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O Transplantado de Medula Óssea:
Abordagem Nutricional
Nutricionista: Viviane Dias Rodrigues
Mestre em Ciências pelo PGCM/ UERJ
Especialista em Nutrição Oncológica/ INCA
Chefe do Serviço de Nutrição e Dietética- HCI/ INCA
Vice- presidente da SBNO
TCTH x TMO
HLA: Antígeno de histocompatibilidade
VOD: Veno-occlusive disease ou
DVOH: Doença veno-oclusiva hepática
GVHD: Graft versus host disease ou
DECH: Doença do enxerto contra o hospedeiro
SCUP: Sangue de cordão umbilical e placentário
CMV: Citomegalovírus
Siglas
Definição TCTH
Procedimento terapêutico onde o paciente recebe a
infusão de células-mãe do tecido hematopoético,
com a finalidade de restabelecimento da hematopoese
após aplasia medular.
James Fleck, 1992
Aplicação de TCTH
Neoplasias hematológicas
Leucemia Mielóide Aguda
Leucemia Mielóide Crônica
Leucemia Linfocítica Aguda
Leucemia Linfocítica Crônica
Distúrbios mieloproliferativos
Mieloma múltiplo
Linfoma não-Hodgkin
Linfoma de Hodgkin
(Castro,M. 2000)
Aplicação de TCTH
Tumores sólidos
Câncer de mama
Câncer de testículo
Câncer de ovário
Glioma
Neuroblastoma
Sarcoma de Ewing
Rabdomiossarcoma
Câncer de pulmão de pequenas células
Câncer de pulmão de não pequenas células
(Castro,M. 2000)
Aplicação de TCTH
Outras condições patológicas
Anemia aplásica severa
Síndrome Mielodisplásica
β-Talassemia
Imunodeficiência combinada severa
Distúrbios autoimunes
Amilodoise
Distúrbios metabólicos hereditários
(Castro,M. 2000)
TRANSPLANTE DE CÉLULAS TRONCO HEMATOPOÉTICAS
T.C.T.H É uma das terapias mais agressivas usadas em oncologia.
(lessen, 2001)
autogênico
Tipo de Transplante singênico relacionado
alogênico
não relacionado
Grau de Histocompatibilidade
mieloablativo
Regime Preparatório
não mieloablativo
Contagem de Tempo
Hiper-hidratação (profilaxia SLT/Cistite hemorrágica): 3l/m2/dia;
D - ... Antes da infusão: (A duração do regime de condicionamento pode variar entre 2 a 7 dias, ou seja, pode começar no D-2 ou no D-7;
D 0 Dia da infusão das CTH;
D +... Após a infusão;
Fatores que influenciam os resultados a curto e longo prazo no TCTH
Diagnóstico
Estádio da doença
Tipo de transplante
Grau de histocompatibilidade do doador
Regime de condicionamento
Fonte das CTH
Idade
Tratamento prévio
Estado nutricional
Transplante alogênico
Vantagens
Ausência de células malignas
Potencial efeito imunológico anti-cancer (Efeito enxerto contra tumor)
Tratamento de doenças neoplásicas e não neoplásicas
Desvantagens
Compatibilidade HLA
DECH
< 60 anos
Transplante autólogo
Vantagens
Pronta disponibilidade de células-tronco
Ausência de DECH
Menor morbi-mortalidade e menor custo
Desvantagens
Ausência de efeito imunológico anti-cancer (Efeito enxerto contra tumor)
Possível contaminação do enxerto por células malignas (principal preocupação)
Maior risco de recaída
CTH – Sangue periférico
Vantagens
Não requer anestesia geral
Não requer punções aspirativas dolorosas e repetidas
“Pega” mais rápida
Menor duração da neutropenia grave com redução da antibioticoterapia
Menor contaminação por células malignas
Maior segurança para pacientes mais velhos
Autólogo: menor morbi-mortalidade
Regime de condicionamento
Objetivos básicos:
1) Imunossupressão para evitar a destruição do enxerto por células residuais ativas imunologicamente
2) Destruir células tumorais residuais
3) Prover “espaço” para a nova medula
QT em altas doses combinada ou não com RTx
Regime de condicionamento
QT
RXT/ CT Antibioticoterapia Antifúngicos
Adverso sobre o Estado Nutricional
Independentemente do tipo de TCTH
as consequências do regime de condicionamento são extremamente deletérias
à integridade funcional e anatômica do TGI
Regime de condicionamento
Intercorrências Clínicas Associadas aos Regimes de Condicionamento
Vômitos Incoercíveis Náuseas Odinofagia Anorexia Mucosite Diarréia
Distúrbios TGI
Baixa Ingestão Oral
Desnutrição Secundária
Complicações Pós-TCTH X Estado Nutricional
Clínicas:
• Distúrbios do TGI
• Doença Veno-Oclusiva
•Ins. Renal drogas nefrotóxicas
• Ins. Cardíaca drogas cardiotóxicas
• Inf. oportunistas imunossupressão
• DECH Pele, TGI, Fígado
Metabólicas:
• Proteínas cat. protéico
• Carboidratos Intolerância à GLI
• Lipídeos Dislipidemias
• Deficiências de Vitaminas e Minerais
TCTH não relacionado – 80%
TCTH relacionado – 20%
Síndrome
Carencial
DECH aguda
Evento positivo: Efeito enxerto contra tumor
Período: D7/10 até 3 meses
30 a 60% dos pacientes
Pele, fígado e TGI
Complicações do TCTH
DECH aguda hepática
• Colestase grave (destruição dos ductos biliares)
• Elevação da bilirrubina sérica e prejuízo da função hepática
Complicações do TCTH
DECH aguda intestinal
• Diarréia
• Náuseas e vômitos
• Dor abdominal
• Destruição das criptas intestinais (toxicidade GI moderada a grave): aumento da permeabilidade intestinal c/diminuição da absorção e perda de nutrientes; diarréia secretória profusa: mucosa ulcerada: perfuração
Complicações do TCTH
DECH aguda intestinal
Complicações do TCTH
Esquerda: Histologia da mucosa normal do cólon. Aparência normal das criptas e lâmina própria com áreas focais de celularidade aumentada. Direita: Histologia de GVHD gastrointestinal grave, com quase completa destruição das criptas e exposição da mucosa do cólon.
Foto: Dr. Joel Greenson, University of Michigan.
DECH aguda intestinal
Complicações do TCTH
NPT: diarréia > 500ml (Rzpecki et al, 2010; Martin-Salces et al, 2008)
Evolução de dieta via oral (Seattle): segura (Imataki et al, 2006; Flowers et al; 2008)
Requerimento protéico:
1,8 a 2,5g/Kg/dia (Muscaritoli et al, 2002; Martin-Salces et al, 2008)
Requerimento energético:
GEB levemente aumentado (Zauner et al, 2001)
Complicações do TCTH
-Cólica intestinal mínima
-Diarréia< 500 ml/dia -Pouca frequência de Náusea e Vômito -Diminuição do trânsito intestinal -mínimo de 1,5 horas
Introdução de dieta oral
Triagem de líquidos
-Isosmótica -Baixo resíduo -Bebidas deslactosadas -Iniciar com 60 ml a cada 2-3 horas por vários dias
DECH aguda intestinal (realimentação)
Doença veno-oclusiva hepática (VOD)
• Evento grave e frequentemente fatal:Alo e Auto
• Incidência: 20%
• Estreitamento e oclusão das vênulas hepáticas; injúria dos hepatócitos – Toxicidade QT
Complicações do TCTH
Doença veno-oclusiva hepática (VOD)
• Manifestações clínicas: 2 a 4 semanas após condicionamentos de altas doses, na fase de pancitopenia antes da recuperação medular
• Aumento de Bb e transaminases, oligúria, retenção H2O/Na, ascite, encefalopatia hepática e falência hepática
Complicações do TCTH
Complicações do TCTH
1 • Balanço Nitrogenado Negativo
2 • Hipertrigliceridemia/ Hipercolesterolemia Ciclosporina/ NPT
3 • Hipomagnesemia ingestão, da absorção, medicamentos
4 • Zinco e Cobre ingestão , da absorção, perda intestinal
5 • Vitaminas antioxidantes Vitamina E, Betacaroteno
Objetivos da Assistência Nutricional
Pré-TCTH
Prevenir ou corrigir deficiências nutricionais
Minimizar a perda de peso / manter E.N.
Orientações gerais do tratamento
Per TCTH
Terapia nutricional imunossupressora
Adaptação da dieta de acordo c/ intercorrências
Indicação de vias alimentares
Pós-TCTH
Reabilitação do TGI
Terapia nutricional imunossupressora
Recuperação do estado nutricional
Estado nutricional
Em pacientes com câncer a perda ponderal antes do tratamento tem significância prognóstica (menor sobrevida) Bosaeus et al, (2001; 2002)
Maior mortalidade em pacientes com baixo peso (Alo e Auto)
LeBlanc et al (2003); White et al (2005)
Estado nutricional
Baixo IMC associado com piores resultados e maior tempo de hospitalização;
Tempo de enxertia dos pacientes com IMC<18,5kg/m2 é maior que nos pacientes eutróficos;
Perda de peso grave nos 3 meses subsequentes ao TCTH foi associada com aumento da mortalidade exceto por recaída;
Estado nutricional
The vast majority of patients ready to undergo HSCT is well nourished, with a median BMI of 25 kg/m2 despite prior induction chemotherapy. During further treatment, weight loss reaches 5–10% of initial body weight or initial BMI;
Malnutrition itself has been demonstrated to be an independent risk factor for poor outcome in HSCT before and is supported by our findings;
Estado nutricional
EN was associated with better survival, less acute GVHD
and faster neutrophil recovery; Malnutrition is associated with adverse clinical outcome; EN was associated with a lower median duration of
fever, a reduced need for empirical antifungal therapy, a lower rate of central venous catheter replacement and a lower rate of transfer to an intensive care units;
ASPEN Clinical Guidelines
Nutrition Support Therapy During Adult Anticancer Treatment and in Hematopoietic Cell Transplantation.
J Parenter Enteral Nutr. 2009
Níveis de evidência
1) Todos os pacientes submetidos a TCTH com condicionamento mieloablativo são considerados como risco nutricional e devem ser submetidos a triagem nutricional/avaliação nutricional/plano de cuidados nutricionais (D)
Necessidades Nutricionais
(Consenso Nacional de Nutrição Oncológica, 2015)
TNE segura no peri-transplante em caso de:
Recuperação de plaquetas e neutrófilos
Recuperação do TGI
Transição da NPT para a VO
TNE indicada como suporte nutricional em casos de complicações tardias como DECH crônica
Terapia Nutricional
Relacionados ao estabelecimento do acesso e intercorrências:
• Distúrbios de coagulação
• Pneumonia de aspiração
• Sinusite
• Diarréia
• Dor abdominal
• Retardo do esvazimento gástrico
• Vômitos Lessen et al (2001)
Riscos da TNE
Nutrição Enteral deverá ser usada em pacientes submetidos a TCTH com TGI funcionante e naqueles com ingestão via oral insuficiente para atingir as necessidades (C)
Combustível 1º dos enterócitos e tecido linfóide associado
Administração enteral/parenteral: prevenir/amenizar toxicidade GI
Falha dos estudos em comprovar estes efeitos
Dificuldade de interpretação: estudos não homogêneos: Tu sólidos + hematológicos; Alo + Auto;
Glutamina
Efeitos positivos:
Balanço nitrogenado, incidência de complicações infecciosas, sobrevivência, tempo de internação hospitalar
Potencial uso em VOD: tratamento e prevenção (manutenção das concentrações de glutationa hepática – proteção antioxidante sobre os hepatócitos durante os regimes de condicionamento)
Mais estudos são necessários
Glutamina
Doses farmacológicas de glutamina parenteral podem
beneficiar pacientes submetidos a TCTH (C)
Apesar dos benefícios apontados para a suplementação de glutamina ainda existem controvérsias sobre sua aplicação no TCTH e as principais críticas dizem respeito às metodologias utilizadas
Glutamina e TCTH
EPA e TCTH
Base de dados: Pubmed nos últimos 15 anos
Os descritores empregados na busca das publicações: bone marrow transplantation, EPA,
nutrition therapy
1 estudo encontrado
ESPEN – 2006 não recomenda a administração enteral de
EPA em pacientes submetidos a T.C.T.H (C)
Pacientes submetidos a TCTH devem receber aconselhamento nutricional com orientações relativas aos alimentos com potencial risco de contaminação e infecção bem como recomendações para uma alimentação segura durante o período de neutropenia. (C)
Considerações:
Efeito desconhecido das chamadas dietas estéreis e “low microbial” no risco de infecções
A maioria dos estudos não descreve adequadamente as restrições dietéticas realizadas
Smith et al (2000): 78% das instituições da Association of Community Cancer Centers (ACCC)
utilizavam dietas “low microbial”
Adequada higienização/sanitização dos alimentos (Orientação CEMO)
Dieta “baixa bactéria”
Cuidados com alimentação oral no per e pós- TCTH
The United States Department of Agriculture (USDA) que a dieta
para pacientes com câncer deve ser baseada alimentação segura:
Gêneros Alimentícios
Integridade das
embalagens
Data de
validade
Estocagem Pré-preparo
Preparo
Higienização
Mãos
Utensílios e
equipamentos
Local de preparo
Alimentos
Arfons LM, Lazarus HM. Total parenteral nutrition and hematopoietic stem cell transplantation: an expensive placebo? Bone Marrow Transplantation (2005) 36, 281–288.
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