37
Código IEFP: 6565 Autor(a): Ana Teixeira Noções gerais sobre células, imunidade, tecidos e órgãos - sistemas osteo-articular e muscular

Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

Embed Size (px)

DESCRIPTION

manual

Citation preview

Page 1: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

Código IEFP: 6565

Autor(a): Ana Teixeira

Noções gerais sobre células, imunidade, tecidos e órgãos - sistemas osteo-articular e

muscular

Page 2: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

ÍNDICEDESENVOLVIMENTO..................................................................................................................................3

a. Célula, tecido, órgão, aparelho ou sistemas..........................................................................................3

2. NOÇÕES SOBRE O SISTEMA IMUNITÁRIO......................................................................................5

a. Barreiras naturais..................................................................................................................................5

b. Fisiologia celular e humoral.................................................................................................................6

c. Imunidade natural.................................................................................................................................7

d. Imunidade Adquirida..........................................................................................................................10

3. SISTEMAS OSTEOARTICULAR E MUSCULAR..............................................................................12

a. Noções gerais sobre estrutura e classificação dos ossos, articulações e músculos..............................12

b. Biofísica da locomoção e dos principais movimentos dos membros..................................................16

c. Função e estabilidade da coluna vertebral...........................................................................................17

d. Osteoporose, fracturas, luxações, principais doenças reumatismais, tumores ósseos - conceitos; noções básicas sobre manifestações clínicas; implicações para os cuidados de saúde................................18

e. Alterações osteoarticulares e musculares decorrentes do processo de envelhecimento e da mobilidade - implicações para os cuidados ao utente....................................................................................................20

4. TAREFAS QUE EM RELAÇÃO A ESTA TEMÁTICA SE ENCONTRAM NO ÂMBITO DE INTERVENÇÃO DO/A TÉCNICO/A AUXILIAR DE SAÚDE...................................................................26

a. Tarefas que, sob orientação de um profissional de saúde, tem de executar sob sua supervisão directa........................................................................................................................................................26

b. Tarefas que, sob orientação e supervisão de um profissional de saúde, pode executar sozinho/a.......26

BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................................27

2

Page 3: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

DESENVOLVIMENTO

1. OS PRINCIPAIS SISTEMAS DO CORPO HUMANO:

CONCEITOS E FUNÇÕES

a. Célula, tecido, órgão, aparelho ou sistemas

Célula

A célula é a unidade estrutural e funcional comum a todos os seres vivos, sendo que estes

podem ser constituídos por uma ou mais células.

São elas que realizam todas as funções fundamentais dos seres vivos, como por exemplo,

reprodução, crescimento, alimentação, movimentação, reacção a estímulos externos e respiração

(consumo do oxigénio com produção de dióxido de carbono). Sendo assim, a célula é a menor parte

de um ser vivo capaz de desenvolver-se e reproduzir, ou seja, a menor parte de um ser vivo onde

reconhecemos as propriedades básicas da vida.

Tecido

Tecidos são conjuntos de células que actuam de maneira integrada, desempenhando

determinadas funções. Alguns tecidos são formados por células que possuem a mesma estrutura;

outros são formados por células que têm diferentes formas e funções, mas que juntas colaboram na

realização de uma função geral maior.

Os tecidos animais podem ser classificados em quatro tipos principais:

o Tecidos epiteliais;

3

Page 4: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

o Tecidos conjuntivos;

o Tecidos musculares;

o Tecido nervoso;

Aparelho ou sistema

Na biologia, um sistema ou sistema orgânico é um grupo de órgãos que juntos

executam determinada tarefa. Alguns sistemas comuns, como aqueles presentes em mamíferos e

outros animais, e vistos na anatomia humana, são aqueles como o sistema circulatório, o sistema

respiratório, o sistema nervoso, sistema reprodutor. Um grupo de sistemas compõe um organismo,

por exemplo o corpo humano.

4

Page 5: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

2. NOÇÕES SOBRE O SISTEMA IMUNITÁRIO

a. Barreiras naturais

Existe uma série de barreiras protectoras no corpo humano que servem para impedir ou

dificultar a entrada dos microorganismos patogénicos no mesmo. No entanto, se algum deles

conseguir vencer essas barreiras, deparar-se-á com vários mecanismos de defesa desencadeados

pelo sistema imunitário, com o objectivo de destruí-los ou desactivá-los.

Em primeiro lugar, a própria pele que reveste todo o corpo constitui uma barreira

inultrapassável para muitos agentes infecciosos. Para além disso, como se encontra revestida por

uma camada Lipídica ligeiramente ácida, proveniente das secreções das glândulas cutâneas, com

propriedades anti-sépticas, cria um meio desfavorável para o desenvolvimento de inúmeros

microorganismos na superfície do corpo. Embora exista uma flora cutânea permanente, esta

encontra-se formada por microorganismos saprófitas, ou seja, que vivem às custas do organismo,

mas não o danificam. Por outro lado, como a sua presença dificulta o desenvolvimento de

microorganismos patogénicos, ou seja, prejudiciais, podem ser considerados benéficos.

As vias respiratórias são igualmente constituídas por um específico sistema protector, na

medida em que se encontram revestidas interiormente por urna camada mucosa, na qual a maioria

dos microorganismos que penetram com o ar inspirado fica presa.

Para além de ser constituído por substâncias antimicrobianas, este muco é constantemente

arrastado em direcção ao exterior pelo movimento de reduzidos cílios das células que revestem a

superfície das vias respiratórias.

5

Page 6: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

Os microorganismos que penetram pela via digestiva também têm que enfrentar várias

barreiras protectoras. O primeiro obstáculo corresponde à acidez do suco gástrico, que é capar de

destruir inúmeros tipos de microorganismos que chegam ao estômago. As secreções de outras partes

do tubo digestivo criam igualmente um meio hostil para muitos microorganismos. Por Ultimo,

existe a flora bacteriana intestinal, composta por microorganismos saprófitas inofensivos, que

travam a proliferação de outros considerados perigosos.

b. Fisiologia celular e humoral

Quando um antigénio entra num organismo e chega a um órgão linfóide, vai estimular os

linfócitos B que possuem na membrana receptores específicos para esse antigénio. Como resposta,

os linfócitos B dividem-se e formam células que sofrem diferenciação, originando plasmócitos e

células – memória. Os plasmócitos têm um retículo endoplasmático desenvolvido e produzem

anticorpos específicos para cada antigénio. Os anticorpos são posteriormente lançados no sangue ou

na linfa e vão circular até ao local de infecção (fig.10).

6

Page 7: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

Fig.10 – Resposta imunitária humoral

As células-memória ficam inactivas, mas prontas a responder rapidamente, caso venha a

acontecer um posterior contacto com o antigénio.

Os anticorpos actuam de três formas distintas:

Os anticorpos ligam-se a toxinas bacterianas e levam à sua posterior neutralização. As

toxinas livres podem reagir com os receptores das células hospedeiras enquanto o mesmo

não acontece com o complexo anticorpo-toxina.

Os anticorpos também neutralizam completamente partículas virais e células bacterianas

através da sua ligação às mesmas. O complexo anticorpo-antigénio é ingerido e degradado

por macrófagos.

A activação do sistema complemento no âmbito da defesa específica, é feita através do

revestimento de uma célula bacteriana por anticorpos. Os anticorpos fixos formam

receptores para a primeira proteína do sistema complemento o que leva ao desencadeamento

de uma sequência de reacções que conduz à formação de poros e à destruição da célula.

c. Imunidade natural

Os agentes patogénicos são impedidos de entrar no organismo pelos mecanismos de defesa

não específica, também designados por imunidade inata ou natural, ou são destruídos quando

conseguem penetrar. Estes mecanismos desempenham uma acção geral contra corpos estranhos,

independentemente da sua natureza, e exprimem-se sempre da mesma forma.

Os mecanismos de defesa não específica que impedem a entrada dos agentes patogénicos

são as barreiras anatómicas (pele, mucosas e pêlos das narinas), as secreções (produzidas pelas 7

Page 8: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

glândulas sebáceas, sudoríparas, salivares e lacrimais) e as enzimas (existentes no suco gástrico).Os

mecanismos de defesa não específica que actuam sobre os agentes patogénicos que conseguiram

transpor as barreiras externas são a reacção inflamatória, a fagocitose, o interferão e o sistema

complemento.

Reação inflamatória

No local onde os agentes patogénicos conseguem penetrar no organismo vai produzir-se

uma reacção inflamatória traduzida por uma sequência de acontecimentos que visam neutralizar ou

destruir esses agentes.

No tecido lesionado, alguns tipos de células como os mastócitos e os basófilos produzem

histaminas e outras substâncias. Estes sinalizadores químicos, para além de funcionarem como

atracção de neutrófilos e outros leucócitos para a área danificada - quimiotaxia, provocam a

dilatação dos vasos sanguíneos e o aumento da permeabilidade dos mesmos.

Como consequência, vai aumentar o fluxo sanguíneo, responsável pelo calor e rubor local, e

a quantidade de fluido intersticial, originando um edema. A dor, normalmente associada, é devida à

distensão dos tecidos e à acção de várias substâncias nas terminações nervosas.

Cerca de meia hora a uma hora após o início da reacção inflamatória, os neutrófilos e os

monócitos começam a atravessar as paredes dos capilares – diapedese e a passar para os tecidos

infectados. Os monócitos transformam-se então em macrófagos.

8

Page 9: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

Fagocitose

Os macrófagos que já existiam nos tecidos que foram invadidos multiplicam-se e tornam-se

móveis.

Estas células, os macrófagos resultantes da diferenciação dos monócitos e os já existentes

nos tecidos que são infectados, fagocitam os corpos estranhos e destroem-nos em vacúolos

digestivos por acção de enzimas hidrolíticas – fagocitose.

Interferão

Os interferões são proteínas produzidas por certas células quando atacadas por vírus ou por

parasitas intracelulares. Estas proteínas não apresentam especificidade pois podem inibir a

replicação de diversos vírus.

Os interferões difundem-se, entram na circulação e ligam-se à membrana citoplasmática de

outras células, induzindo-as a produzir proteínas antivirais que inibem a replicação desses vírus. O

interferão não é uma proteína antivírica mas induz a célula a produzir moléculas proteicas

antivirais.

Sistema complemento

Este sistema é constituído por cerca de 25 proteínas no estado

inactivo que se encontram em maior concentração no plasma

sanguíneo e também nas membranas celulares. No âmbito da

defesa inespecífica, estas proteínas servem para facilitar a fagocitose

de agentes estranhos ou para perfurar as paredes celulares das

bactérias conduzindo à sua lise.O sistema complemento também 9

Page 10: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

actua como mecanismo de defesa específica para complementar a actividade dos anticorpos na

destruição das bactérias.

d. Imunidade Adquirida

A resposta imunitária específica subdivide-se em três funções: o reconhecimento do agente

invasor como corpo estranho, a reacção do sistema imunitário que prepara agentes específicos que

intervêm no processo e a acção desses agentes que neutralizam e destroem os corpos estranhos.

A imunidade específica refere-se então à protecção que existe num organismo hospedeiro

quando este sofreu previamente exposição a determinados agentes patogénicos e pode ser mediada

por anticorpos (imunidade humoral) ou mediada por células (imunidade celular).

Imunidade mediada por células

Os linfócitos T têm capacidade para reconhecer alguns antigénios que se ligam a marcadores

da superfície de certas células imunitárias. Se uma bactéria for fagocitada por um macrófago, os

fragmentos resultantes da fagocitose ligam-se a certos marcadores superficiais desse macrófago que

os exibe e apresenta aos linfócitos T. A exposição e ligação de linfócitos T com o antigénio

específico estimula a sua proliferação.

Existem diferentes tipos de linfócitos "T" que desempenham funções específicas:

o Linfócitos T auxiliares (TH de helper) – estes linfócitos reconhecem

antigénios específicos ligados a marcadores e segregam mensageiros

químicos que estimulam a actividade de células como os fagócitos, os

linfócitos B e outros linfócitos T.

o Linfócitos T citolíticos (citotóxicos – TC) - estes linfócitos reconhecem e

destroem células infectadas ou células cancerosas (vigilância imunitária,

neste caso). Quando estão activos, migram para o local de infecção ou para o

timo e segregam substâncias tóxicas que matam as células anormais.

10

Page 11: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

o Linfócitos T supressores (TS) - estes linfócitos, através de mensageiros

químicos, ajudam a moderar ou a suprimir a resposta imunitária quando a

infecção já está controlada.

o Linfócitos T memória (TM) - estes linfócitos vivem num estado inactivo

durante muito tempo, mas respondem de imediato aquando de um posterior

contacto com o mesmo antigénio.

11

Page 12: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

3. SISTEMAS OSTEOARTICULAR E MUSCULAR

a. Noções gerais sobre estrutura e classificação dos ossos, articulações e músculos

Ossos

O sistema esquelético é composto por ossos e cartilagens. Os ossos são órgãos

esbranquiçados, muito duros, que unidos uns aos outros, por intermédio de articulações constituem

o esqueleto.

O osso é formado por vários tecidos diferentes: tecido ósseo, cartilaginoso, conjuntivo

denso, epitelial, adiposo, nervoso e vários tecidos formadores de sangue.

Quanto à irrigação do osso, existem vasos sanguíneos maiores e outros menores, no entanto,

o tecido ósseo não apresenta vasos linfáticos, apenas o tecido periósteo tem drenagem linfática.

Por outro lado, como falado anteriormente, existem umas partes do esqueleto denominadas

de cartilagem que têm uma forma elástica de tecido conectivo semi-rígido que forma partes do

esqueleto onde há movimento. A cartilagem não possui suprimento sanguíneo próprio e obtêm

oxigénio e nutrientes através de difusão.

Relativamente à classificação dos ossos:

Ossos longos: Tem o comprimento maior que a largura e são constituídos por um

corpo e duas extremidades. Eles são um pouco encurvados, o que lhes garante maior

resistência. O osso um pouco encurvado absorve o stress mecânico do peso do corpo

em vários pontos. Os ossos longos têm as diáfises formadas por tecido ósseo

12

Page 13: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

compacto e apresentam grande quantidade de tecido ósseo esponjoso nas epífises.

Exemplo: Fémur.

Ossos curtos: são semelhantes a um cubo, tendo o comprimento praticamente iguais

às suas larguras. Eles são compostos por osso esponjoso, excepto na superfície, onde

há uma fina camada de ósseo compacto. Exemplo: osso do carpo

Ossos laminares: São ossos finos e compostos por duas lâminas paralelas de tecido

ósseo compacto, com uma camada de osso esponjoso entre elas. Os ossos planos

garantem proteção e geram grandes áreas para inserção de músculos. Exemplo: osso

parietal e frontal.

Ossos alongados: são ossos longos, porém achatados e não apresentam canal central.

Exemplo: costelas.

Ossos pneumáticos: são ossos ocos, com cavidades cheias de ar e revestidos por

mucosa, apresentando um pequeno peso em relação ao seu volume.

Ossos irregulares: apresentam formas complexas e não podem ser agrupados em

nenhuma das categorias já referidas. Têm quantidades variáveis de osso esponjoso e

osso compacto. Exemplo: vértebras.

Ossos sesamóides: estão presentes no interior de alguns tendões em que há

considerável fricção, tensão e stress físico, como as palmas e plantas. Eles podem

variar de tamanho, número, de pessoa para pessoa e não são sempre completamente

ossificados.

13

Page 14: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

Ossos suturais: são pequenos ossos localizados dentro de articulações, chamadas de

suturas, entre alguns ossos do crânio. O seu número varia muito de pessoa para

pessoa.

o Estrutura dos ossos longos:

o A disposição dos tecidos ósseos compactos e esponjoso num osso

longo é responsável pela sua resistência. Os ossos longos contêm

locais de crescimento e remodelação, e estruturas associadas às

articulações. As partes de um osso longo são as seguintes:

Diáfise: é a haste longa do osso. Ele é constituído

principalmente de tecido ósseo compacto,

proporcionando resistência ao osso longo.

Epífise: as extremidades alargadas de um osso longo.

A Epífise de um osso articula ou une este com um

segundo osso com uma articulação. Cada epífise consiste de uma fina camada de

osso compacto que reveste o osso esponjoso.

Metáfise: parte dilatada da diáfise mais próxima da epífise.

Músculos

Os músculos são estruturas individualizadas que cruzam uma ou mais articulações e pela sua

contração são capazes de transmitir-lhe movimento. O movimento é efectuado por fibras, as fibras

14

Page 15: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

musculares, controladas pelo sistema nervoso. Um músculo vivo apresenta cor vermelha e

representam cerca de 40-50% do peso corporal.

Relativamente à classificação, estes podem ser classificados segundo a situação, a forma e

à função.

Quanto à situação

o Superficiais ou cutâneos: estão logo abaixo da pele e apresentam no mínimo uma das

inserções na camada profunda da derme.

o Profundos: são músculos que não apresentam inserções na camada profunda da

derme, na maioria das vezes inserem-se nos ossos.

Quanto à forma

o Longos: são encontrados maioritariamente nos membros. Os mais superficiais são

mais longos, passando por duas ou ais articulações.

o Curtos: encontram-se nas articulações cujos movimentos têm mais amplitude.

o Largos: caracterizam-se por serem laminares. São encontrados nas paredes das

grandes cavidades.

Quanto à função

o Agonistas: são os músculos principais que activam um movimento específico do

corpo. Contraem-se activamente para produzir um movimento desejado.

15

Page 16: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

o Antagonistas: músculos que se opõem à acção dos agonistas. Quando um agonista

contrai, o antagonista descontrai.

o Sinergistas: participam estabilizando as articulações para que não ocorram

movimentos indesejáveis.

o Fixadores: estabilizam a origem do agonista de modo a que ele possa agir mais

eficazmente.

Quanto à estrutura os músculos classificam-se da seguinte forma:

Músculos estriados esqueléticos: contraem-se por nossa vontade, isto é, são voluntários. O

tecido muscular esquelético é chamado de estriado porque ao microscópio verificam-se

faixas estriadas alternadas, de cor clara e escura.

Músculos lisos: Localizado nos vasos sanguíneos, vias aéreas e maioria dos órgãos da

cavidade abdomino-pélvica. A acção involuntária é controlada pelo sistema nervoso

autónomo.

Músculo estriado cardíaco: representa a arquitectura cardíaca. É um músculo estriado,

involuntário – com auto ritmicidade.

b. Biofísica da locomoção e dos principais movimentos dos membros

Locomoção

o Flexão: curvatura ou diminuição do ângulo entre os ossos ou partes do corpo

16

Page 17: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

o Extensão: endireitar ou aumentar o ângulo entre os ossos ou partes do corpo

Movimentos

o Adução: movimento na direção do plano mediano num plano coronal

o Abdução: afastar-se do plano mediano no plano coronal

o Rotação medial: traz a face anterior de um membro para mais perto do plano

mediano

o Rotação lateral: leva a face anterior para longe do plano mediano

o Pronação: movimento do antebraço e mão que gira o rádio medialmente em

torno do eixo longitudinal de modo que a palma da mão olha posteriormente

no ombro

o Supinação: movimento do antebraço e mão que gira o rádio lateralmente em

torno do seu eixo longitudinal de modo que a palma da mão olha

anteriormente no ombro

c. Função e estabilidade da coluna vertebral

A coluna vertebral é responsável por dois quintos do peso corporal total e é composta por

tecido conjuntivo e por uma série de ossos, chamados vértebras. A coluna vertebral é constituída

por 24 vértebras

As funções da coluna vertebral são:

Protege a medula espinhal e os nervos espinhais

Suporta o peso do corpo

17

Page 18: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

Fornece um eixo parcialmente rígido e flexível para o corpo

Exerce um papel importante na postura e locomoção

Serve de ponto de fixação para as costelas, a cintura pélvica e os músculos do dorso

Proporciona flexibilidade para o corpo, podendo flectir-se para a frente, para trás,

para os lados e ainda girar sobre o seu eixo

d. Osteoporose, fracturas, luxações, principais doenças reumatismais, tumores ósseos - conceitos; noções básicas sobre manifestações clínicas; implicações para os cuidados de saúde

Osteoporose

A osteoporose é uma doença óssea sistémica, (i.e. generalizada a todo o esqueleto), que por

si só não causa sintomas, caracterizada por uma densidade mineral óssea (DMO) diminuída e

alterações da microarquitectura e da resistência ósseas que causam aumento da fragilidade óssea e,

consequentemente, aumento do risco de fracturas.

Se não for prevenida precocemente, ou se não for tratada, a perda de massa óssea vai

aumentando progressivamente, de forma assintomática, sem manifestações, até à ocorrência de uma

fractura.

O que caracteriza as fracturas osteoporóticas é ocorrerem com um traumatismo mínimo, que

não provocaria fractura dum osso normal. Também se chamam, por isso, fracturas de fragilidade.

Habitualmente não ocorrem sintomas clínicos de osteoporose antes da ocorrência de uma

fractura. A osteoporose é considerada uma doença assintomática. De facto, durante a progressão da

doença, os ossos tornam-se progressivamente mais frágeis sem que os indivíduos afectados o

percebam.

18

Page 19: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

Fracturas e luxações

Ao nível osteoarticular, as fracturas são o principal problema e é fundamental que em caso

de suspeita o membro deve ser imediatamente imobilizado. Os sinais e sintomas mais frequentes

são: dor intensa no local, edema, diminuição da força no membro afectado, perda total ou parcial

dos movimentos e encurtamento ou deformação do membro lesionado.

As fracturas podem ser consideradas segundo o seu tipo em fracturas expostas e fracturas

não expostas.

Numa fractura exposta há fractura do osso sem que haja lesão (corte) da pele mas podem

existir tecidos lesionados debaixo da pele, ao contrário na fractura não exposta há fractura do osso

com lesão com corte da pele, sendo que o osso fracturado pode sair pela pele, provocando

contaminação com possibilidade de infeção.

Uma luxação é outra lesão considerada entre as lesões articulares, musculares e ósseas e que

consiste na perda de contacto das superfícies articulares por deslocação dos ossos que formam a

articulação. Os sinais e sintomas mais frequentes são a dor violenta, incapacidade funcional,

deformação e edema.

Tumores ósseos

Os tumores ósseos são produzidos pelo crescimento de células anormais nos ossos.

Podem ser não cancerosos (benignos) ou cancerosos (malignos). Os tumores ósseos não

cancerosos são relativamente frequentes, enquanto os cancerosos são pouco frequentes. Além disso,

os tumores ósseos podem ser primários (tumores cancerosos ou não cancerosos que têm origem no

próprio osso) ou metastáticos, quer dizer, cancros originados noutro ponto do organismo (por

exemplo, nas mamas ou na próstata) e que depois se propagam ao osso.

Nas crianças, a maior parte dos tumores ósseos cancerosos são primários; nos adultos, a

maioria são metastáticos. A dor dos ossos é o sintoma mais frequente de tumores ósseos. Além

disso, é possível notar uma massa ou tumefacção. Por vezes, o tumor (especialmente se for 19

Page 20: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

canceroso) enfraquece o osso, pelo que este se fractura com pouca ou nenhuma sobrecarga (fractura

patológica). Devem-se fazer radiografias das articulações ou de qualquer membro que cause dor

persistente.

Contudo, os raios X só mostram uma zona anormal, mas não indicam de que tipo de tumor

se trata. A tomografia axial computadorizada (TAC) e a ressonância magnética (RM) são úteis para

determinar a localização exacta e o tamanho do tumor. Contudo, não costumam fornecer um

diagnóstico específico.

A extracção de uma amostra do tumor para exame microscópico (biopsia) é necessária para

estabelecer o diagnóstico na maioria dos casos. Em alguns tumores, pode obter-se a amostra

extraindo algumas células com uma agulha (biopsia por aspiração). Não obstante, pode ser

necessário um procedimento cirúrgico (biopsia aberta) para obter uma amostra adequada para o

diagnóstico. O tratamento imediato (que consiste numa combinação de medicamentos, cirurgia e

radioterapia) é de grande importância no caso de tumores cancerosos.

e. Alterações osteoarticulares e musculares decorrentes do processo de

envelhecimento e da mobilidade - implicações para os cuidados ao utente

Quando determinadas alterações osteoarticulares e musculares resultam do processo de

envelhecimento e que levam a alterações da mobilidade é necessário um planeamento de cuidados

adequado ao caso em questão. Na alteração da mobilidade, existem duas situações que implicam

cuidados de saúde: transferências do utente e prevenção de úlceras de pressão.

Prevenção de úlceras de pressão

20

Page 21: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

“As Úlceras de Pressão são áreas da superfície corporal localizadas que sofreram

exposição prolongada a pressões elevadas, fricção ou estiramento, de modo a impedir a circulação

local, com consequente destruição e/ou necrose tecidular.” (DGS, 2007).

21

Page 22: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

a. Classificação das úlceras de pressão

i. Grau I

Presença de eritema cutâneo que não desaparece ao fim de 15 min de alívio da pressão.

Apesar da integridade cutânea, já não está presente resposta capilar.

ii. Grau II

A derme, epiderme ou ambas estão destruídas. Podem observar-se flictenas e

escoriações.

22

Page 23: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

iii. Grau III

Ausência da pele, com lesão ou necrose do tecido subcutâneo, sem atingir a fáscia

muscular.

iv. Grau IV

Ausência total da pele com necrose do tecido

subcutâneo ou lesão do músculo, osso ou estruturas de

suporte (tendão, cápsula articular, etc.).

b. Fatores de Risco de úlceras de pressão

i. Fatores intrínsecos

23

Page 24: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

1. Vasculares: incluem alterações como arteriopatias obliterantes, insuficiência

venosa periférica e microarteriopatia diabética.

2. Neurológicos: alterações da sensibilidade, da motricidade e do estado de

consciência, podem induzir situações de imobilidade ou agitação, que favorecem as

forças de pressão e/ou de fricção.

3. Tópicos: a diminuição da elasticidade da pele, a perda de gordura sub-

cutânea e a atrofia muscular, levam ao aparecimento de proeminências ósseas mais

salientes, facilitadoras do aparecimento de úlceras de pressão, sobretudo em pessoas

idosas

4. Gerais: neoplasias, febre, infecções, desnutrição, fármacos (córticosteroides,

analgésicos e sedativos) que possam diminuir a sensibilidade.

ii. Fatores extrínsecos

São as forças físicas que actuam a nível local, como compressão prolongada, fricção

e estiramento.

c. Medidas de Alívio de Pressão

Medidas de alívio de pressão

Áreas de risco O A localização das úlceras está associada às proeminências ósseas

O São áreas preferenciais para o seu aparecimento

24

Page 25: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

O região sacro coccígea O região trocanteriana / crista ilíaca O região isquiática O região escapular O região occipital O cotovelos O calcâneos O região maleolar

Medidas de conforto, higiene e hidratação cutânea

O Observação da pele e cuidados específicos O Manter a pele seca (e limpa); O Lavar com água morna e sem esfregar/causar

fricção; O Secar a pele, sem friccionar e utilizar toalhas

ou outros tecidos suaves e lisos; O Não utilizar álcool; O Usar sabões não irritantes e hidratantes; O Massajar com cremes hidratantes; O Não massajar sobre as proeminências ósseas

ou zonas ruborizadas (os capilares já estão afectados);

O Quando presentes situações de incontinência, a zona afectada deve ser limpa e seca o mais rapidamente possível;

O Usar meios de protecção que não danifiquem ou irritem a pele

Medidas de alívio de pressão O Colchões: O Roupa: O lençóis moldáveis, sem bordas, lisos O roupa de tecidos naturais O têxteis de lã de carneiro (“meias”, resguardos) O Suportes O Almofadas O Almofadas e dispositivos especiais para suporte

dos pés e cotovelos O Almofadas em “donut”(com uso limitado)

Técnicas de alívio de pressão O Técnicas de posicionamento dos doentes: O evitar arrastar o doente –levantar! O distribuir o peso do doente no colchão,

evitando zonas de pressão. O colocar o doente em posições “naturais”.

(respeitando o alinhamento corporal).

25

Page 26: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

Reposicionar doentes em intervalos de 3-4 horas!!!

Alimentação O O aporte dos nutrientes necessários deverá ser, tanto quanto possível, garantido através de produtos naturais e uma alimentação com confecção e apresentação “normais”, devendo o recurso a produtos farmacêuticos (suplementos alimentares) ser restrito aos casos em que existe indicação estrita para tal.

d. Posicionamentos

i. Decúbito Dorsal

26

Page 27: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

ii.

Decúbito lateral

4. TAREFAS QUE EM RELAÇÃO A ESTA TEMÁTICA SE

ENCONTRAM NO ÂMBITO DE INTERVENÇÃO DO/A TÉCNICO/A AUXILIAR DE SAÚDE

a. Tarefas que, sob orientação de um profissional de saúde, tem de executar sob sua supervisão directa

O Técnico Auxiliar de Saúde, sob supervisão directa de uma profissional de saúde pode executar

determinadas tarefas de transferências e posicionamentos de utentes em estado critico, auxiliando o

enfermeiro.

27

Page 28: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

b. Tarefas que, sob orientação e supervisão de um profissional de saúde, pode executar sozinho/a

O Técnico Auxiliar de Saúde, sob supervisão e orientação de um profissional de saúde pode executar

tarefas como posicionamento e transferências de utentes com mobilidade reduzida, mas que não requerem

cuidados especializados.

Por outro lado, ainda podem vigiar a pele do utente, alertando o enfermeiro sempre que haja

alterações da integridade ou aspecto da mesma.

BIBLIOGRAFIA

RAMÉ, ALAIN ; THÉROND, SYLVIE, CO-AUT - ANATOMIA E FISIOLOGIA.

LISBOA : CLIMEPSI, 2012.

SERRA, Luís M. Alvim ; OLIVEIRA, António Fonseca, co-aut ; CASTRO, José Costa e, co-

aut - Critérios fundamentais em fraturas e ortopedia. 3ª ed. atualizada e aumentada. Lisboa :

Lidel, 2012

CALAIS-GERMAN, Blandine - Anatomia para o movimento : introdução à análise das

técnicas corporais. São Paulo : Manole, 2002

28

Page 29: Manual UFCD 6565 Noções Gerais Sobre Células, Tecidos e Imunidade

29