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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Fisioterapia Hospitalar Caroline Gomes de Oliveira Ribeiro Geislley Paiva Lima Izilda Costa Rodrigues Bittencourt UM ESTUDO DE CASO SOBRE AS COMPLICAÇÕES NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA LINS – SP 2008

UM ESTUDO DE CASO SOBRE AS COMPLICAÇÕES … · OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA Monografia apresentada á Banca ... parte do grupo de risco associados à idade avançada, tabagismo,

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Fisioterapia Hospitalar

Caroline Gomes de Oliveira Ribeiro

Geislley Paiva Lima

Izilda Costa Rodrigues Bittencourt

UM ESTUDO DE CASO SOBRE AS

COMPLICAÇÕES NO PÓS-OPERATÓRIO DE

CIRURGIA CARDÍACA

LINS – SP

2008

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CAROLINE GOMES DE OLIVEIRA RIBEIRO

GEISLLEY PAIVA LIMA

IZILDA COSTA RIBEIRO BITTENCOURT

UM ESTUDO DE CASO SOBRE AS COMPLICAÇÕES NO PÓS-

OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA

Monografia apresentada á Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Fisioterapia Hospitalar sob orientação dos Professores M.Sc. Luis Ferreira Monteiro Neto e M. Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva.

LINS – SP

2008

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CAROLINE GOMES RIBEIRO DE OLIVEIRA

GEISLLEY PAIVA LIMA

IZILDA COSTA RODRIGUES BITTENCOURT

UM ESTUDO DE CASO SOBRE AS COMPLICAÇÕES NO PÓS-

OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de especialista em Fisioterapia Hospitalar.

Aprovada em: ______/______/______

Banca Examinadora:

Prof. Ms. Luis Ferreira Monteiro Neto

Mestre em Engenharia Biomédica pela UNIVAP

______________________________________________________________

Profª Ms. Heloisa Helena Rovery da Silva

Mestre em Administração pela CNEC/ FACECA – MG

_______________________________________________________________

LINS – SP

2008

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RESUMO

A cirurgia cardíaca pode ser considerada como um dos mais importantes avanços médicos do século XX. No período pós-operatório imediato desde o transporte do paciente do centro cirúrgico e sua instalação na UTI até pós extubação, várias complicações sérias podem ocorrer no setor pulmonar, pondo em risco a vida do paciente. O ato cirúrgico, anestesia e o uso de circulação extracorpórea (CEC), que se refere a um sistema artificial através do qual a circulação é transportada fora do organismo, temporariamente, total ou parcialmente, ocasionando alterações na fisiologia normal do organismo impõem sobrecargas ao organismo, onde os pacientes devem estar em bom estado clínico para suportar esse tipo de agressão. As complicações pulmonares pós-operatórias levam á mortalidade e morbidade. Alguns fatores que predispõe as complicações respiratórias podem ser evitados por técnicas adequadas orientados pela fisioterapia. As complicações pulmonares fazem parte do grupo de risco associados à idade avançada, tabagismo, desnutrição, doença pulmonar prévia, função pulmonar afetada que acometem a integridade do sistema respiratório comprometendo a mecânica e troca gasosa. Ocorrem também devido ao ato cirúrgico anomalias da condução cardíaca, mas muito mais preocupante é a fibrilação ventricular, na qual o sinal cardíaco circula, repetitivamente pelo músculo cardíaco, seguindo percurso cheio de desvios, de modo que o sinal nunca é interrompido, onde parte dos ventrículos permanecem contraídos durante todo o tempo, não existindo período de relaxamento onde os ventrículos podem se encher com sangue. A reabilitação do paciente cardíaco deve ser iniciada desde a admissão hospitalar até a alta. Sendo a reabilitação cardíaca a somatória das atividades necessárias para garantir aos pacientes portadores de cardiopatia as melhores condições física, mental e social. O objetivo do estudo realizado foi analisar as possíveis complicações decorrentes de uma cirurgia cardíaca. O papel do fisioterapeuta na reabilitação cardíaca é diminuir os efeitos da perda do condicionamento físico prejudicado pelo repouso no leito e intensificar o funcionamento cardiovascular, respiratório e músculoesquelético.

Palavras-chave: Anatomia do sistema cardíaco e respiratório. Complicações cardíacas e respiratórias no pós-operatório. Reabilitação cardíaca.

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ABSTRACT

The cardiac surgery can be considered as one of the most important medical advances of the twentieth century. In the post-operatory immediate period since the patient’s transportation to the surgery center and his installation in the UTI (intensive treatment unit) post–extubação, many serious complications can occur in the pulmonary sector, putting the patient into death risk. The sirurgical act, esthesia an the use of extracorporeal circulation, wich refers to an artificial system that transports the circulation out of the organism, temporarily, total or partially, causing changings in the normal physiology an imposing overburden to the organism. The patients should be with good health to endure this kind of aggression. The post-operatory pulmonary complications take to mortality and morbity. Some factors wich predispose to respiratory complications can be avoided by adequate tecnics oriented by the physiotherapy. The pulmonary complications take pait of the risk group associated to oldeness, smoking desnutriction, previous pulmonary desease, affected pulmonary function wich attacks the respiratory system integrity endangering the mechanic and atrial change. Due to the sirurgical act some cardiac conduction anomalies occur, but murch more important is the fibrillation ventricular, in wich the cardiac signal circulates repeatedly through the cardiac muscle, following a course full of deviation, as the signal is never interrupted, where part of the ventricular keeps contracted during all the time, not existing a relaxing period when the ventrículos can fill with blood. The reabilitation of the cardiac patient has to be inicialized since the hospital admittance untel the time to go home. So the cardiac reabilitation in the somatory of the necessary acturties ti guarantel the patients with the best physical condictionament, mental and social conditions. The objective of the study was to analyse the possible complications decurrent from a cardiac surgery. The duty of the physiotherapist in the cardiac reabilitation is to reduce the effects of the physical condictionament, loss, because of the bed repose an intensify the cardiovascular, respiration an muscle –eskeletic work. Keywords: Cardiac and respiratory system anatomy. Post-operatory cardiac and respiratory complication. Cardiac reabilitation.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Capacidade física funcional “New York Heart Association”..............43

Quadro 2: Capacidade física funcional “Canadian Cardiovascular Society”.....44

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10

CAPÍTULO I - ANATOMIA RESPIRATÓRIA E A FUNÇÃO PULMONAR...... 12

1 O SISTEMA RESPIRATÓRIO ......................................................... 12

1.1 Vias aéreas respiratórias ................................................................. 12

1.1.1 Narinas............................................................................................. 12

1.1.1.1 Cavidade nasal ................................................................................ 13

1.2 Coanas............................................................................................. 13

1.2.1 Complexo nasobucofaringolaríngeo................................................. 13

1.2.1.1 Laringe ............................................................................................ 14

1.2.1.1.1 Vias aéreas inferiores ..................................................................... 14

1.3 Traquéia........................................................................................... 14

1.3.1 Brônquios......................................................................................... 14

1.3.1.1 Bronquíolos...................................................................................... 15

1.3.1.1.1 Bronquíolos terminais ...................................................................... 15

1.4 Bronquíolos respiratórios ................................................................. 16

1.4.1 Alvéolos ........................................................................................... 16

1.4.1.1 Pulmões ........................................................................................... 16

1.4.1.1.1 Tórax................................................................................................ 17

1.5 Ventilação pulmonar ........................................................................ 17

1.5.1 Pressões e forças toracopulmonares............................................... 17

1.5.1.1 Complacência pulmonar................................................................... 18

CAPÍTULO II - O SISTEMA CIRCULATÓRIO................................................. 19

2 FUNÇÃO SANGUÍNEA ................................................................... 19

2.1 Ação bombeadora do coração e sua regularização ......................... 19

2.1.1 Movimento circular ........................................................................... 21

2.1.1.1 Sístole e diástole.............................................................................. 22

2.2 Lei do coração.................................................................................. 23

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2.2.1 Controle nervoso do coração ........................................................... 24

2.2.1.1 Fluxo sanguíneo pela circulação sistêmica e sua regularização...... 24

2.2.1.1.1 Hemodinâmica ................................................................................. 26

2.3 Pressão sanguínea .......................................................................... 26

2.3.1 Pressão, fluxo e resistência ............................................................. 27

2.3.1.1 Reservatório de sangue ................................................................... 27

2.3.1.1.1 Territórios especiais do sistema circulatório..................................... 28

2.4 Pressão arterial sistêmica e hipertensão ......................................... 30

2.4.1 Débito cardíaco, retorno - venoso, insuficiência cardíaca e choque 33

CAPÍTULO III - ALTERAÇÕES CARDIORRESPIRATÓRIAS DECORRENTES

DE UM PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA E REABILITAÇÃO

CARDÍACA PÓS ALTA HOSPITALAR.......................................................... 35

3 COMPLICAÇÕES COMUNS PRESENTES .................................... 35

3.1 Infarto agudo do miocárdio .............................................................. 40

3.1.1 Síndrome de baixo débito cardíaco.................................................. 40

3.1.1.1 Arritmias........................................................................................... 40

3.2 Sangramento no pós-operatório....................................................... 41

3.2.1 Tamponamento cardíaco ................................................................. 41

3.2.1.1 Contratilidade miocárdica................................................................. 41

3.2.1.1.1 Hipertensão arterial sistêmica.......................................................... 42

3.3 Reabilitação cardíaca....................................................................... 42

CAPÍTULO IV - A PESQUISA ......................................................................... 48

4 MÉTODOS E TÉCNICAS ................................................................ 48

4.1 Resultados ....................................................................................... 48

4.2 Discussão......................................................................................... 50

CONCLUSÃO .................................................................................................. 51

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 52

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APÊNDICES .................................................................................................... 54

ANEXOS. ......................................................................................................... 57

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INTRODUÇÃO

A cirurgia cardíaca a céu aberto pode ser considerada como um dos

mais importantes avanços médicos do século XX. Para se ter uma idéia da

amplitude de sua utilização, basta a informação de que em 1994 realizavam-se

no mundo, cerca de 2.000 cirurgias por dia, sem grandes dificuldades e com

baixo risco, mesmo nas faixas etárias com maior possibilidade de

complicações, quais sejam a neonatos e octagerianos.

É inegável que este fato se reveste da maior importância considerando

que a primeira cirurgia cardíaca a céu aberto, realizada com sucesso, só

aconteceu em 2/9/1952, quando o Dr. F. John Lewis corrigiu uma comunicação

interatrial de 2 cm de diâmetro, sob visão direta, com interrupção do fluxo nas

cavas e hipotermia corporal moderada (26º C), em uma menina de 5 anos de

idade, no Hospital da Universidade de Minnesota (EUA), aliás, a Universidade

pode ser considerada como sendo o berço da cirurgia cardíaca mundial, onde

os grandes fatos aconteceram. Foi lá também que os pioneiros da cirurgia

cardíaca brasileira iniciaram e difundiram seus conhecimentos. (BRAILE;

GODOY, 1996). Em 1896, Stephen Paget, em seu livro Surgery of the Chest,

descreve: “A cirurgia do coração provavelmente atingiu os limites impostos pela

natureza a todas as operações: nenhum método novo e nenhuma nova

descoberta podem vencer as dificuldades que acompanham um ferimento no

coração”. A primeira operação com circulação extracorpórea foi realizada em

fevereiro de 1962, pelo Dr. Cid Nogueira, no Departamento de Cirurgia da

Faculdade de Medicina da Universidade do Rio Grande do Sul. Foi corrigido

um defeito do septo interatrial de uma menina de 8 anos. Assim, em 17 de

agosto de 1970, no Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, foi realizada

a primeira operação de ponte de safena aortocoronariana, pelo Dr. Ivo

Nesralla. No dia 2 de junho de 1984, a equipe do Instituto de Cardiologia,

liderada pelo Dr. Ivo Nesralla, realiza o primeiro transplante cardíaco no Rio

Grande do Sul e introduz, novamente, o Brasil na era dos transplantes.

A abordagem cirúrgica mais utilizada é a esternotomia mediana, embora

casos selecionados já possam ser beneficiados com a cirurgia minimamente

invasiva. (PRATES, 1999). A rotina da equipe de fisioterapia na unidade de

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internação para pacientes submetidos à cirurgia cardíaca acontece desde o

momento da admissão na unidade hospitalar até a alta hospitalar, mas dando

continuidade no tratamento pós alta.

Os cuidados fisioterapêuticos visam melhorar as complicações

pulmonares, promover a reabilitação cardiovascular e oferecer uma maior

independência física.

A fisioterapia e suas técnicas são capazes de auxiliar o processo de

reabilitação pós-cirurgia cardíaca?

O objetivo do presente trabalho é demonstrar as possíveis complicações

cardiorrespiratórias decorrentes do pós-operatório de cirurgia cardíaca e o

trabalho da fisioterapia através de suas técnicas, enfocando a capacidade de

auxiliar no processo de reabilitação pós-cirurgia cardíaca. O trabalho em

estudo interage a anatomia e as funções do sistema cardiopulmonar. Para ser

demonstrado que a fisioterapia é de total importância no pós-operatório de

cirurgia cardíaca, foi realizada uma pesquisa de campo no período de

15/09/2007 a 04/10/2007. A coleta de dados foi realizada através de ficha de

avaliação e técnicas fisioterapêuticas.

O trabalho está assim dividido:

Capítulo I: descreve a anatomia respiratória e a função pulmonar.

Capítulo II: fala sobre o sistema circulatório.

Capítulo III: descreve as alterações cardiorrespiratóras decorrentes de

um pós-operatório de cirurgia cardíaca e reabilitação cardíaca.

Capítulo VI: descreve a pesquisa realizada

Por fim, vem a Conclusão.

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CAPÍTULO I

ANATOMIA RESPIRATÓRIA E A FUNÇÃO PULMONAR

1 O SISTEMA RESPIRATÓRIO

O sistema respiratório como todos os demais sistemas do corpo

humano, não tem um funcionamento independente e isolado, mas trabalha em

interação com outros órgãos e sistemas.

O sistema respiratório do ser humano pode ser definido de modo geral e

sucinto como um sistema de vias aéreas superiores e inferiores, unindo a um

par de pulmões.

Funcionalmente o sistema respiratório está ligado ao coração e interage com o sistema circulatório no processo de trocas gasosas, prevendo o organismo de oxigênio, sua função fundamental. (COSTA, 2004, p.1)

1.1 Vias aéreas respiratórias

As vias aéreas superiores compreendem as narinas, a cavidade nasal, as

coanas, o complexo nasobucofaringolaríngeo e a laringe.

1.1.1 Narinas

As narinas são dois orifícios que constituem externamente a base do

nariz e internamente o vestíbulo do sistema respiratório para o ar ser captado

na atmosfera.

Por essa razão e com o objetivo de preparar o ar inalado, as narinas

contêm estruturas vibráteis em forma de pêlos, denominadas vibrissas (pêlos

nasais).

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As vibrissas movimentam-se quando no ar inspirado estão presentes

partículas sólidas de poeira grossa e pequenos insetos entre outros

fragmentos.

Assim, as vibrissas agem como uma peneira na filtragem do ar, evitando

que tais substâncias ganhem trajeto mais inferior e se alojem na árvore

brônquica.

1.1.1.1 Cavidade nasal

A cavidade nasal inicia-se nas narinas, abre-se no nariz interno e

prolonga-se posteriormente até as coanas. A cavidade nasal é portanto a

principal responsável pela filtração, umidificação e aquecimento do ar inalado,

preparando-o para ganhar um trajeto inferior da árvore brônquica. Na presença

de inflamação nesta região (renite), esse processo de purificação torna-se

prejudicado.

1.2 Coanas

As coanas são pequenas aberturas posteriores á cavidade nasal, com a

função de direcionar para a laringe o fluxo aéreo inspirado e auxiliar no

momento em que ocorre a passagem de alimento da boca para a laringe.

Nas imediações das coanas, encontra-se um tipo de tecido esponjoso

sensível a inflamações constantes levando á formação de pólipos e de carne

esponjosa. Nessa região, localizam-se as glândulas adenóides,

freqüentemente hipertrofiadas em crianças.

1.2.1 Complexo nasobucofaringolaríngeo

Está situado na parte anterior da faringe, compõe a denominada

garganta. Este complexo de segmentos deverá estar em perfeito e coordenado

funcionamento, a fim de evitar afogamentos e engasgamentos.

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1.2.1.1 Laringe

A laringe é considerada o primeiro segmento das vias aéreas inferiores e

para outros o último segmento das vias aéreas superiores.

A laringe é classificada como um órgão de fonação pois é nela que se

localiza as cordas ou pregas vocais.

Uma inflamação na parte interna da laringe leva aos sinais da tosse

rouca (rouquidão) ou disfonia, bem como sintomas de dispnéia e fadiga.

Uma das mais comprometedoras alterações que ocorre nesta região é o

edema de glote.

1.2.1.1.1 Vias aéreas inferiores

As vias aéreas inferiores são constituídas por um sistema tubular

denominado árvore brônquica, que tem início na traquéia, segue pelos

brônquios e bronquíolos e termina nos alvéolos.

1.3 Traquéia

Segundo Costa (2004, p. 4), a traquéia é um tubo composto por anéis

cartilaginosos que tem início na extremidade inferior da laringe e termina na

bifurcação brônquica denominada carina. A traquéia tem importante papel na

ventilação mecânica invasiva por alojar o tubo orotraqueal.

Esse conduto aéreo é revestido internamente por epitélio pseudo-

estratificado ciliado, no qual se encontra grande quantidade de receptores da

tosse. Assim a presença de partículas sólidas no ar inspirado e o acúmulo de

muco ou de substâncias tóxicas nesta região estimulam a tosse.

1.3.1 Brônquios

Os brônquios emergem em número de dois, da bifurcação da traquéia,

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denominada carina.

Passam então a sofrer divisões, prosseguindo com os bronquíolos e

terminando nos alvéolos.

A medida que se distanciam da carina os brônquios se dividem por

dicotomia.

O fluxo aéreo da respiração pode ser alterado quando, na luz desses

condutos aéreos, ocorre uma mudança na velocidade e na quantidade de ar.

Em condições normais, os brônquios sofrem uma discreta dilatação

durante a inspiração e retornam á posição original durante a expiração.

Cada célula ciliada da árvore traqueobrônquica contém cerca de 270

cílios. Esses cílios realizam movimentos rápidos caracterizados como batidas.

Graças a esses movimentos, os cílios promovem a condução das

secreções pulmonares em direção a traquéia e a laringe, quando o muco é

finalmente expectorado (clearance mucociliar).

1.3.1.1 Bronquíolos

Os bronquíolos são condutos aéreos que dão continuidade aos

brônquios, e estão subdivididos em bronquíolos terminais e respiratórios.

1.3.1.1.1 Bronquíolos terminais

Os bronquíolos terminais são estruturas das vias aéreas inferiores,

apresentando espessuras menores, não apresentam cartilagem nem glândulas

mucosas, são constituídos basicamente de tecido muscular liso.

O broncoespasmo (contração espamódicas da musculatura lisa dos

brônquios e bronquíolos) ocorre em grande parte nos bronquíolos terminais.

Desde a traquéia até os bronquíolos terminais, esse conduto aéreo

envolve o chamado espaço morto anatômico.

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1.4 Bronquíolos respiratórios

Os bronquíolos respiratórios situam-se entre os bronquíolos terminais e

os alvéolos. Sua parede não apresenta tecido muscular liso, apenas camada

de epitélio não ciliado.

Os bronquíolos respiratórios já não é considerado como via de

condução, mas em companhia dos alvéolos constitui a área de troca gasosa.

1.4.1 Alvéolos

Os alvéolos são estruturas de formato sacular que se assemelham a um

cacho de uvas. Em cada pulmão há cerca de 300 milhões de alvéolos,

facilitando a troca gasosa.

A parede alveolar se funde com a dos capilares e dá origem á

membrana alveolocapilar.

Qualquer alteração que ocorra na estrutura tecidual dos alvéolos altera o

funcionamento da respiração em especial na troca gasosa.

No interior dos alvéolos está presente o líquido surfactante, produzido

por células pneumócito do tipo II, capazes de manter uma tensão suficiente

para que não ocorra colabamento e hiperdistensão alveolar.

1.4.1.1 Pulmões

Os pulmões são compostos por tecido elástico, denominado parênquima

pulmonar. São envolvidos por uma fina membrana denominada pleura visceral,

que após revestir os pulmões reveste também a parte interna da caixa torácica,

denominando pleura parietal.

Os pulmões são divididos em lobos e cada lobos apresentam

suprimento de brônquios, vasos e nervos.

Embora a função principal dos pulmões seja a troca gasosa, permitindo

a passagem do oxigênio para o sangue venoso e a saída de CO2, mas

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também tem a função de filtrar material tóxico da circulação e atuar como

reservatório de sangue no corpo.

1.4.1.1.1 Tórax

De acordo com Costa (2004, p. 6), o tórax é composto por 12 pares de

costelas, sendo: 7 verdadeiras, 3 falsas e 2 flutuantes.

No tórax situa-se a maior parte dos músculos inspiratórios; o principal

deles, o diafragma. Muitos outros músculos localizados no tórax ou próximo a

esse segmento corpóreo não atuam na respiração normal, mas somente em

movimentos respiratórios forçados.

A ventilação pulmonar está diretamente relacionada com as curvaturas

da coluna vertebral.

1.5 Ventilação pulmonar

A ventilação pulmonar é medida pela quantidade de ar que entra e sai

dos pulmões num minuto.

Portanto, para obter o volume-minuto, mede-se o volume corrente

durante um minuto.

O ritmo e a profundidade da ventilação pulmonar são alterados em

função do esforço respiratório, resultante de exercícios físicos ou de alterações

nas pressões parciais de O2.

A ventilação dos pulmões consiste em apenas uma das três condições básicas da respiração: ventilação, perfusão e difusão. A respiração propriamente dita ocorre num processo posterior, quando o O2 captado na atmosfera, após ter sido conduzido pela corrente sanguínea, atingir o meio celular. (COSTA, 2004, p. 7).

1.5.1 Pressões e forças toracopulmonares

Para que o ar entre nos pulmões é necessária uma pressão

intrapulmonar mais negativa ou menos positiva que a pressão atmosférica. Isso

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confere ao sistema respiratório um gradiente pressórico que deverá ser

constantemente alterado a cada fase da respiração (inspiração e expiração).

1.5.1.1 Complacência pulmonar

A complacência pulmonar pode ser definida com o poder de

distensibilidade dos tecidos dos pulmões. O mesmo aplica-se o termo

complacência torácica á expansibilidade do tórax. A complacência pode ser

interpretada quando o tórax e os pulmões encontram-se em movimento

(complacência dinâmica) ou num determinado ponto entre a inspiração e a

expiração (complacência estática).

A complacência é diferente entre as fases da respiração, pois a pressão

gerada para a entrada de uma certa quantidade de ar nos pulmões difere da

pressão gerada para a saída dessa mesma quantidade de ar.

Em condições de normalidade e estando o indivíduo em repouso, é

necessário na fase inspiratória uma pressão maior que na fase expiratória.

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CAPÍTULO II

O SISTEMA CIRCULATÓRIO

2 FUNÇÃO SANGUÍNEA

2.1 Ação bombeadora do coração e sua regularização

O coração é formado por duas bombas: (1) o coração direto, que

bombeia o sangue para os pulmões e (2) o coração esquerdo, que bombeia o

sangue para todas as outras partes do corpo.

Cada um deles é formado por duas câmaras separadas: (a) o átrio e (b)

o ventrículo. Os átrios funcionam como bombas de escorva que forçam a

passagem de sangue adicional para os ventrículos, antes que ocorra a

contração ventricular.

Após uma fração de segundos os ventrículos se contraem fortemente, bombeando o sangue para os pulmões ou para a circulação sistêmica, sendo por isso chamada de bombas de força ou de potência. (GUYTON; HALL, 1997, p. 304)

O coração possui quatro válvulas distintas que permitem o fluxo de

sangue para frente, impedindo seu refluxo.

As duas válvulas atrioventriculares funcionam como válvula de entrada

para os respectivos ventrículos. As outras duas as válvulas semilunares,

funcionam como válvulas de saída para os mesmos ventrículos. Quando um

ventrículo contrai, a pressão exercida pelo sangue sobre as válvulas

atrioventriculares, de dentro pra fora, força seu fechamento, impedindo o

refluxo do sangue ventricular para o átrio. Ao mesmo tempo, a compressão do

sangue pelas paredes ventriculares força o sangue do ventrículo para a artéria

pulmonar ou para a aorta. Após o relaxamento do ventrículo, em função da alta

pressão do sangue nas grandes artérias, o sangue é forçado a retornar contra

as válvulas semilunares, fazendo com que elas se fechem, impedindo o retorno

do sangue para o ventrículo.

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Simultaneamente, o sangue retorna ao coração pelas veias sistêmicas,

abre as válvulas atrioventriculares, enchendo de novo os ventrículos,

preparando um novo ciclo de bombeamento. Assim o sangue flui ao longo de

circuito contínuo, conhecido como sistema circulatório.

O músculo cardíaco possui duas características muito singulares em

relação ao bombeamento do coração. A primeira, as fibras do músculo

cardíaco são interconectadas entre si, de modo que um potencial de ação com

origem em qualquer ponto da massa muscular se propague por toda a sua

extensão e fazer com que toda massa se contraia a um só tempo, permitindo

que o músculo cardíaco da parede de cada uma das câmaras contraia ao

mesmo tempo, empurrando o sangue para diante. A segunda, o potencial de

ação do músculo cardíaco, que dura cerca de três décimos de segundo, o que

é dez vezes maior que a do potencial de ação da maioria dos músculos

esqueléticos. Assim a duração da contração do músculo cardíaco também é da

ordem de três décimos de segundo, que representa o tempo necessário para

que o sangue flua dos ventrículos para as artérias.

O coração também possui um sistema para o controle de sua

ritmicidade, que é formado por dois nodos, o nodo (1) sinoatrial situado na

parede do átrio direito, próximo ao ponto de entrada da via cava superior; e

pelo nodo (2), o nodo atrioventricular situado no septo atrial, perto do ponto

onde os dois átrios fixam-se aos ventrículos e (3) por um sistema de grandes

fibras cardíacas, de condução muito rápida, as fibras de Purkinje, condutoras

do impulso cardíaco com grande velocidade, desde o nodo atrioventricular para

todas as regiões dos dois ventrículos.

Em um coração normal, o nodo sinoatrial controla a freqüência do

batimento cardíaco e, por isso, é chamado de marcapasso do coração. Quando

se está em repouso, o nodo sinoatrial contrai ritmicamente cerca de 72 vezes

por minuto, e o potencial de ação, chamado de impulso cardíaco, gerado por

esse nodo, se propaga por todo o coração, primeiro pelo átrio, em seguida para

o nodo atrioventricular e, em seguida, pelo sistema de Purkinje para os

ventrículos e, depois pelos próprios ventrículos. Quando o impulso cardíaco

vai passando pelo nodo atrioventricular, sofre um atraso de pouco mais de um

décimo de segundo, uma vez que as fibras condutoras desse nodo são

extremamente delgadas e conduzem com muita lentidão. Esse retardo é

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essencialmente importante para a função cardíaca, pois permite que os átrios

contraiam uma fração de segundo antes dos ventrículos, o que permite o fluxo

de sangue para esses ventrículos antes que comecem o ciclo de bombeamento

cardíaco. Ocasionalmente o impulso cardíaco é bloqueado em algum ponto de

seu trajeto devido à lesão cardíaca.

No coração humano, o bloqueio raramente ocorre entre o nodo sinoatrial

e o músculo atrial, mas é muito freqüente no feixe Atrioventricular. Apenas por

meio desse feixe é que o impulso normal pode passar dos átrios para os

ventrículos, visto que, em todos os outros pontos, os átrios são ligados aos

ventrículos por tecido fibroso, que não conduz impulsos, ao invés de tecido

condutor. Assim, sempre que o feixe atrioventricular está bloqueado, os átrios

contrairão na freqüência do nodo sinoatrial enquanto os ventrículos contrairão

com sua freqüência natural, ou seja, os átrios continuarão contraindo na

freqüência de 72 batimentos por minuto, mas a freqüência dos ventrículos

ficará reduzida a apenas 15 a 40 batimentos por minuto. Apesar desse

assincronia dos átrios e dos ventrículos, o coração ainda funciona como

bomba, embora sua capacidade bombeadora possa estar reduzida de 50%.

Contudo, é evidente que os átrios não são essenciais, para que o coração

bombeie sangue pelo sistema circulatório, em termos absolutos.

Outra anomalia da condução cardíaca, mas muito mais desastrosa é a

fibrilação ventricular, na qual o sinal cardíaco circula, repetitivamente, pelo

músculo cardíaco, seguindo percurso cheio de desvios, de modo que o sinal

nunca é interrompido, onde parte dos ventrículos permanece contraída durante

todo o tempo, não existindo período de relaxamento onde os ventrículos podem

se encher com sangue. Como resultado, não existe a função de bombeamento

do coração e a pessoa morre em poucos segundos.

2.1.1 Movimento circular

Em condições muito anormais, impulso cardíaco não tem fim ao término

do batimento cardíaco. Esses movimentos circulares podem resultar de

qualquer uma de quatro anormalidades cardíacas distintas. A primeira causa é

quando o movimento circular tem grande possibilidade de ocorrer quando o

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coração tem seu tamanho muito aumentado, o que produz uma via muito mais

longa. Uma segunda causa é a condução lenta ao longo do coração.

Assim qualquer incapacidade do sistema de Purkinje faz com que o

impulso passe a ser propagado pelas próprias fibras do músculo cardíaco.

Uma terceira causa pode ser um período refratário reduzido do músculo

cardíaco. Isso, algumas vezes, resulta da excitabilidade cardíaca aumentada,

como a provocada por epinefrina, por estimulação simpática ou por irritação

cardíaca resultante de doença.

A quarta causa e mais comum do movimento circular é, provavelmente,

a condução do impulso pelo músculo cardíaco por via anômala, como a que

tem a forma do algarismo 8 ou em ziguezague ou então o impulso passado

pelas camadas musculares profundas e depois percorrendo as superficiais,

passando pela mesma área que havia sido percorrida na profundidade, ficando

aumentado o comprimento da via, o que permite o desenvolvimento circular

irregular.

Ocasionalmente, um movimento circular ocorre repetitivamente em torno

dos dois átrios, com freqüência de 200 a 400 vezes por minuto, sem atingir os

ventrículos, o que provoca o flutter arterial.

Já na fibrilação ventricular os ventrículos ficam continuamente

contraídos, com movimentos muito pequenos, ondulatórios e fibrilatório.

Esse tipo de movimento circular tem sido chamado de movimento por

reação em cadeia.

A fibrilação ventricular é freqüentemente, causada por choque elétrico,

fazendo com que os impulsos sigam em muitas diferentes direções ao mesmo

tempo, no coração produzindo padrões irregulares para a transmissão de

impulsos.

O eletrocardiograma é um instrumento muito importante para a avaliação da capacidade do coração para a transmissão do impulso cardíaco, pois permite o estudo das anormalidades da função cardíaca, através de registros eletrocardiográficos, em pessoas com doenças cardíacas. (GUYTON; HALL, 1997, p. 380)

2.1.1.1 Sístole e diástole

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O período do ciclo cardíaco em que ocorre a contração dos ventrículos é

a sístole enquanto o período em que os ventrículos estão relaxados é a

diástole. Um clínico, ao examinar o coração, pode notar os períodos de sístole

e diástole pelo eletrocardiograma ou pelas bulhas cardíacas.

A sístole começa junto com a onda QRS e terminava com a onda T, ou

começa junto com a primeira bulha e terminava com o início da segunda bulha.

Por outro lado, a diástole começa com a onda T e terminava com a onda QRS,

ou começa com a segunda bulha e termina ao começar a primeira bulha,

algumas vezes, é extremamente importante a distinção entre a sístole e a

diástole.

Isso é particularmente verdade quando se está analisando distúrbios

valvulares ou comunicações anormais entre os dois lados do coração.

Por exemplo, a insuficiência de válvula aórtica ou pulmonar produz som

sibilante (um sopro durante a diástole).

Por outro lado, o sopro por insuficiência de válvula atrioventricular ocorre

durante a sístole, pois essas são as fases em que essas válvulas permitem o

refluxo de sangue, quando estão anormais.

2.2 Lei do coração

De acordo com Guyton; Hall (1997), a quantidade de sangue que é

bombeada pelo coração é normalmente determinada pela quantidade de

sangue que chega ao átrio direito, trazido pelas grandes veias.

Esse princípio é chamado de lei do coração ou muitas vezes, lei de

Frank-Starling em homenagem aos fisiologistas que o descobriram.

A lei do coração, muitas vezes, falha, quando o coração está lesado,

pois nessas condições, mesmo quantidades normais de sangue ao retornarem

ao coração, não são adequadamente bombeadas.

Como resultado, o sangue começa a ficar retido nas veias dos pulmões

ou da circulação sistêmica, quando isso acontece, o coração está insuficiente.

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2.2.1 Controle nervoso do coração

O sistema nervoso é ligado ao coração por dois grupos distintos de

nervos, os nervos parassimpáticos e os nervos simpáticos.

A estimulação dos nervos parassimpáticos produz três efeitos

importantes sobre o coração:

a) freqüência diminuída dos batimentos cardíacos

b) força de contração diminuída do músculo cardíaco

c) condução retardada dos impulsos pelo nodo atrioventricular, o que

alonga o retardo entre as concentrações atrial e ventricular.

A estimulação dos nervos simpáticos exerce, em essência, efeitos quase

que opostos sobre o coração:

a) freqüência cardíaca aumentada

b) força aumentada da contração cardíaca

c) velocidade aumentada da condução do impulso cardíaco pelo

coração.

Essa estimulação cardíaca é necessária quando a pessoa é submetida a

situações estressantes, como exercício, doença, calor excessivo e outras

condições que exigem um fluxo sanguíneo muito rápido pelo sistema

circulatório. Por conseguinte, os efeitos simpáticos sobre o coração

representam mecanismos de reserva, mantido em prontidão, para fazer com

que o coração contraia com extremo vigor, sempre que for necessário.

2.2.1.1 Fluxo sanguíneo pela circulação sistêmica e sua regularização

O fluxo sanguíneo pela circulação sistêmica é causado pela pressão nas

artérias, enquanto que a intensidade desse fluxo é determinada pela

resistência total, referida como a resistência periférica total, em todos os

diferentes vasos da rede sistêmica.

A pressão nas artérias é causada pelo bombeamento do sangue pelo

ventrículo esquerdo para a aorta. A resistência ao fluxo sanguíneo na

circulação sistêmica é causada pelo atrito do sangue ao se escoar ao longo

das superfícies das paredes vasculares. A maior parte dessa resistência fica

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localizada nos vasos capilares, em especial, nas arteríolas e nos capilares,

uma vez que a resistência ao fluxo é inversamente proporcional à quarta

potência do diâmetro do vaso.

A pressão sanguínea média normal, na aorta, é de 10 mmHg e o fluxo

sanguíneo total, por toda a circulação sistêmica, referido como débito cardíaco

ou volume-minuto, é de cerca de 5 litros/min, nas condições de repouso.

Entretanto, mesmo no indivíduo médio, o débito cardíaco pode aumentar até 15

a 20 litros/min durante o exercício intenso e, em atletas bem treinados, pode

atingir o dobro desses valores.

O fluxo sanguíneo é regulado pelos tecidos, principalmente, por um

mecanismo que é definido como de auto-regulação local do fluxo sanguíneo,

isso significa controle exercido, em sua maior parte, pela intensidade com que

os nutrientes são utilizados nos diferentes tecidos.

Assim, quando um tecido consome quantidades excessivas de oxigênio,

os vasos sanguíneos da região delatam, permitindo maior fluxo sanguíneo para

o tecido. A causa dessa vasodilatação ainda não está completamente

esclarecida pode ser o resultado de alguma substância vasodilatadora liberada

pelas células hipóxicas ou poderá ser a conseqüência da simples falta de

oxigênio, suficiente para manter a contração das paredes dos vasos

sanguíneos.

Em algumas condições, o sistema nervoso simpático também

desempenha papel muito importante no controle do fluxo sanguíneo. Por

exemplo, durante o exercício intenso, quando os músculos necessitam de

quantidades imensas de fluxo sanguíneo, o sistema nervoso simpático

constringe os vasos sanguíneos, em quase todos os territórios e tecidos não-

musculares, o que desvia o sangue para os músculos.

Cerca de três partes de todo o volume de sangue no sistema circulatório está nas veias. Quando uma pessoa tem grande perda de sangue, as veias podem ficar contraídas, o que faz com que quantidades adequadas de sangue encha os outros vasos do corpo. Assim, as veias, além de atuarem como condutoras para o retorno do sangue, a partir dos tecidos periféricos, também são chamadas de reservatórios sanguíneos para o corpo. (GUYTON; HALL, 1997, p. 385)

Toda a circulação, com exceção do coração e da circulação pulmonar,

forma a circulação sistêmica.

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O sangue flui por essa parte da circulação, leva nutrição para os tecidos

e retira os excretas formados nesses mesmos tecidos, limpa o sangue ao

passar pelos rins, recolhe nutrientes, por absorção a nível do aparelho

gastrintestinal e mistura todos os líquidos do corpo.

A intensidade do fluxo sanguíneo em cada tipo de tecido é quase que

exatamente aquela necessária para que seja exercida sua função de forma

adequada.

2.2.1.1.1 Hemodinâmica

O estudo dos princípios físicos que governam o fluxo sanguíneo pelos

vasos e pelo coração constitui a hemodinâmica.

O coração força o sangue para a aorta, distendendo e criando pressão

em seu interior.

Essa pressão empurra o sangue ao longo das artérias, das arteríolas,

dos capilares, das vênulas, das veias e finalmente de volta para o coração.

Enquanto está vivo, esse fluxo de sangue, ao longo desse circuito contínuo,

nunca cessa.

As pequenas artérias, as arteríolas, os capilares, as vênulas e as

pequenas veias por terem diâmetro muito reduzido acabam oferecendo

resistência ao fluxo sanguíneo.

2.3 Pressão sanguínea

A pressão em um vaso sanguíneo é a força que o sangue exerce contra

as paredes desse vaso e essa força distende o vaso.

A pressão também faz com que o sangue tenda a deixar o interior do

vaso, por qualquer tipo de abertura, o que significa que a pressão normalmente

elevada do sangue nas artérias força o sangue a passar pelas pequenas

artérias e, em seguida, pelos capilares e por fim, pelas veias.

A importância da pressão do sangue é, então, a de ser a força que faz o

sangue fluir pela circulação.

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2.3.1 Pressão, fluxo e resistência

Como a pressão e a resistência antagônica em seus efeitos sobre o

fluxo sanguíneo, a pressão aumentando o fluxo e a resistência tentando

diminuí-lo, tem-se:

Fluxo Sanguíneo = Pressão

Resistência

Lei de Poiseuille

Ao se introduzir os diversos fatores que influenciam a resistências pode-

se obter outra equação, que exprime a lei de Poiseuille:

Fluxo Sanguíneo = Pressão x (Diâmetro) 4

Comprimento x viscosidade

Essa fórmula exprime a capacidade do sangue em fluir por um vaso

qualquer, mostrando que a intensidade desse fluxo será diretamente

proporcional à diferença de pressão entre as duas extremidades do vaso,

diretamente proporcional à quarta potência do diâmetro do vaso e

inversamente proporcional ao comprimento do vaso e à viscosidade do sangue.

2.3.1.1 Reservatório de sangue

De acordo com Guyton; Hall (1997), quando o volume de sangue no

coração e nos vasos sanguíneos periféricos fica muito reduzido, de modo que

os vasos não ficam mais adequadamente cheios, o sangue não consegue

circular, normalmente pelos tecidos. Por essa razão, é importante que exista

um suprimento adicional de sangue. Assim, todo o território venoso funciona

como um reservatório de sangue. O primeiro desses reservatórios são as

grandes veias da região abdominal, que são muito distensíveis e, portanto,

contêm em condições normais, quantidades imensas de sangue de reserva. O

segundo, são os seios nervosos do fígado, que podem expandir-se ou contrair-

se, de modo muito intenso, de forma que o fígado pode conter, em certas

condições, até 1,5 litros de sangue, e, em outras, apenas poucas centenas de

mililitros. O terceiro é o baço, que normalmente contêm cerca de 200ml de

sangue, mas pode expandir-se até conter cerca de 1 litro, ou pode contrair-se

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até conter apenas 50ml. Um quarto é o plexo venoso da pele que são

importante reservatório de sangue, usado normalmente para regulação da

temperatura do corpo. Quanto mais intenso for o fluxo de sangue por esses

plexos, mais será a perda de calor.

Porém, quando órgãos vitais necessitam de quantidades adicionais de

fluxo sanguíneo, o sistema nervoso simpático pode de modo acentuado,

contrair os plexos venosos da pele, transferindo o sangue armazenado para o

canal principal de fluxo. E um quinto reservatório são os vasos pulmonares,

que podem deslocar para outras regiões da circulação, parte do sangue, nele

existente, sem comprometer a função dos pulmões.

Assim, também os pulmões atuam como um reservatório de sangue,

utilizável nos momentos de necessidade.

2.3.1.1.1 Territórios especiais do sistema circulatório

O sistema vascular, em cada órgão do corpo, é especificamente

adaptado para as funções do órgão. As características do fluxo sanguíneo, em

alguns dos mais importantes territórios especiais da circulação, são as

seguintes:

Fluxo Sanguíneo Coronariano: O coração como todos os outros

músculos do corpo, necessita de fluxo sanguíneo nutridos esse fluxo é suprido

pelos vasos sanguíneos coronarianos. Duas artérias coronarianas, a coronária

direita e coronária esquerda tem origem na base da aorta, imediatamente à

frente da válvula aórtica.

Cerca de 85% do fluxo coronariano passem para o ventrículo esquerdo

devido ao músculo do ventrículo direito ser mais volumoso, a intensidade do

fluxo sanguíneo pelos vasos coronarianos é controlada, principalmente pelo

mecanismo de auto-regulação, delatando de forma automática seus vasos.

A aterosclerose é uma doença degenerativa das artérias, causada pelo

desenvolvimento de depósitos gordurosos e fibróticos nas paredes arteriais,

onde as artérias coronarianas são particularmente suscetíveis a essa doença,

causando oclusão coronariana e com isso muitas mortes.

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Fluxo Sanguíneo Muscular: Os músculos esqueléticos formam quase

40% da massa corporal e seu fluxo sanguíneo total, nas condições de repouso

é de apenas 1 litro/min. Mas, durante o exercício, esse fluxo pode aumentar

cerca de 20 litros/min. ou mais, por isso esse fluxo é extremamente variável e

tem necessidade de nutrientes aumentada durante sua atividade em especial

de oxigênio. Assim, o fluxo sanguíneo é quase que diretamente relacionado à

utilização de oxigênio pelos músculos, representando um dos principais

mecanismos de regulação do fluxo sanguíneo.

Quando a debilidade cardíaca é causada por oclusão aguda chamamos de ataque cardíaco ou infarto. Essa oclusão ocorre, no ponto da artéria coronariana onde existe protusão da placa arteriosclerótica no fluxo de sangue, formando superfície áspera que permite a formação de coágulo sanguíneo. (GUYTON; HALL, 1977, p. 314)

Dentre os fatores mais importantes que predispõem aos ataques

cardíacos são: obesidade e dieta que contenha quantidades excessivas de

gordura e de colesterol, pessoas que fumam a falta de exercícios físicos, e

fatores hereditários, bem como, o hormônio sexual masculino testosterona, que

pode aumentar o teor de gordura circulante no sangue.

Fluxo Sanguíneo Cerebral: O fluxo sanguíneo total para o cérebro, é em

média, de 700ml/min. Essa intensidade de fluxo permanece relativamente

constante na maioria das condições. Os 3 fatores que têm maior importância

para o controle do fluxo sanguíneo cerebral são as concentrações cerebrais de

(1) gás carbônico, (2) oxigênio e (3) íons hidrogênio.

O fluxo sanguíneo aumenta sempre que é necessário oxigênio, sempre

que for preciso transportar gás carbônico ou íons hidrogênio em excesso,

quando esse excesso ocorrer no cérebro.

Circulação Porta e Fluxo Sanguíneo Hepático: Quase todo o sangue

venoso que drena o tubo gastrintestinal passa primeiro, pela veia aorta e, em

seguida, por extensa rede de diminutos seios hepáticos do fígado, antes de

atingir a veia cava inferior. O sangue que vem do tubo gastrintestinal contém

grandes quantidades de substância derivadas dos alimentos, que foram

absorvidos pelo intestino, em especial, glicose e muitos aminoácidos.

Revestindo os seios hepáticos em todas as suas faces existem paredes

contínuas de células hepáticas, que captam a maior parte das substâncias

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derivadas dos alimentos, armazenando-as temporariamente. Esses nutrientes

são, posteriormente, liberados para o sangue, de modo a existir sempre fluxo

constante de nutrientes para os tecidos.

Fluxo sanguíneo Cutâneo: Em condições normais, a maior parte do fluxo

sanguíneo atende o mecanismo de controle de temperatura corporal. Para

esse fim, a pele possui extensos plexos venosos situados alguns poucos

milímetros abaixo da superfície cutânea. Centro nervoso do cérebro controla a

intensidade do fluxo cutâneo, a fim de manter constante a temperatura

corporal.

Quando o corpo está frio quase nenhum sangue flui para a pele, de

modo que apenas quantidades mínimas de calor corporal são perdidas. Mas

quando o corpo está aquecido, até 2 a 3 litros/min. de sangue podem fluir pela

pele, com perda de grandes quantidades de calor. Quando um vaso sanguíneo

que leva sangue para parte importante do cérebro é subitamente bloqueado ou

quando um vaso cerebral é rompido, diz-se que o paciente teve um AVC

(acidente vascular cerebral). Isso pode causar a morte de 10% das pessoas.

Em 1/4 dos casos, o processo é causado por coágulos sanguíneos que se

formou em placa aterosclerótica de uma das artérias principais. Nos demais, a

artéria rompe devido à pressão arterial muito elevada ou porque desse vaso

ficou enfraquecido pelo processo da doença aterosclerótica.

Segundo Guyton; Hall (1997), um AVC pode causar vários efeitos

dependendo do vaso que ficar bloqueado, dentre eles, paralisia de metade da

parte oposta do corpo, demência, cegueira parcial, perda da sensibilidade,

perda do equilíbrio, paralisia, etc.

2.4 Pressão arterial sistêmica e hipertensão

A cada batimento cardíaco, uma pequena quantidade de sangue é

bombeada pelo coração através da aorta, então temos uma pressão arterial

pulsátil.

Após cada contração cardíaca, a pressão, em condições normais,

aumenta até cerca de 12mmHg, que corresponde à pressão sistólica.

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Nos intervalos entre os batimentos cardíacos, visto que o sangue

continua a fluir das grandes artérias para a circulação sistêmica, a pressão cai

para cerca de 80mmHg, valor da pressão diastólica.

O método usual para expressão dessas pressões é 120/80 mmHg. A

pressão arterial média (PAM) que é o valor médio da pressão, durante todo o

ciclo cardíaco, é a pressão que determina a intensidade média do fluxo

sanguíneo pelos vasos sistêmicos.

Um complexo mecanismo que envolve o sistema nervoso, os rins e

diversos mecanismos hormonais é extremamente importante para a

regularização da pressão arterial média.

No controle neural, em curto prazo a pressão arterial, durante períodos

de segundos ou de minutos, é realizada quase que integralmente por

complexos nervosos.

Um dos mais importantes desses reflexos é o reflexo barorreceptor; que

quando a pressão arterial fica muito aumentada, distende e excita receptores

neurais especiais, os barorreceptores, localizados nas paredes da aorta e da

artéria carótida interna, que atuam no sentido de fazer com que a pressão

arterial baixe até o valor normal.

Efeitos exatamente opostos ocorrem quando a pressão arterial fica

extremamente baixa e os barorreceptores deixam de ser estimulados.

Os rins são responsáveis quase que totalmente pelo controle a longo

prazo da pressão arterial.

Seus mecanismos são muito importantes no controle da pressão arterial,

o mecanismo hemodinâmico é um deles, o outro é mecanismo hormonal.

O mecanismo hemodinâmico é muito simples, quando a pressão artéria

aumenta acima do normal, a pressão excessiva nas artérias renais, faz com

que o rim filtre quantidades aumentadas de líquido e, assim excrete

quantidades aumentadas de água e sal.

A perda dessa água e desse sal diminui o volume sanguíneo, o que faz

com que a pressão retorne aos valores normais.

Se a pressão cair abaixo do valor normal, os rins retêm água e sal até

que a pressão retorne ao normal.

Vários hormônios são muito importantes no controle da pressão, mas, o

que tem maior significação é o sistema hormonal renina - angiotensina do rim,

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que são excretados pelos rins, quando a pressão cai a valores insuficientes

para manter o fluxo sanguíneo funcionando normalmente.

A renina é uma enzima que age sobre uma das proteínas do plasma,

para fracionar o composto de ação hormonal angiotensina.

E por sua vez, essa angiotensina produz a contração das arteríolas de

todo o corpo, permitindo que a pressão arterial aumente até seu valor normal.

Quando a pressão arterial está elevada, diz-se que ocorre a hipertensão,

raras vezes, a pressão arterial média, chega a aumentar até duas vezes o valor

normal, atingindo valores de até 200mmHg.

Em alguns pacientes, a causa de hipertensão é a função renal anormal,

o que impede a excreção renal de água e sal.

Em outros casos, a hipertensão é causada por atividade neural

simpática excessiva, excreção em demasia dos hormônios do córtex supra-

renal, com esses hormônios agindo sobre os rins para produzir retenção de sal

e água; ou excreção excessiva de renina pelos rins.

Cerca de 95% das pessoas com hipertensão sofrem de hipertensão

essencial, que significa hipertensão de causa desconhecida.

Estudos recentes têm mostrado que vários aspectos da função renal

estão anormais na hipertensão essencial, e que poderiam ser a causa dessa

hipertensão.

A diferença entre as pressões sistólica e diastólica é conhecida como

pressão de pulso arterial.

Quanto maior for a pressão sistólica e mais baixa a diastólica maior será

a pressão de pulso.

Assim quando a pressão arterial está normal, ao nível de 120/180

mmHg, a pressão de pulso é de 40mmHg.

No que diz respeito ao fluxo de sangue no sistema circulatório, a

pressão arterial média é muito mais importante do que as pressões sistólica e

diastólica, visto que, a pressão média que determina a intensidade média com

que o sangue vai fluir pelos vasos sistêmicos.

Por essa razão, na maioria dos estudos fisiológicos, não é necessário o

registro das variações das pressões durante o ciclo de pressão, mas

simplesmente, o registro da pressão média.

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2.4.1 Débito cardíaco, retorno - venoso, insuficiência cardíaca e choque

Débito Cardíaco é a intensidade com que o coração bombeia o sangue.

Em um adulto normal, seu valor é de cerca de 5 litros/min, mas pode atingir até

20 litros/min em um adulto jovem e até 40 litros/min em um corredor de

maratona.

Dois fatores básicos determinam o valor do débito cardíaco, um deles é

a capacidade do coração em bombear sangue, o segundo é a capacidade do

sangue em fluir pela circulação sistêmica.

Em condições normais, a capacidade do coração em bombear sangue é muitas vezes maior do que o próprio débito cardíaco. O débito cardíaco é regulado, normalmente, pelos fatores na circulação sistêmica, que controlam o fluxo sanguíneo pelos vasos periféricos. (REGENGA, 2002, p. 106)

Em particular, por dois fatores: a resistência ao fluxo sanguíneo oposta

pelos vasos sanguíneos sistêmicos e pela pressão de enchimento sistêmico

média. A resistência ao fluxo sanguíneo pelos vasos sistêmicos, tem seu

controle feito principalmente pelo mecanismo de auto-regulação, onde cada

tecido controla seu próprio fluxo sanguíneo, segundo suas necessidades, em

especial por sua necessidade de oxigênio.

A pressão média de enchimento sistólico é a média da pressão em

todos os territórios da circulação sistêmica, e é uma medida do grau com que

os vasos ficam cheios com sangue. Pode ser aumentada pelo aumento de

volume sanguíneo ou pela contração dos vasos sanguíneos em redor do

sangue já existente. A intensidade do retorno venoso diretamente proporcional

à pressão média sistêmica, de modo que está é também um dos fatores

importantes no controle do retorno venoso e do débito cardíaco.

A eficácia reduzida de bombeamento é conhecida como insuficiência

cardíaca, causada freqüentemente por doença obstrutiva das artérias

coronárias, que diminui o suprimento sanguíneo para o músculo cardíaco.

Na insuficiência cardíaca, podem ocorrer algumas situações anormais

da função circulatória como o débito cardíaco baixo, que produz fluxo

sanguíneo insuficiente para todas as partes do corpo, congestão de sangue

nos pulmões devido à incapacidade do coração esquerdo em bombear o

sangue que vem dos pulmões para a circulação sistêmica, o que causa quase

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sempre edema pulmonar grave e morte por sufocação, e congestão de sangue

na circulação sistêmica, devido à incapacidade do coração direito de bombear

adequadamente, o que acaba causando edema grave em todo o corpo.

Segundo Regenga (2002, p.119), “quando o débito cardíaco sofre

redução acentuada em que todos os tecidos do corpo sofrem falta de

suprimento cardíaco acontece o choque circulatório”.

Existem dois tipos básicos de choque circulatório: o choque cardíaco

usualmente só ocorre em pessoas que sofreram infarto agudo do miocárdio

(IAM), com a conseqüente depressão aguda e grave da capacidade de

bombeamento do coração.

O choque por baixo retorno venoso, resulta, na maioria dos casos, de

perda de volume sanguíneo, o que reduz a pressão média para assegurar um

retorno venoso adequado. Essa redução do volume sanguíneo poderá ser

efeito de hemorragia, de desidratação extrema, causado por sudorese muito

intensa, ou por perda de plasma para tecidos traumatizados.

Um dos maiores problemas do choque circulatório, qualquer que seja

sua causa é o de que, uma vez que atinja determinada gravidade, ele se torna

progressivo. Uma vez o choque tendo se tornado progressivo, o paciente, na

maioria das vezes, morre, a não ser que sejam instituídas medidas heróicas de

tratamento.

Em condições normais, o coração é capaz de bombear mais sangue do

que o corpo necessita. Assim, o débito cardíaco é muito pouco controlado pelo

próprio coração.

Pelo contrário, é controlado quase que totalmente pela intensidade (ou

velocidade) com que o sangue flui para o coração, vindo da circulação

periférica. Portanto, o débito cardíaco é controlado, normalmente, em

proporção às necessidades de fluxo sanguíneo em todos os tecidos do corpo.

De acordo com Guyton; Hall (1997, p. 397), “esse mecanismo

fantástico, com seus inúmeros detalhes e formas incomparáveis, acabam por

formar o importantíssimo sistema circulatório, responsável quase que direto,

pela continuidade da vida do ser humano”.

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CAPÍTULO III

ALTERAÇÕES CARDIORRESPIRATÓRIAS DECORRENTES DE UM PÓS-

OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA E REABILITAÇÃO CARDÍACA

PÓS ALTA HOSPITALAR

3 COMPLICAÇÕES COMUNS PRESENTES

No período pós-operatório imediato desde o transporte do paciente do

centro cirúrgico e sua instalação na UTI até pós extubação, várias

complicações sérias podem ocorrer no setor cardiopulmonar, pondo em risco a

vida do paciente (FORTUNA, 2002).

O ato cirúrgico, anestesia e o uso de circulação extracorpórea (CEC),

impõem sobrecargas ao organismo, onde os pacientes devem estar em bom

estado clínico para suportar esse tipo de agressão.

Esta situação impõe ao organismo uma necessidade de adaptação que

altera a constância do meio, refletida por modificações metabólicas.

O acaso pode ocasionar complicações tanto no intra-operatório

necessitando de cuidados e de avaliação pré-operatório, considerando os

pacientes portadores de patologias. (REGENGA, 2002),

As complicações pulmonares pós-operatórias levam á mortalidade e

morbidade. Alguns fatores que predispõe as complicações respiratórias podem

ser evitados por técnicas adequadas orientados pela fisioterapia.

(LEGUISAMO; KALIL; FURLANI, 2005).

As complicações pulmonares pós-operatórias são estaticamente as principais causas de morbidade e mortalidade nos pacientes cirúrgicos. Orientações e fisioterapia respiratória devem ser iniciadas no período pré-operatório com o objetivo avaliar, preparar o paciente para o ato cirúrgico. (IRWIN, 1994, p. 56)

As complicações pulmonares fazem parte do grupo de risco associados

à idade avançada, tabagismo, desnutrição, doença pulmonar prévia, função

pulmonar afetada que acometem a integridade do sistema respiratório

comprometendo a mecânica e troca gasosa (AMBROZIN; CAETANO, 2005).

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Se fumante, suspender o uso do cigarro sempre antes da cirurgia, pois a

suspensão entre 12 e 24 horas traz como benefício à diminuição dos níveis de

nicotina e CO; se a suspensão for de 8 – 12 semanas haverá diminuição de

mortalidade pré-operatória. (GUIMARÃES et al, 2005).

De acordo com Irwin (1994), as complicações mais freqüentes são:

Atelectasia

A atelectasia é a expansão incompleta do pulmão devido ao

colabamento dos alvéolos.

A causa mais comum é a hipoventilação e ocorre com freqüência

superior a 60% nos pós-operatórios de cirurgia cardíaca.

A tosse e a mobilidade do paciente são prejudicadas pela dor e o medo,

a produção de secreção pode aumentar devido á irritação do tecido alveolar e

da mecânica da cirurgia. O líquido ou ar que se acumulam na cavidade pleural,

exerce pressão sobre os pulmões, diminuem a expansão torácica e colaba os

alvéolos.

A hipóxia local decorrente da hipoventilação leva a um espasmo

arteriolar pulmonar com a expectativa de minimizar o desequilíbrio ventilação –

perfusão (V/Q), porém diminui a perfusão dos alvéolos.

Hemotórax

O hemotórax é a presença de sangue na cavidade pleural.

Esta presente geralmente após um tratamento cirúrgico, e muita vez

está associada com pneumotórax, quando ambos estão presentes chama-se

hemopneumotórax.

A ruptura de um aneurisma na cavidade pleural também causa

hemotórax.

Pneumonia

A pneumonia é a infecção dos espaços alveolares dos pulmões. A mais

comum vista no pós-operatório é a lobar e a broncopneumonia. A incidência

tem diminuído devido à mobilização pós-operatória precoce.

A pneumonia lobar é geralmente provocada por organismos conduzidos

pelo sangue. Já a broncopneumonia é conduzida pelo ar e distribui em placas

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pelos pulmões.

Os sintomas são febre, calafrios, dispnéia e às vezes dor no hemitórax

afetadado.

Pneumotórax

Pneumotórax é o acúmulo de gases ou ar na cavidade torácica.

Pode ser terapêutico para igualar a pressão no tórax ou para imobilizar o

pulmão; espontâneo, com ressecção de sacos alveolares e traumáticos, por

lesão cirúrgica na parede torácica, ruptura de um saco alveolar periférico por

tosse, ventilação artificial ou perfuração e fistula na traquéia.

Essa complicação é minimizada pela drenagem torácica efetuada na

maioria dos pacientes.

O paciente apresenta como quadro clínico dispnéia, dor, sons

respiratórios diminuídos ou ausentes. (FORTUNA, 2002).

Embolia pulmonar

A embolia pulmonar é a obstrução de uma artéria pulmonar ou de suas

ramificações por um coágulo.

Quando a embolia pulmonar ocorre, subitamente a circulação é

interrompida em alguma parte do pulmão

O êmbolo mais comum surge de uma veia profunda na perna ou pelve.

É considerada uma complicação rara (4%) no pós-operatório de cirurgia

cardíaca.

Derrame pleural

Derrame pleural é o acúmulo de líquidos no espaço pleural, ocorre em

70% dos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca.

O líquido geralmente é reabsorvido com o tratamento do distúrbio

fisiológico primário. São tratados clinicamente e às vezes exigem

toracocentese.

Dor

A dor no pós-operatório limita os movimentos, restringindo a respiração

profunda, a tosse eficaz e as mudanças de posição. O paciente estará mais

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predisposto às infecções, insuficiência respiratória e atelectasias.

Edema pulmonar

O edema pulmonar não aparece com freqüência no pós-operatório, mas

quando ocorre, leva a hipóxia. Os fluídos líquidos envolvem os bronquíolos e

arteríolas pulmonares, provocando diminuição o lúmen bronquiolar e aumento

da resistência pulmonar, levando a hipoxemia. O acúmulo de líquido promove

maior compressão no sentido distal-proximal, estabelecendo atelectasias

alveolares (REGENGA, 2002).

Hipóxia

A hipóxia é o baixo teor de oxigênio nos tecidos do organismo, mais

frequentemente nos pós-operatórios, resultando do transporte e liberação

inadequados de oxigênio.

Por ser resultado do desequilíbrio V/Q ou doença pulmonar subjacente.

Em pacientes submetidos à cirurgia de coração aberto, o aparelho coração-

pulmão destrói as células sanguíneas.

A hipóxia conseqüência da hipoxemia representa ameaça constante ao

paciente no respirador. Pode se desenvolver de maneira insidiosa em várias

situações clínicas não reconhecidas a tempo.

Paralisia/paresia do nervo frênico

É uma complicação descrita com clássica, com incidência de 26% no

pós-operatório de cirurgia cardíaca. Os mecanismos propostos para explicar as

disfunções respiratórias, relativas á piora da cinética diafragmática são:

traumatismo do nervo frênico com o afastamento do esterno; punção da veia

jugular interna causando lesão periférica. O nervo frênico esquerdo é o mais

comprometido devido a sua posição anatômica junto ao saco pericárdio.

(IRWIN, 1994)

Quando a lesão é unilateral, em geral, não interfere tanto na ventilação,

mas quando a lesão é bilateral o paciente terá dificuldade em eliminar

secreção, apresentará movimentos paradoxal da parede abdominal e está

predisponente a ventilação mecânica. (FORTUNA, 2002).

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Insuficiência respiratória

A insuficiência respiratória no pós-operatório destaca-se a existência de

doença pulmonar preexistente como bronquite tabágica, pneumonia crônica,

hipertensão pulmonar. A insuficiência respiratória se manifesta de forma

insidiosa e progressiva. Ocorre aumento da freqüência respiratória, batimentos

da asa do nariz, queda na saturação do sangue arterial (SaO2).

Circulação extracorpórea

A circulação extracorpórea (CEC) se refere a um sistema artificial

através do qual a circulação é transportada fora do organismo,

temporariamente, total ou parcialmente, ocasionando alterações na fisiologia

normal do organismo. Essas alterações fisiológicas são dependentes da

hemodiluição, hipotermia e do contato do sangue com tubos do circuito e

oxigenadores de pacientes submetidos à CEC.

A hemodiluição diminui os efeitos da perfusão do sangue, reduz a

viscosidade sanguínea e a resistência vascular periférica. A hipotermia reduz o

consumo de oxigênio pelos tecidos e proteção de órgãos vitais.

Na CEC o sangue é exposto a grande superfície de materiais sintéticos. Essa superfície desencadeia a produção e liberação de substâncias com efeito cardiovascular e ativação de determinados sistemas de proteínas plasmáticas. (IRWIN, 1977, p. 225)

Apesar dos avanços tecnológicos, a disfunção pulmonar no pós-

operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio (RM) relacionada ao

uso de circulação extracorpórea continua sendo uma das mais importantes

causas de morbidade.

A CEC induz uma resposta inflamatória, produzindo aumento da

permeabilidade endotelial e lesão parenquimatosa pulmonar, contribuindo para

o surgimento de atelectasias, aumento do shunt, redução da complacência

pulmonar e troca gasosa. (GUIZILINI et AL, 2006).

Um grande número de mediadores produzidos durante o uso da CEC

pode causar diminuição da contratibilidade ventricular, aumento da

permeabilidade vascular e alteração da resistência vascular em vários órgãos.

(BARBOSA; CARMONA, 2002).

Estudos prévios demonstraram que o tempo prolongado de CEC maior

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que 120 min, geralmente, estão relacionados com o alto risco cirúrgico.

(NAZAWA et al, 2003).

As complicações cardíacas mais persistente em um pós-operatório

cirurgia cardíaca são:

3.1 Infarto agudo do miocárdio

Sua incidência nos casos de utilização de enxertos arterial e venoso, é

de 1.4% a 23%.

Os critérios clínicos de infarto agudo do miocárdio (IAM) no pós-

operatório imediato são: presença de nova onda “Q” com duração maior ou

igual a 0.04 seg.; elevação de CK – MB sendo 5x maior que o seu valor normal;

lesão triarterial; angina instável; função de VE menor que 30%; tempo de CEC

maior que 120 min.

3.1.1 Síndrome de baixo débito cardíaco

Dentre inúmeras causas de baixo débito, é importante realçar o

vasoespasmo coronariano, como sendo a causa de morbidade e mortalidade

em pós-operatório podendo afetar coronárias normais ou enxertos venosos ou

artérias. O diagnóstico é feito com elevação do segmento ST.

O tratamento consiste em otimizar a oxigenação, corrigir acidose,

otimizar pré-carga e pós-carga, freqüência cardíaca.

3.1.1.1 Arritmias

A mais comum é a fibrilação atrial que ocorre em 30% dos casos.

Causando uma dilatação atrial resultante de lesão valvulares, as quais

impedem o esvaziamento dos átrios – ventrículos permanecendo o sangue nos

átrios. (GUIMARÃES et al, 2005)

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3.2 Sangramento no pós-operatório

Apesar dos grandes avanços alcançados, o sangramento continua

sendo uma das principais morbidades em cirurgia cardíaca, particularmente

com o advento de procedimentos mais complexos, com períodos prolongados

de circulação extracorpórea e intervenções em pacientes agudamente

descompensados (MIANA, 2007).

Em geral, admite-se drenagem sanguínea, que é coletada nos drenos

pleurais e ou mediastinais de até 2 ml/kg/h nas primeiras quatro horas de pós-

operatório. Acima desse valor é considerado sangramento excessivo e sua

etiologia deve ser identificada para que sejam tomadas medidas específicas.

(SENRA; IASBESCH; OLIVEIRA, 2007).

3.2.1 Tamponamento cardíaco

O tamponamento cardíaco é uma síndrome clínica causada pelo

acúmulo de líquido no espaço pericárdico, resultando em redução do

enchimento ventricular e comprometimento hemodinâmico.

Constitui grave complicação no pós-operatório, se não for rapidamente

diagnosticado, uma vez que pode ser prontamente reversível. Considerando

que no pós-operatório de cirurgia cardíaca esse quadro pode existir

simplesmente pela presença de coágulo sobre uma câmara cardíaca.

3.2.1.1 Contratilidade miocárdica

As alterações da contratilidade miocárdica no pós-operatório podem ser

devidas a defeito anatômico ou função cardíaca diminuída no pré-operatório,

ventriculotomia, cardioplegia, isquemia devido a CEC, tempo de CEC e

anestésicos.

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3.2.1.1.1 Hipertensão arterial sistêmica

A hipertensão pode se desenvolver de forma transitória no pós-

operatório devido fatores como: estresse físico e emociona, dor, hipóxia e

hipercapnia.

A incidência da hipertensão arterial sistêmica (HAS), após

revascularização miocárdica é de 33%.

Em alguns casos podem ser decorrentes da variação do volume de

sangue ou pela viscosidade e elasticidade dos vasos que sofreram alguma

influência alterando suas estruturas.

3.3 Reabilitação cardíaca

Segundo a Organização Mundial da Saúde, reabilitação cardíaca é a

somatória das atividades necessárias para garantir aos pacientes portadores

de cardiopatia as melhores condições física, mental e social, de forma que eles

consigam, pelo seu próprio esforço, reconquistar uma posição normal na

comunidade e levar uma vida ativa e produtiva. (GUIMARÃES et al, 2005).

De acordo com Pryor (2002), a reabilitação cardíaca não se deve ser

igualada simplesmente à prática de exercícios.

Desta forma, o maior objetivo de um amplo programa de reabilitação

cardíaca é o alcance de uma ótima condição de saúde para cada paciente.

Os objetivos da reabilitação cardíaca são: limitar os efeitos adversos da

doença, tratar de forma eficiente e efetiva os sintomas, estratificar quanto á

risco.

A reabilitação do paciente cardíaco deve ser iniciada desde a admissão

hospitalar até a alta.

O programa de reabilitação cardíaca foi desenvolvido com o objetivo de

trazer esses pacientes de volta às suas atividades diárias, com ênfase na

prática do exercício físico voltadas para ocorrer mudanças no estilo de vida.

Os pacientes de alto risco se beneficiam com a fisioterapia no período

pré-operatório.

Com o avanço da idade, a caixa torácica vai se tornando rígida, levando

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a uma diminuição da expansão e os músculos respiratórios se enfraquecem.

O papel do fisioterapeuta na reabilitação cardíaca é diminuir os efeitos da perda do condicionamento físico prejudicado pelo repouso no leito e intensificar o funcionamento cardiovascular e músculo esquelético. (PRYOR, 2002, p.283)

Iniciando pela avaliação e evoluindo para exercícios respiratórios

assistidos ou ativos, deambulação supervisionada, subir e descer escadas e

outras atividades.

O nível da capacidade física funcional foi definido pela New York Heart

Association (NYHA) em uma escala de 4 classes avaliando os sintomas, como:

fadiga, palpitação, falta de ar e angina.

Classe І Pacientes com doença cardíaca que não apresentam sintomas

de qualquer tipo ao realizar atividade física ordinária.

Classe ІІ Pacientes que estão confortáveis ao repouso, porém

apresentam sintomas ao realizar atividade física ordinária.

Classe ІІІ Pacientes que estão confortáveis ao repouso, porém

apresentam sintomas ao realizar atividade física ordinária.

Classe ІV Pacientes que apresentam sintomas ao repouso.

Fonte: (PRYOR, 2002, p. 280)

Quadro 1: Capacidade física funcional New York Heart Association

A classificação da atividade funcional citado acima, foi substituída em

1973 por Canadian Cardiovascular Society que utiliza uma escala semanal de

4 pontos para descrever a quantidade de esforço necessária para levar a

angina.

continua

Classe І Atividade ordinária não causa angina (angina pode ocorrer com

esforço vigoroso ou prolongado ou esforço diário).

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continuação

Classe ІІ Limitações leves à atividade ordinária (angina com caminhada

ou subida de escada rapidamente, subida de colina, caminhada

ou subida de escada ao frio ou vento ou após as refeições).

Classe ІІІ Limitação marcada da atividade física ordinária (angina em

caminhada sobre 2 blocos em nível de subida de um lance de

escadas em passo normal).

Classe ІV Inabilidade em executar a atividade física sem desconforto

(angina pode estar presente em repouso).

Fonte: (PRYOR, 2002, p. 281)

Quadro 2: Capacidade física funcional Canadian Cardiovascular Society

Entre os exames cardíacos que podem ser feitos nos pacientes com

sintomatologia, existe o eletrocardiograma (ECG) de esforço que é um exame

utilizado para descobrir casos que constituem indicação para angiografia das

coronárias e também é útil para prescrever exercícios para o paciente, que

deve ser individualizado em cada caso. Entretanto, a angiografia das

coronárias tem sido o exame mais apropriado na maioria dos casos

(provavelmente 80%) após o infarto do miocárdio (COATS et al, 1997).

De acordo com Guimarães et al (2005), a reabilitação cardíaca é dividida

em 3 períodos que não são definidos pelo tempo.

São definidos na literatura americana e australiana como:

Fase І - tempo de tratamento hospitalar

Fase ІІ – recuperação do paciente não hospitalizado

Fase ІІІ - manutenção em longo prazo.

Mas a British Association of Cardiac Rehabilitation acrescenta mais uma

fase em sua classificação seguindo como:

Fase І - período do paciente hospitalizado

Fase ІІ - pós alta imediata

Fase ІІІ - pós alta intermediária

Fase ІV - manutenção em longo prazo

Carvalho (2001) a fisioterapia aplicada no pós-operatório de pacientes

cardiopatas evita e/ou minimiza complicações pulmonares, osteoarticulares e

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neurológicas oriundas do trauma cirúrgico, da CEC, do dreno, prótese

ventilatória e efeitos da imobilidade prolongada.

Segundo Pryor (2002), a fisioterapia no hospital inclui prevenir ou tratar as

seqüelas de repouso no leito. A atividade deve ser lentamente aumentada e

incluir exercício gradual e programa de mobilização. Essa fase pode durar de

poucas horas a dias ou semanas (segue alguns exemplos de exercícios que

poderão ser utilizados nesta fase).

Os objetivos fisioterapêuticos na fase pós-operatória são: promover

reexpansão de áreas de atelectasia, manter uma boa ventilação, auxiliar na

remoção de secreção pulmonar, ajudar no posicionamento, na mobilidade da

cama e na deambulação precoce do paciente, prevenir limitação da amplitude

de movimentos, avaliar a dor do paciente e garantir uma adequada

oxigenoterapia e umidificação.

As técnicas fisioterapêuticas utilizadas no pós-operatório incluem:

orientação ao paciente de como entrar e sair da cama sem colocar tensão na

incisão abdominal, exercícios de expansão torácica preferencialmente com

uma sustentação por alguns segundos no final da inspiração, o uso de

espirometria de incentivo, clearance das secreções das vias aéreas através de

exercícios de expansão torácica e técnica de expiração forçada com proteção

da incisão torácica, programa de caminhada gradual adaptado à capacidade de

cada paciente (REGENGA, 2002).

As condutas fisioterapêuticas após a extubação até o sétimo dia de pós-

operatório são: nebulização com ou sem o uso de drogas broncodilatoras,

manobras de desobstrução brônquicas (vibração torácica e huffing com fixação

do esterno), manobras de expansão pulmonar contendo padrões ventilatórios,

como: suspiros inspiratórios; respiração abreviada; respiração máxima

sustentada; o uso de incentivador a volume; incentivador a fluxo; exercícios de

membros superiores e inferiores e deambulação (CARVALHO, 2001).

O uso de CPAP, RPPI pode ser indicado no pulmão que seja incapaz de

movimentar-se adequadamente. Além disso, o travesseiro é utilizado sobre a

incisão cirúrgica esternal para garantir um apoio ao paciente na hora de realizar

o huffing ou tosse, quando for eliminar as secreções brônquicas.

Ainda no pós-operatório são encorajados a correção postural e exercícios

leves de cintura escapular, sendo estes limitados sua amplitude nos períodos

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iniciais do pós-operatório. Realizam exercícios de membros inferiores

preparando –se para a deambulação.

Segundo Carvalho (2001), propõe o início da deambulação no 3º dia de

pós-operatório de revascuralização do miocárdio chegando a 2-3 minutos. Já

no 4º dia o paciente sobe e desce 2 a 3 degraus de escada. Este processo

evolui de acordo com a melhora do paciente através da observação da pressão

arterial e freqüência cardíaca, sendo que no 6º dia o paciente deambula

durante 5 minutos e sobe e desce de 10 a 20 degraus de escada. E no 7º dia o

paciente já está em condições de receber alta hospitalar. Antes da alta, o

paciente é orientado sobre as atividades de vida diária. Um programa de

caminhadas diárias é aconselhado com períodos de descanso de 1 a 2 horas

por dia. A distância deve ser aumentada discretamente ao paciente. E algumas

contra-indicações devem ser orientadas, como: não dirigir por 6 semanas e

evitar o levantamento de peso por três meses para permitir a cicatrização

externa. Após a alta hospitalar a reabilitação cardíaca deve ser mantida e

efetuada sessões de exercícios por uma ou mais vezes durante a semana por

1 a 2 meses. As atividades apropriadas podem ser: alongamentos, exercícios

de flexibilidade e associar exercícios com componente aeróbico, como:

caminhada, bicicleta. Este programa de deve ser efetuado a longo prazo para

pacientes pós revascularização do miocárdio.

De acordo com Évora; Roselino (2000) o tempo médio de reabilitação

cardíaca para a maioria dos pacientes deve variar de seis a doze meses, sendo

que deverá dividir-se em fases I, II e III.

Fase I: parte inicial do programa é conduzida em unidade cardiovascular

de tratamento intensivo assim que o paciente se encontra estável. O paciente

deve permanecer monitorizado durante o programa. O ideal para esta fase é

que a freqüência das sessões seja de 2 a 3 vezes por dia, com atividade de

baixa intensidade e duração de 20 minutos cada sessão. São realizados

exercícios de mobilidade passiva, deambulação e exercícios de calistenia leve.

O paciente só terá alta no programa hospitalar se for certificada sua segurança

nas atividades do cotidiano.

Fase II: esta fase terá duração de aproximadamente três meses é a

continuação das atividades hospitalares e deve ter inicio tão logo que o

paciente recebe alta da fase I. Esta fase é intermediária no qual o paciente

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passa de um programa, cujo nível de treino não é totalmente definido, para um

treinamento mais amplo e de maior estabilidade. Esta fase tem como objetivo a

independência dos pacientes nas atividades cotidianas, o reinícios das

atividades ocupacionais, a introdução de hábitos positivos. A freqüência das

sessões será de 3 a 4 vezes por semana, a intensidade máxima será de 50 a

70% da capacidade funcional e terá duração inicial de 10 – 15 minutos com

progressão para 30 – 60 minutos. O programa inclui mobilização articular,

caminhada, marcha e ciclismo.

Fase III: esta fase de programa geralmente acontece em ambientes

comunitários de forma organizada e supervisionada. Para ingressar na fase III,

é preciso que o paciente tenha evoluído em sua capacidade funcional

observada nos testes de esforços. O ingresso nessa fase ocorre em média 3

meses após a cirurgia cardíaca. A intensidade nesta fase do programa está em

torno de 70% da freqüência cardíaca máxima, podendo ser ajustada até 85%,

com duração de 30 - 60 minutos e freqüência de 3 a 5 vezes na semana.

É importante mencionar que a intensidade deve ser personalizada e

evoluir gradativamente. A principio a evolução se dá com o aumento da

duração da sessão e posteriormente incrementa-se a intensidade da atividade.

Estas fases clínicas diferem de intensidade, duração, freqüência, local a

ser desenvolvido o programa, manifestação do paciente e tipo de atividade.

Com os inúmeros problemas originais pelo repouso no leito e a cirurgia,

há necessidade de que o ritmo de progressão da atividade seja lento e

individual.

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CAPÍTULO IV

A PESQUISA

4 MÉTODOS E TÉCNICAS

Foi realizado um estudo de caso com paciente do sexo masculino, 74

anos, raça branca, tabagista à 60 anos, sedentário apresentando 1.73 m e 80

kg, não relata diabetes, hipertensão e dislipidemia.

Admitido na unidade hospitalar, Hospital do coração - Cardiovida/Bauru,

na data de 15/09/2006 para tratamento cirúrgico com diagnóstico de

insuficiência coronariana (ICO) e correção de aneurisma aorta ascendente e

descendente.

O protocolo fisioterapêutico pré – operatório usado foi composto de uma

avaliação coletando dados na ausculta pulmonar, presença de tosse,

expectoração, desconforto respiratório, manovacuometria, peak – flow,

avaliação na classe funcional de insuficiência cardíaca (segundo NYHA) e

classificação da angina (segundo sociedade canadense de cardiologia). De

acordo com o protocolo o paciente foi orientado a realizar incentivador

respiratório (respiron) (3 séries de 10 de hora/ hora), associando padrão

respiratório diafragmático, exercícios metabólicos de membros inferiores e

superiores e manter repouso no leito (segundo ordem médica). Paciente

manteve a conduta fisioterápica durante 3 dias.

No dia 18/09/2006, realizado a cirurgia cardíaca. Tipo de cirurgia

realizada foi aneurismectomia na aorta ascendente e descente e

revascularização do miocárdio .

4.1 Resultados

Paciente foi admitido a unidade de terapia intensiva (UTI) após 8 horas

de cirurgia cardíaca em intubação orotraqueal, sedado.

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Evoluindo nas primeiras horas com quadro estável, boa diurese, balanço

hídrico favorável, mantendo dreno de mediastino com discreto sangramento.

Após 6 horas de permanência na UTI verificou-se um aumento acentuado de

sangramento no dreno de mediastino, sendo revertido com tratamento

medicamentoso. Após 8 horas de permanência na UTI, paciente sem efeito

anestésico, iniciado processo de desmane, não colaborativo, agitado,

apresentando grande quantidade de sialorréia. Após 20 horas de ventilação

mecânica (VM) é realizado a extubação do tubo orotraqueal.

Após extubação é iniciado o atendimento fisioterapêutico, paciente

apresentava colaborativo, comunicativo, sem alterações respiratórias e

cardíacas, relatando desforto, dor na região da torocotomia.

O protocolo da fisioterapia associava ausculta pulmonar, nebulização,

CPAP 25 minutos, padrão respiratório diafragmático, incentivador respiratório,

exercícios de membros superiores e inferiores. Foi realizado a conduta

fisioterapêutica durante 3 dias com paciente em bom estado geral. No quarto

dia do pós-operatório paciente apresentou queda elevada da saturação de

oxigênio, ausculta pulmonar abolida em hemitórax direito dispnéia, importante

desconforto respiratório, mantendo máscara de nebulização contínua. No

exame radiológico diagnosticado derrame pleural em hemitórax direito.

Realizado a punção do líquido, drenado no primeiro momento 1.450 ml de

líquido.

No quinto dia do pós-operatório paciente mantendo dreno torácico,

apresentando discreta perda de líquido, sem máscara de oxigênio e bom

estado geral, mantendo conduta fisioterapêutica.

No sexto pós-operatório paciente sentado na poltrona de alta para o

quarto mantendo dreno torácio, conduta mantida, porém acrescentado a

deambulação assistida.

Realizado o teste de manovacuometria e peak-flow no sétimo dia de

pós-operatório, paciente apresentando queda dos valores em relação ao pré-

operatório.

Manteve-se a conduta pós-operatória até o nono dia quando o paciente

foi submetido à alta hospitalar, sendo orientado a dar continuidade no

tratamento em fase de reabilitação cardíaca.

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4.2 Discussão

As cirurgias cardíacas estão relacionadas com as patologias

respiratórias, por sua vez tratando as lesões cardíacas e dos grandes vasos, as

vias de abordagem feitas nos tratamentos cirúrgicos influenciam na ventilação

pulmonar.

O uso prolongado de circulação extracorpórea é um dos fatores

desencadeantes de complicações pulmonares.

“O aprimoramento tecnológico dos equipamentos empregados e da

técnica cirúrgica contribui cada vez mais para menor ocorrência de

complicações respiratórias no pós-operatório”. (REGENGA, 2002, p. 247).

Um estudo realizado por Guyton; Hall (1997), evidenciou a importância

da fisioterapia no pré-operatório onde ocorreu 47% de complicações

respiratórias pós-cirurgia cardíaca.

O interesse em realizar a avaliação pré-operatória possibilita a

identificação de fatores de risco capazes de aumentar a incidência de

complicações pulmonares.

Dados da literatura comprovam que uma cirurgia causa alterações

mecânicas complicando uma recuperação.

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CONCLUSÃO

Conclui-se através deste estudo, que o protocolo usado neste trabalho,

não apresentou significância, pois muitas das complicações respiratórias são

decorrentes no intra-operatório e pós-operatório, que não dependeram da

intervenção fisioterapêutica.

Um dos fatores que interferem na evolução clínica é a dor freqüente

indicada na região da esternotomia.

Mas não deixemos de ressaltar que a colaboração, compreensão e

realização correta das técnicas fisioterapêuticas a serem utilizadas com o

paciente é um dos principais fatores na evolução clínica.

Novas análises com maior população e outros parâmetros podem ser

estudadas, testando-se hipótese de melhores resultados.

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REFERÊNCIAS

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GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 10.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. IRWIN, S. Fisioterapia cardiopulmonar. 2.ed. São Paulo: Manole, 1994. JOÃO, P. R. D.; FARIA, F. J. Cuidados imediatos no pós-operatório de cirurgia cardíaca. Disponível em <http://www.scielobrazil.com.br>. Acesso em: 13 set. 2007. LEGUISAMO, C. P.; KALIL, R. A. K.; FURLANI, A. P. A efetividade de uma proposta fisioterapêutica pré-operatória para a cirurgia de revascularização do miocárdio. Disponível em: <http://www.scielobrazil.com.br>. Acesso em: 10 out. 2006. MIANA, L. A. Fatores de risco de sangramento no pós-operatório de cirurgia cardíaca em pacientes adultos. Disponível em: <http://www.scielobrazil.com.br>. Acesso em: 20 fev. 2007. NAZAWA, E. et al. Avaliação de fatores que influenciam no desmame de pacientes em ventilação mecânica prolongada após cirurgia cardíaca. Arquivos brasileiros de cardiologia. Rio de Janeiro, v.80, n.3, p. 301-305, abril 2003. PERES, L. C. Fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais apresentam o primeiro rol de procedimentos dos serviços prestados em fisioterapia e terapia ocupacional. CREFITO - 3. São Paulo, v. 3, n. 4, p.3 -30, dez. 2006. PRATES, P. R. Pequena história da cirurgia cardíaca: e tudo acontece diante dos nossos olhos. Arquivos brasileiros de cirurgia cardiovascular. São José do Rio Preto, v.14, n.2, p.10-18, Jun. 1999. PRYOR, J. A. Fisioterapia para problemas respiratórios e cardíacos. In: BURNEY, H. Reabilitação cardíaca. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p. 276 - 293 REGENGA, M. M. Fisioterapia em cardiologia: da UTI á reabilitação. São Paulo: Rooca, 2002. SENRA, D. F.; IASBESCH, J. A.; OLIVEIRA, S. A. Pós-operatório em cirurgia cardíaca de adultos. Disponível em: <http://www.geocites.com.html>. Acesso em: 22 fev. 2007

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APÊNDICES

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APÊNDICE A - FICHA DE AVALIAÇÃO DE PRÉ-OPERATÓRIO DE CIRURGIA

CARDÍACA

1 Nome

2 Sexo

3 Raça

4 Idade

5 Peso

6 Altura

7 Data da internação

8 Data da cirurgia

9 Diagnóstico principal

10 Infarto agudo do miocárdio (IAM) prévio

11 Classe funcional da angina (Segundo Sociedade Canadense de

Cardiologia)

12 Classe funcional de insuficiência cardíaca (Segundo NYHA)

13 Diagnóstico secundário

14 Tabagismo

15 Tosse / expectoração

16 Dispnéia (quando)

17 Patologias associadas

18 Executa atividades físicas

19 Medicamentos em uso

20 Pressão arterial (PA)

21 Freqüência cardíaca (FC)

22 Freqüência respiratória (FR)

23 Radiografia do tórax (RX)

24 Ausculta pulmonar (AP)

25 Exames laboratorias

26 Manovacuometria

PI MAX

PE MAX

27 Pico de fluxo expiratório (PEAK – FLOW)

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APÊNDICE B - FICHA DE AVALIAÇÃO DE PÓS-OPERATÓRIO DE

CIRURGIA CARDÍACA

1 Informações sobre a cirurgia

Tipo de cirurgia realizada

Tempo de circulação extracorpórea (CEC)

Tempo de ventilação mecânica (UTI e centro cirúrgico)

2 Avaliação pós – operatório

Saturação de oxigênio (Sp O2)

RX

AP

FC

FR

3 Tratamento fisioterapêutico

CPAP

Respiron

Padrão ventilátorio diafragmático

Manobras de desobstrução brônquica

Exercícios metabólicos de membros superiores e inferiores

Deambulação assistida

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ANEXOS

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ANEXO A – ATIVIDADE DE UM PACIENTE HOSPITALIZADO

Fonte: (PRYOR, 2002, p. 284)

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ANEXO B – ATIVIDADES DE UM PACIENTE NÃO HOSPITALIZADO

Fonte: (PRYOR, 2002, p. 284)