2
SUPLEMENTO GRATUITO DO SEMANÁRIO NACIONAL OPERÁRIO E SOCIALISTA CAUSA OPERÁRIA ANO XI, Nº 130, DE 28 DE NOVEMBRO A 4DE DEZEMBRO DE 2015 - DISTRIBUIÇÃO NACIONAL - INTERNET: WWW.PCO.ORG.BR - ENDEREÇO ELETRÔNICO: [email protected] WWW.PCO.ORG.BR NÃO LEIA O QUE ELES QUEREM QUE VOCÊ LEIA... PRISÃO DE DELCÍDIO DO AMARAL O AI-5 DO STF E DO SENADO N a quarta-feira, 25 de novembro, o Supremo Tribunal Federal autorizou a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS). No mesmo dia, o Senado confirmou a ordem do STF, com 59 votos favoráveis, 13 contra e uma abstenção. A votação foi aberta, uma reivindicação democrática de longa data, mas usada desta vez como forma de intimidar os senadores e pressionar para que concordassem com a decisão do Supremo. É a primeira vez desde a Constituição de 1988 que um senador é preso em pleno exercício do mandato. Devido ao fato de possuir imunidade parlamentar, um senador ou deputado só podem ser presos em situação de flagrante delito, segundo o que está escrito na lei. Não foi o que aconteceu com Delcídio do Amaral. No seu caso, sequer há crime, quanto mais flagrante. A acusação contra ele é a de que ele estaria tentando prejudicar o andamento das investigações da Lava Jato. E a prova é uma simples conversa de Amaral com o filho de Nestor Cerveró. Na realidade, o senador está sendo preso apenas por coisas que ele falou, por opiniões que expressou, pois nada foi feito de concreto. Nada que justificasse um processo, muito menos uma prisão preventiva, e menos ainda em se tratando de um senador da República. A direita comemora e a imprensa capitalista justifica e faz propaganda. Mas o fato é que a decisão acentua no país o estado de exceção. O Congresso contra a parede Quem foi preso em razão do que disse, em razão das suas supostas intenções, foi um senador da República, que possui imunidade parlamentar e aqui começa o segundo problema. O poder Legislativo é o único poder que expressa a representação popular em qualquer regime verdadeiramente democrático. O Judiciário é um grupo de pessoas não eleitas e portanto não controladas por ninguém. O STF, por exemplo, é composto por apenas onze juízes, indicados e com mandato vitalício e que com uma comissão de apenas cinco pessoas se deu ao luxo de passar por cima da Constituição em uma questão fundamental como essa, como já fez inúmeras vezes na atual situação política. Já o Executivo é o poder de uma única pessoa, o que em si é uma contradição com os princípios democráticos. Para haver um golpe, que no caso do Brasil significaria o fim da aparência democrática do regime, o Congresso precisa ser atacado e neutralizado. Ele precisa ser acuado, desmoralizado e finalmente fechado ou ficar reduzido a uma entidade fantasma. Por isso ele é o alvo preferencial da imprensa burguesa e da direita. Se ele pode sofrer tal interferência ele não é um Poder de fato e o que temos é uma ditadura mal encoberta por algumas instituições e propaganda rasteira do monopólio de imprensa. Muito pior do que na ditadura... O Ato Institucional nº 5, medida que representou o endurecimento do regime militar em 1968, foi decretado em represália ao deputado Márcio Moreira Alves, cujo pronunciamento incitava contra os militares e pedia o boicote da comemoração do 7 de setembro. Mesmo estando em meio à ditadura, o governo militar, dirigido por Costa e Silva, não teve a ousadia de mandar prender o deputado, mas pediu ao Congresso a cassação dos dois deputados, Moreira Alves e Hermano Alves, que havia escrito uma série de artigos para o Correio da Manhã, que foram considerados “provocações” pelos militares. O Congresso, mesmo sendo o resultado de uma eleição em meio ao terrorismo do regime militar, se recusou a cassá-los. No dia seguinte era editado o AI-5, dando poderes ao Executivo para, entre outras coisas, cassar os mandatos legislativos e decretar o recesso do Congresso Nacional. Mesmo aquele congresso extremamente covarde e pusilânime foi menos covarde do que o atual Senado Federal na votação do caso Delcídio. Agora nada disso foi preciso. Sérgio Moro e a imprensa capitalista se colocaram acima de tudo e todos, acuaram o STF para que esse expedisse a ordem de prisão, rasgando a Constituição e finalmente o Senado para que aceitasse a arbitrariedade do STF. Nem ato, nem sequer uma grande crise. Atacaram o Congresso de modo decisivo, passaram por cima da Constituição, usaram o STF e coagiram o Congresso. O AI-5 se impôs sem precisar das botas dos militares. Por enquanto. Para os que ainda acreditam que não haverá golpe, é preciso dizer: a prisão de Delcídio do Amaral é em si um golpe. É mais um golpe, assim como é um golpe a República do Paraná, o império dos delatores sob coerção, o fogo de barragem permanente do monopólio capitalista da imprensa, as decisões arbitrárias do judiciário e muitas mais coisas. Mas haverá outros passos nesse sentido, de tal modo que ao se consumar, o golpe propriamente dito, seja branco ou militar, será apenas a última pá de cal sobre os direitos do povo, pois todo o terreno já terá sido preparado previamente. A prisão de Delcídio e a quase total falta de resistência a ela revela que a democracia no Brasil é apenas aparente; um verniz que facilmente pode ser retirado do regime político.

Suplemento do Jornal Causa Operária nº130

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: Suplemento do Jornal Causa Operária nº130

SUPLEMENTO GRATUITO DO SEMANÁRIO NACIONAL OPERÁRIO E SOCIALISTA

CAUSA OPERÁRIAANO XI, Nº 130, DE 28 DE NOVEMBRO A 4DE DEZEMBRO DE 2015 - DISTRIBUIÇÃO NACIONAL - INTERNET: WWW.PCO.ORG.BR - ENDEREÇO ELETRÔNICO: [email protected]

WWW.PCO.ORG.BRNÃO LEIA O QUE ELES QUEREM QUE VOCÊ LEIA...

PRISÃO DE DELCÍDIO DO AMARALO AI-5 DO STF E DO SENADONa quarta-feira, 25

de novembro, o Supremo Tribunal Federal autorizou a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS). No mesmo dia, o Senado con� rmou a ordem do STF, com 59 votos favoráveis, 13 contra e uma abstenção.

A votação foi aberta, uma reivindicação democrática de longa data, mas usada desta vez como forma de intimidar os senadores e pressionar para que concordassem com a decisão do Supremo.

É a primeira vez desde a Constituição de 1988 que um senador é preso em pleno exercício do mandato. Devido ao fato de possuir imunidade parlamentar, um senador ou deputado só podem ser presos em situação de � agrante delito, segundo o que está escrito na lei. Não foi o que aconteceu com Delcídio do Amaral. No seu caso, sequer há crime, quanto mais � agrante. A acusação contra ele é a de que ele estaria tentando prejudicar o andamento das investigações da Lava Jato. E a prova é uma simples conversa de Amaral com o � lho de Nestor Cerveró. Na realidade, o senador está sendo preso apenas por coisas que ele falou, por opiniões que expressou, pois nada foi feito de concreto. Nada que justi� casse um processo, muito menos uma prisão preventiva, e menos ainda em se tratando de um senador da República.

A direita comemora e a imprensa capitalista justi� ca

e faz propaganda. Mas o fato é que a decisão acentua no país o estado de exceção. O Congresso contra a parede

Quem foi preso em razão do que disse, em razão das suas supostas intenções, foi um senador da República, que possui imunidade parlamentar e aqui começa o segundo problema.

O poder Legislativo é o único poder que expressa a representação popular em qualquer regime verdadeiramente democrático. O Judiciário é um grupo de pessoas não eleitas e portanto não controladas por ninguém. O STF, por exemplo, é composto por apenas onze juízes, indicados e com mandato vitalício e que com uma comissão de apenas cinco pessoas se deu ao luxo de passar por cima da Constituição em uma questão fundamental como essa, como já fez inúmeras vezes na atual situação política. Já o Executivo é o poder de uma única pessoa, o que em si é uma contradição com os princípios democráticos.

Para haver um golpe, que no caso do Brasil signi� caria o � m da aparência democrática do regime, o Congresso precisa ser atacado e neutralizado. Ele precisa ser acuado, desmoralizado e � nalmente fechado ou � car reduzido a uma entidade fantasma. Por isso ele é o alvo preferencial da imprensa burguesa e da direita.

Se ele pode sofrer tal interferência ele não é um Poder de fato e o que temos é uma ditadura mal encoberta por algumas instituições e propaganda rasteira do monopólio de imprensa.

Muito pior do que na ditadura...

O Ato Institucional nº 5, medida que representou o endurecimento do regime militar em 1968, foi decretado em represália ao deputado Márcio Moreira Alves, cujo pronunciamento incitava contra os militares e pedia o boicote da comemoração do 7 de setembro.

Mesmo estando em meio à ditadura, o governo militar, dirigido por Costa e Silva, não teve a ousadia de mandar prender o deputado, mas pediu ao Congresso a cassação dos dois deputados, Moreira Alves e Hermano Alves, que havia escrito uma série de artigos para o Correio da Manhã, que foram considerados “provocações” pelos militares.

O Congresso, mesmo sendo o resultado de uma eleição em meio ao terrorismo do regime militar, se recusou a cassá-los. No dia seguinte era editado o AI-5, dando poderes ao Executivo para, entre outras coisas, cassar os mandatos legislativos e decretar o recesso do Congresso Nacional. Mesmo aquele congresso extremamente covarde e pusilânime foi menos covarde do que o atual Senado Federal na votação do caso Delcídio.

Agora nada disso foi

preciso. Sérgio Moro e a imprensa capitalista se colocaram acima de tudo e todos, acuaram o STF para que esse expedisse a ordem de prisão, rasgando a Constituição e � nalmente o Senado para que aceitasse a arbitrariedade do STF.

Nem ato, nem sequer uma grande crise. Atacaram o Congresso de modo decisivo, passaram por cima da Constituição, usaram o STF e coagiram o Congresso. O AI-5 se impôs sem precisar das botas dos militares. Por enquanto.

Para os que ainda acreditam que não haverá golpe, é preciso dizer: a prisão de Delcídio do Amaral é em si um golpe. É mais

um golpe, assim como é um golpe a República do Paraná, o império dos delatores sob coerção, o fogo de barragem permanente do monopólio capitalista da imprensa, as decisões arbitrárias do judiciário e muitas mais coisas. Mas haverá outros passos nesse sentido, de tal modo que ao se consumar, o golpe propriamente dito, seja branco ou militar, será apenas a última pá de cal sobre os direitos do povo, pois todo o terreno já terá sido preparado previamente. A prisão de Delcídio e a quase total falta de resistência a ela revela que a democracia no Brasil é apenas aparente; um verniz que facilmente pode ser retirado do regime político.

Page 2: Suplemento do Jornal Causa Operária nº130

GARANTA O SEU EXEMPLARASSINE JÁ!

pelo telefone: 11--94999-6537

ou por e-mail: [email protected]

ou pelo site: http://editora.pco.org.br

LEIA

CAUSA OPERÁRIA

Semanário nacional, operário

e socialista

GARANTA O

TODO SÁBADO, às 9h30

ANÁLISE POLÍTICA SEMANAL

com Rui Costa Pimenta

www.pco.org.br/blog/tv

SUPLEMENTO SEMANAL DO JORNAL CAUSA OPERÁRIA Ano X, edição semanal • nº 130, 28 de novembro a 4 de dezembro de 2015 • tiragem: 100 mil exemplares • distribuição gratuita • editado pela Secretaria Nacional de Agitação e Propaganda do CCN/PCO • Rua Serranos nº 108, Saúde, São Paulo-SP, CEP 04147-030 • fone (11) 9-4999-6537• site: www.pco.org.br WWW.PCO.ORG.BR

NÃO LEIA O QUE ELES QUEREM QUE VOCÊ LEIA

Filie-se ao PCO, o partido que luta contra a direita golpista

O Partido da Causa Operária convoca os tra-balhadores a aprofundarem a luta e as manifestações contra o golpismo. Não se enfrenta a direita através de bons argumentos, mas pela força.O golpe, denun-ciado pelo PCO desde o ju-lgamento-farsa do “Men-salão”, vem sendo desen-volvido, através de pla-nos principais e secundári-os, idas e vindas. De toda maneira, está chegando um capítulo decisivo do prob-lema.

Nesse sentido, a dire-

ita tem apostado nas mais variadas maneiras de der-rubar o governo do PT, desde as medidas extrale-gais (a extrema direita nas ruas) aos pedidos formais de impeachment.

O PCO chama os tra-balhadores a lutarem con-tra o impechament, con-tra o golpe. Filie-se e lute com o PCO!Conheça nos-so hotsite da campanha de fi liação: www.pco.org.br/fi lieseaopco

Aponte a câmera do seu celular com um

app leitor de QR Code e filie-se já!

ESTUDO DO MARXISMO

Universidade de férias do PCO vai estudar o que foi o stalinismoEm janeiro de 2016 será debatido e estudada a análise marxista feita por Leon Trótski sobre o fenômeno do stalisnismo

Tema do próximo cur-so da Universidade e Aca-mpamento de Férias do PCO e da sua juventude (a Aliança da Juventude Revolucionária - AJR), o stalinismo foi muito estu-dado e debatido, da esquer-da à direita, mas Trótski foi o único a analisá-lo de um ponto de vista marxis-ta, revolucionário.

A Universidade e Acam-

pamento de Férias do PCO e da Aliança da Juventude Revolucionária já são real-izados há quase vinte anos. Trata-se de uma atividade inteiramente única em toda a esquerda.

Para participar da 37ª Universidade e Acampa-mento de Férias do PCO e da AJR, entre em conta-to com a organização pelos seguintes telefones:

(TIM) 11-984272254, 11-949996537

(VIVO) 11 974771917.

Ou por Whatsapp, com o número 061-95564183

Endereço eletrônico: [email protected] a página do curso na Internet e saiba mais: http://pco.org.br/acam-

pamentodeferiasEntre em contato, participe!