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MAURICE MERLEAU-PONTY (1908-1961) A LIBERDADE CONDICIONADA

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Page 1: MAURICE MERLEAU-PONTY (1908-1961) A LIBERDADE CONDICIONADA

MAURICE MERLEAU-PONTY (1908-1961)

A LIBERDADE CONDICIONADA

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• Não é relação causal entre duas substâncias:– Existência (consciência/corpo) existência já é

consciência/corpo;– Existência (sujeito/mundo) existência já é

sujeito/mundo;– Existência (homem/sociedade) existência já é

sujeito/sociedade.

• Erro de Sartre: – A liberdade absoluta;

• Erro de Marx: – A teoria da primazia causal do fato econômico sobre a

constituição do homem e da sociedade.

A LIBERDADE CONDICIONADA

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• A liberdade do Homem:– O homem é livre e não existe estrutura, como a

econômica, que possa anular a sua liberdade constitutiva. (essencial/indispensável);

– Porém, a liberdade do homem é “liberdade condicionada”:

• Condicionada pelo mundo em que vive e pelo passado que viveu.

• “Não existe nunca determinismo e não existe nunca escolha absoluta, eu não sou nunca uma ‘coisa’ e não sou nunca ‘consciência’ nua”.

• A realidade é que nós escolhemos o nosso mundo e o mundo nos escolhe.

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• Em relação a afirmação de Sartre:– “A nossa liberdade (...) ou é total ou não

existe”!• Responde Ponty:

– “A liberdade existe, não por que algo me solicite, mas, ao contrário, porque de repente eu estou fora de mim e aberto para o mundo”.

– Portanto: a liberdade existe, mas:– É condicionada por nossa estrutura psicológica e

histórica;– Estamos misturados ao mundo e aos outros em confusão

inextricável;– A liberdade não destrói a situação, mas se insere nela.

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Deixemos Reale nos ajudar na compreensão

• “A liberdade existe, mas é condicionada, porque somos uma estrutura psicológica e histórica, porque estamos misturados ao mundo e aos outros em confusão inextricável. A nossa liberdade, portanto, não destrói a situação, mas se insere nela. E é por essa razão que as situações permanecem abertas, já que a inserção do homem nelas poderá configurá-las de um ou de outro modo, obviamente enquanto as situações o permitem.

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Portanto, não há fuga dos fatos, já que eu posso faltar à minha liberdade quando procuro superar a minha situação natural e social sem primeiro assumi-la, ao invés de, através dela, unir-me ao mundo natural e humano. Mas também não há rendição aos fatos, como pretende o materialismo histórico”.

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• Em relação ao materialismo histórico:– A liberdade não destrói a situação, mas se insere

nela:• As situações permanecem abertas, já que a inserção do

homem nelas poderá configurá-las de um ou de outro modo.

• Analogia entre psicanálise e marxismo:– A psicologia ‘inflou’ a noção de sexualidade:

• Toda a nossa vida determinada pela pulsão sexual

– O marxismo ‘inflou’ a noção de economia;• “A economia não é um mundo fechado e todas as

motivações se entrelaçam no coração da história”.• Ponty, não descarta as motivações econômicas, apenas não

as absolutiza.

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• Unidade do acontecimento social:– Substancialmente a concepção (do direito, da

moral, da religião, estrutura econômica) se intersignificam reciprocamente – na unidade do acontecimento social.

• Unidade de um gesto:– As partes do corpo se implicam mutuamente

em um único gesto.

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• Unidade de uma ação:– Motivos fisiológicos;– Psicológicos;– Motivos morais

• Entrelaçam-se na unidade de uma ação.• “É impossível reduzir a vida humana tanto às

relações econômicas como às relações jurídicas e morais pensadas dos homens, do mesmo modo que é impossível reduzir a vida individual tanto às funções corpóreas como ao conhecimento que nós temos dessa vida”.

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A HISTÓRIA HUMANA NÃO É DOMINADA POR INVIOLÁVEL LEI DIALÉTICA

O mundo humano é sistema aberto e incompleto: O mundo humano é fundamentalmente

contingente; “O marxismo não somente está equivocado em

sua teoria do materialismo histórico, mas também na teoria da dialética”.

Essas ideias são trabalhadas na obra:‘Humanismo e Terror’

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As aventuras da dialética: Condição necessária para haver dialética:

(oposição/liberdade) uma vez feita a “revolução” se perdem (oposição/liberdade), assim, finda a dialética. “Não existe dialética sem oposição e sem liberdade –

e oposição e liberdade não duram longamente em uma revolução. O fato de todas as revoluções conhecidas terem degenerado não é fruto do acaso: o fato é que não podem nunca, como regime instituído, ser o

que eram como movimento”.

Essas ideias são trabalhadas na obra:‘As aventuras da dialética’

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As revoluções são verdadeiras como movimento e falsas como instituições:

• Uma vez feito instituição, o movimento se trai, se desfigura;

• “A revolução é progresso quando a comparamos ao passado, mas desilusão e aborto quando a comparamos ao futuro que deixou entrever e depois sufocou”.