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licença Creative Commons Attribution ISSN 2526-8910 Cad. Bras. Ter. Ocup., São Carlos, v. 27, n. 4, p. 873-884, 2019 https://doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAR1909 Artigo de Revisão Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições desde que o trabalho original seja corretamente citado. Autor para correspondência: Thanires Rafaele Menezes Soares dos Santos, Hospital Universitário, Universidade Federal do Maranhão, Rua Barão de Itapari, 227, Centro, CEP 65020-070, São Luís, MA, Brasil, e-mail: [email protected] Recebido em Mar. 15, 2019; Aceito em Maio 16, 2019. Resumo: Introdução: A terapia com música é amplamente utilizada para tratamento e assistência em várias doenças, incluindo distúrbios da consciência, demência, acidente vascular cerebral, distúrbios psiquiátricos, Parkinson, dor de origens diversas, entre outros. Sabe-se que ouvir música influencia o humor e a excitação, o que pode melhorar o desempenho em uma variedade de tarefas cognitivas. Objetivo: Analisar as informações disponíveis na literatura sobre as evidências científicas do uso da música como recurso terapêutico. Método: Trata-se de uma revisão integrativa com buscas de artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais indexados nas bases de dados e banco de revistas: Pubmed, Cinahl, Web of Science e SciELO, entre dezembro/2017 e janeiro/2018. Utilizou-se os descritores “música” e “distúrbios da consciência” de forma associada em português, inglês e espanhol. Resultados: Foram selecionados 14 estudos heterogêneos, porém com boa qualidade metodológica, dentre os quais se destacam estudos intervencionais e observacionais com grau de recomendação A. Conclusão: O estudo concluiu haver na literatura científica algumas evidências da efetividade e da eficácia da terapia musical no tratamento e avaliação de pessoas em coma, estados minimamente conscientes e estado vegetativo persistente. Palavras-chave: Música, Terapia pela Arte, Transtorno da Consciência. Music therapy in patients with disorders of consciousness: an integrative review Abstract: Introduction: Music therapy is widely used for treatment and care in various diseases including disorders of consciousness, dementia, stroke, psychiatric disorders, Parkinson’s disease, pain of several origins among others. It is known that listening to music influences mood and arousal, which can improve performance on a variety of cognitive tasks. Objective: To analyze the information available in the literature about scientific evidences of the use of music as a therapeutic resource. Method: This is an integrative review with search of articles published in national and international journals indexed in databases and journal banks: Pubmed, Cinahl, Web of Science and SciELO, between December/2017 and January/2018. We used the descriptors “music” and “disorders of consciousness” in Portuguese, English and Spanish. Results: We selected 14 heterogeneous studies with good methodological quality, among which we highlight interventional and observational studies with a degree of recommendation A. Conclusion: The study concludes to exist some evidence in the scientific literature about the effectiveness and efficacy of music therapy in the treatment and evaluation of people in coma, minimally conscious states and persistent vegetative state. Keywords: Music, Art Therapy, Consciousness Disorders. Terapia musical em pacientes com distúrbios da consciência: uma revisão integrativa anires Rafaele Menezes Soares dos Santos , Tamires Barradas Cavalcante , João Ferreira Silva Junior Hospital Universitário, Universidade Federal do Maranhão – UFMA, São Luís, MA, Brasil. a

Terapia musical em pacientes com distúrbios da consciência

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Page 1: Terapia musical em pacientes com distúrbios da consciência

licença Creative Commons Attribution

ISSN 2526-8910Cad. Bras. Ter. Ocup., São Carlos, v. 27, n. 4, p. 873-884, 2019https://doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAR1909

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Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições desde que o trabalho original seja corretamente citado.

Autor para correspondência: Thanires Rafaele Menezes Soares dos Santos, Hospital Universitário, Universidade Federal do Maranhão, Rua Barão de Itapari, 227, Centro, CEP 65020-070, São Luís, MA, Brasil, e-mail: [email protected] em Mar. 15, 2019; Aceito em Maio 16, 2019.

Resumo: Introdução: A terapia com música é amplamente utilizada para tratamento e assistência em várias doenças, incluindo distúrbios da consciência, demência, acidente vascular cerebral, distúrbios psiquiátricos, Parkinson, dor de origens diversas, entre outros. Sabe-se que ouvir música influencia o humor e a excitação, o que pode melhorar o desempenho em uma variedade de tarefas cognitivas. Objetivo: Analisar as informações disponíveis na literatura sobre as evidências científicas do uso da música como recurso terapêutico. Método: Trata-se de uma revisão integrativa com buscas de artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais indexados nas bases de dados e banco de revistas: Pubmed, Cinahl, Web of Science e SciELO, entre dezembro/2017 e janeiro/2018. Utilizou-se os descritores “música” e “distúrbios da consciência” de forma associada em português, inglês e espanhol. Resultados: Foram selecionados 14 estudos heterogêneos, porém com boa qualidade metodológica, dentre os quais se destacam estudos intervencionais e observacionais com grau de recomendação A. Conclusão: O estudo concluiu haver na literatura científica algumas evidências da efetividade e da eficácia da terapia musical no tratamento e avaliação de pessoas em coma, estados minimamente conscientes e estado vegetativo persistente.

Palavras-chave: Música, Terapia pela Arte, Transtorno da Consciência.

Music therapy in patients with disorders of consciousness: an integrative review

Abstract: Introduction: Music therapy is widely used for treatment and care in various diseases including disorders of consciousness, dementia, stroke, psychiatric disorders, Parkinson’s disease, pain of several origins among others. It is known that listening to music influences mood and arousal, which can improve performance on a variety of cognitive tasks. Objective: To analyze the information available in the literature about scientific evidences of the use of music as a therapeutic resource. Method: This is an integrative review with search of articles published in national and international journals indexed in databases and journal banks: Pubmed, Cinahl, Web of Science and SciELO, between December/2017 and January/2018. We used the descriptors “music” and “disorders of consciousness” in Portuguese, English and Spanish. Results: We selected 14 heterogeneous studies with good methodological quality, among which we highlight interventional and observational studies with a degree of recommendation A. Conclusion: The study concludes to exist some evidence in the scientific literature about the effectiveness and efficacy of music therapy in the treatment and evaluation of people in coma, minimally conscious states and persistent vegetative state.

Keywords: Music, Art Therapy, Consciousness Disorders.

Terapia musical em pacientes com distúrbios da consciência: uma revisão integrativa

Thanires Rafaele Menezes Soares dos Santos , Tamires Barradas Cavalcante , João Ferreira Silva Junior

Hospital Universitário, Universidade Federal do Maranhão – UFMA, São Luís, MA, Brasil.

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874874/884 Terapia musical em pacientes com distúrbios da consciência: uma revisão integrativa

1 Introdução

A terapia com música é amplamente utilizada para tratamento e assistência em várias doenças, incluindo distúrbios da consciência, demência, acidente vascular cerebral, distúrbios psiquiátricos, Parkinson, dor de origens diversas, entre outros (O’KELLY et al., 2014).

Sabe-se que ouvir música influencia o humor e a excitação, o que pode melhorar o desempenho em uma variedade de tarefas cognitivas - chamado “efeito Mozart” ou “hipótese de humor e excitação” (ROLLNIK; ALTENMÜLLER, 2014).

A música tem sido utilizada no campo da saúde não somente por musicoterapeutas, como também por outros profissionais da saúde que a usam como mais uma possibilidade de recurso na sua prática profissional (MORGAN, 2017). Nos últimos 20 anos, o número de pesquisas a respeito do uso da música ou musicoterapia no contexto hospitalar aumentou significativamente, incluindo uma grande variedade de resultados em uma ampla gama de especialidades (KAMIOKA et al., 2014).

Como técnica não farmacológica, a música proporciona vários benefícios além de ser considerada uma terapia de baixo custo quando comparada com valores de outras terapias (GLASZIOU, 2015). O uso da música, por ser uma tecnologia barata e que proporciona a melhoria da experiência do paciente, faz com que a questão de se usar música nos mais diversos contextos pareça óbvia, entretanto a melhor forma de se usar música nos hospitais não parece ser clara para os profissionais da equipe multiprofissional, em especial sobre o seu uso em pacientes comatosos.

A terapia com música em pessoas com transtornos da consciência (TC) tem uma longa história, desde o trabalho pioneiro da professora Mary Boyle, em 1983 (BOYLE; GREER, 1983) para os desenvolvimentos atuais em diagnóstico, avaliação e intervenções baseadas em evidências (O’KELLY  et  al., 2013). Apesar da longevidade deste inquérito e da amplitude das abordagens exploradas, a literatura sobre o uso da terapia musical no atendimento às necessidades clínicas dessas populações, como forma de melhorar a evidência empírica, permanece escassa.

Dr. Aldridge na década de 90 sugeria que a terapia musical improvisada pode ser uma terapia adjuvante útil em tais situações, tanto para o paciente como para a equipe. Ele citou um caso em que um terapeuta musical começou a trabalhar com pacientes comatosos. Foram tratados cinco pacientes, com idades entre os 15 e 40 anos, e com

coma grave (um escore de Glasgow Coma Scale entre 4 e 7). Cada contato de terapia musical durou entre 8 e 12 minutos. O terapeuta improvisou seu aprendizado sem palavras com base no ritmo do pulso do paciente e, mais relevante, no padrão de respiração do paciente (ALDRIDGE; GUSTORFF; HANNICH, 1990). Houve uma série de reações de uma mudança na respiração (tornou-se mais lenta e mais profunda), movimentos motores finos, movimentos de mão em garra e o giro da cabeça, os olhos se abrindo para recuperar a consciência. Quando o terapeuta começou a cantar, houve uma desaceleração da frequência cardíaca. Em seguida, a frequência cardíaca aumentou rapidamente e sustentou um nível elevado até o final do contato. Este efeito, que indica atividade excitante e perceptiva, desapareceu depois que a terapia musical parou (ALDRIDGE; GUSTORFF; HANNICH, 1990).

A demonstração da eficácia da música necessitava então de uma escala ou de medidas suficientemente sensíveis para mostrar as mudanças comportamentais em uma população tão complexa como os pacientes com Distúrbios de Consciência (DC). Este foi o desafio que levou ao desenvolvimento e padronização da Ferramenta de Avaliação da Terapia Musical para Conscientização em Distúrbios da Consciência ou MATADOC (MAGEE et al., 2014). Esta medida pode demonstrar sinais comportamentais de responsividade aos estímulos auditivos na pessoa com distúrbios de consciência, hoje se considera o MATADOC a mais relevante ferramenta de avaliação devido ao valor diagnóstico, relevante para o cuidado interdisciplinar desses pacientes.

Diante da compreensão do potencial terapêutico da música, levanta-se como hipótese a possível eficácia e eficiência de seu uso em pacientes com DC. Devido ao déficit de conhecimento de profissionais sobre como esta prática pode ser realizada, bem como à pouca elucidação sobre o seu uso nos diversos contextos, especialmente em instituições hospitalares, este estudo de revisão pretende analisar as evidências científicas disponíveis na literatura sobre do uso da música como recurso terapêutico em pacientes com DC.

2 Método

Trata-se de uma revisão integrativa, cuja finalidade é reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre um determinado tema ou assunto, de maneira sistemática e ordenada, contribuindo, assim, para a compreensão completa do tema a ser estudado. Para a operacionalização dessa revisão integrativa utilizamos os seguintes passos metodológicos: definição

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875875/884Santos, T. R. M. S.; Cavalcante, T. B.; Silva Junior, J. F.

dos critérios de inclusão e exclusão; definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados; categorização dos estudos; análise e interpretação dos dados; avaliação dos resultados incluídos na revisão integrativa e apresentação da revisão/síntese do conhecimento (SILVA; MENEZES, 2005).

Foi realizado, entre dezembro/2017 e janeiro/2018, busca de artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais indexados nas seguintes bases de dados e banco de revistas: Pubmed, Cinahl, Web of Science e SciELO. Os textos na íntegra foram obtidos por meio eletrônico no portal de periódicos da CAPES com acesso obtido através da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Foram utilizados os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “música” e “transtornos de consciência”, em espanhol “música” y ”trastornos de la consciencia” e seus correspondentes em inglês pelo Medical Subject Headings (MesH) “music” and “consciousness disorders”, de forma associada.

Os artigos foram selecionados de acordo com os seguintes critérios de inclusão: presença dos descritores escolhidos no título do trabalho ou inseridos no resumo; artigos disponíveis na íntegra; produções em inglês, espanhol e português, publicados entre janeiro de 2013 a janeiro de 2018; amostra dos estudos composta por adultos e idosos. Como critério de exclusão, filtrou-se estudos de associação do uso da música com outra técnica ou terapia. Estudos secundários (revisões sistemáticas, meta-análises ou revisões de literatura) não foram incluídos, bem como os estudos realizados com população pediátrica e neonatal.

Após a aplicação dos critérios acima foram encontrados 171 artigos (107 na PubMed, 53 na Web of Science, 02 na Scielo, 09 na Cinahl). Sendo que foram selecionados na PubMed 07 artigos, na Web of Science 01 artigo, na Scielo 02 artigos e na Cinahl 04 artigos, apresentando num total 14 artigos que foram incluídos na amostra. Foram descartados 157  artigos sendo que 56 artigos apareceram repetidamente em mais de uma base de dados, 45 não se obteve acesso ao texto completo, 35 se referiam a neonatos e crianças e 21 eram estudos secundários.

Para catalogar os artigos e posterior avaliação foi elaborado um instrumento de coleta de dados. O instrumento foi composto por: nome do periódico, ano de publicação, área de conhecimento, origem do artigo, título do artigo, objetivos, tipo de estudo, características da amostra, instrumentos e variáveis estudadas, nível de evidência e grau de recomendação. As análises foram realizadas por meio da leitura e agrupamento dos artigos alicerçada no instrumento elaborado. Os achados foram apresentados na forma

de quadros e na linguagem descritiva. O nível de evidência e o grau de recomendação foram baseados na escala do Oxford Centre for Evidence-based Medicine (CENTRE..., 2009) devido à sua diversidade de classificação de evidências por tipos de estudos.

3 Resultados

Os resultados apresentados mostram que os estudos sobre terapia musical nos distúrbios de consciência são heterogêneos, que existem poucos pesquisadores mundiais na área, entre os quais, alguns se destacam como a Wendy L. Magee, pesquisadora da Temple University na Filadélfia - EUA, com muitos estudos na área, dentre os quais alguns estão incluídos na Tabela 1 - caracterização dos estudos selecionados.

Na Tabela 2 - achados dos estudos, foram classificadas quanto ao seu maior nível de evidência e quanto ao seu maior grau de recomendação conforme a escala do Oxford Centre for Evidence-based Medicine. Os achados da Tabela 2 seguem a mesma ordem dos estudos da Tabela 1.

Todos os estudos selecionados focaram nas propriedades de excitação, atenção e ativação do humor pela terapia musical. A estimulação por via auditiva e sem a presença de outros ruídos no ambiente foi o método empregado na totalidade dos estudos.

4 Discussão

4.1 Atuação da música no Sistema Nervoso Central

Quando um indivíduo é exposto à música, o som estimula a cóclea, medula oblonga até o córtex auditivo, promovendo no paciente a excitação e a atenção ativando o tálamo, giro cingulado anterior e o córtex pré frontal dorsolateral. De acordo com o tipo de música e melodia (acordes), haverá a estimulação emocional (sistema límbico e paralímbico: superfícies internas dos lobos frontais, giro cingulado, amígdala, hipocampo e mesencéfalo), em indivíduos normais haverá melhora do cognitivo, performance motora e humor (ROLLNIK; ALTENMÜLLER, 2014).

Já em pacientes com distúrbios de consciência ocorrerá as respostas que evidenciar-se-á a seguir.

Heine et al. (2015), ao estudar a resposta auditiva durante estimulação musical, observou que a rede auditiva mostrou-se significante conectividade funcional com o giro pré-central esquerdo e o córtex pré-frontal esquerdo dorsolateral no grupo de pacientes expostos à música comparado ao grupo

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a C

onsc

iênc

ia

em D

istú

rbio

s da

Con

sciê

ncia

(M

ATA

DO

C):

Con

fiabi

lidad

e e

Valid

ade

de u

ma

Med

ida

para

Av

alia

r Con

sciê

ncia

em

Pac

ient

es

com

Dis

túrb

ios d

a C

onsc

iênc

ia

Det

erm

inar

as c

arac

terís

ticas

de

med

ição

e p

ropr

ieda

des d

as

sube

scal

as 2

e 3

do

ques

tioná

rio

MAT

AD

OC

.

21 p

acie

ntes

com

dis

túrb

ios d

e co

nsci

ênci

a.

10N

euro

reha

bilit

atio

n an

d N

eura

l Rep

air

Neu

rorr

eabi

litaç

ãoFr

ança

Impu

lsio

nand

o a

cogn

ição

com

a

mús

ica

em p

acie

ntes

com

tra

nsto

rnos

da

cons

ciên

cia

Aval

iar o

efe

ito d

a m

úsic

a no

pr

oces

sam

ento

cer

ebra

l em

pa

cien

tes c

om d

istú

rbio

s da

cons

ciên

cia.

13 p

acie

ntes

com

dis

túrb

ios d

e co

nsci

ênci

a.

Font

e: A

utor

es.

Tabe

la 1

. Con

tinua

ção.

..

Page 6: Terapia musical em pacientes com distúrbios da consciência

Cad. Bras. Ter. Ocup., São Carlos, v. 27, n. 4, p. 873-884, 2019

878878/884 Terapia musical em pacientes com distúrbios da consciência: uma revisão integrativa

Ord

emPe

riódi

coÁ

rea

de

conh

ecim

ento

Orig

em d

o es

tudo

Títu

loO

bjet

ivo

Am

ostr

a

11R

evue

N

euro

logi

que

Neu

rolo

gia

Fran

çaEf

eito

ben

éfico

da

mús

ica

pref

erid

a na

s fun

ções

cog

nitiv

as e

m p

acie

ntes

co

m e

stad

o de

con

sciê

ncia

mín

ima

Com

para

r o e

feito

da

mús

ica

pref

erid

a pe

lo p

acie

nte

com

out

ra

de so

m c

ontín

uo (c

ontro

le) s

obre

o

com

porta

men

to re

laci

onal

dos

pa

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tes e

m e

stad

o m

ínim

o de

co

nsci

ênci

a (E

CM

).

6 pa

cien

tes

12Fr

ontie

rs in

N

euro

scie

nce

Neu

roci

ênci

ustri

aPe

rspe

ctiv

as n

euro

cien

tífica

s e

neur

oant

ropo

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cas n

a pe

squi

sa

e pr

átic

a de

tera

pia

mus

ical

com

pa

cien

tes c

om d

istú

rbio

s da

cons

ciên

cia

5

Dis

cutir

a re

levâ

ncia

da

pers

pect

iva

neur

oant

ropo

lógi

ca so

bre

o no

sso

mod

o de

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onhe

cim

ento

e su

a in

fluên

cia

na p

rátic

a te

rapê

utic

a.

Não

se a

plic

a

13In

terd

isci

plin

aria

Inte

rdis

cipl

inar

Arg

entin

aIn

terv

ençõ

es m

usic

oter

apêu

ticas

pa

ra a

ativ

ação

do

sist

ema

retic

ular

Des

crev

er o

s dife

rent

es e

stad

os

de c

onsc

iênc

ia a

ltera

dos e

as

inte

rven

ções

de

que

usam

o so

m

e se

us e

lem

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s na

abor

dage

m

diag

nóst

ica

e te

rapê

utic

a do

s pa

cien

tes e

m u

m e

stad

o de

co

nsci

ênci

a m

ínim

a e

seu

efei

to n

a fo

rmaç

ão re

ticul

ar.

Não

se a

plic

a

14Fr

ontie

rs in

Ps

ycho

logy

Psic

olog

iaEs

tado

s U

nido

sPr

ogra

mas

de

Estim

ulaç

ão

Sens

oria

l e T

erap

ia M

usic

al p

ara

Trat

ar D

istú

rbio

s da

Con

sciê

ncia

Dis

serta

r sob

re p

rogr

amas

de

estim

ulaç

ão se

nsor

ial e

tera

pia

mus

ical

par

a tra

tar d

istú

rbio

s da

cons

ciên

cia

Não

se a

plic

a

Font

e: A

utor

es.

Tabe

la 1

. Con

tinua

ção.

..

Page 7: Terapia musical em pacientes com distúrbios da consciência

Cad. Bras. Ter. Ocup., São Carlos, v. 27, n. 4, p. 873-884, 2019

879879/884Santos, T. R. M. S.; Cavalcante, T. B.; Silva Junior, J. F.

Tabe

la 2

. Ach

ados

dos

est

udos

.

Ord

emA

utor

/ano

Tip

o de

Est

udo

Res

ulta

dos/

Con

clus

ãoN

ível

de

evid

ênci

aG

rau

de

reco

men

daçã

o1

Mag

ee e

t al.

(201

7)In

terv

enci

onal

- en

saio

cl

ínic

o co

ntro

lado

dup

lo

cego

Os a

utor

es c

oncl

uíra

m q

ue a

resp

onsi

vida

de a

uditi

va é

o p

rinci

pal f

ator

nas

re

spos

tas a

os e

stím

ulos

pro

voca

dos p

ela

mús

ica

em p

acie

ntes

com

DC

1BA

2Pu

ggin

a e

Silv

a (2

015)

Tran

sver

sal

Enco

ntra

ram

-se

alte

raçõ

es e

stat

istic

amen

te si

gnifi

cant

es n

as v

ariá

veis

tem

pera

tura

, ex

pres

são

faci

al, e

letro

neur

omio

grafi

a e

Esca

la d

e G

lasg

ow; a

ltera

ções

mai

s fr

eque

ntes

na

sess

ão 2

, nos

pac

ient

es e

m c

oma

e es

tado

veg

etat

ivo,

no

mús

culo

fr

onta

l e n

o gr

upo

expe

rimen

tal.

1BA

3Su

n e

Che

n (2

015)

Inte

rven

cion

al -

ensa

io

clín

ico

cont

rola

doo

valo

r da

esca

la d

e co

ma

de g

lasg

ow a

umen

tou

no g

rupo

de

mús

ica

após

o

trata

men

to q

uand

o co

mpa

rado

ao

grup

o co

ntro

le. A

dife

renç

a en

tre o

s doi

s gru

pos

foi s

igni

fican

te (p

<0,

05).

O v

alor

do

elet

roen

cefa

logr

ama

(EEG

) qua

ntita

tivo

(val

or δ

+ θ

/ α

+ β)

dos

val

ores

do

grup

o m

úsic

a fo

i dim

inuí

do a

pós o

trat

amen

to

e a

dife

renç

a fo

i sig

nific

ativ

a em

com

para

ção

com

o g

rupo

con

trole

(p <

0,05

). Ve

rifico

u-se

que

a m

usic

oter

apia

tem

um

efe

ito n

a pr

omoç

ão d

e re

cupe

rar a

co

nsci

ênci

a. O

EEG

qua

ntita

tivo

(δ +

θ /

α +

β va

lor)

pod

e se

r usa

do c

omo

um

índi

ce o

bjet

ivo

para

ava

liar o

est

ado

da fu

nção

cer

ebra

l.

1BA

4H

eine

et a

l. (2

015)

Inte

rven

cion

al -

quas

e ex

perim

enta

lA

rede

aud

itiva

mos

trou

mai

or c

onec

tivid

ade

func

iona

l com

o g

iro p

rece

ntra

l es

quer

do e

o c

órte

x pr

é fr

onta

l dor

sola

tera

l esq

uerd

o du

rant

e a

mús

ica,

em

co

mpa

raçã

o co

m a

con

diçã

o de

con

trole

. Alé

m d

isso

, a c

onec

tivid

ade

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iona

l da

rede

ext

erna

foi a

prim

orad

a du

rant

e a

cond

ição

de

mús

ica

na ju

nção

tem

poro

-pa

rieta

l. Em

bora

seja

nec

essá

rio te

r cui

dado

dev

ido

ao p

eque

no ta

man

ho d

a am

ostra

, ess

es re

sulta

dos s

uger

em q

ue a

exp

osiç

ão p

refe

rida

à m

úsic

a po

de te

r ef

eito

s na

rede

aud

itiva

dos

pac

ient

es (i

mpl

icad

a na

per

cepç

ão d

a m

úsic

a rít

mic

a) e

na

s reg

iões

cer

ebra

is li

gada

s à m

emór

ia a

utob

iogr

áfica

.

1BA

5R

igan

ello

et a

l. (2

015)

Inte

rven

cion

al -

ensa

io

clín

ico

cont

rola

doO

s res

ulta

dos e

vide

ncia

ram

que

a e

stru

tura

inte

rna

da m

úsic

a (r

itmo,

mel

odia

, ton

s, se

mito

ns, v

oz) p

ode

mud

ar a

resp

osta

aut

onôm

ica

em p

acie

ntes

com

dis

túrb

ios d

e co

nsci

ênci

a.

1BA

6M

agee

et a

l. (2

014)

Tran

sver

sal

O p

roto

colo

que

usa

prin

cipa

lmen

te e

stím

ulos

mus

icai

s (M

ATA

DO

C) p

ara

aval

iaçã

o e

trata

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to d

e pa

cien

tes c

om D

C a

pres

ento

u se

nsib

ilida

de p

ara

med

ir a

resp

onsi

vida

de a

uditi

va e

con

fiabi

lidad

e in

tra-a

valia

dore

s.

1BA

Font

e: A

utor

es.

Page 8: Terapia musical em pacientes com distúrbios da consciência

Cad. Bras. Ter. Ocup., São Carlos, v. 27, n. 4, p. 873-884, 2019

880880/884 Terapia musical em pacientes com distúrbios da consciência: uma revisão integrativa

Ord

emA

utor

/ano

Tip

o de

Est

udo

Res

ulta

dos/

Con

clus

ãoN

ível

de

evid

ênci

aG

rau

de

reco

men

daçã

o7

O’K

elly

et a

l. (2

013)

Inte

rven

cion

al -

quas

e ex

perim

enta

lA

tera

pia

mus

ical

foi c

apaz

de

prov

ocar

um

a sé

rie d

e re

spos

tas i

ndic

ativ

as

de e

xcita

ção

e at

ençã

o se

letiv

a. A

tera

pia

mus

ical

com

bina

da e

a a

valia

ção

neur

ofisi

ológ

ica

pude

ram

forn

ecer

um

con

tribu

to d

istin

to, r

evel

ando

um

a re

spos

ta

inta

cta

aos e

stím

ulos

salie

ntes

(mov

imen

tos o

cula

res e

da

boca

, pis

cada

de

olho

s),

mes

mo

em p

acie

ntes

em

est

ado

vege

tativ

o.

1BA

8R

aglio

et a

l. (2

014)

Obs

erva

cion

alA

s obs

erva

ções

sist

emát

icas

mos

trara

m m

elho

rias,

prin

cipa

lmen

te n

o gr

upo

de

esta

do m

inim

amen

te c

onsc

ient

e (G

1), e

m a

lgun

s com

porta

men

tos o

bser

vado

s:

cont

atos

ocu

lare

s, so

rris

os, u

so c

omun

icat

ivo

de in

stru

men

tos /

voz

, red

ução

de

irrita

ção

e ex

pres

sões

de

sofr

imen

to. N

o gr

upo

de e

stad

o ve

geta

tivo

(G2)

, ape

nas o

s co

ntat

os o

cula

res f

oram

forte

men

te a

umen

tado

s dur

ante

o tr

atam

ento

.

1CA

9M

agee

et a

l. (2

016)

Long

itudi

nal

A se

leçã

o de

est

ímul

os c

om c

arac

terís

ticas

em

ocio

nais

, aut

obio

gráfi

cas o

u au

toco

rrel

acio

nada

s é fu

ndam

enta

l no

uso

da m

úsic

a em

pes

soas

com

DC

2BB

10C

astro

et a

l. (2

015)

Tran

sver

sal

A re

spos

ta c

ereb

ral a

o pr

imei

ro n

ome

do p

acie

nte

foi m

ais f

requ

ente

men

te

obse

rvad

a na

con

diçã

o de

mús

ica,

do

que

na c

ondi

ção

de c

ontro

le. A

lém

dis

so, a

pr

esen

ça o

u au

sênc

ia d

e um

a re

spos

ta d

iscr

imin

ativ

a na

con

diçã

o de

mús

ica

pare

ce

esta

r ass

ocia

da a

um

des

fech

o fa

vorá

vel o

u de

sfav

oráv

el, r

espe

ctiv

amen

te.

2CB

11Ve

rger

et a

l. (2

014)

Obs

erva

cion

alEs

te n

ovo

prot

ocol

o su

gere

que

a m

úsic

a pr

efer

ida

tem

um

efe

ito b

enéfi

co

sobr

e as

hab

ilida

des c

ogni

tivas

dos

pac

ient

es. O

s res

ulta

dos s

uger

em a

inda

qu

e a

plas

ticid

ade

cere

bral

pod

e se

r apr

imor

ada

em c

onte

xtos

aut

obio

gráfi

cos

(em

ocio

nais

e fa

mili

ares

). Es

ses a

chad

os d

evem

ago

ra se

r am

plia

dos c

om u

m

núm

ero

mai

or d

e pa

cien

tes p

ara

valid

ar a

inda

mai

s a h

ipót

ese

do e

feito

ben

éfico

da

mús

ica

na re

cupe

raçã

o co

gniti

va.

2CB

12Vo

gl e

t al.

(201

5)Q

ualit

ativ

oA

s im

agen

s cer

ebra

is, c

omo

o PE

T, n

ão p

odem

det

erm

inar

sufic

ient

emen

te o

im

pact

o so

bre

a vi

da d

os p

acie

ntes

. Um

a ob

serv

ação

com

porta

men

tal a

dici

onal

, po

r exe

mpl

o, a

nális

e de

víd

eo, p

ode

forn

ecer

info

rmaç

ões s

obre

a c

ondi

ção

de u

m

paci

ente

. No

enta

nto,

é e

stát

ico

e in

flexí

vel,

pois

cap

tura

ape

nas u

m c

urto

per

íodo

de

tem

po. A

neu

roan

tropo

logi

a po

de a

juda

r a fe

char

ess

a la

cuna

, refl

etin

do so

bre

a in

form

ação

col

etad

a no

am

bien

te d

o pa

cien

te, o

que

é n

eces

sário

par

a um

a in

terp

reta

ção

cuid

ados

a do

s dad

os.

4C

Font

e: A

utor

es.

Tabe

la 2

. Con

tinua

ção.

..

Page 9: Terapia musical em pacientes com distúrbios da consciência

Cad. Bras. Ter. Ocup., São Carlos, v. 27, n. 4, p. 873-884, 2019

881881/884Santos, T. R. M. S.; Cavalcante, T. B.; Silva Junior, J. F.

Ord

emA

utor

/ano

Tip

o de

Est

udo

Res

ulta

dos/

Con

clus

ãoN

ível

de

evid

ênci

aG

rau

de

reco

men

daçã

o13

Abr

ahan

, Fis

cher

e

Just

el (2

017)

Des

criti

voFo

i pos

síve

lde

stac

ar a

rele

vânc

ia d

a co

labo

raçã

o de

par

ente

s e a

mig

os d

e pa

cien

tes n

o pr

oces

so

tera

pêut

ico,

forn

ecen

do in

form

açõe

s e p

ossí

veis

recu

rsos

em

todo

s os n

ívei

s de

con

scie

ntiz

ação

, par

a um

a ad

equa

da a

valia

ção

e pl

anej

amen

to d

o pr

oces

so

tera

pêut

ico

e no

mom

ento

em

que

o p

rofis

sion

al re

aliz

a a

sele

ção

mus

ical

, poi

s de

ve se

r esc

olhi

do d

e ac

ordo

com

a c

ondi

ção,

a id

ade,

o g

êner

o e

os a

ntec

eden

tes

mus

icai

s do

paci

ente

.

5D

14Sc

hnak

ers,

Mag

ee e

H

arris

(201

6)D

escr

itivo

Os r

esul

tado

s ind

icar

am q

ue a

s int

erve

nçõe

s com

mús

ica

tant

o na

linh

a de

bas

e an

tes)

com

o no

pós

-trat

amen

to p

rovo

cou

resp

osta

s de

níve

l su

perio

r env

olve

ndo

com

porta

men

tos q

ue d

emon

stra

m m

aior

com

plex

idad

e,

parti

cula

rmen

te n

os d

omín

ios a

uditi

vo e

de

lingu

agem

. Ess

es re

sulta

dos s

ão

rele

vant

es p

ara

cont

ribui

r par

a o

diag

nóst

ico

dife

renc

ial e

m p

acie

ntes

com

DC

..

5D

Font

e: A

utor

es.

Tabe

la 2

. Con

tinua

ção.

..

Page 10: Terapia musical em pacientes com distúrbios da consciência

Cad. Bras. Ter. Ocup., São Carlos, v. 27, n. 4, p. 873-884, 2019

882882/884 Terapia musical em pacientes com distúrbios da consciência: uma revisão integrativa

de pacientes controle. A rede externa em pacientes estava restrita às áreas de sulco e lobos inferiores, dorsolateral, frontal médio e supramarginal durante as condições de controle e música.

Riganello  et  al. (2015), em seu ensaio clínico controlado, verificou a influência da música no sistema nervoso autônomo e concluiu que o tipo de música e parâmetros musicais altera e estimula diferentes respostas emocionais nos pacientes com DC. A escuta de música é uma experiência complexa e a capacidade de resposta aos estímulos musicais é constituída por uma forte variabilidade individual. A estreita relação entre as estruturas da rede autônoma central e a escuta de música pode desempenhar uma função relevante no uso da música em pacientes com DC. A terapia musical em pacientes em coma por traumatismo crânioencefálico (TCE), tem um efeito na promoção da recuperação da consciência. O eletroencefalograma (EEG) quantitativo pode ser usado como um índice objetivo para avaliar o estado da função cerebral (SUN; CHEN, 2015).

Schnakers, Magee e Harris (2016) acrescenta que as intervenções musicais podem ser modificadas de acordo com a resposta do paciente “no momento”. Estímulos auditivos salientes, como as vozes dos familiares, aumentam a probabilidade de observar respostas cerebrais e comportamentais em pacientes com DC. No entanto, a escuta de música pode oferece um estímulo auditivo superior, pois acredita-se que envolve áreas-chave de apoio à consciência (córtices auditivos primário e secundário).

Abrahan, Fischer e Justel (2017) confirma que é possível distinguir mudanças fisiológicas em pacientes com intervenções de terapia musical. Essas mudanças representam a ativação cerebral, o aumento da atenção e os níveis de alerta, que ao receber informações sensíveis e sensoriais atua como um filtro, selecionando alguns estímulos e descartando outros. Gerando assim um nível de alerta que predispõe a captar melhor os estímulos e gerar respostas apropriadas ao meio ambiente.

4.2 Influência comportamental da música

O estudo de O’Kelly et al. (2013), que envolveu as avaliações comportamentais, forneceram maior precisão no diagnóstico em comparação com os métodos de neuroimagem. Este estudo indicou uma série de respostas significativas em indivíduos saudáveis que correspondem a excitação e atenção em resposta à música preferida, incluindo aumentos simultâneos na taxa de respiração com potência

EEG globalmente melhorada. Além disso, os dados comportamentais mostraram uma taxa de intermitência significativamente maior no EEG para a música preferida dentro do grupo estado vegetativo.

Raglio et al. (2014), evidenciou em suas observações melhorias, principalmente no grupo em estado de mínima consciência, em alguns comportamentos observados: contatos oculares, sorrisos, uso comunicativo de instrumentos / voz, redução de irritação e expressões de sofrimento. No  grupo de estado vegetativo apenas os contatos dos olhos aumentaram fortemente durante o tratamento. As observações mostraram uma tendência das respostas comportamentais à estimulação sonoro-musical (melhora da comunicação e expressões emocionais).

Já Vogl  et  al. (2015) acredita que, quando se trata de realizar pesquisas dentro de um ambiente terapêutico com interação humana, à medida que fazemos terapia musicional, muitos aspectos relevantes ocorrem em um nível subjetivo que não pode ser suficientemente ilustrado em termos objetivos.

Este autor reconhece que a neurociência apoia a compreensão do efeito da terapia musical ao nível da atividade cerebral de pessoas com DC. No entanto, as imagens cerebrais, como o PET, não podem determinar suficientemente o impacto sobre a vida dos pacientes. Como um paciente com DC não é capaz de se expressar com os meios familiares de comunicação, tanto a neurociência quanto as observações comportamentais representam um risco de má interpretação.

A neuroantropologia pode ajudar a colmatar essa lacuna, refletindo sobre a informação coletada no ambiente do paciente, o que é necessário para uma interpretação cuidadosa dos dados. O autor incentiva a utilização das experiências, a sensação, o significado e a percepção em consideração como uma relevante fonte de conhecimento, reunindo os diferentes mundos internos e externos de cada indivíduo envolvido e perceber a relevância, não apenas dos dados objetivos, mas também da experiência vivida.

Puggina e Silva (2015) ao comparar três grupos (um controle, um experimental mensagem e um experimental música) considerando todos os pacientes com DC, independente da etiologia da inconsciência, a música pareceu ser um estímulo mais intenso. Tanto a música quanto a mensagem provocaram tensão muscular nos pacientes com desordem de consciência ao invés de relaxamento; entretanto, especificamente nos pacientes sedados, a música proporcionou relaxamento e a mensagem produziu tensão.

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883883/884Santos, T. R. M. S.; Cavalcante, T. B.; Silva Junior, J. F.

Magee et al. (2016), em seu estudo de 36 meses, aplicou a metodologia avaliativa MATADOC (metodologia desenvolvida em 17 anos), seu objetivo é fornecer uma avaliação rigorosa e detalhada da capacidade de resposta auditiva em pacientes com DC. A música utilizada varia entre uma música desconhecida e uma música familiar por ter um significado pessoal para o paciente. Além da modalidade auditiva, o MATADOC também examina outros domínios comportamentais. Magee concluiu que o MATADOC oferece aos clínicos uma medida útil para documentar comportamentos de forma consistente. Segundo Magee et al. (2017), o MATADOC possui maior sensibilidade para avaliar a capacidade de resposta auditiva do que outras avaliações padronizadas, sugerindo que é útil para a avaliação interdisciplinar da consciência no DC para completar as medidas DC existentes.

5 Conclusão

A heterogeneidade muito alta dos estudos selecionados nesta revisão parece complicar a utilização imediata da terapia musical em determinados quadros patológicos, porém, como os distúrbios de consciência, destaca oportunidades de pesquisa.

O estudo conclui haver na literatura científica algumas evidências da eficiência e da eficácia da terapia musical no tratamento e avaliação de pessoas em coma, estados minimamente conscientes e estado vegetativo persistente, porém, são necessários mais estudos sobre níveis de intensidade aplicáveis da terapia musical e especificações do seu uso nos mais diversos contextos, a fim de subsidiar revisões sistemáticas para construção de protocolos e instrumentação para uso nos hospitais.

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Contribuição dos Autores Thanires Rafaele Menezes Soares dos Santos, Tamires Barradas Cavalcante e João Ferreira Silva Junior contribuíram igualmente na concepção do texto. Todos os autores aprovaram a versão final do texto.