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Revista de Domingo nº 623

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Revista semanal de Jornal de Fato

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Jornal de Fato | DOMINGO, 29 de setembro de 2013

ao leitor

• Edição – C&S Assessoria de Comunicação• Editor-geral – Wil liam Rob son• Editor – Nara Andrade• Dia gra ma ção – Rick Waekmann• Projeto Gráfico – Augusto Paiva• Im pres são – Grá fi ca De Fa to• Re vi são – Gilcileno Amorim e Stella Sâmia• Fotos – Carlos Costa, Marcos Garcia, Cezar Alves e Gildo Bento• In fo grá fi cos – Neto Silva

Re da ção, pu bli ci da de e cor res pon dên cia

Av. Rio Bran co, 2203 – Mos so ró (RN)Fo nes: (0xx84) 3323-8900/8909Si te: www.de fa to.com/do min goE-mail: re da cao@de fa to.com

Do MiN go é uma pu bli ca ção se ma nal do Jor nal de Fa to. Não po de ser ven di da se pa ra da men te.

Adoradas pelos meninos, principalmente, por faze-rem parte do universo dos super-heróis, persona-gens que povoam o imaginário das crianças e até

mesmo de muitos marmanjos, as armas de brinquedo estão, há muito tempo, no centro de uma grande polêmica.

Pais, educadores, psicólogos, fabricantes e comerciantes divergem sobre possíveis efeitos negativos provocados pe-lo contato com armas de brinquedo, mesmo a maioria sen-do tão coloridas.

Enquanto de um lado, estão aqueles que defendem que esse tipo de objeto pode incentivar a violência, desencade-ando comportamentos agressivos nas crianças, do outro estão os que acreditam ser o brinquedo um objeto inofen-sivo e que os pais devem ficar atentos com a forma como o brinquedo está sendo usado nas brincadeiras.

DOMINGO conversou com pais, lojistas e com uma psi-cóloga, que aceitaram dar suas opiniões sobre o tema tão polêmico.

A revista traz, também, uma matéria sobre mais uma edição do projeto Makenzie Voluntário, que será realizada no próximo sábado, dia 5 de outubro, em Mossoró.

Promovido pelo Instituto Presbiteriano Mackenzie, em todo o Brasil, no Rio Grande do Norte acontecerá nos mu-nicípios de Mossoró, Macaíba e na capital do estado Natal, pelas Igrejas Presbiterianas dessas cidades. O projeto con-grega diversas ações de cidadania, solidariedade e respon-sabilidade social.

Como este domingo, 29, é marcado pelas comemorações do Dia Mundial do Coração, DOMINGO traz uma entrevista com a nutricionista Kaline Melo, sobre erros e acertos dos hábitos alimentares e dicas para garantir a saúde do cora-ção.

Boa leitura, Nara Andrade

editorial

Polêmica

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Voluntariado

Colunista Davi Moura: Camarão na cachaça

Pais, psicólogos e comerciantes opinam se armas de brinquedo incentivam ou não a violência

Rafael Demetrius: Camarão na cachaça

Adoro comer

Brinquedo polêmico

Sua carreira

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Igreja Presbiteriana promove mais uma edição do Mackenzie Voluntário em Mossoró

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JOSÉ NICODEMOS*

conto

)( Envie sugestões e críticas para oe-mail: [email protected]

Lá dentro do quarto, a esposa só esperando a hora. Câncer. Ain-da moça, 32 anos. Três filhos.

O mais velho, sete anos. Em redor da cama, amigas da vizinhança, rezando.

Pedrinho preferiu ir sentar na calça-da, com os filhos de lado. Não suportaria ver a mulher morrendo, tão nova ainda. Os filhos por criar. Retirou-os do quarto, a ficarem com ele, lá fora. O mais novo, três anos, sobre as pernas.

Dentro do peito, uma dor profunda. Tanta gente perversa, neste mundo, fa-dada à vida longa, e com saúde, pensou. Tanta gente que, tendo morte prematu-ra, seria isto melhor para a humanidade. E ele via a mulher finar-se em plena mo-cidade, sendo-lhe arrancado o direito natural de criar os filhos, ela que nunca fora, até hoje, capaz de fazer mal a nin-guém. Sensível à dor alheia, até além da conta.

Não que fosse de si desejar a morte de ninguém, perverso que fosse. O maior inimigo, que não tinha. Nunca teve. Po-dia dizer-se um homem de bons senti-mentos. Bom esposo, bom pai, bom amigo. E aquela maldição pesando-lhe sobre a vida. Sofria mais pelo sofrimen-to dos filhos inocentes. Tão apegados à mãe, que seria deles. Aquilo matando-o por dentro.

Olhava a rua, o olhar sem direção. Sem luz. Esperando, em silêncio mortal,

O absurdo do mundo

a terrível voz vinda lá de dentro de casa: Rafaela acabara de morrer. Os filhos, junto a ele, Pedrinho, calados, os olhos capiongos. Numa tristeza de cortar o co-ração. Até o mais novo, parecia entender o desfecho daquele momento nublado.

Pedrinho ali perdido em suas indaga-ções interiores. Se nada no mundo se move sem o consentimento de Deus, en-tão, por que Deus faria isso com seus fi-lhos? Não seria fácil se acostumarem com a ausência definitiva da mãe, tão apega-dos que lhe eram. E uma dor sem nome, terrivelmente mortal, vara-lhe o peito.

Por quê? Não se poderia conformar. Nisto, o menino mais novo pede-lhe

para ver a mãe. Chorando. Foi como se uma lança em brasa lhe atravessasse o corpo e a alma, e virou o rosto para cho-rar o choro até então sufocado. Vontade de sair gritando rua afora, feito um lou-co. Apertou o filho menor ao peito, di-zendo-lhe qualquer coisa.

De repente, a esperada voz lá dentro de casa, como se em sua tonalidade se desfolhassem todas as dores do mundo:

– Pedrinho, Rafaela acaba de mor-rer.

Ele via a mulher finar-se em plena mocidade, sendo-lhe arrancado o direito natural de criar os filhos, ela que nunca fora, até hoje, capaz de fazer mal a ninguém.

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entrevista

KALINE MELOKALINE MELO

Por NARA [email protected]

‘Os males do coração ainda são os maiores vilões da longevidade’

Bacharel em Nutrição pela Univer-sidade Potiguar (Natal/RN) da turma de 2009, aos 27 anos, a

mossoroense Kaline Melo Chaves já é especialista em Nefrologia pelo Institu-to Cristina Martins (Curitiba/PR), e Nu-trição Clínica no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Recife/PE), está cursando Especializa-ção em Bases Nutricionais na Atividade Física pela Universidade Gama Filho (São Paulo/SP). Atualmente, ela atua na

área de nutrição clínica e esportiva. Ela conta que Nutrição sempre foi sua pri-meira opção de vestibular, desde os 14 anos. Para Kaline Melo, a Nutrição é uma área apaixonante e é impressionante ver a transformação que uma alimentação adequada opera nas pessoas, mudando os aspectos orgânicos e os psicológicos. Neste domingo em que se comemora o Dia Mundial do Coração, a nutricionista traz dicas e orientações para garantir a saúde do coração.

DOMINGO – De modo geral, as pes-soas cometem muitos erros na hora de se alimentar?

KALINE MELO – Justamente por con-ta da rotina diária, alguns pulam o café da manhã, outros não seguem os lanches e também substituem o almoço ou jan-tar por refeições rápidas, com uma maior quantidade de gordura saturada e pouca ingestão de fibras ao dia. Muitas pessoas também não ingerem a quantidade certa de água diariamente. Esses são somen-te alguns erros mais comuns que muitas vezes ocasionam ganho de peso, obsti-pação intestinal, desordens metabólicos, entre outros.

NO QUE as pessoas mais erram?PULAR o café da manhã: Deixar de

se alimentar pela manhã é um dos erros mais comuns pela população.

Comer só alimentos light e diet: Um erro comum é interpretar o produto diet e light como “liberado” para quem está em dieta, infelizmente, não é assim que funciona. Muitas vezes a pessoa consome o dobro, só porque é light o resultado não vai ser o esperado. Não jantar ou jantar só fruta: não devemos pular nenhuma refeição. Não fazem o lanche pré-treino: É um erro fazer jejum antes ou depois de treinar. A sua alimentação deve ser saudável e adequada ao tipo de exercício físico, adequando a quantidade certa de proteína e carboidrato.

O QUE não pode faltar no cardápio

diário de uma pessoa?PRIMEIRAMENTE o equilíbrio entre

todos os nutrientes no plano alimentar é o ideal, com uma dieta rica em alimen-tos de origem vegetal, hortaliças, frutas, chás, integrais e peixes pode oferecer melhora na imunidade celular contra di-ferentes micro-organismos e células do-entes. Já os produtos ricos em vitamina C, zinco, vitamina E e betacaroteno pro-tegem organismo contra a oxidação pro-vocada pelos radicais livres.

DIFERENTE de anos atrás, hoje te-

mos uma quantidade muito maior de produtos diets, ligths, integrais e des-natados nas prateleiras dos supermerca-dos. As pessoas sabem consumir esses produtos de forma saudável?

ATUALMENTE as pessoas estão pro-curando produtos mais saudáveis e ino-vadores, que sejam seguros e de prática utilização. Na esteira dessa tendência mundial, cresce o consumo desses pro-dutos, indicados para quem precisa man-ter dietas restritivas ao açúcar ou está preocupado com a estética e em manter hábitos alimentares saudáveis. No Brasil, país da proliferação das cirurgias plásti-cas, clínicas de estética, academias de

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entrevista

ginástica e das poções milagrosas para emagrecimento, não poderia ser dife-rente. No entanto, a grande maioria das pessoas não sabe diferenciar os produtos light dos diet ou integral ou desnatado e, ainda, em algum momento, acredita que são sinônimos. O consumidor não está suficientemente esclarecido sobre o significado destes termos e sente-se pouco seguro em utilizar tais alimentos, ou o utiliza de forma inadequada devido à falta de compreensão das declarações de rotulagem. Outro aspecto é que são poucas as pessoas que se preocupam em saber o que cada um desses alimentos apresenta em sua composição e porque são diferentes dos demais.

MUITAS pessoas até conseguem per-der peso, mas se queixam da dificuldade de manter o peso desejado e acabam en-gordando. Por que isso acontece?

MAIS importante do que decidir emagrecer e perder peso é passar a ter uma rotina mais saudável e que te pro-porcione manter no seu dia a dia. Nor-malmente, as pessoas optam por “recei-tas mágicas de emagrecimento” como dietas extremamente rígidas que res-tringem diversos tipos de alimento, in-gestão de inibidores de apetite e outros radicalismos ainda mais perigosos. Mas a verdade é que a proibição geralmente gera ansiedade e compulsão para comer, causando a recuperação do peso perdido. É claro que para se manter firme nessa nova rotina saudável é preciso evitar o consumo de alimentos ricos em açúcar e gordura, além dos industrializados. Mas o importante é saber que existem muitos outros alimentos que podem te ajudar na manutenção de peso, principalmente aqueles que são ricos em fibras e água. Assim com o profissional Nutricionista ao teu lado orientando cada quantidade e tipo de alimento a ser consumido no seu dia.

AS PESSOAS só procuram o nutricio-nista para tratar questões relacionadas ao peso, ou em outras situações. Quando se deve procurar um nutricionista?

UMA vida saudável começa com uma boa alimentação. E, infelizmente, a maio-ria das pessoas só procura um nutricio-nista quando precisa emagrecer. Porém há vários outros motivos para você fazer um acompanhamento nutricional com um profissional qualificado:

Se descobrir uma doença ou condição que afete sua alimentação, como hiper-tensão, diabetes, câncer etc;

Controle do diabetes, melhorar os níveis de lipídios sanguíneos (colesterol, triglicerídeos) ou tratar pela alimentação de outras alterações plasmáticas;

Quando não estiver conseguindo con-ciliar uma alimentação saudável com sua

rotina de trabalho, estudos ou lazer; Se for passar por alguma cirurgia gástrica ou intestinal; Quando estiver gestante ou amamentando; Quando tiver iniciado um programa de exercícios físicos ou quiser melhorar sua performance esportiva e/ou mental; Quando precisar de um car-dápio específico para você ou para sua família; Se o intestino não estiver fun-cionando bem; Alergias ou intolerâncias alimentares; Terceira idade com qualida-de de vida; Distúrbio alimentar: anore-xia, bulimia, entre outros; Se estiver em transição para uma dieta vegetariana.

HOJE, muito ouvimos falar sobre ali-mentos funcionais. O que são esses ali-mentos e quais os seus benefícios?

O TERMO “alimentos funcionais” se refere a alimentos que contêm in-gredientes ativos que beneficiam o or-ganismo de alguma forma, possuindo assim grande potencial para abrandar a evolução de doenças, promover a saúde, reduzindo como consequência os gastos relacionados à assistência à saúde. Al-guns exemplos de alimentos funcionais reconhecidos cientificamente são: o alho, o vinho, a aveia, a soja, a linhaça, o to-mate, alguns tipos de chás, entre mui-tos outros. De acordo com o Comitê de Alimentos e Nutrição do Instituto de me-dicina internacional (IOM/FNB), alimen-tos funcionais são qualquer alimento ou ingrediente que possa proporcionar um benefício à saúde, além dos nutrientes tradicionais que ele contém. Em geral, os probióticos, prebióticos, fitoesteróis, antioxidantes e as fibras são alimentos funcionais e podem atuar evitando a ab-sorção da gordura e do colesterol, são bons para o intestino e beneficiam a saú-de em geral.

DIARIAMENTE, revistas e sites apresentam novas dietas, prometendo resultados milagrosos e rápidos. Tem dieta das cavernas, detox, de sopas, de chás, dos pontos, enfim, uma infinida-de. Essas dietas realmente funcionam? Como saber se uma dieta não representa um risco para a saúde?

QUANDO o assunto é entrar em forma urgente, é muito comum ver mulheres e homens apelando a dietas mirabolantes, que prometem resultados milagrosos e sem sacrifício nenhum. Mas preste aten-ção: muitas delas nãos possuem compro-vação científica. Muitas delas apresen-tam um baixo valor calórico, podendo apresentar alterações no metabolismo, como a perda de massa magra. Porém, a prática de atividade física, alimentação saudável e fracionada proporcionam re-ais benefícios à saúde. A suplementação de vitaminas e minerais deve ser feita com cautela, pois o excesso de algumas vitaminas e minerais pode ser prejudicial

à saúde. Para sua segurança e sucesso da sua dieta, procure um nutricionista.

PROBLEMAS cardíacos ainda estão entre as principais causas de morte do mundo? Quais as principais causas de problemas cardíacos?

NO BRASIL e no mundo, os males do coração ainda são os maiores vilões da longevidade, levando a um número es-pantoso de desfechos desfavoráveis. Só para se ter uma ideia, no último levan-tamento feito pelo Datasus, as doenças cardiovasculares foram as responsáveis pelo maior número de óbitos no País, che-gando a responder por 28% das mortes. Os problemas mais comuns são os der-rames e os infartos, que correspondem a 31% e 30% dos óbitos, respectivamente. Outro problema prevalente no Brasil é a hipertensão arterial, que acomete 22,7% da população e aumenta muito os riscos de complicações cardiovasculares. Muito disso se deve ao estilo de vida moderno, que inclui sedentarismo, alimentação ir-regular e rica em gorduras e sal.

O QUE é possível fazer para prevenir problemas do coração?

NÃO exagere na comida. Além de es-colher bem o tipo de alimento que vai à sua mesa, é preciso acertar na quantida-de na hora de fazer o prato. O excesso de calorias leva ao sobrepeso, à obesidade e a uma série de doenças crônicas, como a pressão alta e o diabetes, que fazem o risco cardiovascular disparar. Assim, é preciso garantir que estamos comendo exatamente o que o corpo precisa para funcionar. Nem mais, nem menos. Nes-se sentido, contar com uma consultoria nutricional será um diferencial. Conheça o seu fator de risco. Existem fatores que podem ou não ser modificados. Entre eles estão a idade, o gênero e o histórico familiar. Já a pressão e o colesterol altos, o tabagismo, o sedentarismo, o diabetes tipo 2, a obesidade, o estresse, o exces-so da ingestão de álcool e sal e gorduras podem ser driblados. Consulte o cardio-logista pelo menos uma vez ao ano. Man-tenha a pressão sob controle. Consuma mais peixes, pois os peixes de água fria são ótimas fontes de ômega-3, gordura saudável que tem ação comprovada so-bre a saúde do coração, já que contribui para reduzir os níveis de triglicerídeos e colesterol no sangue. Evite o cigarro e o fumo passivo. Escolha melhor quando for comer em restaurantes. Mesmo comendo fora, dá muito bem para manter a linha e poupar o seu coração. Controle o co-lesterol, escolha opções mais saudáveis e livres de colesterol. Turbine a fruteira. As verduras e frutas de cores variadas são alimentos ricos em antioxidantes, substâncias que previnem a formação de placas nos vasos sanguíneos.

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Brinquedopolêmico Há tempos, pais, psicólogos e comerciantes divergem sobre os efeitos de armas de brinquedo na formação social das crianças. Afinal de contas, o brinquedo incentiva ou não comportamentos violentos?

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Comportamento

Sancionada no Distrito Federal, uma lei que proíbe a fabricação, distribuição e a venda das ar-

mas de brinquedo e réplicas de armas de fogo, trouxe à tona uma antiga polêmica entre pais, educadores, psicólogos e co-merciantes, sobre a possibilidade desse

tipo de brinquedo influenciar ou não comportamentos violentos nas crianças. Afinal de contas, armas de brinquedo são realmente prejudiciais para a formação da personalidade da criança? Será que uma arma de brinquedo na mão de uma criança pode chegar a estimular a vio-

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lência? A proibição das vendas diminui-rá atitudes violentas nas crianças?

DOMINGO conversou com a psicólo-ga clínica e hospitalar Tárcia Gabriela de França Silva sobre o assunto.

Segundo a especialista em psicologia e psicoterapia transpessoal, essas são questões que geram muita polêmica, pois as opiniões dos especialistas no as-sunto, como psicólogos e educadores, ainda divergem bastante.

Ela explica que no dia-a-dia, as crian-ças, principalmente, os meninos, brin-cam espontaneamente de luta imitando os seus super-heróis. Assim, gravetos, peças de encaixe, prendedores de roupa, facilmente podem se transformar em uma arma nas brincadeiras infantis. As crianças elaboram suas vivências diárias, suas emoções, angústias e medos nas brincadeiras de faz de conta. Isso acon-tece porque a criança quando inicia uma brincadeira, sabe que está atuando em um universo que não é o mundo real,

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Comportamento

)) Psicóloga tárcia Gabriela de França

)) Patrícia Rosaliny, mãe de Heitor Gabriel, não é contra armas de brinquedo

sentindo-se com mais liberdade para expressar seus sentimentos no momen-to da brincadeira.

“Brincar significa apenas brincar. Uma arma de brinquedo não tornará um indivíduo mais violento do que já é por sua natureza. Portanto, as armas de brin-quedo por si só não estimulam a agres-sividade nas crianças, é preciso um con-junto de fatores. A violência em si não está na arma, mas no comportamento, no uso e no contexto em que vive essa criança”, comenta.

Ainda de acordo com a psicóloga, é preciso preocupar-se não com a criança que participa de brincadeiras em que são encenados tiroteios e brigas, mas com aquelas que nunca participam deles. Is-so porque, a agressividade, em vez de estar sendo dramatizada e expressada no brincar, pode estar sendo reprimida.

“Por trás de uma criança tímida de-mais, que não brinca, não interage com outras crianças, pode estar acontecendo um acúmulo de agressividade que pode explodir anos depois, sob a forma de agressão contra si mesmo ou a outras pessoas”, frisa.

A utilização desses brinquedos para a expressão da agressividade, principal-mente, dos meninos em uma determi-nada faixa etária, pode ter uma função pedagógica desde que isso seja feito den-

tro de regras bem definidas e com uma atenção especial dos adultos.

Esse tipo de brincadeira pode ajudar a criança que expressa a sua agressivi-

dade de forma lúdica a canalizar os seus sentimentos e perceber os seus limites.

“Outro ponto a destacar é que um brinquedo pode ter diversas significações para cada criança. Da mesma forma, encontram-se as diversidades nas crian-ças que gostam de brincar de armas. Elas podem estar apenas imitando, quando viram outras crianças brincando, ou por-que viram na TV, não expressando senti-mento algum, apenas imitando. Enfim, o fato de impedir que uma criança brinque com armas não significa que alguma coi-sa má foi evitada ou eliminada”, fala.

Para Tárcia Gabriela, a maior preocu-pação que se deve ter é com os exemplos que os pais estão passando para os filhos, isso sim pode estimular mais a violência do que uma arma de brinquedo.

“O brinquedo é uma forma de expres-são e da satisfação das necessidades, mas não é por isso que os pais devem enco-rajar os filhos a comprar armas de brin-quedos. Melhor do que comprar uma arma de brinquedo ou não, é sentar ao lado do seu filho e brincar com ele. Além de ser divertido, é o melhor incentivo para o equilíbrio emocional que uma criança pode ter”, orienta.

OPINIÃO DOS PAIS Assim como a psicóloga, a mãe do

pequeno Heitor Gabriel, de um ano e 10 meses, Patrícia Rosaliny, acredita que tudo vai depender da educação dada à criança.

“Não sou contra. Acho que existem

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)) Kamila Regis não permite o filho Zadoque brincar com armas ou assistir desenhos violentos

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Comportamento

outras coisas que incentivam mais a vio-lência do que um simples brinquedo. A gente ajuda a formar a personalidade, mas se a criança desenvolver um com-portamento violento, não será por causa do brinquedo, até porque para brincar, dependendo da imaginação da criança, até um pedaço de pau é uma arma. A criança tem que saber distinguir o real do fictício, e cabe aos pais ficarem aten-tos ao tipo de brincadeira do filho, e como ele se comporta ao brincar, por exemplo, com uma arma, se houver alguma reação preocupante, aí devem interferir e mos-trar o que está certo e errado”, afirma.

Patrícia lembra que o convívio do filho com armas é quase inevitável, porque tem dois policiais em casa.

Já a mãe de Zadoque Regis Ricarte, de 2 anos e 5 meses, Kamila Regis, diz que o filho não tem nenhuma arma de brinquedo e como nunca foi incentivado pelos pais não se interessa.

“Não sou a favor de brinquedos de armas e nem de desenhos violentos. Pre-firo os brinquedos educativos. Acredito que armas de brinquedos e desenhos violentos podem desencadear compor-tamentos violentos, porque Zadoque imita todos os desenhos que assiste. Ele está na fase de imitar tudo que a gente faz, por isso eu e o meu esposo temos o maior cuidado”, ressalta.

Maeli Araújo também não aceita que o filho brinque com armas de brinquedo. Ela que é mãe de Nicolas Renan, de 2 anos e 10 meses, é bem radical sobre o assunto.

“Não deixo de jeito nenhum. Acho que isso pode deixar ele violento no fu-turo. O mundo já está tão violento. E po-de piorar se a gente estimular a criança com esse tipo de brinquedo. Ainda bem que ele não ganhou nada desse tipo nos aniversários e se ganhasse não deixaria brincar”, enfatiza.

VISÃO DOS lOjIStAS Algumas lojas especializadas na co-

mercialização de brinquedos foram pro-curadas e explicaram que os clientes vêm mudando a postura nos últimos anos.

A vendedora Raele Costa, de uma tradicional loja de brinquedos na cidade de Mossoró, com cerca de 30 anos no mercado mossoroense, afirma que a maioria dos pais procura outro tipo de brinquedo, só compra armas quando os filhos insistem muito.

“Nós temos aqui itens para crianças dos 3 aos 7 anos, como aquelas pistolas de água, e outros para crianças dos 9 aos 13 anos, mais pré-adolescentes, que são aquelas armas que atiram dardos. Mas, os pais evitam dar armas”, comenta.

Já a proprietária de outra loja, que está na cidade há dois anos, Lizandra Maclaide Freitas da Silva, diz que, além de ter percebido uma queda na procura por armas de brinquedo nesse período de funcionamento da loja em Mossoró, também notou que as fábricas de brin-quedos estão reduzindo a variedade des-se tipo de produto, investindo em outros tipos de brinquedos.

Para ela, caso uma lei semelhante fosse criada no Rio Grande do Norte, a

loja não seria prejudicada, já que os pró-prios clientes já vêm mudando o com-portamento, deixando de comprar ar-mas, optando por outros itens vendidos na loja.

“Seria necessário apenas uma adap-tação, já que tem alguns super-heróis, por exemplo, que vêm com suas armas e como explicar para as crianças que es-ses personagens não terão mais armas. Mas, quanto à questão financeira, não teríamos prejuízo”, frisa.

)) Armas de brinquedo ainda são encontradas no mercado, mas procura está diminuindo

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Voluntariado

Mackenzie

Igreja Presbiteriana do Brasil desenvolve projeto social em todo o país nos três primeiros sábados de outubro; em Mossoró, ações acontecem no próximo dia 5, prestando atendimento de saúde, emissão de documentos e orientações jurídicas

)) Equipe da edição 2012 do Mackenzie Voluntário, da Igreja Presbiteriana de Mossoró

Voluntário

Nos próximos dias 5, 12 e 19 de outubro, acontecerá mais uma edição do projeto social Ma-

ckenzie Voluntário. Promovido há dez anos pelo Instituto Presbiteriano Ma-ckenzie, o projeto é realizado no contex-to das atividades institucionais e exten-sionistas da entidade e congrega as di-versas ações de cidadania, solidariedade e responsabilidade social e ambiental.

No Rio Grande do Norte, neste ano, o projeto será realizado nos municípios de Mossoró e Macaíba, além da capital do Estado, Natal, pelas Igrejas Presbiteria-nas locais.

Este é o segundo ano que o Mackenzie Voluntário acontece em Mossoró, sob a

responsabilidade da Igreja Presbiteriana Central.

A ação será realizada no próximo sá-bado, 5, nas imediações do templo da referida igreja, situada à Rua Felipe Ca-marão, 711, bairro Doze Anos.

A programação terá início às 9h e se-guirá até as 16h, parando uma hora para o almoço, das 12h às 13h.

O pastor-presidente do conselho da Igreja Presbiteriana Central de Mossoró, Samuel Ribeiro, lembra que as ações na cidade contam com a parceria do Hemo-centro, que fará coleta de sangue no local.

Entre os serviços oferecidos durante a segunda edição do Mackenzie Voluntá-rio em Mossoró, estão: atendimento na

área de saúde, emissão de documentos (1.ª e 2.ª vias de carteira de identidade e CPF), cortes e atendimentos jurídicos.

Durante todo o dia, serão realizadas consultas com clínico-geral, nutricionis-ta, pediatra, ginecologista, fisioterapeu-ta, psicóloga e dentista, além de pequenas cirurgias, verificação de pressão, teste de glicemia e vacinação.

As ações têm como público-alvo toda a comunidade no entorno da igreja, bem como todos aqueles que desejarem rece-ber atendimento.

De acordo com o pastor Samuel Ri-beiro, coordenador das ações desenvol-vidas em Mossoró, o objetivo do projeto é auxiliar a comunidade mossoroense, pregando o Evangelho não apenas em palavras, mas em ações. “Buscamos tam-bém contribuir com os ‘8 Objetivos do Milênio’, propostos pela ONU.

“O projeto faz parte de um conjunto de ações sociais desenvolvidas pela Igre-ja Presbiteriana Central de Mossoró. Te-mos trabalhado com os idosos, por meio do ‘Encontro da Preciosidade’, e com as crianças, por meio da ‘Escola Bíblica de Férias’. Também ajudamos a comunida-de, a todos aqueles que precisarem, por meio da nossa Junta Diaconal, que é um grupo de membros da igreja, de oficiais, que auxiliam a comunidade por meio de cestas básicas, visitas de capelania e au-xílio médico. Queremos ser, cada vez mais, uma igreja relevante e atuante em nossa sociedade”, esclarece.

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Voluntariado

)) Atendimento na sala de vacinação no Mackenzie Voluntário 2012

)) Pastor Samuel Ribeiro, da coordenação do projeto em Mossoró

Na edição de 2012 do projeto, foram realizados 472 atendimentos. Neste ano, a coordenação do evento está preparada para atender a 600 pessoas. Ao todo, es-tão sendo esperadas 50 doações de san-gue e a realização de 40 microcirurgias.

O pastor Samuel Ribeiro explica que a equipe neste ano será reduzida para garantir maior organização. Enquanto na edição anterior foram realizadas 160 ins-crições, neste ano estão abertas 140 va-gas para trabalhar no evento.

“Entre os inscritos para esta edição, teremos equipes de Fortaleza (CE) e de Natal, que vêm conhecer a forma de re-alização do projeto aqui, para poder im-plantar em suas cidades”, comenta.

ObjEtIVOS PROPOStOS PElA ONU Os projetos e ações desenvolvidas no

MV compreendem diversos tipos de ati-vidades socioculturais e educativas, pas-sando pelas áreas de saúde, educação e cultura, além de atividades esportivas, recreativas, de educação ambiental, meio ambiente e paisagístico, desenvolvimen-to humano e, projetos estruturais, como recuperação de praças públicas, pinturas de escolas, creches e consertos em geral, todas baseadas nos Oito Objetivos de De-senvolvimento do Milênio propostos pe-la ONU.

São eles: 1- Acabar com a fome e a miséria; 2- Educação básica de qualidade

para todos; 3- Igualdade entre sexos e va-lorização da mulher; 4- Reduzir a mortali-dade infantil; 5- Melhorar a saúde das gestantes; 6- Combater a Aids, a malária e outras doenças; 7- Qualidade de vida e

respeito ao meio ambiente; e 8- Todo mun-do trabalhando pelo desenvolvimento.

Em 2013, a décima edição do MV tem como tema “O Bem Faz Bem, Multiplique essa ideia!”.

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ÂNGELA CLÁUDIA REZENDE DO NASCIMENTO REBOUÇAS *

Eu não quero ser uma mola ensacada individualmente

artigo

Estive me lembrando da le-tra de uma música muito conhecida da banda Le-

gião Urbana que nem sei quê nem por que me veio à mente um trechi-nho em especial: “Digam o que dis-serem, o mal do século é a solidão”. E, se me permito me contradizer, acredito que ele me veio à mente porque é uma queixa ou reclamação comum das pessoas deste nosso sé-culo. Não me lembro de nenhum dos meus amigos que nunca tenha pro-

ferido as seguintes sentenças: “Es-tou tão sozinh@”, “Fujo muito da solidão”, “Não gosto de ficar só” ou ainda que “Do que tenho mais medo nesta vida é da solidão”.

Por que toda essa geração da in-formação sente que está só? Temos o mundo das redes sociais, as pes-soas podem saber mais rapidamen-te de notícias sobre a vida das outras. Compartilhamos fotos dos nossos melhores momentos com um grande número de “amigos”, atualizamos

em questão de segundos todos os acontecimentos “importantes” que nos rondam, postamos nossos pen-samentos ou tuítes de qualquer lu-gar que estejamos e que pegue sinal de celular. Por que tanta solidão ain-da? Podemos ver pessoas e falar com elas em tempo real de onde quer que estejam. Eu, por exemplo, sempre falo com um primo meu que está em Danbury, nos EUA, e com uma prima do meu esposo que está na Bélgica. Tantas facilidades cibernéticas e ain-

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da não estamos nos sentindo acom-panhados.

Uma análise semântica das frases do primeiro parágrafo permite que possamos aproximar essas senten-ças a um único ponto de convergên-cia: o nosso modo de vida. Renato Russo não poderia ter descrito me-lhor o sentimento de solidão “Cada um de nós imerso em sua própria arrogância, esperando por um pouco de afeição”. É o que vemos!

É de se estranhar que as pessoas se cruzem pelas ruas e não se falem, não troquem nem uma simples sau-dação que, além disso, é um sinôni-mo de cordialidade. Lembro-me que nas lições que eu aprendia com meus pais sempre alguém falava em ajudar aos outros, mesmo que eles não pe-çam, que para sermos pessoas con-sideradas “boas” não era necessário esperar; era preciso ter sensibilida-de para perceber o que acontece à nossa volta. Para começar uma ami-zade é necessário iniciativa, mas o nosso mundo de hoje, se por um la-do é globalizado, por outro é exclu-dente e extremamente individualis-ta.

Comparo o nosso comportamen-to, grosso modo, com os novos col-chões que o mercado especializado apresenta: “molas ensacadas indivi-dualmente”; o colchão que tem esse tipo de mola vibra menos porque as molas não se “esbarram” umas nas outras. Com isso, a pessoa tem mais conforto ao se deitar. Chamo atenção para a parte de não se esbarrarem. Nós somos as molas ensacadas indi-vidualmente por outro motivo: o me-do. Além da solidão, a nossa conjun-tura social sofre do medo. Medo de sair de casa, medo de ir ao super-mercado a pé, medo de sair à noite, medo de passear aos domingos, me-do de viver. O medo é o que nos “en-saca”, o medo é o que faz que não nos falemos nas ruas, que faz que fiquemos tanto tempo dentro de ca-sa vivendo uma vida virtual. Esse medo também existe quando se fala no tempo. Parece que máximas como “tempo é dinheiro” têm destaque nesta nossa vida moderna e não po-demos perder nenhum dos dois.

Se perder tempo quer dizer que perderemos horas de estudo ou po-demos nos prejudicar em relação ao tão sonhado cargo ou concurso, te-mos medo também de perder esse tempo e então, mais uma vez, volta-mos para nossos sacos individuais. E então? De quem é a culpa de esse século ser o da solidão?

Minha, não é; eu até gosto dela. Ao contrário de muitas pessoas, eu me sinto bem só. É quando estou só que consigo pensar direito, escrevi-nhar crônicas como esta, tocar algu-mas músicas no violão, arrumar a casa. Brincar com os gatos. Mas, quando estou acompanhada, eu me

doo inteira. Seja a amigos, conheci-dos ou familiares. Acho que podemos administrar bem esses estados de companhia e de solidão. Os dois são bem necessários à nossa construção. Se não consigo ficar só, alguma coi-sa anda errado e é preciso descobrir o que é.

Renato Russo também sabia lidar com isso. “Hoje, não estava nada bem, mas a tempestade me distrai; gosto dos pingos de chuva, dos re-lâmpagos e dos trovões.” É possível tornar um momento solitário muito proveitoso, é possível descobrir mui-ta coisa de nós mesmos ou ainda nos aproximar da natureza.

Mas, antes, é preciso saber o que é solidão. A solidão é um estado de reencontro com nosso eu, podemos

ser nós mesmos, e somos seres fora de regras sociais quando estamos sós, fora de obrigações e responsa-bilidades. Algum de vocês que me lê já se imaginou sozinho no mundo? Sem ter dependentes, sem depen-der, sem ter de responder perguntas ou fazê-las? Sem ter de agradar nin-guém ou seguir certa tendência? Isso é se encontrar na solidão.

Muita gente passa a vida sem ter esse despertar. Tem gente que não se imagina só. Não consegue viver sem fulano, sem cicrano. E assim vive uma eterna infelicidade porque coloca o sentido da vida no outro. Não vive sem o outro, vive para o outro, tem de agradar o outro.

Eu, não! Eu não quero agradar ninguém. Vim a este mundo para viver minhas vontades. Por isso, pas-so muito tempo só. Não vou obrigar ninguém a fazer o que quero, mas não deixo de fazê-lo por ninguém. Esse é o meu mundo, é meu e só meu. Quer viver bem? Invente seu mundo, crie seus bonecos e suas histórias e nada o entristecerá.

Voltando das divagações, muita gente me diz que só digo essas coisas porque não tenho filhos, porque não vivi ainda a maternidade. Eu acredi-to. Sinceramente, eu acredito. Colo-car um ser no mundo é uma coisa de muita responsabilidade. E pode ser que eu mude; não serei eu a contra-riar a lei do tempo de que tudo muda. Mas, ao menos eu soube viver um bom momento de solidão e pude me encontrar uma vez na vida. Talvez eu mude ou talvez eu não precise disso.

Afinal, eu escolho muitas das coi-sas que acontecem na minha vida. E se eu escolher ser assim para sem-pre? E se eu não quiser mudar? Ado-ro meus estados de sonolência e de solidão. Mas, mesmo solitária, não evito me “esbarrar” com outras pes-soas. Uma coisa é não se misturar, outra coisa é querer ficar por mais tempo consigo mesma. E, mesmo gostando das minhas solidões, é sempre bom esbarrar com as pesso-as; elas me trazem muitas coisas interessantes, seja qual for o encon-tro.

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artigo

Nós somos as molas ensacadas individualmente por outro motivo: o medo. Além da solidão, a nossa conjuntura social sofre do medo.

* Ângela Cláudia Rezende do Nascimento Rebouças é professora e mestra em Linguística-UFPB

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13Jornal de Fato | DOMINGO, 29 de setembro de 2013

sua carreira

RAFAEL DEMETRIUS

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Tema polêmico, mas presente em todas as em-presas, a inveja corrói relacionamentos, destrói amizades e causa percas significativas de produ-

tividade. Em seu significado literal, inveja significa ódio pela prosperidade ou alegria de outra pessoa, além de tam-bém ser definida como o desejo de possuir alguma coisa que o outro tem. Mas há uma ainda mais incisiva, que compara o ciúme, a cobiça e a inveja: Ciúme é querer man-ter o que se tem, cobiça é querer o que não se tem; inveja é não querer que o outro tenha. A inveja é um sentimento delicado, pouco assumido, e que convive cotidianamente no ambiente de trabalho, apesar de poucos confessarem que a sentem. Nas empresas, a cada oportunidade de cres-cimento, promoção ou bom desempenho, a concorrência se acirra, e coloca-se à prova a capacidade de cada um de rejeitar ou abrigar a inveja. Mas e você? Como lida com esse sentimento? Como lida com esse assunto tão delica-do que ninguém assume e faz questão de rejeitá-lo? Saiba na coluna de hoje como evitar a inveja no ambiente de trabalho e melhorar o clima de sua empresa.

Inveja no TrabalhoNo cristianismo, esse sentimento está entre os sete pecados ca-pitais, pois o invejoso seria a pessoa que ignora suas próprias bênçãos cobiçando o que é do próximo. Na história, inclusive, muitas conspirações e mortes foram motivadas pela inveja. José do Egito, por exemplo, foi vendido pelos irmãos por ser o filho preferido de Jacó. Personagens invejosos também estão presen-tes no cinema e nas telenovelas. Ficção ou realidade, o fato é que a inveja está em todos ambientes, inclusive no dia a dia do mun-do corporativo. No mercado de trabalho, o colega invejoso pode contaminar o ambiente, desmotivar as pessoas e dificultar a con-vivência em equipe.

Tipos de InvejososPessoas com esse perfil podem se comportar de diferentes formas. Há invejosos que são mais contidos. São aqueles que invejam a prosperidade alheia, mas não fazem nada que possa atrapalhar terceiros. Contudo, o tipo mais comum e altamente prejudicial para a empresa é o invejoso que faz de tudo para prejudicar o colega invejado. É aquele que faz fofoca, intrigas e cria um clima ruim com a intenção de ‘puxar o tapete’ do outro.

Como evitar a inveja no ambiente

de trabalho

Como agem os invejososNão é tarefa tão simples saber quem são as pessoas invejosas dentro da empresa. Inicialmente elas agem de forma muito sutil. Na frente parecem bons amigos, mas ao dar as costas falam mal dos colegas. Os invejosos não perdem oportunidade para diminuir o trabalho do colega. Eles não elogiam e nem parabenizam o outro por alguma conquista, mas quando elogiam não são sinceros. Além disso, não poupam esforços para alfine-tar o colega. Se ele ainda não chegou, ele, sutilmente, pergun-ta ao chefe onde a pessoa está e por qual razão está fora do local de trabalho querendo passar a impressão de que o colega é atrasado, enquanto ele é pontual e assíduo.

Proteja-se Nenhum ambiente de trabalho está imune aos profissionais que, motivados pela inveja, sabotam seus colegas de trabalho. Para se proteger dessas pessoas, o primeiro passo é procurar não alimentar o sentimento dessas pessoas. Quem dá muita atenção às fofocas e às atitudes do invejoso está de certa forma contribuindo para que o problema cresça. Além disso, é reco-mendado evitar a superexposição. Compartilhar projetos pes-soais e profissionais, falar demais sobre a vida íntima e não guardar segredos são alguns fatores que podem ajudar o inve-joso a criar obstáculos contra a pessoa dentro da empresa.

O papel do líderUma dose de competitividade no ambiente de trabalho é até saudável. Mas, para que ela tenha efeito positivo na empresa, o líder ou o chefe precisa gerenciar os conflitos entre seus colaboradores. Percebendo que há invejosos que estão prejudicando o clima dentro do grupo, ele precisa intervir e buscar uma mudança de postura dentro da equi-pe. Já vi casos em que o chefe faz vista grossa para esse tipo de situação, o que considero errado. O verdadeiro líder é atento a sua equipe e buscar intermediar conflitos, bus-cando o bem-estar de todos.

EviteEvite participar de “rodinhas” de fofocas, caso alguém venha falar de outro colega a você, sutilmente retire-se do local ar-ranjando uma desculpa qualquer, como com muito trabalho e ter de terminar em tempo hábil. Caso alguém peça sua opinião sobre algum colega de trabalho, diga que não se sente em con-dições para avaliar e mude logo de assunto.

Admire Admire colegas isso é normal! Quando admiramos alguém é comum ficarmos felizes com o sucesso desta pessoa, com suas conquistas e realizações. O fato de não ter ainda aqueles resul-tados extraordinários daquela pessoa que admira não quer dizer que nunca terá. Assim começamos a enxergar as qualidades e competências que fizeram do admirado uma pessoa de sucesso e podemos tomá-lo como modelo para realizarmos nossas pró-prias conquistas. Essa é grande a diferença e a chave para curar maus pensamentos e a inveja alheia.

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DAVI MOURA

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adoro comer

Panificadora 2001

O vegetariano em uma churrascaria

Hotel VillaOeste, Camboeiro e Canacafé

Donna Salada

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Aproveite e acesse o http://blogadorocomer.blogspot.com para conferir esta e outras delícias!

O chef Flávio Magalhães está terminando Gastro-nomia na UnP. Lá em Natal, ele trabalhava como chef de sobremesas em um restaurante, mas começou a prestar consultorias e percebeu que o retorno era legal. Sendo assim, passou a investir mais nesse foco. Por sinal, o que ele veio fazer no Umas e Outras foi justamente isso: reorganizar o cardápio e a cozinha. Das novidades, ele implantou a costelinha com molho barbecue e a calabresa com molho de queijo. Pra quem ficou curioso, basta con-ferir a receita da coluna de hoje - o camarão na cachaça, obra do chef Flávio.

Umas e Outras na Praça da Convivência A novidade do local são os donuts, muffins e rocam-

boles recheados. A receita é totalmente nova, gostosa e eles estão investindo cada vez mais nesses produtos diferenciados, para agradar a clientela em geral. Sabe-se que a origem do donut é incerta, mas que sua pop-ularidade se deu nos Estados Unidos. Em filmes amer-icanos, é comum ver policiais comendo as famosas rosquinhas gigantes. Trata-se de um pão ou bolo frito, com diversos recheios e coberturas. Lá na 2001 estão fazendo alguns testes, para ver o que agrada o públi-co – e na primeira semana já foi sucesso. Edsoneide, sócia-proprietária, explicou que a ideia é ir incre-mentando aos poucos, com novos recheios e cobertu-ras no decorrer das semanas. Além disso, ainda há muffins, sonhos e rocamboles, todos muito generosos no recheio. Visite: R. Mário Negócio, 250, Centro. Con-tato: 084 3321-2001 | Fan Page: https://www.face-book.com/Panificadora2001uuuummm

Nosso colunista vegetariano, o goiano Gustavo Borg-es, dá a dica para os naturebas que vão a churrascar-ias - Pergunte se tem algum desconto para quem não come carne, é incomum, mas existe. Lembro uma vez que fui a uma churrascaria onde quem pegasse ap-enas itens do buffet, poderia pagar apenas metade do valor. A variedade era imensa, até mesmo camarão para os carnívoros que se aventurassem por lá. Aq-uilo foi tão convidativo que até mesmo um “carnív-oro” me acompanhou na opção sem churrasco. A mandioca é sua amiga (cozida, assada, cortada, fa-tiada, inteira) e em churrasco ela vira o prato princi-pal com vinagrete, pois muitas vezes é tudo o que você vai conseguir ali. Contente-se, coloque com molho rosê ou de pimenta, e seja feliz sem olhar pro prato alheio. Por fim, não se esqueça de aproveitar a companhia e os amigos.

Na semana passada, eu, a equipe do Adoro Comer e a turma da Personal Marketing, encontramo-nos para produzir várias fotografias dos ambientes do hotel, dos cardápios dos dois espaços e, claro, provar várias delícias. A sessão completa se realizou em duas tardes e foi pra lá de divertida! Produzimos fotos de ambi-entes, para divulgar o setor de eventos do hotel, além de pratos específicos para ilustrar os novos cardápios – e, obviamente, provamos de tudo! Destaque: ham-búrguer artesanal de salmão, espetinhos de frango, waffle de Nutella e tapioca de carne de sol. Visite: Av. Pres. Dutra, 870, Mossoró – RN - Telefone:(84) 3317-5533 – Site: http://www.villaoeste.com.br/

As opções são muitas e variam entre frango, filé, camarão e até o salpicão. O prato é imenso e é uma salada que leva de tudo: alface verde, alface roxa, pepino, tomate, cenoura, beterraba, tomate seco, coentro, peito de peru e até uns macarrõezinhos aqui e acolá. Dá tranquilamente pra duas pessoas, visto que salada é sempre acompanhamento, nunca prato principal. As porções são bem servidas e também apresentam ingredientes diferentes, como minibata-tas, cebolinhas em conserva, queijo ricota, ovos de codorna e algumas frutas, como manga. A porção vem acompanhada por uma porção de torradinhas e um molho. O Donna Salada vai ampliar seu espaço em breve, com uma estrutura maravilhosa e pronta pra receber todo mundo. Uma das novidades do novo cardápio serão os grelhados, que virão muito bem acompanhados pela boa salada já conhecida. Visite: Av. João da Escóssia, onde é o Frango da Pas-sagem. Anote aí: (84)3316-1392 / (84)3061-2850.

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adoro comer adoro comer adoro comer adoro comer

Camarão na cachaça

INGREDIENTES MODO DE FAZER

• Antes de tudo, deixe a frigideira aquecer bem. Segundo o chef, esse é um dos truques para que o prato saia perfeito;• Acrescente o óleo, deixe esquentar mais um pouco. E logo depois ponha o alho. Mexa e observe quanto o alho ficar douradinho;• Acrescente o sal e o camarão logo após e espere dar a cor rosa que ele neces-sita;• Acrescente a cachaça, realize o processo de flambar e espere finalizar;• Sirva em um prato quadrado e decore ao seu gosto.

• Sal• Óleo• Pimenta do reino• Alho cortado em lâminas• 250g de camarão• Limão, pimenta biquinho e um raminho de salsa para decorar• 1 dose de cachaça, de preferência uma repousada em barril de carvalho, para dar o tom amadeirado que o prato precisa

Receita do chef Flávio Magalhães

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