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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “ A VEZ DO MESTRE ” O Desenvolvimento e a Inclusão da Criança Cega ou com Visão Subnormal por DANIELE GOMES SILVA ORIENTADOR: Mestre Carlos Alberto Cereja JUNHO 2002

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “ A VEZ DO MESTRE ”

O Desenvolvimento e a Inclusão da Criança Cega ou com Visão Subnormal

por

DANIELE GOMES SILVA

ORIENTADOR: Mestre Carlos Alberto Cereja

JUNHO 2002

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “ A VEZ DO MESTRE ”

O Desenvolvimento e a Inclusão da Criança Cega ou com Visão Subnormal

por

DANIELE GOMES SILVA

Monografia a ser apresentada à Universidade Cândido Mendes, como requisito parcial para a obtenção do grau de Especialista em Psicopedagogia.

JUNHO 2002

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Ao educar uma criança só visamos ser deixados em paz, queremos formar uma criança segundo nossos moldes. E pouco nos importamos se tal modo de fazer é o melhor para a criança.

FREUD

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AGRADECIMENTOS

• Primeiramente, a DEUS que me deu forças e coragem para conquistar mais

essa vitória. A ele que me guiou e iluminou durante toda essa jornada.

• Aos meus pais, CELSO e MARLENE que nunca duvidaram ou pouparam

esforços para que eu continuasse meus estudos, apesar de acharem que

algumas vezes estava me sobrecarregando demais.

• Ao meu noivo, RUBENS, que sempre que possível esteve ao meu lado, me

acompanhando e apoiando em tudo que precisei. Pela paciência,

compreensão e carinho. E principalmente, pelas manhãs de sábado

acordando cedo para me levar e me buscar nas aulas.

À todos que direta ou indiretamente, contribuíram para que eu conseguisse

realizar minha monografia com sucesso, o meu MUITO OBRIGADA!

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Dedico esta monografia a todos os

profissionais da Educação que, no seu

dia-a-dia, buscam encontrar formas de

um trabalho coletivo que permitam o

acesso e a permanência dos portadores

de necessidades educativas especiais

por mais tempo na escola, fazendo a

inclusão acontecer apesar de toda falta

de preparo.

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RESUMO

Este estudo teve como maior objetivo oferecer, aos profissionais que trabalham

ou que venham a trabalhar com crianças portadoras de deficiência visual,

conhecimento e subsídios para aprimorarem suas práticas pedagógicas. A

metodologia utilizada foi a pesquisa literária em livros, revistas e artigos que

tratassem o tema em questão. São poucos os estudos sobre o desenvolvimento

da criança deficiente visual, o que acaba por dificultar a informação dos

professores, que devido a inclusão estão recebendo cada vez mais crianças

cegas ou com visão subnormal, além de outras necessidades especiais. Os

especialistas estimam que os casos de deficiência visual poderiam ser reduzidos

em até 50 por cento se fossem adotadas medidas preventivas eficientes nas

áreas de saúde e educação e se houvessem mais informações. Cabe à

sociedade oferecer oportunidades para que as pessoas com limitações em seu

relacionamento visual com o mundo possam desenvolver toda a sua capacidade

física e mental e usufruir dela. Há, ainda, muito a ser feito, mas é preciso

reconhecer que já ocorrem muitas conquistas e avanços.

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SUMÁRIO

CAPÍTULOS páginas 1 - INTRODUÇÃO ................................................................................... 8 2 - A CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA VISUAL ....................................... 11

Conceitos ..................................................................................... 11 Causas da Deficiência Visual ...................................................... 12

Sinais de Alerta ............................................................................ 13 O Desenvolvimento da Criança Deficiente Visual ........................ 15

3 – O BRINCAR E A DEFICIÊNCIA VISUAL ......................................... 19 O que é o Brincar .......................................................................... 19 Por que Brincar ............................................................................. 19 Com o que Brincar ........................................................................ 21

4 – A FAMÍLIA E A DEFICIÊNCIA VISUAL............................................. 24 5 – A ESCOLA E A DEFICIÊNCIA VISUAL ........................................... 33 6 – RECURSOS UTILIZADOS NA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA VISUAL ........................................................................... 38 Educando com Visão Subnormal ................................................. 38 Educando Cego ........................................................................... 40 CONCLUSÃO ......................................................................................... 42 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................................... 44 APÊNDICE ............................................................................................. 46 Endereço de Instituições

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ANEXOS ................................................................................................ 51

1- Folhetos com Orientação e o Relacionamento com Pessoas Cegas. 2- Alfabeto no Sistema Braille.

3- Recursos e Produtos para o uso do Deficiente Visual.

4- Declaração de Estágio de Observação.

5- Comprovantes da minha Participação em Eventos Culturais.

6- Comprovante da Entrega da Monografia.

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

O que vem acontecendo na educação, atualmente, é uma grande

preocupação em incluir os alunos portadores de necessidades educativas

especiais em classes regulares, mas sem se preocupar em adaptar e preparar

este ambiente físico, a escola, para recebê-los e também capacitar os

profissionais que irão ter com estes alunos. Essa situação pode muitas vezes

levar o profissional sentir-se incapaz, por não ter sido orientado e nem preparado

para trabalhar com a dificuldade de seu novo aluno.

É de extrema importância, nesta realidade de inclusão que

vivemos, que os professores das classes regulares aprendam a lidar com esta

nova clientela que está chegando às escolas. É necessário conhecer a

deficiência, e saber como desenvolver o seu trabalho de maneira a atingir a

todos os seus alunos com satisfação.

Assim, a relevância deste trabalho é oferecer aos profissionais que

trabalham diretamente com crianças portadoras de deficiência visual, seja ela

cega ou com visão subnormal, e aos demais professores que poderão vir a ter

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um aluno deficiente visual em sua sala de aula, conhecimentos e subsídios para

aprimorarem suas práticas pedagógicas.

““ A criança deficiente é antes de tudo uma criança e tem as mesmas necessidades básicas que qualquer outra. Cabe a nós descobrir essas necessidades em suas formas particulares, em sua expressão rudimentar, a fim de fornecer a criança materiais e situações que lhe permitam explorar de maneira possível sua capacidade do momento ”” (Aufauvre, 1987 p.65).

Apresentar-se-á o aluno com deficiência visual, suas

características, e a importância da estimulação precoce para essas crianças,

porque grande parte dos objetos, da realidade é percebida através da visão.

Para o deficiente visual esta representação fica inacessível, mas não o impede

de perceber o mundo que o cerca, apenas precisa ser estimulado a utilizar-se de

outras potencialidades sensoriais como: o olfato e o tato principalmente. Desta

forma, parece preciso propor a essas crianças atividades e jogos que além de

considerarem a especificidade de sua deficiência, possibilitem experimentar o

mundo, construir-se como pessoa e estabelecer relações satisfatórias com os

outros.

São poucos os estudos sobre o desenvolvimento da criança

portadora de deficiência visual. E sabendo que toda e qualquer deficiência

quanto mais cedo for descoberta e acompanhada, melhor será o

desenvolvimento do indivíduo portador da mesma. É necessário então, levantar

propostas que levem à discussão e ao aprofundamento sobre o assunto, para

poder auxiliar na formação e desempenho de profissionais que desejam

trabalhar nesta área específica da educação especial, e daqueles professores

que com a inclusão poderão receber em sua classe regular um aluno com

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deficiência visual. Assim, contribuirá também para o próprio portador de

necessidade educativa especial desenvolver o seu potencial intelectual, afetivo e

sócio-emocional, adaptando-se com mais facilidade ao meio em que vive,

exercendo seu direito de cidadão. Um outro aspecto é fazer com que a

sociedade também se conscientize e torne-se mais solidária com seu próximo.

O primeiro capítulo faz um breve comentário sobre o tema

estudado. O segundo apresenta os conceitos dos tipos de deficiência visual:

cegueira e visão subnormal, mencionando as causa, características e

desenvolvimento das crianças portadoras da deficiência visual. Já o terceiro,

aborda o valor e a necessidade do brincar na educação e no desenvolvimento

dessas crianças. O quarto capítulo tece alguns comentários sobre o importante

papel da família na formação da criança deficiente e na sua inclusão na

sociedade. O quinto retrata a função da escola perante o aluno portador de

deficiência visual. O sexto capítulo apresenta alguns recursos e materiais

didático-pedagógico que podem auxiliar no processo ensino-aprendizagem do

deficiente visual. Enfim, a conclusão referente ao tema abordado.

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CAPÍTULO 2

A CRIANÇA DEFICIENTE VISUAL

Conceitos

• Deficiência Visual

Conceito: É a perda total (cego) ou parcial (visão subnormal) da capacidade de

enxergar.

• A Criança Cega

Conceito: A criança cega é aquela que, de acordo com a Conferência

Interamericana para o Bem-Estar dos Cegos de 1961, “apresenta no melhor dos

seus olhos, mesmo após a melhor correção, a visão inferior a 1/10 da visão

considerada normal” (Machado,1995). Do ponto de vista educacional o aluno

cego é aquele que apresenta ausência total da visão, até mesmo a perda da

projeção da luz, necessitando assim do método Braille como meio para leitura e

escrita, além de outros recursos didáticos e equipamentos especiais para a sua

educação.

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• A Criança de Visão Subnormal

Conceito: A criança de visão subnormal ou visão reduzida é aquela que

apresenta diminuição das respostas visuais, mesmo após tratamento e/ou

correção óptica convencional, uso de óculos. Mas que usa ou é capaz de usar a

visão para o planejamento e/ou execução de uma tarefa. Do ponto de vista

educacional o aluno de visão subnormal apresenta um grau de enfraquecimento

visual que causa incapacidade funcional e diminui seu desempenho visual. No

entanto esta capacidade funcional não está relacionada apenas aos fatores

visuais, mas às reações da pessoa a perda visual e aos fatores ambientais que

interferem no seu desempenho.

O aluno com visão reduzida é capaz de ler textos impressos à tinta,

desde que seja utilizado o método de ampliação e/ou outros recursos ópticos

para tal. É recomendado que o aluno faça uso da visão residual de que dispõe, a

fim de aproveita-la em suas atividades e para que não seja visto como cego.

Causas da Deficiência Visual

A cegueira pode ser congênita (quando o bebê nasce cego),

precoce (quando se dá até os 5 ou 6 anos) e adquirida (quando ocorre a partir

dos 7 anos de idade). Nesse caso, as pessoas são capazes de recordar

experiências visuais anteriores à perda da visão.

As causas mais freqüentes da cegueira e visão subnormal são:

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- Retinopatia da prematuridade: causada pela imaturidade da retina, em

decorrência de parto prematuro ou de excesso de oxigênio na

incubadora.

- Catarata congênita: em conseqüência de rubéola ou de outras infecções

na gestação.

- Glaucoma congênito: que pode ser hereditário ou causado por infecções.

- Atrofia óptica.

- Degenerações retinianas e alterações visuais corticais.

A cegueira e visão subnormal podem também resultar de doenças

como diabetes, descolamento de retina ou traumatismos oculares.

É importante lembrar que o indivíduo que possui problemas de

acuidade visual corrigidos pelo uso de óculos ou lentes como: miopia,

hipermetropia, estrabismo, astigmatismo, ambliopia, não é considerado um

portador de deficiência visual, mas essas patologias devem ser identificadas e

tratadas rapidamente, porque também podem interferir no processo de

desenvolvimento e na aprendizagem deste indivíduo.

Sinais de Alerta

Deve-se estar atento a alguns sinais que podem orientar pais e

professores em direção a uma suspeita de deficiência visual.

Ao observar o bebê, os pais precisam verificar se há:

- presença de olhos vermelhos;

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- pálpebras irritadas;

- secreção (pus);

- pupilas (menina dos olhos) brancas;

- lacrimejamento constante;

- olhos grandes que fogem da luz;

- olhos tortos (vesgo, estrábico);

- olhos esbranquiçados.

Os professores podem suspeitar de uma deficiência visual caso

observem em seu aluno:

- excessiva confusão na leitura e escrita;

- freqüentes dores de cabeça;

- desvio de um dos olhos;

- apertar os olhos par ler;

- sensibilidade à luz;

- perda do contato visual quando está lendo;

- não seguimento visual dos objetos;

- piscar os olhos em demasia.

Ao perceber algum destes comportamentos o professor deve

orientar os pais a procurarem um oftalmologista, que fará os exames

necessários. Cabe ao médico dar a palavra final sobre a existência de uma

deficiência visual e a indicação do melhor atendimento à esta criança. Muitas

vezes a visão pode ser salva quando adotadas medidas preventivas ou quando

o tratamento começa cedo.

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O Desenvolvimento da Criança Deficiente Visual

Para entender e avaliar o que acontece com o processo de

desenvolvimento da criança com deficiência visual é preciso considerar, em

outros fatores: idade em que aconteceu; associação (ou não) com outras

deficiências; aspectos hereditários; aspectos ambientais e tratamento recebido.

A criança portadora de deficiência visual, cega ou com visão

reduzida, deve ser avaliada por profissionais da área da saúde e da educação,

num trabalho conjunto, para identificar suas necessidades específicas e sua

potencialidade.

O sucesso de um programa de reabilitação depende da atuação da

equipe de profissionais junto à criança e à família, desde o momento do

diagnóstico.

Com freqüência são erroneamente consideradas deficientes

mentais, por sua dificuldade em realizar certas tarefas, crianças cuja deficiência

visual não foi diagnosticada.

A maioria das crianças com deficiência visual possui algum grau

residual de visão: poucas são totalmente cegas. Infelizmente, muitas das que

têm algum grau de visão são consideradas cegas e tratadas como tal; dessa

forma, perdem os benefícios que o uso da visão residual poderia trazer a seu

processo de desenvolvimento e à sua qualidade de vida.

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Quantas antes às crianças com deficiência visual forem

encaminhadas a serviços de atendimento, maiores serão as suas possibilidades

de desenvolver seu potencial.

Estes são alguns dos comportamentos das crianças portadoras de

deficiência visual, conforme a idade (Fundação Catarinense, 1988):

0 – 3 meses

- Não acompanha o movimento de um objeto no seu campo visual;

- Não brinca com as mãos.

3 – 6 meses

- Não tenta agarrar os brinquedos de seu campo visual;

- Não reage com os olhos quando é alimentada ou acariciada;

- Não examina, com os olhos, objetos em sua mão.

6 – 9 meses

- As habilidades motoras do bebê como rolar, sentar ou engatinhar, não se

desenvolvem;

- Parece não perceber objetos ou pessoas parecidas;

- Não pega, normalmente, objetos pequenos.

9 – 12 meses

- Fecha ou cobre um dos olhos quando fixa determinado ponto;

- Segura brinquedos muito perto dos olhos;

- Esbarra em objetos grandes quando engatinha;

- Esfrega excessivamente os olhos;

- Não tenta segurar a colher ou o copo quando está sendo alimentada;

- Não observa objetos atraentes ou de cores brilhantes a curta distância;

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- Não imita movimentos motores simples, como o aceno de “até logo”.

1 – 2 anos

- Custa a andar;

- Esbarra em objetos grandes;

- Não se interessa em jogar bola;

- Não se interessa por livros com figuras;

- Segura livros ou objetos muito próximo ou longe dos olhos para poder vê-los;

- Parece ter medo de andar ou de se movimentar em ambientes estranhos;

- É desajeitada ou inábil para a sua idade.

2 – 5 anos

- Tropeça em pequenos objetos;

- Esbarra em objetos grandes, é desajeitada e inábil;

- Não se interessa por jogos que envolvem pegar, arremessar, saltar ou correr;

- Não se interessam por atividades que exijam concentração visual constante;

- Não se interessa por livros;

- Queixa-se de dores na cabeça, náusea, tontura, ardência ou coceira nos

olhos e visão

embaçada;

- Não consegue ver claramente objetos distantes;

- Aproxima muito a cabeça da tarefa que está executando;

- Não percebe as diferenças de cores. Alguns casos de estrabismo são

comuns até os meses. Em caso de dúvida consulte um especialista.

5 – 7 anos

- O corpo da criança fica rígido enquanto olha para o objeto;

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- Presta pouca atenção e é distraída;

- Aproxima muito a cabeça do livro ou da carteira quando está colorindo, lendo

ou escrevendo;

- Segura o lápis com força e quebra a ponta freqüentemente;

- Fecha ou cobre um dos olhos;

- Não gosta de atividades que exijam concentração visual constante. É

nervosa, irritada, agitada ou fica muito fatigada após uma concentração

visual;

- Tem pouca coordenação viso-motora e acentuada inabilidade, inclusive para

subir e descer escadas, para jogar ou pegar bola, abotoar ou desabotoar

botão e dar nó.

Sabendo-se que quanto mais cedo for diagnosticada a deficiência

mais produtiva poderá ser o trabalho desenvolvido. Cabe as pessoas que estão

mais próximas a criança, encaminhá-la a realizar um exame oftalmológico, caso

observe alguns dos sinais característicos da deficiência visual. Para que a partir

de um diagnóstico correto, possa ser oferecido o melhor acompanhamento

dentro modalidade de atendimento mais adequado.

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CAPÍTULO 3

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR

O Que é o Brincar?

Brincar é uma atividade tipicamente humana. A brincadeira da

criança não é instintiva. A criança demonstra através da brincadeira a sua

percepção do mundo. Desta forma, a criança aprende sobre as coisas e projeta

sua visão sobre os fatos, os objetos e as relações entre eles.

O brincar representa para a criança, sempre, ações reais e sociais

e na ação do brincar a criança tem uma forma particular de entrar em contato

com a realidade humana.

Por Que Brincar?

A autora Cunha (1994, p.11) define no primeiro capítulo do seu

livro porque é importante brincar.

““ Porque é bom, é gostoso e dá felicidade (...). Porque é brincando que a criança se desenvolve, exercitando suas potencialidades (...).

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Porque, brincando a criança aprende com toda riqueza do aprender fazendo e, com o prazer pela aquisição do conhecimento. Porque, brincando, a criança desenvolve a sociabilidade e aprende a conviver respeitando o direito dos outros (...). Porque, brincando, prepara-se para o futuro, experimentando o mundo ao seu redor dentro dos limites que a sua condição atual permite (...). E, principalmente, porque, brincando a criança está nutrindo sua vida interior, descobrindo sua vocação e buscando um sentido para a sua vida.””

Desta forma, a autora conseguiu em poucas frases reunir a

importância do brincar de toda e qualquer criança. E com ela, muitos

especialistas concordam, que, através de brincadeiras, de jogos, a criança

desenvolve sua personalidade e exercita funções fundamentais para o seu

desenvolvimento global.

Sabe-se que, apesar da importância e da necessidade do brincar,

nem todas as crianças, inclusive as portadoras de necessidades especiais têm o

direito de brincar. Umas porque não têm condições financeiras, outras porque

precisam trabalhar para ajudar seus pais ou estudar para adquirir novos

conhecimentos. Outras ainda, porque não o sabem, falta-lhes estimulação para

tal.

A criança precisa ser estimulada, porque é através do brincar elas

liberam imaginação, soltam a criatividade e a capacidade de reinventar o mundo,

o que lhes proporcionará um desenvolvimento harmonioso durante sua infância

e no seu desabrochar como ser humano.

Segundo Jersild apud Santos (1991, p.100) afirma que: “O

brinquedo de uma criança é uma ocupação séria. É por meio do brinquedo que

se faz grande parte do trabalho da infância”. Sendo assim, há necessidade de se

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propor um ambiente adequado para que a criança seja ela dita “normal” ou

deficiente, realize sua prazerosa tarefa, brincar. Este ambiente precisa ser

descontraído, estimulante e agradável. É preciso haver um espaço que assegure

o sossego suficiente para que possa ocorrer um aprofundamento na brincadeira,

pois só assim a criança poderá brincar do jeito que quiser, sem medo de

atrapalhar ou ser interrompida, enfim, brincar com toda seriedade necessária.

As atividades lúdicas, a brincadeira, contribuem para a

socialização, pois brincando as crianças têm a oportunidade de conhecer outras

pessoas, fazer amigos, desfrutar de experiências novas e desafiadoras. É

através dessas atividades socializadoras que irão alcançar uma maturidade

social desejável e, principalmente, no caso da criança deficiente, será

fundamental à sua integração na sociedade.

De acordo com a autora Cunha (1994, p.80) devemos:

““ ... deixar brincar, deixar criar, mais e mais, com vários brinquedos e com uma variedade de materiais, desafiando e promovendo a inventividade, resgatando assim o direito à verdadeira especialidade que é a de ser diferente e único. ””

É importante lembrar da necessidade de proporcionar condições

adequadas para que a criança brinque bem, apesar das dificuldades que

possam existir.

Com o Que Brincar?

A escolha dos brinquedos, a serem utilizados no processo de

estimulação e desenvolvimento da criança, requer uma certa responsabilidade e

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algum planejamento. Os brinquedos devem atender a um determinado número

de exigências (adequação a faixa etária e ao estágio de desenvolvimento da

criança, que corresponda as suas e as nossas expectativas e que proporcione

segurança a quem irá manuseá-lo), possibilitando assim a descoberta e a

estimulação que a criança esteja precisando. É necessário partir do que a

criança pode fazer e propor-lhe atividades que tenham como base comum um

parentesco profundo com suas próprias atividades. De fato, o brinquedo só será

eficaz se corresponder ao que criança pode realizar, oferecendo-lhe a

oportunidade de outras descobertas, entre as quais, eventualmente, aquela que

desejamos vê-la fazer.

De modo geral, o brinquedo deve ser atraente e estimulante para

que brincando, a criança possa aperfeiçoar sua habilidade, superar as

dificuldades e enfrentar novos desafios. Segundo Aflalo (1996, p.23):

““ Os brinquedos escolhidos, além de trazer diversão àqueles que com eles brincam, têm também o objetivo de enriquecer e preencher muitas das necessidades próprias de cada fase do desenvolvimento infantil, tanto do ponto de vista físico, como do mental e do intelectual. ””

Todas as crianças precisam brincar, todas precisam de

estimulação, mas as crianças deficientes dependem dessa estimulação para se

desenvolverem. E por isso, é necessário cuidado na hora de selecionar um

brinquedo para oferecer a uma criança deficiente, porque a inadequação deste

pode gerar uma frustração ao indivíduo.

Nem sempre os brinquedos podem ser os mesmos em todas as

situações. Aufauvre (1987, p.50) afirma que não se pode deixar de considerar as

limitações que as crianças deficientes apresentam devido à deficiência. Segundo

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autora, “Os brinquedos propostos à criança deficiente devem levar em conta um

certo número de necessidades particulares diretamente ligadas à deficiência”

(1987, p.50).

Assim, os brinquedos precisam ser escolhidos considerando as

limitações e necessidades da criança. Em se tratando de crianças portadoras de

deficiência visual alguns aspectos precisam ser contemplados.

A visão é o nosso sentido mais estimulador. Quando se vê um

objeto, logo se deseja pegá-lo, explorá-lo e saber sua utilidade. Já a criança

portadora de deficiência visual, que não passa por este momento de

curiosidade, porque não pode ver ou enxerga pouco, necessita mais do que

qualquer outra ser estimulada a interagir com os objetos.

Para que esta criança sinta-se motivada a explorar, é fundamental

levá-la a perceber qual a utilidade do objeto e o que poderá fazer com ele,

evitando o isolamento, que é um comportamento típico das crianças com

dificuldades visuais. Além disso, é através da interação de suas vivências com

as atividades lúdicas, que a criança irá construir seu conhecimento sobre as

coisas e pessoas, dentro de um contexto alegre e divertido.

Para criança com visão reduzida, o brinquedo deve ser facilmente

percebido e manipulável. De preferência objetos grandes, de formas nítidas,

cores vivas e bem destacadas e sem muitos detalhes.

Se a criança for totalmente cega, faz-se necessário traduzir os

dados visuais em dados sensoriais, essencialmente táteis e sonoros. Os

brinquedos devem oferecer estímulos sonoros e táteis a fim de chamar mais

atenção e despertar o interesse. As cores podem ser substituídas por uma série

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de texturas diferentes e as formas desenhadas, destacadas por um contorno em

alto relevo.

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CAPÍTULO 4

A FAMÍLIA E A DEFICIÊNCIA VISUAL

““ Sociologicamente, a família é definida como um sistema social pequeno e interdependente, dentro do qual podem ser encontrados subsistemas ainda menores, dependendo do tamanho da família e da definição dos papéis (Buscaglia, 1993, p.79). ””

No centro da família estão o pai e a mãe, que serão os

responsáveis pela formação e desenvolvimento de seus filhos. O relacionamento

entre os membros de uma família, pai-mãe, pai-filho, mãe-filho, e entre irmãos,

também é muito valioso para se entender o comportamento humano de cada

um, porque é com a família que o indivíduo, ao nascer, terá seu primeiro contato

sócio-afetivo. E é junto à mãe que a criança inicia sua relação familiar, por

depender dela para obter comida, conforto e prazer, além de aprender também

as primeiras lições de vida, visto que a tem como um modelo de ser humano. Ao

nascer, a criança estabelece um vínculo muito forte e importante com sua

família, que se torna responsável pelo seu crescimento. A família assume o

papel de oferecer um ambiente seguro, onde a criança possa aprender a ser

humana, a amar, a formar sua personalidade, a desenvolver sua auto-estima e a

relacionar-se com a sociedade e com o mundo.

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Ser pai ou mãe não é uma tarefa fácil. São necessárias algumas

qualidades como: habilidade, conhecimento e sensibilidade para que se obtenha

bons resultados para tal, principalmente, porque a família, ou melhor, os pais

exercem uma enorme influência sobre seus filhos. Influência esta que se torna

uma experiência muito produtiva e significativa ou então traumática e até mesmo

destrutiva, acarretando uma série de problemas para a criança.

Quando ao nascer, os pais descobrem que seu filho é portador de

uma deficiência, toda a estrutura familiar que já está formada desaba,

provocando um enorme e inesperado impacto em todos os seus membros. Que

precisarão de um tempo para aprender a lidar com essa nova situação e então

reestruturar-se novamente.

A família do deficiente é uma família como outra qualquer.

Apresentam os mesmos problemas, passam pelas mesmas situações e

conflitos. Só que agora, com o nascimento de uma criança portadora de

necessidades especiais, eles irão sofrer algumas mudanças comportamentais e

emocionais. Seus problemas serão mais intensificados devido aos muitos pré-

requisitos, necessidades e atitudes que a deficiência lhes impõe. Mas com o

tempo restabelecerão a confiança e segurança que precisam para cuidar dessa

criança que exigirá mais atenção e cuidados específicos.

À família, cabe a tarefa de oferecer ao portador de deficiência

visual condições para seu crescimento como indivíduo, tornando-o capaz de ser

feliz e produtivo, dentro de sua realidade, de suas potencialidades e de seus

limites.

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Embora nem sempre seja fácil, a família precisa entender que o

portador de deficiência é, antes de mais nada e a cima de tudo, uma pessoa

total, evitando focalizar a cegueira ou a baixa capacidade visual.

O primeiro passo é acreditar nas potencialidades de seu filho,

considerando-o capaz. Em seguida procure conhecer o problema e as

dificuldades de seu filho, pois só entendendo e compreendendo sua deficiência,

poderão aceitá-lo e ajudá-lo, dando-lhe o apoio necessário e ensinando-o a viver

com suas limitações.

Em se tratando, de uma família com uma criança portadora de

deficiência visual, os pais precisam desenvolver e estimular o uso da visão

residual e dos outros sentidos para que ela possa entender e fazer as coisas. A

criança que não vê ou enxerga pouco utilizará todos os sentidos para

complementar a falta da visão. Daí a importância de um trabalho integral,

possibilitando a ela uma melhor compreensão do mundo.

É necessário que os pais, que serão seus principais educadores e

orientadores, tenham conhecimento sobre algumas atitudes e “dicas” para

melhor ajudar na formação do seu filho, oferecendo-lhe a oportunidade de

tornar-se uma pessoa realizada, integrada à sociedade e, sobretudo feliz.

• Quanto ao respeito às limitações e ao ritmo da criança:

O aprendizado desta criança poderá ser muito lento, então procure

despertar a curiosidade, estimulá-la a pesquisar e experimentar novos objetos e

situações, mas sem cobrar-lhe nada, respeitando o seu tempo, o seu ritmo.

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Tente oferecer objetos diversos, atrativos e sonoros. Deixe que o

manipule pelo tempo que achar necessário, depois converse com ela tentando

explorar o que acabou de ser manipulado, fazendo com que perceba com

intensidade os detalhes daquela tarefa, estimulando suas denominações e

informando-a de suas utilidades.

• Quanto ao conhecimento da casa:

É importante que a criança conheça cada parte da casa onde

mora, tanto interna como externamente. Por isso mostre-lhe todos os cômodos,

nomeando-os e deixando que ela manipule os objetos que estejam dentro de

cada um. Para que possa, mais tarde, ao sentir-se segura, caminhar sozinha

sem esbarrar nas coisas e se machucar.

Afaste dela qualquer tipo de objeto que possa oferecer riscos,

como objetos cortantes e pontiagudos, não deixe portas e janelas entreabertas,

tapetes dobrados e nada espalhado pelo chão, a fim de não lhe causar

acidentes domésticos. Procure manter as coisas sempre no mesmo lugar e ao

mudar avise-a.

• Quanto sua independência para atividades do cotidiano:

A criança só aprende aquilo que vive concretamente. Portanto

comece desde pequena ensiná-la como realizar as atividades do dia-a-dia,

situações referentes à alimentação, higiene pessoal, saúde, segurança,

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atividades domésticas e ao vestuário, para que aprenda a ser independente e

que tenha autonomia atuante.

Ensine-a comer à mesa junto com os demais familiares,

incentivando-a a manipular os alimentos, primeiro com as mãos, para identificá-

los, depois com os talheres. Converse sobre a origem e o sabor dos alimentos.

Ajude-a realizar sua higiene pessoal: corporal e bucal. O manuseio

da escova de dentes, do pente de cabelo, do sabonete para tomar banho.

Lembrando sempre de nomear e explicar a utilidade e importância de todos os

objetos e das tarefas realizadas.

O mesmo deve ser feito com o vestuário, mostre onde guardar,

como organizar suas roupas e sapatos. Ensine-a vestir-se, abotoar-se, dar laços,

fechar zíper, amarrar. Explique a necessidade de lavar, secar e passar as

roupas antes de usar. Assim sentirá mais confiança em si mesma.

• Quanto à participação social:

A convivência com outras pessoas, amigos e vizinhos, são

importantes para todos, pois possibilitam a criança aprender e educar-se para a

vida em comunidade.

Seu filho precisa: passear, visitar pessoas e pontos turísticos,

freqüentar lugares públicos, fazer compras, ir a festas, reuniões, parques,

supermercados. Andar nos diversos tipos de transporte, aprender usar o

telefone, conversar com outras pessoas, brincar com as crianças da redondeza.

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Relacionando-se com outras pessoas, terá oportunidade de conversar sobre

outros assuntos, ouvir experiências diferentes, se divertir.

• Quanto à vida escolar:

A criança com deficiência visual pode e deve freqüentar a escola

desde que esta esteja preparada para recebê-la. É importante que os demais

coleguinhas saibam e entendam sua deficiência, a fim de facilitar o

relacionamento entre eles e que com a maior naturalidade possível possam tirar

suas dúvidas, não causando quaisquer constrangimento a criança portadora de

necessidades especiais.

O professor deve receber toda a orientação e apoio necessário,

pelas Secretarias de Educação Especial do seu município ou do seu Estado, a

fim de lidar com sabedoria com este aluno e assim lhe proporcionar uma

aprendizagem significativa.

Este ingresso para escola é uma etapa extremamente

enriquecedora ao desenvolvimento de qualquer criança, por ser a escola o

primeiro espaço do processo de socialização, depois da família.É um local de

grande desenvolvimento no que se refere ao convívio com outras crianças de

sua faixa etária, com as mesmas vontades e gostos. É com esta troca de

experiências, que as crianças vão desenvolvendo um quadro comportamental de

grande valor e adequado à sua situação. E o sucesso desse crescimento irá

valer para sua felicidade e tranqüilidade.

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A participação da família na vida escolar da criança e o diálogo

constante com os educadores são indispensáveis para facilitar a solução de

dificuldades que possam surgir. Porque é a família que passa maior parte do

tempo com a criança, assim são os pais que mais conhecem e podem dar

informações sobre o comportamento e atitudes de seu filho.

Assim, é com o estímulo da família e da comunidade, que a criança

cega ou com baixa visão adquiri as habilidades básicas tão bem quanto as

demais crianças. Conforme Buscaglia (1993, p.134): “O papel da família é o de

encorajar a individualidade emergente da criança excepcional, ... e, permitir que

faça suas próprias escolhas e que revele suas necessidades e capacidades”.

Infelizmente, algumas crianças deficientes não têm oportunidade

de se desenvolver tão rápida e plenamente quanto poderiam. Em alguns países,

mais da metade das crianças que nascem cegas morrem de fome ou de

abandono antes dos cinco anos de idade. A seguir, para exemplificar, um texto

citado por Werner (1994, p.247) onde são relatadas duas histórias de crianças

cegas que mostram a diferença que o apoio e a compreensão por parte da

família podem fazer para o desenvolvimento da criança portadora de

necessidades especiais.

SHANTI*

Shanti é uma menininha cega nascida num pequeno povoado na Índia. Quando os pais e avós dela descobriram que ela era cega, não contaram o fato para os outros habitantes. Eles achavam que a cegueira era mandada a uma família como punição por um pecado e que as pessoas passariam a despreza-los. Em segredo, os pais levaram Shanti para um orfanato e a deixaram lá. No orfanato, ninguém havia tratado de uma criança cega antes e não sabiam o que fazer. Havia tantas crianças que

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precisavam de atenção que sobrava pouco tempo para cuidarem dela. Shanti foi mantida viva, mas isto era tudo. Ninguém falava com ela, ninguém abraçava-a amorosamente e ninguém tentava estimula-la. Como ela era cega, as enfermeiras pensavam que ela não conseguia entender ou reconhecer qualquer coisa ao redor dela. Por isso, enquanto os outros bebês começavam a tentar pegar os objetos que viam e depois engatinhar em direção das coisas que queriam, Shanti era deixada sozinha e silenciosa no berço. Todo mundo se acostumou com a criança cega. Ela era erguida quando necessário, banhada e alimentada. Para alimentar-se ela usava uma mamadeira ou lhe davam comida na boca. Mas ninguém tentou ensinar Shanti a alimentar-se sozinha ou a andar e falar. Já crescida Shanti passava a maior parte do tempo sentada na soleira da porta, balançando o corpo e enfiando o dedo nos olhos. Ela nunca disse uma palavra, e só chorava quando sentia fome. As outras crianças ficavam longe dela; elas tinham medo dos olhos mortos de Shanti. Todos pensavam que ela era deficiente mental e que nada podia ser feito sobre isso. Com o tempo Shanti começou a falar e a andar. Mas a expressão triste e imóvel do rosto dela nunca desapareceu. Agora, com 7 anos de idade, em alguns aspectos ela continua a ser como um bebê de 2 anos. E em outros aspectos, ela já não é mais uma criança. Quanto ao futuro dela, qual poderia ser?

* História adaptada de How To Raise a Blind Child; veja a pág. 639.

RANI

Rani também é uma menininha cega, nascida em um outro povoado da Índia. Assim como a família de Shanti, quando os pais de Rani descobriram que ela era cega ficaram preocupados com o que os habitantes do povoado iriam dizer. Mas a avó da criança, que a 5 anos perdeu gradualmente a visão, disse: _ Eu acho que devemos fazer tudo que pudermos pelo bebê. Olhem para mim. Eu também estou cega agora, mas continua a ter as mesmas sensações e necessidades de quando eu podia ver. E eu ainda posso fazer a maioria das coisas que costumava fazer. Ainda trago água do poço, preparo o arroz, ordenho as cabras... _ Mas você já sabia fazer todas essas coisas antes de ficar cega _ o pai disse. _ Como um bebê cego pode aprender? _ Nós temos que ajuda-la a aprender _ a avó retrucou. _ Assim como eu aprendi a fazer as coisas pelo som e pelo toque, Rani também pode aprender. Eu posso ajudar a

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ensinar Rani, pois eu já sei como é. Mas também podemos consultar a agente de saúde. A agente de saúde do povoado veio no dia seguinte. Ela não sabia muito sobre a cegueira, mas sabia alguma coisa sobre desenvolvimento infantil. Ela sugeriu que fossem proporcionados à criança muitos estímulos na forma de coisas para ouvir, tocar e cheirar, para compensar pelo que ela não podia ver. _ E também falem bastante com ela _ acrescentou. A família seguiu o conselho. Eles colocavam todos os tipos de coisas nas mãos de Rani e lhe diziam o que era. Ela ganhou sinos e bonecos de apertar, e também latas e garrafas para fazer sons. A avó gostava especialmente de levar Rani a todos os lugares e fazer com que ela tocasse e ouvisse tudo. Ela brincava com Rani, cantava para ela. Quando ela tinha 2 anos, a avó ensinou-a a orientar-se sentindo a parede e a cerca com as mãos, como ela mesma fazia. Com 3 anos, Rani já conseguia chegar sozinha até a privada e o poço d’água. Quando ela tinha 4 anos, a agente d saúde conversou com os vizinhos e organizou algumas atividades CRIANÇA-PARA-CRIANÇA com os filhos deles. Depois disso, algumas crianças vieram fazer amizade e brincar com Rani. Às vezes todos eles cobriam os próprios olhos e tentavam encontrar algo ou distinguir diferentes objetos. Nessas brincadeiras, quase sempre era Rani que vencia. Quando completou 6 anos, Rani começou a ir à escola. As crianças da vizinhança vinham buscá-la todos os dias. Quando os habitantes do povoado viam todas caminhando juntas pela estrada, era difícil dizer qual delas era cega. (Werner, 1994,p.247)

No anexo 1, dois folhetos da Associação Brasileira de Educadores

de Deficientes Visuais (ABEDEV), que mostram como relacionar-se com o

deficiente visual e como ajudá-lo a locomover-se.

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CAPITULO 5

A ESCOLA E A DEFICIÊNCIA VISUAL

Muitas crianças, com deficiência ou não, começam a freqüentar a

escola por dos quatro anos. Em geral, as dificuldades de adaptação são

superadas com naturalidade nas primeiras semanas, tanto pela criança quanto

por seus pais. No entanto, quando a criança é portadora de uma deficiência, isso

pode ser mais difícil, e ás vezes frustrante, para ela e para os pais. Assim, esse

processo precisa ser seguido com atenção.

A legislação diz que todo aluno com necessidades especiais deve

ser preferencialmente atendido pela rede regular de ensino. Isso significa que

uma pessoa com necessidades especiais deve passar por uma avaliação que

vai determinar se ela tem condições de ingressar no ensino regular ou se

necessita de um atendimento especializado, que as escolas em geral não têm

condições de oferecer.

As modalidades de atendimento educacional são alternativas de

procedimentos didáticos específicos e adequados às necessidades educativas

especiais do aluno portador de deficiência e que implicam espaços físicos,

recursos humanos e materiais diferenciados.

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O atendimento mais freqüente ao aluno portador de deficiência

visual seja ele cego ou com visão subnormal, pode ser:

- A sala de estimulação essencial: local destinado ao atendimento, de

crianças de 0 à 3 anos, portadoras de deficiência. São desenvolvidas

atividades terapêuticas e educacionais voltadas para o desenvolvimento

global. É fundamental a participação da família nestes programas de

estimulação.

- A classe regular: um ambiente regular de ensino/aprendizagem, no qual o

aluno portador de deficiência é matriculado, em processo de inclusão, desde

que tenha condições de acompanhar e desenvolver as atividades

curriculares programadas do ensino comum no mesmo ritmo que os alunos

ditos normais.

- A sala de recurso: uma sala que oferece a complementação do atendimento

educacional realizado na classe regular, porém com o uso de materiais,

equipamentos e recursos pedagógicos específicos à natureza da deficiência

do aluno, esses recursos são: para o aluno cego (o Braille para leitura e

escrita, máquina perkins para escrever em Braille, sorobã instrumento usado

para realizar cálculos matemáticos, DOSVOX um sintetizador de voz que

conectado ao computador permite a leitura de informações exibidas no

monitor) e para o aluno com visão reduzida (lentes de aumento, telescópios e

lupas para ampliar imagens, letras ampliadas, canetas com traçados fortes

ou iluminação especial entre outros). Esse atendimento deve ser

individualizado ou em pequenos grupos, com professor especializado e em

horário diferente do que freqüenta no ensino regular.

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- Professor itinerante: é um trabalho educativo desenvolvido na própria

escola do aluno, onde um professor especializado periodicamente trabalha

com o educando portador de deficiência e com o seu professor da classe

regular, proporcionando-lhe orientação, ensinamentos e supervisão

adequados.

- A classe especial: uma classe existente dentro da escola regular, formada

para dar atendimento adequado aos alunos que apresentam a mesma

deficiência. O professor é capacitado, utiliza métodos, técnicas e recursos

pedagógicos especializados e quando necessários equipamentos e materiais

didáticos específicos. Os mesmos utilizados pela sala de recursos.

É preciso procurar algum destes tipos de atendimentos assim que

for descoberta a deficiência, porque quanto mais cedo iniciar o atendimento

melhor será o progresso desta criança.

Para atender ao aluno portador de deficiência visual não há

necessidade de elaboração de um currículo especial, o que existe na realidade,

são programas e conteúdos que podem ser adaptados para que a criança cega

ou com visão subnormal possa acompanhar em igualdade os alunos com visão

normal.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1999, p. 44)

adaptações de acesso ao currículo são alterações nos recursos físicos e

materiais para facilitar a aquisição de conhecimentos pelo aluno portador de

necessidades educacionais. As seguintes medidas constituem adaptações de

acesso ao currículo

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“”• criar condições físicas, ambientais e materiais para o aluno na sua unidade escolar de atendimento; • propiciar os melhores níveis de comunicação e interação com as pessoas com as quais convive na comunidade escolar; • favorecer a participação nas atividades escolares; • propiciar o mobiliário específico necessário; • fornecer ou atuar para a aquisição dos equipamentos e recursos materiais específicos necessários; • adaptar materiais de uso comum em sala de aula; • adotar sistemas de comunicação alternativos para os alunos impedidos de comunicação oral (no processo de ensino-aprendizagem e na avaliação) (PCN, 1999, p.44). “”

Sugestões de recursos de acesso ao currículo para alunos com

necessidades especiais, segundo necessidades específicas:

“” Para alunos com deficiência visual: • materiais desportivos adaptados: bolas de guizo e outros; •sistema alternativo de comunicação adaptado ás possibilidades do aluno: sistema Braille, tipos escritos ampliados; • textos escritos com outros elementos (ilustrações táteis) para melhorar a compreensão; • posicionamento do aluno na sala de aula de modo que favoreça sua possibilidade de ouvir o professor; • deslocamento do aluno na sala de aula para obter materiais ou informações, facilitado pela disposição do mobiliário; • explicações verbais sobre todo o material apresentado em aula, de maneira visual; • boa postura do aluno, evitando-se os maneirismos comumente exibidos pelos que são cegos; • adaptação de materiais escritos de uso comum: tamanho das letras, relevo, software educativos em tipo ampliado, textura modificada, etc; • máquina de braille, reglete, sorobã, bengala longa, livro falado etc; • organização espacial para facilitar a mobilidade e evitar acidentes: colocação de extintores de incêndio em posição mais alta, pistas olfativas para orientar na localização de ambientes, espaço entre as carteiras para facilitar o deslocamento, corrimão nas escadas etc; • material didático e de avaliação em tipo ampliado para os alunos com baixa visão e em braille e relevo para os cegos; • braille para alunos e professores videntes que desejarem conhecer o referido sistema;

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• materiais de ensino-aprendizagem de uso comum: pranchas ou presilhas para não deslizar o papel, lupas, computador com sintetizador de vozes e periféricos adaptados etc; • recursos ópticos; • apoio físico, verbal e instrucional para viabilizar a orientação e mobilidade, visando a locomoção independente do aluno (PCN, 1999, p.45 e 46). “”

No apêndice encontram-se alguns endereços e home page de

instituições e associações de atendimento e apoio ao deficiente visual e seus

familiares e, também uma lista contendo outros produtos e recursos

pedagógicos que podem ser usados pelo deficiente visual.

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CAPÍTULO 6

RECURSOS UTILIZADOS NA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA PORTADORA DE

DEFICIÊNCIA VISUAL

Recursos didáticos são todos os recursos físicos ou materiais

usados com maior ou menor freqüência para auxiliar, facilitando e incentivando,

a aprendizagem do educando.

Estes materiais são de fundamental importância para a educação

dos alunos portadores de deficiência visual, porque visam estimular a visão

residual daqueles com visão subnormal e proporcionar aos cegos o

desenvolvimento dos demais órgãos do sentido a fim de substituir o da visão.

Existem materiais que, mediante certas alterações prestam-se para

o ensino tanto de alunos cegos como para os de visão reduzida, como os

instrumentos de medir, litro, balança, os mapas de encaixe, jogos e outros. E há

ainda, recursos específicos para cada tipo de educando.

EDUCANDO COM VISÃO SUBNORMAL

Existem alguns auxílios ópticos e não-ópticos que ajudam a

melhorar o desempenho visual destes alunos. São eles:

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• Auxílios Ópticos:

São recursos que possibilitam o aumento do objeto a ser visto e

são adquiridos através de indicação médica.

- Óculos = para longe e para perto;

- Lupa manual = é composta de lentes convergentes e capacidade de

aumento. Quanto mais perto do olho estiver maior é o campo visual e vice-

versa;

- Lupa fixa = são lentes convexas montadas num suporte que estabelece uma

certa distância entre a lente e o objeto a ser visualizado;

- Telelupa = é usada para a visão à distância, porque aumenta o tamanho da

imagem a ser projetada sobre a retina.

• Auxílios Não-Ópticos:

São conseguidos por meio de modificações ambientais.

- Controle da iluminação = deve-se verificar se os locais estão uniformemente

iluminados, dando preferência a iluminação natural.

- Controle da reflexão = fazer uso de materiais que evitem a reflexão luminosa,

como o tiposcópio, material usado para ressaltar a linha do texto que está

sendo lida, ocultando as demais; visores, oclusores e lentes polarizadas.

- Aumento de contrastes = procurar usar cores bem contrastantes (branco e

preto, amarelo e preto) em diversos tipos de papéis.

- Acessórios = são instrumentos para facilitar o aprendizado: caneta de ponta

porosa, lápis de escrever 6B, figuras sem muitos detalhes com traçado

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escurecido e nítido, suporte para leitura, cadernos com pauta ampliada e em

negrito.

- CCTV (Sistema de Circuito Fechado de Televisão) = é útil para as pessoas

que precisam de um aumento maior do que o que os óculos podem

promover, ou para as que necessitam de maior distância para ler, escrever,

desenhar ou datilografar.

EDUCANDO CEGO

BRAILLE

O sistema Braille foi criado em 1825, pelo jovem cego Louis Braille

e trazido para o Brasil por José Álvares de Azevedo, em meados do século

passado.

Este sistema consiste no arranjo de 6 pontos, dispostos em duas

fileiras verticais de 3 pontos cada, formando o que se convencionou chamar de

“Cela Braille”. Esses 6 pontos podem ser combinados de 63 maneiras diferentes,

representando todas as letras do alfabeto, os sinais de pontuação, os números,

os sinais da matemática e da música entre outros. Vide um exemplo, do alfabeto

em Braille, no anexo 2.

SOROBÃ

O sorobã ou ábaco é um instrumento usado para realizar cálculos

matemáticos. Surgiu no Japão e foi adaptado em 1949, por Joaquim Lima

Moraes, para o uso dos cegos aqui no Brasil.

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O sorobã apresenta algumas vantagens, além do fácil manejo e

baixo custo. Com ele podemos efetuar operações fundamentais da matemática

com bastante perfeição e rapidez.

O aparelho é composto de duas partes separadas por uma régua

horizontal, denominada “régua de numeração”, a parte inferior apresenta quatro

contas em cada eixo e a superior apenas uma conta, devendo-se escrever

somente um número em cada eixo. A cada três eixo há um ponto em relevo

destinado a separar as classes dos números. O sorobã mais comum entre nós é

o de 21 eixos, mas existem ainda os de 13 e os de 27 eixos.

SINTETIZADOR DE VOZ

É um programa que deve ser conectado a um computador,

permitindo a leitura de informações exibidas no monitor. O programa se

comunica com o usuário através da síntese da voz viabilizando o uso do

computador pelo portador de deficiência visual.

Dentre as diferentes modalidades produzidas em outros países,

inclusive com voz sintetizada na língua portuguesa, destaca-se o DOSVOX,

desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal

do Rio de Janeiro (NCE).

Existem ainda outros recursos materiais, pedagógicos, jogos

diversos e produtos de uso pessoal do portador de deficiência visual a fim de

auxiliá-lo no seu dia-a-dia, na vida social e nos ambientes escolar e profissional.

No anexo 3 alguns destes produtos.

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CONCLUSÃO

Com o processo de inclusão que se está vivendo é necessário que

todos os profissionais da educação sejam capacitados e informados sobre as

necessidades educativas especiais. Não adianta incluir o aluno deficiente em

uma classe regular, sem dar subsídios ao professor para lidar com este aluno.

Assim, está apenas integrando o aluno num ambiente visto como “normal”, mas

um lugar onde as pessoas não sabem como auxiliá-lo e que em nada poderão

contribuir para o seu desenvolvimento como cidadão.

A criança deficiente visual tem o direito de um ensino de qualidade

como outra qualquer e, para isso, é preciso que os professores tenham

consciência do trabalho que poderão realizar para melhor atender as

necessidades deste indivíduo.

Neste sentido, a formação e o aperfeiçoamento profissional

cumprem um papel fundamental, visto que a instrumentalização da prática

pedagógica não resulta apenas do domínio de técnicas e de metodologias de

ensino, mas também da disponibilidade de serviços de apoio, vindo das

Secretarias de Educação e dos órgãos responsáveis pela Educação Especial,

que possibilitem possíveis adaptações nos ambientes escolares e nos materiais

de ensino-aprendizagem, além de mudanças nos critérios de avaliação do

rendimento escolar.

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A inclusão escolar das pessoas com deficiência pode representar

uma remota realidade ou simplesmente uma utopia, diante das escolas

excludentes e de sociedades excludentes, porém se dentro da escola todos:

professores, diretores, funcionários, pais e alunos estiverem unidos com o

objetivo de incluir as crianças portadoras de necessidades especiais com

certeza haverá mudança de atitudes, reconhecimento da igualdade e dos

direitos, em todos os níveis, não só educacional, mas político, governamental,

social, comunitário e individual.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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APÊNDICE

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Instituições de Atendimento ao Deficiente Visual

• Associação Brasileira de Assistência ao Portador de Deficiência Visual

(LARAMARA)

Rua conselheiro Brotero 338, Barra Funda

CEP: 01154-000 São Paulo – SP – Brasil

Tel. 55 11 3662-6177 Fax. 55 11 826-9062

Home Page: www.laramara.org.br

e-mail: [email protected]

• Associação Brasileira de Educadores de Deficiente Visual (ABEDEV)

Rua: Rui Barbosa,1961 – Bl “B” Apto: 14

CEP: 79001-431 Campo Grande – MS

Tel. 382-1581 Fax. (067) 382-6896

Home Page: www.members.nbci.com/abedev

e-mail: [email protected]

• Associação dos Cegos de Portugal (ACAPO)

Home Page: www.acapo.pt

e-mail: [email protected]

• Associação de Cegos em Juiz de Fora

Avenida dos Andradas 455, Centro

CEP: 36036-000 Juiz de Fora – MG – Brasil

Telefax: (0xx32) 3215-2469

Home Page: www.artnet.com,br/~acegosjf

e-mail: [email protected]

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• Associação Promotora de Empregos de Deficiência Visual (APEDV)

Home Page: www.apedv.rcts.pt

• Centro de Vida Independente do Rio de Janeiro

Rua: Marquês de São Vicente 225/ Estacionamento da PUC

CEP: 22451-041 Rio de Janeiro – RJ – Brasil

Tel. 55 (021) 512-1088 Fax. 55 (021) 239-2541

Home Page: www.alternex.com.br/~cvirj

e-mal: [email protected]

[email protected]

• Conselho Brasileiro para o Bem-Estar dos Cegos

Rua: Clarimundo de melo 216, Encantado

CEP: 20740-322 Rio de Janeiro – RJ

Tel. (0xx21) 594-0284 Fax. (0xx21) 275-1405

Home Page: www.rionet.com.br

e-mail: [email protected]

• Conselho Mundial de Educadores do Portador de Deficiência Visual (ICEVI)

Rua: Conselheiro Brotero 353, Barra Funda

CEP: 01154-000 São Paulo – SP

Tel. (0xx11) 3662-6177 Fax. (0xx11) 826-9108

Home Page: www.compadres.org.br

e-mail: [email protected]

• Entre Amigos

Home Page: www.entreamigos.com.br

• Fundação Dorina Nowill para Cegos

Rua: Dr. Diogo de Faria 558, Vila Clementino

CEP: 04037-001 São Paulo – SP

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Tel. (0xx11) 5549-0611 Fax. (0xx11) 5549-0823

Caixa Postal: 20.384

Home Page: www.fundacaodorina.org.br

e-mail: [email protected]

• Instituto Benjamim Constant

Avenida Pasteur 350/368, Urca

CEP: 22240-290 Rio de Janeiro – RJ – Brasil

Tel. (0xx21) 543-1180 e 295-4498 Fax. (0xx21) 543-2305

Home Page: www.mec.gov.br/ibc

www.ibcnet.org.br

e-mail: [email protected]

[email protected]

[email protected]

• Instituto de Cegos Padre Chico

Rua: Moreira de Godoi 456, Ipiringa

CEP: 04266-060 SP

Tel. (0xx11) 274-4611 Fax. (0xx11) 274-4132

Home Page: www.padrechico.org.br

e-mail: [email protected]

• Instituto Sul – Matogrossense para Cegos “Floriano Vargas” (ISMAC)

Rua: 25 de Dezembro 262, Centro – Campo Grande, MS

Tel. 725-5490

Home Page: www.vip2000.net/ismac

e-mail: [email protected]

• Ler para Ver

Home Page: www.lerparaver.com/index.html

e-mail: [email protected]

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• Sociedade de Assistência aos Cegos – Ceará (SAC)

Avenida Bezerra de Menezes 892, São Gerardo

CEP: 60325-004 Fortaleza – Ceará – Brasil

Tel. (0xx85) 281-6111 Fax. (0xx85) 281-0082

Home Page: www.sac.org.br

e-mail: [email protected]

• Sociedade de Cegos do Rio Grande do Norte (SOCERN)

Rua: Alexandrino de Alencar 411, sala 132 - Alecrim/Natal

Tel. (0xx84) 211-9122

Home Page: www.ufrnet.br/~socern

e-mail: [email protected]

• União de Cegos do Rio Grande do Sul (UCERGS)

Rua: Frei Henrique Golland Trindade 425, Boa Vista

CEP: 90480-140 Porto Alegre – RS

Tel. (0xx51) 328-1644

Home Page: www.ucergs.org.br

e-mail: [email protected]

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ANEXOS

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ANEXO 3

OUTROS PRODUTOS

BENGALA BRANCA

A Bengala Branca oferece outros produtos que facilitam o cotidiano dos

deficientes visuais.

PROGRAMAS:

Programa Dosvox 2.0 para Windows Programa Duxbury (Tradutor Braille) Programa PC Disk Outros. OUTROS RECURSOS:

Bengalas dobráveis Caderno para escrita braille e ampliada Calculadora falada Cortador de remédio Elástico e ponteiras para bengala

Fita métrica e fita trena Kit para desenho Máquina Perkins Braille Medidor de água Medidor de pressão Papel para impressora braille Porta reglete de couro Prancheta com guia para escrita Rádio / TV Regletes de plástico, metal e de mesa Relógio pulso braille masculino / feminino Relógio de pulso falado Rotuladora e fita rotéx Sorobã Termômetro falado.

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RECURSOS PEDAGÖGICOS:

Material para alfabetização (em madeira e E.V.A.) Blocos lógicos (em madeira e E.V.A.) Cubos de formas geométricas em E.V.A. Lousa magnética com 72 letras Mapa do Brasil em E.V.A.

JOGOS DIVERSOS ADAPTADOS:

Baralho Resta um Dominós Jogo da velha (em madeira e E.V.A.) Palavras cruzadas Xadrez Jogo de encaixe lógico RECURSOS PARA BAIXA VISÃO CCTV (leitor de tela) Tela para TV Outros Para maiores informações entre em contato conosco: Bengala Branca Importação e Comércio Ltda Rua: Cel. Vicente, 608 – CEP.: 90030-040 Porto Alegre – RS – Brasil Fone/Fax: (051) 212.4777 – 212.5053 – 212.4671 e-mail: [email protected]