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1 PROCESSO DO TRABALHO Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas PARTES E PROCURADORES I.- INTRODUÇÃO 1.- Pressupostos processuais: Subjetivos e Objetivos 1.a.- Pressupostos Processuais Subjetivos: Dizem respeito aos sujeitos principais da relação processual: juiz e partes. - REFERENTE AO JUIZ: a) que se trate de órgão estatal investido de jurisdição (juiz natural). b) que o juiz tenha competência originária ou adquirida. c) que o juiz seja imparcial. - REFERENTE ÀS PARTES: a) que tenha capacidade de ser parte; b) que tenha capacidade processual; c) que tenha capacidade de postular em juízo 1.b.- Pressupostos Processuais Objetivos: extrínsecos e intrínsecos a) extrínsecos à relação processual: dizem respeito à inexistência de fatos impeditivos; b) intrínsecos à relação processual: dizem respeito à subordinação do procedimento às normas legais. II.- PARTES COMO SUJEITOS DA RELAÇÃO PROCESSUAL 1.- Conceito de parte: Moacyr Amaral Santos, citado por Bezerra Leite (Curso de Direito Processual do Trabalho – LTR), conceitua: “Partes, no sentido processual são as pessoas que pedem ou em relação às quais se pede a tutela jurisdicional. Podem ser, e geralmente o são, sujeitos da relação jurídica substancial deduzida, mas esta circunstância não as caracteriza, porquanto nem sempre são sujeitos dessa relação. ...” Eduardo Gabriel Saad e outros (Direito Processual do Trabalho – LTR), conceituam: “São as partes os sujeitos de uma relação jurídica que se discute em juízo.” Na mesma obra é citado Chiovenda que conceitua: “é quem demanda em seu próprio nome (ou em cujo nome é demandado) a atuação de uma vontade da lei e aquele em face de quem essa atuação é demandada.”

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PARTES E PROCURADORES I.- INTRODUÇÃO 1.- Pressupostos processuais: Subjetivos e Objetivos 1.a.- Pressupostos Processuais Subjetivos: Dizem respeito aos sujeitos principais da relação processual: juiz e partes. - REFERENTE AO JUIZ: a) que se trate de órgão estatal investido de jurisdição (juiz natural). b) que o juiz tenha competência originária ou adquirida. c) que o juiz seja imparcial. - REFERENTE ÀS PARTES: a) que tenha capacidade de ser parte; b) que tenha capacidade processual; c) que tenha capacidade de postular em juízo 1.b.- Pressupostos Processuais Objetivos: extrínsecos e intrínsecos a) extrínsecos à relação processual: dizem respeito à inexistência de fatos impeditivos; b) intrínsecos à relação processual: dizem respeito à subordinação do procedimento às normas legais. II.- PARTES COMO SUJEITOS DA RELAÇÃO PROCESSUAL 1.- Conceito de parte: Moacyr Amaral Santos, citado por Bezerra Leite (Curso de Direito Processual do Trabalho – LTR), conceitua: “Partes, no sentido processual são as pessoas que pedem ou em relação às quais se pede a tutela jurisdicional. Podem ser, e geralmente o são, sujeitos da relação jurídica substancial deduzida, mas esta circunstância não as caracteriza, porquanto nem sempre são sujeitos dessa relação. ...” Eduardo Gabriel Saad e outros (Direito Processual do Trabalho –LTR), conceituam: “São as partes os sujeitos de uma relação jurídica que se discute em juízo.” Na mesma obra é citado Chiovenda que conceitua: “é quem demanda em seu próprio nome (ou em cujo nome é demandado) a atuação de uma vontade da lei e aquele em face de quem essa atuação é demandada.”

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Nota-se que os conceitos de Moacyr Amaral Santos e Chiovenda são mais abrangentes não limitando ao conceito de parte à titularidade do direito material lesado, dando margem à substituição processual, onde não há a coincidência da parte processual com a relação jurídica substancial ou de fundo, de direito material. 2.- Denominação das Partes no Processo do Trabalho. a) na ação trabalhista, ainda denominada de reclamatória trabalhista, tem-se: reclamante e reclamado. b) na ação de inquérito para apurar falta grave, tem-se requerente e requerido. c) no dissídio coletivo, tem-se suscitante e suscitado. d) nas ações cíveis, cabíveis no processo do trabalho, preservam-se as denominações originárias. Urge a unificação de denominação, máxime em se tratando de ação trabalhista, a partir do momento em que a estrutura atual do primeiro grau, não é mais paritária e não mais de denomina da Junta. Hoje, tem-se, no processo de conhecimento, o juiz monocrático (não mais presidente da junta) e a denominação do local, onde presta a jurisdição, de vara. Não mais se justifica, por tanto, as denominações de reclamante e reclamado. 3.- Capacidade Das Partes A doutrina divide a capacidade em três momentos distintos: a) Capacidade de ser parte. Trata-se da legitimatio ad causam que é condição da ação, matéria de mérito. Ela existe quando o direito pertence, efetivamente, àquele que o faz valer. “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.” (art. 1º do atual Ccivil). Maria Helena Diz (Novo Código Civil Comentado – Ricardo Fiúza – ED. Saraiva) comenta: “Personalidade e capacidade jurídica: Liga-se à pessoa a idéia de personalidade, que exprime a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações. Sendo a pessoa natural o sujeito das relações jurídicas e a personalidade, a possibilidade de ser sujeito, toda pessoa é dotada de personalidade. Esta tem sua medida na capacidade, que é reconhecida num sentido de universalidade, no art. 1º do Código Civil.”

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“À aptidão oriunda da personalidade para adquirir direitos e contrair obrigações na vida civil dá-se o nome de “capacidade de gozo ou de direito””. Carlos H Bezerra Leite, complementa que além das pessoas naturais, os ordenamentos jurídicos reconhecem às pessoas jurídicas (abstrações criadas pelo gênio humano) a capacidade de ser parte, uma vez que também podem ser titulares de direitos e obrigações; que por serem entes abstratos, a lei dispõe que necessitam ser representadas judicial e extrajudicialmente por determinada pessoa natural. Esclarece, ainda, que existem outros entes abstratos, sem condição de pessoa jurídica, mas que têm capacidade de estar em juízo, como massa falida, espólio etc. A propósito da legitimação para a causa, nota-se que ordinariamente a tem quem for titular de um direito lesado. Trata-se, nesta hipótese da legitimação ordinária, onde há o coincidência da legitimação para causa com a legitimação para o processo, para o exercício do direito subjetivo público da ação. Contudo, anomalamente ou extraordinariamente, o legislador confere a outrem a legitimação extraordinária, isto é o direito do exercício da ação por quem não é o titular do direito material lesado. Tem-se, nesta hipótese, a chamada substituição processual, contemplada no processo civil pelo artigo 6° e no processo do trabalho pelo artigo 8°, III da CF/88. b) Capacidade de estar em juízo. – empregado. Trata-se da capacidade processual – capacidade de exercício - ou, ainda, capacidade de estar em juízo – legitimatio ad processum – pressuposto processual condizente com a capacidade de agir. Sua inexistência leva a extinção do processo sem julgamento do mérito. O art. 7º do CPC preconiza: “Toda a pessoa que se acha no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo.” No direito do trabalho a capacidade civil plena dos empregados ocorre aos 18 anos podendo, assim, demandar ou ser demandado. O artigo 792 da CLT, hoje, um tanto desatualizado, prevê: “Os maiores de 18 anos e menores de 21 anos e as mulheres casadas poderão pleitear perante a Justiça do Trabalho sem a assistência de seus pais, tutores ou maridos.” A capacidade de exercício dos direitos tem a ver com os institutos da REPRESENTAÇÃO e ASSISTÊNCIA. Contempla o art. 8º do CPC: “Os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da lei civil.”

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No plano do Direito Material, a CLT autoriza o relativamente incapaz (maior de 16 e menor de 18 anos) a pratica de certos atos, como contratar e receber salário. Já a extinção contratual só será válida com a assistência do responsável legal (art. 439). No plano Processual, o menor de 16 anos deverá ser representado e o maior de 16 e menor de 18 anos deverá ser assistido, ambos por seu representante legal. Na falta deste, o artigo 793 da CLT estabelece legitimação concorrente: “A reclamação trabalhista do menor de 18 anos será feita por seus representantes legais e, na falta destes, pela Procuradoria da Justiça do Trabalho, pelo sindicato, pelo Ministério Público estadual ou curador nomeado em juízo.” Lembre-se que no tocante ao Ministério Público do Trabalho tem-se a Lei Complementar nº 75/93. art. 83,V que autoriza propor ações que visem à defesa dos direitos e interesses dos menores. A perda da capacidade no curso do processo importará na suspensão do feito, para a devida regularização do pólo, através da habilitação incidental. b.2) Situação excepcional de representação do empregado em audiência – art. 843 “caput e § 2º da CLT. Na audiência deverão comparecer as partes, independentemente de seus representantes (no caso representação técnica pelo advogado). Exceções:

1) Na impossibilidade de comparecimento do trabalhador, por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente comprovado, poderá fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo sindicato.

2) Nas reclamatórias plúrimas ou Ações de Cumprimento, poderão fazer-se representar pelo Sindicato de sua categoria. (justifica-se na ação de cumprimento quando a mesma for intentada pelos empregados e não diretamente pelo sindicato em substituição processual - § único do art. 872 da CLT).

3) Nas reclamatórias plúrimas, em que pese não haja previsão legal, por concordância das partes, tem sido aceito que um dos autores (de regra o que encabeça a ação) represente os demais, nas audiências de prosseguimento (não na inaugural, pois nela é que será eleito o representante).

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4) Nas ações em que se discute apenas matéria de direito, tem sido, por convenção, dispensadas as partes, para as audiências de prosseguimento, vez que desnecessário o depoimento pessoal pois não há confissão sobre matéria de direito.

IMPORTANTE: A possibilidade do ou dos trabalhadores se fazerem substituir na primeira audiência objetiva o não arquivamento da ação. Quanto a audiência de prosseguimento, em princípio deverão comparecer, mas, apenas, quando for requerido o seu depoimento pessoal com a cominação de pena de confissão (Súmula 74, I do TST). Com efeito, não se mostra indispensável, em caráter absoluto, a presença das partes, na audiência de instrução (prosseguimento), salvo se tiverem sido intimada com a cominação de pena de confissão, sendo de fato e não de direito a matéria controvertida. b.3) Capacidade de estar em juízo – empregador. O empregador pessoa física, adquire a capacidade nos termos da lei civil. Os demais entes que não se confundem com a pessoa natural, por se tratar de ente abstrato, é representada em juízo, na forma da lei processual civil – Art.12 do CPC – Serão representados em juízo ativa e passivamente: I.- a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores. II.- o Município, pelo Prefeito ou procurador; III.- a massa falida, pelo síndico; IV.- a herança jacente ou vacante, por seu curador; V.- o espólio, pelo inventariante; VI.- as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou não os designando, por seus diretores; VII.- a sociedade sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens; VIII.- a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (art. 88, § único); IX.- o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico. - a massa de bens, decorrente da declaração da insolvência civil do devedor, pelo administrador que for nomeado (CPC, art.766,II).

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- No que respeita a Igreja (lato senso), à exceção da Santa Sé que é considerada pessoa jurídica de Direito Público Externo, as demais igrejas são pessoas jurídicas de direito privado nos termos do art. 44 do C.Civil (São Pessoas Jurídicas de Direito Privado: I- as associações; II- as sociedades;-III as fundações). As pessoas jurídicas de direito público interno estão capituladas no artigo 41(I- União; II- os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III- os Municípios; IV- as autarquias; V – as demais entidades de caráter público criadas por lei; § único: Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código) e as de direito público externo no art. 42. do mesmo diploma, (Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público) na qual se insere as nações estrangeiras, a Santa Sé, e os organismos internacionais como ONU, OEA, Unesco, Fao, OIT etc.) No Processo do Trabalho, ao empregador é facultado fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente (§ 1º do art. 843).

SUM-377 PREPOSTO. EXIGÊNCIA DA CONDIÇÃO DE EMPREGADO (nova redação) - Res. 146/2008, DJ 28.04.2008, 02 e 05.05.2008 Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. Inteligência do art. 843, § 1º, da CLT e do art. 54 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.

O Provimento n. 60 do Conselho Federal da OAB, de 04.11.1987, dispõe: “É defeso ao advogado funcionar no mesmo processo simultaneamente como patrono e preposto do empregador." Ressalte-se que tem se admitido como preposto o gerente ou administrador da empresa com delegação de poderes através de outorga de mandato. Há que se investigar a data da outorga e se houve a efetiva prática dos poderes outorgados, a fim de se evitar a fraude, isto é, que a mesma tenha a única finalidade de representar a empresa como preposto em juízo. Neste sentido é a decisão que segue: A 2ª Turma do TRT da 10ª Região deu provimento ao recurso da Fino da Roça Confeitaria Ltda.-ME e declarou nula a decisão da primeira instância que considerou irregular a representação da empresa pelo preposto, o qual afirmou ser marido da proprietária e gerente.

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Com base no entendimento da Orientação Jurisprudencial n° 99, da 1ª Sessão de Dissídios Individuais do TST, a sentença do 1º grau determinara a revelia da empresa, condenando-a ao pagamento de todas as verbas pedidas. Em seu recurso, a microempresa alegou não ser necessário que o preposto seja empregado da empresa e, mesmo que assim fosse, ele detinha poderes para assinar cheques, admitir e demitir pessoal, controlar a movimentação da empresa, sendo a pessoa mais apta e capaz para prestar informações a respeito da relação mantida com o autor da ação. A recorrente pediu a nulidade da decisão por violação aos incisos II, XXXV, LIV e LV da Constituição Federal, os quais garantem o acesso à apreciação da controvérsia pelo Judiciário, o contraditório e a ampla defesa. De acordo com a 2ª Turma, o entendimento consolidado na OJ nº 99 é o da obrigatoriedade de o preposto ser empregado do reclamado, quando o empregador é pessoa jurídica. No entanto, explicam os juízes, o Direito do Trabalho tem como um de seus mais relevantes pilares o princípio da primazia da realidade, pelo qual se busca, por todos os meios lícitos, reconhecer a validade do que efetivamente ocorre no terreno dos fatos. No caso, o preposto declarou-se gerente da empresa, embora "não tendo vínculo de emprego registrado em carteira”. A decisão considerou que a formalidade contratual não é requisito essencial para o reconhecimento do vínculo empregatício, conforme estabelecem os artigos 442 e 443 da CLT (os contratos de trabalho podem ser tácitos ou expressos). Diante das declarações prestadas pelo preposto e da ausência de prova em sentido contrário, a Turma entendeu não ser razoável invalidar suas afirmações: “Entender o contrário, sem qualquer prova que possa elidir a condição de empregado, é negar o direito de ação à parte, direito este público, subjetivo e constitucional”, registra a decisão. A 2ª Turma entendeu preenchidos os pressupostos legais para a representação, reconhecendo a nulidade da sentença que declarou a empresa confessa quanto à matéria de fato, e determinou o retorno do processo à Vara do Trabalho de origem para seu prosseguimento. (Proc. nº 01063-2001-017-10-00-0-RO - com informações do TRT-10). b.4) Do Ministério Público do Trabalho. Atuação processual –Lei Complementar n. 75/93, art. 83 O Ministério público pode figurar no processo como: a) “custos legis” (fiscal da lei) intervindo, obrigatoriamente, nas

ações em que figure como parte as pessoas de direito público interno e externo, nas instâncias recursais (art. 83,XIII); -havendo necessidade, nos processos em que figure incapaz ou relativamente incapaz, ainda que legitimamente representado ou assistido em juízo; – manifestar-se em qualquer fase do processo trabalhista, acolhendo solicitação do juiz ou por sua iniciativa, quando entender existente interesse público que justifique a intervenção (art. 83, II); -

b) como parte (autor em legitimação ordinária = vg. ação civil pública – art. 83,III; ação anulatória de cláusulas normativas, 83, IV);

c) como legitimado concorrentemente na instauração da instância de dissídio coletivo, em caso de greve (Emenda Const. 45 – atual redação do art. 114, § 3° “Em caso de greve em atividade essencial,

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com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)” ).

d) como substituto processual (situação afirmada pela doutrina na hipótese em que promove reclamatória trabalhista de menor, como autoriza o art. 793 da CLT).

e) Recorrer das decisões da Justiça do Trabalho, quando entender necessário, tanto nos processos em que for parte, como naqueles em que oficiar como fiscal da lei, bem como pedir revisão dos Enunciados da Súmula de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho (83, VI).

f) Atuar como árbitro, se assim for solicitado pelas partes, nos dissídios de competência da Justiça do Trabalho (83, XI e CF/88 art. 114 §§ 1° e 2°)

A competência do MP vem insculpida no art. 129 da CF/88 e Lei Complementar n. 75/93. No que respeita a ação civil pública, é a mesma regida pela Lei 7.347/85 e subsidiariamente a Lei 8078/90 (- CDC –Código de Proteção e Defesa do Consumidor). c) Capacidade de postular – Jus postulandi. Súmula 425 do TST Bezerra Leite define o Jus Postulandi: “´...é a capacidade conferida por lei às partes para postular diretamente em juízo, sem necessidade de serem representadas por advogado.” De regra, a parte, embora possa ter capacidade processual – legitimatio ad processum – deverá participar da relação processual por quem tenha direito de postular em juízo. No sistema brasileiro, salvo exceções, o jus postulandi é prerrogativa dos advogados. Art. 36 do CPC: “A parte será representada em juízo por advogado legalmente habilitado.” O Estatuto da OAB Lei 8906/94, prevê no art. 1º, I : “São atividades privativas da advocacia: I.- a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais.” No entanto o STF em Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIM n. 1127-8), reconheceu a constitucionalidade deste dispositivo, excluindo de sua aplicação aos Juizados de Pequenas causas (como eram denominados os Juizados Especiais Cíveis e Criminais) e à Justiça do Trabalho e à Justiça de Paz, admitindo quanto a estes o jus postulandi.

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Com isto, em plena vigência e aplicação o artigo 791 da CLT que consagra o jus postulandi. Quanto ao exercício do jus postulandi nas instâncias trabalhista houve polêmica doutrinária e jurisprudencial sobre a interpretação do art. 791 e sua extensão ou não a todas as instâncias trabalhistas. Toda esta polêmica gerada em relação a extensão ou abrangência do Jus Postulandi na Justiça do Trabalho restou resolvida pela Súmula 425 do TST que assim dispõe: SUM- 425 JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE - Res. 165/2010, DEJT divulgado em 30.04.2010 e 03 e 04.05.2010 O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho. d) O Jus Postulandi e a Nova Competência da Justiça do Trabalho. Alguns doutrinadores, em artigos isolados, já se manifestam sobre o jus postulandi e a nova competência para outras relações de trabalho que não a empregatícia. O posicionamento que vem se firmando é no sentido de que a capacidade de postular em juízo contida na CLT refere-se exclusivamente ao empregado e empregador, não abrangendo o trabalho autônomo. 4.- Sucessão de Partes. a) parte autora. Ante a impossibilidade legal de cessão de direitos trabalhistas, a sucessão da parte autora ocorre com seu falecimento no curso da ação. Trata-se da habilitação incidental contemplada pelo artigo 1055/1062 do CPC. Contudo, no Processo do Trabalho, aplica-se o disposto na Lei 6.858/80, que dispõe no artigo1º - “Os valores devidos pelos empregadores aos empregados e os montantes das contas individuais do FGTS e do PIS/PASEP, não recebidos em vida pelos respectivos titulares, serão pagos, em cotas iguais, aos dependentes habilitados perante a Previdência Social ou na forma da legislação específica dos servidores civis e militares, e, na falta, aos sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará judicial, independentemente de inventário ou arrolamento.” Não há se falar, portanto, em habilitação mediante a simples juntada de certidão de óbito mais a de casamento ou nascimento,

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estas últimas de quem pretende se habilitar no processo, ou, ainda, em habilitação posterior, vale dizer, quando da liberação do crédito através de alvará, posto que não se terá a relação jurídica-processual correndo-se o risco da argüição de nulidade dos atos que forem praticados posteriormente a data da perda da capacidade da parte. b) parte ré Vigora no Direito e Processo do Trabalho o princípio da despersonalização do empregador (art. 10 e 448 da CLT). Em razão disto, a sucessão de empregadores pode ocorrer pelas formas tradicionais: “inter vivos ou causa mortis”. A morte de um dos sócios em nada afetará a representação em juízo da pessoa jurídica. Não há se falar em morte de pessoa jurídica e, sim extinção. Se a extinção não obedecer as formalidades legais, transforma-se em sociedade de fato e todos os sócios respondem pessoal e solidariamente pelos créditos trabalhistas. A morte da pessoa física – empregador – poderá ou não afetar e afetará quando não houver possibilidade de indicação de preposto pelos herdeiros. Acaso os herdeiros não providenciem na abertura do inventário, poderá fazê-lo o empregado. 5.- Do Litisconsórcio Trata-se de cumulação subjetiva (de sujeitos) numa mesma ação, podendo ser de autores (reclamantes); de réus (reclamados) e de ambos em cada pólo. Inexiste na CLT previsão que regre o litisconsórcio em geral, à exceção do litisconsórcio facultativo inicial no que respeita aos autores (art. 842 da CLT), impondo-se, nas demais hipóteses a aplicação supletiva do CPC, como autoriza o artigo 769, com sua devida adequação, compatibilização com regramento processual trabalhistas e seus princípios; bem como a orientação jurisprudencial do Enunciado da Súmula 331 do TST no que pertine à responsabilidade subsidiária. O artigo 46 do CPC traz os pressupostos para a sua configuração: Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: I.- entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;

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II.- os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito; III.- entre as causas houver conexão por objeto ou pela causa de pedir; IV.- ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito § único, O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta que recomeça da intimação da decisão. 5.1.- Quanto à posição no pólo da ação: a) ativo b) passivo c) misto Significa a possibilidade de coexistência de mais de um reclamante (litisconsórcio ativo); mais de um reclamado (litisconsórcio passivo) ou mais de um autor contra mais de um reclamado (litisconsórcio misto). 5.2.- Quanto ao momento da formação: a) inicial b)ulterior

Será inicial quando ocorrer no ajuizamento da ação e, será ulterior quando for postulado posteriormente ao ajuizamento. 5. 3.- Quanto a obrigatoriedade de sua formação: a) necessário b) facultativo O litisconsórcio será necessário na hipótese do inciso I do artigo 46 e será facultativo nas demais hipóteses contempladas nos incisos II, III e IV do citado artigo. O litisconsórcio necessário independe da manifestação de vontade das partes, para sua formação, uma vez que se funda na lei ou na natureza da relação jurídica e a sentença tem de ser rigorosamente igual para todos; enquanto que o facultativo depende da manifestação de vontade dos que se unem no pólo de uma mesma ação. 5.4.- Quanto aos efeitos da sentença será : a) unitário b) simples Será unitário quando o juiz tem de decidir de modo uniforme para todos os litisconsortes; simples, quando a sentença não guarda uniformidade para todos. 5.5.-NO PROCESSO DO TRABALHO.

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5.5.a – Partes Singulares Quando se tem apenas um autor e apenas um réu, em cada um dos pólos da relação processual. 5.5.b- Partes plúrimas = litisconsórcio. Quando se cumula subjetivamente, mais de uma parte num dos pólos ou em ambos os pólos, surge a figura do litisconsórcio, que pode ser ativo, passivo ou misto. No processo do trabalho, quando há cumulação de partes no pólo ativo, denomina-se reclamatória plúrima ou dissídio individual plúrimo. 5.5.c.- Litisconsórcio ativo facultativo = reclamatória plúrima = art. 842 da CLT. A CLT tem regramento próprio no que respeita aos requisitos necessários para que se forme o litisconsórcio ativo inicial. Art. 842 CLT: “sendo várias as reclamações e havendo identidade de matéria, poderão ser cumuladas num só processo, se se tratar de empregados da mesma empresa ou estabelecimento.” Requisitos: a) empregados de uma mesma empresa ou estabelecimento. b) identidade de matéria (mesma causa de pedir e mesmos pedidos). A CLT, no entanto, não dispõem acerca da quantidade de autores que pode constar do pólo ativo, diferentemente do CPC no § único do artigo 46: § único “o juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão.” O artigo 769 da CLT, quando omissa a legislação consolidada, autoriza a aplicação supletiva do CPC, desde que não se mostra incompatível com suas normas. A doutrina e jurisprudência revelam divergência quanto à aplicação da supletividade, neste particular. Bezerra Leite entende que apesar de alguns obstáculos, como a limitação de testemunhas por processo, a não limitação atende os princípios da economia e celeridade processual e, portanto, a limitação se mostraria incompatível com o processo do trabalho.

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5.5.d.- Litisconsórcio Passivo. O litisconsórcio passivo, em que pese inexistência de previsão legal na CLT, tem sido comum sua ocorrência nas hipóteses de: a) responsabilidade solidária; b) responsabilidade subsidiária. Ainda, quanto ao litisconsorte passivo, convém lembrar a OJ 310 da SDI-I do TST, quando orienta: - Litisconsortes. Procuradores distintos. Prazo em dobro. Art. 191 do CPC. Inaplicável ao processo do trabalho. A regra contida no artigo 191 do CPC é inaplicável ao processo do trabalho, em face de sua incompatibilidade com o princípio da celeridade inerente ao processo trabalhista.

Por igual é relevante a Súmula 128 do TST quando da condenação solidária (litisconsorte passivo) no que respeita ao depósito recursal – “DEPÓSITO RECURSAL. (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 139, 189 e 190 da SDI-1) - Res. 129/2005 - DJ 20.04.2005

I - É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer recurso. (ex-Súmula nº 128, redação dada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.03, que incorporou a OJ nº 139 - Inserida em 27.11.1998) II - Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito para recorrer de qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5º da CF/1988. Havendo, porém, elevação do valor do débito, exige-se a complementação da garantia do juízo. (ex-OJ nº 189 - Inserida em 08.11.2000) III - Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide. (ex-OJ nº 190 - Inserida em 08.11.2000)

A coerência da orientação sumulada reside no fato de que, em que pese unidos na mesma sorte, os interesses são divergentes (conflitantes) e nesta hipótese cada um terá que efetuar o depósito recursal, como partes autônomas, independentes. Como se observa, no processo do trabalho, o litisconsórcio passivo, de regra, ocorre por interesse da parte autora em estender a condenação a quem não figura como sujeito empregador na relação contratual (direito material), responsabilizando-o solidária ou subsidiariamente. Em sede de responsabilidade solidária, tem-se que a solidariedade não se presume, pois decorre da lei ou de ajuste contratual. Por certo, um tanto inviável encontrar pactos contratuais que prevejam responsabilidades de quem não figura como efetivo sujeito em empregador, razão porque, o que mais se constata decorre de previsão legal, como:

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- grupo econômico urbano e rural – o primeiro contemplado no artigo 2º, § 2º da CLT e o segundo no § 2º do art. 3º da lei 5889/73.

- Responsabilidade solidária da empresa tomadora, no caso de falência da prestadora em sede de trabalho temporário – art. 16 da Lei 6019/74 e 30 do decreto 73841/74.

- Do empreiteiro principal em relação aos contratos de trabalho mantidos com o subempreiteiro – art. 455 da CLT (muito embora, alguns doutrinadores, hoje, considerem como de responsabilidade subsidiária).

- Responsabilidade dos sócios, de forma solidária e ilimitada, nas hipóteses de irregularidade na formação e/ou na extinção do estabelecimento.

- retenção de desconto salarial e não repasse – lei 10820/03, art. § 1º do art. 5 e Decreto 4840/03, art. 7º;

- Em todas as hipóteses de fraude, máxime na sucessão de empregadores, quando se mostra possível responsabilizar o sucedido juntamente com o sucessor.

- Desconsideração da personalidade jurídica; No que respeita à responsabilidade subsidiária, tem-se a

construção jurisprudencial consubstanciada na Súmula 331 do TST, com nova redação em maio de 2011: SÚMULA Nº 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE. (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI) I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada. VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral.

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Na prática, a diferença substancial entre a responsabilidade solidária e a subsidiária, é a de que na primeira o exeqüente pode escolher contra qual direcionará a execução e na segunda terá que esgotar toda a execução contra o devedor principal para, após, direciona-la contra o subsidiário. Por fim, no que respeita à responsabilidade solidária, em sede de grupo econômico, convém lembrar o cancelamento da súmula 205 do TST que só autorizava a execução contra o devedor solidário desde que o mesmo figurasse no título executivo. Justifica-se o cancelamento, ante o entendimento de a solidariedade do grupo é de natureza econômica e não jurídica, sendo, por isso, desnecessário que as empresas integrantes do grupo, além do sujeito empregador, figure no pólo passivo da ação e de conseqüência do título executivo judicial. Neste particular a Jornada Nacional sobre Execução na Justiça do Trabalho ocorrida em novembro de 2010 em Cuiabá/MT aprovou inúmeros enunciados e que representa o pensamento dominante na magistratura trabalhista. Não tem o mesmo poder persuasivo das Súmulas e OJS, mas servem de argumento para defesa de teses. O Enunciado n. 3 assim dispõe: 3. EXECUÇÃO. GRUPO ECONÔMICO. Os integrantes do grupo econômico assumem a execução na fase em que se encontra. 6.- Princípios Processuais Direcionados às Partes: a) princípio da dualidade: significa dizer que a relação processual tem como pressuposto duas partes: autor e réu. b) princípio da isonomia – igualdade de oportunidades: significa que as partes devem receber tratamento igual. c) princípio do contraditório – ampla defesa: art. 5º, LV da CF/88. III.- Legitimação para propor ação – direito subjetivo público 1) ordinária = titular do direito material lesado exerce do direito subjetivo público da ação. É a situação que mais ocorre no processo. 2) extraordinária: inexiste a coincidência entre o titular do direito material lesado e o que exercita o direito de ação (busca em nome próprio direito alheio). ESPÉCIES: SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL.

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I.- antes da CF/88 = a) CLT 195, § 2 para insalubridade e periculosidade; b) ação de cumprimento, art. 872, § único; c) correções automáticas dos salários cf. Leis 6708/79, art. 3º, § 2º e Lei 7238/94, art. 3º, § 2º. II.- Após a CF/88 artigo 8º,III CF/88 – a) as mesmas hipóteses vigentes antes da CF/88; b) FGTS –Lei 8036/90 art. 25= depósitos devidos à conta do FGTS; c) Lei 8073/90, art.3º que permaneceu só com o mencionado artigo, com o seguinte teor: “as entidades sindicais poderão atuar como substitutos processuais dos integrantes da categoria”. Hoje, em face do cancelamento do Enunciado 310 do TST, volta-se à discussão, quanto à substituição processual por parte do sindicato, quanto a ser ampla e irrestrita. O entendimento dominante quanto a possibilidade de substituição processual é o de se admitir quando se tratar de direito individual homogêneo, vez que os transindividuais ou difusos são objeto da ação civil pública. O TST não tem admitido, portanto, substituição processual de apenas um empregado e, sim de uma coletividade de trabalhadores cujos direitos, em que pese individuais, se consubstanciem em homogêneos. Em recente decisão no TST, cujo relator foi o Min. Ives Gandra Martins Filho, em processo que o sindicato pretendia atuar como substituto processual de apenas um trabalhador, publicado no noticiário da Síntese-editora: A constituição atribuiu ao sindicato a defesa dos interesses dos trabalhadores. Todavia, ressalvou o relator, é taxativa quanto a limitar essa atuação à defesa dos direitos e interesses da coletividade dos trabalhadores, não sendo possível sua atuação que visa apenas os interesses isolados, ou seja, individuais, dos membros da categoria profissional ou de um empregado particularmente atingido por to lesivo do empregador. “O constituinte legitimou o sindicato para agir em prol do interesse de toda a categoria profissional (interesses coletivos) e de parte dela, atingida por ato concreto lesivo de origem comum (interesses individuais homogêneos)”, concluiu. Portanto, a substituição processual, pelo sindicato de classe, é possível quando se trata da defesa de direitos e interesses homogêneos dos membros da categoria profissional, atingidos pelo mesmo ato do empregador...” É de se ressaltar que, na substituição processual – tem-se o sindicato apenas como parte processual, legitimado, por lei, extraordinariamente ou de forma anômala, pois foge à regra geral do exercício do direito subjetivo público da ação pelo próprio titular do direito material lesado.

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Ainda, tem-se a atuação do MPT no exercício da Ação Civil Pública e Ação Civil Coletiva EM DEFESA DOS INTERESSES DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS – na instauração do dissídio coletivo por motivo de greve e na forma autorizada pelo artigo 793 da CLT para propor ação trabalhista de menor – se as hipóteses versam sobre Legitimação Extraordinária ou Legitimação Autônoma/Concorrente. A questão assume maior relevância quando se trata de – direitos individuais homogêneos -. Nelson Nery Junior citado por Bezerra Leite: “observa, com razão, que a dicotomia clássica legitimação ordinária-extraordinária só tem cabimento para explicação de fenômenos envolvendo direito individual, o que não corre quando a lei legitima alguma entidade a defender direito não individual (coletivo ou difuso), pois esta não estará defendendo direito alheio, em nome próprio, tendo em vista a impossibilidade de identificar o titular do direito material.” Disto resulta que a atuação do MPT como substituto processual ocorre na forma do artigo 793 da CLT em relação ao menor e não nos demais casos. No que pertine ao entendimento do que seja direito individual homogêneo, bem como do posicionamento dos Tribunais à respeito da substituição processual, transcreve-se as decisões proferidas pelo TST:

RR - 632/2002-055-03-00 Relator - GMABL DJ - 21/10/2005

I - RECURSO DE REVISTA. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. CABIMENTO. INTELIGÊNCIA DO INCISO III DO ARTIGO 8º DA CONSTITUIÇÃO. 1 - Cabe salientar ter sido cancelado o Enunciado nº 310 do TST, em acórdão da SBDI Plena do TST, a partir do qual firmou-se a jurisprudência de o artigo 8º, inciso III da Constituição ter contemplado autêntica substituição processual, não mais restrita às hipóteses previstas na CLT, abrangendo doravante interesses individuais homogêneos, interesses difusos e os coletivos em sentido estrito. 2 - Os interesses individuais homogêneos se apresentam como subespécie dos interesses transindividuais ou coletivos em sentido lato. São interesses referentes a um grupo de pessoas que transcendem o âmbito individual, embora não cheguem a constituir interesse público. 3 - Para a admissibilidade da tutela desses direitos ou interesses individuais, é imprescindível a caracterização da sua homogeneidade, isto é, sua dimensão coletiva deve prevalecer sobre a individual, caso contrário os direitos serão heterogêneos, ainda que tenham origem comum. 4 - Nessa categoria acha-se enquadrado o interesse defendido pelo sindicato-recorrido, de se proceder ao cancelamento da punição aplicada aos substituídos, pela participação em movimento paredista, tendo em vista a evidência de todos eles terem compartilhado prejuízos divisíveis, de origem comum. 5 - Com a superação do Enunciado 310 do TST e da nova jurisprudência consolidada nesta Corte, na esteira do posicionamento do STF de o inciso III do artigo 8º da Constituição ter contemplado autêntica hipótese de substituição processual generalizada, o alcance subjetivo dela não se restringe mais aos associados da entidade sindical, alcançando ao contrário todos os integrantes da categoria profissional. Recurso não conhecido. SUSPENSÃO DISCIPLINAR. O contexto fático revelado pela Corte de origem demonstra que foram preenchidos todos os requisitos exigidos pela Lei nº 7.783/89 para a deflagração do movimento paredista.

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Incide a Súmula 126 como óbice ao conhecimento do recurso de revista. Recurso não conhecido.

RR - 81930/2003-900-04-00 Relator - JCAPS

DJ - 21/10/2005

EMENTA: RECURSO DE REVISTA. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. REDUÇÃO DE JORNADA E SALÁRIO PACTUADA DIRETAMENTE COM OS EMPREGADOS. AÇÃO VERSANDO SOBRE DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. LEGITIMIDADE DO SINDICATO. Com o cancelamento da Súmula n.º 310 pela Resolução n.º 119/2003, passou a preponderar, no âmbito do TST, o entendimento de que o artigo 8.º, inciso III, da CF/1988 confere ao sindicato legitimidade para atuar na condição de substituto processual da categoria profissional, quando a demanda envolver interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum, segundo preconiza o artigo 81, inciso III, da Lei n.º 8.078/1990. Na hipótese do autos, é inelutável concluir que os direitos postulados são individuais homogêneos, haja vista que, a par de divisíveis e determinados, possuem origem comum, uma vez que são fruto da suposta alteração lesiva perpetrada pela reclamada nos contratos de trabalho de seus empregados (redução da jornada de trabalho e, por conseqüência, dos salários).Recurso de revista conhecido e provido.

Em decisão unânime, a Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho confirmou o direito do sindicato atuar como substituto processual da categoria a fim de assegurar o cumprimento de norma coletiva. O reconhecimento da prerrogativa resultou na concessão de recurso de revista ao Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Caxias do Sul e Região, que buscou em juízo o pagamento de horas extras a empregados da Caixa Econômica Federal (CEF).

“Se dúvida havia quanto à amplitude do instituto da substituição processual, tornaram-se insubsistentes ante o disposto no artigo 8º, inciso III, da Constituição Federal de 1988, que expressamente autoriza a atuação ampla das entidades sindicais representativas das categorias, dada a sua missão institucional de defesa dos direitos e interesses individuais e coletivos da categoria respectiva”, afirmou o Ministro Lélio Bentes Corrêa (relator) ao deferir o recurso sindical.

A determinação do TST reforma decisão tomada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (com jurisdição no Rio Grande do Sul). A ilegitimidade do sindicato para representar judicialmente contra a CEF foi declarada pelo TRT gaúcho, a exemplo do que foi feito, anteriormente, pela primeira instância (Vara do Trabalho).

O entendimento regional baseou-se no texto do antigo e atualmente extinto Enunciado 310 do TST, que estabelecia restrições para o sindicato atuar como substituto processual. Também foi sustentado que o art. 8º, III, da Constituição não garantiria a substituição ampla e irrestrita. Considerou-se, ainda, que a entidade não poderia substituir os trabalhadores para reivindicar horas extras, “que envolvem situações diferenciadas e particulares de cada empregado substituído”.

O exame do recurso no TST levou ao esclarecimento do alcance da substituição processual pelo sindicato. Conforme o relator, a jurisprudência atualizada – tanto no TST, quanto no Supremo Tribunal Federal – vem se firmando no sentido de reconhecer que o art. 8º, III, do texto constitucional assegura a substituição ampla, de toda a categoria, pela entidade sindical.

Nesse novo contexto, Lélio Bentes ressaltou, por fim, a inviabilidade da incidência do art. 872, parágrafo único, da CLT – que restringe a atuação do sindicato ao âmbito dos interesses

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apenas de seus associados. “Às normas infraconstitucionais não é dado dispor de forma contrária ao texto da Constituição nem tampouco impor restrições que a norma fundamental não estabeleceu”, concluiu.

(RR 121294/2004-900-04-00.4) III.- PROCURADORES III.1.- REPRESENTAÇÃO TÉCNICA DA PARTE: - advogado – procuração. Quanto à representação técnica da parte, por advogado, aplica-se o disposto nos artigos 37/40 do CPC. - não será admitido em juízo sem o instrumento de mandato. - excepcionalmente, para evitar decadência ou prescrição ou prática de atos reputados urgentes poderá intentar ação ou admitido a intervir no processo. O artigo 38 do CPC contempla em sua primeira parte a validade da procuração “ad judicia”, isto é, para a prática de atos do processo, sem a necessidade de reconhecimento de firma. Excetua, porém, a que contiver poderes especiais. - deve informar na inicial ou contestação o endereço em que receberá intimação e as posteriores mudanças, se houver. Disto resulta a presunção da validade da notificação remetida para o endereço constante dos autos. Mandato Tácito e Apud Acta. Entende-se como mandato tácito o que decorrer de atos praticados pelo advogado em nome da parte ou do seu comparecimento em audiência, embora sem instrumento de mandato. Já a procuração “apud acta”, antigamente era conferida em juízo mediante formulário impresso, preenchido pelo advogado e assinado pelo juiz. Não mais existindo o formulário, passou a ser realizada na própria ata, com o registro solene de sua presença e da outorga de poderes ad judicia. Em sendo a parte analfabeta, também tem se admitido o registro da outorga de poderes em ata de audiência. Alteração introduzida no § 3º do artigo 791 da CLT consagra o instituto da procuração “apud acta”:

Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.

§ 1º - Nos dissídios individuais os empregados e empregadores poderão fazer-se representar por intermédio do sindicato, advogado, solicitador, ou provisionado, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil.

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§ 2º - Nos dissídios coletivos é facultada aos interessados a assistência por advogado.

§ 3o A constituição de procurador com poderes para o foro em geral poderá ser efetivada, mediante simples registro em ata de audiência, a requerimento verbal do advogado interessado, com anuência da parte representada. (Incluído pela Lei nº 12.437, de 2011)

Entendo que mandato tácito não se confunde com procuração apud acta, pois o primeiro decorre da prática de atos processuais, inclusive o da própria audiência, como registro de seu comparecimento; enquanto que a procuração apud acta, como a denominação está a sugerir, consiste na outorga solene, mediante registro em ata de audiência, de poderes de representação da parte. SUM-164 PROCURAÇÃO. JUNTADA (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Súmula A-48 O não-cumprimento das determinações dos §§ 1º e 2º do art. 5º da Lei nº 8.906, de 04.07.1994 e do art. 37, parágrafo único, do Código de Processo Civil importa o não-conhecimento de recurso, por inexistente, exceto na hipótese de mandato tácito. SÚMULAS E OJS DO TST APLICÁVEIS: I - É inadmissível, em instância recursal, o oferecimento tardio de procuração, nos termos do art. 37 do CPC, ainda que mediante protesto por posterior juntada, já que a interposição de recurso não pode ser reputada ato urgente. (ex-OJ nº 311 da SBDI-1 - DJ 11.08.2003) II - Inadmissível na fase recursal a regularização da representação processual, na forma do art. 13 do CPC, cuja aplicação se restringe ao Juízo de 1º grau. (ex-OJ nº 149 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998)

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SUM-395 MANDATO E SUBSTABELECIMENTO. CONDIÇÕES DE VALIDADE (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 108, 312, 313 e 330 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - Válido é o instrumento de mandato com prazo determinado que contém cláusula estabelecendo a prevalência dos poderes para atuar até o final da demanda. (ex-OJ nº 312 da SBDI-1 - DJ 11.08.2003) II - Diante da existência de previsão, no mandato, fixando termo para sua juntada, o instrumento de mandato só tem validade se anexado ao processo dentro do aludido prazo. (ex-OJ nº 313 da SBDI-1 - DJ 11.08.2003) III - São válidos os atos praticados pelo substabelecido, ainda que não haja, no mandato, poderes expressos para substabelecer (art. 667, e parágrafos, do Código Civil de 2002). (ex-OJ nº 108 da SBDI-1 - inserida em 01.10.1997) IV - Configura-se a irregularidade de representação se o substabelecimento é anterior à outorga passada ao substabelecente. (ex-OJ nº 330 da SBDI-1 - DJ 09.12.2003) SÚMULA Nº 427. INTIMAÇÃO. PLURALIDADE DE ADVOGADOS. PUBLICAÇÃO EM NOME DE ADVOGADO DIVERSO DAQUELE EXPRESSAMENTE INDICADO. NULIDADE. Havendo pedido expresso de que as intimações e publicações sejam realizadas exclusivamente em nome de determinado advogado, a comunicação em nome de outro profissional constituído nos autos é nula, salvo se constatada a inexistência de prejuízo.

OJ-SDI1-7 ADVOGADO. ATUAÇÃO FORA DA SEÇÃO DA OAB ONDE O ADVOGADO ESTÁ INSCRITO. AUSÊNCIA DE COMUNICAÇÃO. (LEI Nº 4.215/1963, § 2º, ART. 56). INFRAÇÃO DISCIPLINAR. NÃO IMPORTA NULIDADE. (inserido dispositivo) - DJ 20.04.2005 A despeito da norma então prevista no artigo 56, § 2º, da Lei nº 4.215/63, a falta de comunicação do advogado à OAB para o exercício profissional em seção diversa daquela na qual tem inscrição não importa nulidade dos atos praticados, constituindo apenas infração disciplinar, que cabe àquela instituição analisar. OJ-SDI1-52 MANDATO. PROCURADOR DA UNIÃO, ESTADOS, MUNICÍPIOS E DISTRITO FEDERAL, SUAS AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS. DISPENSÁVEL A JUNTADA DE PROCURAÇÃO. (LEI Nº 9.469, DE 10 DE JULHO DE 1997). (inserido dispositivo e atualizada a legislação, DJ 20.04.2005) A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e fundações públicas, quando representadas em juízo, ativa e passivamente, por seus procuradores, estão dispensadas da juntada de instrumento de mandato. OJ-SDI1-75 SUBSTABELECIMENTO SEM O RECONHECIMENTO DE FIRMA DO SUBSTABELECENTE. INVÁLIDO (ANTERIOR À LEI Nº 8.952/1994). Inserida em 01.02.95 (inserido dispositivo, DJ 20.04.2005) Não produz efeitos jurídicos recurso subscrito por advogado com poderes conferidos em substabelecimento em que não consta o reconhecimento de firma do outorgante. Entendimento aplicável antes do advento da Lei nº 8.952/1994. OJ-SDI1-200 MANDATO TÁCITO. SUBSTABELECIMENTO INVÁLIDO. Inserida em 08.11.00 (inserido dispositivo, DJ 20.04.2005)

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É inválido o substabelecimento de advogado investido de mandato tácito. OJ-SDI1-255 MANDATO. CONTRATO SOCIAL. DESNECESSÁRIA A JUNTADA. Inserida em 13.03.02 O art. 12, VI, do CPC não determina a exibição dos estatutos da empresa em juízo como condição de validade do instrumento de mandato outorgado ao seu procurador, salvo se houver impugnação da parte contrária.

OJ-SDI1-318 REPRESENTAÇÃO IRREGULAR. AUTARQUIA. DJ 11.08.03 Os Estados e os Municípios não têm legitimidade para recorrer em nome das autarquias detentoras de personalidade jurídica própria, devendo ser representadas pelos procuradores que fazem parte de seus quadros ou por advogados constituídos. OJ-SDI1-319 REPRESENTAÇÃO REGULAR. ESTAGIÁRIO. HABILITAÇÃO POSTERIOR. DJ 11.08.03 Válidos são os atos praticados por estagiário se, entre o substabelecimento e a interposição do recurso, sobreveio a habilitação, do então estagiário, para atuar como advogado. III.2.- DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. A) Da Assistência Judiciária Do Empregado. O advogado, além de representar a parte que lhe contratou através de contrato de prestação de serviços, poderá representa-la na condição de assistente judiciário. Apesar da Constituição Federal dispor no inciso LXXIV do artigo 5º: “o Estado prestará assistência judiciária integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”, e, no artigo 134 que a mesma deverá ser prestada pela Defensoria Pública: “A Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa em todos os graúdos, dos necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV”, no processo do trabalho, na forma preconizada pelo artigo 14 e seguintes da Lei 5584/70, continua o entendimento de que referida assistência deva ser prestada pelo sindicato profissional da categoria a que pertence o trabalhador. Gabriel Saad realiza um estudo pormenorizado do instituto, mencionando a divergência doutrinária à respeito do monopólio sindical, filiando-se ao entendimento dominante de que o sindicato permanece com tal prerrogativa, desde que haja sindicato na localidade. Inexistente o sindicato, poderá ser designado como assistente advogado que não seja do sindicato. O autor registra que

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existe corrente contrária ao monopólio sindical, entendendo vigente a lei 1060/50, em que pese a lei 5584/70 seja posterior àquela. Sinala o autor que o juízo não pode deferir a assistência de ofício, devendo a mesma ser provocada pelo interessado; que as modificações ulteriores da legislação exigem somente a declaração, na petição inicial, pelo advogado, da situação de pobreza. Inicialmente, pelo § 2º do art.14 da Lei 5584/70 era exigido atestado de pobreza fornecido por autoridade do M. Trabalho ou Delegado de Polícia; que esta exigência foi superada pela lei 6654/79 que passou a exigir apenas a exibição da CTPS e, finalmente pela Lei 7.510/86 que estabelece apenas a simples afirmação, na própria petição inicial, da situação de pobreza, gerando presunção “juris tantum”. A assistência judiciária é a única hipótese que permite a sucumbência com respectivos honorários, na Justiça do Trabalho. Em recente decisão o TST negou a assistência judiciária ao fundamento de que não basta o trabalhador estar assistido pelo sindicato da categoria (juntando a correspondente credencial sindical), sendo indispensável alegação (afirmação) do estado de pobreza, de que não pode arcar com os custos do processo sem prejuízo do seu sustento e de sua família. Por certo, tal alegação admite o contraditório, podendo o reclamado impugnar e comprovar que a mesma é destituída de fundamento. SÚMULAS e ORIENTAÇÕES JURISPRUDENCIAIS (Ojs) DO TST APLICÁVEIS: SÚMULA Nº 219. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. HIPÓTESE DE CABIMENTO. (nova redação do item II e inserido o item III) I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios, nunca superiores a 15% (quinze por cento), não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte estar assistida por sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. (ex-Súmula nº 219 - Res. 14/1985, DJ 26.09.1985) II - É cabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em ação rescisória no processo trabalhista. III - São devidos os honorários advocatícios nas causas em que o ente sindical figure como substituto processual e nas lides que não derivem da relação de emprego. OJ da SDI-I n. 304 Honorários advocatícios. Assistência judiciária. Declaração de Pobreza. Comprovação. Atendidos os requisitos da Lei n. 5584/70 (art. 14,§ 2º) para a concessão da assistência judiciária, basta a simples afirmação do declarante ou de seu advogado, na petição inicial, para se considerar configurada a sua situação econômica. (art. 4º, § 1º da Lei 7510/86, que deu nova redação à lei 1060/50).

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OJ da SDI-I n.305 Honorários advocatícios. Requisitos. Justiça do Trabalho. Na Justiça do Trabalho, o deferimento de honorários advocatícios sujeita-se à constatação da ocorrência concomitante de dois requisitos: o benefício da justiça gratuita e a assistência por sindicato. Ainda, convém sinalar, que a assistência judiciária gratuita, aos moldes em que contemplada pela Lei 5584/70 importa na existência de credencial sindical que deverá ser juntada aos autos pelo respectivo advogado. O artigo 18 da citada lei contempla que a assistência judiciária prestada pelo sindicato profissional será prestada ao trabalhador ainda que não seja associado do sindicato. O artigo 16 do mesmo diploma prevê que os honorários pagos pelo vencido reverterão em favor do sindicato assistente, o que, sabidamente, na prática não ocorre, pois os sindicatos credenciam advogados particulares, não contratados permanentemente pelo sindicato, conferindo-lhes credencial pelos honorários de sucumbência. Em complemento e não incompatível com a referida lei, são a maioria dos dispositivos constantes da Lei 1060/50, em especial o disposto no artigo 3°: A assistência judiciária compreende as seguintes isenções: I.- das taxas judiciárias e dos selos; II.- dos emolumentos e custas devidos aos juízes, órgãos do Ministério Público e serventuários da Justiça. III.- das despesas com as publicações indispensáveis ao jornal encarregado da divulgação dos atos processuais; IV.- das indenizações devidas às testemunhas que,(....) V.- dos honorários de advogado e peritos. VI.- das despesas com a realização do exame de código genético (....) B) Da Assistência Judiciária do Empregador. Tivemos notícia de um trabalho de diplomação em graduação, que defendeu a tese da possibilidade da assistência judiciária gratuita ao reclamado, tendo sido aprovado com louvor; que neste trabalho o acadêmico colacionou preciosos argumentos e, inclusive, decisão de Tribunais do Trabalho em que houve a concessão do benefício. Se antes dúvida existia, hoje, com maior relevância o estudo, em face da ampliação da competência da Justiça do Trabalho.

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Mais uma vez Gabriel Saad (obra anterior à EC n. 45/04) não deixa o tema sem abordagem. Leciona: “É omissa a lei da assistência judiciária no tocante a incapacidade financeira de uma empresa (sobretudo a micro) em face das despesas de uma demanda judicial. Inobstante, tanto na doutrina como na jurisprudência, vem ganhando corpo o entendimento de que não se deve recusar tal benefício a uma pessoa jurídica que, efetivamente, não conte com reservas financeiras para cobrir as despesas processuais. Está a assistência judiciária vinculada ao princípio constitucional de acesso, de toda e qualquer pessoa, ao Judiciário. Negar-se a uma empresa o acesso à justiça só porque é pobre de recursos financeiros, constitui afronta àquele princípio constitucional”. A nosso sentir, o autor mistura gratuidade da justiça com assistência judiciária gratuita. A gratuidade da justiça isenta de despesas processuais, consagrando o princípio da gratuidade. Já a assistência judiciária é mais abrangente, pois além de conter a gratuidade da justiça é acrescida dos honorários de sucumbência devido ao assistente (no Processo do Trabalho, de regra, ao sindicato profissional e não ao advogado contratado pelo sindicato). SÚMULA Nº 219. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. HIPÓTESE DE CABIMENTO. (nova redação do item II e inserido o item III) I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios, nunca superiores a 15% (quinze por cento), não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte estar assistida por sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. (ex-Súmula nº 219 - Res. 14/1985, DJ 26.09.1985) II - É cabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em ação rescisória no processo trabalhista. III - São devidos os honorários advocatícios nas causas em que o ente sindical figure como substituto processual e nas lides que não derivem da relação de emprego. Como se observa não há como se confundir a gratuidade da justiça insculpida no § 3ºdo artigo 790 com a assistência judiciária gratuita. Convém lembrar que o Processo do Trabalho, tal como concebido, tem a proteção do trabalhador, hipossuficiente, como princípio norteador; não presume a hipossuficiência patronal. Se antes do alargamento da competência da Justiça do Trabalho já nos deparávamos, por vez, com a ação do hipossufiente contra o miserável (empregador pessoa física, muitas vezes o empregador doméstico), doravante, não saberemos mais como ficarão os posicionamentos a respeito do tema. A matéria é, no mínimo, polêmica.

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Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região Resultado da Consulta à Jurisprudência

1. Processo: Nº: 00410-2002-041-12-00-0

Ementa: JUSTIÇA GRATUITA. PESSOAS JURÍDICAS. O benefício da assistência judiciária gratuita, disciplinado pela Lei nº 5.584/70, combinada com a Lei nº 1.060/50, não se estende às pessoas jurídicas, pois reporta-se aos necessitados, que, segundo a lei, são aqueles cuja situação econômica não lhes permite pagar as custas do processo e os honorários do advogado sem prejuízo do sustento próprio ou da família.

Acórdão 10371/2003 - Juíza Ione Ramos - Publicado no DJ/SC em 27-10-2003, página: 194.

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3. Processo: Nº: 00827-2001-003-12-01-9

Ementa: ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. EMPREGADOR. PESSOA FÍSICA. IMPOSSIBILIDADE. Está pacificado em nossos Tribunais que, mesmo após o advento da Constituição Federal de 1988, o deferimento do benefício da assistência judiciária gratuita encontra-se adstrito ao atendimento dos requisitos previstos na Lei nº 5.584/70, a qual contempla apenas os trabalhadores. Ainda que assim não fosse, há de se referir que, nos termos do artigo 3º da Lei nº 1.060/50, não se encontra inserido dentre as isenções abrangidas pelo benefício o recolhimento do depósito recursal. No mesmo sentido é o texto do art. 4º, segundo o qual "a parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado".

Acórdão 12534/2002 - Juíza Gisele P. Alexandrino - Publicado no DJ/SC em 07-11-2002, página: 138.

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4. Processo: Nº: AI -TRT 000105/2001

Ementa: ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. EMPREGADOR. PESSOA NATURAL. É possível a concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita quando o empregador é pessoa natural.

Acórdão 4508/2001 - Juiz J. L. Moreira Cacciari - Publicado no DJ/SC em 10-05-2001, página: 109.

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5. Processo: Nº: RO -V 010279/2000

Ementa: ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. EMPREGADOR. DEFERIMENTO. Ressalvado o entendimento do Relator, a assistência judiciária gratuita é devida também ao empregador necessitado a fim de lhe garantir o acesso à Justiça, conforme previsto nos arts. 5º e 134 da Constituição da República.

Acórdão 3730/2001 - Juiz Telmo Joaquim Nunes - Publicado no DJ/SC em 25-04-2001, página: 258.

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IV.- DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

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A assistência judiciária gratuita analisada no item anterior pressupõe a existência de advogado com credencial sindical ou designação judicial de um assistente (advogado) para a parte. Além disto, a assistência judiciária gratuita engloba duas situações: a) a isenção de custas e demais despesas processuais (gratuidade da justiça) e b) honorários de sucumbência contemplados cujo percentual adotado é de no máximo 15% como contempla o artigo 11, § 1° da Lei 1060/50. A gratuidade da justiça vem contemplada no § 3° do artigo 790 da CLT: É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou declararem, sob as penas da lei, que não estão em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família. O Tribunal Superior do Trabalho, ratifica o entendimento que se extrai do texto legal, através da orientação jurisprudencial n. 269: OJ da SDI-I n. 269 Justiça Gratuita. Requerimento de isenção de despesas processuais. Momento Oportuno. O benefício da justiça gratuita pode ser requerido em qualquer tempo ou grau de jurisdição, desde que, na fase recursal, seja o requerimento formulado no prazo alusivo ao recurso. Em razão da possibilidade de ser requerido o benefício em qualquer instância, ocorrendo em fase recursal, resta prejudicado o primeiro juízo de admissibilidade no que respeita a deserção pelo não preparo atinente ao pagamento das custas. A parte requerente ficará sujeita a análise pelo órgão julgador “ad quem”, respeitado, em face da alegação de fato novo, ao princípio do contraditório, vez que a pretensão pode ser contrariada nas contra-razões recursais. Nesta hipótese a parte corre o risco de ver declarado deserto o recurso pelo juízo “ad quem”, sem possibilidade de reabertura ou concessão de novo prazo para o pagamento das custas; até porque não seria razoável que a parte se afirmasse pobre e por não preenchidos os pressupostos legais lhe fosse oportunizada nova chance.

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GRATUIDADE DA JUSTIÇA OU NÃO AO EMPREGADOR NECESSITADO. De outra parte, neste passo, mais uma vez surge o questionamento se a gratuidade da justiça, na Justiça do Trabalho, pode ser concedida ou não ao empregador. É de se observar que a Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, inciso LXXIV dispõe “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovem insuficiência de recurso.” O Artigo 134 da Carta Magna complementa, “A Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV.” A Lei Complementar n. 80 alterada pela Lei Complementar n. 132 de 07.10.2009, que rege a Defensoria Pública dispõe no artigo 1º “A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, assim considerados na forma do inciso LXXIV do artigo 5º da Constituição Federal.” O artigo 4 contém diversos incisos, dentre os quais se observa: I – prestar orientação jurídica e exercer defesa dos necessitados, em todos os graus; II – promover, prioritariamente, a solução extrajudicial dos litígios, visando à composição entre as pessoas em conflitos de interesses, por meio da mediação, conciliação, arbitragem e demais técnicas de composição e administração dos conflitos; V- exercer, mediante o recebimento dos autos com vista, a ampla defesa e o contraditório em favor de pessoas naturais e jurídicas, em processos administrativos e judiciais, perante todos os órgãos e em todas as instâncias, ordinárias ou extraordinárias, utilizando todas as medidas capazes de propiciar a adequada e efetiva defesa de seus interesses; VIII – exercer a defesa dos direitos e interesses individuais, difusos, coletivos e individuais homogêneos e dos direitos do consumidor, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da CF. X – promover a mais ampla defesa dos direitos fundamentais dos necessitados, abrangendo seus direitos individuais, coletivos, sociais, econômicos, culturais e ambientais, sendo admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela; Art. 20 Os defensores Públicos Federais de 2ª Categoria atuarão junto aos Juízos Federais, aos Juízos do Trabalho, às Juntas e aos Juízes Eleitorais, aos Juízes Militares, às Auditorias Militares, ao Tribunal Marítimo e às instâncias administrativas.” Art, 89

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I.- receber, inclusive quando necessário, mediante entrega dos autos com vista, intimação pessoal, em qualquer processo e grau de jurisdição ou instância administrativa, contando-se-lhes em dobro todos os prazos; Disto resulta, no nosso entendimento, que o sindicato não detém, na Justiça do Trabalho, o monopólio da Assistência Judiciária Gratuita. Entendemos que a legislação infraconstitucional e anterior a novel carta deve ser interpretada de acordo com a mesma. A assistência, pela CF/88, aos desamparados incumbe em primeiro lugar à Defensoria Pública, detendo o sindicato, em relação aos trabalhadores apenas uma legitimação concorrente; situação esta que também deveria ocorrer em relação à categoria econômica (inexiste lei expressa a este respeito. Apenas a regra geral contida na Lei 1060/50). Havendo omissão da Defensoria e não havendo sindicato profissional da categoria na localidade, a assistência poderá ser realizada através de advogado particular, por designação judicial preferindo-se o que for da escolha da parte, isto acaso a parte não queira se valer do Jus Postulandi. Aliás, nos mesmos termos em que A CF/88 não distingue ao mencionar “aos que comprovem...” se autor ou réu, se empregado ou empregador, a Lei 1060/50 dispõe nos artigos 1 e 2 que a assistência judiciária deverá ser conferida aos necessitados nacionais ou estrangeiros residentes no país, perante a Justiça penal, civil, militar ou do trabalho e que comprovem situação econômica que não lhe permita pagar custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou da família. O artigo 5º da referida lei prescreve quem poderá ser indicado como assistente e nota-se uma espécie de escala, em primeiro lugar serviço prestado pelo Estado, como a defensoria pública; em segundo lugar a indicação pela OAB através de suas seções estaduais ou subseções municipais e na inexistência destas a indicação pelo próprio juiz, dando-se preferência o advogado que o interessado indicar e que declare aceitar o encargo. Há que se compatibilizar a Lei 1060 com o processo do trabalho, na medida em que referida lei dispõe que o requerimento de assistência judiciária se processa em autos apartados e na Justiça do Trabalho ocorre nos próprios autos e, na mais das vezes, por simples requerimento quer na petição inicial ou na defesa.

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O Tribunal Superior do Trabalho tem interpretado e aplicado o artigo 14 da Lei 5584/70, como lei especial, na sua literalidade quando dispõe que “Na Justiça do Trabalho , a assistência judiciária a que se refere a lei 1060 de 05 de fevereiro de 1960, será prestada pelo Sindicato Profissional a que pertencer o trabalhador.” Com isto, não havendo sindicato profissional, em relação ao trabalhador, e, ainda, em relação ao empregador, há que se aplicar a lei 1060/50, privilegiando, assim, o monopólio sindical em relação ao trabalhador. Ao nosso ver cria-se uma situação de desigualdade em desfavor do trabalhador: a) Trabalhador: Defensoria Pública, na falta Sindicato Profissional, na falta advogado indicado pela OAB, na falta advogado particular de escolha da parte e que declare aceitar o encargo. b) Empregador: Defensoria Pública, na falta advogado indicado pela OAB, na falta advogado particular de sua escolha e que declare aceitar o encargo. Melhor seria que a lei facultasse e não impusesse, pois, no caso, o empregador leva vantagem ao ter opção de escolha, vez que o trabalhador terá que se sujeitar ao advogado que lhe oferecer o sindicato. V.- Da assistência Judiciária nas demais Relações de Trabalho.

Preconiza a Resolução 126 do TST – Instrução Normativa n. 27-, que se aplica o processo do trabalho nas demais relações de trabalho que vieram para a competência da Justiça do Trabalho por força da Emenda Constitucional n.45:

Art. 1º As ações ajuizadas na Justiça do Trabalho tramitarão pelo rito ordinário ou sumaríssimo, conforme previsto na Consolidação das Leis do Trabalho, excepcionando-se, apenas, as que, por disciplina legal expressa, estejam sujeitas a rito especial, tais como o Mandado de Segurança, Habeas Corpus, Habeas Data, Ação Rescisória, Ação Cautelar e Ação de Consignação em Pagamento.

Contudo, referida resolução excetua três situações aplicáveis somente às demais relações de trabalho:

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a) QUANTO ÀS CUSTAS: § 3º DO ART. 3°: Salvo nas lides decorrentes da relação de emprego, é aplicável o princípio da sucumbência recíproca, relativamente às custas.

b) QUANTO AOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA: Art. 5º Exceto nas lides decorrentes da relação de emprego, os honorários advocatícios são devidos pela mera sucumbência.

c) QUANTO AOS HONORÁRIOS PERICIAIS: Art. 6º Os honorários periciais serão suportados pela parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, salvo se beneficiária da justiça gratuita.

Parágrafo único. Faculta-se ao juiz, em relação à perícia, exigir depósito prévio dos honorários, ressalvadas as lides decorrentes da relação de emprego.

Com efeito, no que respeita a assistência judiciária gratuita nas demais relações de trabalho aplica-se supletivamente a Lei 1060, até porque a lei 5584/70 contempla a assistência aos empregados somente através do sindicato da categoria profissional. VI.- DEVERES DAS PARTES E PROCURADORES – Litigância de Má-fé Por omissão da CLT, aplica-se supletivamente, no processo de conhecimento, disposto nos artigos 14/18 do CPC e, na execução artigos 598/602 do mesmo diploma. Trata-se de questão tormentosa, máxime tendo em conta o pólo ativo – empregado – vez que, de regra representado tecnicamente, as pretensões deduzidas em juízo sofrem a triagem feita pelo advogado, devendo recusar pretensões temerárias. O artigo 7º, § 2º da Lei 8906/94 (estatuto da advocacia) prevê: “O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer.” O STF na ADIM 1.127-8 suspendeu a eficácia do termo “desacato”. Contudo a jurisprudência, não sumulada, vem se delineando no sentido de, por vezes, condenar o advogado solidariamente aos consectários da aplicação da pena de litigância de má-fé ao seu constituinte. Tramita no Congresso projeto de lei para regulamentar a litigância do má-fé no processo do trabalho que, por certo, terá uma regulamentação diferenciada.

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Bibliografia: - Oliveira, Francisco Antônio de – O Processo na Justiça do Trabalho – Editora Revista dos Tribunais – 1999 – 4ª Edição. - Giglio, Wagner de – Direito Processual do Trabalho – Editora Saraiva – 2000 – 11ª Edição. - Saad, Eduardo Gabriel (e outros) Direito Processual do Trabalho – Editora LTR – 2004 – 4ª Edição. - Saad,Eduardo Gabriel (e outros) –CLT Comentada – Editora LTR – 2004 – 37ª Edição. - Bezerra Leite, Carlos Henrique – Curso de Direito Processual do Trabalho – Editora LTR - 2003