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Reune os parâmetros para a sala de aula em língua portuguesa no ensino fundamental e médio.
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Parmetros na Sala de Aula
Lngua PortuguesaEducao de Jovens e Adultos
P A R M E T R O Spara a Educao Bsica do Estado de Pernambuco
Parmetros para aEducao Bsica do
Estado de Pernambuco
Parmetros para aEducao Bsica do
Estado de Pernambuco
Parmetros na sala de aula
Lngua PortuguesaEducao de Jovens e Adultos1
1 importante pontuar que, para todos os fins, este documento considera a educao de idosos como parte integrante da EJA. Apenas no se agrega a palavra Idosos Educao de Jovens e Adultos porque a legislao vigente ainda no contempla essa demanda que, no entanto, conta com o apoio dos educadores e estudantes de EJA.
2013
Eduardo CamposGovernador do Estado
Joo Lyra NetoVice-Governador
Ricardo DantasSecretrio de Educao
Ana SelvaSecretria Executiva de Desenvolvimento da Educao
Ceclia PatriotaSecretria Executiva de Gesto de Rede
Lucio GenuSecretrio Executivo de Planejamento e Gesto (em exerccio)
Paulo DutraSecretrio Executivo de Educao Profissional
Undime | PE
Horcio Reis Presidente Estadual
GERNCIAS DA SEDE
Shirley MaltaGerente de Polticas Educacionais de Educao Infantil e Ensino Fundamental
Raquel QueirozGerente de Polticas Educacionais do Ensino Mdio
Cludia AbreuGerente de Educao de Jovens e Adultos
Cludia GomesGerente de Correo de Fluxo Escolar
Marta LimaGerente de Polticas Educacionais em Direitos Humanos
Vicncia TorresGerente de Normatizao do Ensino
Albanize CardosoGerente de Polticas Educacionais de Educao Especial
Epifnia ValenaGerente de Avaliao e Monitoramento
GERNCIAS REGIONAIS DE EDUCAO
Antonio Fernando Santos SilvaGestor GRE Agreste Centro Norte Caruaru
Paulo Manoel LinsGestor GRE Agreste Meridional Garanhuns
Sinsio Monteiro de Melo FilhoGestor GRE Metropolitana Norte
Jucileide AlencarGestora GRE Serto do Araripe Araripina
Josefa Rita de Cssia Lima SerafimGestora da GRE Serto do Alto Paje Afogados da Ingazeira
Anete Ferraz de Lima FreireGestora GRE Serto Mdio So Francisco Petrolina
Ana Maria Xavier de Melo SantosGestora GRE Mata Centro Vitria de Santo Anto
Luciana Anacleto SilvaGestora GRE Mata Norte Nazar da Mata
Sandra Valria CavalcantiGestora GRE Mata Sul
Gilvani PilGestora GRE Recife Norte
Marta Maria LiraGestora GRE Recife Sul
Patrcia Monteiro CmaraGestora GRE Metropolitana Sul
Elma dos Santos RodriguesGestora GRE Serto do Moxot Ipanema Arcoverde
Maria Dilma Marques Torres Novaes GoianaGestora GRE Serto do Submdio So Francisco Floresta
Edjane Ribeiro dos SantosGestora GRE Vale do Capibaribe Limoeiro
Waldemar Alves da Silva JniorGestor GRE Serto Central Salgueiro
Jorge de Lima BeltroGestor GRE Litoral Sul Barreiros
CONSULTORES EM LNGUA PORTUGUESA
Ana Maria Morais Rosa Ana Karine Pereira de Holanda Bastos Clarice Ins Madureira Grangeiro Danielle de Mota Bastos Gustavo Csar Barros Amaral
Gustavo Henrique da Silva LimaJanana ngela da Silva Luciano Carlos Mendes Freitas Filho Maria Jos de Matos LunaNeuza Maria Pontes de Mendona
Reitor da Universidade Federal de Juiz de ForaHenrique Duque de Miranda Chaves Filho
Coordenao Geral do CAEdLina Ktia Mesquita Oliveira
Coordenao Tcnica do ProjetoManuel Fernando Palcios da Cunha Melo
Coordenao de Anlises e PublicaesWagner Silveira Rezende
Coordenao de Design da ComunicaoJuliana Dias Souza Damasceno
EQUIPE TCNICA
Coordenao Pedaggica GeralMaria Jos Vieira Fres
Equipe de OrganizaoMaria Umbelina Caiafa Salgado (Coordenadora)
Ana Lcia AmaralCristina Maria Bretas Nunes de Lima
Las Silva Cisalpino
Assessoria PedaggicaMaria Adlia Nunes Figueiredo
Assessoria de LogsticaSusi de Campos Ewald
DiagramaoLuiza Sarrapio
Responsvel pelo Projeto GrficoRmulo Oliveira de Farias
Responsvel pelo Projeto das CapasCarolina Cerqueira Corra
RevisoLcia Helena Furtado Moura
Sandra Maria Andrade del-Gaudio
Especialistas em Lngua Portuguesa/EJAAdriana Lenira Fornari de Souza
Begma Tavares BarbosaCarmen Rita Guimares Marques de Lima
Hilda Aparecida Linhares da Silva MicarelloLiliana Mendes
Lucilene Hotz BronzatoMarilda Clareth Bispo de Oliveira
Tnia Guedes MagalhesZlia Granja Porto
SUMRIO
APRESENTAO ......................................................................................................................................... 11
INTRODUO ............................................................................................................................................13
CONSIDERAES INICIAIS .....................................................................................................................15
1 EJA PRIMEIRO SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL .....................................................19
2 EJA SEGUNDO SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL ....................................................64
3 EJA ENSINO MDIO ........................................................................................................................... 107
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ......................................................................................................... 159
APRESEntAO
Em 2013, a Secretaria de Educao do Estado comeou a disponibilizar os Parmetros
Curriculares da Educao Bsica do Estado de Pernambuco. Esses parmetros so fruto
coletivo de debates, propostas e avaliaes da comunidade acadmica, de tcnicos
e especialistas da Secretaria de Educao, das secretarias municipais de educao e de
professores das redes estadual e municipal.
Estabelecendo expectativas de aprendizagem dos estudantes em cada disciplina e em
todas as etapas da educao bsica, os novos parmetros so um valioso instrumento de
acompanhamento pedaggico e devem ser utilizados cotidianamente pelo professor.
Mas como colocar em prtica esses parmetros no espao onde, por excelncia, a educao
acontece a sala de aula? com o objetivo de orientar o professor quanto ao exerccio
desses documentos que a Secretaria de Educao publica estes Parmetros na Sala de
Aula. Este documento traz orientaes didtico-metodolgicas, sugestes de atividades
e projetos, e propostas de como trabalhar determinados contedos em sala de aula. Em
resumo: este material vem subsidiar o trabalho do professor, mostrando como possvel
materializar os parmetros curriculares no dia a dia escolar.
As pginas a seguir trazem, de forma didtica, um universo de possibilidades para que sejam
colocados em prtica esses novos parmetros. Este documento agora faz parte do material
pedaggico de que vocs, professores, dispem. Aproveitem!
Ricardo DantasSecretrio de Educao de Pernambuco
IntRODUO
Aps a publicao dos Parmetros Curriculares do Estado de Pernambuco, elaborados em
parceria com a Undime, a Secretaria de Educao do Estado de Pernambuco apresenta os
Parmetros Curriculares na Sala de Aula.
Os Parmetros Curriculares na Sala de Aula so documentos que se articulam com os
Parmetros Curriculares do Estado, possibilitando ao professor conhecer e analisar propostas
de atividades que possam contribuir com sua prtica docente no Ensino Fundamental,
Ensino Mdio e Educao de Jovens e Adultos.
Esses documentos trazem propostas didticas para a sala de aula (projetos didticos,
sequncias didticas, jornadas pedaggicas etc.) que abordam temas referentes aos
diferentes componentes curriculares. Assim, junto com outras iniciativas j desenvolvidas
pela Secretaria Estadual de Educao, como o Concurso Professor-Autor, que constituiu um
acervo de material de apoio para as aulas do Ensino Fundamental e Mdio, elaborado por
professores da rede estadual, os Parmetros Curriculares na Sala de Aula contemplam todos
os componentes curriculares, trazendo atividades que podem ser utilizadas em sala de aula
ou transformadas de acordo com o planejamento de cada professor.
Alm disso, evidenciamos que as sugestes didtico-metodolgicas que constam nos
Parmetros Curriculares na Sala de Aula se articulam com a temtica de Educao em
Direitos Humanos, eixo transversal do currculo da educao bsica da rede estadual de
Pernambuco.
As propostas de atividades dos Parmetros Curriculares na Sala de Aula visam envolver os
estudantes no processo de ao e reflexo, favorecendo a construo e sistematizao
dos conhecimentos produzidos pela humanidade. Ao mesmo tempo, esperamos que este
material dialogue com o professor, contribuindo para enriquecer a sua prtica de sala de
aula, subsidiando o mesmo na elaborao de novas propostas didticas, fortalecendo o
processo de ensino-aprendizagem.
Ana SelvaSecretria Executiva de Desenvolvimento da Educao
Secretaria de Educao do Estado de Pernambuco
PARMETROS NA SALA DE AULA DE LNGUA PORTUGUESA
15
COnSIDERAES InICIAIS
O texto Parmetros na Sala de Aula se constitui em um conjunto de orientaes
metodolgicas que vem complementar as diretrizes apresentadas nos Parmetros
Curriculares de Lngua Portuguesa (PCLP, 2012) para a Educao de Jovens e Adultos do
Estado de Pernambuco. Concebidos como um instrumento orientador do planejamento e
do acompanhamento do processo de ensino e aprendizagem, os Parmetros Curriculares
estabelecem expectativas de aprendizagem para cada ano da escolarizao bsica, o que
fundamental para garantir sistematicidade e progresso ao planejamento docente. Alm
disso, indicam, em consonncia com os Parmetros Curriculares Nacionais de Lngua
Portuguesa (para o Ensino Fundamental e Mdio) e com as Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educao de Jovens e Adultos, uma proposta de ensino orientado para o uso da
lngua, considerada em sua natureza social e interacional. As prticas de linguagem na
escola devem, desse modo, orientar-se para um conjunto de expectativas de aprendizagem
organizadas em seis eixos Apropriao do Sistema Alfabtico (ASA), Anlise Lingustica (AL),
Oralidade (O), Leitura (L), Letramento Literrio (LL) e Escrita (E)1 a partir de uma concepo
de lngua e de ensino de linguagem, tambm discutida no referido documento.
A necessidade de estender a discusso para os mtodos de ensino e de avaliao da
aprendizagem se concretiza nestes Parmetros na Sala de Aula, que procuram orientar o
professor, descrevendo um conjunto de atividades que ilustram e sugerem prticas de
leitura, oralidade, escrita etc. afiliadas s concepes de ensino propostas. Esse conjunto
de atividades tem algumas caractersticas. Uma delas a integrao dos eixos do currculo,
uma caracterstica importante do modelo de ensino proposto nos PCLP (2012). A integrao
de leitura e escrita na sala de aula se d, por exemplo, na medida em que a leitura e a anlise
de textos modelares so procedimentos didticos dos mais relevantes no aprendizado da
escrita. Por outro lado, em prticas de leitura, escrita, oralidade e mesmo de letramento
literrio, os aprendizes esto, a todo tempo, procedendo anlise lingustica, mobilizando
e adquirindo conhecimentos sobre a linguagem. Um dos objetivos deste documento ,
exatamente, demonstrar como isso naturalmente ocorre quando o ensino da lngua est
centrado no desenvolvimento das capacidades de leitura e produo textual, oral e escrita.
1 Professor, as siglas entre parnteses aparecem recorrentemente no corpo deste documento, ajudando a identificar as expectativas de aprendizagem que esto sendo trabalhadas nas atividades propostas.
PARMETROS PARA A EDUCAO BSICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
16O conjunto de prticas aqui descritas reafirma tambm a centralidade do texto como
unidade de trabalho e a centralidade da leitura, por seu potencial de integrar os demais eixos
e pela relevncia que a formao de leitores assume na sociedade contempornea. Prope-
se, a partir de exemplos comentados, uma pedagogia da leitura, j bastante discutida entre
ns e que se alicera na figura do professor, mediador mais experiente, que deve conduzir
os processos de construo de sentidos de textos em sala de aula de modo a exercitar
procedimentos eficazes de leitura e orientar o desenvolvimento de capacidades leitoras.
Conforme se poder observar, desde o incio, os estudantes devem estar envolvidos em
prticas centradas nos textos, ouvindo histrias, sendo estimulados a construir sentido
para elas e, portanto, lendo-as. Antes de dominarem o cdigo lingustico, antes de se
alfabetizarem, so convidados a produzir textos e, desse modo, vo aprendendo sobre
como os textos se estruturam, sobre seus objetivos, sobre a importncia da escrita, enfim.
Todo esse aprendizado organiza-se, como indicam os PCLP (2012), a partir de tipologias
textuais que se concretizam em textos de diferentes gneros. Vrias das atividades descritas
aqui demonstram como trabalhar com gneros especficos considerando sua estrutura
tipolgica, seus contextos de produo, objetivos comunicativos e os recursos de linguagem
mobilizados em sua tessitura.
, tambm, objetivo deste documento possibilitar ao professor uma leitura mais detida dos
Parmetros Curriculares de Lngua Portuguesa (2012). Desse modo, as referncias a esse
documento so muitas. Retomam-se concepes tericas e princpios metodolgicos
para, a partir da, proporem-se as prticas. Em todas essas prticas, h a indicao de quais
expectativas de aprendizagem esto ali envolvidas, para que se observem o modo como
se d a integrao dos eixos do currculo e, principalmente, a forma como o eixo vertical da
Anlise Lingustica perpassa todas as prticas, s vezes at mesmo confundindo-se com elas.
Espera-se, ainda, que este documento complementar torne mais clara a proposta
metodolgica da abordagem em espiral j colocada pelos PCLP (2012). Textos de diferentes
gneros so abordados pelas prticas de linguagem, desde o incio da EJA. Na medida em que
os estudantes progridem, essa abordagem vai se tornando mais complexa, complexidade que
pode ser determinada pela ampliao dos gneros textuais focalizados, pela dificuldade dos
prprios textos e mesmo por seu tamanho. No entanto, em alguma etapa da escolarizao
se prev a sistematizao de contedos de ensino, ou seja, o professor ir dedicar, no seu
planejamento anual, um espao maior para o trabalho com determinada tipologia textual,
materializada em textos de gneros nos quais tal tipologia predominante.
Um dos critrios utilizados neste documento para a apresentao de sugestes de
atividades didticas foi a considerao dessas etapas de sistematizao. Por exemplo, o
captulo dedicado leitura de gneros textuais, nos quais as narrativas se fazem presentes,
nos perodos finais do Ensino Fundamental EJA, contempla o trabalho de sistematizao a
ser desenvolvido na fase III, quando os gneros do narrar ganham destaque, tornando mais
PARMETROS NA SALA DE AULA DE LNGUA PORTUGUESA
17formalizados conhecimentos que se vm consolidando desde o incio. O mesmo se d com
a descrio do trabalho de sistematizao a ser desenvolvido com o texto argumentativo,
previsto para a fase IV.
Postos os propsitos destes Parmetros na Sala de Aula, passa-se explicao de como
esto organizados.
O documento se estrutura em trs unidades de cinco captulos cada uma. Essas unidades
correspondem a trs etapas da escolarizao bsica, na EJA, que aqui nomeamos: Primeiro
Segmento do Ensino Fundamental (fases I e II); Segundo Segmento do Ensino Fundamental
(fases III e IV); Ensino Mdio (mdulos I, II e III).
Na Unidade 1, descrevem-se prticas que ilustram atividades relativas ao trabalho com o
eixo Apropriao do Sistema Alfabtico, bem como ao trabalho com a leitura e escrita de
gneros dos tipos narrar, relatar e expor. Contempla-se tambm o trabalho com poemas nas
fases iniciais. So prticas que visam a uma primeira aproximao com textos de diferentes
gneros e esto organizadas de modo a favorecer uma reflexo sobre as caractersticas
desses textos, a partir da integrao de prticas de oralidade, leitura e escrita.
Na Unidade 2, destacam-se modelos de prticas a serem desenvolvidas quando da
sistematizao do trabalho com gneros da ordem do narrar, argumentar, relatar e
com os poemas. So prticas focadas no eixo da leitura, mas que, conforme o exposto,
articulam-se a prticas de escrita e oralidade. Tais prticas podem servir como um exemplo
para que o professor formule suas prprias atividades de mediao, de modo a promover o
aprendizado da leitura de gneros diversos. Elas tambm ilustram a insero nas atividades
de leitura, de prticas de anlise lingustica, que, nos segmentos do Ensino Fundamental
EJA, devem estar mais focadas em reflexes epilingusticas, sem a preocupao com
procedimentos de nomeao e de classificao, mas considerando aspectos funcionais dos
recursos lingusticos. H tambm, na Unidade 2, sugesto de uma sequncia didtica para
orientar os professores no planejamento de prticas de oralidade na escola.
Na Unidade 3, descrevem-se prticas a serem desenvolvidas no Ensino Mdio EJA, em
muitos aspectos semelhantes quelas descritas para o Ensino Fundamental sobretudo
para as fases III e IV desse segmento. No entanto, as prticas de leitura, escrita, oralidade e
letramento literrio nos perodos do Ensino Mdio tornam-se mais complexas, na medida
em que mais permeadas por conhecimentos sobre a linguagem, sobre os textos, sobre a
literatura. Conforme formulao dos PCLP, o conhecimento metalingustico deve situar-se
no Ensino Mdio (PCLP, p. 51). Nessa etapa, so, tambm, mais desafiadoras as escolhas
de leitura, as tarefas de produo textual oral e escrita, conforme prev a metodologia da
abordagem em espiral dos contedos de ensino.
Buscamos orientar o planejamento das prticas de linguagem nos mdulos do Ensino
Mdio EJA, apresentando atividades ou sequncias de atividades com os gneros do
PARMETROS PARA A EDUCAO BSICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
18narrar e do argumentar nessa etapa. Nos PCLP (2012), essas categorias tipolgicas renem
grande elenco de expectativas de aprendizagem, razo pela qual se d ateno maior a elas
neste documento. Tambm se descrevem atividades que orientam o trabalho com textos
expositivos, com a literatura, bem como o trabalho de reviso e reformulao de textos.
Em cada um dos captulos deste documento, o professor ser orientado a respeito
dos objetivos da atividade descrita e de sua articulao com as orientaes terico-
metodolgicas dos PCLP (2012). Ser orientado ainda, e principalmente, a observar como as
expectativas de aprendizagem de todos os eixos do currculo elencadas nos Parmetros
so contempladas em prticas de ensino focadas no uso reflexivo da lngua em atividades
de leitura, escrita e oralidade.
Aps a descrio de atividades didticas modelares, inclumos sugestes de outras
atividades, voltadas para prticas que promovam maior articulao entre os componentes
curriculares e maior contextualizao do trabalho escolar. H tambm orientaes a respeito
dos procedimentos de avaliao mais aplicveis natureza das prticas propostas.
Deve ficar claro, por fim, que as ilustraes de prticas aqui reunidas no constituem
modelos fechados. H, certamente, contextos interacionais e realidades que determinaro
sua adaptao, sua reformulao, e os professores podero conhecer prticas mais
interessantes que as aqui propostas. Portanto, elas devem ser tomadas como exemplos
metodolgicos que se aplicam aos objetivos pretendidos pelo ensino de linguagem
conforme proposto pelos Parmetros de Lngua Portuguesa do Estado de Pernambuco. So
um instrumento a mais para que o professor formule seu planejamento anual, distribuindo,
ao longo do ano escolar, tpicos, contedos e, sobretudo, expectativas de aprendizagem a
serem trabalhadas. Juntamente com os PCLP 2012, este documento sugere a formulao
de prticas de linguagem e de um planejamento pedaggico que devem articular-se ao
Projeto Poltico Pedaggico de cada escola.
PARMETROS NA SALA DE AULA DE LNGUA PORTUGUESA
19
1 EJA PRIMEIRO SEGMEntO DO EnSInO FUnDAMEntAL
1. 1 O TrAbALhO cOm DifErEnTEs GnErOs TExTuAis nO PrOcEssO
DE APrOPriAO DO sisTEmA ALfAbTicO DE EscriTA fAsE i
1.1.1 retomando os Parmetros
A concepo que orientou a elaborao dos Parmetros Curriculares de Pernambuco a
de linguagem como ao e interao entre os sujeitos. De acordo com essa concepo,
ao usarmos a lngua falando ou ouvindo, escrevendo ou lendo , sempre o fazemos
intencionalmente, para agirmos sobre o outro e no mundo, para fazermos algo em alguma
situao social (PCPL, p.19). Ainda de acordo com essa concepo, fala e escrita no se
opem e devem ser vistas como modalidades enunciativas complementares dentro de um
contnuo de variaes (MARCUSCHI, 2008, p. 65 apud PERNAMBUCO, 2012, p. 21).
Decorre dessa concepo uma abordagem do processo de alfabetizao na qual o sujeito
que aprende ativo, formulando hipteses sobre como o sistema de escrita funciona
e mobilizando suas experincias e conhecimentos, para refletir sobre suas formas de
organizao e apreend-lo. Nessa perspectiva, as prticas de oralidade so o ponto de
partida para apropriao, pelo alfabetizando, do sistema de representao da escrita, uma
vez que, para compreender como esse sistema funciona, ele deve entender como o uso
do sistema alfabtico nos permite representar os sons da fala. Dentre as vrias situaes
de ensino, a partir das quais possvel intervir para que os alfabetizandos se apropriem do
sistema de representao, que organiza a lngua escrita, as atividades que partem de textos
j conhecidos e memorizados pelos alfabetizandos se destacam, pela possibilidade que
apresentam de motivar reflexes sobre as relaes entre fala e escrita.
1.1.2 O que o professor encontrar nesta sequncia de atividades
A sequncia de atividades apresenta sugestes para o trabalho com textos de memria
cantigas populares, parlendas, ditos populares a partir das quais voc, professor, poder:
valorizar os elementos da cultura local dos estudantes, conhecendo melhor esses
elementos.
PARMETROS PARA A EDUCAO BSICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
20 motivar reflexes sobre as relaes entre fala e escrita.
explorar as expectativas de aprendizagem relacionadas ao eixo Apropriao do sistema
alfabtico.
1.1.3 Apresentao das atividades
Os jovens e adultos que frequentam as turmas de EJA, inclusive aqueles que se encontram
em processo de alfabetizao, dispem de vrios conhecimentos sobre o que a
linguagem escrita e como ela funciona. Esses conhecimentos, entretanto, podem ser muito
diferenciados, dependendo das oportunidades que os estudantes tiveram de contatos com
textos escritos em situaes diversas. O que os estudantes j conhecem sobre a lngua
escrita e as hipteses que formulam sobre seu funcionamento devem ser pontos de partida
na promoo de situaes de aprendizagem que proporcionem uma sistematizao desses
conhecimentos e a promoo de novas aprendizagens.
Miriam Lemle (1999) nos alerta para o fato de que, para compreender como a linguagem
escrita funciona, os estudantes devem responder a duas perguntas fundamentais: o que a
lngua escrita representa? Como ela representa?
A resposta primeira pergunta envolve o reconhecimento de que, na escrita, no h uma
relao direta entre significado e significante, uma vez que a palavra no , como o desenho,
uma representao da coisa que nomeia, mas, sim, uma representao dos sons da fala. Para
responder segunda pergunta, o alfabetizando tem um caminho mais longo a percorrer,
pois deve compreender que as letras representam os sons da fala, conhecer os valores
sonoros dessas letras e como elas se combinam para a representao do que se pretende
escrever. Nesse processo, deve compreender regularidades e irregularidades relativas s
relaes entre fonemas e grafemas, sendo este um dos desafios a serem enfrentados por
professores e estudantes, ao longo do processo de alfabetizao.
As atividades a seguir, direcionadas aos estudantes que se encontram em etapas iniciais do
processo de alfabetizao, buscam oferecer elementos para que eles possam responder s
duas perguntas anteriormente mencionadas.
Atividade 1 Compreendendo as relaes entre fala e escrita
O objetivo desta atividade favorecer a percepo, pelos estudantes, de que existem
relaes entre o que se fala e o que se escreve e de que as letras, organizadas em palavras,
so os sinais utilizados para estabelecer essas relaes.
1 Momento
Para organizar a atividade, importante que voc, professor, pesquise as cantigas populares,
ditos populares ou parlendas conhecidas pelos integrantes de sua turma. Nesta atividade,
sugerimos alguns ditos populares, mas voc pode realiz-la com cantigas ou parlendas que
PARMETROS NA SALA DE AULA DE LNGUA PORTUGUESA
21sejam mais conhecidas pelos jovens e adultos com os quais trabalha.
necessrio que os estudantes conheam de cor a msica, parlenda ou dito popular a ser
trabalhado nesta atividade. Essa uma oportunidade interessante para explorar e valorizar
aspectos da cultura local e as experincias e conhecimentos que os jovens e adultos trazem
para a escola.
Professor, leve para sala de aula diferentes cantigas, ditos populares, provrbios
e solicite que os estudantes leiam, comentem, manuseiem esses textos. A ideia
realizar uma reflexo prvia sobre essas produes (qual a finalidade delas, o que
os estudantes sabem sobre esses textos, o que acham deles). Se possvel, explique a
histria/origem dessas cantigas e ditos populares.
2 Momento
Uma vez escolhido o texto, explore com a turma a funo social do mesmo. Se for uma
msica, cante-a com os estudantes. No caso dos ditos populares, como no exemplo que
apresentaremos a seguir, reflita com eles sobre o saber do povo subjacente a esses textos.
Discuta o contedo moral desses ditos populares e os preconceitos que, muitas vezes,
denotam. Discuta, tambm, o sentido figurado inerente maioria desses textos. Pergunte
quem concorda ou no com a mensagem desses ditos e por qu.
Sugerimos, nesta atividade, o seguinte ditado popular.
gua mole em pedra duratanto bate at que fura.
Pea que alguns estudantes repitam o dito popular, enquanto voc o transcreve numa folha
de papel pardo, em letra maiscula de imprensa, ou letra palito, como esse tipo de letra
comumente conhecido. Nessa situao, a ideia a de que os estudantes ditem para voc e
importante que eles o observem escrevendo, para que comecem a perceber as relaes
existentes entre a pauta sonora e a escrita.
Quando os alfabetizandos observam o professor escrevendo, aprendem muitas coisas sobre
a escrita: a direo do texto da esquerda para a direita e de cima para baixo; os espaos
que devem ser deixados entre as palavras; a forma correta de segmentar as palavras, dentre
outras aprendizagens (EA1, EA2, EA3-ASA)2.
3 Momento
Depois de transcrever o texto em papel pardo, hora de explor-lo com a turma, propondo
atividades como:
Chamar os estudantes ao quadro, para que recitem o ditado ou cantem a msica
2 Como indicado anteriormente, a sigla ASA indica o eixo Apropriao do Sistema Alfabtico. Entre parnteses indicam-se as EAs que esto sendo trabalhadas na atividade descrita. Essas indicaes estaro presentes em todo o documento, evidenciando como os Parmetros (2012) realizam-se na sala de aula em prticas de uso da lngua.
PARMETROS PARA A EDUCAO BSICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
22apontando os versos medida que os recitam ou cantam. Essa atividade importante
para que percebam a existncia de uma relao entre o que vo falando cantando ou
recitando e o que est escrito (EA11-ASA/AL)3.
Colorir os espaos entre as palavras do texto (EA1-ASA).
Distribuir cartes com as palavras do ditado popular entre os estudantes e pedir que eles
os colem sobre as palavras do texto transcrito em papel pardo (EA9-ASA-AL; EA10-ASA
AL).
Contar quantas palavras tem o ditado popular (EA2-ASA; EA3-ASA).
Nesta etapa, importante estimular os estudantes a observarem alguns aspectos da escrita
de palavras, tais como: palavras que comeam com a mesma letra; letras que se repetem
numa mesma palavra; palavras formadas por mais letras ou por menos letras, dentre outros.
uma atividade importante para que os alfabetizandos construam os conceitos de palavra
e letra, observando que uma palavra composta por diferentes letras e que uma letra pode
ser, tambm, uma palavra, como no caso dos artigos. Essas atividades contemplam as
expectativas de aprendizagem do eixo anlise lingustica: EA2-ASA, EA3-ASA, EA4-ASA, EA5-
ASA, EA6-ASA.
4 Momento
Ainda com o texto exposto, distribua o ditado popular, dividido em palavras escritas em
pedaos de papel pardo ou outro material, para que os estudantes montem novamente o
texto na ntegra.
5 momento
Faa um ditado com algumas palavras do texto por exemplo, gua, mole, pedra, dura, fura.
Deixe o texto exposto, para que os estudantes identifiquem onde se encontram as palavras
ditadas e as copiem.
Nesta atividade, no se espera, ainda, que os alfabetizandos escrevam a palavra de forma
autnoma, mas que o faam a partir de uma memorizao de sua forma global, desenvolvida
nas atividades anteriores. Da a importncia de deixar o texto do ditado popular exposto.
uma atividade que contempla as expectativas de aprendizagem EA8-ASA, EA10-ASA, do eixo
de anlise lingustica, e a expectativa de aprendizagem EA9-ASA, do eixo de escrita.
6 Momento
Finalmente, pea que os estudantes copiem o dito popular em seus cadernos e o ilustrem
da forma que desejarem. Caso ache adequado, voc pode pedir que digam outros ditados
populares, registrando-os, tambm, no quadro, para que os estudantes copiem.
3 Entre parnteses, indica-se que a EA trabalhada pertence ao eixo da Anlise Lingustica (AL), que perpassa verticalmente as prticas de Apropriao do Sistema Alfabtico (ASA).
PARMETROS NA SALA DE AULA DE LNGUA PORTUGUESA
23Alm disso, voc pode pedir que os estudantes, em dupla ou coletivamente, produzam
ditos para a turma confeccionar um livrinho/glossrio com os ditos produzidos, com direito
a ilustraes.
Ou, ento, sugerir que montem uma coletnea com as cantigas populares mais simblicas/
significativas/apreciadas pela turma, com ilustraes.
Atividade 2 Compreendendo a funo social de um gnero textual
O objetivo desta atividade contribuir para que os estudantes se apropriem de um gnero
textual na modalidade oral a receita culinria e realizem sua transposio para a
modalidade escrita, percebendo sua funo social (EA2-L; EA3-L).
1 Momento
Um requisito fundamental para a abordagem dos gneros textuais no contexto escolar
a criao de situaes em que cada um adquira significado e nas quais se crie uma
necessidade da comunicao escrita a partir do uso daquele gnero especfico. Assim, num
primeiro momento da atividade, voc deve lanar turma a proposta de realizao de uma
receita culinria para um lanche coletivo, alguma comemorao ou, ainda, no mbito de
um projeto interdisciplinar. Nesta atividade, vamos propor a realizao de um bolo (pode ser
qualquer outra receita, desde que seja possvel execut-la na escola). Essa proposta pode
ser formulada, por exemplo, no mbito de um projeto interdisciplinar que aborde a questo
nutricional.
Uma vez proposta a situao na qual a realizao da receita adquire significado, o professor
pode organizar, com a ajuda dos estudantes, a lista dos ingredientes necessrios ao preparo
da receita. A importncia da lista deve ser esclarecida aos estudantes: necessrio saber
do que vo precisar e como cada um pode contribuir. H vrios procedimentos possveis
para construir a lista e, ao escolher um, voc deve levar em considerao as habilidades j
desenvolvidas pelos estudantes de sua turma e as que pretende que eles desenvolvam.
Uma primeira possibilidade que voc seja o escriba do grupo, registrando numa folha,
sob o ttulo Ingredientes, o que o grupo for ditando. Esse procedimento deve ser
adotado quando os estudantes se encontram numa etapa bastante inicial do processo de
alfabetizao. Como escriba, voc deve desafiar o grupo a formular hipteses sobre as letras
que devem ser usadas para a escrita dos ingredientes, solicitando que soletrem. A partir desse
procedimento, podem ser exploradas vrias expectativas de aprendizagem relacionadas ao
eixo Apropriao do sistema alfabtico, tais como: EA1-ASA; EA2-ASA; EA3-ASA; EA6-ASA-
AL; EA11-ASA-AL; EA15-ASA- AL; EA17-ASA-AL.
Outra possibilidade cada estudante ir ao quadro para registrar um ingrediente. Nesse caso,
voc poder observar as hipteses que a turma est formulando sobre a escrita das palavras,
intervindo, quando necessrio, para problematizar essas hipteses. Esse procedimento pode
PARMETROS PARA A EDUCAO BSICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
24ser adotado quando os estudantes j esto produzindo suas primeiras escritas, ainda que
de forma no convencional. Com esse procedimento, voc estar explorando as seguintes
expectativas de aprendizagem: EA9-ASA; EA10-ASA; EA11-ASA; EA12-ASA; EA13-ASA; EA19-
ASA-AL; EA20-ASA-AL; EA21-ASA-AL.
2 Momento
Uma vez elaborada a lista de ingredientes, hora de escrever o modo de preparo da receita.
Voc deve orientar os estudantes a observarem que a forma de organizao dessa parte
da receita deve atender ao objetivo de dar orientaes sobre como o bolo ser preparado
(EA78-L). Assim, o texto ter o passo a passo das aes a serem realizadas com essa
finalidade, o que justifica a estrutura em tpicos, e utilizar recursos de linguagem capazes
de orientar o leitor: verbos no infinito ou no imperativo; predominncia de perodos simples
e curtos; uso da vrgula e ponto. Embora voc no v abordar diretamente esses tpicos
gramaticais ao orientar os estudantes, eles estaro presentes, em funo dos objetivos do
prprio texto.
Professor, esta uma etapa importante para discutir com os jovens e adultos a funo
das receitas e outros textos instrucionais e, ainda, para explorar a transposio do
discurso oral para o discurso escrito. comum que pessoas adultas saibam preparar
receitas de forma espontnea, sem que, necessariamente, sigam um roteiro escrito.
importante conversar com os estudantes sobre o fato de isso funcionar bem quando
se trata de uma receita simples, mas no to bem quando se precisa preparar um
prato menos familiar ou mais sofisticado.
Converse com os estudantes sobre situaes de suas vidas em que precisam seguir
orientaes que se encontram em textos escritos e quais as dificuldades que
encontram para isso. Voc deve, tambm, ler e analisar receitas que fogem desse
padro ingredientes X modo de fazer.
A seguir, apresentamos um exemplo da estrutura que seria adequada escrita do Modo de
preparo. Os procedimentos podem ser os mesmos sugeridos para a confeco da lista de
ingredientes.
MODO DE PREPARO
Bater as claras em neve, acrescentar o acar, continuar batendo.
Acrescentar, aos poucos, as gemas, a margarina, o leite, a farinha de trigo,
o fub e continuar batendo.
Colocar, por ltimo, o fermento, misturando com uma colher ou esptula.
Colocar a massa numa forma untada e deixar assar em forno mdio pr-
aquecido por, aproximadamente, 30 minutos.
A receita pode ficar exposta em um cartaz ou, ainda, ser anotada pelos estudantes no
caderno.
PARMETROS NA SALA DE AULA DE LNGUA PORTUGUESA
253 Momento
Finalmente, deve haver o preparo do bolo em dia posterior ao primeiro e segundo momentos
da atividade, para que haja a necessidade de consultar o texto anteriormente elaborado
(EA8-L). Ainda que os estudantes se lembrem da receita, importante incentiv-los a recorrer
s anotaes feitas anteriormente, para se certificarem de que todos os passos foram
seguidos. Essa consulta permite que compreendam a funo do gnero receita culinria e,
ao mesmo tempo, uma das funes da escrita, que a de ser um auxiliar mnemnico. Voc
deve mediar essa leitura, de modo a permitir que os estudantes no apenas decifrem o texto
escrito, mas compreendam cada uma das orientaes oferecidas por ele.
Professor, j que a ideia fazer com que os estudantes, de fato, preparem uma
receita seguindo um roteiro escrito, voc pode levar, para ser preparada, uma
receita (simples) desconhecida pela maior parte da turma, ou uma variao da que
eles retextualizaram para ser preparada, mas que seja tpica, ou faa parte de uma
cultura/regio ou de algo que tem sido estudado pelo grupo etc. Essa sugesto
evita que os estudantes preparem o bolo recorrendo memria, facilitando a
tarefa de verificar se eles esto mesmo recorrendo s anotaes durante o preparo.
1.1.4 Outras prticas
Produzir relatos de experincias vividas pelo grupo passeios, jogos, brincadeiras,
experincias tendo o professor e/ou os prprios estudantes como escribas, construindo
um livro da vida do grupo ao longo do ano.
Construir legendas, individual ou coletivamente, para fotos e/ou desenhos feitos pelos
estudantes.
Utilizar o alfabeto mvel, para que os estudantes formem palavras de textos trabalhados
previamente.
Identificar slabas formadas pelo mesmo fonema inicial (para a primeira atividade
proposta). Por exemplo:
TAN-TO
BATE
Descobrir slabas que se repetem em diferentes palavras. Por exemplo:
DURA
FURA
Descobrir o que muda em palavras com estrutura semelhante:
DURA
FURA
Explorar os nomes dos estudantes em atividades diversas de comparao de palavras em
seus aspectos qualitativos e quantitativos.
PARMETROS PARA A EDUCAO BSICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
26 Comparar letra inicial e final dos nomes dos colegas da turma.
Comparar a extenso dos nomes: qual tem mais letras? Qual tem menos letras?
Realizar pesquisa de preos dos produtos utilizados na receita do bolo, para dividir os
custos de preparao do mesmo entre todos os estudantes da turma.
Explorar a leitura dos rtulos dos produtos utilizados no preparo da receita do bolo,
observando a utilidade e funo das informaes neles contidas: data de validade,
valores nutricionais, outras receitas que possam ser apresentadas nessas embalagens,
dentre outras informaes possveis. Os rtulos tambm podem ser objeto de reflexo
sobre a estrutura da lngua, pois apresentam palavras que os estudantes, s vezes, j
conhecem por sua forma global (por exemplo, os nomes dos produtos). Essas palavras,
como j dissemos, podem ser o ponto de partida para motivar os estudantes a refletirem
sobre as relaes entre fala e escrita.
1.1.5 Avaliao
Sugerimos que, ao longo das atividades, voc observe o desempenho dos estudantes,
registrando essas observaes num quadro como o apresentado a seguir. Podem ser
acrescidas ao quadro todas as expectativas de aprendizagem que voc tenha explorado nas
atividades propostas anteriormente.
F frequentemente O ocasionalmente AN Ainda no
ESTUDANTE
EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM
Recita
a p
arle
nd
a.
Est
abele
ce
co
rresp
on
dn
cia
en
tre o
text
o
recita
do
ou
can
tad
o
e o
text
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scri
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ma
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pal
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em
ori
zao
de
sua
form
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lob
al.
Esc
reve
pal
avra
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ante
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form
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nven
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Escr
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vras
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or o
utro
s pa
dr
es s
ilbi
cos
de
form
a co
nven
cio
nal
PARMETROS NA SALA DE AULA DE LNGUA PORTUGUESA
271.2 O TrAbALhO cOm O DiscursO POTicO fAsEs i E ii
1.2.1 retomando os Parmetros
O letramento literrio uma importante dimenso do trabalho com a Lngua Portuguesa,
em todas as etapas e modalidades do processo de escolarizao nas quais o trabalho
escolar com essa dimenso do letramento assume caractersticas diferenciadas. Nos anos
iniciais, seu principal objetivo deve ser proporcionar uma experincia esttica, de fruio do
texto. No caso especfico do trabalho com o discurso potico, tal experincia se reveste de
uma dimenso sensvel, ao proporcionar a apreciao do jogo de palavras, de sua beleza e
sonoridade.
Ao contrrio do que se possa imaginar, tal experincia esttica no se d apenas pelo contato
do leitor com o texto. Ela no pode prescindir da mediao de outros sujeitos, e pode dar-se
a partir: da entonao que o leitor mais experiente empresta ao texto no momento de sua
leitura ou, no caso dos poemas, de sua recitao; das intervenes que visam a levar o leitor
iniciante a observar os sentidos implcitos no jogo de palavras e ideias presentes no texto; da
integrao entre elementos verbais e no verbais, quando o texto ilustrado, dentre outros
tipos de interveno.
1.2.2 O que o professor encontrar nesta sequncia de atividades
A sequncia apresenta sugestes de atividades para a leitura de textos poticos. Essas
atividades vo contribuir para que voc, professor,
proporcione uma experincia de fruio de textos poticos aos jovens e adultos com os
quais trabalha;
construa uma mediao capaz de possibilitar a relao dos estudantes com elementos
caractersticos do texto potico, tanto no que se refere sua estrutura quanto
elaborao de seu contedo;
explore expectativas de aprendizagem relacionadas aos eixos leitura, oralidade e escrita;
auxilie seus estudantes no processo de aquisio do sistema de escrita alfabtica, uma
vez que o gnero em tela de fcil memorizao, rico em assonncias e aliteraes,
alm de rimas e musicalidade, caractersticas importantes para apreender aspectos da
notao escrita.
1.2.3 Apresentao das atividades
Quando chegam escola, jovens e adultos dispem de experincias diferenciadas com
textos poticos. Conhecem parlendas, quadrinhas, cantigas, textos do folclore popular que
apresentam rimas e jogos de palavras caractersticos desses textos. escola, cabe partir
das experincias que os estudantes j tm com esses gneros textuais, expandindo-as a
PARMETROS PARA A EDUCAO BSICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
28partir de um contato mais sistemtico com os mesmos, provocando uma reflexo sobre sua
estrutura e expandindo o repertrio de autores e textos.
Professor, apresentamos, a seguir, uma distino conceitual entre os termos
poesia e poema. Esta no uma distino que deva ser trabalhada com os
estudantes, mas importante que voc, professor, a conhea para melhor
utilizar esses termos em seu cotidiano com os estudantes.
No sentido etimolgico, poesia vem do grego poiesis, que pode ser traduzido como a atividade de produo artstica ou a de criar ou fazer. Com base nisso, a poesia pode no estar s no poema, mas tambm em paisagens e objetos. Trata-se, enfim, de uma definio mais ampla, que abarca outras formas de expresso, alm da escrita. J o poema tambm uma obra de poesia, mas que usa palavras como matria-prima. Na prtica, porm, convencionou-se dizer que tanto o poema quanto a poesia so textos feitos em versos, que so as linhas que constituem uma obra desse gnero.
Disponvel em: . Acesso em: 12/09/2013.
As atividades apresentadas a seguir so direcionadas, em linhas gerais, aos estudantes das
fases I e II da EJA. Caracterizam-se, portanto, como orientaes mais amplas, que caber a
voc, professor, adaptar realidade de sua turma.
Atividade 1 Conhecendo o repertrio do grupo
Esta atividade tem o objetivo de proporcionar a voc, professor, um conhecimento do
repertrio de textos poticos que o grupo com o qual trabalha j possui. Para a realizao
dessa atividade, sugerimos as seguintes etapas:
1 momento Recitando parlendas
Sugira aos estudantes que tentem lembrar-se de parlendas ou poesias que recitavam
quando eram crianas. Oferea oportunidade para que todos aqueles que desejarem recitar
o faam, incentivando os mais tmidos (EA-14-O). Em seguida, pergunte se algum do grupo
conhece alguma poesia que saiba recitar de cor. Convide todos os que quiserem a recitar
para a turma.
Apresentamos, a seguir, uma sugesto de parlenda. Como esses textos apresentam distines
nas diferentes regies do Brasil, pode ser que os estudantes a conheam de outras formas.
Professor, o trabalho com as parlendas abre boas possibilidades de trabalho
com alguns objetivos pedaggicos, na medida em que elas so textos fceis
de memorizar e apresentam forte relao entre fala e escrita/som-grafia,
contribuindo para o processo de alfabetizao. Contudo, preciso cuidado
para no infantilizar a atividade com as parlendas, tratando-as como gnero
necessariamente infantil.
PARMETROS NA SALA DE AULA DE LNGUA PORTUGUESA
29TEXTO 1 PARLENDA
CAD O BOLO QUE ESTAVA AQUI?
O GATO COMEU
CAD O GATO?
NO MATO
CAD O MATO?
O FOGO QUEIMOU
CAD O FOGO?
A GUA APAGOU
CAD A GUA?
O BOI BEBEU
CAD O BOI?
AMASSANDO O TRIGO
CAD O TRIGO?
A GALINHA ESPALHOU
CAD A GALINHA?
BOTANDO OVO
CAD O OVO?
O PADRE BEBEU
CAD O PADRE?
REZANDO MISSA
CAD A MISSA?
T NA CAPELA
CAD A CAPELA?
T AQUI.........
Domnio pblico
Voc pode encontrar outras parlendas no endereo eletrnico: http://www.qdivertido.com.br/verfolclore.php?codigo=21#ixzz2Y7AYUmrJ
Aps os estudantes rememorarem as parlendas e
poesias de sua infncia, apresente a eles um dos
trechos da parlenda, que dever ter sido selecionado
por voc previamente, escrito num cartaz. O texto pode estar escrito em letras de imprensa
maisculas, como no exemplo aqui apresentado, ou em letras maisculas e minsculas. Sua
escolha vai depender da familiaridade do grupo com esses diversos tipos de letra.
Faa a leitura do texto escrito com os estudantes. Voc pode aproveitar esse momento para
promover algumas atividades de ajuste entre fala e escrita, tal como sugerido na primeira
sequncia de atividades destes Parmetros em Sala de Aula.
Apresente o cartaz com o texto e pea que os estudantes observem suas caractersticas,
solicitando que falem sobre o que observaram. O objetivo que eles percebam que o texto
est organizado em versos, que cada verso ocupa uma linha e que h presena de palavras
que rimam.
Em seguida, pergunte se eles se lembram de outros textos como esse, organizados em
versos e com rimas, onde os aprenderam, se gostam ou no desse tipo de texto e por qu
(EA5-L).
Professor, importante que voc registre o que for dito pelos estudantes
nesta etapa da atividade, pois essas informaes subsidiaro o planejamento
das prximas atividades.
Entregue a cada estudante uma folha com o texto da parlenda, para que eles pintem, de
uma mesma cor, palavras que se repetem, slabas que se repetem, semelhanas de sons,
quantidade de sons presentes nas diferentes palavras. Explore, ainda, as palavras que rimam
no texto, pedindo que as marquem com um mesmo sinal (EA11-ASA- AL). Faa o mesmo
com a relao entre som/grafia.
PARMETROS PARA A EDUCAO BSICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
30Atividade 2 Lugares onde o discurso potico pode ser encontrado
Esta atividade tem o objetivo de levar os estudantes a conhecerem diferentes suportes e
espaos de leitura em que se podem ler e ouvir textos poticos, por prazer.
Para essa segunda atividade, voc vai utilizar algumas informaes coletadas na atividade
anterior. Caso os estudantes tenham feito referncia a livros que leram em casa, na biblioteca
da escola, faa uma coleta dos materiais citados e/ou pea que eles os tragam para a sala
de aula. Faa, ainda, uma seleo prvia, na biblioteca da escola, de livros de poemas e
procure trazer para a sala outros suportes nos quais se possam encontrar textos poticos,
como revistas, encartes de jornal, literatura de cordel, entre outros (EA7-L). Tente selecionar
uma variedade de suportes que contemplem os textos apontados pela turma em sua
sondagem inicial, mas que extrapolem esse repertrio bsico. Disponibilize esses suportes
aos estudantes e pea que encontrem, neles, poemas. Faa com eles a leitura de alguns,
ou pea que eles mesmos faam essa leitura, caso a turma j esteja alfabetizada (EA6-ASA).
Leve os estudantes biblioteca, onde os livros selecionados por voc j devem estar
disponveis (EA2-LL-CA). Explique que naqueles livros podero encontrar outros poemas.
Sugira que vejam os livros, que os folheiem e selecionem um de sua preferncia (EA1-L).
Caso sua escola no disponha de biblioteca, isso pode ser feito na prpria sala com os
materiais levados por voc e pelos estudantes. Leia poemas dos livros selecionados, tomando
o cuidado de fazer a leitura de elementos da capa e contracapa do livro e das ilustraes, se
houver (EA3-LL; EA7-LL).
Nesta etapa da atividade, o objetivo que voc, professor, seja um modelo de leitor para
os estudantes. Dessa forma, importante estar atento a aspectos, tais como a entonao,
a expressividade e o sentimento que o discurso potico transmite, para que os estudantes
percebam as especificidades da leitura de poesias.
Alm dos aspectos referentes leitura do texto, importante realizar a leitura dos elementos
paratextuais, para que os estudantes se apropriem, progressivamente, das estratgias de leitura
adequadas interao com os diferentes gneros. Alguns elementos importantes a observar:
ttulo do livro (questionar os estudantes sobre o que o ttulo sugere);
autor/ ilustrador;
editora;
informaes de capa e contracapa (muitas vezes, podem ser encontradas informaes
sobre o autor e/ou o ilustrador do livro. Nesse caso, leia-as e comente-as com os
estudantes);
informaes sobre a obra que, muitas vezes, aparecem na contracapa do livro.
Caso a escola disponha de computadores para uso dos jovens e adultos, voc pode promover,
tambm, uma aula na sala ou laboratrio de informtica, selecionando previamente alguns
sites onde podem ser encontrados poemas ou outros textos poticos. A ideia que os
estudantes visitem espaos virtuais nos quais seja possvel encontrar o discurso potico.
PARMETROS NA SALA DE AULA DE LNGUA PORTUGUESA
31Para finalizar esta atividade, qualquer que tenha sido a abrangncia da mesma realizada
apenas na sala, ou na sala e na biblioteca, ou, ainda, na sala, na biblioteca e no laboratrio de
informtica organize, com a turma, um sarau, no qual cada estudante leia poemas para a
turma (EA6 LL CA) ou os recite de memria, caso saiba.
Um sarau um evento cultural no qual as pessoas se renem para ler ou recitar textos,
cantar ou ouvir msicas, apreciar obras de arte, de modo geral. , portanto, um evento
no qual so compartilhadas manifestaes artsticas diversas, de forma descontrada.
Muito usual no sculo XIX, os saraus vm sendo redescobertos na atualidade. A
importncia de realizar saraus com os estudantes est na possibilidade de criar uma
prtica de compartilhamento da arte e da cultura, envolvendo-os em diferentes prticas
de letramento.
Aproveite a oportunidade do sarau para conversar com os estudantes sobre a importncia
da poesia na vida das pessoas. Questione-os sobre esse tema e oua o que pensam os
jovens e adultos sobre a importncia e o papel da poesia na vida dos seres humanos.
Atividade 3 Lendo poemas
Esta atividade tem o objetivo de favorecer a explorao, pelos estudantes, das caractersticas
de um poema, produzindo sentido para o texto lido e identificando elementos explcitos e
implcitos do texto.
Como preparao para a atividade, importante que voc, professor, faa uma seleo
prvia de alguns poemas lidos com os estudantes na atividade anterior. Sugerimos a escolha
de textos que apresentem algum elemento em comum: o tema tratado, ou a autoria dos
textos, pode ser esse elemento. No exemplo dos textos que apresentamos a seguir, o
elemento em comum o tema de que tratam: autorretratos.
TEXTO 1 O AUTORRETRATO TEXTO 2 RETRATO(Mrio Quintana)
No retrato que me fao
trao a trao
s vezes me pinto nuvem,
s vezes me pinto rvore...
s vezes me pinto coisas
de que nem h mais lembrana...
ou coisas que no existem
mas que um dia existiro...
e, desta lida, em que busco
pouco a pouco
minha eterna semelhana,
no final, que restar?
Um desenho de criana...
Corrigido por um louco!
(Ceclia Meireles)
Eu no tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos to vazios, nem o lbio amargo.
Eu no tinha estas mos sem fora,
to paradas e frias e mortas;
eu no tinha este corao que nem se mostra.
Eu no dei por esta mudana,
to simples, to certa, to fcil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?Disponvel em: .
Acesso em: 18/10/2013.
Disponvel em: . Acesso em: 18/10/13.
PARMETROS PARA A EDUCAO BSICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
32Os textos podem ser apresentados turma em seus suportes originais, caso haja a
possibilidade de acesso aos livros onde se encontram, em cartazes e/ou em folhas avulsas,
com uma cpia para cada estudante. importante fazer uma explorao inicial dos
mesmos, recitando-os. Voc, professor, pode ser o primeiro a recitar, convidando a turma a
recitar tambm. Aqueles estudantes que j esto alfabetizados podem ler os textos (EA13-O;
EA14-O). Para aqueles que ainda no o so, voc, professor, pode repetir os versos, para que
os memorizem e os recitem, motivando a participao de todos.
importante fazer desse um momento agradvel, prazeroso, vivido sem pressa. Os poemas
podem ser recitados diversas vezes e podem ser experimentadas vrias formas de recitar:
individualmente, coletivamente, cada grupo ou estudante recitando uma estrofe ou, ainda,
cada estudante recitando um verso. Aproveite esse momento para introduzir esses termos:
verso e estrofe (EA28-L). O importante no que os estudantes conceituem o que so
versos ou estrofes de um poema, mas que se familiarizem com esses termos e os usem em
referncias s partes do texto.
Aps a leitura, importante realizar uma explorao oral do texto. Nessa etapa, podem ser
exploradas vrias e importantes habilidades de leitura, tais como localizar informaes no
texto, inferir o sentido de palavras, inferir informaes que no esto explcitas na superfcie
textual, identificar o assunto do texto. importante que a explorao dessas habilidades se
faa de forma espontnea, a partir de uma situao real de leitura, que envolva e motive
os estudantes a participarem. Posteriormente, elas podem ser trabalhadas em atividades
escritas, mas, inicialmente, necessrio que sejam exploradas na modalidade oral.
As perguntas que podem orientar essa explorao so, dentre outras:
Perguntas SOBRE AMBOS OS TEXTOS
1. Qual o assunto do primeiro poema? E do segundo? (EA22-L; EA23-L)
O assunto de ambos: os autorretratos.
2. O que os poemas tm em comum? E o que tm de diferente? (EA2-L)
O ponto em comum o assunto. A diferena que, no primeiro poema, o eu potico apresenta
um autorretrato otimista, quase alegre. No segundo, o tom mais melanclico, intimista.
sempre importante lembrar que os estudantes podem destacar outras diferenas e/ou
semelhanas no previstas aqui.
3. De qual dos poemas gostaram mais? Por qu?
Essa resposta pessoal e pode variar de estudante para estudante.
Perguntas SOBRE O TEXTO 1
1. Por que voc acha que o eu lrico se pinta ora como rvore, ora como nuvem? Que
significado voc acha que tm essas comparaes? (EA10-L)
Nuvem e rvore so, respectivamente, coisas leves, etreas, e slidas, cravadas na terra. Isso
indica jeitos diferentes de ser, em momentos diferentes da vida.
PARMETROS NA SALA DE AULA DE LNGUA PORTUGUESA
332. O que voc acha que significam as coisas de que no h mais lembrana e aquelas que
um dia existiro? (EA11-L)
Coisas do passado e coisas do futuro.
Perguntas SOBRE O TEXTO 2
1. Que sentimentos o segundo texto nos transmite? Por qu?
O segundo texto transmite um sentimento de melancolia. Mas pode haver opinies divergentes
quanto a isso, e importante discuti-las com os estudantes.
2. Por que voc acha que, no segundo verso, h a repetio da palavra assim? (EA13-L)
Nesse verso, a palavra assim usada para intensificar a impresso do rosto descrito.
3. Por que voc acha que o poema concludo com um ponto de interrogao?
Por que o eu lrico se interroga sobre como passou a ser como .
4. H palavras que terminam de forma semelhante no poema. Que palavras so essas?
(EA28-L)
Magro/amargo Mortas/mostra.
Professor, leve mais textos com a mesma temtica ou temtica afim e explore a
composio, os elementos discursivos e lingusticos do gnero e a temtica em
tela, para que a produo de poemas pela turma seja adequada, de fato significativa.
Atividade 4 A escrita de poemas
O objetivo desta atividade que os estudantes produzam um poema, considerando uma
determinada situao social na qual esse gnero faz sentido e mobilizando os conhecimentos
aprendidos sobre ele. Ao longo da atividade, podem ser exploradas as expectativas de
aprendizagem relacionadas ao eixo Escrita.
O dilogo com as poesias pode ser ampliado a partir de uma proposta de produo de
textos. Uma possibilidade propor a escrita de um novo poema sobre o mesmo tema:
autorretratos. Nessa atividade, podem ser exploradas as expectativas de aprendizagem
para esta etapa de escolarizao, descritas no Eixo Escrita dos Parmetros Curriculares de
Pernambuco para EJA.
importante lembrar que a produo de um texto de um gnero especfico precisa ser
mediada pelo professor. No basta pedir que os estudantes produzam o texto, mesmo
quando eles j conhecem um pouco sobre o gnero, como no caso da sequncia de
atividades que propusemos aqui. importante orientar quanto produo do gnero, pois
as habilidades envolvidas na escrita so diferentes daquelas envolvidas na leitura, embora
ambas as modalidades sejam complementares. Assim, importante orientar a produo
do texto em suas diversas etapas. Por exemplo, voc pode conduzir a produo coletiva de
um poema do autorretrato da turma, antes da produo individual. Seria uma espcie de
mobilizao, referencial, discusso para a produo individual.
PARMETROS PARA A EDUCAO BSICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
341 Etapa: Definindo a finalidade da produo textual
Considerando a natureza do texto potico, cuja finalidade proporcionar ao leitor uma
experincia prazerosa de contato com o texto, uma experincia divertida com as palavras,
a produo do texto pode ter como etapa final exp-lo em um local da escola onde outras
turmas possam l-lo, vivendo elas prprias essa experincia prazerosa.
2 Etapa: Preparando a escrita
Sugerimos que voc pea aos estudantes que faam uma lista de suas caractersticas
pessoais. A pergunta Como voc se v? pode orientar a produo dessa lista. Aps a
confeco da lista, voc pode ajudar os estudantes a fazerem uma lista de palavras que
rimam e que se relacionam s caractersticas previamente listadas.
3 Etapa: Produzindo o poema
O prximo passo a construo dos versos e estrofes do poema: cada estudante deve
produzir seu prprio texto, e importante que o professor circule entre as carteiras,
ajudando aqueles que apresentarem maiores dificuldades. Esclarea aos estudantes que no
importante que produzam textos extensos, ou que se aproximem do estilo dos autores
que acabaram de ler, mas que possam se expressar atravs da escrita do poema, expondo
como se veem.
4 Etapa: Revisando e compartilhando o texto
Aps a produo do(s) poema(s), antes que seja(m) exposto(s), voc deve proceder, juntamente
com os estudantes, reviso do texto. Primeiro deve solicitar que os prprios estudantes (ou
grupos de estudantes) revejam o texto que produziram. Para essa etapa, o professor deve listar
os aspectos que devem ser objeto de reviso: escrita das palavras, uso das melhores rimas,
organizao dos versos, uso de sinais de pontuao e letras maisculas, conforme o caso,
legibilidade do texto, dentre outros aspectos que o professor julgar relevantes.
Depois que os estudantes tenham feito a primeira reviso do texto, a vez de o professor
proceder a essa reviso, discutindo o que observou ao realiz-la com cada estudante ou grupo.
importante lembrar que a reviso no deve ficar restrita aos aspectos ortogrficos e/ou
gramaticais, ou mesmo prioriz-los, mas focalizar especialmente os aspectos textuais.
Finalmente, o momento de registrar e recitar os textos. Para essa etapa, o professor pode
organizar outro sarau, dessa vez tendo como objeto de recitao os textos produzidos pelos
estudantes, que sero expostos e recitados por seus autores. Esse pode ser um momento
especial, havendo, inclusive, um convite a outras turmas ou pessoas para que participem do
sarau. Esses poemas podem ser reunidos em um livro/coletnea (com direito a capa, contracapa,
dedicatria, agradecimentos produzidos coletivamente e tambm uma ilustrao com uma
fotografia e/ou desenho dos autores).
PARMETROS NA SALA DE AULA DE LNGUA PORTUGUESA
351.2.4 Outras prticas
A escolha de um tema em comum para explorar os textos poticos pode atender ao objetivo
de construir projetos de trabalho interdisciplinares. Assim, se a opo for por trabalhar com
vrios textos de um mesmo autor, a biografia do autor pode ser explorada, assim como
elementos curiosos dessa biografia.
No caso do tema autorretratos, pode haver um dilogo com outras obras artsticas, por
exemplo, com autorretratos produzidos por pintores, levando reprodues dessas obras,
sugerindo releituras, contando histrias sobre esses pintores etc.
1.2.5 Avaliao
Nas fases I e II da EJA, a avaliao em leitura deve incidir sobre os aspectos da apropriao,
pelos estudantes, do sistema alfabtico de escrita. importante que o professor observe se
os estudantes esto desenvolvendo fluncia na leitura e oferea o apoio necessrio queles
que ainda encontram dificuldades na decifrao do texto escrito. Para isso, devem ser feitos
registros individuais dos estudantes, nos quais o professor descreva as dificuldades e avanos
percebidos.
Quanto aos aspectos que se referem especificamente aos textos poticos, a entonao
e a expressividade devem ser objeto de avaliao pelo professor. A partir da observao
do comportamento leitor dos estudantes nas atividades sugeridas, o professor pode ir
redirecionando suas propostas ao longo do desenvolvimento de novas atividades, para que
a avaliao adquira um carter processual. Assim, o que importa no apenas o diagnstico
do desempenho dos estudantes, mas o uso desse diagnstico no planejamento. A avaliao
deve consistir, tambm, na considerao de atitudes que os estudantes vo construindo em
relao poesia, literatura, como aquelas descritas no eixo do Letramento Literrio (PCLP,
2012, p. 100 contedos atitudinais).
1.3 Os GnErOs DA OrDEm DO nArrAr fAsEs i E ii
1.3.1 retomando os Parmetros
O eixo Leitura dos PCLP est organizado em quatro tpicos, nos quais esto listadas as
expectativas de aprendizagem relacionadas apropriao, pelos estudantes, dos gneros
textuais em que as diferentes tipologias se materializam. Gneros textuais com a presena
do discurso narrativo so abordados pelos Parmetros. Podemos encontrar sequncias
narrativas, ou mesmo a predominncia dessa tipologia, em diferentes gneros textuais como
nas fbulas, nos contos, nas narrativas de aventura, de enigma, dentre outros.
Nas fases I e II da EJA, os gneros narrativos so uma boa alternativa para o trabalho realizado
pelo professor. Isso porque muitos textos que fazem parte da cultura universal so narrativas,
PARMETROS PARA A EDUCAO BSICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
36razo pela qual, mesmo antes de comearem a frequentar a escola, os estudantes, em geral,
j tm contato com eles, seja por ouvi-los, na modalidade oral, seja por ouvir a leitura dos
mesmos, realizada por um leitor mais experiente. Por essa razo, muitos estudantes jovens
e adultos j conhecem a estrutura de uma narrativa, antes de saberem ler e escrever. Alm
disso, as histrias, os contos, as fbulas apresentam elementos do mundo imaginrio que
so caros mesmo aos adultos, proporcionando prazer e contribuindo para que aprendamos
a lidar com uma srie de sentimentos, como o medo, a insegurana, a raiva, dentre outros.
Cabe escola oferecer oportunidades de apropriao da estrutura dos gneros da ordem
do narrar, explorando as estratgias necessrias sua leitura e desenvolvendo habilidades
que permitem uma interao mais efetiva entre os leitores e esses textos. No Primeiro
Segmento da EJA, os estudantes comeam a desenvolver tais habilidades, fundamentais
para a compreenso dos gneros textuais da ordem do narrar: reconhecer os elementos
que constituem a narrativa (os personagens, o tempo e lugar onde os fatos se desenrolam),
estabelecer relaes entre as partes do texto (a introduo, a complicao e o desfecho
da histria), reconhecer quais so os referentes de alguns termos usados em substituio a
outros, dentre outras. Tais habilidades se desenvolvem a partir da interseco dos diferentes
eixos a partir dos quais se organizam, nos Parmetros, as expectativas de aprendizagem
leitura, escrita, oralidade, anlise lingustica e letramento literrio e podem ser objeto de
interveno do professor, mesmo quando os estudantes ainda no so leitores autnomos.
Finalmente, cabe retomar, em linhas gerais, as orientaes metodolgicas para o trabalho
com o eixo Leitura (PCLP, p. 65 a 67) no que se refere: importncia da escolha de bons
textos, que primem por sua qualidade esttica; necessidade de fazer da sala de aula um
espao no qual circulem textos relevantes aos estudantes; ao papel do professor de motivar
a anlise dos textos lidos, tanto no que se refere ao tema de que tratam quanto no que
concerne prpria estrutura do texto e sua funo comunicativa.
1.3.2 O que o professor encontrar nesta sequncia de atividades
A sequncia de atividades proposta a seguir apresenta sugestes para a leitura de textos
narrativos. Essas atividades vo contribuir para que voc, professor:
proporcione aos seus estudantes uma experincia de fruio de histrias;
promova uma mediao que possibilite aos estudantes o reconhecimento de elementos
caractersticos do texto narrativo, tanto no que se refere sua estrutura quanto a seu
contedo e funcionalidade;
explore expectativas de aprendizagem relacionadas aos eixos leitura, oralidade e anlise
lingustica.
1.3.3 Apresentao das atividades
Os gneros da ordem do narrar fazem parte da vida da maioria dos estudantes e povoam seu
imaginrio desde muito cedo. Ouvir e contar histrias um prazer tambm para os adultos,
PARMETROS NA SALA DE AULA DE LNGUA PORTUGUESA
37pois essas prticas nos transportam para outros tempos, espaos e situaes, permitindo
novas experincias ldicas e estticas.
As atividades apresentadas a seguir, direcionadas s fases I e II da EJA (Primeiro Segmento),
tm o intuito de oferecer orientaes para que voc, professor, contribua para a ampliao
do repertrio de textos narrativos dos estudantes, possibilitando que eles se familiarizem com
os gneros textuais nos quais essa tipologia a predominante, refletindo sobre a estrutura
dos diferentes gneros narrativos.
Atividade 1 Fbula
Esta atividade tem o objetivo de incentivar a frequncia dos estudantes a espaos de leitura
nos quais podem ser encontradas histrias diversas e motiv-los a se expressarem sobre
suas percepes acerca do que seja a leitura e do que ela possa nos proporcionar.
1 Momento
Realize uma seleo prvia, na biblioteca da escola, de livros de literatura nos quais apaream
diferentes histrias (EA7-L). Organize esses livros a partir de grandes categorias, tais como:
contos de fadas; contos maravilhosos; fbulas, narrativas de enigma; narrativas de aventura
e/ou outras. Voc pode organizar os livros em sees e identific-las com o tipo de narrativa
que os livros ali organizados apresentam.
2 Momento
Convide os estudantes para uma visita biblioteca (EA2-LL-CA) e, no dia dessa visita, inicie as
atividades com a fbula A tartaruga aviadora, que apresentamos a seguir. Caso voc tenha
acesso ao livro no qual esse texto pode ser encontrado, explore com os estudantes, antes
de iniciar a leitura, os elementos paratextuais: a ilustrao da capa do livro, os nomes dos
autores, as informaes sobre eles (EA17-L; EA1-LL-CA).
Professor, importante instigar a curiosidade dos estudantes em relao ao texto
que lero e, ao mesmo tempo, relacion-lo s experincias de mundo dos estudantes.
Assim, antes de iniciar a leitura, voc pode formular turma perguntas como:
Vocs conhecem alguma fbula? Sabem que tipo de histrias so as fbulas? O que
elas tm de especial em relao a outras histrias?
Nesse momento, voc pode citar algumas fbulas mais conhecidas, tais como A
cigarra e a formiga, A raposa e as uvas, para ver se os estudantes as conhecem.
Caso conheam, pea que as contem. Converse com o grupo sobre a caracterstica
das fbulas de trazerem sempre um ensinamento moral, expresso na moral da
histria, que geralmente aparece no final do texto. Por fim, aproveite para comparar
fbulas e ditados populares.
Quais as semelhanas e diferenas entre as fbulas e os ditados populares, que voc
j estudou?
PARMETROS PARA A EDUCAO BSICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
383 Momento
Aps essa explorao inicial, realize a leitura para a turma. Voc pode ler o texto ou reproduzi-
lo, para que todos os estudantes tenham uma cpia da histria, pedindo que leiam o texto
aps a sua leitura inicial. Essa leitura pode ser dramatizada, com cada estudante lendo as
falas do narrador e de cada personagem (os patos e a tartaruga) (EA13-O).
A TARTARUGA AVIADORA
Um certo dia, uma tartaruga encontrou-se com dois patos emigrantes. Ficou horas
admirada, ouvindo-os contar suas grandes viagens pelo mundo afora.
Vocs que so felizes, dizia a tartaruga, suspirando resignadamente. Eu tambm gostaria
de viajar, mas ando muito devagar.
Por que no nos acompanha? Vamos correr o mundo a trs... disse um dos patos.
Como poderei ir, se no sei nem ao menos andar depressa pelo cho, quanto mais voar
por essas alturas e distncias?
Podemos ajud-la, fazendo como os aviadores. Ns seremos os pilotos e voc ir como
passageira.
Mas, meus amigos, onde est o avio?
No se preocupe. Ns arranjaremos tudo, j!
Pegaram um pau rolio e comprido, e mandaram que a tartaruga se dependurasse nele,
com a boca, fortemente. Em seguida, cada um pegou uma das pontas do basto. E l se
foram pelos ares, batendo as asas compassadamente e levando a feliz tartaruga.
Segure-se bem, "agarre-se" com fora, comadre tartaruga!, gritou um dos patos. A viagem
comprida!...
L da terra, os animais e as pessoas, admiradas, erguiam a cabea, fixavam bem os olhos;
estavam espantados por ver uma tartaruga voando.
Olhem, olhem, gritam alguns deles, apontando para o cu. Nunca tinha visto uma
tartaruga voar! Aquela deve ser a rainha das tartarugas!...
E todos riam gostosamente.
A tartaruga voadora sentia-se orgulhosa por ser admirada.
Sou mesmo a rainha, ia respondendo a ingnua tartaruga, mas no chegou a pronunciar
nem a primeira slaba, porque, ao abrir a boca, soltou-se do basto e caiu como um raio,
espatifando-se no cho.
Os patos continuaram seu voo, porque o que mais sabem fazer. E ficaram comentando:
Da prxima vez que trouxermos algum que no sabe voar, melhor providenciarmos
um paraquedas.
MORAL DA HISTRIA:
Quando tentamos fazer algo para o qual no estamos preparados, podemos nos dar muito
mal. Como se diz: "cada macaco no seu galho". Disponvel em: . Acesso em: 18/10/2013.
4 Momento
Aps a leitura do texto, explore com os estudantes a impresso que tiveram dele: se gostaram
ou no, por que, quais as partes de que mais gostaram (caso os estudantes tenham o livro ou
o texto em mos, pea que leiam os trechos de sua preferncia). Questione os estudantes
PARMETROS NA SALA DE AULA DE LNGUA PORTUGUESA
39com relao moral da histria, se concordam ou no com esse ensinamento. Ele traduz
algum tipo de preconceito? Que tipo de mensagem o texto pretende transmitir aos seus
leitores? Vocs concordam com esse ensinamento? Por qu?
importante conduzir o debate de modo que os estudantes problematizem a ideia de que
cada pessoa deve se manter em seu lugar cada macaco no seu galho. importante
fomentar a discusso sobre o tema, mobilizando a experincia de vida dos jovens e
adultos.
5 Momento
Para concluir o trabalho com esse primeiro texto, voc pode pedir que os estudantes criem
um outro final para a histria e uma outra moral para ela. Esse trabalho pode ser feito em
pequenos grupos, para que haja troca de ideias entre os participantes.
A nova verso da fbula, com sua nova moral, pode ficar exposta na sala.
Cabe, antes desse momento,
sugerir uma atividade de leitura e
comparao de diferentes fbulas,
com anlise de seus elementos
(animais com caractersticas
humanas, narrativa curta, natureza
alegrica, finalidade, linguagem).
6 Momento
Por fim, ampliando esse olhar crtico e reflexivo das
fbulas, voc pode promover a leitura e anlise de
fbulas parodiadas/fabulosas, como as de Millr
Fernandes (A cigarra e a formiga, O gato e a barata,
A Raposa e o Bode) destinadas, especialmente, a
adolescentes e adultos e recheadas de crtica social e poltica. Estimule uma comparao
com as fbulas tradicionais, para verificar os elementos que fogem do padro, tais como
humor, elementos modernos/da atualidade, entre outros.
Atividade 2 Contos
O objetivo desta atividade apresentar aos estudantes um gnero narrativo o conto ,
levando-os a refletir sobre a forma e o contedo desse gnero.
Os contos so narrativas curtas que se passam num universo ficcional, de fantasia e, em
geral, apresentam um narrador e personagens. Podem ser de tradio oral, cuja autoria no
conhecida. No caso do conto que apresentaremos a seguir, ele parte da cultura indiana,
portanto, ao explor-lo, o professor pode aproveitar a oportunidade para realizar um trabalho
interdisciplinar ou mesmo um projeto no qual explore com os estudantes informaes sobre
a ndia, seu povo e sua cultura.
PARMETROS PARA A EDUCAO BSICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
40Texto 1 A chuva sagradaOs grandes mestres espirituais indianos tambm usavam do humor para passar seus
ensinamentos. Eis um exemplo: Na cidade de Bhopal, existia um ashram muito famoso. Num dia chuvoso, o mestre de tal comunidade espiritual avistou pela janela um de seus
estudantes correndo para escapar da chuva e gritou:
Ingrato! Por que voc corre para escapar da chuva?! No sabe que foi Deus quem
mandou essa bno para seus filhos? A gua do cu sagrada, aproveite-a!
O estudante, envergonhado, parou de correr e, encharcado, chegou em sua casa. No
deu outra, um resfriado fortssimo abateu o discpulo do mestre.
Passados alguns dias, o estudante, j recuperado, estava na janela do seu quarto. Uma
chuva forte caa do cu quando, de repente, avistou o mestre correndo para escapar
da chuva. Ele no aguentou e gritou:
Mestre, por que corre? No sabe que a gua do cu sagrada?
O mestre localizou a voz, reconheceu o estudante e o fuzilou com os olhos dizendo:
Seu insolente, voc no percebe que estou correndo exatamente para no profanar
essa gua sagrada com os meus ps sujos?BRENMAN, ILAN; ZILBERMAN, IONIT. As 14 prolas da ndia. So Paulo: Editora Brinque-book, 2008, p. 46.
1 Momento
Distribua o texto para os estudantes e pea que faam primeiro uma leitura silenciosa do
mesmo. Como fruto dessa primeira leitura, podem surgir dvidas quanto ao vocabulrio.
Nesse caso, pea que aguardem para discutirem todos juntos, posteriormente, sobre as
palavras que possam no ter sido compreendidas. Aps um tempo que considere adequado
para que realizem essa leitura, leia o texto em voz alta para a turma. Depois da leitura, voc
pode convidar a turma para ler, novamente em voz alta, agora fazendo uma pequena
dramatizao do conto (EA13-O). Para organizar essa leitura dramatizada, explore com os
estudantes as partes do texto que devem ser lidas: pelo narrador, pelo mestre, pelo discpulo.
Pea que coloram essas partes, no texto, com cores diferentes (Ex: narrador, azul; mestre;
verde; discpulo, amarelo). Esse um bom momento para levar os estudantes a observarem
o que marca a introduo das falas dos personagens no texto e a retomada da fala do
narrador: o uso dos travesses (EA14-L).
2 Momento
Aps essas vrias leituras, o momento de explorar o contedo do texto, os elementos de
humor e ironia que ele apresenta (EA12-L), a estrutura da narrativa (EA39-L; EA41-L; EA44-L), a
construo das personagens, que realizam aes que podem ser relatadas por elas prprias
ou por um narrador que no participa da histria.
Apresentamos, a seguir, algumas questes que podem orientar o debate sobre o conto A
chuva sagrada, mas que tambm podem ser inspiradoras para o trabalho com outros textos
PARMETROS NA SALA DE AULA DE LNGUA PORTUGUESA
41da ordem do narrar. Essas questes devem ser debatidas oralmente, antes que seja solicitada
aos estudantes a realizao de qualquer atividade escrita de interpretao de textos.
Questes para explorao do conto
1. H palavras na histria que no conhecem ou que no compreenderam? Quais? Que
significado acham que elas tm na histria? (EA9-L)
Esta uma oportunidade para explorar a habilidade de inferir o sentido de palavras ou expresses
a partir do contexto. Embora o uso do dicionrio possa ajudar a descobrir o significado de palavras
desconhecidas, muitas vezes podemos concluir sobre esses significados a partir do contexto.
Algumas palavras que podem despertar dvidas so: Bhopal: o nome da cidade da ndia onde a
narrativa acontece essa informao oferecida pelo prprio texto; ashram: um lugar aonde as
pessoas vo para meditar, para aprender sobre coisas espirituais, um lugar de paz.
No caso das palavras da Lngua Portuguesa que podem ser pouco usuais para os estudantes
(ingrato, abateu, fuzilou, profanar), o sentido delas pode ser inferido retomando-se o contexto no
qual elas aparecem.
2. Onde a histria acontece? Como podemos saber? Algum j ouviu falar desse lugar?
(EA39-L)
A histria se passa na ndia, numa cidade chamada Bhopal. Essa informao pode ser
encontrada na primeira e na segunda linhas do texto.
3. Quando ela acontece? Todas as situaes acontecem num mesmo dia? Como podemos
saber? (EA44-L)
A histria acontece em dois dias chuvosos, havendo um intervalo de tempo entre eles. Essa
informao pode ser obtida, observando-se as informaes da 3 linha e aquelas que aparecem
no 4 pargrafo do texto.
4. Quem conta essa histria participa dela? Como podemos chegar a essa concluso?
(EA39-L)
No conto o narrador no participa dos fatos narrados e podemos concluir isso porque ele se
refere aos personagens que participam das aes narradas, mas no se inclui nessas aes.
5. Quantos so os personagens do texto? Como podemos saber quando so eles que
falam e quando quem fala a pessoa que conta a histria e que chamamos narrador?
(EA39-L; EA14-L)
As falas dos dois personagens so anunciadas pelos dois pontos e antecedidas do travesso.
Essas marcas devem ser observadas e so importantes para que os aprendizes compreendam
como personagens e narrador se alternam na apresentao dos fatos.
6. Escreva uma caracterstica do discpulo e uma caracterstica do mestre, personagens
do conto.
Discpulo: curioso
Mestre: severo
PARMETROS PARA A EDUCAO BSICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
427. Por que o discpulo ficou resfriado? (EA10-L)
O discpulo ficou resfriado porque, para atender ao que lhe ensinou o mestre, foi andando
devagar na chuva e se molhou muito.
8. O que aconteceu quando o mestre ficou na chuva?
Ele procurou se proteger da chuva, assim como o discpulo havia feito antes.
9. Voc achou a histria engraada? Por qu? (EA12-L)
Essa resposta pessoal e mais importante observar se os estudantes compreenderam que
a justificativa dada pelo mestre para o fato de estar correndo foi, na verdade, uma desculpa
para que ele no assumisse que, tal como fez o discpulo, tambm estava correndo para no
se molhar na chuva. Caso os estudantes no percebam esse fato, importante que o professor
problematize as respostas dadas, de modo a oferecer elementos para que observem detalhes
da narrativa que possam no ter sido observados a partir de uma primeira leitura da mesma.
3 Momento:
Aps essas atividades orais, podem ser realizadas atividades escritas de interpretao, que
explorem, de modo mais especfico, a estrutura do conto. Essa atividade , tambm, uma
forma de avaliar a apropriao que os estudantes fizeram da estrutura da narrativa.
A seguir, apresentamos uma sugesto desse tipo de atividade, cujo objetivo que os
estudantes identifiquem e registrem os principais elementos que constituem a narrativa:
lugar e tempo dos acontecimentos narrados, personagens, conflito gerador, desfecho da
narrativa.
Aps a leitura do conto A chuva sagrada, preencha o quadro seguinte com as informaes
solicitadas (EA39, 41, 44-L).
Ttulo do contoFonte de onde o texto foi retiradoFinalidade de um texto como esseLugar onde a histria acontecePersonagens que participam da histriaTempo em que os fatos narrados acontecemAcontecimento que d incio histriaConcluso da histria
importante realizar uma reviso dessa atividade, observando e registrando quais elementos
da narrativa foram identificados pelos estudantes e aqueles que ainda no foram percebidos
por eles e que, portanto, precisam ser mais explorados em trabalhos futuros com outros
textos narrativos.
Atividade 3 Produzindo um gnero da ordem do narrar
O objetivo desta atividade que os estudantes produzam um gnero da ordem do narrar,
observando os elementos que compem a estrutura desse tipo de texto.
PARMETROS NA SALA DE AULA DE LNGUA PORTUGUESA
43 medida que os estudantes tm contato com diferentes histrias (contos de fadas, fbulas,
histrias de aventura, de mistrio, dentre outras possibilidades), vo-se apropriando da
estrutura desses textos e desenvolvendo as habilidades necessrias para produzi-los. Para
isso, entretanto, o gnero textual e/ou o tema devem ser propostos pelo professor a partir
dos interesses manifestos pela turma. No caso dos jovens e adultos, fundamental que
essa proposta esteja em conformidade com a realidade de vida dessas pessoas, para que
no se reduza a uma tarefa escolar, mas ganhe sentido para os estudantes. importante
que tal proposio parta de um objetivo claramente definido, de modo a criar uma situao
significativa para a produo textual e uma definio prvia de quem sero os interlocutores
dessa produo. Tambm necessrio que o professor, ao planejar a proposta de escrita
que far aos estudantes, consulte as expectativas de aprendizagem previstas para a escrita
nos PCLP/EJA (p. 103-124), eixos Escrita e Anlise Lingustica.
Para criar uma situao de produo textual significativa, no caso dos gneros da ordem do
narrar, o professor pode, por exemplo, propor a produo de um livro de histrias da turma
que seja, posteriormente, doado biblioteca da escola. A seguir, apresentamos algumas
possibilidades de temas e gneros que podem orientar a produo de narrativas:
reconto de contos de fadas ou de fbulas;
produo de um novo desfecho para uma histria;
apresentao de um desfecho para que os aprendizes escrevam o incio da histria;
produo de uma nova histria com o mesmo tema de uma histria lida.
No caso especfico do conto A chuva sagrada, o professor pode, por exemplo, utilizar o tema
como motivador da proposta da escrita de outra his