado sistema desaneamento público.

Programa de recuperaçãoda Pampulha gera protestos

Inovação nas ruas de BHO Controle Inteligente de

Tráfego (CIT), ainda em fase deimplantação, promete facilitara vida dos motoristas de BeloHorizonte. O programa faz aintegração entre o sistema decontrole de semáforos, os siste-mas de monitoramento de trân-sito e alertas de congestiona-mento, enviando as informa-ções coletadas do tráfego paradezenas de painéis eletrônicosespalhados por pontos estraté-gicos da cidade.Além de redu-zir os problemas casuais de trân-

sito, o sistema pretende dimi-nuir o tempo de espera dosmotoristas nos sinais, dificul-tando a ação de marginais e ate-nuando a poluição atmosféricae sonora.

Apesar das comodidades tra-zidas pelo Controle Inteligentede Tráfego, muitos motoristasainda desconhecem o programa,não desfrutando de seus bene-fícios. Outros motoristas che-gam a confundir os sensores demonitoramento com os radares.

Pronto-socorroé referência naárea dequeimados

A unidade de tratamentode queimados do HPS JoãoXXIII é uma das maiores daAmérica Latina e a maior dopaís, atendendo mais de 3 milpacientes todo ano.

Os pacientes que têm quei-maduras mais graves são leva-dos para outro andar do hos-pital, sendo alojados em UTIsdestinadas especificamente aotratamento de queimaduras.

Além de atender à regiãometropolitana, o pronto-so-corro recebe paciente de vá-rias cidades de Minas e do país.

Salão do livro é espaço paracultura

Em sua quinta edição, oevento reuniu mais de 120mil pessoas e é hoje referên-cia no país.Além dos descon-tos, o salão ofereceu uma pro-gramação com mostras e sa-raus de poesia.

Apesar do sucesso de pú-blico, escritores mineiros re-clamam da falta de espaço pa-ra a literatura.

Cartão postal de Belo Horizonte pode perder sua beleza após aprovação do PL

Divulgação / Site Ecologia ICB

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Fumec debatecom candidatos

Conselho Federal de Jornalismo

divideO projeto de lei que esta-

belece a criação do ConselhoFederal de Jornalismo (CFJ)tem gerado muita polêmicaentre a classe jornalística. Acategoria encontra-se dividi-da entre os que apóiam e osque protestam contra a cria-ção do CFJ.

A discussão cresce emmuitas vertentes. Uma das fa-ces do problema gira em tor-no do fato de muitos profis-sionais que se posicionamcontra o CFJ acusarem oConselho de ter como umade suas atribuições a censurade matérias e reportagens quefaçam críticas ao GovernoFederal. Estes jornalistas têmcomo um de seus argumen-tos o fato de o governo re-solver se manifestar em rela-ção à implantação do órgãofiscalizador e regulamentadorjustamente na hora em que amídia faz várias denúncias decorrupção e irresponsabilida-de política ao governo Lula.

No entanto, outros jorna-listas, a favor do projeto, di-zem que o Conselho irá or-ganizar a classe e defendê-la,emitindo o registro profissio-nal da categoria e ainda fisca-lizando os profissionais, fa-zendo valer o Código de Éti-ca e a Lei de Imprensa.

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01 - Capa - Werkema 22.09.04 17:26 Page 1

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O PONTOBelo Horizonte – Setembro/2004

Editor e diagramador da página: Carlos Fillipe Azevedo

2 OPINIÃO

Os artigos publicados nesta página não expressam necessariamente a opinião do jornal e visam refletir as diversas tendências do pensamento

Coordenação Editorial:Prof. Leovegildo P. Leal (Jornalismo Impresso) e

Prof. Mário Geraldo Rocha da Fonseca(Redação Modelo)

Monitores do Jornalismo Impresso:Carlos Fillipe Azevedo, Rafael Werkema e

Renata Quintão

Monitores da Redação Modelo:Fernanda Melo, Pedro Henrique Penido

Monitor da Produção Gráfica:Marcelo Bruzzi

Projeto Gráfico:Prof. José Augusto da Silveira Filho

Tiragem desta edição:6000 exemplares

Lab. de Jornalismo Impresso: 3228-3127e-mail: [email protected]

Universidade Fumec Rua Cobre, 200 - Cruzeiro

BH/MG

Prof. Eugênio Frederico Macedo ParizziPresidente do Conselho Curador

Profª. Romilda Raquel Soares da SilvaReitora da Universidade Fumec

Prof. Amâncio Fernandes CaixetaDiretor Geral da FCH/Fumec

Profª. Audineta Alves de Carvalho de CastroDiretora de Ensino

Prof. Benjamin Alves Rabello FilhoDiretor Administrativo e Financeiro

Prof. Alexandre FreireCoordenador do Curso de Comunicação Social

Jornal Laboratório do curso de Comunicação Social da Faculdade de Ciências Humanas-Fumec

Fernanda Melo4º período

Ultimamente, é visível oaumento de informações quesão despejadas sobre o povo demaneira nada digestiva. Mas, oque se vê é a quantidade da in-formação sobrepondo à quali-dade. Os leitores dos jornais erevistas se encontram soterra-dos por denúncias feitas àspressas, para vender maior nú-mero de exemplares.

Nota-se a existência da im-prensa vermelha ou no verme-lho.Este tipo de imprensa se apóiano denuncismo, com o objetivode publicar furos de reportagemou escândalos que tenham re-percussão considerável.

A Istoé e a Veja são as cam-peãs nesta categoria, tentando so-breviver na era das informaçõeson line. O ato de denunciar tor-nou-se mais importante que opróprio conteúdo, confundindoconscientização e análise críticacom denuncismo barato.Assim,vivemos no tempo dos grampos,onde o público se mistura ao pri-vado.Os veículos utilizam meiosilícitos para conseguirem arran-car qualquer informação que tor-ne o fato bombástico.A privaci-dade é conferida somente aosmeios de comunicação, que sãoos únicos que não precisam pres-tar conta de seus atos.

O posicionamento da im-prensa é transmitido de manei-

ra convincente, capaz de mani-pular qualquer pessoa que nãotenha um conhecimento préviosobre o assunto.A reportagempublicada pela revista Istoé, de 28de julho deste ano, referindo-seao governo do Estado do Riode Janeiro, fez uma maquiagemna máquina administrativa, pri-vilegiando certos interesses po-líticos.A polêmica sobre o casoMeirelles também foi abordadade maneira pretensiosa pelosmeios de comunicação, renden-do várias capas a determinadosveículos.Há uma necessidade decriar uma instabilidade sem umdevido fundamento.

É certo que não se pode pri-var a mídia de levantar hipótesese suposições.Afinal de contas,es-te é o seu caráter investigativo ereflexivo.Mas,devem ser geradasdiscussões úteis, que não se ba-seiem somente em ofensas polí-ticas, trocadas nos corredores dopoder público.É necessária umaanálise dos fatos, não isentandoos órgãos comunicadores da res-ponsabilidade pelo que veiculam.Para isso, os leitores precisam semanter informados e esclareci-dos, nutrindo uma visão críticasobre os acontecimentos.Não sepode ser um alvo fácil da mani-pulação dos meios de comuni-cação e das pessoas que alimen-tam a persuasão dos veículos.

Pior que o oportunismo daimprensa, é a ingenuidade do re-ceptor da mensagem.

Rafael Xavier7º Período

Às vésperas das eleições mu-nicipais, uma questão bastantepolêmica merece ser destacada:a obrigatoriedade do voto. Porque essa obrigatoriedade? Seusdefensores sempre argumentamque votar não é um direito,masum dever,ou que votar é um atode cidadania.Tais posições sãoburocráticas, funcionalistas,prag-máticas, sustentadas por um pa-triotismo barato.

Com a obrigação do voto,o indivíduo vai às urnas sem umcandidato definido e acaba vo-tando aleatoriamente. Isso com-promete a qualidade e a legiti-midade das eleições. Ora, quedemocracia é essa, onde o cida-dão é obrigado a votar, sob pe-na de sofrer sérias retaliações ca-so não cumpra com o seu “de-ver cívico”? É uma vergonhaviver em um país cujo governonão dá suporte algum à popu-lação e ainda tem a coragem decobrar.A sociedade precisa dolivre arbítrio de escolher os seusrepresentantes sem a obrigaçãode comparecer à urna. Lutou-se muito pela volta do voto, éverdade. Porém, não é com osufrágio obrigatório que se me-lhora um país.

Um dos princípios básicosda democracia é a liberdade noato eleitoral, que pressupõe anão obrigatoriedade do voto.Para um candidato ser eleito le-gitimamente, é necessário queele obtenha, no mínimo, 50%mais um dos votos da popula-ção. Em outras palavras, com adesobrigação do voto, devido àinsatisfação do povo com os go-vernantes, o sistema iria a ban-carrota, pois a maioria dos po-líticos não desfruta de prestígioperante à população.É uma for-ma do governo manter o con-trole sobre o povo.

Norberto Bobbio, um dosmaiores defensores da demo-cracia,deve estar se revirando notúmulo com a deturpação quehouve do termo. O regime setornou contraditório.De um la-do, prega o governo do povo ea soberania popular. Porém, oque se vê na prática é que quemdá as cartas é a minoria burgue-sa, que não mede esforços paramanter a sua hegemonia.

É bom que se diga que, em2002, o Brasil elegeu, pela pri-meira vez na história, um re-presentante da classe operária.Mesmo assim, ele foi eleitograças a conivência e o respal-do da burguesia. A última vozé sempre dela.

O voto obrigatório não se-ria necessário,caso o Brasil tivessebons políticos, que gozassem deprestígio junto ao povo e que ti-vessem como meta atender aosseus anseios. Então, haveria uminteresse maior pela política e aseleições seriam levadas a sério pe-lo indivíduo, que votaria por li-vre e espontânea vontade. Infe-lizmente, não é assim. Em todosos cantos do globo, inclusive noBrasil, o termo democracia estámuito desgastado e deturpado.Para a tristeza geral, esse fenô-meno negativo só vem sustentara máxima de que a democraciaplena é uma utopia.

Como a mídia trata o CFJRodrigo Fuscaldi

7º período

A mídia brasileira perdeu, nos últimosdias, uma grande oportunidade de mostrarseu apreço pela liberdade de imprensa e deexpressão. Ao noticiar o projeto de criaçãodo Conselho Federal de Jornalismo, a maio-ria dos jornais e revistas foi absolutamenteparcial.Textos que deveriam estar nos edito-riais e não nos noticiários recorreram aoprincípio da liberdade de imprensa para des-prezar o debate que o projeto abre no jor-nalismo brasileiro.

As notícias apresentam o projeto comouma ação do governo federal, inserida em umasaga ditatorial.Teria começado com a Lei daMordaça, passado pela tentativa de expulsarum correspondente estrangeiro do país e cul-minado com a reação do presidente às inves-tigações sobre o presidente do Banco Central.

Os que defendem a criação do Conselhosustentam que os jornalistas brasileiros care-cem de um instrumento eficaz para fazerfrente às desregulamentações. Um instru-mento que também tivesse força para de-fender a dignidade dos profissionais hones-tos contra as práticas de uma parcela irres-ponsável da imprensa.

Carimbar os defensores do Conselho Fe-deral de Jornalismo como uma espécie denostálgicos das ditaduras é, no mínimo, pre-

cipitado.A princípio, o Conselho não queruma mídia politicamente controlada. O quenão pode acontecer é que todos se confor-mem com uma mídia descontroladamenteentregue a irresponsáveis, capazes de preju-dicar a sociedade.

O recomendável seria uma discussão arespeito da criação do Conselho. Entretan-to, em nenhum momento sugere-se uma tra-mitação em regime de urgência do projeto,muito menos sua aprovação sem o esclareci-mento da sociedade. Existem restrições aotexto, o que não pode ser usado para des-qualificar a idéia. Deve-se ter todos os cui-dados necessários à proteção do direito deexpressão e da liberdade de imprensa.Antesda aprovação, é necessário incluir, entre asatribuições do Conselho, instrumentos efi-cazes para coibir pressões àqueles que pro-duzem jornalismo sério e embasado.

O que não pode acontecer é ficar parali-sado diante dos detalhes em que a imprensa seagarra para prejudicar o debate.Ninguém temsaudade da ditadura. Ninguém vai se reunirnum Conselho para ficar lendo os jornais ecassando quem defende esta ou aquela idéia.

Nesse caso, o bom senso tem que prevale-cer. Deve ser travado um debate entre jorna-listas e sociedade. Ninguém defende o corteaos direitos do jornalista.Apenas, é necessáriouma discussão a respeito, já que, sem limites,também não dá para continuar.

‘Fahrenheit 9/11’ x BushRodrigo Scapolatempore

6º período

Os ataques ao Iraque pelo Estados Unidos,planejados pelo atual presidente Geoge W.Bush,receberam - finalmente - uma resposta à alturade sua gravidade.Não foi usada nenhuma armabiológica, nem nuclear ou de qualquer espéciede fogo.A retaliação veio no cinema e,nem porisso, foi menos poderosa.

O cineasta Michael Moore, anti-Bush decarteirinha, não poupou acusações. Se apro-priando de uma forma editorial contagiante nojogo de cenas, que revelavam imagens sur-preendentes de Bush e da guerra do Iraque, oautor de Fahrenheit 9/11 produziu um docu-mentário polêmico, que convidou o público arefletir sobre a atuação dos EUA no cenário in-ternacional político, econômico e militar.

O trabalho de investigação do diretor é fa-cilmente notado no filme.Apesar de uma posi-ção muito bem definida e claramente pensadasob artifícios manipuladores, a ética jornalísticanão falta na produção de Michael Moore.

A idéia de destruição da imagem de Bush sesustenta em provas verídicas, que muitas vezessão relatos chocantes de fatos da guerra, trata-dos a partir da visão esclarecedora e crítica deMichael Moore.Esta percepção,dotada de sen-sibilidade aguçada, é calcada em valores essen-cialmente de defesa dos direitos humanos. Emalguns momentos, basta apenas uma cena co-

mum da vida do presidente, além de uma mú-sica de fundo e de uma narrativa cômica paraincriminá-lo e ridicularizá-lo.

Através de recursos de som,narração do pró-prio autor e justaposição de cenas, o discursocentral é arquitetado com oportunismo e re-mete a uma denúncia: Bush não passa de umafarsa que deve ser combatida.Essa acusação vemacompanhada de várias outras que a ratificamcomo, por exemplo, a fraude nas eleições, a li-gação entre a família Bin Laden e o governonorte-americano, a injusta invasão ao Iraque -país que,de acordo com o cineasta, nada teve aver com o ato terrorista de 11 de setembro -,além das inúmeras ações contraditórias (basea-das em interesses financeiros) que foram toma-das pelo presidente e seus comparsas.

O filme foi um tapa na cara do, até então,homem mais poderoso do mundo. Nada me-lhor,nesta altura do campeonato,que uma obradessas para abrir os olhos de quem ainda acre-dita na legitimidade da guerra contra o Iraquee no discurso anti-terrorista de Bush.

Resta agora, esperar se Bush vai ceder ooutro lado da cara (perdendo a eleição) ouse, mais uma vez em momento de desespe-ro e indecisão, fará com que inocentes pa-guem pela sua estupidez.

De fato, o palhacinho (como é tratado nofilme) deve estar extremamente incomodadoe,de acordo com Michael Moore,não nos en-ganará de novo. Menos mal.

Voto obrigatórioe a procura pelademocracia

O vermelho dagrande imprensa

Felipe Castanheira7º período

Não existe mais possibilidadede se manter a esperança de queo governo Lula seja um governopara o povo. Ele assumiu a posi-ção de manter os privilégios dasclasses dominantes e os trabalha-dores sobre a exploração diária.

Preocupado em agradar aomercado pagando bilhões em dí-vida externa,não impedindo queo povo morra de fome ou nas fi-las dos hospitais, este governocontinua levando à frente o neo-liberalismo, tão criticado duran-te o governo FHC. Os bancosnunca lucraram tanto como ulti-mamente, cerca de 13,4 bilhõesde reais. O desemprego cresce acada dia e, enquanto os adultos(já dentro de uma lógica absurdaonde um homem deve ser su-bordinado ao outro) não têm on-de trabalhar, o governo incenti-va, pagando de 150 a 200 reaispor contratado, que empresascontratem jovens para vagas quedeveriam ser ocupadas por umprofissional. O governo preferegarantir o lucro da burguesia,mesmo que isso custe o fim dajuventude de muitos jovens e odesemprego de seus pais.

Qualquer análise deste go-verno e suas propostas devem,antes de mais nada, passar pelofiltro da luta das classes. O go-verno Lula está mantendo to-dos os privilégios da classe do-

minante, sem que absoluta-mente nada de verdadeiro te-nha sido feito para o povo.

O “Fome Zero”, por exem-plo, é uma forma de colocar opovo a favor do governo, escon-dendo muita sujeira por baixo dospanos.Segundo Frei Beto, coor-denador de mobilização social doprograma, o “Fome Zero” deveser aplicado preferencialmenteonde Lula teve votações menosexpressivas. Isso é compra de vo-tos e não um programa para aca-bar com a fome.

É hora de abrir os olhos e vero que este governo tem feito. Éhora de parar de se esconder atrásdo discurso da esperança. En-quanto esta esperança suja exis-tir, o povo vai continuar mor-rendo, enquanto cruza os braçosesperando a ajuda de Lula e seusaliados.Vale lembrar que partedestes aliados sempre fizeramquestão de que as coisas conti-nuassem da forma como estão.E,agora, de repente, se tornarambons ou menos maus porque es-tão do lado da esperança.

Apoiar este governo já não émais ingenuidade.Trata-se,no mí-nimo, de oportunismo. E, então,vamos continuar acreditando noque este governo vem fazendo?

Aí estão as reformas univer-sitárias e trabalhistas deste gover-no sujo.É preciso combatê-las oucontinuaremos lubrificando asengrenagens do mercado comsangue brasileiro.

Esperança no PT:cadáver que sorri

02 - Opinião - Carlos F. 22.09.04 16:53 Page 1

Page 3: Jornal O Ponto - setembro de 2004

O PONTOBelo Horizonte – Setembro/2004

Editora e diagramadora da página: Aline de Castro

ECONOMIA 3

O governo entrega 6,6 bilhões de barris de petróleo e garante o lucro de empresas privadas

Governo leiloa reservas de petróleoFelipe Castanheira e

Luís Falconeri7º e 4º Períodos

O Governo Federal leiloou,em agosto, reservas estratégicasde petróleo e entregou para ocapital privado áreas onde se es-tima ter 6,6 bilhões de barris depetróleo, o equivalente à meta-de das reservas brasileiras. Des-sa forma,milhões de dólares queseriam gerados através de arre-cadações, deixam de ser investi-dos no bem estar social para ga-rantir o lucro de empresas pri-vadas. Este processo de entregade reservas vem acontecendodesde o governo FernandoHenrique Cardoso e se agravoudurante o Governo Lula.

Daniel Pedroso, superinten-dente da Agência Nacional doPetróleo (ANP), alega que “oBrasil encontra-se próximo deatingir a auto-suficiência na pro-dução de óleo, mas o atendi-mento às demandas futuras, emhorizones de 20 anos, dependede investimentos na exploraçãoatual”.Para ele, é necessário en-contrar mais campos de petró-leo e criar novas províncias pe-trolíferas. Leiloar blocos seriauma forma de atrair capital e“conhecer”os recursos existen-tes no Brasil para que sejam apli-cados no bem estar social. Pe-droso afirma que o contrato deconcessão de áreas é de risco.

Contrato de riscoPor outro lado, o diretor do

sindicato dos petroleiros de Mi-nas Gerais (Sindipetro – MG),Leopoldino Ferreira de Paula,dizque não se trata de contrato derisco porque parte dos blocos ofe-recidos no leilão,que correspon-de à 6ª Rodada de Licitações, fo-ram estudados pela Petrobrás.Eleacrescenta que “além da Petro-brás já ter prospectado essas áreas,o que garante a existência com-provada de óleo, foram escolhi-das áreas com baixo teor de en-xofre para o leilão”. Leopoldinoainda acrescenta que grande par-te do petróleo produzido no Bra-sil por empresas privadas é ex-portado,o que coloca em risco ameta de auto-suficiência.

Em 1995, FHC aprovou nocongresso uma lei que quebravao monopólio estatal de extraçãodo Petróleo.No ano de 1997 en-trou em vigor a lei 9478/97,chamada Lei Geral do Petróleo,que criava a Agencia Nacional doPetróleo (ANP).Um ano depoisa ANP deu a Petrobrás um pra-zo de três anos, que poderia seexpandir por mais dois,para quetoda as áreas pertencentes a esta-

tal fossem mapeadas e exploradas,caso contrário, a estatal deveriaentregar as áreas para a agência.APetrobrás, depois de “fracassar”,as devolveu entre 2001 e 2003.Ainda de acordo com o diretordo Sindipetro – MG,o prazo da-do pela ANP foi intencional-mente pequeno.

Segundo notícias publicadasno site da “Folha de São Paulo”,as principais áreas leiloadas pelaANP durante a 6ª rodada foramos chamados blocos azuis, áreascom possibilidades de encontrarpetróleo. Dos 914 blocos ofere-cidos, somente 154 foram com-prados pelas empresas.Áreas quese localizavam perto dos mares ouem locais de difícil acesso,por de-mandar maior investimento, fo-ram descartadas e só foram com-prados blocos com incidênciacomprovada de hidrocarbonetos.

Dos 107 blocos arrematadospela Petrobrás, 52 foram com-prados em parcerias com empre-sas privadas. O dinheiro que se-ria arrecadado pelos cofres pú-blicos via Petrobrás será minima-mente recolhido pelos impostossobre a exportação do petróleo.Segundo o economista CésarBenjamin,em matéria sobre o te-ma na revista “Caros Amigos”,es-tes “trocados” serão cuidadosa-mente repassados pelo ministroPalocci aos bancos internacionais.

O governo ignorou os ape-los feitos no Brasil.A FederaçãoÚnica dos Petroleiros (FUP) temse manifestado contra as privati-zações no setor. Desde que to-mou conhecimento da data naqual seria realizada a 6ª rodadade licitações, a Federação reali-zou uma campanha publicitáriacom abrangência nacional paraimpedir o leilão da ANP e pro-por um plebiscito. O vídeo te-ma da campanha foi veiculadoem vários canais de TV.Além dedebates com representantes dogoverno, da ANP e com líderesdo PT, um documento quequestiona o leilão foi preparadoem parceria com o Departa-mento Intersindical de Estatísti-ca e Estudos Sócio-Econômicos(DIEESE).Com dados forneci-dos pela ANP e pelo ConselhoNacional de Políticas Energéti-cas (CNPE), o documento de-nunciava o perigo de vender osblocos para multinacionais e foiencaminhado às mãos do minis-tro chefe da Casa Civil, José Dir-ceu que disse ser de responsabi-lidade da ANP a realização doleilão, se eximindo de qualquerresponsabilidade.A FUP tam-bém entrou com uma ação ju-dicial contra os leilões na qualnão obteve sucesso.

Segundo o site da FUP, nodia 17 de agosto,“os petrolei-ros realizaram paralisações eatrasos de mais de duas horasno expediente, além de atos emanifestações em frente às uni-dades da Petrobrás nas duasprincipais capitais do país”.Ainda de acordo com o site, noRio de Janeiro 600 pessoas par-ticiparam das manifestações or-ganizadas pelos sindicatos dospetroleiros.

A Petrobrás investiu alto emáreas que, por imposição da Leido Petróleo, foram retiradas deseu poder.A conclusão a que sepode chegar é que o GovernoFederal, através da empresa es-tatal, preparou o terreno paraque as empresas privadas não ti-vessem dificuldades. Segundo ossindicalistas, as conseqüências dasprivatizações para os trabalha-dores são desastrosas. Há riscosde demissão em massa e dimi-nuição dos salários dos petrolei-

ros, o que configura intensifica-ção da concentração de renda.

Mesmo que as empresas àsquais os blocos são concedidospaguem royalties, as arrecada-ções que elas obtêm são supe-riores, pois, elas conseguem pa-gar royalties, comprar áreas ofe-recidas pelo governo e aindaalcançam lucro extraordinário.

Em 2003 a Petrobrás reco-lheu 30 bilhões para os cofrespúblicos, montante superior aarrecadação feita sobre todo osetor bancário.

Com as licitações, a produ-ção simultânea de petróleo se-rá ampliada, de fato. Isso con-seqüentemente gerará umamaior arrecadação com im-postos durante o tempo emque as províncias petrolíferasestiverem em atividade. Porém,estaremos esgotando o petró-leo mais rapidamente e, aomesmo tempo, aumentando adisparidade social.

FUP protesta contravenda de lotes petrolíferos

Elisa Magalhães6º período

De acordo com dados daAgência Internacional de Ener-gia (AIE),é possível verificar que,grande parte dos países indus-trializados ou em processo de de-senvolvimento, aumenta pro-gressivamente sua dependênciapelo petróleo importado.

Ao contrário dos EstadosUnidos e da Rússia, que são, aomesmo tempo, grandes produ-tores e grandes consumidores,as demais áreas produtoras se si-tuam em regiões subdesenvol-vidas, como Venezuela,África doNorte e Oriente Médio.Outrosgrandes consumidores se loca-lizam em países industrializados,que não têm produção relevan-te de petróleo.

Outro fator importante é ainfluência político-econômicada Organização dos Países Ex-portadores de Petróleo (Opep),que determina o aumento ouredução dos preços do produtonuma determinada época, in-fluenciando diretamente a eco-nomia dos países que dependemdo petróleo.A previsão é de queo cartel eleve sua cota de pro-dução em 1 milhão de barris pordia a partir do 1º de novembrocomo tentativa de conter o au-mento de preços.

A degradação dos poços e aausência de explorações em ou-tras regiões significam, na práti-ca,que os consumidores não vãopoder contar nos próximos anoscom outros países que não os in-tegrantes da OPEP,para atendera crescente demanda.

Blocos 27 23 53 54 908 913

licitados

Blocos 12 21 34 21 101 154

concedidos

Arrecadação 322 468 595 92 27 665

(milhões R$)

Round 1 Round 2 Round 3 Round 4 Round 5 Round 6(1999) (2000) (2001) (2002) (2003) (2004)

O presidente Lula segue o neoliberalismo de FHC e entrega reservas de petróleo às empresas privadas

Arquivo O Ponto

Opep determinadesenvolvimentode países

03 - Economia - Aline de Castro 22.09.04 16:53 Page 1

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O PONTOBelo Horizonte – Setembro/2004

Editora e diagramadora da página: Ana Maria Caixeta

4 CIDADEControle de tráfego é implantadoMotoristas de Belo Horizonte confundem radares com sensores de monitoramento do trânsito

Julia Chaves7º período

A BHtrans, empresa de trân-sito de Belo Horizonte come-çou a implantar em 2002 ocontrole Inteligente de Tráfego,CIT, nos principais corredoresda cidade. O sistema visa oti-mizar e monitorar o fluxo deveículos da capital.

A confusão que os usuáriosfazem em relação aos radares esensores de monitoramento vaiacabar quando o CIT se efeti-var completamente.

O sistema faz o acompa-nhamento do fluxo de veícu-los e do tempo de permanên-cia dos carros nos semáforos.Com a implantação do CIT, es-tima-se uma redução em 26%no tempo que o motorista fi-ca parado devido à obrigato-riedade do fechamento do si-nal, além de contribuir para aredução de acidentes, da po-luição atmosférica e sonora. Deacordo com a BHtrans, esse sis-tema de controle vai propor-cionar uma economia do tem-po gasto com o trânsito e tam-bém de combustível.

Uma das questões em evi-dência é a desinformação, so-bre o sistema, que gera confu-sões aos usuários. Mesmo comdois anos de projeto, os moto-ristas ainda não entendem oobjetivo do sistema.A jornalis-ta Mariana Toledo, 28 anos, dizque nunca ouviu falar do siste-ma.“Acho que falta divulgaçãoe informações sobre os princi-pais objetivos do CIT”, recla-ma. Já o advogado Unelí Aran-tes, 56 anos, sabe sobre o siste-ma, mas ainda não entendemuito bem sua aplicabilidade.“Eu sei que é para controlar otrânsito, mas não entendo co-mo funciona”, diz o advogado.

Alexandre Meirelles, geren-te de semáforo da BHtrans, dizque o trânsito de Belo Hori-zonte enfrenta problemas quepodem ser solucionados com aimplantação do CIT.“Os mo-

toristas enfrentam problemascom a fluidez no trânsito noshorários de pico, na área cen-tral e nos principais cruzamen-tos e sofrem também com a se-gurança, principalmente, a dospedestres”, afirma Alexandre.Segundo o gerente, cerca de 70% das vítimas de acidentes notrânsito hoje são pedestres.“Otrânsito da capital está cada vezmais caótico e a situação e mui-to pior para nós que somos pe-detres, já que durante o horá-rio de pico os motoristas nãorespeitam as faixas de pedes-tres.” reclama o aposentadoCarlos Gama. O CIT vai con-tribuir para amenizar esse per-fil e proporcionar mais tran-quilidade à população.

Reclamações dos usuários Quanto às reclamações dos

usuários,Alexandre afirma que“são situações inerentes à pró-pria transição em que o sistemavem passando atualmente, masisso já está sendo corrigido demaneira que, em pouco tempo,o usuário não vai mais percebero problema”. Relembra tam-bém que o principal objetivodo sistema é melhorar a circu-lação do fluxo dos veículos co-mo também a própria seguran-ça dos pedestre nos cruzamen-tos que possuem semáforos.Co-mo consequência deste novoprocesso haverá uma melhorasignificativa da gestão do trân-sito na capital mineira.

O gerente complementaque os sensores que estão sen-do implantados no pavimentosão semelhantes aos sensoresutilizados pelo radar apenas nasua forma, mas o princípio deoperação que é aplicado se di-ferencia do outro. Isso se deveao fato de que os sensores res-ponsáveis pelo levantamento deveículos são instalados por fai-xa. E nos caso dos radares, sãoutilizados sensores que são res-ponsáveis por medir a veloci-dade dos automóveis que tra-fegam no local.

O sistema se divide em qua-tro subsistemas, que se integrame operam de forma conjunta.O primeiro é o controle cen-tralizado de semáforos, em queum computador central operaos sinais de trânsito, permitin-do o monitoramento de 263cruzamentos. O segundo é opróprio monitoramento dotrânsito, que permite o aciona-mento de alarmes de conges-tionamento. O terceiro é o cir-cuito fechado de televisão, quecontrola 20 câmeras instaladasem locais estratégicos da regiãocentral, permitindo o acom-panhamento visual do tráfego.O último subsistema é com-posto por dez painéis de men-

sagens variáveis que irão trans-mitir aos motoristas informa-ções sobre caminhos alternati-vos, ocorrência de acidentes,congestionamentos e, inclusi-ve, mensagens educativas.

O custo da implantação doCIT é de R$ 35 milhões sen-do que a maior parte são re-cursos obtidos do governo fe-deral através da CompanhiaBrasileira de Trens Urbanos.Outra parte da verba é peloBanco Mundial. A prefeituratem uma participação de R$ 3milhões para implantar umCentro de Controle e um Sis-tema de Comunicação que in-terligará cada um dos elemen-tos do CIT.

Sala de monitoramento do tráfego da capital onde o CIT opera através de um moderno sistema de câmeras

O que é e como funcionarealmente o sistema CIT

O principal benefício queo CIT irá proporcionar, não sóaos usuários é uma redução notempo de permanência nos se-máforos. O gerente Alexandrediz que isso se deve ao fato daprogramação de tempo dos se-máforos serem reajustados deforma mais dinâmica em fun-ção do número de veículos quepassa, a cada instante, na via. Epara os pedestres, a utilizaçãoda botoeira que eles utilizampra acionar o semáforo e assimter sua passagem livre para tra-vessia.

O sistema vai monitorar to-da a Avenida do Contorno e oscorredores próximos como aAvenida Nossa Senhora do Car-

mo,Avenida Prudente de Mo-rais,Avenida Amazonas,Aveni-da Afonso Pena,Avenida RajaGabáglia, ruas Pouso Alegre eConde de Linhares.

O sistema deverá trazermaior agilidade operacional nocontrole dos semáforos, despa-cho de viaturas, socorro, polí-cia e outros serviços, além dapossibilidade de um pronto for-necimento de informações aosusuários sobre as condições detráfego, através dos painéis demensagens variáveis. Com auma melhor circulação do flu-xo dos veículos, Belo Hori-zonte terá uma melhoria signi-ficativa na qualidade do trânsi-to e na segurança.

Benefícios e áreas deatuação do sistema

Casa Novella é premiadapela Fundação Abrinq

Aline Santos Ferreira e Daniela de Lima Venâncio

4º período

A Casa Novella, uma insti-tuição sem fins lucrativos situa-da em Belo Horizonte,que aco-lhe crianças de zero a seis anosque se encontram em situação derisco pessoal ou social, ganhouem agosto o prêmio da Funda-ção Abrinq pelo projeto “Pre-venção do Abandono,Acolhidae Reinserção Familiar da Crian-ça em Situação de Risco”.A ca-sa recebeu o prêmio que é con-cedido de dois em dois anos nacategoria Convivência Familiar.O principal objetivo desta insti-tuição é dar apoio psicológico,tratamento de saúde e um larprovisório para crianças que nãoestão, atualmente, em condiçõesde permanecerem em suas casas.A família também recebe umaajuda psicossocial para estar aptaa receber novamente a criança.

A partir da observação decrianças que freqüentavam ascreches Jardim Felicidade, DoraRibeiro e Etelvina Caetano deJesus e o Centro Sócio-educati-vo Alvorada, voluntários perce-beram a necessidade da criaçãode uma instituição de acolhidaque ajudaria crianças e famíliasque precisavam de apoio paraproblemas como abandono,des-nutrição infantil e violência do-

méstica.A primeira Casa Novellafoi fundada em 2001 e funcio-nava no bairro 1º de Maio, massua estrutura não permitia a aco-lhida de crianças em tempo in-tegral.Atualmente ela está loca-lizada no bairro Jardim Felicida-de e acolhe, durante 24 horas,cerca de dez crianças.Estas vêmprincipalmente das regiões Nor-te e Nordeste e permanecem nainstituição num período médiode seis a oito meses.

Segundo Maria das GraçasNunes uma das idealizadoras doprojeto, a filosofia da casa é “aco-lher é abraçar a pessoa, com to-das as suas necessidades, e acom-panhá-la neste caminho”. Se-guindo essa linha de pensamen-to a Casa Novella cuida dos me-nores e de suas famílias e, em se-guida, promove sua reinserçãono seu convívio familiar. São ra-ros os casos que não são bem su-cedidos, pois em 84% dos casoso contato consegue ser restabe-lecido.A Casa acolhe criançasencaminhadas pelo Juizado daCriança e da Juventude e peloConselho Tutelar. Quando nãoé possível a volta para casa cabea estes órgãos encaminhar acriança para a adoção.

A Abrinq é uma fundação“amiga da criança”, sem fins lu-crativos, que visa defender a ci-dadania e os direitos das crian-ças e dos adolescentes.

Formada há seis meses emComunicação Social pelo Po-litécnico di Milano – Design eComunicazione, Piera Natal-licchio, ficará em Belo Hori-zonte durante dois meses paratrabalhar na área de comunica-ção da instituição Casa Novella da ca-pital mineira.

Custeadapelo movi-mento católi-co Comu-nhão e Liber-tação, que sur-giu na Itáliahá mais de 48anos e hoje seestende pordiversos paí-ses, Piera estátendo a opor-tunidade deconhecer edesenvolvertrabalhos atra-vés de projetos sociais e tam-bém conviver com criançasque nescessitam de amparo eapoio emocional. “Eu semprequis trabalhar e me envolvercom o social e acho que essetipo de trabalho é muito gra-tificante pois além da ajuda aopróximo também podemosaprender muito com essas pes-soas, é uma troca” – diz Piera.

Mesmo sem saber comple-tamente o português, quandochegou a Belo Horizonte, Pie-ra confessou que a comunica-ção se estabeleceu rapidamen-te, e que com as crianças o diá-logo e a compreeensão come-çaram com gestos de carinho

e brincadeiras,somente de-pois de algumtempo com aconvivência éque as pala-vras surgirampara fortaleceressa relação.

Oapoio dos vo-luntários é ex-tremamentenecessário ede fundamen-tal importân-cia para queeste tipo deinstituição, de

caráter não governamental.A Casa Novella não possui

recursos suficientes para fazero pagamento de muitos de seusfuncionários.

Os interessados em contribuire ajudar a Casa Novella de BeloHorizonte, poderão entrar emcontato através do site: www.ca-sanovella.com.br ou pelo [email protected].

Estrangeira apóiaprojeto social deMinas Gerais

“Eu semprequis trabalhare me envolvercom projetossociais e achoque esse tipode trabalho émuitogratificante”

Piera Natallicchio - designer

Voluntária cuida de crianças com problemas familiares

Ronan Munhoz

João Paulo da Pieve

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O PONTOBelo Horizonte – Setembro/2004

Editora e diagramadora da página: Elisa Magalhães

CIDADE 5Pampulha pode sofrer com projetoGoverno quer viabilizar projeto de lei na Pampulha mas moradores temem as consequências

Moradores denunciam descaso da prefeitura

Fernanda Melo4º Período

O Programa de Recupera-ção e Desenvolvimento da Ba-cia da Pampulha, que tramita nacâmara em fase de redação final,gera polêmica quanto ao futuroda região.De autoria dos verea-dores César Masci (PTN) eHenrique Braga (PSDB),o pro-jeto de lei 1659/04 aprovado naCâmara Municipal em segundoturno,propõe a flexibilização douso do solo de Áreas de Dire-trizes Especiais (ADEs) da Ba-cia da Pampulha e Trevo, com-posta pelos bairros Braúnas,En-seadas das Garças,Trevo e partedos bairros Nova Pampulha,Xangrilá e Céu Azul.

Na ADE Pampulha haverá apossibilidade de instalação deáreas comerciais como redes dealimentação, cinemas, teatros,casas de shows, bingos, hotéis,agências de viagens, academias,entre outros. Já na ADE Trevo,a proposta autoriza a constru-ção de até 12 unidades habita-cionais em um lote de mil me-tros, permitindo edificações deaté 12 metros. Continuam ve-tadas as atividades comerciaisnos bairros Bandeirantes e SãoLuiz.

ElaboraçãoSegundo os autores, o pro-

jeto foi elaborado a partir dasdeliberações da 2ª ConferênciaMunicipal de Política Urbanade 2002, onde foi discutido odesejo de referendar a Pampu-lha como Pólo Turístico, regu-lamentando as atividades co-merciais. “Com este projeto aregião poderá se transformarauto-sustentável a partir dosempregos gerados e do au-mento na arrecadação de im-postos com o incremento docomércio e do turismo”, afir-ma o vereador César Masci. Deacordo com ele, a proposta te-ria sido discutida com repre-sentantes de diversas associaçõesde bairros da região. O projetotambém tem como objetivo oassentamento de moradores de-sapropriados em lotes vagos naregião do Trevo.“Isto trará umequilíbrio, pois a cidade cres-ceu muito para a região cen-tro-sul nos últimos anos”, es-clarece o vereador.

DesconfiançaMuitos moradores ainda es-

tão apreensivos com a possibi-lidade de ter a paisagem drasti-camente modificada pela cons-trução de prédios, o que oca-sionaria uma verticalização daPampulha, acentuando aindamais o processo de poluição,não só das nascentes mas tam-bém visual. Outro fator preo-cupante são os impactos am-bientais que podem ser geradosa partir da aprovação do proje-to.Além de prejudicar os mo-radores, isso possivelmente des-valorizaria conhecidas atraçõesturísticas como os painéis dePortinari, os jardins de BurleMarx, as esculturas de Ceschiattie José Pedrosa.

Entretanto, a líder do pre-feito na Câmara Municipal, ve-readora Neuza Santos (PT), as-segurou que, nas áreas de nas-centes, não serão autorizadasconstruções e negou que oprojeto vá verticalizar a região.“O projeto incentiva constru-ções apenas nas áreas onde épossível flexibilizar o uso dosolo”, alega.

SoluçõesO secretário da Regional

Pampulha Flávio Carsalate afir-ma que o projeto possui estudosde impactos ambientais e queprevê a criação de um novo sis-tema de saneamento que visaatender a toda a região.“A Pam-pulha irá receber um númeromaior de visitantes.Por esse mo-tivo, a região precisa estar pre-parada, com a devida infra-es-trutura. A prefeitura está traba-lhando na recuperação das águasdos principais córregos”. Deacordo com ele, uma estação detratamento já está em funciona-mento e outra deve ficar pron-ta até o final do ano.

O secretário disse ainda quedeve haver um pequeno au-mento no tráfego da região,mas que existem planos paramudar o curso nas principaisvias de acesso ao bairro, sem anecessidade de duplicá-las. Opresidente da associação dosmoradores do bairro Trevo,Pau-lo Lima, afirma que os mora-dores não são contra o desen-volvimento desde que haja umainfra-estrutura correspondenteàs necessidades da região.

Proposta de flexibilidade édebate constante nos jornais

Vários artigos foram publi-cados em defesa da Pampulhadesde que o projeto de flexibi-lização começou a ser discuti-do, em junho, na Câmara Mu-nicipal de Belo Horizonte.

Antônio Álvares da Silva,professor de direito da UFMG,faz referência à inexistência desaneamento na Pampulha, emum artigo publicado no dia 22de junho no jornal ‘Hoje emDia’.“A população já sofre coma poluição sonora, ambiental ecom construções irregulares,imagine na hora em que tudoestiver liberado? A balbúrdia se-

rá institucionalizada”, protesta.Álvares alega ainda a existênciade interesses econômicos e co-merciais escondidos sob a des-culpa de desenvolvimento eprogresso do local. Frei Betotambém se manifestou contra oprojeto em um artigo publica-do no ‘Estado de Minas’ no dia22 de julho.“Nada caracterizatanto a cidade quanto a Pampu-lha,uma obra de céu aberto, ins-pirada por JK, assinada por Os-car Niemeyer. É uma área depreservação ambiental e estátombada pelo Patrimônio His-tórico Nacional”, lembra.

Niemeyer também expressousua preocupação quanto às pos-síveis mudanças na região daPampulha, no “Diário da Tarde”de 10/07/04.“Vou mandar umacarta ao Instituto do PatrimônioHistórico e Artístico Nacionalexpondo meu ponto de vista,queé contrário a este tipo de inter-venção em área que é tombada”.

Já o vereador Antônio Pi-nheiro, que atua como oposiçãoa esta proposta na câmara muni-cipal, não acredita na eficácia doprojeto e diz que o plano podeacabar ofuscando o que a popu-lação tem de mais atraente em

Belo Horizonte em termos tu-rísticos,e afetar um dos mais im-portantes cartões postais da cida-de,além disso, trará uma perda naqualidade de vida dos moradoresem algumas áreas.

Já o presidente da associaçãodos moradores do bairro Trevo,Paulo Lima, acredita que, é pre-ciso fazer um estudo detalhadodas propostas do projeto, alémde uma análise dos impactosambientais.“Não há aparato fis-cal e muito menos recursos pa-ra a construção de uma infra-es-trutura eficaz e segura de ma-neira tão rápida”, alerta.

A população da Pampulha jáse mobiliza para que o projetonão seja executado.A última reu-nião aconteceu no dia 29 deagosto e contou com a presençade moradores do trevo,entre elesJosé Otavio,que se mostrou in-satisfeito.“Essa lei vai permitir aconstrução de prédios, desvalo-rizando as casas que levamos anospara conseguir terminar dentrodos padrões”, desabafa.

Foi enviada ao prefeito,no dia19 de julho,uma carta de mani-festação contrária ao projeto,quevisa analisar e discutir sua viabi-lidade.A carta é assinada por as-sociações dos bairros da região.

No dia 27 de junho houveuma manifestação na orla, naqual pessoas protestaram emfrente à casa do vereador CésarMasci (PTN),acusado pelos ma-nifestantes de ter agredido omorador Mauricio Impelizieridurante o protesto. O vereadorfoi procurado para comentar oincidente mas não se manifes-tou.De acordo com a morado-ra do bairro Trevo,Eunice Tava-res, a população pretende orga-nizar novas ações contrárias àaprovação do projeto.

Moradores da região daPampulha alegam que váriosproblemas ainda não foram so-lucionados pela prefeitura, co-mo a questão do despejo deentulhos nas nascentes, a faltade segurança, a inexistência deum sistema de saneamento su-ficiente e a ineficiência dotransporte na região. Morado-res ainda denunciam a perma-nencia de bares e supermerca-dos em lugares indevidos naADE Trevo, o que não é per-mitido por lei. Há ainda cons-truções irregulares que não se-guem os padrões estabelecidosna lei. Os moradores afirmamque a prefeitura não exerceuma fiscalização regular sobreas construções.

Na ADE Trevo, que com-preende os bairros Braúnas,Enseadas das Garças,Trevo eparte dos bairros Nova Pam-pulha, Xangrilá e Céu Azul,há várias irregularidades, co-mo a existência de um depó-sito de construção próximo auma nascente. “Já acionamosa prefeitura e não obtivemosfiscalização. Há várias cons-truções de casas irregulares efora dos padrões urbanísticospermitidos e previstos pela

lei”, denuncia a engenheiracivil Eunice Tavares, morado-ra do bairro Trevo.“A infra-es-trutura na região é questiona-da há anos e a prefeitura só sa-be prometer soluções. Não hácomo suportar a ocupação e ocomércio que estão propondo.A lagoa da Pampulha não estápreparada para receber a quan-tidade de água e esgoto que se-rá gerada a partir da constru-ção de mais casas e aparta-mentos, provocando sérios im-pactos em toda a região daPampulha”, alerta.

LoteamentosExistem ainda, na região do

Trevo, loteamentos de cons-trutoras próximos a nascentes,contrariando a declaração dalíder do PT na Câmara, verea-dora Neuza Santos, de que nãoseriam construídos prédios emáreas de preservação. Isto agra-va ainda mais a preocupaçãodos moradores que alegam queo projeto não condiz com opensamento e as necessidadesda população, ao contrário doque afirma a prefeitura. “Nãoconheço ninguém daqui da re-gião que tenha sido convoca-do para as reuniões realizadas

para discutir o assunto. Esteprojeto precisa ser analisadocom muito cuidado. Um pro-jeto parecido já foi levado àprefeitura e vetado no passadopelo então prefeito, Célio deCastro”, lembra Sérgio Barbo-za, morador do bairro Trevo,preocupado com as conse-quências que o plano pode tra-zer, caso seja executado.

O presidente da associaçãodos moradores do bairro Tre-vo, Paulo Lima, afirma “Ocharme da Pampulha está nasua tranqüilidade e simplicida-de. É um dos últtimos lugaresonde podemos ter tranquili-dade em meio à agitação dametrópole. É uma utopia acre-ditar que esse projeto trará de-senvolvimento. Acredito queele pode aumentar ainda maisa criminalidade, o fluxo de car-ros e a degradação local. Issotudo pode ocasionar uma per-da da qualidade de vida dosmoradores, bem como umadesvalorização das atrações tu-rísticas da região. Não há re-cursos para viabilizar isso”,alerta Paulo. De acordo comele os moradores aguardamuma convocação da prefeiturapara discutir o assunto. Depósito ilegal no bairro Trevo, região norte da capital

Arquivo O Ponto

Fernanda Melo

Moradores da Pampulha criticam o projeto e temem mudaças nos padrões urbanísticos da região

Associações debairro manifestamcontra o projeto

05 - Cidade - Elisa Magalhães 22.09.04 16:54 Page 1

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O PONTOBelo Horizonte – Setembro/2004

Editora e diagramadora da página: Déborah Lane

6 AMBIENTEGoverno promete acabar com lixõesApenas 50% das cidades mineiras enviaram documentação para o licenciamento dos aterros

Fernanda Melo4º Período

O prazo para o fim dos lixõesem Minas Gerais foi prorrogadoaté dezembro de 2005. Os mu-nicípios com até 50 mil habi-tantes terão que implantar o ater-ro sanitário para dar um trata-mento adequado ao lixo. Masapenas 50% das cidades minei-ras enviaram documentação pa-ra o licenciamento dos aterros.

A área escolhida para a cons-trução deve ter uma distânciamínima de 300 metros de cur-sos d’água e de 500 metros denúcleos populacionais, estar lo-calizada fora das margens de es-trada, de erosões e de áreas depreservação permanente, e emsolo ou rocha de baixa permea-bilidade. Será exigida a implan-tação de sistema de drenagempluvial em todo o terreno, sobsupervisionamento de um téc-nico responsável.A expectativaé que em três anos Minas pos-sua 50 aterros sanitários em ope-ração, licenciados pelo Conse-lho Estadual de Política Am-biental, Copam.

As normas do Copam, têmcomo objetivo amenizar os im-pactos ambientais das constru-ções, além de diminuir os riscosde proliferação de doenças. Se-gundo a Fundação Estadual doMeio Ambiente (Feam), umbom local escolhido para o ater-ro deve ser sob solo de baixapermeabilidade e declividade ecom boa condição de acesso.

Belo Horizonte possui umacentral de Tratamento de resí-duos sólidos, localizada na BR-040.A central, inaugurada em1975, recebe diariamente cercade 4,25 mil toneladas de lixo

através do despejo de 700 ca-minhões.Os principais resíduosdestinados ao aterro sanitárioprovêm da construção civil, docomércio e de residências. Osmetais, papéis, plásticos e vidrossão destinados à reciclagem.

Na central da Br-040 há aUnidade de Compostagem,quetransforma os produtos de poda,capina, resíduos de sacolões, fei-ras, supermercados e restauran-tes em composto orgânico. Exis-te ainda uma Unidade de Edu-cação Ambiental no local quetem como objetivo ampliar asdiscussões sobre a preservação domeio ambiente e levar à popu-lação informações sobre limpe-za urbana e os serviços prestadospela Secretaria de Limpeza Ur-bana (SLU). Ela disponibilizauma programação mensal decursos e oficinas educativas e re-cebe diariamente estudantes deescolas públicas e privadas.

Segundo a empresa Eco-press, várias prefeituras concor-dam com esta ação do Estado.“A Feam e o governo estão pa-cientes com as prefeituras quemostram interesse na criação deaterros.Não é um investimentobarato, só no nosso projeto gas-tamos R$70 mil.” Conta o se-cretário de serviços urbanos deUbá, Zona da Mata.

As prefeituras que não cum-prirem a determinação do Co-pam estarão sujeitas às penalida-des previstas na legislação am-biental.De acordo com Funda-ção Estadual do Meio Ambien-te, a disposição inaquada do li-xo é um dos principais proble-mas ambientais do Estado, poiscausa poluição do solo,das águase do ar, além de prejudicar a saú-de das pessoas.

Aterro sanitário de Belo Horizonte, que está com seu período de vida útil superado, já não pode mais funcionar

Rafael Mendonça

Empresas privadas atuam em aterrosFernanda Melo

4º Período

A Copasa tem mostrado in-teresse em investir na área de co-leta e tratamento de lixo a par-tir da aprovação da Lei 13.663,que permite que a empresa am-plie sua atuação no campo desaneamento básico.A propostaestuda as formas de cobrança ede contratação deste serviço.72% das prefeituras onde a Co-pasa atua demonstram interesse

em transferir os serviços de co-leta para a companhia.

Algumas empresas privadasatuam nesta área, como é o ca-so da Construtora QueirozGalvão. A empresa está nessesegmento de resíduos sólidosdesde 1995. Ela administra aCentral de Resíduos Vale doAço, localizada no municípiode Santana do Paraíso, e prestaserviços também à Ipatinga. Se-gundo a assessoria da constru-tora, existem planos para a

construção de um empreendi-mento deste porte em BeloHorizontes. De acordo comtécnicos da Queiroz Galvão, oaterro sanitário é a melhor emais barata tecnologia para adestinação dos resíduos.

A empresa admite a necessi-dade da construção de drena-gem de efluentes líquidos e acaptação dos gases gerados pelolixo. A queima desses gases éaproveitada na geração de ener-gia elétrica.

De acordo com Lélis Antô-nio, engenheiro da construto-ra, as dificuldades para a con-trução de aterros são encontraruma área adequada, conscien-tizar a população que morapróximo ao local e enfrentar aburocracia para a obtenção daslicenças ambientais. Lélis res-salta que a vantagem para asprefeituras em relação à inicia-tiva privada está ligada à ques-tão financeira, já que as empre-sas têm mais a investir.

PBH recebe ajuda de carroceirosFernanda Abras

4º Período

Técnicos da Secretaria deLimpeza Urbana( SLU) juntoàs comunidades já reduziramem 100 mil toneladas a quan-tidade anual de entulhos des-pejados nos aterros.

A elevada quantidade dedeposições clandestinas, com aconseqüente degradação am-biental urbana, levou a SLU, res-ponsável pela coleta e trata-mento dos resíduos sólidos domunicípio, a desenvolver, desde1993, o Programa de Correçãodas Deposições Clandestinas eReciclagem do Entulho.A ini-ciativa, além de prevenir o as-soreamento dos córregos e a in-cidência de vetores transmisso-res de doenças, introduz um no-vo material com grande poten-cialidade de uso, transforman-do o entulho novamente emmatéria-prima.

A Prefeitura de Belo Hori-zonte (PBH) constatou a exis-tência de um grupo de traba-lhadores – os carroceiros – queatuam paralelamente às em-presas especializadas na coletade entulho. Esse tipo de traba-lho ajuda a minimizar a gera-ção e a promover a correta des-tinação de resíduos. A partirdessa constatação, a SLU, emparceria com a Escola de Vete-rinária da Universidade Fede-ral de Minas Gerais (UFMG) ecom a BHTrans, incorporou,em 1997, esses trabalhadores aoprograma, cadastrando-os, em-placando as carroças utilizadase oferecendo assistência vete-rinária aos cavalos.

Segundo o responsável peloprograma, Marcílio RezendeSantos, o primeiro passo foi, em1993, contratar uma consulto-ria para fazer um diagnóstico das

áreas de deposições clandestinas.Foram encontrados 134 pontos,com o despejo de 425 metroscúbicos por dia, volume equi-valente a 107 caminhões.Dessetotal, aproximadamente 50%eram constituídos de resíduos daconstrução civil.A partir disso,a PBH começou a realizar umconjunto de ações, que se de-senvolveram em dois sentidos:na reciclagem do entulho e naprevenção do problema com adiminuição da quantidade de re-síduos e a garantia da deposiçãoem locais adequados.O progra-ma é composto por uma rede deUnidades de Recebimento dePequenos Volumes (URVP),on-de os carroceiros e a populaçãoem geral podem depositar, gra-tuitamente, até dois metros cú-bicos de resíduos por dia.Alémdessas unidades, existem duasUsinas de Reciclagem, no Es-toril e na Pampulha.O entulhoreciclável é levado para essas usi-nas e os demais resíduos são de-positados nos aterros sanitáriose bota-fora credenciados.

Para os carroceiros, trabalha-dores informais que atuam nomeio urbano alugando a forçade um animal de tração para otransporte de materiais diversos,esse programa ajudou muito otrabalho. Em geral, eles fazemtanto o carreto (serviço de trans-porte de materiais de constru-ção) quanto o recolhimento e otransporte de resíduos. O car-roceiro José Mario da Silva querecolhe lixo dos bota-fora afir-ma que o programa ajuda a to-dos. “ Com esse programa euconsigo tirar dinheiro para sus-tentar meus cinco filhos, as ruasficam bem mais limpas e as pes-soas reclamam menos.Além dis-so, tenho o meu trabalho reco-nhecido e até admirado”,decla-ra José Mário da Silva.

Luiz Ciro

Em Sabará, arealidade dosentulhos é outra

Carolina Rabelo6º Período

Moradores da localidade deGeneral Carneiro, distrito deSabará, 441 quilômetros dis-tante de Belo Horizonte, denunciam o despejo de entulhoàs margens do Rio Arrudas. Olocal mais afetado é a área co-nhecida como Campo do Mar-zagão. O entulho é derramadopróximo aos barrancos e em-purrado em direção ao ribei-rão. Além disso, também é pos-sível constatar que são feitosbota-fora devido as marcas dospneus de caminhões e tratoresdeixadas no local.

Segundo Ronaldo Moraes,morador de General Carneiro,não há uma fiscalização efi-ciente no local e que váriosmoradores já fizeram denún-cias sem nenhum resultado.“Eu mesmo já liguei denun-ciando, mas ninguém tomouatitude até agora, só dizem queo registro foi feito”, reclamaRonaldo Moraes.

De acordo com a legislaçãoambiental atual esse tipo de ati-vidade é ilegal. O artigo 140do decreto 11.601, de nove dejaneiro de 2004, proibe a utili-zação de margens de cursosde água para bota-fora em Be-lo Horizonte. Já em Sabará, oartigo 31 do decreto 258, deseis de março de 2002, permi-te a utilização do solo para es-se fim com prévia autorizaçãoda Secretaria Municipal doMeio Ambiente.

Segundo o secretário de ad-ministração regional da Prefei-tura de Sabará, José Borges, pa-ra solucionar o problema dosbota-fora é necessária uma açãoem conjunto com a Prefeiturade Belo Horizonte.

Fernanda Abras4º Período

O combate às deposições delixo clandestinas é feito por 140fiscais de limpeza urbana espa-lhados pela cidade. Há tambéma realização de blitz pela PBH,em parceria com as polícias Mi-litar e Ambiental, com o objeti-vo de conscientizar e sensibili-zar e comunidade, chamando aatenção de transportadores,construtores e população em ge-ral para a responsabilidade de to-dos na preservação do meio am-biente.

O responsável pelo progra-ma, Marcílio Resende, afirma

que o custo do programa é ele-vado, mas a contrapartida dessegasto está nos benefícios que ainiciativa traz para o municípioe na economia proporcionadapelo uso de material recicladoem obras públicas. O trabalhocontribui também para o au-mento da vida útil dos aterros.Outro resultado importante é avalorização do trabalho dos car-roceiros e a geração de renda.

As principais dificuldadesenfrentadas pelo programa se re-ferem à implantação das Unida-des de Recebimento de Peque-nos Volumes (URVP), pois de-pende da disponibilidade de es-paços públicos. Além disso, exis-

te a resistência por parte da po-pulação à possibilidade de terum “depósito de lixo” na vizi-nhança.

Para regulamentar a destina-ção dos resíduos da construçãocivil, o Conselho Nacional doMeio Ambiente (Conama)criou, em Julho de 2002, a re-solução nº 307, que estabelecediretrizes, critérios e procedi-mentos para a gestão resíduos,de forma a minimizar os im-pactos ambientais.Marcílio Re-zende destaca que o projeto daPBH é anterior a essa resoluçãoe que o mesmo recebeu prêmiospor servir de exemplo para a so-lução de problemas.

Caçambas utilizadas de forma irregular são encontradas freqüentemente na capital

Polícia auxilia fiscais

06 - Ambiente - Déborah Lane 22.09.04 16:55 Page 1

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O PONTOBelo Horizonte – Setembro/2004

Editor e diagramador da página: Carlos Fillipe Azevedo

EDUCAÇÃO 7Salão do livro: incentivo à leitura5º Salão do livro realizado na capital vira referência no país e se torna mais um lugar para a cultura

Rafael Werkema7º Período

O 5º Salão do Livro e En-contro de Literatura, promovi-do pela Secretaria Municipal daCultura em parceria com a Câ-mara Mineira do Livro (CML),transformou Belo Horizonte nacapital do livro entre os dias 12e 22 de agosto.

Mais de 120 mil pessoas vi-sitaram o salão, que teve entra-da gratuita e reuniu em 55 es-tandes as principais editoras deMinas e do país.Além dos des-contos nos preços dos livros, oevento teve uma programaçãocultural diversificada, com ofi-cinas, lançamentos de livros, ex-posições e saraus de poesias.

Segundo o presidente daCML e organizador do salão,Guilherme Machado Ribeiro,o objetivo do evento foi difun-dir o hábito da leitura.“A nos-sa proposta foi popularizar estehábito, oferecendo livros a pre-ços mais baixos”, explica.

Para o administrador SilvérioPrado, essa proposta é funda-mental para a cultura e educaçãoda população.“Os jovens não es-tão acostumados a ler e eventoscomo o salão ressaltam a impor-tância desse hábito”, afirma.

O estudante Túlio Atanázio,15, também acha que o evento éuma forma de incentivar a cul-tura,mas discorda em relação aosdescontos oferecidos.“A idéia éboa, mas os livros poderiam serainda mais baratos.No bairro on-de moro (Nova Gameleira, re-gião Oeste de BH), poucas pes-soas têm condição de comprar oslivros com os preços a que estãosendo vendidos aqui”, reclama.

O regulamento do 5º Salãodo Livro obrigou as editoras adarem um desconto mínimo de10%.Mas para livros que custamR$30,por exemplo, três reais dediferença ainda foi muito pouco.Mesmo assim, segundo Guilher-

me Ribeiro, o preço dos livrosfoi o que mais chamou a aten-ção das pessoas.Para a realizaçãodo 5º Salão do Livro, foram in-vestidos cerca de R$ 600 mil.

Referência em MinasGuilherme Ribeiro afirma

que o evento agora é uma refe-rência em Minas e está ganhan-do projeção no país.“A procu-ra de expositores que queremparticipar do salão do Livro deBelo Horizonte aumentou e is-so é reflexo do sucesso do even-to”, destaca Ribeiro. Mas, se-gundo ele, o que diferencia osalão de outros eventos literá-rios (como a Festa Literária In-ternacional de Paraty ou as bie-nais do Rio e São Paulo) é suaproposta de ser uma feira po-pular.“É claro que existe o la-do comercial, mas, ao mesmotempo, garantimos acesso à cul-tura, independentemente daclasse social. Por isso é aberto aopúblico”, reforça.

Participação InfantilO público infantil dominou

o salão do livro. Segundo a as-sessoria de imprensa do evento,diariamente, mais de cinco milestudantes, de escolas públicas eparticulares, passaram pelo salão.

Uma das atrações para opúblico infantil foi “A Hora doConto” que, segundo a conta-dora de história Rita de Cás-sia, reunia cerca de seiscentascrianças.“Elas brincaram, par-ticiparam e se divertiram”, con-ta Rita. Ela acha que os livrosde contos são mais uma formade incentivo da leitura para opúblico infantil.

O estudante Bruno Dorne-las, de 8 anos, já sabe da impor-tância da leitura. Ele adora ler epor isso comprou o livro ‘AsOlimpíadas dos Bandeirantes’.“Gosto de livros porque são in-teressantes e ajudam nas pesqui-sas da escola”, afirma.

Rafael Werkema7º Período

Além de proporcionar ofi-cinas e palestras, o 5º Salão doLivro de Minas Gerais foi umespaço para quem queria res-gatar parte do passado do país.A exposição ‘Todas as Letras’,de Heloísa Starling e PauloSchimidt, relatou, por meio defotos, publicidade e música, ahistória dos últimos 40 anos doBrasil.As três datas referenciaisforam o período de 1964 (datado Golpe Militar), 1984 (Cam-panha das Diretas) e 2004.

O artista plástico Paulo Schi-midt conta que a exposição rela-tou momentos que ainda estãopresentes na memória do país enos livros de história, o que fezcom que o 5º Salão e o Pavilhão

Brasil – ‘Abra as páginas desse li-vro’ fossem conectados.“O Bra-sil está em uma espécie de divã,

onde a noção de democracia ain-da não está clara”, afirma.

Para a professora Elisabeth Al-ves,‘Todas as Letras’ foi uma boaforma de as pessoas reviverem ouconhecerem o passado por meiode imagens. Ela afirma ainda quea exposição ficaria ainda maiscompleta se trouxesse textos queaprofundassem o tema.

Schimidt lembra que a expo-sição não teve compromisso decontar a história completa do pe-ríodo,até mesmo porque acredi-ta ser esta uma tarefa impossível.“A exposição reuniu fragmentosde um período obscuro, em quea liberdade de imprensa era cer-ceada”, afirma.

A estudante de Belas ArtesLívia Gaudêncio,que participoudo evento, afirma que o espetá-culo atendeu a um público detodas as idades e de diferentescamadas sociais.

O estudante Bruno Dorneles descobre seu gosto pela leitura e exibe seu novo livro

Sérgio Roberto, coordenador do projeto ‘Cidadão Nota 10’

Analfabetismo noBrasil ainda persiste

Luana Siqueira e Rafael Barbosa

2º Periodo

Atualmente o analfabetismono Brasil atinge 33 milhões depessoas, sendo que metade nãoé capaz de ler nem escrever e aoutra metade assina o nome,masnão consegue ler e interpretartextos ou informações necessá-rias em seu cotidiano.

Neste ano o programa Bra-sil Alfabetizado passou por al-gumas alterações.Algumas delassão: a ampliação do período dealfabetização de seis para oitomeses, o aumento de 50% nosrecursos para formação dos al-fabetizadores, estabelecimentode um piso para bolsa do alfa-betizador e a ampliação do nú-mero de turmas.

O programa ainda contacom um investimento do go-verno federal de R$162 milhõese a meta é atingir mais de ummilhão de estudantes em todoterritório nacional.

Criado pelo Ministério daEducação em 2003, o progra-ma visa abolir o analfabetismono Brasil até o ano de 2006. Opúblico alvo são jovens e adul-tos que ainda não sabem lernem escrever. A metodologiautilizada busca garantir a efeti-va alfabetização possibilitandoampliar as práticas e o domínioda leitura, escrita e os conheci-mentos matemáticos necessá-rios no cotidiano da população.

A partir do programa ‘Bra-sil Alfabetizado’, o Governo es-tadual criou o projeto ‘Cida-dão Nota 10’, que tem comoobjetivo promover a organiza-ção de comunidades em tornodo Vale Jequitinhonha paracombater o analfabetismo naregião. O projeto também visapromover a inclusão social euma cidadania mais ativa.

Segundo Ségio Roberto,coordenador do projeto, o pro-grama visa alfabetizar jovens eadultos da região Norte e Nor-deste de Minas.

O programa espera aten-der 70 mil alunos junto a 2.800professores dos 188 municípios,até o final deste ano. Outramodificação é que os professo-res passarão a ter uma bolsa deR$120 mais R$ 7 por aluno.Se a freqüência mensal for de25 alunos (o máximo permiti-do) a bolsa será de R$ 295. Ameta do projeto é a inclusãosocial de todos os moradoresda região.

O programa Cidadão No-ta 10 tem por previsão, quatroanos de duração.

Falta espaçopara a literaturaem Minas

Apesar de toda a preocupa-ção com o lado cultural do 5º Sa-lão do Livro, escritores mineirosreclamam da falta de espaço pa-ra divulgação de seus trabalhos.

A poetisa Ana Elisa Ribeiroacha que o objetivo principal doevento foi a venda de livros.“Osalão poderia ser ideal para umadivulgação mais ampla da lite-ratura. Mas esse não foi o focoda feira”, acentua. Ana Elisa ain-da defende a idéia de que oevento poderia ter aberto maisdebates sobre o assunto.“O sa-lão teve pouca coisa para quemtem interesse em literatura equer discutir o tema”, finaliza.

Michel Mingoth, estudantede Letras da UFMG aponta o es-paço físico do Salão como exem-plo do desequilíbrio entre o ladocomercial e cultural do evento.“Basta ver que o espaço para acultura se resumiu à arena (localonde as atrações culturais acon-teceram), e que todo o resto foireservado para os estandes das edi-toras”, ironiza. Outro estudantede Letras, Júlio César do Carmo,também reclama do problema.“Os autores que não lançam li-vros com as grandes editoras têmdificuldade de vender suas obras,e o salão poderia ter dado essaoportunidade”, frisa.

Silvério Prado,administrador,também concorda que a capitalainda tem uma programação cul-tural insuficiente, e que o traba-lho do escritor precisa ser maisvalorizado.Mas ele vê o Salão doLivro como um ponto de parti-da para a difusão do hábito da lei-tura e da cultura.“O costume deler precisa ser cultivado em todaa cidade, principalmente nas pe-riferias da Grande Belo Hori-zonte”, comenta.

Exposição resgata e recortaparte da história política

Programa ‘Cidadão Nota 10’prevê mudanças de atuação

Rafael Amaral

Rafael Werkema

“ Todo mundose diverte com apeça que temseu conteúdopolítico, crítico,fazendo umgancho com ahistória doBrasil”

Lívia Gaudêncio- Estudante

Rafael Werkema

Cultura e história nacional tiveram espaço dedicado no 5º Salão do Livro

07 - Educação-Carlos f. 22.09.04 16:56 Page 1

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O PONTOBelo Horizonte – Setembro/2004

Editor e diagramador da página: Renata Quintão

8 POLÍTICA

João Vitor Viana6º período

A poucos dias das eleiçõesmunicipais que poderão de-finir o próximo prefeito deBelo Horizonte, os trêsprincipais candidatos,Fer-nando Pimentel (PT),João Leite (PSB) e Ro-berto Brant (PFL),estive-ram presentes ao TeatroPhoenix, na Fumec, nosdias 15, 16 e 17 de se-tembro, respectivamente.Os candidatos discursa-ram sobre seus objeti-vos políticos e reafir-maram as propostas decampanha, o que rei-terou a semelhança for-mal das candidaturas.Osestudantes escutaramatentamente os candida-tos que distinguiram, ape-nas superficialmente, suaspropostas de governo.

Acompanhado do depu-tado estadual Rogério Cor-rêa, Fernando Pimentel faloude seu mandato,dos feitos e doque ele pode melhorar, se elei-to.Dizendo fazer uma campanhasem críticas, positiva, sem ofensasa ninguém,Fernando Pimentel nãocomentou os resultados de pesquisaque o apontam como favorito avencer em primeiro turno.“Em respeito aos órgãosque fazem as pesquisase aos candidatos, sófalo da campanha”,afirmou. Sobresuas propostas,destacou a cria-ção de uma tari-fa reduzida paraos bairros Barrei-ro e Venda Nova,que deve ser in-troduzida aindaesse ano.“Essa ta-rifa menor seriacobrada em traje-tos mais curtos,dentro do própriobairro”, disse ocandidato do PT.O prefeito comen-tou ainda que issosó pode ser feitoagora, por causa daimplantação defini-tiva do BHbus.

PropostasJoão Leite, princi-pal adversário dePimentel nas elei-ções, disse quenunca se deve bri-gar com números.“Respeito as pes-quisas e a nossaparte é lutar emostrar as propos-tas que nós cons-truímos para gover-nar Belo Horizonte”.O candidato do PSB disse ainda que há umoutro empecilho que está sendo enfrentado: o dinheiro disponibi-lizado para a campanha do seu oponente,Fernando Pimentel.“Nósestamos enfrentando uma campanha milionária. Eu nunca vi umacampanha com tantos recursos”. Sobre suas propostas, João Leitedefende a formação de um novo transporte coletivo,que seria con-cluído em dois anos, inspirado no sistema adotado em Curi-tiba; um hospital só para mulheres; um governo transpa-rente; revitalização do centro da cidade; geração deempregos e redução do número de secretarias para 15.

Roberto Brant, deputado federal pelo PFL, afirmouque as pesquisas não estão apontando a realidade da in-tenção de voto das pessoas. Segundo o candidato, o re-sultado no dia da apuração será bem diferente do divulgado pelosórgãos de imprensa.“A maioria das pessoas ainda estão refletindo,amadurecendo sua escolha”, disse.“ O problema não é a má in-tenção,mas a incompeência”, completou.Brant pretende com umsistema viário especial, desviar rotas de tráfego no centro,“desafo-gando” o trânsito que piora muito no horário de “rush”.“Querocriar alternativas de trânsito que descongestionem o centro, que éum local de passagem, não é de convivência”, completou. Brant,assim como toda a oposição, não perdeu tempo e também criticoualgumas iniciativas que vêm sendo praticadas por Pimentel e peloGoverno Federal, por exemplo a disponibilização de verbas para o

metrô, algo que ronda R$ 20 mi-lhões anuais, e que, segundo o deputado, não se faz nem um me-tro de trilho com esse dinheiro.Diferenciando sua candidatura dosdemais, Brant afirmou que o candidato atual não pode fazer gran-des mudanças devido a seu partido estar há 12 anos no poder e JoãoLeite não possui experiência política. Brant ainda completou di-zendo que suas propostas e valores são diferentes dos outros.“Meconsidero muito diferenciado em relação aos outros candidatos,sem que isso signifique desqualificá-los, pelo contrário. Suas pro-postas englobam grandes obras para mudar o funcionamento da ci-dade, propõem novas políticas sociais, enfrentamento viril da vio-

lência, uma ação mais ativa emrelação ao desemprego e à es-tagnação econômica da cidade.O candidato finalizou dizendoque é contra a reeleição.“Osgovernantes acabam confun-dindo a campanha deles com aadministração, não sabem se-parar o cargo da candidatura.Isso é ruim para a democracia.Eu assino um compromisso quenão serei candidato à reeleiçãoem nenhuma hipótese. O can-didato que se elege e pensa nareeleição, consequentemente,deixa de pensar nos problemas dacidade”.

As eleições ocorrerão no diatrês de outubro,data em que a ca-pital conhecerá seu prefeito.

Secretarias causam discórdia

Enquanto o prefeito Fernan-do Pimentel afirma que só há 18secretarias na prefeitura, os outros

dois principais candidatos, João Lei-te e Roberto Brant discordam desse

número. Para Pimentel, os candidatosestão equivocados. “Só há 15 secreta-

rias e três cargos que todo o municípiotem, que são o de Procurador-Geral, o Au-

ditor-Chefe e Assessor-chefe de comunica-ção, é só saber fazer a conta. Os outros car-

gos que têm na prefeitura são de se-gundo escalão. São cargos que,

mesmo tendo o nome de se-cretarias, são secretarias te-

máticas que ganham me-nos e têm menos respon-sabilidades do que o pri-meiro escalão. Estes sãoos subsecretários, os su-perintendentes, os che-fes de departamento. Is-so é só uma questão denomenclatura”, salien-tou o candidato.

João Leite é incisivo naquestão de secretarias.“São mais de 60 secreta-rias. É algo que eu não ti-nha visto ainda, apesar deter poucos anos de políti-ca.Tudo isso apoiado porum projeto de Bolsa Esco-la,Bolsa Família e uma pres-são permanente sobre aspessoas mais pobres”, disseJoão Leite. Uma das frasesde campanha do principaladversário de Pimentel éestampada:“Vamos gastarmenos com a prefeitura egastar mais com você”,uma crítica às supostas 63secretarias que o prefeitoatual criou.

Roberto Brant disseque não sabe se há, real-mente, 63 secretarias.“ Opróprio prefeito disseque não eram 63, eram54. Na verdade, qualquerque seja o número não sejustifica. A prefeitura po-

deria ter, no máximo, 10,12 secretarias. A ‘máquina’

da prefeitura é muito inchada.Precisa ser uma coisa muito menor pa-

ra funcionar melhor. Isso é um defeito do PT em todos os esca-lões. O presidente Lula quase dobrou o número de ministérios.É a visão que eles têm: a de fazer um Estado imenso, com umaburocracia imensa. Isso acaba paralisando a ação do Estado”, afir-ma. Brant, se eleito, promete reduzir o número de secretarias. Is-so ocorreria após sua posse, num novo modelo de reforma ad-

ministrativa, sendo esta submetida à Câmara Municipal noprimeiro dia de mandato.

Marketing políticoJoão Leite afirmou que a diferença nas pesquisas entre ele e

Fernando Pimentel se deve, e muito, ao marketing político envol-vendo o candidato do PT.

Segundo João Leite, Pimentel apresenta os minutos de maisilusão da televisão brasileira.“Um restaurante popular feito em12 anos não resolve todo o problema da fome em Belo Hori-zonte, nem uma trincheira.Apresenta uma Praça Sete, uma Pra-ça da Estação, e se esquece dos aglomerados, dos fundos de va-le, das crianças e das pessoas dessa cidade que convivem com es-goto a céu aberto. Isso tudo é feito pelo mesmo Duda Men-donça que criou Paulo Maluf, que transformou o fura-fila e oSingapura. É o mesmo marqueteiro que elegeu “Carlos Me-nem”, disse o candidato do PSB.

Candidatos à prefeitura têmpropostas parecidas para BHPróximo das eleições, os três principais candidatos explanam idéias iguais para governar a capital

08 - Política- Renata Quintão 22.09.04 16:56 Page 1

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O PONTOBelo Horizonte – Setembro/2004

Editores: Rafael Werkema e Mariana Hilbert / Diagramador da página: Rafael Werkema

Projeto de lei que poderá criar o Conselho Federal deJornalismo é questionado com veemência tanto pelos veículosde comunicação quanto pelos profissionais da área

Infoarte: Marcelo Bruzzi

Manobra política oudefesa do exercícioda profissão?

Lorena Campolina, Marcelo Valadares e Pedro Bcheche

3º Período

Desde que foi encami-nhado ao CongressoNacional,o Projeto deLei que define a cria-ção do Conselho Fe-

deral de Jornalismo (CFJ) vem sendoamplamente debatido pela imprensa.E gerado muita dúvida também. Ma-térias tendenciosas, pouco explicati-vas, e discussões unilaterais estão dan-do um nó na cabeça de quem querentender o que é o CFJ, inclusive nados próprios jornalistas. E sempre de-pois de uma avalanche de informa-ções, sem uma análise mais profunda,uma questão simplista é colocada: vo-cê é a favor ou contra a criação de umórgão fiscalizador e orientador da ca-tegoria?

Para os defensores do projeto, oCFJ será o resguardo do “bom jorna-lismo”. Isto é, o Conselho faria valero Código de Ética, regulamentaria aprofissão e ditaria regras a serem se-guidas pelos profissionais para melho-rar a qualidade da informação.

Já para aqueles que são contra oprojeto, o CFJ é uma ameaça à li-berdade de expressão, principalmen-te no atual momento político brasi-leiro.Acredita-se que o CFJ irá cen-surar matérias que tragam eventuaiscríticas ao governo petista.Mas o queprecisa ser problematizado é: o jor-nalismo (e, principalmente, o jorna-lista) precisa de um conselho de re-gulamentação e fiscalização? E ain-da: o projeto que está no Congressosobre o CFJ é a melhor alternativapara o “fazer valer” do Código deÉtica da profissão?

Legislação existenteOs recentes abusos da mídia (co-

mo o caso Ibsen Pinheiro ou caso doedifício JK) são provas de que a ati-vidade jornalística não vem sendobem executada por alguns profissio-nais e, principalmente, por parte dosmeios de comunicação. No entanto,existe uma lei que perpassa o traba-lho do jornalista e da empresa, que éa Lei de Imprensa, nº 5.250 de9/2/1967.

Ainda que antiga, a Lei de Im-prensa “regula a liberdade de mani-festação do pensamento da informa-ção... e a difusão de informações ouidéias sem dependência de censura”.Além disso, ela é clara em relação àpunibilidade do profissional, como oartigo 12 que define:“Aqueles que,através dos meios de informação e di-vulgação, praticarem abusos no exer-cício da liberdade de manifestação dopensamento e informação ficarão su-

jeitos às penas desta lei e responde-rão pelos prejuízos que causarem”.Entre os abusos está a difamação, acalúnia e a injúria.

E a Lei de Imprensa serve de argu-mento tanto para quem defende o CFJ,nesse caso, por acreditar que ela é ine-ficaz, quanto para quem critica o pro-jeto, que acha que essa lei é suficien-te.Para Pedro Blank, repórter de “OTempo” e presidente do Comitê Mi-neiro Contra a Criação do CFJ, o quedeve ser regulamentado já está previs-to pelas leis existentes.“Nossa profis-são não precisa de um órgão fiscaliza-dor.As leis já contemplam a atividadede jornalista e o CFJ é um cerceamentoà liberdade de expressão”, critica.

Segundo Aloísio Lopes, presiden-te do Sindicato dos Jornalistas de Mi-nas Gerais (SJMG) e conselheiro daFederação Nacional dos Jornalistas(Fenaj), o CFJ vai fiscalizar se as de-mais normas previstas em lei sobre oexercício do jornalismo estão sendocumpridas.“Com a criação do Con-selho, nós seremos um órgão autôno-mo dirigido por jornalistas, para fa-zer não só a emissão do registro pro-fissional, mas também para fiscalizaro cumprimento do Código de Éti-ca”. Já o secretário de redação do jor-nal Hoje em Dia, Eduardo Murta,acha que o projeto sobre o CFJ apre-senta pontos favoráveis e negativos epor isso é necessário maior discussãoem torno do tema. “É preciso co-nhecer bem o projeto antes de tomaruma posição”.

Relações de trabalhoApesar de o Conselho ter o papel

de fiscalizar e orientar o exercício daprofissão, e ser responsável pelo regis-tro profissional, ele não terá autono-mia para atuar nas relações de traba-lho entre empresa e jornalistas. E esseé um problema encontrado na maio-ria das redações. Muitas das vezes, odono de uma empresa jornalística, porinteresses comerciais ou políticos,obri-ga o jornalista a dar um enfoque a umamatéria que não atende o interesse pú-blico. Como resolver essa situação?

Segundo Alexandre Campello, di-retor do SJMG, o CFJ poderá respal-dar juridicamente denúncias de jor-nalistas.“Isso faz com que ação ganhemais importância na Justiça”. Mesmoassim, ele confirma:“o Conselho nãoterá, diretamente, o poder de pressio-nar a empresa”.

Pedro Blank defende a idéia de queo CFJ visa literalmente calar os jor-nalistas, já que não irá fiscalizar a em-presa e sim o profissional, que é o “elomais frágil da corrente”.“Não é o jor-nalista que precisa ser fiscalizado, e sima empresa que não respeita o nossoCódigo de Ética”, conclui.

“No momento em que caem sobre o Executivodenúncias sobre o Ministro José Dirceu e sobre oPresidente do Banco Central, surge um grupo depessoas ligadas ao movimento sindical hegemoniza-das por setores do PT e do PC do B querendo criareste conselho”. A crítica de Pedro Blank é um dosprincipais argumentos utilizados por aqueles que sãocontra a criação do Conselho Federal de Jornalismo.

Será que o Conselho não é mais uma manobrapolítica do Governo Lula para evitar críticas por par-te da população? Segundo o diretor da SJMG, Ale-xandre Campello, houve um grande equívoco quan-do o projeto do CFJ chegou ao Congresso.“O pro-jeto de criação do conselho federal de jornalismonão é do governo. Para se criar qualquer autarquiapública federal, o projeto tem que partir do Execu-tivo”, explica.

No entanto, é impossível pensar em um conse-lho de regulamentação da profissão do jornalista, semanalisar o lado político. Segundo o jornalista PedroPomar, da Associação de Docentes da USP:“Não háfiscalização real sobre a mídia. Este sim é o debateurgente que a sociedade brasileira precisa fazer”.Colaboração: Rafael Werkema

O governo eo Conselho

ESPECIAL 9

09 -Especial - Rafael Werkema 22.09.04 16:56 Page 1

Page 10: Jornal O Ponto - setembro de 2004

O PONTOBelo Horizonte – Setembro/2004

Editora e diagramadora da página: Mariana Hilbert Ribeiro

10 SAÚDEHPS é referência na ala de queimadosHospital de pronto-socorro João XXIII atende aproximadamente 3 mil vítimas de queimaduras por ano

Aline Valério, Elisa Magalhães e Mariana Hilbert 3º e 6º períodos

O Hospital de Pronto So-corro João XXIII, da rede Fhe-mig,conhecido pelo tratamentoe assistência médica de urgênciae emergência a acidentados e fe-ridos graves, é também referên-cia no atendimento às vítimas dequeimaduras de diversos tipos.Os tratamentos, que compreen-dem inúmeras especialidades mé-dicas, são totalmente gratuitos,oferecidos através do SistemaÚnico de Saúde (SUS).De acor-do com a coordenação do HPSJoão XXIII, a unidade de trata-mento de queimados do hospi-tal é uma das três maiores daAmérica Latina, e a maior uni-dade no país, em número de lei-tos destinados às vítimas de quei-maduras. Ela atende cerca de3.200 pacientes por ano, é pro-curada por pessoas de todo o es-tado de Minas Gerais e, inclusi-ve,de outras partes do Brasil.Pa-ra o coordenador da Unidade deTratamento de Queimados,o ci-rurgião plástico Ilmeu CosmeDias,o hospital é considerado re-ferência no atendimento de quei-mados,pois “conta com estrutu-ra física e profissional necessária,um grande número de leitos e li-gação com Sistema Único deSaúde (SUS).

Alas de queimadosA equipe de tratamento de

queimados do hospital é com-posta por um clínico, um cirur-gião e equipes de enfermagem,fisioterapia e psicologia.De acor-do com o enfermeiro chefe daala de queimados, Marco Antô-nio Fernandes, os acidentadosgraves,que possuem mais de 30%do corpo queimado e suspeita dequeimaduras nas vias aérias, sãoencaminhados para o 9º andar,onde funciona uma UTI especí-fica.“O 9º andar é uma ala maiscompleta e funciona como uma

UTI.Ele possui bloco cirúrgico,respiradores artificiais,bombas deinfusão de medicamentos,apare-lhos para monitorizar pressão efreqüência cardíaca,entre outros,necessários a um tratamento in-tensivo”,esclarece o enfermeiro.Marco Antônio explica ainda queos pacientes que sofreram quei-maduras menores ou de menorgravidade, são internados no 8ºandar do hospital. “Esse andartem capacidade para alojar cercade 40 pessoas, distribuídas entrecinco quartos disponíveis. Eleabriga também pacientes prove-nientes da UTI, que já apresen-taram melhoras significativas epassarão por um processo de en-xerto, para complementar o tra-tamento”, ressalta.

Outros estadosDe acordo com o coorde-

nador da Unidade, Ilmeu Cos-me Dias, o HPS recebe muitospacientes do interior do estado.“É comum a entrada de pa-cientes provenientes do interiordo estado, onde geralmente nãoexiste infra-estrutura e recursosapropriados.Normalmente elesapresentam um quadro maiscomplicado devido à falta detratamento adequado, no localdo acidente”, comenta. Deacordo com a auxiliar de enfer-magem da ala, Regina Maria, amaioria dos pacientes atendidosno HPS João XXIII é de outrascidades de Minas ou até mes-mo de outros estados. Geraldoda Silva, de 12 anos, é de Paráde Minas e foi encaminhado pa-ra o João XXIII por falta de es-trutura do hospital da cidade.Maxsuel Gonçalves Diniz, tam-bém de 12 anos, sofreu quei-maduras quando brincava noferro velho de sua família emCongonhas e teve auxilio dohospital local apenas para lim-peza dos ferimentos. SegundoLuciedina Gonçalves Diniz,mãede Maxsuel,“o hospital Bom Je-sus, de Congonhas, não teve es-trutura para o tratamento e nem

mesmo para fazer os curativosnecessários”, declara.A auxiliarde enfermagem, Márcia Silva-na Domingos, que trabalha há17 anos no ala de queimados doHPS João XXIII, diz que os pa-cientes vindos do interior ne-cessitam de mais cuidado.“Elespassam por muito sofrimento,pois não conseguem tratamen-to adequado na cidade ondemoram e chegam aqui sem es-trutura nenhuma”, declara.

Acidentes domésticosAcidentes domésticos repre-

sentam 80% dos casos atendidosno HPS João XXIII.De acordocom o coordenador Dr. Ilmeu,normalmente os casos domésti-cos envolvem líquidos quentese álcool líquido e a maioria dasvítimas é composta por crian-ças. Dentro da casa, a cozinha éo local onde o risco é maior.Geraldo Júnior da Silva, de 12anos, brincava na cozinha e sequeimou com gordura quente.Segundo a mãe de Geraldo,Marta Maria Silva, o acidenteocorreu por distração.“Tinhasaído da cozinha por alguns mi-nutos e quando voltei, a panelacom gordura tinha virado nascostas dele”.

Outro problema normal-mente enfrentado no atendi-mento de queimados é a faltade informação por parte dospacientes.Dr. Ilmeu explica quemuitas pessoas tentam se tratarcom produtos caseiros e formasalternativas, normalmente as-sociadas à cultura popular.“Aspessoas sempre tendem a pas-sar produtos como pasta dedente, óleo de cozinha, pó decafé e clara de ovo”, relata. Elealerta, que esse tipo de proce-dimento é perigoso, pois difi-culta a higienização e a cicatri-zação da região queimada.“Emqualquer caso de queimadura,o procedimento deve ser o delavar o local apenas com águafria e encaminhar a vítima pa-ra o hospital”, enfatiza Ilmeu.

A doação de pele no Brasilainda é um ato pouco conheci-do e praticado. De acordo coma coordenação geral do SistemaNacional de Transplantes, exis-tem no país 22 centrais estaduais,no entanto, destas, apenas cincopossuem autorização do Minis-tério da Saúde, para trabalharcom transplante de pele.

Desde de junho deste ano,omaior fornecedor de tecidos doBrasil, o Banco de Pele do Ins-tituto Central do Hospital dasClínicas, ligado à faculdade deMedicina da Universidade deSão Paulo, esta com baixo esto-que.De acordo com o banco,osprincipais motivos para o baixonúmero de doadores é o pre-conceito e a falta de informaçãoa respeito da possibilidade dedoação de pele. Segundo dadosda Central de Transplantes deSão Paulo, a média mensal dedoadores de pele é de quatro,enquanto a média de doadoresde múltiplos órgãos é de 25.EmBelo Horizonte, a situação ain-da é mais grave.De acordo coma coordenação da central esta-dual de transplantes em MinasGerais, o MG-Transplantes, aunidade trabalha somente comdoação de coração, pulmão, fí-gado, rins, pâncreas e córneas.

A necessidade da doaçãoacontece em casos nos quais opaciente não possuí áreas quepossam ser usadas como enxer-tos. Em casos extremos em queo paciente tem 70 % ou mais do

seu corpo atingido por quei-maduras, é necessário que a pe-le deteriorada seja removida esubstituída o quanto antes, casocontrário podem ocorrer infec-ções e até mesmo morte.A doa-ção de tecidos assim como a deórgãos deve ser autorizada pelafamília do doador, sendo queatualmente é solicitado um pe-dido de cada órgão e de cada te-cido que será retirado. Muitaspessoas ainda têm uma espéciede preconceito contra a doaçãode órgãos e tecidos, principal-mente a pele, pelo fato de acha-rem que a quantidade de tecidoretirada será exagerada. Entre-tanto a pele não é retirada emtoda sua espessura e sim apenascamadas muito finas, localizadasem áreas encobertas, como ascostas e a parte traseira das co-xas. É importe deixar claro quea doação pode ser feita tanto porpessoas vivas, quanto pela famí-lia de falecidos.

De acordo com a coordena-ção geral do Sistema Nacionalde Transplantes não existem ain-da bancos de pele autorizadospelo governo. O Banco de peledo Hospital das Clínicas de SãoPaulo conta com esta atividadee está providenciando os docu-mentos e a estruturação neces-sária para regularização.Aindade acordo com a coordenação,a legislação pertinente a Bancode Pele, está em estudo, e embreve estará em vigência parafiscalização adequada.

Faltam recursos em MinasO tratamento de queimados

depende do somatório de váriosfatores,que vão desde o metabo-lismo do paciente, até o grau daqueimadura e o tamanho da áreado corpo atingida. Nos casos deextrema gravidade,em que a por-centagem do corpo queimada émuito grande, o paciente temuma recuperação muito compli-cada, normalmente mais demo-rada, e algumas vezes pode nãoresistir aos ferimentos devido àseriedade dos danos causados.Atémesmo uma deficiência nutri-cional, ou seja, uma alimentação

inadequada proveniente dos há-bitos praticados pelo paciente an-tes de se queimar, pode retardara recuperação.Os processos pos-teriores ao tratamento intensivocompreendem o uso de óleo mi-neral, para reverter o resseca-mento da pele, novalgina ou atémesmo morfina para amenizar ador, além de soro para combatera desidratação.Por se tratar de umprocesso muito traumático e do-loroso,os medicamentos mais uti-lizados são os analgésicos.

Mesmo sendo referência noatendimento de queimados, o

HPS João XXIII não possui umbanco de pele. De acordo comDr. Ilmeu, existe um projeto deimplantação do banco de tecidosem Minas Gerais.“Este projetodeverá ser desenvolvido entre oJoão XXIII,o MG Transplantes eoutras instituições públicas de saú-de em Minas Gerais.No entantoainda não há previsão para con-cretização dessa idéia”,afirma.Ospacientes do HPS João XXIII quenecessitam de doação normal-mente a recebem de parentes pró-ximos e o processo de transferên-cia da pele ao paciente queimado

é todo realizado dentro da ala dequeimados do hospital.

De acordo como a médicaresponsável pelo Banco de Teci-dos do Hospital das Clínicas daFaculdade de Medicina da USP,Marisa Roma Herson, o hospi-tal que quiser implantar um ban-co de pele deve “primeiramentedisponibilizar uma estrutura so-fisticada, dentro dos rigores dequalidade e tecnologia para evi-tar o risco de contaminação e in-fecções, muito grande em casoscomo o de transplantes de teci-dos”, explica a médica.

Doação de pele épouco divulgada

Ruy Viana

Geraldo Silva, 12 anos, faz parte das estatísticas de casos domésticos, em que as crianças são as principais vítimas

Maxsuel Gonçalves teve auxílio em Congonhas apenas para limpeza dos ferimentos

Ruy Viana

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O PONTOBelo Horizonte – Setembro/2004

Editor e diagramador da página: Bernardo Motta

SEGURANÇA 11Desarmamento supera expectativaPopulação se mobiliza e o governo prevê novas metas para a doação de armas na campanha

Carolina Lara4º Período

A nova lei do estatuto dodesarmamento, em exercíciodesde o dia 15 de julho desteano, prevê para outubro de2005 um plebiscito no qual osbrasileiros irão decidir nas ur-nas se será proibida a comprade armas por civis.

A expectativa do GovernoFederal no início da campanhanacional do desarmamento erade 80 mil armas recolhidas atéo final do ano. Mas, em apenasdois meses e meio após a efeti-vação da campanha, já foramtrocadas 74.500 armas de fogo.A partir destes dados, a PolíciaFederal pretende alcançar umanova meta equivalente a 160 milarmas até o fim de 2004.

A lei, mais rígida, dificultao registro e o porte de armas.Agora é preciso uma compro-vação da necessidade do porteda arma por parte de seu usuá-rio. Só assim é possível a ob-tenção do registro junto à Po-lícia Federal e o Sistema Na-cional de Armas (Sinarm). Es-ta comprovação será exigidatanto para o porte de armas nasempresas como o de cunhopessoal.

Uma das mudanças ocorri-das na lei para adquirir armasfoi a aplicação do teste psico-técnico e de capacitação do usoda arma. Outra mudança é afaixa etária do portador, quedeve ser maior de 25 anos, enão de 21 como acontecia an-teriormente. O indivíduo tam-bém deve apresentar uma cer-tidão de antecedentes criminais.Caso a pessoa tenha tido pro-blemas anteriores com crimes,delitos ou outras pendências ju-rídicas, ficará proibida de obtero licenciamento.

Para o delegado de políciado Departamento de Opera-ções Especiais (Deoesp), espe-cialista em armas, munições eexplosivos, Marcos Silva Lucia-no, ocorre uma falha nominalno estatuto, já que esse pressu-põe o não armamento da so-ciedade. De acordo com o de-legado, “Não deveriam haverconcessões, exceções e per-missões em casos específicos pa-

ra o registro”. Segundo ele oporte de armas deveria ser res-tritamente permitido para asprofissões de risco ou para pes-soas em situação de ameaça.

Para os atiradores despor-tistas, caçadores e colecionado-res é preciso ter a carteira de re-gistro, emitida e de responsabi-lidade do exército, além de se-rem associados de acordo comsua categoria específica e aten-der as exigências para a aquisi-ção da arma.

A grande questão do esta-tuto é dificultar o acesso da po-pulação às armas, e assim, di-minuir, a longo prazo, a vio-lência.“Esta nova lei diminui-rá o crime.A campanha, na ver-dade, é para tirar de circulaçãoaquelas armas que estão fora defuncionamento ou uso e quepossuem um potencial que aqualquer momento pode vir àtona”, explica o delegado Mar-cos Silva do Deoesp. De acor-do com a nova lei, é crime ina-fiançável o porte de armas emsituações que contradigam asmudanças fundamentais dessenovo estatuto, e o contrabandode armas passou a ser conside-rado tráfico com pena de até 12anos de detenção.

A polêmica da campanhaA discussão vai além de se

poder ter armas ou não. Para ojuiz de direito da 9ª Vara Crimi-nal de Belo Horizonte,AlbertoDeodato Maia Barreto Neto, alei do desarmamento é boa,masinfelizmente não funciona porsi só.“É preciso ações conjuntasentre o estado, a polícia, e o ju-diciário.Apenas proibir o portenão diminuirá a violência, ban-dido não liga para a lei”.Aindasegundo ela, é o Estado que de-ve garantir segurança para a po-pulação por meio da ação da po-lícia, e é preciso que a lei sejaaplicada.

De acordo com o filósofoFrancesco Napoli, não há solu-ção imediata para a criminali-dade devido a má distribuiçãode renda.“ A lei se encontra noplano ideal e não real, isso fazinviável o pleno poder estatalpara o cumprimento da mes-ma,e permeia os limites da cri-minalidade.”explica o filósofo.

Armas são umgrande perigopara população

A preocupação daquelesque são contra o porte de ar-mas é o perigo que elas ofere-cem à população. É grande onúmero de acidentes que acon-tecem dentro das residênsias,envolvendo na maioria das ve-zes crianças.

Para a psicóloga NaiaraNapoli, a proibição será muitoútil e com isto acidentes do-mésticos com armas de fogoserão evitados.Também é gran-de o número de crimes come-tidos com o uso de armas emambientes familiares ou pes-soais. Napoli acredita que mui-tas pessoas nervosas e alteradasemocionalmente cometematrocidades por impulso.

Para o antropólogo CarlosWagner, a raiva é uma coisapresente nas nossas vidas, “quando estamos com raiva dávontade de matar”, afirma. Car-los Wagner também acredita queum dos maiores problemas dodesarmamento é o fato de quemuitas pessoas acreditam que asarmas, apesar dos riscos que ofe-recem, também garantem pro-teção total e podem ser usadascomo um objeto de defesa pa-ra quem as possuí.

O psicólogo Jacques Aker-man ressalta ter no Brasil umacultura armamentista influen-ciada pela cultura hegemônicaviolenta norte americana.“Osfilmes americanos são os maio-res influenciadores.”afirma. Deacordo com Akerman as nove-las da Rede Globo estão repro-duzindo tal violência.“ Os pro-blemas entre os personagens sóse resolvem com tiro. A campa-nha é válida pois é plausível mu-dar essa mentalidade. É umaoportunidade de produzir naspessoas um novo entendimen-to a respeito do porte de armas”,acredita o psicólogo.

A nova lei do estatuto dedesarmamento visa despertar acompreensão da população e aconscientização para com orisco apresentado pelo porteilegal de armas.

Dinheiro recebido na trocade arma estimula população

Foram devolvidas, até o dia30 de setembro,mais de 3.700 ar-mas só em Belo Horizonte. Acampanha que se estende em to-do o estado conta com o apoiodas polícias civil e militar para re-colhimento das armas sob res-ponsabilidade da polícia federal.

Segundo Ricardo Amaro,de-legado da Polícia Federal e res-ponsável pelo recolhimento dasarmas, são entregues em média300 armas por dia,“todas as ar-mas são encaminhadas ao exérci-to para serem destruídas”. Deacordo com Amaro,a maior par-te das armas devolvidas são aque-las que há muito tempo estão nafamília, sem utilidade para quemas guarda. Sônia Maria Marquesdevolveu duas armas de caça queeram do seu sogro.Para ela,“nãohá necessidade de armas em ca-sa,pode ocorrer acidentes,e nempoderia usá-las em caso de peri-go,pois não sei mexer”.Para Ri-cardo Amaro,é um atrativo a in-denização oferecida que varia deR$100 a R$300 reais, depen-dendo do tipo de arma.“As pes-soas também tem um motivo fi-nanceiro para entregar as armas”opina.

Para a entrega de fuzil, o va-lor é R$300, para a espingarda ea carabina o valor da indenizaçãoé de R$200 e para pistola, revól-ver e garrucha R$100.Para quemtem armas e ainda não as regula-rizou, de acordo com a nova leido estatuto, (artigo 1º da lei10.884), tem até dia 20 de de-zembro para o registro ou entre-ga da arma.Já para a renovação doporte já expedido a polícia civilinforma que o prazo terminou nodia 21 de setembro último.Os va-lores das taxas para emissão de no-vo registro, renovação ou segun-da via é de R$300. E para expe-dição do porte e renovação o va-lor é de mil reais e este deve serrenovado de 3 em 3 anos.

Para o Delegado Marcos Sil-va, da delegacia especializada dearmas,munições e explosivos, ovalor privilegia apenas quemtem dinheiro. "É um obstáculoinjusto, discrimina pelo valoraquisitivo", afirma. Para quemainda não devolveu armas e querfazê-lo basta dirigir-se aos bata-lhões e companhias indepen-dentes da PM e as delegaciasSeccionais de Belo Horizonte eregião Metropolitana.

Legítima defesagera polêmica

O que tem sido mais deba-tido na nova lei do Estatuto dodesarmamento é o direito in-questionável que a constituiçãogarante ao cidadão: o direito àlegítima defesa.

Para o atirador e ex-presi-dente da Federação Mineira deTiro Prático, Ricardo Tolenti-no, “a medida deveria visar odesarmamento dos bandidos enão dos civis.As pessoas de bemficarão desarmadas, sem defesa,enquanto os marginais a cadadia se abastecerão com armaspotentes contrabandeadas,prontos para invadirem nossoslares por saberem que as pes-soas não possuirão armas. Co-mo proteger nossos bens e nos-sas famílias? Sem contar que setivermos no futuro uma amea-ça externa de guerra a popula-ção não conseguirá impor re-sistência, e os bandidos terãoque nos defender já que serãoos únicos que terão armas e quesaberão como manuseá-las”.

De acordo com o delegadoMarcos Silva, do Deoesp, o esta-tuto tem o apoio e o incentivoda ONU. “É interessante para osEstados Unidos desarmarem omundo,pois são os maiores pro-dutores de armas",observa Silva.

A campanha tem como ob-jetivo a diminuição da violên-cia, mas para o Filósofo Fran-cesco Napoli é errôneo pensarque a criminalidade vai baixarcom o desarmamento,“se o su-jeito quer matar, ele mata oufere de qualquer outro jeito,utilizando-se de quaisquer ou-tros instrumentos".

Uma das soluções aponta-das para esse dilema seria o in-vestimento na educação de ba-se, ou seja, preparar o cidadãopara a convivência saudável epacífica. "O jeito é esperar queos bandidos fiquem velhos emorram, e que haja um inves-timento pesado do governo pa-ra melhores condições de vidaem todos os aspectos para ascrianças, para que, amanhã elasnão sejam os bandidos de ho-je, pois estes nem por milagreirão se entregar, e mesmo quetodos se entregassem, devidoà superlotação do sistema car-cerário, não haveria ondecolocá-los", salienta RicardoTolentino.

O estatuto do desarma-mento pode, a longo prazo,diminuir o indíce de violênciae de criminalidade, mas nãoserá a solução.

Polícia Federal investe no desarmamento e também no treinamento de agente de campo

Armas entregues na polícia federal de Belo Horizonte

Bernardo Macedo

Divulgação

11 - Segurança - Bernardo M. 22.09.04 16:57 Page 1

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Editora e diagramadora da página: Carolina Rabelo

12 MÍDIA O PONTOBelo Horizonte – Setembro/2004

Conflitos cotidianos da era digitalDouglas Vieira,

Melina Rebuzzi e Nayana Rick5º período

A digitalização dos meios decomunicação permitiu a instan-taneidade da informação,ou se-ja, as pessoas recebem a infor-mação quase que em temporeal, além de ainda poderemacessar grande quantidade de da-dos simultâneamente.A Inter-net é um dos melhores exem-plos das facilidades obtidas poresta digitalização.

Mas a Internet não ofereceapenas vantagens. Os altos cus-tos envolvidos na sua viabiliza-ção fazem com que o uso destaferramenta esteja relativamenteconcentrado nas camadas da po-pulação com maior renda, au-mentando ainda mais as desi-gualdades de capacitação digitaldas pessoas nas parcelas menosfavorecidas da sociedade. O so-ciólogo e professor de Econo-mia da Universidade FumecCásper Líbero, em São Paulo,Sergio Amadeu da Silveira, dis-cute em seu livro,“Exclusão Di-gital”, a miséria na era da infor-mação, e tem como objetivomostrar a diferença entre os pro-blemas sociais e os problemasprovocados pela exclusão digi-tal. Segundo ele, a revolução in-formacional potencializa a ca-pacidade de processar informa-

ções e amplia a capacidade depensar e refletir.“O problemaé que esse poder está muitoconcentrado, e é aí que surgemos pontos negativos.Há uma di-visão cognitiva entre os queconseguem pensar e os que nãotêm acesso à informação, e essadivisão tende a aumentar cadavez mais”, explica.Para ele, a so-lução para este problema seria acriação de um ambiente favorá-vel à criação da tecnologia e oEstado deveria ter uma políticavoltada para a inclusão da po-pulação na sociedade da infor-mação.“Sem incentivo à educa-ção, a exclusão não será comba-tida”, comenta.

Há quinze anos, se um jor-nalista quisesse retratar umconflito no Oriente Médio le-varia no mínimo 24 horas pa-ra que suas fotos fossem dispo-niblizadas para a população.Hoje, com a adaptação doequipamento convencional, te-mos acesso à dezenas de foto-grafias em poucos minutos. Deacordo com o professor de fo-tojornalismo da UniversidadeFumec, Rui Cézar, além de re-duzir os custos da fotografia, adigitalização do equipamentoaudiovisual possibilitou maioragilização no processo de vei-culação do material registrado,através de máquinas digitais eredes de transmissão via satéli-te, por exemplo.

Apesar da disponibilidade de tecnologia, a maior parte da população está excluída desse processo

Computador se torna preocupação constante dos pais

Carolina Rabelo

Arquivo O Ponto

O uso de microcomputadores conectados à Internet se transformou indispensável nas empresas e instituições de ensino

Tecnologia não cria barreirapara crianças e adolescentes

Douglas Vieira, Melina Rebuzzi e

Nayana Rick5º período

Atualmente as crianças e ado-lescentes não têm nenhuma difi-culdade em lidar com o compu-tador,exemplo disso é Maria Ga-briela Carneiro Gondim,10,queutiliza a Internet facilmente. Suamãe, Andréa Helena CarneiroGondim, 35, diz que sua filha jáprocura sozinha seus trabalhos naInternet.A única preocupação deAndréa é fazer com que Gabrie-la não passe o dia todo na frentecomputador.“Com tantas atra-ções que o computador oferecefica muito difícil controlar a Ga-bi; se deixar ela passa o dia todona Internet”, argumenta.

Para a adolescente Allana Bi-chara,15,estudante do 1º ano doensino médio, lidar com as ino-vações e se adaptar às condiçõesda Era Digital não é um pro-blema.“Minha geração já cres-ceu rodeada de telefones celu-lares, tvs por assinatura e com-putadores, então meu contatodireto com essa tecnologia des-de pequena não cria barreiras,muito pelo contrário, só facilitameu dia-a-dia”, comenta.

A estudante Milene Coelho,16, que cursa o 2º ano do ensi-no médio, acredita que toda es-sa tecnologia além de tornar maisfácil seu cotidiano nos estudos,é também uma forma de entre-tenimento e distração.“A Inter-net me ajuda com pesquisas etrabalhos para a escola além de

facilitar minha comunicaçãocom meus amigos através de ba-te-papo e ICQ”, conta ela.

Assim como Allana e Mile-ne acreditam que a tecnologia éindispensável,outros jovens tam-bém necessitam de toda estamodernização para conseguiremficar antenados com o mundo.O resultado de tanta tecnologiapode ser percebido quando an-damos por shoppings, parques,praças e ruas. Não é difícil en-contrar um adolescente com umwalkman, um diskman, um celu-lar ou sentado em um barzinhoassistindo a um jogo de futebolna televisão. Muitos deles po-dem nem reparar, mas, além denão criarem quaisquer barreiras,estão cada mais vez dependen-tes e próximos da Era Digital.

Douglas Vieira, Melina Rebuzzi e

Nayana Rick5º período

O ensino à distância é umaferramenta na difusão e na de-mocratização da informação.Avideoconferência, por exemplo,é um sistema interativo de co-municação que consiste na apre-sentação dos conteúdos relativosà disciplina dada pelo professoratravés de seminários virtuais. Jáa Internet promove a interaçãoaluno-professor abrindo espaçopara a produção do conheci-mento através da divulgação emsites.As páginas permitem que oaluno se comunique com seusprofessores ou colegas, comenteas aulas e acesse bibliografias econteúdos multimídiáticos.

Ensino àdistância é umaboa alternativa

PBH busca democratizaro acesso a Internet

Déborah Lane6º Período

A Prefeitura de Belo Hori-zonte (PBH) possui vários pro-jetos de inclusão digital entre elesa Internet nas escolas, a UnidadeMóvel de Inclusão Digital e oscentros de Internet Cidadã.

Segundo a assessoria de im-prensa da Prodabel, empresa deinformática e informação domunicípio de Belo Horizonte,até o final de outubro todas as182 escolas da rede de ensinomunicipal serão beneficiadas pe-lo projeto de inclusão digital.Aprofessora Tânia Márcia Mala-chias acredita que só projetoscomo esses podem atenuar a ex-clusão digital no nosso país.“Meparece que há uma ação tantodo governo quanto da prefeitu-ra para reduzir as desigualdades

sociais no âmbito da informáti-ca”, ressalta a professora.

Além da Internet Cidadã,que disponibiliza acesso públi-co e gratuito à Internet em di-versos pontos da capital, a PBHcriou a Unidade Móvel de In-clusão Digital para tentar supriras necessidades da população ca-rente na área da informática.Aunidade oferece treinamentobásico para o uso do computa-dor e acesso à Internet parabairros da periferia de Belo Ho-rizonte. A diarista RosangelaMachado, moradora do aglo-merado da Serra, achou a idéiada internet móvel muito pro-dutiva.“Nos dias que ela estavaaqui aprendi um pouco mais so-bre a Internet e computador emgeral, até fiz um e-mail. É umapena que ela não seja perma-nente”, observa Rosangela.

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O PONTOBelo Horizonte – Setembro/2004

Editores: Carlos Fillipe e Mariana Hilbert/ Diagramadora da página: Renata Quintão

COMPORTAMENTO 13

LAN HOUSELan houses, casas de jogoseletrônicos, criadas para atrairo público jovem são empresaslucrativas que se expandem nagrande BH

Ana Paula Gomes e MarianaAmaral

6º período

O ambiente silencioso équebrado por gritos e risadas,quando algum jogador come-mora ou lamenta. Com poucailuminação e alta tecnologia, aslan houses são os novos pontosde encontro dos adolescentes.Esse tipo de empreendimentoteve iniciou na Coréia, em1996 e chegou ao Brasil em1998, pelo empresário SunamiChu, atual presidente da em-presa Monkey, com 58 lojas em11 estados brasileiros. Nessascasas de jogos os computado-res ficam à disposição para pes-quisa estudantil e consulta à In-ternet, mas os jogos eletrôni-cos são os mais procurados.

De acordo com o IBGE(Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística) estão espa-lhados em Belo Horizonte 180a 200 casas de jogos eletrôni-cos. Na capital mineira, a LanHouse Match Point foi a pri-meira a lançar a nova opção dedivertimento e lazer.

Algumas casas de computa-dores em rede oferecem aocliente 24 horas de serviço,com preços que variam de 2 a5 reais a hora. O público daslans é formado basicamentepor adolescentes de 12 a 16anos durante o dia. À noite oslocais costumam ser freqüen-tados por adultos. O sexo mas-culino detém 90% dos fre-qüentadores, na sua maioria dasclasses A e B, em contrapartidaas mulheres que frequentam es-sas casas são tão assíduas quan-to os homens. Preocupadoscom o excesso de tempo quejovens passam nas lan houses,os juízes da Infância e Juven-tude com base no Estatuto daCriança e do Adolescente re-gulamentam esses empreendi-

mentos. "Existe uma portariacom a faixa etária permitidaque tem que ser seguida. Ummenosr não pode frequentaresses estabelecimentos em ho-rário impróprio, caso isso acon-teça a casa será multada." afir-ma o proprietário da lan hou-se Match Point, Henrique Fer-reira. De acordo com o Juiza-do, a idade mínima legal dosfreqüentadores é de 10 anos,abaixo dessa faixa etária so-mente com o acompanhamen-to dos pais ou responsável.

O sucesso dessas casas sedeve à interação. O competi-dor pode jogar com outrosusuários seja pela Internet ouem rede. Para criar diferenciaisdiante da concorrência, em-presários do setor apelam paraa criatividade. Organizam cam-peonatos entre os clientes, nosquais os vencedores normal-mente recebem como prêmiohoras grátis para continuar jo-gando ou até mesmo valoresem dinheiro.

Engana-se quem pensa queesses locais são procurados porpessoas que não possuem com-putador. Renato Almeida, 15anos, é um dos freqüentadores,que apesar de ter computadorem casa, vai em média duas ve-zes por semana em uma lanhouse.O principal motivo pe-la procura desse tipo de clien-te é a busca pela interação so-cial. "Gosto muito de freqüen-tar uma lan para estar em con-tato com outros jogadores,competir com eles e ainda fa-zer novas amizades. Às vezes euvenho escondido", conta. É co-mum os pais se acomodaremquando os filhos estão jogan-do e ‘não dão trabalho’. "Tempai que pensa que aqui é cre-che", brinca Edgar Bonfin Jú-nior, proprietário da Tribo LanHouse em Betim.“Deixam fi-lhos aqui em vão embora.”

Ana Paula Gomes

Lan House opção de lazer para adolescentes que apreciam os jogos de competição

Especialistas alertam sobre os riscos Muito sangue, explosões, ti-

ros e facadas são artifícios pre-feridos pelos gamemaníacos.Atualmente o jogo preferido daslan houses é o Counter Strike,onde jogadores se enfrentam,sendo terroristas e soldados.Crí-ticos acreditam que jogos comoCounter-Strike estimulam aviolência.

Segundo a psicóloga VivianMendes é comum uma pessoase identificar no jogo, embarcarna fantasia. Ela acredita que jo-vens e crianças aprendem a apo-logia da violência, da exclusãoe da competição. Crianças me-nores de 7 anos devem ficarcom brincadeiras mais lúcidas,que estimulem sua criatividadee curiosidade", defende a espe-cialista. Ela aconselha um maiorenvolvimento dos pais, anali-sando qual lugar o jogo está to-

mando na vida do filho e comoé a reação dele.

A preocupação dos pais aoverem seus filhos jogando ho-ras é grande, mas não imagi-nam o risco que esses adoles-centes podem correr. Umexemplo é o caso ocorridocom dois jovens coreanos, em2001, que morreram de ‘over-dose de computadores’, apósjogarem cerca de 86 horas in-terruptas.

Para a psicóloga Vivian, cu-jo irmão é freqüentador assí-duo das Lans, os jovens estãoperdendo a capacidade de serelacionar. "A pessoa só perce-be que está viciada quando fa-la sobre algo que aconteceu nojogo com a mesma empolga-ção com que falaria sobre umanova namorada, e assim o sin-toma se define", explica.

Rosilene Miranda Barrosoda Cruz, psicóloga e coordena-dora técnica do Juizado da In-fância e Juventude chama aten-ção para os perigos que o vícioacarreta. "Os adolescentes vi-ciados têm um mau rendimen-to escolar, desgaste emocionalconstante, além da possibilida-de de serem abordados por al-gum adulto de má intenção,porque as ‘lans’ são freqüenta-das por pessoas de diversas ida-des", alerta. Ela aconselha ospais a procurarem outras alter-nativas, principalmente o esti-mulo ao esporte, importantepara coordenação motora so-ciabilização da criança.

Ana Maria, 49 anos, afirmaque o ambiente da lan house émuito bom. "Deixo meu filhoaqui e fico tranqüila". Mas elaevita que Rafael jogue games

violentos e monitora o tempoem que ele permanece jogan-do. "É uma brincadeira que vi-cia", afirma a dona de casa.

A permanência de criançase adolescentes nessas casas dejogos é regulamentada pelaportaria do Juizado da Infânciae Juventude, na qual define emum de seus itens, que é proibi-do a presença de crianças eadolescentes de até 14 anos du-rante a madrugada, desacom-panhada de um responsável.Porém, no período de férias,alguns jovens abusam do direi-to de se divertir passando a noi-te inteira em uma casa.

Ana Carolina, 20 anos, usaa palavra "vício" para descre-ver sua paixão por jogos. "Nasemana passada bati meu re-corde: 14 horas jogando",exalta.

Adoslescente entretido diante do computador

Grandes investimentosem tecnologia

A potência dos computa-dores das lan houses é um dosfatores que tornam o jogo emrede atraente. Devido aos avan-ços tecnológicos de banda lar-ga, os proprietários de lans de-vem pesquisar novas tecnolo-gias, para não correr riscos degrandes prejuízos. SegundoGustavo Wagner, proprietário,para quem quer investir emuma lan, a velocidade de ban-da larga ideal é a de 256 Kbps.

Com a popularização da ban-da larga no Brasil,as dúvidas con-tinuam crescendo.Ainda segun-do Gustavo,"banda larga é o flu-xo digital de telecomunicaçõesacima de 128 Kbps.Trata-se deredes digitais em distância que va-riam em centenas e milhares dequilômetros para o acesso em al-ta velocidade", explica.

Na capital mineira o nú-mero de usuários da banda lar-ga está crescendo, quem afirmaé o técnico Fabrício Silva. "O

usuário da Internet já está to-mando gosto pelo serviço debanda larga, mas as empresas,são as que mais usam essa tec-nologia", esclarece.

Henrique Ferreira, proprie-tário da primeira lan house deBelo Horizonte, investiuR$100 mil em equipamentospara começar o negócio.“Ho-je tenho quarenta computado-res e esses aparelhos estão bemmais modernos. Os jogos evo-luíram e o número de usuáriosaumentou em relação há anosanteriores", afirma.

Embora os proprietários sedigam animados com o cresci-mento do setor, é importantemanter o empreendedorismoPara Gustavo, a indústria doentretenimento está em desen-volvimento constante. "Alémdos tradicionais jogos e acessoa internet de banda larga, é pri-mordial que haja equipamen-tos modernos.

MODA ADOLESCENTE

Nos anos 80 as casas de fli-peramas eram a grande sensa-ção dos jovens, que procura-vam esses lugares de diversão.A evolução tecnológica e os in-vestimentos para se fazer umalan house são bem superioresaos das antigas casas de jogos.Diferente do passado, o negó-cio de games em rede é maisprofissional.A relação proprie-tários e clientes é mais próxi-ma. Em alguns estabelecimen-tos os usuários são cadastradoscomo associados da loja e, de-pendendo do desempenho emdeterminados jogos, podem serpremiados com horas de di-versão.

A preocupação dos donosde 'lans' com os pais dos ado-lescentes é bem maior se com-parado com a época dos flipe-ramas. Muitos pais acham quea "febre do momento" atrapa-lha os estudos. Para que o usodas casas de games não atrapa-

lhe os estudos de seus usuários,existem estabelecimentos queincentivam o rendimento es-colar com descontos na utili-zação do serviço.

A grande procura das casasde jogos em rede é motivadapela possibilidade de competi-ção. Existem equipes que dis-putam campeonatos nacionaise internacionais e recebem tra-tamento de atletas, com direi-to a psicólogo, treinamento fí-sico e patrocínio.

Todas essas estratégias, paraatrair a confiança dos usuários,são uma exigência do merca-do. Devido o aumento das ca-sas de games em rede, está sen-do cobrado um profissionalis-mo cada vez maior. Para o pro-prietário Edgar Bonfim o ne-gócio das lans é arriscado. "Es-tou nesse ramo há um ano. Co-meçamos com 15 computado-res e hoje estamos com 25",comemora.

Estabelecimentosvalorizam jogadores

Ana Paula Gomes

13 - Comportamento - Renata 22.09.04 17:15 Page 1

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O PONTOBelo Horizonte – Setembro/2004

Editor e diagramador da página: Daniele Amaral

14 FUMECUniversidade recebe portugueses

Projeto prevê modificaçõespara a Redação Modelo

Felipe Torres, Marcelo Massensini e

Rubens Marra 2º Período

O curso de ComunicaçãoSocial da FCH/Fumec recebeuno mês de agosto os estudantesportugueses da Escola Superiorde Tecnologia de Abrantes (ES-TA). Nove estudantes e doisprofessores das cidades deAbrantes e Tomar fazem parteda segunda edição do projetode intercâmbio que ocorre en-tre as duas instituições. Eles fi-caram em Belo Horizonte du-rante um mês, estudando e par-ticipando decursos e proje-tos da Univer-sidade Fumec.

Dentre asdisciplinas es-colhidas pelosalunos foi da-da preferênciaàs que propi-ciam teoria eprática, como:Fotojornalis-mo, ProduçãoGráfica,Tele-jornalismo eRadiojornalismo.

O professor da Fumec,Leo-vegildo Leal, um dos criadoresdo projeto, conta que o convê-nio se deu a partir de uma idéiaproposta pelo professor portu-guês José Peixe durante uma vi-sita à Fumec.“A criação do in-tercâmbio se deu por acaso. Oprofessor da ESTA foi convida-do para uma palestra na qual sur-giu a hipótese do convênio,quefoi assinado um ano depois”.Leovegildo explica que Portu-gal foi o país escolhido pelas suasafinidades com o Brasil.“O pri-meiro ponto é a facilidade da lín-gua; o país faz parte da UniãoEuropéia, que abre portas parapesquisas; a proximidade cultu-ral, pela herança etnográfica.”

A troca de experiências, tan-to pessoais quanto profissionais,entre os alunos portugueses ebrasileiros tem sido de extremaimportância.Ambos tiveram aoportunidade de conhecer no-vos aspectos culturais e diferen-tes formas de aprendizagem.

A coordenadora do PAI,(Programa de Apoio Interinsti-tucional), que coordena o In-tercâmbio, a professora ZahiraSouki, destacou a riqueza doprojeto,“É muito importante fa-zer uma comparação de comoanda o ensino brasileiro. É umamaneira de observar os alunosdaqui e os de lá. Ninguém

tem a mesmamaneira deabordar um as-sunto, portan-to, é rico teruma noção decomo o outrolado pensa, co-mo eles vêema Comunica-ção Social”.Zahira destacatambém asvantagens darelação entreos alunos da

Fumec e os da ESTA, que nes-ta edição do projeto freqüenta-ram as mesmas salas de aula.

A delegação portuguesa foipresidida pelo professor de fi-losofia José Eduardo Jana, mes-tre e doutorando pela Univer-sidade de Coimbra-Portugal.De acordo com Jana, “o cho-que cultural, a abertura da vi-são, o abrir da mente são os be-nefícios mais importantes doprograma.Também são essen-ciais os laços pessoais, a intera-ção com o país do outro deuma forma afetiva e humana”.

Segundo a direção do PAI,ainda é cedo para avaliar os re-sultados do projeto,mas a coor-denadora Zahira acredita naimportância do projeto.

A estudante portuguesa Ca-tarina Lourenço, aluna de Res-tauro da Universidade de Tomar,veio ao Brasil pela primeira veze disse que gostou muito da ex-periência. Ela se surpreendeucom o sistema das aulas brasilei-ras,“as aulas são muito diferen-tes, não as matérias, mas o seufuncionamento. Os professoresdão muita confiança aos alunos.No nosso caso é tudo mais dis-tante”, ressalta Catarina.Ela pas-sou por um duro processo de se-leção para viajar.

Já Daniel Cruz, estudante deComunicação Social da ESTA,

ficou surpreso com a estruturafísica da Fumec.“A Universida-de Fumec está muito bem es-truturada, com excelentes equi-pamentos, condições que eu ja-mais tinha visto”diz o estudan-te português. Ainda segundo oaluno:“O povo brasileiro é mui-to caloroso e espontâneo.A pró-pria maneira de vocês se cum-primentarem é aberta, para nóstudo é mais frio e ríspido.”

A Universidade Fumec tam-bém disponibilizou no final doano passado a alguns de seus es-tudantes a oportunidade de es-tudarem na Universidade ESTA

de Portugal.Foi o primeiro gru-po de alunos a participar do pro-grama. O período de estada foide um mês, entre janeiro e fe-vereiro de 2004.

O aluno do 6º período docurso de jornalismo, João VítorCavalcanti integrou a comitivabrasileira. Ele ficou muito satis-feito com a produtividade do in-tercâmbio. João espantou-secom a recepção européia e lem-bra com entusiasmo,“não ima-ginava que eles fossem tão re-ceptivos, estavam sempre à nos-sa disposição, fazendo festas e nosmostrando as cidades”.

Para a aluna Elisa Magalhães,do 6º período de jornalismo,que cursou algumas disciplinascom os portugueses,“a presen-ça de alunos estrangeiros na sa-la enriqueçe as discussões sobrea comunicação social que acon-tece no mundo”.

A Fumec vai proporcionarum intercâmbio por ano aosalunos de Jornalismo e Publici-dade que estejam cursando apartir do quarto período, inclu-sive. Ao que tudo indica serãodez vagas, e o processo de sele-ção será baseado nas notas e nafreqüência dos interessados.

Intercâmbio estudantil proporciona troca acadêmica e cultural entre alunos da FCH e ESTA

Pedro Henrique Nogueira e Fernanda Melo

4º Período

Com o propósito de fazer daRedação Modelo um espaçoaberto para o aprofundamentoda carga teórica adquirida emsala de aula, a nova coordenaçãodo laboratório apresenta uma sé-rie de projetos que farão do lo-cal um híbrido de teoria e prá-tica.A principal meta é trans-formar o lugar que vem sendoutilizado quase sempre para finsque se distanciam das atividadesacadêmicas em um ambiente noqual o aprendizado possa ser di-recionado de maneira mais es-pecífica para os alunos de Jor-nalismo e Publicidade.

Concursos de contos, crôni-cas e poesias, além de oficinas,

são alguns exemplos de projetosestudados pelo coordenador daRedação, Mário Geraldo Ro-cha Fonseca, e pelos monitoresPedro Henrique Nogueira eFernanda Melo.

Questionado sobre o novomomento a ser vivido pela re-dação modelo, o professor ecoordenador do curso de Co-municação Social da Fumec,Carlos Alexandre Freire se mos-tra otimista, “É muito impor-tante que o aluno tenha umcontato mais produtivo com oslaboratórios da universidade,aprimorando e refinando suaprática em relação à produçãotextual”, afirma o professor.

Para o aluno Pedro Nicoli,do4º período de Publicidade e Pro-paganda,“a iniciativa vai desfazera imagem da redação como cen-

tro de atualização de blogs e fo-toblogs sendo que para isso exis-tem outros laboratórios”.Já a alu-na Carolina Ribeiro, do 4º pe-ríodo de Jornalismo, acha que “aredação tem que reassumir o pa-pel de espaço para produção detextos e fomentar a criatividadede seus usuários, funcionando co-mo extensão direta do curso decomunicação social”.

O posicionamento dessesalunos demomstra a atual situa-ção do corpo discente, que sesente confuso em relação a ver-dadeira função da RedaçãoModelo.Uma das principais re-clamações é que muitos estu-dantes utilizam os computado-res para assuntos supérfluos, oque impede que outros usu-fruam dos recursos do labora-tório adequadamente.

Ponto de vista dos estudantes

“O intercâmbioé importantepara fazer umaavaliação decomo anda oensinobrasileiro”

Zahira Souki, coordenadora

do PAI

A estudante portuguesa Fátima Mugeiro participa das atividades acadêmicas utilizando os laboratórios da Fumec

Fabiana Sampaio, Joyce Graziele e

Rilma Rocha7º Período

O Setor de Educação Me-diada por Tecnologias Interati-vas, I-Net,da Universidade Fu-mec, organizou em agosto, noauditório da Faculdade deCiências Humanas, o I Encon-tro de Interatividade e Tecno-logia. Foi realizada a primeiraTeleconferência da Universi-

dade Fumec, com uma cone-xão em tempo real com a USP,Universidade de São Paulo.Ao final, foi estabelecido umconsenso entre as duas univer-sidades sobre as possibilidadesdas tecnologias interativas noapoio ao processo ensino-aprendizagem, tanto presencialquanto à distância.

O encontro virtual garan-tiu lugares para as duas insti-tuições no Conselho de Tele-medicina e Telesaúde.

Segundo o coordenador doI-Net,Paulo Magalhães,podemser destacados quatro pontosque determinam a importânciado evento para a Universidade:• Divulgação do I-Net;• a integração da Fumec àsempresas de construção detecnologia;• a parceria com a USP;• o avanço das fronteiras da es-cola para o nível nacional, atra-vés da proposta feita no consen-so de criação do Conselho.

Daniel Gomes

Fumec e USP fazem acordo

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O PONTOBelo Horizonte – Setembro/2004

Editor e diagramador da página: Rafael Werkema e Carlos Fillipe Azevedo

FUMEC 15Ponto Eletrônico tem novo projetoWeb jornal do curso de Comunicação Social da Fumec passa por uma reformulação gráfica e editorial

Rafael Werkema7º Período

Com a proposta de se tor-nar um web jornal universitá-rio referência em Minas Ge-rais, o jornal-laboratório onli-ne Ponto Eletrônico, do cursode Comunicação Social da Fu-mec, está agora com um novoprojeto editorial e gráfico. Arevitalização do site vem sen-do organizada pelo coordena-dor do laboratório de Jornalis-mo Digital, professor JorgeRocha, junto com a monitoraMaria Luiza Filgueiras e como técnico especialista em WebDesign, Danilo Vianna.

A principal mudança na par-te gráfica é o formato do site:an-tes, horizontal, e agora, vertical.Além disso, o Ponto Eletrônicoestá com uma nova identidadegráfica, para reforçar o vínculocom O Ponto impresso.

Já as mudanças editorias sãomais significativas.O Ponto Ele-trônico conta agora com umaGaleria de Fotos,onde os alunosde Jornalismo e de Publicidadee Propaganda divulgam seus en-saios fotográficos no site.

Outro inovação no WebJornal da Fumec é a seção decomentários em relação às ma-térias especiais produzidas. Es-se tipo de trabalho possibilita-rá um “diálogo mais direto” en-tre o produtor e consumidorde informação. “Isso a gentenão encontra em outros meiosde comunicação”, afirma Jor-ge Rocha. Segundo o coorde-nador, a reformulação editorialirá fortalecer o projeto peda-gógico do curso de Comuni-cação Social. “Vamos seguircom a proposta de formar umcomunicador social crítico”,explica.Ainda segundo o coor-denador, o Ponto Eletrônicotambém proporcionará fórunsquinzenais.“Os internautas po-

derão baixar o texto e debatero assunto”, acentua.

Outra novidade no site é quea produção de material não estámais restrita aos alunos do 7º pe-ríodo.“Estudantes de outros pe-ríodos que queiram conhecer etrabalhar com jornalismo onli-ne, irão participar dessa constru-ção”, afirma Jorge Rocha.

Para Maria Luiza Filgueiras,monitora do laboratório de Jor-nalismo Digital, a revitalizaçãoé fundamental para incentivar osalunos a escreverem para o Pon-to Eletrônico.“O espaço vemsendo pouco aproveitado e asmudanças são um estímulo aosestudantes”, opina.

A estudante do 8º períodode Jornalismo,Tereza Perazza,já escreveu para o Web jornale gostou da experiência. “OPonto Eletrônico é um ótimoespaço de aprendizado e expe-rimentação. Ele permite a pro-dução de um jornalismo dife-rente da ´mesmice` da grandeimprensa”, frisa. Entre as ativi-dades que executou, Perazzadestaca o “Notícias da Hora”.“É como se estivéssemos emuma redação, perto do deadli-ne”, conta.

A prática que o Ponto Ele-trônico oferece foi fundamen-tal para que a jornalista PatríciaHenrique pudesse encarar osdesafios que ela encontra hojecomo editora do site Globo.comde Minas Gerais.“A disciplinade Jornalismo Digital é um di-ferencial, principalmente naquestão da linguagem da mídiaInternet”, afirma. O coordena-dor Jorge Rocha explica: “Aidéia é que o aluno aprenda aescrever na Web, com as carac-terísticas do meio, como a con-vergência de mídias”. Ele ain-da destaca:“o jornalismo pro-duzido pelo Ponto Eletrônicoé informativo, opinativo e in-terpretativo”.

“A internet é o veículo decomunicação que mais cresce”.A frase de Patrícia Henrique,editora do Globo.com, reforçaainda mais o papel da discipli-na de Jornalismo Digital nagrade curricular do estudante.Ela acha que é fundamentalque os alunos conheçam e sai-bam das possibilidades do jor-nalismo digital, já que existeum inchaço em outros meiosde comunicação, como jornais,televisão e rádio.

Segundo o professor de Jor-nalismo Digital I, Hugo Teixei-ra, o Ponto Eletrônico é umaabertura para um mercado em

plena ascensão. “Além de co-nhecer a linguagem na inter-net, o estudante aprende a cons-truir páginas”, afirma. Ele ain-da destaca:“o estudante é hojecapaz de assumir, por exemplo,o site de uma empresa como as-sessor de imprensa”.

Para a monitora Maria Lui-za Filgueiras, o Ponto Eletrô-nico é também um espaço pa-ra o aluno divulgar seu traba-lho.“É um exercício que me-rece destaque no currículo”,opina.

O endereço do Web jornal docurso de Comunicação Social éwww.pontoeletronico.fumec.br.

Jornalismo na internetestá em ascensão

Publicidade inauguranova agência modelo

Entre as principais mudanças está o formato do site: antes, um layout horizontalizado e, agora, verticalizado

Rafael Werkema

Rafael Werkema

Danilo, Maria Luiza e o prof. Jorge: elaboradores do projeto

Carlos Fillipe Azevedo e Rafael Werkema6º e 7º períodos

A 10ª Agência Modelo dePublicidade e Propaganda daUniversidade Fumec promo-veu seu lançamento no dia 22de setembro.A inauguração foiprestigiada por professores, pu-blicitários, imprensa e alunos docurso de Comunicação Social.

A Agência Haikai é forma-da por alunos do 4º, 5º e 6º pe-ríodos do curso de Publicidadee Propaganda, sob a coordena-ção do professor Admir Borges.A equipe é composta por AlineFerrero, Fernando Pires,TiagoSgarbi (4ºperíodo), CarolinaCunha, Gabriela Cristina, Ga-

briela Menicucci, Isabela Rajão(5º), Carolina Trivelatto, Débo-ra Dauanny,Tiago Pereira,ThaísAzevedo (6º) e a monitora Mai-tê de Paula.

Como não poderia ser dequalquer empresa modelo seuobjetivo é desenvolver campa-nhas e planos de comunicaçãopara clientes reais, garantindoaos alunos maior experiênciapara competir no mercado detrabalho e dar maior visibilida-de para o curso de Publicidadee Propaganda. Assim como aessência do Haikai a agênciapretende atingir o complexoatravés da simplicidade.

Os trabalhos serão produzi-dos com os recursos da própriaAgência Modelo,bem como dos

Laboratórios de Publicidade ePropaganda, Produção Gráfica,TV, Rádio e Fotografia.A Hai-kai conta também com umaagência madrinha, a Publiven-das, que irá assessorar os proje-tos da Agência Modelo.

A Haikai tem três trabalhosde comunicação para realizar: aMaratona de Criação da Fumec,a Semana da Comunicação e aSintaxe Eventos Empresariais,cliente externo.

Em todos esses trabalhos osestudantes irão colocar em prá-tica a sua criatividade, mos-trando sua capacidade de tra-balhar de acordo com o ritmode uma agência, com prazoscurtos e o desafio de bons re-sultados.

15 - Fumec - R.W e Carlos 22.09.04 16:58 Page 1

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O PONTOBelo Horizonte – Setembro/2004

Editora e diagramadora da página: Paula Caetano

16 CULTURA

Peter Brooke é considerado um dos mais célebres e geniais diretores do século l

PETER BROOKUm dos mais célebresdramaturgos do mundo marcapresença no FIT 2004

FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO APRESENTA

Festival festejadez anos em sua 7ª edição

Renata Quintão eRodrigo Fuscaldi

7º período

Belo Horizonte, cidade quevem aos poucos se tornando acapital dos festivais, disponibili-za seu território para o que tal-vez seja o espaço mais favorávelpara o exercicio das artes cêni-cas.O FIT-BH leva o teatro pa-ra as ruas e espaços anticonven-cionais. E é com o objetivo deoferecer ao público em suagrandiosidade,do riso ao drama,e da fantasia à política que o fes-tival contou este ano com a par-ticipação de um dos maiores en-cenadores da história do teatro,o diretor inglês Peter Brook.

Reconhecido internacio-nalmente, Peter Brook, de 79anos, já criou nada menos doque 70 espetáculos teatrais. En-tre eles, estão montagens comosua versão circense de “Sonhode Uma Noite de Verão”, deShakespeare. Brook ainda diri-giu dez óperas, assinou 12 pu-blicações e fez dez filmes. Nolançamento de um deles,“En-contro Com Homens Notá-veis”, fez sua primeira viagemao Brasil, em 1980.Agora elevolta ao país, a convite do Fes-tival Internacional de Teatro deBelo Horizonte.

Sua mais recente monta-gem,“Tierno Bokar”, é um dosespetáculos internacionais dofestival. Os ingressos para asapresentações, se esgotaram noprimeiro dia de vendas. Numaproveitosa extensão da viagem,o espetáculo será apresentadotambém em São Paulo.

Durante uma entrevista co-letiva, em um hotel de BeloHorizonte,Peter Brook falou arespeito da África, motivo demuitos de seus trabalhos: “AÁfrica não é conhecida, excetopelos estereótipos.O Brasil nãoé apenas o país do samba. Domesmo modo, a África não éapenas um lugar de negros, ba-tuque e aids.Até hoje, não hárespeito pela cultura africana.”Em seguida, definiu seu teatrocomo a busca de uma formasimples de derrubar barreiras domundo moderno. “A melhordefinição é a de Shakespeare: oteatro é o espelho da realidade.”Mas revelou rigor na busca des-se reflexo:“O verdadeiro espe-lho reflete a realidade identifi-cável de uma forma estranha pa-ra nos mostrar aspectos que nãoconhecemos.”

Sobre “Tierno Bokar”, eledisse:“Antes de mais nada, elenão é um filósofo, mas sim umhomem simples, que sozinhodesenvolveu uma grande com-preensão do seu tempo, domundo social e religioso.”

Peter Brook nasceu emLondres, em 1925, formou-seem artes por Oxford e, aos 17anos, dirigiu seu primeiro es-petáculo.Em 45, fez a primeiramontagem polêmica, de “Ro-meu e Julieta”, e em 1962 assu-miu a direção do Royal Sha-kespeare Theatre. Nas décadasde 50 e 60, afirmou-se comoum dos grandes encenadores doséculo 20.Em 1970,Brook des-pediu-se do Royal Theatre efundou, em Paris, o Centro In-ternacional de Pesquisa Teatral.

Paula Caetano6º período

A última edição do FestivalInternacional de Teatro Palco& Rua de Belo Horizonte, queaconteceu dos dias 18 a 31 deagosto, comemorou dez anosde existência.

O FIT-BH, que é conside-rado um dos mais importantesfestivais de artes cênicas da Amé-rica Latina, trouxe à capital mi-neira nesta última edição, 31 es-petáculos do Brasil e de mais oi-to países. Foram mais de centoe dezoito apresentações dividi-das entre montagens de palco derua e espaços alternativos.

Esta edição do festival foimarcada pela variedade de lin-guagens e tendências teatrais, en-globando o circo,a dança e adap-tações de autores clássicos e con-temporâneos.Além dos gruposbrasileiros, participaram do FITcompanhias da Austrália, Espa-nha,Nicarágua, Inglaterra, Itália,Chile, México e França.

Criado em 1994 a partir dafusão de outros dois festivais,oFIT-BH procura sempre am-pliar sua programação e cadavez mais descentralizar o aces-so do público, pois desde seuinicio ele parte da idéia de queo espaço do teatro é o mundo,e que o melhor teatro é o tea-tro sem fronteiras.

O FIT-BH integra o Núcleode Festivais Internacionais doBrasil, formado também peloFestival Internacional de Lon-drina, Porto Alegre Em Cena,Rio Cena Contemporânea e oFestival Internacional de Teatrode São José do Rio Preto.

Bruno Ferreira,Frederico Cadar eVinicius Azevedo

5º período

Com bons resultados no pas-sado, e grandes conquistas emfestivais, os filmes jornalísticosestão de volta ao século XXIcom força total.Os autores pro-curam mostrar a influência queos meios de comunicação po-dem ter na vida das pessoas.

Nos últimos anos o jornalis-mo tem sido alvo de grandesproduções brasileiras e america-nas no cinema. Sempre procu-rando abordar temas polêmicose visando atingir um público di-ferenciado, grandes produtoresresolveram mostrar nos filmes asconfidências da imprensa e, emalgumas ocasiões, o excesso depoder exercido pela mesma.

Documentários brasileiroscomo:“Ônibus 174”, que re-trata a investigação sobre o se-qüestro de um ônibus em ple-na zona sul do Rio de Janeiro,e que foi transmitido ao vivoparalisando o país, são exem-plos de que a imprensa podeter influenciado o desfecho datrágica história. Polêmicas co-

mo estas conseguem atrairmultidões aos cinemas.Atualmente o cinema trouxe àtona um filme de caráter jorna-lístico investigatório,Fahrenheit9/11,do diretor americano Mi-chael Moore, que abalou a opi-nião pública e chegou a atingirno final de semana de estréia,cerca de US$ 24 milhões. Olonga investiga como os EstadosUnidos se tornaram alvo de ter-roristas, a partir dos eventosocorridos no atentado de 11 desetembro de 2001. Os paralelosentre as duas gerações da famí-lia Bush e ainda as relações en-tre o atual Presidente america-no, e o líder da Al Qaeda, Osa-ma Bin Laden.“Michael Moo-re se tornou um fenômenomundial. Em parte impulsiona-do pelo Oscar de melhor docu-mentário pelo excelente Tirosem Columbine e pela Palma deOuro de Farenheit 9/11, alémdo momento político que omundo atravessa ser favorável adocumentários liberatórios, nãoconservadores” comentou oprofessor de história do cinemaRafael Ciccarini.

Segundo o crítico em cine-ma do jornal Hoje em Dia, Fá-

bio Leite, nos Estados Unidos,depois da industria armamen-tista o cinema é a maior forçado país. Sobre a invasão dos do-cumentários jornalísticos no ci-nema brasileiro, Fábio ressalta,“Os documentários são de gran-de qualidade, pois os docu-mentaristas abordam temas bonse atuais”.O cinema foi à expressão artíti-ca mais importante do séculoXX e assim permanece.Nos fil-mes:“O Jornal”e “O quarto po-der”, longas da década passadaque de alguma forma demons-travam o dia-a-dia de repórte-res e até quando a imprensa po-de interferir na vida das pessoas,são discutidos temas jornalísti-cos que interessam a uma classediferenciada de espectadores, ouseja, pessoas que sempre sonha-ram em conhecer internamen-te os meios de comunicação.Aofinal da entrevista, Rafael Cic-carini ressaltou,“O cinema car-rega consigo um importante pa-radigma: é uma arte e ao mes-mo tempo é uma industria. Ojornalismo vive algo similar, namedida que também é refém dopúblico,dos resultados, e da ven-da de seus jornais”.

Documentários jornalísticosganham força nos cinemas

Divulgação

Divulgação FIT - Anna Possa

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