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Set/Nov 2010 | Negócios Industriais 1 O NOVO PAPEL DA CELULOSE COTAçãO MUNDIAL DA MATéRIA-PRIMA DO PAPEL TEM ALTA HISTóRICA E ATRAI INVESTIMENTOS PARA O SETOR Paulo Brant: Cenibra apresentará projeto de expansão aos acionistas ainda este ano ANO 1 . NÚMERO 2 . SET/OUT/NOV 2010 . R$ 15,00 9 772178 070000 ISSN 2178-0706

Revista Negócios Industriais

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Revista, produzida pela Letra de Forma Comunicação, voltada para o público empresarial do Vale do Aço, em Minas Gerais.

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Page 1: Revista Negócios Industriais

Set/Nov 2010 | Negócios Industriais 1

O NOVO PAPEL DA CELULOSE

cotação mundial da matéria-prima do papel tem alta histórica e atrai investimentospara o setor

Paulo Brant: Cenibra apresentará projeto de expansão aos acionistas ainda este ano

ANO

1 .

NÚM

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ISSN 2178-0706

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4 Negócios Industriais | Set/Nov 2010

A Revista Negócios Industriais é uma publicação trimestral produzida e comercializada pela Letra de Forma Comunicação Empresarial

P2SA COMUNICAÇÃO LTDA | CNPJ 07.291.053/0001-58Rua Marília, 33 A, Bela Vista, Ipatinga-MG CEP 35160-194

EDITORPaulo Assis | MG [email protected]

DIRETORJosé Geraldo de [email protected]

DIRETOR FINANCEIROCarlos Alberto S. [email protected]

REDAÇÃOAline Alves e Paulo [email protected]

CRIAÇÃOGabriel Tô[email protected]

CONSULTORIA TÉCNICADaniele Lima | (31) [email protected]

REVISÃOAnna Sylvia Rodrigues e Silva

FINANCEIROKátia Kristina | (31) [email protected]

FOTO DA CAPAGrão [email protected]

CARTAS À REDAÇÃOComentários sobre o conteúdo editorial, sugestões, releases e critícas às matérias - [email protected]

PARA ANUNCIARLigue: (31) 3823 1316 ou [email protected]

ASSINATURASPara receber a Revista Negócios Industriais entre em contato pelo telefone 31 3823-1316 ou e-mail [email protected]. Valor anual: R$ 50,00 (4 edições).

TIRAGEM1.730 exemplares

IMPRESSÃOGráfica Damasceno

Paulo Brant, novo presidente da Cenibra e capa da segunda edição da Revista Negócios Industriais, simboliza o bom momento que vive a indústria de celulose no País. Em meio ao alvoroço (justificável) causa-do pela indústria de Petróleo, a matéria-prima do papel atinge valores históricos no mercado mundial e estimula investimentos de 20 bilhões de dólares no Brasil, segundo a Bracelpa.

Terceira maior produtora de celulose do País, a Cenibra, que completa 37 anos no dia 13 de setembro, planeja investir na duplicação de sua fábrica, enquanto a Oji Paper (integrante da JBP, grupo de empresas que detém o controle acionário da empresa de Belo Oriente) estaria interessada na compra de uma fábrica de papéis da Fibria no interior paulista. São motivos mais do que suficientes para as empresas do Vale do Aço voltarem suas atenções para o setor.

Existem empreendedores que já identificaram no setor um bom ne-gócio. É o caso de Alberto Costa Filho, o Tucha, da Sucateira Vale do Aço, que todos os meses recolhe e vende 2 mil toneladas de papel e recentemente tornou-se sócio de uma fábrica de papel toalha na Zona da Mata.

Como não poderia deixar de ser, nesta edição o leitor confere as no-vas tecnologias desenvolvidas pela Usiminas e pela ArcelorMittal Inox Brasil para o setor de petróleo. O sonho de pequenas e médias indús-trias metalmecânicas tornou-se realidade, elas estão participando da cadeia de P&G, o que levou à promoção do II Seminário de Petróleo, Gás e Energias Renováveis, que contou com o apoio da Negócios In-dustriais.

Veja ainda as dificuldades encontradas pelos empresários para cumprir as cotas de deficientes, a luta por encontrar mão-de-obra qualificada, como os resíduos produzidos pelas indústrias vêm se transformando em lucrativos negócios para muita gente e ainda como o associativis-mo empresarial vem fortalecendo os setores organizados da indústria regional, gerando negócios e aumentando sua competitividade.

A revista reservou ainda um espaço especial para apresentar as ações de voluntariado, uma homenagem ao Dia V, promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Esta publicação foi criada para estar em sintonia e à altura da indústria do Vale do Aço. Acredito que até aqui estamos cumprindo a promessa. Leia, opine, en-vie sugestões de pauta, interaja conosco.

Obrigado e boa leitura!

Paulo AssisEditor

papel importante

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Set/Nov 2010 | Negócios Industriais 5

indústria do vestuário prepara ii vale têxtil para este trimestre

Painel08

voluntários em ação. saiba o que empresas e entidades do vale do aço estão fazendo em prol da responsabilidade social

EspecialCidadania

79

o novo papel da celulose: alta do preço incentiva investimentos

Mercado12

paulo Brant, o novo presidente da cenibra fala à negócios industriais

Entrevista22

o lixo que vira lucro: gestão de resíduos, um bom negócio

Meio Ambiente32

o sonho virou realidade: ii seminário de petróleo, Gás e energias renováveis

Panorama36

participar de um sindicato patronal pode ser bom para o bolso da sua empresa

Associativismo54

central de negócios, a evolução da parceria empresarial

Bate-papo56

sabia como e quando o seguro Garantia é bom para seu empreendimento

Seu Negócio62

o boom dos cursos técnicos e a corrida do poder público para atender empresas

Qualificação66

a dificuldade das empresas para contratar profissionais com deficiência

Legislação72

rodrigo Zeferino, da Grão Fotografia, fotógrafo da “negócios industriais”, representa a américa latina emfestival na holanda

Cultura76

Índice

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veja quem esteve no Xvi Baile dos panificadores e seminário de petróleo

Eventos40

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6 Negócios Industriais | Set/Nov 2010

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Colunas

charles magalhães, diretor da essentiali consultoria e treinamento

nathaniel pereira, sócio da ntW contabilidade e Gestão empresarial

ronaldo soares, analista de novos mercados do sindimiva e diretor do blog negócio Já

daniele lima, engenheira sanitarista e ambiental da Fonte ambiental

Gestão Contábil Marketing Ambiental30 53 59 71

NTW

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Set/Nov 2010 | Negócios Industriais 7

A Revista Negócios Industriais é feita por quem vive o dia-a-dia da indústria. Editor da publicação, PAuLo AssIs é jornalista, formado pela UFMG, com ênfase em Ciência Política, e cursos de marketing pela FGV. Atuou como repórter e editor nos jornais Diário do Aço e Diário Popular. Na área empresarial, assessora ou assessorou entidades como Fiemg Vale do Aço, Aciapi/CDL, Senac Minas, Instituto Qualidade Minas, Prefeitura de Ipatinga e empresas como Totvs Leste de Minas. O layout da revista, o tratamento das imagens e as campanhas são desenvolvidas pelo publicitário GABRIEL ToRREs. Formado em Comunicação Social - Publicidade pelo Unileste, o rapaz inicia seu MBA em Gestão Empresarial. De João Monlevade, a Letra de Forma (que edita a revista) “importou” a jornalista ALINE ALvEs, com passagem pela ShineOn Comunicação, principal agência daquela região. Ela é formada em Jornalismo pela Funcec e faz e MBA em Gestão de Pessoas. Sua ligação com a área industrial? Bom, é casada com um engenheiro mecânico que atua no Grupo Usiminas. Ainda na área editorial, a publicação conta com as imagens dos premiados fotógrafos da GRÃo FoToGRAFIA, Rodrigo Zeferino e Ricardo Alves, que há cinco anos atuam junto às maiores indústrias do Estado. Qualidade do conteúdo é fundamental. A Negócios Industriais conta com o suporte de DANIELE LImA. Técnica em Química, Engenheira Sanitarista e Ambiental e especialista em Gestão Ambiental, a moça tem passagens pela área de siderurgia, celulose e acadêmica. Na área mecânica, está JosÉ GERALDo DE AssIs. Depois de 35 anos atuando na Usiminas, ele não conseguiu ficar duas semanas parado e logo voltou a ministrar treinamentos. Ex-professor e ex-coordenador do Curso Técnico de Mecânica Industrial da Escola Técnica JK e do Centro de Formação Profissional da Usiminas, onde participou do projeto de implantação do Centro de Treinamento da SIDOR (Venezuela) José Geraldo também trabalhou na área de Manutenção Mecânica da siderúrgica. O negócio dele é tecnologia. Depois de anos trocando de cidades, CARLos ALBERTo AssIs fixou-se em Belo Horizonte, onde é gerente de uma fábrica de software. Foi técnico em informática, graduado em Análise de Sistemas, Pós Graduado em Gestão de Projetos, Especializado em Software Livre, ele tem MBA em Negócios e ainda decidiu estudar Administração de Empresas. Agora, iniciou, pelo CEFET, o mestrado em Modelagem Matemática e Computacional. Com tantos números e bytes envolvidos, o rapaz só podia ser o responsável pela gestão financeira. Sem tempo para foto e o dia-a-dia em Ipatinga, ele é auxiliado pela irmã mais nova KÁTIA KRIsTINA.

(foto da equipe)

Aline Alves, Rodrigo Zeferino e Ricardo Alves, Gabriel Tôrres, José Geraldo, Kátia Kristina, Paulo Assis e Daniele Lima

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8 Negócios Industriais | Set/Nov 2010

Ponto EletrônicoA polêmica do novo ponto eletrônico, abordada pela primeira edição da Revista Negócios Industriais (imagem ao lado), ainda não acabou, mas as empresas ganharam mais tempo para se adaptar sem serem multadas. No final de julho, o Ministério do Trabalho e Emprego publicou uma instrução normativa que trata da fiscalização nas empresas sobre a adoção obrigatória, a partir de 26 de agosto, do novo relógio de ponto eletrônico. De acordo com a norma, assinada pelo ministro Carlos Lupi, nenhuma empresa será efetivamente autuada até o dia 25 de novembro por não ter instalado o novo equipamento. Outra novidade da norma, prevista no artigo 5, é a autorização do uso do mesmo relógio de registro de jornada para trabalhadores fixos e temporários. Empresas de um mesmo grupo econômico também poderão usar o mesmo aparelho.

Investigação de dumpingDe acordo com o Jornal Valor Econômico, a Usiminas solicitou ao Departa-mento de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior que analise a abertura de um processo antidumping contra a entrada desenfreada de aço tipo chapa grossa no mercado interno. O pedido atinge chapa grossa de sete países - Rússia, Coreia do Sul, México, Espanha, Taiwan, Romênia e Turquia. Até junho, segundo dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), as importa-ções de chapa grossa atingiram 220 mil toneladas, 34% superior ao de igual período do ano passado. Esse volume é mais da metade do total vendido no mercado nacional pela Usiminas de janeiro a julho - 410 mil toneladas, conforme dados do balanço financeiro da empresa. Segundo reportagem do jornal, estudos feitos pela Usiminas constataram indícios de prática de preços abaixo do custo de produção nas siderúrgicas dos países-alvo do processo.

minascon 2010O comentarista da Globonews e da

CBN e colunista do jornal O Globo, Merval Pereira, estará em Belo

Horizonte para proferir a palestra “Eleições Brasileiras e Perspectivas Futuras” na abertura do Minascon/

Construir Minas 2010, que acon-tecerá no período de 15 a 18 de

setembro no Expominas. O evento reúne uma mega feira que trará as novidades tecnológicas, de produ-

tos e serviços do setor e diversas programações técnicas promovidas

pelas associações, entidades de classe e universidades ligadas à cadeia

produtiva da construção civil do estado. Para mais informações sobre

o evento, acesso o site www.fiemg.org.br/minascon.

marcas mais lembradasSerá no dia 26 de outubro, no Cen-tro Cultural Usiminas, a solenidade de entrega do Prêmio Notorius, promovido pela Associação Comer-cial, Industrial, Agropecuária e de Prestação de Serviços de Ipatinga (Aciapi) para homenagear as marcas mais lembradas pelos consumidores de Ipatinga. Em sua nona edição, o prêmio vai agraciar 107 empresas de 93 segmentos. A pesquisa foi realiza-da pela Praxis Opinião e Mercado.

PEIEX na oNuO Programa de Extensão Industrial Exportadora (Peiex), que no Vale do Aço já atende a mais de 180 empresas, foi escolhido para ser o projeto da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento (Apex-Brasil) que será avaliado em um prêmio do International Trade Centre (ITC), órgão vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU). A instituição premiará as melhores agên-cias de promoção comercial do mundo.

Segundo o gerente-geral de Negócios da Apex-Brasil, Sérgio Costa, Minas Ge-rais, por representar bem as diferentes realidades encontradas no Brasil, é o caso apresentado para o ITC sobre a atuação no Peiex. No estado, 1.292 empresas foram inscritas, 1.186 conscientizadas, 907 mudaram atitudes e 243 mudaram comportamentos. Ao todo, 458 melhorias foram feitas com a atuação do Peiex.

O programa tem como objetivo elevar o nível de competitividade das empresas de micro, pequeno e médio porte através da inserção de inovações técnicas, gerenciais e tecnológicas.

Painel

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Set/Nov 2010 | Negócios Industriais 9

II vale TêxtilO Sindicato da Indústria do Vestuário do Vale do Aço (Sin-divest) prepara para o quarto trimestre de 2010 a segunda edição do Vale Têxtil, evento promovido em parceria com grandes fabricantes de máquinas para o setor. Em 2009, o Vale Têxtil reuniu empresas da região e fornecedores nas dependências do Senai Vale do Aço, onde puderam conferir novidades do mercado. Na região, segundo estimativas do próprio Sindivest, existem mais de 200 confecções.

sinpava na webA realização do XVI Baile dos Panificadores, promovido pelo Sinpava, presidido por Aloísio Santos (foto), também contou com uma novidade para associa-dos e comunidade. A entidade, que completa 21 anos em outu-bro, colocou no ar seu website. Desenvolvido pela Laddo.com e Letra de Forma Comunicação, o site busca, de forma simples e direta, apresentar as principais ações, serviços e benefícios para as empresas associadas e toda a indústria de alimentação regio-nal. O endereço é www.sinpava.com.br.

Fornecedores locaisA Usiminas assinou contrato com nove empresas do Vale do Aço dentro da Política de Priorização dos Fornecedo-res Locais, lançada pela siderúrgica em 2009. O acordo, de R$80 milhões anuais, terá duração de três anos e é voltado para fornecedores da área de caldeiraria e usinagem média e pesada. O fornecimento das empresas de Ipatinga, Timóteo e Santana do Paraíso será voltado para a Usina de Ipatinga. As empresas contempladas foram ATA Indústria Mecâni-ca, Comap, Mecminas, Emalto, Usileste, Bema, Meclíder, Ramac e Lumar.

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Expansão em TimóteoA ArcelorMittal Inox Brasi inaugurou, no dia 26 de julho, a expansão do Centro de Serviços de Timóteo. As novas instalações ocupam uma área de dois mil m2, com localização privilegiada, próxima à Usina, triplicando a capacidade de estoque para 300 tone-ladas/mês. A ArcelorMittal Inox Brasil Serviços, em Timóteo, atua na venda e distribuição de aços inox: chapas, tubos, barras e peças cortadas sob desenho. Além disso, as novas instalações oferecem outras vantagens para os clientes, entre elas, mais conforto e agilidade no atendimento, estacionamento ampliado e espaço para carregamento de carretas.

Crescimento de 10%Mais de 33 mil visitantes passaram pela Expo Usipa, realizada entre os dias 21 e 24 de julho, em Ipatinga. Sob o tema “Sustentabilidade para bons negócios”, a 22ª edição reuniu 179 expositores de diversas partes do país, dos segmentos da indústria, comércio e prestação de serviços para quatro dias de exposição. Em relação ao público, a feira teve um crescimento de 10% no total de visitantes se comparados com a última edição, que teve um dia a mais de realização. Um dos momentos mais importantes foi 5º Encontro de Negócios, realizado durante o evento. Durante dois dias foram realizadas 520 reuniões entre a Usiminas, Usiminas Mecânica, ArcelorMittal, Vale e Cenibra e expositores de diversos segmentos. As fotos do evento estão disponíveis na página oficial: www.expousipa.com.

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MERCADO

o novo papel da celuloseMaior produtividade no Brasil e alta do preço no mercado internacional atraem investimentos internacionais e tira projetos de expansão da gaveta

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mercado em alta: aumento da cotação da celulose possibilita

crescimento da produção mundial

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14 Negócios Industriais | Set/Nov 2010

MERCADO

Recados enviados via SMS (ou torpedos), boletos enviados digi-talmente para sua conta corrente, comprovantes guardados em arqui-vos digitais, livros e revistas virtuais. Ao contrário do que possa parecer, o mundo digital não reduziu o con-sumo de papel. O planeta que con-sumia, há uma década, 300 milhões de toneladas do produto todos os anos atingirá em 2015 a casa de 452 milhões, conforme estimativas do mercado.

O final de 2008 e o início de 2009 foram cinzentos para o setor de ce-lulose brasileiro. A crise econômica financeira mundial fez a demanda cair, o preço da tonelada despencar e importantes projetos serem engave-tados. No Leste Mineiro, a Aracruz Celulose cancelou um projeto de R$ 8,6 bilhões em Governador Valada-res que poderia gerar cerca de 40 mil empregos quando entrasse em ope-ração.

Numa nota curta, enviada via e-mail em 15 de outubro de 2008, o então diretor-presidente da Ceni-bra, Fernando Henrique da Fonseca, com fábrica em Belo Oriente, jogou um balde de água fria em quem es-perava, à época, ver sair da gaveta o plano de expansão da produção. “A diretoria da Cenibra estuda alterna-tivas e medidas para o enfrentamen-to da crise, inclusive a redução da produção”, escreveu o executivo.

Ao contrário da expectativa, hou-ve uma recuperação mais rápida do que o esperado. No Brasil, quinto maior produtor de celulose (dados de 2008) existem 220 empresas que geram 114 mil empregos diretos e 500 mil indiretos. Em 2009, a pro-dução nacional de celulose cresceu 6,3% em relação ao ano anterior e atingiu o patamar de 13,5 milhões de toneladas. Só no primeiro semes-tre de 2010, a produção foi de 6.919 milhões de toneladas, volume 9,2%

“O Brasil quer se posicionar como o terceiro produtor mundial de celulose, com as melhores práticas ambientais. É um investimento arrojado, baseado nas perspectivas de crescimento econômico do País e no aumento dos mercados emergentes”

PRODUTORES DE CELULOSE

país mil toneladas

1 eua 51.479

2 china 21.477

3 canadá 20.299

4 Brasil 12.697

5 suécia 12.071

6 Finlândia 11.720

7 Japão 10.670

8 rússia 7.430

9 indonésia 6.435

10 chile 4.985

11 Índia 3.662

12 alemanha 2.902

demais 26.591

TOTAL MUNDO 192.418

Fonte: Bracelpa/risi 2008

Divulgação Bracelpa

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Set/Nov 2010 | Negócios Industriais 15

maior que em 2009, de acordo com a Associação Brasileira de Celulose e Papel, a Bracelpa.

Segundo a presidente executiva da entidade, Elizabeth de Carvalhaes, a indústria brasileira de celulose e pa-pel investirá cerca de 20 bilhões de dólares nos próximos sete anos na base florestal (crescimento projetado de 25%) e na construção de novas fábricas. “O Brasil quer se posicionar como o terceiro produtor mundial de celulose, com as melhores práti-cas ambientais. É um investimento arrojado, baseado nas perspectivas de crescimento econômico do País e no aumento dos mercados emergentes”,

explicou.Outro indicador da recuperação

é o preço da celulose de fibra curta, que em novembro de 2009 recuou a 631 dólares no mercado europeu conforme a Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (AB-TCP), voltou aos patamares pré-crise e atualmente chega próximo do valor histórico de 950 dólares a tonelada.

O fato é que as empresas do setor conseguiram sair da crise e já atra-em investimentos internacionais. Em entrevista à “Negócios Indus-triais”, Carlos Farinha e Silva, vice-presidente da consultoria finlande-sa Poyry Tecnologia e membro do Conselho da ABTCE, nos próximos anos o Brasil receberá até 6 novas fá-bricas de celulose ou linhas de mon-tagem com capacidade cada uma de 1,3 a 1,5 milhão de toneladas.

A maior parte da produção é ex-portada para a Europa, China e Es-tados Unidos. O desenvolvimento socioeconômico chinês, aliás, foi um dos fatores, segundo Farinha e Silva, que permitiu que a indústria de ce-lulose brasileira saísse relativamente rápido da crise.

“Depois de amenizada a crise de crédito que chegou a paralisar com-pletamente a economia mundial, houve uma reação de compras for-tes no mercado asiático, e especial-mente na China. A China acabou se transformando numa das principais regiões compradoras da celulose brasileira. O aumento de consumo de papel para fins sanitários e para imprimir e escrever, nos países em desenvolvimento, tem aumentado a demanda por celulose de eucalipto. Os países em desenvolvimento rea-giram melhor à crise”, explica o vice-presidente da Poyry.

Apesar de o consumo per capi-ta estar na casa de 50 quilos anuais (contra 250 de norte-americanos e

Divulgação/Poyry Tecnologia

“O aumento de consumo de papel para fins sanitários e para imprimir e escrever, nos países em desenvolvimento, tem aumentado a demanda por celulose de eucalipto. Os países em desenvolvimento reagiram melhor à crise”

Boom: Elizabeth, da Bracelpa (E), e Carlos Farinha, da Poyry - grandes

investimentos no horizonte

Page 16: Revista Negócios Industriais

16 Negócios Industriais | Set/Nov 2010

MERCADO

europeus), a população chinesa é enor-me (1,3 bilhão de pessoas) e passa por um processo de crescimento econômi-co. Mesmo assim, o país asiático não é o maior destino da celulose brasileira. De janeiro a junho do ano passado, as exportações para a China responderam por 34% do faturamento do setor. Em 2010, sua participação caiu para 26%, atrás da Europa (43%).

A presidente executiva da Bracelpa tem opinião semelhante. “A crise finan-ceira internacional reduziu o consumo global, os preços e a demanda por ma-térias-primas em mercados tradicionais para o setor, porém, abriu oportunidades para ampliar as vendas em países emer-gentes cuja economia continuou com um ritmo forte de crescimento, como a China”, analisa Elizabeth. “Além de preços mais competitivos, os chineses buscaram celulose de eucalipto de pri-meira linha”, completou.

De acordo com a engenharia ambien-tal Daniele Lima, colunista da “Negócios Industriais”, o clima brasileiro permite uma produtividade maior da celulose.

“No Brasil a rotação do eucalipto de fibra curta é de sete anos e a produti-vidade é de até 44 metros cúbicos por hectare ao ano. Na Finlândia, que possui o maior consumo per capita do mundo, a celulose é produzida pela bétula, leva até 40 anos, e rende somente 4 metros cúbicos por hectare”, exemplifica.

Especialista no setor, Carlos Farinha completa que os custos de produção, a disponibilidade de terras com condi-ções apropriadas e razoável logística de transporte e exportação, além da estabi-lidade econômica e política são fatores fundamentais para a atratividade brasi-leira. “Os custos de produção têm como fator importante da sua competitividade a produção de madeira em plantações de alto rendimento, utilizando práticas de florestamento e tecnologia sivicultural de ponta, desenvolvida durante as últi-mas décadas”, destaca.

Não é à toa que o Grupo JBS Friboi e a MCL Empreendimentos se uniram para construir, no Mato Grosso do Sul, a Eldorado Celulose, aquela que pro-mete ser a maior fábrica de celulose do

mundo. A primeira linha de produção terá capacidade de produzir 1,5 milhão de ton/ano.

Líder do mercado asiático e uma das cinco maiores do segmento no mundo, a Asia Pulp & Paper (APP) também estaria estudando investir numa fábrica de celulose no Brasil ou firmar parceria com alguma empresa nacional. Hoje, a empresa com sedes na China e na Indo-nésia, é a maior compradora individual da celulose brasileira e estudar enviar a celulose para suas fábricas e depois en-viar o produto final, o papel, ao Brasil.

Em Minas, a Cenibra planeja expan-dir sua unidade fabril em Belo Oriente. Anunciado há quatro anos, o projeto foi engavetado na crise. Agora, o novo presidente da fábrica de celulose, Paulo Brant, vai retomar o empreendimento (Leia entrevista na página 20).

O objetivo é duplicar a capacidade atual da fábrica, de 1,2 milhão de to-neladas. O investimento gira na casa de 1,8 bilhão de dólares, mas leva tempo, pois a empresa precisa ampliar sua base florestal.

Para a Bracelpa, em 2010 o foco das empresas do setor é a recuperação das perdas, com a valorização dos produ-tos e redução dos custos. “Os números vêm mostrando que este ano será bem melhor que 2009. O cenário é positivo e estimulante, mas na nossa avaliação o setor só sairá da crise em 2011”, sustenta Elizabeth de Carvalhaes.

Mais uma vez, a Copa do Mundo e as Olimpíadas são prova dos benefí-cios aguardados pela indústria. Os dois empreendimentos demandam grandes investimentos em infraestrutura, impul-sionando o crescimento da construção civil, dos serviços e da área de logística e transporte. Como a indústria de papel fornece para todos esses setores, não há dúvidas de que acompanhará o momen-to positivo.

Num momento em que o petróleo é a vedete da economia brasileira e setores tradicionais da economia mineira, como a siderurgia e a mineração, crescem a reboque do Pré-Sal outra commoditie importante para a economia do Vale do Aço ganha destaque.

Hugo Siqueira

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Set/Nov 2010 | Negócios Industriais 17

CâmBIoApesar da alta mundial da tonelada da celulose, a valorização do real frente ao dólar prejudica as empresas produtoras da matéria-prima do papel. “O câmbio fraco tem reduzido a rentabilidade do setor de papel e celulose. Medidas para a valorização do Real darão mais competitividade às empresas brasileiras. Além disso, essa valorização ajudará as empresas a recuperarem, mais rapidamente, a receita de exportações perdida no ano passado, em conseqüência da crise”, defende a presidente executiva da Bracelpa.

Produtividade: As florestas plantadas do setor celulose e papel do Brasil são as mais produtivas do mundo: as plantações de eucalipto

produzem uma média anual de 41m³ de madeira por hectare e as plantações de pinus têm

produtividade média anual de 35m³ por hectare. Após seis ou sete anos

de cultivo, as florestas plantadas pelo setor já estão prontas para colheita.

Em países escandinavos ou da Península Ibérica, elas demoram mais

de 14 anos para crescerem.

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18 Negócios Industriais | Set/Nov 2010

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Set/Nov 2010 | Negócios Industriais 19

os reciclados estão em altaAparas de papel voltam a se tornar atrativas e recicladoras voltam a operar nos níveis pré-criseG

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sucateira vale do Aço: parceria com fornecedores e visão

estratégica durante a crise contribuíram para retomada do

mercado em 2010

A alta no preço da celulose no mercado mundial está beneficiando o mercado de reciclagem de papel. Quando a matéria-prima virgem sobe de preço, os fabricantes de papéis voltam a ver as aparas como um insumo atrativo. “Já vi uma vela acesa. O mercado está aquecendo. O material já não acumula e voltamos a enviar para as fábricas”, conta Alberto Costa Filho, o Tucha, 53 anos, proprietário da Sucateira Vale do Aço.

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20 Negócios Industriais | Set/Nov 2010

MERCADO

Há 18 anos no mercado, com unidades em Ipatinga e no Sul da Bahia, a empresa processa todos os meses 2 mil toneladas de pape-lão, papel branco e os brancos 2 e 4 (ligeiramente coloridos, o primeiro em menor e o segundo em maior grau). Oitenta e cinco por cento desse volume é comprado de gran-des indústrias, como ArcelorMittal Inox Brasil, Cenibra, Suzano Papel e Celulose e Usiminas (que doa – não vende - o material para a Sociedade São Vicente de Paula).

Há dois anos o mercado de apa-ras de papel sofria com a baixa do preço. Primeiro a queda do preço da celulose em 2008, antes mesmo da crise financeira. Quando a recessão se espalhou pelo planeta, o consumo recuou, as fábricas reduziram as en-comendas e a demanda pelo papel chegou a baixos níveis. Sem merca-do, a cotação da celulose despencou para valores abaixo dos 400 dólares.

Usado para fabricar caixas e papéis de proteção, as aparas de papelão foram vendidas por R$ 220,00 em 2009. Agora, a tonelada do produ-to, que abastece fábricas de papelão como a Fapasa, Indústria de Papéis Cataguases, Paraíbuna Papéis e Fábrica de Papel Santa Terezinha, atingiu o valor de R$ 440,00, preço acima dos R$ 350 de 2008. “Já o pa-pel branco ficou encalhado. Não ti-nha como vender”, completa Tucha.

A lógica é simples. Os tipos 2 e 4 do papel branco são usados para produzir, por exemplo, papel higiê-nico. Com a matéria-prima, a celu-lose, “quase de graça” no mercado, tornou-se mais vantajoso comprar o insumo que já vem livre de impure-zas. No caso do reciclado, apesar dos processos de separação realizado nas recicladoras, há o custo de tratamen-to daquele resíduo.

“Nós sofremos demais por causa do preço da retração da celulose em 2008 e 2009, que foi lá embaixo. O

que acontecia? As exportações para-ram. O mercado ficou só no interno. Você tem uma fábrica de papel, a ce-lulose está com o preço barato, o que você prefere comprar, um caminhão de papel velho ou um caminhão de celulose? O material dos aparistas foi acumulando no depósito, nin-guém queria papel velho, cuja pro-dutividade é menor. Teve empresa que fechou as portas. Na guerra de preços não agüentaram ficar com es-toque e venderam ainda mais barato, forçando uma nova queda de pre-ços”, diz o empresário que se orgulha de ter mantido os 34 funcionários e suas duas carretas e 14 caminhões. A credibilidade de estar há anos no mercado também ajudou a superar a fase negativa com seus parceiros.

Com contratos a cumprir, ou seja, recolher o resíduo das indústrias, Al-berto não poderia simplesmente dei-xar as aparas nas fábricas. “Procurei os clientes e negociamos os preços que compramos deles. Expliquei a situação do mercado e entenderam. Parceria é isso. Agora, com a reto-mada do preço, voltamos a comprar por um valor justo para o momento”, disse o empresário, à Negócios In-dustriais, em seu escritório no bairro Veneza.

OPORTUNIDADEComo bom empreendedor, Al-

berto conseguiu vislumbrar uma oportunidade de negócios em meio à crise. Fornecedor de aparas de pa-pel para a produção de uma fábrica de papel toalha em Santa Bárbara de Monte Verde, uma pequena cidade nas proximidades de Juiz de Fora, na Zona da Mata, ele viu as encomen-das pela matéria-prima caírem.

Propôs então uma sociedade. A SB Papéis hoje utiliza o papel bran-co tipo 1 (de maior qualidade) reco-lhido na Suzano Papel e Celulose e produz bobinas de papel toalha, que são revendidos para empresas que a

Usado para fabricar caixas e papéis de proteção, as aparas de papelão foram vendidas por R$ 220,00 em 2009. Agora, a tonelada do produto, que abastece fábricas de papelão como a Fapasa, Indústria de Papéis Cataguases, Paraíbuna Papéis e Fábrica de Papel Santa Terezinha, atingiu o valor de R$ 440,00, preço acima dos R$ 350 de 2008.

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preparam e as colocam no mercado com suas marcas, como a Guardana-pos Pérola, de São Paulo. Uma boa idéia para um mercado que consome quase 3,9 milhões de toneladas de aparas de papel todos os anos.

GRÁFICASMatéria-prima mais cara, produto

final idem. Gráficas do Vale do Aço viram o preço do insumo subir entre 15 e 25% no primeiro semestre de 2010. Com uma produção anual de 840 toneladas, a Gráfica Damasce-no, localizada no Distrito Industrial de Coronel Fabriciano, atribui a va-riação à alta do preço da celulose e também à especulação causada em período eleitoral.

“Em ano eleitoral as indústrias gráficas sofrem muito com a espe-culação e o aumento real nos custos de matéria-prima. Outro fator que favoreceu a alta de preços foi a forte alta da celulose no mercado externo

que atingiu mais de cinqüenta por cento. Para o papelão ondulado hou-ve um aumento inédito, pelo menos nos últimos cinco anos, de 25% entre abril e junho”, explica Júnior Damasceno, diretor comercial da empresa.

Em junho, a Suzano Papel e Celu-lose, segunda maior fornecedora do mercado brasileiro, anunciou uma alta de 12 a 15% para revestidos e papel cartão. Para tentar minimizar os impactos, os empresários preci-sam investir em novas tecnologias. “Uma máquina nova e quatro cores pode diminuir a quantidade de fo-lhas gastas no acerto”, sugere Dallas Aredes, diretor comercial da Gráfica Nova Impressão.

Na Damasceno, esse também foi o caminho escolhido para aumentar o volume de produção, ganhar veloci-dade e ampliar a área de atuação. Em julho, a empresa, que atua no seg-mentos de papéis revestidos, offset

e embalagens (papelão ondulado), adquiriu uma terceira impressora de alta produtividade.

“Esse equipamento possui capa-cidade de produção três vezes maior que as demais impressoras em nossa produção, nosso objetivo com essa aquisição é aumentar nossa partici-pação em outros mercados na região do Leste Mineiro, além do ganho significativo em qualidade, uma vez que o equipamento possui automa-ção para calibração de cor e agilidade no tempo de produção”, detalhou.

Com a aquisição, a empresa que está no mercado há 16 anos e possui 72 colaboradores, estima ampliar sua produção anual em cerca de 10%, chegando às 600 toneladas. De acor-do com os empresários do setor, até o momento a indústria tenta segurar o preço e não repassar os aumenos para o consumidor. Até quando os cadernos, catálogos e revistas não te-rão reajuste é uma incógnita.

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Aos 58 anos, o engenheiro e economista Paulo Eduardo Rocha Brant deu uma guinada na sua carreira no setor financeiro e acadêmico. Foi um convite inesperado que levou o irmão do compositor Fernando Brant, do ex-ministro e ex-deputado Roberto Brant, um dos 11 filhos do saudoso desembargador Moacyr Pimenta Brant (1911-2004), a assumir, em abril deste ano, a Cenibra.

“Se você for correr atrás das borboletas, você não as pega, você tem que cuidar do seu jardim que as borboletas vêm, então, no fundo, a vida é feita de coisas inesperadas”, conta, numa entrevista exclusiva à Revista Negócios Industriais, após citar um poema de Mário Quintana.

Natural de Diamantina, pai de 4 filhos, Paulo Brant não é especialista em celulose, mas acredita que a gestão possui um princípio básico para o resultado positivo: mobilizar e motivar pessoas a partir de princípios éticos e humanistas. “Já se foi o tempo daquele tipo de gestão manda quem pode, obedece quem tem juízo. Isso não funciona mais, as pessoas têm que estar motivadas”, dispara, sem rodeios.

Em quase uma hora de entrevista, Paulo Brant transpareceu que sua forma de atuar não está apenas no discurso. Ele não carrega a pompa de alguns gestores de indústrias. “Você não pode chegar numa empresa, que tem 37 anos, tem uma cultura... a cultura pode até mudar, mas ela muda lentamente, graduadamente.” Sua presença no viveiro da Cenibra, onde pacientemente posou para as lentes dos fotógrafos Rodrigo Zeferino e Ricardo Alves, da Grão Fotografia, em nada mudou a rotina dos trabalhadores do local.

Nem o atraso de 20 minutos no início da sessão de fotos, em virtude da falha em um equipamento de iluminação, tirou o bom humor e a humanidade de Paulo Brant. Enquanto aguardava, conversou sobre a celulose, a tecnologia adotada na fabricação, a complexa operação logística e também sobre trivialidades do dia-a-dia. Sua única preocupação com o atraso era deixar o prefeito de Belo Oriente, Humberto Lopes, com quem tinha uma reunião, aguardando.

Num bate papo com o jornalista Paulo Assis, editor da revista, e a engenheira Daniele Lima, consultora da revista, Paulo Brant falou do plano de expansão, do mercado de celulose e das ações de sustentabilidade da empresa. O resultado é uma conversa franca, um raio-x do novo presidente da Cenibra.

“não corra atrásdas BorBoletas”Paulo Brant, presidente da Cenibra, empresa que completa 37 anos, fala dos projetos da empresa, perspectivas do mercado e atuação na comunidade

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Negócios Industriais: O que leva um economista e engenhei-ro, com a trajetória acadêmica e financeira, depois de uma passa-gem pela Secretaria de Cultura, dirigir uma indústria de celulose? O senhor já conhecia a indústria de papel e celulose?

Paulo Brant: Conhecia de longe. Como trabalhei no BDMG, que é um banco basicamente que finan-cia projetos, então quando você vai financiar um projeto, como são financiamentos de longo prazo, valores altos, então acaba que na área de análise de projetos, de fi-nanciamento de projetos, você aca-ba conhecendo um pouco de cada setor. A gente financiou indústria de papel, a própria Cenibra já foi cliente do BDMG no programa de fomento, financiou o projeto florestal da Cenibra, então você acaba conhecendo, mas à distancia. É bem diferente de você viver por dentro a empresa.

NI: O que levou o senhor a... PB: Foi um convite que eu rece-

bi, meio que inesperado, mas a vida é feita de coisas inesperadas. Tem uma frase, se não me engano é do Mário Quintana, que eu acho que é interessante, que ela vale para a vida pessoal e para vida profissio-nal: “não corra atrás das borboletas, cuide do seu jardim, que elas vêm até voce”. Se você for correr atrás das borboletas, você não as pega, você tem que cuidar do seu jardim que as borboletas vêm, então, no fundo, a vida é feita de coisas ines-peradas.

Eu fui secretário da Cultura tam-bém de maneira inesperada, nunca imaginei, nunca trabalhei na área de cultura, gosto de música, gosto de literatura, tenho um irmão que é poeta, que é artista, mas nunca

militei profissionalmente. Qando o Aécio (Neves, ex-governador de Minas) me chamou pra ter uma reunião no Palácio da Liberdade e queria conversar comigo, eu já ima-ginei. Conversei com o vice-gover-nador (Antônio Anastasia): “ele vai te convidar pra algumas coisa, mas não posso te falar o que é que é”.

Estava achando que era uma coisa ligada à área econômica, pois sempre foi na área financeira que eu trabalhe, e, de repente, ele me convidou para a área da cultura. Eu até falei: “mas eu nunca trabalhei na área”. Ai ele (Aécio) falou: “não tem problema nenhum, você gos-ta de coisa cultural, então você vai trabalhar lá”. Foi uma experiência extremamente rica, aprendi demais na área da cultura.

São ângulos diferentes, mas, na verdade é administrar, gerir orga-nizações, sejam elas públicas ou privadas. No fundo tem uma parte significativa do processo de gestão, que independe da natureza da em-

presa, do objetivo mais imediato dela, no fundo o que é que é? É você buscar resultados melhores. Numa empresa privada ela recebe uma pressão imediata porque se ela não melhorar, ela não fica compe-titiva, ela perde o mercado, e ela pode quebrar. O governo não que-bra, mas o governo cada vez mais é mal avaliado, perde eleição. No fundo você começa a criar estímu-los para que gerar resultados me-

lhores mobilizando pessoas, moti-vando pessoas.

Já se foi o tempo daquele tipo de gestão manda quem pode, obedece quem tem juízo. Isso não funciona mais, as pessoas têm que estar mo-tivadas, você consegue obrigar uma pessoa chegar 8h, sair 12h, chegar 13h e sair às 17h, mas você não consegue pela força, pela coerção, você não consegue despertar o que é que a pessoa tem de mais valioso, que é a vontade dela, a vontade, a pessoa tem que ter vontade, se você consegue mobilizar a vontade dela, quer dizer, uma pessoa que acha que trabalha numa empresa válida, que tem objetivos meritórios, que é uma empresa ética, justa, uma em-presa que tem princípios, a pessoa fica, o que eu faço faz sentido, todo mundo gosta de trabalhar numa organização desse tipo, a pessoa se sente bem, então no fundo gerir o que é que é? É buscar resultados melhores, mobilizando e motivan-do pessoas a partir de princípios e valores éticos, humanistas.

Claro que você tem nuances, quer dizer, se você está numa empresa de celulose, você tem que entender o mercado de celulose, como ele funciona, isso demanda um tem-po. Nesses três meses que eu estou aqui, estou estudando, lendo muita coisa, muita gente, visitando o con-corrente, quer dizer, para você en-tender como funciona esse merca-do, tem uma lógica, que é diferente da lógica de uma empresa de aço, de empresas de bem de consumo, co-nhecendo a cultura. Você não pode chegar numa empresa, que tem 37 anos, tem uma cultura... a cultura pode até mudar, mas ela muda len-tamente, graduadamente.

Os princípios gerais da gestão de qualquer organização são princí-pios quase que universais.

ENTREVISTA

Se você for correr atrás das borboletas, você não as pega, você tem que cuidar do seu jardim que as borboletas vem, então, no fundo, a vida é feita de coisas inesperadas.

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NI: Presidente, o senhor disse que o processo de expansão seria retomado. Ele vai ser de fato reto-mado?

PB: Já tinha sido feito um es-tudo bem avançado, então a gente está retomando esse estudo, porque as coisas mudaram, já tem outras variáveis. Antes do final do ano devemos apresentar aos acionis-tas, à JBP que é a nossa acionista controladora. Tudo leva a crer que a expansão deve ser aqui mesmo nesse “site” (área da fábrica em Belo Oriente). Aqui ainda tem uma pos-sibilidade de expansão, certamente a última, pois as florestas não po-dem ficar mais que uma distância média de 120, 130, 140 km. Então, o potencial desse site aqui por va-rias razões de logística, infraestru-tura e de floresta, provavelmente, essa é a ultima grande expansão que vai se dar nesse site, um outro salto que a Cenibra for dar no futu-ro certamente, vai ser em um outro site. Mas esse site ainda tem pos-sibilidade de uma expansão para 2 milhões, 2,5 milhões de toneladas/ano.

NI: Mas então assim, uma data mesmo ...

PB: Data certa ainda não. É um estudo muito delicado pelo seguin-te: esse é um setor que tem algumas características que fazem com que a decisão de investimento tem que ser muito bem ponderada, primei-ro porque são investimentos altos. Esse é um setor intensivo em capi-tal em média ... Esse projeto lá do Mato Grosso do Sul, lá da Eldora-do, eles estão calculando em torno de 1.200 mil dólares por tonelada, quer dizer, então você vai fazer um projeto de 1 milhão de tone-ladas gastaria 1,2 bilhão de dólares

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só na fabrica, fora o investimento florestal. Então são investimentos muito vultosos. Em segundo lugar, você tem uma defasagem temporal enorme, uma floresta hoje é cortada em média com 7 anos, então você está no fundo tomando uma deci-são agora, para um projeto que só vai entrar em operação daqui a 6,7, 8 anos. Nós estamos falando o que, este projeto vai estar no mundo em 2016, 2017, 2018, 2020. Essa de-fasagem temporal, essa intensidade do capital faz com que seja uma de-cisão muito pensada, muito avalia-da, tem que investir tempo nisso.

NI: A atual base florestal da Ce-nibra, que é de 225.000 hectares, é suficiente pra suprir essa dupli-cação?

PB: Não, hoje essa base florestal permitiria uma expansão de 200 a 250 mil toneladas, mas não 800 mil a 1 milhão.

NI: Onde conseguir essas ter-ras?

PB: Pois é. Aqui tem áreas dispo-níveis, tem várias alternativas. Hoje a Cenibra tem 92% de terra própria e uns 8% de madeira de terceiros, pode ser que mantenha essa média, pode mudar um pouco, pode com-prar floresta.

NI: De que forma essa revisão no Código Florestal e a nova de-finição de topos de morro, que é uma coisa que está sendo discu-tida agora, vai contribuir para ex-pansão do plantio da Cenibra?

PB: Pelo substitutivo que foi aprovado na comissão, as áreas que já estão consolidadas, você não retroage, o que é uma coisa razo-ável, você compra uma terra, dada legislação atual pra fazer, pra des-tinar a um tipo de atividade, a lei

dez anos depois não pode chegar e falar – olha aquilo que você com-prou pra planta soja, não pode mais plantar soja. Consolida essa ques-tão, no caso do código for aprovado do jeito que está ele tem até uma coisa boa que é o seguinte, hoje a Cenibra tem praticamente 40% da área dela com reserva, com área de

preservação, reserva legal, e um dos itens do projeto diz que isso não vai afetar essa floresta atual da Cenibra, esse maciço atual. Mas na floresta futura, esse percentual de 40 de área de preservação e 60 de utili-zação efetiva pode ser que aumente o percentual de utilização porque pela proposta a reserva legal que é de 20% (...) a área de preservação permanente ela entra no cômputo da reserva legal. Hoje reserva legal é reserva legal, área de preservação é área de preservação. Não sei se vai ser aprovada assim, mas se for se-ria bom porque a Cenibra teria de comprar proporcionalmente menos terra. Hoje para eu plantar em 60 mil hectares tenho que comprar 100 mil em média. Se o código for aprovado da maneira como foi aprovada lá na comissão, talvez para plantar 60 eu tenha de comprar só 80, então seria uma coisa boa.

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Nós estamos falando o que, este projeto vai estar no mundo em 2016, 2017, 2018, 2020. Essa defasagem temporal, essa intensidade do capital faz com que seja uma decisão muito pensada, muito avaliada, tem que investir tempo nisso.

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NIs: Vindo a essa expansão mesmo, quais seguimentos do se-tor produtivo regional seriam de-mandados pela Cenibra?

PB: Na fase de investimento, na fase construção você tem uma de-manda enorme na parte de equipa-mento, grande parte já é produzida no Brasil, tem uma parte pequena que é importada, e tem uma grande demanda sobre empresa de cons-trução civil, prestadoras de serviço, fora que você vai, na área florestal, chegar a 12 ou 13 mil pessoas (Hoje a Cenibra, por meio de terceiriza-das, emprega 7,5 mil pessoas).

NI: Presidente, duplicando a produção, a atual malha ferrovi-ária e o Portocel, que tem capa-cidade pra 7,5 milhões de tone-ladas, e hoje já recebe 5 milhões, teria capacidade para suportar esse novo volume de escoamento de produção?

PB: Sim. No Portocel teria que fazer pequenos investimentos, mas ele tem plena capacidade, e no caso da ferrovia, é uma questão de di-mensionar vagões e locomotivas, a infraestrutura ferroviária ela com-porta.

NI: De acordo com a Bracel-pa, a tonelada de celulose deve atingir 950 dólares até dezembro. Essa valorização beneficia como a Cenibra?

PB: Beneficia muito. A empresa de celulose, de uma forma geral, não é só a Cenibra, tem domínio sobre os custos dela, dentro de li-mites ela consegue dimensionar quanto que vai custar a celulose, agora por quanto eu vou vender depende de duas variáveis em re-lação às quais a Cenibra não tem controle, como nenhuma empresa:

é o preço internacional da celulose, que é esse preço que depende do jogo de oferta e demanda, e a parte de câmbio que é crucial.

É quase um consenso que a taxa de cambio está muito baixa. O Real está muito valorizado e o efeito disso, se agente olhar a balança de transações correntes, o Brasil teve um déficit de quase 25 bilhões de dólares no primeiro semestre. En-tão setores ligados à manufatura, calçado, tecido, equipamentos ele-trônicos, têm ressentido isso.

Olhando isso como economis-ta parece que num médio prazo essa taxa de câmbio vai se depre-ciar, porque é uma taxa de câmbio que está levando a uma situação de balanço de pagamento que ainda não é uma situação de crise, mas é preocupante, quer dizer, ano após ano você vê o déficit nas transações correntes, são déficites cada vez maiores. No caso da Cenibra, que exporta 92% da produção, o que importa é o preço em Real.

NI: Até que ponto a supervalo-rização do real ao dólar está afe-tando a rentabilidade do setor de celulose e em especial da Cenibra, que esporta 92% de sua produ-ção?

PB: Não tem comprometido tan-to porque o preço da celulose teve uma reação boa. Agora certamente a taxa de câmbio não deixa de ser uma preocupação, mas eu acho que a taxa de câmbio é desse valor para cima.

NI: Por um lado a cotação em dólar beneficiou, mas o cambio não ajudou tanto...

PB: Não, como o preço melhorou muito, acaba compensando, mas no fundo o que faz a diferença é o pre-ço em Real.

ENTREVISTA

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NI: Analistas do mercado e a própria Bracelpa, em entrevista à nossa Revista, estimam um cres-cimento de 8 a 10 milhões de to-neladas de celulose no País. Como isso afeta a Cenibra?

PB: A demanda de celulose está crescendo e deve crescer nos pró-ximos anos em torno de 4% ano, porque primeiro você tem a Chi-na, o consumo per capita de papel na China é muito baixo. No caso do papel de imprimir e escrever talvez tenha uma demanda meio estagnada, por conta da informa-tização, dos meios eletrônicos, mas tem, por exemplo, o que eu chamo de papel ticho, papel toalha, papel higiênico, você tem uma população enorme que não consome esse tipo de papel, então, num médio prazo o segmento de papel deve crescer, em função disso a demanda de celulose deve continuar acompanhando.

Existem outras variáveis. A Chi-na usa muita umas fibras que eles chamam de Nunut, que é fibra de palha de arroz, fibras ecologicamen-te não muito boas e pouco eficien-tes no processo. Há uma tendência de substituição dessas fibras pela celulose de mercado, quer dizer as perspectivas são de aumento. Esse aumento da oferta previsto pela Bracelpa é exatamente em função dessa perspectiva e o Brasil, prin-cipalmente na área de fibra curta, tem uma competitividade inegável.

NI: O mercado asiático respon-de por 47% da produção da Ce-nibra. Até quando o desenvolvi-mento sócioeconômico de países como a China, onde o consumo per capita é de 50 quilos de papel por ano, vai sustentar esse cresci-mento?

PB: No caso da Cenibra, no ano

passado, a China consumiu em tor-no de 20% da nossa produção e o Japão mais 20 e poucos. A deman-da japonesa vai crescer vegetativa-mente. No Japão a população está decrescendo um pouco, então não é um mercado que vai crescer de maneira exuberante. Obviamente é a China mesmo, a China já re-presenta 1/5 de todo o consumo de celulose de mercado. Você está fa-lando de 1 bilhão e meio de pesso-as. Se o chineses resolverem tomar café, o preço duplica. É uma muita gente. São setes vezes a população brasileira.

NI: Presidente, o mercado de crédito de carbono é uma fonte de receita para a Cenibra?

PB: Hoje não. Isso até a Bra-celpa tem discutido, da maneira como está definido no Protocolo de Kyoto, ele não contempla, por-que a floresta que esta aí, já esta aí, esse maciço florestal que tem aí, de floresta plantada no Brasil, que é de 6 milhões e meio de hectares, ele absorve, ele é um sumidouro de CO2, mas ele não conta. Só a flo-resta adicional em área degradada, então quer dizer que nenhuma em-presa de celulose do Brasil conse-guiu, mas isso está sendo discutido,

ENTREVISTA

A área que tinha sido escolhida era inadequada do ponto de vista técnico, era muito próxima da fábrica da Cenibra, tem limitantes do ponto de vista de voo, tamanho de avião, era uma área muito próxima da fábrica, isso do ponto de vista técnico, foi não recomendado.

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mas o protocolo de Kyoto acaba ano que vem, vem um outro, já teve uma reunião em Cancun, deve vir alguma coisa. Certamente esse é um setor em que a quantidade de CO2 de uma floresta plantada é uma grande fonte absorvedora de carbono.

NI: Presidente, o Oji Paper (acionista da Cenibra por meio do Grupo JBP) estaria negociando a compra da fábrica de papel da Fibra, em Piracicaba. A Cenibra pretende entrar no mercado de produção de papel?

PB: Não tem nenhum funda-mento. A Fibria, por razões óbvias, ela está se reestruturando. É uma grande empresa, mas teve um aci-dente de percurso que acabou acu-mulando uma dívida enorme, então certamente ela está reestruturando, mas isso não está no nosso hori-zonte não.

NI: De acordo com a imprensa da capital, o governo estadual, es-taria negociando a instalação de uma unidade de Suzano em Go-vernador Valadares e isso se daria por meio de uma join venture com a Cenibra. O senhor, que integra-va o Governo Aécio, confirma essa possibilidade?

PB: Não. Quando eu estava no governo, eu estava fora da área eco-nômica, mas aqui na Cenibra não tem nenhuma conversa.

NI: Por que o aeroporto não foi construído em uma área da Ce-nibra, como chegou a anunciar o ex-governador Aécio Neves e o ex-presidente da Usiminas, Mar-co Antônio castelo Branco?

PB: Porque a área que tinha sido escolhida era inadequada do ponto de vista técnico, era muito próxima

da fábrica da Cenibra, tem limitan-tes do ponto de vista de voo, tama-nho de avião, era uma área muito próxima da fábrica, isso do ponto de vista técnico, foi não recomen-dado.

A Usiminas e o Governo enten-deram e concordaram. Para você construir um aeroporto tem que analisar, porque não faz o menor sentido um aeroporto ao lado de uma fabrica, eu sou leigo em ae-ronáutica, então foi uma decisão técnica.

NI: A Cenibra é reconhecida por diversas certificações e prê-mios por suas ações de sustenta-bilidade e relacionamento com a comunidade nas 54 cidades onde atua. Na gestão do senhor, essa postura será mantida?

PB: Sem duvida, mantida e sem-pre edificada, isso é fundamental. A Cenibra tem esse compromisso de cidadania com a sociedade, respei-tar o espaço de atuação, e uma coisa que estamos fazendo com os prefei-tos e enfatizando muito o seguinte, de a gente trabalhar em projetos que sejam mais transformadores, apoiar junto com as prefeituras projetos que contribuam para que aquelas comunidade saiam do atra-so econômico, social, cultural.

A Cenibra pode contribuir de di-versas formas, com o conhecimento que ela tem na área ambiental, en-genharia, a credibilidade, quer di-zer, a Cenibra é uma empresa que por onde ela anda, é uma empresa séria, então você vai no governo do estado, no governo federal, a Ce-nibra é um interlocutor confiável. Então ela pode usar essa credibi-lidade junto com os prefeitos para mobilizar projetos para região. Essa que é a ideia... a Cenibra sentir ci-dadã das comunidades.

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Os conceitos de liderança e gerência ainda se misturam nos dias atuais. Estar gerente significa obter autonomia de um cargo estabe-lecido pela hierarquia da organização para comandar seus subordi-nados. Tal hierarquia é necessária para o controle, ordenamento do trabalho e estabelecimento de funções dentro da empresa. O geren-te é a pessoa que possui poderes formais para cumprir os objetivos organizacionais.

Enquanto o gerente ordena e controla as ações a serem executadas, o líder estabelece um vínculo com as PESSOAS e possui o poder tácito de direcionar o trabalho destes indivíduos para o cumpri-mento dos objetivos. O líder é querido, admirado e respeitado, mas não por suas imposições, mas por seus feitos, por sua determinação, por sua coragem e por muitas outras características e ações.

Líderes são encontrados em nossa comuni-dade, no trabalho, no clube, nos esportes, e em diversos locais. Destacando-se em toda equipe que é formada para atingir um objeti-vo, ele inspira as pessoas e as motiva a dar o melhor de si para a realização da tarefa.

Então por que não temos um número maior de “gerentes líderes” nas organizações?

Segundo Sófocles (496 a.c.–406 a.c.), poeta e dramaturgo grego, “o poder revela o homem”. Constantemente vemos pessoas que, ao assumirem um cargo de gerência, perdem o brilho da liderança e entram em um processo de degradação, afastando as pessoas de seu convívio profissional e às vezes pessoal devido à elevação de seu ego. Estas pessoas na verdade são líderes mascarados, que encenavam no palco corporativo para que pudessem assumir um cargo de gestor.

Uma maneira errônea de pensar é que, se gerenciar é administrar e dirigir, não necessariamente um gerente precisa ser um líder. Um departamento de Recursos Humanos bem estruturado atuará de forma a desenvolver as pessoas, e o ponto de partida para isso é aprimorar as características de liderança de seus gerentes, transfor-mando-os em verdadeiros gestores de pessoas.

o desafio da liderança

PoR CHARLEs mAGALHÃEsDiretor da Essentiali Consultoria e [email protected]ão

Enquanto o gerente ordena e controla as ações a serem executadas, o líder estabelece um vínculo com as PESSOAS e possui o poder tácito de direcionar o trabalho destes indivíduos para o cumprimento dos objetivos.

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PoR CHARLEs mAGALHÃEsDiretor da Essentiali Consultoria e [email protected]

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Engenheira Sanitarista e Ambiental

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Robson: microempresário viu que resíduos metálicos poderiam se transformar em bons negócios,

além de contribuir para o meio ambiente

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o liXo que vira lucroInvestir na sustentabilidade ambiental traz vantagens não só para a sociedade e o meio ambiente, mas também retorno econômico para as próprias empresas

MEIO-AMBIENTE

Que destino dar a entulhos, ser-ragens e materiais recicláveis prove-nientes de embalagens como papel, plástico e vidros gerados pelas em-presas? No Vale do Aço, empresários têm se preocupado em investir na sustentabilidade ambiental, trans-formando resíduos em bons negó-cios.

A Dhamq Engenharia, instalada em Ipatinga, gera 20 toneladas de resíduos por mês e através da gestão consciente tem reduzido seus custos, é o que garante o gerente de produ-ção, Tales de Castro Nunes. “Como trabalhamos com demolições e re-vestimentos industriais, geramos grande quantidade de ferragens, en-tulhos e fios de cobre que de alguma forma nos dá retorno seja por meio da venda, troca ou reciclagem”, des-tacou.

Praticamente toda atividade hu-mana gera resíduos que causam im-pactos e descontrole ambiental. Seja na indústria, construção civil, pa-nificação ou indústria do vestuário, a ideia sobre o que fazer com esses resíduos se resume em reduzir sua quantidade, seja por meio da reutili-zação ou por meio da reciclagem.

De acordo com dados disponibi-lizados pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM), através do Inventário de Resíduos Sólidos Industriais de 2008, na Superinten-

dência Regional de Meio Ambien-te e Desenvolvimento Sustentável (SUPRAM) Leste de Minas, que engloba 135 municípios, aproxima-damente 100 milhões de toneladas de resíduos são geradas por ano pe-las empresas da região.

Cláudia Stancioli, analista am-biental da Fiemg e responsável pelo Programa Mineiro de Simbiose Industrial (PMSI), esclarece que os resíduos são considerados fonte de negócios, pois geram empregos, aumentam as vendas e investimen-tos interno, além de reduzir gastos, uso de recursos naturais, emissão de CO2 e aterros. “O que não tem uti-lidade na minha organização poderá servir de matéria-prima para outras empresas”, explicou.

Para o presidente da Fiemg Re-gional Vale do Aço, Luciano Arau-jo, a simbiose é a oportunidade de negócios antes não pensadas através dos resíduos.

“O Vale do Aço é uma região vol-

tada para o setor siderúrgico e está em constante expansão, para garan-tir a qualidade de vida e o desenvol-vimento é preciso que as empresas pratiquem a sustentabilidade como diferencial competitivo”, afirmou.

Proprietário da recicladora Suca-tas Gerais, Robson Madeira garante que o que é considerado lixo para muitos é fonte de renda para tantos outros. “Nossas sucatas são fonte de sustento para 10 famílias”, referindo aos 10 funcionários da empresa.

De acordo com ele, dentre as su-catas comercializadas o aço inoxidá-vel assume a liderança, com 200 to-neladas por mês. “Além da parceria com empresas de pequeno e médio porte da região como Viga, Lider e Emalto, compramos o aço que não tem mais utilidade para a Vale, Ce-nibra e Usiminas, processamos e re-vendemos para a ArcelorMittal, em parceria com a Sianfer, empresa que atua no comércio de aço, metais e sucatas”, declarou.

Para Robson, apesar de o mercado trabalhar atrelado a bolsa de valo-res, nos últimos meses houve uma melhora na venda do ferro, cobre e níquel. Segundo ele falta incenti-vo fiscal do governo. “A gestão dos resíduos está diretamente ligada ao meio ambiente, portanto, é de in-teresse do governo, nada mais justo que ter reconhecimento e apoio”.

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Na Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SUPRAM) Leste de Minas, que engloba 135 municípios, aproximadamente 100 milhões de toneladas de resíduos são geradas por ano pelas empresas da região

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34 Negócios Industriais | Set/Nov 2010

MEIO AMBIENTE

ExEmPlONa Usiminas, a preocupação com

ações ambientais é histórica. Desde 1970, a empresa tem feito considerá-veis esforços para o desenvolvimen-to de tecnologias para o reaprovei-tamento e a reciclagem de resíduos ou como é chamado na empresa, co produtos, gerados nos seus processos produtivos.

De acordo com o gerente de ven-das especiais, Luiz Antonio Ber-nardino, tudo é de alguma forma reaproveitado dentro da empresa. “Agregamos valor ao co produto que servirá de matéria-prima no apro-veitamento interno, externo ou reci-clagem”, enfatizou.

Atualmente mais de 40 empresas no Vale do Aço trabalham na co-mercialização e reciclagem de resí-

duos em parceria com a Usiminas. Entre elas, pequenas metalúrgicas, empresas de fertilizantes, de recicla-gem de madeira, cimenteiras, olarias e cerâmicas.

A Sankyu é uma dessas empresas, situada na área da Usiminas, ela re-aliza a coleta e encaminha seus resí-duos para o pátio de triagem da Usi-minas que administra e dá o destino final aos resíduos que vai desde copos descartáveis a sucatas metálicas. “É importante as empresas gerenciarem seus resíduos para terem controle do que pode ser reaproveitado de forma que não degrade o meio ambiente”, afirmou Natália Bretas, técnica em meio ambiente da Sankyu.

Parceira da Usiminas, a Convaço Construtora também destina seus resíduos à empresa. Erailton da Sil-

va, gerente regional, acredita que a construtora seja uma das maiores destinadoras de refratários para a Usiminas. “Não temos como rea-proveitar o produto por ser material siderúrgico, então encaminhamos para a Usiminas que agrega valor ao resíduo e comercializa ou reaprovei-ta”, ressaltou.

Não é por acaso que a Usiminas gera por ano aproximadamente três milhões e meio de toneladas de co produtos, sendo que 96% desses resí-duos são reaproveitados pela própria empresa. “As lamas de aciaria e de alto forno são exemplos de resíduos que são recicladas internamente na fabricação do aço ou comercializa-dos para as indústrias de cerâmica da região para fabricação do produto final”, finalizou Bernardino.

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Luciano Araújo: Fiemg Regional Vale do Aço promoveu encontro

entre fornecedores e compradores de “sucatas”

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Set/Nov 2010 | Negócios Industriais 35www.sianfer.com.brwww.sianfer.com.br

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36 Negócios Industriais | Set/Nov 2010

o sonho virou realidadeHá dois anos indústrias metalmecânicas iniciaram a prospecção de mercado. Hoje são fornecedoras da cadeia de petróleo e gás

A distância de cerca de 500 qui-lômetros do litoral e dos campos de pré-sal mais próximos não es-tão impedindo que as pequenas e médias indústrias do Vale do Aço, no Leste Mineiro, consigam, aos poucos, participar do filão de 174 bilhões de dólares investidos pela Petrobras até 2013. Pequenas e médias empresas metalmecânicas regionais conseguiram, através da indústria naval, abrir as portas de um grande mercado.

Em sua estreia, a Negócios In-dustriais que circulou em junho (leia a edição on line em http://bit.ly/cgdaeU) abordou como as indús-trias associadas aos Sindimiva con-seguiram vender blocos de navios, portas e dutos para estaleiros. A Câmara da Indústria do Petróleo e Gás da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fie-mg) estima o faturamento mineiro com o setor de petróleo e gás saia de 770 milhões para 2 bilhões de dólares em 2011.

Em junho de 2009, o I Semi-nário de Petróleo, Gás e Energias Renováveis, realizado pelo Sindi-miva, Sistema Fiemg e Faculdade Pitágoras, com o apoio da Letra de Forma Comunicação Empre-sarial (empresa que edita a Revista Negócios Industriais) e diversos parceiros, no Centro Cultural Usi-

minas, reuniu mais de 700 pessoas e apresentou as possibilidades de negócios.

“A longa experiência adquirida para atender os setores mais fortes da economia mineira (siderurgia e mineração) credencia o Pólo Me-talmecânico do Vale do Aço a se inserir nesta importante cadeia da economia brasileira”, disse, à épo-ca, o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecâni-cas e de Material Elétrico do Vale do Aço, Jeferson Bachour Coelho.

Para auxiliar os potenciais for-necedores mineiros, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) estruturou o Núcleo de Inteligência Competi-tiva da Cadeia de Petróleo e Gás (NIC) para aumentar a presença das empresas mineiras na cadeia de petróleo e gás. Também através de uma parceria com o IEL, Refina-ria Gabriel Passos e Sebrae Minas, empresas da região participam da RedePetro, um projeto que busca aumentar em 20% o número de pequenas empresas fornecedoras da Refinaria de Betim até 2011.

Os resultados das ações de pros-pecção de mercados foram apre-sentados no II Seminário de Pe-tróleo, Gás e Energias Renováveis, realizado pelo Sindimiva, Sistema Fiemg e Usiminas, com o apoio da Revista Negócios Industriais, e

parceiros. O evento promovido no dia 10 de agosto, no Centro Cul-tural Usiminas, apresentou os ca-ses da Viga Caldeiraria e da Arcon Engenharia de Refrigeração, ante-cipados pela revista em sua primei-ra edição.

Grandes indústrias regionais, como Usiminas e ArcelorMittal

PANORAMA

Jeferson Bachour, do sINDImIvA: experiência

nos setores de mineração e siderurgia contribuiram

para inserção do Pólo Metalmecânico na cadeia

de petróleo e naval

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Set/Nov 2010 | Negócios Industriais 37

Inox Brasil, também apresentaram ao público as tecnologias que estão desenvolvendo para ampliar a par-ticipação neste mercado. A side-rúrgica de Ipatinga, por exemplo, “importou” uma tecnologia da Ni-ppon Steel para oferecer aos seus clientes um aço mais resistente e ao mesmo tempo de melhor ma-

nuseio. (Leia sobre as tecnologias CLC e o Aço Inox para Offshore a partir da página 42).

Os desafios da qualificação pro-fissional, financiamentos e norma-tização de produtos são grandes, mas aquilo que era um sonho, qua-se um devaneio de criança, já virou realidade.

Sérgio Roberto/Agência Cobertura

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40 Negócios Industriais | Set/Nov 2010

EVENTOS

Edson sales, da Amipão/SIP, Aloísio santos, do Sinpava, e Luciano Araújo, presidente da Fiemg Vale do Aço

Francisco Neto, colunista do

Diário do Aço

Amantino Alves, da Disbam, e a esposa Fátima

marci oliveira, do Leite Sensação, e AntônioEugênio, da Premialy e vice-prefeito de Fabriciano

sânyo Alves e Danyelle,presidente da Comissão do Baile

Alcimar Dutra, vice-presidente do Sinpava, Aloísio santos, presidente, e marco Aurélio, diretor financeiro

Fotos Grão Fotografia

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Set/Nov 2010 | Negócios Industriais 41

Ronaldo soares, do Sindimiva, eFlaviano Gaggiato, da Viga Caldeiraria

Elísio Cacildo, da ADI, Estevão Resende, da Marinha, e Gláucio Campelo, vice-presidente do Sindimiva

Ronaldo Claret, gerente de pesquisa da ArcelorMittal

Fotos / Sérgio Roberto/Agência Cobertura

Paulo Afonso, da Bema, eJorge vello, da Arcon

Diretor de Relações Institucionais da Usiminas, Eduardo Lery vieira

O XVI Baile dos Panificadores, promovido pelo Sinpava, e o II Seminário de Petróleo, Gás e Energias Renováveis,

realizado pelo Sindimiva, Fiemg e Usiminas, movimentaram o

setor industrial no mês de agosto. Os dois eventos contaram com

o apoio da Letra de Forma Comunicação Empresarial e da

Revista Negócios Industriais. Veja quem passou por lá.

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42 Negócios Industriais | Set/Nov 2010

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Set/Nov 2010 | Negócios Industriais 43

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clc. aFinal, que aço é esse?

Usiminas coloca novo tipo de aço no mercado em 2011 para atender indústria de petróleo, naval, máquinas e equipamentos e construção civil

De olho nas oportunidades cria-das pela exploração do Pré-Sal na costa brasileira, a Usiminas, maior complexo siderúrgico de aços planos da América Latina, disponibilizará ao mercado, a partir de 2011, um aço mais resistente e tenaz, de fácil soldabilidade e aplicação na indús-tria de petróleo, gás e naval. O pro-duto, no entanto, também poderá ser usado em máquinas e equipamentos,

além da construção civil.A produção do aço com a tecnolo-

gia CLC (Continuos on Line Con-trol), transferida pela Nippon Steel, começa em setembro. A siderúrgica investiu R$ 650 milhões na insta-lação do “Resfriamento Acelerado de Chapas Grossas”, inaugurado no final de agosto, mas durante pelo menos três meses o equipamento passará pela fase de testes, conforme

explicou Helber Luiz Oliveira Ri-beiro, superintendente de Garantia da Qualidade da Usiminas à “Negó-cios Industriais”.

Depois dessa etapa, ainda é preci-so fazer a homologação do produto junto aos clientes. “Nós temos um cronograma, onde são três meses para os testes a quente. São os meses destinados para fazer ajuste do equi-pamento, visando à obtenção de uni-

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clc. aFinal, que aço é esse?

PANORAMA

formidade de temperatura e melhor forma, que são dois pontos críticos para a implementação da tecnologia. Depois vamos entrar numa segunda etapa que é a parte de homologação dos aços com as entidades classifi-cadoras do setor naval e os nossos clientes.”

A inclusão desta tecnologia em seu portfólio coloca a Usiminas no mes-mo padrão dos principais concor-rentes internacionais. A tecnologia CLC foi desenvolvida pela Nippon Steel, mas o processo de resfriamen-to acelerado foi elaborado por várias

siderúrgicas desde a década de 1980, como as japonesas JFE e Sumitomo, e várias outras siderúrgicas européias. “Ainda não havia uma demanda sig-nificativa do mercado nacional que justificasse o investimento em uma tecnologia dessas”, explica Helber.

Agora, com a exploração do Pré-Sal, onde o petróleo é retirado de profundidades que poderão chegar a 8 mil metros, o aço usado nos tubos para condução de óleo e gás, plata-formas offshore, navios auxiliares e vasos de pressão precisam de uma alta resistência mecânica.

“O CLC possibilita a produção de aços de alta resistência mecânica e elevada tenacidade. Para isso, utili-zam-se composições químicas com menores teores de carbono e ele-mentos de liga em relação aos aços produzidos de forma convencional. Objetiva-se uma microestrutura mais adequada, resultando em me-lhoria da soldabilidade, tenacidade e conformabilidade”, detalha Marcos Sampaio, especialista de produto da Usiminas, que realizou treinamento no Japão sobre a nova a tecnologia da Nippon Steel.

O óleo extraído da camada de pré-sal pode apresentar concentrações maiores de gás sulfídrico (H2S) e dióxido de carbono (CO2), tornan-do o ambiente mais ácido. Segundo o especialista da Usiminas, o aço adequado para esse tipo de aplicação deve possuir uma composição quí-mica com menores teores de carbo-no e elementos de liga (leia mais no quadro Você Sabia?), melhor limpi-dez (baixos teores de fósforo, enxo-fre, nitrogênio e hidrogênio), baixo nível de segregação central e micro-estrutura adequada para este tipo de ambiente.

“A composição química ajuda a de-finir as propriedades mecânicas dos aços, mas é limitada pelas especifica-ções. O carbono é um elemento que normalmente endurece o aço, mas ao

mesmo tempo, o torna menos tenaz e menos conformável. O ideal é que você faça um aço com teores mais baixos de carbono e de elementos de liga. Só que quando eu faço isso usando os processos convencionais, as propriedades mecânicas reduzem. O resfriamento acelerado vai per-mitir exatamente que você trabalhe com uma composição química mais leve e ao mesmo tempo conseguir propriedades mecânicas mais altas”, detalha Marcos Sampaio.

As empresas de diversos setores (e não apenas aquelas ligadas ao setor de petróleo) devem ficar atentas aos benefícios do novo produto. O aço com tecnologia CLC será vendido normalmente para o mercado, po-dendo ser usado, além das aplica-ções do setor de petróleo e gás, para a construção de guindastes, retro-escavadeiras, caminhões, pontes, viadutos, edifícios e comportas de hidrelétricas.

“A Usiminas Mecânica é uma das opções para fazer a montagem de plataformas para a Petrobras, por exemplo, mas esse aço será disponi-bilizado no mercado para qualquer cliente, inclusive no segmento de transporte de óleo e gás. O maior fa-bricante brasileiro é a TenarisCon-fab e nós vamos fornecer aço para eles”, completa o superintendente de garantia da qualidade.

Com a última edição da “Negó-cios Industriais” nas mãos, cuja capa mostra o empresário Flaviano Gag-giato, da Viga Caldeiraria, e blocos de navios ao fundo, Helber Ribeiro dá um exemplo local. “Com certeza os blocos poderiam ser construídos com o novo aço se ele já estivesse disponível. Ele é mais adequado a esse tipo de serviço”, diz, frisando que será necessária a qualificação de profissionais para trabalhar com o novo produto.

“O que estamos fazendo é abrindo o leque dos nossos produtos. Tem

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DIvERsIDADE: O aço com tecnologia CLC

será vendido normalmente para o mercado, podendo ser

usado, além das aplicações do setor de petróleo e gás, para a construção de guindastes,

retro-escavadeiras, caminhões, pontes, viadutos, edifícios e comportas de hidrelétricas.

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PANORAMA

muito aço hoje que a gente atende ao mercado, mas o cliente tem restrição na hora de aplicar, ele tem di-ficuldade para soldar, ele tem um índice de retrabalho maior, na hora que você fornecer esse aço via CLC, com um carbono equivalente mais baixo, com certe-za ele vai aumentar muito a produtividade”, completa Helber.

Quando anunciou a implantação da nova tecnolo-gia, a siderúrgica do Vale do Aço estimou sua produção anual entre 300 e 500 mil toneladas. Mas a quantidade poderá variar conforme a aceitação do mercado. “Esta estimativa é baseada no mix de produção dos últimos anos, mas se o mix enobrecer, a tendência é que esse percentual de material processado no CLC aumente”, prevê o especialista Marcos Sampaio.

CONCORRÊNCIA À VISTAO preço ainda não foi definido, nem a quantidade

que será produzida inicialmente. “O preço é definido pelo mercado”, reforça o superintende de garantia da qualidade. Além da concorrência externa, a Gerdau anunciou que entrará no mercado de chapas grossas a partir da inauguração de seu laminador na usina de Ouro Branco (antiga Açominas) a partir do segundo semestre de 2012 já com a tecnologia do resfriamento acelerado.

Em julho, a Gerdau comunicou a instalação de um laminador de bobinas a quente, o primeiro da empresa no Brasil. Dessa forma, serão implantados dois no-vos laminadores de aços planos em Ouro Branco, um voltado para a produção de chapas grossas – que já havia sido comunicado – e outro para a fabricação de bobinas a quente. Juntos, os equipamentos somam R$ 2,4 bilhões em investimentos, alcançando uma capa-cidade instalada de 1,9 milhão de tonelada por ano.

“Estamos investindo para atender o mercado brasi-leiro e global, frente à expectativa de crescimento da demanda por aço nos próximos anos. Com o início da operação dos novos laminadores, a Gerdau oferecerá ao mercado uma nova linha de produtos, a partir da produção de aços planos, ampliando o atendimento das necessidades de seus clientes”, afirmou, à época, o diretor-presidente (CEO) da Gerdau, André B. Ger-dau Johannpeter.

De acordo nota da assessoria de imprensa da Ger-dau, disponível no site da empresa, ambos os produtos, bobinas a quente e chapas grossas, estão voltados para atender a indústria petrolífera, naval, da construção civil (construção metálica) e de equipamentos pesa-dos (máquinas e implementos). A Usiminas vai sair na frente. O desafio será manter a liderança.

voCê sABIA?

A composição química determina muitas das características importantes do aço. A seguir será descrita a influência dos principais elementos de liga no estabelecimento das características do aço, ressalvando-se que o efeito de duas ou mais adições desses elementos pode ser diferente do efeito desses elementos isoladamente.

Carbono: o aumento do teor de carbono constitui a maneira mais econômica para obtenção de resistência mecânica para os aços, atuando primordialmente no limite de resistência. Mas, por outro lado, o carbono prejudica sensivelmente a ductilidade (em especial o dobramento) e a tenacidade. Teores elevados de carbono comprometem a soldabilidade e diminuem a resistência à corrosão atmosférica.

manganês: É usado praticamente em todo aço comercial. O aumento do teor de manganês é também uma maneira de melhorar a resistência mecânica, atuando no aumento do limite de escoamento e da resistência à fadiga.

silício: É usado como desoxidante do aço. Favorece a resistência mecânica e a corrosão, porém reduzindo a sold-abilidade.

Enxofre: É extremamente prejudicial aos aços. Desfavorece a ductilidade, em especial o dobramento, e reduz a soldabili-dade. Diminui a tenacidade.

Fósforo: Aumenta o limite de resistência, favorece a corrosão e a dureza, prejudica a ductibilidade e a soldabilidade. Quan-do ultrapassa certos valores, o fósforo torna o aço quebradiço.

Cobre: Aumenta de forma sensível a resistência à corrosão atmosférica dos aços, em adições de até 0,35%. Aumenta, também, a resistência à fadiga, mas reduz, de forma discreta, a ductibilidade, a tenacidade e a soldabilidade.

Níquel: Aumenta a resistência mecânica, a tenacidade e a resistência a corrosão. Reduz a soldabilidade.

Cromo: Aumenta a resistência à corrosão atmosférica e à abrasão. Reduz, porém, a soldabilidade. Melhora o desem-penho do aço a temperaturas elevadas.

Nióbio: Aumenta a resistência mecânica e a soldabilidade; teores baixíssimos deste elemento permitem aumentar o lim-ite de escoamento e a resistência. É um componente quase obrigatório nos aços de alta resistência e baixa liga: além de não prejudicar a soldabilidade, permite diminuir os teores de carbono e de manganês, melhorando, portanto, a soldabili-dade e tenacidade. Pode diminuir a ductibilidade.

Titânio: Aumenta o limite de resistência à abrasão e melhora o desempenho em temperaturas elevadas.

FONTE:Introdução à Siderurgia (2007), Associação Brasileira de Meta-lurgia e Materiais (ABM)

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uma Grande chance para o inoXDemanda por tubos flexíveis leva ArcelorMittal Inox Brasil a investir no aço duplex

A Usiminas não é a única siderúrgi-ca do Vale do Aço a investir tecnolo-gicamente para atender à demanda do pré-sal. Há dois anos, a ArcelorMittal Inox Brasil iniciou o processo para trazer uma tecnologia mundial para a região. “Com o duplex, estamos prepa-rados para suprir a demanda brasileira de aço para exploração de petróleo na camada pré-sal”, escreveu o presiden-te da empresa, Paulo Magalhães, em seu editorial na Revista Espaço, infor-mativo oficial da siderúrgica..

O aço duplex se destina à expecta-tiva de aumento do consumo de tubos flexíveis, vasos, tanques, dutos e cone-

xões pelo setor petroquímico. No 65º Congresso Internacional da Associa-ção Brasileira de Metalurgia, Mate-riais e Mineração (ABM), realizado no Rio de Janeiro, no final de julho, Magalhães disse acreditar que é uma oportunidade da consolidação do aço inox no mercado de petróleo e gás.

“Quando falamos em aço duplex não estamos falando de um material novo, mas de produto que não jus-tificava a produção em larga escala. Agora temos uma cadeia produtiva estimulada tanto para a produção de linhas flexíveis (para o pré-sal) e para o refino”, disse o executivo.

“Se um cliente precisava de uma peça de 5 toneladas, a nossa corrida era de 80 toneladas, o que você ia fazer com o resto? O problema de escala é para viabilizar a produção de no míni-mo uma corrida. Demoramos a entrar no duplex não por falta de demanda, mas por causa de uma concentração itens por volume, seria uma produção muito picada”, completa o gerente do Centro de Pesquisas da ArcelorMittal Inox Brasil, Ronaldo Claret Ribeiro da Silva.

Ele explica que para suportar a pressão da coluna d’água, em profun-didades de 2 a 3 mil metros, os tubos

Divulgação Arcelor

DuPLEX: O segredo está na Aciaria. Com o balanço dos elementos químicos,

consegue-se uma estrutura 50% ferrítica e 50%

austenítica

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letra de forma5 anos transformando conceitos letra de forma5 anos transformando conceitos

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PANORAMA

flexíveis que conduzem o petróleo do poço até a plataforma devem apre-sentar alta resistência mecânica. Além disso, a acidez do óleo encontrado no pré-sal exige materiais mais resisten-tes à corrosão.

“O duplex não só conjuga essas características, como apresenta boa soldabilidade e elevado limite de es-coamento, uma vez que permite a utilização em espessuras finas, o que torna a solução mais competitiva”, diz o engenheiro mecânico e mestre em metalurgia, que coordena uma equipe de 37 pessoas, sendo 15 pesquisado-res.

De acordo com a empresa, o aço duplex também poderá ser usado na cadeia produtiva das indústrias de pa-pel e celulose, química e alimentícia, com aplicações também em pontes e viadutos, trocadores de calor e tubos para óleo e gás, tanques de estocagem e de carga para navios e caminhões,

sistemas de água do mar, entre outras. Mais resistente, ele pode propor solu-ções até 40% mais leves que os demais aços.

A tecnologia não é nova no mun-do. Só não havia demanda de itens em volume suficiente para trazê-la ao País. “A quantidade de itens era muito grande em relação ao volume”, reforça Claret. Há dois anos, a ArcelorMittal decidiu investir no novo tipo de aço. Não foi preciso investir em novos equipamentos. A siderúrgica investiu em conhecimento, um intercâmbio de tecnologia com a ArcelorMittal na Europa.

Depois de testes e do processo de homologação do produto para a Fle-xbrás, empresa do grupo francês Te-chnip e fabricante de tubos flexíveis para águas profundas para a Petro-bras, a siderúrgica colocou o duplex no mercado. A expectativa é produzir 5 mil toneladas do produto por ano

para diversas aplicações.O duplex é usado na camada inter-

na dos tubos, que são recobertos por camadas de diversos outros produtos. “O tubo flexível não é feito só de du-plex. Ele é a parte interna do tubo, a carcaça, essa parte é responsável por evitar o colapso do tubo em função da pressão da água. Depois da carcaça tem camadas, com outros materiais e outros tipos de aço que vão dando as demais características do tubo”.

Ao contrário do que o nome sugere, duplex não é por causa da quantidade de camadas, mas sim por sua estrutu-ra cristalográfica. Com o balanço dos elementos químicos, consegue-se uma estrutura 50% ferrítica e 50% auste-nítica. Em linhas gerais, o aço inox é uma liga de ferro, com no mínimo 11% de cromo, podendo ter níquel, molibidênio e outros elementos, que apresentam alta resistência à oxidação atmosférica.

Timóteo é um canteiro de obras.E isso está longe de ser só uma força de expressão.

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Set/Nov 2010 | Negócios Industriais 53

A cada dia que passa vemos o mercado, principal-mente o industrial, buscando uma cadeia de produção totalmente certificada nos padrões de qualidade inter-nacional. Isto porque o mercado consumidor está cada dia mais exigente. Nos dias de hoje, não basta oferecer o menor preço. O mercado busca produtos e serviços com alto padrão de qualidade e com preços baixos. Aqueles que não se adequarem a esta nova realidade, certamente terão alguma dificuldade para sobreviver ao mercado global.

Há alguns anos, a grande preocupação dos empresá-rios era com o possível aumento nos custos a partir da implantação de um sistema de gestão da qualidade, onde a qualidade estava associada a baixa produtivi-dade e a custos elevados. A qualidade era vista como CUSTO para alguns administradores. Isto porque se enxergava apenas os custos diretos para obtenção da qualidade, e da manutenção do setor da qualidade (controle, prevenção e avaliação).

Com a evolução do pensamento empresarial, mais do que se preocupar com a ausência de deficiências, o sistema de gestão da qualidade passou a estar atento às necessidades e satisfação de seus clientes. Na bus-ca pela satisfação dos clientes, as metas ficaram mais rigorosas: zero de defeitos; zero de desperdício; zero de tempo ocioso; zero de perdas de recursos; 100% de eficiência; 100% de produtividade; 100% de satisfação (cliente interno e externo).

Todo resultado diferente do descrito acima, podemos classificar como custos da não-qualidade. Onde des-tacamos os custos das falhas, como perda de material e mão de obra de material rejeitado, correção de uni-dades defeituosas, custo financeiro do estoque para suprir as falhas, tempo perdido, atendimento a recla-mações, reparo de produtos devolvidos e atendimento às garantias, dentre outras. Os refugos, unidades defei-tuosas e garantias devem ter um tratamento contábil diferenciado.

a) Refugos – o produto ou serviço que não atendeu as especificações do cliente. Seu custo líquido é o va-lor apurado até o momento de rejeição e o seu valor de venda como descarte. O refugo, por sua vez, pode ser considerado normal quando ocorre dentro de um

limite planejado pelo setor de produção. Porém, existe também o refugo anormal, que é aquele que excede a quantidade planejada. Este por sua vez deve ser consi-derado como perda do período, ou seja, reduzirá dire-tamente o LUCRO OPERACIONAL LÍQUIDO.

Com um eficiente controle de qualidade, um produto pode ser refugado em qualquer etapa do processo de produção, tornando o custo de unidades refugadas di-ferente, dependendo da etapa de produção na qual ele foi identificado como refugo;

b) Unidades Defeituosas – são as unidades que apesar de não atenderem às especificações do cliente são pas-síveis de recuperação. É preciso estar atento no mo-mento da decisão de recuperação de um produto para poder assegurar vantagens no processo. Seu custo é o custo do retrabalho;

c) Garantias – são os custos com conserto, substitui-ção de peças, ou até dos produtos dentro do prazo de garantia.

A notícia ruim é que estes não são os maiores cus-tos que a não-qualidade pode causar para a empre-sa. Existe ainda o custo indireto, que apesar de difícil mensuração, deve ser estimado pelas empresas. Estes custos geralmente ocorrem em cadeia, sendo a primei-ra etapa o “prejuízo” que a não-qualidade pode causar ao cliente. A conseqüência certamente será a insatisfa-ção, influenciando-o negativamente no que ele pensa sobre o produto ou até mesma sobre a empresa (perda da reputação).

Uma das formas utilizadas é instituir indicadores de desempenho para medir a qualidade ou não-qualidade em relação à satisfação do cliente, onde podemos ter: - percentual de unidades defeituosas devolvidas para reparo; -percentual de unidades defeituosas devolvi-das para troca; -percentual de entregas feitas no tempo previsto; -tempo médio de espera do cliente em cada uma das situações acima; -quantidade de clientes in-satisfeitos.

Muitos outros tipos de indicadores podem e devem ser elaborados de acordo com as necessidades de cada empresa, tomando-se sempre o cuidado com o excesso ou escassez de dados.

custos da não qualidade

PoR NATHANIEL J.v. PEREIRASócio-administrador da NTW Contabilidade e Gestão Empresarial e coordenador da Câmara Setorial de Contabilidade do Vale do Aço

Contábil

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54 Negócios Industriais | Set/Nov 2010

o associativismo é Bom para o Bolso da sua empresa

Guiauto: Leonel Guimarães, diretor da rede de concessionárias

da GM, de olho no mercado industrial, firma parceria com

Fiemg Vale do Aço

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Set/Nov 2010 | Negócios Industriais 55

ASSOCIATIVISMO

Diretor da Guiauto, rede de conces-sionárias da marca Chevrolet no mer-cado desde a década de 70, o empresá-rio Leonel Guimarães teve uma idéia simples, mas muitas vezes esquecida: valorizar o associativismo industrial. Foi numa conversa com o presidente da Fiemg Regional Vale do Aço e di-retor da Provest Uniformes, Luciano Araújo, que nasceu a semente de uma parceria.

“Um bom negócio começa com uma boa conversa. Essa conversa surgiu com o Luciano para viabilizar essa parceria, que tem que ser efetiva e de mão dupla. Tem que ser boa para o Sistema Fiemg, para a Chevrolet e principalmente para os associados aos sindicatos patronais do Sistema”, co-mentou Leonel, filho do fundador da empresa Leôncio Guimarães, à Negó-cios Industriais.

De nova a idéia não tem nada. Vá-rias associações comerciais oferecem benefícios e descontos para associados. A inovação veio naquilo que parece óbvio para uma região onde cerca de 80% das riquezas vêm da indústria: fa-zer um convênio com a entidade má-xima da indústria em Minas Gerais, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais.

O convênio, com a chancela da montadora, foi assinado no final de maio. A Guiauto, que atua no Vale do Aço, e na região de Itabira e João Monlevade através da CVG, está de olho num potencial mercado de 250 empresas, de médio e grande porte, as-sociadas aos sindicatos das indústrias de alimentação, metalmecânica, vestu-ário e construção civil (Sinpava, Sindi-miva, Sindvest, Sinduscon e Sime).

“O potencial dessas empresas é muito grande”, prevê Leonel. Com descontos de até 18% sobre os preços praticados pela empresa, a Guiauto e a Fiemg esperam que incentive novas empresas a se associarem aos sindica-tos. “Um desconto desses dá para pa-gar a mensalidade do sindicato por um

bom tempo”, brinca o empresário, sem falar em valores.

E realmente são expressivos. Uma pick-up S10 pode ter uma queda no preço de até 15%, uma Montana de 16% e o Celta, veículo usado em fro-tas, 15%. O benefício é maior que na modalidade praticada por várias em-presas, inclusive a Chevrolet, de ven-da para pessoas jurídicas. Além de ter CNPJ, as empresas interessadas de-vem apresentar uma carta do sindicato confirmando sua associação.

Para o presidente da Regional da Fiemg, Luciano Araújo, a parceria só vem a confirmar a importância do as-

sociativismo. “Nos últimos anos temos trabalhado em parceria com os sin-dicatos para fortalecer e organizar os setores produtivos. Juntos, somos mais fortes e conseguimos conquistar mais benefícios, não só financeiros”, destaca o empresário, citando a instalação de uma unidade do Senai, a ampliação dos serviços do Sesi, a implantação do Núcleo de Estágio do Instituto Euval-do Lodi e ainda importantes projetos como o Peiex (Projeto de Extensão Industrial Exportadora).

“Ser associado de uma federação como a Fiemg só traz benefícios para os associados”, destacou Leonel.

Desde que foi inaugurado, em de-zembro de 2007, o Senai Vale do Aço já qualificou mais de três mil jovens para o mercado de trabalho. A falta de mão-de-obra qualificada sempre foi um gargalo para a indústria regional, segundo todos os diagnósticos feitos.

Depois de Ipatinga, uma unidade em Timóteo está em fase de negociação e a Associação Solidariedade Brasil-Togo, em Coronel Fabriciano, funcio-nará como uma unidade da entidade de ensino profissionalizante.

Setores como panificação e confec-ção industrial passaram a contar com profissionais especializados, qualifica-dos dentro das necessidades do mer-cado. “Os sindicatos oferecem serviços e também representam a classe junto ao Poder Público, defendendo os in-teresses da categoria em vários níveis, sempre com o apoio da Fiemg e da Confederação Nacional da Indústria”, explica Aloísio Santos, presidente do Sinpava e proprietário da Padaria do Horto.

Um case de sucesso, e que vem ga-nhando destaque estadual e nacional, é o setor metalmecânico. Tudo come-çou com o Projeto Metalmecânico, que contava com o apoio da Fiemg, Sebrae e outros parceiros, ainda na gestão de Adilson Barbosa, diretor da Comap Mecânica, à frente do Sin-dimiva. Mais organizadas e vendo os antigos concorrentes como aliadas, as empresas do setor uniram-se em busca de novos mercados.

No caso do pólo metalmecânico, a evolução do associativismo chegou ao ponto de as empresas constituírem a Central de Negócios Metal Mecânica (CNMM), um grupo de 20 empresas, com personalidade jurídica, que pode realizar compras e vendas em conjun-to.

“São inúmeros os benefícios. Uni-dos, vemos que o concorrente não está na esquina ou no bairro ao lado, ele está em outro Estado, País, e para fazer frente a isso é preciso estarmos juntos”, destaca Jorge Vello, diretor da Arcon Engenharia de Refrigeração e diretor da CNMM. (Leia a conversa completa na página 56)

SERVIÇOSGuiauto: 31 3829-1350G

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Idéia da parceria com entidade empresarial e desconto para associados não é novidade. Inovação está em buscar esse tipo de relação com as indústrias do Vale do Aço, através da Fiemg Regional

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56 Negócios Industriais | Set/Nov 2010

a evoluçãoda parceria

Empresas associadas ao Sindimiva formam grupo para comprar e vender em conjunto. Economia chega a 25% das compras isoladas

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BATE PAPO

Jorge vello, da Arcon: Central de Negócios aumenta

competitividade de indústrias do Vale do Aço

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Set/Nov 2010 | Negócios Industriais 57

No dia 22 de julho deste ano, nasceu, juridicamente, a Associação Mecânica Industrial Vale do Aço, a AMIVA, um grupo de empresas do setor metalmecânico, associadas ao Sindimiva, composto para comprar e vender em conjunto. Na região, trata-se da primeira central de negócios constituída. A economia média nas primeiras compras atingiu a casa de 25% e uma única empresa chegou a economizar R$ 30 mil na aquisição de insumos. É um exemplo do amadurecimento do associativismo empresarial. A “Negócios Industriais” conversou com o presidente da entidade, Jorge Vello, diretor da Arcon Engenharia de Refrigeração.

A Central de Negócios já existe juridicamente?

Desde ontem (22 de julho). Nós demoramos muito para conseguir chegar nesse ponto porque você compor uma empresa com muitos sócios você tem que acertar isso com cada um dos sócios. Cada um tem uma opinião, quer fazer de uma for-ma, tem a parte legal, que não tem como fugir dela, então foi o que demorou. Mas desde ontem é uma empresa com constituição jurídica, CNPJ, tudo direitinho.

Onde ela funciona?Nós recebemos uma sala, em cará-

ter de empréstimo, sem prazo defi-nido, no prédio da Fiemg Regional, ao lado do Sindimiva. Ela já está funcionando e estamos compondo a equipe.

Por que criar uma Central de Ne-gócios?

A grande vantagem da central de negócios é você ter condição de com-prar em escala. Quando você compra em escala, você compra com preços mais em conta. Nós podemos com-prar todo tipo de material que seja comum às empresas, porque aquilo que não é comum ela mesmo compra porque não vai ter volume além do dela para ser comprado. Então esta-

mos comprando materiais abrasivos, discos de corte, ferramentas, arames de solda, material de segurança, lu-brificantes, são itens que já estamos trabalhando com eles. Uma outra atividade será a contratação de ser-viços de segurança, saúde ocupacio-nal, telefonia móvel corporativa. Um item muito interessante que está na nossa pauta é a energia elétrica. É um campo muito vasto. Agora a parte de vendas esse é um segundo momento que vamos trabalhar.

Outra grande vantagem da central de negócios é que como ela precisa da atuação das empresas, isso aproxi-ma muito os empresários, eles come-çam a trabalhar em conjunto. Hoje estamos conseguindo buscar o em-presário e colocá-lo junto, com isso temos discutido mais os negócios, visto mais negócios que aparecem no mercado, está evoluindo muito mais do que quando cada um buscava seu próprio nicho isoladamente. Já se fala inclusive em comprar máquinas de grande porte em conjunto para aten-der todas as empresas do grupo.

Quem pode participar?A condição que a gente não abre

mão é que seja afiliado ao Sindimiva. Essa a gente não abre mão. A segun-da condição é que seja aceita pelo grupo. No mais qualquer empresa

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58 Negócios Industriais | Set/Nov 2010

do segmento metalmecânico, pode ser desde uma serralheria, a uma usi-nagem, a uma caldeiraria, a uma em-presa de jateamento de pintura, todas ligadas ao metalmecânico mesmo.

Quantas empresas já aderiram?Nós temos 17 empresas fundadoras

e mais duas que estão participando das benesses das compras conosco.

A Central já fez compras em con-junto. Qual a economia?

O estudo que nós fizemos toda economia girava acima dos 25% do preço mais alto que as empresas es-tavam economizando. Tem empre-sas que em determinados itens elas

compram muito próximos do que a Central compra, e em outras outros elas estavam muito distante. Às ve-zes ela não tem tanto benefício com um determinado item, mas tem mui-to benefício com outro. Nós temos que analisar a Central de uma forma conjunta, nós não podemos analisar itens isolados.

Existe algum custo para partici-par?

Sim. Como todo empresa tem despesas e como o negócio está co-meçando agora ele ainda não é auto-sustentável. Temos uma taxa que es-sas 17 empresas vêm pagando desde o início. Hoje ainda precisamos desse valor para fazer a roda girar e espe-ramos a curto e médio prazo, que a gente estima em 6 meses, nós já es-

tarmos com o negócio autosustentá-vel ou precisando de pouco aporte.

Quando começarmos na parte de vendas, as comissões de vendas são muito mais significativas, então quando começarmos com vendas a parte de autosustentação será refor-çada. Então o que acontece é que temos uma mensalidade que as em-presas pagam e a mensalidade, num curto e médio prazo, será transferida para um percentual do valor da com-pra e esse percentual quem vai nos pagar é o fornecedor, que vai reser-var uma comissão, pois na verdade a central está trabalhando como um vendedor para aquela empresa.

Qual seria a diferença da Central para o Sindicato?

A Central de Negócios é mais uma atividade desenvolvida pelo Sindimi-va. Ele é o indutor da Central de Ne-gócios, ele é institucional, a central é um produto que ele induziu, mas que depois terá vida própria. Tanto que só podem participar da Central os associados ao Sindicato.

Aonde vocês se inspiraram para implantar a Central no Vale do Aço?

A idéia foi exatamente das benes-ses do associativismo. Nas reuniões do sindicato nós começamos a sen-tir que, num determinado momento, se nós nos uníssemos nós seríamos mais fortes. E como a gente poderia se unir? Exatamente comprando me-lhor para serem mais competitivos e também vendendo conjuntamente. E como poderia fazer isso, empresas distintas fazerem compras e vendas em conjunto? Foram aparecendo as ideias e isso não é nenhuma novida-de no mercado, nós copiamos algu-mas modelos, buscamos o apoio no Sebrae, participamos de um encon-tro de centrais de negócios em Belo Horizonte. No Vale do Aço é a pri-meira central.

Na sua avaliação, a central de ne-gócios é uma evolução do associati-vismo?

Podemos entender que sim por-que o associativismo você não tem um elo entre as empresas e aqui você tem, aqui você é co-responsável. A partir do momento que você aderiu à Central de Negócios você tem com-promissos maiores. No Sindimiva é possível você participar sem estar presente, aqui não, aqui para você participar você tem que estar presen-te e atuante. Para chegar na central de negócios, tem que ter o associati-vismo. Você tem que passar por lá. É uma condição porque nós temos que fortalecer o Sindicato, se você tiver uma central de negócios, com um sindicato fraco, ela perde a sustenta-ção. A Central de Negócios estando dentro do contexto do Sindicato ela tem uma série de benefícios como o benefício próprio que deu início a tudo isso, que foi o apoio do Sebrae e fica muito difícil esse apoio sem estar ligado a um sindicato. Você até consegue, mas por caminhos mais tortuosos.

Qual o maior obstáculo?Uma barreira que a gente precisa

transpor é a equalização dos pro-dutos. As empresas gostam de usar determinados insumos, todos de ex-celente qualidade, mas já têm relação com determinado fornecedor, enfim. Então você equalizar isso e criar vo-lume para um produto de marca, es-pecificação e fornecedor com o intui-to de atender a todos, esse é o grande desafio nosso. É o poder de conven-cimento que temos que ter para che-gar num denominador comum.

Quero deixar claro que com isso não vamos privilegiar um fornecedor ou outro. Nós podemos hoje usar, por exemplo, um arame de um determi-nado fornecedor e amanhã, por ques-tões de preços, já que tecnicamente todos atendem, comprar o outro.

ASSOCIATIVISMO

Nas reuniões do sindicato nós começamos a sentir

que se nós nos uníssemos nós seríamos mais fortes.

E como a gente poderia se unir? Exatamente compran-

do melhor para ser mais competitivos e também

vendendo conjuntamente.

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Set/Nov 2010 | Negócios Industriais 59

muito além dos portais

PoR RoNALDo WANDERsoN soAREsAdministrador, especialista em Gestão e Marketing, assessor empresarial do Sindimiva, Gestor Executivo da Central de Negócios Metalmecânica do Vale do Aço e autor do Blog do Ronaldo/Negócios Já (www.blogdoronaldo.com.br)

Marketing

O II Seminário Petróleo, Gás e Energias Renováveis veio apresentar os resultados das ações de Marketing Industrial implementadas pelos projetos do setor metalmecânico (GEOR/SEBRAE, SINDIMIVA/FIEMG). Mais do que isto, veio mostrar o imenso mundo de oportunidades que se esconde além dos portais.

Os portais de compra são softwares adotados pelas grandes empresas que, em sua maioria, permitem dar agilidade nas aquisições de bens e serviços. Todavia, como qualquer mecanismo de gestão, ele tem suas limitações.

Quando se trata, por exemplo, da contratação de estruturas e equipamentos de caldeiraria a ferra-menta impede que soluções que representem uma relação custo-benefício mais eficiente sejam ofere-cidas pelos fornecedores que, neste caso, se investem de parceiros do cliente.

Por outro lado, os portais possibilitam que fornecedores, mesmo distantes geografica-mente, participem de cotações de preços.

Esta ferramenta de gestão de suprimentos demonstra-se mais eficiente para aquisição de produtos seriados ou serviços padronizados. A base de comparação e a baixa relati-vidade possibilitam que o “melhor” preço seja alcançado nas coletas virtuais, oferecendo inegável economia para as organizações.

O problema reside que, em muitos fornecedores, em particular os da indústria me-cânica, os portais geram acomodação, desatenção ao investimento na pluralidade da carteira de clientes e ausência de desenvolvimento de novas tecnologias. Muitas orga-nizações ainda restringem a sua área comercial aos “monitores” de portais de compra das grandes empresas da região e “elaboradores” de propostas técnico-comerciais (co-nhecidos como orçamentistas).

As empresas que hoje estão inseridas na exigente cadeia do petróleo e gás experi-mentam a possibilidade de melhores margens a partir da oferta de produtos/serviços que, por sua vez, comporão um portfólio mais consistente e lhes credenciarão a outras oportunidades advindas de novos clientes.

Mais que novos clientes, novos fluxos de caixa, maior ecletismo e maior robustez para o enfrenta-mento de crises setoriais - vide a crise macroeconômica de 2009 que afetou sobremaneira a siderurgia e mineração (base da carteira de clientes da maioria das indústrias do setor metalmecânico do Vale do Aço).

É hora de aproveitar os exemplos apresentados no seminário, realizado no último dia 10 de agosto, para que os empresários do setor se atentem à inadiável necessidade de diversificação da economia do Vale do aço. Isto perpassa pela desconcentração das carteiras das indústrias, da diminuição da depen-dência do mercado regional e ao atendimento às cadeias produtivas diversas (petróleo/gás, energias renováveis, indústria naval, agronegócios, etc.).

O redesenho do “departamento comercial” com a adoção do planejamento estratégico, investimento na contratação de profissionais de marketing & vendas, integração com o setor técnico, área de supri-mentos e planejamento da produção é um bom começo para que se alcance a excelência no atendi-mento a clientes e, principalmente, aos que se encontram muito além dos portais.

Esta ferramenta de gestão de suprimentos demonstra-se mais eficiente para aquisição de produtos seriados ou serviços padronizados. A base de comparação e a baixa relatividade possibilitam que o “melhor” preço seja alcançado nas coletas virtuais, oferecendo inegável economia para as organizações.

@ronaldowsoares

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60 Negócios Industriais | Set/Nov 2010

o Fim do atravessador

Indústrias metalmecânicas do Vale do Aço são beneficiadas com iniciativa da Usiminas de vender aço diretamente para pequenas e médias empresas regionais

Depois de mais de uma década de negociações, a Usiminas anunciou no dia 10 de agosto que venderá seu aço diretamente para as pequenas e médias empresas do setor metalme-cânico do Vale do Aço. Por mês, a si-derúrgica, que criou uma unidade de distribuição no Distrito Industrial de Santana do Paraíso - onde estão os maiores consumidores locais -, estima a venda mensal de 2 mil toneladas de seus produtos, conforme informou o diretor de Relações Institucionais da

Usiminas, Eduardo Lery Vieira.Os empresários das indústrias me-

talmecânicas regionais serão benefi-ciadas com vantagens de logística e eliminação do custo do frete. “Ainda não sabemos qual será o preço, mas com certeza será menor do que com-pramos hoje, sobretudo por causa do frete. Também ganhamos em agi-lidade. Hoje, dependendo do porte da encomenda, temos que esperar o produto chegar de Belo Horizonte ou do Espírito Santo”, avalia Anízio

Tavares Filho, diretor da ATA Indús-tria Mecânica, de Timóteo.

Desde sua criação, a Usiminas for-necia o aço para as distribuidoras, lo-calizadas fora do Vale do Aço. O pro-duto, fabricado na Usina Intendente Câmara, era levado, em carretas, para as revendedoras. Para usar o material, as empresas instaladas às margens da siderúrgica eram obrigadas a comprar o produto (feito em Ipatinga) fora da região e trazê-lo de volta ao Vale do Aço, para transformá-los, em suas di-

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Set/Nov 2010 | Negócios Industriais 61

versas aplicações, e então despachá-lo para os diversos cantos do País.

Segundo empresários ouvidos pela Revista Negócios Industriais, somen-te com o frete de compra a economia é da ordem de R$ 1,5 mil por car-reta. Para a Usiminas, uma vantagem para toda a comunidade é o desafo-gamento da BR-381. “Cada carreta leva, em média, duas bobinas de 12 toneladas. Estamos falando em pelo menos cem carretas a menos nesta rodovia tão perigosa”, destacou Lery,

durante o II Seminário de Petróleo, Gás e Energias Renováveis, onde foi feito o anúncio.

“Isso é um ganho do ponto de vista de infraestrutura e um ganho de evi-tar o número de acidentes que tanto tem chocado a população do Vale do Aço e de toda Minas Gerais”, refor-çou Lery.

Em nota distribuída à imprensa, a siderúrgica informa que a ação está ligada a uma perspectiva de se formar um cinturão de desenvolvimento sus-

tentável na região. “Acreditamos que o compromisso da Usiminas é ser uma indutora de oportunidades. Este é o verdadeiro desenvolvimento sus-tentável, em todas as suas dimensões. Este é o modelo de crescimento que queremos instigar, sempre em par-ceria com os demais agentes econô-micos e com o poder público”, define Vieira, na nota oficial.

Denominado de Programa de Fo-mento Industrial do Vale do Aço, ele estima atender, inicialmente, 80 em-presas que atuam na área de constru-ção civil, caldeiraria e naval. O merca-do potencial é ainda maior. Somente o Sindimiva conta com cerca de 90 indústrias associadas. Além de me-lhorar a competitividade do cliente final, a iniciativa fortalecerá a rede de suprimentos da siderúrgica, uma vez que muitos desses pequenos clientes são potenciais fornecedores da pró-pria usina de Ipatinga.

No final do ano passado, a side-rúrgica cogitou usar uma área cedida pela Viga Caldeiraria. A empresa disponibilizou a área, mas a Usimi-nas optou por amadurecer o projeto. Agora, a expectativa é entregar o pro-duto já nas especificações solicitadas pelo cliente. Para reduzir ainda mais os custos, a Usiminas negocia com a Secretaria de Estado de Fazenda um tratamento diferenciado para os compradores locais, que não terão a figura do intermediário. Até o fecha-mento desta edição, as negociações não haviam sido concluídas.

SEu NEGóCIO

Frete menor e maior segurança: empresários destacam economia e redução do fluxo de caminhões na

BR-381

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62 Negócios Industriais | Set/Nov 2010

SEu NEGóCIO

As empresas, principalmente pequenas e médias, muitas vezes deixam de participar das licitações publicas e privadas, apesar de terem capacidade técnica e comercial, por desconhecerem o processo de contratação de garantias solicitas nos contratos. Trata-se de resseguros, contratados por corretores especializados, através de seguradoras específicas, nos res-seguradores. O resseguro garante a capacidade para as seguradoras especialistas a emitirem apólices de Seguro Garantia em todas suas modalidades e também carteiras de seguros com modalidades especificas para grandes riscos. Atividade complexa e cheia de nuances, ela não existe para transferir “irresponsabilidades”, nem para servir de desculpa para o que não foi feito ou o que deu errado. Ela é feita para terceirizar o risco com clareza e objetividade, conforme contrato da obra, fornecimento ou serviços. Quando neste contrato o contratante inclui a opção de caução para que, além da carta de fiança, seu fornecedor possa oferecer o Seguro Garantia, possibilita mais empresas a participarem do processo de concorrência com um custo menor, reduzindo o custo do contrato. Para orientar os gestores das indústrias do Vale do Aço, a Revista Negócios Industriais solicitou à “Fujinor Seguros” que explicasse essa alternativa às empresas.*

seGuro Garantia: quando usá-lo?

CoNCEIToTrata-se de uma modalidade de seguro que se constitui uma das formas determinantes na viabilização de contratos, ou seja, tem por objetivo ga-rantir o cumprimento de uma obrigação contratual, além de qualificar as empresas quanto às condições de cumprir o objeto da licitação que pre-tendem ingressar. O Seguro Garantia é bastante recente no mercado bra-sileiro. Apesar de, legalmente, existir desde 1972, sua disseminação se deu há cerca de 10 anos. EFICÁCIAna resolução das eventuais divergências entre Contratante e Contratado. O segurador, como parte interessada, disponibilizará sua assessoria às partes, inclusive podendo chamar a si, se convier ao segurado, o término da execu-ção. Ou, constatado o descumprimento: pagando prejuízos. LIquIDEZpara qualquer que seja o porte da seguradora emitente da apólice, pois o esquema de resseguro local transforma todo o mercado segurador em garantidor do excedente da emitente. CusTocompatibilizado com as expectativas, na medida em que, ao ter o menor preço do mercado e pela liberação dos bloqueios financeiros que possibili-ta, o Seguro Garantia acaba por baixar o custo do contrato.

TomADoRa empresa contratada para executar uma obra, prestar um serviço ou for-necer mercadorias, matéria-prima ou equipamentos. sEGuRADoÉ o credor da obrigação, ou seja, a empresa, órgão público, ou instituição financeira que contrata o Tomador para realizar um contrato. O Segurado é o beneficiário da apólice. GARANTIDoRÉ a Seguradora, uma empresa autorizada a emitir apólices para avalizar as obrigações de um tomador definidas em contrato.

sEGuRo GARANTIA X FIANçA BANCÁRIA

Faz-se importante destacar que, até então, a única garantia, além das reais, aceita ampla-mente no Brasil, era a fiança bancária. Portanto, ressaltamos algumas vantagens do Seguro Ga-rantia perante a fiança bancária:

1) O custo é baseado no histórico de realizações do To-mador (visão de performance), enquanto que a fiança é baseada na capacidade financeira (visão de crédito);

2) O custo é menor porque baseia-se na promessa de con-clusão da obra ou fornecimento, enquanto que a fiança leva em consideração tão somente o risco financeiro;

3) As resseguradoras participam do processo mitigando o risco da seguradora, enquanto que a fiança é somente de responsabilidade do banco emissor.

PRINCIPAIs DIFERENçAs

seguro Garantia Fiança Bancária

Garantia da Obrigação

De fazer De pagar

Cobertura Em geral, de até 50% do contrato

100% do finan-ciamento

Pagamento de Indenização

Após verificação do prejuízo

Ao primeiro requerimento

Outros Possibilidade de finalização do contrato pela Seguradora

Liquidação em dinheiro

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Set/Nov 2010 | Negócios Industriais 63

mo

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CoNCLusÃo DE PRoJETos (ComPLETIoN BoND)Garantia de 100% do financiamento contratado; proteção integral dos recursos desembolsados (capital) pelo Banco Financiador.Eliminar/Reduzir o risco do Banco Financiador na Fase I (implantação do projeto) para que Fase II (operação) inicie como planejado (início da amortização).Estrutura de acompanhamento do cronograma físico-financeiro realizado pela UBF, como apoio ao acompanhamento realizado pelo Banco Financiador.Análise pela UBF dos principais fornecedores do projeto e formatação de seguros-garantias “acessórios” em cada contrato de fornecimento.

Do CoNCoRRENTE (BID BoND)Nos casos de concorrência, o Seguro Garantia é utilizado para manter firme as propostas, garantindo ao licitante os custos decorrentes da não assinatura o contrato pelo vencedor, com a conseqüente anulação da concorrência ou chamada do 2º colocado, ficando garantido pelo seguro, neste caso, o diferencial de preço. Portanto, o valor a exigir deve ter em conta esta perda.

objeto: Garantia de indenização, até o valor fixado na apólice, se o tomador, vencendo a concorrência, deixar de assinar o Contrato de execução previsto no Edital ou Convite.

Do EXECuTANTE (PERFoRmANCE BoND)O Seguro Garantia pode ser exigido como garantia da performance do contrato como um todo, por um valor correspondente a determinado percentual do preço base do contrato, valor este associado ao risco decorrente da substituição do contratado inadimplente por outro e de eventual diferença de preço.

objeto: Garantia de indenização, até o valor fixado na apólice, dos prejuízos decorrentes do inadimplemento do Tomador, a obrigações assumidas em Contrato de construção, fornecimento ou prestação de serviços firmado entre ele e o Segurado e coberto pela apólice.

RETENçÃo DE PAGAmENTos (RETENTIoN PAymENT BoND)Não menos comum, isso nos contratos de construção, é o Contratante exigir uma retenção sobre cada fatura, objetivando caucionar um determinado valor que lhe

permita maior margem de negociação ou mesmo para fazer face a eventuais reparos ou correções. Nestes casos, os contratos prevêem uma aceitação provisória e outra definitiva, transcorrendo um lapso de tempo entre ambas, sendo nesta última devolvida a parte retida. As retenções sobre as faturas, não fosse o seguro, acabariam por onerar o preço da obra, pois compelem o Contratado a obter este diferencial via empréstimo bancário, com o repasse dos encargos para os preços.

objeto: Garantia de indenização, até o valor fixado na apólice, dos prejuízos em razão do inadimplemento do Tomador, decorrentes da substituição de retenções de pagamento previstas no Contrato de execução, pela cobertura deste seguro.

ADIANTAmENTo DE PAGAmENTos (ADvANCED PAymENT BoND)Também os adiantamentos de pagamentos liberados pelo Contratante, sem a contrapartida imediata de fornecimento, serviços ou obras, são normalmente objeto da cobertura securitária. Assim, o Contratante exige o seguro pelo valor integral do adiantamento, é então baixado o anterior e incluído o novo valor. Este é um exemplo de adiantamento não cumulativos, que ocorrem em regra geral.

objeto: Garantia de indenização, até o valor fixado na apólice, dos prejuízos decorrentes do inadimplemento do Tomador em relação aos adiantamentos de pagamentos, concedidos pelo Segurado, que não tenham sido liquidados na forma prevista, conforme Contrato de execução.

PERFEITo FuNCIoNAmENTo (mAINTENANCE BoND)Para os fornecimentos é comum, ao invés das retenções, exigir-se uma garantia para o perfeito funcionamento, pelo prazo definido pelo contrato de execução. O Seguro Garantia pode ser utilizado nestes casos, por um prazo máximo de 24 meses após o fornecimento ou entrada em operação.

objeto: Garantia de indenização, até o valor fixado na apólice, dos prejuízos decorrentes da inadequação da qualidade da construção, bens fornecidos ou serviços prestados, conforme Contrato de execução firmado entre as partes.

GARANTIA ImoBILIÁRIogarante a conclusão de obras de edifícios residenciais, cujas unidades tenham sido

vendidas na planta.Objeto: Garante indenização, até o valor fixado na apólice, dos prejuízos oriundos do inadimplemento do Tomador a obrigações assumidas no contrato de construção de edificações ou conjunto de edificações de unidades autônomas alienadas durante a execução da obra.

sEGuRo GARANTIA ADuANEIRoGarante a Receita Federal o retorno de bens ao país de origem ou o recolhimento dos impostos, para os casos de importação temporária por ela autorizadas, além de agilizar o processo de despacho alfandegário e a pronta liberação junto a esses órgãos competentes.

objeto: Garante a regulamentação futura de todo o processo fiscal e tributário das importações relativas às operações de regime suspensivo junto à Secretaria de Receita Federal.

sEGuRo GARANTIA JuDICIALé utilizado por empresas que necessitam depositar um determinado valor em juízo como garantia para recorrer em um processo judicial. Os Tomadores que respondem por ações de execução na Justiça, por exemplo, podem depositar como garantia a apólice do seguro para apresentar um recurso. No caso de perderem a ação judicial, a Seguradora garante o pagamento da dívida ao credor se o devedor não pagá-la.

objeto: Substitui as cauções e/ou depósitos a serem efetuados junto ao Poder Judiciário, garantindo obrigações pecuniárias que possam ser imputadas à empresa (parte litigante), em função de ação judicial em que são partes Tomador e Segurado, incluindo-se os acréscimos legais devidos, custas judiciais e honorários de sucumbência, sem qualquer restrição.

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mais chances de conseGuir um empreGoEscolas técnicas são cada vez mais procuradas por jovens e reconhecidas pelas empresas

Há uma década, houve um boom de universidades em todo o País. O ensino superior foi priorizado e formação técnica ficou relegada ao segundo plano. Grandes eventos esportivos, a descoberta da cama-da do Pré-Sal, o crescimento eco-nômico do País e pelo menos 900 grandes obras de infraestrutura, segundo o último “Anuário Exame de Infraestrutura”, fizeram essa re-alidade mudar e o mercado de tra-balho não pode esperar.

Formação rápida, específica e sa-lários compensatórios são alguns atrativos que tornaram os cursos técnicos nos diversos segmentos uma “vedete”, ou melhor, uma ne-cessidade extrema do setor produ-tivo.

Pesquisa divulgada pela Funda-ção Getúlio Vargas e pelo Insti-tuto Votorantim no final de maio mostra que quem concluiu algum curso profissionalizante – técnico, de qualificação ou superior tec-nológico – tem 48% mais chances de conseguir um emprego e ganha até 12,9% mais do que quem não possui esse tipo de formação. O es-tudo considerou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicí-lios (Pnad) de 2007 e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) dos últimos oito anos.

Referência em se tratando de ensino técnico na área de serviços e comércio, o Senac qualifica mi-lhões de pessoas todos os anos. No Vale do Aço são mais de 2 mil alu-

nos. Com o mercado cada vez mais exigente, a instituição trouxe uma novidade para Coronel Fabriciano neste segundo semestre. São as es-pecializações profissionais de nível técnico em Enfermagem do Traba-lho e Higiene do Trabalho.

“É uma espécie de pós para a pessoa que conclui o nível técnico. Uma oportunidade de se especiali-zar e conquistar melhor colocação no mercado”, explica o gerente da unidade, Renato Ouverney.

Segundo ele, as áreas oferecidas nas especializações foram mapea-das pela instituição com base nas necessidades das empresas do Vale do Aço. “São profissionais com conhecimentos que as instituições precisam, mas não se encontram no mercado. O Senac, com sua ex-periência de seis décadas de ensino em todo o País, está oferecendo essa oportunidade aos estudantes de nível técnico”, completa.

O Colégio São Francisco Xa-vier (CSFX) voltou, após décadas, a ofertar cursos técnicos. Primeira instituição escolar do país, de edu-cação infantil, pré-escolar, ensino fundamental e ensino médio, a ter seu Sistema de Qualidade aprova-do pela certificação ISO 9001, a escola está oferecendo desde agos-to cursos técnicos em Enfermagem e Análises Clínicas.

Segundo Solange Liege Prado, diretora do CSFX, a decisão pela implantação dos cursos foi tomada após um minucioso estudo de le-

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Entidades do sistema s: Senac e Senai, braços profissionalizantes,

há 6 décadas atendem à demanda das empresas

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“O mercado tem necessidade ur-gente de mão-de-obra técnica e é escassa. Diante da demanda atual, diversas empresas estão contratan-do a maioria dos recém-formados. Estou ansioso e motivado para aplicar tudo o que aprendi”, falou.

A própria instalação do Centro Integrado Rinaldo Campos Soares, o Senai Vale do Aço, em Ipatinga, foi uma reivindicação das indús-trias. Agora, as cidades vizinhas

de Timóteo e Coronel Fabriciano também aguardam os cursos da entidade. Em Fabriciano, o Siste-ma Fiemg já apóia o Projeto Ci-dade da Solda, realizado na Asso-ciação Solidariedade Brasil-Togo (ASBT).

Desde o primeiro semestre, está em andamento o processo para que o local se transforme numa nova unidade do Senai. Em Timóteo, segundo o prefeito Geraldo Hi-

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CENso EsCoLARSegundo o Censo Escolar 2009, realizado pelo INEP, as matrículas na educação profissional estão em expansão. Entre 2008 e 2009, houve um aumento de 8,3%. Esse aumento reflete uma pesquisa feita pela Confederação Nacional das Indústrias em 2008, quando 61% das empresas estavam capacitando seus funcionários pela falta de profissionais técnicos no mercado. Para as empresas, um profissional técnico é vanta-joso, pois tem um conhecimento prático que um graduado muitas vezes não possui.

CAPACITAçÃo DosCoLABoRADoREsHoje é comum as empresas investirem na capacitação de seus colaboradores e os cursos técnicos tem se tornado a principal opção dessas organizações.Empresa

vantamento de demanda realizado pela equipe técnica do colégio na região do Vale do Aço.

“Chegou-se à conclusão de que a localidade é carente de profissio-nais com essas especializações. O curso técnico propicia um percurso mais breve para o mercado de tra-balho. Por se tratar de uma região siderúrgica em que além da expan-são de grandes empresas se destaca pela abertura de novas indústrias, a demanda pela mão-de-obra téc-nica nos mais variados ramos de atividade se sobrepõe à procura de demais profissionais. Já existem empresas na região que não contra-tam profissionais que não possuem o curso técnico profissionalizante”, explicou.

CONhECImENTOTelmo Bianchini, supervisor técni-co do Serviço Nacional de Apren-dizagem Industrial (Senai), atribui o aumento da demanda por cursos técnicos à necessidade de profis-sionais que exigem formação espe-cializada com o emprego de novas tecnologias que permitem auto-matizar e racionalizar os processos produtivos.

“Um curso técnico de qualidade em uma instituição idônea aumenta os horizontes e abre portas àqueles que se dediquem em sua formação com seriedade e competência. Em muitas áreas o profissional de nível técnico tem remuneração compatí-vel com a de profissionais de nível superior”, opinou.

Estudante do 3º módulo do curso de mecânica do Senai, Eli-zeu Xavier de Assis, optou pelo curso técnico devido a excelente aceitação no mercado de trabalho, variedade de aplicações e salários atraentes. Apesar de ainda não está trabalhando como técnico, Elizeu acredita que conquistar uma vaga é questão de tempo.

lário, um termo de compromisso já foi assinado com o Senai e um imóvel está à disposição da entida-de. “Já disponibilizamos o Colégio Carlos Drummond de Andrade. Uma equipe técnica já fez vistorias para as adaptações, que devem cus-tar R$ 500 mil. Acredito que ainda neste semestre consigamos assinar o convênio e iniciar a oferta de cursos”, disse.

Com 600 alunos nos sete cursos técnicos em andamento: Automa-ção Industrial, Eletrônica, Infor-mática, Mecânica, Mecatrônica, Química e Segurança do Trabalho, o Colégio Padre de Man, de Co-ronel Fabriciano, que desde 1967 oferece cursos técnicos, tem como diferencial a experiência do pio-neirismo no ensino profissionali-zante.

Para o coordenador dos cursos técnicos do Padre de Man, Jorge Taniguchi, o fato de o Vale do Aço ser uma região industrial é co-res-ponsável pelo aumento da deman-da de profissionais na área técnica. “Nossos cursos são focados nas de-mandas das empresas da região. E a qualificação profissional se torna essencial para acompanhar as ino-vações tecnológicas que acontecem com as expansões e implantações de novos negócios nas organiza-ções”.

Para se manter aliada às expecta-tivas dos contratantes, a instituição estabelece convênios com mais de 520 empresas com o programa de Estágios Supervisionados. E nes-sa relação empresa, escola, asso-ciações existem as parcerias para desenvolver cursos de capacitação, ministrados pelos professores da escola, para os funcionários dessas empresas. Dentre os cursos mais solicitados estão informática, quí-mica e mecânica.

Apesar de toda essa oferta, ainda vai faltar gente.

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mutirão pela qualiFicaçãoPrefeituras da região investem em programas de qualificação profissional para aproveitar o bom momento da economia do Vale do Aço

Na segunda quinzena de agosto, 2 mil jovens entre 18 e 29 anos inicia-ram 29 cursos profissionalizantes em Timóteo. O compromisso firmado pela Prefeitura da cidade, em contrato, com o Ministério do Trabalho e Em-prego (MTE) é empregar pelo menos 30% dos jovens que concluírem o Pro-Jovem Trabalhador, nome do projeto. Mas o prefeito do município, Geraldo Hilário Torres, é mais ousado.

“É um projeto que contempla os empresários, porque antes de nós o lançarmos, o primeiro trabalho foi descobrir quais áreas ocupacionais poderíamos contemplar em Timóteo, que eu estaria formando os jovens e eles teriam a possibilidade de já se in-gressar, o que o mercado oferecia, quais as necessidades do mercado”, explicou Geraldo Hilário, em seu gabinete, à Negócios Industriais.

Para identificar os cursos que de-veriam ser oferecidos, funcionários da Prefeitura de Timóteo se reuniram com empresários e entidades empre-sariais. Hoje há uma carência muito grande por mão-de-obra qualificada em todos os setores da economia, não só na indústria, que é o carro da eco-nomia de Timóteo, mas também nas áreas do comércio e da prestação de serviços.

Sede da usina da ArcelorMittal Inox Brasil, maior fabricantes de aços inoxidáveis da América Latina, a cida-de possui um Produto Interno Bru-to (PIB) de R$ 1,84 bilhão. Mais da

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Geraldo Hilário, de Timóteo: Poder público mapeou demandas

das empresas regionais para oferecer 2 mil vagas

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metade vem da atividade industrial da siderúrgica e outras 125 indústrias, de diversos portes. Apenas no setor me-talmecânico, a administração munici-pal estima que exista uma carência por 900 profissionais no Vale do Aço.

O investimento de R$ 3,4 milhões em cursos profissionalizantes, de 350 horas, não busca substituir o ensino técnico, mas abrir portas para o mer-cado e atender à necessidade imediata das empresas de todo o Leste Mineiro. “É um curso profissionalizante, não é um curso técnico, mas isso vai propi-ciar que o jovem entre no mercado de trabalho com possibilidade de atua-ção”.

Além da demanda reprimida, a Prefeitura vai investir R$ 20 milhões em obras de infraestrutura até o final do ano. “Só uma obra em andamento, para a pavimentação de 32 ruas, gera 60 empregos diretos”, exemplifica o prefeito. Mas os empreendimentos de Timóteo não são os únicos para os quais os jovens de Timóteo estão sendo preparados. Pela frente são es-peradas a duplicação da planta indus-

trial da Cenibra, em Belo Oriente, a expansão da Arcelor em João Monle-vade, a construção de um novo aero-porto, uma usina siderúrgica em San-tana do Paraíso e ainda a duplicação da BR-381.

“Temos que parar de pensar em Timóteo e pensar em região metropo-litana. Hoje, com a facilidade de loco-moção, você pode muito bem trabalhar num raio de 100 a 150 quilômetros”, reforça. “Eu preciso formar nossos jo-vens para que eles possam ingressar no mercado de trabalho, pode não ser Ti-móteo, mas pode ser João Monlevade, Belo Oriente, Ipatinga ou Valadares. É preciso que se abra o leque. O mais importante é que se dê condições para se inserirem no mercado de trabalho, porque aí sim eu vou estar dando qua-lidade de vida para eles, mesmo que não seja dentro da nossa cidade.”

O grande desafio do Poder Público é investir na qualificação à espera de uma grande demanda e ver os planos irem por água abaixo. Isso ocorreu em Ipatinga, na gestão do ex-prefeito Se-bastião Quintão. Depois de várias reu-

niões com a Usiminas, identificação de profissionais requisitados e investir milhões de reais num mega projeto de qualificação, o político viu a side-rúrgica suspender o investimento que geraria quase 20 mil empregos em seu pico.

Interino até o final de abril de 2010, o atual prefeito de Ipatinga, Robson Gomes, também apostou na qualifi-cação profissional como uma marca de sua administração. Buscou a par-ceria do Serviço Nacional de Apren-dizagem Industrial (Senai), entidade do Sistema Fiemg, reuniu-se com os setores organizados da indústria e ini-ciou os projetos de capacitação. Até o momento, 75 jovens formaram-se nas áreas de solda, costura industrial e pa-nificação.

Em agosto, a Prefeitura Municipal de Ipatinga selecionou 95 alunos de 16 a 23 anos para os cursos de alvena-ria e acabamento na área de constru-ção civil; instalação predial e solda. “O mercado de trabalho precisa de mão de obra qualificada e as pessoas pre-cisam de emprego. O nosso objetivo é atender à demanda das empresas e do cidadão, gerando emprego e renda para o município”, destaca o prefeito de Ipatinga Robson Gomes.

De diferentes tamanhos, formatos e objetivos, os projetos de qualificação profissional organizados pelas prefei-turas do Vale do Aço estão conseguin-do, aos poucos, sanar uma deficiência histórica da região. Nos últimos anos a região recebeu unidades do Senai, núcleo da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), cursos superiores do Cefet (Centro Federal de Educa-ção Tecnológica).

“Este é o papel do Poder Público. É entender o mercado, é trabalhar em função do mercado, mas preparar os seus jovens para que eles sejam apro-veitados por esse mercado”, resume, e bem, Geraldo Hilário. Quando isso é bem feito, o setor produtivo agra-dece.

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rmaEx-aluno do senai: Prefeito de

Ipatinga, Robson Gomes, visita unidade Vale do Aço

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as ecorrelaçõesnas empresas

Ambiental PoR DANIELE LImAEngenheira Sanitarista e [email protected]

A crescente preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade nos negócios tem levado empresas a buscarem profissionais diferenciados, pró-ativos e inte-grados ao sistema. O gerente de ecorrelações já é um profissional buscado por empresas de vanguarda.

Ele é o verdadeiro meio de campo da empresa. É ele quem estabelece a relação entre os programas ambientais da empresa (mobilizando toda a equipe, desde a área de produção até a equipe de vendas e marketing) e os interessados: consumi-dores, ONGs, governo e comunidade.

Algumas pessoas já ocupam tal posição na empresa, como gestores ambientais, ou mesmo profissionais ligados a área ambiental. Então qual é a novidade? A novidade disso vai muito além do nome e o cargo ocupado: a necessidade de sustentabilidade abrirá portas pra quem conhece o processo produtivo como um todo e busca soluções ecoeficientes.

Esse profissional (ou grupo de profissionais com formação multidisciplinar, como engenharia ambiental, relações públi-cas e até direito ambiental) tem a missão de apresentar um caminho para a que a empresa assuma ações que respeitem o ambiente, a relação com a sociedade – em toda a sua cadeia produtiva - e, claro, sejam economicamente viáveis.

Gigantes mundiais, como a Walmart, já exigem de seus for-necedores produtos e práticas socioambientais responsáveis. Uma pesquisa do Instituto Akatu revelou que cerca de 70% dos consumidores brasileiros gostariam de dar preferência a “produtos verdes” (o problema, em muitos casos, é o preço).

Na área industrial não é diferente. Se hoje, para pequenas e médias indústrias, a certificação de gestão da qualidade (a ISO 9001) é uma exigência do mercado, num curto espaço de tempo, grandes consumidores passarão exigir a certificação ambiental (14001), conforme informou um representante de compras da Petro-bras, em conversa com empresários do Vale do Aço.

Esse negócio de crédito de carbono, energia limpa, produto verde, vai cada dia mais sair do vocabulário de “ecochatos”, “profissionais verde” ou mesmo do cum-primento obrigatório e se tornar o negócio de empresas que lidam com qualquer produto e será a base do processo produtivo. É claro que, inicialmente, haverá um “custo” que, com certeza, se consolidará como investimento na competitividade e permanência do negócio no mercado.

Esse profissional tem a missão de apresentar um caminho para a que a empresa assuma ações que respeitem o ambiente, a relação com a sociedade – em toda a sua cadeia produtiva - e, claro, sejam economicamente viáveis

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procuram-seFuncionáriosSobram vagas no mercado para portadores dedeficiência. O motivo? A falta de qualificaçãoprofissional e de deficiência disponíveis

Quase que diariamente os leitores de jornais se deparam com ofertas de emprego para pessoas com deficiên-cia. Trata-se de uma exigência legal há quase duas décadas (mas só regu-lamentada em 1998), mas que as in-dústrias enfrentam dificuldades para cumpri-la. A lei federal 8.213/91 obriga organizações com mais de 100 funcionários a preencher de 2% a 5% de seu quadro com profissio-nais portadores de deficiência.

De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), as em-presas que têm até 200 empregados precisam preencher 2% dos postos de trabalho com pessoas portadoras de deficiência. De 201 a 500 funcio-nários a cota sobe para 3%, e de 501 a 1000 empregados, são 4%. Já nas empresas que têm mais de mil fun-cionários a cota deve ser de 5%.

Caso a lei não seja respeitada a empresa quando autuada, pode pagar uma multa que varia de R$1.195,13 a R$119.512,33 conforme a Porta-ria 1.199 de 28 de outubro de 2003. Mas e se as empresas não encontra-rem profissionais com esses requisi-tos disponíveis ou interessados em ingressar no mercado de trabalho? “A lei não dispõe a esse respeito”, limitou-se a informar a assessoria do Ministério do Trabalho à “Negócios Industriais”.

O problema não é exclusivo da região. Em 2007, conforme dados do Sistema Nacional de Empregos (Sine), somente 20% das 36.837

vagas disponibilizadas para pessoas com deficiência foram preenchidas. Em Ipatinga, a filial de Ipatinga da Sankyu S.A., que atua com monta-gem e manutenção industrial, vive o drama de não conseguir profissionais para 103 das 125 vagas destinadas a deficientes físicos para níveis opera-cionais e administrativos.

Gerente geral da unidade de Ipa-tinga e delegado do Sindicato das Indústrias de Construção Civil de Minas Gerais no Vale do Aço (Sin-duscon), Kléber Muratori explica que a empresa não foi multada, mas assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministé-rio do Trabalho se comprometendo a preencher as vagas. “Concordo que a lei é importante, mas precisa ser adaptada para ser coerente com a re-alidade de cada empresa”, defende.

Entidades industriais de todo o País relacionam a situação à falta de profissionais para atuar na indústria, à qualificação e até mesmo ao medo de perder benefícios previdenciários.

Quando formulada, a lei usou como critério um dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-ca (IBGE) segundo o qual 14,5% da população brasileira tem alguma necessidade especial, seja física ou mental – percentual que correspon-de a 24,6 milhões de pessoas.

O dado foi obtido com base na au-todeclaração e não no conceito legal de deficiência. Para o Ministério do Trabalho, quem é cego de um olho

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sem limites: limitações físicas não impedem produtividade e estilo de

vida saudável. Falta só combinar com o mercado profissional

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LEGISLAçãO

e tem 100% de visão no outro não é considerado deficiente, ou seja, as cotas foram baseadas numa popula-ção superestimada.

Para o gerente-executivo de Re-lações do Trabalho da Confedera-ção Nacional da Indústria (CNI), Emerson Casali, o grande número de aposentados por invalidez e de deficientes que preferem receber os benefícios de prestação continuada a trabalhar e a preferência pelas vagas no setor público também dificultam a contratação por parte das indús-trias.

Ainda assim, segundo ele, a dife-rença entre o que a Lei de Cotas e o que o IBGE, responsável pelas es-tatísticas oficiais, consideram como pessoa portadora de deficiência é um ponto crítico e precisa ser revisto. “Os critérios da lei são muito mais rígidos do que os do IBGE. Isso res-ponde, sozinho, por uma diferença de milhões de trabalhadores”, disse Casali, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.

Procurado pela “Negócios Indus-triais”, Emerson Casali informou, por meio da assessoria de imprensa da CNI, que não poderia atender a reportagem, pois está envolvido com o imbróglio do ponto eletrônico e com muitas demandas relacionadas ao tema.

Muratori, da Sankyu, também en-tende que alguns pontos deveriam ser revistos na lei. “Ajustar cota de deficientes estabelecida à quantida-de identificada pelo IBGE. O que para o IBGE é deficiente, não é para o INSS; um exemplo é o deficiente visual. A quantidade de deficientes deve ser estabelecida de acordo com o grau de risco identificado no setor de atuação da empresa. Um banco tem mais condições de se adaptar para deficientes do que uma side-rúrgica, então as cotas deveriam ser diferenciadas”, argumenta. “Não adianta uma pessoa que tenha de-

ficiência visual, buscar qualificação em manutenção mecânica objetiva-do trabalhar em uma siderúrgica”, completa.

Apesar de toda a estrutura para atender aos deficientes, a ATA In-dústria Mecânica, empresa locali-zada em Timóteo, também tem di-ficuldade de encontrar profissionais para que quadro funcional. E olha que a fábrica patrocina um coral de deficientes visuais (o grupo inclusive realizou a abertura da última edição da Expo Usipa, maior evento em-presarial do Vale do Aço).

De acordo com Anízio Tavares Fi-lho, diretor presidente da empresa, o maior obstáculo é a qualificação pro-

fissional. “Olhando pelo lado social, achamos a lei válida, pois devemos ter os mesmos direitos, mas já que a lei é exigência do governo, o mesmo deveria investir na capacitação das pessoas com necessidades especiais, dar incentivo, tais como redução de impostos”, defende, ressaltando que cumpre a quota legal.

Outro ponto levantado pelo em-presário é a falta de um banco de dados com informações sobre os profissionais com deficiência dis-poníveis, suas habilidades e áreas de atuação. “A criação deste banco é considerada imprescindível para amenizar as dificuldades das empre-sas na contratação.”, destacou.

Nilmar Lage/Divulgação Usiminas

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Luciano Araujo, presidente da Fiemg Regional Vale do Aço, acre-dita que a capacitação profissional está associada à questão da acessibi-lidade. “A falta de transporte público adaptado, calçadas quebradas e es-cadas trazem dificuldades de acesso aos deficientes físicos, sem contar que ainda existem escolas que não possuem recursos técnicos ou mes-mo profissionais preparados para aceitá-los. Muitas medidas já foram realizadas, como ônibus com acesso aos cadeirantes, construção de ram-pas e lugares reservados no transpor-te público. De toda forma, muito há para ser feito neste sentido”, expli-cou Araújo.

SUPERAÇãO José Reinaldo Marino da Cruz é

um exemplo de superação. Em agos-to de 2008, o supervisor de caldei-raria da Usiminas Mecânica sofreu uma lesão complexa com amputação parcial dos três dedos da mão direita durante a montagem de uma peça (virola) de 28 toneladas. Para ele, não houve culpado no acidente e sim falta de sintonia na comunicação.

“Entre a peça tinham dois linga-dores, comuniquei com um deles que verificaria uma das peças só que

como um não avisou a tempo pro outro, fui surpreendido com a peça caindo sobre minha mão, foi questão de segundos”, explicou. O supervi-sor lembra que ter que se conformar com sua nova condição foi difícil. “Tenho outra maneira de agir e ver a vida. Comecei a conviver com di-versos deficientes com problemas até piores que o meu e mudei alguns conceitos após o acidente”.

Hoje, apesar de ter incluído em sua rotina sessões de fisioterapia, te-rapia ocupacional, psicologia e psi-quiatria, José Reinaldo poderia ter se aposentado, mas por opção e com suas limitações, continua trabalhan-do na Usiminas Mecânica onde tem total suporte e apoio. “A empresa tem sido muito boa comigo. Todos os tratamentos, cirurgias realizadas e medicamentos que utilizo são pagos pela empresa”, ressalta.

De acordo com o superintendente de Recursos Humanos da Usiminas Mecânica, Salvador Prado Júnior, essa é mais uma iniciativa da empre-sa que comprova seu compromisso social com a comunidade. “Sempre contamos com esses profissionais em nosso quadro de colaboradores e o resultado é muito positivo. Agora, mais do que o emprego, oferecemos também a capacitação, uma medida pautada pelos princípios da susten-tabilidade”, afirma.

O técnico de manutenção mecâ-nica, Ronan de Freitas Ribeiro San-tos, garante que essa é uma opor-tunidade importante. “Essa é uma forma de valorizar os portadores de necessidades especiais”, afirma o co-laborador que entrou há quatro me-ses na empresa. Para quem quer se candidatar a uma vaga ele aconselha: “não podemos nos sentir inúteis, te-mos que acreditar em nós mesmos e na nossa capacidade. Somos iguais a qualquer pessoa, cada um só tem que descobrir o seu talento e se capacitar para desenvolvê-lo”.

Ronan: “Somos iguais a qualquer pessoa, cada um só tem que descobrir o seu talento e se

capacitar para desenvolvê-lo”

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76 Negócios Industriais | Set/Nov 2010

CuLTuRA

proJeto “arredores” na holandaFestival Internacional expõe documentário feito no Vale do Aço por Rodrigo Zeferino, da Grão Fotografia, responsável por imagens da “Negócios Industriais”

Com o olhar direcionado para co-munidades rurais do Vale do Aço, o fotógrafo Rodrigo Zeferino vem desenvolvendo, em parceria com o amigo Ricardo Alves, um longo tra-balho de documentação sobre essas áreas da periferia de Ipatinga e de outras cidades da região. O objeti-vo é acompanhar as transformações que vem acontecendo em ritmo ace-lerado devido à contínua expansão industrial e urbana, que avança sobre o campo e redefine o modo de vida nesses lugares.

O documentário, que já vem sen-do feito há dois anos, escreve história com imagens, registrando hábitos pitorescos que correm o risco de de-saparecer. E não há, segundo eles, a intenção de fazer denúncia social, e sim de estimular o público e os pró-prios agentes e personagens dessas mudanças a refletir sobre o que está sendo feito.

Intitulado “Arredores”, o projeto poético e de fotografia humanista, executado pelos sócios da Grão Fo-tografia – agência responsável por produzir as fotografias da revista NEGÓCIOS INDUSTRIAIS -, foi o que deu origem à série “Outskirts of Steel”, cujas fotos Zeferino está levando para uma importante expo-sição na Holanda, no Noorderlicht Photofestival, que será aberta no próximo dia 5.

A série, explica o artista, é na ver-dade um fragmento de todo o traba-lho, mas com um viés diferenciado. “Na fotografia autoral, ou artística,

é bem comum você focar uma cer-ta realidade, tentar documentá-la de várias formas, inserir a sua interpre-tação sobre o fato retratado e, no fim das contas, o resultado acaba reve-lando surpresas, coisas que você não previa e que mudam o rumo da sua pesquisa.”

Foi o que aconteceu com a série de fotografias que ele vai expor na Europa. São oito imagens agrupadas em dípticos, o que quer dizer que são quatro obras exibidas sempre em pa-res. Todas as obras mostram, à esquer-da, um retrato ou uma cena comum na vida de moradores do campo e, à direita, a imagem de um dos muitos galpões de empresas construídos re-centemente na periferia do Vale do

Aço. “Foram duas coisas feitas sepa-radamente. Sempre que estava a ca-minho de alguma das comunidades que nós definimos como alvo, eu via esses galpões de zinco, que são já são parte da paisagem local. Daí co-mecei a registrá-los. Foi quando notei o aparecimento de novos galpões, alguns deles muito próximos às comunidades”, conta.

Depois de um tempo de maturação do trabalho, o fotógrafo percebeu que a série ganharia força se as imagens

Grão Fotografia

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Rodrigo Zeferino: fotógrafo que empresta o talento para a “Negócios Industriais” e retrata os empresários da indústria regional apresenta seu lado artístico na Europa

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CuLTuRA

fossem mostradas lado a lado, uma cena rural e outra industrial, indi-cando que as duas realidades andam cada vez mais próximas, gerando consequências principalmente pra esse morador da roça. “A gente sabe que o desenvolvimento e o cresci-mento urbanos são inevitáveis, dados estatísticos comprovam isso. Mas todo esse processo deve ser pensado e executado respeitando os limites do outro. A zona rural da região é muito rica em cultura e acreditamos que alguns hábitos antigos devem ser preservados.”

mUNDO URbANOOs dados estatísticos aos quais o

artista se refere foram justamente o mote para a definição do tema abor-dado pelo festival Noorderlicht em 2010. A cada ano, a organização do festival sugere uma temática que é di-vulgada no site da instituição (http://www.noorderlicht.com/en/). A partir daí, fotógrafos de todo o mundo en-viam seus trabalhos para serem ana-lisados pelos curadores. Pois o tema deste ano diz respeito ao fato de que, em 2007, pela primeira vez na His-tória, a população urbana mundial superou em quantidade a população rural. São 3,3 bilhões de pessoas vi-vendo em mínimos 3% da superfície da Terra, enquanto o restante se es-palha pelos campos e florestas. Neste ano e no próximo, Noorderlicht con-centra suas atenções neste fenôme-no, começando pelas mudanças que vêm ocorrendo em áreas rurais. São inúmeros os efeitos desse processo, e as diferentes interpretações sobre o assunto interessavam à curadoria do evento.

A oportunidade foi logo percebida pelo fotógrafo, cujo trabalho se en-caixava com precisão na proposta dos holandeses. E não deu outra: entre centenas de trabalhos enviados de todas as partes do mundo, a série de Rodrigo Zeferino foi uma das 20 es-

colhidas para a exposição intitulada “Land - Country Life in the Urban Age”.(Terra – a vida no campo na era da urbanidade). O mineiro é o único representante da América Latina no evento, que apresenta nomes impor-tantes da fotografia contemporânea na Europa, Ásia, África e Estados Unidos. E após o término do festival, a exposição vai percorrer vários ou-tros países em diferentes continentes. Após a seleção no festival, o fotógra-fo ainda ganhou o prêmio Mostras de Artistas no Exterior, oferecido pela Fundação Bienal de São Paulo e que teve na lista de selecionados no-mes como Cao Guimarães e Laura Belém.

Zeferino, que vai à Holanda presti-giar o evento, acredita que esta é uma porta que se abre para a divulgação de outros trabalhos feitos aqui. Mais importante do que um fotógrafo mi-neiro expondo no exterior, trata-se de um artista que mira suas lentes para a realidade local, mostrando um pouco da identidade desse povo para o mundo.

“A fotografia e a arte brasileiras estão em voga lá fora. Acho que é o momento para os artistas e profissio-nais daqui divulgarem nossa cultura”, observa Zeferino. “Esperamos tam-bém que as empresas, protagonistas desse processo de transformação do

território, percebam a importância de trabalhos como este proporcionem uma contrapartida cultural, através de apoio ou patrocínio para os artis-tas.”

A INSTITUIÇãO The Noorderlicht Photography

Foundation é uma plataforma mul-tifacetada e internacional para foto-grafia documental. É um lugar para fotógrafos que exploram seus mun-dos e exibem em seus trabalhos os grandes acontecimentos da História, assim como os fatos cotidianos e tudo o que figura entre um e outro. Há espaço para todos os estilos fotográ-ficos no programa, desde que o olhar documental esteja em evidência.

A instituição, socialmente engaja-da, extrapolou os limites de sua ga-leria – o projeto original era apenas um espaço de exposições fotográficas -, construída em 1980.

Está sempre atenta à fotografia do mundo e ao mundo da fotografia. Faz isso a partir da organização do festi-val anual de fotografia – um dos mais importantes do mundo; realizando exposições periódicas em sua galeria; encomendando trabalhos específicos a fotógrafos; e patrocinando ativida-des que levem a um maior entendi-mento, conhecimento e apreciação da fotografia, incluindo aí debates, leitu-ras de portfólios e cursos intensivos.

A entidade publica ainda livros de alta qualidade conceitual e gráfica. Todo esse trabalho, realizado ao lon-go de 30 anos, fez de Noorderlicht uma das mais importantes institui-ções da área, com reputação interna-cional impecável.

SERVIÇO:Projeto Arredores:www.graofotografia.com/arredoresA exposição “Land - Country Life in the Urban Age” também será exibida online no http://www.noorderlicht.com/en/ a partir do dia 05/09.

O mineiro é o único representante da América Latina no evento, que apresenta nomes importantes da fotografia contemporânea na Europa, Ásia, África e Estados Unidos. E após o término do festival, a exposição vai percorrer vários outros países em diferentes continentes

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voluntários em açãoO conceito de responsabilidade social associado ao voluntariado vem ganhando cada vez mais espaço dentro de empresas, passando de ações pontuais a práticas permanentes

CIDADANIAPa

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Parque Ipanema, em Ipatinga: milhares de pessoas prestigiam Dia V em todo o Estado. Neste ano, festa promovida pela Fiemg mudou para agosto

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80 Negócios Industriais | Set/Nov 2010

É fato que empresas que incentivam e praticam o voluntariado, além de se-rem vistas com diferencial, são benefi-ciadas no sentido de disseminar a so-lidariedade, melhorar a integração e o clima laboral, além de exercer o traba-lho em equipe. Nesta reportagem você vai conhecer histórias de empresas que valorizam e vêem no voluntariado algo além da doação.

bONS ExEmPlOSNo Shopping do Vale do Aço, a

idéia de exercer o voluntariado nasceu em 2001 com o objetivo de aproximar o empreendimento e a população, principalmente aquelas pessoas que não têm acesso aos serviços e orien-tações.

Nesses nove anos de voluntariado,

várias ações e eventos foram desen-volvidos, como a campanha Câncer de Mama “Um toque do seu Shop-ping”, Campanha da Mulher, além do Projeto Cidadania, que entrou para o calendário e está em seu 9º ano con-secutivo.

Realizado em parceria com em-presas privadas, instituições e órgãos públicos, o projeto proporciona vários serviços gratuitos à população, como corte de cabelo, cadastro de currículos, vacinação e manicure e pedicure. A ação já atendeu cerca de 26.000 pes-soas.

SOlIDARIEDADEDoar um pouco a quem não tem

quase nada. Essa é a proposta da Campanha do Agasalho realizada

CIDADANIA

pela NTW Contabilidade e Gestão Empresarial, localizada em Ipatinga.

Em sua terceira edição, a campanha arrecadou cerca de 2.500 donativos, entre agasalhos, calçados e material de limpeza que foram distribuídos a 10 entidades filantrópicas do Vale do Aço.

A campanha surgiu da iniciativa de um grupo de funcionários da empresa e com o tempo contou com o apoio de várias empresas e entidades na distri-buição dos postos de coleta de agasa-lhos em toda a região.

Segundo a coordenadora da cam-panha, Luciene Aparecida Oliveira, as próprias entidades percebem se há ne-cessidade de receber as contribuições. “Quando nós ligamos para oferecer os donativos à administração da entida-

vovô Azevedo: fundação da Pedreira Um Valemix oferece cursos profissionalizantes gratuitos

Divulgação

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Set/Nov 2010 | Negócios Industriais 81

de, somos informados sobre as neces-sidades do momento”, explica.

A campanha recebeu doações in-clusive de outras entidades. Para o proprietário da empresa e membro da comissão organizadora da campanha, Nathaniel Pereira, isso mostra o ver-dadeiro espírito de solidariedade.

“Mesmo sendo uma entidade que precisa de doações, ela também se torna uma doadora, são pessoas cons-cientes de que aquilo que não é útil para elas pode servir para outras pes-soas”, afirma.

SONhO REAlIzADO“Um sonho que se tornou realida-

de.” Assim Maria Aparecida Alves, coordenadora da Fundação Vovô João Azevedo, se refere à entidade que leva o nome do pai do presidente do Gru-po Pedreira Um Valemix, Célio Aze-vedo.

Criada em 1990 pela empresa com o intuito de contribuir para o desen-volvimento da comunidade de Ca-choeira do Vale, em Timóteo, a fun-dação, através dos diversos projetos de responsabilidade social, tem feito a di-ferença na vida de centenas de pessoas do município.

Desde sua criação, a fundação vem avaliando, reestruturando e ampliando sua forma de atuação. “Iniciamos com atendimento de creche, atendendo os filhos de mães solteiras, ou pais de baixo poder aquisitivo que não tinham com quem deixar os filhos, além dos filhos de empregados de sua empre-sa mantenedora. Ganhamos forma e hoje a fundação desenvolve projetos de capacitação profissional e geração de trabalho e renda que já se estende

aos municípios de Catas Altas e Santa Bárbara”, declarou Aparecida.

Em setembro, a fundação completa 20 anos de atuação. Entre os projetos desenvolvidos estão a capacitação pro-fissional e preparação para o trabalho em mais de 150 treinamentos; aten-dendo uma média de 2.500 alunos.

De acordo com a coordenadora, todas as atividades desenvolvidas na entidade são gratuitas e a maioria con-ta com a colaboração de voluntários, muitas vezes os próprios colaborado-res da empresa.

Aparecida acredita que a educação abre portas e direciona as pessoas para um futuro melhor. “Acreditamos que o processo educativo é a fonte “mater” para o desenvolvimento das comuni-dades. Nosso compromisso social é criar oportunidades para inserção de jovens no mercado de trabalho e cola-borar com o processo de construção da cidadania”, afirmou.

A realização dos treinamentos na Fundação é feito por meio do le-vantamento de interesse junto à co-munidade local e também demanda

Campanha do Agasalho: ideia de colaboradores ganhou apoio da empresa e entidades e só faz crescer

Div

ulga

ção

espontânea e de mercado; onde são identificadas as necessidades e expec-tativas dos participantes.

“Os treinamentos não se restringem a conteúdos específicos, pois temos uma preocupação com o desenvolvi-mento dos alunos enquanto cidadãos, no sentido de despertá-los a desco-brir suas potencialidades. O conteú-do contempla as habilidades técnicas, com noções de cidadania, relações humanas, direitos trabalhista, saúde, segurança no trabalho, gerenciamen-to, comercialização e qualidade, etc”, explicou.

As ações de voluntariado na em-presa são constantes. Este ano cerca de 400 pessoas estão sendo assistidas e qualificadas nos projetos de “ Bele-za & Cidadania”, em parceria com a Fundação ArcelorMittal e a Inter-American Foundation (IAF), “CreSer Digital”, em parceria com a Secretaria de Educação do Municipio de Catas Altas, “Saúde & Lazer”, que atende o público interno e “ Sala de Leitura”, atendendo a comunidade local com empréstimos de livros literários.

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CIDADANIA

DIA VCriado pela Federação das Indús-

trias do Estado de Minas Gerais (Fie-mg) para ajudar a transformar vidas, o Dia V vem ganhando força e mobili-zando cada vez mais pessoas que têm vontade de fazer a diferença. Seja em empresas, comunidades ou institui-ções de ensino, as ações e os números de envolvidos por alguma causa se tor-nam reais e crescentes.

Este ano não poderia ter sido dife-rente. Apesar da mudança do Dia V que passou a ser realizado no último domingo de agosto, em comemora-ção ao Dia Nacional do Voluntariado, centenas de pessoas compareceram ao Parque Ipanema em Ipatinga para fes-tejar a data que contou com recreação, torneios esportivos, sorteios de brin-des, oficinas artesanais, shows, pales-tras, serviços de assistência social e de saúde, orientações jurídicas e divulga-ção de diversas entidades incentivando a prática do voluntariado.

“Cada ano superamos a expectativa da qualidade e qualidade das ações. O povo brasileiro é um povo solidá-rio e reunidos em comitês se tornam os multiplicadores e responsáveis pelo sucesso do Dia V”, lembrou Luciano Araujo, presidente da Fiemg Regional Vale do Aço.

Na região, várias ações foram colo-cadas em prática pelos comitês, dentre

elas o cadastramento para casamento comunitário realizado em Coronel Fabriciano e o cadastro para doação de órgãos simultaneamente em Coronel Fabriciano e Ipatinga.

Segundo a agente de responsabi-lidade social da Fiemg, Patrícia Bar-bosa, a expectativa é de que cada ação desenvolvida pelos comitês crie opor-tunidades para o desenvolvimento sustentável das instituições, empresas e comunidades, tendo continuidade pós Dia V. Ações como a mobiliza-ção para criação do Banco de Leite Materno da região que beneficiará a comunidade e está em sintonia com o item quatro dos Objetivos do Milênio, que consiste na Redução da Mortali-dade Infantil.

“É acreditando que poderemos re-almente construir um mundo melhor que nos mobilizamos com alegria e di-namismo para a execução de um Dia V cada vez mais envolvente, inspirador e participativo”, afirmou.

Criado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) para ajudar a transformar vidas, o Dia V vem ganhando força e mobilizando cada vez mais pessoas que tem vontade de fazer a diferença. Seja em empresas, comunidades ou instituições de ensino, as ações e os números de envolvidos por alguma causa se tornam reais e crescentes.

Grão Fotografia

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Set/Nov 2010 | Negócios Industriais 83

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