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UIVERSIDADE CADIDO MEDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SESU” PROJETO A VEZ DO MESTRE SUPERVISÃO EDUCACIONAL UMA PROPOSTA PROFISSIONAL DEMOCRÁTICA E INOVADORA Por: Maria de Lourdes Telles Cardoso da silva Orientadora Professora Maria Esther de Araujo Rio de Janeiro 2009 UIVERSIDADE CADIDO MEDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SESU”

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U�IVERSIDADE CA�DIDO ME�DES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SE�SU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

SUPERVISÃO EDUCACIONAL UMA PROPOSTA PROFISSIONAL DEMOCRÁTICA E INOVADORA

Por: Maria de Lourdes Telles Cardoso da silva

Orientadora Professora Maria Esther de Araujo

Rio de Janeiro

2009

U�IVERSIDADE CA�DIDO ME�DES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SE�SU”

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PROJETO A VEZ DO MESTRE

SUPERVISÃO EDUCACIO�AL UMA PROPOSTA PROFISSIO�AL DEMOCRÁTICA E I�OVADORA

Monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes, como requisito parcial para obtenção do Título de Pós-graduação sob a orientação da Professora Maria Esther de Araújo. Por: Maria de Lourdes Telles Cardoso da silva

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AGRADECIMENTOS

Aos meus professores em especial à minha

orientadora com minha sincera admiração,

pelo comprometimento e conhecimento

compartilhado para a realização desse

trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha querida família, a minha mãe, ao meu pai e a todos aqueles que de alguma forma me deram forças para que a conclusão deste fosse possível.

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Epígrafe

“Como princípio, o espaço escolar caracteriza-se como um espaço de diversidade. O caráter universal do ensino fundamental, definido em lei, torna a escola um ponto de convergência de diversos meios sociais, traz para o seu seio os mais variados valores expressos na diversidade de atitudes e comportamentos das pessoas que a integram. Como instituição permanente, defronta-se com o desafio da constante mudança em seu interior. Coloca-se para a escola a questão de como enfrentar o conflito entre suas normas e regras e aqueles valores que cada um de seus membros traz consigo. Tal conflito traduz-se freqüentemente em problemas que, se não são novos, têm se tornado cada vez mais relevantes no espaço escolar, como, por exemplo, a indisciplina e a violência, portanto, a necessidade de problematizá-las na perspectiva de uma formação moral..” (PCNs, 1997).

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RESUMO

A presente monografia pretende desenvolver de forma abrangente a importância do supervisor

educacional, que é um profissional que procura direcionar o trabalho pedagógico na escola em

que atua para que se efetive a qualidade em todo o processo educacional. Enfatizar-se-á que o

Supervisor representa um profissional importante para o bom desempenho da educação

escolar, o qual deve opinar, expor seu modo de pensar e procurar direcionar o trabalho

pedagógico para que se efetive a qualidade na educação. O objetivo é apresentar uma proposta

profissional democrática e inovadora no âmbito da Supervisão Educacional, com a qual se

busca a transformação democrática, com direitos e deveres, que envolva todos os segmentos

da comunidade escolar.

Palavras-chaves: Supervisão Escolar, Professores, Processo Educacional, Educação

Libertadora.

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METODOLOGIA

A análise dos dados e a base teórica deste trabalho acadêmico apóiam-se em pesquisa

bibliográfica, serão tratados como objetos de estudo, recentes artigos, revistas científicas,

livros textos, artigos de Internet e folders especializados. Buscados em diversos autores, a

exemplo de Aguiar, Ferreira, Freire, Guedes, Bastos, Hoffmann, entre outros

Dado a relevância e extensão do assunto, a exposição de alguns tópicos será sucinta,

apenas com o intuito de dar compreensão ao tema proposto.

No trabalho discorreu-se brevemente sobre a Importância do Supervisor educacional,

Partindo desse conhecimento iniciou-se o texto sobre supervisão com os títulos: Origens da

supervisão educacional no contexto histórico brasileiro ; O processo histórico em que surgiu a

Supervisão Escolar; Processos de gestão escolar, enfatizando a supervisão escolar; Princípios

e métodos de supervisão educacional; Supervisão de sistemas escolares; Mudanças sob o

olhar de uma educação libertadora ; Impactos da atuação do profissional Supervisor na

educação e Medidas a serem tomadas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I. ORIGENS DA SUPERVISÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO

HISTÓRICO BRASILEIRO 12

1.1 O processo histórico em que surgiu a Supervisão Escolar 14

1.2 Tendências pedagógicas na educação brasileira 15

CAPÍTULO II.PROCESSOS DE GESTÃO ESCOLAR, ENFATIZANDO A SUPERVISÃO

ESCOLAR 19

2.1 Princípios e métodos de supervisão educacional 19

2.2 Supervisão de sistemas escolares 20

2.2 Formação de professores e a atuação do Supervisor neste processo 21

CAPÍTULO III.MUDANÇAS SOB O OLHAR DE UMA EDUCAÇÃO LIBERTADORA 25

3.1 Supervisor escolar e o projeto político pedagógico escolar 26

2.2 Medidas a serem tomadas 28

CONCLUSÃO 31

REREFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 33

FOLHA DE AVALIAÇÃO 36

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I�TRODUÇÃO

Propõe-se nesta monografia analisar a importância do Supervisor Educacional.

Enfatizar-se-á que este profissional representa um papel importante para o bom desempenho

da educação escolar, o qual deve opinar, expor seu modo de pensar e procurar direcionar o

trabalho pedagógico para que se efetive a qualidade na educação. Esta questão surgiu em

função da vivência da pesquisadora, como pedagoga em uma escola particular dos Ensinos

Fundamental e Médio no município do Rio de Janeiro e atualmente acumulando a função de

Coordenadora Educacional.

Nesta perspectiva está a gestão democrática determinada pela Constituição Federal de

1988 e consubstanciada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 (LDB).

A função de supervisor está incisa no art. 64 - “A formação de profissionais de educação para

administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação

básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós- graduação á

critério da instituição de ensino, garantida nesta formação, a base comum nacional.”

De acordo com Rosa e Abreu (2001,p.44), “a supervisão educacional como profissão tem

como objeto de trabalho o processo educativo”. Assim,o projeto de Lei No 4412 de 2001,

regulamenta o exercício da profissão de Supervisor Educacional, em seu Art. 2º.

O Supervisor Educacional tem como objetivo de trabalho articular críticar e construtivamente o processo educacional, motivando a discussão coletiva da comunidade Escolar, acerca da inovação da prática educativa, a fim de garantir o ingresso, a permanência e o sucesso dos alunos, através de currículos que atendam às reais necessidades da clientela Escolar, atuando no âmbito dos sistemas educacionais federal, estadual e municipal, em seus diferentes níveis e modalidades de ensino e em instituições públicas ou privadas (ROSA; ABREU, 2001, p. 44).

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Para Ferreira, (2006.p.43), o supervisor precisa ser um constante pesquisador, para tal

é preciso que ele antecipe conhecimentos para o grupo de professores, lendo muito, não só

sobre conteúdos específicos, mas também livros e diferentes jornais e revistas. Entre as tarefas

do supervisor estão ajudar a elaborar e aplicar o projeto da escola, dar orientação em questões

pedagógicas e principalmente, atuar na formação continua dos professores.

De acordo com Penin & Vieira (2002,p.10), existe a necessidade de a escola repensar

profundamente sua organização, sua gestão, sua maneira de definir os tempos, os espaços, os

meios e as formas de ensinar ou seja, o seu jeito de fazer escola!. Está na hora de jogar fora

as roupas velhas e tornar a vestir a escola, a partir da essência sua função social que

permanece: ensinar bem e preparar os indivíduos para exercer a cidadania e o trabalho no

contexto de uma sociedade complexa, enquanto se realizam como pessoas.

Para que haja uma educação de qualidade é preciso que a Supervisão Educacional e a

equipe diretiva estejam unidas, que seja desenvolvidos um trabalho conjunto, imbuídos da

intenção pedagógico-administrativa.

É sabido que a construção do Projeto Político-Pedagógico exige bastante

envolvimento dos seus participantes, e é necessária a articulação dos diferentes segmentos que

compõem a comunidade escolar, dentre eles a do Supervisor escolar para que o projeto

coletivo saia do plano do ideal e passe a tornar-se real.

Com base nestes pressupostos, pretende-se nesta monografia buscar resposta para o

seguinte tema: Supervisão educacional uma proposta profissional democrática e inovadora.

Os objetivo gerais desse trabalho pretendem enfatizar a função do supervisor no

contexto social, político e econômico da Educação e Implementar uma educação de qualidade

no contexto educacional brasileiro na atualidade. Os objetivos específicos pretendem enfatizar

que supervisor escolar pode contribuir decisivamente para o reconhecimento de seu papel de

articulador do projeto pedagógico em conjunto com todos da comunidade escolar (

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professores, alunos, diretores, pais, etc. ) , refletindo, analisando, tendo uma visão crítica tanto

da comunidade escolar , como da sociedade, buscando a elaboração de uma nova visão de

mundo.

Assim, esta monografia apresenta-se estruturada em Três capítulos, além da

Introdução da Conclusão e das referências bibliográficas, que inserem os principais enfoques

do mesmo:

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CAPÍTULO I

ORIGE�S DA SUPERVISÃO EDUCACIO�AL �O CO�TEXTO HISTÓRICO

BRASILEIRO

A palavra Supervisão é formada pelos vocábulos “super” (sobre) e “visão” (ação de ver),

o que indica a “atitude de ver com mais clareza uma ação qualquer” (Andrade, 1979.p.67).

Para Alves (1985,p.23), a Supervisão Educacional é vista como “um processo dinâmico

que garante parâmetros para a relação ensino-aprendizagem que se realiza na escola”. A

autora atribui ao Supervisor Educacional uma ênfase quanto à liderança, à avaliação e à retro-

informação que devem permear seu trabalho, de forma integrada dentro do contexto escolar.

A profissionalização do Supervisor Educacional partiu de diferentes segmentos da área

educacional. De acordo com Aguiar (1997,p.19), quando o curso de pedagogia foi criado no

Brasil, pelo Decreto-lei no 1190 de 1939, visava à dupla função de formar bacharéis e

licenciados para várias áreas pedgógicas. Formava-se então o bacharel nos primeiros três anos

do curso e, posteriormente, após concluído o curso de didática, conferia-se-lhe o diploma de

licenciado no grupo de disciplinas que compunham o curso de bacharelado.

Segundo ainda Aguiar (1997,p.12), no ano de 1969, através da lei no 5540/68, o

currículo então foi reorganizado, sendo abolida a distinção entre bacharelado e licenciatura, e

criadas as "habilitações". Assim, o curso de pedagogia passou então a ser predominantemente

formador dos denominados "especialistas" em educação (supervisor escolar, orientador

educacional, administrador escolar, inspetor escolar, etc.), continuando a ofertar, no entanto

na forma de habilitação, a licenciatura "Ensino das disciplinas e atividades práticas dos cursos

normais", com possibilidade ainda de uma formação alternativa para a docência nos primeiros

anos do ensino fundamental. Neste contexto, encontra-se o Supervisor Educacional.

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De acordo com o Parecer CFE no 252/69, que foi incorporado à Resolução CFE

no 2/69, que fixou os mínimos de conteúdo e duração a serem observados na organização

do curso de pedagogia, até hoje em vigor, baseou-se na concepção de que as diferentes

habilitações deveriam ter uma base comum de estudos, constituída por matérias consideradas

básicas à formação de qualquer profissional na área, e uma parte diversificada, para atender às

habilitações específicas. A base comum foi composta pelas seguintes disciplinas: sociologia

geral, sociologia da educação, psicologia da educação, história da educação, filosofia da

educação e didática.

Para uma visão mais clara da parte diversificada estabelecida pelo Parecer,

demonstrar-se-á num quadro as categorias de habilitação e suas respectivas disciplinas.

HABILITAÇÃO DISCIPLI�AS • Ensino das Disciplinas e

Atividades Práticas dos Cursos Normais

• Estrutura e Funcionamento do Ensino de 1º Grau • Metodologia do Ensino de 1º Grau • Prática de Ensino na Escola de 1º Grau (Estágio)

• Orientação Educacional • Estrutura e Funcionamento do Ensino de 1º Grau • Estrutura e Funcionamento do Ensino de 2º Grau • Princípios e Métodos de Orientação Educacional • Medidas Educacionais

HABILITAÇÃO DISCIPLI�AS • Supervisão Escolar – Plena • Estrutura e Funcionamento do Ensino de 1º Grau

• Estrutura e Funcionamento do Ensino de 2º Grau • Princípios e Métodos de Supervisão Escolar • Currículos e Programas

• Supervisão Escolar – Curta • Estrutura e Funcionamento do Ensino de 1º Grau • Supervisão Escolar da Escola de 1º Grau • Currículos e Programas

• Administração Escolar – Plena

• Estrutura e Funcionamento do Ensino de 1º Grau • Estrutura e Funcionamento do Ensino de 2º Grau • Princípios e Métodos de Administração Escolar • Estatística Aplicada à Educação

• Administração Escolar – Curta • Estrutura e Funcionamento do Ensino de 1º Grau • Administração Escolar da Escola de 1º Grau • Estatística Aplicada à Educação

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• Inspeção Escolar – Plena • Estrutura e Funcionamento do Ensino de 1º Grau • Estrutura e Funcionamento do Ensino de 2º Grau • Princípios e Métodos de Inspeção Escolar • Legislação do Ensino

• Inspeção Escolar – Curta • Estrutura e Funcionamento do Ensino de 1º Grau • Inspeção Escolar da Escola de 1º Grau • Legislação do Ensino

FONTE: SILVA (1999,p.47).

1.1 o processo histórico em que surgiu a Supervisão Escolar

Alves (1985,p.32), afirma que foi na década de 1920 que surgiram os "profissionais

da educação"como uma nova categoria profissional, impulsionados pela criação da

Associação Brasileira de Educação, em 1924. Nesse período começou a se reservar a órgãos

específicos, o tratamento técnico dos assuntos profissionais, que ficava, até então, sob

responsabilidade do Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Na reforma de 1928,

Pernambuco foi o primeiro estado a tratar a parte técnica e administrativa da educação de

forma separada, surgindo assim a figura do supervisor como distinta da do diretor e do

inspetor.

Conforme Vasconcellos (2007,p.15). a introdução da supervisão educacional no Brasil

aconteceu num contexto de ditadura e tinha uma função tecnicista e controladora. O modelo

de supervisão que mais influenciou o nosso foi o dos Estados Unidos, que surgiu durante o

governo de Juscelino Kubitscheck, no bojo de nosso processo de industrialização. Nesse

período foi firmado um convênio do MEC, com o referido país, onde foi criado o Plano de

Assistência Brasileira-Americana no Ensino Elementar (PABAEE, 1957-1964,p.04). Esse

plano previa que professores brasileiros fossem aos Estados Unidos para se especializarem em

supervisão e depois montarem cursos dessa especialidade do Brasil.

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1.2 Tendências pedagógicas na educação brasileira

Segundo Freire (1998,p.23), só aprende aquele que se apropria do aprendido

transformando-o em apreendido, com o que pode por isso mesmo, reinventá-lo; aquele que é

capaz de aplicar o aprendido-apreendido a situações existentes concretas.

Observando a história da educação no Brasil surge a classificação das correntes

pedagógicas propostas por Franco (2003.p.37-38), a seguir:

Tendências Idealistas-Liberais: Pedagogia Tradicional: O papel da escola é para o

preparo intelectual, Iniciou-se no século XIX e domina grande parte do século XX, sendo

ainda hoje utilizada. Inclui tendências e manifestações diversas.

Pedagogia Renovada: É a chamada Pedagogia Nova, conhecida como movimento do

Escolanovismo ou Escola Nova, origina-se na Europa e Estados Unidos, no final do século

XIX, influenciando o Brasil por volta dos anos 1930.

Pedagogia Tecnicista: Determinada pela crescente industrialização, quando a Pedagogia do

Escolanovismo não responde às questões referentes ao preparo de profissionais. Desenvolveu-

se na Segunda metade do século XX nos Estados Unidos e no Brasil de 1960 a 1979.

Tendências Realistas-Progressistas: Pedagogia Libertadora: Parte de uma análise crítica das

realidades sociais, sustentando as finalidades sócio-políticas da educação. Iniciou-se nos anos

1960.

Pedagogia Libertária: Procura a independência teórica-metodológica. Dá maior ênfase às

experiências se autogestão, à prática da não diretividade e à autonomia. Constitui-se em mais

um instrumento de luta do professorado, ao lado de outras práticas sociais, pois não tem como

institucionalizar-se na sociedade capitalista.

Pedagogia Histórico-Crítica: Surge no fim dos anos 1970, em contraposição à escola que

reproduz o sistema e as desigualdades sociais. Dê ênfase às relações interpessoais e ao

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crescimento que delas resulta, centrado no desenvolvimento da personalidade do indivíduo,

em seus processos de construção e organização pessoal da realidade e em sua capacidade de

atuar como uma pessoa integrada.

Saviani (1985,p.18), classificou as tendências pedagógicas, em liberais e

progressistas, a saber: A - Pedagogia Liberal (Tradicional, Renovada progressista, Renovada

não-diretiva, Tecnicista); B - Pedagogia progressista (Libertadora, Libertária, Crítico-social

dos conteúdos).

De acordo com Gadotti (2003, p. 8-10), há sempre uma teoria da pesquisa que

condiciona o método e os próprios resultados. Daí que o aparecimento de novas sínteses é

sempre saudável. Assim como a História, o pensamento também é lido em função do presente

de quem o lê. Entre essas sínteses temos estudado algumas, que apresento ao leitor na ordem

cronológica em que aparecem. Para explicar as tendências pedagógicas Gaddotti apresenta

e explica o pensamento pedagógico de outros autores.

Gaddotti (2003, p. 9-10), diz que na Educação, Pedro Benjamim Garcia apresenta o

pensamento pedagógico sob dois enfoques teóricos antagônicos: a teoria da modernização e a

teoria da dependência. [...]

Gadotti (2003, p. 9-10), segue com umas das sínteses mais conhecidas que segundo o

autor é a de de Dermeval Saviani, quando esboça a presença, na história da educação

brasileira, de quatro grandes tendências (identificadas como “concepções”): o “humanismo

tradicional” marcado por uma visão essencialista do homem; o “humanismo moderno”, com

uma visão de homem centrada na existência, na vida, na atividade; a concepção “analítica”,

sem definição filosófica clara (de início, positivista, e, mais tarde, tecnicista); e a concepção

“dialética”, marcada por uma visão concreta (histórica) do homem. [...].

O autor explica que, José Carlos Libâneo classifica as “tendências pedagógicas da

prática Escolar” em “liberais” e “progressistas”. E que tais tendências aproximam-se muito do

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quadro teórico de Saviani Entre as primeiras, inclui a tendência “tradicional”, a “renovada

progressivista”, a “renovada não-diretiva” e a “tecnicista”. No segundo grupo, inclui a

tendência “libertadora”, a tendência “libertária” e a tendência “crítico-social dos conteúdos”.

[...]. (GADOTTI 2003, p. 9-10).

Numa outra perspectiva teórica, Beno Sander procura mostrar, na educação brasileira

contemporânea, a existência de duas grandes “perspectivas analíticas” opostas, na pedagogia e

na administração da educação: a “pedagogia do consenso” e a “pedagogia do conflito”. [...]

Os temas dessas pedagogias são: a ordem, o equilíbrio, o controle, a harmonia, o progresso

como ideal da sociedade a ser atingido por todas as sociedades. [...],(GADOTTI 2003, p. 9-

11).

Gadotti (2003, p. 9-11), diz ainda que um quinto autor precisa ser destacado, embora

seu trabalho na esteja ainda publicado. Analisando apenas o que chama de “pensamento

crítico”, Sá identifica quatro tendências: a “concepção reprodutivista”, a “pesquisa

participante’, a “alternativa crítica” e a tendência “revolucionária”.

As três primeiras, para Gadotti (2003, p. 8-10), procuram mudanças “dentro da ordem”

capitalista, não conseguindo captar dialeticamente o fenômeno educativo. Só a última

buscaria mudanças ‘contra a ordem”, combinando “ação legal e ação clandestina”. [...] O

leitor terá notado como essas diversas sínteses se entrecortam. É preciso reconhecer que entre

elas existe todo um esforço de compreensão histórica do pensamento pedagógico que só foi

possível hoje pelo enorme desenvolvimento de estudos e pesquisas dos últimos anos.

Assim fica claro que as medidas de Ensino adotadas ao longo dos anos pela Educação

brasileira Indicam fatores que ora privilegiam o papel do professor, ora privilegiam o papel

do aluno e ora privilegiam a técnica. Neste contexto, encontra-se o Supervisor Educacional.

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CAPÍTULO II

PROCESSOS DE GESTÃO ESCOLAR, E�FATIZA�DO A SUPERVISÃO ESCOLAR

O Supervisor Educacional é responsável pela articulação da prática pedagógica, ele

deve buscar a construção do planejamento curricular, tem a função de coordenar o processo

pedagógico da escola, e adequá-lo a aprendizagem às exigências da sociedade.

O Perfil do Supervisor de Ensino é o de ser, Propositor e executor. Ao partícipar de políticas educacionais é, ao mesmo tempo, elemento de articulação e de mediação entre essas políticas e as propostas pedagógicas desenvolvidas em cada uma das escolas das redes pública e privada, exercendo, no sistema de ensino, as funções de: Assessorar, acompanhar, orientar, avaliar e controlar os processos educacionais implementados nos diferentes níveis desse sistema; retro-informar aos órgãos centrais as condições de funcionamento e demandas das escolas, bem como os efeitos da implantação das políticas. Fonte: Comunicado SEE de 30/07/2002.

2.1 Principios e métodos de supervisão educacional

Como agente de supervisão, é co-responsável pela qualidade do ensino oferecido pelas escolas resultante da

implementação das políticas educacionais centrais, regionais e locais, devendo: identificar os pontos possíveis de aperfeiçoamento

ou de revisão encontrados nos processos de formulação e ou execução das diretrizes e procedimentos decorrentes dessas políticas;

avaliar os impactos dos programas e das medidas implementadas; propor alternativas de melhoria, superação ou correção dos

desajustes detectados às respectivas instâncias; buscar, em conjunto com as equipes escolares, soluções e formas adequadas ao

aprimoramento do trabalho pedagógico e à consolidação da identidade da escola. Fonte: Comunicado SEE de 30/07/2002.

Para Franco (2003.P.34), o Supervisor Escolar é, aquele que sabe ver além das

evidências do cotidiano, colocando-se em diferentes ângulos para ver várias e muitas faces da

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realidade da Educação, procurando estudá-las, confrontá-las e aprofundá-las pelo estudo, pelo

diálogo, num processo de ação-reflexão que alimenta continuamente a caminhada de toda a

comunidade educativa, em vista da construção de pessoas-sujeitos da própria história.

2.2 Supervisão de sistemas escolares

A Supervisão em nível de Sistema é “Função de Estado”, exercida no âmbito do sistema

de ensino e tendo como campo de atuação a educação escolar, nas redes pública e privada,

nos níveis de Educação Básica e Educação Profissional, sob as formas presencial e a

distância, incluindo as modalidades de Educação Especial, Educação de Jovens e Adultos e

Educação Indígena.

Para Medina (2002.P.5) a habilitação de profissionais Supervisores, passa por cinco

momentos pela qual a ação supervisora adotou diferentes enfoques e concepções:

1o) Ação Supervisora voltada para o ensino primário – no primeiro momento de sua história,

a Supervisão Escolar ocupava-se unicamente do ensino primário. Tinha competências de

inspeção, encarregada de fiscalizar o prédio Escolar, a freqüência de alunos e professores.

2o) Ação Supervisora com referências da primeira fase da Revolução Industrial, emerge com

o crescimento da população, indicando a necessidade de mais professores. A Escola passa a

ser uma instituição complexa e hierarquizada, assemelhando-se pouco a pouco, às empresas.

Conseqüentemente, a Supervisão realizada no trabalho da Indústria e do Comércio estendeu-

se para outros segmentos da sociedade, chegando assim ao âmbito da educação Escolar.

3o) Ação Supervisora como forma de treinamento e orientação – neste momento, a

Supervisão é influenciada pelas teorias administrativas e organizacionais que assinalam uma

etapa importante na história da Supervisão Escolar no Brasil. Baseada em novas orientações,

surgem muitas literaturas sobre Supervisão, que ainda hoje são proclamadas pelos

supervisores quando se referem ao desenvolvimento de sua ação. O supervisor não perde o

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vínculo com o poder administrativo da Escola. Agora, além de assegurar o sucesso das

atividades docentes de seus colegas professores regentes de classe – pois o Supervisor

geralmente era um professor que se habilitara para a função supervisora – deve também

controlá-los, administrativa e pedagogicamente.

4o) Ação Supervisora questionadora das últimas décadas – este momento coincide com o final

da década de 70 e início da década de 80, que é quando começam a surgir questionamentos

acerca da Escola, da Educação, do Ensino e, conseqüentemente, da validade da Supervisão

Escolar. O Supervisor, não conseguindo reagir ao conflito, devido ao fato de estar acostumado

ao pensamento linear e doutrinário, justifica sua permanência na Escola refugiando-se em

atividades burocráticas.

5o) Ação Supervisora repensada – momento final da década de 80 e início dos anos 90,

quando os autores enfatizam a Escola como local de trabalho, onde o sucesso do aluno não

depende exclusivamente do conhecimento de conteúdos, métodos e técnicas. A Escola passa a

ser o local onde todos aprendem e ensinam, cada um ocupando o seu lugar e onde o

Supervisor tem uma contribuição específica e importante a dar no processo de “ensinar e

aprender”. (MEDINA, 2002 p.5) .

2.3 Formação de professores e a atuação do Supervisor neste processo

Aguiar (1997,p.13) descreve como o início da carreira docente é difícil. Coloca que é

necessário,então, incluir formas de apoio e orientação aos professores iniciantes, no sentido de

facilitar-lhe seu início de carreira; prepara-los para que possam responder aos desafios do

trabalho docente na Escola; e, dotá-los de meios que lhes permitam escolher os

conhecimentos essenciais perante a massa informativa disponível. Sendo este o papel do

Supervisor Escolar. O Supervisor Escolar acompanha o jovem professor num processo de

formação continuada,proporcionando momentos de reflexões e compartilhamento de idéias,

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crenças, inseguranças; buscando diminuir tensões, medos e angústias. É o momento de

intervenção junto ao jovem professor, fazendo com que este aprofunde seus conhecimentos

teóricos e práticos. Será necessário criar soluções para os cotidianos da Escola e dos

professores a partir de cada realidade.

O supervisor atuará no processo de formação continuada dos professores em certos

momentos de toda a equipe escolar. Segundo o PNE (Plano Nacional de Educação), a

qualificação do pessoal docente se apresenta como um dos maiores desafios educacionais. A

melhoria da qualidade do ensino, indispensável para assegurar á população brasileira o acesso

pleno á cidadania e a inserção nas atividades produtivas que permita elevação constante do

nível de vida, constitui um compromisso da Nação. Este compromisso, entretanto, não poderá

ser cumprido sem a valorização do magistério, uma vez que os docentes exercem um papel

decisivo no processo educativo.

Ainda de acordo com o PNE (Plano Nacional de Educação), uma formação

profissional deve assegurar o desenvolvimento da pessoa do educador enquanto cidadão e

profissional, o domínio dos conhecimentos objeto de trabalho com os alunos e dos métodos

pedagógicos que promovam a aprendizagem;

Um sistema de educação continuada deve permitir ao professor um crescimento constante de

seu domínio sobre a cultura letrada dentro de uma visão ou ótica e da perspectiva de um novo

humanismo; A formação continuada assume particular importância, em decorrência do

avanço cientifico e tecnológico e de exigência de um nível de conhecimentos sempre mias

amplos e profundos na sociedade moderna. Ela é parte essencial da estratégia de melhoria

permanente da qualidade da educação, e visará á abertura de novos horizontes na atuação

profissional. Essa atuação terá como finalidade a reflexão sobre a pratica educacional e a

busca de seu aperfeiçoamento técnico, ético e político. A educação escolar não se reduz a sala

de aula e se viabiliza pela ação articulada entre todos os agentes educativos - docentes,

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técnicos, funcionários administrativos e de apoio que atuam na escola.

A Supervisão centrada na formação dos professores indica um redirecionamento do

trabalho dos agentes, voltando à atenção para problemas ocorridos na sala de aula, com os

professores e outras questões mais amplas inter e extra - escolares, tomando consciências das

mudanças sociais e educacionais. Os supervisores precisam ser bem preparados, atualizados,

dinâmicos e preocupados com o destino dos alunos e com as responsabilidades da escola para

com a comunidade. “Encarando-se a supervisão como um trabalho de assessoramento dos

professores e á equipe escolar, tendo em vista o desenvolvimento de um projeto coletivo que

propõe mudanças não só nas praticas usuais, mas também nas concepções que as embasa, esse

trabalho terá que ser encarado como uma interação entre iguais, onde não existem diferenças

de posições entre os membros do grupo, mas uma relação de colaboração. Esta parece ser a

única forma de alterar a pratica existente, garantindo avanços significativos no

desenvolvimento dos professores.” (AGUIAR,1997.p.83).

Aguiar (1997.p.17) diz que o Supervisor Escolar é, assim, aquela pessoa que sabe ver

além das evidências do cotidiano, colocando-se em diferentes ângulos para ver várias e muitas

faces da realidade da Educação, procurando estudá-las, confrontá-las e aprofundá-las pelo

estudo, pelo diálogo, num processo de ação-reflexão que alimenta continuamente a caminhada

de toda a comunidade educativa, em vista da construção de pessoas-sujeitos da própria

história.

A formação inicial de professores deve ser organizada de modo que os futuros

professores possam ir adquirindo as competências necessárias ao bom desempenho

profissional. Assim, a formação de professores não deve consistir em um treinamento de

técnicas e métodos, e sim, na ajudar aos futuros professores no seu desenvolvimento e

autonomia profissional.

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CAPÍTULO III

MUDA�ÇAS SOB O OLHAR DE UMA EDUCAÇÃO LIBERTADORA

Segundo Santos e Haerter (2004,p.19), existe a

necessidade de ser empreendidas tentativas de rompimento com verdadeiros "receituários"

que todos nós profissionais de educação em especial o da supervisão educacional tínhamos

no sentido de "educar é assim", "conhecimento é isso", "é preciso cumprir o programa de

conteúdos", o que não nos causa estranhamento, uma vez que somos frutos de uma maneira

bastante específica de ser, pensar, sentir e agir no mundo, identificada com a concepção

cartesiana de conhecimento, que orientou e ainda orienta os conceitos e práticas relacionados

à gestão e ao ensino na educação. O Supervisor Escolar tem a possibilidade de transformar a

escola no exercício de uma função realmente comprometida com uma proposta política.

De acordo com Ferreira (2006), o supervisor precisa ser um constante pesquisador, é

necessário que ele antecipe conhecimentos para o grupo de professores, lendo muito, não só

sobre conteúdos específicos, mas também livros e diferentes jornais e revistas. Entre as tarefas

do supervisor estão ajudar a elaborar e aplicar o projeto da escola, dar orientação em questões

pedagógicas e principalmente, atuar na formação continua dos professores. A compreensão e

a caracterização da função supervisora no contexto educacional brasileiro não ocorre de forma

independente ou neutra. Essa função decorre do sistema social, econômico e político e está

relacionada a todos dos determinantes que configuram a realidade brasileira ou por eles

condicio

Segundo Melchior (2001.p.70), Com a nova configuração do papel do supervisor, não

sendo ele apenas um técnico burocrático, mas um educador consciente, reflexivo e crítico que

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está à serviço da promoção do desenvolvimento humano e técnico daqueles que com ele

atuam, certamente é adepto do trabalho em equipe. Dessa forma, o Supervisor Escolar deve

articular todo o conjunto escolar (professores, alunos, pais, direção, comunidade educativa em

geral) e buscar um projeto único, uma carta de intenções onde a melhoria de ensino deve ser o

objetivo principal.

(...) não somos aquele supervisor da década de 70, controlador, que causa temor a todos os professores, com função mais burocrática que pedagógica, mas de um educador que é capaz de liderar um grupo, oportunizar aperfeiçoamento. (MELCHIOR, 2001, p.70).

Ação supervisora Dispõe sobre o Perfil do Supervisor de Ensino, Referenciais Teóricos e

no Estado de São Paulo de 30/07/2002

• a especificidade da função supervisora numa perspectiva histórica;

• a supervisão de ensino a serviço da garantia de educação escolar de qualidade como

direito de todos;

• a dimensão cooperativa e integradora do trabalho da supervisão nos espaços intra e

inter-escolares;

• a supervisão de ensino como mediadora da construção da identidade da escola e do

fortalecimento da autonomia escolar;

• a contribuição da supervisão para o desenvolvimento profissional dos educadores que

atuam na escola;

3.1 Supervisor escolar e o Projeto Político Pedagógico Escolar

Segundo Gadotti (1997,p.117), são necessários a princípio: discutir os fundamentos

para a construção do projeto político pedagógico numa perspectiva cidadã; conhecer as

dimensões e as culturas presentes no cotidiano escolar e aproveitar as diferentes contribuições

que os sujeitos envolvidos podem oferecer no trabalho pedagógico da escola”. O autor

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observa ainda que fazer um projeto significa lançar-se para a frente, antever o futuro. O

projeto é, pois, um planejamento em longo prazo, atividade racional, consciente e

sistematizada que as escolas realizam para traçarem a sua identidade como organização

educativa.

De acordo com Veiga (1997, p. 13), o Projeto Político Pedagógico Escolar busca um

rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso

definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto

político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses

reais e coletivos da população majoritária.

Ao regulamentar a gestão democrática, a Lei 9.394/96 estabelece os seguintes

princípios norteadores do ensino: a participação dos profissionais na elaboração do projeto

político pedagógico da escola; participação das comunidades escolar e local em conselhos

escolares. (Lei 9394/96, artigo 14, itens I e II)

O papel do Supervisor Escolar é de extrema importância na construção do projeto

político-pedagógico do educador para integrar a formação continuada no qual os saberes e

conhecimentos interagem para a melhoria do processo ensino-aprendizagem.

É o que nos diz a atual LDB, considerando suas contradições, o Projeto Político

Pedagógico está assegurado no título IV, nos seguintes artigos: Art. 12: Os estabelecimentos

de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino terão a incumbência

de:

I- elaborar e executar sua proposta pedagógica; (...)

VII- informar os pais e responsáveis sobre a freqüência e rendimento dos alunos, bem como

sobre as execuções de sua proposta pedagógica. Art. 13: Os docentes incumbir-se-ão de:

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I- participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;

II- elaborar e cumprir o plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento

de ensino. Art. 14: Os sistemas de ensino definirão as normas e a gestão democrática do

ensino público na educação básica, de acordo com suas peculiaridades e conforme os

seguintes princípios: I- participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto

pedagógico da escola.

Assim, o Supervisor educacional tem que está comprometido com uma educação

concebida insererida no debate da sociedade para poder refletir, adequadamente, sobre os

problemas específicos de cada região, enquanto conseqüência de um movimento social maior.

É necessário tratar da produção pedagógica como prática dos homens, em que o conteúdo

pedagógico é determinado pelo conteúdo social e vice-versa.

3.2 Medidas a serem tomadas

A principal medida a ser tomada para a melhoria na escola é incentivar a inter-relação

entre diretores, supervisores e professores ambos precisam trabalhar juntos em projetos

pedagógicos com os alunos. Os educadores têm a responsabilidade da compreensão do presente

e da preparação do futuro, a escola também precisa mudar para acompanhar as evoluções

reflexivas e tecnológicas.

A proposta educacional de uma escola que promova os fins da educação dentro de

seus princípios básicos está totalmente voltada para a inserção social da escola na comunidade

e da comunidade para a escola. Assim, a exigência de mudanças de atitudes do professor para

o desempenho satisfatório do papel do educador, em função das transformações que se

operam na sociedade advém da criação desses cursos, mediante as necessidades do momento.

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Enfim, terá de ser o instrumento do reconhecimento dos caminhos percorridos e da

identificação dos caminhos a serem perseguidos.

Kenski (2005,p.36), afirma que um dos grandes desafios para a ação da escola na

atualidade é viabilizar-se como espaço crítico em relação ao uso e à apropriação das

tecnologias de comunicação e informação. A autora ressalta ainda que desenvolver a

consciência crítica e fortalecer a identidade das pessoas e dos grupos são desafios atuais a

serem enfrentados pelos educadores.

Segundo Nogueira, (2004 ps.19-42) o Supervisor ao se posicionar por ser agente de

transformação da realidade social vigente, por uma nova política nacional de supervisão

educacional e pelo comprometimento com a concepção de educação e de escola que atenda

aos anseios da sociedade brasileira numa perspectiva democrática e democratizadora,

proclama que o supervisor educacional não quer nem aceita ser o elemento executor e

reforçador do sistema instituído, apesar de reconhecer que continua sendo mesmo contra sua

vontade. Será no interior de uma escola democrática, destinada á formação das

potencialidades dos indivíduos onde a supervisão poderá tornar-se uma ação coletiva dos

agentes educativos apropriadores do mundo objetivo, autônomos e conscientes.

O supervisor tem a importante função de articular, juntamente com o Diretor, a

construção, o desenvolvimento e a avaliação da proposta pedagógica ou do projeto

pedagógico da escola. Sendo um profissional da educação voltado para as necessidades

educacionais e sociais dos alunos, cabe-lhe analisar com o grupo de professores formas de

organização do trabalho pedagógico que garantam a aprendizagem de todos,

indiscriminadamente.

Assim Redin (1999,p.07) justifica “Porque escola grande se faz com grandes cabeças,

mas também com grandes corações, com muitos braços, que se estendem em abraços que

animam caminhadas para grandes horizontes”

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Dessa forma, a supervisão escolar é um processo abrangente e agregado no

trabalho escolar. Sobre essa afirmação pode dizer que é uma tarefa técnico-científica. Como

técnica ela é a maneira definida de exercer determinada função integrante de um sistema no

caso o educacional.

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CO�CLUSÃO

Mediante o exposto, percebeu que supervisão escolar, num primeiro momento, era

entendida como inspeção no sentido de fiscalização, relacionando-se mais aos aspectos

administrativos, como por exemplo condições do prédio escolar, freqüência dos alunos e dos

professores. Doravante a supervisão ficou sendo entendida como orientação imposta aos

professores para que se tornassem mais eficientes no exercício da profissão. Depois a supervisão

começou a ser entendida como guia, de acordo com as necessidades das pessoas implicadas.

Atualmente a Supervisão Educacional busca ressignificar sua ação e empreender de

forma mais moderna, em um agir coletivo com o professor, para que haja a melhoria da

qualidade de Ensino ao aluno e uma Escola atualizada aos novos tempos e as novas

tecnologias. Compreendendo o movimento que envolve as relações entre o professor, aluno e

o próprio Supervisor, de forma simultânea.

As novidades provenientes da nova legislação exigem que se analise a administração

escolar e a Supervisão Educacional na atualidade. À Supervisão não cabe mais o papel de

controle, fiscalização e sim o de articuladora de uma relação dialética entre escola e

sociedade. Quanto à administração, o ideal seria que todas as escolas conseguissem

desenvolver um projeto de administração participativa, onde todos os segmentos da escola

interagem e definem os rumos do processo educativo.

O papel do Supervisor Educacional é o de organizar e instituir um ambiente que seja

atualizado e propício à educação, suas ações tanto administrativas quanto pedagógicas

refletirão diretamente no aluno e no professor, peças-chave do processo educativo. Instruindo

o aluno a reflexão de verdadeiras construções de aprendizagem, transformando-o em novo

ser: capaz, ativo, criativo, crítico, participativo, um verdadeiro cidadão.

Entende-se, entretanto, que o desejo de mudança da prática pedagógica se amplia

quando o profissional desta área possui uma boa formação. Assim os supervisores escolares

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precisam ser muito bem formados para o desenvolvimento de projetos educacionais de acordo

com os novos paradigmas e teorias educacionais que levem a escola eos educandos a alcançar

os índices de qualidade almejados.

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

�ome da Instituição: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

Título da Monografia: SUPERVISÃO EDUCACIONAL UMA PROPOSTA

PROFISSIONAL DEMOCRÁTICA E INOVADORA

Autor: Maria de Lourdes Telles Cardoso da silva

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: