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Novo estudo comprova eficácia de método fônico na alfabetização 17 de junho de 2015 | Alfabetização aos 6 anos | por Equipe IAB Um estudo lançado no mês passado pela Universidade Stanford (EUA), uma das instituições mais renomadas do mundo, comprova a vantagem do método fônico de alfabetização sobre outras técnicas de ensino. O estudo, de co-autoria de Bruce McCandliss, professor da de Pós- Graduação Escola de Educação e do Instituto de Neurociência de Stanford, fornece algumas das primeiras evidências de que uma estratégia de ensino específico para a leitura tem impacto direto no cérebro. Segundo a pesquisa, leitores que aprendem as relações entre letra e som por meio do método fônico de ensino têm melhor avanço na leitura do que quando tentam aprender a identificar palavras inteiras. Isso significa, por exemplo, que ensinar o som das letras que formam a palavra GATO produz mais conexões cerebrais do que quando as crianças são instruídas a memorizar essa palavra. ”A pesquisa é emocionante porque utiliza a neurociência cognitiva e a conecta a questões com significado profundo para a história da pesquisa em educação”, disse McCandliss em entrevista ao site de notícias de Stanford. A pesquisa contou também com a coordenação de Yuliya Yoncheva, da Universidade de Nova York, e Jessica Wise, estudante de pós-graduação da Universidade do Texas, em Austin, ambas nos Estados Unidos. Publicado na revista Brain and Language, o estudo partiu de uma nova linguagem escrita e buscou ensiná-la a um grupo de 16 adultos, sendo que uma parte foi ensinada a partir de um método de instrução fônico e a outra parte com um método de associação de palavras inteiras. Depois de

Método Fônico Na Alfabetização

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Novo estudo comprova eficcia de mtodo fnico na alfabetizao17 de junho de 2015 | Alfabetizao aos 6 anos| por Equipe IABUm estudo lanado no ms passado pela Universidade Stanford (EUA), uma das instituies mais renomadas do mundo, comprova a vantagem do mtodo fnico de alfabetizao sobre outras tcnicas de ensino. O estudo, de co-autoria de Bruce McCandliss, professor da de Ps-Graduao Escola de Educao e do Instituto de Neurocincia de Stanford, fornece algumas das primeiras evidncias de que uma estratgia de ensino especfico para a leitura tem impacto direto no crebro. Segundo a pesquisa, leitores que aprendem as relaes entre letra e som por meio do mtodo fnico de ensino tm melhor avano na leitura do que quando tentam aprender a identificar palavras inteiras.Isso significa, por exemplo, que ensinar o som das letras que formam a palavra GATO produz mais conexes cerebrais do que quando as crianas so instrudas a memorizar essa palavra.A pesquisa emocionante porque utiliza a neurocincia cognitiva e a conecta a questes com significado profundo para a histria da pesquisa em educao, disse McCandliss em entrevista ao site de notcias de Stanford. A pesquisa contou tambm com a coordenao de Yuliya Yoncheva, da Universidade de Nova York, e Jessica Wise, estudante de ps-graduao da Universidade do Texas, em Austin, ambas nos Estados Unidos.Publicado na revistaBrain and Language, o estudo partiu de uma nova linguagem escrita e buscou ensin-la a um grupo de 16 adultos, sendo que uma parte foi ensinada a partir de um mtodo de instruo fnico e a outra parte com um mtodo de associao de palavras inteiras. Depois de aprender vrias palavras sob ambas as abordagens, as palavras recm aprendidas foram apresentadas em um teste de leitura, enquanto as ondas cerebrais foram monitoradas.Segundo os exames, a resposta cerebral mais rpida para as palavras recm aprendidas foi influenciada pela tcnica de ensino. Aquelas palavras que foram aprendidas pelo mtodo fnico induziram a atividade neural do lado esquerdo do crebro, que engloba as regies visuais e de linguagem. Em contraste, palavras aprendidas atravs de associao da palavra inteira mostraram atividade de processamento no hemisfrio direito. McCandliss observou que o forte engajamento hemisfrio esquerdo durante o reconhecimento de palavras uma caracterstica marcante de leitores qualificados. Segundo o pesquisador, os resultados reforam a ideia de que a forma como um aluno concentra sua ateno durante a aprendizagem tem impacto profundo sobre o que aprendido.No a primeira vez que um estudo comprova a superioridade do mtodo fnico em relao a outros mtodos, especialmente com alunos que apresentam dificuldades de leitura. Em 1990, a pesquisadora americana Marilyn Adams publicou uma reviso da literatura disponvel desde 1960 e constatou que esses estudos revelavam a importncia da conscincia fonolgica e fonmica como fatores associados a fatores fortes de predio do sucesso da alfabetizao. Assim, Adams conclui que mtodos fnicos, que usam a associao fonema-grafema, quando implementados de maneira sistemtica e explicita, so mais eficazes do que os outros.No ano 2000, a alfabetizao tambm foi tema nos Estados Unidos doNational Reading Report Painel. O levantamento partiu de uma anlise de 100 mil outros estudos e se concentrou em uma amostra de 68 pesquisas relevantes, que incluam milhares de crianas, e ofereceram a concluso de que os mtodos fnicos so mais eficazes do que os outros.De modo geral, ficou comprovado que o mtodo funciona melhor para os que tm mais dificuldade, ajudando a desenvolver competncia de compreenso e aprendizagem da ortografia e mais impactante para as crianas de nvel econmico mais baixo.Ainda segundo esse levantamento, no basta apenas usar qualquer mtodo fnico, o melhor o fnico sinttico, que apresenta as relaes de fonema e grafema de forma sistemtica e explcita.No Brasil, em 2003, a Cmara dos Deputados organizou um grupo de estudos que buscou produzir umaanlise rigorosa das evidncias cientficas mais atualizadas sobre o tema elaborada conjuntamente por uma equipe de cientistas nacionais e internacionais, que contou com a participao e coordenao de Joo Batista Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, alm da participao de Marylin Adams,Roger Beard, dentre outros. O trabalho resultou no relatrio intituladoAlfabetizao infantil: novos caminhos.J em 2011, a Academia Brasileira de Cincias (ABC) produziu o relatrioAprendizagem Infantil, que tambm aborda as evidncias cientficas mais relevantes a robustas a respeito da alfabetizao. O trabalho contou com a participao de diversos pesquisadores brasileiros, entre eles o presidente do Instituto Alfa e Beto.