Respostas Do Roteiro de Vidas Secas

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  • 7/28/2019 Respostas Do Roteiro de Vidas Secas

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    O autor:

    Biografia: Graciliano Ramos considerado um dos mais importantes escritores do moderno romancebrasileiro. Nascido em Quebrngulo AL (1892), morreu no Rio de Janeiro (1953). Estudou em Macei,e no chegou a cursar uma faculdade. Morou por muito tempo em Palmeira dos ndios AL, onde seu paimantinha um comrcio. Chegou a ser prefeito de Palmeira dos ndios. Dedicando-se ao jornalismo e

    publicidade, foi revisor de jornais no Rio de Janeiro e dirigiu a imprensa e a instruo do estado deAlagoas de 1930 a 1936, sempre demonstrando preocupao com o ensino no Brasil. Foi preso em 1936,sob a suspeita de ligao com o Partido Comunista Brasileiro, sendo humilhado dentro dos presdios poronde passou. Em 1945, filia-se ao Comunismo, viajando por vrios pases socialistas. No incio dos anos50, j consagrado como romancista, falece de cncer na capital carioca.Principais Obras: Romances: Caets (1933); So Bernardo (1938); Angstias (1936); Vidas Secas (1938).Conto: Insnia (1947). Memrias: Infncia (1945); Memrias do Crcere (1953); Viagem (1954); LinhasTortas (1962); Viventes das Alagoas (1962). Literatura Infantil: Histrias de Alexandre (1944); Doisdedos (1945); Histrias Incompletas (1946).

    Principais temas: Os temas mais comuns na obra de Graciliano Ramos so os grandeslatifundirios; a opresso sofrida pelo sertanejo e a seca e suas consequncias

    dramticas.

    Principais caractersticas de suas obras: De maneira geral, sus romancescaracterizam-se pelo inter-relacionamento entre as condies sociais e a psicologia daspersonagens; ao que se soma uma linguagem precisa , enxuta e despojada, deperodos curtos mas de grande fora expressiva.

    Principais fatos que marcaram o mundo e o Brasil: As transformaes pelas quais passou asociedade no sculo XIX, devido especialmente, s Guerras Mundiais, Depresso Econmica e aoNazismo, no plano mundial, e ditadura de Vargas e ao Estado Novo, no mbito nacional, juntamentecom o advento do Modernismo, sobremodo no perodo de 1920 a 1945, ocasionaram um indito

    direcionamento da literatura brasileira. Esta, mais amadurecida, marcar-se-ia por um enfoque direto dosfatos, pela permanncia do realismo e pela retomada do naturalismo, condicionando um forte carternacional e social esfera literria. A literatura que, desde o Romantismo, vinha tomando novos rumos,passa a priorizar a liberdade de expresso, a implantao de uma nova linguagem, a valorizao dolinguajar e da vida cotidiana, exprimindo os sintomas dessas modificaes na vida econmica e social dopas e na mentalidade, at ento, conservadora. Assim, neste momento, as noes de nacionalidade eautonomia que constituram o eixo da teoria literria romntica, haviam atingido o seu ponto culminante,caracterizando-se por uma arte literria construtiva, de conscincia social, poltica e nacional, combativa imitao dos modelos europeus, ao academicismo, estagnao e ao passadismo na cultura e na arte,intencionando repensar o Brasil a nvel scio-poltico e cultural.

    Brasil da seca, do messianismo e do autoritarismo dos coronis: Apesar de no estardiretamente expresso em Vidas Secas necessrio lembrar que desse ambiente seconasceram movimentos como o messianismo de Antnio Conselheiro, em Canudos, ocoronelismo e o cangao, no dizemos aqui que a natureza condicionou totalmente oaparecimento deles, no entanto sabido que culturalmente sempre feita a associaoentre o Nordeste, a caatinga e os movimentos citados.

    O Determinismo de Tayne expresso na obra: Vidas Secas comea por uma fuga eacaba com outra. Decorre entre duas situaes idnticas, de tal modo que o fim,encontrando com o princpio, fecha a ao num crculo. Entre a seca e as guas, a vidado sertanejo se organiza, do bero sepultura modo de retorno perptuo. Como osanimais atrelados ao moinho, Fabiano voltar sempre sobre os passos, sufocado pelo

    meio fsico, expressando o determinismo.

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    Modernismo: Graciliano Ramos destaca-se no papel de romancista da segunda fase doModernismo (1930 - 1945). Com estilo seco, conciso e sinttico, o autor deixa de lado osentimentalismo a favor de uma objetividade e clareza. Seu estilo seco, frio, enxuto eimpessoal, repleto de senso psicolgico, aproxima-o de Machado de Assis, sendoconsiderado seu legtimo seguidor, sabendo exprimir a amarga realidade do homem

    nordestino com agudeza. Graciliano Ramos vai descrever os tipos e as paisagens donordeste evocando os problemas que ali se encontram. Seus melhores romances (SoBernardo, Angstia e Vidas Secas), mostram um perfil psicolgico e scio-poltico quenos indica uma verso crtica dos rumos que a sociedade moderna toma. A anlisepsicolgica tomada pelo autor com relao aos seus personagens, parte do regional parao universal, confrontando o homem comum que vive com classes superiores eautoritrias. O nordeste se torna o palco deste conflito, a preocupao com os problemasdo povo brasileiro sempre foram traos marcantes de suas obras. Graciliano Ramosescreveu ainda um romance autobiogrfico que contm elementos ficcionais, Memriasdo Crcere, onde h toda a violncia que o autor passou enquanto esteve preso,denunciando o autoritarismo estabelecido pelo Estado Novo.

    Principais caractersticas da segunda fase do Modernismo: Romancescaracterizados pela denncia social, verdadeiro documento da realidade brasileira,atingindo elevado grau de tenso nas relaes do eu com o mundo. Uma das principaiscaractersticas do romance brasileiro o encontro do escritor com seu povo. H umabusca do homem brasileiro nas diversas regies, por isso o regionalismo ganhaimportncia, com destaque s relaes do personagem com o meio natural e social. Osescritores nordestinos merecem destaque especial, por sua denncia da realidade daregio pouco conhecida nos grandes centros.

    A obra:

    A atemporalidade: Um dos aspectos que mais impressionam na obra o seu temasempre atual. O romance, escrito entre 1937 e 1938, enfoca o problema da seca e ascondies de vida miserveis do sertanejo brasileiro. Condies essas que praticamenteno se alteraram ao longo dos anos. Esse livro retrata fielmente a realidade brasileirano s da poca em que o livro foi escrito, mas como nos dias de hoje tais comoinjustia social, misria, fome, desigualdade, seca, o que nos remete a idia de que ohomem se animalizou sob condies sub-humanas de sobrevivncia.

    Engajamento Social: Nessa narrativa o enfoque se d sobre a realidade social das

    personagens. Se nos romances narrados em primeira pessoa o ponto de interesse ohomem, ficando o contexto social segundo plano, em "Vidas secas" o ponto de interesse o homem vinculado ao seu meio natural, no caso o serto.

    Justificativa do ttulo: A seca tem aspectos monstruosos porque cerceia a vida dossertanejos do Nordeste e expe um lado seco, dodo e desumano do Brasil, tanto noaspecto paisagstico como principalmente no social, a expulsar e/ou matar de fome esede quem vive nela. A terra seca, mas sobretudo o homem seco. O discurso donarrador igualmente construdo com frases curtas, incisivas, enxutas, quase sempreperodos simples. Escritor extremamente contido, com o pavor da verbosidade,Graciliano prefere a eloquncia das situaes fixadas eloquncia puramente verbal.

    Um exemplo de opresso e de falta de comunicao entre os seres da famliaanimalizados pela misria em que vivem, encontra-se no captulo 6, em que o menino

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    mais velho ouve a palavra inferno, acha-a bonita e procura aprender o seu significadocom a me, que o repele brutalmente. J no captulo 7, Inverno, h uma cena em que afamlia se rene numa noite de inverno, e Fabiano tenta contar histriasincompreensveis enquanto os meninos passam frio.

    Enfim, a questo central do romance no est nos acontecimentos, mas nas criaturas queo povoam, nas gravuras de madeira.

    A diviso em captulos autnomos: o assunto e a importncia do nome de cadacaptulo o romance de srie de quadros: Chamar este romance de srie dequadros, de gravuras em madeira, talhada com preciso e firmeza aludir a um de seustraos estilsticos fundamentais: o carter autnomo e completo de seus captulos.

    Estes podem ser lidos como peas independentes, e como tal foram publicados emjornais, mas renem-se com uma organicidade exemplar. Os captulos de Vidas Secasmantm uma estrutura descontnua, no-linear, como que reafirmando o isolamento, a

    instabilidade da famlia de retirantes: Fabiano, Sinh Vitria, o menino mais velho, omenino mais novo e a cachorra Baleia.

    O cclico do primeiro e do ltimo captulos, apesar da autonomia entre todos osoutros: Formado por treze captulos que se justapem sem nexos lgicos, o enredo deVidas Secas organiza-se principalmente pela proximidade entre o primeiro Mudana achegada da famlia de retirantes a uma velha fazenda abandonada e arruinada e, oltimo, Fuga a sada da famlia, que, diante de um novo perodo de seca, foge para oSul.

    Do captulo 2 ao 12, a famlia vive como agregada na fazenda, para cujo proprietrioFabiano trabalha. Assim, passa uma fase de descanso, em relao ao seu nomadismo,provocado pela seca.

    No entanto, alm da tortura gerada pela lembrana do passado e pelo medo do futuro, oromance enfoca outras faces da opresso que se exerce sobre os membros da famlia seja entre eles e os outros homens, os moradores da cidade, seja consigo prprios.

    Antropozoomorfizao: Concomitantemente ao processo de zoomorfizao (simblicae fsica) dos retirantes, h em Vidas secas um processo inverso relativo cachorraBaleia. Isto , ao mesmo tempo em que os seres humanos so rebaixados condio de

    animais, a cachorra sofre uma espcie de personificao, ela (simbolicamente)antropomorfizada. Em diversas ocasies, o animal percebido como um elementoindistinto da famlia dos sertanejos. Enfrenta as mesmas adversidades, brinca com ascrianas e a elas se nivela e se mistura nos montes de areia e estrume, recebe o carinhode todos como se deveras fosse uma pessoa da famlia.

    Essa igualdade de natureza entre Baleia e os humanos, todavia, negada em algunsmomentos do romance, e na desigualdade h uma certa vantagem para o animal. No sepode deixar de perceber, por exemplo, que enquanto a cachorra referida por um nomeprprio, as crianas so identificadas pelas expresses o menino mais velho e omenino mais novo, ou seja, estes no tm uma identidade bem definida, de modo que,

    nesse aspecto, pelo confronto, ela est num patamar superior ao das crianas.

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    O sentimento do destino coletivo: Graciliano Ramos, que dono de um traopessimista em outras obras, d em Vidas secas uma tnue esperana. Fica subentendidono final da obra que eles partem para outro lugar, para onde o que importa que aindah movimento em busca de vida, mesmo que seja seca.

    O foco narrativo: terceira pessoa, mas um tanto singular, pois, por vezes, o narrador seapresenta como sendo o inconsciente da personagem (como a Baleia), outras vezescomo onisciente, com o discurso indireto livre, monlogos interiores ou reflexes depensamento e o uso do discurso indireto livre.

    Os personagens:

    Perfil fsico e psicolgico de cada um:Personagem ProtagonistaFabiano Nordestino pobre, marido de Sinh Vitria, pai de dois filhos. Procuratrabalho desesperadamente, bebe muito e perde dinheiro no jogo. Possui grandes

    dificuldades lingsticas, mas consciente delas. Homem bruto com dificuldade de seexpressar, possui atitudes selvagens. Por no saber se expressar entra num processo deisolamento, aproximando-se dos animais, com os quais se identifica melhor.Personagem AntagonistaSoldado Amarelo Corrupto, oportunista e medroso, o Soldado Amarelo smbolo derepresso e do autoritarismo pelo qual comandado (ditadura Vargas), porm no forte sozinho; sem as ordens da ditadura, fraco e acovarda-se diante de Fabiano.Personagens SecundriosSinh Vitria Mulher de Fabiano, sofrida, me de dois filhos, lutadora, sonhadora einconformada com a misria em que vive, trabalha muito. a mais inteligente de todoscontrolando assim as contas e os sonhos de todos.Filho mais novo e Filho mais velho So crianas pobres e sofridas que no tem nooda misria em que vivem. O mais novo v no pai um dolo, sonha sobressair-serealizando algo, enquanto o mais velho curioso, querendo saber o significado dapalavra inferno, desvendar a vida e ter amigos.O dono da fazenda Contrata Fabiano para trabalhar em sua fazenda, desonesto,explorava seus empregados.O fiscal da prefeitura Intolerante e explorador.Baleia Cadela da famlia, tratada como gente, humanizada em vrios momentos emuito querida das crianas.Toms de Bolandeira - Aparece somente por meio de evocaes, tido como referncia

    por Fabiano e Sinh Vitria.Seu Incio Dono do bar.

    a conscincia embotada, a condio sub-humana, a inteligncia rala, a passividadeante os poderosos: retrato fiel do caboclo sertanejo com sua conscincia embotada,condio sub-humana, inteligncia rala, as suas reaes resultantes de reflexoscondicionados, por sua vez determinados pelas relaes do homem com a prpriapaisagem e pela passividade ante os poderosos.

    a relao homem x paisagem: a relao do homem com a natureza nos mais diversoscontextos e situaes, onde a racionalidade tem um limite diretamente proporcional

    justificativa de sobrevivncia da raa humana no planeta. Matar e sobreviver soatitudes limtrofes entre racionalidade e irracionalidade no ser humano.

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    Homem trgico e fatalista: outro tipo de sertanejo trgico e fatalista, frio, comdeterminao inabalvel, aceitando como inevitveis os fatos consumados.

    Ausncia de nomes = alegorias: A despersonalizao das crianas patente na

    ausncia de nomes. nico fiapo de esperana possvel de futuro melhor, os paisprojetam a educao deles. O menino mais novo quer ser Fabiano e recebe um avisodesanimador: derrubado violentamente pelo bode em que tentara montar para provarsuas habilidades. O menino mais velho, mais inquieto, procura apoio em Baleia,quando punido pela sua curiosidade.

    Importncia e Baleia na narrativa: Baleia, em Vidas Secas, parece possuir almaque partindo deste mundo Acordaria feliz, num mundo cheio de pres. E lamberia asmos de Fabiano, um Fabiano enorme (...). O mundo ficaria todo cheio de pres,gordos, enormes. Por isso pode ser considerada uma personagem que transcende oslimites de um simples co. Ela assume a funo de um ser que pensa e que possui a

    esperteza de homem O objeto desconhecido continuava a amea-la. Conteve arespirao, cobriu os dentes, espiou o inimigo por baixo das pestanas cadas. Ficouassim algum tempo, depois sossegou. A relevncia atribuda cachorra Baleiasimboliza o reconhecimento de um ser que, ora animal, ora criana, tematiza o lirismopresente no romance.

    a opresso e a falta de comunicao entre os seres da famlia: existncia da falta decomunicao e linguagem por parte da famlia, que se torna um processo constante degrunhidos, gestos e vrios monlogos como a melhor atitude de expresso em busca deuma colocao existencial como seres humanos, que na verdade ocorriam falsas

    esperanas porque no se sentiam pessoas e sim bichos, vivendo em constantedesentendimento sem um entender o outro, com o narrador onisciente integrando-se aoleitor atravs da traduo verbal, no contexto em que se encontram as personagens, semmetas de vida e fugindo da seca e desgraa. Estas, vivendo no plano social e existencial,levando em considerao o seu psicolgico nos mostrando a verdadeira realidade daregio do Nordeste, onde muitos tentam a vida na sorte e muitos no conseguem seintegrar na sociedade por no terem dilogos e boa comunicao na forma de seexpressar pela lngua.

    O espao

    onde ambientada a narrativa: A maior parte da histria se passa nacaatinga(nordeste), que funciona cimo um dos agentes causadores das ms condies devida por que passa Fabiano e sua famlia. Trata-se de um lugar rido e inspito, que,aliado seca, no oferecia meios de sobrevivncia, o que fazia com que os retirantescontinuassem numa mudana constante, caracterizando assim, um aspecto circular naobra, j que a histria comea com a mudana da famlia e termina com a fuga: afamlia deixa o lugar onde est, na tentativa de se estabelecer na vida.

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    os dois recortes espaciais: o ambiente rural e o urbano: para dois recortes espaciais:o ambiente rural e o urbano. A relevncia desse recorte se deve s sensaes deadequao ou inadequao dos personagens em um ou outro espao. Fabiano consegue,apesar da misria presente, dominar o ambiente rural. Incapaz de se comunicar, opersonagem, desempenhando a solitria funo de vaqueiro, no sente tanto as

    consequncias de seu laconismo. Alm disso, conhece as tcnicas de sua profisso, oque lhe d uma sensao de utilidade e permite que goze at de certa dignidade. Apassagem em que seu filho o admira ao v-lo trabalhando deixa claro isso. Na cidade,porm, Fabiano vivencia, a cada nova experincia, o sentimento de inadequao. Oscaptulos Festa e Cadeia ilustram bem essa sensao.

    a interferncia da natureza no destino do homem: a natureza muda totalmentee passa a ser declarada hostil ao brasileiro, o nordestino sofre com a seca dosemirido e j no se conforma somente em observ-la porque agora ele vtimada degradao gerada pelo espao. A harmonia que unia o homem ao ambientenuma simbiose rompida, no romance de 30 a seca s retira do sertanejo a

    condio de viver.Em Vidas Secas, a seca do serto aparece como um mal, portanto, pode-se falarem natureza monstruosa devido aos largos perodos de estiagem que destroem avida. A partir desse aspecto, este trabalho tratar da natureza seca como ummonstro questionador e problematizador do ideal de nao.

    O tempo:

    o tempo cronolgico x o tempo psicolgico: Alm da falta de linearidade do tempo,em Vidas Secas h ntida valorizao do tempo psicolgico, em detrimento docronolgico. Essa opo do narrador de ocultar os marcadores temporais tem comoprincipal consequncia o distanciamento dos personagens da ordenao civilizada dotempo. Dessa forma, nota-se que a ausncia de uma marcao cronolgica temporalserve, enquanto elemento estrutural, como mais uma forma de evidenciar a exclusodos personagens.Por outro lado, a valorizao do tempo psicolgico na narrativa faz com que asangstias dos personagens fiquem mais prximas do leitor, que as percebe com muitomais intensidade.

    A linguagem

    A ausncia de dilogos: A ausncia de dilogos se faz presente devido uma ausnciavocabular por parte das personagens, que se comunicam atravs de onomatopeias,exclamaes, resmungos e gestos, enfatizando a animalizao dos personagens e asolido, marcante da vida de todos os membros da famlia, que so marginalizadostambm pelo fator lingustico Assim, h a predominncia do discurso indireto livre ouatravs de monlogos interiores, onde o narrador ordena logicamente os discursos epensamentos dos personagens.

    Dificuldade de comunicao: Vidas Secas conta a historia de uma famlia deretirantes, que de certa forma no proporciona a coeso para uma historia, pois adificuldade da andana pela atmosfera seca no d profundidade para qualquer tipo de

    comunicao entre os componentes da famlia, explicando as dificuldades ecomunicao de Fabiano e a falta de nome dos meninos, bem como o sacrifcio do

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    papagaio, que se transforma na comida salvadora. H uma linguagem rude e seca,refletindo, assim, o universo das personagens retratadas.

    O discurso indireto livre: permite uma narrativa mais fluente, de ritmo e tom maisexpressivamente elaborados, com grande efeito estilstico, em virtude da ausncia de

    qus e de cortes e adaptaes sinttico-semnticas. O elo psquico que se estabeleceentre o narrador e sua personagem, nesse tipo de discurso, faz com que este sejabastante empregado nas narrativas de cunho memorialista ou de fluxo da conscincia,como o caso de Vidas Secas. Como a distino entre a fala e os estados mentais dapersonagem e o discurso do narrador por vez um tanto sutil, o contexto narrativodesempenha papel importante, em se tratando da apreenso do discurso indireto livre.

    Frase do autor: "O que me interessa o homem, e homem daquela regio asprrima.Julgo que a primeira vez que esse sertanejo aparece em literatura. Procurei auscultar aalma do ser rude e quase primitivo que mora na zona mais recuada do serto, observar areao desse esprito bronco ante o mundo exterior, isto , a hostilidade do meio fsico e

    da injustia humana. Por pouco que o selvagem pense - e os meus personagens soquase selvagens - o que ele pensa merece anotao".

    A definio de contextualidade: um meio de comparao com algo por meio dotexto.

    H ocorrncia da contextualidade entre Vidas secas, a msica Asa Branca e a coleoOs retirantes, de Cndido Portinari, j que Asa Branca o hino do nordeste.