95
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS CENTRO POLITÉCNICO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL LUDIMILA MALLMANN SCHMALFUSS ESTUDO COMPARATIVO ENTRE SISTEMAS DE CONTENÇÕES DE ATERROS: COM INCLUSÃO DE MALHAS DE AÇO X COM INCLUSÃO DE GEOGRELHA Pelotas 2014

Tcc - Ludimila - Final

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Tcc - Ludimila - Final

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS

CENTRO POLITÉCNICO

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

LUDIMILA MALLMANN SCHMALFUSS

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE SISTEMAS DE CONTENÇÕES DE ATERROS:

COM INCLUSÃO DE MALHAS DE AÇO X COM INCLUSÃO DE GEOGRELHA

Pelotas

2014

Page 2: Tcc - Ludimila - Final

1

LUDIMILA MALLMANN SCHMALFUSS

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE SISTEMAS DE CONTENÇÕES DE ATERROS:

COM INCLUSÃO DE MALHAS DE AÇO X COM INCLUSÃO DE GEOGRELHA

Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de

Graduação em Engenharia Civil da

Universidade Católica de Pelotas como

requisito parcial à obtenção do título de

Engenheira Civil.

ORIENTADOR: Ms. GILBERTO TEIXEIRA DA CUNHA

COORIENTADOR: Ms. HENRIQUE OTTO COELHO

Pelotas

2014

Page 3: Tcc - Ludimila - Final

2

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus pelo dom da vida e por ter me permitido

chegar até aqui.

Ao meu orientador Gilberto e ao coorientador Henrique, pelo suporte e

incentivo.

Aos mestres que auxiliaram na minha formação.

Aos amigos, pelo incentivo e apoio constante.

Aos colegas do curso, em especial ao Lenon, Arthur e Taynara, pela amizade

e companheirismo.

Ao meu vô Erwino que me acompanhou em quase toda essa trajetória, mas

infelizmente não está mais aqui.

A minha irmã Mirela, que sempre torceu muito por mim. Por ela sempre dou

meu melhor, para deixar bons exemplos.

Ao meu namorado Cristian por todo seu amor, incentivo, compreensão e

dedicação incansável comigo.

Aos meus pais, Rui e Laise, que proporcionaram toda a base para os meus

estudos e são os maiores exemplos para minha vida. Eu não conseguiria chegar até

aqui sem a constante dedicação de vocês. Obrigada por acreditarem em mim.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para da minha formação.

Muito obrigada.

Page 4: Tcc - Ludimila - Final

3

"Às vezes a felicidade demora a chegar, aí é

que a gente não pode deixar de sonhar."

(Xande De Pilares; Gilson Bernini;

Carlinhos Madureira)

Page 5: Tcc - Ludimila - Final

4

RESUMO

Desde o princípio da história, muros de contenções são elementos de grande

funcionalidade nas mais variadas situações. Com a finalidade de manter maciços

seguros, impedindo escorregamentos, estas estruturas são artifícios eficientes no

controle desses materiais. Nas últimas décadas estas estruturas despertaram uma

atenção especial, acarretando assim no desenvolvimento de novas tecnologias. A

inclusão de novos materiais também fazem parte deste desenvolvimento, sendo os

principais desencadeadores dessas inovações.

Este trabalho apresenta um estudo comparativo de dois sistemas de

contenção de aterro. Ambas estruturas estão inseridas na duplicação da BR-116

trecho Porto Alegre-Pelotas. A primeira trata-se de uma contenção de solo reforçado

com inclusão de malhas de aço, processo desenvolvido com princípios no tipo de

contenção “Terra Armada”. Já a segunda incide no estudo de contenção de solo

reforçado com inclusão de geogrelhas, processo desenvolvido nos últimos anos por

ser composto de um material relativamente novo, sendo este o geossintético.

Ainda aborda um comparativo entre a literatura, projetos e execução, visando

à compreensão das técnicas e os processos executivos. Buscando caracterizar as

vantagens, desvantagens, rapidez de execução, dificuldades apresentadas no

decorrer das obras, e ainda as futuras manutenções.

Palavras-chave: Muro com inclusão de malha de aço; Muro com inclusão de

geogrelhas; Muros de contenção; Solo reforçado.

Page 6: Tcc - Ludimila - Final

5

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Muro de pedra seca ................................................................................. 17

Figura 2 - Muro de pedra argamassada .................................................................... 18

Figura 3 - Muro de concreto ciclópico ....................................................................... 19

Figura 4 - Muro de gabião ......................................................................................... 20

Figura 5 - Muro de solo-cimento ensacado ............................................................... 20

Figura 6 - Muro de concreto armado ......................................................................... 21

Figura 7 - Contenção de cortinas cravadas ............................................................... 22

Figura 8 - Contenção de cortinas atirantadas............................................................ 22

Figura 9 - Contenção de solo grampeado ................................................................. 23

Figura 10 - Muro de Terra Armada ............................................................................ 24

Figura 11 - Muro de solo reforçado com geogrelha ................................................... 25

Figura 12 - Muro de solo reforçado com inclusão de malhas de aço como elemento

de reforço. ................................................................................................................. 27

Figura 13 - Esquema de um maciço reforçado com inclusão de malhas de aço....... 28

Figura 14 - Representação das alturas e comprimentos para reforços com inclusão

metálica. .................................................................................................................... 29

Figura 15 - Detalhe de elementos de ligação ............................................................ 31

Figura 16 - Geometria da base de nivelamento ........................................................ 32

Figura 17 - Detalhe dos olhais de ligação e espigões nas placas ............................. 32

Figura 18 - Ilustração de castanha de aperto em madeira ........................................ 34

Figura 19 - Ilustração da escora de madeira ............................................................. 34

Figura 20 - Ilustração de (a) cunha em madeira e (b) espaçador em madeira .......... 35

Figura 21 - Paramento do muro com detalhe dos espaçadores e castanhas de aperto

em madeira ............................................................................................................... 35

Figura 22 - Detalhe das almofadas de apoio de polietileno ....................................... 36

Figura 23 - Detalhe de elementos de ligação das escamas ...................................... 36

Figura 24 - Representação da altura de ficha ........................................................... 37

Figura 25 - Detalhe das juntas horizontais com filtro geotêxtil .................................. 38

Figura 26 - Aplicações da Terra Armada ................................................................... 39

Figura 27 - Esquema de montagem das placas ........................................................ 44

Figura 28 - Encaixe dos painéis ................................................................................ 44

Figura 29 - Esquema de um maciço em solo reforçado com geogrelha ................... 46

Page 7: Tcc - Ludimila - Final

6

Figura 30 - Geogrelha flexível, utilizada para reforço de aterros/muros de contenção

.................................................................................................................................. 47

Figura 31 - Seção transversal típica de muro com sistema de blocos segmentais ... 49

Figura 32 - Bloco Terrae W ....................................................................................... 50

Figura 33 - Sistema de colchão drenante .................................................................. 51

Figura 34 - Custo de construção por área de face em função das alturas dos muros

.................................................................................................................................. 55

Figura 35 - Localização do muro com inclusão de malhas de aço ............................ 56

Figura 36 - Faceamento do muro com inclusão de malhas de aço ........................... 57

Figura 37 - Localização do muro com inclusão de geogrelha ................................... 57

Figura 38 - Faceamento do muro com inclusão de geogrelha .................................. 58

Figura 39 - Soleiras em desnível de patamares ........................................................ 61

Figura 40 - Modelo da mesa de serviço .................................................................... 62

Figura 41- Detalhe de ligação painel-malha de aço em corte ................................... 64

Figura 42 - Detalhe de ligação painel-malha de aço em vista ................................... 64

Figura 43 - Armaduras confeccionadas para colocação nas formas ......................... 65

Figura 44 – Estocagem das escamas ....................................................................... 66

Figura 45 - Malhas de aço para inclusão no aterro ................................................... 68

Figura 46 - Detalhe comprimento das malhas de aço ............................................... 68

Figura 47 - Geogrelha fortrac 700 J .......................................................................... 69

Figura 48 - Geogrelha fortrac 1100 J ........................................................................ 69

Figura 49 - Geogrelha fortrac 1600 J ........................................................................ 69

Figura 50 - Fundação do muro .................................................................................. 74

Figura 51 - Detalhe das juntas e cunhas para contraprumo ...................................... 75

Figura 52 - Exemplo de ordem de colocação das placas .......................................... 75

Figura 53 - Escoramento da primeira linha de escamas ........................................... 76

Figura 54 - Escoramento da segunda linha de escamas .......................................... 76

Figura 55 – Colocação de geotêxtil ........................................................................... 77

Figura 56 - Colocação da primeira linha de malhas de aço ...................................... 77

Figura 57 - Compactação do aterro até o topo das meias escamas ......................... 78

Figura 58 - Aterro sobre malha de aço ...................................................................... 79

Figura 59 - Castanha de aperto ................................................................................. 79

Figura 60 – Assentamento de tubos da rede de esgoto pluvial ................................. 80

Figura 61 - Execução de vala com rachão para apoio da base da soleira ................ 81

Page 8: Tcc - Ludimila - Final

7

Figura 62 - Execução de soleira e primeira fiada de bloco ........................................ 81

Figura 63 - Limpeza da primeira fiada dos blocos compactados............................... 82

Figura 64 - Detalhe do dente no inferior do bloco ..................................................... 82

Figura 65 - Compactação com rolo compactador de valeta junto a face do muro em

maciço argiloso ......................................................................................................... 83

Figura 66 - Preenchimento com brita ........................................................................ 84

Figura 67 - Geogrelha esticada e travada com tacos de madeira ............................. 84

Figura 68 – Juntas desuniforme ................................................................................ 85

Figura 69 – Detalhe das placas ................................................................................. 86

Figura 70 – Colocação de placas .............................................................................. 86

Figura 71 – Detalhe dos pedaços de geogrelha para nivelamento dos blocos ......... 87

Figura 72 – Fixação das geogrelhas através de tacos de madeira ........................... 87

Figura 73 – Detalhe da madeira guia para colocação da brita .................................. 88

Figura 74 – Detalhe das juntas dos blocos ............................................................... 88

Figura 75 – Cavidade dos blocos sobrepostos.......................................................... 89

Figura 76 – Recortagem dos blocos .......................................................................... 89

Figura 77 – Detalhe dos recortes de canto do muro ................................................. 89

Page 9: Tcc - Ludimila - Final

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Critério do valor de ficha mínima .............................................................. 38

Tabela 2 - Ensaios de caracterização de solos ......................................................... 48

Tabela 3 – Áreas totais de projeto do muro com inclusão de malhas de aço ........... 60

Tabela 4 – Áreas totais de projeto do muro com inclusão de geogrelha ................... 60

Tabela 5 - Olhais e armaduras posteriores ............................................................... 63

Tabela 6 - Quantitativo de aço para cada tipo de placa ............................................ 65

Tabela 7 – Características das geogrelhas quanto ao tipo ....................................... 70

Page 10: Tcc - Ludimila - Final

9

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12

2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 14

2.1. OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 14

2.2. OBJETIVO ESPECÍFICO ............................................................................. 14

3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 15

4. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................. 16

4.1. TIPOS DE OBRAS DE CONTENÇÃO ......................................................... 16

4.1.1. Muro de pedra seca ............................................................................. 17

4.1.2. Muro de pedra argamassada .............................................................. 17

4.1.3. Muro de concreto ciclópico ................................................................ 18

4.1.4. Muro de gabião .................................................................................... 19

4.1.5. Muro de solo-cimento ensacado ........................................................ 20

4.1.6. Muro de concreto armado ................................................................... 21

4.1.7. Cortinas cravadas ................................................................................ 21

4.1.8. Cortinas atirantadas ............................................................................ 22

4.1.9. Solo grampeado ................................................................................... 23

4.1.10. Muro de Terra Armada ..................................................................... 23

4.1.11. Muro de solo reforçado com geogrelha ......................................... 24

4.2. CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DE UMA ESTRUTURA DE CONTENÇÃO . 25

4.3. CRITÉRIOS DE PROJETO DE ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO ............. 26

4.4. MURO DE SOLO REFORÇADO COM INCLUSÃO DE MALHAS DE AÇO . 26

4.4.1. Breve nota histórica ............................................................................ 26

4.4.2. Constituição dos muros ...................................................................... 27

4.4.2.1. Conceito geral .................................................................................... 27

4.4.2.2. Elementos de reforços........................................................................ 28

4.4.2.3. Material de aterro ............................................................................... 30

Page 11: Tcc - Ludimila - Final

10

4.4.2.4. Elementos de face (escamas / painéis) .............................................. 30

4.4.2.5. Acessórios complementares .............................................................. 31

4.4.3. Altura, inclinação e valor de ficha ...................................................... 36

4.4.4. Drenagem ............................................................................................. 38

4.4.5. Aplicação da técnica ........................................................................... 39

4.4.6. Vantagens e desvantagens da sua aplicação ................................... 41

4.4.7. Situações não recomendadas ............................................................ 42

4.4.8. Execução .............................................................................................. 42

4.4.8.1. Antes da montagem ........................................................................... 42

4.4.8.2. Durante a montagem .......................................................................... 43

4.5. MURO DE SOLO REFORÇADO COM INCLUSÃO DE GEOGRELHAS ..... 45

4.5.1. Breve nota histórica ............................................................................ 45

4.5.2. Conceito geral ...................................................................................... 45

4.5.3. Constituição dos muros ...................................................................... 46

4.5.3.1. Elementos de reforços........................................................................ 46

4.5.3.2. Material de aterro ............................................................................... 47

4.5.3.3. Elementos de face .............................................................................. 49

4.5.3.4. Acessórios complementares .............................................................. 50

4.5.4. Altura, inclinação e valor de ficha ...................................................... 51

4.5.5. Drenagem ............................................................................................. 51

4.5.6. Aplicação da técnica ........................................................................... 52

4.5.7. Controle de qualidade ......................................................................... 52

4.5.8. Execução .............................................................................................. 53

4.5.8.1. Antes do inicio da montagem ............................................................. 53

4.5.8.2. Durante a montagem .......................................................................... 53

4.6. COMPARATIVO TEÓRICO REFERENTE À ECONOMIA ........................... 54

5. ESTUDO DE CASOS......................................................................................... 56

Page 12: Tcc - Ludimila - Final

11

5.1. CARACTERIZAÇÃO DAS OBRAS .............................................................. 56

5.1.1. Extensão ............................................................................................... 58

5.1.2. Altura .................................................................................................... 58

5.1.3. Largura ................................................................................................. 59

5.1.4. Inclinação ............................................................................................. 59

5.1.5. Área ....................................................................................................... 59

5.1.6. Valor de ficha (embutimento) ............................................................. 60

5.2. COMPOSIÇÕES .......................................................................................... 60

5.2.1. Fundação .............................................................................................. 60

5.2.2. Soleira de nivelamento ........................................................................ 61

5.2.3. Elementos de face ............................................................................... 61

5.2.3.1. Fabricação das placas........................................................................ 62

5.2.4. Material de reforço ............................................................................... 67

5.2.5. Material de aterro ................................................................................. 70

5.2.6. Acessórios complementares .............................................................. 71

5.2.7. Drenagem ............................................................................................. 72

5.2.7.1. Dreno de brita ..................................................................................... 72

5.2.7.2. Geotêxtil ............................................................................................. 72

5.2.7.3. Tubos de drenagem ........................................................................... 73

5.3. EXECUÇÕES ............................................................................................... 73

5.3.1. Etapas de execuções .......................................................................... 73

5.4. PONTOS OBSERVADOS ............................................................................ 85

5.4.1. Com inclusão de malhas de aço ........................................................ 85

5.4.2. Com inclusão de geogrelhas .............................................................. 87

6. CONCLUSÃO .................................................................................................... 90

Page 13: Tcc - Ludimila - Final

12

1. INTRODUÇÃO

Muro de contenção são estruturas construídas com a finalidade de impedir, a

ruptura do maciço de rocha ou solo. Esses elementos fornecem suporte a estes

maciços e evitam o escorregamento causado pelo seu peso próprio ou por

carregamento externo.

Sua existência é tão longa quanto à das paredes, sendo as estruturas mais

antigas de obras de contenção, seus primeiros registros são da época da

Mesopotâmia, construídos por sumerianos entre 3.200 e 2.800 a.C., onde esses

eram constituídos de argila e pedra.

Entretanto ao longo dos séculos seguintes foram-se desenvolvendo e

aperfeiçoando as suas técnicas construtivas, como resultado, surgiram obras de

grande importância histórica, entre elas a Muralha da China, construída entre 1368 a

1644. Porém somente no século XVIII, fruto de engenheiros franceses, essas

estruturas sofreram uma significativa concepção de suas técnicas, levando assim a

um grande desenvolvimento, fato motivado pela colonização europeia, e também

pela construção das mais diversificadas estruturas de defesa e fortificação militares,

em locais e terrenos mais variados possíveis.

Já no Brasil esse tipo de contenção foi introduzido no século XVIII, com a

construção de fortes costeiros, obras portuárias e urbanas, mas somente no século

XIX ocorreu uma difusão desse tipo de obra, com a expansão das obras ferroviárias.

No século XX ocorreram mudanças significativas nos sistemas construtivos, a

inclusão de aço no solo e materiais geossintéticos, resultou em sistemas mais

complexos.

Posteriormente os sistemas ganharam um novo elemento, a utilização de fitas

metálicas, dispostas em aterros executados com solo de boa qualidade. O objetivo

desse reforço era aumentar a resistência do solo, além de proporcionar através das

fitas metálicas, a sustentação dos painéis laterais, que constituem a face do maciço.

Essas faces constituídas por uma superposição de painéis fabricados de concreto

armado, tendo como sua principal vantagem a não ocorrência de trincas, permitindo

assim um movimento diferencial entre si, consequentemente eliminando a

concentração de tensões.

Nos últimos anos foi à vez da utilização de geossintéticos em substituição do

aço, na composição dos muros, surgindo assim o sistema de contenção denominado

Page 14: Tcc - Ludimila - Final

13

“Muro Terrae”. O princípio deste método é a utilização de geogrelhas, de alta rigidez,

para proporcionar aumento de estruturação do aterro, além, de ajudar na

sustentação do paramento frontal, formados por blocos segmentais pré-moldados de

concreto.

Sendo assim, esse trabalho abordará estudos comparativos entre dois

sistemas construtivos citados acima, muro de solo reforçado com inclusão de malhas

de aço e muro de solo reforçado com inclusão de geogrelha.

O trabalho de conclusão de curso foi composto em duas etapas:

A primeira abordou um desenvolvimento teórico sobre os sistemas de

contenção referentes ao trabalho. Nesta etapa foi elaborada uma revisão da

literatura sobre todos os pontos relevantes tanto de projeto como executivos, tais

como, definições, vantagens, desvantagens, materiais a serem utilizados, tipos de

aterro e materiais de reforço e aplicação. Esses dados foram utilizados para

embasamento teórico e para melhor compreensão das obras em estudo.

A segunda etapa consistiu em aplicação do estudo teórico em análise de dois

projetos reais. Foi realizado um comparativo de projeto e execução entre os muros,

observando suas características, facilidades e dificuldades de execução, as

vantagens e desvantagens dos tipos de contenções escolhidas para o determinado

local, elaborando um comparativo dos tipos construtivos.

Page 15: Tcc - Ludimila - Final

14

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

O objetivo do trabalho se fundamenta em estudar e apresentar os aspectos

mais importantes de dois métodos de contenção de solos confinados, melhorando o

conhecimento e a compreensão a respeito de projetos, execução e comportamento

dos muros.

2.2. OBJETIVO ESPECÍFICO

Realizar um estudo de casos comparativo entre dois sistemas de muros com

solo reforçado, sendo o primeiro o projeto de muro com inclusão de malhas de aço,

que está sendo executado no acesso ao viaduto de Turuçu/RS, e o segundo o

projeto de muro com inclusão de geogrelha, também em execução, no acesso ao

viaduto da Avenida 25 de Julho, na cidade de Pelotas/RS, ambos na região sul da

duplicação da BR 116. Esse estudo tem com finalidade de determinar facilidades e

limites construtivos, técnicas de construção, tipo de aterro e material de reforço,

entre outros.

Ainda exercitar assuntos que foram estudados nas disciplinas de geotécnica,

sistemas de transportes e estradas, a fim de aperfeiçoar e acrescentar

conhecimento na área.

Page 16: Tcc - Ludimila - Final

15

3. JUSTIFICATIVA

Devido à duplicação da BR 116 na região sul do Estado do Rio Grande do

Sul, houve a necessidade da construção de obras de arte especiais, entre elas, os

viadutos, para a fluidez do tráfico rodoviário e acesso as localidades. Quando se

trata de viadutos logo se deve pensar em elementos de acesso a estes, em geral é

feita de duas formas, uma sendo através de plataformas elevadas com a execução

de taludes, e a outra, comum em espaços urbanos, onde devido aos pequenos

espaços necessitam-se de soluções mais compactas, os sistemas de contenção de

aterros, com muros de solos confinados e reforçados.

Em observação aos métodos construtivos que estão sendo executados na

região sul do estado, surgiu o interesse de estudar dois tipos de sistemas de

contenções de aterros, um com inclusão de malhas de aço, e o outro com inclusão

de geogrelha. Em termos gerais os dois tem a mesma finalidade, porém com

métodos e características diferentes.

Page 17: Tcc - Ludimila - Final

16

4. REVISÃO DA LITERATURA

Devido a crescente expansão de obras de engenharia em áreas urbanas,

uma das opções para realizar melhores aproveitamentos dos espaços, é o uso de

obras de contenção de terrenos, podendo ser de solos confinados ou não.

As contenções são compreendidas pela introdução de uma estrutura ou de

elementos estruturais compostos, que apresentam rigidez distinta daquela do

terreno que conterá (MEDEIROS, 2005).

Os muros de contenção são estruturas corridas de parede vertical ou quase

vertical, apoiadas em uma fundação rasa ou profunda. Podem ser de gravidade,

construídos em alvenaria (tijolos ou pedras) ou em concreto (simples ou armado), de

flexão, com ou sem contraforte, ou ainda, de elementos especiais.

Ainda esses muros são constituídos por paramento e fundação, sendo

eventual o uso de elementos de reforço do maciço. Os paramentos podem ser de

pedra seca, pedra argamassada, concreto ciclópico, gabião, solo-cimento, concreto

armado, cortinas cravas, cortinas atirantadas. Além desses elementos, normalmente

compõem o muro de arrimo elementos drenantes e filtrantes como, por exemplo,

filtros de areia ou brita, drenos profundos, drenos subhorizontais e canaletas.

Com o avanço tecnológico, foram surgindo novas alternativas em contenção

para estabilização de taludes como, por exemplo, sistemas de obras especiais, que

utilizam estruturas de ancoragem a fim de apresentar uma configuração estável.

Essa ancoragem tinha como objetivo reforçar o maciço, atravessando a zona

instável e fixando-se em uma zona resistente, através de estruturas protendidas

(utilização de tirantes) ou não protendidas (uso de chumbadores).

Em meados da década de 60 engenheiros Franceses começaram a executar

muros de contenção que consistiam na introdução de elementos de materiais mais

resistentes no corpo do aterro que, uma vez solicitados, passam a trabalhar em

conjunto com o solo compactado. Os processos mais conhecidos são o reforço pela

introdução de fitas metálicas, ou de malhas de aço e ainda a introdução de

geossintéticos.

4.1. TIPOS DE OBRAS DE CONTENÇÃO

Page 18: Tcc - Ludimila - Final

17

4.1.1. Muro de pedra seca

Os muros de pedra seca (fig. 1) são os mais antigos e numerosos.

Atualmente, devido ao custo elevado, o emprego desse elemento construtivo é

menos frequente, principalmente em muros com maior altura.

São construídos com pedras arrumadas manualmente. Estes muros apresentam

como vantagem a simplicidade de projeto e a facilidade de construção.

Muros de pedra seca devem ser recomendados unicamente para contenção

de taludes com altura inferiores a 2m, contendo base mínima de 0,5m, e devendo

ser apoiado em cota inferior à da superfície do terreno, para assim diminuir o risco

de ruptura por cisalhamento no contato muro-fundação. Em geral esses muros ainda

dispensam dispositivos de drenagem, pois são compostos de materiais drenantes.

Figura 1 – Muro de pedra seca

Fonte: Google

4.1.2. Muro de pedra argamassada

Já os muros de pedra argamassada (fig. 2) são bem semelhante aos muros

de pedra seca, esse tipo de muro possui como diferencial a utilização de argamassa

de cimento e areia para sobreposição das pedras, bem como o preenchimento das

juntas, proporcionando assim maior rigidez. Entretanto, esse rejuntamento elimina a

capacidade drenante, necessitando então a implantação de dispositivos usuais de

drenagem, tais como, dreno de areia ou geossintéticos (CARVALHO, 1991).

Esse tipo de contenção não apresenta muitas especificações quanto às

partes constituintes, por exemplo, as pedras podem ter dimensões variadas, e o

Page 19: Tcc - Ludimila - Final

18

rejuntamento não precisa ser uniforme. É recomendada a utilização destes muros

para alturas inferiores a três metros.

Figura 2 - Muro de pedra argamassada

Fonte: Google

4.1.3. Muro de concreto ciclópico

Os muros de concreto ciclópico (fig. 3) é um tipo de contenção que consiste

no preenchimento de uma fôrma com concreto e blocos de rocha de dimensões

variadas. São economicamente viáveis apenas quando a altura não for superior a

quatro metros. A sessão transversal usual é trapezoidal, com largura da base da

ordem de 50% da altura do muro. Sua face inclinada ou em degraus pode resultar

em uma economia significativa de material. Pode ser executado com face frontal

plana e vertical, porém recomenda-se um inclinação para trás (em direção ao retro

aterro) de pelo menos 1:30 (cerca de 2 graus com a vertical), de modo a evitar a

sensação ótica de uma inclinação do muro na direção do tombamento para a frente

(Leite, 2011).

Devido à impermeabilização deste muro, é indispensável à execução de um

sistema adequado de drenagem. Uma alternativa seria furos de drenagem,

posicionados de modo a minimizar o impacto visual devido às manchas que o fluxo

de água causa na face frontal. Outra alternativa, seria o uso de manta geossintética

na face posterior (tardoz), acompanhadas de tubos de drenagem para captação

d’agua.

Page 20: Tcc - Ludimila - Final

19

Figura 3 - Muro de concreto ciclópico

Fonte: Google

4.1.4. Muro de gabião

Esses muros (fig. 4) são constituídos por gaiolas metálicas, construídas por

fios de aço galvanizado em malha hexagonal com dupla torção, e preenchidas com

pedras arrumadas manualmente. São utilizados geralmente como proteção

superficial de encostas, proteção de margens de rios e riachos, e também em muros

de contenção.

As dimensões usuais das gaiolas são: comprimento de 2m e seção

transversal quadrada com 1m de aresta. No caso de muros de grande altura, os

gabiões devem possuir alturas mais baixas (recomenda-se 0,5m), apresentando

assim maior rigidez e resistência. Para muros muito longos, os comprimentos dos

gabiões podem ser de até 4m, a fim de agilizar a construção.

A rede metálica que compõe os gabiões apresenta resistência mecânica elevada e é

protegida por uma galvanização dupla, em alguns casos, por revestimento com uma

camada de PVC.

Page 21: Tcc - Ludimila - Final

20

Figura 4 - Muro de gabião

Fonte: Google

4.1.5. Muro de solo-cimento ensacado

Os muros de solo-cimento ensacado (fig. 5) são constituídos por camadas de

sacos de poliéster ou similares, preenchidos por uma mistura cimento-solo da ordem

de 1:10 a 1:15 (proporção em volume). Seu preenchimento deve ser de dois terços

do volume útil do saco, e procede-se com o fechamento mediante costura manual.

Ainda as faces externas do muro podem receber uma proteção superficial de

concreto magro, para prevenir contra a ação erosiva e dos ventos.

Esse método de construção tem suas vantagens como, baixo custo, facilidade

de transporte para o local da obra, desnecessidade da utilização de fôrmas e

elementos complexos, além da dispensa de mão de obra especializada.

Figura 5 - Muro de solo-cimento ensacado

Fonte: Google

Page 22: Tcc - Ludimila - Final

21

4.1.6. Muro de concreto armado

Os muros de concreto armado (fig. 6) possui uma peculiaridade diferente dos

demais até agora citados, são muros que possui características de flexão. Sua

estrutura é mais esbelta, com seção transversal em forma de “L” ou em “T invertido”.

Devido a esse formato, utilizam parte do peso próprio do maciço que se apoia sobre

a base “L” ou “T”, para manter o equilíbrio e resistem então aos empuxos de flexão.

Em geral são construídos em concreto armado, a laje de base costuma ter

largura entre 50 a 70% da altura do muro, e a execução de um sistema de drenagem

é imprescindível (CARVALHO, 1991).

Figura 6 - Muro de concreto armado

Fonte: Google

4.1.7. Cortinas cravadas

Constituída por estacas ou perfis cravados no terreno, trabalhando à flexão e

resistindo pelo apoio da ficha (parte enterrada do perfil), trata-se de obras contínuas,

(estacas-pranchas ou estacas justapostas) ou descontínuas, (estacas ou perfis

metálicos são cravados a certa distância um do outro, sendo o trecho entre eles

preenchido por pranchões de madeira ou placas de concreto) (Leite, 2011).

Geralmente o material é definido quanto à duração da obra, em obras de

contenção provisórias predomina-se o uso de perfis metálicos cravados e pranchões

de madeira. Já em obras definitivas, não se utiliza madeira e quando a opção for

metálica, devem ser protegidos contra corrosão.

Page 23: Tcc - Ludimila - Final

22

As alturas atingidas são modestas, devido ao funcionamento a flexão costuma

ser bastante deformáveis.

A figura 7 representa uma contenção com cortinas cravadas.

Figura 7 - Contenção de cortinas cravadas

Fonte: Google

4.1.8. Cortinas atirantadas

Cortinas atirantadas (fig. 8) são elementos verticais ou subverticais,

constituídas por placas de concreto ancoradas no terreno por tirantes (fios, barras ou

cordoalhas de aço), elementos que permitem transferir, por tração, esforços para

uma zona mais resistente do maciço.

O paramento de concreto pode ser constituído de três formas: placas isoladas

para cada tirante; placas englobando dois ou mais tirantes; ou ainda por cortina

única, incorporando todos os tirantes.

Figura 8 - Contenção de cortinas atirantadas

Fonte: Google

Page 24: Tcc - Ludimila - Final

23

4.1.9. Solo grampeado

O tipo de contenção de solo grampeado (fig. 9) trata-se de uma estabilização

temporária ou permanente de taludes naturais ou de segurança em escavações de

maciços, cujas condições estão suscetíveis às instabilidades.

Consiste na inserção de barras de aço ou de fibras sintéticas (com resistência

a tração equivalente a do aço) no subsolo, aliado ao revestimento com tela metálica.

Os chumbadores são barras de aço fixadas com calda de cimento ou resina, com

objetivo de conter blocos isolados de rochas ou fixar obras de concreto armado

(CARVALHO, 1991).

Esse processo de estabilização de taludes é realizado respectivamente, na

escavação, perfurações do solo, inserção dos grampos, e finalmente no

revestimento da face (Leite, 2011).

Figura 9 - Contenção de solo grampeado

Fonte: Google

4.1.10. Muro de Terra Armada

São constituídos basicamente pela associação de solo compactado e

armaduras, e também por paramentos externos, composto de placas denominadas

de pele. As placas de concreto tem como finalidade a proteção do maciço, não

desempenhando função estrutural. Já as armaduras são tiras metálicas, tratadas

especialmente contra a corrosão, presas às placas, designadas para sustentação

das mesmas e também para evitar deslocamento excessivo.

Os três componentes principais desse tipo de muro são:

Page 25: Tcc - Ludimila - Final

24

• O solo que envolve as armaduras e ocupa um espaço chamado “volume

armado”.

• As armaduras, elementos lineares e flexíveis que trabalham principalmente a

tração e flexão. São fixadas às “peles” por parafusos, geralmente de aço com

galvanização especial.

• A “pele”, que é o paramento externo, geralmente vertical ou levemente

inclinado. Pode ser constituído por escamas metálicas flexíveis ou por placas

rígidas de concreto armado.

Esse tipo de contenção, por se tratar de tecnologia patenteada, deve ser

sempre executada sob supervisão e assistência da empresa que detém a patente

deste processo no Brasil (CARVALHO, 1991).

A Figura 10 ilustra esse tipo de contenção.

Figura 10 - Muro de Terra Armada

Fonte: Google

A partir da técnica “terra armada”, começou-se a se desenvolver outras

técnicas com a mesma finalidade, porém com introdução de outros tipos de

materiais no seu aterro.

4.1.11. Muro de solo reforçado com geogrelha

Esses muros tem como finalidade, apresentar melhores características

mecânicas, associando a geogrelha ao solo compactado. Composto por paramento

externo de blocos estruturais pré-moldados de concreto com preenchimento de brita

graduada, esses blocos segmentais são utilizados como fôrmas laterais para

Page 26: Tcc - Ludimila - Final

25

compactação das camadas, e ao mesmo tempo proporcionando uma eficiente

ancoragem do reforço (geogrelha).

Como elemento de reforço, as geogrelhas possuem função de confinar e

reforçar o solo junto à face externa, sendo um elemento fundamental para evitar o

deslocamento excessivo impostos pelas forças de tração exercidas pelos blocos.

Na Figura 11 pode-se observar um muro de solo reforçado com geogrelha,

com utilização de brita graduada desempenhando função estrutural e de drenagem.

Figura 11 - Muro de solo reforçado com geogrelha

Fonte: Google

4.2. CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DE UMA ESTRUTURA DE CONTENÇÃO

Para determinação do tipo de estrutura de contenção mais adequada,

devemos levar em conta vários fatores como:

• Altura da estrutura;

• Cargas atuantes;

• Natureza e características do solo a ser arrimado;

• Natureza e características do solo de fundação;

• Espaço disponível para construção;

• Equipamentos e mão de obra disponíveis;

• Especificações técnicas especiais;

• Análise de custos.

Além disso, alguns tipos de muros de contenção devido a sua complexidade

necessita-se um bom embasamento teórico, juntamente com experiência pratica

para obtenção de resultados satisfatórios.

Page 27: Tcc - Ludimila - Final

26

4.3. CRITÉRIOS DE PROJETO DE ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO

Estabelecida à escolha do tipo de contenção, deve-se levar em conta alguns

outros critérios, como:

• Natureza da estrutura (tipos diferentes para propósitos diferentes);

• Geometria do terreno e condições geotécnicas locais;

• Posição do nível do lençol freático e condições de drenagem;

• Empuxos de terra e cargas atuantes;

• Critérios de projeto de estruturas de contenção;

• Propriedades dos solos locais: peso específico, coesão, ângulo de atrito;

• Movimentos relativos solo - estrutura;

• Metodologias construtivas.

4.4. MURO DE SOLO REFORÇADO COM INCLUSÃO DE MALHAS DE AÇO

4.4.1. Breve nota histórica

Os primeiros estudos referentes ao comportamento dos sistemas de

contenções, em solos reforçados, foram realizados pelo engenheiro Frances Henry

Vidal em 1963, onde através destes o mesmo desenvolveu um sistema denominado

“Terra Armada”, patenteado por ele em 1966. Segundo o autor associando o solo a

um material resistente a tração, era obtida uma melhoria significativa da sua

propriedade estrutural inicial.

Porém, o grande desafio seria a escolha dos materiais a serem aplicados na

análise do comportamento interno dos muros. Primeiramente os materiais utilizados

foram polímeros reforçados com fibras de vidro, entretanto não se obteve resultado

positivo, pois a estrutura sofreu colapso após 10 meses. Já a segunda tentativa foi

com a utilização de aço maciço e alumínio em tiras, mas em observação após 10 a

15 anos da execução, os reforços apresentavam um elevado grau de corrosão

devido a pouca durabilidade dos materiais, tornando assim também uma solução

ineficaz. Devido a isto passou a se utilizar tiras de aço galvanizado, aumentando

assim significamente à durabilidade dos materiais.

Page 28: Tcc - Ludimila - Final

27

A partir do “Terra Armada” foram surgindo outras patentes, basicamente com

o mesmo sistema, porém alterando apenas alguns elementos de constituição, como

por exemplo, o tipo de material usado no reforço e a geometria das placas da face.

Entre essas mudanças surge o solo reforçado com inclusão de malhas de aço tema

de estudo deste trabalho.

4.4.2. Constituição dos muros

4.4.2.1. Conceito geral

Os muros com inclusão de malhas de aço (fig 12) são constituídos pela

associação do solo de aterro com propriedades adequadas, malhas de aço flexíveis,

colocadas horizontalmente em seu interior, à medida que o aterro vai sendo

construído, e por uma pele ou paramento flexível externo, fixado às malhas,

destinados a limitar o aterro.

Então, os muros são compostos por três elementos principais: material de

aterro, reforços (malhas de aço), e elementos de pele, que são painéis pré-

fabricados de concreto armado (fig. 13).

Figura 12 - Muro de solo reforçado com inclusão de malhas de aço como elemento de reforço.

Fonte: Autor

Também são elementos comuns a muros com inclusão de malhas de aço,

soleiras de concreto simples, elementos de fixação, armaduras dos elementos da

face, juntas horizontais entre painéis e utilização de manta geotêxtil filtrantes nas

juntas verticais.

Page 29: Tcc - Ludimila - Final

28

Figura 13 - Esquema de um maciço reforçado com inclusão de malhas de aço

Fonte: (Félix, 1991)

4.4.2.2. Elementos de reforços

O elemento de reforço utilizado em muros de solo reforçado com inclusão de

malhas de aço tem como principais finalidades a mobilização por atrito de tensões

tangenciais ao longo da sua superfície e a resistência aos esforços de tração. Pelo

fato dos reforços estarem enterrados, dificultando assim o reparo e a substituição, é

necessário atenção na decisão do material utilizado, pois esses devem garantir

funções a longo prazo, e ainda possuir as seguintes características:

• Boa resistência à tração com ruptura do tipo não frágil;

• Bom coeficiente de atrito com o solo;

• Ser flexível, adaptando-se as ondulações geradas nas superfícies dos aterros

compactados;

• Apresentar baixa deformabilidade às cargas de serviço;

• Permitir uma fácil implantação;

Geralmente as malhas de aço galvanizadas são compostas por varões

eletrossoldados, possuindo elementos transversais e longitudinais, cuja seção pode

ou não variar. Caso haja variação das seções, o diâmetro dos varões longitudinais

Page 30: Tcc - Ludimila - Final

29

devem ser superiores aos varões transversais, contudo não devem possuir seções

muito distintas para assim permitir uma boa ligação (Silva, 2012).

Essas malhas devem possuir comprimento igual ou superior a 70% da altura

do muro (fig. 14), ou ainda comprimento mínimo de 2,4m. É necessário este

comprimento mínimo para acomodar os equipamentos de colocação e compactação

do aterro. Ainda estes elementos são conectados aos painéis pré-moldados de

concreto (constituintes da face do maciço) através de acessórios citados

posteriormente.

Figura 14 - Representação das alturas e comprimentos para reforços com inclusão metálica.

Fonte: (Silva, 2012)

Onde:

Hm = altura média fictícia. Média entre H e H1.

H1 = altura aterro existente

H = altura do paramento.

Lm = comprimento do elemento de reforço.

Os materiais utilizados nas malhas de aço deve atender aos critérios para aço

CA50 da NBR 7480 – Aço destinado à construção civil e da NBR 6152 –

Determinação das propriedades mecânicas à tração – Método de ensaio. Já o

processo de galvanização deve atender a NBR 6323 – Aço ou ferro fundido –

Page 31: Tcc - Ludimila - Final

30

Revestimento de zinco por imersão a quente – Especificação. Esse tratamento tendo

por objetivo a proteção contra corrosão é baseado na aplicação de zinco em torno

da armadura, contribuindo assim para o atraso da corrosão do aço e não permitindo

uma deterioração precoce pela exposição aos raios ultravioletas e pela ação da

água.

4.4.2.3. Material de aterro

O funcionamento dos muros de solos reforçados com inclusão de malhas de

aço baseia-se no pressuposto de existência de atrito entre o solo e os reforços, com

isso se torna conveniente que o material de aterro possua um elevado ângulo de

atrito interno, o que em primeiro momento exclui a utilização de solos com elevadas

porcentagens de partículas finas.

Sendo assim, os solos utilizados na construção do maciço são geralmente

granulares compactados, possuindo característica de material drenante. Ainda, o

maciço deve ser constituído por solo de boa qualidade, isento de detritos, matéria

orgânica ou quaisquer outras substâncias nocivas. Sua escolha deve obedecer aos

critérios da norma NBR 9286/86.

4.4.2.4. Elementos de face (escamas / painéis)

As escamas são geralmente pré-moldadas em concreto armado, de formato

hexagonal, dimensões correntes da ordem dos 1,50 x 1,50 m, e espessura variando

entre os 0,14m e 0,26m, destinam-se ao acabamento externo do maciço, tendo

como objetivo a retenção do solo do paramento do muro, impedindo a ruptura, e a

erosão.

O concreto utilizado na fabricação das escamas deve ter fck mínimo de 25

MPa, sem permissão de emprego de aditivos como incorporadores de ar,

aceleradores de pega ou outros que contenham componente agressivos às peças

metálicas de ligação. Ainda devem ser ensaiado segundo a NRB 5739, referente aos

ensaios de compressão de corpos de prova.

Page 32: Tcc - Ludimila - Final

31

Essas escamas possuem uma serie de elementos, agregando assim uma

complexidade de produção e montagem. Os pontos de suspensão são um destes

elementos, com característica de permitem o transporte e o içamento das placas e

um sistema importante quando se trata da montagem no local. Outro elemento seria

os olhais (fig. 15), sistemas que será explicado melhor no item a seguir.

Figura 15 - Detalhe de elementos de ligação

Fonte: Autor

Entre as placas se encontram as juntas, responsáveis por impedir que haja

uma união rígida entre os painéis, e contado direto entre os mesmo, evitando assim

desgaste. São elementos compostos por almofadas de polietileno combinados com

geotêxtil, este possuindo característica de drenagem, permitindo assim a passagem

de água e impedindo a passagem dos finos. Como resultado cada painel é

independente dos demais, esta característica oferece ao paramento certa

deformabilidade vertical.

4.4.2.5. Acessórios complementares

a) Soleira de nivelamento

A construção de uma soleira de concreto tem por objetivo proporcionar um

nivelamento do primeiro nível de escamas. Essa é construída sobre o aterro

devidamente compactado, sua execução é de concreto simples com fck > 13 MPa,

não possuindo função estrutural. Seu formato é em caixa, com dimensões de 0,30 m

por 0,15 m no terreno, conforme representado na Figura 16.

Page 33: Tcc - Ludimila - Final

32

Figura 16 - Geometria da base de nivelamento

Fonte: Autor

b) Olhais

São dispositivos de ligação entre escama e armadura, fabricados de aço

galvanizado são concretados na fabricação das placas. As Figuras 17 e Figuras 23

demonstram os olhais de ligação nas placas.

c) Espigões de alinhamento

Sistema de pinos e furos verticais (fig. 17), suas funções são para o encaixe

entre as placas, proporcionando assim um perfeito alinhamento. Podem também

serem denominados de espigão macho (pino de aço galvanizado) e espigão fêmeas

(reentrância para o espigão macho, executada na concretagem).

Figura 17 - Detalhe dos olhais de ligação e espigões nas placas

Fonte: Projeto anexo

Page 34: Tcc - Ludimila - Final

33

d) Varões

São barras de polipropileno de seção circular, as quais servem como moldes

para a fabricação dos espigões fêmea, ou seja, reentrância para o encaixe do

espigão macho.

e) Passadores ou chave simples de ligação

Os passadores ou chave simples de ligação são elementos também de aço

galvanizado e possuem função de travamento das malhas de aço com os metais.

A Figura 23 ilustra os passadores.

f) Chumbadores

São dois pontos de suspensão nas escamas, de aço galvanizado, que

auxiliam no içamento das escamas, permitindo seu manuseio e montagem, através

de meios mecânicos.

g) Castanhas de aperto e escoras em madeira

As castanhas de aperto são elementos de madeira e aço galvanizado, com

parafuso e porca, já as escoras são de madeira roliça, utilizadas no faceamento

externo do muro, ambos dispositivos são utilizados para diminuir o movimento entre

as placas e também para mantém o alinhamento do paramento.

As Figuras 18, 21 e 23 ilustram as castanhas de aperto e a Figura 19 ilustra a

escora em madeira.

Page 35: Tcc - Ludimila - Final

34

Figura 18 - Ilustração de castanha de aperto em madeira

Fonte: Projeto anexo

Figura 19 - Ilustração da escora de madeira

Fonte: (Silva, 2012)

h) Cunhas e espaçadores de madeira

Elementos em madeira (fig. 20), a cunha tem como finalidade o travamento

entre os olhais e malha de aço. Já os espaçadores são dispositivos os quais

permitem a execução de juntas uniformes e também a inclinação desejada das

placas.

Page 36: Tcc - Ludimila - Final

35

(a) (b)

Figura 20 - Ilustração de (a) cunha em madeira e (b) espaçador em madeira

Fonte: Projeto anexo

Figura 21 - Paramento do muro com detalhe dos espaçadores e castanhas de aperto em madeira

Fonte: Autor

i) Juntas entre as escamas

As juntas são compostas por almofadas de polietileno com finalidade de evitar

o atrito entre as diferentes placas.

Na figura 22 se observa que cada painel é apoiado na junta horizontal do

painel inferior através de duas almofadas de apoio em polietileno com 2,5 cm de

altura. Posteriormente as juntas são cobertas do lado inferior do muro por um filtro

de geotêxtil.

Page 37: Tcc - Ludimila - Final

36

Figura 22 - Detalhe das almofadas de apoio de polietileno

Fonte: Projeto anexo

Figura 23 - Detalhe de elementos de ligação das escamas

Fonte: Autor

4.4.3. Altura, inclinação e valor de ficha

É recomendado que esse tipo de muro possua altura inferior a 24 metros.

Já em relação à inclinação, suas placas devem ser assentadas com uma

inclinação de 1% para a direção interna do muro, sendo que essa ficará nula depois

de realizada a compactação do solo.

O valor de ficha, ou seja, quanto o muro deve ficar enterrado/embutido, serve

para garantir não somente o risco de ruptura do solo de fundação junto ao

Page 38: Tcc - Ludimila - Final

37

paramento, ou a prevenção de um possível deslocamento, como também a proteção

da fuga de materiais finos.

Por isso, deve-se exigir que o muro tenha um valor mínimo de ficha, variando

numa profundidade entre H/20 e H/5 (fig. 24), dependendo da inclinação do terreno

em cima do muro, ou ainda profundidade mínima de 0,4 m quando se tem inclinação

deste terreno igual a zero, ou 1,0 m em casos de inclinação maior que zero, a não

ser que o terreno de fundação seja rochoso, casos em que não é necessário o

embutimento da parede de paramento no solo.

Segundo a NBR9286/1986, em condições normais, não havendo evidência de

outros riscos à estabilidade de solo de fundação, adota-se o seguinte critério de

ficha (Dm).

Dm min = 0,40m ou

Dm = 0,1H quando o terreno a jusante do maciço for horizontal e

Dm = 0,1 a 0,20H quando o terreno a jusante do maciço for inclinado.

Para cálculo de valores de Dm, pode ser realizado diretamente a partir da

altura do muro como se observa no Tabela 1.

Figura 24 - Representação da altura de ficha

Fonte: adaptado de (Félix, 1991)

Page 39: Tcc - Ludimila - Final

38

Tabela 1 - Critério do valor de ficha mínima

Inclinação do terreno em frente ao muro

Dm(m) (ß)

ß = 0° Muros H/20

Encontros H/10

ß = 18° Muros H/10

ß = 27° Muros H/7

ß =34° Muros H/5

Fonte: adaptado de (Silva, 2012)

4.4.4. Drenagem

Para ser mantida a estabilidade da estrutura quando em presença de água, é

sempre necessário um projeto de drenagem, impreterivelmente quando o material

de aterro for constituído por finos.

Os dispositivos devem ser previstos com a finalidade de aumentar a

eficiência, permitindo que a água escoe sem carregamento de finos, evitando

comprometer a estabilidade da obra. Uma das soluções seria o uso de colchões e

valas drenantes, com material granular adequado e/ou geotêxteis.

Os painéis possuem juntas horizontais, sendo esses espaços entre eles

permitem a passagem de água para o exterior, formando às juntas horizontais.

Essas juntas, posteriormente são cobertas no lado inferior do muro por um filtro

geotêxtil (fig. 25).

Figura 25 - Detalhe das juntas horizontais com filtro geotêxtil

Fonte: Autor

Page 40: Tcc - Ludimila - Final

39

4.4.5. Aplicação da técnica

São amplas a aplicações do sistema de solo reforçado com inclusão de

malhas de aço na engenharia civil. Suas principais aplicações são estabilização de

taludes e, em simultâneo a criação de plataformas para implantação de vias de

trânsito rodoviário ou ferroviário. Algumas de suas aplicações podem ser vistas

abaixo (fig. 26).

Figura 26 - Aplicações da Terra Armada

Fonte: adaptado de (Félix, 1991)

Page 41: Tcc - Ludimila - Final

40

a) Contenção de terras

São formados pelo paramento (face), reforços e pelo aterro.

b) Muros de encontro de viadutos

Este tipo de muro é formado pelos mesmos constituintes dos muros

contenção de solo reforçado e por uma viga de apoio que recebe ações do tabuleiro.

c) Plataforma para trânsito viário

Formado por dois paramentos paralelos ligados entre si pelos reforços. São

utilizados nas rampas de acesso a viadutos.

d) Plataforma fortemente carregada

Muro com propriedades de grande resistência, como por exemplo,

dimensionado de forma a resistir à ação de grua sem cais de carga-descarga.

e) Estruturas parcialmente submersa

Podem ser utilizadas em local seco ou então à beira-rio ou beira-mar.

f) Contenção de explosões

Sua elevada resistência a ações dinâmicas permite sua utilização como

elemento protetor dos impactos provocados por explosões.

Page 42: Tcc - Ludimila - Final

41

g) Armazenamento de materiais granulares

Execução de silos enterrados ou semienterrados.

4.4.6. Vantagens e desvantagens da sua aplicação

As principais vantagens da execução de muros com inclusão de malhas

metálicas em estruturas de engenharia civil resultam do seu processo construtivo e

do seu comportamento. Essas podem resumir-se do seguinte modo:

• Facilidade de montagem, mesmo em obras de grande altura;

• Procedimentos de construção rápidos e que não necessitam de grandes

equipamentos;

• Eliminação de formas, andaimes, escoramentos, concretagens situ e

terraplanagens manuais;

• Elevada flexibilidade dos paramentos, o que permite aos maciços adaptarem-

se a fundações compressíveis, aceitando bem assentamentos diferenciais

inadmissíveis para as soluções rígidas clássicas de concreto armado;

• Facilidade no tratamento estético do paramento;

• Não requer mão-de-obra especializada;

• Requerem uma menor área de preparação;

• Necessitam de menos espaços na frente da estrutura para operações de

construção;

• Tecnicamente viáveis para alturas superiores a 25 m;

• Custos reduzidos.

Existem também algumas desvantagens no uso deste tipo de muros, tais

como:

• Exigem um espaço largo atrás da estrutura para se obter espessura de muro

suficiente para a verificação da estabilidade interna e externa;

• Aterros granulares selecionados;

Page 43: Tcc - Ludimila - Final

42

• Critérios de projeto necessários para evitar a corrosão das malhas de reforço

e a deterioração de certos elementos da face;

• Projeto obrigando a uma responsabilidade entre os fornecedores de materiais,

o fornecedor de aterro e uma maior participação de especialistas geotécnicos do

domínio.

4.4.7. Situações não recomendadas

Os muros de solos reforçados não devem ser utilizados quando:

• Existirem ângulos salientes do muro em planta com abertura inferior a 70º;

• Na zona reforçada forem previstas outras obras além da drenagem;

• As armaduras forem sujeitas à ação de águas contaminadas, em geral com

baixos valores de pH e altos teores de cloretos e sulfatos, ou quando sejam

esperadas correntes elétricas parasitas no terreno a uma distância do muro

inferior a 60m;

• Haja o risco de infraescavações da base do solo reforçado, provocadas pela

ação fluvial ou marítima.

4.4.8. Execução

A montagem deve ser feita ao mesmo tempo em que a terraplenagem do

aterro, conforme as faces construtivas a seguir:

4.4.8.1. Antes da montagem

a) Aprovação do material do aterro

O conhecimento prévio do material de aterro é obtido por estudos

geotécnicos, e sua importância depende das condições particulares de cada caso.

Page 44: Tcc - Ludimila - Final

43

b) Equipamentos

É necessário um guindaste tipo munck, ou similar, para o içamento das

escamas, ainda os equipamentos de terraplenagem e compactação são

recomendados o uso de um trator e/ou uma motoniveladora para o lançamento e

espalhamento das camadas de aterro. Para compactação, é recomendável utilizar

equipamento do tipo rolo liso vibratório.

Para compactação do aterro numa faixa de largura de 1,50 m atrás do

paramento, ou seja, toda a extensão junto à face, o recomendável são placas

vibratórias leves ou tipo “sapos”.

c) Materiais pré-fabricados

Os materiais pré-fabricados que são as escamas, armaduras, elementos de

ligação, olhais e espigões de alinhamento, devem serem minuciosamente

controlados na sua fabricação, com ensaios de recebimento, com a finalidade de

garantir a conformidade com as especificações.

4.4.8.2. Durante a montagem

a) Soleira de nivelamento

A soleira deve ser executada com um perfeito acabamento, para fim de

nivelamento do primeiro nível de escamas. É de tamanha importância a perfeita

confecção das mesmas para não causar problemas futuros de desalinhamento de

placas, impedindo que ocasione num retrabalho de assentamento.

b) Montagem

É começada a montagem após a conclusão da soleira de nivelamento, assim

podendo dar início ao lançamento dos painéis com o auxílio de um guindaste, esse é

Page 45: Tcc - Ludimila - Final

44

executado de acordo com a numeração sequencial de painéis constante no projeto

(fig. 27), depois do lançamento da primeira linha de painéis é colocado geotêxtil nas

juntas verticais, podendo em sequencia iniciar o lançamento da primeira camada de

aterro até o primeiro nível de armaduras. Em seguida este aterro é compactado e

assim inicia-se a colocação das malhas, as quais serão ligadas aos olhais salientes

no tardoz dos painéis, através de chaves simples de ligação (passadores).

A próxima etapa consiste em colocação da nova linha de escamas, e o

mesmo procedimento anteriormente citado é repetido até o topo do muro.

Ainda na execução da montagem, os acessórios de escoramento (castanhas

de aperto, escoras em madeira e espaçadores) deverão acompanhar a sequência

de colocação dos painéis, garantindo a inclinação indicada em projeto, já os

encaixes dos painéis entre si, ocorrem através dos espigões de alinhamento,

apoiado entre almofadas de apoio (fig. 28).

Figura 27 - Esquema de montagem das placas

Fonte: (Silva, 2012)

Figura 28 - Encaixe dos painéis

Fonte: (Silva, 2012)

Page 46: Tcc - Ludimila - Final

45

4.5. MURO DE SOLO REFORÇADO COM INCLUSÃO DE GEOGRELHAS

4.5.1. Breve nota histórica

No início da década de 1970, os sistemas de solo reforçado com inclusões

metálicas estavam difundidos pelo mundo. Nessa mesma época, surgiram as

primeiras aplicações de muros reforçados com fibras poliméricas (geossintéticos)

(Ehrlich & Becker, 2009).

O geotêxtil foi o primeiro tipo de geossintético utilizado sistematicamente em

geotecnia, tendo sido empregado a partir dos anos 1950, nos Estados Unidos como

elemento de drenagem, e separação ou controle de erosão. Seu uso na Europa

iniciou-se nos anos 1960. Já no Brasil, a partir dos anos 1970. Embora desde a

década de 1970 existam registros de aplicações empíricas de geotêxteis na

estabilização de taludes no Brasil, somente em 1986 é que se obtiveram notícias de

um projeto racional de muro de solo reforçado, foi a construção de porte atribuída à

obra executada na rodovia que liga Taubaté a Campos do Jordão (Ehrlich & Becker,

2009).

Atualmente as geogrelhas são os geossintéticos mais empregados para

reforço dos solos. Esse tipo de material representa alternativas geralmente mais

baratas e de fácil execução em relação às soluções tradicionais existentes (Ehrlich &

Becker, 2009).

4.5.2. Conceito geral

De forma simples, pode considerar-se que uma estrutura de solo reforçado é

constituída por três elementos: o solo, o reforço e a face. Nos casos em que o solo a

serem empregados encontra-se em climas tropicais, o indicado é uso de solos

coesivos.

Sua face é constituída de blocos segmentais pré-moldados de concreto,

possuíndo funções construtivas, além de impedirem a erosão superficial e ajudar a

uniformizar o acabamento da estrutura. Ainda existem outros elementos

participantes desse tipo de estrutura podendo ser observados na imagem abaixo

(fig. 29).

Page 47: Tcc - Ludimila - Final

46

De acordo com Ehrlich & Becker (2009) a utilização do método de reforço de

solos, melhora o comportamento global do maciço, devido à transferência de

esforços para os elementos resistentes.

Figura 29 - Esquema de um maciço em solo reforçado com geogrelha

Fonte: adaptado de (Ehrlich & Becker, 2009)

4.5.3. Constituição dos muros

4.5.3.1. Elementos de reforços

Utiliza-se como elemento de reforço, a geogrelha (fig. 30), as quais vieram

substituir os reforços metálicos. É um produto polimérico, sendo o mais utilizado na

sua confecção o polietileno de alta densidade (PEAD), o poliéster (PET) e o álcool

de polivinila (PVA), com estrutura plana, muito aberta, em formato de grelha do tipo

barras soldadas, com função predominante de reforço, cujas aberturas permitem a

interação tanto por atrito como por ancoragem com o solo as quais estão

confinadas. Ainda tem por característica elevada resistência à tração.

As geogrelhas são fornecidas em rolos de largura e comprimento

determinados. São dois os principais tipos de geogrelhas, sendo elas:

unidimensional, quando apresentam elevadas resistências à tração em apenas uma

direção e bidimensional, quando apresentam elevada resistência à tração em duas

direções ortogonais.

Page 48: Tcc - Ludimila - Final

47

Um fator importante para a escolha do tipo de geogrelha é a agressividade

química dos solos ou do meio onde deverá ser implantada.

Em sua execução, utilizam-se reforços secundários, curtos entre as camadas

dos reforços principais, para se evitar problemas de instabilidade localizada na face

que ocorrem com espaçamentos grandes, estes são geralmente uma dobra de

conexão curta. Sendo que a geogrelha é colocada ao longo de todo o solo a ser

contido e colocada a cada três fiadas de blocos à medida que o muro for subindo.

Figura 30 - Geogrelha flexível, utilizada para reforço de aterros/muros de contenção

Fonte: (Ehrlich & Becker, 2009)

4.5.3.2. Material de aterro

Recomenda-se para a escolha de solo de aterro geralmente a jazida de solo

mais próxima à execução do muro, em razão dos custos de transporte do mesmo.

Entretanto a primeira busca por solos devem ser realizada por meio de observações

de taludes, de corte, ou de escavações, verificando as propriedades do material. Os

solos observados devem ser classificados por análise tátil-visual realizado por

pessoal experiente. Os solos inservíveis, como argilas orgânicas, argilas moles,

solos granulares ricos em mica, turfas etc., devem-se descartados a possibilidade de

uso. O critério de aceitação de um determinado solo deve ser baseado na

experiência, em ensaios de resistência e deformabilidade.

Após uma verificação do volume de solo disponível, e constatado que há uma

quantidade suficiente para a necessidade da obra, o mesmo deve ser enviado em

amostras representativas de 20 kg para solo fino ou 40 kg para solo grosseiro, para

realização de ensaios listados na Tabela 2.

Page 49: Tcc - Ludimila - Final

48

O uso de solos de partículas finas como material de aterro, para regiões de

clima tropical apresentam um bom desempenho mecânico, diferente dos solos de

clima temperado onde esse desempenho é sofrível. Sendo então vantajoso o

emprego de solos lateríticos em países de solos tropicais, pois possuem coesão

significativa, sem que haja tendência à plastificação exagerada ou fluência do

maciço. Assim, é recomendado o uso de solos com índice de plasticidade menor

que 20%, embora sejam conhecidos casos bem-sucedidos de uso de solos com

índices de plasticidade de até 30%. Para efeitos de controle da resistência e também

da degradabilidade do material, recomenda-se que o índice de suporte (CBR) seja

superior a 15% e a expansão por saturação da umidade ótima seja inferior a 2%

(Ehrlich & Becker, 2009).

Entretanto, o critério para tomada de decisão do tipo de solo, deve-se basear

na experiência local daquele tipo de solo ou em ensaios mecânicos, de resistência e

deformabilidade com amostras compactadas. Sendo esses seguindo a classificação

MCT, com objetivo principal de identificar, classificar e prever desempenho de solos

tropicais para finalidades rodoviárias.

De maneira geral, pode-se afirmar que quaisquer solos adequados para a

compactação de aterros não reforçados prestam-se à construção de estruturas de

solo reforçado, desde que tomadas as providências necessárias de drenagem dos

muros.

Tabela 2 - Ensaios de caracterização de solos

Ensaio Normas Observações

Limites de Atterberg

NBR 7180/84 Solo - Determinação do limite de plasticidade Exceto solos sem fração fina

Granulometria NBR 6459/84 Solo - Determinação do limite de liquidez

NBR 7181/84 - Análise granulométrica

Massa específica dos grãos

NBR 6509/84 Grão de solos que passam na peneira de 4,8 mm - Determinação da massa específica

NBR 6457/86 Amostras de solo - Preparação para ensaios de compactação e ensaios de caracterização

DNER-ME 52/94 Solos e agregados miúdos - Determinação da umidade com emprego do "Speedy"

DNER-ME 28/61 Método expedito de detreminação de teor de umidade de solos pelo fogareiro

DNER-ME 88/64 Determinação da umidade pelo método expedito do álcool

Proctor normal

NBR 7182/86 Solo - Ensaio de compactação Exceto solos sem fração fina

Fonte: NBR 9286-86

Page 50: Tcc - Ludimila - Final

49

4.5.3.3. Elementos de face

Em uma estrutura de contenção em solo reforçado as faces não têm função

estrutural principal. Sendo então sua principal função, a de garantir a estabilidade

localizada das zonas próximas à mesma, evitar erosão superficial, proteger os

reforços da degradação, bem como a exposição a raios U.V e questão estética.

Ainda por apresentarem bom acabamento estético, são utilizados frequentemente

em obras com face aparente.

As faces formadas por blocos segmentais consistem na utilização de

elementos pré-fabricados de concreto estrutural, utilizados como sustentação lateral

para a compactação das camadas. Estes blocos, em geral são leves, podendo ser

facilmente manuseados por um trabalhador. Possuem dispositivo de encaixe, de tal

forma que o alinhamento do muro é facilitado durante a execução, e ao mesmo

tempo proporcionam uma eficiente ancoragem dos reforços. Por essas

características, os blocos segmentais também são denominados “blocos

intertravados” (Ehrlich & Becker, 2009).

Existem vários tipos de blocos, porém nesse trabalho a ênfase está voltada

ao bloco Terrae W, referente ao projeto em estudo ser composto por esse.

Na Figura 31 podemos observar de forma básica as características desse tipo de

contenção.

Figura 31 - Seção transversal típica de muro com sistema de blocos segmentais

Fonte: adaptado de (Ehrlich & Becker, 2009)

Page 51: Tcc - Ludimila - Final

50

a) Bloco Terrae W

O bloco Terrae tipo W, possui três cavidades, onde seu centro serve como

reforço e ainda apresentando uma ondulação na sua face. Possibilita uma face

quase vertical, com até 87% de inclinação, o qual é indicado para muros mais altos.

Nas duas primeiras fiadas assentadas, suas cavidades do bloco Terrae W,

são preenchidas com argila compactada manualmente, sendo as próximas fiadas

preenchidas com brita, possibilitando assim a drenagem.

O bloco possui um dente na parte inferior traseira para fazer o batente no

bloco de baixo, auxiliando no alinhamento e inclinação do muro. O bloco tem como

dimensão, 25 e 40 cm de largura, 20 cm de altura e 40 cm de comprimento (fig. 32).

Figura 32 - Bloco Terrae W

Fonte: Google

4.5.3.4. Acessórios complementares

a) Soleira de nivelamento

A construção de uma soleira de concreto tem por objetivo, proporcionar um

nivelamento do primeiro nível de escamas. Sua execução é de concreto simples

com fck > 15 MPa, não possuindo função estrutural. Seu formato é em caixa, com

dimensões de 0,60 m por 0,10 m, conforme representado na Figura 16.

Page 52: Tcc - Ludimila - Final

51

4.5.4. Altura, inclinação e valor de ficha

Quanto maior a altura do muro, maiores as tensões exigidas nos reforços. As

geogrelhas são mais favoráveis para muros com altura superior a 4m e altura

máxima de 20 m.

Sua inclinação pode chegar até 87° para o interior do muro.

O valor mínimo de ficha é de 0,80 m.

4.5.5. Drenagem

A drenagem é um dos aspectos construtivos mais relevantes dos muros de

solo reforçado com inclusão de geogrelhas.

Depois de compactado é extremamente indesejável a presença de um nível d’água

dentro do solo reforçado.

Para evitar que isso ocorra, o reforço deve ser provido de sistemas de

drenagem adequados, como por exemplo, o emprego de colchão de material

drenante, com espessura de 20 a 50 cm, entre a massa de solo reforçado e o solo

natural (fig. 33) (Ehrlich & Becker, 2009).

Figura 33 - Sistema de colchão drenante

Fonte: adaptado de (Ehrlich & Becker, 2009)

Outra camada drenante é colocada junto à face, sendo essa um

preenchimento de material britado nos blocos.

Page 53: Tcc - Ludimila - Final

52

O material drenante pode ser constituído de areia limpa ou pedrisco. Para

exercer o papel de filtro e impedir a fuga dos finos dos solos reforçados e não

reforçados, pode-se envolver o material drenante geotêxteis ou selecionar sua

granulometria para que a curva granulométrica não seja descontínua e atenda aos

seguintes critérios de filtração (Ehrlich & Becker, 2009).

Também deve se prever, além da drenagem das águas freáticas, um sistema

de drenagem/impermeabilização superficial para se evitar erosão e infiltração das

águas de chuva no maciço de solo reforçado, que geralmente consiste de canaletas

longitudinais e transversais (escadas), dissipadores de energia, caixas coletoras etc.

Ainda para evitar a introdução das águas da chuva através do topo da estrutura,

este deve ser coberto por uma camada de material argiloso compactado.

4.5.6. Aplicação da técnica

São amplas a aplicações do sistema de solo reforçado com inclusão de

geogrelhas. Suas principais aplicações são, em muros de suporte, encontro de

pontes e viadutos, barreiras, abrigos militares e muro de segurança, barragens,

diques, paredões e muros de ligação.

4.5.7. Controle de qualidade

Segundo Ehlich & Azambuja (2003), três aspectos são importantes no

controle de qualidade de muros de contenção em solo reforçado: resistência nominal

dos esforços, controle de danos mecânicos e controle de deformações durante a

construção. É recomendável que os esforços sejam ensaiados por partida e a cada

1.000m² de reforço. Os ensaios mínimos recomendados para o controle dos reforços

são tração faixa larga (NBR 12824/93) e punção (NBR 13359/95), e devem

proporcionar resultados compatíveis com as resistências nominais, para um nível de

confiabilidade de 95%.

O controle das deformações construtivas do faceamento deve ser controlado

a cada camada. As distorções da face (razão entre deslocamento na crista e a altura

do muro) devem ser inferiores a 2% para blocos segmentais.

Page 54: Tcc - Ludimila - Final

53

4.5.8. Execução

A montagem deve ser feita ao mesmo tempo em que a terraplenagem do

aterro, conforme as faces construtivas a seguir:

4.5.8.1. Antes do inicio da montagem

a) Aprovação do material de aterro

O conhecimento prévio do material de aterro é obtido por estudos

geotécnicos, e sua importância depende das condições particulares de cada caso.

b) Equipamentos

Além do equipamento de terraplenagem, deve ser previsto um compactador

manual, para a faixa situada a menos de um metro do paramento.

c) Materiais pré-fabricados

Os materiais pré-fabricados são os blocos, que no seu recebimento devem

ser ensaios, com a finalidade de garantir a conformidade com as especificações.

4.5.8.2. Durante a montagem

a) Soleira de nivelamento

A soleira deve ser executada com um perfeito acabamento, para fim de

nivelamento do primeiro nível de escamas. É de tamanha importância a perfeita

confecção das mesmas para não causar problemas futuros de desalinhamento dos

blocos, impedindo que ocasione num retrabalho de assentamento.

Page 55: Tcc - Ludimila - Final

54

b) Montagem

Inicia-se a montagem do muro a partir da abertura de uma vala com seu

fundo compactado de 60 cm de largura e 50 cm de profundidade, em seguida é

executada a soleira de nivelamento, assim podendo dar-se início ao assentamento

manual dos blocos, com auxílio de um martelo de borracha e um nível de bolha.

Uma vez que a primeira fiada foi assentada, o espaço que fica entre o bloco e a

vala, assim como o espaço das cavidades dentro dos blocos, devem ser

preenchidos com solo e em seguida manualmente compactados.

A segunda fiada de blocos é realizada da mesma maneira que a primeira,

uma vez colocado os blocos, a vala e os espaços das cavidades dentro dos blocos

são novamente preenchidos com solo, e compactados manualmente. Neste

momento chega-se ao nível do terreno na cota zero, então se inicia a compactação

do aterro do muro. Depois de compactado a geogrelha é colocada ao longo de todo

solo a ser contido e a partir desse ponto será colocada no máximo a cada três fiadas

de blocos na medida em que o muro for subindo.

Depois que a camada de blocos for concluída, uma madeira é posicionada a

uma distância de aproximadamente 15 cm do bloco e então o espaço entre a

madeira e os blocos, assim como as cavidades dentro deles são preenchido com

brita. A partir da madeira, é executada a primeira camada de compactação com

espessura de 20 cm.

A primeira camada de 20 cm é utilizada areia, como material drenante. Já as

próximas camadas serão preenchidas por solo argiloso.

Assim o procedimento se repete até o topo do muro.

4.6. COMPARATIVO TEÓRICO REFERENTE À ECONOMIA

No ponto de vista da economia, o muro de solo reforçado com inclusão de

geogrelha pode ser mais viável até aproximadamente 11 metros de altura, a partir

desta, ele começa a alcançar o custo do muro de solo reforçado com inclusão de

malhas metálicas. Sendo que com uma altura abaixo de 7 metros, o muro de solo

reforçado com inclusão de geogrelha pode ser até 30% mais barato em relação ao

muro de solo reforçado com inclusões metálicas.

Page 56: Tcc - Ludimila - Final

55

A Figura 34 ilustra um comparativo entre as alturas e os preços de ambos os

muros.

Figura 34 - Custo de construção por área de face em função das alturas dos muros

Fonte: adaptados de (Ehrlich & Becker, 2009)

Page 57: Tcc - Ludimila - Final

56

5. ESTUDO DE CASOS

Este capítulo apresentará um estudo comparativo de projeto e execução de

dois sistemas de contenção de muros de solos reforçados, sendo eles, com inclusão

de malhas de aço e com inclusão de geogrelhas.

5.1. CARACTERIZAÇÃO DAS OBRAS

a) Com inclusão de malhas de aço

O muro de solo reforçado com inclusão de malhas de aço está situado no

viaduto de acesso à cidade de Turuçu/RS na BR-116, no Km 482+800 ao Km

483+440, conforme Figuras 35 e 36.

Figura 35 - Localização do muro com inclusão de malhas de aço

Fonte: projeto geométrico BR-116 (adaptado pelo autor)

Page 58: Tcc - Ludimila - Final

57

Figura 36 - Faceamento do muro com inclusão de malhas de aço

Fonte: Autor

b) Com inclusão de geogrelhas

O muro de solo reforçado com inclusão de geogrelhas está situado no viaduto

de acesso à Avenida 25 de Julho, na cidade de Pelotas/RS na BR-116, no Km

519+560,5 ao Km 520+292,5, conforme Figuras 37 e 38.

Figura 37 - Localização do muro com inclusão de geogrelha

Fonte: projeto geométrico BR-116 (adaptado pelo autor)

Page 59: Tcc - Ludimila - Final

58

Figura 38 - Faceamento do muro com inclusão de geogrelha

Fonte: Autor

5.1.1. Extensão

O muro com inclusão de malhas de aço por se tratar de execução em curva

têm dimensões do lado direito diferentes das do seu lado esquerdas.

Suas dimensões são:

Lado Direto = 426,64m

Lado Esquerdo = 533,32m

Já o muro com inclusão de geogrelhas tem sua execução em linha reta,

possuindo um muro de fechamento frontal, abaixo do viaduto. Sua extensão do lado

direito são as mesmas do seu lado esquerdo.

Suas dimensões são:

Lado Direito = 661,00 m

Lado Esquerdo = 661,00 m

Muro de Fechamento Frontal = 24,20 m

5.1.2. Altura

Ambos os muros, possuem uma classificação por alturas. Segundo o DNIT,

sua classificação é definida conforme citado a baixo.

Para muros de solo com inclusão de malhas de aço, as alturas são de 0,00 m

a 6,00 m, de 6,00 m a 9,00 m e de 9,00 m a 12,00 m. Entretanto para muro de solo

Page 60: Tcc - Ludimila - Final

59

com inclusão de geogrelha, as alturas são de 0,00 m a 3,00 m, de 3,00 m a 6,00 m e

de 6,00 m a 9,00 m.

Para os casos analisados, o muro com inclusão de malhas de aço tem sua

maior altura de 9,95m, portanto, é apresentado em projeto, especificações em que

denominam a terceira altura de 9,00 m a 10,00m. Entretanto o muro com inclusão de

geogrelha possui sua maior altura de 8,50 m. Embora as alturas sejam diferentes é

passível a comparação entre os processos, tendo em vista que a diferença não é

representativa.

5.1.3. Largura

O muro com inclusão de malhas de aço tem largura igual a 29,47 m.

Já o muro com inclusão de geogrelha tem sua base com dimensão igual a

25,40 m e seu topo 24,26 m.

5.1.4. Inclinação

A inclinação do muro de malhas de aço é de 89,4° para o interior do muro, em

relação ao eixo x, sendo esta igual a 90° quando completada a compactação. Já o

muro com inclusão de geogrelhas, possui uma inclinação fixa de 86,2° para o interior

do muro, em ralação ao eixo x. Essa inclinação é permanente.

5.1.5. Área

As áreas de face construídas em ambas as estruturas são divididas por

zonas, compreendidas entre as alturas específicas.

As Tabelas 3 e 4 representam as áreas de face do muro com inclusão de

malhas de aço e com inclusão de geogrelha, respectivamente.

Page 61: Tcc - Ludimila - Final

60

Tabela 3 – Áreas totais de projeto do muro com inclusão de malhas de aço

Muro com inclusão de malhas de aço

Alt. total entre (m) Área (m²) - projeto

0,00 a 6,00 1.538,00

6,00 a 9,00 4.636,00

9,00 a 12,00 899,00

Total 7.073,00 Fonte: Projeto anexo

Tabela 4 – Áreas totais de projeto do muro com inclusão de geogrelha

Muro com inclusão de geogrelhas

Alt. total entre (m) Área (m²) - projeto

0,00 a 3,00 336,98

3,00 a 6,00 2.119,54

6,00 a 9,00 4.980,34

Total 7.437,00 Fonte: Projeto anexo

5.1.6. Valor de ficha (embutimento)

No muro com inclusão de malhas de aço, o valor de embutimento mínimo é

de 0,50 m.

Muro com inclusão de geogrelhas seu valor mínimo de embutimento é de 0,80

m.

5.2. COMPOSIÇÕES

5.2.1. Fundação

No muro com inclusão de malhas de aço foi executada fundação com rachão,

de 1,40 m de base e 1,00 m de altura.

Já no muro com inclusão de geogrelha foi executada fundação com rachão,

de 1,50 m de base e 1,00 m de altura.

Page 62: Tcc - Ludimila - Final

61

5.2.2. Soleira de nivelamento

No muro com inclusão de malhas de aço, se tem uma soleira de 0,15 m x

0,30 m em toda extensão do muro. Sua execução é em concreto simples de

resistência a compressão mínima de 13 MPa.

Nos desnível entre dois patamares consecutivos de soleira, este será de 0,75

m. Sempre que executado um degrau de soleira, deve ser deixado um intervalo

horizontal de 0,44 m entre o início da soleira mais alta e o final da mais baixa,

conforme Figura 39.

Figura 39 - Soleiras em desnível de patamares

Fonte: projeto anexo (adaptado pelo autor)

No muro com inclusão de geogrelha, se tem uma soleira de 0,20 m x 0,60 m

em toda extensão do muro. Sua execução também é de concreto simples com

resistência a compressão mínima de 20 MPa.

5.2.3. Elementos de face

Muro com inclusão de malhas de aço, os elementos de face são painéis de

concreto armado com geometrias definidas nas peças do projeto (anexo). Os painéis

são de 26 tipos, sendo eles denominados de tipo: A, A.1, B, T1, T1.1, T2, T2.1, T3,

T3.1, T4, T4.1, F1, F2, F3, F4, F5, F6, F7, F8, F9, F10, F11, F12, F13, F14, F15.

Além desses, é informado em projeto que o paramento é constituído por 736

peças, com dimensões diferentes uma da outra, sendo estas, peças de acabamento,

Page 63: Tcc - Ludimila - Final

62

denominadas de tipo R1, R2, (...) podendo variar até R736. Segundo o projeto, a

geometria dessas peças será conferida em obra.

Todos os painéis tem espessura igual a 16,5 cm.

As placas são produzidas no canteiro de obras, pela mesma empresa

terceirizada responsável pela execução do muro.

O muro com inclusão de geogrelha tem elementos de face, blocos de

concreto estrutural tipo TERRAE-MW, com resistência mínima a compressão aos 28

dias de 10 MPa. Esses blocos são pré-fabricados, fornecidos por uma empresa do

estado do Paraná, a qual visa suas atividades nesse tipo de elementos.

5.2.3.1. Fabricação das placas

A seguir será descrito os procedimentos executivos para fabricação das

placas de concreto armado a serem utilizadas no maciço.

a) Montagem do molde

As laterais são montadas e fixadas na base, através de chumbadores. A face

aparente da escama é o fundo do molde. A Figura 40 ilustra as mesas de serviços,

as quais são confeccionadas as placas.

Figura 40 - Modelo da mesa de serviço

Fonte: projeto anexo

Page 64: Tcc - Ludimila - Final

63

b) Elementos construtivos especiais

A quantidade e posição das ligações no molde devem respeitar os desenhos

de fabricação para cada tipo de peça.

Espigões de alinhamento

Os espigões são firmados no molde por meio de luvas, os quais serão

untados por graxa.

O aço é CA-25, vergalhão liso de diâmetro 16 mm, com comprimento de 300

mm.

O total de espigões informado em projeto é de 7.449 unidades.

Varões

São barras de polipropileno de seção circular de diâmetro externo de 20 mm

de comprimento igual a 300 mm.

Olhais

Os olhais são confeccionados com aço CA-25, vergalhão liso de diâmetro

5,16 mm. Ainda seu comprimento total de 550 mm, sendo que o comprimento

interno do olhal é de 91 mm e o comprimento que fica exposto para o lado de fora da

escama é de 45 mm (fig. 41 e 42). A quantidade de olhais varia conforme a zona a

qual estão posicionados, conforme o Tabela 5, bem como indicação no projeto em

anexo.

Tabela 5 - Olhais e armaduras posteriores

Zona L=Malha 1° Nível n°

olhais 2° Nível n°

olhais 3° Nível n°

olhais 4° Nível n°

olhais

Zona A 600cm 5 3 5 7

Zona B 500cm 5 3 5 x

Zona C 400cm 5 3 5 x Fonte: projeto anexo (adaptado pelo autor)

Page 65: Tcc - Ludimila - Final

64

Figura 41- Detalhe de ligação painel-malha de aço em corte

Fonte: projeto anexo (adaptado pelo autor)

Figura 42 - Detalhe de ligação painel-malha de aço em vista

Fonte: projeto anexo (adaptado pelo autor)

c) Concreto

O concreto para o fabrico das placas, foi dosado para atender a resistência

característica fck ≥ 25 MPa e resistência a compressão a 7 dias de fc7 ≥ 15 MPa. O

concreto foi fornecido pela empresa que está com usa usina instalada no canteiro de

obras e não foram utilizados aceleradores, retardadores de pega, incorporadores de

ar, plastificantes, nem quaisquer outros aditivos.

d) Armaduras

As armaduras das escamas devem seguir os detalhes de armação que fazem

parte do projeto executivo da obra, conforme projeto anexo.

Page 66: Tcc - Ludimila - Final

65

O aço é CA-50 e o vergalhão é nervurado. As armaduras são montadas antes

de serem colocadas nas formas (fig. 43). Os recobrimentos de todas as armaduras,

à face posterior são de 30 mm. Já os recobrimentos das armaduras ao topo dos

painéis, são de no mínimo 50 mm.

Figura 43 - Armaduras confeccionadas para colocação nas formas

Fonte: autor

A Tabela 6 mostra a quantidade de aço CA-50 de vergalhão nervurado que é

utilizado para cada tipo de placa.

Tabela 6 - Quantitativo de aço para cada tipo de placa

Armaduras dos Painéis

Tipo Total Kg/painel Tipo Total Kg/painel

A 8,2 F3 6,24

A.1 8,2 F4 3,87

B 3,96 F5 3,78

T1 3,83 F6 3,87

T1.1 1,64 F7 6,24

T2 3,83 F8 8,01

T2.1 1,64 F9 3,65

T3 7,71 F10 8,11

T3.1 3,71 F11 1,12

T4 7,71 F12 7,55

T4.1 3,73 F13 2,36

F1 4,51 F14 1,12

F2 0,83 F15 8,11 Fonte: projeto anexo (adaptado pelo autor)

Page 67: Tcc - Ludimila - Final

66

e) Óleo desmoldante

Foi utilizado, óleo desmoldante aplicado com panos limpos nas formas em

aço antes de cada concretagem.

Um cuidado a se apresentar é em caso de acúmulo de óleo nos cantos, e

óleos sujos, pois ocasionam descolorações na face aparente das escamas, assim

prejudicando a estética.

f) Peças de madeira

Blocos de madeira ou sarrafos são necessários para a estocagem horizontal

das escamas. São colocados entre as escamas empilhadas, para evitar que a parte

aparente das ligações seja danificada e/ou danifique a face das escamas.

Um cuidado a ser tomado é de nunca deixar as escamas serem apoiadas

diretamente sobre o solo, mas sempre sobre peças de madeira. Ainda não empilhar

mais o que cinco escamas. O que se percebe na Figura 44 é que o numero de

escamas por pilha é de oito, assim ultrapassando o recomendado.

Figura 44 – Estocagem das escamas

Fonte: Autor

g) Graxa

A graxa de origem mineral deve ser usada entre os varões e sua luva fixada

no molde para evitar que após a concretagem haja dificuldade de separação. Os

Page 68: Tcc - Ludimila - Final

67

mesmos cuidados descritos para o óleo desmoldante devem ser adotados para a

graxa.

h) Equipamentos e ferramentas

Vibrador de agulha

Um modelo pequeno com agulha de diâmetro de 20 a 40 mm é imprescindível

para a concretagem das escamas.

Equipamento para içamento das escamas do fundo do molde

Um caminhão munck, um pequeno guindaste para 3 ton. Podem ser usados

para retirar a escama, horizontalmente do molde para a pilha de estocagem.

Pequenas ferramentas

Chaves de boca para montagem dos moldes e marretas de borracha para

desmoldagem.

5.2.4. Material de reforço

O material de reforço que consiste o muro com inclusão de malhas de aço

(fig. 45), são varões CA-60 eletrossoldados, possuindo elementos transversais e

longitudinais, cuja seção dos varões longitudinais é de Ø8mm e os varões

transversais com seção igual a Ø6mm. Sua malha é de afastamento de 15 cm no

sentido longitudinal e por 30 cm no afastamento transversal, sendo somente a

primeira malha, logo após a chave de ligação de 15 cm de afastamento longitudinal

e 40 cm de afastamento transversal.

Page 69: Tcc - Ludimila - Final

68

Figura 45 - Malhas de aço para inclusão no aterro

Fonte: Autor

O aço é de fornecimento Brasileiro, galvanizado a quente com uma espessura

de 85 μ.

A armadura é colocada por níveis verticais de 0,75 cm a medida que o aterro

é executado.

O comprimento das malhas (Lm) depende da zona onde estão posicionadas,

sendo divididas em três (fig. 46):

Zona A = 6,00m;

Zona B = 5,00m;

Zona C = 4,00m;

Figura 46 - Detalhe comprimento das malhas de aço

Fonte: Autor

O material de reforço utilizado no muro com inclusão de geogrelha é

constituído por geogrelhas, Fortrac. Seus tipos (fig. 47, 48 e 49) dependem da altura

do muro, divididas da seguinte maneira:

Page 70: Tcc - Ludimila - Final

69

S 300: seções executadas com altura total variando de 0,0 m a 3,0 m;

S 600: seções executadas com altura total variando de 3,1 m a 6,0 m;

S 900: seções executadas com altura total variando de 6,1 m a 9,0 m;

Figura 47 - Geogrelha fortrac 700 J

Fonte: autor

Figura 48 - Geogrelha fortrac 1100 J

Fonte: autor

Figura 49 - Geogrelha fortrac 1600 J

Fonte: autor

Page 71: Tcc - Ludimila - Final

70

O comprimento das geogrelhas depende da altura em que estão situadas.

A Tabela 7 apresenta suas características.

Tabela 7 – Características das geogrelhas quanto ao tipo

SEÇÃO L (m) J (kN/m) T (5%) (kN)

S 300 3 (+1) 700 35

S 600 5 (+1) 1100 55

S 900 7 (+1) 1600 80

Fonte: projeto anexo (adaptado pelo autor)

Onde:

L (m) = Comprimento do reforço mais dobra na conexão

J (kN/m) = Módulo de rigidez longitudinal

T (5%) (kN) = Resistência à ruptura para alongamento específico máximo de 5%

Fabricada na Alemanha, sua composição é de materiais sintéticos de alto

módulo e baixa fluência, que recebem um revestimento polimérico de proteção. A

geogrelha escolhida é a Fortrac “M” produzida a partir do álcool de polivinila (PVA),

apresenta uma elevada rigidez à tração em combinação com uma alta resistência a

produtos químicos, sobretudo em ambientes alcalinos.

5.2.5. Material de aterro

Pode ser utilizado qualquer tipo de material de aterro nos dois sistemas

construtivos de muros, entretanto o mais usual é o material extraído de uma jazida

que se encontre mais próxima da obra, sendo essa devendo apresentar as

características básicas de projeto.

O muro com inclusão de malhas de aço iniciou sua execução conforme

previsto em projeto, com material granular. Com dificuldades encontradas em

obtenção desse material, foi substituído por outro argilo-arenoso, o qual se teve

disponibilidade de uma jazida mais próxima à obra.

Esse solo é utilizado somente para o aterro do maciço reforçado, ou seja,

onde há inclusão de malhas de aço. Já no centro do muro, o material utilizado

Page 72: Tcc - Ludimila - Final

71

consiste em solo argiloso, sendo que neste não há inclusão de malhas metálicas.

Também é utilizado o mesmo material para a compactação dos últimos 80 cm em

toda extensão do muro, devido a característica de selagem do maciço.

Em geral, o aterro armado é, compactado com um mínimo de 95% do Proctor

Normal. Ainda é recomendado no mínimo um ponto de coleta para ensaio de

densidade “in situ” para cada camada de compactação.

Para o muro com inclusão de geogrelhas, foi previsto o uso de argila por esse

material ser abundante nas proximidades da obra. Entretanto o uso da mesma não é

indicado para esse tipo de solução em regiões que ocorram grandes precipitações

pluviométricas e alta umidade local, tendo em vista que, para que ocorra a

aceleração de secagem até atingir a umidade ótima de compactação, é necessário o

processo de gradeamento, porém esse processo é inexequível por se tratar de solo

reforçado com introdução de geogrelha.

Mesmo com a dificuldade de se encontrar jazidas de solos arenosos na

região, e por ser um material mais nobre do que a argila optou-se trocar o material

de aterro de argila por areia. Mesmo com a diferença de custo, por se analisar a

produtividade da obra, sairia ainda mais barato investir em um material mais caro do

que ficar com homens parados e haver retrabalhos por causa das ocorrências de

chuvas.

Então foi determinado, o uso de solo arenoso onde o solo é reforçado com

geogrelha e onde não se há geogrelha (sendo no centro do muro) o aterro será

executado com argila. Sendo ainda, a selagem na última camada de aterro (80 cm)

em toda a extensão do muro com uso de argila.

5.2.6. Acessórios complementares

São utilizados acessórios complementares nos muros com inclusão de

malhas de aço, sendo eles: almofadas de apoio, castanhas de aperto, espaçadores

e cunhas.

É utilizado duas almofadas de apoio por painel de 7 cm x 7 cm 2,5 cm,

largura, comprimento e espessura, respectivamente, com material de polietileno.

As castanhas de aperto são confeccionadas através de 2 madeiras de 15 cm

x 30 cm x 0,05 cm, largura, comprimento e espessura, respectivamente e uma barra

Page 73: Tcc - Ludimila - Final

72

rosqueáveis de diâmetro igual a 12 mm e comprimento de 50 cm, fixados com duas

porcas.

Os espaçadores e cunhas são confeccionados de madeira, sendo os

espaçadores utilizando dois a quadro por painel e as cunhas duas por painel de

base (fig. 51), ainda utilizadas no travamento das malhas de aço entre os olhais e

passadores.

5.2.7. Drenagem

Os muros com inclusão de malhas de aço apresentam como material

drenante, o geotêxtil que é utilizado nas juntas de dilatação na face interna do muro

e tubos de drenagem que são localizados na parte inferior, no lado externo do muro.

Ainda, os muros com inclusão de geogrelha, apresentam como material drenante as

britas que compões o muro.

5.2.7.1. Dreno de brita

Para execução do muro com inclusão de geogrelha é realizado o

assentamento do muro terrae com introdução de brita n° 0 nas suas cavidades até

uma distância de 15 cm da sua face, estas além de terem capacidade estrutural,

também tem finalidade de drenar a água do interior do muro para a parte externa.

5.2.7.2. Geotêxtil

Nos muros com inclusão de malhas de aço, é colocado geotêxtil nas juntas de

dilatação, as quais permite a passagem da água para o exterior do muro. Essa

colocação é realizada em tiras de 0,30 m de largura, em todas as juntas verticais e

horizontais da face interna. O geotêxtil é fornecido em rolos de 2,30 m x 2,00 m de

largura e comprimento, respectivamente.

Page 74: Tcc - Ludimila - Final

73

5.2.7.3. Tubos de drenagem

Nos muros com inclusão de malhas de aço, são executados linha de tubos de

rede de esgoto pluvial junto à face externa do muro. Esses tubos são de diâmetro

igual a 40 cm.

5.3. EXECUÇÕES

O muro com inclusão de malhas de aço é executado por uma empresa

terceirizada pela executora do Lote 8 da obra de duplicação da BR-116, trecho Porto

Alegre-Pelotas. Esta obra consiste em uma parceria de ambas empresas, onde a

empresa contratante é responsável pelo fornecimento de material, transporte e

equipamentos, além da execução de terraplenagem Já para a empresa contratada,

cabe a confecção das placas e acessórios, além da montagem do muro.

Entretanto a empresa responsável pela execução do muro com inclusão de

geogrelha é a própria executora do Lote 1A da obra de duplicação da BR-116,

trecho Porto Alegre-Pelotas.

Ambas as empresas apresentam uma série de etapas para realização da

execução dos muros, sendo que as mais relevantes serão descritas a seguir.

5.3.1. Etapas de execuções

COM INCLUSÃO DE MALHAS DE AÇO

Inicialmente é realizada a verificação topográfica da locação do muro e do

nível das soleiras, após, o terreno é preparado de tal forma que no nível da soleira,

haja espaço suficiente para colocação das malhas de aço (verificando os

comprimentos em projeto). Nesta fase, verifica-se ocorrência de solos com

insuficiência de capacidade de carga, porventura não detectados pelas sondagens,

os quais devem ser removidos, e a recomposição feita com aterro de material

selecionado e compactado. Essa escavação é realizada com a necessidade de uma

escavadeira hidráulica. É também executada a escavação de uma vala para apoio

Page 75: Tcc - Ludimila - Final

74

da soleira de concreto, podendo ser realizada com uso de uma retroescavadeira. A

base da vala é compactada com equipamento compactador e em seguida é lançado

o rachão, sendo por fim compactado (fig. 50).

Figura 50 - Fundação do muro

Fonte: Autor

Com a base de rachão confeccionada, inicia-se a soleira de concreto magro,

com colocação de linhas de nylon já determinadas pela locação topográfica. Ao lado

das linhas demarcadas, são colocadas madeiras que servem de formas para o

lançamento do concreto magro. Após o lançamento deve-se esperar a cura, por pelo

menos 24 horas.

O topo da soleira será sempre perfeitamente horizontal, e o nível indicado em

projeto. Em casos que a soleira apresente desníveis, seguem as indicações no item

5.2.2.

Com a cura da soleira, pode-se iniciar a execução da colocação das

escamas, sendo que o alinhamento externo do paramento deve ser marcado sobre a

soleira com giz, lápis marcador ou mesmo riscando com um prego a superfície ainda

fresca do concreto. A primeira linha de escama a ser assentada será a soleira de

cota mais baixa. Pode-se obter a sequencia de montagem no desenho em anexo n°

10281A.

A escama deve ser posicionada com cuidado, de forma que seu pé fique

alinhado com a base que foi marcada sobre a soleira, deixando suas cunhas de

madeira pelo lado externo entre a soleira e a escama. Essas cunhas são utilizadas

para o contraprumo, sendo este de 1,5cm na altura de 1,50 m, para o interior do

muro (fig. 51), o qual vai sendo corrigido à medida que o paramento sobe em função

do retorno das escamas à posição vertical após a compactação.

Page 76: Tcc - Ludimila - Final

75

A colocação da segunda escama sobre a soleira deve ser colocada através

de um espaçamento já determinado para que a terceira seja posiciona entre o

espaço da primeira e a segunda (fig. 52). Após essa colocação, deve ser colocados

espaçadores entre elas, para se garantir a junta uniforme de 2,00 cm.

Figura 51 - Detalhe das juntas e cunhas para contraprumo

Fonte: projeto anexo

Figura 52 - Exemplo de ordem de colocação das placas

Fonte: Autor

Page 77: Tcc - Ludimila - Final

76

Após a colocação da primeira linha de escamas, estas devem ser escoradas

provisoriamente pelas escoras de madeira roliça, na forma de mão francesa (fig. 53).

As escamas necessariamente a serem escoradas são as inteiras.

O escoramento deve permanecer até que o aterro atinja 1,50 m sobre a soleira.

Acima da primeira linha o escoramento não é mais necessário, porém, foi optado em

obra a execução de escoramento até a segunda linha de escamas (fig. 54).

Figura 53 - Escoramento da primeira linha de escamas

Fonte: Autor

Figura 54 - Escoramento da segunda linha de escamas

Fonte: Autor

Após o assentamento das dez primeiras escamas, é necessária a verificação

do alinhamento, tomando uma visada, podendo ser com auxílio de uma linha, ao

Page 78: Tcc - Ludimila - Final

77

longo das cabeças das escamas inteiras. Caso necessário se faz ajustes para obter

este alinhamento.

Depois de concluída a primeira linha de escamas, é colocado o geotêxtil em

suas juntas, cobrindo assim todas as juntas horizontais e verticais no tardoz das

escamas, pelo lado do aterro (fig. 55).

Figura 55 – Colocação de geotêxtil

Fonte: Autor

Com a devida colocação do geotêxtil é lançado e espalhado à primeira

camada de aterro, onde devem ser feitos até próximo ao paramento, não mais do

que 30 cm de distância.

A espessura da camada uniforme e acabada de compactação não deve

exceder 25 cm.

Após a conclusão da primeira camada de aterro, é iniciada a colocação das

malhas, conectadas às placas através dos olhais (fig. 56).

Figura 56 - Colocação da primeira linha de malhas de aço

Fonte: Autor

Page 79: Tcc - Ludimila - Final

78

A colocação das malhas é de maneira manual, com auxílio de 2 operários, os

quais posicionam as mesmas sobre o aterro já compactado e encaixam nos olhais,

através da chave de lição e cunhas entre as chaves e olhais, sendo que cada placa

tem um número de olhais específicos, conforme projeto anexo.

Posteriormente a etapa de colocação das malhas é iniciado o próximo

lançamento e compactação de aterro, até o topo das meias escamas (fig. 57), sendo

este espalhado sempre do centro do maciço para suas laterais, e de maneira

paralela ao alinhamento das escamas. O lançamento do aterro junto ao paramento é

sempre o último a ser realizado.

Figura 57 - Compactação do aterro até o topo das meias escamas

Fonte: Autor

É utilizado como equipamento de terraplenagem para espalhamento do aterro

um trator de esteira, onde se deve ter um cuidado para que as esteiras metálicas

não passem diretamente sobre as armaduras, rodando somente sobre as camadas

de aterro, além disso, deve ser recomendados ao operador do trator, cuidados no

giro do equipamento, pois as esteiras metálicas podem movimentar o aterro

bruscamente e assim podendo desalinhar a face do muro.

Ao final de cada dia de trabalho, o aterro deve permanecer com uma

declividade transversal, principalmente se está previsto chuva, para permitir eventual

drenagem superficial para o lado oposto ao paramento, assim evitando também

chuvas noturnas provoquem danos ao corpo do aterro recém-executado.

Em caso de encharcamento ou saturação da camada recém-executada, esta

deve ser escarificada e aerada e recompactada dentro da umidade especificada,

porém, tomando cuidado com as malhas de aço na execução da escarificação.

Page 80: Tcc - Ludimila - Final

79

Assim que compactada o primeiro aterro sobre a primeira malha de aço, é

repedido o procedimento até o topo do aterro (fig. 58), sendo que não é permitido

em nenhuma hipótese assentar uma escama sobre a outra que não esteja aterrada

até o topo.

Figura 58 - Aterro sobre malha de aço

Fonte: Autor

Quando se iniciar a colocação de placas uma em cima da outra é necessário

à colocação das almofadas de apoio entre as juntas dos painéis.

As castanhas de aperto devem ser colocadas nos encontros de placas com

placas (fig. 59) assim que o contraprumo for ajustado. Quando assentadas as novas

placas, as castanhas devem ser removidas duas a duas.

Figura 59 - Castanha de aperto

Fonte: autor

Page 81: Tcc - Ludimila - Final

80

Uma recomendação importante é que deve ser concluído o reaterro externo

antes de o muro atingir 50% de sua altura final, ou antes, que atinja 6 m de altura.

Ainda, paralelamente a execução do muro, são assentados os tubos de rede

de esgoto pluvial próxima a face do muro, como primeiramente colocação de manta

geotêxtil, depois brita e por fim os tubos, os quais serão envolvidos por brita e

geotêxtil também (fig. 60).

Figura 60 – Assentamento de tubos da rede de esgoto pluvial

Fonte: Autor

COM INCLUSÃO DE GEOGRELHAS

Inicialmente é realizada a verificação topográfica da locação do muro e do

nível das soleiras, após, o terreno é preparado de tal forma que no nível da soleira,

haja espaço suficiente para colocação das geogrelhas (verificando os comprimentos

em projeto). Nesta fase, verifica-se ocorrência de solos com insuficiência de

capacidade de carga, porventura não detectados pelas sondagens, os quais devem

ser removidos, e a recomposição feita com aterro de material selecionado e

compactado. Essa escavação é realizada da mesma maneira que foi descrita no

muro com inclusão de malhas de aço, com o uso de uma escavadeira hidráulica. É

também executada a escavação de uma vala para apoio da soleira de concreto,

podendo ser realizada com uso de uma retroescavadeira. A base da vala é

compactada com equipamento compactador e em seguida é lançado o rachão (fig.

61), sendo por fim compactado.

Page 82: Tcc - Ludimila - Final

81

Figura 61 - Execução de vala com rachão para apoio da base da soleira

Fonte: Autor

Com a base de rachão confeccionada, inicia-se a confecção da soleira de

concreto magro, já determinado sua locação pela marcação topográfica, onde são

colocadas madeiras que servem de formas para o lançamento do concreto magro.

Após o lançamento já é colocada à primeira fiada de bloco alinhados por uma linha

de nylon já posicionada, realizado paralelamente com a execução da soleira (fig.

62).

Figura 62 - Execução de soleira e primeira fiada de bloco

Fonte: Autor

O bloco deve ser posicionado manualmente com cuidado, de forma que sua

base fique nivelada sobre a soleira. Sua acomodação no concreto é feita com a

ajuda de um martelo de borracha. Para garantir um padrão de qualidade da primeira

fiada de bloco, a cada 2,00 m lineares de blocos assentados é colocada uma régua

de nível, aferindo assim seu nivelamento.

Page 83: Tcc - Ludimila - Final

82

Uma vez que a primeira fiada foi assentada, os espaços das cavidades dentro

dos blocos devem ser preenchidos com solo e em seguida manualmente

compactados. Um detalhe importante observado nessa etapa é a limpeza (fig. 63),

uma vez que os blocos são encaixados a seco e precisam de um ajuste fino, é

necessário manter livre de detritos para o encaixe da fiada seguinte.

Figura 63 - Limpeza da primeira fiada dos blocos compactados

Fonte: Autor

A segunda fiada de blocos é realizada da mesma maneira que a primeira,

seguindo o alinhamento e a inclinação desejada através do dente que o bloco possui

no sua parte inferior do bloco (fig. 64). Uma vez colocado os blocos, o espaço das

cavidades são novamente preenchidos, e manualmente compactados.

Figura 64 - Detalhe do dente no inferior do bloco

Fonte: Autor

Após as duas primeiras fiadas executadas, se dá início ao lançamento e

espalhamento da primeira camada de aterro, onde deve ser feitos até próximo ao

paramento, não mais do que 30 cm de distância do mesmo.

Page 84: Tcc - Ludimila - Final

83

O espalhamento do aterro é realizado através de um trator de esteira, onde se

devem ter os mesmos cuidados descritos na execução de espalhamento para os

muros de malhas de aço, além de impedir a passagem das esteiras metálicas, ou

qualquer outro equipamento diretamente sobre as geogrelhas.

A compactação do maciço em areia é realizada através de um rolo liso CA250

de peso igual a 14 ton., sendo sua compactação em camadas de 30 cm acabadas, e

ainda a zona de 1,50 m no tardoz do paramento, é compactada com rolo

compactador de valeta, de peso igual a 1,2 ton. (fig. 65), de forma a evitar

deslizamentos, essa compactação manual é passada 12 vezes nessa área próxima

ao tardoz, quando compactado em solo argiloso, na obra em questão, foi iniciada a

compactação do maciço com argila e após as primeiras camadas, foi optado o uso

de solo arenoso, o qual é compactado junto a face do muro com uma placa

vibratória leve. Já a compactação em argila no centro muro, onde não é composto

geogrelha, esta é executada com o mesmo rolo CA250 de peso 14 ton., porém é

inserida uma capa metálica corrugada. Sua compactação é em camadas de 20 cm

acabadas.

Figura 65 - Compactação com rolo compactador de valeta junto a face do muro em maciço argiloso

Fonte: Autor

Após a conclusão da primeira camada de aterro, é iniciada a colocação das

geogrelhas. Elas são aplicadas em rolos, com largura de 5 metros, sendo que

devem ser colocada uma ao lado da outra, no sentido perpendicular ao muro, ao

longo de todo seu comprimento (fig. 67). Seu comprimento no interior do aterro é

variável, conforme o Tabela 7, sendo que as mesmas são duplas no primeiro 1

metro, para confecção da dobra da conexão.

Page 85: Tcc - Ludimila - Final

84

A colocação da geogrelha é realizada manualmente entre os blocos, a cada

60 cm de altura, entretanto a altura dos blocos sendo de 20 cm coloca-se a cada

três fiadas de bloco, após a compactação da anterior. Ainda é colocada sobre os

blocos com seu primeiro 1 metro de dobra da conexão, sendo que e o restante se

mantém enrrolado até que o aterro estiver atingido sua umidade ótima de

compactação (fig. 66).

Após a colocação da geogrelha, e as fiadas de blocos assentadas, uma

madeira é posicionada a uma distância de aproximadamente 15 cm do bloco e então

o espaço entre a madeira e os blocos, assim como as cavidades dentro deles são

preenchido com brita (fig. 66).

Quando completado o preenchimento com brita, as geogrelhas são esticadas

no interior do aterro, fixas com tacos de madeira, para que seja impedida sua

movimentação (fig. 67).

Figura 66 - Preenchimento com brita

Fonte: Autor

Figura 67 - Geogrelha esticada e travada com tacos de madeira

Fonte: autor

Page 86: Tcc - Ludimila - Final

85

Caso não ocorra um correto travamento da geogrelha, quando aplicada uma

carga no aterro, ou até mesmo a movimentação das máquinas que no aterro

circulam, pode ocorrer um deslocamento da mesma, perdendo assim uma de suas

funcionalidades que é a resistir à tração, consequentemente podendo levar o muro

ao colapso.

Após a geogrelha esticada, é executada a primeira camada de compactação

com espessura de 20 cm.

Assim o procedimento se repete até o topo do muro.

Ao final de cada dia de trabalho, devem ser tomadas as mesmas precauções

citadas nos muro de malhas de aço.

5.4. PONTOS OBSERVADOS

5.4.1. Com inclusão de malhas de aço

Foi observada uma imprecisão nas dimensões das placas, acarretando assim

problemas de encaixe, juntas desuniformes (fig. 68), consequentemente,

ocasionando uma fuga dos materiais.

Figura 68 – Juntas desuniforme

Fonte: Autor

Page 87: Tcc - Ludimila - Final

86

Ainda algumas placas apresentaram problemas estéticos (manchas escuras),

referentes ao uso de material desmoldante inapropriado, conforme observado na

Figura 69.

Figura 69 – Detalhe das placas

Fonte: Autor

Outra questão observada foi quanto ao içamento das placas. Estas deveriam

ser realizadas através de equipamentos apropriados e também através de

chumbadores, os quais não foram inclusos na concretagem das placas. Podemos

observar na Figura 70 estas placas sendo içadas por um equipamento não

adequado e ainda alçadas pelos olhais de ligação, podendo ocasionar fissuras, pois,

esses dispositivos não foram dimensionados para essa finalidade.

Figura 70 – Colocação de placas

Fonte: Autor

Page 88: Tcc - Ludimila - Final

87

5.4.2. Com inclusão de geogrelhas

Assim como se sucedeu nas placas, também ocorreu nos blocos problemas

de imprecisões de dimensões, acarretando igualmente dificuldades de encaixe dos

elementos e nivelamento do muro. Em alguns casos foi necessária uma

improvisação (fig. 71) para corrigir esses problemas, sendo a mais comum aplicação

de pedaços de geogrelha entre os blocos, melhorando assim consideravelmente a

precisão.

Figura 71 – Detalhe dos pedaços de geogrelha para nivelamento dos blocos

Fonte: Autor

Observou-se ainda na execução do muro, dificuldade de manter as

geogrelhas esticadas antes da compactação. A técnica adotada pelo executor foi à

utilização de tacos de madeira como fixador desses elementos (fig. 72), não

comprometendo assim a sua resistência a tração.

Figura 72 – Fixação das geogrelhas através de tacos de madeira

Fonte: Autor

Page 89: Tcc - Ludimila - Final

88

Percebeu-se também a dificuldade no preenchimento com brita nos blocos e

na faixa de 15 cm junto à face (fig. 73), devido ao sistema frágil de gabarito. Estes

constituídos de longarinas não impedem a movimentação expressiva ocasionando

no desalinhamento.

Figura 73 – Detalhe da madeira guia para colocação da brita

Fonte: Autor

Era previsto em projeto, o desencontro de 1,5 cm em relação ao bloco de

baixo, mas por questão de estética, o cliente pediu que as juntas da fileira superior

se encontrassem no meio do bloco da fiada inferior (fig. 74), ocasionando dificuldade

na colocação das britas nas cavidades dos blocos (fig. 75).

Figura 74 – Detalhe das juntas dos blocos

Fonte: Autor

Page 90: Tcc - Ludimila - Final

89

Figura 75 – Cavidade dos blocos sobrepostos

Fonte: Autor

Último ponto observado foi a não previsão de blocos diferenciados para

atender as necessidades de execução. Esses foram supridos através de recorte,

causando assim em perda de desempenho e desperdício de material (fig. 76 e 77).

Figura 76 – Recortagem dos blocos

Fonte: Autor

Figura 77 – Detalhe dos recortes de canto do muro

Fonte: Autor

Page 91: Tcc - Ludimila - Final

90

6. CONCLUSÃO

Ambos os métodos apresentaram bons resultados, exibindo suas

peculiaridades, vantagens e desvantagens.

O muro constituído de malhas metálicas apresenta vantagem em relação aos

constituídos de geogrelha referente à maior rapidez de execução, devido a maior

área superficial das placas quando comparados aos blocos pré-moldados de

concreto.

Apesar disso o muro com inclusão de geogrelhas mostra-se mais eficiente em

relação à manutenção comparado com o outro tipo de contenção. Pois, devido a

menor área dos blocos facilita sua substituição, sem grandes intervenções no

sistema como um todo.

Também esses tipos de contenção se mostrou mais prático em quesitos de

execução e fabricação dos elementos de face. Por não possuir acessórios

diferentemente dos muros com inclusão de malhas de aço, que possuem grande

quantidade, se tornam mais simples e diminuindo a probabilidade de falhas.

As malhas metálicas são mais convenientes no sentido de melhor disposição.

Por possuírem maior rigidez, se comportam melhores antes da compactação do

aterro. Apesar disso, elas são mais vulneráveis a ação do tempo, diferentemente

dos materiais poliméricos. Já as geogrelhas por possuir baixa densidade,

apresentam problemas de colocação no maciço. Também devido a carência de

fixação, podem apresentar problemas de deslocamento e desprendimento dos

blocos.

Concluindo, os muros apresentam suas distinções, entretanto seus

fundamentos de execução são os mesmos. Apresentam soluções viáveis, seguras, e

ainda não necessitam de mão de obra extremamente especializada e nem de

grandes equipamentos. No entanto, exigem grande responsabilidade dos

fornecedores de materiais.

Page 92: Tcc - Ludimila - Final

91

REFERÊNCIAS

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6323 – Aço ou ferro fundido – Revestimento de zinco por imersão a quente - Especificação. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6152 – Determinação das propriedades mecânicas à tração – Método de ensaio. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6457/86 Amostras de solo - Preparação para ensaios de compactação e ensaios de caracterização. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6459/84 Solo - Determinação do limite de liquidez. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6509/84 Grão de solos que passam na peneira de 4,8 mm - Determinação da massa específica. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7180/84 Solo - Determinação do limite de plasticidade. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7181/84 - Análise granulométrica. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7182/86 Solo - Ensaio de compactação. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7480 – Aço destinado à construção civil. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9286: Terra armada. Rio de Janeiro: ABNT, 1986. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12824/93 Geotêxteis – Determinação da resistência à tração não-confinada – Ensaio de tração de faixa larga. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13359/95 Geotêxteis - Determinação da resistência ao puncionamento estático - Ensaio com pistão tipo CBR. ARAÚJO, L. M. A. Mecanismo de interação solo-geossintético – enraios de arranque. Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil. Aveiro-Pt. 2008.

Page 93: Tcc - Ludimila - Final

92

CARVALHO, P. A. Taludes de Rodovias / Orientação para diagnóstico e soluções de seus problemas. DER - Departamento de Estradas de Rodagem do estado de São Paulo - São Paulo. 1991. COMITÊ TÉCNICO GEOTÊXTIL (CTG). Curso Básico de Geotêxteis. 1° Edição. 2001. DNER-ME 28/61 Método expedito de detreminação de teor de umidade de solos pelo fogareiro. DNER-ME 52/94 Solos e agregados miúdos - Determinação da umidade com emprego do "Speedy". DNER-ME 88/64 Determinação da umidade pelo método expedito do álcool.

ERLICH, M., & AZAMBUJA, E. Muros de solo reforçado. SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOSSINTÉTICOS, 4.;, pp. 81-100. São Paulo-SP. 2003. FÉLIX, C. M. S. Comportamento dos muros de terra armada. Dissertação apresentada na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto para obtenção de grau de mestre em estruturas de engenharia civil. Porto- Pt. 1991.

LEITE, G. U. Análise custo-benefício de obras de contenção. 1991. 64f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação) em Engenharia Civil – Universidade Federal da Paraíba, João Pessos-PB. MAPARAGEM, A. S. Avaliação da interação solo-fita metálica e poliméricas para solução em terra armada em solos não convencionais. Dissertação apresentada à Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Ciências, Programa de pós graduação em Geotecnia. São Carlos-SP. 2011.

MEDEIROS, A. G. Retroanálise de Uma Estrutura de Contenção do Tipo Estaca Prancha no Distrito Federal. INFOGEO, (pp. 347-352). Belo Horizonte. 2005. OLIVEIRA, G. A. Influência da rigidez do reforço em muros de solo reforçado em modelos físicos. Dissertação submetida ao corpo docente da coordenação dos programas de pós-graduação de engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte de requisito necessário para obtenção do grau de Mestre em Ciências em Engenharia Civil. Rio de Janeiro-RJ. 2006.

SILVA, N. H. Muros de terra armada – verificação da segurança. Dissertação apresentada na Universidade Nova de Lisboa, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Engenharia Civil – ramo de Estruturas e Geotecnia. Lisboa-Pt. 2012. SOBRINHO, M. J. M. Modelação Numérica do Comportamento de um Muro de Terra Armada da Autoestrada A4. Comparação com os Resultados de

Page 94: Tcc - Ludimila - Final

93

Instrumentação. Dissertação apresentada na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para obtenção de grau de mestre em engenharia civil. Vila Real-Pt. 2013. TERRA ARMADA, Instruções técnicas para fabricação de escamas para muros terra armada no canteiro de obras. 11p. Rio de Janeiro-RJ. 2009. TERRA ARMADA, Instruções técnicas para montagem de muros terra armada. 21p. Rio de Janeiro-RJ. 2009.

Page 95: Tcc - Ludimila - Final

94

ANEXOS

Segue lista de projetos anexos ao trabalho.

Muros com inclusão de malhas de aço

Travessia Urbana de Turuçu – Muro de Terra Armada tipo Greide – Alçados

Desenho n° 10274B Prancha: 1/8

Desenho n° 10275B Prancha: 2/8

Desenho n° 10276B Prancha: 3/8

Desenho n° 10277B Prancha: 4/8

Desenho n° 10278B Prancha: 5/8

Desenho n° 10279D Prancha: 6/8

Desenho n° 10280C Prancha: 7/8

Desenho n° 10281A Prancha: 8/8

Travessia Urbana de Turuçu – Muro de Terra Armada tipo Greide - Preparação de

armaduras e dimens.

Desenho n° 40259B Prancha: 1/5

Desenho n° 40260B Prancha: 2/5

Desenho n° 40262B Prancha: 3/5

Desenho n° 40263B Prancha: 4/5

Desenho n° 40269 Prancha: 5/5

Muros com inclusão de malhas de aço

Muros de Contenção em Terrae – Vista Frontal Acesso à Av. 25 de Julho

Prancha: OC - 35

Muros de Contenção em Terrae – Seções Acesso à Av. 25 de Julho

Prancha: OC - 36

Muros de Contenção em Terrae – Seções Transversais – S300, S660 e S900

Acesso à Av. 25 de Julho

Prancha: OC - 37