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Abril Edição nº33 Distribuição a Nível Nacional com o Jornal Público. Encarte da responsabilidade de Página Exclusiva, Lda. Não pode ser vendido separadamente.
Outra escola é possívelPedagogia e Arquitetura - olhares cruzados
2 // Abr2019 // Ensino // Grupo Ribadouro
Integrar espaços, ensino e aprendizagem: rumo a uma escola que não podemos adiar
A Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Cató-
lica Portuguesa, através do seu Serviço de Apoio à Melhoria da
Educação (SAME), tem vindo a prestar consultoria científica às
escolas do Grupo Ribadouro desde há seis anos. O trabalho que
temos vindo a desenvolver com estas escolas, e que consiste,
essencialmente, no acompanhamento das suas dinâmicas de
autoavaliação e melhoria, permite-nos afirmar que estas são
organizações educativas que partilham de uma cultura de aus-
cultação, reflexão e ponderação, essenciais para uma tomada
de decisão empírica e teoricamente sustentada.
A vontade de melhorar a qualidade da ação educativa e, con-
sequentemente, das aprendizagens dos alunos, faz parte, por-
tanto, desta cultura organizacional que temos podido teste-
munhar e que tem levado à implementação de diversos pro-
gramas e projetos de melhoria contínua.
O projeto “ARQUITETURA AO SERVIÇO DA PEDAGOGIA” é, as-
sim, parte de uma estratégia mais ampla de desenvolvimento
organizacional que marca a identidade destas escolas. Com
elas temos vindo a trabalhar um conceito de inovação e mu-
dança holístico e integrado, que parte do pressuposto de que
as melhorias desejadas só podem ser atingidas através de
uma intervenção transversal e articulada, que resulte numa
ação concertada nos vários níveis e dimensões que fazem par-
te de uma organização escolar. Este pressuposto leva-nos a
considerar a (re)organização dos espaços e dos tempos de
aprendizagem como um dos fatores-chave para a melhoria do
ensino e da aprendizagem.
O nosso papel, enquanto amigo crítico neste projeto em par-
ticular, é o de orientar as escolas do Grupo Ribadouro, os seus
educadores e professores e as arquitetas que o abraçaram, ru-
mo a uma escola que já não podemos adiar, face à obsolescên-
cia e falência do modelo pedagógico e didático que ainda impe-
ra na maioria das escolas. Numa fase inicial, organizámos uma
visita a duas escolas de Barcelona que investiram na reorgani-
zação dos espaços para induzir a adoção de práticas educati-
vas mais eficazes. Foi uma visita inspiradora, que reforçou nas
escolas do Grupo Ribadouro a necessidade já identificada de
investir nesta área.
Sabemos que temos agora um importante desafio em mãos:
o de continuarmos a contribuir para que estas escolas prossi-
gam um caminho de inovação e melhoria sustentável que as-
senta, acima de tudo, na concertação de uma grande e comple-
xa diversidade de ações que possam conduzir a uma meta-
morfose positiva do ensino e das aprendizagens dos alunos,
das quais se destacam:
• uma maior integração dos espaços escolares, tornando-
-os mais abertos, mais flexíveis e passando da lógica de
organização da sala de aula enquanto ilha na qual habita
uma determinada turma por um determinado período de
tempo, para uma lógica de organização em arquipélago,
no qual os vários espaços (não só as tradicionais salas de
aulas) se encontram interligados, articulados e se cons-
tituem enquanto espaços comuns ao serviço das apren-
dizagens de todos e de cada um;
• uma maior integração entre a formação contínua dos docentes
e a sua ação pedagógica concreta, apostando em lógicas de
formação-ação, nas quais a teoria seja colocada ao serviço do
aperfeiçoamento das práticas e, por sua vez, a ação docente
seja levada para a formação, constituindo-se como o seu obje-
to central.
O que pretendemos é que a reorganização dos espaços escola-
res se constitua como um catalisador para uma consequente alte-
ração da gramática escolar, que passa por equacionar novos mo-
dos de agrupar os alunos, segundo matrizes flexíveis e mutáveis,
fazer um uso mais inteligente do tempo e dos espaços de instru-
ção, organizando-os para fazer com que os alunos aprendam
mais, criar novas formas de gestão curricular, mais inovadoras, in-
terativas, integradas e flexíveis, e criar mecanismos de diferencia-
ção pedagógica do trabalho escolar que permitam dotá-lo de
mais sentido, dando um outro sentido ao tempo da transmissão e
da construção do conhecimento.
Depoimento de Ilídia Cabral, Professora Auxiliar
da Faculdade de Educação e Psicologia
da Universidade Católica Portuguesa e coordenadora
do Serviço de Apoio à Melhoria da Educação (SAME)
Grupo Ribadouro: outra escola é possível
“O nosso papel, enquanto amigo crítico neste projeto em particular, é o de orientar as escolas do Grupo Ribadouro, os seus educadores e professores e as arquitetas que o
abraçaram, rumo a uma escola que já não podemos adiar, face à obsolescência e falência do modelo pedagógico e didático
que ainda impera na maioria das escolas”.
Grupo Ribadouro // Ensino // Abr2019 // 3
Externato Ribadouro: aliar a tradição à mudança
Perspetivar a escola do futuro demanda olhar atentamente
para o passado e refletir em torno do agora, sobretudo em
tempos de incerteza e de volatilidade de pensamento e ação,
que acompanham o presente século XXI.
A inovação surge recorrentemente em discursos oriundos
de diferentes áreas e a educação não permanece indiferente a
tal semente contemporânea. Não se trata, todavia, de criar uma
nova escola, porque há muito a mesma foi inventada, mas sim
de procurar uma outra escola, que amplie as oportunidades de
aprendizagem.
Nesse sentido, o Grupo Ribadouro tem procurado equilibrar a
convenção e a tradição (referências basilares) com os ventos
de mudança que sopram em múltiplas direções e tem feito um
esforço acrescido para repensar a sua organização e práticas,
com enfoque nas Pessoas, concebendo-lhes a possibilidade
de desenvolvimento dos seus projetos de vida. Assim sendo,
consideramos crucial munirmo-nos da arte da escutatória, im-
plicando todos os atores educativos: Lideranças, Professores,
Alunos, Assistentes operacionais e Famílias.
A equação para a reinvenção da escola passará, na nossa vi-
são e missão, pela ponderação entre os Espaços, a Pedagogia,
os Perfis do Aluno e do Professor e pela relação com a Comu-
nidade envolvente/Sociedade civil.
A humildade de ver ambientes de aprendizagem ditos inova-
dores conduziu-nos até à Catalunha, onde fervilha a mudança
e melhoria escolar a nível arquitetónico e pedagógico. Esta visi-
ta enquadrou-se num plano de melhoria e de autoavaliação
que o Ribadouro tem vindo a desenvolver, com a orientação e
supervisão da Prof. Drª Ilídia Cabral e do Prof. Drº Matias Alves,
da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católi-
ca Portuguesa. Os espaços são de facto uma preocupação, so-
bretudo para uma escola cujas paredes pertencem ao centro
histórico da cidade do Porto. É neste balanço entre o tradicio-
nalismo e a vanguarda que nos situamos, priorizando a multi-
dimensionalidade a que se deve associar uma sala de aula,
tendo em vista aprendizagens significativas e conducentes ao
treino de competências essenciais para enfrentar desafios
profissionais e pessoais futuros.
A aposta no desenvolvimento profissional dos professo-
res, mediante formação continuada e especializada (pós-
-graduações, mestrados e doutoramentos), denota a im-
portância que o Ribadouro atribui às estratégias de ensino e
aprendizagem, que devem acompanhar as novas exigências
e as características pessoais dos alunos, que crescem ace-
leradamente em pleno lufa lufa quodiano. Alunos criativos,
reflexivos, com capacidade para enfrentar o imprevisto, de
trabalharem de forma colaborativa e autores dos seus pro-
jetos devem ser acompanhados de professores que co-
mungam do mesmo espírito.
Numa altura em que tudo se pede à escola, o Ribadouro urge
pensar numa abertura da sua cultura organizacional à realida-
de envolvente, convocando as Famílias à participação em mo-
mentos de partilha, assim como outras entidades, numa lógica
de olhar para o Outro, recebendo contributos e permitindo a
disseminação do que o Outro considere levar enquanto boa
prática.
A metamorfose educacional que emerge não se consegue
travar e não permite a indiferença, pelo que não ambicionamos
uma revolução, mas comprometemo-nos com uma evolução
pensada, equilibrada e com responsabilidade partilhada, para
que o trabalho escolar jamais perca o seu sentido.
Direção Externato Ribadouro
“Alunos criativos, reflexivos, com capacidade para enfrentar o imprevisto, de trabalharem de forma colaborativa e autores dos seus projetos devem ser acompanhados de professores
que comungam do mesmo espírito”.
4 // Abr2019 // Ensino // Grupo Ribadouro
so-studio: a arquitetura aliada à pedagogia
O espaço escolar é um dos pilares no processo de construção de
conhecimento, impacta as práticas pedagógicas e é fundamental
pensar na sua adaptação face aos desafios que, desde já, uma vi-
são prospetiva permite antecipar.
E como pode a Arquitetura estar aliada à Pedagogia nesta evolu-
ção que se impõe?
Entendemos que, para encontrar respostas para estes desafios,
é necessário pensar a escola através da auscultação de todos os
diferentes atores que a constituem: a direção, os professores, os
alunos, os assistentes e as famílias. Dar-lhes voz significa, tam-
bém, responsabilizá-los pelo projeto escola, ir ao encontro dos
seus interesses, dos seus desejos, das suas necessidades atuais e
das suas expectativas para o futuro.
Assim, o Externato Ribadouro – em colaboração com o atelier de
arquitetura so-studio – organizou sessões de workshops em que
os participantes foram convidados a pensar o papel dos espaços
escolares, a pedagogia e a sua estrutura educativa, o perfil do alu-
no, o perfil do professor, e a relação da escola com a família e com a
comunidade, tendo como objetivo compreender todos os diferen-
tes pontos de vista sobre a evolução da escola.
A arquitetura escolar, enquanto instrumento do projeto pedagó-
gico, assume assim um papel essencial, devendo a evolução dos
espaços surgir do resultado deste processo de auscultação, pro-
cesso de compreensão de como o espaço pode despertar senti-
mentos, gerar ideias, promover a criatividade, gerar pensamento
crítico, criar impulsos no sentido da procura do conhecimento, mo-
tivar a aprendizagem, promover o encontro, a comunicação e a
partilha.
Depoimento de Arq. Sofia Passos Santos,
so-studio
“O Externato Ribadouro – em colaboração com o atelier de arquitetura so-studio – organizou sessões de workshops
em que os participantes foram convidados a pensar o papel dos espaços escolares, a pedagogia e a sua estrutura educativa, o perfil do aluno, o perfil do professor, e a relação
da escola com a família e com a comunidade”.
Grupo Ribadouro // Ensino // Abr2019 // 5
Externato Camões: o espaço escolar como território pedagógico
A escola está em processo de transformação. O seu objetivo já
não é a transmissão de conhecimento. Esse é quase totalmente
cumprido pelos media e pelas ferramentas digitais e tecnológicas
que se encontram disponíveis. O espaço escola tem de ser pensa-
do como um facilitador das práticas pedagógicas promotoras de
aprendizagens e competências de nível superior, inspiradoras,
desafiantes e criativas. Os estudos internacionais revelam que faz
falta um ensino que envolva os alunos em tarefas intelectualmen-
te desafiantes, significativas e pertinentes que os tornem capazes
de mobilizar o conhecimento para a resolução de problemas, que
tenham capacidade de pensar, decidir e agir de modo a que se
afirmem como pessoas e humanamente mais capazes.
Esta transformação exige uma mudança estrutural nos espa-
ços da escola. Todos eles devem ser pensados, adequados ao
perfil de aluno que se pretende desenvolver, promotores de com-
portamentos socialmente ativos e construtivos, nu-
ma visão holística do de-
senvolvimento do indivíduo. Pretende-se que a escola encerre
uma racionalidade educativa na forma como se organiza, num tra-
balho pensado, participado e permanentemente avaliado. Todos
os espaços da escola são pedagógicos. Os espaços intermediá-
rios entre o dentro e o fora do edifício escolar funcionam como
uma extensão da sala de aula, promovendo o enriquecimento
de olhares, sensações e perceções. O edifício escolar tem de
ser responsivo; deve estimular a formação, a construção de
conhecimento e promover a curiosidade. A arquitetura escolar
responsiva só é possível a partir da auscultação e interlocução
entre os sujeitos que habitam esse espaço.
Desta forma, o Externato Camões pretende envolver
os alunos no desenho de uma “nova escola”, começando,
num futuro próximo, por transformar as salas do 1º ciclo
e outros espaços pedagógicos, de forma a promover e
permitir práticas pedagógicas inovadoras, de qualidade
estruturante, transformadoras, desenvolvendo com-
petências académicas, pessoais e sociais que con-
substanciem o perfil do aluno à saída da escolaridade
obrigatória e as competências para o sec. XXI. Este
projeto, denominado “A ARQUITETURA AO SERVIÇO
DA PEDAGOGIA”, orientado pela arquiteta Rita Rodrigues, será
um processo participado entre elementos da comunidade
educativa (pais, alunos, professores, entre outros) e já iniciou
com a dinamização de painéis de discussão focalizada para
compreender as perceções dos vários públicos sobre a melhor
forma de aprender, de fazer aprender e sobre a influência dos
espaços na atividade pedagógica.
A recolha destas sensibilidades definirá a segunda fase deste
projeto, em que representantes dos vários setores da comunida-
de educativa terão oportunidade de redesenhar os espaços a in-
tervencionar, de acordo com os seus desejos e as suas convic-
ções, através da construção de maquetas para planeamento e
transformação dos espaços existentes. Da explosão de ideias de-
fendidas pelos diferentes públicos nascerão várias perspetivas
sobre o espaço escolar que a arquitetura terá em conta para que a
escola se transforme num território de aprendizagem que corres-
ponda às expectativas e às necessidades dos que nela habitam.
“All fine architectural values are human values, else not valua-
ble”, lembrava Frank Lloyd Wright.
Direção Externato Camões
rar.studio: arquitetura, pedagogia e comunidade escolar
O rar.studio é a equipa responsável pelo processo de aproxima-
ção entre as novas metodologias pedagógicas e o espaço físico da
escola, no Externato Camões.
A reformulação do equipamento escolar na sua dimensão
espacial comporta, necessariamente, um olhar crítico e funda-
mentado sobre o histórico de transformações e adaptações
que esta tipologia arquitetónica comporta. Seja pela força de
um contexto ou pela correlação com a pedagogia, a história da
arquitetura da tipologia escolar revela uma profícua e diversa
produção de abordagens, modelos, e de edifícios
singulares. O papel do rar.studio no Externato
Camões é o da investigação, produção e imple-
mentação de uma multiplicidade de soluções,
alterações, adaptações e dispositivos que pos-
sam servir os desígnios da escola e da pedagogia
atuais. Mas, igual e primordialmente, de soluções que possam
servir uma comunidade singular: a Comunidade do Externato
Camões. As transformações deverão surgir, então, como re-
sultado de um processo de auscultação e colaboração com a
comunidade escolar funcionando, simultaneamente, como
mote para um trabalho conjunto de reflexão entre a direção, os
professores, os alunos, os assistentes, as famílias e os arqui-
tetos.
Depoimento da Arq. Rita Aguiar Rodrigues, rar.studio
“Todos os espaços da escola são pedagógicos. Os espaços intermediários entre o dentro e o fora do
edifício escolar funcionam como uma extensão da sala de aula.”
“O papel do rar.studio no Externato Camões é o da investigação, produção e implementação de uma multiplicidade de soluções,
alterações, adaptações e dispositivos que possam servir os desígnios da escola e da pedagogia atuais. Mas, igual e primordialmente, de soluções que possam servir uma
comunidade singular: a Comunidade do Externato Camões”.
EnsinoTema de Capa: Grupo Ribadouro .......................................................2Colégio CCG ..........................................................................................7Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa ......10Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra ..................12Departamento de Ciências Médicas da Universidade de Aveiro......14Coimbra Business School | ISCAC...................................................16Departamento de Física da Universidade de Coimbra .................18
InvestigaçãoDepartamento de Física da Universidade de Coimbra – LIBPhys-UC e CFisUC .................................................19Departamento de Física da Universidade de Coimbra – LIP-Coimbra ................................................................20ISEP – GECAD .....................................................................................21Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra ............................................................22Centro de Matemática, Aplicações Fundamentais e Investigação Operacional da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa ................................................................24Centro de Investigação Interdisciplinar em Sanidade Animal .....26
SaúdeOpinião – António Araújo ..................................................................29Associação de Apoio ao Serviço de Cuidados Intensivos do Centro Hospitalar Universitário do Porto ...................................30APNEP – Associação Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica .......................................................................31APNEP – ASCI .....................................................................................32Sociedade Portuguesa de Doenças Metabólicas...........................34Sociedade Portuguesa de Patologia Clínica ...................................36Encontros da Primavera 2019 .........................................................37Grupo Germano de Sousa.................................................................38Gastroenterologia – Professor Doutor José Cotter ........................40Cirurgia Plástica – Dr. António Conde .............................................42Unidade de Hiperidrose e Rubor Facial ..........................................44
Propriedade: Página Exclusiva – Publicações Periódicas, Lda • Telefones: 22 502 39 07 / 22 502 39 09 • Fax: 22 502 39 08 • Site: www.perspetivas.pt Email: [email protected] • Gestores de Processos Jornalísticos: José Ferreira e Nuno Sintrão • Periodicidade: Mensal Distribuição: Gratuita com o Jornal “Público” • Depósito Legal: 408479/16 • Preço Unitário: 4€ / Assinatura Anual: 44€ (11 números)
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Colégio CCG // Ensino // Abr2019 // 7
10 anos a educarcom valor
ATENTA À NECESSIDADE DE PREPARAR AS CRIANÇAS DE HOJE PARA OS GRANDES DESAFIOS DO AMANHÃ, A
FUNDADORA E DIRETORA GERAL DO COLÉGIO CCG, ELISA ALMEIDA, APRESENTA-NOS O AMBICIOSO
PROJETO EDUCATIVO DE UMA INSTITUIÇÃO ÍMPAR.
O Colégio CCG nasceu no ano de 2008 (sob o nome Colégio
Central de Gueifães) com as valências de creche e de educação
pré-escolar. Dando cumprimento à sua vocação de escola es-
pecializada na faixa etária 0-12, direcionada para a construção
de uma educação de base sólida e multifacetada, no ano se-
guinte arrancou o 1º ciclo. Mais tarde, com a ampliação das ins-
talações e a alteração de designação para CCG, surge o 2º ciclo
que fecha a oferta formativa do Colégio, numa altura em que os
nossos alunos estão a entrar na adolescência.
Quando pensamos na história deste Colégio, percebemos
que o projeto de base foi sempre evoluindo, assim como as ins-
talações construídas de raiz foram sendo alvo de um “restyling”
permanente, mas os valores que o alicerçavam mantêm-se co-
mo um porto seguro. A segurança, a afetividade e a responsabi-
lidade continuam a ser a pedra de toque de todo o trabalho rea-
lizado no CCG, assim como alguns traços que estão associados
ao “Ser CCG”: a atenção aos pormenores, o brio, o rigor e a pro-
ximidade com que acolhemos cada criança e cada família.
Uma década de sucessoA celebração da primeira década de existência do CCG foi certa-
mente inesquecível para toda a comunidade educativa. Os eventos
sucederam-se e culminaram, no mês de setembro de 2018, com
uma Festa memorável: um dia inteiro dedicado às famílias que nos
escolheram para a educação dos seus filhos, repleto de atividades
para todas as idades. Nesse dia, fizemos o lançamento do livro Co-
légio CCG – 10 Anos de uma Educação com Valor, tendo-se ainda
assinalado a efeméride com a atribuição de prémios aos alunos
que estavam há 10 anos no Colégio.
Foi também um momento para recordar todos os colabora-
dores que estiveram ao meu lado, em momentos exigentes co-
mo foram, especialmente, os do arranque do Colégio em 2008
e, por isso, também houve lugar à entrega de prémios para os
colaboradores mais antigos. E como manter o sucesso é ainda
mais difícil do que alcançá-lo, 2018 foi também, simbolicamen-
te, o ano em que reconhecemos o decisivo contributo de todos
aqueles que aqui trabalham e que, sendo 100% CCG nas variadas
funções que desempenham, assumem o compromisso diário
de construir uma verdadeira educação com valor. Por isso, os
habituais prémios de mérito e de assiduidade foram atribuídos
A segurança, a afetividade e a responsabilidade continuam a ser a pedra de toque de todo o trabalho realizado no CCG,
assim como alguns traços que estão associados ao “Ser CCG”: a atenção aos pormenores, o brio, o rigor e a proximidade com
que acolhemos cada criança e cada família.
8 // Abr2019 // Ensino // Colégio CCG
em dobro e dinamizado um conjunto de ações que proporcio-
naram ainda melhores condições de trabalho e, acreditamos,
maior felicidade a todos os que aqui trabalham.
Em jeito de balanço, posso afirmar que somos o que sempre
ambicionamos: uma Grande Escola de pequena dimensão e o
CCG assume-se hoje, pela qualidade dos serviços que presta e
pelas ofertas educativas que disponibiliza, como uma referên-
cia no panorama educativo, muito além da cidade da Maia.
Um projeto educativo para a vidaA dimensão do CCG permitiu desde sempre construir um cur-
rículo que, por um lado, padronizasse um conjunto de saberes
considerados fundamentais para uma verdadeira educação de
base – é o que hoje se designa por “aprendizagens essenciais”
e que, por outro lado, permitisse ajustar o currículo às idiossin-
crasias de cada criança. Numa altura em que tanto se valoriza a
autonomia que o decreto-lei nº 55/2018 trouxe às escolas para
a construção da sua autonomia pedagógica, num Colégio com o
perfil do CCG, o impacto desta medida não foi assim tão signifi-
cativo. Certamente que torna tudo, em termos práticos, mais
fluído, mas a oferta do Colégio sempre proporcionou a todas as
crianças o que nos parecia essencial para a aquisição da multi-
plicidade de saberes e de experiências que são necessárias na
formação de base de cada indivíduo.
Embora parecendo extracurricular, porque fora do currículo,
as nossas crianças já tinham Inglês a partir dos 3 anos, aulas de
Conversation Classes com professor nativo, Oficina de Ciências,
de Motricidade, de Escrita, de Cálculo, Laboratório de Números e
Letras, Orquestra Orff ou Novas Tecnologias, entre outras ativi-
dades. Tim Oates, um nome de referência na área da educação,
sublinha a importância da coerência do currículo em articulação
com os recursos materiais e com a metodologia de trabalho e é,
sem dúvida, neste pressuposto que o Colégio CCG tem realiza-
do as suas opções educativas.
Projeto BYTEO Colégio CCG vive atualmente uma fase de amadurecimento.
Fruto do trabalho realizado ao longo dos anos, das várias inicia-
tivas que fomos levando à prática, da reflexão sobre os resulta-
dos obtidos, temos agora uma ideia mais clara do caminho que
queremos seguir e do que temos para oferecer às famílias que
nos procuram. É neste contexto que vamos lançar, no próximo
ano letivo, o Projeto BYTE – Build Your Technological Element.
A comunicação, a inteligência emocional, o espírito crítico, a capacidade de trabalhar em equipa e a plasticidade intelectual
serão pré-requisitos para os cidadãos do Amanhã e o CCG promove condições para que o seu desenvolvimento aconteça
desde o nascimento.
Colégio CCG // Ensino // Abr2019 // 9
Transversal a todas as valências do Colégio, mas com foco nos
anos que constituem o arranque da escolaridade básica, o pro-
jeto BYTE assenta numa metodologia de trabalho de projeto
colaborativo.
A par dos smartboards de última geração, conectados a dis-
positivos móveis com software pedagógico, da escola virtual e
dos computadores portáteis, os alunos passarão a usar regu-
larmente, em contexto de sala de aula, tablets e manuais digi-
tais. Passarão a ter no seu currículo uma disciplina designada
Projeto BYTE que se desenvolverá num espaço marcadamente
tecnológico (o Espaço BYTE) e que irá potenciar um trabalho di-
ferente, na medida em que os alunos irão, em pequenos grupos,
desenvolver projetos que têm em conta os seus interesses e
necessidades e cuja concretização resulta da sua ação, da sua
participação cooperativa e da sua agilidade comunicativa.
Todavia, temos a consciência de que, numa sociedade que
tende a ser cada vez mais tecnológica, são os valores humanos
que lhe podem dar sustentabilidade e trazer o equilíbrio tão ne-
cessário entre os avanços tecnológicos e o seu uso em prol do
bem-estar dos seres humanos. Por isso, os valores do brio, do
trabalho, da autoexigência, da solidariedade e do respeito por si
próprio como pessoa e pelo outro são as pedras basilares para
a construção de um Futuro que terá de os habilitar com compe-
tências que conciliem uma Formação Tecnológica com uma
vertente Humanista.
Há pouco, por exemplo, li um artigo em que um diretor de Re-
cursos Humanos da Samsung dizia que, numa primeira fase de
recrutamento, são avaliadas as “skills” mas, numa etapa final, o
elemento diferenciador eram as “soft skills”. Conscientes deste
facto, entendemos que características como a comunicação, a
inteligência emocional, o espírito crítico, a capacidade de traba-
lhar em equipa e a plasticidade intelectual serão, na nossa opi-
nião, pré-requisitos para os cidadãos do Amanhã e o CCG pre-
tende ser um espaço que promove condições para que o seu
desenvolvimento aconteça logo desde o nascimento. Estamos
a falar de competências que se situam mais no domínio do Ser,
na esfera do comportamental, que tendem a desenvolver-se
pela exercitação.
Por isso, é tão importante adquirir bons hábitos precoce-
mente na nossa vida, sendo que o autoconhecimento irá poten-
ciar uma melhoria contínua na evolução de cada criança como
pessoa e marcar no futuro, sem dúvida, toda a diferença num
mundo do trabalho cada vez mais competitivo. É neste contex-
to que irá surgir, a partir de setembro, no plano curricular de to-
dos os alunos, uma disciplina nova chamada Mindfulness, que
conjuga emoções, consciência e foco com equilíbrio, bem-estar
e positividade.
Pensar a Escola do futuroJulgo que já próximos do final da segunda década do século
XXI, os pais e a sociedade em geral têm consciência de que as
crianças nascidas nesta sociedade do conhecimento têm de ser
educadas e ensinadas para o Futuro, num paradigma de uma
escola diferente, que tem de ser mais apelativa, mais desafia-
dora e mais acolhedora. A dificuldade está, como em todos os
projetos, em operacionalizar os nossos objetivos e, por isso,
estamos sensíveis à necessidade imperiosa de monitorizar to-
do o trabalho que iremos desenvolver e de sermos humildes e
flexíveis para introduzir as alterações que se manifestem ne-
cessárias.
Contudo, as crianças não são cobaias e é, por isso, fundamental
que uma escola mobilize todos os profissionais de educação e to-
da a informação de que dispõe para refletir sobre estes desafios
antes de implementar qualquer plano de ação. No caso concreto
do Projeto BYTE, os encarregados de educação mostraram con-
fiança no projeto que lhes apresentamos e estão empenhados em
dar o seu contributo para mudarmos o paradigma da formação dos
educandos e construirmos, juntos, uma escola muito diferente da-
quela que tiveram enquanto alunos.
Os pais e a sociedade em geral têm consciência de que as crianças nascidas nesta sociedade do conhecimento têm de ser educadas e ensinadas para o Futuro, num paradigma de uma escola diferente, que tem de ser mais apelativa, mais
desafiadora e mais acolhedora.
10 // Abr2019 // Ensino // Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa
FMH-ULisboa gera carreiras de sucesso
A FORMAÇÃO E A INVESTIGAÇÃO NA FMH–ULISBOA TEM GERADO PERCURSOS
PROFISSIONAIS DE EXCELÊNCIA COM RECONHECIDO IMPACTO SOCIAL.
.
“A Faculdade de Motricidade Humana está compro-
metida com a participação e o sucesso dos alunos e
com a influência na sociedade através da otimização
dos recursos humanos e do desenvolvimento do co-
nhecimento nas áreas da Educação, das Ciências So-
ciais, das Humanidades, do Desporto e da Saúde. De-
dica-se à formação graduada e pós-graduada espe-
cializada em Ciências do Desporto, Gestão do Des-
porto, Dança, Ergonomia e Reabil itação Psicomotora,
centrada no desenvolvimento de competências e co-
nhecimentos relevantes na formação de estudantes
conhecedores, competentes, íntegros, resil ientes e
influentes na sociedade.
Adota uma visão de sustentabil idade e aperfeiçoa-
mento permanente da excelência do ensino e da in-
vestigação, com reputação nacional e internacional.
Na sua identidade destaca-se uma longa história de
sucesso de formação de professores de Educação Fí-
sica, Treinadores, Psicomotricistas, Ergonomistas e
Fisiologistas do Exercício com abertura para a troca
de ideias, a l iberdade de expressão, o espírito solidá-
rio, a iniciativa empreendedora e a criação de novas
ofertas formativas para se dar resposta às necessi-
dades emergentes da sociedade. É uma identidade
também liderante nas suas áreas de atuação com um
corpo docente muito qualificado, empenhado no de-
senvolvimento pessoal dos alunos e na investigação.
São inúmeros os exemplos de profissionais de exce-
lência que obtiveram a educação na Faculdade de Mo-
tricidade Humana, trabalhando em Portugal ou no es-
trangeiro. O mesmo se passa no âmbito da investiga-
ção, em que alguns investigadores têm influenciado a
área de especialização no plano internacional. Uma
especial referência também para os programas junto
da comunidade com caraterísticas inovadoras envol-
vendo docentes, investigadores e alunos, contribuin-
do para uma apropriada integração da universidade
na sociedade e na resolução de algumas das suas ne-
cessidades e também ajudando os alunos a estarem
mais bem preparados para os desafios e para as
oportunidades atuais e do futuro.”
Luís Bettencourt Sardinha
Pós-graduado em High Performance Football Coaching, atualmente Treinador Adjunto na Seleção Nacional da Colômbia.
“A FMH–ULisboa é, obviamente, uma referência
nacional na área de estudo de Ciências do Desporto
e do Treino Desportivo e apesar de não ter tido a
oportunidade de ter sido aluno de l icenciatura ou de
mestrado sempre tive a ambição de frequentar um
ciclo de estudos na faculdade.
To m e i c o n h ec i m e n to d a p ó s - g ra d u a çã o H i g h
Pe rfo rm a n c e Fo o t b a l l Co a c h i n g , a travé s d e u m
a m i g o q u e freq u e n tava o c u r so d e m e stra d o e m
Tre i n o D e s p o rt i vo . O p te i p o r freq u e n t a r e st a p ó s -
- g ra d u a çã o p o r u m a co m b i n a çã o d e fa to re s : u m
p ro g ra m a d e e st u d o s b a sta n te co m p le to , co m
u m a co b e rt u ra a b ra n g e n te d e á rea s d i sc i p l i n a re s
q u e co n t ri b u e m p a ra u m e s tu d o s i ste m á t i co e s i s -
té m i co d o fu te b o l ; u m co rp o d o ce n te co n st i t u í d o
co m u m i m p o rta n te eq u i l í b ri o e n t re re p u t a çã o
a ca d é m i ca e exp e ri ê n c i a p ro fi s s i o n a l ; a o p o rt u n i -
d a d e d e i n teg ra r u m g ru p o d e a l u n o s m u lt i c u lt u ra l
e co m u m ca p i ta l d e exp e ri ê n c i a s q u e p o d e ri a re -
p re se n t a r “ u m c u r so d e n t ro d o c u r so ” ; o fa c to d e
o c u r so d eco rre r n a s d a t a s i n te rn a c i o n a i s F I FA e ,
p o r i s so , s e r p o s s í ve l co n j u g a r co m a a t i v i d a d e
p ro fi s s i o n a l n u m c l u b e . O bv i a m e n te q u e , p e rce b e r
q u e o c u r so se ri a co o rd e n a d o p e lo J o sé M o u ri n h o
e p e lo P ro f . A n tó n i o Ve lo so ( q u e j á co n h ec i a e co m
q u e m j á t i n h a co o p e ra d o n o u tro s p ro j e to s ) re fo r -
ço u a s u a c red i b i l i d a d e e a n tec i p o u o q u e m a i s p u -
d e co n fi rm a r : q u e o c u r so e ra u m a exce le n te o p o r -
t u n i d a d e d e d e se nvo lv i m e n to p ro fi s s i o n a l e p e s -
so a l .
A dinâmica imposta pelo curso, quer através da
mestria dos docentes, das atividades letivas ou
através da parti lha entre colegas, constituiu ao lon-
go da duração do curso importantes momentos de
reflexão e/ou questionamento sobre a prática pro-
fissional que de outro modo seria difíci l uma vez
imersos no ritmo desenfreado da vida de treinador
de futebol. A abertura e o grau de sofisticação com
que se debateram os temas mais pertinentes que
enfrentamos na prática profissional foram fatores
que aceleraram o meu desenvolvimento enquanto
treinador. A rede de contatos que se estabeleceu
com os colegas e com os docentes é, ainda hoje,
uma forte contribuição para o meu desenvolvimento
profissional. A plataforma on-line na qual os con-
teúdos do curso foram (e continuam a ser) disponi-
bil izados é uma mais-valia muito significativa e uma
oportunidade de termos acesso a conteúdos de ex-
celência que constituem uma ferramenta de forma-
ção contínua.”
Hugo Pereira
Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa // Ensino // Abr2019 // 11
Licenciado em Ciências do Desporto, atualmente a realizar o Doutoramento e a lecionar na Universidade de Edith Cowan (Austrália)
“Licenciei-me em 2014 em Ciências do Desporto na
FMH–ULisboa e atualmente estou a completar um douto-
ramento e a lecionar na Universidade de Edith Cowan, na
Austrália. Durante a minha licenciatura na FMH–ULisboa
fui me apercebendo que ali, na Cruz Quebrada, estava a
desfrutar de uma maravilhosa rampa de lançamento. En-
tão atirei-me de cabeça.
Tinha 17 anos quando fomos recebidos num ambiente de ab-
soluta integração: “Bem-vindos à melhor faculdade do mundo”.
Impossível discutir tal veracidade, mas de uma coisa tenho a
certeza: tornar-me motricitário foi a melhor decisão que pode-
ria ter feito. Um ambiente acolhedor, com uma localização privi-
legiada que fomenta a união e o sentimento de familiaridade.
O que me conduziu primariamente à escolha da FMH–ULisboa
foi o facto de saber que queria seguir o ramo académico e con-
tribuir para a nossa área através da investigação científica na
área do exercício físico. A FMH–ULisboa é um centro de excelên-
cia para a produção de conhecimento na área da motricidade
humana. E eu queria fazer isso por Portugal e pelo mundo fora. A
FMH–ULisboa possibilitou-me isso mesmo.
Hoje, enquanto ex-aluno, valorizo a proximidade e o carác-
ter saudável da relação docente-discente na FMH–ULisboa,
que na altura me possibilitou colaborar em projetos de inves-
tigação e descobrir o meu bichinho científico. Valorizo tam-
bém as suas relações internacionais estreitas, que me possi-
bilitaram estudar em Inglaterra um ano (ERASMUS), abraçar
um projeto de investigação (também em Inglaterra) no final
da minha licenciatura e agarrar um mestrado na área da Fi-
siologia do Exercício numa universidade bastante conceitua-
da na Finlândia. Hoje em dia, é importante não nos limitarmos
a um percurso curricular standard. A FMH–ULisboa mostra as
portas. Basta abrir, sorrir e descobrir.
Atualmente continuo ligado à FMH–ULisboa, através da
colaboração de projetos de investigação à distância. Cada vez
que regresso a Lisboa, passo pela Cruz Quebrada para reviver
emoções motricitárias e abraçar aqueles que estão longe,
mas perto.”
Ricardo Mesquita
Licenciada em Educação Especial e Reabilitação, Mestre em Reabilitação Psicomotora, atualmente a frequentar o Doutoramento em Motricidade Humana, na especialização de Reabilitação.
“A escolha de realizar o meu doutoramento na
FMH–ULisboa foi uma escolha natural . É aqui que
tenho as maiores referências académicas e con-
fio nesta instituição e nas pessoas que dela fa-
zem parte. Além disso sabia que aqui continuava
a ter junto de mim pessoas que falavam a minha
l inguagem.
Esta é, sem dúvida, uma Faculdade de referên-
cia a nível nacional e internacional nas suas áreas
de estudo e tem feito uma evolução e percurso
notáveis na investigação nos últimos anos.
A minha experiência no seio da FMH iniciou em 1996
com a Licenciatura e agora decidi voltar para fazer
o Doutoramento. Tem sido uma experiência mui-
to positiva e de uma grande aprendizagem con-
junta. Neste momento, estou mais afastada da
vivência do espaço físico, mas continuo a sentir-
-me verdadeiramente próxima da Faculdade,
principalmente das minhas orientadora e co-
-orientadora, que se mantêm sempre presentes
e apoiantes neste processo.
No futuro, o meu objetivo é continuar na inves-
tigação, para a qual já tenho algumas ideias de
novos estudos, e desenvolver um percurso mais
consistente como docente”.
Susana Guimarães
Licenciada em Ciências do Desporto, atualmente a frequentar o Mestrado em Exercício e Saúde.
“O que me fez escolher a FMH–ULisboa para estudar na
licenciatura foi o facto de se tratar de uma faculdade com
grande investigação na área do desporto, exercício e saú-
de que pretende dotar os seus alunos com o conhecimen-
to científico mais atualizado.
O que distingue a FMH–ULisboa de outras instituições
congéneres é, entre outras coisas, a sua localização privi-
legiada, visto que se encontra envolvida pelo Centro Des-
portivo Nacional do Jamor que, além das suas zonas ver-
des e de lazer, possui uma série de infraestruturas des-
portivas de grande qualidade como o Complexo de Pisci-
nas, Centro de Treino de Ténis, Clube de Canoagem,
Estádio Nacional e Centro de Alto rendimento, locais utili-
zados pelos estudantes da faculdade durante as aulas. A
constante inovação e pesquisa por novos conhecimentos
confere distinção à FMH–ULisboa, visto que os vários la-
boratórios de investigação sediados na faculdade produ-
zem conhecimento científico reconhecido a nível nacional
e internacional.
A minha experiência na FMH–ULisboa tem sido muito
enriquecedora tanto a nível pessoal como académico,
desde participar em equipas de desporto universitário,
passando pelos eventos sociais até à participação em
eventos na comunidade onde as aprendizagens e conhe-
cimentos académicos são postos em prática e mostram
resultados, sendo muitas vezes os docentes da instituição
que nos proporcionam estas oportunidades.
No segundo ano de mestrado irei realizar Tese ou Está-
gio e ainda não decidi se irei dar continuidade à minha car-
reira académica via pós-graduação ou doutoramento,
mas com certeza que se o fizer, será na FMH–ULisboa.”
Helena Lima Bernardo
12 // Abr2019 // Ensino // Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra
Responder aos desafios das Ciências Farmacêuticas, em Portugal e no mundo
ENQUANTO DIRETOR DA FACULDADE DE FARMÁCIA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA, FRANCISCO VEIGA
APRESENTA OS TRAÇOS IDENTITÁRIOS DE UMA INSTITUIÇÃO QUE SE CONSTITUI COMO UMA
INCONTORNÁVEL REFERÊNCIA NA SUA ÁREA, NÃO APENAS EM PORTUGAL, MAS TAMBÉM ALÉM-
FRONTEIRAS. PARA ALÉM DA OFERTA FORMATIVA, FAZ-SE ALUSÃO A DOMÍNIOS COMO A
INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA E OS DESAFIOS QUE SE ANTECIPAM NO FUTURO.
A Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra
(FFUC) tem hoje todas as condições para vencer os com-
plexos desafios que nos inquietam. Temos estudantes de
qualidade que acedem aos nossos cursos com médias ele-
vadas, temos um corpo docente altamente qualificado, te-
mos uma oferta formativa alargada e diferenciadora, relati-
vamente às restantes Faculdades de Farmácia do país, te-
mos ainda funcionários dedicados e experientes nas suas
funções. A todos estes pontos fortes, acrescem instala-
ções de ensino e investigação modernas de enorme quali-
dade que estão ao nível das melhores da Europa.
A FFUC é uma das unidades orgânicas da Universidade de
Coimbra com melhores indicadores no que diz respeito a
sucesso escolar, qualidade pedagógica, produtividade
científica, atratividade de estudantes, custos de funciona-
mento por metro quadrado, nível de equipamento pedagó-
gico e científico, e muitos outros. Por isso, é legítimo afir-
mar peremptoriamente, que temos uma Faculdade atrativa,
empreendedora e com futuro, onde existe uma cultura de
excelência, cada vez mais competitiva e que é reconhecida
nacional e internacionalmente.
Oferta formativa de referênciaA FFUC possui uma oferta formativa diversificada, con-
substanciada em dois cursos de Licenciatura (“Farmácia
Biomédica” e “Ciências Bioanalíticas”), no “Mestrado Inte-
grado em Ciências Farmacêuticas”, em seis cursos de Mes-
trado (“Mestrado em Análises Clínicas”, “Mestrado em Bio-
tecnologia Farmacêutica”, “Mestrado em Farmacologia
Aplicada”, “Mestrado em Química Farmacêutica Industrial”,
“Mestrado em Segurança Alimentar” e “Mestrado em Tec-
nologias do Medicamento”), no curso de “Doutoramento
em Ciências Farmacêuticas”com 14 especialidades e que
acolhe, no seu seio, o “Programa de Doutoramento em Em-
presa: Drugs Research & Development”, financiado pela
FCT e realizado em consórcio com 12 das melhores empre-
sas nacionais de indústria farmacêutica.
Oferece, ainda, dois cursos de pós-graduação, não con-
ferentes de grau: “Curso de Pós-Graduação em Medica-
mentos e Produtos de Saúde à Base de Plantas” e “Curso
de Pós-Graduação em Gestão e Direção em Saúde – GE-
DIS”, sendo este último alicerçado numa parceria com a Fa-
culdade de Medicina e com a Faculdade de Economia da UC.
Esta diversidade formativa e a indissociável investigação
pluridisciplinar desenvolvida tornam a FFUC uma instituição
verdadeiramente singular no panorama nacional e interna-
cional do ensino farmacêutico.
Desde há mais de uma década que o quadro de docentes
de carreira da FFUC é inteiramente constituído por profes-
sores com doutoramento, maioritariamente em domínios
das Ciências Farmacêuticas, altamente qualificados e dife-
renciados. Em complemento, a FFUC tem tomado a iniciati-
va de integrar na docência reconhecidos profissionais de
setores-chave de atividade que, com o estatuto de docen-
tes convidados, contribuem com as suas competências e
experiência para um ensino dinâmico e contextualizado
com as realidades sociais e do mercado de trabalho.
Empregabilidade e parceriasDuma forma geral, as perspetivas de empregabilidade
associadas à formação ministrada na FFUC são considera-
das muito boas. Os dados disponíveis indicam que mais de
80% dos Estudantes que terminam o curso de Ciências Far-
macêuticas (curso core da FFUC que representa mais de
2/3 de todos os graduados em cada ano) conseguem um
posto de trabalho nos três meses subsequentes ao térmi-
nus do curso.
A FFUC tem mais de duzentas parcerias ativas com em-
pregadores nacionais da área das Ciências da Saúde. Per-
mitimo-nos destacar não só as Farmácias Comunitárias, os
Hospitais Públicos e Privados, a Indústria Farmacêutica e o
INFARMED, mas também os Laboratórios do Estado como o
INSA e o INIAV, os Laboratórios de Análises Clínicas e as
Empresas de Distribuição Farmacêutica, só para referir lo-
cais mais procurados pelos nossos Estudantes para reali-
zar estágios, sejam curriculares ou extracurriculares.
A FFUC é uma das unidades orgânicas da Universidade de Coimbra com melhores indicadores de sucesso escolar,
qualidade pedagógica, produtividade científica, atratividade de estudantes, custos de funcionamento por metro quadrado e
nível de equipamento pedagógico e científico.
Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra // Ensino // Abr2019 // 13
Acrescem também as parcerias com os Centros de Inves-
tigação – quer nacionais, quer transnacionais –, onde os
nossos Estudantes realizam estágios em áreas tão impor-
tantes como a Investigação e a Inovação.
O imperativo da internacionalização
A FFUC posiciona-se e concorre no panorama internacio-
nal. Desde logo, no plano institucional, além de ser parte
ativa em todas as redes internacionais que a Universidade
de Coimbra lidera, integra ainda outras que são específicas
do seu setor, das quais destacamos, pelo reconhecimento
que nos tem sido dado, a rede Latino-americana de Facul-
dades de Farmácia - COIFFA.
No plano da cooperação científica, a maioria dos nossos
investigadores estende o seu trabalho e mantém colabora-
ção com grupos de investigação de topo, em todos os con-
tinentes, o que se reflete nos indicadores de internacionali-
zação da sua produção científica. Alguns são, também,
membros ativos de Sociedades Científicas Internacionais,
ao passo que outros são peritos de organismos regulado-
res, tais como a Agência Europeia do Medicamento ou a
Agência de Segurança Alimentar.
Na FFUC é também estimulada a mobilidade internacio-
nal de estudantes e de docentes (suportada, sobretudo,
por programas de mobilidade Europeus e da América Lati-
na). No ano letivo de 2017/2018, colocámos estudantes em
21 universidades estrangeiras e recebemos estudantes de
27 instituições (no total de 12 nacionalidades).
Investigação científica
Todos os indicadores mostram que a FFUC assume um
lugar de destaque no que respeita à produtividade e quali-
dade da sua investigação. É pertinente destacar que 90%
dos professores e investigadores da FFUC integram cen-
tros de investigação de excelência, como são exemplos o
consórcio Centro de Neurociências e Biologia Celular / Ins-
tituto Biomédico de Investigação da Luz e da Imagem –
CNC/IBILI, o Centro de Engenharia dos Processo Químicos e
Produtos da Floresta – CIEPQPF, o Centro de Química de
Coimbra – CQC, o Centro de Centro de Estudos Interdiscipli-
nares do Século XX – CEIS XX, ou a Rede de Química e Tec-
nologia –REQUIMTE.
Centrada, sobretudo, nos domínios das Ciências da Vida e
da Saúde, é uma investigação diversificada e interdiscipli-
nar que tem trazido contribuições importantes para o avan-
ço da Ciência e para a Humanidade, como, por exemplo, a
elucidação de mecanismos de doença e de novos alvos te-
rapêuticos (sobretudo associados a doenças metabólicas e
neurodegenerativas), o desenvolvimento e modelização de
novos fármacos (de origem natural e sintética), o desenvol-
vimento novas formas farmacêuticas e de vetorização de
fármacos (formas para administração oral de insulina e va-
cinas, vectorização de fármacos antitumorais, etc.) avalia-
ções farmacoepidemiológicas e de tecnologias da Saúde,
avaliações de impacto dos resíduos de medicamentos em
alimentos e no ambiente, entre outras.
Desafios para o futuroA área da Saúde é, desde sempre, um domínio em cons-
tante renovação. Nos dias de hoje, estima-se que 20% do
conhecimento nesta área fique desatualizado a cada cinco
anos. Dito de uma forma mais prosaica, quando o Estudan-
te termina o seu curso de cinco anos, o que “aprendeu du-
rante um ano” já está desatualizado. Assim, já hoje na FFUC
se faz frequentemente referência a este facto e se reco-
menda e se pratica a constante atualização de conheci-
mentos.
O domínio científico da Saúde é, porventura, o mais im-
pactante, socialmente falando. Não será de estranhar que, a
par de todos os avanços tecnológicos que todos anseiam,
se avalie cada vez mais o binómio risco/benefício dessas
tecnologias (e não esquecer que as tecnologias do medica-
mento são das que mais benefícios têm conseguido na me-
lhoria de qualidade de vida dos cidadãos). Ora, a par com
todo este desenvolvimento, é cada vez mais evidente que a
área de gestão/organização deste setor tem que contar
com conhecimentos multidisciplinares que possam condu-
zir à melhor otimização de recursos possível. A FFUC já ho-
je está atenta a este desígnio e a sua abertura para colabo-
rar com outras áreas do conhecimento, com o objetivo de
melhorar o papel social da Saúde, é total.
FFUC_I_V.png (imagem PNG, 2287 × 2230 pixeis) - Redimensionado... https://www.uc.pt/identidadevisual/Marcas_UC_submarcas/FFUC/F...
1 de 1 28/03/2019, 12:08
A Faculdade tem tomado a iniciativa de integrar reconhecidos profissionais que, com o estatuto de docentes convidados,
contribuem com as suas competências e experiência para um ensino dinâmico e contextualizado com as realidades sociais
e do mercado de trabalho.
14 // Abr2019 // Ensino // Departamento de Ciências Médicas da Universidade de Aveiro
Estudar as Ciências Médicas num ambiente interdisciplinar
MANUEL SANTOS, DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS MÉDICAS (DCM) DA UNIVERSIDADE DE
AVEIRO, APRESENTA O CARIZ DIFERENCIADOR DE UMA OFERTA FORMATIVA QUE PREPARA OS
ESTUDANTES PARA OS GRANDES DESAFIOS DA NOSSA SOCIEDADE. PARALELAMENTE, REFLETE-SE SOBRE O DECISIVO CONTRIBUTO QUE SE RESERVA À INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA NUM FUTURO CADA VEZ
MAIS PRÓXIMO.
Instituído em novembro de 2016, o DCM constitui-se co-
mo um organismo dotado – tal como contextualiza o seu
diretor – “de uma visão abrangente e multidisciplinar das
Ciências Médicas”, incorporando um corpo de docentes,
investigadores e técnicos jovens, que tem vindo a consoli-
dar-se desde então. Subjacente a toda a atividade deste
núcleo é a visão abrangente das Ciências Médicas, inte-
grando de modo multidisciplinar a Biomedicina, a Enge-
nharia Biomédica, a Psicologia, a Bioquímica, a Biotecno-
logia, a Estatística Médica, a Enfermagem e a Fisioterapia,
numa perspetiva de preparar profissionais para a Investi-
gação Biomédica, a Investigação Clínica e a Gestão da In-
vestigação Clínica.
Longe de se assumir enquanto elemento inédito, tama-
nha perspetiva de “interdisciplinaridade” corresponde a
“uma marca muito forte da Universidade de Aveiro”, uma
instituição desde sempre convicta da importância de não
existirem “áreas científicas estanques”, mas antes “um
cruzamento de saberes”, que permita uma mais abran-
gente materialização do conhecimento. Naturalmente, o
reflexo deste entendimento pode ser reconhecido não
apenas mediante a oferta formativa do Departamento,
como também na intensa atividade de investigação cientí-
fica que o tem vindo a caracterizar. Se, nesse sentido,
muita da atividade pedagógica do DCM se concentra na li-
cenciatura em Ciências Biomédicas (que engloba dois me-
nores no 3º ano: Biomedicina Molecular e Biomedicina Far-
macêutica), importará sublinhar a rede de colaborações
aqui celebradas no âmbito da oferta de mestrados.
De facto, e em consonância com os cursos de 2º ciclo em
Biomedicina Molecular ou em Tecnologias da Imagem Médi-
ca, são também dinamizados mestrados nas áreas de Ges-
tão da Investigação Clínica (em parceria com a Faculdade de
Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa), Estatísti-
ca Médica (em colaboração com o Departamento de Mate-
mática) e Bioquímica Clínica (em harmonia com o Departa-
mento de Química). Importa, posto isto, referir ainda a exis-
tência de um programa doutoral em Biomedicina (uma vez
mais, em colaboração com a Faculdade de Ciências Médicas
da Universidade Nova de Lisboa), bem como a participação
do DCM na formação de 3º ciclo desenvolvida, na Universida-
de de Aveiro, em Bioquímica e em Biotecnologia.
Uma formação diferenciadoraFalar da licenciatura em Ciências Biomédicas é fazer-se
alusão a um ciclo de formação em que, pura e simplesmente,
“não existe desemprego”, atendendo à diversificação das
saídas profissionais a ele associadas. Nesse sentido, “uma
componente das Ciências Biomédicas está muito ligada à in-
vestigação científica”, começa por esclarecer Manuel Santos,
antes de acrescentar que muitos dos estudantes que se-
guem esta vertente “acabam por integrar-se em institutos
de investigação e por seguir uma carreira académica”. Existe,
por outro lado, uma significativa parte de estudantes cujo
percurso profissional se entrecruza com as necessidades de
empresas dedicadas a ensaios clínicos ou à indústria farma-
cêutica. Por fim, destaca-se um outro grupo de estudantes
que, uma vez concluída a licenciatura, opta por ingressar em
cursos de Medicina.
Falar da licenciatura em Ciências Biomédicas é fazer-se alusão a um ciclo de formação em que, pura e simplesmente,
“não existe desemprego”, atendendo à diversificação das saídas profissionais a ele associadas.
Departamento de Ciências Médicas da Universidade de Aveiro // Ensino // Abr2019 // 15
Mais, todavia, do que contentar-se com as promissoras
perspetivas de empregabilidade que a licenciatura em
Ciências Biomédicas assegura, o Departamento tem vindo
a dinamizar e a reforçar, ano após ano, “um modelo inova-
dor de ensino” que tem por base o conceito de “aprendi-
zagem ativa”. Significa isto que, ao longo do seu percurso
académico, os estudantes não só assistirão às tradicio-
nais aulas de natureza teórica, como serão também desa-
fiados, ao abrigo de diversas unidades curriculares, a “re-
solver problemas” numa lógica que privilegia a autonomia,
a capacidade de argumentação, o sentido crítico e – claro
está – o trabalho em equipa. Falamos, por outras palavras,
de um sistema de “Problem based learning” (PBL), em que
os docentes se encarregam de organizar os estudantes
em grupos de trabalho e de monitorizar (ou, quando ne-
cessário, reorientar) o seu progresso no alcance dos obje-
tivos de aprendizagem estabelecidos.
Ainda que relativamente recente, esta metodologia de
ensino (que se diferencia pela forte ênfase numa compo-
nente experimental) tem vindo a recolher interessantes
frutos: “o feedback que temos recebido das empresas e
das unidades de investigação que integraram os nossos
estudantes é que eles são excelentes a resolver proble-
mas, não ficam preocupados com aquilo que surge à sua
frente e, para além disso, são também bons líderes de
equipa”, sustenta o diretor. Um aspeto que, por seu turno,
contribui para reforçar o promissor futuro dos estudantes
do DCM reside na rede de parcerias que esta jovem unida-
de orgânica da UA tem vindo a celebrar, quer junto dos
“melhores institutos nacionais de investigação Biomédica
e de Medicina Molecular”, quer no seio de “empresas –
sejam start-ups, sejam SMEs – focadas na gestão de in-
vestigação clínica”, lembra Manuel Santos. Igualmente va-
lioso é, no entanto, o contributo que estes alunos podem
proporcionar em unidades hospitalares, na medida em
que “existem muitos ensaios clínicos a decorrer nos hos-
pitais e estes nem sempre têm os recursos humanos dis-
poníveis para os gerir”, sustenta o porta-voz.
Desafios da investigação científica
Atendendo às características da sua missão, a in-
vestigação científica corresponde a outro dos impor-
tantes pilares em torno dos quais se sustenta o tra-
balho do DCM. A comprová-lo, bastará sublinhar que
este é um dos diversos Departamentos da Universi-
dade de Aveiro que colabora no iBiMED (Institute for
Biomedicine) – um centro de investigação criado em
2015 e que obteve, logo no seu primeiro processo de
avaliação, a classificação de “Excelente”. Pese embo-
ra esta unidade de I&D seja de constituição recente e
ainda se encontre em fase de “consolidação”, Manuel
Santos lembra “o elevado sucesso” já obtido “na an-
gariação de financiamento e de bolsas para doutora-
mento”. Com efeito, “a nossa dimensão é considera-
velmente menor do que os grandes institutos nacio-
nais, mas temos feito investigação científica que é
competitiva a nível internacional e, neste momento,
estamos a percorrer um caminho de interação com os
hospitais”, afirma.
Concomitantemente, “não há dúvida de que a investi-
gação biomédica portuguesa tem contribuído bastante
para a compreensão de múltiplas patologias”, avança o
nosso interlocutor, quando questionado sobre o impac-
to que esta área científica assume no bem-estar da so-
ciedade. Contudo, para além de promover a qualidade
de vida da população, o trabalho de investigação dina-
mizado em unidades como o iBiMED poderá assegurar
respostas a desafios como sejam “a diminuição dos
custos da Saúde”, que têm vindo a “crescer de uma for-
ma preocupante”, na sequência de fenómenos como
sejam o envelhecimento da população. Um fator que, no
entender de Manuel Santos, se afigurará cada vez mais
decisivo é o desenvolvimento da “medicina personali-
zada”, a qual pressupõe – em termos gerais – “que o
médico possua ferramentas que lhe permitam analisar
cada paciente de uma forma diferenciada, diagnosti-
cando e planeando a terapêutica mais adequada” a cada
caso.
Encarar o horizonteUma vez identificados alguns dos imperativos a que a
investigação científica associada às Ciências Médicas de-
verá atender no futuro próximo, importa lembrar as outras
ambições que o DCM antecipa no seu horizonte. No que à
formação diz respeito, por exemplo, o diretor sublinha “a
intensificação da componente experimental da licenciatu-
ra, que poderá envolver a participação dos estudantes em
projetos de investigação desde muito cedo”, possibilitan-
do que os alunos contribuam de uma forma ainda mais
ativa na produção de conhecimento.
Em sintonia com este objetivo, estarão os continua-
dos esforços de transição do modelo pedagógico, a fim
de que este se torne, cada vez mais, num processo de
“aprendizagem baseada em projetos”. Salvaguardando,
ainda assim, que “os desafios são sempre contínuos”,
continuarão a fazer parte das linhas-mestras do DCM o
reforço das “interações com universidades estrangei-
ras”, o desenvolvimento de “cursos avançados para os
docentes”, a dinamização da “internacionalização” e o
alargamento da “rede de interações do Departamento
com a indústria”.
Departamento de Ciências Médicas
Ao longo do seu percurso académico, os estudantes não só assistirão às tradicionais aulas de natureza teórica, como
serão também desafiados, ao abrigo de diversas unidades curriculares, a “resolver problemas” numa lógica que privilegia a autonomia, a capacidade de argumentação, o sentido crítico
e – claro está – o trabalho em equipa
16 // Abr2019 // Ensino // Coimbra Business School | ISCAC
Formar os grandesempresários do futuro
O PRESIDENTE DA COIMBRA BUSINESS SCHOOL | ISCAC, PEDRO NUNES DA COSTA, SUBLINHA OS
TRAÇOS IDENTITÁRIOS DE UMA ESCOLA COMPROMETIDA NÃO APENAS COM O SUCESSO DOS
SEUS ESTUDANTES, MAS TAMBÉM COM O ENRIQUECIMENTO DA CULTURAL EMPRESARIAL DO
TECIDO PORTUGUÊS.
A Coimbra Business School | ISCAC é uma Escola moderna,
reconhecida pela excelência, referência não só ao nível da quali-
dade pedagógica, técnica e científica – absolutamente funda-
mentais – mas também como espaço aberto, pluridimensional,
humanista, de liberdade académica, de reflexão e crítica. So-
mos, efetivamente, uma das escolas que melhor prepara os
seus alunos para serem competitivos no trabalho, nas empre-
sas, em Portugal. Garantimos maior empregabilidade, porque o
reconhecimento da qualidade dos nossos diplomados, pelo
mercado, é cada vez maior.
O foco na inovação nas ciências empresariais passou a ser o
horizonte central de toda a atividade de professores, alunos e
funcionários da Coimbra Business School. Como a investigação
e a inovação se tornaram condição imprescindível para o desen-
volvimento sustentável do país – baseado na criação de riqueza
pelas empresas através de atividades especializadas geradoras
de elevado valor acrescentado –, os nossos ciclos de estudo
passaram a ter uma forte componente de aplicação prática, que
atende às reais necessidades da indústria, das empresas e da
comunidade, desenvolvendo competências na gestão e na cria-
ção de produtos, serviços e processos. É isso que torna as nos-
sas licenciaturas, mestrados e pós-graduações tão competiti-
vas face a outras ofertas do ensino superior politécnico ou uni-
versitário.
Sempre que possível, a formação da Coimbra Business
School é desenvolvida em contexto empresarial – grandes
empresas, PME’s, centros tecnológicos, polos de inovação –
permitindo que os nossos estudantes se formem como qua-
dros de elevado desempenho, com potencial para desenhar e
implementar estratégias de sucesso para a inovação e inter-
nacionalização da economia portuguesa. Paralelamente, nos
últimos anos foram reforçadas as qualificações académicas
do corpo docente, apoiando e incentivando a obtenção dos
graus de doutor e de títulos de especialista, obrigatórios pa-
ra efeitos de acreditação dos cursos ministrados e, simulta-
neamente, necessários para garantir a sua estabilidade con-
tratual.
Para além disso, e em consonância com a realização de
trabalhos de investigação de grande qualidade internacional,
a Coimbra Business School organiza muito regularmente, nas
suas instalações, conferências nacionais e internacionais, de
grande relevância científica. Em síntese, toda esta dinâmica
irá produzir mais e melhor inovação nas ciências empresa-
riais ministradas na Coimbra Business School, estruturando,
enquadrando e orientando toda a sua política de estímulo e
de oferta de condições para a investigação e para produção
científica no seu interior.
A formação que faz a diferençaNa Coimbra Business School estamos centrados nos nossos
estudantes, na qualidade da sua formação – humana e técnico-
-científica – e no seu futuro. A Escola é vista, também, como es-
paço de cultura, de livre pensamento e liberdade. Esse tem sido,
nos últimos anos, um fator distintivo na afirmação da Coimbra
Business School como uma Escola completa, capaz de propor-
cionar uma formação cívica e humana, complementar à tradi-
cional formação científico-técnica, de confirmada qualidade.
Como presidente da Escola, creio que a chave é a nossa flexi-
bilidade perante a evolução das ciências, a nossa rapidez para
nos adaptarmos ao que as empresas precisam e ao que os no-
vos gestores procuram. Numa frase: a nossa capacidade de fa-
zer diferente. Por exemplo: numa cidade universitária como
Coimbra, não há nenhuma instituição que organize mais confe-
rências científicas de gestão, económicas, políticas e sociais,
seminários, debates, palestras e tertúlias do que a Coimbra Bu-
siness School. Tornámo-nos numa Escola que é mais do que
uma Escola: somos o principal fórum de discussão científica,
económica, social e política da região Centro e, seguramente,
um dos principais do país.
Sucesso profissionalA Coimbra Business School é reconhecida pela excelência dos
seus diplomados e pela grande empregabilidade e capacidade
empreendedora que estes revelam. A transferência de conheci-
mento para a sociedade – um dos pilares da estratégia da nos-
sa Escola – em necessária articulação com o ensino e a investi-
gação realizadas na Coimbra Business School, reflete, de modo
holístico, o relacionamento da Escola com o seu exterior, no seu
contexto social, cultural e económico, com base numa coopera-
ção regular mútua.
Na verdade, somos uma verdadeira Escola-Empresa, os nos-
sos alunos realizam auditorias e processos de recrutamento em
contexto real e os nossos finalistas desenvolvem aplicações e
sistemas de informação que resolvem problemas concretos em
organizações reais. Além disso, possibilitamos que os nossos
alunos prossigam os seus estudos em algumas das melhores
universidades europeias nossas parceiras.
Quando saem para o mercado de trabalho, os nossos alu-
nos já parecem quadros com elevada experiência. Esta é,
penso eu, a principal razão pela qual os estudantes preferem
Somos uma Escola que é mais do que uma Escola: somos o principal fórum de discussão científica, económica, social
e política da região Centro e um dos principais do país.
Coimbra Business School | ISCAC // Ensino // Abr2019 // 17
nacionais e internacionais, possuindo currículos e compe-
tências científicas de nível internacional.
Num país onde a formação de elevado nível está ainda
muito abaixo do patamar de países mais desenvolvidos, as
empresas precisam de quadros com potencial para desenhar
e implementar estratégias de sucesso para a inovação e in-
ternacionalização da economia portuguesa. Logo, tanto a
formação de quadros que já trabalham em empresas, como a
realização de projetos em organizações reais – estudando
problemas reais, mas, também, ajudando a resolver proble-
mas concretos “in loco” – serão decisivos, não só para elevar
a qualidade do nosso ensino, mas, igualmente, para ajudar a
qualificar a economia portuguesa em termos de gestão, de
ciência e de tecnologia.
Pensar o futuroO grande desafio é perceber (e integrar) que as caraterísti-
cas mais rentáveis dos negócios contemporâneos depen-
dem dessa coisa imaterial chamada “criatividade”. E com-
preender que a ciência, a inovação e a criatividade surgem
com mais espontaneidade – e com mais potencial para se-
rem rentáveis – em ecossistemas em que as pessoas se
sentem mais felizes e realizadas. O presente e o futuro preci-
sam de um tipo de gestão que vá ao mais fundo das relações
entre as pessoas, que vá ao mais fundo da arte de motivar
muitas pessoas, todas elas diferentes, o que implica uma
forma específica – e, portanto, necessariamente diferente –
de motivar cada uma delas. Isto não é fácil em nenhuma es-
cala, mesmo pequena – basta ter filhos para perceber isso.
Mas é particularmente complexo em organizações que te-
nham dezenas, centenas, milhares ou dezenas de milhar de
trabalhadores. Este é, creio eu, o principal desafio que os
profissionais das Ciências Empresariais terão de enfrentar no
futuro.- As empresas precisam de quadros com potencial
para desenhar e implementar estratégias de sucesso para a
inovação e internacionalização da economia portuguesa.
Somos uma verdadeira Escola-Empresa: os nossos alunos realizam auditorias e processos de recrutamento
em contexto real e os nossos finalistas desenvolvem aplicações e sistemas de informação que resolvem
problemas concretos em organizações reais.
tíssimo, enquanto promotora de cooperação, a um nível mais
precoce, entre os estudantes e a sociedade.
Aposta na internacionalizaçãoEstamos a captar cada vez mais alunos internacionais para
os nossos cursos (conferentes e não conferentes de grau),
através da apresentação e divulgação da nossa Escola e da
nossa oferta formativa em escolas secundárias de outros
países, desde logo países da Lusofonia, da América Latina e
com comunidades portuguesas significativas.
A nossa participação em projetos internacionais de coope-
ração e mobilidade não tem parado de aumentar. Ao mesmo
tempo, estamos a estabelecer acordos de cooperação bila-
terais com instituições de todo o mundo e temos programas
de divulgação, entre os estudantes, de oportunidades de
mobilidade e de estágios internacionais.
Investigação científicaAlguns docentes da Coimbra Business School colaboram
em centros de investigação competitivos, acreditados pela
Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), alguns deles
com polos ou mesmo sedeados nos próprios politécnicos.
Temos ainda muitos professores que integram programas de
doutoramento e orientam doutorandos em universidades
vir estudar na Coimbra Business School e esgotam, logo na
primeira fase, a totalidade das vagas disponíveis da nossa
oferta formativa.
Uma rede de grandes parceriasA Coimbra Business School tem promovido e dinamizado o
estabelecimento de redes de parcerias com organizações na-
cionais de grande relevo em áreas de atuação alinhadas com as
preocupações e desafios do país: entidades públicas e privadas,
associações empresariais, instituições de solidariedade social e
instituições de ensino superior e não-superior.
No domínio da prestação de serviços, há um grande dinamis-
mo dos nossos laboratórios, através do estabelecimento de re-
des de parcerias com mais de um milhar de organizações ex-
ternas, nacionais e internacionais, de relevo. Desses laborató-
rios, destacam-se: o RISKLAB (para a área de auditoria e risco),
o TecLab (para as tecnologias de informação), o LABORatório
(em parceria com a UGT, para a área das condições de trabalho),
o TAXLAB (Laboratório fiscal, na área da ciência fiscal), o POL-
LAB (de estudos de mercado e sondagens), o Observatório do
Comércio (estudos no âmbito do comércio tradicional) e o Vo-
luntas (Gabinete de Voluntariado).
Por outro lado, a ISCAC Junior Solutions (IJS) – a empresa jú-
nior da Coimbra Business School, única no país associada a um
instituto politécnico, tem desempenhado um papel importan-
18 // Abr2019 // Ensino // Departamento de Física da Universidade de Coimbra
A excelência da formação em Física
tudantes, tirando partido de elementos como sejam a sua especial
“versatilidade”, tal como sublinha o diretor do Departamento, José
António Paixão. São, a este respeito, amplos os exemplos de su-
cesso que o nosso interlocutor poderia enumerar: “os engenheiros
físicos são profissionais que para além dos seus conhecimentos
nas tecnologias baseadas na Física Moderna são também muito
competentes em programação e instrumentação, incluindo inter-
faces com equipamento industrial”, sustenta.
Mas o input destes recém-licenciados não se exprime somente
nos setores mais associados à indústria. Também “empresas de-
dicadas às áreas da consultadoria, da banca e dos seguros” têm
vindo a procurar candidatos formados em Física ou Engenharia Fí-
sica, dado que apresentam “uma grande habilidade para resolver
problemas, bem como uma capacidade analítica” bastante admi-
rada no mercado de trabalho, nomeadamente em modalidades
como sejam o desenvolvimento de algoritmos.
Não será, por outro lado, incomum encontrar estudantes destes
universos científicos a prosseguir carreiras no âmbito da investiga-
ção capazes de os levar aos mais diversos laboratórios, não apenas
em Portugal, mas também no panorama internacional. Sublinhe-
-se, por fim, a apetência que diversas unidades hospitalares têm
demonstrado em integrar alunos formados em Engenharia Bio-
médica, bem como o serviço de “interesse nacional” que o DF as-
segura ao ministrar um dos poucos mestrados dedicados à forma-
ção de docentes para o Ensino Secundário nas áreas da Física e da
Química.
Aposta na internacionalizaçãoObedecendo ao seu estatuto enquanto Departamento Uni-
versitário, o DF assume uma estratégia de contínua internacio-
nalização, consubstanciada por duas verentes que se entrecru-
zam: o ensino e a investigação científica. Nesse sentido, e em
consonância com a ampla consolidação de uma série de pro-
gramas de mobilidade que tem permitido acolher e promover o
intercâmbio de estudantes oriundos das mais heterogéneas
geografias, sublinhe-se o contributo que os investigadores e
docentes do DF tem prestado no avanço do conhecimento cien-
tífico, ao abrigo de “grandes colaborações internacionais” que
têm sido protagonizadas pelas unidades de investigação afetas
ao DF.
Efetivamente, “Coimbra está desde há muitos anos associa-
da a grandes projetos internacionais na área da Física”, não de-
vendo constituir surpresa que o Departamento de Física conte-
nha, nas suas instalações, laboratórios, oficinas e equipamen-
tos de topo, incluindo um supercomputador de alto desempe-
nho.
DISPONDO DOS MAIS AVANÇADOS EQUIPAMENTOS CIENTÍFICOS E COMPUTACIONAIS, O DEPARTAMENTO DE
FÍSICA (DF) DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA CARACTERIZA-SE PELA QUALIDADE DA SUA OFERTA
FORMATIVA E PELA INTENSA INTERNACIONALIZAÇÃO.
Integrado na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universida-
de de Coimbra, o DF conta com um prestigiado corpo docente
constituído por cerca de 50 especialistas doutorados nos domínios
da Física, da Engenharia Física e – mais recentemente – das áreas
científicas em interface com a Biomedicina. Nesse sentido, e fazen-
do jus à sua missão de ministrar uma oferta formativa em sintonia
com a qualidade e exigência dos grandes modelos internacionais, o
DF proporciona uma licenciatura e um mestrado em Física, bem
como mestrados integrados nas áreas de Engenharia Física e de
Engenharia Biomédica. A este leque acrescentam-se ainda cursos
de 2º ciclo nas áreas de Astrofísica e Instrumentação para o Espa-
ço, bem como de Ensino de Física e de Química.
Igualmente digno de nota é o conjunto de programas doutorais
coordenados pelo Departamento, que se multiplicam pelo âmbito
da Física, da Engenharia Física, da Engenharia Biomédica e da His-
tória das Ciências e Educação Científica. Paralelamente, o DF tem
colaborado num conjunto de outras formações de 3º ciclo (em par-
ceria com outros Departamentos da UC ou, inclusivamente, outras
universidades) que pressuponham o envolvimento das suas áreas
de especialidade, tal como é, por exemplo, o caso dos programas
doutorais ChemMat (em Química dos Materiais, que envolve a Fa-
culdade de Ciências da Universidade do Porto, o Instituto Superior
Técnico e a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de
Coimbra), o IDPASC (em Física de Partículas, Astrofísica e Cosmo-
logia, em consórcio com várias instituições nacionais e internacio-
nais) e o DAEPHYS (em Física Aplicada e Engenharia Física, que en-
globa quatro universidades, dois laboratórios associados e um
centro de investigação).
EmpregabilidadeSe existe um elemento evidenciador da excelente formação mi-
nistrada pelo DF, tal corresponderá aos elevados índices de em-
pregabilidade subjacentes à diversidade de saídas profissionais. A
leitura que os dados, monitorizados ano após ano, permitem efe-
tuar é a de que “o mercado de trabalho absorve facilmente” os es-
As empresas têm procurado candidatos formados em Física ou Engenharia Física, porque apresentam "uma capacidade analítica" para resolver problemas
que é bastante admirada.
Departamento de Física da Universidade de Coimbra - LIBPhys-UC e CFisUC (centros de investigação) // Investigação // Abr2019 // 19
O Laboratório de Instrumentação, Engenharia Biomédica e Física
da Radiação da Universidade de Coimbra (LIBPhys-UC) constitui-
-se como uma unidade de investigação dotada de uma forte na-
tureza interdisciplinar. Coordenado por Joaquim Santos, o cen-
tro de investigação organiza-se em torno de três grandes
áreas científicas, munidas de um potencial de aplicabilidade
igualmente heterogéneo.
No âmbito da Engenharia Biomédica, por exemplo, os
investigadores do LIBPhys-UC têm vindo a trabalhar o
processamento de sinais biológicos (especialmente no domínio da Hemodinâmica – ou
seja, no que à pressão e à circulação sanguínea diz respeito) e técnicas de imagiologia
para biomarcadores, num esforço que tem promovido a sua aproximação a múltiplas
clínicas e unidades hospitalares da região de Coimbra.
Outro grande foco da investigação materializada neste Laboratório relaciona-se
com a Instrumentação para Física da Radiação. São, neste contexto, desenvolvidos
detetores de radiação de altas energias e detetores de fluorescência de raios-x,
seja para a análise de materiais, seja para a astrofísica, seja para o desenvolvimen-
to de sistemas de imagiologia
com aplicação em contexto mé-
dico.
Importa salientar um terceiro
âmbito de atuação afeto ao
LIBPhys-UC: a Automação In-
dustrial, bem como a Automa-
ção e Controlo. Pelas suas ca-
racterísticas, este assume-se
como um campo que tem justi-
ficado a celebração de diversas
ligações ao universo empresarial, atendendo ao modo como o processamento de
sinais para sistemas de automação é concretizado em concomitância com as ne-
cessidades apontadas pelos agentes da indústria.
Se existe um aspeto que ajuda a compreender o alcance da investigação desen-
volvida a bordo do LIBPhys-UC, tal corresponderá à filosofia de estreita colaboração
internacional que este centro desenvolve junto de outros centros de investigação dis-
tribuídos pelo mundo. É notório o contributo que o LIBPhys-UC tem proporcionado à co-
munidade científica além-fronteiras no âmbito das diversas Colaborações Internacionais
que integra.
Outro elemento essencial à atividade de qualquer centro de investigação é a transferên-
cia do conhecimento, não de-
vendo surpreender que unida-
des como o LIBPhys-UC se em-
penhem na contribuição de novos
elementos para a consolidação da
formação avançada de Recursos Huma-
nos (mestres e doutorados), assegurando
que os mais recentes desenvolvimentos se
materializem, por sua vez, nas necessidades do
tecido empresarial.
Investigação de excelência no âmbito da FísicaDESENVOLVENDO INVESTIGAÇÃO EM DOMÍNIOS BASTANTE DIVERSOS, O LIBPHYS-UC E CFISUC CORRESPONDEM A DUAS UNIDADES
INTEGRADAS NO DEPARTAMENTO DE FÍSICA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA QUE SE DEMARCAM PELA INTERNACIONALIZAÇÃO DE UM TRABALHO CIENTÍFICO QUE NÃO ESQUECE A LIGAÇÃO À SOCIEDADE.
Dedicado ao desenvolvimento de investigação científica de excelência, o Centro de Fí-
sica da Universidade de Coimbra (CFisUC) é uma unidade dirigida atualmente por Cons-
tança Providência, que reúne um grande número de docentes integrados no Departamento
de Física desta instituição. Fazendo jus a uma diversificada abrangência de domínios, concilia
uma forte vertente de trabalho em ‘ciência pura’ (especialmente nos domínios da Física Nu-
clear e de Partículas, Astrofísica e Física da Matéria Condensada) com uma estreita articulação a
diferentes setores da sociedade.
No campo da Física de Partículas – e numa referência a trabalhos de natureza essencialmente teóri-
ca –, poderá fazer-se referência ao estudo do formalismo da teoria quântica de campos ou ao estudo
da força forte, a força responsável pela ligação da maior parte da matéria que conhecemos, com recurso
a cálculos ab initio que exigem um forte poder computacional (cromodinâmica quântica na rede), e a mé-
todos fenomenológicos. É ainda de referir o estudo das estrelas de neutrões, um verdadeiro laboratório de
física nuclear e de partículas.
Existe, por outro lado, um vasto campo de investigação
que encontra na Física da Matéria Condensada o seu deno-
minador comum. Com efeito, a investigação de sistemas
biológicos (nomeadamente, no desenvolvimento de redes
vasculares que se revestem de interesse para o estudo do
cancro ou da diabetes), ou a utilização de métodos compu-
tacionais e de teorias do funcional da densidade para inves-
tigar materiais complexos (como sejam as propriedades
óticas de moléculas complexas e o design de novos mate-
riais), ou ainda uma vertente mais experimental, que se re-
flete no estudo de materiais multifuncionais, supercondutores, topológicos ou magnéticos, consti-
tuem elucidativos exemplos dessa diversidade.
Amplamente internacionalizado (encontrando-se integrado em oito redes COST e participando em
várias infraestruturas internacionais), o centro de investigação estabelece igualmente fortes vínculos
com a sociedade. Esta ligação traduz-se na colaboração com as indústrias farmacêutica e eletro-me-
cânica, com a proposta de soluções para problemas científicos ou tecnológicos, na realização de es-
tudos relacionados com o Património Arquitetónico e História da Ciência, em particular, da Universi-
dade de Coimbra, ou ainda na divulgação da Física. Há onze anos que o CFisUC dinamiza uma es-
cola que proporciona uma formação de excelência para jovens apaixonados pela Física, a Escola
Quark!, e onde se preparam os
mais promissores talentos para
a participação na Olimpíada
Internacional da Física.
20 // Abr2019 // Investigação // Departamento de Física da Universidade de Coimbra - LIP-Coimbra (centro de investigação)
Física de Partículas: investigação fundamental apoiada em tecnologia de ponta
também executam trabalhos encomendados por outras expe-
riências, laboratórios e empresas, dentro e fora do país.
O LIP-Coimbra conta hoje com um total de cerca de 60 cola-
boradores, sendo cerca de 35 investigadores doutorados, 16 es-
tudantes de doutoramento ou mestrado e um conjunto de 12
técnicos altamente qualificados. No que toca ao seu background
científico, este coletivo constitui-se em torno de pessoas espe-
cializadas em Física ou Engenharia Física, maioritariamente,
mas também em Engenharia Eletrotécnica e a Computação.
Outro elemento relevante é o facto de “este corpo de investiga-
dores ser muito dinâmico e internacional”, complementa Rui
Marques.
Colaboração em grandes experiênciasA atividade do LIP na área da Física Experimental de Partículas
decorre principalmente em grandes experiências internacio-
nais, compreendendo tanto a complexa análise dos dados para
extrair os resultados de Física como o I&D de equipamentos pa-
ra essas experiências.
Um exemplo é a participação na experiência de deteção de
matéria escura LUX-ZEPLIN, nos EUA, de que o LIP foi uma das
instituições preponentes, em 2012. Refere Isabel Lopes que
“nesta experiência, o LIP-Coimbra é responsável, entre muitas
outras coisas, pela conceção e implementação do sistema de
controlo do detector LUX-ZEPLIN de 10 toneladas de xénon lí-
quido, que é atualmente o maior detetor de matéria escura em
construção”, para além de colaborar em muitos outros aspetos,
desde o desenvolvimento de ferramentas de análise de dados, a
estudos de Física Fundamental.
A especialização de Coimbra em I&D em detetores gasosos,
reconhecida já desde antes da criação do LIP, foi sendo incre-
mentada e encontram-se hoje detetores de partículas desen-
volvidos e construídos pelo LIP a operar em laboratório de refe-
rência, como o GSI, na Alemanha, AUGER (o maior laboratório de
raios cósmicos do mundo), na Argentina, ou uma experiência-
-piloto na Antártida.
No âmbito das colaborações com outros laboratórios e
empresas nacionais, é de salientar o contributo que o LIP tem
dado na conceção e desenvolvimento de “instrumentação
biomédica”. Um exemplo emblemático é o sistema PET para
ratos, com a resolução espacial mais fina até hoje atingida
mundialmente. Este sistema, da máxima utilidade para a
pesquisa de novos fármacos, está já a ser explorado no
ICNAS – Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde,
da Universidade de Coimbra.
Ligação à sociedadeNuma conjuntura em que a sociedade surge cada vez mais
sensibilizada para a importância de temáticas científicas como
as que o LIP-Coimbra tem cultivado, Isabel Lopes salienta os
esforços feitos pelo LIP na “divulgação da ciência para a juven-
tude e para o público em geral”, que passam pela “organização
anual de estágios para jovens de diferentes níveis de ensino e
das Masterclasses em Física de Partículas em Portugal”, ou a
própria deslocação de elementos do Laboratório a escolas para
a realização de palestras e demonstrações. Outro vínculo com a
comunidade envolvente traduz-se na facilidade com que estu-
dantes do LIP que se doutoram conseguem hoje transitar para o
tecido empresarial, comprovando as inegáveis mais-valias da
sua exigente formação.
O LIP-COIMBRA PARTICIPA EM ALGUMAS DAS MAIS AVANÇADAS EXPERIÊNCIAS MUNDIAIS DE FÍSICA DE PARTÍCULAS, SENDO EXEMPLO DE UMA ESTRUTURA
CIENTÍFICA COM VOCAÇÃO INTERNACIONAL QUE TAMBÉM PROMOVE A INOVAÇÃO E A TRANSFERÊNCIA
DE CONHECIMENTO.
O Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de
Partículas (LIP), estruturado em três polos – um deles no De-
partamento de Física da Universidade de Coimbra e aqui apre-
sentado pelos diretores e investigadores, Isabel Lopes e Rui
Marques – é um organismo científico fundado em 1986 que há
muito se afirmou no contexto internacional como uma referên-
cia na investigação em Física Experimental de Partículas e As-
tropartículas. Para além desse domínio fundamental, o LIP-
-Coimbra trabalha ainda em áreas que vão do Espaço à Instru-
mentação Biomédica.
A par da investigação em problemas de Física Fundamental –
da descoberta e caracterização das partículas elementares, em
aceleradores ou com raios cósmicos, à natureza e deteção da
matéria escura – o LIP desenvolve atividade de I&D na área dos
detetores de partículas e de sistemas para controlo de expe-
riências complexas. “O LIP tem hoje grupos de referência a nível
mundial em tecnologias de deteção de partículas”, sublinha Isa-
bel Lopes. Para o trabalho de I&D, o LIP-Coimbra conta com um
laboratório de detetores apoiado numa oficina mecânica de
precisão e dispõe de um centro de competência em sistemas
de monitorização e controlo.
Complementando as equipas de investigadores, estas in-
fraestruturas estão vocacionadas para o desenvolvimento e
produção de detetores e sistemas auxiliares para as experiên-
cias internacionais em que o LIP participa. “É o caso do sistema
de calibração de elevada complexidade que produzimos para a
experiência SNO+ dedicada ao estudo de neutrinos”, esclarece
Rui Marques, numa referência à experiência instalada no SNO-
LAB, no Canadá, “situada numa mina, a cerca de 2000 metros
de profundidade”. É de realçar que as infraestruturas referidas
A par da investigação em problemas de Física Fundamental, o LIP-Coimbra desenvolve atividade de I&D na área dos detetores de partículas e de sistemas
para controlo de experiências complexas.
ISEP – GECAD // Investigação // Abr2019 // 21
TheRoute chega ao Brasil através do projeto LAPASSION
O THEROUTE (TOURISM AND HERITAGE ROUTES INCLUDING AMBIENT INTELLIGENCE WITH VISITANTS’ PROFILE ADAPTATION AND CONTEXT AWARENESS - REFERÊNCIA SAICT/023447) É UM PROJETO DE I&D FINANCIADO PELA FUNDAÇÃO PARA A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA, PELO PROGRAMA OPERACIONAL DA REGIÃO NORTE DE PORTUGAL (PO-NORTE) E PELO
PROGRAMA FEDER.
Trata-se da maior experiência de I&D multidisciplinar
dentro do Instituto Politécnico do Porto (IPP), estando en-
volvidos professores, investigadores e bolseiros de todas
as oito escolas do IPP. Com tanta multidisciplinaridade, é
natural que o TheRoute consiga projetar-se através de
outro projeto do GECAD – Grupo de Investigação em En-
genharia e Computação Inteligente para a Inovação e De-
senvolvimento, o grupo de pesquisa vocacionado para a
Inteligência Artificial do Instituto Superior de Engenharia
(ISEP) do IPP. O projeto LAPASSION é um projeto Eras-
mus+ Capacity Building que visa o desenvolvimento de
projetos multidisciplinares por parte de alunos pesquisa-
dores, de modo a dar resposta a desafios abertos.
Neste exato momento, estão a decorrer três conjuntos
de projetos multidisciplinares LAPASSION na América do
Sul: dois no Brasil e um no Uruguai. De realçar que o proje-
to em curso em São Luís do Maranhão – com o desafio de
como aumentar o Índice de Desenvolvimento Humano
nesse Estado – tem dois subprojetos inspirados no The-
Route, com aplicação no Turismo para as cidades Mara-
nhenses de São Luís e Santo Amaro.
O projeto LAPASSION em São Luís do Maranhão come-
çou com uma cerimónia envolvendo o Instituto Federal do
Maranhão (IFMA), com a presença do governo do Estado.
Passaram nessa mesma semana de arranque dois docu-
mentários nas principais televisões do Estado, filiadas na
Globo e SBT. Os professores e alunos envolvidos foram
também recebidos no Palácio dos Leões, sede do governo
do Estado do Maranhão, a convite do próprio Governador
Flávio Dino. Dois alunos do ISEP estão em São Luís em
conjunto com alunos da Finlândia, Espanha, Uruguai e so-
bretudo Brasil, com alunos de cindo Estados do país (Ma-
ranhão, Amazonas, Pernambuco, Alagoas e Rondônia). O
projeto decorre durante 10 semanas.
Daliana Marques é a aluna que está no projeto de Tu-
rismo para Santo Amaro, um dos locais onde estão os
famosos Lençóis Maranhenses, e seu o grupo envolve
também alunos da Finlândia e do Brasil. Daniel Ramos
está no projeto de Turismo para São Luís, cidade famo-
sa pelo Património Histórico reconhecido pela UNESCO,
e o seu grupo envolve também alunos do Uruguai e Bra-
sil.
Por volta de setembro, 16 alunos do Instituto Federal do
Maranhão irão para o Porto para fazer estágios de pesqui-
sa no GECAD e em outros grupos de pesquisa do ISEP. Cin-
co deles irão integrar o projeto TheRoute no Porto.
O projeto TheRoute efetua estudos, pesquisa e expe-
rimentação à volta do desafio de geração automática de
rotas para turistas e visitantes de pontos de interesse
relacionados com o Turismo, Património, Artes e Cultu-
ra. As rotas sugeridas são adequadas ao perfil dos visi-
tantes, e grupos de visitantes, e estarão atentas ao
contexto (por exemplo, as situações climatéricas). Os
tours sugeridos poderão desenvolver-se à volta de um
local ou rota ou à volta de um tema. O sistema desen-
volve-se em ambiente de Computador, Tablet e Smart-
phone, cobrindo o ciclo de vida da experiência do visi-
tante. Alguns exemplos de rotas específicas são, por
exemplo, as rotas do Caminho de Santiago de Compos-
tela, rotas do Grafitti, ou rotas de artistas e escritores.
O projeto é liderado pelo IPP e envolve o ISEP, através
do grupo de I&D GECAD, o Instituto Politécnico de Viana
do Castelo e a empresa Douro Azul.
Esta articulação entre o TheRoute e o LAPASSION per-
mite dar um alcance internacional de implantação do The-
Route, na Europa e América Latina. O GECAD dispõe ainda
do projeto Grouplanner, também do programa SAICT, para
Rotas para Grupos de Turistas Chineses. Juntos, os três
projetos representam um investimento de cerca de 1 mi-
lhão e meio de euros.
Carlos Ramos, investigador responsável pelo projeto TheRoute
Aluno do ISEP entrevistado na Televisão SBT Brasil
Alunos LAPASSION recebidos pelo Governador do Maranhão
22 // Abr2019 // Investigação // Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra
Estudar o Passado,aproximando-o do Presente
A OPERAR A PARTIR DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA, O CENTRO DE ESTUDOS CLÁSSICOS E HUMANÍSTICOS (CECH) É UMA UNIDADE DE NATUREZA TRANSVERSAL QUE TEM VINDO A MATERIALIZAR TODA UMA SÉRIE DE
PROJETOS CIENTÍFICOS, TENDO EM VISTA COMPREENDER EM QUE MEDIDA O CORPUS DE
CERTOS PERÍODOS DA NOSSA HISTÓRIA NOS AJUDA A (RE)CONTEXTUALIZAR O PRESENTE.
Fundado em 1967, o CECH corresponde a uma unidade
de investigação que se dedica à análise (mediante uma
forte base filológica, para a qual contribui um conjunto
de outras áreas do saber) do corpus de textos que com-
põem o património cultural europeu. Tal como contex-
tualiza o coordenador, Delfim Leão, este é “um Centro
que estuda e procura compreender o Passado, mas pa-
ra se reinventar”, manifestando, por exemplo, interesse
em “demonstrar como uma experiência do Passado po-
de ser muito útil no Presente” ou de que forma elemen-
tos de outrora (como sejam as reflexões suscitadas pe-
las grandes obras e pensadores da Antiguidade ou o
conceito do mito) se encontram “perfeitamente enqua-
drados naquilo que são os referentes do nosso dia-a-
-dia”.
Atendendo à natureza dos seus objetos de análise, o
trabalho do CECH começou por circunscrever-se à área
dos Estudos Literários e da Filologia em torno dos Estu-
dos Clássicos (Grego e Latim clássico) e Humanísticos
(isto é, dos períodos medieval e renascentista). Mas, se
aos primeiros se acrescentou o contributo de universos
como a História Antiga e a Arqueologia, importará lem-
brar também o enriquecimento que a Filosofia, bem co-
mo os Estudos de Música e de Teatro, proporcionaram
aos segundos. Em consonância com esta transversali-
dade, o centro de investigação agrega atualmente mais
de 130 elementos (no seio do quais se englobam cerca
de 90 doutorados e aproximadamente 40 doutoran-
dos), usufruindo de estreitas ligações junto de congé-
neres internacionais.
Cinco áreas de estudoAtendendo ao modo como diferentes âmbitos de in-
vestigação se “entrecruzam” e “fertilizam” de forma
constante ao abrigo do CECH, não se privilegia a criação
de Grupos de Investigação estruturados segundo lógi-
cas estanques, pelo que as cinco grandes áreas de es-
tudo existentes se distinguem pela forma como esti-
mulam um forte diálogo transversal. Nesse sentido, e
fazendo jus à sua designação, o domínio dos Estudos
Gregos debruça-se em torno “do estudo da língua, da
cultura e da literatura da Grécia Antiga”, embora o âm-
bito de intervenção tenha vindo a englobar, mais recen-
temente, disciplinas como a História Antiga e o Direito,
bem como os Estudos do Mito e a sua Receção. Por sua
vez, a Área de Investigação de Estudos Latinos centra-
-se na análise destes mesmos elementos, embora apli-
cados à Antiguidade Romana (desde a sua época mais
recuada até ao surgimento da Idade Média e dos pri-
meiros autores cristãos).
Já num enquadramento posterior, a Área de Investi-
gação em Estudos Medievais e Renascentistas abrange
um período civilizacional em que “o Latim se consagrou
como aquilo que o Inglês é atualmente: a lingua franca
de comunicação e de reflexão”, constituindo-se esta
como uma época que, ao longo de mais de mil anos,
“permite seguir uma série de movimentos culturais, de
pessoas e de ideias”, com o apoio de um amplo “conhe-
cimento filológico da língua, da cultura e da literatura”
para o qual são convocados domínios como a História,
mas também os Estudos de Receção. Mas se as três
Áreas de Investigação até agora salientadas assumem
“uma conotação literária e filológica mais marcada”,
importará lembrar que a ação do CECH se complementa
na companhia de outros dois grandes domínios.
Por um lado, o grupo de trabalho centrado na Racio-
nalidade Hermenêutica encontra na Filosofia uma for-
tíssima base teórica, na medida em que esta desenvol-
ve “um diálogo fertilíssimo com a Grécia Antiga – onde
se encontram grandes referências como Sócrates, Pla-
tão e Aristóteles –, mas também com a Filosofia Latina
e com o Latim enquanto grande veículo de transmissão
dessa mesma cultura filosófica. Como tal, “a Racionali-
dade Hermenêutica dota o Centro de toda uma capaci-
dade de reflexão teorética” que se estende não apenas
aos já mencionados domínios da Literatura ou da Histó-
ria, mas também a “questões centrais da Ética, da Bioé-
tica e da Medicina”, lembra Delfim Leão.
Mas também “reflexões sobre o conceito de cidada-
nia”, outrora realizadas, se revestem de interessantes
elementos para compreender a realidade política e so-
cial que hoje se vive, particularmente a bordo de “uma
Europa que atravessa uma enorme crise identitária”.
Por fim, a Área de Investigação em Semântica e Prag-
mática da Arte concebe a Música e o Teatro como plata-
formas laboratoriais para a investigação desenvolvida
no CECH, disponibilizando meios para que a tradução e o
“O mito permite-nos estudar a sua expressão (que, no caso da Antiguidade, se traduziu sobretudo
nas grandes obras literárias) e a forma como foi sendo recebido e reinterpretado ao longo da História”
31 mm
9 7 8 9 0 0 4 3 4 0 0 5 3
PORTRAYALS OF ANTIGONE IN PORTUGAL
20th and 21st Century Rewritings of the Antigone Myth
METAFORMS STUDIES IN THE RECEPTION OF CLASSICAL ANTIQUITY
ISSN 2212-9405 brill.com/srca
Portrayals of Antigone in Portugal gathers a collection of essays on the Portuguese drama rewritings of this Theban myth produced in the 20th and 21st centuries. For each of the cases analysed, the Portuguese historical, political and cultural context is described. This perspective is expanded through a dialogue with coeval European events. As concerns Portugal, this results principally in political and feminist approaches to the texts.
Since the importation of the Sophoclean model is often indirect, the volume includes comparisons with intermediate sources, namely French (Cocteau, Anouilh) and Spanish (María Zambrano), which were extremely influential on the many and diversified versions written in Portugal during this period.
Contributors to this volume are: Inês Alves Mendes, Rosa Andújar, Maria do Céu Fialho, Maria de Fátima Silva, Maria Fernanda Brasete, Lorna Hardwick, Aurora López, Carlos Morais, Konstantinos Nikoloutsos, Andrés Pociña, Ália Rosa Rodrigues, Nuno Simões Rodrigues, and Stéphanie Urdician.
CARLOS MORAIS, PhD in Literature, University of Aveiro wrote his thesis on the Sophoclean trimeter, published as O Trímetro Sofocliano: variações sobre um esquema (Lisboa, FCT/FCG, 2010). His main areas of research include Greek literature and the reception of Classical drama.
LORNA HARDWICK, Emeritus Professor of Classical Studies, Open University, UK, is Honorary Research Associate at the Archive of Performances of Greek and Roman Drama, University of Oxford. She is co-editor of the Classical Presences series (OUP) and founding editor of the Classical Receptions Journal.
MARIA DE FÁTIMA SILVA, PhD in Literature with a thesis on Theatre criticism in Ancient Greek Comedy, is Full Professor of Classical Studies at the University of Coimbra.She has published several translations and written extensively on Greek Tragedy and Comedy and its modern reception.
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Carlos Morais, Lorna H
ardwick, and M
aria de Fátima Silva (Eds.)
Edited by Carlos Morais, Lorna Hardwick,
and Maria de Fátima Silva
METAFORMS STUDIES IN THE RECEPTION OF CLASSICAL ANTIQUITY
Exemplo de uma obra lançada pela editora Brill sobre os estudos do mito
Prof. Dr. Delfim Leão (coordenador do CECH)
Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra // Investigação // Abr2019 // 23
estudo filológico da dramaturgia greco-romana ou de
arquivos musicais antigos possam ser interpretados,
recuperados e, desse modo, disponibilizados à socie-
dade.
Projetos estruturantesFazendo uso das mais-valias subjacentes à sua
transversalidade, o centro de investigação tem vindo a
desenvolver uma miríade de pertinentes projetos cien-
tíficos. Em termos elucidativos, poderão, efetivamente,
enumerar-se trabalhos como a tradução da Bíblia, a
criação de materiais didáticos para o ensino das Lín-
guas Clássicas e a área da “Reescrita do Mito” – ou não
tivesse este, “uma densidade plasmável, em constante
reconstrução”. Esclarecido por outras palavras, “o mito
permite-nos estudar a sua expressão (que, no caso da
Antiguidade, se traduziu sobretudo nas grandes obras
literárias) e a forma como foi sendo recebido e reinter-
pretado ao longo da História”, enfatiza o nosso interlo-
cutor. Outro projeto digno de referência é o “Diaita: Pa-
trimónio Alimentar e Identidade Cultural”, cujo foco en-
volve a compreensão de regimes como a Dieta Mediter-
rânica sob o ponto de vista da sua “justificação cultural
e histórica”, bem como “os afetos ligados ao património
alimentar”. Subjacente à dimensão desse projeto está o
seu potencial de cruzamento com áreas tão díspares
quanto a Medicina, a Gastronomia ou o Turismo.
Já outro dos mais relevantes trabalhos científicos di-
namizados no CECH consiste num inédito processo de
transcrição e de tradução integral do “Cursus Aristoteli-
cus Conimbricensis” (uma obra de reflexão do pensa-
mento filosófico de Aristóteles desenvolvida pela Esco-
la Jesuíta de Coimbra, que se tornou influente em diver-
sas regiões do globo, ao longo de diferentes épocas da
História) para Língua Portuguesa e, numa etapa poste-
rior, para Inglês. Por sua vez, o projeto “Mundos e Fun-
dos” dedica-se não apenas à identificação, digitaliza-
ção e estudo do vasto património musical secular que
se encontra conservado em instituições como a Biblio-
teca Geral da Universidade de Coimbra, como também à
promoção do seu acesso, com o ulterior objetivo de que
grupos associados à área da Música possam proceder à
sua interpretação.
Por fim, uma iniciativa “transversal” a todas as
Áreas de Intervenção do CECH é o projeto Classica Di-
gitalia, que opera, há precisamente dez anos, como
uma biblioteca digital em regime de “acesso aberto”
e que engloba “mais de 250 volumes publicados, on-
de se incluem textos Gregos e Latinos, traduções ou
estudos realizados pelo Centro”, enumera Delfim
Leão. Mais, todavia, do que restringir-se aos colabo-
radores da unidade de investigação, este repositório
tem merecido também o contributo de aproximada-
mente um milhar de investigadores oriundos de todo
o mundo, “possibil itando que o projeto alcance mas-
sa crítica e, desde logo, que a qualidade do que é pro-
duzido saia largamente reforçada”, conclui o porta-
-voz.
“Roma nosso Lar: Tradição (Auto)Biográfica e Consolidação da(s) Identidade(s)”
Coordenado por José Luís Brandão, da Universidade
de Coimbra (investigador principal), e por Cláudia Am-
paro Afonso Teixeira, da Universidade de Évora (inves-
tigadora co-principal), este projeto visa “compreen-
der a identidade europeia, a partir da sua génese”: a
ideia de Roma e o Império Romano.
Para tal efeito, este trabalho científico procura ana-
lisar (numa primeira etapa) de que forma “os romanos
percecionavam a sua identidade”, em que medida (nu-
ma segunda dimensão) desempenhavam o processo
de integração (essencial na cultura romana e uma das
razões do seu grande sucesso e estabilidade) de di-
versos povos e como se autopercecionavam face ao
“Outro” e, já num contexto de globalização (terceira
fase), “compreender como é que se perspetivava a identidade global de um Império que se estendia da Britânia
ao Egito, da Península Ibérica à Ásia Menor e, portanto, por todo o mundo mediterrâneo, incluindo uma significa-
tiva parte do norte de África” face a elementos de identidade regionais (tratados em estudos de casos específi-
cos), resume José Luís Brandão.
Recorrendo à análise de “um corpus de textos” (de natureza biográfica e autobiográfica), o projeto científico pre-
tende compreender em que medida estes registos contribuem para “a definição de identidade europeia”, através da
análise de uma galeria de homens ilustres (e icónicos) e das políticas por eles desenvolvidas, e publicar os resultados
da pesquisa em três grandes volumes principais de estudos. Indissociável do estudo do referido acervo histórico-bio-
gráfico será, naturalmente, a posterior disponibilização em acesso aberto da tradução desses mesmos textos. Na
prossecução deste projeto colabora “uma equipa, que se pretende – uma vez mais – transversal e interdisciplinar, de
investigadores de várias universidades portuguesas” (Coimbra, Évora, Lisboa, Porto e Madeira) e da Universidade de
Ouro Preto, no Brasil, e que inclui conselheiros de várias universidades europeias.
Este é um projeto aprovado e financiado pela FCT (PTDC/LLT-OUT/28431/2017) entre 2018 e 2021Biscoito académico: um dos produtos resultantes do projeto Diaita
Exemplo de uma representação teatral
Prof. Dr. José Luís Brandão (investigador do CECH)
24 // Abr2019 // Investigação // Centro de Matemática, Aplicações Fundamentais e Investigação Operacional da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
Centro de Matemática, Aplicações Fundamentais e Investigação Operacional
A Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa impõe grande tradição e competência no ensino e na
produção de investigação científica nas Ciências Matemáticas. Com várias unidades de investigação
criadas nas últimas décadas do século passado tornou-se crucial a adaptação aos novos desafios globais,
potenciada com a agregação de maior massa crítica. É neste contexto que se enquadra o CMAFcIO.
O Centro de Matemática, Aplicações Fundamentais e In-
vestigação Operacional (CMAFcIO) é uma unidade de Investi-
gação e Desenvolvimento que resultou da fusão, em vigor
desde 2015, das Unidades CMAF e CIO, tendo mantido a clas-
sificação de “Excelente” atribuída pela Fundação para a Ciên-
cia e para a Tecnologia (FCT), numa linha de continuidade
com os resultados dessas duas Unidades. Em particular, o
CMAF é o herdeiro direto do antigo Centro de Estudos de Ma-
temática de Lisboa, criado em 1940, sob a direção científica
de António Monteiro, e dirigido, entre 1952 e 1972, pelo Pro-
fessor José Sebastião e Silva.
Os seus principais objetivos visam a realização de estu-
dos aprofundados em várias áreas da Matemática, a for-
mação de jovens investigadores em diversas etapas das
suas carreiras e a promoção e desenvolvimento de aplica-
ções para problemas relevantes nas áreas das Ciências e
da Indústria. Juntamente com a divulgação de resultados
científicos, o CMAFcIO promove a comunicação da Mate-
mática nas escolas e para o público em geral, incluindo vá-
rias exposições.
Em termos organizacionais, o CMAFcIO tem um uma Co-
missão Diretiva composto por três membros, incluindo o Di-
retor e um Comité Consultivo Internacional. O CMAFcIO inte-
gra 57 membros (incluindo três investigadores FCT), 11 estu-
dantes de doutoramento e 27 membros não integrados. Os
membros são da ULisboa (principalmente de Ciências, al-
guns do ISEG, Instituto Superior Técnico e Instituto Superior
de Agronomia) e de escolas do ensino superiores em Faro,
Setúbal, Leiria e Coimbra, o que de algum modo reflete a di-
versidade das suas áreas científicas.
Num ambiente em que as questões que gravitam na esfe-
ra da Matemática são debatidas no plano da multidisciplina-
riedade, os investigadores do CMAFcIO são reconhecidos pe-
la sua visão, grau de conhecimento e produção científica
dentro e fora do país.
Linhas de investigaçãoDedicada à investigação nas Ciências Matemáticas o CMA-
FcIO agrega três grandes áreas de Investigação: i) Lógica,
Geometria e Sistemas Dinâmicos; ii) Análise Não Linear e
Equações Diferenciais e iii) Investigação Operacional.
A área de Lógica, Geometria e Sistemas Dinâmicos inclui
investigadores ativos com uma visibilidade internacional
significativa, que trabalham em Teoria da Demonstração,
Teoria de Modelos e Combinação de Lógica, bem como em
Geometria, nomeadamente superfícies Willmore, D-Módu-
los, Geometria Algébrica e Sistemas Dinâmicos discretos e
contínuos.
A Análise Não Linear e Equações Diferenciais inclui um
dos maiores e importantes grupos em Portugal em Equa-
ções com Derivadas Parciais e em Equações Diferenciais
Ordinárias - com especialização em tópicos modernos de
Cálculo de Variações e várias aplicações em Física Mate-
mática e em Biomatemática. Tópicos relevantes são o es-
tudo de equações específicas como Navier-Stokes,
Schrödinger e Kac-Boltzman, juntamente com problemas
do tipo Kepler, equações funcionais-diferenciais, teoria
cinética de gases, modelos de campo de fase, elasto-
-plasticidade, problemas de fronteiras livres, otimização
de formas e renormalização.
Por fim, a área de Investigação Operacional e Otimização
inclui investigadores de um grupo pioneiro em Portugal cuja
A atual Comissão Diretiva em reunião recente. Da esquerda para a direita, Mário Jorge Edmundo, sLuís Gouveia (Coordenador) e José Francisco Rodrigues.
A galeria das 45 superfícies cúbicas não regradas, no Edifício C6 da FCUL, ilustra um teorema de geometria algébrica de 1987, exibindo na Universidade de Lisboa, belas formas impressas em 3-d pela primeira vez um quarto de século depois da sua demonstração.
"O Centro de Matemática, Aplicações Fundamentais e Investigação Operaciona (CMAFcIO) é uma unidade de Investigação e Desenvolvimento que resultou da fusão,
em vigor desde 2015, das Unidades CMAF e CIO"
Centro de Matemática, Aplicações Fundamentais e Investigação Operacional da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa // Investigação // Abr2019 // 25
produção científica em Otimização Discreta e de Redes é
considerada uma referência a nível internacional. As contri-
buições na Otimização Estocástica também são dignas de
nota, assim como em áreas como Otimização Multicritério e
Programação Disjuntiva Generalizada.
Algumas das investigações feitas pelos membros desta
unidade, nomeadamente nas áreas de Análise Não Linear
e Equações Diferenciais e de Investigação Operacional po-
dem ser enquadradas em matemática aplicada e indus-
trial. A visibilidade acrescida neste campo é uma conse-
quência da junção que ocorreu em 2015. Os tópicos de
pesquisa variam desde o manejo florestal até análises e
simulações de modelos de reação-difusão, a dinâmica
das populações de peixes, epidemiologia da dengue, da-
dos de assistência médica, análise de localização de sen-
sores, operações de resgate em massa, pesquisas de
amostragem, estacionamento e roteamento de agentes
fiscalizadores e programação otimizada de refinarias de
petróleo. Exemplos de parceiros na Indústria são a Mari-
nha Portuguesa, a EMEL (Mobilidade e Estacionamento em
Lisboa), o IPMA (Instituto do Mar e da Atmosfera), a ABB, a
SASOL, a Unilever e vários hospitais públicos e privados.
A teoria dos grafos e os desenvolvimentos recentes da matemática discreta são essenciais na teoria e prática da Investigação Operacional.
A visibilidade internacional do CMAFcIO está patente em
vários outros aspetos que resultam da atividade dos seus
membros em jornais editoriais; associação e liderança de
grupos de investigação internacionais e organizações cientí-
ficas; presidência e organização de conferências internacio-
nais e escolas; colaborações com investigadores internacio-
nais.
Singularidade de açãoO CMAFcIO pretende assumir um papel de relevo na inves-
tigação que atualmente se faz em Matemática, procurando
os padrões de qualidade em todas as áreas da sua atividade.
Apresentando interesses comuns com investigadores de
outros centros e muitas colaborações a nível nacional e in-
ternacional, os seus investigadores procuram dar especial
atenção às características que moldam a identidade da equi-
pa. Assim, no futuro, será preservado o caráter de um centro
em que a investigação fundamental e aplicada coexistem,
com áreas fortes bastante visíveis, mas onde domínios es-
peciais podem progredir e evoluir mesmo em pequenos sub-
grupos.
Aliás, no plano estratégico para o triénio 2018-22, foca-se a
necessidade de a equipa lidar com problemas matemáticos
atuais e pertinentes em várias áreas importantes, estando al-
guns membros já envolvidos em projetos de aplicabilidade da
Matemática a problemas do mundo real. Esta característica e as
áreas envolvidas tanto na investigação teórica como na investi-
gação aplicada definem um perfil para o CMAFcIO que é singular
e o destaca entre unidades semelhantes.
"Num ambiente em que as questões que gravitam na esfera da Matemática são debatidas no plano da multidisciplinariedade, os
investigadores do CMAFcIO são reconhecidos pela sua visão, grau de conhecimento e produção científica dentro e fora do país."
UID/MAT/04561/2019
Um aspeto da Mostra sobre Biologia e Matemática, iniciativa do CMAFcIO, em exibição na Faculdade de Ciências da Univer-sidade de Lisboa desde dezembro de 2018, na sequência do ano dedicado na Europa à interação daquelas duas Ciências.
"A visibilidade internacional do CMAFcIO está patente em vários outros aspetos que resultam da atividade dos seus membros"
26 // Abr2019 // Investigação // Centro de Investigação Interdisciplinar em Sanidade Animal
CIISA integra projetos orientados para a sociedade e resolução de problemas globais
A ATIVIDADE DO CIISA EM INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E DEMONSTRAÇÃO
ESTÁ ALICERÇADA NUM VASTO PORTEFÓLIO DE PROJETOS MULTI E INTERDISCIPLINARES.
O Centro de Investigação Interdisciplinar em Sanidade
Animal (CIISA) desenvolve na atualidade 36 projetos de in-
vestigação e desenvolvimento (I&D), inovação e demons-
tração, com suporte de uma grande diversidade de fontes
de financiamento, incluindo a União Europeia (H2020),
agências governamentais (FCT - Fundação para a Ciência
e Tecnologia; ANI - Agência Nacional de Inovação), progra-
mas nacionais e regionais com cofinanciamento FEDER
(PRODER, PDR2020, Portugal2020) e setor privado.
Estes projetos congregam parcerias enraizadas em
consórcios e redes nacionais e internacionais. A atividade
de I&D do CIISA é por natureza multi e interdisciplinar nas
áreas científicas da produção animal, segurança alimen-
tar, saúde animal e saúde pública (conceito ONE HEALTH) e
ciências biomédicas (medicina translacional). Abaixo se-
guem exemplos de projetos que espelham a diversidade
da atividade naquelas áreas científicas em aplicações
orientadas à sociedade.
Luís Lopes da Costa,
coordenador científico
Projeto NAT-OMEGA3 (PDR2020 -1.0.1-FEADER-031461) - Desenvolvimento de uma nova gama de produtos lácteos, naturalmente enriquecidos em ácidos gordos polinsaturados Ómega 3 por via nutricional, promotores da saúde humana, bem-estar animal e sustentabilidade económica e ambiental das explorações leiteiras www.natomega3.com
Este projeto coordenado pela
FMV-ULisboa (CIISA) congrega
como parceiros uma cooperativa
leiteira (VIVALEITE - COOPERATIVA
DE PRODUTORES DE LEITE, CRL),
uma fábrica de alimentos com-
postos para animais (EUROCE-
REAL-COMERCIALIZAÇÃO DE PRO-
DUTOS AGRO-PECUARIOS S.A.) e uma empresa de produção
e distribuição de lacticínios (TERRA ALEGRE LACTICÍNIOS S.A.,
grupo Jerónimo Martins). O objetivo é o desenvolvimento de
produtos lácteos (leite e seus derivados) naturalmente enri-
quecidos em ácidos gordos polinsaturados (cadeia Omega3),
por via da alimentação das vacas leiteiras. Foi desenvolvido
um produto rico nestes nutrientes que, protegido da biohi-
drogenação que fisiologicamente ocorre nos compartimen-
tos gástricos dos ruminantes e os transforma em outros áci-
dos gordos, permite a sua absorção intestinal e ulterior pas-
sagem para a constituição do leite, ocorrendo em elevada
concentração nos derivados lácteos (manteiga, queijo, iogur-
te, natas). A fonte adicional de compostos Omega3 terá re-
percussões positivas em três domínios: i) na saúde do consu-
midor, pois está demonstrado o efeito benéfico destes nu-
trientes na prevenção de diversas doenças, como as cardio-
vasculares; ii) na saúde e fertilidade dos animais, aumentando
o bem-estar animal e por consequência a sua capacidade
produtiva e rentabilidade económica; e iii) no ambiente, pois a
alteração metabólica introduzida nos animais, resulta numa
diminuição significativa das emissões de metano (CH4) e, por
consequência, na diminuição da pegada ecológica da produ-
ção de bovinos.
Em resumo, este projeto multidisciplinar considera o de-
senvolvimento de um alimento natural diferenciado (leite) e
seus derivados tecnológicos com impacte positivo na saúde
humana consumidora, saúde e bem-estar animal, ambiente
e fileira económica.
Domínios do impacte do conhecimento adquirido com o projeto NAT-
-OMEGA3
Projeto Safe Meat Products (PDR2020-1.0.1-FEADER-031359) - Estratégias para a qualidade e segurança de produtos cárneos transformados garantindo a redução de compostos com potencial carcinogénico. www.safemeatprod.com
O plano de ação deste projeto pretende estudar formas de
reduzir a presença de substâncias potencialmente carcinogé-
nicas (cancerígenas) em produtos alimentares de origem ani-
mal curados secos, através do uso de ingredientes naturais,
da biopreservação, da utilização de revestimentos ativos edí-
veis e da aplicação de tecnologias emergentes, garantindo o
controlo de bactérias patogénicas e a aceitação sensorial. O
projeto coordenado pela FMV-ULisboa (CIISA) considera co-
mo parceiros a CERCICA, Coop. Agrícola BOTICAS CAPOLIB,
CRL., A. N. Criadores Suínos Raça Bisara, Irmãos Monteiro, SA,
Paladares SOC. PRO. COM. PROD. ALIMENTARES. LDA., Univer-
sidade Católica Portuguesa, Universidade de Évora e a Univer-
sidade de Trás os Montes e Alto Douro.
Centro de Investigação Interdisciplinar em Sanidade Animal // Investigação // Abr2019 // 27
Projeto CAMPYFREE (PDR2020-1.0.1-FEADER-031254) - Abordagem integrada - farm to fork - sobre a contaminação de carne de aves por Campylobacter spp., orientada ao desenvolvimento, validação e transferência de conhecimento sobre estratégias eficazes para o controlo e redução da sua prevalência.www.campyfree.com
A segurança dos alimentos é uma preocupação crescente
dos consumidores e uma prioridade política da União Euro-
peia. No âmbito das zoonoses (doenças comuns transmissí-
veis entre animais e humanos), a bactéria Campylobacter spp.
tem justificado um crescente interesse e, na Europa, é identi-
ficada pela EFSA (2018) como o mais frequente agente pato-
génico causador de doença gastrointestinal. O projeto pre-
tende angariar, criar, validar e transferir conhecimento sobre
o efeito de várias intervenções ao nível da produção, indústria
e distribuição que, de forma integrada e sinérgica, contribuam
significativamente para o controlo e minimização do risco de
infeção por Campylobacter spp.. Com a aplicação de interven-
ções ao longo da cadeia produtiva, previamente validadas
quanto ao seu grau de eficácia, os operadores envolvidos
terão ganhos relacionados com o reforço de confiança do
consumidor e dos parceiros sobre os seus produtos, mini-
mizando-se os riscos de retiradas de produto não seguro e
a penalização da imagem das empresas desta fileira. O pro-
jeto coordenado pela FMV-ULisboa (CIISA) engloba como
parceiros a Ancave, Hiperfrango, Lusiaves e a Universidade
Católica Portuguesa.
Projeto – sdAb-go-BBB (PTDC/BBB-BIO/0508/2014) - Ultrapassando o dilema da entrega de fármacos no cérebro: Desenvolvimento de anticorpos de domínio único para direcionamento e entrega de drogas no cérebro.
O desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas para o tratamento de doenças do sistema nervoso central (SNC), como
por exemplo o Alzheimer, tem sido sistematicamente impedido por uma das barreiras mais compactas e seletivas do corpo hu-
mano, a barreira hemato-encefálica (BHE). Basicamente, 100% dos fármacos constituídos por grandes proteínas e mais de 98%
dos fármacos compostos por pequenas moléculas não atravessam a BHE. Uma possível abordagem para resolver este proble-
ma consiste em usar como alvo o sistema de transporte da BHE e desenvolver estratégias de entrega dos fármacos no SNC que
utilizem estes sistemas naturais de transporte para entrarem no cérebro. Neste sentido, a equipa CIISA e os seus parceiros, Ins-
tituto de Medicina Molecular, Associação do Instituto Superior Técnico para a Investigação e Desenvolvimento e empresa Tech-
nophage, têm-se focado no desenvolvimento de anticorpos monoclonais que tenham como alvo os recetores da BHE e que pos-
sam ser acoplados a “veículos” de transporte de fármacos como os lipossomas. O objetivo é desenvolver moléculas inovadoras
com capacidade de passar a BHE para o tratamento de doenças do foro neurológico como o Alzheimer, cancro e a meningite.
Estratégia para ultrapassar a BHE no aporte de fármacos ao SNC
BarreiraHemato-encefálica
Cérebro
Immunoliposoma
Fármaco
Sangue
Anticorpo
Novas abordagens terapeuticas para Alzheimer, Cancro e Meningite
Projeto PET-Risk (JPIAMR/0002/2016) - Risco de transmissão de resistência aos antibióticos entre animais de companhia e o homem durante diferentes tipos de infeção animal.www.petrisk.fmv.ulisboa.pt
Os nossos cães e gatos podem trocar bactérias multirre-
sistentes aos antibióticos com o Homem? Qual o risco para
a Saúde pública?
O PET-Risk, um Consortium internacional coordenado pel
FMV-Ulisboa (CIISA), envolvendo prestigiados laboratórios
da Alemanha, Suíça, Reino Unido e Canadá, recentemente
detetou a partilha de bactérias multirresistentes aos anti-
bióticos de último recurso para a Medicina Humana entre
animais de companhia e o Homem. Este Consortium conta
com uma equipa multidisciplinar para investigar a transfe-
rência de resistência aos antibióticos entre animais e huma-
nos em coabitação de modo a compreender as consequên-
cias deste contacto tão próximo numa perspetiva de “uma
só saúde” (ONE HEALTH).
O PETrisk tem por objetivo determinar a frequência e importância da transmissão de bactérias resistentes entre cães, gatos e seus tutores
UID/CVT/00276/2013
Saúde
30 // Abr2019 // Opinião // António Araújo, presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos
O acervo humano do SNS
Deixem-me sublinhar (e recordar a alguns responsáveis)
que o melhor do Sistema Nacional de Saúde (SNS) são os
seus profissionais de saúde. É axiomático afirmar que sem o
envolvimento ativo, a resiliência diária e a abnegação inces-
sante destes profissionais, a saúde e o SNS não passariam
de uma sombra do que são hoje.
As atividades de educação contínua e o firme empenho em
projetos de desenvolvimento das suas áreas de conheci-
mento são apanágio destes homens e mulheres, que com-
põem o grupo de profissões que mais se dedica ao cidadão.
Mas, apesar de se continuar a ouvir, cada vez mais debil-
mente, que temos o melhor serviço de saúde do mundo, não
se vislumbra o empenho esperado, por parte da tutela, quer
no investimento estrutural e em recursos humanos, quer no
reconhecimento destes.
Mais, não se entende porque teimam os decisores políticos
em não refletir acerca dos problemas reais que o SNS en-
frenta. Deixem-me, a este propósito, ter a veleidade de citar
apenas três exemplos.
Dos 21 ACeS que compões a ARS Norte, atualmente, ape-
nas dois têm médicos como diretores executivos, sendo ex-
tremamente difícil arranjar presidentes para os Conselhos
Clínicos. Não se criam condições que facilitem aos médicos a
aquisição das competências necessárias à alta direção de
instituições de saúde, nem se advoga que esses cargos se-
jam devidamente remunerados, de forma a que não venham
a auferir um vencimento menor do que aquele que se obtém
com o trabalho assistencial normal. As candidaturas para es-
tes cargos não são públicas nem abertas, na maior parte dos
casos, apenas tendo em consideração as filiações partidá-
rias. Não existe, para os profissionais de saúde, uma carreira
de gestão em saúde, para que os que sintam apetência para
esta área não sejam desmotivados pela ocasionalidade do
cargo, com repercussão direta e negativa na carreira e no
vencimento.
Recentemente, foi divulgado que das 300 vagas abertas
em hospitais e centros de saúde do continente no último
concurso, para médicos especialistas, apenas 165 foram
preenchidas. Este é um problema antigo e recorrente, que
se tem vindo a acentuar nos últimos anos. Não se ouviu
até hoje qualquer pensamento construtivo a este propósi-
to, registando-se apenas afirmações vazias de sentido e
bom senso, como a proferida por um governante, afir-
mando que tal era culpa da respetiva Ordem profissional.
No entanto, abrem-se concursos que não respondem aos
anseios de quem procura colocação nem aos de quem di-
rige os serviços. Existe cada vez menos incentivo para
projetos de desenvolvimento profissional e cada vez mais
se aprofunda o abismo que separa o valor da retribuição
das responsabilidades exigidas. Não se conseguindo im-
plementar medidas reais de combate à interioridade, os
cuidados de saúde prestados a essa população represen-
tarão um problema ainda mais substancial dentro de meia
dúzia de anos.
Em março, soube-se que o Estado Português estava a
preparar mais uma injeção obscena de capital num banco
(850 milhões de euros). Uns dias antes, um relatório da Co-
missão Europeia veio revelar que o governo irá diminuir a
despesa com a saúde e com a educação em 118 milhões de
euros. Algo não está bem e faz-me confusão - sendo a saú-
de e a educação as áreas prioritárias para a esmagadora
maioria dos portugueses, porque está o nosso governo a ti-
rar dinheiro a essas valências e a colocá-lo num banco? As
unidades de saúde necessitam de contratos-programa e or-
çamentos ajustados à realidade, e necessitam de autonomia
(com algum controlo, para evitar “derrapagens”) para reali-
zar os investimentos estruturais e em recursos humanos
necessários.
Por tudo isto, é importante que os bons exemplos sejam
mostrados, quer para os tornar públicos quer para acarinhar
quem, apesar de todos estes constrangimentos, tenta ensi-
nar, modernizar e inovar. Se a tutela não o faz, que seja a so-
ciedade civil a fazê-lo. Se já não temos o melhor sistema de
saúde do mundo, podemos, pelo menos, orgulhar-nos de ter
profissionais de saúde de grande qualidade humana e pro-
fissional.
António Araújo
Presidente do Conselho Regional
do Norte da Ordem dos Médicos
30 // Abr2019 // Saúde // Associação de Apoio ao Serviço de Cuidados Intensivos do Centro Hospitalar Universitário do Porto
Congresso promoveu saberes e práticas nos cuidados intensivos
“uma série de temáticas e pessoas que estão envolvidas no trata-
mento dos doentes críticos de todo o hospital”.
Enquanto catalisadora de um sucesso que justificou mais de
2000 inscrições no evento organizado pela Associação de Apoio ao
Serviço de Cuidados Intensivos do Centro Hospitalar Universitário
do Porto (ASCI) em parceria com a Associação Portuguesa de Nu-
trição Entérica e Parentérica (APNEP), esta mesma interdisciplinari-
dade reveste-se de uma extraordinária importância. Efetivamen-
te, perspetiva-se que, “no futuro, os hospitais terão maioritaria-
mente doentes de Medicina Intensiva quer de Nível I, quer de Ní-
vel II (Intermédios)” – o que exige equipas devidamente
adaptadas para tal –, à medida que os doentes menos graves
tenderão a ser tratados essencialmente em ambulatório.
Por outro lado – e em paralelo à reflexão sobre temáticas e
avanços como a utilização da ventilação não invasiva nos cuida-
dos intensivos (uma área que sempre foi “muito querida” a Fer-
nando Rua, tendo o nosso interlocutor sido pioneiro na sua im-
plementação em contexto nacional) – antecipam-se dois gran-
des desafios, no âmbito do nosso país. O primeiro corresponde
à necessidade do “aumento do número de camas para cuidados
intensivos” que ainda se revela “muito baixo nos hospitais por-
tugueses”. Efetivamente, “a percentagem do número de camas
de doentes críticos tem aumentado exponencialmente na gran-
de maioria dos Hospitais da Europa, mas em Portugal ainda não
chegou ao necessário”. Igualmente importante, todavia, é con-
seguir “o número suficiente de especialistas (em Medicina In-
tensiva) para ocupar as unidades de cuidados intensivos”.
Refletir sobre a Enfermagem IntensivaFalando em nome dos profissionais de Enfermagem Intensi-
va, José António Pinho sublinha, por sua vez, os benefícios de
uma visão estratégica que procurou o valioso intercâmbio de
saberes, experiências e inovações tendo em vista “discutir para
conseguirmos alcançar a excelência padronizada”. Não deverá,
nesse sentido, constituir surpresa que o critério subjacente à
escolha dos oradores convidados por este elemento da comis-
são organizadora tenha sido o valor das suas intervenções não
numa componente teórica, mas na demonstração e partilha das
melhores práticas profissionais.
Caracterizado por uma interessante abrangência de temáti-
cas, o Congresso permitiu – a título exemplificativo – colocar a
tónica em áreas como o controlo de infecção e a otimização dos
registos a ele associados. Mas outro dos temas mais desafian-
tes foi a reflexão sobre “Que Enfermagem em Cuidados Intensi-
vos: Liderança, Formação e Paixão”, no seio da qual se discuti-
ram alguns dos condicionalismos que se colocam ao exercício
diário destes profissionais e de que forma é possível superar,
em contextos de prática, essas mesmas limitações e, desse
modo, conseguir liderar equipas devidamente motivadas. A
pertinência em torno destas reflexões reforça-se numa con-
juntura em que, tal como enfatiza o enfermeiro chefe, “temos
uma unidade de cuidados intensivos com uma população muito
envelhecida e paliativa, sendo necessária uma boa retaguarda
para este tipo de doentes”.
Mas se a realidade nacional atravessa um conjunto decisivo
de novos desafios, importa recordar em que medida a partilha
de sensibilidades profissionais entre congéneres portugueses
e internacionais se tem assumido como bastante vantajosa.
“Na área do intensivismo, temos – enquanto Serviço de Cuida-
dos Intensivos do Centro Hospitalar Universitário do Porto – al-
gumas parcerias com outros países e há imensa troca de infor-
mações e de resultados, bem como de procedimentos e atitu-
des”, lembra José António Pinho. É precisamente este espírito
de abertura que o Congresso procurou também reforçar, sem-
pre com um objetivo ulterior: “melhorar os serviços prestados à
comunidade e ao utente”.
NO ÂMBITO DO VI CONGRESSO INTERNACIONAL DE CUIDADOS INTENSIVOS, DECORRIDO A 1 E 2 DE ABRIL
EM MATOSINHOS, O PERSPETIVAS CONVERSOU COM O DIRETOR (FERNANDO RUA) E O ENFERMEIRO CHEFE (JOSÉ ANTÓNIO PINHO) DO SERVIÇO DE CUIDADOS
INTENSIVOS DO CENTRO HOSPITALAR UNIVERSITÁRIO DO PORTO SOBRE A IMPORTÂNCIA DE QUE SE
REVESTE UM EVENTO DESTA NATUREZA PARA DIFERENTES AGENTES DO SETOR DA SAÚDE.
“Convocar os profissionais mais avançados”, promover “a troca
de impressões” e transmitir novo conhecimento científico, tendo
em vista “o desenvolvimento do Serviço e uma constante atualiza-
ção”. É desta forma que Fernando Rua avalia as potencialidades
daquilo que correspondeu a muito mais do que “um Congresso
clássico dedicado apenas aos cuidados intensivos” e prossupôs –
pelo contrário – uma lógica de interdisciplinaridade, englobando
Perspetiva-se que, “no futuro, os hospitais terão maioritariamente doentes de Medicina Intensiva quer de
Nível I, quer de Nível II (Intermédios)” – o que exige equipas devidamente adaptadas (Dr. Fernando Rua)
Dr. Fernando Rua (Diretor do Serviço de Cuidados Intensivos do Centro Hospitalar Universitário do Porto)
Enf. José António Pinho (Enfermeiro chefe do Serviço de Cuidados Intensivos do Centro Hospitalar Universitário do Porto)
APNEP - Associação Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica // Saúde // Abr2019 // 31
XXI Congresso da APNEP “valoriza a Nutrição"
A APNEP – ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE NUTRIÇÃO ENTÉRICA E PARENTÉRICA ORGANIZOU, NOS DIAS 1 E 2 DE ABRIL, O SEU XXI CONGRESSO ANUAL. A INICIATIVA MERECEU A PRESENÇA DE MAIS DE 2.800 INSCRITOS, QUE
PUDERAM ACOMPANHAR – AO LONGO DE OITO SALAS A FUNCIONAR EM SIMULTÂNEO – MOMENTOS INTERDISCIPLINARES DE FORMAÇÃO, PARTILHA DE EXPERIÊNCIAS OU DEBATE EM TORNO DAS GRANDES
TEMÁTICAS DA NUTRIÇÃO.
Aníbal Marinho (Presidente da APNEP e do Congresso)
Na saúde é obrigatória a partilha dos cuidados num mo-
delo inter e transdisciplinar. Esta é uma prática diária que to-
dos conhecemos bem. A organização de conferências e
simpósios por áreas específicas e dirigidas a determinados
grupos profissionais é habitual.
Um desafio maior consiste em congregar um grupo de
peritos para integrar uma comissão científica multidisciplinar
que tem de estruturar todo um programa com cursos, sim-
pósios, hot topics de interesse comum para todos os profis-
sionais. Estruturar um programa de cinco dias nesta dinâmi-
ca não é fácil. Pensar num programa aliciante para estudan-
tes finalistas, colegas mais jovens mas também onde os de-
canos se revejam e possam partilhar a sua experiência é um exercício difícil. Imaginem agora outro cenário. Conseguem idealizar
três congressos em simultâneo durante cincos dias com vários cursos a decorrer ao mesmo tempo, com oito salas a funcionar
em simultâneo, com 2914 participantes, com 320 preletores nacionais e internacionais? Todos a trabalharem juntos num mes-
mo período e num espaço comum?
Não é imaginação. Foi a realidade. Entre o Porto e Matosinhos, de 29 de março a 2 de abril de 2019, decorreu o “XXI Congresso Anual
APNEP”, o “VI Congresso Internacional de Cuidados Intensivos”, e o “XVI Congresso do Arco IberoAtlântico”. Num modelo inovador
convidámos enfermeiros, farmacêuticos, médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas da fala, psicólogos, assistentes sociais,
administradores hospitalares, associações de doentes, entre outros a partilharem o seu know-how, a sua experiência e prática diária
em diferentes áreas. Foram apresentadas as mais recentes inovações, as melhores práticas, o estado da arte em áreas tão diferentes
como a saúde pública, os cuidados de saúde primários, a intervenção terapêutica em múltiplas patologias.
Foi uma associação feliz de três congressos num evento único. Quando os recursos humanos e económicos são escassos,
temos que ser engenhosos. Um evento em que se rentabilizou o fim-de-semana, permitindo que um maior número de profis-
sionais pudessem participar (abdicando do seu fim-de-semana e não reduzindo o já escasso n.º de profissionais no SNS), a
participação gratuita aos membros das sociedades científicas, a rentabilização dos espaços no fim-de-semana que tem me-
nor ocupação. Tudo. Tudo foi tudo pensado ao pormenor.
Obrigado a todos os que aceitaram este desafio. Sob o ponto de vista organizativo e científico este evento foi marcante e convida-
-nos a pensar que com criatividade, competência, rigor e muito trabalho tudo é possível em prol dos doentes e dos cidadãos.
Lino Mendes (Secretário-geral da APNEP)O Congresso foi muito abrangente – indo desde áreas como
a Saúde Pública e a Nutrição Clínica aplicada a patologias muito
específicas. Nessa perspetiva, o programa foi muito eclético.
Penso que o objetivo base – se tivesse de encontrar uma frase
– seria “valorizar a Nutrição”, ou seja, fazer com que os profis-
sionais sintam que a Nutrição é muito importante para as dife-
rentes áreas da Saúde. Tivemos a participação de médicos, en-
fermeiros, nutricionistas, farmacêuticos, psicólogos e adminis-
tradores hospitalares para que todas estas pessoas pudessem
– cada qual com o seu contributo – valorizar aquilo que é a Nu-
trição em prol do doente. Mas apesar de o Congresso ter sido
bastante centrado na Nutrição Clínica, ele visava também o ci-
dadão, pois é dele que falamos quando nos referimos à Saúde
Pública.
Também tivemos a perspetiva de envolver os estudantes de di-
ferentes instituições de ensino na área da Saúde e alguns dos cur-
sos pré-Congresso foram dirigidos a finalistas do país inteiro. O
nosso objetivo é motivar os estudantes, na fase final da sua forma-
ção em Saúde, para a relevância da Nutrição.
António Sousa Guerreiro (Presidente da Assembleia Geral da APNEP)Uma reunião tão grande, como esta que a APNEP organizou, funciona como um motor importante para promover, a nível na-
cional, o interesse pela Nutrição e, mais particularmente, pela Nutrição Clínica. Esta tem sido aplicada, sobretudo, nos hospi-
tais, embora também já em ambulatório. Mas, para isso, é necessária formação. Desde 2003 que vários estados-membros da
União Europeia tomaram algumas atitudes a nível hospitalar, como é o caso da identificação do risco nutricional.
Neste momento, o Governo português prepara-se para implementar a identificação do risco nutricional e, por isso mesmo, é mui-
to importante que os vários agentes da Saúde – médicos, enfermeiros, nutricionistas e farmacêuticos – estejam efetivamente liga-
dos entre si. Está demonstrado que existem ganhos para as unidades hospitalares (no que diz respeito à qualidade do trabalho) se a
identificação do risco nutricional for efetuada nos doentes. De facto, não é possível trabalhar em Nutrição se não houver interdisci-
plinaridade. Temos de trabalhar em equipa. Felizmente, os nutricionistas e médicos interessam-se cada vez mais por este assunto.
Acho, no fundo, que o Congresso foi um bom estímulo.
32 // Abr2019 // Saúde // APNEP - ASCI
Partilha de testemunhos em Congresso dedicado à Nutrição e aos Cuidados Intensivos
À MARGEM DO XXI CONGRESSO ANUAL DA APNEP E DO VI CONGRESSO INTERNACIONAL DE CUIDADOS INTENSIVOS, O SUPLEMENTO PERSPETIVAS CONVERSOU COM ALGUNS DOS CERCA DE 300 CONFERENCISTAS E
CONVIDADOS. PARA ALÉM DO BALANÇO A UM EVENTO DE INTERESSANTE ABRANGÊNCIA E RELEVO CIENTÍFICO, PARTILHAM-SE REFLEXÕES SOBRE ALGUNS DOS GRANDES DESAFIOS DO PRESENTE.
Pierre Singer (médico do General Intensive Care Department e Institute for Nutrition Research no Rabin Medical Center, Hospital Beilinson, Israel)
A minha sensação é a de que este Congresso permitiu
demonstrar o quanto os portugueses estão interessados
no tema dos Cuidados Intensivos e da Nutrição. As pessoas
provaram que tinham interesse em aprender e também em
reunir-se e fazer networking, discutindo os grandes tópicos
em torno da Nutrição. De facto, esta tornou-se uma ques-
tão muito importante para todo o mundo, Portugal incluído,
até porque a desnutrição é um problema que existe em to-
do o planeta e é bastante difícil de combater. Temos mais
de 40% das pessoas em risco de desnutrição nos hospitais
e muitas sofrem dela nas suas casas. Como tal, é muito im-
portante que os especialistas, os administradores hospita-
lares e os elementos dos Ministérios se apercebam de que
esta é uma questão essencial.
A grande mensagem que tem surgido nas investigações
em Nutrição revela-nos que combate a desnutrição é eco-
nomicamente vantajoso, porque para além de se fazer tra-
tamento às pessoas, também se reduzem os cursos asso-
ciados à Saúde. Existe uma iniciativa a decorrer em todo o
mundo e que está a juntar sociedades de Nutrição de vários
continentes para se criar uma nova definição de desnutri-
ção, que possa ser aceite por todos, que será submetida à
Organização Mundial de Saúde. De resto, existem sempre
novas técnicas, novas abordagens, novas publicações, no-
vas discussões. Esta é uma área em constante desenvolvi-
mento e isso é muito bom, porque mostra que as pessoas
estão realmente interessadas nela.
Paulo Martins (Diretor do Serviço de Medicina Intensiva do Centro Hospitalar de Coimbra e antigo Presidente da APNEP)
Este é um dos Congressos-marca que existem em termos
nacionais, no que diz respeito ao mundo da Nutrição. O facto
de terem funcionado tantas salas em simultâneo traduz bem
a vivacidade que a Nutrição suscita para os diferentes profis-
sionais de saúde. Hoje, de facto, existe uma consciencializa-
ção muito maior para a necessidade do suporte nutricional
dentro dos hospitais, resultado de um trabalho que foi sendo
feito ao longo dos anos.
Mas ainda há coisas a fazer, como materializar um Diplo-
ma que permita trazer a Nutrição para fora das unidades
hospitalares. Sentimos que os doentes, enquanto estão
hospitalizados, são nutridos da forma adequada, mas quan-
do regressam às suas casas não têm capacidade para fazer o
suporte nutricional, que é caro e não é comparticipado, o que
"É muito importante que os especialistas, os administradores hospitalares e os elementos dos Ministérios se apercebam de que a Nutrição
é uma questão essencial" (Dr. Pierre Singer)
faz com que o trabalho de manter a massa muscular e a re-
cuperação funcional se perde, depois da saída do hospital. A
concretização deste Diploma é um dos anseios que a APNEP
teve ao longo dos anos. É importante dizer à população e à
estrutura governativa que a Nutrição não é um gasto, mas
sim um investimento.
APNEP - ASCI // Saúde // Abr2019 // 33
José Júlio Nóbrega (Diretor do Serviço de Medicina Intensiva do Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira - SESARAM)
Com uma reunião desta índole e dimensão, havia muito por que
esperar. Os palestrantes muniram-se dos mais recentes avanços
dentro da Medicina Intensiva, percorrendo um programa de varia-
díssimos temas e todos eles com muito interesse para a aplicação
nos cuidados intensivos, como a ventilação não invasiva, nutrição
artificial, técnicas de substituição da função renal, entre outros.
Foram temas muito pertinentes que deram a oportunidade
de entrar em contacto com especialistas de cada área, permi-
tindo que quem mais sabe pudesse dar formação. Informal-
mente, também se trocaram experiências sobre o que se faz
em cada Serviço. Foi uma reunião muito importante, das maio-
res de cuidados intensivos em Portugal e foi uma honra ter sido
convidado para marcar presença e falar sobre hipotermia tera-
pêutica no doente crítico.
Paula Guerra (médica do Centro Materno Pediátrico do Centro Hospitalar de São João)
Aplico a Nutrição na minha prática clínica, através da as-
sistência nutricional a crianças que estão internadas e
que precisam de nutrição artificial – seja ela enteral ou
parenteral. Mas também desenvolvemos um programa de
Nutrição Parentérica no domicílio. Neste momento, já te-
mos 16 crianças em domicílio, num total de 46. A Nutrição
Artificial é uma área muito importante, porque permite
que crianças que não conseguem comer adequadamente
possam ser alimentadas – através da via digestiva com
uma sonda nasogástrica, ou com uma gastrostomia ou
através de um cateter central, permitindo que elas pos-
sam ter um bom estado nutricional, apesar de estarem
bastante doentes.
As expectativas para o Congresso estavam muito ele-
vadas. Foi muito importante porque pessoas de vários
centros hospitalares vieram partilhar as suas experiên-
cias e o que tem acontecido nos últimos tempos. Há sem-
pre muitas evoluções, nomeadamente na área da Nutri-
ção Parenteral e da Insuficiência Intestinal, por exemplo.
Por outro lado, hoje em dia fala-se muito sobre as nutri-
ções parentéricas de formulação personalizada, o que
contém vantagens e desvantagens, tanto em relação ao
doente internado como o que está em ambulatório.
Jorge Daniel (Diretor do Programa de Transplantação Hepática do Hospital de Santo António) e Donzília Silva (Cirurgiã das equipas de Transplantação de Pâncreas e de Fígado do Hospital de Santo António)
Jorge Daniel: Tratou-se de um Congresso dedicado
aos cuidados intensivos, que se liga bastante com o te-
ma dos doentes transplantados, já que a transplanta-
ção não é possível se não houver cuidados intensivos.
São duas áreas que estão completamente interligadas.
A transplantação é algo que já existe em Portugal há
mais de três décadas e é óbvio que tem havido uma
atualização constante. As gerações vão mudando, mas
a sensibilização da comunidade médica é uma ativida-
de sempre em desenvolvimento contínuo. Só dessa
forma se pode manter a atualidades destes progra-
mas.
Donzília Silva: Acho fundamental que num Congresso
como este pudesse falar sobre a seleção de dadores de
órgãos para transplantação. Foi um momento fundamen-
tal para focarmos uma das estratégias que temos para
aumentar o número de dadores que, cada vez mais, é es-
casso. Ainda assim, no que toca ao panorama da trans-
plantação em Portugal, penso que está ao nível dos me-
lhores países, não só em termos de taxa de doação, mas
também no que diz respeito aos resultados.
“É importante dizer à população e à estrutura governativa que a Nutrição não é um gasto,
mas sim um investimento" (Dr. Paulo Martins)
Acho fundamental que num Congresso como este pudesse falar sobre a seleção de dadores de órgãos para transplantação. Foi um momento fundamental para focarmos uma das estratégias que temos para aumentar o número
de dadores que, cada vez mais, é escasso" (Drª. Donzília Silva)
34 // Abr2019 // Saúde // Sociedade Portuguesa de Doenças Metabólicas
Antigas doenças, novos tratamentos
Inicialmente eram doenças identificadas maioritariamente em
crianças, sendo habitualmente muito graves, conduzindo a severa
incapacidade e precoce mortalidade. Com o avanço científico, cada
vez mais doenças têm tratamento e cada vez mais se identificam
formas menos graves nos adultos. Assim, houve necessidade de
alargamento das doenças identificadas no diagnóstico neonatal,
vulgarmente conhecido por “teste do pezinho”. Este teste é prati-
camente universal em Portugal, ou seja, praticamente todas as
crianças nascidas no nosso país realizam este teste na primeira
semana de vida. Tal não é uniforme em todos os países, pelo que
um dos temas debatidos neste Simpósio foi o diagnóstico neona-
tal, comparando a experiência em Inglaterra (onde diagnosticam
nove doenças), Itália (onde diagnosticam 45 doenças) e Portugal
onde se identificam 26 doenças, sendo 24 dessas DHM.
Os tratamentos nas DHM são muito dispendiosos, condicionan-
do importantes questões na gestão do SNS. A criação do conceito
de droga orfã veio permitir às empresas farmacêuticas investirem
no desenvolvimento destes fármacos. A visão do economista, do
regulador e do clínico foi abordada no Simpósio. A inovação em
saúde está associanada a custos, o sistema regulador (Infarmed)
regula a introdução dos medicamentos no mercado de acordo com
os estudos de eficácia e o clínico, na presença de um doente com
indicação para tratamento, prescreve. Como os custos no trata-
mento de doenças raras são extremamente elevados a decisão de
inclusão do medicamento no país é muitas vezes política.
O tratamento de várias doenças foi abordado no Simpósio, in-
cluindo: a discussão de novos objetivos terapêuticos na doença de
Gaucher, novo tratamento na Lipofuscinose Ceroide tipo 2, tera-
pêutica enzimática na Hipofosfatásia, terapia génica na Adrenoleu-
codistrofia Ligada ao X, terapia oral na doença de Fabry, aborda-
gem terapêutica na agudização das Doenças do ciclo da Ureia,
doenças tratáveis com Riboflavina (vitamina B2) e investigação de
novo alvo terapêutico na Doença de Niemann-Pick tipo C.
Algumas DHM têm abordagens dietéticas específicas, pelo que
foram discutidos alguns paradigmas nutricionais nestas doenças,
como o impacto dos micronutrientes, nutrição no pós-transplante
hepático e na fenilcetonúria.
Mecanismos intracelulares, intercelulares e hipotalâmicos sub-
jacentes às DHM foram abordados numa sessão, assim como a
atualização no diagnóstico das doenças mitocondriais.
As DHM são mal conhecidas, pelo que exigem profissionais com
expêriencia e equipas multidisciplinares no tratamento e segui-
mento da pessoa portadora de doença metabólica. A Sociedade
Portuguesa de Doenças Metabólicas realiza anualmente um Sim-
pósio internacional, onde são debatidos temas da atualidadee e os
grupos nacionais de investigação clínica ou básica apresentam os
seus trabalhos. Estas atividades permitem o melhor conhecimen-
to da problemática destas doenças, levando a melhores cuidados
para as pessoas portadoras de doença metabolica.
Maria Carmo Macário
(Presidente da comissão organizadora local do
Simpósio, Neurologista do Centro de Referência de
Doenças Hereditárias do Metabolismo do Centro
Hospitalar e Universitário de Coimbra)
REALIZOU-SE EM COIMBRA, NOS DIAS 14, 15 E 16 DE MARÇO, O 15º SIMPÓSIO INTERNACIONAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE DOENÇAS METABÓLICAS INTITULADO:
ANTIGAS DOENÇAS, NOVOS TRATAMENTOS.
As Doenças Hereditárias do Metabolismo (DHM) são um
conjunto de doenças que têm em comum: um defeito numa
via metabólica do organismo, serem doenças raras e serem
causadas por uma alteração genética. Cada doença indivi-
dualmente é rara, ou seja afeta menos de cinco pessoas em
dez mil indivíduos, contudo no seu conjunto constituem uma
importante preocupação para o Sistema Nacional de Saúde
(SNS).
O fato de serem doenças raras condiciona a que sejam mal co-
nhecidas. Nos últimos anos tem havido uma preocupação do SNS
relativa a esta temática. O reconhecimento e criação dos Centros
de Referência de Doenças Hereditárias do Metabolismo, em 2016,
permitiu identificar os profissionais que, nos principais centros, se-
guem as pessoas portadoras destas doenças. A criação do Cartão
de Pessoa com Doença Rara, que pode ser emitido pelo médico
assistente, após consentimento da mesma ou do seu representan-
te, é mais um avanço na identificação e seguimento destes pacientes.
A direção da SPDM
CONVIDADOS | FACULTY PRESIDENTE DE HONRAJoão Marta PimentelJoão Marta Pimentel
PRESIDENTE SPORL-CCFEzequiel BarrosEzequiel Barros
COORDENADORES José SaraivaJosé Saraiva
Paulo Vera-CruzPaulo Vera-Cruz
Pedro EscadaPedro Escada
º66CONGRESSO
X CONGRESSO Luso-Brasileiro de ORL
da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologiae Cirurgia Cabeça e Pescoço
Hotel MH AtlânticoPENICHE
maio 20193 5
SECRETARIADO
Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia
e Cirurgia Cabeça e Pescoço
www.sporl.net
SECRETARIADO EXECUTIVO
Rua Augusto Macedo,12-D, Escrit. 2-3 1600-503 Lisboa
Tel.: 217 120 778 [email protected]
Agricio Crespo | BrasilAldo Stamm | BrasilAndrés Soto Varela | EspanhaCarlos Martín-Martín | EspanhaClaudio Vicini |ItáliaDomingo Tsuji | BrasilEdson Mitre | BrasilEduardo Baptistella | BrasilEnrique Iturriaga | Estados UnidosJaime Marco | EspanhaJoel Lavinsky | BrasilJosé Eduardo Dolci | BrasilLuiz Ubirajara Sennes | BrasilMárcio Abrahão | BrasilMárcio Nakanishi | BrasilRaimundo Gutiérrez Fonseca |EspanhaRebecca Maunsell | BrasilRicardo Bento | BrasilRicardo Dolci | BrasilRodolfo Lugo | MéxicoSady Costa | BrasilSílvio Vasconcelos | BrasilVitor Chen | BrasilWashington Cerqueira Almeida | BrasilWilma Terezinha Lima | Brasil
VERANATURA - Conference Organizers
36 // Abr2019 // Saúde // Sociedade Portuguesa de Patologia Clínica
Patologia Clínica, especialidade central que suporta o ato médico
estimular inclusive a atividade científica. O amplo espec-
tro de temáticas está de acordo precisamente com o am-
plo espectro de temas médicos abordados pelo especia-
lista em Patologia Clínica.
P - Ao longo de dois dias de Congresso várias ses-
sões de trabalho promoveram o “Encontro com Espe-
cialistas”, “Sessões Científicas”, “Simpósio” e “Con-
trovérsias”. Quais os temas que geraram maior inte-
resse junto do público e onde se verifica maior avanço
científico?
MJRS - Os temas como a Oncogenómica, a Genética das
várias áreas Laboratoriais, o microbioma e o uptake de
novos testes laboratoriais. Estes temas geraram maior in-
teresse junto do público por serem também temas mais
contemporâneos e onde se tem verificado um maior avan-
ço científico.
P - Espaço de debate e montra da investigação produzida
pelos especialistas, o Congresso Nacional dá voz aos seus
membros por via da apresentação de trabalhos. Qual a adesão
a estas iniciativas e a sua importância no debate de temáticas
entre pares?
MJRS - A adesão foi enorme e muito importante. Foram subme-
tidos 78 abstracts dos quais foram selecionados 16 para comuni-
cações orais. Esta atividade é de enorme importância pois uma so-
ciedade científica tem também por missão o estímulo da atividade
científica e desse modo constitui-se um palco de apresentação
dos trabalhos, na sua maioria apresentados por internos, que são
um treino importante na sua formação específica. Ainda por outro
lado, a SPPC distribuiu dois prémios: para o melhor trabalho por
médico Interno e por médico especialista e assim continuará a fa-
zer nas próximas edições, contribuindo desse modo para a conti-
nuidade desta atividade central na profissão médica.
P – Quais as principais conclusões que saíram deste Con-
gresso que reuniu reputados especialistas nacionais e inter-
nacionais de diferentes especialidades?
MJRS - A principal conclusão que sai deste Congresso é a identi-
ficação da necessidade de um espaço anual como este para uma
reunião científica dos patologistas clínicos, algo que foi realçado
pela grande maioria dos participantes, que acolheu com grande
satisfação o anúncio que a SPPC passaria a organizar o seu Con-
gresso com uma periodicidade anual. Neste Congresso todos nós
aprofundámos os nossos conhecimentos através da discussão de
temas atuais. A partilha de conhecimento e experiências com cole-
gas portugueses e estrangeiros deixou-nos todos melhores pro-
fissionais. Podemos concluir que a Patologia Clínica está viva, sau-
dável e em constante evolução.
P – Qual a preponderância deste evento no incremento de
uma melhor e maior inter-relação entre profissionais de Pato-
logia Clínica e outras especialidades?
MJRS - Esta é uma questão central da nossa Sociedade. A Pa-
tologia Clínica é uma especialidade central que suporta todos os
atos médicos e como tal é fundamental que todos nós esteja-
mos aptos para a interlocução e diálogo com os colegas de ou-
tras especialidades. Por isso trouxemos colegas clínicos para
debaterem com o laboratório questões que interessam a todos,
e que salientam a importância do médico de Patologia Clínica
também como consultor do colega clínico na marcha diagnósti-
ca. Por outro lado, quisemos organizar um Congresso em que
os Clínicos também se interessassem em assistir. Para quem
os temas também fossem importantes e de charneira, contri-
buindo assim para o estreitamento da comunicação entre as di-
ferentes especialidades
P – Em que medida esta interação melhora a atividade das
instituições de saúde onde estes profissionais exercem a sua
prática clínica?
MJRS - O especialista de Patologia Clínica deve constituir-se co-
mo consultor do clínico para um mais eficiente e eficaz diagnóstico,
em prol do doente. Do diálogo entre estas diferentes especialida-
des, surgem esclarecimentos e orientações que vão permitir uma
mais célere clarificação dos quadros diagnósticos assim como das
aplicações terapêuticas. Veja-se o caso da oncogenómica e do pa-
pel que o Laboratório tem em emitir pareceres que podem permi-
tir orientar para terapêuticas mais personalizadas.
EM RETROSPETIVA, A PRESIDENTE DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PATOLOGIA CLÍNICA,
PROF. DRA. MARIA JOSÉ REGO DE SOUSA, ABORDA O IX CONGRESSO NACIONAL DE PATOLOGIA CLÍNICA.
Perspetivas (P) - Que balanço faz do IX Congresso Nacional de
Patologia Clínica que decorreu entre os dias 21 a 23 de fevereiro?
Maria José Rego de Sousa (MJRS) - O IX Congresso Nacional de
Patologia Clínica foi um Congresso de uma enorme importância
para a comunidade dos especialistas em Patologia Clínica e para os
internos de formação específica de Patologia Clínica. Estiveram
presentes cerca de 350 especialistas. O programa foi muito diver-
so, abrangendo todas as áreas desta tão diversificada especialida-
de que sustenta todos os atos da Medicina Clínica, e foi também de
levado nível, tendo presentes como Palestrantes muito especialis-
tas de renome quer nacionais quer estrangeiros.
P - Os cinco cursos pré-congresso abordaram desde te-
mas mais técnicos e de grande especificidade clínica como
“A medula óssea nas síndromes mielodisplásicas”, até
áreas mais abrangentes como a “Escrita Científica” ou
“Gestão de Qualidade”. Este amplo espetro de temáticas é
reflexo do papel que a Sociedade Portuguesa de Patologia
Clínica quer manter junto dos seus associados?
MJRS - A SPPC tem como missão mais estrita a educa-
ção e a formação médica diferenciada, orientada quer pa-
ra o Internos de formação específica de Patologia Clínica,
quer para o especialista. Estes cursos têm por objetivo al-
cançar dotar os interessados de novas e diferenciadas
ferramentas que suportem a sua atividade profissional, e
Encontros da Primavera 2019 // Saúde // Abr2019 // 37
A Oncologia no centro do debate nos Encontros da Primavera 2019
DE 10 A 13 DE ABRIL ÉVORA ACOLHE OS ENCONTROS DA PRIMAVERA 2019. PEDRO CHINITA E HELDER
MANSINHO APRESENTAM ESTE CONGRESSO QUE ENCONTRA NA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR O
CORAÇÃO DA SUA RAZÃO DE SER, PREZANDO SEMPRE POR REVELAR AS MAIS RECENTES ATUALIZAÇÕES
TERAPÊUTICAS.
Perspetivas (P) - Evento que reúne, anualmente, em Évora cen-
tenas de profissionais de saúde para discutirem temas fulcrais do
foro oncológico, qual a importância dos Encontros da Primavera
2019 - Oncologia para o incremento de uma abordagem concerta-
da a estas patologias no contexto nacional?
Pedro Chinita (PC) - Os Encontros da Primavera constituem, qua-
se seguramente, um dos mais antigos encontros multisciplinares
na área da oncologia e procuram concentrar num espaço de apenas
alguns dias uma real atualização sobre o maior número possível de
terapêuticas. Desde há muito tempo, e com um grau irreversível de
certeza, que sabemos que só a abordagem multidisciplinar e a par-
tilha de conhecimentos são garantia de qualidade na escolha da te-
rapêutica mais adequada, tal como estamos bem conscientes de
que os avanços, cada vez mais rápidos, exigem uma permanente
atualização e diálogo entre os diversos profissionais.
P - Qual a pertinência dos temas abordados nos dois cursos
pré-congresso?
Helder Mansinho (HM) - Em 2019 teremos dois cursos pré-con-
gresso - “Tratamento da Anemia no doente oncológico” e “Gestão
da toxicidades em Imunoterapia”. Os dois temas em análise consti-
tuem assuntos importantes para serem tratados de uma maneira
mais pormenorizada e constituírem matéria para formação pré-
-congresso. As anemias com causas sempre multifatoriais conse-
quentes da doença e muitas vezes da terapêutica, e pela sua abor-
dagem pouco concisa e objectiva, por vezes mesmo facilitada,
constitui causa de sintomas importantes para os doentes com con-
sequente deterioração do seu performance status. Há que siste-
matizar a sua abordagem e obedecer às orientações terapêuticas
instituídas.
As toxicidades consequentes à imunoterapia resumem a sua
importância pela atualidade e crescente utilização transversal
destes fármacos em várias patologias, assim como, a necessi-
dade de conhecimento pormenorizado daquelas toxicidades
que são as mais frequentes para que o seu diagnóstico seja cé-
lere, assim como a sua terapêutica seja instituída de uma manei-
ra objetiva e rápida.
P - Ao longo de três dias de Congresso, em XXV sessões de tra-
balho, serão discutidas de forma aprofundada neoplasias especí-
ficas. A abordagem focalizada é fundamental no espectro tão am-
plo da Oncologia?
PC - A vastidão das abordagens oncológicas obriga-nos a
realizar escolhas com abordagens que procuramos, em cada
ano, sejam capazes de destacar – e nos focalizar - nos mais im-
portante progressos e inovações, num diálogo crescentemente
multidisciplinar. Em 2019, para além dos cursos pré-congresso,
importantes são os mitos e realidades em torno dos biossimila-
res bem como o papel das comissões de farmácia terapêutica.
Os cancros urológicos (bexiga, rim, próstata), os tumores de ca-
beça e pescoço, o update sobre melanoma e o carcinoma das
células de Merkel (carcinomas cutâneos), a patologia digestiva
(pâncreas, tumores colorrectais), os tumores mamários, no-
meadamente os biomarcadores e novas estratégias de trata-
mento (sobretudo nas doentes triplas negativas), a quimiotera-
pia metronómica, para além dos avanços recentes na terapêuti-
ca ginecológica, pulmonar e hematológica são exemplos da
multiplicidade das temáticas. O papel da imuno-oncologia, co-
mo terapêutica emergente, é incontornável mas outras ques-
tões (tromboembolismo, hipertermia, manuseio de complica-
ções na ferida maligna, os cuidados paliativos, o papel da enfer-
magem na patologia digestiva e nos cuidados pré e pós-cirúrgi-
cos) para já não falar do incontornável interesse relativo à
Oncologia nos PALOP são a evidência de que ambicionamos
abordar temas variados. Pensar “out of the box” e percepcionar
o futuro da oncologia é fundamental. Por isso estes Encontros
têm acreditação pela European Union of Medical Specialists!
P - De que forma a investigação gerada pelos profissionais en-
volvidos será valorizada neste evento?
HM - Como já vem sendo hábito a investigação gerada pelas di-
versas instituições é alvo de destaque e valorização pela atribuição
de prémios para os melhores trabalhos, quer sob a forma de comu-
nicação oral quer sob a forma de poster. As comunicações orais dos
trabalhos mais valorizados pelo juri terão a sua apresentação em
horário nobre do programa diário o que procura ser uma maneira de
valorização dos mesmos.
P - O que poderemos esperar da Edição Especial “Out of the
Box”?
HM - A edição especial “out of the box” procura ser uma sessão
em que se pretende antever o futuro da aplicação da inovação e das
novas tecnologias ao serviço da decisão em medicina.
Terá a moderação do profissional da informação da TVI Pedro
Pinto, do Dr. Sérgio Barroso, e contará com a contribuição da Drª So-
fia Rocha, internista membro do Health Parliament e responsável
pela “Skin Soul” que gere uma aplicação baseada em inteligência
artificial e que procura reduzir o tempo de diagnóstico de cancro
cutâneo e da Drª Cristina Semião da IBM e que nos falará também de
inteligência artificial e sobre a realidade actual e experiência da apli-
cação Watson.
P - O debate multidisciplinar é uma das imagens de marca des-
te encontro. Hoje, assim como no futuro, o avanço tecnológico de-
ve ser acompanhado por todos os profissionais de saúde que dia-
riamente lidam com o doente oncológico?
PC - Por tudo o que já foi dito parece-nos óbvio que a abordagem
multidisciplinar é uma exigência irreversível. Para reforçar esse ca-
ráter devo salientar que neste ano será anunciado o Prémio Júlio
Teixeira, um reputado e já falecido colega, que irá premiar o melhor
poster ou comunicação oral na área da radioncologia com o propó-
sito de incentivar os seus profissionais a realizarem e apresentarem
trabalhos científicos de inegável interesse e que evidenciam os mais
diversos aspectos desta terapêutica. Este prémio junta-se a outros,
mais antigos, que procuram premiar a produção nacional de traba-
lhos oncológicos.
Helder MansinhoPedro Chinita
38 // Abr2019 // Saúde // Grupo Germano de Sousa
A importância da Patologia Molecular no combate ao cancro
novas áreas, reforçando o papel junto do Clínico sobretudo
nos campos da genética e da genómica. Sediado em moder-
nas instalações localizadas em Lisboa, aí se encontram além
da grande rotina laboratorial, os laboratórios mais especiali-
zados do Grupo.
Desde 2017, o Grupo integrou o Centro de Diagnóstico Anáto-
mo-Patológico (CEDAP), em Coimbra, e recentemente inaugu-
rou o Centro de Medicina Laboratorial Germano de Sousa no
Porto, na zona da Trindade.
Em conversa com o Professor Germano de Sousa e com o
Doutor José Germano de Sousa, embrenhamo-nos na dinâmica
do Grupo dentro de uma área muito específica: a Oncologia.
Entendendo como fundamental o papel do laboratório no
diagnóstico oncológico, o Professor Germano de Sousa assume
que a “oncologia médica nunca poderá evoluir sem o apoio ao
diagnóstico cada vez mais constante da Patologia Molecular”.
“Temos a perceção real que a medicina do presente já é a medi-
cina do futuro e, como em muitas outras áreas, a oncologia de-
pende de um domínio tecnológico que revela resultados de ver-
dadeiro sucesso”, complementa José Germano de Sousa, des-
tacando a pertinência da oncogenómica no diagnóstico e, inclu-
sive, no acompanhamento terapêutico por uma medicina de
precisão que não visa “tratar populações, mas sim tratar pes-
soas” � “aquele tumor, aquela mutação”. Desta forma, o Grupo
Germano de Sousa coloca à disposição do médico oncologista
profissionais altamente credenciados em áreas como a anato-
mia patológica, a oncogenómica, o estudo da sequenciação do
DNA do tumor, a biópsia líquida, que permite isolar e sequenciar
o DNA de um tumor existente algures no organismo. Isto signi-
fica que tal lhe permite ser parceiro ativo no diagnóstico e no
aconselhamento da indicação terapêutica, respondendo em ca-
sos de diagnóstico molecular oncológico agudo, como por
exemplo em hemato-oncologia, em menos de 24 horas.
Genoma HumanoA Anatomia Patológica esteve largas décadas associada à
observação microscópica de material biológico obtido a partir
de orgãos ou tecidos. Contudo, a descoberta do genoma huma-
no e das técnicas de biologia molecular que permitem estudar
mutações e fusões existentes nos genes do genoma humano,
representaram um avanço excecional, sendo hoje possível, es-
tudar os tumores desse ponto de vista. Também quando o tu-
mor inicial é retirado ou quando é mantido ou submetido a uma
terapêutica personalizada para verificar se existem metástases
ou confirmar a terapêutica mais correta, o Laboratório de Genó-
mica Germano de Sousa recorre à biopsia líquida isolando e se-
quenciado o DNA circulante desse tumor, garantindo desta for-
ma um melhor diagnóstico ou melhor terapêutica.
Buscando a vanguarda do diagnóstico e acompanhamento
terapêutico no campo da oncogenómica, o Grupo Germano de
Sousa rodeou-se de peritos, especialistas e doutorados nesta
área que oferecem todas as garantias do ponto de vista ético e
deontológico, algo que o Professor Germano de Sousa, ex-
-Bastonário da Ordem dos Médicos, entende como vital. Nesse
sentido, os testes de risco oncológico têm que ser requisitados
pelo Médico Assistente e o doente avaliado nos laboratórios
Germano de Sousa por uma médica geneticista que determina
a pertinência do teste, podendo o clínico solicitar, a qualquer
momento, o apoio desta mesma especialista.
A INVESTIGAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO FORAM SEMPRE UMA PRIORIDADE NO GRUPO GERMANO DE
SOUSA O QUE LHE PERMITIU ESTAR AGORA NA VANGUARDA DA MEDICINA DE PRECISÃO. FUNDADO
HÁ MAIS DE QUATRO DÉCADAS E VIVENDO A PROFISSÃO COM ORGULHO E REFORÇADO SENTIDO
DE MISSÃO, A FILOSOFIA DO MENTOR, O PROFESSOR GERMANO DE SOUSA, É SEGUIDA POR TODA A EQUIPA NUM PERCURSO QUE SE DEMARCA PELA ÉTICA, PELA QUALIDADE DOS PROCEDIMENTOS E PELA INOVAÇÃO.
O Grupo Germano de Sousa é o maior centro de medicina
laboratorial presente em Portugal, gerido por médicos que
detêm a exclusividade do capital. A sua evolução consubs-
tancia-se diariamente em virtude do serviço de excelência
que é prestado a pacientes e a clínicos, no rigor dos atos la-
boratoriais, na investigação científica e na apresentação de
serviços pioneiros em Portugal. Com uma estratégia assente
no serviço de proximidade, o Grupo detém dois laboratórios
principais, 13 laboratórios de proximidade e cerca de 450 uni-
dades em território nacional, com serviço de estafetagem
que corre o país com o foco na oferta do melhor atendimen-
to e a resposta mais atempada.
No decurso dos anos, o Grupo Germano de Sousa tem
acompanhado toda a evolução da Medicina e investido em
“O Grupo Germano de Sousa é o maior centro de medicina laboratorial presente em Portugal, gerido por médicos
que detêm a exclusividade do capital."
“O Grupo Germano de Sousa tem acompanhado toda a evolução da Medicina e investido em novas áreas,
reforçando o papel junto do Clínico sobretudo nos campos da genética e da genómica.”
Professor Germano de Sousa (Ex-Bastonário da Ordem dos Médicos; Presidente Executivo, Diretor Clínico e Fundador do Grupo Germano de Sousa) Dr. José Germano de Sousa (Médico Patologista Clínico e Administrador
do Grupo Germano de Sousa)
Grupo Germano de Sousa // Saúde // Abr2019 // 39
Importância dos testesO Grupo Germano de Sousa oferece com todas as garan-
tias de qualidade toda a gama de testes moleculares neces-
sários para que o médico oncologista possa intervir com efi-
cácia, quer em cancros primários como em cancros secun-
dários (metástases).
Percebendo que a requisição ao exterior de determinados
exames do espectro oncológico acarreta elevados custos para
o doente e que infelizmente não são em grande parte compar-
ticipados pelo Sistema Nacional de Saúde, o Grupo Germano de
Sousa tem feito um forte investimento tecnológico e de recur-
sos humanos que lhe permite assumir a realização de todos os
testes oncológicos, tornando-os muito mais acessíveis ao
doente. Neste sentido, o Professor Germano de Sousa lança o
alerta às companhias de seguros: na sua estratégia de negócio,
o financiamento de testes preditivos como o BRCA 1 e BRCA 2
(cancro da mama hereditário) pode, indiscutivelmente, refletir-
-se numa poupança para a seguradora a médio longo prazo
pois, perante o resultado, o doente tem a hipótese de reforçar
uma atitude preventiva.
“Uma das preocupações que nos parecem fundamentais é
ter, cada vez mais, testes de diagnóstico precoce e testes
preditivos de neoplasias hereditárias”, sublinha o Professor
Germano de Sousa. Assim, procurando colocar à disposição
do paciente os testes mais avançados e a preços mais ajus-
tados à realidade nacional, o Grupo Germano de Sousa reali-
za, entre outros, o teste Ophi-Breast+. Este é um teste gené-
tico de diagnóstico molecular realizado a partir de uma pe-
quena amostra de sangue em que mediante o estudo de 29
genes, permite determinar a suscetibilidade genética de
uma mulher desenvolver cancro da mama ou ovário e, no ca-
so de já existir um cancro, perceber se este é de origem fa-
miliar. Neste campo, surge também o EndoPredict, um teste
preditivo que define se uma doente com um cancro da mama
já submetida a cirurgia incorre no risco de, num espaço tem-
poral de dez anos, sofrer de metástases evitando assim tra-
tamentos tão violentos como a quimioterapia.
O Grupo Germano de Sousa é também o representante
exclusivo em Portugal do Select MDX, um teste para can-
cro da próstata que, se o resultado for positivo indica a
existência de um tumor com alto risco de agressividade e
impõe a realização de biópsia e que, se o resultado for ne-
gativo indica inexistência ou baixo risco da eventual neo-
plasia (com valor preditivo negativo de 98%).
Este teste evita mais de 50% das biópsias (sendo que
mais de 70% destas revelam resultados negativos, dado o
baixo grau de probabilidade de se selecionar tecido tumo-
ral) com toda a morbilidade que lhe está adjacente. Com a
informação molecular, adquirida por via da realização de
uma biópsia líquida, os patologistas clínicos detetam o
RNA mensageiro de duas mutações que definem o perfil
de risco de desenvolver um tumor o que permite aos mé-
dicos e aos patologistas clínicos, integrando equipas mul-
tidisciplinares, tomarem decisões terapêuticas.
Ainda na vanguarda do diagnóstico precoce, o Grupo
Germano de Sousa está a trabalhar na conclusão de um
teste genómico que através da análise da urina despista o
cancro da bexiga e suas recidivas – o Uro-Monitor.
“Quanto mais precocemente uma neoplasia for detetada,
melhores resultados clínicos são obtidos. A definição deste
momento é o futuro Santo Graal da oncologia médica”, expõe
José Germano de Sousa. A oncologia médica caminha a passos
largos no sentido de se detetar esse momento e estipular tem-
pos de vigilância. Falamos de decisões altamente complexas e
pouco consensuais dadas as componentes científicas, éticas,
económicas, políticas, sociais, etc. envolventes.
Esta rápida evolução da Patologia Molecular/Genómica, im-
portantíssimo ramo da Patologia Clínica, é altamente entusias-
mante e nas palavras do Professor Germano de Sousa “permite
ter a noção de que cada vez mais, o Laboratório é atuante e é
fundamental no prolongar da vida do doente oncológico”.
Big Data HumanoA descoberta da sequenciação do genoma
humano permitiu à Medicina ter um controlo
sobre a informação da pessoa que antes não
existia � Big Data do indivíduo: informação
molecular, perfil exato da pessoa, hábitos da
pessoa, etc.
Para maior e melhor interpretação dos da-
dos recolhidos, para além do software próprio,
o Grupo Germano de Sousa é o único laborató-
rio em Portugal a trabalhar com o IBM Watson
For Genomics, o maior computador do mundo
especializado nesta área e que integra uma
tecnologia suportada por inteligência artificial
que fornece informação terapêutica, validada
por especialistas, atualizada, abrangente e ba-
seada na evidência e em ensaios clínicos.
A "oncologia médica nunca poderá evoluir sem o apoio ao diagnóstico cada vez mais constante
da Patologia Molecular".
Sede Laboratorial do Grupo Germano de Sousa em Lisboa
40 // Abr2019 // Saúde // Gastroenterologia - Professor Doutor José Cotter
Colonoscopia: o método mais eficaz no combate ao cancro do colon e reto
Pese embora os vários procedimentos utilizados, o Pro-
fessor Doutor José Cotter defende que “a colonoscopia é o
único método que permite efetuar o diagnóstico e, simul-
taneamente, deter capacidade terapêutica”. Ou seja, pos-
sibilita a realização do diagnóstico das lesões pré-malig-
nas, a sua extração, revelando ainda, face a todos os ou-
tros métodos, maior grau de sensibilidade.
Perante esta evidência o especialista entende que, “nem
sempre por razões completamente transparentes, têm vindo
a ser aconselhados outros métodos de diagnóstico, nomea-
damente a pesquisa de sangue oculto nas fezes”. Falamos
de um método alternativo que “revela falhas muito impor-
tantes”, nomeadamente a “baixíssima” sensibilidade para a
deteção de pólipos. Isto é, “apenas em cerca de 30% dos
doentes que revelam a presença de pólipos, manifesta-se a
presença de sangue oculto nas fezes. Como há dias alertou o
presidente da Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia
[Professor Doutor Luís Tomé], muitos dos doentes que fa-
zem o teste de sangue oculto nas fezes, obtém resultado ne-
gativo quando têm, efetivamente, pólipos em crescimento”.
O mesmo é dizer que os doentes ficam tranquilos por ter um
exame negativo, quando na realidade têm uma doença em
início que pode a breve trecho revelar-se maligna.
Focado na realidade portuguesa, o Professor Doutor José
Cotter entende que após as medidas de alargamento e a
criação de centros acreditados pelas entidades estatais
competentes para a realização de colonoscopias, estão reu-
A IMPORTÂNCIA DA COLONOSCOPIA ENQUANTO PRINCIPAL EXAME DE PREVENÇÃO E DETEÇÃO
PRECOCE DO CANCRO DO COLON E RETO É AMPLAMENTE DEFENDIDA PELO PROFESSOR
DOUTOR JOSÉ COTTER, MÉDICO GASTRENTEROLOGISTA E PROFESSOR DA ESCOLA
DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO MINHO.
O cancro do colon e reto, habitualmente designado por
cancro do intestino, “é uma doença gravíssima”, sendo a
segunda doença maligna que mais mortes provoca em
Portugal. Tal cenário, justifica, na visão do Professor Dou-
tor José Cotter, a tomada de medidas efetivas no âmbito
da prevenção e da deteção precoce da doença.
Surgem em Portugal cerca de 7 mil novos casos por ano
e a mortalidade associada a esta patologia atinge, anual-
mente, cerca de 4 mil doentes. Estes números são cho-
cantes face aos amplos benefícios de medidas concerta-
das de prevenção, pois, ao contrário de muitas outras
doenças malignas, em cerca de 90% dos casos o cancro é
precedido de uma lesão benigna, os designados pólipos
(adenomas). “Se esses pólipos forem diagnosticados e
retirados atempadamente, impedimos a evolução onco-
génica e esses doentes ficam curados. Quebra-se o pro-
cesso evolutivo do que poderia vir a transformar-se num
tumor maligno”, alerta o gastrenterologista.
“Surgem em Portugal cerca de 7 mil novos casos por ano de cancro do colon e reto e a mortalidade atinge, anualmente, cerca de
4 mil doentes”
“Se os pólipos forem diagnosticados e retirados atempadamente, impedimos a evolução oncogénica e esses doentes
ficam curados.”
Imagens que pretendem exemplificar o crescimento progressivo de um pequeno pólipo (à esquerda) até à cancerização (à direita)
Gastroenterologia - Professor Doutor José Cotter // Saúde // Abr2019 // 41
sar-se em fazer um programa de rastreio eficaz dentro dos
hospitais públicos, tal revela-se impossível nos próximos tem-
pos”. Com estas afirmações o especialista defende que, “numa
ação essencialmente política, se está a passar para a opinião
pública a ideia de um programa nacional de rastreio que, da for-
ma como está a ser tentado impor, na realidade, não tem condi-
ções morais, constitucionais e práticas para ser efetivado de
forma igualmente justa para todos.
Avanços na colonoscopia A colonoscopia apresenta-se hoje perante a comuni-
dade médica como o método de eleição na prevenção e
no diagnóstico do cancro do colon e reto, tendo evitado
muitas mortes pelo seu elevado grau de fiabilidade no
diagnóstico precoce de lesões malignas, mas, funda-
mentalmente, pela possibilidade de detetar e retirar le-
sões pré-malignas que poderiam degenerar em doen-
ça. É nesta linha de pensamento que o Professor Doutor
José Cotter realça que, “à semelhança do que já aconte-
ce em alguns países, é crucial sensibilizar os cidadãos e
os clínicos para a importância da realização de colonos-
copias”.
Os avanços na medicina permitem que a colonoscopia
e a preparação que antecede o exame não induzam ao
paciente o desconforto imposto outrora. O exame de-
corre sob efeito de sedação, sendo absolutamente in-
dolor, e o plano de preparação – isto é, a necessidade
de limpar o intestino – é feita com produtos que são,
incomparavelmente, menos desconfortáveis face ao
que anteriormente sucedia. “Têm um paladar menos
desagradável e apresentam-se num volume infinita-
mente menor, o que permite que as pessoas façam ho-
je esse processo sem grande dificuldade”, alerta o es-
pecialista.
Defenda-se do cancro do colon e retoO cancro do colon e reto revela taxas de prevalência
muito elevadas, porém beneficia de um eficaz método de
prevenção – colonoscopia – que, se realizado atempada-
mente, diminui francamente o risco de lesão maligna.
Informa-se que qualquer cidadão assintomático deve
solicitar junto do seu médico de Medicina Geral e Familiar
a realização da colonoscopia a partir dos 45 anos a 50
anos de idade.
Cidadãos que manifestem sintomas – sangue nas fe-
zes, alterações inexplicáveis de funcionamento do intesti-
no, dor abdominal persistente e sintomas chamados
constitucionais, como perda de peso, emagrecimento,
anemia – têm indicação para realizar o exame mais cedo.
Já os casos que apresentem risco familiar devem fazê-lo
mais precocemente.
nidas as condições para se efetuarem estes exames de for-
ma atempada como método de rastreio. Porém, aponta al-
guns pontos que inviabilizam a correta aplicação deste pla-
no: “Existe uma pressão muito grande, baseada numa pers-
petiva errada, que relega a eficácia para segundo plano
apostando em outros métodos de diagnóstico, nomeada-
mente, a pesquisa de sangue oculto nas fezes. Outro proble-
ma é que alguns estão a tentar realizar um programa de ras-
treio dentro dos hospitais públicos quando na realidade a
maior parte destes não possuem, neste momento, capaci-
dade para dar resposta, já que nem tão pouco a têm para os
seus próprios doentes intrínsecos (doentes das suas con-
sultas externas, doentes do internamento)”, alerta o espe-
cialista, dando enfoque à ideia de que “os cidadãos que vão
fazer rastreio, até prova em contrário, são saudáveis, pelo
que seria imoral, anti-constitucional (porque alteraria a
igualdade de acesso) e deontologicamente errado (como há
dias referiu a Senhora Ministra da Saúde) permitir a ultrapas-
sagem de uns em prejuízo de verdadeiros doentes que
aguardam meses e em alguns casos anos, pela realização de
um exame que o “seu” hospital não tem meios para lhe for-
necer atempadamente”.
As razões que limitam esta capacidade de resposta por parte
dos hospitais públicos são, “em primeiro lugar, a falta de recur-
sos humanos, nomeadamente, a falta de anestesistas que
prestam apoio às colonoscopias, mas também de gastrentero-
logistas, enfermeiros, e restante pessoal. Associadamente, há
em muitos hospitais públicos recursos técnicos manifesta-
mente insuficientes que não permitem que os serviços tenham
uma resposta assistencial atempada. Portanto, é utópico pen-
“O cancro do colon e reto revela taxas de prevalência muito elevadas, porém beneficia de um eficaz método de prevenção – colonoscopia – que, se realizado atempadamente,
diminui muito significativamente o risco de lesão maligna.”
“Os avanços na medicina permitem que a colonoscopia e a preparação que antecede o exame não induzam ao
paciente o desconforto imposto outrora.”
Retirada por via endoscópica de um pólipo do intestino
42 // Abr2019 // Saúde // Cirurgia Plástica – Dr. António Conde
A Cirurgia Estética sob o ponto de vista do especialista
ATRAÍDO PELA ÁREA CIRÚRGICA, O DR. ANTÓNIO CONDE OPTOU POR ABRAÇAR A ESPECIALIDADE DE CIRURGIA PLÁSTICA PELO DESAFIO QUE UMA ÁREA AINDA EMBRIONÁRIA NO CONTEXTO NACIONAL LHE
APRESENTAVA, FUGINDO ASSIM AO CLASSICISMO DA CIRURGIA GERAL. OS PRIMEIROS MESES DE CONTACTO
COM A ESPECIALIDADE VALIDARAM ESTA ESCOLHA QUE HOJE MANUSEIA COM VERDADEIRA PAIXÃO.
Falamos de uma área que trabalha todo o corpo humano
e que se apresenta verdadeiramente diversificada na sua
ação, nunca dissociando a estética da função. “Se ao cor-
rigirmos um defeito estético não tivermos em considera-
ção a vertente funcional o resultado será sempre mau. Is-
to permite-me derivar para outro aspeto fundamental que
é a forma como nos é ensinada a especialidade e como
deve ser…”. Quer com isto o Dr. António Conde dizer que o
especialista em Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética
deve ter uma base muito forte de Cirurgia Reconstrutiva.
Esta experiência adquire-se na prática diária de um Servi-
ço hospitalar para onde são direcionados os casos de
grandes acidentados, amputações, etc. e onde é necessá-
rio fazer a correção de todas essas deformidades, algu-
mas do foro congénito. “É esta experiência que nos permi-
te avançar para a Cirurgia Estética”.
“A «Escola» transmite os conhecimentos sobre a prática
da Cirurgia Plástica e Reconstrutiva, sendo a vertente estéti-
ca uma ramificação dessa grande área, todavia não devemos
deixar também de ensinar a Cirurgia Estética nos hospitais
onde os internos fazem a especialidade. Não há dúvida que
um defeito funcional requer muito mais atenção do que um
defeito estético – nesse sentido, os hospitais estão muito
mais vocacionados para esse tipo de correção –, todavia,
terminada a especialidade, muitos cirurgiões enveredam pe-
la Cirurgia Estética e necessitam de ter o conhecimento para
proceder a esses atos cirúrgicos. Considero por isso que es-
sa matéria deveria ser revista”.
Durante o período de internato, é incumbência do Serviço on-
de o médico está inserido facultar-lhe todas as ferramentas pa-
ra o seu desenvolvimento dentro da especialidade, mas, expõe
o Dr. António Conde, “compete também ao interno lutar pela
sua formação”. Foi com essa ambição que na década de 90
muitos dos médicos que integravam o Serviço de Cirurgia Plás-
tica e Reconstrutiva do Hospital de São João rumaram ao es-
trangeiro em busca de novas técnicas. Nessa vaga, o nosso en-
trevistado estagiou durante oito meses em Bordéus, França,
num centro, à época, altamente desenvolvido ao nível da micro-
cirurgia e cirurgia da mão. Fruto desse trabalho de investigação
e formação contínua, o Dr. António Conde foi pioneiro na intro-
dução de algumas técnicas em Portugal: “Ao nível da Cirurgia
Reconstrutiva introduzi em Portugal o retalho sural em ilha de
reconstrução do membro inferior. Descrevi e publiquei junta-
mente com Joseph Bakhach, o retalho auricular em ilha de fluxo
invertido para reconstruções da asa do nariz”.
Apesar dos avanços e da mudança de mentalidades,
ainda vivemos sob o estigma de que a estética é uma área
do foro cirúrgico que trata “pequenos caprichos”, o sonho
em alcançar o corpo ideal. Enquanto especialista que lida
diariamente com estes casos, o nosso interlocutor abre-
-nos uma janela para outra realidade onde a correção de
pequenos defeitos estéticos traz repercussões inimagi-
náveis à vida do indivíduo, como uma maior autoestima,
maior integração social e até adaptação ao mercado de
trabalho onde, em determinadas profissões, a imagem
assume elevada importância. Ademais, num universo
commumente associado à imagem feminina, cada vez
mais homens recorrem à cirurgia para corrigir alguns pro-
blemas estéticos, nomeadamente a calvície.
Perfil
Percurso académico concretizado na Faculdade de Medi-
cina da Universidade do Porto e no Hospital de São João on-
de ingressou para a especialidade no Serviço de Cirurgia
Plástica e Reconstrutiva. No término da especialidade foi
convidado para dirigir a Unidade de Cirurgia Plástica do Hos-
pital São Sebastião – com a atual designação de Centro
Hospitalar Entre Douro e Vouga – onde se manteve até 2018.
É responsável pela Unidade de Cirurgia Plástica do Hospital
dos Lusíadas – Porto, onde realiza a sua atividade clínica
particular, em exclusividade.
“Se ao corrigirmos um defeito estético não tivermos em consideração a vertente funcional o resultado será sempre mau. Isto permite-me derivar para outro aspeto fundamental que é a forma como nos é ensinada a especialidade e como deve ser...”.
Cirurgia Plástica – Dr. António Conde // Saúde // Abr2019 // 43
À luz do Estado da Arte, em que os melhores profissio-
nais atingiram um patamar de excelência na sua área de
especialização – por via de muita investigação, formação
e trabalho –, a presença no mercado de pessoas não habi-
litadas para a realização de técnicas de Cirurgia Estética
torna-se insustentável.
Sabemos que a Ordem dos Médicos permite que um indi-
víduo licenciado em Medicina e detentor de especialidade
proceda a intervenções cirúrgicas entrando livremente, por
exemplo, no campo da Cirurgia Estética. Se isto pode ser
aceitável em áreas-fronteira – “por exemplo, um otorrinola-
ringologista que trabalha o nariz sob o ponto de vista funcio-
nal pode, caso veja necessidade, fazer um ato estético” –,
“abre também caminho a ‘curiosos’ que, sem formação, utili-
zando materiais de qualidade duvidosa e em espaços sem
condições mínimas, se apresentam como especialistas, con-
correndo com profissionais devidamente acreditados e com
anos de formação”, alerta o Dr. António Conde. Esta intrusão
é altamente perigosa resultando em muitos casos de más
práticas que se tornam públicos, muitas vezes, pela ocorrên-
cia de mortes.
Com mais de 20 mil intervenções cirúrgicas realizadas, e um
volume acentuado de cirurgias reconstrutivas, o Dr. António
Conde assegura que o seu sucesso na cirurgia estética se deve
à forte casuística que detém na Cirurgia Plástica e Reconstruti-
va. “A Cirurgia Estética, sendo uma cirurgia delicada, torna-se
muitas vezes invasiva podendo ser alvo de complicações. Essas
complicações têm que ser, naturalmente, evitadas, mas peran-
te uma ocorrência o especialista tem que ter a capacidade de
tratá-la, algo que se adquire com o treino, nomeadamente, no
ato de Cirurgia Reconstrutiva”. A experiência permite enfrentar
todas as situações com a consciência da capacidade real para
solucionar problemas que, não sendo de todo recorrentes, po-
dem acontecer.
Prezando durante toda a sua carreira a seriedade no contacto
com o utente, o Dr. António Conde oferece aos seus pacientes as
condições de segurança para a prática da sua atividade. Operando
num hospital que tem assistência médica e de enfermagem 24 ho-
ras por dia, não se recorda de ter passado por nenhuma situação
crítica, porém não dispensa “fazer o trapézio com rede”.
Ao nível da estética, o especialista realiza um volume consi-
derável de mamoplastias de aumento e de redução, mastope-
xias, e reconstrução mamária já no campo da Cirurgia Plástica e
Reconstrutiva. No que concerne à cirurgia da face destacam-se
os face lifting, cirurgia do envelhecimento facial, blefaroplastia,
rinoplastia, abdomnoplastia, lipoaspiração, cirurgia da calvície
(ato em que foi pioneiro no Porto). Em todos estes atos cirúrgi-
cos o nosso entrevistado realça que deve imperar o bom senso:
“Temos que situar bem a expectativa do doente, explicar o que
é expectável e exequível, de modo a que o resultado final seja o
mais harmonioso possível”.
Reforçando a questão da qualidade dos materiais utilizados, nu-
ma intervenção comum como a colocação de próteses mamárias,
por exemplo, para um leigo na matéria, os produtos são todos
idênticos, porém as diferenças são avassaladoras aos olhos dos
profissionais. “As próteses que utilizamos têm um seguro asso-
ciado que é oferecido ao doente em caso da ocorrência de alguma
complicação – contraturas, mau posicionamento, rejeições, etc. –
que possa ocorrer no tempo. São (grandes) pormenores como es-
te que os doentes desconhecem e que podem ser cruciais na es-
colha do profissional ou entidade que vai proceder à sua interven-
ção”. Neste campo, o Dr. António Conde vai iniciar a utilização de um
software que permite à utente ver a antecipação dos resultados.
Através da digitalização do tronco da mulher, é possível selecionar
diferentes volumes e formatos com a participação da mulher.
À luz do Estado da Arte, em que os melhores profissionais atingiram um patamar de excelência na sua área de especialização – por via de
muita investigação, formação e trabalho –, a presença no mercado de pessoas não habilitadas para a realização de técnicas de Cirurgia
Estética torna-se insustentável.
44 // Abr2019 // Saúde // Unidade de Hiperidrose e Rubor Facial
Inovação na cura da Hiperidrose
também na cabeça. Esta alteração do sistema nervoso autó-
nomo provoca uma transpiração excessiva e desnecessária
das glândulas sudoríparas écrinas, que se revela muito incó-
moda, dado ser totalmente incontrolável e independente do
calor e de períodos de atividade, porém intimamente relacio-
nada com estados de ânimo. “Só de pensar que vai ter que
cumprimentar alguém com a mão, o doente começa a trans-
pirar. Em situações de mais stress e ansiedade o doente ain-
da transpira mais, criando um ciclo vicioso que não consegue
controlar”, expõe Javier Gallego, cirurgião cardiotorácico com
vasta experiência na cirurgia da Hiperidrose, tendo operado
mais de mil doentes com sucesso.
A Hiperidrose mais frequente é a das palmas das mãos –
Hiperidrose Palmar –, que surge normalmente em idade pe-
diátrica, muitas vezes associada à transpiração das axilas e
dos pés, ou a combinação destas possibilidades.
A Hiperidrose Axilar isolada surge mais tarde, habitual-
mente por volta da terceira década de vida do indivíduo. Nes-
te nível é importante diferenciar a Hiperidrose (transpiração
composta praticamente por água, que não revela cor nem
cheiro) da Bromidose, uma patologia que afeta as glândulas
sudoríparas axilares apócrinas, responsáveis pela produção
de um suor mais viscoso, de cor geralmente amarelada e
com cheiro próprio, que aumenta o desconforto dos pacien-
tes. “Muitos doentes revelam que logo após terminarem de
tomar banho, já libertam odor axilar o que provoca grande in-
cómodo”, comenta o especialista.
Estas formas da doença enquadram-se na esfera da Hipe-
ridrose Primária: resumidamente, está relacionada com um
defeito do sistema nervoso autónomo.
Outra manifestação classifica-se como Hiperidrose Se-
cundária que, por seu turno, surge associada a distúrbios
hormonais como a diabetes, hipertiroidismo, problemas on-
cológicos, etc., manifestando-se mais tarde, através de uma
sudação generalizada.
Terapêutica
Para um correto diagnóstico e solução terapêutica é fun-
damental que o paciente recorra a um médico especializado
na área da Hiperidrose. Habitualmente, estes doentes antes
de chegarem ao contacto com a Unidade de Hiperidrose e
Rubor Facial fizeram um longo percurso de consultas, sendo
reencaminhados para a Unidade por profissionais da Derma-
tologia ou da Medicina Geral e Familiar.
Falamos por isso com Javier Gallego. O cirurgião cardioto-
rácico explica-nos que a Hiperidrose é uma doença que reve-
la uma forte base genética, pelo que perante um novo caso
clínico o especialista questiona o doente sobre a existência
de antecedentes familiares, “sendo frequentes as respostas
afirmativas”. Se em tempos este problema não tinha solu-
ção, existindo adultos que conviveram com o desconforto ao
longo da vida, hoje são muitos os pais que trazem os filhos a
consulta.
Em ambiente de primeira consulta, na Unidade de Hiperi-
drose e Rubor Facial o paciente é observado e é definida a
patologia, com o apoio de uma equipa especializada, para um
correto tratamento – cirurgia; microondas; injeções de Bo-
tox®. A decisão final sobre a terapêutica a aplicar é sempre
feita pelo doente sob forte orientação clínica.
A HIPERIDROSE AFETA MAIS DE 300 MIL PORTUGUESES. ENTENDIDA PELO SENSO COMUM
COMO UMA CONDICIONANTE MERAMENTE ESTÉTICA DA VIDA DO INDIVÍDUO, A CIÊNCIA REFORÇA A HIPERIDROSE COMO UMA CONDIÇÃO MÉDICA E APRESENTA SOLUÇÕES DEFINITIVAS NA CURA
DESTA PATOLOGIA.
A Unidade de Hiperidrose e Rubor Facial, sob a direção clí-
nica do Professor Doutor Javier Gallego, é composta por uma
equipa multidisciplinar e altamente especializada no trata-
mento da Hiperidrose e do Rubor Facial. Presentes em Lis-
boa, Porto, Coimbra e Algarve as suas equipas partilham os
mesmos princípios e a inovação na técnica cirúrgica.
Hiperidrose: o que é?
Sendo a transpiração uma resposta biológica necessária
para regular a temperatura corporal, a Hiperidrose pode ser
definida como um desajuste que provoca um excesso de su-
dorese, mesmo em ambientes climatizados, independente-
mente de o indivíduo sentir calor ou não.
Esta é uma patologia que se caracteriza pelo desajuste da
termorregulação, função do sistema nervoso autónomo que
depende de um tipo de glândulas sudoríparas específicas
designadas de glândulas écrinas – localizadas com maior
concentração ao nível das mãos, das axilas e dos pés, mas
Um dos grandes problemas da Hiperidrose prende-se com o facto de muitos pacientes e a população em geral
desconhecerem que este distúrbio é um problema de saúde que pode ser tratado.
Unidade de Hiperidrose e Rubor Facial // Saúde // Abr2019 // 45
resultados num período de 6 a 8 meses. Para estes casos de
Hiperidrose Axilar apresenta-se uma terceira opção de tra-
tamento com microondas, através de um equipamento es-
pecífico - MiraDry® - que utiliza microondas eletromagnéti-
cas para vaporizar e eliminar as glândulas sudoríparas écri-
nas e apócrinas das axilas. A aplicação de microondas é se-
gura, não há relatos de efeitos colaterais e é a terapia mais
recomendada por médicos de todo o mundo graças ao per-
centual, quase absoluto, de casos tratados com sucesso.
Ao nível da Hiperidrose Plantar o controlo da transpiração
revela-se mais complexo de tratar em todas as suas formas,
sendo que aqui os resultados não são tão satisfatórios com
os tratamentos atuais.
Perante doentes que manifestem a doença nas mãos, axi-
las e pés, Javier Gallego aconselha a cirurgia como o melhor
tratamento. “Porquê? Porque com isso conseguimos tratar
as mãos e as axilas de forma definitiva e, provavelmente,
melhorar muito os pés”, explica-nos.
Para os pacientes que transpiram ao nível da cabeça são
apresentadas três possibilidades. Alguns especialistas apli-
cam Botox® ao nível do couro cabeludo, mas a dor e o des-
conforto que esta aplicação provoca numa área tão grande,
não se revela no entendimento de Javier Gallego a solução
mais viável. Em 2018 o especialista começou a aplicar um
composto de manipulação farmacêutica chamado Glicopiro-
lato, que é feito sob a forma de gel, que responde às especi-
ficidades de cada doente, e que “tem apresentado bons re-
sultados ao nível da transpiração crânio-facial”. Existe tam-
bém a possibilidade de se fazer um tratamento definitivo por
via cirúrgica, “aplicando a técnica num ponto mais alto da ca-
deia simpática torácica”.
Esta cirurgia é aplicada também aos doentes que revelam
rubor facial – reação com uma base patológica de alterações
do sistema nervoso autónomo –, que são submetidos a uma
cirurgia que consegue controlar aquilo que muitos doentes
designam como “explosões de calor” e que se reflete na ver-
melhidão do rosto.
Um dos grandes problemas da Hiperidrose prende-se com
o facto de muitos pacientes e a população em geral desco-
nhecerem que este distúrbio é um problema de saúde que
pode ser tratado. Todos os interessados em saber mais ou
entrar em contacto com a equipa da Unidade de Hiperidrose
e Rubor Facial encontram no site hiperidrose.pt todas as ex-
plicações, locais de tratamento e a possibilidade de fazerem
marcação de consulta online.
Diferentes respostas terapêuticas
A Simpatectomia Torácica Superior Bilateral é a cirurgia
que trata definitivamente a Hiperidrose Axilar, Palmar e
Plantar. Fazendo duas pequenas incisões de 3mm por baixo
da axila, o cirurgião começa por introduzir um tubo flexível
com uma microcâmara até junto do nervo simpático, situado
nas costas junto da coluna vertebral. Na outra incisão, o ci-
rurgião introduz o clip de titânio que permite isolar o gânglio
responsável pela produção de suor na região afetada pela
Hiperidrose. A cirurgia demora entre 10 a 15 minutos, estando
o doente sob o efeito de sedação. Acordando no recobro o
paciente depara-se com a resolução do seu problema de
forma definitiva e tem alta para o domicílio.
A Unidade de Hiperidrose e Rubor Facial foi pioneira em Por-
tugal na técnica de colocação de clips de titânio, quando muitos
cirurgiões ainda optam por uma técnica clássica, a ablação ou
corte do nervo simpático, responsável pelo processo que con-
duz à transpiração das mãos e axilas (ver caixa de texto).
A Hiperidrose Palmar beneficia de tratamento cirúrgico,
minimamente invasivo, com uma taxa de sucesso na ordem
dos 98% e que resolve de forma simples e definitiva o pro-
blema. Neste caso, surge também a possibilidade de aplicar
Botox® nas mãos, porém o tratamento revela-se “extrema-
mente doloroso e tem uma duração inferior a dois meses”.
Para além da necessidade de efetuar uma manutenção re-
gular, o paciente corre o risco de perder força muscular nas
mãos, dado que a toxina botulínica bloqueia a musculatura.
Quando se trata de uma transpiração axilar de forma isola-
da, a cirurgia oferece resultados positivos, com taxas de su-
cesso de 98%. A aplicação de Botox® revela também bons www.hiperidrose.pt
www.umics.pt
Técnica cirúrgica inovadoraA Unidade de Hiperidrose e Rubor Facial opera cerca de 300 doentes por ano. Apoiada na forte es-
pecialização dos seus profissionais, a Unidade de Hiperidrose e Rubor Facial foi pioneira em Portugal
na técnica de colocação de clips de titânio, um tratamento definitivo, seguro, minimamente invasivo,
que permite ao doente ir para casa no mesmo dia. Uma intervenção que beneficia ainda de comparti-
cipação pela maior parte das seguradoras e subsistemas de saúde.
A Simpatectomia Torácica Superior Bilateral vídeo assistida com clips é uma técnica considerada
reversível no caso de doentes que possam ter uma transpiração compensatória que oscila em cerca
de 1% a 2% dos doentes operados, recuperando o estado anterior em alguns meses.
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