UM MODELO DE GERÊNCIA DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM EM … · texto tem um papel fundamental, visto que permite expor ao aprendiz aspectos ... Para Tarouco (2003), objetos de aprendizagem

69

Diálogo Canoas n. 14 jan-jun 2009p. 69 - 85

UM MODELO DE GERÊNCIA DE OBJETOS DEAPRENDIZAGEM EM UM AMBIENTE DE

EDUCAÇÃO UBÍQUA

Marcus V. L. MartinsDébora Nice Ferrari BarbosaJorge Luis Victória Barbosa

Cláudio Fernando Resin Geyer

ResumoAtualmente, a mobilidade do usuário portando dis-

positivos móveis e acessando recursos através das tecnolo-gias de rede sem fio, traz a necessidade de prover um aces-so uniforme e imediato às suas informações. Nesse cená-rio, um novo modelo de educação, denominado educaçãoubíqua, vem sendo explorado. Nessa perspectiva os pro-cessos educacionais são relacionados com a situação queenvolve o aprendiz (consciência do seu contexto), permi-tindo que os recursos educacionais sejam acessados de acor-do com o seu perfil e contexto. O GlobalEdu é um ambientecomputacional de suporte a educação ubíqua, consciente docontexto e da mobilidade do aprendiz. Este trabalho apre-senta o desenvolvimento do módulo de gerenciamento deconteúdo do GlobalEdu, bem como seu modelo de intero-perabilidade entre os repositórios de objetos de aprendiza-gem manipulados durante os processos educacionais reali-zados no sistema.

Palavras-chaveEducação ubíqua, objetos de aprendizagem, dispo-

sitivos móveis

70

Diálogo Canoas n. 14 jan-jun 2009p. 69 - 85

AbstractNowadays, as users make use of mobile devices and

access resources using wireless technologies, there is theneed of providing immediate and uniform access to theirinformation. This gave origin to a new model of educationnamed ubiquitous learning. Educational processes arerelated to the situation of the learner, enabling educationalresources to be accessed according to the learner’s profileand context. GlobalEdu is an environment that supportubiquitous learning, base don the learner’s context andmobility. This article describes the necessary services toprovide interoperability between available didactic materialsin an educational ubiquitous environment GlobalEdu. Theservices intend to make available these materials adaptedand proactive to the apprentice necessities, considering theirphysical and social context.

KeywordsUbiquitous learning, learning objects, mobile devices

1 INTRODUÇÃOAtualmente, a mobilidade do usuário portando dispositivos móveis e aces-

sando recursos através das tecnologias de rede sem fio, traz a necessidade de proverum acesso uniforme e imediato às suas informações (SATYANARAYANAN, 2001).A Computação Ubíqua (WEISER, 1991) surge como um modelo computacionalque visa a atender pró-ativamente às necessidades dos usuários, atuando de formainvisível (background). O objetivo é prover uma integração contínua entre a tecnolo-gia e o ambiente, auxiliando-o em suas tarefas cotidianas. Nesse modelo, as aplica-ções estão disponíveis independente de lugar e tempo, mantendo o acesso à rede eao ambiente computacional, independente do dispositivo e da localização física dousuário. A partir desse cenário, um novo modelo de educação, denominado educa-

71

Diálogo Canoas n. 14 jan-jun 2009

ção ubíqua (CHEN, 2003; OGATA, 2003; BARBOSA, 2005; BARBOSA, 2008)vem sendo explorada. Nesta, a mobilidade do aprendiz e a percepção dos elemen-tos que estão a sua volta (contexto) são parte do processo educativo, que podeocorrer de forma contínua, global e transparente. Nessa perspectiva, esses ambien-tes apóiam processos educacionais relacionados com a situação que envolve o apren-diz (consciência do seu contexto), permitindo que os recursos educacionais sejamacessados de acordo com o perfil e o contexto em que se encontra o aprendiz.

O GlobalEdu (BARBOSA, 2005; BARBOSA, 2008) é um ambiente com-putacional de suporte a educação ubíqua, consciente do contexto1 (DEY, 1999)e da mobilidade do aprendiz. Nesse modelo de educação, a consciência de con-texto tem um papel fundamental, visto que permite expor ao aprendiz aspectosde seu interesse que estão relacionados ao local onde ele está no momento.A mobilidade, por sua vez, permite que o sistema atue de forma pró-ativa nosdiversos locais em que o aprendiz se encontra. O GlobalEdu adota uma organiza-ção distribuída, considerando o acesso a uma rede global com suporte à acesso semfio, interligada a outra cabeada que provenha a estrutura de serviços e equipamen-tos em escala global. Essa estrutura permite interligar os servidores GlobalEduespalhados em diversos contextos. O sistema está sendo integrado a um ambientecom suporte à computação ubíqua denominado ISAM (YAMIN, 2002).

No GlobalEdu, os conteúdos educacionais são organizados como obje-tos de aprendizagem (IEEE/LTSC, 2002). Considerando a organização distribu-ída do sistema, cada contexto pode conter um repositório de objetos de aprendi-zagem. O aprendiz, ao usar o sistema, tem uma visão única desses objetos. Dessaforma, este trabalho apresenta o desenvolvimento do módulo de gerenciamentode conteúdo do GlobalEdu, bem como seu modelo de interoperabilidade entre1 Segundo Dey (1999), “contexto é qualquer informação que pode ser usada para caracterizar asituação de uma entidade. Uma entidade é uma pessoa, um lugar ou um objeto que é conside-rado relevante para a interação entre o usuário e uma aplicação, incluindo o próprio usuário ea própria aplicação”.

p. 69 - 85

72


os repositórios de objetos de aprendizagem manipulados durante os processoseducacionais realizados no sistema.

As demais seções deste artigo estão organizadas da seguinte forma: naseção 2, são apresentados os conceitos necessários para o entendimento do tra-balho proposto. Na seção 3, é descrito o modelo de gerência de conteúdo e oprotótipo desenvolvido, bem como uma avaliação do sistema. Na seção 4, ostrabalhos relacionados são apresentados. Finalmente, na seção 5, as conclusões etrabalhos futuros são abordados.

2 EDUCAÇÃO UBÍQUA E OBJETOS DE APRENDIZAGEMAmbientes e experiências em direção a educação ubíqua integram diferen-

tes aspectos tecnológicos. Em função disso, surgem modelos educacionais comoeducação baseada na mobilidade (mobile learning), (ROSCHELLE, 2002), educa-ção baseada na localização (location-aware learning) (PRICE, 2004), educação cons-ciente do contexto (context-aware learning) (TOIVONEN, 2003; SCHMIDT, 2005;YIN, 2005; YANG, 2006), educação pervasiva (pervasive learning) (COATTA, 2003;THOMAS, 2005), e, finalmente, modelos que integram esses aspectos – a educa-ção ubíqua (OGATA, 2003; ROGERS, 2005; BARBOSA, 2005).

Barbosa (2005) define educação ubíqua como um processo que podeocorrer em qualquer tempo e lugar, de forma adaptada, contínua e integrada aocotidiano do aprendiz. Dessa forma, percebe-se que a essência da educação ubí-qua está em perceber que a informação está presente no dia-a-dia das mais dife-rentes formas e em diferentes locais, devendo ser relacionada com os processoseducativos do aprendiz. A tecnologia que suporta a educação ubíqua deve proveresses aspectos através de mecanismos que permitem conhecer o aprendiz, o con-texto que o envolve e como ele se relaciona com esse contexto, adaptando comisso processos e recursos educacionais.

p. 69 - 85

73


A consciência de contexto (DEY, 1999) é um modelo computacionalimportante nesse cenário. Essa nova classe de sistemas computacionais abre pers-pectivas para o desenvolvimento de aplicações que exploram a natureza dinâmi-ca e a mobilidade do usuário. Os contextos e suas informações contextuais sãooriginários de diversas fontes, como sensores de localização, sensores de tempe-ratura, monitores de redes de computadores dentre outros. No apoio à educação,a consciência de contexto permite relacionar informações explicitas referentesao aprendiz, tais como suas preferências e objetivos, com informações implícitasdecorrentes a sua localização física.

Assim é possível que uma aplicação indique para o aprendiz, de maneirapró-ativa, um determinado evento ou recurso de seu interesse disponível nocontexto onde ele se encontra.Nesse cenário, é possível explorar objetos deaprendizagem relacionados ao contexto do aprendiz e seu perfil. Para Tarouco(2003), objetos de aprendizagem são definidos como qualquer recurso digital ounão digital que possa ser usado no suporte ao processo de aprendizagem e a suaideia básica é de que os objetos sejam como blocos com os quais será construído ocontexto de aprendizagem. Um aspecto importante consiste no uso de padrõespara catalogação dos objetos, tais como (IEEE/LOM 2002), (ADL/SCORM 2004),de modo a facilitar a exploração de aspectos relacionados a acessibilidade, intero-perabilidade, durabilidade e a flexibilidade. Esses aspectos são importantes em umcenário ubíquo, onde o aprendiz pode estar acessando os recursos de qualquerlugar, com qualquer dispositivo e o sistema deve dar suporte para esses aspectos.

3 A GERÊNCIA DE CONTEÚDO NO GLOBALEDUO GlobalEdu (BARBOSA, 2005; BARBOSA, 2008) tem como objetivo

dar suporte a aplicações educacionais ubíquas em escala global. A arquiteturaprevê uma organização em Camadas (figura 1). A Camada de Aplicação é repre-sentada por um Agente Pedagógico (AP), que acompanha o aprendiz no ambien-te e o auxilia em suas interações no sistema.

p. 69 - 85

74


A Camada de Sistema possui um conjunto de módulos Educacionais ede Suporte. Os Módulos Educacionais são responsáveis por executar funçõesespecíficas relacionadas à manipulação do modelo do aluno, de conteúdo e decontexto. Assim, o sistema possui três Módulos Educacionais: Gerencia Perfil,Gerencia Conteúdo e Gerencia Contexto. O primeiro é responsável por adminis-trar o perfil dos aprendizes. O segundo gerencia objetos de aprendizagem mani-pulados pelo aprendiz e o terceiro controla informações de contexto de interessedo aprendiz e da adaptação dos recursos que ele está manipulando. Os Módulosde Suporte têm como função auxiliar a execução dos Módulos Educacionais e doAP, gerenciando aspectos de comunicação, adaptação a interfaces de dispositivose acesso dos usuários e persistência.

A Camada de Execução é representada pelo middleware2 de suporte à execu-ção das aplicações educacionais, provendo elementos necessários para o sistema, taiscomo percepção de elementos de contexto, migração de código e mecanismos decomunicação. Atualmente o GlobalEdu utiliza o middleware EXEHDA (YAMIN, 2004).

2 O termo middleware é empregado para denotar um conjunto genérico de serviços sobre o siste-ma operacional [Yamin 2004].

p. 69 - 85

Figura 1. Visão geral da arquitetura GlobalEdu

75


3.1 O Modelo de Gerência de ConteúdoO Módulo Educacional Gerencia Conteúdo do GlobalEdu é responsá-

vel pelo gerenciamento dos objetos de aprendizagem, identificando e disponibi-lizando esses objetos de acordo com o perfil do aprendiz e das limitações de seucontexto físico (dispositivo e banda da rede). Os objetos são categorizados atra-vés do padrão IEEE/LOM (2002). Sua gerência é organizada a partir de umarede de repositórios de objetos de aprendizagem distribuídos e integrados paraprover uma visão única desses objetos. Dessa forma, o aprendiz tem acesso atodos os objetos que estão dentro da rede do GlobalEdu, a partir de qualquerlugar, de maneira transparente e personalizada. A interação do aprendiz com oGerencia Conteúdo é feita através do AP.

Dentre as atribuições do Gerencia Conteúdo no GlobalEdu, esse traba-lho concentra-se especificamente em três funções básicas:

• Gerencia Metadados. Todos os conteúdos armazenados no Globa-lEdu ficam em repositórios denominados Repositórios de Conteúdorepresentados na forma de metadados XML, seguindo o padrão LOM.Essa funcionalidade controla a inserção, alteração e exclusão dos ob-jetos de aprendizagem no repositório por usuários autorizados. Cadacontexto no GlobalEdu pode possuir um Repositório de Conteúdo.

• Seleciona Conteúdo. A seleção de um determinado tipo de conteú-do para a apresentação ao aprendiz leva em consideração três requisi-tos. O primeiro é estratégia pedagógica do material, que deve estar deacordo com o estilo de aprendizagem preferido do aprendiz (especifi-cado em seu perfil). O segundo analisa se o conteúdo em questão temo assunto relacionado a algum objetivo do aprendiz (também especi-ficado em seu perfil). Por fim, como terceiro requisito, o sistema levaem consideração o contexto físico de acesso do aprendiz, de formaque esse receba conteúdos adaptados ao dispositivo e banda da rede.

p. 69 - 85

76


• Consulta Conteúdo. O aprendiz pode, através de seu AP, solicitarinformações sobre os objetos de aprendizagem disponíveis no ambi-ente. Essa consulta pode ser feita de acordo com o seu perfil (media-da pelo sistema) ou através de palavras-chave (consulta livre).

A figura 2 apresenta o diagrama de casos de uso especificando as funcio-nalidades providas pelas funções básicas do módulo.

Figura 2. Casos de uso das funcionalidades providas pelo Gerencia Conteúdo

Os atores são as pessoas ou entidades computacionais envolvidas na exe-cução das funcionalidades do sistema, sendo eles:

• Administrador. Representa o usuário com a responsabilidade de incluir,alterar e excluir os objetos de aprendizagem dentro do GlobalEdu.

p. 69 - 85

77


• GerenciaContexto. É a representação do Módulo Educacional Ge-rencia Contexto do GlobalEdu.

• AgentePedagogico. Responsável pelo interação do aprendiz com osobjetos de aprendizagem.

• RepositorioConteudo. Cada repositório tem o conhecimento dosdemais repositórios registrados na rede GlobalEdu e se encarregamde propagar as consultas feitas por cada aprendiz, possibilitando as-sim que o aprendiz tenha uma visão única de todos os objetos demaneira transparente.Os casos de uso demonstram como ocorre à interação entre os atorese o sistema, conforme descritos a seguir:

• Gerenciar Objetos de Aprendizagem. Engloba as operações rea-lizadas pelo administrador para gerenciar o conteúdo de cada reposi-tório. Esse caso de uso se divide em três operações: Incluir, Excluir eAtualizar objetos de aprendizagem.

• Consultar Objetos de Aprendizagem. Esse caso de uso possibi-lita que qualquer aprendiz do sistema acesse os objetos de aprendiza-gem disponíveis nos repositórios do GlobalEdu. Objetos cujo for-mato atendam o contexto físico (dispositivo e rede) são prioritários.A consulta pode ser feita de duas formas: 1) consulta por perfil,onde são considerados objetos cuja palavra-chave atende ao estilo deaprendizagem e aos objetivos do aprendiz; 2) consulta por palavra-chave, onde o aprendiz pode consultar objetos por qualquer tipo depalavra, permitindo que o aprendiz consulte objetos que podem ounão serem relacionados com os seus objetivos.

• Manter Lista de Repositórios. Cada repositório tem o conhecimentodos demais repositórios da rede GlobalEdu, mantendo uma visão únicados repositórios da rede. Esse caso de uso engloba três operações bási-

p. 69 - 85

78


cas: 1) registrar repositório, responsável por notificar os demais con-textos sobre a existência de um novo repositório de conteúdo. O anún-cio pode ser feito para qualquer outro repositório conectado a rede doGlobalEdu; 2) desligar repositório, permitindo desligar um servidorpara manutenção ou reparos. Neste caso, os demais repositórios da redesão notificados; 3) trocar lista de repositórios, permitindo que umrepositório requisite para qualquer outro repositório a sua lista de repo-sitórios conhecidos. Essa lista contém dados como identificador de cadarepositório, endereço de acesso e seu estado atual. Frequentemente cadarepositório executa a troca das listas para os demais repositórios, com afinalidade de atualizar o estado de cada um deles e manter uma visãoatualizada da rede. O intervalo de execução desta funcionalidade podeser parametrizado nas configurações de cada repositório.

3.2 Arquitetura do Módulo Educacional Gerencia ConteúdoA arquitetura do Gerencia Conteúdo é baseada em serviços. A figura 3 apre-

senta os componentes de cada servidor Gerencia Conteúdo da rede GlobalEdu.

Figura 3. Arquitetura do Gerencia Conteúdo

p. 69 - 85

79


A arquitetura do módulo Gerencia Conteúdo se baseia em uma rede deservidores, onde eles se integram de maneira transparente para o usuário. Osseus componentes são:

• ContentManagerServer. Representa cada servidor distribuído pelarede de repositórios do GlobalEdu. Os servidores são independen-tes, podendo executar suas funções normais sem a necessidade deque a rede esteja on-line. Nesses casos a consulta de objetos será feitaapenas no repositório local.

• ContentManagerRepository. É a abstração das operações relativasao armazenamento físico dos objetos de aprendizagem. Sendo assim,a implementação de cada repositório pode ser feita de maneira sepa-rada, bastando apenas indicar para o módulo Gerencia Conteúdo quala implementação do repositório deve ser utilizada através do arquivode configurações do mesmo. A implementação padrão do repositóriofísico de objetos de aprendizagem provida pelo Gerencia Conteúdo ébaseada na API JCR (Java Content Repository). Neste trabalho utilizou-se implementação Jackrabbit dessa API.

• DescriptorsList. Esse é o componente encarregado de manter a redede repositórios interligada, mantendo a lista de repositórios conheci-dos por cada servidor e o controle de estado de cada um deles (seestão ativos ou não).

• Listeners. São componentes parametrizáveis com o conhecimento doestado atual do servidor. A função básica dos listeners é a possibilidade deexecutar operações durante o processo de inicio e fim de cada servidor.

• ServiceExecutor. Para manter a compatibilidade com diferentes dis-positivos, o módulo Gerencia Conteúdo disponibiliza o conceito deexecutores de serviços. Um executor tem a função de empacotar osparâmetros para a execução de um serviço, assim como trazer o retor-

p. 69 - 85

80


no dessa execução para o cliente. Atualmente, é possível executar osserviços através de sockets e Web Services, que será o responsável pelaintegração dos repositórios através da Internet.

• Services. São o conjunto de serviços providos pelo Gerencia Con-teúdo, separados em dois grupos distintos: 1) serviços de integra-ção, responsáveis por prover a integração e a interoperabilidade entreos repositórios de objetos de aprendizagem presentes na rede do Ge-rencia Conteúdo. O componente responsável pela execução dessesserviços é a lista de repositórios. Os serviços são responsáveis poranunciar os repositórios na rede, executar a troca das listas de reposi-tórios e remover um repositório da rede; e, 2) serviços de manipula-ção de objetos de aprendizagem, consistindo de uma série servi-ços que externam as funções referentes à manipulação de objetos deaprendizagem. Esses serviços permitem incluir, remover, atualizar epesquisar um objeto de aprendizagem no repositório.

3.3 Protótipo e Avaliação do SistemaO protótipo do sistema integrou-se aos demais módulos do GlobalEdu.

Atualmente, o sistema possui o AP e o Módulo Educacional Gerencia Contextodesenvolvidos e validados. Aspectos referentes ao perfil do aprendiz são inseridosdiretamente no sistema, visto que o módulo Gerencia Perfil ainda está em imple-mentação. No GlobalEdu a aplicação U-inContext implementa e incorpora a pro-totipação de algumas funcionalidades especificadas para o Agente Pedagógico (AP).O U-inContext possui classes que manipulam os objetos gráficos da aplicação.Assim, independente do dispositivo utilizado, o sistema implementa classes básicasde apresentação para a aplicação. Através da implementação do U-inContext épossível acessar os objetos na rede GlobalEdu. Para isso, foi incorporado ao menu“Minhas informações” a possibilidade de acessar os objetos disponíveis para oaprendiz conforme contexto, bem como o acesso a pesquisa de objetos.

p. 69 - 85

81


Uma avaliação do protótipo foi realizada com o objetivo de analisar aseleção dos objetos de aprendizagem conforme o perfil do aprendiz e palavra-chave, a seleção a partir do contexto e de objetos distribuídos em repositóriosdistintos, além de uso do sistema no dia-a-dia e como auxílio ao aprendizado emsala de aula. Foram utilizados como nodos móveis um notebook e um PDA SharpZaurus SL-5600. A população amostra consistiu em seis sujeitos, da área da com-putação e de outras áreas. Primeiramente, o objetivo do estudo, bem como carac-terísticas básicas do protótipo, foram expostas aos mesmos. Após, os sujeitosinseriram seus dados pessoais no seu U-inContext. Ao final de cada experimentoum questionário foi aplicado com objetivo de coletar dados para análise.

Algumas considerações podem ser destacadas. Os sujeitos avaliaram, nogeral, o sistema como bom para ser utilizado como forma de interação comobjetos de aprendizagem em uma localização. Os gráficos da figura 4 apresentamas percepções dos sujeitos quanto a adequação do sistema para aprendizado dealgum conteúdo e a possibilidade de uso do sistema em sala de aula, no auxílio àaprendizagem. Os resultados indicam uma boa aceitação dos sujeitos quanto aoselementos avaliados, visto que os mesmos consideraram, no geral, o sistema bome excelente no que relaciona-se ao auxílio ao aprendizado.

Figura 4. Aspectos de análise da avaliação do sistema

p. 69 - 85

82


A maioria dos usuários indicou que o sistema seria interessante para serusado no dia-a-dia. Destacam-se os comentários de um sujeito quanto ao uso dosistema para auxílio à aprendizagem: “Acho que no futuro esse sistema poderá substituiros sistemas de EAD utilizado na Instituição.” Entende-se que a percepção desse sujei-to consiste em que o sistema poderia ser utilizado para acesso às informaçõescontidas nas diversas disciplinas que o sistema de EAD institucional suporta.

4 TRABALHOS RELACIONADOSConsiderando sistemas educacionais direcionados a educação ubíqua, al-

gumas propostas também se utilizam de objetos de aprendizagem para represen-tar o conteúdo a ser manipulado pelo aprendiz. Os trabalhos apresentados emYang (2006) e Schimidt (2005) prevêm um gerenciador de objetos deaprendizagem utilizando o padrão SCORM, considerando dispositivos diversospara acesso. Embora as redes de aprendizagem SeLeNe (2004) e ELENA (2004),que serviram de inspiração para a proposta do de gerência de conteúdo no Glo-balEdu, utilizem o padrão LOM para representação dos objetos, não preocu-pam-se com adaptação ao contexto do aprendiz.

No GlobalEdu, o conteúdo (objeto de aprendizagem) não é restrito àlocalização do aprendiz, sendo acessado independentemente do seu contexto.Os objetos em manipulação pelo aprendiz o acompanham em seu percurso, deforma adaptada, mantendo a continuidade do processo. Esses aspectos são ga-rantidos pelo AP, que acompanha o aprendiz e mantém as crenças com relaçãoao perfil do aprendiz e seu modelo de conteúdo. Dessa forma, esse aspecto,aliado as informações de contexto e interoperabilidade entre repositórios, dife-renciam o GlobalEdu das demais propostas, auxiliando para que a informação eo conteúdo sejam fornecidos ao aprendiz conforme suas necessidades, conside-rando o seu contexto.

p. 69 - 85

83


5 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROSPerceber os elementos que envolvem o aprendiz em um mundo virtual

perceptível é tarefa consagrada nas pesquisas em ambientes virtuais, em especialas pesquisas relacionadas a Educação a Distância. Considerando uma educaçãoubíqua, essa percepção transcende o virtual e alcança o mundo real do aprendiz.Dessa forma, um dos principais problemas de pesquisa em aberto tem comoponto central à percepção do contexto que envolve o aprendiz. Esse aspectoinfluencia o perfil do aprendiz, bem como os conteúdos educacionais que estemanipula. Avanços nesses temas possibilitarão novas metodologias para gerênciade conteúdo em ambientes educacionais ubíquos.

Este trabalho apresentou o modelo de gerenciamento de conteúdo pro-posto para o GlobalEdu, bem como seu modelo de interoperabilidade entre osrepositórios de objetos de aprendizagem manipulados durante os processos edu-cacionais realizados no sistema. O desenvolvimento do sistema proporcionouuma visão única de todos os objetos disponíveis na rede GlobalEdu, disponibili-zando ao aprendiz objetos de aprendizagem conforme seu perfil e contexto. Atra-vés de uma pré-avaliação do sistema desenvolvido, foi possível perceber a efici-ência do sistema, bem como a satisfação dos usuários durante sua utilização.

Como trabalhos futuros, pretende-se expandir o modelo de gerência deconteúdo do GlobalEdu provendo extensões para que o sistema trabalhe comoutros padrões de objetos de aprendizagem, tais como SCORM. O trabalho apre-sentado não está muito distante disso, sendo possível criar conversores de impor-tação e exportação de objetos de aprendizagem em diversos formatos, sem alte-rar o funcionamento do núcleo do sistema. Novos clientes de acesso a rede deobjetos de aprendizagem do GlobalEdu poderiam ser criados para integrar essesobjetos a sistemas de Educação a Distância legados, maximizando assim a utili-zação desse módulo e aproveitando repositórios já existentes.

p. 69 - 85

84


REFERÊNCIASBARBOSA, D. N. F. et al. “GlobalEdu – an architecture to support learning in aPervasive Computing Environment”. In: IFIP Working Conference, EduTech2005, Perth. New Trends and Technologies in Computer-Aided Learning forComputer-Aided Design. Proceedings... New York: Springer, 2005. p. 1-10.BARBOSA, D. N. F. et al. Em direção a Educação Ubíqua: aprender sempre, emqualquer lugar, com qualquer dispositivo. RENOTE. Revista NovasTecnologias na Educação, v. 6, p. 1-10, 2008.COATTA, T.; KAUFFMANN, R. A new plataform for pervasive learning. In:World Conference on Educational Multimedia, Hypermedia andTelecommunication, Proceedings... 2003.DEY, A. K. et al. Towards a better understanding of context andcontextawareness. TR GIT-GVU-99-22, Georgia Institute of Technology,College of Computing, June, 1999.IEEE/LTSC Learning Technology standards committee. http://ltsc.ieee.orgELENA Project, 2004. Disponível em: < http://www.dfki.uni-kl.de/~sintek>.Acesso em: fev. 2008.LOCAL Project. MobiLab website. http://www.inf.unisinos.br/~mobilab, 2005OGATA, H., YANO, Y. How Ubiquitous Computing can support languagelearning. Proc. of KEST, 2003, p. 1-6.PRICE, S.; ROGERS, Y. Let’s get physical: the learning benefits of interacting indigitally augmented spaces. Computers & Education, n. 43, 2004, 137-151.ROGERS, Y.; et al. Ubi-learning Integrates Indoor and Outdoor Experiences.Communications of the ACM, v. 48, n. 1, p. 55-59, January, 2005.ROSCHELLE, J.; ROY P. A walk on the WILD side: How wireless handhelds maychange computer-supported collaborative learning. In: International Conferenceon Computer-Supported Collaborative Learning, Colorado, 2002, Jan. 7-11.SATYANARAYANAN, M. Pervasive Computing: Vision and Challenges. IEEEPersonal Comunications, New York, v. 4, n. 8, Aug, 2001.

p. 69 - 85

85


SCHMIDT, A. Potential and Challenges os Context-Awareness for LearningSolutions. Lernen, Wissensentdeckung und Adaptivität, LWA, 2005.Proceedings... Saarbrücken, Áustria, Oct. 2005. p 63-68.SELENE. Self e-Learning Networks. 2004. http://www.dcs.bbk.ac.uk/selene.Acesso em Março, 2008.TAROUCO, L. M. R. et al. Reusabilidade de objetos educacionais. RENOTE -Revista Novas Tecnologias na Educação. Porto Alegre: Centro Interdisicplinarde Novas Tecnologias na Educação (UFRGS), v. 1, n. 1, 2003.TOIVEN, S. et al. Facilitating Mobile Users with Contextualized Content. In:Artificial Intelligence in Mobile System Workshop 2003. Proceedings... Seattle,Oct., 2003.YANG, S. J. H. Context Aware Ubiquitous Learning Environments for Peer-to-Peer Collaborative Learning. Educational Technology & Society. v. 9, n. 1,2006, p. 188-201.YAMIN, A. C. et al. ISAM: a Pervasive View in Distributed Mobile Computing.In: IFIP/IEEE Network Control and Engineering (NET-CON’2002), 2002,Paris. New York: IEEE Press.YIN, C., OGATA, H., YANO, Y. JAPELAS: Supporting Japanese PoliteExpressions Learning Using PDA towards Ubiquitous Learning. The Journalof Information and Systems in Education, v. 3, n. 1, 2005, p. 33-39.WEISER, Mark. The Computer for the 21st Century. Scientifc America, set.,1991, p. 94.

p. 69 - 85

Documents

UM MODELO DE GERÊNCIA DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM EM … · texto tem um papel fundamental, visto que permite expor ao aprendiz aspectos ... Para Tarouco (2003), objetos de aprendizagem