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Publicidade Portugal Post - Burgholzstr 43 - 44145 Do PVST Deutsche Post AG - Entgelt bezahlt K25853 ANO XX • Nº 222 Janeiro 2013 Publicação mensal 2.00 € Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 44145 Dortmund Tel.: 0231-83 90 289 Telefax 0231- 8390351 • E Mail: [email protected] www. portugalpost.de K 25853 •ISSN 0340-3718 PORTUGAL POST 1993 : 20 ANOS : 2013 José Carlos Reis Arsénio é o novo Cônsul- Geral em Estugarda // P9 Alemanha 2013: o que vai mudar na legislação social e fiscal Os rendimentos que são tomados por base para a isenção de impostos passam, no presente ano, de 8004 € para 8130 €. Esta alteração sig- nifica que todas rendimentes adquiridas no presente ano de 2013 só estão obrigadas ao pagamento de impostos o que ultrapassa a essa nova quantia alterada. Os descontos a efectuar não se aplicam para a caixa de doenças. Exemplificando: quem ganhar essa quantia anualmente não necessita de pagar impostos sobre ela, pagando só sobre o que a ultrapassa. // P17 n Comparticipação nas consultas médicas n Imposto sobre a habitação n Contribuição para os cuidados intensivos n A nova carta de impostos n Subsidio de educação n Descontos para a pensão e aumento das pensões n Cartão de identidade de deficiente n Taxa de televisão e de rádio n Pagamento de prémios por parte das “caixas de doença” n Etc Em finais de Outubro, a comunicação so- cial e as redes sociais portuguesas enche- ram-se de ternura comovida por um jovem enfermeiro de partida para a Grã- Bretanha, onde conseguira um contrato de trabalho. Antes de partir, Pedro Mar- ques, de 22 anos, escreveu uma carta aberta ao Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, lamentando o seu destino de emigrante. Foi o que bastou para se tornar numa celebridade instantânea: dei- xou despedaçados todos os corações (vir- tuais) de quem tem conta no facebook e fez derramar lágrimas (de crocodilo?) a muito jornalista sem melhor que fazer. // P3 A emigração antes e agora Foto: Manuel Dias Entrevista José Cesário, Secretário de Estado das Comunidades, concede grande entrevista ao PP // Págs 6 e 7 www.portugalpost.de

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ANO XX • Nº 222 • Janeiro 2013 • Publicação mensal • 2.00 € Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund • Tel.: 0231-83 90 289 • Telefax 0231- 8390351 • E Mail: [email protected] • www. portugalpost.de • K 25853 •ISSN 0340-3718

PORTUGAL POST1993 : 20 ANOS : 2013

José Carlos Reis Arsénio é o novo Cônsul- Geral em Estugarda// P9

Alemanha 2013: o que vai mudar na legislação social e fiscalOs rendimentos que são tomados por base para a isenção de impostospassam, no presente ano, de 8004 € para 8130 €. Esta alteração sig-nifica que todas rendimentes adquiridas no presente ano de 2013 sóestão obrigadas ao pagamento de impostos o que ultrapassa a essa

nova quantia alterada. Os descontos a efectuar não se aplicam paraa caixa de doenças. Exemplificando: quem ganhar essa quantiaanualmente não necessita de pagar impostos sobre ela, pagando sósobre o que a ultrapassa. // P17

n Comparticipação nas consultas médicasn Imposto sobre a habitaçãon Contribuição para os cuidados intensivosn A nova carta de impostosn Subsidio de educaçãon Descontos para a pensão e aumento das pensõesn Cartão de identidade de deficienten Taxa de televisão e de rádion Pagamento de prémios por parte das “caixas de doença”n Etc

Em finais de Outubro, a comunicação so-cial e as redes sociais portuguesas enche-ram-se de ternura comovida por umjovem enfermeiro de partida para a Grã-Bretanha, onde conseguira um contratode trabalho. Antes de partir, Pedro Mar-ques, de 22 anos, escreveu uma cartaaberta ao Presidente da República, AníbalCavaco Silva, lamentando o seu destinode emigrante. Foi o que bastou para setornar numa celebridade instantânea: dei-xou despedaçados todos os corações (vir-tuais) de quem tem conta no facebook efez derramar lágrimas (de crocodilo?) amuito jornalista sem melhor que fazer. //P3

A emigração antes e agora

Foto: Manuel Dias

Entrevista

José Cesário, Secretário de Estado das Comunidades, concede grande entrevista ao PP// Págs 6 e 7

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PORTUGAL POST Nº 222 • Janeiro 20132

Director: Mário dos Santos

Redação e ColaboradoresCristina Dangerfield-Vogt: BerlimCristina Krippahl: BonaJoaquim Peito: Hanôver

CorrespondentesAntónio Horta: GelsenkirchenElisabete Araújo: EuskirchenFernando Roldão: Frankfurt/MJoão Ferreira: SingenJorge Martins Rita: EstugardaManuel Abrantes: Weilheim-TeckMaria dos Anjos Santos: HamburgoMaria do Rosário Loures: NurembergaVitor Lima: Weinheim

ColunistasAntónio Justo: KasselCarlos Gonçalves: LisboaGlória de Sousa: BonaHelena Ferro de Gouveia: BonaJoaquim Nunes: OffenbachJosé Eduardo: Frankfurt / MLuciano Caetano da Rosa: BerlimLuísa Coelho: BerlimLuísa Costa Hölzl: MuniqueMarco Bertoloso:  ColóniaPaulo Pisco: LisboaRui Paz: DusseldórfiaSalvador M. Riccardo: Teresa Soares: Nuremberga

Tradução: Barbara Böer Alves

Assuntos Sociais: José Gomes Rodrigues

Consultório Jurídico:Catarina Tavares, AdvogadaMichaela Azevedo dos Santos, AdvogadaMiguel Krag, Advogado

Fotógrafos: Fernando Soares

Impressão: Portugal Post Verlag

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Registo Legal: Portugal Post VerlagISSN 0340-3718 PVS K 25853Propriedade: Portugal Post VerlagRegisto Comercial: HRA 13654

Os textos publicados na rubrica Opinião sãoda exclusiva responsabilidade de quem os as-sina e não veiculam qualquer posição do jor-nal PORTUGAL POST

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Agraciado com a Medalha da Liberdade e Democracia da Assembleia da República

Fundado em 1993

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Um jornal de confiança Ó 20 anos de publicação ininterrupta

o iniciarmos o ano de 2013 é com orgu-lho que evocamos os vinte anos de pu-blicação ininterrupta do jornalPORTUGAL POST.

Publicámos o número experimental nos idosde 1993. Ao completarmos este ano o vigésimoaniversário não fica mal - e os leitores percebe-rão - lembrar que o PP foi fundado pelo seu di-rector - autor destas linhas - com a convicçãode que o jornal iria preencher uma lacuna no querespeita à informação junto da comunidade lusaneste país. O que, diga-se de passagem, veio aacontecer.

Hoje o PP é uma forte e bem presente reali-dade junto dos portugueses e o seu único órgãode informação. Os 20 anos de publicação, mêsapós mês - sem contar com as edições especiais- são a prova que o jornal é hoje uma das prin-cipais instituições portuguesas na Alemanha.

Não faz mal dizer que este jornal faz parteda história da presença portuguesa na Alemanha.Sem a existência deste jornal a vida lusa nestepaís teria sido mais pobre e, talvez, outra.

Foram 20 anos de altos e baixos, como é, deresto, natural em todas as coisas que se criam.Pelo caminho, o PP deixou quatro jornais quequiseram também disputar o mercado de leito-res. O segredo para explicarmos o facto de ter-mos chegado aqui sem mais nenhumconcorrente parece-nos ter sido a confiança quesoubemos construir com vagar, mas solida-mente junto do público leitor; a proximidade e,talvez mais importante, a certeza de que só con-seguiríamos sobreviver se fossemos sérios, crí-ticos, independentes e plurais.

Claro que não foi assim tão simples quantoisso. Durante esta caminhada de vinte anos, oque nos valeu foi o trabalho e a perseverança; aluta por aquilo que acreditávamos; as pessoasque estiveram quase desde início junto de nós eque se tornaram, também elas, a alma deste jor-nal. Sem muitas dessas pessoas a concretizaçãodeste projecto a longo prazo teria sido mais pe-nosa para não dizer bastante difícil.

Numa edição de aniversário, que será publi-cada durante o decorrer deste ano, vamos lem-

brar os nomes das pessoas que, para memóriafutura, ficarão também elas ligadas ao êxito elongevidade do PP.

Durante estes vinte anos publicámos quase240 jornais - contando com as edições especiais-, suplementos dedicados a diversas áreas -cul-tura, turismo, economia, associativismo, etc. -,revistas, publicações de cariz comercial, etc.

Temos especial orgulho na criação de umprémio de Mérito e Dedicação em forma de umamedalha que, digamos assim, agraciou em actospúblicos distintas personalidades da comuni-dade luso-alemã. O prémio, ao qual demos onome de PORTUGALESER, em homenagem àcomunidade portuguesa que viveu em Ham-burgo no século XVI, pode vir a ser mais umavez atribuído aquando dos 50 anos de presençaportuguesa na Alemanha.

Chegados aqui, resta-nos continuar comosempre o fomos, isto é, a querer ganhar cadamais a confiança dos leitores que são, em últimaanálise, a razão de ser e a satisfação da nossaexistência.

APP celebra vinte anos

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PORTUGAL POST Nº 222 • Janeiro 2013 3A abrir

m finais de Outubro, acomunicação social e asredes sociais portuguesasencheram-se de ternuracomovida por um jovemenfermeiro de partida

para a Grã-Bretanha, onde conseguiraum contrato de trabalho. Antes de par-tir, Pedro Marques, de 22 anos, escre-veu uma carta aberta ao Presidente daRepública, Aníbal Cavaco Silva, la-mentando o seu destino de emigrante.Foi o que bastou para se tornar numacelebridade instantânea: deixou des-pedaçados todos os corações (vir-tuais) de quem tem conta no facebooke fez derramar lágrimas (de croco-dilo?) a muito jornalista sem melhorque fazer.

Para nós, emigrantes de longadata, esta “fita” toda, não pode deixarde surpreender. A partida de milhõesde portugueses desde os anos 50 doséculo passado nunca aqueceu nemarrefeceu nenhum dos nossos conter-râneos, salvo – e nem sempre – a fa-mília e os amigos mais chegados.Claro que no Portugal salazarento nãohavia facebook, e a comunicação so-cial não se atrevia a fazer um dramada emigração, que, oficialmente nãoexistia, apesar de servir – graças às re-messas - para sanear as contas públi-cas e modernizar o país. Mas quemnão era directamente afectado pelaemigração, também não consideravaesse um assunto com o qual valesse apena perder tempo. Talvez porqueentão emigravam aqueles que nemcomo trolha ou criada conseguiamarranjar trabalho em Portugal. Osmais miseráveis, os que passavamfome e não tinham perspectivas, genteque não contava, portanto. Ou, pior,eram desertores que não queriam par-ticipar em guerras injustas em paísesafricanos. Num país maioritariamentepró-colonialista, eram consideradostraidores. Partiam com a convicção deque nunca mais poderiam regressar,nunca mais voltariam a abraçar ospais, os irmãos e os amigos.

Poucos portugueses se deram e sedão ao trabalho de investigar o quesignificava emigrar a seguir à Se-gunda Guerra Mundial, quando paísescomo a França – então principal des-tino de emigração portuguesa – preci-savam muito de mão-de-obra, mastinham muito pouco para oferecer emmatéria de conforto. Quem emigravapara os “bidonvilles” dos arredores deParis e outros centros industriais, nãovinha com a escola feita, o curso de

enfermagem, o contrato no bolso e acompanhia de – pasme-se - “20 ami-gos”, para não se sentir muito só.Quem emigrava, deixava para trás afamília, aceitava os trabalhos maisrudes e pior pagos, vivia em barracasonde entrava a chuva e soprava ovento pelas frestas. E não tinha muitotempo para chorar o seu destino nemescrever cartas a presidentes, - quandosabia escrever - porque tinha que tra-balhar 14 e 15 horas por dia paracomer e enviar dinheiro à mulher, aosfilhos, aos pais e aos irmãos. Estava àmercê do patrão, porque não falava alíngua nem conhecia as leis, e os sin-dicatos tardavam em interessar-se porestes intrusos necessários.

A vaga de emigração forçada pelo

desastre económico que se sucedeu ao25 de Abril já aconteceu num paíslivre e democrático – ou a caminharpara lá. Mas, tal como nos anos 50 e60, também então o destino destagente não interessou ninguém emPortugal. Pelo contrário, a figura do“emigra” servia – e entre os maismentecaptos continua a servir -, so-bretudo para a chacota. Talvez por serobjecto de inveja pela “vida regalada”que levava lá na “estranja”. Mas se é

certo que a situação melhorou umpouco nos anos 70 e 80, a partidapara a “Europa” - à qual Portugalainda não pertencia - era ainda bemdiferente do que é hoje. Na falta deGermanwings e Ryanair, o avião erainacessível para a maioria, e o com-boio e a camioneta eram uma aven-tura sobretudo insalubre, da qualmuitos teriam prescindido com pra-zer.

Uma vez no estrangeiro, nempensar em “matar rapidamente sauda-des”, na Páscoa, no natal e em qual-quer fim-de-semana prolongado. Nemse sonhava em receber regularmentea visita de familiares e amigos que“aproveitam” o apartamento em Lon-dres ou Berlim para um belo passeio.

Não havia dinheiro para passar unsdias com filhos na “Europa”. E, paraestes, as férias, quando possíveis,eram uma vez por ano, de preferênciano Verão e na casa da família, na “ter-rinha”, para sair mais barato.

Mesmo assim, o Mercedes com-prado em segunda-mão e apinhado defamília e bens de consumo impossí-veis de obter em Portugal, não caíanas boas graças dos que lá tinham fi-cado. O emigrante, quando se reve-

lava como tal, não desencadeava la-múrias pela sua triste sina longe dapátria, não suscitava lágrimas de penapelo seu destino cruel e amargo, o seufado não era motivo de lamentação nacomunicação social. Pelo contrário,era, muitas vezes, tratado com arro-gância e sarcasmo, porque misturavao português com o francês ou o ale-mão, porque construía casas commuitos azulejos, e provavelmentetambém porque da sua visita anual de-pendia a sobrevivência de toda a al-deia.

Nos restantes onze meses do ano,quando o frio se tornava insuportável,a língua estranha arranhava os ouvi-dos e a saudade apertava demais, nãohavia computador para “skypar” com

a família e os amigos que ficarampara trás, ou smartphones para enviarfotos instantâneas do apartamento, dolocal de trabalho e do gato da vizinha.Impensável, até, telefonar para casapor um sim ou por um não: para achamada ocasional havia primeiroque pôr dinheiro de lado. Falar com afamília – muitas vezes com interfe-rências tais que não se percebia me-tade do que diziam do outro lado - eradia de festa. E a chamada era sempre

feita do telefone público, para sermais fácil controlar os francos e mar-cos que iam caindo – todos os segun-dos, parecia. Raras vezes se ligava decasa, onde o tempo passado ao tele-fone voava, e as contas no fim do mêsdepois ameaçavam o mealheiro reser-vado para as férias.

Não tenho dúvidas – até por ex-periência própria – que a emigração,mesmo num mundo tão mirrado econfortável como é a Europa hoje –exige uma certa coragem e determi-nação. E, ás vezes, convenhamos,uma ponta de desespero, ou, pelomenos exasperação com a situaçãoem Portugal. O que duvido é que hojea emigração possa ser um aconteci-mento muito traumático para umjovem com boa formação profissio-nal, amigos, conhecimentos linguísti-cos, contrato no bolso a rondar oequivalente a muito aceitáveis 2000euros para um primeiro emprego(horas extraordinárias pagas à parte,regalias sociais, subsídio de férias eperspectivas de progressão na carreiraincluidos). A União Europeia – queestá muito na moda vilipendiar emPortugal – impede que o portuguêsseja tratado pelo patrão de forma di-ferente do autóctone. E o patrão,como tem interesse em conservar amão-de-obra qualificada, investe nela,dá formação, organiza cursos de lín-gua, excursões, assistentes sociais e,muitas vezes, um apartamento emcondições. Trata-se, assim, de umaexcelente oportunidade para conheceroutras terras e outras gentes, tudo semo risco de passar fome e frio, ser aban-donado quando doente e não recebero salário pontualmente todos osmeses. Na verdade, uma temporada atrabalhar ou a estudar no estrangeiro– e a Europa é hoje um “estrangeiro”muito relativo – devia ser obrigatóriapara todos os jovens, não apenas por-tugueses.

O trauma será muito maior paraquem fica, porque o país perde gentequalificada, empenhada, necessária àconstrução do futuro. Por outro lado,os jovens que saem aprendem a con-hecer realidades diferentes. Quando acrise passar – e há-de passar, maistarde ou mais cedo – não terão difi-culdades em regressar, se nessa alturaainda estiverem para aí virados, claro.Espero que sim, porque estou conven-cida que levarão na bagagem paraPortugal, para além de uma experiên-cia enriquecedora, uma mentalidadediferente. Deixarão, por exemplo, deaceitar sem protesto nem luta tudo oque está errado no nosso país, a come-çar pelo muito característico “nacio-nal-coitadismo”.

O fadinho do emigraEm finais de Outubro, a comunicação social e as redes sociais por-tuguesas encheram-se de ternura comovida por um jovem enfer-meiro de partida para a Grã-Bretanha, onde conseguira um contratode trabalho. Antes de partir, Pedro Marques, de 22 anos, escreveuuma carta aberta ao Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva,

lamentando o seu destino de emigrante. Foi o que bastou para setornar numa celebridade instantânea: deixou despedaçados todosos corações (virtuais) de quem tem conta no facebook e fez derra-mar lágrimas (de crocodilo?) a muito jornalista sem melhor quefazer.

Cristina Krippahl

E

A partida de milhões de portu-gueses desde os anos 50 do sé-culo passado nunca aqueceunem arrefeceu nenhum dosnossos conterrâneos, salvo – enem sempre – a família e osamigos mais chegados. Claro que no Portugal salaza-rento não havia facebook, e acomunicação social não seatrevia a fazer um drama daemigração, que, oficialmentenão existia, apesar de servir –graças às remessas - para sa-near as contas públicas e mo-dernizar o país.

A emigração antes e agora

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PORTUGAL POST Nº 222 • Janeiro 2013Notícias4

Um autocarro com 13 realizado-res de quatro nacionalidades per-correu a rota dos emigrantes nosanos 70 para retratar a emigraçãona Europa, ao abrigo do projetoBorderline, estreado no passadomês em Guimarães.

Com paragem em 10 cidades ecom mais de 5 mil quilómetros de„asfalto, terra, neve e lama“, os reali-zadores, com idades entre os 21 e os31 anos, entrevistaram quem „passa afronteira à procura de uma vida mel-hor“ e conviveram com várias comu-nidades de „expatriados“.

Uma das produtoras de Border-line, Mariana Pinho, explicou que estafoi uma „viagem em terra“ mas tam-bém „pelo imaginário de quem parteà aventura e seja o que Deus quiser“.

Um romeno, um polaco, um me-xicano, um brasileiro, uma grega,uma equipa holandesa e quatro portu-gueses partiram, a 07 de Novembro,num autocarro „carinhosamente“ cha-mado Gina, uma „autêntica Torre deBabel sobre rodas“.

O objectivo, explicou a produtora,„era filmar cinco curtas-metragenssobre a saudade, a forma de colmataressa saudade, vidas, percursos, moti-vações e dificuldades de quem trocao país em que nasceu por outro à pro-cura de uma vida melhor“.

Entre as várias histórias retrata-das, Mariana Pinho apontou duas„marcantes“ para a equipa.

„O convívio com uma comuni-dade romena em Marselha e a históriade uma mulher que na Geórgia eramédica e em Genebra é empregada

Rota dos emigrantes nos anos 70 retratada no projecto Borderline na Guimarães 2012

Os três homens que, no início deOutubro, na Zambujeira do Mar(Odemira), salvaram de afoga-mento dois irmãos alemães foramhomenageados por grupo de jo-vens empresários e profissionaisluso-alemães.

“Numa altura em que se celebra avida, a solidariedade, a abnegação, oamor ao próximo e o altruísmo, que-remos celebrar com quem põe essesvalores em prática”, afirmou ValterBarreira, presidente dos Jovens Em-presários e Profissionais da Câmarade Comércio e Indústria Luso-Alemã(WJP, de Wirtschafts Junioren Portu-gal).

No jantar de Natal dos WJP, emCascais os jovens empresários preten-dem “reconhecer publicamente o ato”dos três homens que, a 03 de Outubro,quando dois irmãos de nacionalidadealemã foram arrastados pela correntena praia da Zambujeira do Mar, na

costa alentejana, se lançaram ao mare os resgataram.

Emanuel Duarte, Francisco Men-des e Pedro Rebelo, pertencentes à as-sociação de bodyboard local, levaramde volta à praia Lug e Zora Lutz, de12 e 15 anos, respectivamente. O me-nino ficou ileso, mas a menina encon-trava-se inanimada.

Após mais de meia hora de mano-bras de suporte básico de vida, porparte de nadadores-salvadores volun-tários e profissionais do Instituto Na-cional de Emergência Médica(INEM), a jovem alemã foi reani-mada, mantendo-se em coma durante12 dias no Hospital de Santa Maria,em Lisboa.

A 17 de outubro, regressou para aAlemanha com a família, já cons-ciente, mas ainda em recuperação.

O acontecimento sensibilizouValter Barreira, que encara os trêshomens como “heróis do mar” e “umainspiração”.

O presidente dos WPJ consideraque esta homenagem, que contarácom um elemento da Embaixada daAlemanha em Portugal, serve tambémpara transmitir uma “lição” aos asso-ciados, uma vez que os “valores hu-manistas são inspiradores para ospróprios negócios”.

Referindo-se às relações com aAlemanha no contexto da ajuda finan-ceira a Portugal, Valter Barreira afir-mou que “o Homem, enquanto sersocial, é superior a qualquer quezíliaou conjuntura económica ou finan-ceira”.

“Acho que é bom haver notíciassobre os inúmeros pontos que nosunem, ao invés de só haver notíciasque nos podem separar”, vincou.

Dos WJP, com sede em Lisboa,fazem parte mais de 50 membros, quese dedicam a actividades relacionadascom os negócios, o social e a culturaque possam desenvolver as relaçõesentre Portugal e a Alemanha.

Homens que salvaram irmãos na Zambujeira do Mar homenageados por jovens empresários luso-alemães

doméstica“, referiu.Alias, disse, „focámos com al-

guma intensidade as empregadas do-mésticas porque houve muitosportugueses que emigraram para estedestino“.

Além das histórias e das vidas queretrata, Borderline foi „uma aventura“para os participantes.

„Foi um teste aos limites de cadaum. Pela dificuldade de comunicação,falta de descanso, 17 pessoas num au-tocarro, avarias, mau tempo, falta detravões. Aconteceu de tudo. No finalapercebemo-nos que criámos laços enos ficamos a conhecer melhor a nósmesmo“, afirmou Mariana Pinho.

Passaram por Paris, Genebra,Marselha, Granada, Madrid, S. Sebas-tian, Covilhã, Porto e „finalmente“Guimarães.

„Aqui morou“ – um ser humano,um nome, uma data de nascimento. Eo seu destino: a data da sua deporta-ção, geralmente para um campo deconcentração. Na placa de bronzeajustada numa pedra de 10x10cm nãohá espaço para mais. E mais não é ne-cessário. Porque é precisamente estaa intenção do projecto de GunterDemnig: „As pedras são colocadasdiante dos últimos locais onde as ví-timas do Holocausto residiram porvontade própria“.

Quem passa por elas não tropeçaliteralmente, como o nome faz pensar,mas se depara „com a memória e ocoração“, diz o artista plástico GunterDemnig, o iniciador das pedras de tro-peço, as Stolpersteine.

Em 1993, Demnig teve a ideia dehomenagear as mil pessoas de váriasetnias de ciganos que haviam sido de-portadas a partir de Colónia em ape-nas um dia. Com o tempo, o artistafixou placas em metal com a inscriçãoem vários pontos, marcando o ca-minho das casas das vítimas até obairro de Deutz, em Colónia.

Uma senhora que passou por eleuma vez disse-lhe que naquela parteda cidade nunca haviam vivido ciga-nos Aí ficou claro para Demnig: tantoas pessoas dessas etnias como judeus,vítimas da perseguição nazi, haviamse integrado de tal forma na sociedadelocal que a vizinhança não se aperce-bera das suas origens.

Até Hitler subir ao poder na Ale-manha, em 1933, a etnia de uns e ascrenças de outros não haviam impor-tado. E aí ficou claro para Demnig:Auschwitz e os outros campos deconcentração eram o destino das víti-mas. Mas o início desse fim estava ali,

aos olhos de todos, às suas portas, nassuas casas.

“É no caminho diário de quempor aqui passa que se deve trazer àmemória a tragédia que se viveu entre1933 e 1945.” Porque as calçadas dasruas ninguém pode contornar. E láestão elas, em tantas ruas, à frente decasas, ou lá onde antes havia casas, aspedrinhas de cor dourada, incorpora-das no solo, marcam “aqui morou” al-guém.

Demnig enfrenta ainda hoje al-guns obstáculos para dar continuidadeà colocação das suas pedras nas cal-çadas. A presidente da comunidadejudaica de Munique, por exemplo, vêas esculturas como atracção para neo-nazis e motivo para abusos perante asvítimas. Para Demnig “são argumen-tos falsos e injustos” – já que, para vera pedra e ler o que lá está escrito, “épreciso curvar-se perante cada nome”.

A ideia em que as “pedras de tro-peço” se assentam é precisamente ade polir a memória ao se passar porcima delas: enquanto aquelas queestão em locais mais isolados oxidam,as que se encontram em ruas movi-mentadas brilham e o seu texto man-tém-se legível.

Não é possível atribuir um nú-mero total exacto à quantidade de ví-timas do nazismo. A estimativa é deque tenha rondado os seis milhões.“Seis milhões de pedras você não vaiconseguir colocar. Mas pode come-çar!”, foi o incentivo que GunterDemnig recebeu de um padre no iní-cio do seu projecto. E Demnig pôsmãos à obra – literalmente.

As primeiras pedras foram colo-cadas em Berlim, ainda que ilegal-mente. Só mais tarde viria a luz verdepara avançar. Depois foi a vez de Co-lónia e, desde 2000, o projecto flui. Aspedras de tropeço custam 95 euros esão financiadas por doações e apa-drinhamentos, normalmente por esco-las ou associações. Hoje, elas podemser vistas em cerca de 300 localidadesna Alemanha, 11 na Áustria, 13 naHungria e, desde o final de Novem-bro, na Holanda, o primeiro país aoeste da Alemanha a participar doprojecto.Cortesia DW

“Pedras de tropeço” para não esquecervítimas do Holocausto

Em várias cidades alemãscontinuam a ser colocadasas „pedras de tropeço“,uma iniciativa do artistaalemão Gunter Demnig. Aotodo, já há mais de 13,5 milmarcos em quatro países,lembrando as vítimas doHolocausto.

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PORTUGAL POST Nº 222 • Janeiro 2013 Notícias 5

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A «Alentejo Azul» começou a«desenhar-se» no final da décadade 1980, mas foi há cerca de cincoanos, após os produtos serem co-locados numa plataforma de ven-das na Internet, que o negóciomais cresceu.

Stephan Thielsch, de 55 anos,e Anette Wörner, de 47, ambosoriundos do norte da Alemanha,conheceram-se e apaixonaram-seem Vila Nova de Milfontes, noconcelho de Odemira.

Apaixonados também por Por-tugal e pelo «carinho das pes-soas», decidiram ficar eradicaram-se num monte na loca-lidade de Cortinhas, freguesia deSão Luís (Odemira), onde estãoinstaladas a marcenaria e a loja.

As primeiras peças de artesa-nato nasceram de um lote de ma-deira de oliveira comprado em1988, «bastante caro» e com re-curso ao crédito, disseram.

Esses artigos, espelhos de pa-rede e pequenas mesas com tam-pos em xisto, «não tiveram muitasaída», o que os fez optar porpeças menores, como botões ebrincos.

Segundo o casal, o projecto

foi-se desenvolvendo «pouco apouco» e, actualmente, dá tra-balho a oito pessoas, embora nemtodas a tempo inteiro.

Para Hélder Campos, de 35anos, de São Luís, arranjar emp-rego na oficina dos alemães, hácerca de oito anos, foi «ouro sobreazul».

O funcionário mais antigo daempresa trabalhava na construçãocivil, mas o desemprego levou-oa procurar alternativas e agora as-segura que é um ofício gratifi-cante, lamentando apenas ter de se

vender as peças mais bonitas.Da „Alentejo Azul“ sai uma

variada gama de produtos, comofruteiras, taças, pratos, sabonetei-ras, cadeiras, bancos, mesas, brin-cos, pulseiras, ganchos paracabelo ou alianças de casamento.

A maioria dos artigos é feita apartir de madeira de oliveira, mastambém são utilizados a cortiça, oxisto e o vidro.

Em 2010, algumas peças fei-tas com garrafões e garrafas devinho reutilizados participaram naexposição de design português

Casal alemão à conquista Europa a partir do Alentejo

promovida pelo Museu de ArteModerna (MoMA) de Nova Ior-que (EUA).

Apesar de terem as peças àvenda na sua e noutras lojas e departiciparem nalgumas feiras deartesanato, a aposta no sítio na In-ternet DaWanda, onde têm dispo-níveis 372 produtos, foi o impulsopara o crescimento do projecto.

Essa plataforma permite-lhesvender em todo o mundo, emboraa maioria dos pedidos cheguem deAlemanha, Áustria, França, Suíçae Inglaterra.

Na maior parte do ano, expe-dem uma média de 500 encomen-das por mês, mas estas podemultrapassar as 3.000 por altura doNatal.

Anette Wörner garantiu que adistância e os portes de correionão atrapalham o negócio, atémesmo quando se trata das peçasmaiores e mais pesadas.

«Quem compra uma mesa pormil euros não vai desistir porcausa do custo do transporte de120 euros», exemplificou.

A realizar um volume de ven-das que ronda os 100 mil eurospor ano, o casal disse acreditarque o projecto vai crescer, emborareconheça algumas limitações.

«Aqui é Parque Natural [doSudoeste Alentejano e Costa Vi-centina], não podemos construirmais nada e a oficina está nos li-mites», confessou a empresária.

Nestes dias, a oficina tem tra-balhado «em força» em manípu-los de madeira de oliveiraencomendados por uma fábricaitaliana, que pretende comerciali-zar uma «edição especial» de má-quinas de café.

Os artesãos preparam-se tam-bém para começar a satisfazer asencomendas feitas para o Natal,que, de acordo com StephanThielsch, «representam cerca de40 por cento do total de vendas».

Um casal alemão criou umamarca de artigos de moda edecoração em madeira deoliveira, que exporta de ummonte na freguesia de SãoLuís, em Odemira, para vá-rios países europeus.

Um casal alemão criou uma marca de artigos de moda e decoração em madeira de oliveira, que exporta de um monte na freguesia de São Luís, em Odemira,para vários países europeus.

Grupos farmacêuticos ocidentaisfizeram, nos anos 1980, testes de me-dicamentos em pacientes de hospitaisda Alemanha de leste que nem sempreeram informados, noticiou hoje umjornal alemão, que cita documentosencontrados nos arquivos alemães,noticia a agência Lusa.

?“Temos documentos que atestamcontratos entre empresas farmacêuti-cas ocidentais e instituições da RDAsobre testes de medicamentos“, indi-cou à agência noticiosa France Presseuma colaboradora dos arquivos ale-mães, confirmando parcialmente o ar-tigo do jornal.

?Segundo o diário Tagespiegel,que estudou os documentos ao por-menor, mais de 50 firmas assinaram

contratos com o ministério da Saúdeda Alemanha de leste para a realiza-ção de 165 ensaios clínicos entre 1983e 1989.

?Esses testes poderão ter repre-sentado até 860.000 marcos alemães,a moeda da Alemanha ocidental,muito apreciada na RDA [RepúblicaDemocrática Alemã] comunista,acrescentou o jornal.

?O diário citoua diferentes empre-sas da época, algumas das quais mu-daram de nome após fusões ouaquisições: Bayer, Schering, Hoechst(integrada na Sanofi), Boehringer In-gelheim ou Gödecke (hoje Pfizer).

?Por vezes, os pacientes não erainformados dos ensaios clínicos,acrescentou o artigo, referindo sete

casos concretos de doentes de quedizem não ter tido conhecimento des-ses testes.

?A televisão regional alemãMDR, que tem estado a trabalharsobre este assunto, citou o caso de umpaciente de 60 anos, Gerhard Lehrer,nos cuidados intensivos após um en-farte no hospital de Dresden em 1989.

?Após tomar medicamentos„especiais“, „que não se encontravamà venda“, prescritos por um médicodo hospital, o seu estado ainda piorou.

?Esses medicamentos, de que amulher de Lehrer guardou algunsexemplares, revelaram-se placebospara um estudo encomendado pelaHoechst, de acordo com testes enco-mendados agora pela MDR.?

Farmacêuticas ocidentais fizeram ensaios clínicos em pacientes da Alemanha de leste

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6 PORTUGAL POST Nº 222 • Janeiro 2013

Dr. José Cesário falou-se da te-mática da nova emigração no se-minário consular? Já hánúmeros oficiais?Sim, falámos. Regista-se um cres-

cimento de acordo com os dados ofi-ciais. Há um saldo anual positivo comum aumento que não é extraordinário.Houve uma inovação relativamente àtendência da redução da comunidadeque se verificava há bastantes anos. E,neste último ano, verificou-se um au-mento de duas mil e tal pessoas emtoda a Alemanha. É um país procu-rado por muita gente mas não se re-gista um aumento extraordinário. Hámais licenciados do que aqui há al-guns anos. Para começar temos muitagente preparada hoje em dia porquefoi feito um investimento muitogrande a nível da educação dos jo-vens. Há muitos jovens licenciadosmas também quadros de empresasque ficaram desempregados.

Os novos emigrantes têm um de-nominador comum que será,porventura, a maior parte nãofalar alemão, visto a língua es-trangeira que se aprende maisnas escolas portuguesas ser o in-glês. Neste caso, penso que elesprecisarão do apoio consular ede acompanhamento. Por exem-plo, se necessitarem fazer umrequerimento junto das autori-dades alemãs. E, a minha per-gunta é, se se tem em vistadesignar um conselheiro socialexactamente para correspondera esta nova situação?Não está previsto. Nós temos na

Alemanha um número significativode técnicos do serviço social e é a elesa quem compete providenciar esseacompanhamento. Vamos ser claros.A maior parte das pessoas que se di-rigem à Alemanha, ao virem para estepaís, têm já, naturalmente, a noção deque o alemão é indispensável. Porisso é que não vêm mais! Porque seráque vão para a Suíça, por ventura,anualmente, vinte e tal mil, trinta mil,porque é que vão para França muitomais do que isso? E também para oReino Unido, Angola e Brasil? Para aAlemanha o saldo é de dois mil.Muita gente tem consciência que oalemão é indispensável e que é umalíngua que não se aprende de um diapara o outro. Não é perceptível, não éuma língua latina. A partir daí há umamaior dificuldade de relação. Julgoque existe essa consciência e que as

pessoas cada vez mais estão prepara-das para isso. Agora, admito que sejapreciso dar mais alguns esclarecimen-tos no sentido de as pessoas percebe-rem melhor isso. Estamos com umacampanha de esclarecimento a correrdesde Maio deste ano, através de vá-rias vias, procurando alertar as pes-soas para esses aspectos.

Que vias de esclarecimento estãoa utilizar?Temos uma campanha genérica

dirigida ao candidato a emigrante emgeral que está a ser feita por via tele-visiva, radiofónica, através de algunsjornais, nomeadamente “A Bola”,através de folhetos, desdobráveis ecartazes que estão em proeminêncianalgumas paróquias.A Alemanhaainda não está considerada porque asnossas prioridades são os países paraonde se dirige mais gente.

Para onde é que se dirige maisgente?Claramente, Angola, a Suíça, o

Luxemburgo, o Reino Unido, aFrança, o Brasil, estes são os paísesem que há mais oportunidades e quesão mais acessíveis. A Alemanha temum problema de ordem linguística.Não deixou de se ensinar alemão aosportugueses mas não é com a dimen-são com que se ensina o inglês.

E considerando este factor daemigração, que é relativamentepouco significativo na Alema-nha, quando comparamos comoutros países, há novas linhas deorientação do Senhor Secretáriode Estado para os serviços con-sulares considerando este as-pecto?Uma reforma decisiva que temos

neste momento, e que é a maior desempre na rede consular, e que traduze implica que finalmente os nossosconsulados possam aproximar-se dascomunidades, é a implementação dasnovas permanências consulares comos novos equipamentos móveis para arecolha dos dados biométricos para ospassaportes, cartão de cidadão e regis-tos. Essa é a grande linha de orienta-ção.

Como é que isso funciona?Em variadíssimas cidades da Ale-

manha temos os nossos funcionárioscom equipamento, que é móvel, igualao que temos nos postos, e que se des-locam às comunidades e tratam do

que é preciso junto das pessoas, ouseja a generalidade dos actos que astrazem aos consulados.

Há um dia e sítio fixo para aprestação de serviços nas váriaslocalidades?Há sim. Há dias fixos, há uma

agenda, há cidades em que a periodi-cidade é mais frequente, noutras cida-des é menor. Aliás, a experiênciaarrancou aqui e em França, em simul-tâneo, e quero dizer-lhe que nós desdeMaio, nos países em que já estamos adesenvolver esta experiência, atende-mos mais de cinco mil pessoas forados postos consulares. Esta é a grandemudança.

E estão a pensar em alargar estetipo de serviços itinerantes geo-graficamente?Há um conjunto de cidades, que

no caso da Alemanha é significativo,mas os chefes de posto têm autono-mia para sugerir alterações no sentidode reduzir ou no sentido de aumentaresse número. Não somos nós a partirde Portugal que vamos determinaronde e quantas vezes é mais impor-tante fazer a permanência. Os chefesde posto têm, neste aspecto, uma fun-ção de grande relevo.

Para terminar esta faceta da en-trevista, qual é o balanço que oSenhor Secretário de Estado fazda actual situação consular aquina Alemanha?Apesar dos dois encerramentos

que houve, a Alemanha continua a ter,em termos relativos, uma das maioresredes consulares que nós temos emtodo o mundo. Estamos a falar dequatro postos para uma comunidadeque, oficialmente para os alemães, éde 115 ou 116 mil pessoas. Nós sabe-mos que é superior, terá mais unsvinte, trinta, ou mesmo, quarenta mil,seguramente, mas, mesmo assim, éuma cobertura muito elevada. O que,aliás, é muito evidente pelo trabalhoconsular, rendimento e produção, quenão é exagerada. Nós desejamos queseja maior, apelamos, aliás, às pessoaspara que vão aos consulados, tratemdos seus assuntos nos consulados, naspermanências consulares, procuremnaturalmente obter os documentos ealertamos para que não caiam em si-tuações irregulares de irem tirar osdocumentos a Portugal, residindo forade Portugal, sem declarar a residênciaoficial. Imagine uma pessoa que temaverbado no seu cartão de cidadãouma residência em Portugal e temuma carta de condução, por exemplo,da Alemanha. Isto é uma situaçãocompletamente irregular que originamultas e as pessoas devem acautelarestas situações. As pessoas até podemtirar os documentos em Portugal mastêm sempre de declarar o local onderesidem. Tenho consciência, que paramuitas pessoas é difícil deslocarem-se ao consulado e é, por esta razão,que estamos a fazer estas permanên-cias.

Tinha mais uma pergunta sobreo Conselheiro Social porque, se-gundo o que percebi, a funçãodeste é de coordenar os técnicose estabelecer contactos com asinstituições do país relevantes.Suponho que os técnicos sociaisnão se movem a este nível e,além disto, também é de presu-mir que um conselheiro socialterá conhecimentos mais apro-fundados sobre a legislaçãoalemã e a portuguesa na maté-ria. Como é que dão a volta aisto?Muito fácil. Sabe que nós temos

aqui neste momento uns sete ou oitoconselheiros sociais. Cada um dosnossos diplomatas que aqui está tam-bém tem de ser conselheiro social.

Aqui, em Berlim, há um conse-lheiro social?Não, aqui em Berlim há vários di-

plomatas que podem e devem tratardos dossiers sociais. Isto na relaçãocom as autoridades alemãs. Se assimnão fosse, como é que seria, porexemplo, em certos países, como ocaso do Brasil, Angola, Venezuela?Nalguns desses países nunca tivemosconselheiro social. E a dimensão dosprogramas sociais é enorme. A dimen-são dos dossiers bilaterais em matériade legislação e acordos é enorme.Esse trabalho tem de ser asseguradoem primeiro lugar pelos nossos diplo-matas, completados pelos técnicos na-quilo que os técnicos puderem fazer.Nas questões mais práticas e, eventu-almente, até técnicas.

Pensemos num caso prático. Umemigrante da primeira geração,que fale mal o alemão e se tenhareformado, precisa de resolvervários assuntos ligados à nova si-tuação, tais como requerimentosde reforma, subsídios, suplemen-tos, etc. Ele dirige-se ao consu-lado, digamos, aqui em Berlim ...Em princípio isso não é matéria

para o consulado. Se o consuladotiver as condições técnicas pode fazê-lo, mas essa é a missão típica do mo-vimento associativo, por ventura, emparceria como o conselheiro social.Há uma prática nalguns países quenão é a prática generalizada da redeconsular. Compreendemos as dificul-dades de relação e, sobretudo, de co-municação. Sabemos que alguns dosnossos técnicos fazem esses trabalhosmas, em boa verdade, isso é um tra-balho complementar à acção consular.Disponibilizamos esse serviço ha-vendo condições para tal. Outra ma-téria é a questão da abordagem dosdossiers de natureza social na relaçãocom o estado alemão e, a esse nível,há, indiscutivelmente, pessoas que ofaçam. Neste aspecto específico, darelação com o público, há os funcio-nários técnicos e, no futuro, há a po-tencialidade de converter funcionáriosem técnicos. É uma coisa que se temverificado em vários postos.

São formados nessa matéria oujá têm formação?Eu conheço vários que nos últi-

mos anos foram reconvertidos emtécnicos. Posso citar de memória umameia dúzia de casos na Suíça, emFrança.

O Dr. José Cesário falou do mo-vimento associativo e o seu papelde apoio. Porém alguns afirmamque o movimento associativo estáa morrer. Quais são as suas su-gestões para que esse movimentonão morra?Como é que o movimento asso-

ciativo nasceu? Nasceu porque osemigrantes da primeira geração senti-ram necessidade de encontrar espaçosonde pudessem partilhar aspectos dasua vida, conviver, no fundo, ajudar aultrapassar dificuldades e a manterum contacto com as raízes, com astradições, a cultura. Tendo tambémem consideração questões da comuni-

O Secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, esteveem Berlim no passado dia 27 de Novembro, para participar noque foi o primeiro seminário consular regional na Alemanha du-rante o presente mandado. O Portugal Post esteve na Embaixadade Portugal em Berlim para falar com o Secretário de Estado,sobre vários assuntos relevantes para a comunidade portuguesaresidente neste país, no contexto mais alargado das medidas deausteridade do actual governo, que afectam toda a diáspora por-tuguesa, em sede dos serviços consulares, do ensino do portu-guês e da cultura portuguesa no estrangeiro, entre outrasmatérias.

Grande Entrevista

Entrevista // José Cesário,

José Cesário. Foto: Gonçalo Silva

As pessoas não pagam o ensino.

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PORTUGAL POST Nº 222 • Janeiro 2013 Grande Entrevista 7

cação num país como a Alemanha. Nocontexto em que hoje se vive, muitosdesses aspectos continuam a seractuais. Se é verdade que há associa-ções que estão moribundas, há outrasque não estão, e que estão bem acti-vas, cheias de projectos. Há realiza-ções, há eventos, há convívios, há oapoio a quem necessita. Veja o exem-plo das missões católicas que tambémé uma forma de associativismo muitoligado à igreja. Portanto, há aí umcampo muito vasto. O maior pro-blema tem a ver com as pessoas, comos protagonistas. Tem a ver com ofacto de serem precisos novos prota-gonistas que ajudem e completem osmais antigos. Jovens que possam ino-var. Agora esta área de que estamos afalar, a área do acompanhamento so-cial é uma área em que os portuguesestêm uma tradição enorme. Há muitasinstituições de apoio social na Europae fora dela.

Sugeriram-me fazer-lhe umapergunta relativamente ao Con-selho de Integração, onde nãoexiste representação portuguesa.Parece que isto poderá ter a vercom a falta de um movimento as-sociativo suficientemente fortepara que sejam propostaspessoas para integrarem o ditoconselho. Embora, e tradicional-mente, no seio da comunidadeportuguesa não se registarquaisquer problemas de integra-ção na sociedade alemã. Quercomentar?É um dos aspectos em que vale a

pena nós trabalharmos de maneira aque alguns dos actuais ou futuros pro-tagonistas possam ter em considera-ção este aspecto muito importante darelação com as autoridades alemãs.As nossas comunidades devem ter umespírito de participação na vida pú-blica local. Os portugueses que estãona Alemanha, em França, nos EstadosUnidos, além da sua relação com opaís de origem, têm obviamente a re-lação com o país de acolhimento,onde fazem as suas vidas, ondepagam os seus impostos, portanto fazsentido que tenham intervenção navida pública local e que intervenhamtambém candidatando-se a lugares,ocupando funções. Isto é um aspectoimportante para a nossa comunidadeaqui. Há pessoas que falam muito darelação connosco e seria desejávelque essas pessoas gastassem algumasenergias a dialogar com as autorida-des locais. E isto é muito importante.Temos países em que já temos portu-gueses no governo. Temos deputados,presidentes de câmara e temos mesmorelações com essas pessoas. Levamo-los a Portugal, tentamos dinamizarredes com esses protagonistas e naAlemanha é desejável, numa comuni-dade com essa dimensão e com umnível de integração razoável, e é bomque tenha cada vez mais cargos eesses poderes. E é um desafio paratodos nós, a começar pelos que estãocá.

Na actual terminologia anglo-saxónica sobre emigração, estaspessoas são descritas como “hi-fenated”. Ou seja, estão a cavaloentre duas culturas e são umaboa ponte de comunicação entrePortugal e outros países, nonosso caso, a Alemanha. Sem dúvida! Tivemos em Portu-

gal há poucos meses vários senadoresnorte-americanos, deputados do Ca-nadá, presidente de câmara de França,vereadores da África do Sul, do Bra-sil, da Venezuela, luso-descendentese alguns de primeira geração. O coor-denador, o responsável no condado deMiami-Dade pela educação e segu-rança é um português nascido em Lis-boa. O presidente de Câmara de umlocal na Namíbia era, até há poucotempo, um português nascido na Ma-deira. Temos casos desses em todo olado. E, quando passamos para as se-gundas gerações, esses casos aumen-

tam significativamente. Veja emFrança.

Mas a segunda geração já teráperdido algum contacto como onosso país!Não. Neste momento estamos a

verificar uma grande ligação. Quandofalo da segunda geração, falo das se-gundas gerações, e estamos a verificaruma ligação impressionante a Portu-gal. Devo dizer-lhe que nós temosvisto nalguns países, em França, eaqui também, as pessoas a chegarem,a vontade que têm de se ligar ao país,e de levar lá visitantes, levar lá osamigos. As pessoas têm consciênciadas dificuldades do país mas vê-semuita gente com muito orgulho emmostrar o país. O nosso país tem coi-sas muito boas.

E a propósito das segundas gera-ções, gostaria que falássemosum pouco sobre o ensino do por-tuguês e da cultura portuguesana Alemanha. Segundo o presi-dente do Conselho das Comuni-dades Portuguesas, FernandoGomes, nos Estados Unidos e noCanadá, as pessoas sempre pa-garam os cursos de língua portu-guesa. Pagam nas escolas comunitárias.

Na Europa havia uma situaçãode excepção, em que os cursoseram pagos pelo Estado portu-guês, nomeadamente, na Alema-nha. Na Europa há de tudo. Na maioria

dos casos são pagos pelo Estado por-tuguês.

Concentremo-nos na Alemanha,país em que os cursos erampagos pelo estado português. Noâmbito das medidas relacionadascom a crise vai passar a haveruma propina. Tem havido bas-tantes protestos contra esta pro-pina e as pessoas têm dificuldadeem aceitar a perda de um privi-légio. Como vê esta situação?Primeiro aspecto, as pessoas não

pagam o ensino. As pessoas vão dedar um pequeno contributo , que sevai situar entre os 110 e os 120 eurospor ano, 10 euros por mês, conside-rando que essa verba se vai destinar apassarem a ter uma coisa que não tin-ham, isto é, a certificação das apren-dizagens que os filhos fazem epassarem a ter programas que não tin-ham.

Esse programa obedece a crité-rios internacionais?São programas feitos pelo Insti-

tuto Camões de acordo com o quadroeuropeu de línguas.

Prevê certificações dos níveis A1,A2, B1, etc. que são qualifica-ções reconhecidas internacional-mente? Exactamente, fundamentalmente

a nível europeu. Os professores vão

passar a ter acções excepcionais e in-tegradas de formação no terreno,virão formadores de Portugal e haverátambém formadores locais. Haveráuma introdução de um conjunto defactores que vão dar qualidade ao sis-tema. Obviamente que nós assumi-mos perante as pessoas que não temosmeios para fazer isto mas, se não o fi-zermos, o que existe não é nada. Nãopodemos ter um sistema de ensino emque o próprio estado que o paga nãoavalia o que se faz. Tem de haver qua-lidade. Infelizmente, a verdade é quenão temos condições financeiras parapoder pagar tudo aquilo que deseja-mos e talvez algumas pessoas não sai-bam mas, não temos só alunos dobásico e do secundário, temos 57 milalunos do básico e secundário e temosmais de 100 mil alunos no ensino su-perior em todo o mundo.

O português é ensinado nomundo. Embora sejamos 250 milhõesde falantes (oito países em que o por-tuguês é língua oficial, mais um terri-tório) o esforço deinternacionalização do ensino do por-tuguês é, fundamentalmente, de Por-tugal, porque o contributo de outrospaíses é muito pequeno. O esforçodos outros países lusófonos é muitoreduzido e situa-se normalmente anível do ensino superior. Nós temosescolas onde temos professores nos-sos, pagos por nós, a darem aulas emque a maioria dos alunos não é portu-guesa. São lusófonos. Por exemplo,nas escolas europeias em França, aquina Alemanha. Isto é um esforço quenós fazemos pela língua. As pessoastêm de perceber que o português éuma língua de oportunidades, umalíngua de negócios e que está em ex-pansão. O português é a língua maisfalada no hemisfério sul, é a terceiralíngua mais falada em todo o oci-dente, é uma das mais faladas no fa-cebook. Isto é uma oportunidade paraas pessoas. Cada professor que colo-camos no estrangeiro custa três vezesaquilo que ele custa em Portugal. Aopedirmos uma pequena comparticipa-ção assumimo-lo, é num contexto ex-traordinário, em que aresponsabilidade é exclusivamentenossa, não oneramos os cursos inte-grados, para podermos dar a estes cur-sos essa qualidade que eles não têm.Não tem nada a ver com o facto de emoutros países pagarem os cursos inte-gralmente. Tem a ver com outra coisa,a necessidade de darmos outra dimen-são, outra qualidade àquilo que faze-mos.

A propina já entrou em vigor?A propina foi aprovada recente-

mente através do decreto-lei que re-gula o regime jurídico do ensinoportuguês no estrangeiro. Em brevesairá uma portaria que a vai regular efixar o seu valor, e ela vai-se aplicarao ano lectivo 2013-2014. Sendo pagaaquando das inscrições dos alunospara esse ano.

Então ainda não foram feitas as

inscrições?As inscrições vão ser feitas em

inícios de 2013 para o ano lectivo se-guinte.

No artigo 74, alínea i), Parte I,Direitos e Deveres Fundamen-tos, da Constituição Portuguesa,é consagrado o direito ao ensinoda língua portuguesa e ao acessoà cultura portuguesa dos filhosdos emigrantes. Embora, não semencione a gratuitidade domesmo na lei fundamental.Como avalia o argumento da in-constitucionalidade da propinaneste contexto legal?Entendemos que não há inconsti-

tucionalidade nenhuma. Não é poracaso que a lei de bases do sistemaeducativo determina que o ensino doportuguês no estrangeiro é uma mo-dalidade especial da educação escolar,em igualdade de circunstâncias com aformação profissional, com o ensinoartístico, com a educação de adultos,em que, nalguns casos, há lugar a pa-gamentos

Portanto, a questão da inconstitu-cionalidade não se coloca. Em qual-quer caso, estamos num estado dedireito. Havendo inconstitucionali-dade há um órgão competente para adeterminar que é o tribunal constitu-cional. Se for determinada nós acol-hemos a decisão. Mas as pessoas têmde estar conscientes de um facto: nóstemos um orçamento para o ensino doportuguês no estrangeiro, que é o queé! Nós não deixaremos de introduzirno sistema a qualidade que ele mereceter.

Nesse caso, talvez fosse impor-tante, explicar isso mesmo aospais. Isto é: que a certificação, ainternacionalização, os materiaise todos os outros aspectos destetipo de ensino implicam um es-forço financeiro grande porparte do estado português.Mas é isso mesmo que estamos

fazer. As pessoas têm de perceber quepara haver exames, certificados, for-mação, planos de leitura temos que termais funcionários, mais professoresno Instituto Camões, mais do quetemos e isto não cai do céu! Portanto,para isso, temos que lhes pagar e épara isso que a propina se destina.Temos muitos alunos em localidadesextremamente isoladas, onde não épossível ter um professor para apenasum, dois ou três alunos. Isto é válidoem todo o mundo.

Vamos ter de desenvolver umamodalidade de ensino à distância quepossa servir esses alunos, das formasmais variadas, e essa modalidade nãoexiste, sobretudo, se for monitorizada.Nós queremos ter uma plataforma debi-learning. Ora bem, é para estesaspectos que o valor da propina serádirigido.

Entrevista conduzida por Cristina Dangerfield-Vogt, em Berlim

Secre tário de Estado das Comunidades

Vão de dar um pequeno contributo

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PORTUGAL POST Nº 222 • Janeiro 2013Comunidade8

BERLIMTia Emilia, uma mercearia sobre rodas

BerlimUma jovemberlinense, in-spirada pelassuas visitas aPortugal, ins-talou umamini-mercea-ria ambulante(sobre rodas)com produtosgenuinamenteportuguesesno mercadode rua na Koll-witzplatz, emP r e n z l a u e rBerg, Berlim,

Tia Emília é o nome da mercearia ambulante.Para além das especialidades tradicionais(azeite, café, flor de sal, sardinhas em con-serva, Tia Emília oferece ainda produtos quemuitos de nós temos na nossa memória:pasta dentífrica Couto, sabonete Lavicura,Alfazema de Portugal, etc.Uma ideia para as lojas portuguesas espal-hadas pela Alemanha.

Há quem chame Hamburgo “a ci-dade mais portuguesa da Alemanha”.Devido ao seu caráter marítimo, a ci-dade hanseática une-se por forteslaços históricos à nação dos descobri-dores e navegantes. Ainda hoje, comcerca de dez mil residentes, a comu-nidade lusa é a mais numerosa da Ale-manha. Com mais de 40 restaurantese mais de 70 pastelarias, a gastrono-mia portuguesa marca presença semigual, sendo o chamado “Portugiesen-viertel”, ao pé do porto com a estátuade Vasco da Gama e a Rickmer Rick-mers (a ex-Sagres), o seu centro.

A Associação Luso-Hanseática(Portugiesisch-Hanseatische Gesell-schaft) com mais de 300 sócios, temdesenvolvido, durante os seus 16 anosde existência, uma vasta atividade emprol do intercâmbio cultural. Parajaneiro e fevereiro estão programadasSemanas de Cultura Portuguesa comtrês exposições, três palestras, umanoite de fado, um serão literário e umaprova de vinhos portugueses.

Na sua maioria, esses eventosterão lugar no Kulturhaus Eppendorf(Julius-Reincke-Stieg 13ª/Martinistr.40). Aí, as semanas culturais serão in-auguradas a 18 de janeiro, às 20 horaspor um concerto de fado pelo grupoFado-Nosso (Francisco Fialho e Hen-rique Marcelino acompanhados porFrancisco Pereira na guitarra portu-guesa e Michel Pereira na viola). Aomesmo tempo inaugurar-se-á a expo-sição Um olhar hanseático sobre Por-tugal – Hanseaten sehen Portugal comfotografias de cinco fotógrafos da As-sociação Luso-Hanseática. Essa expo-sição, que já foi exibida no Consulado

Geral de Portugal, em outubro e no-vembro do ano passado, estará pa-tente até meados de março.

As três palestras no KulturhausEppendorf, que terão início às 19:30horas, tratarão de temas tão diversoscomo Goethe – Pessoa. Ein deutsch-portugiesischer Dialog por Prof. Karl-Eckhard Carius (31 de janeiro),Portugal in Hamburg por Dr. PeterKoj (14 de fevereiro) e Mit der Linie28 durch Lissabon por Claus Bunk(21 de fevereiro). O último eventoserá abrilhantado por uma prova devinhos organizada por Carlos Vascon-celos dos restaurantes Porto e Nau.

A 28 de janeiro, as três conceitua-das tradutoras hamburguesas BarbaraMesquita, Maralde Meyer-Minne-mann e Karin von Schweder-Schrei-ner vão ler trechos de autoresportugueses traduzidos por elas. Oserão terá lugar, sob o título Nicht nursaudade, na livraria Christiansen,Bahrenfelder Straße 79, com início às20 horas.

As duas outras exposições sãoPortugiesische Streifzüge – Impres-sões de Portugal com obras de duasartistas alemãs (Kerstin Wagner eGudrun Bartels) e dois artistas portu-gueses (António Alonso e ManuelGamboa), patente na galeria do Ber-gedorfer Kulturzentrum LOLA (Loh-brügger Landstr. 8), entre 24 defevereiro e 31 de março, e, em janeiroe fevereiro, Grüße von der Blumenin-sel, com desenhos a aguarela da ilhade Madeira, da autoria da conhecidapintora e ilustradora Marlies Schaper(restaurante Nau Ditmar-Koel-Straße13, em pleno “Portugiesenviertel”).

Semanas de Cultura Portuguesa 2013 em Hamburgo

Cultura portuguesa na “cidade mais portuguesa da Alemanha”O Rickmer Rickmers é um ve-

leiro, armado em barca de três ma-stros, ancorado como navio museuno porto de Hamburgo. Como Sa-gres serviu como navio-escola daMarinha Portuguesa, entre 1927 e1962.

O navio foi construído nos esta-leiros Rickmers Werft em Bremer-haven, na Alemanha e lançado àágua em 1896 e colocado ao serviçodo armador Rickmers Reismühlen,Rhederei und Schffibau AG com onome Rickmer Rickmers. O navio,construído em ferro, armou, inicial-mente, em galera.

Na marinha mercante alemã, onavio foi utilizado, sobretudo, notransporte de algodão entre o Ex-tremo Oriente e a Europa.

Em 1902 um temporal danifi-cou-lhe a mastreação. Depois da re-paração, o navio passou a armar embarca.

Em 1912 o navio foi vendido aoarmador de Hamburgo, Carl Chris-tian Krabbenhöf, sendo rebatizadoMax.

Na sequência da PrimeiraGuerra Mundial, em 1916, o Go-verno de Portugal decretou o apre-samento dos navios alemães eaustro-húngaros ancorados nos por-tos portugueses. O Max, que se en-contrava, então, no porto da Hortafoi apresado e, a pedido do GovernoBritânico, emprestado ao ReinoUnido. Durante o resto da guerra, onavio foi usado pelos britânicos, como nome Flores.

No final da guerra foi devolvidoa Portugal, sendo aumentado aoserviço da Armada Portuguesa em1924, com a designação NRP Sa-gres. Em 1927 foi decidida a suaconversão em navio-escola para ca-detes da Escola Naval. Foi o se-gundo navio-escola da MarinhaPortuguesa a ter aquela denomina-ção, depois da antiga corveta Sa-gres, sendo, por isso, tambémconhecido por Sagres II. Por vezes,devido à ignorância da existênciadaquela antiga corveta, o Sagres IIé referido como Sagres I.

Na Marinha Portuguesa a Sa-gres II ficou célebre mundialmentepelas cruzes de Cristo nas suasvelas. Em 1958 o navio venceu a re-gata Tall Ships’ Races.

Em 1962 o Sagres II foi substi-tuído, como navio-escola da Ma-rinha Portuguesa, pelo Sagres III(antigo NE Guanabara da Marinhado Brasil). O navio foi então rebati-zado Santo André e reclassificadocomo navio depósito.

Em 28 de abril de 1983 o SantoAndré foi entregue à associaçãoalemã Windjammer für Hamburg,que, em troca, entregou à MarinhaPortuguesa o NRP Polar.

O navio foi restaurado e trans-formado em navio museu, ancorado,no porto de Hamburgo, com o nomeoriginal Rickmer Rickmers.

Fonte. Navio Museu Rickmer Rickmers

Navio Escola Ex-Sagres II noporto de Hamburg

Navio Escola Ex-Sagres II ancorado no porto de Hamburg diante do ”BairroPortuguês”. (ver neste página texto sobre a história do veleiro·

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PORTUGAL POST Nº 222 • Janeiro 2013 Comunidades 9

José Carlos Reis Arsénio é, desdeOutubro do ano passado, o novoCônsul-Geral de Portugal em Es-tugarda.

Com um licenciatura superior emRelações Internacionais, José Arsénioiniciou a sua carreira diplomática em1996 como Adido de Embaixada noServiço do Protocolo do Estado.Exerceu tarefas inerentes ao Serviçodo Cerimonial e Deslocações e à Di-visão de Dispensas e Privilégios doCorpo Diplomático acreditado emLisboa. Devido à sua fluência nas lín-guas alemã e inglesa foi destacadocomo acompanhante dos Chanceleresda Alemanha, Helmut Kohl e GerhardSchröder, do MNE Klaus Kinkel.

Em Julho de 1999 foi colocadocomo número dois na Embaixada dePortugal na Cidade do México ondeacompanhou os assuntos políticos ebilaterais, os assuntos económicos ecomerciais, os assuntos culturais,assim como desempenhou a funçãode Encarregado da Secção Consular.

Em finais de 2003 foi colocado naRepresentação Permanente de Portu-gal junto da OSCE (Organização de

Segurança e Cooperação Europeia)em Viena tendo sido responsávelpelos pelouros da região da Ásia Cen-tral, Região do Cáucaso, DimensãoPolítica e Militar, Dimensão Econó-mica e Ambiental, e Comité de Segu-rança e Terrorismo.

Numa curta declaração ao PP, oCônsul-Geral enunciou uma mãocheia de objectivos que procuraráconcretizar enquanto durar a suamissão em Estugarda.

De de todos, destacam-se a inten-ção em promover uma maior proximi-dade entre o Consulado e aComunidade.; melhorar o atendi-mento e assistência que o Consuladopresta à Comunidade; intensificar ocontacto com as várias individualida-des, núcleos e associações da Comu-nidade.; dar maior acompanhamentoàs questões sociais da Comunidade;procurar uma maior sensibilização daComunidade para a importância doensino do português; procurar con-tactos com empresários, empresas eassociações empresariais e, por úl-timo, proporcionar uma maior divul-gação da cultura portuguesa.

José Carlos Reis Arsénio é o novo cônsul em Estugarda

Quem são estas três senhorassentadas a uma mesa à nossafrente? Estas foram as perguntasque me fiz. Eu sabia que se tra-tava de um seminário subordi-nado ao tema. “MulheresPortuguesas na Alemanha“, e,por curiosidade, fiz questão departicipar.

As mulheres que participaramnessa „soirée“ eram poucas, talvezumas dez, não me recorda exacta-mente.

Estavam também presentes doishomens, um deles o escultor FilipeMirante, o outro acho que era umalemão casado com uma portu-guesa... Na mesa, à qual se sentavamas três senhoras, estava pousado umcartaz escrito com letras maiúsculas:Academia de Saberes.

Devo dizer que o cartaz me im-pressionou, sonhando que iria apren-der ou conhecer algo daqueles„Saberes“. Acreditei que asdamas ali presentes, cuja idade re-velavam alguma experiência, meiriam transmitir essa sabedoria. Emvez disso, tivemos de ouvir um dis-curso em que se valorizavam. D.Manuela Aguiar, mencionava da suajuventude, referia a sua amizadecom a D. Graça que datava de lon-gos anos, desde a infância, acho.

Por sua vez, D. Graça faziaquestão de falar da sua tese de dou-toramento na Sorbonne... Sorbonne,a Universidade que não passa des-percebida para quem se conhece nomeio universitário... D. Manuela deAguiar e D. Graça falaram, falarame, quando D. Rita abria a boca paraabordar outros assuntos que vin-ham a propósito, era interrompidapela D. Manuela que lhe pareciamais importante nomear os seus en-contros culturais com este/a ouaquele/a durante o tempo em que foisecretária das Comunidades.

Só ilustres pessoas, “le Crèmede la crème”... Porém, de vez em

quando, abordava a importância donosso papel de mulheres migrantes ...Por exemplo, sugerindo a escrita dehistórias acontecidas... E assim sepassou o tempo. Filipe Mirante, ape-sar de ser homem, falou, mas faloubem. Talvez, porque deixara suavizara garganta com um copo de MonteVelho que ia esvaziando aos poucos.Invejei-o, pois também gostaria de terbebido uns bons golos.

No entanto, tive coragem parame levantar, descer ao restauranteUDP e pedir um copinho... Assim,tive de esperar que as Doutoras termi-nassem a palestra, cujo tema na ínte-gra não cheguei a entender.

Penso, contudo, que não era paraentender, pois como disse Franz

Kafka um dia a Max Brod, ao escre-ver aquela longa carta „Bief an denVater“ que nunca chegou a enviarao pai, a carta existia na escrita, masnão para ser lida.

Assim é a vida... O importante éviajar e ser criativa, querer bem àsmulheres migrantes, fazer algo pelasua existência. Tudo isso é indispen-sável ao êxito colectivo... É essencialpara tal iniciativa haver pessoas quese deslocam de Portugal para entre-abrirem novas portas.

Com esta esperança, desejo queaquelas três senhoras cheguem a umbom porto de migrantes com a suanau, contando que eu não me encon-tre nela.. Sofro muito de enjoo.Neusa Sobrinho Amtsfeld

Fala o/a Leitor/aA prepósito de uma seminário “Mulheres Portuguesas na Alemanha”

Aspecto do “Seminário”. Foto: Fonte Facebook

Berlim, 11 de dezembro de 2012À direção do Portugal PostExcelentíssimos Senhores,Face às graves incorreções de

conteúdo e falta de ética profissionalno artigo publicado no nº219 do vossojornal, edição de outubro de 2012, pá-gina 7, intitulado „Que se lixe aTroika em Berlim“ e assinado porCristina Dangerfield-Vogt (doravantemencionada como CDV), venho poresta via solicitar a publicação integraldeste comunicado, em exercício doDireito de Resposta, tal como previstopela lei portuguesa ao abrigo do Ar-tigo 24º da Lei de Imprensa de 2/99

de 13 de janeiro de 1999 e pelo artigo11 da lei alemã do Estado da Renâniado Norte-Vestfália sobre imprensa, de24 de maio de 1966. Passo aos escla-recimentos:

– O evento „Diálogos Económi-cos“ não foi organizado pela AICEPcom o patrocínio da Embaixada dePortugal, mas sim pelo FESTIVALBERLINDA, em cooperação com aAICEP, Embaixada de Portugal eLandesvertretung Baden-Württem-berg.

- O desejo de fomentar a econo-mia portuguesa através do estreita-mento de laços entre empresas

portuguesas e alemãs, como conce-bido pelo FESTIVAL BERLINDA,não deve ser confundido com o con-tentamento nem rejeição desta ou da-quela medida adoptadas por umdeterminado governo.

– O FESTIVAL BERLINDA nãoé um festival das lusofonias domundo, como erradamente escrito noartigo, mas sim um Festival de Cul-tura dos Países de Língua Portuguesa.

– A página de Facebook do grupoPortugueses em Berlim, como é doconhecimento de CDV, é adminis-trada por várias pessoas. À altura, umdos então administradores terá feito

Direito de Resposta

postagens apelando à participação namanifestação de 15.9.2012. A afirma-ção de que eu teria sido responsávelpelas mesmas, sabendo CDV da exis-tência de vários administradores, le-vanta suspeitas quanto às motivações,porventura pessoais, de semelhanteerro.

- A presença de um jornalista, nomeu caso, de uma editora de umórgão de informação, numa manifes-tação, não deve por razões óbvias serassociada à simpatia nem à antipatiapela mesma, visto ser parte funda-mental do desempenho competente defunções profissionais, i.e., informar

os leitores sobre a atualidade sociopo-lítica.

- A insinuação por parte de CDV,de uma suposta tomada de posiçõesextremas e um imaginado desprezopela Embaixada Portuguesa porminha parte, como fantasiado no ar-tigo, merece-me o maior distancia-mento.

Aguardando a publicação na ínte-gra deste comunicado, visando repora verdade dos factos,

Muito atentamente,Inês Thomas AlmeidaEditora do magazine Berlinda.orgDiretora do FESTIVAL BERLINDA

“Que se lixe a Troika em Berlim

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PORTUGAL POST Nº 222 • Janeiro 2013Entrevista10

Quantos militantes têm o PS naAlemanha e de que forma é queestá organizado?O PS na Alemanha está organi-

zado através de secções que actuamde acordo com a vontade dos seusmembros/militantes e respondem pe-rante os órgãos nacionais.

Que sentido dão à vossa organi-zação aqui na Alemanha. Oupara perceber melhor a per-gunta: que utilidade tem em ter-mos concretos o partido estarorganizado da maneira que está?Há uma ideia errada, mas radi-

cada nas pessoas de que os partidosservem apenas para oferecer “ta-chos”, trabalho ou emprego, quando,na verdade, os partidos organizam oscidadãos na sua vontade e actividadepolítica, baseados em ideias e princí-pios comuns.

Esta actividade é normalmenterealizada através de estruturas con-forme os seus estatutos.

O PS nas comunidades portugue-sas no estrangeiro está organizado emsecções, que devem ter um númeromínimo de militantes e possuir umSecretariado e Assembleia de Militan-tes democraticamente eleitos.

Houve tempos que existiram, nascomunidades estrangeiras, federaçõesque coordenavam e organizavam assecções. Hoje, por decisão dos órgãosnacionais, deixou de haver federa-ções, pelo menos, a federação que

existia na Alemanha deixou de fun-cionar.

Quem é o porta-voz do PS naAlemanha?

Pelo facto de não haver, na Ale-manha, nenhuma federação, nenhumaestrutura de nível médio e respectivocoordenador, não existe um Presi-dente de federação, o qual em tem-pos funcionava como porta-voz daAlemanha.

Num momento de grandes difi-culdades que o país e os portu-gueses atravessam, que tipo deintervenção politico- partidáriatem tido o PS junto dos portu-gueses neste país?A intervenção de um partido,

como o PS, junto dos portuguesesnuma comunidade no estrangeiro nãoé igual à que se verifica em Portugal.

O factor “estrangeiro” condicionaessa mesma actividade. Deste modo,é através de informação, formação ede convívios sociais que transmiti-mos as nossas posições políticas sobrea situação nacional (em Portugal) oulocal (país de acolhimento).Paratanto, realizamos encontros e organi-zamos reuniões com a presença de di-rigentes nacionais e de camaradasresidentes nas comunidades que pos-sam abordar temas interessantes.

Enquanto partido da oposição,quais são os problemas da comuni-

dade lusa neste país que merecem avossa atenção?

O maior problema da comuni-dade lusa na Alemanha é essencial-mente a falta ou a diminuição doapoio consular, que, por muito quesurjam soluções alternativas e moder-nas, não preenchem, em pleno, as ne-cessidades dos portugueses quevivem na Alemanha.

O PS na Alemanha tem lugarna Comissão Nacional do partido, aexemplo do que acontece, por exem-plo, com o PSD Alemanha?

Por decisão do Secretariado Na-cional é reservado às estruturas dopartido no estrangeiro um ou mais lu-gares na Comissão Nacional. Nestemomento, o PS da Alemanha não temnenhum representante na ComissãoNacional.

Há alguma tomada de posiçãodo PS na Alemanha sobre o en-cerramento dos postos consula-res de Osnabrück e Frankfurt?Os militantes do PS na Alemanha

participaram em todas as posiçõesque a comunidade portuguesa enten-deu organizar para protestar contra oencerramento dos postos consularesde Osnabrück e Frankfurt, através demanifestações ou abaixo assinados.Também transmitimos ao Grupo Par-lamentar do Partido na AR o descon-tentamento dos portugueses peladecisão do Governo PSD-PPD/CDS..

Em termos de politica para ascomunidades, o que é que distin-gue o PS do PSD?Em muita coisa.Citamos uma que é importante: A

História ensina-nos que quando Por-

tugal é governado pelo PS há umagrande preocupação para dinamizar,junto das comunidades portuguesasno estrangeiro, o apoio consular noaspecto social .

Quando o governo é do PSD, queolham as comunidades portuguesasno estrangeiro apenas como factoreconómico e reestruturam – leia-se“cortam” - a rede consular e diplomá-tica, o que predomina é uma visãoeconomicista.

Qual a posição do PS face àspermanências consulares e que con-tribuição poderá dar para melhoraresse serviço consular?

As permanências consularesforam instituídas para colmatar as fal-has da protecção e serviço consularproveniente de encerramento de pos-tos consulares, mas também, paraservir Comunidades mais longínquasdo posto consular competente.

Por isso a escolha dos locais des-sas permanências é importante, poisdevem servir comunidades afastadase não interesses locais. Assim, não en-tendemos muito bem certas escolhas,como por exemplo, Mainz que ficamuito perto (não muitos quilómetros)de Frankfurt que é também servidapor uma permanência.

Se a lógica é servir locais ondeestão sediados Bancos de PoupançaImobiliária (Bausparkassen), cremos,então, ser coerente criar locais deatendimento em Ludwigsburg ouSchwäbisch Hall, ambas muito pertodo Consulado de Stuttgart.

De que forma é que o PS tem en-carado a chegada de portuguesesque vêm à procura de nova vidaneste país e como é que as auto-ridades diplomáticas devem ac-tuar para apoiar essesportugueses, que em muitas si-tuações, se encontram abando-nados? A situação económica em Portu-

gal é desastrosa o que obriga muitoscompatriotas a procurarem novosrumos. Aliás, um responsável doactual governo de coligação, em Por-tugal, incitou os portugueses a emi-grarem.

Muitos partem para o estrangeirosem procurarem informação sobre opaís que escolheram. Quando cá che-gam sentem-se abandonados e semrumo.

As Missões Diplomáticas e Con-sulares, se não estavam devidamenteorganizadas para os portugueses jáaqui residentes, muito menos, conse-guem apoiar os que agora procuram o“milagre Alemão”.

São as Associações Portuguesas ea Caritas Alemã que muitas vezessubstituem as representações consula-res na protecção e apoio desses Por-tugueses recém-chegados.

Torna-se urgente que o GovernoPSD-PPD/CDS, especialmente o seuMinistério dos Negócios Estrangei-ros, olhe de uma outra maneira paraos novos desafios que surgem nas co-munidades e não unicamente para aparte económica e o investimentoestrangeiro. MS

Alfredo Cardoso e Francisco Pinto da Costa, coordenadores das secções do Partido Socialista em Münster e Estugarda

Desde que ano é que o PS está organizado na Alemanha? Como se sabe o PS foi formado em 1973, precisamente, na Ale-

manha.As crónicas de altura falam que existiu apoio de portugueses re-

sidentes na Alemanha. Se olharmos para uma pedra colocada à en-trada da sede do partido estão os nomes dos fundadores do partido.Muitos deles estiveram na Histórica Reunião da fundação do Partido.Aliás, o último camarada fundador citado na pedra comemorativa era,na altura, residente na Alemanha, tendo estado na referida reunião

Logo após o 25 de Abril surgiram, por toda a Alemanha, váriosnúcleos que mais tarde se transformaram em secções. Dois anos maistarde, foi organizada e eleita uma Federação.

Não entendemos a escolha de Mainzpara fazer permanência consular

De acordo com o que anunciámos, publicamos nestaedição a segunda entrevista com dirigentes locais departidos com representação na Alemanha. Depois doPSD, cabe agora ao PS responder a perguntas que nospediram para colocar por escrito.Contrariamente ao PSD, que tem um único responsá-vel na Alemanha, o os interlocutores desta entrevista

são os coordenadores de Estugarda e Münster, Fran-cisco Costa e Alfredo Cardoso, respectivamente.O que se pretende com estas entrevistas é valorizar aactividade cívica e política da comunidade que, to-mando à letra o espírito da democracia, se organizampara, em seu entender, responderem às necessidadessociais e políticas dos cidadãos.

Alfredo Cardoso, coordenador da secção do PS em Münster Francisco Pinto da Costa, coordenador da secção do PS em Estugarda

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PORTUGAL POST Nº 222 • Janeiro 2013 11

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esta escapámos: passouo 21 de Dezembro e omundo não acabou...Ficou uma certa curiosi-

dade pela cultura dos Maias, umpovo que foi vítima da invasãode poderes e culturas agressi-vas, e assim teve o seu “fim domundo” mais cedo do que o seucalendário previra. Fim domundo ou fim de civilização,fim de época.

O mundo não acabou, masmais um ano passou, um novo anoaí está. A nossa “cultura” do tempoconvida-nos não só a mudar de pá-gina, mas a mudar de calendário,como se começasse mesmo algo dediferente, de verdadeiramentenovo. Como se o dia 1 de Janeirofosse de outra qualidade que o dia31 de Dezembro. Como se hou-vesse dois tempos, o antes e o de-pois. Como se o único dia quemerece verdadeiramente o nomede “hoje” fosse este 1º de janeiro.O que veio antes pertence ao pas-sado. O que vem depois pertenceao futuro. Só este dia é presente.

Parece-me que esta percepção

do tempo tem muito de certo: vive-mos (apenas) no dia de hoje. O diade ontem é passado, água que jácorreu, o dia de amanhã não existeainda. Só o dia de hoje é agua quefaz mover moínhos. Que bom erase pudéssemos vivercada dia do ano com ooptimismo e a confi-ança do dia de anonovo !

Cada dia que passaé um convite a viverdo presente e no pre-sente, fazendo da vidauma surpreendente no-vidade e uma ocasiãoa não desperdiçar demodo algum. Nem asheranças do passadonem as preocupaçõescom o futuro nos deviam distrairdo presente. Porque a vida se viveno tempo presente.

Um amigo meu, que dedicoumuita da sua reflexão à emigração(e sobre ela escreveu uma tese dedoutoramento), caracterizou osemigrantes portugueses (na Ale-manha) como pessoas sem pre-sente. Emigrámos em nome do

futuro, à procura de uma vida mel-hor para si e para seus filhos. Emnome do futuro, andámos por aqui(tempo demais) sem nos instalar,sem nos “acomodar”, sem saborearo presente, “poupando” a vida para

a viver no futuro. Futuro que, su-postamente, só em Portugal seriapossível. Lá construímos a casaque aqui precisávamos, com todasas comodidades de que nos privá-vamos no presente e nos prometía-mos saborear no futuro. Viver ematitude de poupança, viver a vidacomo uma conta bancária!

Emigrantes: pessoas sem pre-

sente!? Para aliviar as dificuldadesdesta terra estranha, e em condi-ções pouco convidativas, havia deum lado as imagens de um passadodevidamente “maquilhado” e bemfiltrado para que só o positivo fi-

casse, e, do outro lado, afantasia do futuro. Umdia, teremos tudo, um dia“havemos de levar umavida” como deve ser. Nãoestaremos aqui para“gastar” a vida, mas simpara economizar. “Pri-vamo-nos” hoje (e aqui) ,“teremos” amanhã (lá,“na nossa terra”). Algosemelhante àquilo quepregava um certo tipo dereligião: sofrer o presenteaqui na terra, para mere-

cer as alegrias do céu...Emigrantes: pessoas sem pre-

sente?! Felizmente que esta men-talidade está a mudar. E temmudado claramente e a ritmo ace-lerado nos últimos anos. Não é sóa segunda e terceira geração queexigem “presente” e para “já”, mastambém a primeira geração desco-briu (às vezes numa experiência

dolorosa) que não é possível adiara vida. Que só se vive realmente nopresente. Quem sabe se posso vivero futuro para que andei até agora apoupar?!

Felizmente que são cada vezmais aqueles e aquelas que “inves-tem” no presente, como únicaforma de preparar o futuro. Investirno presente quer dizer, por exem-plo, dar mais tempo e atenção àqualidade de vida, com a procurade dignidade de habitação, de maistempo para si e para a família, maispreocupação com a formação esco-lar e profissional dos filhos... Viverno presente é preocupar-se com omeio em que vivemos, é participar,é responder aos desafios e aprovei-tar as chances que o “aqui e agora”proporcionam, em termos políti-cos, sociais e culturais.

Vamos arranjar mesmo umaagenda, um calendário, onde cadadia que passa ocupe mais espaçoque um simples número, mas sejadiante de nós uma página embranco, a escrever dia a dia. Nãoqueiramos ser pessoas sem pre-sente !

Bom ano novo !

Crónica Por Joaquim Nunes

Emigrantes: pessoas sem presente?!

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2013Bom ano novo !

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PORTUGAL POST Nº 222 • Janeiro 201312

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ue bom seria entrar noano novo com um sor-riso e não pensar maisna crise. Mas ela faz-se

sentir e parece não querer aca-bar! Aqui pela Alemanha um ououtro canal televisivo apresenta erepete programas sobre Gold-mann & Sachs, um banco de in-vestimento americano, um dosmaiores do mundo, que se tornounos últimos anos um símbolo deespeculação excessiva e desen-freada no sector financeiro e comgrande ligação ao poder político.

O actual presidente do BancoCentral Europeu até foi vice-presi-dente e director executivo desta casa.Dizem e escrevem que o Goldmanntem especulado contra o Euro comoperações complexas e bem opacas.E depois ainda temos as agências derating que colaboram com o seus pa-receres para a aceleração das futuras„Bancarrotas“, uma tarefa que levammuito a sério!.

A Alemanha apesar da sua di-vida de mais ou menos 2042 triliõesde Euros continua devido ao seuKnow-how „Made in Germany“ em

veículos de procura global, tal comomáquinas de precisão e produtos quí-micos especiais continua bem classi-ficada nas listas dessas agências.Contudo a actual crise de paísescomo Portugal, Espanha, Itália e nãopodendo esquecer a Grécia levam auma queda da exportação alemã, suagrande fonte para o „aguenta-a-dívida“. Quando estou em Portugaltodos acusam a Merkel por causa daausteridade imposta pela Troika e aítenho mesmo que esclarecer que naAlemanha ninguém tem direito à re-forma a partir do 50º aniversário anão ser que tenha um grande pro-blema de saúde, que os reformadosaqui na Alemanha não recebem din-heiro de férias nem o décimo terceiromês e que não existe salário mínimo,que até existe gente por esta terra aganhar de 3 a nove Euros à hora.

Que um dos temas mais tratadosno ano que passou foi sobre a po-breza infantil e a dos reformados; adiferença entre Portugal e a Ale-manha é que um se encontra na po-breza e o outro fala sobre ela! Masque frase acabei de escrever agora!Também aqui por estas terras do se-nhor Goethe a corrida à sopa dos po-

bres tem aumentado grandemente enão se sabe quando vai acabar.

Por sua vez em Portugal algumasmuitas pessoas dão a culpa do estadoeconómico em que Portugal se en-contra ao antigo primeiro-ministroJosé Sócrates como se ele tivesse go-vernado Portugal deste a Revoluçãodos Cravos até ao seu último dia degovernação. Ninguém pensa nas re-formas, altas ou baixas, que se pagaao povo português, dinheiro que vemsaindo de uma caixa para onde du-rante 48 anos pouco ou nada entrou,não esquecendo os montantes queforam necessários para financiar oregresso, a acomodação e alimenta-

ção de grande parte do povo portu-guês que teve de fugir das antigas co-lónias após a sua independência.

Depois, depois e mais depoistodos gastaram mais do que produzi-ram sem que o povo português vi-vesse como gente rica. Já alguémesqueceu a mudança de casa demuita da indústria que em Portugalresidia para os países onde os salá-rios ainda são muitíssimo mais bai-xos?

Nós temos a mania de dizer queantigamente era tudo bem melhor!Os monarquistas e outros seres nuncaligados a este sistema, mas que per-deram a confiança nos políticos que

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OpiniãoPor Maria do Rosário Loures

Portugal: a crise está para durar

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têm governado Portugal e o mundorepublicano, gritam por um senhorreizinho esquecendo as dívidas quecertos reis fizeram junto dos Fuggerao ponto de levarem, tal como aEspanha há 450 anos, o seu reinadoà falência. A propósito de bancar-rota! Os nossos vizinhos espanhóisforam 12 vezes à falência e Portugal4 vezes. A última portuguesa deu-seem 1902 e demorou dez anos a sernegociada. Nessa altura, sofreram oscontribuintes, os funcionários do Es-tado, mas também os credores inter-nos e externos, que viram esfumar-se30% dos empréstimos que tinhamfeito ao reino português.

Fernando Pessoa escreveu„Posso ter defeitos, viver ansioso eficar irritado algumas vezes, mas nãoesqueço de que minha vida é a maiorempresa do mundo, e que posso evi-tar que ela vá a falência….“

Que no ano de 2013 e os outrosanos que estão para vir os governan-tes portugueses e outros interpretemesta frase e abram todos os caminhospara que Portugal e os seus paísesvenham a ser países sorridentes nestenosso mundo. Utopia? Deixem-mesonhar!

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PORTUGAL POST Nº 222 • Janeiro 2013 13

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e repente o meu apartamento emLisboa comecou a parecer-me pe-

queno. Fui acumulando livros e mó-veis, que agora preenchem emdemasia o espaco disponível. Penseiem mudar de casa. O problema é queainda não tinha a certeza se Lisboa eraa cidade onde poderia fazer sentido euviver no futuro. Eu adoro Lisboa, masesta crise que invadiu a Europa e sealastra a todos os países dá que pen-sar.

No passado o normal para qual-quer “wannabe” era desejar ter raízesnuma cidade e ser sócio dos bons clu-bes locais. Hoje estar imobilizado ésinónimo de classe média. Os novosnómadas estão em casa em lado nen-hum, e em todo o lado. Em 2012 oque faz sentido é estar sempre em mo-vimento. Consultei o mapa da Europamas não fui capaz de me decidir.Sempre gostei de cidades trendy ouentão de boas estâncias balneares àbeira mar.

Eram umas dezassete horasquando cheguei ao Largo de São Car-los. O apartamento que ia visitar fi-cava no último andar do prédio quetem a loja Marc Jacobs no rés-do-chão. Em frente do outro lado do

largo ficava o Teatro São Carlos. Erauma das minhas praças preferidas emLisboa. O vendedor da agência che-gou com algum atraso. O apartamentoa visitar tinha 4 quartos, 3 em suite, 4salas de banho e uma sala gigantesca.

O anúncio que me chamou a atençãodestacava a aplicação de um novoconceito que coloca a cozinha comoo centro e hub da casa. A cozinhadeixa de ser um espaço onde se pre-para unicamente a comida para passar

a ser um espaço de entretenimentocom o ambiente de uma sala de estar.

No futuro as pessoas só vão que-rer ter em casa 3 espaços capazes delhes proporcionar todo o conforto equalidade de vida – explicou o vende-

dor – a cozinha, o quarto e a sala debanho. A vida social com a família eos amigos vai passar a ter lugar emcozinhas enormes com zonas de lazere incorporando a sala de jantar e quevão substituir as actuais cozinhas esalas de estar. Gostei bastante da co-zinha que incorporava resinas, mate-riais em polyester e em bambu. A corverde maçã dava um ar contemporâ-neo a esta cozinha que o vendedor ex-plicou ser a tendência de cor para2013. Os armários eram cilíndricos eas portas translúcidas. O preco pedidoera uma pequena fortuna!

Sempre preferi este tipo de apar-tamento a um condomínio fechado.Nunca me senti confortável em con-domínios fechados, rodeados de mu-ralhas e fossos para nos protegeremdos perigos que vêem do exterior.Prefiro sentir que faço parte da vidaagitada das ruas da cidade.

As nossas cidades converteram-seem metrópoles do medo, em fortale-zas amuralhadas para nos protegerdos perigos que possam vir do exte-rior. A cidade já não é um refúgio masantes pelo contrário a fonte essencialde todos os perigos, transformando-nos em cidadãos obcecados com a se-gurança e em simultâneo sempreinseguros com esta.

Modo de Vida

Salvador M.Riccardo

Os novos nómadas estão em casa em lado nenhum, e em todo o lado

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PORTUGAL POST Nº 222 • Janeiro 201314 Portugueses no Mundo

ncontrámo-nos no localcombinado, junto de umedifício em construção.Entrámos no recinto daobra e Gonçalo dá-meum capacete branco,

igual ao que acaba de pôr na cabeça.Subimos os vários andares ainda dacor de cimento, e entre os ruídos en-surdecedores do martelar e soldar, oengenheiro civil português, GonçaloFernandes, vai conversando com Au-rélio Lucas, o encarregado geral daobra. Quer saber sobre o andamentodos trabalhos, como acontece todas asmanhãs.

Depois da fiscalização matinal,Gonçalo confessa-me que a constru-ção está atrasada alguns meses. Poucome surpreende, a obra está a ser exe-cutada por uma empresa de constru-ção civil portuguesa que, tipicamente,se pauta por incumprimentos de vá-rias ordens.

Mas sinceramente pouco me inte-ressava o prédio de 16 andares, para45 futuros apartamentos de luxo, quenasce numa das avenidas do coraçãode Maputo. Queria conhecer o tra-balho de Gonçalo, um dos vários por-tugueses que formam a nova vaga deimigrantes na antiga colónia.

Na verdade, a capital de Moçam-bique está a atrair milhares de portu-gueses, sobretudo nos últimos doisanos. Fugindo da crise económica efinanceira em que Portugal mergul-hou, os portugueses voltaram a olharpara a antiga colónia, que é encaradaagora como terra de oportunidades.

Enquanto que em Portugal o mer-cado se encontra “saturado”, comodisse Gonçalo Fernandes, em Mo-çambique acontece “exactamente ocontrário, há muita coisa para fazer aonível da habitação, de alguns edifíciosde serviços, comércio, portanto temmuito para crescer”, justifica.

Foi por isso que a empresa portu-guesa de arquitectura para a qual tra-balha decidiu apostar neste mercado,há cerca de três anos. O engenheirocivil português chegou há quatromeses a Maputo e não pensa regressartão cedo.

De facto, o potencial de negócios,assim como o clima de estabilidadepolítica e social tornam Moçambiquecada vez mais atractivo a empresas ecidadãos estrangeiros. Nos primeirosnove meses de 2012, o país recebeumais de 11 mil e 800 pedidos de cida-dãos estrangeiros para trabalhar, comdestaque para os sul-africanos, portu-gueses e chineses, segundo o Minis-tério do Trabalho.

A proximidade cultural e da lín-gua facilita a imigração de portugue-ses, que se têm fixado sobretudo nacapital. Trocam o emprego precárioou a falta dele, em Portugal, por emp-rego seguro em terra de clima agradá-

vel, povo acolhedor e praias bonitas,dizem.

O Consulado Português de Ma-puto refere que estão inscritos cercade 17 mil portugueses residentes, re-ferindo-se às províncias sul de Ma-puto, Gaza e Inhambane. Contudo, onúmero poderá ser bem superior, jáque muitos cidadãos não estão inscri-tos. A maioria dos portugueses são jo-vens adultos qualificados que vemcom contrato de trabalho. E as empre-sas operam sobretudo nas áreas daconstrução civil, restauração, banca,consultoria, entre outras.

Há sete anos, Nuno Pestana apos-tou num restaurante unicamente degastronomia típica portuguesa. Noseu espaço, na avenida Julius Nye-rere, vêm para a mesa os tradicionaisqueijo da Serra, carnes de porco pretode Serpa ou bacalhau, por exemplo,fazer as delícias de clientes de váriasnacionalidades. É daí que assiste aocrescimento “brutal”, conforme disse,do número de compatriotas em Ma-puto. Nuno Pestana diz que muitoschegam tarde de mais para investir ecom “expectativas mais elevadas doque aquelas que, na realidade, o paíslhes tem para dar”. Ainda que seja umpaís fértil para novos negócios, exigemuito investimento: “é um país caro,a matéria-prima é cara, a mão-de-obranão é tão cara, mas acaba por sair carapela falta de formação que tem, a ha-bitação é cara, o meio de transporte écaro. Tudo isto dificulta muito o in-vestimento em Moçambique”, detalhaNuno Pestana.

Também o empresário portuguêsDomingos Freitas, depois de fechar asportas na sua loja, lamenta que “80%dos portugueses chegam com muita

esperança, acreditam que vão resolveros problemas económico-financeirosda crise que se vive na Europa”. Hánove anos que Domingos decidiufixar exclusivamente os seus negóciosem Maputo, nas áreas do mobiliário,têxteis-lar e vinhos, tudo produtosportugueses. Confessa-me que estádesiludido com a comunidade portu-guesa e que tem já em Moçambiquemais amigos do que os que deixou emPortugal. Aos compatriotas que che-gam, Domingos Freitas alerta queaqueles que “vêm com pouco din-heiro na esperança de que vão resol-ver as suas situações, é melhoresquecer porque vão sair daqui piordo que vieram”.

Empresário experiente de 59anos, Domingos Freitas explica quecapital, tempo e paciência e são trêsfactores essenciais para se investir nopaís. Se ainda dúvidas restassem,Gonçalo Fernandes dissipá-las-ia. Co-menta que a empresa de arquitecturapara a qual trabalha precisou de trêsanos de investimentos para, somenteagora, começar a colher os primeirosfrutos. O engenheiro português conta:“é preciso dar a perceber que estamosaqui de boa fé e que queremos imple-mentar as nossas ideias e ser umamais-valia para o país, de algumaforma. Temos dificuldades em abrirportas, em conseguir entrar no mer-cado de forma aberta”.

Os empresários portugueses quei-xam-se de inúmeras barreiras à en-trada no mercado moçambicano. Noentanto, as próprias empresas lusas,principalmente no sector da constru-ção, têm criado problemas. A fama depouco sérias confirma-se. AgostinhoVuma, presidente da Federação Mo-

çambicana de Empreiteiros, relata quese tem “testemunhado à entrada demuitas empresas falidas ou que nãoexistem no mercado português”, peloque “é importante encontrar umaforma de filtrar as empresas, em par-ticular portuguesas”.

Também Domingos Machava temuma opinião pouco abonatória dosempresários lusos. A frequentar oquarto ano do curso de Economia, naUniversidade Eduardo Mondlane, oestudante confessa que existe a “con-cepção de que o português não vemdesenvolver o país, vem à procura denegócio”. “Aqui temos a ideia de quetrabalhar para um português, o portu-guês não paga, é muito orgulhoso”,acrescenta.

Cruzando algumas ruas de Ma-puto, Osvaldo Macama conta-me queele e os seus colegas taxistas moçam-bicanos são os primeiros a perceber aentrada, cada vez mais visível, estran-geiros e, em particular, de portugue-ses. Apesar de salvaguardar asafinidades com o povo português, Os-valdo conta o que o preocupa: “se eleschegarem com projectos para impul-sionarem o desenvolvimento do país,abrirem empresas, isso é bom. Mas oque está a acontecer é que vêm tantosque alguns, sem nenhum conheci-mento, acabam ocupando os poucoslocais de trabalho que a gente tem emMoçambique. Notamos que algunsmoçambicanos perdem emprego nolugar de um estrangeiro”.

O risco de perda de postos de tra-balho por parte de moçambicanos afavor dos estrangeiros assim como asdiferenças salariais têm alarmado ci-dadãos e organizações sindicais emMoçambique. Mas o sociólogo mo-

çambicano José Brás considera que “achegada de estrangeiros, em termosde postos de trabalho não tem ainda,pelo número, um quadro preocupantepara a grande maioria”, pois “nós[moçambicanos] temos uma mão-de-obra com fraca qualificação e os pos-tos de trabalho que os estrangeirostêm ocupado tendem a ser mais espe-cializados”.

Face à nova vaga de imigrantesportugueses, tem surgido, por vezes,em praça pública em Moçambique aexpressão depreciativa “nova coloni-zação”. Um termo todavia contestadopelo sociólogo José Brás que ressaltaaspectos positivos da recente imigra-ção de portugueses: “trazem umanova dinâmica, nova experiência emtermos de trabalho, abordagem de tra-balho. É uma nova sociedade portu-guesa, não é a mesma de há 200 anosatrás, é uma sociedade com uma novavisão, com técnica e qualificação”.

Vista como terra de oportunidadespara muitos moçambicanos e estran-geiros, Maputo pinta-se assim umametrópole de várias culturas, ritmos,músicas.

José Ventura dá música, todas asquintas-feiras, num bar da capital. Adesilusão com o emprego em Portugallevou-o a fazer as malas. E mesmosem contrato de trabalho, decidiuacompanhar o irmão que vinha paraMaputo. Na capital moçambicana vênovas oportunidades, e o hobbi quetinha como DJ em Portugal passou aser a sua profissão. Agora, tal comogrande parte dos portugueses, JoséVentura não tem data para voltar:“passado 5 dias de cá estar disse:conto ficar cá 30 anos. Já passou um,só faltam 29 anos para sair daqui”.

A nova vaga lusófona em Maputo

Face à nova vaga de imigrantes portugueses, tem surgido, por vezes, empraça pública em Moçambique a expressão depreciativa “nova coloniza-ção”. Um termo todavia contestado pelo sociólogo José Brás que ressalta

aspectos positivos da recente imigração de portugueses: “trazem umanova dinâmica, nova experiência em termos de trabalho, abordagem detrabalho.

Glória Sousa

E

Foto: Glória Sousa / PP

Page 15: Portugal Post Janeiro 2013

PORTUGAL POST Nº 222 • Janeiro 2013 15Sociedade

Bahcesehir é uma Universidadeprivada sem fins-lucrativos, com sedeem Istambul, cuja língua de ensino éo inglês. Já com parcerias, centros deestudos e campus universitários espal-hados por três continentes, em NovaIorque, Washington, Toronto, HongKong, entre outros, chegou agora aBerlim. O seu presidente, EnverYucel, disse ao Portugal Post que oobjectivo é formar os seus estudantescomo cidadãos globais aptos a viver ea trabalhar no nosso mundo global,criar cidadãos do mundo que sejampontes de entendimento entre culturasdiferentes e que se movimentem con-fortavelmente entre elas.

Esta Universidade disponibilizavários graus académicos em direito,economia, engenharia, arquitectura,gestão de empresas, comunicação,etc. Segundo o sítiobachelorsportal.eu, todas as faculda-des estão acreditadas na Europa. Sü-heyla Schröder, a directora do campusde Berlim, afirmou em entrevista aoPortugal Post que a UniversidadeBahcesehir está acreditada internacio-nalmente e que, apenas na Alemanhaexistem ainda algumas questões porresolver nesta matéria. Em conjuntocom Rita Süssmuth, presidente doConsórcio Turco-Alemão das Univer-sidades, e o “Senado berlinense daárea da educação, estamos a ultimar aacreditação dos graus académicos emBerlim. A nossa Universidade segue

o processo de Bolonha e recebemosacreditação do Conselho Universitá-rio Europeu. Estamos também emconversações para resolver o pro-blema dos vistos de estadia tanto dosprofessores como dos estudantes.”

“Escolhemos Berlim para o cen-tro das nossas actividades académicasna Europa por esta cidade ser o centroda actividade política, económica ecultural na Europa e ter muitos estu-dantes internacionais e, também, pora comunidade turca ter um peso sig-nificativo. Mas, o nosso grupo-alvonão são só os turco-descendentes, sãotambém os alemães e todos os outroseuropeus. Somos uma Universidadeinternacional, com docentes e alunosinternacionais de diversos países, comcampus universitários e centros de es-tudos implantados do Japão aos EUA.A educação passou a ser global – e anossa visão assenta nesta premissa.”

Süheyla Schröder realçou tam-bém que os estudantes alemães e oseuropeus têm muito a ganhar comuma Universidade que faculta aosseus estudantes uma experiência euma aprendizagem verdadeiramenteinternacionais, além de revolucionáriaem termos de mobilidade e flexibili-dade, e ainda de aprendizagem em lu-gares excepcionais, como porexemplo, Silicon Valley para os estu-dantes de IT. Um dos aspectos inte-ressantes é o ensino de cooperação

internacional “ICE“ implicar um tra-balho de parcerias com empresas se-gundo o mote “my campus is myoffice”. “Neste sistema em que, porexemplo, engenheiros da Siemens dãoaulas aos nossos alunos e, por sua vez,os nossos alunos fazem estágios naSiemens, os estudantes da nossa Uni-versidade têm a oportunidade de gan-har experiência na sua área de estudoantes do início da sua vida profissio-nal” – acrescentou a directora do cam-pus de Berlim.

À pergunta, afinal o que é turcona Universidade de Bahcesehir, res-pondeu com um sorriso que a per-gunta era interessante, e que sendouma Universidade global e o ensinoem inglês, com os materiais de estudoescritos em inglês e os livros usadosamericanos e ingleses, haveria tam-bém, evidentemente, uma ligação àTurquia. “Seguimos as tendências deensino internacionais, mas o nossocentro principal é em Istambul e aUniversidade foi estabelecida nestacidade de acordo com a lei turca; mui-tos dos nossos alunos são internacio-nais; muitos dos nossos professoressão de origem turca, mas estudaramna Europa e nos EUA. Também temosalgumas matérias ligadas à Turquia,ou disciplinas de estudos comparati-vos entre a Turquia e outros países,principalmente na área das ciênciassociais. A nossa Universidade é globale internacional - em Istambul, a ca-

valo entre a Europa e a Ásia - e temuma estratégia de cooperação comparceiros académicos e empresariaisinternacionais, além de centros acadé-micos e campus universitários imple-mentados no estrangeiro”, – concluiu.Mencionou ainda a parceria da Uni-versidade com o Museu de Arte Islâ-mica em Berlim sob a tutela doMinistério dos Negócios Estrangeirosalemão no âmbito de um programaque pretende estabelecer pontes entrea diversidade cultural da cidade. “Anossa actividade não se limita à edu-cação, aposta também no diálogo in-tercultural” – acentuou SüheylaSchröder.

À pergunta se iriam sobrevivernuma cidade com três Universidadesestatais de renome e mais três Univer-sidades privadas (ditas de elite), comum riso franco afirmou: - “Não tenhodúvidas que sobreviveremos, porquetemos uma boa infra-estrutura, somosdiferentes, flexíveis e rápidos ao níveldas decisões e o nosso projecto aca-démico caracteriza-se por uma quali-dade e oportunidades claramentesuperiores às das outras Universida-des privadas. Além disso, temos par-cerias com as Universidades públicasde Berlim. E, na actual situação, emque há longas listas de espera para en-trar nas Universidades estatais, de-vido à convergência do Abitur aocabo de 13 e 12 anos de estudos, e aoapelo que a cidade consegue ter juntodos estudantes do resto do país – esteé o momento certo para implementar-mos o nosso projecto e sermos a es-colha mais adequada aos objectivosdos estudantes”. E há ainda o aspectode os turco-descendentes estarem sa-turados com a forma enviesada comose sentem tratados na Europa e prefe-rirem uma instituição internacionalcom raízes turcas para prosseguiremos seus estudos. Se considerarmosque há cerca de cinco milhões de ci-dadãos de origem turca - (este númeroinclui apenas os cidadãos com passa-porte turco, não incluindo os turco-descendentes a viver na Europa), asnossas chances para o continente sãoexponenciais”.

Fomos falar com alguns dos estu-dantes de Bahcesehir. Ebru é uma es-tudante que iniciou os seus estudos devídeo e cinema em Bahcesehir Istam-bul e, no segundo ano do curso, fre-quentou a UTAD em Vila Real,durante dois semestres, ao abrigo doprograma Erasmus. Agora em Berlimficará um semestre. No semestre se-guinte fará um intercâmbio com Itá-lia. Can, um estudante de fotografia,que também estudou em Portugal,disse-me gostar muito de fado e queencontra semelhanças entre o estiloturco “arabesk” e o nosso patrimónioimaterial da humanidade. Dos quatroestudantes com quem falámos, todoseles escolheram Portugal por nada sa-berem acerca do país e terem curiosi-dade pela nossa cultura que sentiamcomo menos europeia. Ficaram comboas recordações das terras lusas e

lembraram que a nostalgia e a sau-dade portuguesas também existem emIstambul e se chamam “huzun”.

A Universidade de Bachesehir foifundada em 1998 e faz parte de umimpério da educação, o grupo UgurEducation. Enver Yucel, que é tam-bém o presidente do grupo, afirmouque o objectivo é formar jovens escla-recidos através de um ensino global.Com 130 mil alunos inscritos nosestabelecimentos de ensino do grupo,o seu empenhamento num ensino uni-versal segue o caminho da implemen-tação de uma visão futurista – a decriar jovens adultos mais tolerantes ecapazes de estabelecer pontes trans-culturais. Com este fim o presidentedo maior grupo na área da educaçãona Turquia, viaja pelo mundo partici-pando em colóquios e conferênciasem que apela à paz, ao diálogo inter-cultural e ao investimento na educa-ção dos jovens.

A aproximação dos povos atravésdo intercâmbio cultural, por oposiçãoao conflito de civilizações, a aborda-gem dos problemas globais e a pro-cura de soluções, a imigração e atransnacionalidade serão os temas doscolóquios e conferências a realizar nocampus de Berlim. Para o próximoano, está prevista uma conferênciaconjunta com a Universidade deRichmond sobre a crise financeira naEuropa e o papel da Alemanha, sendotambém convidados a participar polí-ticos e docentes dos países periféricosda zona Euro em crise, entre os quaisse prevê a representação de Portugal.

O grupo não se fica pela aberturado campus de Berlim e negoceia actu-almente a aquisição de um edifíciopara a constituição de um Gymna-sium nesta cidade, especializado naárea das ciências, ao abrigo da lei-quadro alemã para o ensino secundá-rio.

Resta saber como esta visão,ideias futuristas e desafios ao “statusquo” serão recebidos numa sociedadecaracterizada por um grande conser-vadorismo e tradicionalismo na áreado ensino, que se perde em discussõesde pormenor, esquecendo a capaci-dade de pensar em linhas gerais e, so-bretudo, uma cidade e um país quenão sabe, ou não quer, usar o poten-cial da multiculturalidade dos seus ci-dadãos para se impor globalmente, eem que muitos dos seus cidadãos et-nicamente alemães sentem medo dadiferença e, mesmo, da internaciona-lização. Mas, uma coisa parece certa,o grupo Ugur Education vem ocuparo que parece ser um nicho do mer-cado na Alemanha e na Europa aindanão explorado. “- É um desafio paraBerlim, uma cidade que parece fun-cionar em câmara lenta quando acomparamos com Istambul” – resu-miu um dos estudantes da Universi-dade de Bahcesehir que passou umsemestre em Portugal.

Cristina Dangerfield-Vogt

Universidade internacional turca abre campus universitário em Berlim

O exemplo da Turquia

A Universidade de Bahcesehir inaugurou o seu primeiro campus universitário na Europa no início deste ano lectivo. A afluência de estu-dantes tem sido tão grande que já se procuram novas instalações para o próximo ano.

Prof Dra Süheyla Schröder, directora do campus de Berlim da Universidade de Bahcesehir. Foto: PP

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Page 16: Portugal Post Janeiro 2013

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Como nos demais países euro-peus, existe entretanto em Portu-gal uma multiplicidade deestações de televisão com umagrande variedade de programas.Mas, na maior parte dos casos,estes não são captados na Alema-nha através da tv-cabo, razãopela qual muitos portuguesesaqui residentes compraram jáuma antena parabólica.

No caso de se viver em casaalugada, surgem muitas vezesproblemas com os senhorios que,não muito raramente, conside-ram a chamada „saladeira“ comosendo uma impertinência óptica.Entretanto, já muitos tribunaisalemães foram confrontados comeste objecto, entre eles o TribunalConstitucional de Karlsruhe.Estando em causa a questão deos senhorios serem ou não obri-gados a autorizar a montagem de

parabólicas, nas sentenças pro-clamadas a tal respeito, não sófoi dada razão aos inquilinos,mas também aos senhorios.

O direito à instalação de umaantena parabólica tem a sua ori-gem no direito à informação, vin-culado na Constituição daRepública Federal da Alemanha.Segundo a opinião dos tribunais,a captação de vários programasconstitui um elemento funda-mental e necessário para a sufi-ciente informação dos cidadãos.Desta forma, todo o cidadão –quer alemão, quer estrangeiro –terá direito a uma antena parabó-lica, desde que não exista tv-cabono prédio onde reside.

No caso de a tv-cabo estardisponível, os inquilinos alemãesnão terão direito à instalação deuma parabólica, dado que pode-rão receber as suas informaçõesatravés das estações de televisãocaptadas por cabo. Relativa-

mente aos cidadãos estrangeiros,o caso é diferente.

Muitos deles, só conseguemcaptar uma estação de televisãodo seu país através do cabo,dando-se igualmente o caso denão conseguirem captar mesmonenhuma. Segundo a opinião dostribunais alemães, deverá serconsiderado legítimo o interesseque os cidadãos estrangeiros têmna captação de várias estações detelevisão do seu país.

Assim, deverá ser-lhe possi-bilitada tal captação. Obviamenteque não terão direito a captartodos os canais televisivos exis-tentes no seu país. Deverá ser-lhes garantida uma informaçãobásica, traduzida na captação dealgumas estações de televisão.

Assim, se os cidadãos estran-geiros tiverem a possibilidade decaptar vários canais televisivosdo seu país através da tv-cabodisponível no prédio onde resi-

dem, mesmo quetenham despesasadicionais, o se-nhorio estará nodireito de proibir ainstalação da an-tena parabólica. Sea garantia de infor-mação básica tra-duzida na captaçãode vários canaisestrangeiros só forpossível através deuma antena para-bólica, o inquilinoterá então direito aproceder à instala-ção da mesma.Esta deverá serefectuada por umtécnico da especia-lidade, a custas dolocatário, numsítio que dê omenos possívelnas vistas.

Direito à montagem de uma parabólica por parte do inquilino

Miguel Krag, Advogado, Hamburgo

Page 17: Portugal Post Janeiro 2013

PORTUGAL POST Nº 222 • Janeiro 2013 17

1. Quantia básicaOs rendimentos que são tomados

por base para a isenção de impostospassam, no presente ano, de 8004 €para 8130 €. Esta alteração significaque todas as fontes financeiras adqui-ridas no presente ano de 2013 sóestão obrigadas ao pagamento de im-postos o que ultrapassa a essa novaquantia alterada. Os descontos aefectuar não se aplicam para a caixade doenças. Exemplificando: quemganhar essa quantia anualmente nãonecessita de pagar impostos sobreela, pagando só sobre o que a ultra-passa.

2. Imposto sobre a habitaçãoO aumento do valor deste im-

posto fará aumentar o custo das ren-das de casa. Este aumento seráaplicado nos condomínios, fazendoaumentar deste modo os gastos coma habitação (Nebenkosten).

3. A nova carta de impostosA carta de impostos em papel

acabou com o findar do ano 2012. Apartir deste ano, o processo de des-contos é feito por computador. Osdados pessoais que estavam anterior-mente inseridos na carta de impostos,são inscritos num banco de dadoscentralizado nas finanças. O patrãoterá de, servindo-se da rede electró-nica, de os inserir na central de dados.É o assim chamado ElektronischeLohnSteuerAbzugsMerkmale - ELS-tAM. Este novo processo exige dopatrão uma maior elasticidade, res-ponsabilidade e a recorrer ao usodesta tecnologia. Todas as alteraçõesdo trabalhador, como mudança daclasse de impostos, número de filhosou estado civil, devem ser comunica-dos nas finanças para que esta altereos dados no banco de dados.

4. Imposto sobre o tabacoOs fumadores já se terão dado

conta que, ao comprar o seu primeiromaço de tabaco neste ano, tiveram depagar algo mais. Tal deve-se ao au-mento dos impostos sobre este artigo.Apesar do aumento não ter sido exa-gerado, mas deixa mais leve a car-

teira dos consumidores.

5. Os tão badalados mini - jobsQuem acumula um emprego com-

plementar ou um trabalho reduzido,os assim chamados “mini-jobs” po-derá auferir mensalmente um poucomais de ordenado, sem que se lhe sejaaplicada qualquer redução. Em vezdos 400€, agora passarão a poder re-ceber 450€ isentes de impostos ou de

contribuição para a caixa de doençasou reforma.

1. Reformas e socialQuem descontou 40 anos na caixa

de reformas e ao mesmo tempo tenhaparalelamente descontado privada-mente para um seguro com o intuitode melhorar financeiramente a sua re-forma e, mesmo assim os recursoseconómicos sejam insuficientes e nãochegue à quantia mínima base para asobrevivência sua e dos familiares aseu cargo, o “Grundsicherung”, entãoirão ser compensados com aumentosde forma a ultrapassar esse valor mí-nimo.

Já nestas páginas descrevemos

com mais amplitude este apoio do Es-tado, o que iremos repetir numa daspróximas edições. Este constitui já odesejo de alguns leitores.

2. descontos para a pensão e aumento das pensõesOs descontos para a pensão esta-

tal baixam para dos 19,90% anterio-res, para 18,9% no presente ano.

A partir do mês de Julho, as refor-mas nos antigos estados aumentarão1%; na ex-Alemanha do Leste, au-mento ficará pelos 3%.

3. Pensão por educação dos filhosMulheres cujos filhos tiverem

nascido antes de 1992, receberão porcada filho um ponto que equivale aum ano de descontos, que se somaráà sua futura pensão. Os filhos quevenham a nascer após 1992 ser-lhes-ão concedidos três pontos, como quese tivessem trabalhado e descontadodurante três anos suplementares.

Estes pontos correspondem àmédia dos ordenados que é anual-mente calculado e dado a conhecer

pelo competente ministério ao publicoem geral. Esta desigualdade de trata-mento esta a ser, entretanto, discutida,podendo haver uma alteração logoque haja uma decisão concludente.

1. Doação de órgãosTodas as caixas de doença são

obrigadas a informarem os seus asso-ciados sobre a possibilidade e as faci-lidades de tratamento por parte dacaixa do paciente que necessitar dosórgãos.

Além disso, terão direito a que lhesejam pagos os tempos de baixa quedure todo o tratamento pós-operatóriopor parte da caixa do beneficiário doórgão.

2. Subsidio de educaçãoOs pais que decidirem cuidar da

criança em casa, receberão 100 €mensais a partir do primeiro deAgosto do presente ano novo..

3. Cartão de identidade de deficienteEste cartão, que é requerido junto

das entidades de saúde das diversascâmaras, irá ser mais prático, que iráser exarado em formato de cartão ban-cário. As anteriores cartões continua-rão a ter a devida validade, até queexpire o seu prazo .

4. Comparticipação nas consultas médicasCom o novo ano entra em vigor a

isenção da participação de 10 € porcada trimestre. Deste modo diminuiráa burocracia. Este buraco será preen-chido pelo fundo estatal para a saúde.Finalmente se decidiu, depois demuita discussão nos bastidores políti-cos.

5. Pagamento de prémios por parte das “caixas de

doença”Algumas “caixas de doença” po-

derão pagar alguns prémios aos seusassociados que preencham certas con-dições.

O seu valor oscilará entre os 30 eos 100€ ano, dependendo da caixa aque se esta associado. Outras caixaselevarão esta participação para trata-mentos ligados à Osteopatia. Esta do-ença baseia-se numa teoria quedefende que todos os sistemas docorpo trabalham em conjunto e rela-cionam-se entre si.

Os transtornos num sistemapodem, deste modo, afectar o funcio-namento dos outros. Estes reembolsossão facultativos.

Queira informar-se junto da suacaixa sobre as condições e o seu valor.

6. Contribuição para os

cuidados intensivosO ordenado mensal diminui um

pouco, pois o desconto para o segurode cuidados intensivos irá passar de1,95% para 2,05%. Os solteiros ou oscasais sem filhos descontarão tambémum pouco mais ou seja de 2,2º% pas-sarão a descontar 2,23%. Este au-mento, segundo os legisladores,provocará um ligeiro aumento na par-ticipação financeira das caixas, emcaso de se usufruir das diversas aju-das.

7. Em caso de falha de intervenção médicaAs caixas devem ter no futuro

uma atitude mais activa, apoiando opaciente nos casos em que haja indí-cios duma anomalia numa interven-ção cirúrgica ou engano, mesmo queinvoluntário em qualquer tratamento.É a nova lei dos direitos do pacienteque o exige.

1. Taxa de televisão e de rádioJaneiro do novo ano brindou-nos

com novidades neste sector. O paga-mento da taxa no valor de 17,98 € ab-rangerá todos os elementos doagregado familiar que vivam debaixodo mesmo teto.

O pagamento reduzido de 5,76 €para o rádio e Internet deixa de ser co-brado. Se algum elemento do agre-gado familiar está inscrito ma GEZ,entidade responsável por esta co-brança e paga cumulativamente estataxa, então não tarde em requerer aisenção, mas por escrito, caso contrá-rio continuarão a debitar-lhe as taxasna sua conta.

2. Alteração nos pontos na carta de conduçãoOs pontos que são acumulados

em Flensburg por violação às regrasde trânsito serão atribuídos de um adois pontos por cada infracção e con-forme a gravidade da mesma, e nãomais com o máximo de sete pontos,como anteriormente. Em contrapar-tida a carta de condução será retida aoalcançar-se o máximo de oito pontos.Dá-se com uma mão e retira-se com aoutra.

3. Empresas de promoção de empregoNos últimos anos têm surgido no

mercado alemão diversas empresasque se dedicam à activação, formaçãoprofissional com o intuito de provocaruma maior integração no mercado detrabalho de desempregados ou jovenssem formação profissional.

Trabalham em estreita colabora-ção financeira com o Instituto Nacio-nal de Emprego (Arge).

No futuro e, para evitar empresasduvidosas neste sector, todas elas vãoter de ser certificadas exigindo-se ocumprimento de melhores condiçõese de qualidade.

Alemanha 2013: o que vai mudar na legislação social e fiscal

São muitas as surpresas que o início deste ano nos trouxe.Algumas parecem querer aligeirar financeiramente o nossofardo quotidiano. Outras, mesmo que à primeira vista nãopareçam, irão pesar um pouco mais. Alguns bens essenciaisirão aumentar como a electricidade, gás, as rendas de casa,entre outros. Estes aumentos já, infelizmente, se vão fami-liarizando connosco ao longo dos anos. Além destas alte-rações descritas há outras mais, mas o escasso espaçoimpede-nos de as descrever a todas. Aqui vos deixo as al-terações essenciais que terão mais a ver com a nosso vidadiária.

José Gomes Rodrigues

Alterações na legislação social

Impostos a mais e impostos a menos

Caixas de doenças e a nossa saúde

Outras alterações diversas

2013 - Alteracões Sociais

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O Amor nos Tempos de CóleraGabriel Garcia MarquezPreis: € 15,95

Ao longo de quatrocen-tas páginas vertigino-sas, compostas numaespécie de pauta estilís-tica e musical, onde sefundem o fulgor ima-gístico, o difícil triunfodo amor, as aventurase desventuras da pró-pria felicidade humana,O Amor nos Tempos deCólera é um romanceque leva o leitor numa

aventura encantatória, de uma escrita que não tem imitado-res à altura. IMPERDÍVEL

Nascida em Cabo Verde de família branca e abastada, Carol nuncase resignou à miséria das ilhas. E, movida pelo sonho de construiruma sociedade mais justa, ingressou ainda jovem no Partido Co-munista. Não se importando de usar a beleza como arma ideoló-gica, abraçou a luta revolucionária, apaixonou-se por umcamarada e ficou grávida pouco antes de ser presa. Foi a sua mãequem tratou de Helena nos primeiros tempos, mas, depois de li-bertada, Carol levou-a para Moscovo.. Aí, o contacto com as purgasestalinistas não chegou para abalar as suas convicções, mas oclima de denúncia e traição catapultou-a para o cenário da GuerraCivil espanhola, obrigando-a a deixar Helena para trás; e, apesarde ter escapado aos fuzilamentos franquistas, a eclosão da Se-gunda Guerra Mundial impediu Carol de voltar à União Soviéticapara ir buscar a criança. Será apenas vinte anos mais tarde quemãe e filha se reencontrarão em Berlim, mas a frieza e o ressen-timento de Helena farão com que, na viagem de regresso a Lisboa,Carol decida escrever um romance autobiográfico com o qual afilha possa, se não perdoar-lhe, pelo menos compreender as cir-cunstâncias do abandono, a clandestinidade, a prisão, a guerra,a espionagem e o inconcebível casamento com um inspector dapolícia política. Inspirado na vida de Carolina Loff da Fonseca,este romance extremamente empolgante vai muito além dosfactos, confirmando Ana Cristina Silva como uma das mais dotadasautoras de romance psicológico em Portugal.

Cartas Vermelhasde Ana Cristina SilvaA história de uma militante comunista que se apaixona por uminspector da PIDEPreço: € 25,99

José Saramago O Evangelho segundo Jesus CristoPreço: € 31,50 (Livro de Bolso)

"O filho de José e de Maria nasceu como todos

os filhos dos homens, sujo de sangue de sua

mãe, viscoso das suas mucosidades e sofrendo

em silêncio. Chorou porque o fizeram chorar, e

chorará por esse mesmo e único motivo." Todos

conhecem a história do filho de José e Maria,

mas nesta narrativa ela ganha tanta beleza e

tanta pungência que é como se estivesse sendo

contada pela primeira vez. Nas palavras de José

Paulo Paes: "Interessado menos na onipotência

do divino que na frágil mas tenaz resistência do humano, a arte magistral

de Saramago excele no dar corpo às preliminares e à culminância do drama

da Paixão"

Aprenda a Viver Sem StressPáginas: 100Preço: 18,99

Quanto mais tempo da sua vida é que está disposto adesperdiçar? Quanto mais tempo da sua vida está dis-posto a continuar a sofrer? Quanto da sua vida está dis-posto a finalmente reivindicar hoje? Quanto mais tempovai deixar que os outros mandem nas suas escolhas? E,se reivindicar a sua vida, acha que fica a dever algumacoisa aos outros?Quando você cede ao stress, você não está ser vocêmesmo. Quando você cede ao stress, você passa ao ladoda vida, da sua vida. Você vive em permanente sobrevi-vência. E quem sobrevive, sofre. E quem sofre, vive emstress.. "Aprenda a Viver Sem Stress" é um livro que o ajuda areencontrar-se.

A Mão de Diabo é o décimo romance de José Rodri-gues dos Santos, autor da Gradiva que já vendeumais de um milhão de exemplares e está publicadoem dezoito línguas.Este novo livro aborda a crise, um tema relativa-mente ao qual a sociedade está particularmente sen-sível. Seguramente despertará a curiosidade dosleitores.

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Page 19: Portugal Post Janeiro 2013

PORTUGAL POST Nº 222 • Janeiro 2013 19Agenda & Sugestões

As informações sobre os eventos a divulgar deverão dar entrada na nossa redacção até ao dia 15 de cada mês Tel.: 0231 - 83 90 289

Fax :0231-8390351 Email: [email protected]

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O Consulado-Geral de Portugal em Hamburgo vai realizar perma-nências consulares nas cidades de Osnabrück, Nordhorn, Cuxhavene Bremerhaven, onde poderá requerer todos actos consulares prati-cados nos postos consulares, como p.ex. cartão de cidadão, passa-porte, procurações, actos de registo civil, inscrição no recenseamentoeleitoral, etc.

O S N A B R Ü C K (às sextas-feiras) Local: Centro Português de Osnabrück, Bünderstr. 6, 49084 Osnabrück Datas: 25.01.13 - 15.02.13 - 01.03.13 - 22.03.13 - 05.04.13 19.04.13 - 03.05.13 - 24.05.13 - 07.06.13 - 21.06.13 Horário: 10.00 horas às 15.00 horas

N O R D H O R N (aos sábados) Local: Centro Português de Nordhorn, Heideweg 13, Nordhorn Datas: 06.04.13 – 18.05.13 Horário: 10.00 horas às 15.00 horas

C U X H A V E N (aos sábados) Local: Centro Cultural Português, Präsident-Herwigstr. 33-34,Cuxhaven Datas: 09.02.13 - 23.03.13 - 04.05.13 - 15.06.13 Horário: 10.00 horas às 15.00 horas

B R E M E R H A V E N (às segundas-feiras) Local: Moliceiro Grill (Markttreff), Neumarktstr. 12, Bremerhaven Datas: 14.01.13 - 04.03.13 - 22.04.13 - 27.05.13 Horário: 10.00 horas às 15.00 horas

Permanências Consulares 2013Consulado-Geral em Hamburgo

TOME NOTA

Permanências ConsularesConsulado-Geral de Portugal

em Dusseldorf

Ó 10.01.2013 – MINDEN –Local: Centro Português deMinden, Memelstr. 6. Horará-rio: das 10h00 às 13h00 e das13h30 às 15h30. Marcaçãoobrigatória: Tel.: 0211 – 13878 25

Ó 17.01.2013 – MESCHEDE –Local: Associação Portuguesade Meschede, Hennestr.12.Horarário: das 10h00 às 13h00e das 13h30 às 15h30. Marca-ção obrigatória: Tel.: 0211 –138 78 25

Ó 22.01.2013 – MÜNSTER –Local: Missão Católica deMünster, Beelerstiege 3. Hora-rário: das 10h00 às 13h00 edas 13h30 às 15h30. Marcaçãoobrigatória: Tel.: 0211 – 13878 25

1.01. a 2.02.2013 – BER-LIM - Fátima Mendonça expõe"House of Carousels" Local: Ga-lerie Michael Schultz GmbH &Co. KG. Mommsenstraße 34.10629 Berlim1.01. a 2.02.2013 – BERLIM -Rui Faustino em concerto.Local: The Great Heisenberg .Schillerpromenade 11, 12049Berlin

Exposição18.01 a 28.02. - HAMBURGO -Exposição: Um olhar hanseáticosobre Portugal – Exposição co-lectiva de seis membros da As-sociação Luso-Hanseática.Kulturhauses Eppendorf (Julius-Reincke-Stieg 13a/Martinistr.40)

31.01.2012 – HAMBURGO -19:30 Uhr Goethe – Pessoa. Eindeutsch-portugiesischer DialogLichtbildervortrag von Prof.Karl-Eckard Carius (UniversitätVechta) über ein Kunst-Projektan der Deutschen Schule Lissa-bon. Eintritt: € 5,-, PHG-Mit-glieder frei. Ort: KulturhausEppendorf, Julius-Reincke-Stieg13a

Ana Moura em digressãoalemã

02.02.13 Friedrichshafen, Bahnhof Fisch-

bach03.02.13 Mainz, FrankfurterHof05.02.13 Nürnberg,Tafelhalle06.02.13 München, Muffathalle08.02.13 Berlin, Passionskirche10.02.13 Bremen, Schlachthof11.02.13 Hamburg, Laeizhalle13.02.13 Ulm, Roxy14.02.13 Karlsruhe, Tollhaus15.02.13 Köln, Kulturkirche16.02.13 Trier, St. MaximilianKlosterkirche

JANEIRO 2013

Sugestão de LivroDizem que a actividade de es-crever comporta sofrimentosinarráveis porque o autor aspirasuperar-se em cada novo livro.Nunca este problema deve terafectado Marguerite Yourcenarque escreveu várias obras-pri-mas, entre elas “As memórias deAdriano” . Neste livro sobre asmemórias do imperador Adrianoa história serve de pretexto paraa reflexão sobre a condição hu-mana. O amor e o erotismo, asambições políticas e vicissitudesdo poder, passando pelas priori-dades que a morte impõe sãoabordadas numa belíssima lin-guagem poética em que vida deum homem serve de exemplo atodas as vidas.

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Page 20: Portugal Post Janeiro 2013

PORTUGAL POST Nº 222 • Janeiro 201320

poesias de amore de outros sentires

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STRESS Escalopes de Porco com maçã

Envio de remessas dosemigrantes para Portugal no ano 2011

O stress é uma reacção de adaptação do organismo diante de uma situaçãodifícil ou de perigo. O Dr. Peter G. Hanson, autor do livro „O Prazer doStress“, relata que 80% das enfermidades estão relacionadas com o stress,pois têm um forte componente psicossomático. O stress não existe por si só,e sim é produzido pelo homem de acordo com a interpretação que ele fazsobre as circunstâncias que o rodeiam. Um acontecimento determinado po-derá afectar a duas pessoas de diferentes maneiras, isto é, segundo a reacçãoou atitude que cada um tenha diante do problema.

As reacções principais do organismo durante um estado de forte stress são:a) Dilatação da pupilab) Secura da boca e gargantac) Fechamento dos vasos e artéria do rosto, braços e mãos, motivo pelo qualeles se tornam pálidosd) Aceleração dos batimentos cardíacos com a finalidade de transportar oxi-génio a todo o corpo.e) As glândulas supra-renais injectam uma certa quantidade de cortisonacom a finalidade de desinflamar o corpo, no caso de este receber algumgolpe. Esta é a razão por que uma pessoa, fortemente stressada tem um sis-tema imunológico débil. O que acontece é que tanto a cortisona como a adre-nalina bloqueiam as células -T produzidas pelo sistema imunológico paradefender o organismo de elementos estranhos que o irão agredir.f) O fígado injecta na corrente circulatória um coagulante sanguíneo paraprevenir um derrame no caso de feridas graves.g) Os brônquios dilatam-se com a finalidade de absorver mais oxigénio.h) Injecta-se glicose através do fígado com a finalidade de que os músculostenham a energia de que necessitam nesse momento.i) Produz-se uma sudação intensa em todo o corpo, principalmente nas mãos,tendo isto a finalidade de retirar o excesso de calor gerado pelo organismo.j) Todo o organismo põe-se em estado de alerta máximo e prepara-se paralutar ou fugir.

O stress, quando se mantém com pouca intensidade, não prejudica o orga-nismo e, ao contrário, ajuda a pessoa a ficar activa. Nós todos necessitamoster uma dose de bom stress. O problema aparece quando esse stress é ex-cessivo e duradouro, porque nesse caso esgotam-se as energias vitais da pes-soa, atentando contra a sua estabilidade vital.

ALGUNS FACTORES INDICADORES DE STRESS SÃO:• Dores de cabeça frequentes • Taquicardia ou fortes batimentos do coração• Hipertensão • Dores musculares do pescoço, nuca e costas • Ansiedade,angustia e vontade de chorar • Cansaço, fadiga ou debilidade • Insónia oupesadelos • Depressão ou tristeza • Gastrite, colite ou úlcera estomacal •Falta de concentração e perda de memória • Alergia ou asma de origemnervosa • Impotência ou frigidezConsulte o seu médicoFonte: saúde e bem-estar

Estão dois alentejanos encostados a um chaparro à beira daestrada, quando passa um automóvel a grande velocidade edeixa voar uma nota de 50 euros que vai cair no outro lado daestrada. Passados cinco minutos, diz um alentejano para ooutro: - Cumpadri, se o vento muda temos o dia ganho.

Aprenda a Viver Sem Stress

Ver na página 18

Vidro Côncavo

Tenho sofrido poesiacomo quem anda no mar.Um enjoo.Uma agonia.Saber a sal.Maresia.Vidro côncavo a boiar

Doi esta corda vibranteA corda que o barco prendeà fria argola do caisSe uma onda que a levantevem logo outra qua a dis-tende.Não tem descanso jamais.

António Gedeão

Ingredientes: 800 gr de lombo de porco Sal q.b. Farinha para polvilhar 3 colh. sopa de óleo 2 colh. sopa de margarina 2 maçãs reinetas 1 garrrafa pequena de sumo natural de maçã 2 hastes de salsa Receita: Corte a carne em escalopes finos, de preferência todos do mesmo ta-manho. Tempere com sal e polvilhe com farinha. Aqueça o óleo e a marga-rina numa frigideira. Frite os escalopes com a salsa até alourarem porigual. Coloque num prato, depois de devidamente escorridos. Lave, corteem meias luas, retire as sementes às maçãs e salteie-as na gordura. Re-serve noutro prato, depois de as escorrer. Num pirex, coloque em camadasas maçãs e os escalopes alternadamente. Regue com o sumo de maçã,cubra o pirex e leve ao forno para cozer brandamente durante cerca de 30minutos. Bom apetite

Creme de Cogumelos

Ingredientes: 500g de cogumelos frescos 50g de manteiga 1 colh. de sobremesa de cebola picada 0,5 litro de leite 2 colh. de sopa de farinha 7,5 dl de caldo de galinha 2 dl de natas Sal e noz moscada ralada q.b.

Receita: Prepare o caldo de galinha. Limpe e lave muito bem os cogumelos ecorte-os em fatias. Faça um refogado com 25g de manteiga e a cebola.Junte os cogumelos e tempere com sal. Vá mexendo até à água dos cogu-melos se evaporar. Retire duas colheres de sopa dos cogumelos e reservepara a decoração. Prepare um molho branco: ferva o leite e, à parte, der-reta a restante manteiga. Junte a farinha e mexa rapidamente com umacolher de pau, para não encaroçar. Adicione aos poucos o leite a ferver,mexendo sem parar, deixando cozinhar durante 5 minutos. Misture na pa-nela dos cogumelos, adicione o caldo de galinha, misture bem e deixe co-zinhar durante mais uns minutos. Retire do lume e bata no liquificador.Rectifique os temperos e junte as natas e um pouco de noz moscada ra-lada. Leve ao lume, sem deixar ferver. Deite a sopa numa terrina e enfeitecom os cogumelos reservados. Pode servir com torradinhas. Bom apetite

2.430.491Euros - Milhares

Page 21: Portugal Post Janeiro 2013

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PORTUGAL POST Nº 222 • Janeiro 2013 21Vidas

Por

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reix

inho

Palavras cruzadasr

Caro Portugal Post,Em Dezembro, mês do Natal e

quadra em que as pessoas se querembem umas às outras, é um pouco duroescrever sobre histórias tristes; coisasque nos espantam por julgarmos quenão acontecem, ou pelo menos nãoacontecem no nosso círculo.

A história que quero contar pas-sou-se com um amigo meu, ou mel-hor, um ex-namorado. Como já lá vaihá muito tempo – cerca de 10 anos -, pode-me falhar um ou outro detalhe.Ressalvo que ele não tinha a naciona-lidade portuguesa. Diga-se a verdadeé que eu nunca tive namorados portu-gueses, nem agora preciso. Estou ca-sada e muito feliz com o meu marido.Mas isto não vem ao caso.

Nunca pensei que algum dia pu-desse contar a história que esse meuex-namorado me contou. Foi ao lerestas histórias que o jornal publicaque me levou a sentar ao computador

e escrevê-la recorrendo àquilo que aminha memória tinha registado.

Esse meu amigo tinha já quasevinte e sete anos quando viu pela pri-meira vez o pai. Quando ainda muitopequeno, com quase dois anos, a suamãe tinha abandonado o pai e partirapara uma outra cidade levando o seuúnico filho. Não altura em que se tin-ham separado, os pais eram muito jo-vens: a mãe teria aí uns 29 anos e opai cerca de três anos mais. Quer dizerque desde os seus quase dois anos deidade o meu ex-namorado – que sechamava Albert – não se recordavacomo era o seu pai.

Convém dizer, como o Albert mecontou, que a sua mãe tinha falecidotrês anos depois de ter abandonado opai, passando ele a viver com uma suatia, irmã de sua mãe.

O pai de Albert era um comerci-ante bem sucedido. Possuia bens etinha conquistado uma riqueza consi-

derável. Depois de se ter separado,nunca meteu uma mulher debaixo doseu tecto e, por isso, viveu uma vidade quase abstinência no que diz re-speito às mulheres.

No dia em que Albert recebeu umtelefona de um parente para lhe dizerque o seu pai estava um pouco doentee que o queria ver tão depressa quantopossível, Albert foi possuído por umenorme desejo de conhecer o pai e,porque não, conhecer as razões da se-paração do pai e da mãe quando eramainda tão jovens e com uma vidalonga pela frente para ser vivida.

Albert resolveu então telefonar aopai e marcar um dia para o ir visitar.Durante o telefonema viveu como opai tinha ficado emocionado ao ouvira sua voz. Tratava-o como “queridoAlbert, meu querido filho...”. Ficoucom a impressão de que o pai pensavamuito nele e isso reforçou nele aindamais o desejo em o visitar.

No dia em que apanhou o com-boio para ir visitar o pai, Albert levavaum bilhete de ida e volta e uma maletapara passar uns dois ou três dias. Que-ria sobretudo conhecer o pai, estar efalar com ele sobre aqueles anos deausência.

Quando chegou a casa do pai, Al-bert foi acolhido com abraços e lágri-mas de contentamento que corriampelas faces do velho, misturadas comfrase soltas como “que homem queestás, meu filho?! E belo... que belorapaz que tenho!” Exclamava o pai deAlbert enquanto o apertava nos braçose o beijava enternecido.

A casa era grande, como muitasdivisões. O pai de Albert tinha apenasuma mulher a dias, que duas vezespor semana lhe tratava da casa. Deresto vivia sozinho naquele caseirão.Essa foi a primeira queixa do pai,numa velada tentativa de dizer queaquela casa poderia também servirpara ele viver.

Depois da recepção, o pai mos-trou a casa ao filho. Albert notou queele passou por uma porta sem a abrir.“É uma casa grande filho, às vezesperco-me e sinto-me muito só nela”,dizia o velho ao filho. Referindo-se àporta que não tinha aberto, o paidisse-lhe que era aquela a sala onde asua mãe passava o tempo deitada nosofá ou no chão, perto da lareira, aatender os telefonemas dos amigos.“ela tinha muitos amigos”, disse ovelho.

-E amigas, não tinha? – perguntouAlbert.

Depois de um prolongado silên-cio, o pai disse-lhe: “Não, filho, ela sótinha amigos, quase todos amantes” -disse o pai assim de forma frontal esem pejo – “essa foi a razão da nossaseparação”.

Incrédulo, Albert olhava o paicomo a perguntar se ele estaria no seuperfeito juízo quando lhe falava assimda sua mãe.

-“Como assim?” – Interrogou Al-bert com o peito apertado ao ouvir se-melhante revelação.

“Meu filho” – disse o pai - “seique quando digo isto pensarás que eunão estou a regular bem, mas, paraminha grande tristeza, é a verdade. Atua mãe mantinha às descaradas trêsou quatro amantes ao mesmo tempo.Eu sabia. Também ela não escondianada. Inicialmente quando desconfieihavia discussões e conflitos ao pontode a ameaçar com violência. Depoiscom o tempo vi que ela era assim e re-signei. Eu amava-a muito. Para mimera dolorosa a situação, mas eu nãotinha forças para a deixar. Pensavaque poderia convencê-la a ter umavida de esposa normal. Disse-lhe queestava disposto a aceitar tudo: osamantes e que, pouco a pouco, juntospoderíamos sair da situação e encon-trar o nosso caminho. Depois tu nas-ceste e eu vi no teu nascimento asalvação para o nosso casamento.

Inicialmente, como poderás ima-ginar, coloquei dúvidas se tu seriasmeu filho. Ela garantiu-me que sim e

eu acreditava nela. O defeito da men-tira ela não tinha.

Uma vez vim mais cedo do tra-balho (tu tinhas aí uns seis meses), en-contrei-a bem vestida como era seuhábito e pronta para sair. Na altura tín-hamos uma governanta que tambémtomava conta de ti. Perguntei-lhe se apodia a acompanhar no passeio pelacidade que ela queria fazer. Disse-meque não, que ia ao médico. Nesse dianão me contive e, depois dela sair,segui-a para ver com quem se encon-trava. Dirigiu-se para o centro da ci-dade, bem longe do consultóriomédico. Entrou num hotel luxuoso esentou-se no bar do hotel. Eu encon-trava-me num sitio onde poderia ob-servar tudo sem ser visto. Cerca devinte minutos depois vi chegar o seumédico. Cinco minutos depois, vi-ossubirem para os andares dos quartosdo hotel.

Como vês, meu filho, nem o mé-dico lhe escapara. Percebi que a tuamãe não queria relações com homens,mas sim aventuras. Estava-lhe no san-gue. Ela não suportava um homemdurante algum tempo. De modo quecomecei a ver em cada homem dasnossas relações um amante da tuamãe – era uma psicose terrível!

Eu tentava falar com ela, manifes-tava-lhe o meu amor e dizia-lhe queestava pronto a ajudá-la e que não meimportava suportar os seus amantesdesde que ele me prometesse que iriatentar sair dessa situação doentia. Elanada dizia.

Passado uns tempos acheiestranho as visitas diárias que elafazia ao escritório da empresa. Pas-sava pelo escritório e falava comigopara me dizer que ia ali e acolá.Nessa altura eu tinha um sócio comquem me dava muito bem e tinha-ocomo muito fiel. Antes da tua mãefazer aqueles inesperadas visitas aosescritórios da empresa, tinha convi-dado esse sócio para um jantar emcasa. Enquanto jantava-mos noteialgum incómodo no rosto e nos gestosdesse meu sócio que, com um ar estu-pefacto, me olhava de maneira muitoestranha. Pedi para me levantar damesa e, simulando uma ida à casa debanho, vi pela frincha da porta da salade jantar que ela, sem sapatos, colo-cava um pé entre as pernas do meusócio. Quando ela começou a ir aosescritórios da empresa não duvideium minuto das suas intenções.

Como este caso, poderia contar-tetantos outros

Um dia, ela disse-me que ia visi-tar a sua irmã por uns dias e que te le-vava com ela. Foi a última vez quevos vi, até hoje”

O meu amigo não soube explicarmuito bem por que razão é que o seupai lhe contou a história da mãe. Mashoje penso que o pobre homem sóquis justificar a ausência de quasetrinta anos em relação ao filho, quisdizer-lhe que o abandono do filho nãotinha sido por falta de amor de pai. Maria I.Munique

Um pai infeliz e um filho estupefactoO pai de Albert era um comerciante bem sucedido. Possuia bens e tinha conquistado uma riqueza considerável. Depois de se ter separado, nunca meteuuma mulher debaixo do seu tecto e, por isso, viveu uma vida de quase abstinência no que diz respeito às mulheres.

HORIZONTAIS: 1 - Depois de. Carícia. 2 - Corpo esférico. Austero. 3 - Abertura no alto da muralha de uma fortificaçãopor onde se visava o inimigo. Aperfeiçoar (fig.). 4 - Prefixo (novo). Graceja. Capital da Letónia. 5 - Eles. Adição. Sofri-mento. 6 – (...) Rodrigues, o milionésimo imigrante da Alemanha (1964). 7 - De modo irregular. Diante de (prep.). Pro-tactínio (s.q.). 8 - Vaga. Atmosfera. Preposição que indica companhia. 9 - Inchação. Muito gordo. 10 - Da raia. Irritar. 11- Reunião festiva, nocturna, dentro de casa particular, teatro ou clube. Cura.VERTICAIS: 1 - Ventarola. Reduzir a pó. 2 - Diz-se de uma variedade de pedra muito porosa, que serve para polir oulimpar, resultante da solidificação rápida da lava. Pernas altas de pau. 3 - Substância gordurosa e inflamável, extraída apartir de certas plantas ou sementes, de animais ou minerais. Povoação rústica. 4 – Desloca-se para fora. Senhor (abrev.).Gostar muito de. 5 - Essência odorífera. Nome feminino. 6 - Elas. Magnetiza. Alternativa. 7 - Mau humor (fig.). Cavernaprofunda e medonha. 8 - Ajustar. Preposição que designa posse. Anotação musical para indicar repetição. 9 - Voz doridae plangente. Substância de que são feitos os favos das abelhas. 10 - Santo a quem é dedicado um templo ou capela. Co-locar-se em posição conveniente para ser pintado ou fotografado. 11 - Discursar. Fruto silvestre.

SOLUÇÃO:HORIZONTAIS: 1 - Após. Afago. 2 - Bola. Severo. 3 - Ameia. Limar. 4 - Neo. Ri. Riga. 5 - Os. Soma. Dor. 6 - Armando.7 - Mal. Ante. Pa. 8 - Onda. Ar. Com. 9 - Edema. Obeso. 10 - Raiano. Irar. 11 - Sarau. Sara.VERTICAIS: 1 - Abano. Moer. 2 - Pomes. Andas. 3 - Óleo. Aldeia. 4 - Sai. Sr. Amar. 5 - Aroma. Ana. 6 - As. Imana.Ou. 7 - Fel. Antro. 8 - Avir. De. Bis. 9 - Gemido. Cera. 10 - Orago. Posar. 11 - Orar. Amora.

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PORTUGAL POST Nº 222 • Janeiro 2013 23

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A associação, com 25 membrosfundadores, foi formalmente consti-tuída numa cerimónia no Palácio deBelém, em Lisboa, em que o Presi-dente da República e o ministro dosNegócios Estrangeiros receberam osprimeiros cartões de conselheiro dePortugal no mundo.

O promotor e presidente do Con-selho da Diáspora Portuguesa, Filipede Botton, agradeceu ao chefe de Es-tado, Aníbal Cavaco Silva, que serápresidente honorário da associação, eao ministro dos Negócios Estrangei-ros, Paulo Portas, vice-presidente ho-norário, o seu „apoio inequívoco“.

O conselho, que irá reunir 300portugueses residentes no estrangeiroe que têm „forte reputação e fortís-sima credibilidade“ nas sociedades deacolhimento, surge porque não hánesta diáspora „um conhecimentoprofundo do que se passa em Portu-gal“, explicou o responsável aos jor-nalistas.

„Atestámos isso na última reuniãoque tivemos em Maio de 2012“, em

que os 26 directores portugueses deempresas no estrangeiro „tinham umaimagem totalmente distorcida do quese passa em Portugal“, acrescentou otambém presidente da Logoplaste.

Para Filipe de Botton, „Portugalhoje é um país dinâmico, competitivoe em que a qualidade objectiva émuito superior à qualidade perce-bida“.

„É fundamental que tenhamosgente a falar por nós fora de portas“,reiterou.

A missão do Conselho da Diá-spora será por isso transmitir aos 300conselheiros „informação de quali-dade“ que permita a esses „’opinionmakers’ (...) passar uma opinião doque é hoje Portugal“.

Não se trata, sublinhou o presi-dente do Conselho da Diáspora, defazer campanhas mediáticas que en-volvam grandes financiamentos, massim de promover uma „actuação di-screta“ destes conselheiros.

„Trata-se de usar essas pessoasque têm uma fortíssima capacidade deinfluenciar nas sociedades de acolhi-mento onde estão e dar-lhes as muni-ções, dar-lhes as armas para poderemreforçar a imagem de Portugal“.

Filipe de Botton sublinhou aindaque o objectivo do Conselho não ésubstituir as instituições que já exis-tem, como o Governo, a Agência parao Investimento e Comércio Externo

de Portugal ou as embaixadas, mascomplementar o seu trabalho, porexemplo, fazendo chegar „uma pa-lavra discreta“ a empresas que este-jam a pensar investir em Portugalatravés de um dos conselheiros.

„Tudo o que puder ser feito paracomplementar o que já é feito é bem-vindo. Temos de usar todas as armase Portugal nunca usou suficiente-mente a arma da diáspora“, lamentouo promotor da iniciativa, para quem„a diáspora portuguesa nunca foi aca-rinhada ou tratada com respeito“.

Sublinhando tratar-se de uma

„iniciativa totalmente nova“, Bottondisse que o objectivo é uma atitude di-ferente para com a diáspora, que váalém do „mercado da saudade“.

„Portugal tem de ser capaz defazer o seu próprio ‘lobby’ aberto, po-sitivo, construtivo para ajudar o seupróprio país“, afirmou.

Constituído na sequência de umencontro promovido em Maio peloPresidente da República, que convi-dou 26 directores gerais ou presiden-tes de empresas multinacionaissediados fora de Portugal, o Conselhoda Diáspora tem como membros fun-

dadores 25 desses líderes empresa-riais, incluindo António Horta Osório,do Lloyd’s Bank, ou José Alberto Du-arte, da SAP.

Mas a ideia é alargá-lo a outrasáreas, como a ciência, a arte ou a ci-dadania, disse ainda Botton, queexemplificou: „Se pensar, tem umportuguês à frente da Educação na re-gião da Florida (...); se pensar quemfoi a melhor investigadora do ano naSuíça há um ano, foi uma portuguesa;o responsável para a epilepsia e a neu-ropediatria na Europa é um portu-guês“.

Economia & Negócios

Conselho da Diáspora Portuguesa

Conselho criado quer “diáspora de influência” a fazer lobby por Portugal O Conselho da Diáspora Portu-guesa, recentemente constituído,visa „acarinhar a diáspora de in-fluência“ e dar informação dequalidade sobre Portugal a 300conselheiros que farão „lobby“discreto para promover a imagemdo país no exterior.

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Última • Nº 222 • Janeiro 201324

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iajo diariamente decomboio entre os subúr-bios e Lisboa. Os rostosdos passageiros reflec-

tem novas angústias. As conversasfúteis sobre os filhos e sobre os ma-ridos ou as mulheres foram sendosubstituídas por cálculos complica-dos sobre a perca de rendimento etentativas atabalhoadas de reprodu-ção de discursos sobre balelas eco-nomicistas, tentando confusamenteorientar-se na desorientação dasprevisões económicas. A revolta e

a desesperança predomina como umnevoeiro que entrasse no comboio eque a todos envolve.

O governo que desgoverna Por-tugal tomou posse há ano e meio.As escolhas políticas transforma-ram-se no caminho da cruz para amaior da população do país. Se medissessem há um ano que esta seriaa evolução de Portugal, eu não acre-ditaria. Sim, jamais acreditaria queem tão pouco tempo fossem destruí-dos os fundamentos de uma socie-dade. Os princípios de solidariedadesocial foram substituídos por umalógica assistencia-lista, renegando-se a dignidade depensionistas e de-sempregados comsucessivos cortesnas prestações so-ciais. O trabalho foiobjecto de alarga-mento de horários ede novos impostospara supostamenteaumentar a competi-

tividade e salvaguardar os “sacros-santos” compromissos com os mer-cados. Temos uma classe médiaasfixiada, que mal pode fazer faceaos compromissos assumidos emtempos de maior prosperidade, quepassa fome para não perder a casa,mas não é suficientemente miserá-vel para ter direito a ajuda. Nos hos-pitais, doentes crónicos eoncológicos sofrem cortes na assis-tência médica, mas as administra-ções hospitalares garantem queestá tudo sob controlo. Temos cri-anças a desmaiar de fome nas esco-

las, porém também aí o ministro datutela dá garantias que nenhuma cri-ança sofrerá. Este país deixou de serpara as pessoas.

Os governantes admitem os sa-crifícios, porém falam como se assuas políticas não atingissem a po-pulação e as pessoas fossem tãoimateriais como os especuladoresfinanceiros que mergulharam aEuropa na crise das dívidas sobera-nas. Os discursos do primeiro-mi-nistro transmitem o orgulho deestarmos no bom caminho, mas opovo deste país sente que esse ca-

minho só o leva nadirecção doabismo. Sua Exce-lência, o primeiro-ministro apenas seinteressa por imple-mentar a sua dou-trina neo-liberal,mesmo que à custado bem-estar damaioria do seupovo.

O ano de 2013

será, sem dúvida, o ano de todos osmedos. O que era mau vai ser piorcom o aumento de impostose novos cortes nas despesas desaúde, educação e prestações so-ciais. As políticas recessivas de sub-serviência à “troika” virãoacompanhadas de mais desempregoe irão agravar o deficit orçamental.Mais jovens qualificados irão parao estrangeiro à procura de oportuni-dades que não têm no seu país.Tudo isso poderá ser verificadoatravés de números e fará a aberturade telejornais. Muitos comentadoresirão explanar na televisão sobre ofalhanço do governo nas suas previ-sões, mas esses exercícios inte-lectuais não passarão de bordadosno vácuo porque a insegurança, adesesperança, a infelicidade e o de-sespero terão invadido, entretanto,as pessoas. E esses sentimentos nãofazem parte do universo dos cálcu-los dos nossos governantes.

*Escritora e professorauniversitária     

Portugal 2013 - o ano de todos os medos

O ano de 2013 será, sem dúvida, oano de todos os medos. O que eramau vai ser  pior com o aumentode impostos e  novos cortes nasdespesas de saúde, educação eprestações sociais.

Ana Cristina Silva,Lisboa *

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