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Informativo CFQ - Julho a Setembro 2000 VI - PATOGENIA O mercúrio absorvido pelo trabalhadorélentamenteelimina- dodoorganismoatravésdosuor, dasaliva,daurina,dasfezeseda bilis,sendoosrins,ofígadoeos centrosnervosos,asprincipaisre- giõesdeacumulação. O hidragirismo se instala quando,apósafasedeexposição, ataxadotóxicoexcretadaforin- ferioràtaxadeabsorção,haven- do progressiva concentração de mercúrionosangue.Essaconcen- tração sanguínea em relação à concentração do tóxico no ar alveolar, quando comparadas no mesmovolume,nosforneceoco- eficientededistribuiçãodotóxi- conosangue. Algunsaparelhosesistemas sãocomprometidos,masaelimi- naçãopelosrins,condicionagra- ves lesões para os mesmos (nefrite).Ohálitofétido,osabor metálicoeasialorréiaintensare- lacionam-secomaexcreçãoatra- vésdasglândulassalivares.Aco- loraçãoazul-violáceadasgengivas emucosaslabiaiséumsinalesin- toma muito característico do HIDRARGIRISMO. No organismo o mercúrio age como veneno protoplasmático,produzindoefei- tosistêmico.Apatologiasetraduz porinibiçãodeenzimascelulares (por combinar-se com grupos sulfidrilas),necrosedamucosa gastrointestinal,dosgromérulose dostubilhoscongestãohepática, bronquiteerosivaepneumotite, atrofiacerebralecerebelar. VII - SINAIS E SINTOMAS Asintoxicaçõesagudasesub- agudas acontecem, em geral, em condiçõesacidentais;jáasintoxi- caçõescrônicasseconstituemem regrageraldapatologiaindustri- al. 7.1 - INTOXICAÇÃO AGUDA Esteestadodeintoxicaçãoé caracterizadopeloaparecimento danefritetóxicamercurialtípica, distinguindo-seasintoxicações agudaspor ingestão e inalação . 7.1.1 - INTOXICAÇÃO AGU- DA POR INGESTÃO Apartirdaingestãodotóxi- coaparecemqueimadurasnaboca egarganta,rapidamenteacompa- nhadasdenáuseasevômitosbili- osose,depois,sanguinolentos.O trabalhadoréacometidodemui- tasede,sobrevindodoresabdomi- nais, seguidas de fenômenos disentéricos (diarréia ensanguentada) com profunda sudorese,calafriosetendênciaao choque. Posteriormenteseguem-sea oligúria,aanúria,ahematúriaea albuminúria(3ºao6ºdia). Aintoxicaçãolevaàinsufici- ência renal aguda por lesão tubular. À partir do segundo ou terceirodia,nota-seosurgimento progressivo da estomatite úlceromembranosa(característica doHidragirismo),consecutivoà eliminaçãodomercúriopelasali- va(estomatitemercurial). A ingestãomaciçadotóxi- co podeprovocaramorteem24a 36horas,eossintomasseredu- zemaintensostranstornosdiges- tivos. Emcasodeevoluçãofavorá- veldadoença,acurasemanifesta pelorestabelecimentodadiurese, comaeliminaçãomaciçadauréia, a qual, pode ser eliminada com- pletamente em 4 a 5 semanas. SEDE - SETOR DE AUTARQUIAS SUL - SAS - QUADRA 05 - BLOCO I - LOTE 05/3 A CEP 70070-000 - BRASÍLIA - DF - Tels.: (0xx61) 224-0202 / 224-5316 www.cfq.org.br ANO XXIX - Julho a Setembro / 2000 O COMBATE ÀS DOENÇAS PROFISSIONAIS INTOXICAÇÃO PELO MERCÚRIO = HIDRAGIRISMO (2ª PARTE) Jesus Miguel Tajra Adad Presidente do CFQ - O COMBATE ÀS DOENÇAS PROFISSIONAIS - INTOXICAÇÃO PELO MERCÚRIO = HIDRAGIRISMO (2ª PARTE) 01 - CONFLITO NA ÁREA DE LATICÍNIOS - PARTE FINAL 03 - DECISÃO JUDICIAL - JUSTIÇA DECIDE MAIS UMA VEZ A FAVOR DOS QUÍMICOS 05 - TRANSPORTES DE CARGAS QUÍMICAS 08

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Conselho Federal de Química 1

Informativo CFQ - Julho a Setembro 2000

VI - PATOGENIAO mercúrio absorvido pelo

trabalhador é lentamente elimina-do do organismo através do suor,da saliva, da urina, das fezes e dabilis, sendo os rins, o fígado e oscentros nervosos, as principais re-giões de acumulação.

O hidragirismo se instalaquando, após a fase de exposição,a taxa do tóxico excretada for in-ferior à taxa de absorção, haven-do progressiva concentração demercúrio no sangue. Essa concen-tração sanguínea em relação àconcentração do tóxico no aralveolar, quando comparadas nomesmo volume, nos fornece o co-eficiente de distribuição do tóxi-co no sangue.

Alguns aparelhos e sistemassão comprometidos, mas a elimi-nação pelos rins, condiciona gra-ves lesões para os mesmos(nefrite). O hálito fétido, o sabormetálico e a sialorréia intensa re-lacionam-se com a excreção atra-vés das glândulas salivares. A co-loração azul-violácea das gengivase mucosas labiais é um sinal e sin-toma muito característico doHIDRARGIRISMO.

No organismo o mercúrioage como venenoprotoplasmático, produzindo efei-to sistêmico. A patologia se traduzpor inibição de enzimas celulares(por combinar-se com grupossulfidrilas), necrose da mucosagastrointestinal, dos gromérulos edos tubilhos congestão hepática,bronquite erosiva e pneumotite,atrofia cerebral e cerebelar.VII - SINAIS E SINTOMAS

As intoxicações agudas e sub-agudas acontecem, em geral, emcondições acidentais; já as intoxi-cações crônicas se constituem emregra geral da patologia industri-al.7.1 - INTOXICAÇÃO AGUDA

Este estado de intoxicação écaracterizado pelo aparecimentoda nefrite tóxica mercurial típica,distinguindo-se as intoxicaçõesagudas por ingestão e inalação.7.1.1 - INTOXICAÇÃO AGU-DA POR INGESTÃO

A partir da ingestão do tóxi-co aparecem queimaduras na bocae garganta, rapidamente acompa-nhadas de náuseas e vômitos bili-osos e, depois, sanguinolentos. Otrabalhador é acometido de mui-

ta sede, sobrevindo dores abdomi-nais, seguidas de fenômenosdisentéricos (diarréiaensanguentada) com profundasudorese, calafrios e tendência aochoque.

Posteriormente seguem-se aoligúria, a anúria, a hematúria e aalbuminúria (3º ao 6º dia).

A intoxicação leva à insufici-ência renal aguda por lesãotubular. À partir do segundo outerceiro dia, nota-se o surgimentoprogressivo da estomatiteúlceromembranosa (característicado Hidragirismo), consecutivo àeliminação do mercúrio pela sali-va (estomatite mercurial).

A ingestão maciça do tóxi-co pode provocar a morte em 24 a36 horas, e os sintomas se redu-zem a intensos transtornos diges-tivos.

Em caso de evolução favorá-vel da doença, a cura se manifestapelo restabelecimento da diurese,com a eliminação maciça da uréia,a qual, pode ser eliminada com-pletamente em 4 a 5 semanas.

SEDE - SETOR DE AUTARQUIAS SUL - SAS - QUADRA 05 - BLOCO I - LOTE 05/3 ACEP 70070-000 - BRASÍLIA - DF - Tels.: (0xx61) 224-0202 / 224-5316

www.cfq.org.brANO XXIX - Julho a Setembro / 2000

O COMBATE ÀS DOENÇAS PROFISSIONAISINTOXICAÇÃO PELO MERCÚRIO = HIDRAGIRISMO (2ª PARTE)

Jesus Miguel Tajra AdadPresidente do CFQ

- O COMBATE ÀS DOENÇAS PROFISSIONAIS - INTOXICAÇÃO PELO MERCÚRIO = HIDRAGIRISMO (2ª PARTE) 01

- CONFLITO NA ÁREA DE LATICÍNIOS - PARTE FINAL 03

- DECISÃO JUDICIAL - JUSTIÇA DECIDE MAIS UMA VEZ A FAVOR DOS QUÍMICOS 05

- TRANSPORTES DE CARGAS QUÍMICAS 08

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7.1.2 - INTOXICAÇÃO AGU-DA POR INALAÇÃO

Conforme dissemos anteri-ormente (1ª parte) a Via Pulmo-nar é a que oferece maior área deabsorção, com o agravante de queatravés dela, o tóxico escapa àmetabólise do Fígado, resultandodaí, a manifestação da toxicidadepotencial do agente nocivo, compouca ou nenhuma atenuação deefeitos.

Os sinais e sintomas verifi-cados são, ainda, a estomatite, asalivação, o sabor metálico,contorsões abdominais e diarréi-as; dispinéia, tosse, febre, inquie-tação, bronquite e pneumonia.7.2 - INTOXICAÇÃO CRÔNI-CA

No envenenamento crônicopelo Mercúrio todos os sintomassupra-mencionados podem apare-cer, via de regra, mais fracos, po-rém mais insidiosos. As manifes-tações mais características são decaráter neurológico e psíquico: o“eretismo”, uma forma particularda “ansiedade neurótica”, é prati-camente específico aoHidragirismo profissional crônico.

Os processos industriais nosquais os riscos ao Hidrargirismose tem verificado, são principal-mente, na fabricação de chapéusde feltro (*), na produção de ma-teriais elétricos e instrumentos ci-entíficos, e na produção de com-postos mercuriais orgânicos usa-dos como preservativos, são alta-mente tóxicos, exceção feita aopirocatecolfenil mercúrio, e aofenil e tolil composto que entre-tanto, oferecem toxicidade ao

contacto com a pele, produzindodermatite vesicante.7.2.1 - SINTOMAS DOHIDRARGIRISMO CRÔNI-C O

O Hidrargirismo Crônico semanifesta, inicialmente, comtranstornos digestivos; posterior-mente, aparecem alterações nervo-sas, sendo, os TREMORES, amanisfestação mais frequente emais típica da intoxicação crôni-ca.

Os sinais e sintomas doHidrargirismo se manifestam atra-vés:A- DO SISTEMA NERVOSOCENTRAL - (SNC)a - Eretismob - Distúrbios Vaso-Motoresc - Tremord - Discurso Desordenadoe - Alteração da Escritaf - Desordenação dos Nervos Mo-tores e SensitivosB - DOS ÓRGÃOS GASTRO-INTESTINALC - DO APARELHO GÊNITO-URINÁRIOD - DO APARELHO RESPIRA-TÓRIOE - DOS OLHOSF - DA PELE7.2.1.1 - SISTEMA NERVOSOCENTRAL

A afecção ao SNC peloHidrargirismo Crônico, se mani-festa através de dores de cabeça,vertigens, perturbarções vaso-motoras; desassossêgo,irritabilidade, insônia; neuriteperiferal; ataxia, aumento dos re-flexos tendinosos profundos e tre-mores.a - ERETISMO

É uma forma de distúrbiopsíquico cuja maior ocorrência severifica nas indústrias de chapéusde feltro, onde a exposição ao mer-cúrio é devida à aplicação de solu-ção de nitrato de mercúrio à pelede coelho, no processo“carrotting”, que visa melhorar asqualidades “feltrantes” da pele.Isto resulta na formação de com-postos de mercúrio voláteis, comliberação de mercúrio, o qual podeser inalado, seja como vapor, comomercúrio elementar, ou mesmo naforma de seus compostos,carreados sobre as partículas depoeira.

Os distúrbios emocionais oupsíquicos, são caracterizados pelainconsciência de si próprio, timi-dez, confusão mental, ansiedade,indecisão, falta de concentração,depressão, desânimo, ressentimen-to às críticas, irritabilidade ouexcitabilidade. Tais sinais e sinto-mas podem ser de tal intensidadeque chegam até a provocar a mu-dança de personalidade. Dores decabeça, fadiga, fraqueza, e mesmo,sonolência ou insônia, são quei-xas frequentes.Nos casos avançados, poderá ha-ver alucinação, perda de memóriae deterioração intelectual.Uma característica curiosa doEretismo é o fato de o trabalhadorpor ele afetado, ao perceber emoutro, alguns dos sinais que regemo seu comportamento, logo se ir-rita, sob a suspeita de que estejasendo imitado pelo colega que, noseu entender estaria pretendendoridicularizá-lo.(continua no próximo número).

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ABICLOR

A propósito do artigointitulado Hidrargirismo (1ªparte), recebemos do DiretorExecutivo da ABICLOR, Sr.Martim Afonso Penna,correspondência na qual nospresta algumas informações arespeito da fonte de intoxicaçãopelo mercúrio em Minamata,Japão; da poluição mercurial pelosetor cloro-soda, e do esforço queo referido setor tem feito,“buscando a redução substancialdas perdas no sistema de salmoura,sala de células, hidrogênio e soda”.

Dada a importância dasinformações destacamos aqui, ostrechos principais da mensagem:

“Segundo a agênciaambiental japonesa, “a doença deMinamata é uma doença dosistema nervoso central, causadapor composto de metil mercúrio,que era produzido como sub-produto no processo de fabricaçãode acetaldeído na empresa Chisso,na cidade de Minamata, e pelaempresa Shorva Denlro, localizadaa montante do rio Agano, e eracarregado junto com efluentesaquosos, poluindo o meioambiente, que através da cadeiaalimentar foi se acumulando nospeixes e outras criaturas marinhas.Consequentemente, a doença deMinamata ocorreu quando osresidentes comeram grandesquantidades destes alimentosmarinhos”.

Afirma, ainda, o Dr.Martim Afonso Penna: “Aconversão das células de mercúrionas fábricas de cloro-soda cáusticajaponesas foi fortementeincentivada a partir de 1970,como medida preventiva (os

grifos não são nossos) e nãoporque estivessem envolvidos notriste episódio de Minamata”.

Informa também, o Sr.Martim Penna que “o consumo demercúrio pela indústria da cloro-soda cáustica no Brasil foireduzido drasticamente de 90g/ton de cloro em 1984 para 1,2g/ton de cloro em 1994”. E terminapor informar que as suas“associadas já atendem aosrequisitos da lei” (nº 9976/2000)“tendo o compromisso deproduzir, armazenar e transportarde acordo com os melhorespadrões internacionais dequalidade, segurança e higiene”.

O Conselho Federal deQuímica agradece as informaçõesfornecidas e se congratula com aABICLOR pelo esforço que aindústria brasileira do setor vemfazendo no sentido de alcançar osmelhores índices de rendimentodo processo, com o mínimo deperda de mercúrio para o meioambiente. Isto de fato, é umesforço necessário e elogiável, poisa necessidade desteempreendimento chegou até aexigir do Governo Federal a ediçãode lei específica conforme citadopor V. Sa.

No caso de Minamata,conquanto não tenhamos o menorinteresse de incriminar a indústriada eletrólise do cloreto de sódiocom células de mercúrio, tratou-se de menção feita em literatura.

Examinando o assuntoverificamos que também sãoatribuídas outras causas além daindústria de cloro-soda e doaldeído acético, como porexemplo, à fabricação de cloreto

de vinila que, na ocasião, estariase utilizando do Hg2Cl2.

Folgamos, entretanto, emsaber que a própria agênciaambiental japonesa concluiu quea causa daquele fenômeno teriasido a fabricação de acetaldeído, oque, sem dúvida, nos merece todoo crédito. Fica, pois, registrado odevido reparo.

Por oportuno, e tendo emvista a gentil oferta de novosesclarecimentos adicionais,solicitamos que, se possível nosforneçam as seguintesinformações: alguns técnicosafeitos ao problema, aludem a queo mercúrio estaria presente nocloro liberado e, até, na sodacáustica produzidos na eletrólisedo cloreto de sódio, e até se falaem ambiente de trabalho. Muitosambientalistas se tem preocupadocom tais comentários,particularmente porque taiscomponentes são usados nafabricação de hipoclorito, o qualtem ampla aplicação notratamento de águas deabastecimento e de piscinas.

Muito agradeceremos se V.Sa. nos fornecesse alguns dadosatualizados sobre os eventuaisteores de Hg presentes nessesprodutos, e, até mesmo no ar-ambiente de trabalho e nosefluentes de tais indústrias. Taisdados seriam de grande valia para“desanuviar” o ambiente depreocupação que existe, nossetores do Meio Ambiente e deSegurança do Trabalho, já quefaremos publicar tais informações.

Jesus Miguel Tajra AdadPresidente do CFQ

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FABRICAÇÃO DO LEITE CONDENSADOÉ muito similar a fabricação do doce de leite. A sua produção

consiste em concentrar o leite por evaporação, até se obter uma reduçãode volume, geralmente, de 3:1 ou 2:1, com adição de açúcar, não sópara melhorar o seu sabor como, também, para aumentar o seu tempode armazenamento.

O produto, uma vez envasado, faz-se a sua esterilização com umposterior resfriamento.

Temos, portanto, neste procedimento, as bases para 2 produtoscomercialmente conhecidos:· O creme de leite (sem açúcar).· O leite condensado (com adição de açúcar).A sua homogeneização é feita antes da pasteurização, e o açúcar é colo-cado imediatamente após a condensação.

Esta evaporação pode ser feita em processos simples ou utilizandode processos mais complexos como os de múltiplos efeitos. Desses últi-mos são mais frequentes os de duplo e triplo efeitos.

LEITE EM PÓÉ o produto resultante da concentração, por evaporação da água, do

leite condensado (sem açúcar) até que se chegue a um teor de H2Opróximo a 5%. Antes de secar o produto, remove-se, por centrifugação,a gordura a fim de se evitar o ranço.

Quando a destinação é o ser humano, o leite em pó deve ser secadoantes da pasteurização.

· Leite em pó instantâneo: é feitoatravés do vapor d’água e a aglo-meração em partículas grosseiras,o que torna o leite em pó em umproduto de fácil solubulização.· Leite em pó sem gordura: é emfunção de diferentes graus dedesnaturação da proteína, obtidosatravés da alta ou baixa tempera-tura.· Leite em pó integral: é obtidoguardando uma proporção de1:2,8 entre gorduras e sólidos nãogordurosos.

Os principais passos deprocessamento para a obtenção doleite em pó integral podem ser con-siderados os seguintes:- O leite integral deve serhomogeneizado antes dacondensação.- É introduzido no secador anebulização à uma pressão de 170atm (2500 psi), e a saída do ar dedescarga do secador está em redorde 82ºC.- A fim de se manter as proprieda-des do leite em pó integral duran-te o armazenamento, o produto éenvasado à vácuo e cheio por ni-trogênio.

SORVETESDe um modo geral, estes pro-

dutos pesam cerca de 480g/l, comum aumento de volume (50% dear, volume a volume).

Dependendo de sua composi-ção, podem ser congelados entre -7 a -3ºC.

Os sorvetes podem encerrarem sua composição uma varieda-de de matérias-primas, tais comoo leite, adoçantes, estabilizadores,emulsificadores, frutas e outras.

O CONFLITO NA ÁREA DE LATICÍNIOS - PARTE FINAL

Roberto HissaVice-Presidente do CFQ

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Um maior detalhamento sobrea produção de sorvete e o seuenvolvimento com a área da quí-mica será apresentado em um ou-tro número do INFORMATIVOCFQ.

A Lei Federal 8078/90 - Lei deDefesa do Consumidor é bastanteexplícita quanto as suas exigênciaspara que essas propriedades sejamhonradas com produtos confor-mes pela empresa que os fabrica.

Em caso de algum conflitoquanto as características envolvi-das, o Decreto-Lei 5.452/43(CLT), em seu artigo 340 é bas-tante taxativo:“Somente os químicos habilitados,nos termos do art. 325, alíneas a eb, poderão ser nomeados “ex-officio” para os exames periciais defábricas, laboratórios e usinas e deprodutos aí fabricados.”

O artigo 335 do mesmo diplo-ma legal é extremamente pacíficoquanto ao enquadramento da ma-téria:“É obrigatória a adminssão de quí-micos nos seguintes tipos de indús-tria:a) de fabricação de produtos quí-micos;b) que mantenham laboratório deprodutos químicos;c) de fabricação de produtos indus-triais que são obtidos por meio dereações químicas dirigidas, taiscomo cimento, açúcar e álcool, vi-dro, curtume, massas plásticas ar-tificiais, explosivos, derivados decarvão ou de petróleo, refinação deóleos vegetais ou minerais, sabão,celulose e derivados.”

A CLT em seu art. 339 fazmenção da responsabilidade doprofissional quando cita:“ O nome do químico responsávelpela fabricação dos produtos deuma fábrica, usina ou laboratório,deverá figurar nos respectivos ró-

tulos, faturas e anúncios, compre-endida entre estes últimos a legen-da impressa em cartas esobrecartas.”

Tem sido muito comum o con-flito envolvendo a responsabilida-de nesta área de laticínios. Comojá foi dito no início da presenteanálise, podem cohabitar diversasatividades, com diversas responsa-bilidades, em uma determinadaempresa, porém, somente uma de-las é a básica perante a Lei 6.839/80, cabendo o seu registro no Con-selho Profissional pertinente de suajurisdição.

Quanto ao enquadramento daárea ora em estudo é pacífico serela a da química, conforme já de-monstrado anteriormente.

Mas como esta interpretaçãoentra em choque com a Lei 5.517,de 23 de outubro de 1968, dos Ve-terinários?

Analisemos referida Lei quan-to ao seu conteúdo.

Em seu art. 5º, item f, onde fazreferências às atividades privativasdo Médico Veterinário:“a inspeção e a fiscalização sob oponto de vista sanitário e higiêni-co e tecnológico dos Matadouros,Frigoríficos, Usinas e Fábricas deLaticínios, Entrepostos de Carne,Leite, Peixe”,é bastante explicito e transparentequanto a responsabilidade envol-vida de dito profissional perante aLei na área da saúde, atingindo asetapas supracitadas.

Pareceres Judiciais corroboran-do com esta apreciação têm sidoprolatados em diversas Varas, dasquais, entre outras, pode-se citaralgumas:· Apelação Cível nº 111138, MG,Relator Ministro Dias Trindade -Tribunal Federal de Recursos, emque figuraram como apelante oConselho Regional de Química e

como apelado Laticínios Boa NataLtda.· Trecho da Sentença Judicialprolatada, em ação intentada pordiversas produtoras de laticíniosem litisconsórcio contra o CRQ-IV:“Na verdade a fiscalização indus-trial e sanitária, a cargo do Minis-tério da Agricultura, não exclui demodo algum, a fiscalização doexercício da profissão de químico,cuja atribuição é do Conselho Re-gional (art. 1º e 13, letra “c” da Lei2.800/56). Processo 50/75 - 5ªVara Federal - MG. Fábrica deLaticínios Biasi e outros X CRQ-II Região.”

Este fato, não exclui a respon-sabilidade da Medicina Veteriná-ria nesta área de fiscalização.

Não é a da industrialização,que é a atividade fim da empresa,e pertencente ao profissional daquímica, mas sim a nobre funçãode fiscalizar o segmento sanitário-higiênico desta atividade.

Em perfeita harmonia, nestecasamento de imposições legais,pode-se citar a compreensão da Lei2.800/56 sobre este fato ao rezar,em seu art. 13, letra “c”:“fiscalizar o exercício da profissão,impedindo e punindo as infraçõesà lei, bem como enviando àsautoridaded competentes relatóri-os documentados sobre fatos queapuraram e cuja solução não sejade sua alçada”,como uma das atribuições dosConselhos Regionais de Química.

REFERÊNCIAS TÉCNICAS1. LEITE - Obtenção, Controle deQualidade e Processamento - JoãoGustavo Brasil Caruso e Antônio Joa-quim de Oliveira - Dep. de TecnologiaRural, ESALQUE/USP.2. HUMPHREYS, C. L. ePLUNKETT, M., 1969 - Yoghurt.3. ROBINSON, R. K. e TAMIME,A. Y., 1975 - Yoghurt.4. PROCESSOS INDUSTRIAIS -SHREEVE.

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Esta matéria teve no Brasilum trato mais consistente, natentativa de se alcançar umaregulamentação, considerando osproblemas inerentes a mesma, noinício da década de 70, quando daimplantação do Pólo Petroquímicodo Nordeste em Camaçari.

Na ocasião, várias entidadesforam instaladas a cooperar, atravésde Normas e Resoluções, noprocedimento de uma execuçãodisciplinadora e segura no trasportede cargas químicas. Destacaramdentre essas entidades:· Instituto Brasileiro de Petróleo -IBP· Associação Brasileira de NormasTécnicas - ABNT.· Instituto Nacional de Metodologia- INM.· Instituto Nacional de Metrologia,Normalização e QualidadeInsdustrial - INMETRO.· Associação Brasileira da IndústriaQuímica - ABIQUIM.· Conselho Federal de Química -CFQ

De uma maneira geral, iniciou-se, primeiramente, em se eleger osequipamentos para transporte deprodutos químicos em suaespecificidade, sejam eles perigososou não. Desta forma, houve umaadequação dos veículos àscaracterísticas do que se pretendiatransportar, com segurança, dandoespaço a uma normalização. Umadessas normalizações diz respeito amassa de conformidade que viessea garantir uma qualidade desejávelde terceiros eixos nesses veículos.

A incumbência da qualidadedesses equipamentos foi entregue aINMETRO (Decreto n. 88.821).A responsabilidade de sua utilizaçãono transporte de uma carga deprodutos químicos é integralmentedo profissional da química, nãopodendo ser fragmentada. Pode-seaté compará-la, para efeito de umacompreensão lógica do que está seanalisando, com a de um cirurgiãoque utiliza um bisturi numaoperação. A responsabilidade nessacirurgia não é do fabricante dobisturi, mas sim, do cirurgião quequalificou e permitiu a suautilização.

Cabe portanto, ao CFQ, porimposição legal, a responsabilidade

em assegurar, não só a manutençãoda qualidade do que se estátransportando, mas, também de suasegurança desde a origem até odestino final. De fato, éimportantíssima a supervisão de umprofissional da química naquilo quese está transportando, pois, só ele,em sua função precípua, cochece anatureza de uma carga química e aação desta sobre os materiais, riscosde explosões e outros indesejáveisao humano e ao meio ambiente.

A abordagem desse profissionalcom líquidos inflamáveis,considerados perigosos, éimportantíssima, exigindo cuidadosespeciais, já que os mesmos podemensejar explosões numa operaçãomal cuidada.

Os líquidos inflamáveis podemser considerados:· De Classe I: possuem ponto defulgor até 37,7ºC.· De Classe II: com o ponto defulgor localizado na faixa de37,7ºC-70ºC.· De Classe III: são aqueles quepossuindo o ponto de fulgor acimade 70ºC, ao serem aquecidos emtemperatura acima de seu ponto defulgor, comportam-se comolíquidos inflamáveis.

Dentro desta possibilidadeexplosiva não se pode esquecertambém do transporte do GLP.

Todo cuidado deve também sertomado ao se lidar com produtoscorrosivos, técnicos e pirofóricos.

Os produtos combustíveisretromencionados podem aindaconter substâncias diluídas comoaditivos, corantes, benzeno e outrosprodutos. O benzeno é um produtoaromático que pode interferir nascaracterísticas do combustívelprejudicando as partes do motoronde venha a possuir juntascontendo a borracha.

Tem sido muito divulgado emJornais a prática de certos postos deserviços venderem gasolina“batizada” com um solventearomático, de baixo custo, cujocomportamento quanto a queimanão diverge das características docombustível, porém, éextremamente prejudicial quandoem contato com as partes devedação do motor. Acresce-se,ainda, o fato de que aludido

contaminante dificilmente serádetectado pelos métodos físicosconvencionais de análise.

Pergunta-se de quem é a culpa?- Da distribuidora?: possibilidaderemotíssima.- Do transportador, que batizariao combustível no trajetoDistribuidora®Posto de Serviço?- O dono do posto de serviçomancomunado com otransportador? Quem sabe?- Quem perderia? Desnecessárioresponder a esta pergunta!- Como evitar? Entregando aoprofissional da química legalmentehabilitado a responsabilidade destaatividade da empresa,indubitavelmente na área daquímica e que poderá acarretarsérias consequências.Essas perguntas encontram as suasrespostas no Decreto nº 96.044, de18 de maio 1988 que aprova oRegulamento para o TransporteRodoviário de produtos perigosos,com destaque nos itens que seseguem:

CAPÍTULO ISEÇÃO IIArtigo 6º - “O produto perigosofracionado deverá seracondicionado de forma a suportaros riscos de carregamento,transporte, descarregamento etransbordo, sendo o expedidorresponsável pela adequação doacondicionamento segundoespecificações do fabricante”.(grifosnossos)SEÇÃO VIArtigo 22Item c - declaração assinada peloexpedidor de que o produto estáadequadamente acondicionado parasuportar os riscos normais decarregamento, descarregamento etransporte, conforme aregulamentação em vigor”.SEÇÃO VIIArtigo 23“o transporte rodoviário de produtoperigoso que, em função dascaracterísticas do caso, sejaconsiderado como oferecendo riscospor demais elevado, será tratado

TRANSPORTES DE CARGAS QUÍMICAS

Roberto HissaVice-Presidente do CFQ

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como caso especial, devendo seuitinerário e sua execução seremplanejados e programadospreviamente, com participação doexpedidor, do contratante dotransporte, do transportador, dodestinatário, do fabricante ouimportador do produto, dasautoridades com jurisdição sobre asvias a serem utilizadas e docompetente órgão do meioambiente, podendo ser exigidoacompanhamento técnicoespecializado. (grifos nossos)§ 1º O acompanhamento técnicoespecializado disporá de viaturaspróprias, tripuladas por elementosdevidamente treinados e equipadospara ações de controle deemergência e será promovido,preferencialmente, pelo fabricanteou importador do produto, o qualem qualquer hipótese, forneceráorientação e consultoria técnicapara o serviço”.

CAPÍTULO IVSEÇÃO IArt. 30 “O fabricante de produtoperigoso fornecerá ao expedidor:I - informações relativas aoscuidados a serem tomados notransporte e manuseio do produto,assim como as necessárias aopreenchimento da Ficha deEmergência; eII - especificações para oacondicionamento do produto e,quando for o caso, a relação doconjunto de equipamentos a que serefere o artigo 3º.Art. 31 - No caso de importação, oimportador do produto perigosoassume, em território brasileiro, osdeveres, obrigações eresponsabilidades do fabricante”.SEÇÃO IIArt. 34 - “O expedidor éresponsável pelo acondicionamentodo produto a ser transportado, deacordo com as especificações dofabricante”.Art. 35 - “No carregamento deprodutos perigosos o expedidoradotará todas as precauções relativasà preservação dos mesmos,especialmente quanto àcompatibilidade entre si”.Art. 37 - São da responsabilidade:I - do expedidor, as operações decarga;II - do destinatário, as operações dedescarga.SEÇÃO IIIArt. 38 - “Constituem deveres e

obrigações do transportador:XII - “assegurar-se de que o serviçode acompanhamento técnicoespecializado preenche os requisitosdeste Regulamento e das instruçõesespecíficas existentes (artigo 23)”.Art. 40 - “O transportador ésolidariamente responsável com oexpedidor na hipótese de receber,para transporte, produtos cujaembalagem apresente sinais deviolação, deterioração, mau estadode conservação ou de qualquerforma infrinja o preceituado nesteRegulamento e demais normas ouinstruções aplicáveis”.

Não só a segurança notransporte deve ser garantida mascomo, também, as características dequalidade pré-compromissadas, afim de não se entregar aoconsumidor produtos nãoconformes.

Todos estes produtos têmcaracterísticas químicas, físicas efísico-químicas que devem serpreservadas com a responsabilidadede sua manutenção resguardadapelo profissional da química que,certamente, responderá perante aum Código de Ética, mediante umdescuido desta vigilância, traindouma comunidade que confia emuito se espera dele. Ao responsávelpor esta operação terá que ter emmente, como uma obrigação, oconhecimento de suascaracterísticas acima citadas.

No caso de combustíveis,considerados produtos perigosos, oMinistério de Minas e Energia sepreocupou em controlá-los atravésda supervisão das características pré-estabelecidas para os mesmos aoestabelecer Resoluções e Portariasbem delineadas que dão suportelegal na fiscalização dessa atividadepertencente a área da química:· Portaria n.º 71, de 20 de maio de1988, da Agência Nacional dePetróleo, que anexa o RegulamentoTécnico ANP 003/98, aplicado àsgasolinas comum (tipos A e C) ePremiun (tipos A e C).· Portaria n.º 72, de 20 de maio de1988, da ANP, exigindo, em seu art.1º, das empresas petroquímicasinformações mensais sobre aprodução, a destinação, os clientese as quantidades por elascomercializadas referentes aosprodutos rafinado de pirólise,rafinado de reforma, solvente C9/C9 dihicrogenado, tolueno,

reformado pesado, xilenos mistos ebenzeno.

A exigência do Art. 2º destaportaria visa controlar os seguintesprodutos susceptíveis de uso comocombustíveis: hexanos, solventesalifáticos, aguarrás, mineral,benzeno e tolueno.

E, de fato, esses produtos se nãofiscalizados por uma menteprofissional responsável, sabedoraque suas adições em combustívelpoderão acarretar sérios prejuízosem diversas partes do carro,danificando-as, o consumidor ficarádesprotegido. É muito comum emuma adulteração o aparecimento deconsequências com depósito decarvão (carbonização) no topo dospistões, danos na bomba de gasolinae bóia dos carburadores, corrosãoabaixo do tempo estimado emmangueiras e borrachas, goma eborras nas válvulas e partes móveis,e outras, que, sem sombra dedúvida, acarretarão despesas aoconsumidor no reparo de seuveículo.· O Decreto 85.877/81 retrocitado,que regulamenta a Lei 2.800/56,ainda estabelece com bastanteclareza, em seu item IV, letras d ee, do art. 2º, no elenco dasatividades privativass dos químicoso seguinte:b) “mistura, ou adição recíproca,acondicionamento, embalagem ereembalagem de produtos químicose seus derivados, cuja manipulaçãorequeira conhecimento de química(e) comercialização e estocagem deprodutos tóxicos, corrosivos,inflamáveis ou explosivos,ressalvados os casos de venda avarejo; o artigo 340 do Dec. Lei n.º5452/43 (CLT) é taxativo quandodiz: “Somente os químicoshabilitados, nos termos do art. 325alíneas a e b poderão ser nomeados(ex offício) para os exames periciaisde fábrica, laboratório e usinas e deprodutos aí fabricados”.

Isto mostra que somente osquímicos habilitados e registradosem CRQ podem responder porperícias em caso de necessidade dacomprovação de qualidade deprodutos químicos diante da Lei8.078/90 - CÓDIGO DEPROTEÇÃO E DEFESA DOCONSUMIDOR.

Como se vê, para produzir,derivados de petróleo, como nocaso, da mistura da gasolina com oálcool anidro, transportá-los e

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comercializá-los, bem comoarmazená-los adequadamente e comsegurança e garantia de qualidadede acordo com as especificaçõesexigidas pela ANP e cobradas peloCódigo de Proteção e Defesa doConsumidor, é necessária eobrigatória a admissão doprofissional da química habilitadoe registrado no CRQ da respectivaregião.

Com a fabricação acima citada,comercialização de derivados depetróleo, bem como armazenagemde inflamáveis, a empresa encontraa sua atividade básica na área daquímica e, portanto, de acordo como art. 1º da Lei 6.839/80; art. 28da Lei 2.800/56, art. 2º da RN n.º105 do CFQ de 17/09/87, item 20,sub-item 20.11 “fabricação emistura de combustíveis elubrificantes: gasolina, querosene,óleo combustível, gás liquefeito depetróleo e óleos lubrificantes”(Código de Atividades instituídopelo Ministério da Fazenda e usadopara preenchimento do DARF doimposto de Renda da pessoa jurídicae nas estatísticas do IBGE), aempresa também é obrigada aoregistro no CRQ de sua jurisdição.· Decreto-Lei n.º 5452/43 (CLT)Art. 334 - O EXERCÍCIO DAPROFISSÃO DE QUÍMICACOMPREENDE:a) a fabricação de produtos esubprodutos químicos em seusdiversos graus de pureza;b) a análise química, a elaboraçãode pareceres, atestados e projetos daespecialidade e sua execução, períciaou judiciária sobre a matéria, adireção e a responsabilidade delaboratórios ou departamentosquímicos, de indústrias e empresascomerciais;c) o magistério nas cadeiras dequímica dos cursos superiores,especializados em química;Art. 335 - É obrigatória a admissãode químicos nos seguintes tipos deindústria:a) de fabricação de produtosquímicos;b) que mantenham laboratório decontrole químico;c) de fabricação de produtosindustriais que são obtidos por meiode reações químicas dirigidas, taiscomo cimento, açúcar e álcool,vidro, curtume, massas plásticasartificiais, explosivos, derivados decarvão ou de petróleo, refinação deóleos vegetais ou minerais, sabão,

celulose e derivados.Este art. 335 da CLT nem sempreé compreendido porque ele é apenasexemplificativo. Porém, o legisladornão omitiu este fato ao utilizar atécnica legislativa conhecida como“Norma de Resto” que é aquelamediante a qual o legislador, apóshaver feito uma enumeração,previne qualquer falha da mesma,estabelecendo regra que alcance ashipóteses acaso não previstas.

E de fato, isso está muitobem exemplificado no art. 341 - dopresente diploma legal (CLT):Art. 341 - do presente diploma legalcitado (CLT):

Cabe aos químicoshabilitados, conforme estabelece oartigo 325, alíneas “a” e “b”, aexecução de todos os serviços que,não especificados no presenteregulamento, exijam por suanatureza o conhecimento dequímica (grifos nossos).

O CFQ dentro daincumbência legal a que estásubmetido quanto a suaresponsabilidade, também não seomitiu ao expedir a sua RN n.º 105,de 17/09/97, com a finalidade deidentificar as empresas cujaatividade básica está na área daquímica que, em seu artigo 2º,estabelece: “Art. 2º - É obrigatórioo registro em Conselho Regional deQuímica, consoante o artigo 1º, dasempresas e suas filiais que tenhamatividades relacionadas à área daquímica listadas a seguir:

5 0 S E R V I Ç O S D ETRANSPORTES

50.98 - Transportes de produtosquímicos (aquaviários, rodoviários,ferroviários e aéreos).Não faltam outros diplomas legaisde apoio, senão vejamos:Lei 2.800/56Art. 15 - Todas as atribuiçõesestabelecidas no Decreto-Lei n.º5452, de 01 de maio de 1943 -Consolidação das Leis do Trabalhoreferente ao registro, à fiscalizaçãoe à imposição de penalidade, quantoao exercício da profissão dequímico, passam a ser decompetência dos ConselhosRegionais de Química.· Lei 6839/80Todas estas exigências legislativassão também corroboradas através daLei supracitada, de determina:Art. 1º - O registro de empresas e a

anotação dos profissionaislegalmente habilitados, delasencarregados, serão obrigatórios nasentidades competentes para afiscalização do exercício das diversasprofissões, em razão da atividadebásica ou em relação àquela pelaqual prestem serviços a terceiros.· Decreto 85.877/81IV - o exercício das atividadesabaixo discriminadas, quandoexercidas em firmas ou entidadespúblicas e privadas, respeitando odisposto no artigo 6º.a) análises químicas e físico-químicas;b) pedronização e controle dequalidade, tratamento prévio dematéria-prima, fabricação etratamento de produtos industrais.c) Tratamento químico, parafins de conservação, melhoria ouacabamento de produtos naturaisou industriais;d) Mistura, ou adiçãorecíproca, acondicionamento,embalagem e reembalagem deprodutos químicos e seus derivados,cuja manipulação requeiraconhecimentos de Química;e) Comercialização eestocagem de produtos tóxicos,corrosivos, inflamáveis ouexplosivos, ressalvados aos casos devenda a varejo;

Pelo discorrido, é fácil denotar que a operação envolvida notransporte de produtos químicosexige, por sua natureza, de umacompanhamento profissionaldesde a sua origem até o destinofinal. Nesta trajetória deresponsabilidades, ninguém melhordo que um profissional da químicase adequar apropriadamente a estaincumbência, aliás, corroboradapela legislação atual. Aludidoprofissional saberá aquilatar a açãodos produtos químicos sobre osmateriais, qualificar osequipamentos, a inspeçãopreliminar destes por elementoshumanos e sempre conscientizadoda viabilidade de acidentes duranteo transporte (seja por falhasmecânicas no veículo ou dascondições da estrada) tendo, porém,um plano pre-estabelecido decontenção do agravamento paraessas ocorrências para a cargaquímica que está transportando.O químico gera o produto e, comoum bom pai, ninguém melhor doque ele saberá orientá-lo eencaminhá-lo com segurança.

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Decisão neste sentido foi aprovadapela Justiça Federal de São Paulo,conforme se transcreve abaixo:

MANDADO DE SEGURANÇANº 98.0032206-0IMPETRANTE: EXPURGAQUÍMICA LTDA – MEIMPETRADO: DIRETOREXECUTIVO DOCONSELHO FEDERAL DEQUÍMICA – IV REGIÃOJUÍZO FEDERAL DA 21ªVARA/SP – DAVID DINIZDANTAS

VISTOS ETC.

EXPURGA QUÍMICALTDA – ME promove o presenteMANDADO DE SEGURANÇAem face do DIRETOREXECUTIVO DOCONSELHO FEDERAL DEQUÍMICA – IV REGIÃO,alegando, em síntese, que foinotificada para providenciarregularização de seu registro juntoao CRQ – 4ª Região, comindicação de químico responsáveltécnico. Posteriormente foi-lheaplicada multa e lavrado auto deinfração por não ter cumprido adeterminação autárquica.

Aduz a Impetrante que éempresa prestadora de serviços naárea fitossanitária e já se encontrafiliada ao CREA, bem comopossui autorização do Ministérioda Agricultura e CATI/Campinaspara funcionar.

Entende revestir-se amencionada autuação de absolutailegalidade, uma vez que não

EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS SÃO OBRIGADOS A REGISTRO NO CRQ

pratica atividade industrial, comopreceitua o art. 335 da CLT, e,portanto, não está obrigada aoreferido registro.

Postula a segurança paraafastar a cobrança de anuidades emultas apresentadas pelo CRQ –IV Região, bem como reconhecera não obrigatoriedade daimpetrante filiar-se ao referidoConselho.

O feito processou-se semliminar (fls. 36/37), facultando-se,entretanto, o depósito judicial dasquantias questionadas, nos termosda Súmula nº 2 do Eg. TRF da 3ªRegião.

Vieram as informações daautoridade impetrada, na qualsustenta a perfeita adequação deseu ato aos ditames legais, bemcomo a denegação da segurança(fls. 43/54).

O Ministério PúblicoFederal ofereceu seu parecer (fls.77/79), opinando pela denegaçãoda segurança.

É o breve relatório.DECIDO1 - PRELIMINARMENTE1.1 - Condição Específica doMandado de Segurança: DireitoLíquido e Certo

Requisito específico domandado de segurança tanto parasua admissibilidade como para aconcessão da ordem em seumérito, o conceito de direitolíquido e certo sofreu grandeevolução, desde seu nascedouro,na Constituição de 1934 - queusava a expressão “direito certo eincontestável”1 - quando osautores se utilizavam de

concepções tributárias do direitocivil, até as modernas concepçõesplasmadas, ao longo do tempo,com influência da intelecção dafórmula dada pelos Tribunais, comforte coloração processual.

O Ministro Carlos M.Velloso lembra-nos que “logo apósa criação, em nível constitucional,do mandado de segurança, muitoschegaram a afirmar que direitolíquido e certo seria aquele quenão demandasse maioresconsiderações, que não ensejassedúvida , ou que não oferecessecomplexidade, assim de fácilcompreensão, o direitotranslúcido, evidente, acima detoda dúvida razoável, apurável deplano, sem direito translúcido,evidente, acima de toda dúvidarazoável, apurável de plano, semdetido exame, nem laboriosascogitações. Esse critério simplistae subjetivo foi repelido por CartroNunes, a dizer que, “entendidasdesse modo as palavras do textoconstituicional, só as questõesmuito simples estariam ao alcancedo mandado de segurança”2.

Após a fundada crítica deCastro Nunes, seguiu-se ainsuperável construção doMinistro Costa Manso, ainda hojeatual e acolhida nos Pretórios,proferida em voto no julgamentodo Mandado de Segurança nº 333,em 09 de dezembro de 1936,verbis:“Entendo que o art. 113, nº 33,da Constituição empregou ovocábulo “direito” como sinônimode “poder ou faculdade”,decorrente da “lei” ou “normajurídica” (direito subjetivo). Nãoaludiu à própria “lei ou norma”

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(direito objetivo). O remédiojudiciário não foi criado para adefesa da lei em tese. Quem requero mandado defende o “seudireito”, isto é, o direito subjetivoreconhecido ou protegido pela lei.O direito subjetivo, o direito daparte, é constituído por umarelação entre a lei e o fato. A lei,porém, é sempre certa eincontestável. A ninguém é lícitoignorá-la, e com o silêncio, aobscuridade, a indecisão dela nãose exime o juiz de sentenciar oudespachar (Código Civil, art. 5º,da Introdução). Só se exige provado direito estrangeiro ou de outralocalidade, e isso mesmo se não fornotoriamente conhecido. O fatoé que o peticionário deve tornarcerto e incontestável, para obtermandado de segurança. O direitoserá declarado e aplicado pelo juiz,que lançará mão dos processos deinterpretação estabelecidos pelaciência para esclarecer os textosobscuros ou harmonizar oscontraditórios. Seria absurdoadmitir se declare o juis incapazde resolver “de plano” um litígio,sob o pretexto de haver preceitoslegais esparsos, complexos ou deinteligência duvidosa. Desde, pois,que o fato seja certo eincontestável resolverá o juiz aquestão de direito, por maisintrincada e difícil que seapresente, para conceder oudenegar o mandado desegurança.”3Sobrevive, com o ensinamento deCosta Manso, a dimensãotipicamente processual da noçãode direito líquido e certo, bemressaltado por Celso Barri, pois“atende ao modo de ser de umdireito subjetivo no processo: acircustância de um determinadodireito subjetivo realmente existir

não lhe dá a característica deliquidez e certeza; esta só lhe éatribuída se os fatos em que fundarpuderem ser provados de formaincontestável, certa, no processo.E isto normalmente só se dáquando a prova for documentar,pois esta é adequada a umademonstração imediata e segurados fatos”.

Ótica processualista quetem sensibilizado os Tribunais,como se percebe da jurisprudênciaanotada por Theotônio Negrão.“Direito líquido e certo é o queresulta de fato certo, e fato certo éaquele capaz de ser comprovadode plano (RSTJ 4/1.427, 27/140),por documento inequívoco (RTJ83/130, 83/855, RSTJ 27/169),e independentemente de exametécnico (RTFR 160/329). Énecessário que o pedido sejaapoiado “em fatos incontroversos,e não em fatos complexos, quereclamam produção e cotejo deprovas” (RTJ 124/948; nestesentido: STJ-RT 676/187). Nãose admite a comprovação aposteriori do alegado na inicial(RJTJESP 112/225); “com ainicial, deve o impetrante fazerprova indiscutível, completa etransparente de seu direito líquidoe certo. Não é possível trabalhar àbase de presunções” STJ-2ªTurma, RMS 929-SE, rel. Min.José de Jesus Filho, j. 20.05.91,negaram provimento, v.u., DJU24.06.91, p. 8.623, 2ª col., em.).“A complexidade dos fatos nãoexclui o caminho do mandado desegurança, desde que todosestejam comprovados de plano”(STF-RT 594/248).

Em síntese: não é possívelverificação da condição específicado mandado de segurança - aexistência do direito líquido e

certo -, com valor fundamento emilegalidade cometida pelo INSS,sem que dois juízos de valor sejamefetuados: primeiramente, o juízosobre a aptidão da provadocumental, necessária para acaracterização dos eventuaispontos de fato do alegado; emseguida deve concretizar omagistrado juízo normativo,consubstanciado na confrontaçãoda conduta administrativa daentidade autárquica com as leis.Desse raciocínio duplamentesilogístico emergirá a convicçãosobre a ocorrência, ou não, derequisito fundamental do “direitolíquido e certo”.

Ainda o magistério deBuzaid leciona:“Não é lícito, pois, dissociar odireito e o fato para dizer que estedeve estar comprovado nos autosdocumentalmente, e aquele, aindaquando comporte quaestio juris,pode ser resolvido. O fato e odireito, na ação do mandao desegurança, não podem serseparadaos, para o fim de permitirao juiz que diga que o direito écerto e o fato duvidoso ou nãoprovado cumpridamente”.

Para depois, Buzaidconcluir:“Cumpre verificar, isto sim, se alei incidiu sobre o fato. Só quandoisso ocorre é que se pode dizer quesurge o direito subjetivo doimpetrante.”

Destarte, concluímos queo direito do(a) impetrante édotado da certeza e liquidez,visível pelo estudo de provadocumental pré-constituída.

2 - MÉRITOO critério legal para o

obrigatoriedade de registro aosconselhos profissionais é dado pelo

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art. 1º da Lei 6.839, de 30 deoutubro de 1980, in verbis:“O registro de empresas e aanotação dos profissionaislegalmente habilitados, delasencarregados, serão obrigatóriosnas entidades competentes para afiscalização do exercício dasdiversas profissões, em razão daatividade básica ou em relaçãoàquela pela qual prestem serviçosa terceiros.”

De acordo com estedispositivo, a obrigatoriedadebásica se caracteriza como inerenteao setor químico ou a prestaçãode serviço relacionado à química.

No compulsar dos autos,verificamos que a impetrante tempor objetivo social o ramo deprestação de serviços fitosanitários(expurgo, detetização, desinfecçãode mercadorias e instalaçãoes),classificação de produtos deorigem vegetal, degustação eclassificação de café. Para aprestação de serviço fitosanitário,a empresa utiliza-se de produtosquímicos, tais como brometo demetila e fosfeto de alumínio,conforme relatório de vistoriarealizado pelo Serviço deFiscalização do CRQ - IV (fls. 63/64). Daí, conclui-se que a autoradesenvolve atividade ligada aocampo da química.

Por sua ves, o art. 27, daLei nº 2.800/56, dispõe que:“As firmas individuais deprofissionais e as mais firmas,coletivas ou não, sociedades,associações, companhias eempresas em geral, e suas filiais,que explorem serviços para osquais são necessárias atividades dequímico, especificadas noDecreto-lei nº 5.452, de 1º demaio de 1943 - Consolidação dasLeis do Trabalho - ou nesta lei,

deverão provar perante osConselhos Regionais de Químicaque essas atividades são exercidaspor profissional habilitado eregistrado.”

In casu, depreende-se dosautos que a autora desenvolveatividade ligada ao campo daquímica. Portanto, a exigência aela imposta pelo Conselho-impetrado configura-se legal. Ofato da impetrante ser filiada aoutro Conselho - CREA - não aexime da regular matrícula noCRQ, bem como da indicação dequímico responsável pelasoperações da empresa.

Neste sentido também é adecisão do Tribunal Regional da3ª Região:Ementa:A D M I N S T R A T I V O .CONSELHO REGIONAL DEQUÍMICA. EMPRESA COMOOBJETO SOCIAL MÚLTIPLOE QUE PRATICA ATIVIDADEQUÍMICA. REGISTRO.NECESSIDADE.1- O CRITÉRIO LEGAL PARAA OBRIGATORIEDADE DEREGISTRO JUNTO AOSC O N S E L H O SPROFISSIONAIS ÉDETERMINADO PELAATIVIDADE BÁSICA OUPELA NATUREZA DOSSERVIÇOS PRESTADOS (LEI6839/80).2- SE A EMPRESA PRATICAATIVIDADE INERENTE ÀPRÁTICA QUÍMICA, AINDAQUE SUSTENTE SEUREGISTRO JUNTO AO CREA,ESTÁ OBRIGADA ÀMATRÍCULA NO CRQ,ENTIDADE COMPETENTEPARA A FISCALIZAÇÃODAQUELA ATIVIDADE, QUEADEMAIS SE DESTACA NA

REALIZAÇÃO DO OBJETOSOCIAL DA EMPRESA.3- RESSALVADO O DIREITODA APELANTE DEQUESTIONAR EM AÇÃOPRÓPRIA, SE NECESSÁRIO,SUA POSIÇÃO EM RELAÇÃOAO CREA, MATÉRIA QUEREFOGE AO OBJETO DAPRESENTE AÇÃO.4- APELAÇÃO IMPROVIDA.TRIBUNAL:TR3 ACÓRDÃODECISÃO:18-03-1998PROC:AMS NUM:3056776-2ANO:97 UF:SP TURMA:4REGIÃO:3 APELAÇÃO EMMANDADO DE SEGURANÇAFonte: DJ DATA:28-04-98REPDJ DATA:06-05-98 PG:671Relator: JUIZ:372 - JUIZMANOEL ALVARES.

Por último, em face do quedispõe o art. 2º, IV, “c”, doDecreto 85.877/81, afigura-seindispensável a presença dequímico responsável na empresa:“São privativos do químico:IV - O exercício das atividadesabaixo discriminadas, quandoexercidas em firmas ou entidadespúblicas ou privadas, respeitado odisposto no art. 6º....c) tratamento químico, para finsde conservação, melhoria ouacabamento de produtos naturaisou industriais”3. DISPOSITIVODo que vem de expor, denego aordem rogada.Custas ex lege.Sem condenação em verbahonorária, a teor da súmula 512,do STF.Sentença sujeita ao reexamenecessário.P.R.I.Ribeirão Preto, 07/02/2000.DAVID DINIZ DANTASJuiz Federal

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Informativo CFQ - Julho a Setembro 2000JUSTIÇA DECIDE CONTRA FARMÁCIA

CONSELHO FEDERAL DE QUÍMICADIRETORIAPresidente: Jesus Miguel Tajra AdadVice-Presidente: Roberto HissaTesoureiro: Fuad HaddadSecretário: Newton Deléo de Barros

CONSELHEIROS FEDERAISREPRESENTANTES DE ESCOLASArikerne Rodrigues Sucupira * Químico Industrial(Escola de Química - UFRJ)

REPRESENTANTES DOS CRQ´SEngenheiros QuímicosAugusto José Corrêa GondimDalton RodriguesPercy Ildefonso Spitzner JúniorRoberto Lima Sampaio

Químicos IndustriaisArnaldo Felisberto Imbiriba da RochaJosé de Ribamar Oliveira FilhoWilton LimaRoberto HissaAbias Machado

Bacharel em QuímicaAdauri Paulo Schmitt

Técnico QuímicoFuad Haddad

Engenheiro Industrial - Modalidade QuímicaNewton Deléo de Barros

SUPLENTESBacharéis / Licenciados em QuímicaMaria Inez Moutinho AndradeLuiz Roberto Paschoal

Químicos IndustriaisLuiz Pinheiro (à partir de 21/04/2000)Silvana Carvalho de Souza Calado(à partir de 21/04/2000)Renata Lilian Ribeiro Portugal(à partir de 21/04/2000)

Engenheira QuímicaSuely Abrahão Schuh Santos

Técnico QuímicoRafael Tadeu Acconcia

PRESIDENTES DOS CONSELHOS REGIONAISDE QUÍMICA1ª RegiãoAdelino da Mata Ribeiro2ª Região-----------------------3ª RegiãoLuiz Fernando de Oliveira Gutman4ª RegiãoOlavo de Queiróz Guimarães Filho5ª RegiãoEnnecyr Pilling Pinto6ª RegiãoWaterloo Napoleão de Lima7ª RegiãoMerílio Pinheiro Veiga8ª RegiãoAntônio Santos Souza9ª RegiãoAlsedo Leprevost10ª RegiãoCláudio Sampaio Couto11ª RegiãoJosé Ribamar Cabral Lopes12ª RegiãoAilton Gumerato13ª RegiãoJosé Maximiliano Müller Netto14ª RegiãoSérgio Roberto Bulcão Bringel15ª RegiãoTereza Neuma de Castro Dantas16ª RegiãoAli Veggi Atala17ª RegiãoMaria de Fátima da Costa Lippo Acioli

CONSELHO FEDERAL DE QUÍMICASAS - Qd 5 - Bl I - Lt 5/3A 70070-000

Brasília - DF - www.cfq.org.br

IMPRESSO

AC Nº 1997.01.00.039667/MAREsp)RECORRENTE: DROGARIASANTA MARIA LTDA.ADVOGADO: OZIEL VIEIRADA SILVA E OUTROSRECORRIDO: CONSELHO RE-GIONAL DE FARMÁCIA DOESTADO DO MARANHÃO -CRF/MAADVOGADO: JOSÉRAIMUNDO MOURA SANTOSBrasília, 13 de junho de 2000.Ementa: Ocorre dissídiojurisprudecial quando são diferen-tes as soluções dadas sobre a mes-ma questão. 2. Na hipótese, o re-curso defende a tese de que so-mente se enquadram nos arts. 22e 24 da Lei nº 3.820, de 1960,aqueles que manipulam medica-mentos, enquanto o acórdão ata-cado versa sobre a necessidade dese ter um técnico responsável nosestabelecimentos de venda de re-médios. 3. A simples transcriçãode ementas não basta à caracteri-zação da divergênciajurisprudencial, é imprescindível ademonstração da divergência. 4.Segundo entendimento do Supe-rior Tribunal de Justiça é dispen-sável a existência de farmacêuti-co como responsável por droga-ria, sendo suficiente a presença deum técnico devidamente inscritono Conselho Regional de Farmá-cia (Súmula 120/STJ). Recursoespecial inadmitido.Decisão: Vistos etc.

Cuida-se de recurso especi-al, interposto com base no artigo105, inciso III, letra c, da Consti-tuição Federal, contra acórdão deTurma deste Tribunal, o qual as-sentou que as farmácias e droga-rias estão obrigadas a ter assistên-cia de técnico responsável, inscri-

to no Conselho Regional de Far-mácia (CRF), conforme a Lei nº5.991/73.

Alega a petição recursal con-tra a decisão fustigada divergênciajurisprudencial.

A súplica não merece trânsi-to.

Inicialmente, miter se fazdestacar que somente ocorredissídio pretoriano quando são di-ferentes as soluções sobre a mes-ma questão (RTJ, 127/308). Nocaso em tela, o recurso defende atese de que somente se enquadramnos artigos 22 e 24 da Lei 3.820/60, aqueles que manipulam medi-camentos, enquanto o acórdãohostilizado versa sobre a necessi-dade de se ter um técnico respon-sável nos estabelecimentos de ven-da de remédios.

Ademais, a simples transcri-ção de emendas não bastas à ca-racterização do alegado pelo fun-damento da alínea c do permissivoconstitucional (RSTJ, 19/529, 24/457, 28/19, 65/17, entre outros),imprescindível é a demonstração dadivergência, o que não acontece norecurso manisfestado.

Por fim, é de se ressaltar queo Superior Tribunal de Justiça edi-tou a Súmula nº 120, esposandoentendimento favorável aoposicionamento recorrido, no sen-tido de ser dispensável a existên-cia de farmacêutico como respon-sável por drogaria, sendo suficien-te a presença de um técnico devi-damente inscrito no Conselho Re-gional de Farmácia.

Ante o exposto, não admi-to o recurso especial.

Publique-seJUIZ TOURINHO NETOPresidente