27
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS (CCNE) CURSO DE MATEMÁTICA LICENCIATURA PLENA UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM MATEMÁTICA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO BIBIANE VALESSA MOREIRA BISOGNIN Santa Maria, RS, Brasil 2015

UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS (CCNE)

CURSO DE MATEMÁTICA LICENCIATURA PLENA

UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM

MATEMÁTICA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

BIBIANE VALESSA MOREIRA BISOGNIN

Santa Maria, RS, Brasil 2015

Page 2: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

2

UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM MATEMÁTICA

NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Bibiane Valessa Moreira Bisognin

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Matemática

(UFSM,RS), como requisito parcial para obtenção do grau de

Licenciada em Matemática

Professor Doutor Ricardo Fajardo

Santa Maria, RS, Brasil 2015

Page 3: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

3

Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências Naturais e Exatas

Curso de Matemática

A Comissão abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso

UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM MATEMÁTICA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL

Elaborado por Bibiane Valessa Moreira Bisognin

Como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciada em Matemática

COMISSÃO EXAMINADORA

Ricardo Fajardo, Dr. (Presidente/Orientador)

Sandra Eliza Vielmo, Drª. (UFSM)

Carmen Vieira Mathias, Drª. (UFSM)

Santa Maria, dezembro de 2015

Page 4: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

4

Agradecimentos

Agradeço a todas as pessoas que de alguma maneira apoiaram a minha formação. Em especial, agradeço à minha mãe e ao meu esposo.

Page 5: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

5

RESUMO

Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Graduação em Matemática Universidade Federal de Santa Maria

UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM MATEMÁTICA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL

Autora: Bibiane Valessa Moreira Bisognin

Orientador: Ricardo Fajardo Data e Local da Defesa: Santa Maria, 2 de dezembro de 2015

O presente trabalho de conclusão de curso tem como tema “Dificuldades de aprendizagem em Matemática: um estudo com uma escola estadual de Santa Maria nos anos finais do Ensino Fundamental”. Ciente da problemática na educação, buscou­se saber onde ou como começam os bloqueios com a disciplina de Matemática. Para tanto, definiu­se, com objetivo geral, conhecer os entraves ou dificuldades que existem, sob a óptica do professor. Dessa forma, buscou­se identificar os problemas de aprendizado, observando o ponto de vista do docente e assim desenvolver uma ferramenta de trabalho que oportunize ao professor o desenvolvimento do ensino de maneira aplicada às vivências do aluno. Metodologicamente, com base no referencial teórico, aplicou­se um questionário para os professores da escola, que serviu de base para essa discussão. Com a execução dessa etapa, buscou­se verificar a percepção dos docentes acerca do ensino que promovem. Disso resultou um apontamento sobre o fator­motivador: descuido da família. Tal questionário foi desenvolvido com foco na identificação objetiva dos métodos e entraves do ensino da disciplina, em uma escola do município de Santa Maria. Assim, o presente trabalho está dividido em quatro partes: introdução, a qual contextualiza os fatores relacionados ao tema, o desenvolvimento que faz uma revisão teórica sobre as principais concepções que norteiam o estudo do ensino­aprendizagem da matemática, bem como a sua problemática. A seção de resultados faz uma análise sobre as concepções e recursos a serem utilizados no ensino­aprendizagem da matemática; e, ao final, as considerações finais.

Palavras-chave: Ensino Fundamental. Matemática. Métodos.

Page 6: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

6

ABSTRACT

Course Conclusion Work Graduation Course of Mathematics Federal University of Santa Maria

A LOOK OF TEACHERS ON LEARNING DIFFICULTIES IN MATHEMATICS IN THE FINAL YEARS OF THE ELEMENTARY

SCHOOL

Author: Bibiane Valessa Moreira Bisognin

Advisor: Ricardo Fajardo Date and local of presentation: Santa Maria, december, 2, 2015

This course conclusion work is themed "Learning difficulties in Mnh athematics: a study of a state school of Santa Maria in the final years of elementary school." Aware of the problems in education, he sought to know where or how to begin the locks with the discipline of mathematics. To this end, it was decided, with the overall objective, meet obstacles or difficulties that exist, from the perspective of the teacher. Thus, we sought to identify learning problems, observing the teaching point of view and so develop a working tool further opportunity to the development of teacher education as applied to the experiences of the student. Methodologically based on theoretical, applied a questionnaire to the school teachers, which formed the basis for this discussion. With the execution of this step, it attempted to verify the perception of teachers about the education they promote. The result was a note on the motivating­factor: Family carelessness. This questionnaire was developed focusing on the objective identification of the methods and obstacles of the course teaching in a school in the municipality of Santa Maria. The present work is divided into four parts: introduction, which contextualizes the factors related to the subject, the development that makes a theoretical review of the main concepts that guide the study of teaching and learning of mathematics, as well as their problematic. The results section is an analysis of the conceptions and resources to be used in the teaching of mathematics; and at the end, the final considerations.

Key-words: Elementary School. Mathematics. Methods.

Page 7: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................... 08

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................... 11

1.1 A Matemática nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) ....................13

1.2 As considerações do Professor acerca do Ensino ......................................14

1.2.1 Ensino tradicional: funcionará quando houver participação da família ...........16

2 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................ 18

3.CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 22

REFERÊNCIAS ................................................................................... 23

APÊNDICE I ........................................................................................ 25

Page 8: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

8

INTRODUÇÃO

Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

e todos os envolvidos a refletirem sobre os motivos e processos que norteiam o ensino

dessa disciplina. Nesse sentido, Parra e Saiz (1996, p.11) coloca que:

O mundo atual é rapidamente mutável, a escola como os educadores devem estar em contÍnuo estado de alerta para adaptar­se ao ensino, seja em conteúdos como a metodologia, a evolução dessas mudanças que afetam tantas condições materiais de vida como do espírito com que os indivíduos se adaptam a tais mudanças. Em caso contrário, se a escola e os educadores descuidarem e se manterem estáticos ou com movimento vagaroso em comparação com a velocidade externa, origina­se um afastamento entre a escola e a realidade ambiental, que faz com que os alunos se sintam pouco atraída pelas atividades de aula e busquem adquirir por meio de uma educação informal os conhecimentos que consideram necessários para compreender a sua maneira no mundo externo.

A partir disso, este trabalho se estrutura com base no tema “Dificuldades de

aprendizagem em Matemática: um estudo de caso em uma escola estadual com os

anos finais do Ensino Fundamental”. Este tema, que gera tantas polêmicas, em âmbito

geral, é algo que precisa ser discutido, pois sempre se ouviu dizer que, quando um

povo é desenvolvido, intelectualmente, ele se torna mais consciente e com isto mais

crítico quantos aos seus direitos e deveres. É assim que acredito que o nosso país,

com jovens preparados e estruturados para conseguirem vencer não só as suas

barreiras e suas deficiências, como também as suas dificuldades de aprendizagem

matemática.

Sabemos que o nosso país possui muitos problemas em relação à educação.

O IBGE (2010), no censo, apontou, entre as deficiências, a condição dos ambientes

escolares, os quais por sua inexistência ou insuficiência, não oportunizam uma

eficiente construção do conhecimento. Essa situação está relacionada a inúmeros

fatores, como a condição estrutural das escolas, a relação pedagógica do professor

com o aluno, o perfil deste aluno dentro do contexto de formação do saber. Buscando

compreender e trabalhar tal questão, em uma perspectiva macro, o MEC desenvolveu

indicadores1 de qualidade, a fim de mapear e buscar resolver a situação.

1 Indicadores, propostos pelo Ministério da Educação e Cultura (http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/ce_indqua.pdf), são sinais que revelam aspectos de determinada realidade e que podem qualificar algo. Os indicadores apresentam a qualidade da escola em relação a importantes elementos de sua realidade: as dimensões (do ambiente escolar, da

Page 9: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

9

No entanto, é preciso ter a consciência de que só se consegue progredir se

houver um real engajamento das pessoas que compõem, de forma mais direta, esse

cenário: professores e alunos. Isso pode começar a se estruturar com muito estudo e

conhecimento daquilo que hoje desorganiza e desestrutura a formação de muitos

alunos. Deslocando essa questão para o ensino­apredizagem da matemática,

precisamos saber onde começam as dificuldades. É importante considerar que essa

relação de dificuldade está vinculada ao mito de ouvirmos dizer que é difícil pelos

nossos pais ou avós ou se isto ocorre pelo nível de complexidade por fatores mentais,

físicos ou psicológicos. Para discutir essa questão, algumas perguntas motivadoras

se fizeram necessárias: A deficiência da aprendizagem está no atual sistema de

ensino? Está no professor? Os professores estão sabendo identificar as falhas do

sistema? E a família? Qual é o papel dela?

Em vista disso, este trabalho de conclusão de curso em Matemática

Licenciatura da UFSM, objetiva, de forma geral, conhecer os entraves ou dificuldades

que existem, sob a óptica do professor, em relação ao ensino­aprendizagem da

disciplina de Matemática no Ensino Fundamental das séries finais de uma escola da

cidade de Santa Maria. Em se tratando de objetivos específicos, primeiramente,

buscamos analisar, de forma teórica, a visão do professor. Posteriormente, ainda com

objetivos específicos, buscamos propor alguns recursos que podem ser aplicados

como ferramentas de trabalho para oportunizar a aprendizagem de alunos de Ensino

Fundamental de 6º a 9º ano em relação à disciplina de Matemática da escola.

Dessa forma, buscamos identificar os problemas de aprendizado, observando

o ponto de vista do professor e assim desenvolver uma ferramenta de trabalho que

oportunize ao professor o desenvolvimento do ensino e aprendizagem de maneira

aplicada às vivências do aluno. Essa escolha de análise se deve pelo fato de que

existe um recorrente discurso de que o professor é o “culpado” pela deficiência no

aprendizado dos alunos. Diante disso, interessei­me em conhecer a visão do docente

acerca do ensino­aprendizagem da disciplina de Matemática.

Precisamos saber ao certo as causas dessas dificuldades da aprendizagem

relacionando com as possíveis consequências que geram o não aprendizado ou o

aprendizado com algumas barreiras. Se for comprovado, precisamos saber a forma

prática pedagógica, da avaliação, da gestão escolar, da formação e condições de trabalho dos profissionais da escola, do ambiente físico escolar, do acesso, permanência e sucesso na escola).

Page 10: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

10

de trabalhar para podermos propiciar um melhor desenvolvimento do aluno quanto ao

seu grau de dificuldade em matemática. Para tanto, metodologicamente, esse trabalho

se estrutura da seguinte maneira: com base nas estruturas teóricas aqui mobilizadas,

foi aplicado um questionário para os professores da escola, que servirá de base para

essa discussão. Com a execução dessa etapa, buscamos verificar qual é a percepção

dos docentes acerca do ensino que promovem. Tal questionário foi desenvolvido com

foco na identificação objetiva dos métodos e entraves do ensino da disciplina na

escola pesquisada

Assim, o presente trabalho está dividido em quatro partes: introdução, a qual

contextualiza os fatores relacionados ao tema, o desenvolvimento o qual faz uma

revisão teórica sobre as principais concepções que norteiam o estudo do ensino­

aprendizagem da matemática, bem como a sua problemática. A seção de resultados

faz uma análise sobre as concepções e recursos a serem utilizados no ensino­

aprendizagem da matemática; e a conclusão, a qual aborda as considerações finais.

Page 11: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

11

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Atualmente o tema “Dificuldade na aprendizagem em Matemática” tem ganho

destaque em pesquisas e palestras. Alguns autores relacionam esse fato à

acontecimentos vinculados à formação individual dos alunos Segundo Parolin e

Salvador (2002),

As representações negativas, associadas às dificuldades que se manifestam no contexto do ensino e da aprendizagem, da Matemática podem dificultar ainda mais a apropriação dos conceitos matemáticos, pois os fatores emocionais podem exercer significativa influência na aprendizagem, podendo diminuir o desempenho cognitivo e impossibilitar a reflexão objetiva

Em geral, as pessoas têm muitas dúvidas e assim querem descobrir a origem

deste problema: se ele está no próprio sistema de ensino ou se os professores não

estão conseguindo atrair a atenção dos alunos. A grande questão é que, apesar de

tantas pesquisas, ainda existem muitos pontos em aberto em relação à efetiva

aprendizagem dos alunos, pois, muitas vezes, as dificuldades estão relacionadas não

apenas a uma causa, mas a vários fatores, os quais precisamos investigar para

podermos ajudar alunos e professores, permitindo­lhes uma melhor condição para o

saber.

Na visão de Smith e Strick (2001), as dificuldades dos alunos em relação à

aprendizagem de Matemática é sempre uma incógnita que devemos buscar, pois

podem ser atribuídas à memória, à atenção, à atividade perceptível motora, à

organização espacial, a problemas nas atividades verbais, à falta de consciência ou

até mesmo à falta de um apoio familiar, sendo todos esses elementos compreendidos

como fatores internos ou externos no modo de ensinar matemática.

Considerando que essa questão tem sido foco de pesquisas, algumas

perguntas são necessárias. Entre os questionamentos fundamentais a serem

pensados junto ao professor, estão: A deficiência da aprendizagem está no atual

sistema de ensino? Os professores estão sabendo identificar as falhas do sistema?

Estas questões norteiam a pesquisa sobre o assunto, no sentido de desenvolver

métodos e ações que possam sanar essa problemática na educação matemática do

ensino fundamental.

Page 12: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

12

No contexto da escola, para Fernandes (2006), encontram­se alguns

docentes que descrevem a disciplina de Matemática como um estudo que necessita

tornar­se mais acessível, o que pressupõe que ela é difícil. Desse modo, a Matemática

ao se configurar para os alunos como algo de difícil compreensão, sendo de pouca

utilidade prática, produz representações e sentimentos que vão influenciar no

desenvolvimento da aprendizagem. Vitti (1999, p.19) afirma que:

O fracasso do ensino de matemática e as dificuldades que os alunos apresentam em relação a essa disciplina não é um fato novo, pois vários educadores já elencaram elementos que contribuem para que o ensino da matemática seja assinalado mais por fracassos do que por sucessos.

A tomada de consciência da dificuldade em aprender Matemática, não é nova.

Acreditamos que depende da forma como o assunto é apresentado ao aluno em cada

fase de seu aprendizado. Segundo os PCN (BRASIL, 1998, p. 62) de Matemática dos

anos finais do Ensino Fundamental, destaca­se que:

É importante que estimule os alunos a buscar explicações e finalidades para as coisas, discutindo questões relativas à utilidade da Matemática, como ela foi construída, como pode construir para a solução tanto de problemas do cotidiano como de problemas ligados à investigação científica. Desse modo, o aluno pode identificar os conhecimentos matemáticos como meios que o auxiliam a compreender e atuar no mundo.

Segundo Fernandez (1991), o fracasso na aprendizagem implica pensar sobre

estas situações, pois o problema pode estar em diversos segmentos do processo de

ensino­aprendizagem, como no professor, na escola e não somente o aluno. Alguns

autores têm investigado essa questão. Sanchez (2004, p. 174) refere que:

1. Dificuldades em relação ao desenvolvimento cognitivo e à construção da experiência matemática; do tipo da conquista de noções básicas e princípios numéricos, da conquista da numeração, quanto à prática das operações básicas, quanto à mecânica ou quanto à compreensão do significado das operações. Dificuldades na resolução de problemas, o que implica a compreensão do problema, compreensão e habilidade para analisar o problema e raciocinar matematicamente. 2. Dificuldades quanto às crenças, às atitudes, às expectativas e a fatores emocionais acerca da Matemática. 3. Dificuldades relativas à própria complexidade da Matemática, como seu alto nível de abstração e generalizações, a complexidade dos conceitos e de alguns algoritmos; a natureza lógica exata de seus processos; a linguagem e a terminologia utilizadas. 4. Podem ocorrer dificuldades mais intrínsecas, como bases neurológicas alteradas. Atrasos cognitivos generalizados ou específicos. Problemas linguísticos que se manifestam na Matemática; dificuldades atencionais e motivacionais, dificuldades na memória, etc.

Page 13: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

13

5. Dificuldade originada no ensino inadequado ou insuficiente seja porque a organização do mesmo não está bem seqüenciada, ou não se proporcionam elementos de motivação suficientes; seja porque os conteúdos não se ajustam as necessidades e ao nível de desenvolvimento do aluno, ou não estão adequados ao nível de abstração, ou não se treinam as habilidades prévias; seja porque a metodologia é muito pouco motivadora e muito pouco eficaz.

A partir disso, entende­se que o autor mapeia alguns pontos que buscam

explicar as bases do problema de aprendizagem em Matemática, entretanto procura­

se nesse trabalho deslocar a atenção para fatores que envolvem a percepção do

professor, enquanto profissional da área, na tentativa de minimizar essa problemática.

1.1 A Matemática nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)

Segundo Brasil (1998, p. 30), colocam­se como referências de qualidade para

o ensino. Esses parâmetros conduzem a propostas com objetivos para a matemática

do Ensino Fundamental, o que se evidencia como instrumentos para compreender o

universo dos números, estimulando o interesse, a curiosidade e o desenvolvimento

da capacidade para resolver problemas.

Segundo os Parâmetros Curriculares (PCN) em Matemática:

A Matemática comporta um amplo campo de relações, regularidades e coerências que despertam a curiosidade e instigam a capacidade de generalizar, projetar, prever e abstrair, favorecendo a estruturação do pensamento e o desenvolvimento do raciocínio lógico. Faz parte da vida de todas as pessoas nas experiências mais simples como contar, comparar e operar sobre quantidades. Nos cálculos relativos a salários, pagamentos e consumo, na organização de atividades como agricultura e pesca, a Matemática se apresenta como um conhecimento de muita aplicabilidade. Também é um instrumental importante para diferentes áreas do conhecimento, por ser utilizada em estudos tanto ligados às ciências da natureza como às ciências sociais e por estar presente na composição musical, na coreografia, na arte e nos esportes. Essa potencialidade do conhecimento matemático deve ser explorada, da forma mais ampla possível, no ensino fundamental. Para tanto, é importante que a Matemática desempenhe, equilibrada e indissociavelmente, seu papel na formação de capacidades intelectuais, na estruturação do pensamento, na agilização do raciocínio dedutivo do aluno, na sua aplicação a problemas, situações da vida cotidiana e atividades do mundo do trabalho e no apoio à construção de conhecimentos em outras áreas curriculares. (BRASIL, 1997, p 24)

Com base nessas concepções, acredita­se que identificar os problemas de

aprendizado, observando o ponto de vista do aluno constitui­se como uma ação

urgente, à medida que o ensino – como um todo – necessita de alunos mais

Page 14: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

14

preparados, que desenvolvam um raciocínio mais apurado, com capacidade

intelectual suficiente para que consiga galgar – em uma escala social – lugares e

condições mais oportunas a seus interesses.

Entretanto toda essa concepção norteadora evidenciada pelo PCN sobre o

ensino­aprendizagem da matemática, é fato que o ensino, no atual contexto, não tem

esse alcance. Com base nisso e em todos os aspectos­problema já mencionados,

torna­se urgente reconhecer o que, na visão do docente, estrutura essa problemática,

bem como construir um referencial conceitual e norteador acerca de como

desenvolver uma ferramenta de trabalho ­ na área da Matemática – que permita ao

professor o trabalho do ensino e aprendizagem de maneira aplicada às vivências do

aluno.

1.2 As considerações do professor acerca do ensino

No que diz respeito ao professor, Demo (2005) aponta que este profissional

não deve apenas dar aulas, mas garantir também a aprendizagem do aluno. Diante

disso, entende­se que a aprendizagem do aluno não é responsabilidade apenas dele

(aluno), mas também do docente. Segundo Perrenoud (2000), os professores devem

dominar os saberes a serem ensinados, ser capazes de dar aulas, de administrar uma

turma e de avaliar. Além disso, a atitude do professor está em administrar a

progressão das aprendizagens e envolver seus alunos em seu trabalho.

Nesse sentido, entende­se inicialmente que é preciso encontrar e, a partir

disso, analisar o que realmente pode estar impedindo o desenvolvimento do ensino

matemático. Assim, verificar a percepção do professor constitui­se como um dos

caminhos para ressignificar essa questão. Azevedo (2009); Parra e Saiz (1996)

apontam que os docentes encontram­se em estado de descontentamento com esse

processo; reclamam da extensão dos programas que são muito além do que a carga

horária em sala de aula, bem como da inflexibilidades e do caráter abstrato dos

conteúdos componentes.

Em face disso, desconhecem métodos que consigam motivar ou interessar os

alunos pelos conteúdos. Os autores também colocam que os docentes encontram­se

deslocados, sem oportunidades para debaterem sobre experiências e possibilidade

de ensino. Sendo assim, vão “levando” a situação. Vasconcelos (2009, p. 30) resume

bem tal contexto quando afirma que “O ensino da Matemática está passando por uma

Page 15: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

15

situação de grande desconforto para quem aprende, para quem ensina, sendo

também alvo de críticas da opinião pública”.

Há de se salientar que há também alguns professores que delegam a falta de

sucesso dos alunos ao virtuosismo da disciplina e, por conseqüência, o seu inevitável

papel seletivo, criando uma espécie de grupos do “pré­destinados” à inteligência da

lógica.

Isso nos leva a entender que, a cada ano letivo, os professores destinam muito

tempo a tentar construir uma base de conhecimento para que o conteúdo daquele ano

seja compreendido. Todavia, se todos os professores afirmaram o mesmo fato, ou

seja, todos apontaram a necessidade de retomada dos conteúdos, e isso inclui desde

as séries iniciais, momento em que o aluno começa a conhecer realmente a disciplina,

onde então está a raiz do problema? Essa pergunta se faz pertinente em função de

que se até o professor que inicia o ensino­aprendizagem da matemática percebe a

falha do conhecimento do aluno, então, o que, na verdade, está bloqueando este

saber? A partir disso, elencamos, a seguir, os problemas – mais comuns ­ que

dificultam o aprendizado, sob a óptica do professor, bem como as unânimes

concordâncias dos docentes com as afirmações abaixo:

a) Pais ou responsáveis que não contribuem com as tarefas ou atividades escolares

dos jovens;

b) Alunos que não realizam as tarefas escolares dadas para casa;

c) Pais ou responsáveis que, quando participam das atividades dos jovens, não

apresentam significativo interesse em seus respectivos desenvolvimentos;

d) Alunos com grande dificuldade, e sem estrutura para recuperar o que não sabem.

Com tais apontamentos, verifica­se que o retrabalho dos professores, em sala

de aula, no sentido de construir constantemente uma base de conhecimento, está

relacionado a fatores externos, que fogem ao alcance do docente, mas que

infelizmente impactam diretamente no resultado de seu trabalho com os alunos. Posto

isso, posteriormente, vamos analisar estes aspectos.

Page 16: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

16

1.2.1 Ensino tradicional: funcionará quando houver participação da família

A problemática em relação ao ensino da Matemática se apresenta de forma

variada e com graus de complexidade distintos. Alguns pontos desta questão podem

ser até mais facilmente atendidos, como é o caso da estrutura de determinadas

unidades educacionais, as quais, muitas vezes, com algumas reformas, podem criar

um ambiente mais propício à aprendizagem. Mas, quando se trata de uma

reformulação de comportamentos e posturas, o que envolve a atitude dos envolvidos

na questão do ensino, isso passa a não ser tão simples.

A partir disso, faz­se importante pensar sobre como se configura o ensino da

Matemática. Carvalho (2005) aponta três componentes: o primeiro diz respeito à

conceituação, que se estrutura por meio de aulas teóricas; neste momento, o

professor introduz definições, proposições, fórmulas. Posteriormente, segue­se à

fixação dos conteúdos por meio de exercícios, os quais requerem a aplicação do

conhecimento adquirido. Em uma terceira fase, há a relação do que foi aprendido com

situações concretas. Apesar de todo esse esforço, a adoção dessa metodologia não

tem apresentado bons resultados. Isso se deve, inicialmente, por este estudo, por

meio de exercícios repetitivos, não ser ‘atrativo’ aos alunos, pois as aplicações, em

grande maioria, não se vinculam à realidade dos alunos. Em tal sistema de ensino, o

aluno limita­se a ouvir o professor.

Certamente, a insistência exagerada em cálculos, como se mais nada fosse

válido, impede os alunos de desenvolverem outras competências, que permitam a

construção do conhecimento. Em meio a isso, é até curioso que muitos alunos

continuam a mostrar dificuldade neste campo, mesmo com as repetidas listas de

exercícios. Assim, consagram­se as causas já citadas como as responsáveis pelo

desnível do ensino da disciplina.

Entretanto, acredita­se ser necessário rever essa questão, parando de olhar o

problema como um fato unicamente de sala de aula e passar a compreender o ensino

da matemática como algo que precisa ser instituído, inicialmente, na cultura, ou seja,

no engajamento que os pais (ou responsáveis) têm com o aprendizado das crianças.

É indiscutível que a família cria na criança a noção de normas, crenças, valores,

culturas próprias, baseadas na tradição. Isso direciona escolhas, decisões fato

condicionante da formação de tais questões: o tempo. Apesar de não ser um

comportamento fixo, muitos pais, assim como alguns filhos, estão sempre com pressa;

Page 17: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

17

os filhos, por sua vez, acabam encontrando outras atividades – normalmente

vinculadas à internet – para passar o seu tempo.

Segundo Tornaria (2001, p.61),

É na família que se oferece cuidado e proteção para as crianças, assegurando sua sobrevivência e condições dignas de vida. Também ela contribui para a socialização dos filhos em relação aos valores socialmente aceitos... É verdade que cada vez existem mais agentes socializadores: a escola, os amigos, as instituições formais e informais, os meios de comunicação. Mesmo assim a família constitui o agente socializador direto por excelência e funciona como filtro consciente ou inconscientemente de todos os agentes socializadores.

A partir disso, entende­se que a família constitui­se como o agente formador de

tudo o que a criança é ou faz. Assim, é imperioso considerar que a percepção sobre

a educação é sim de responsabilidade familiar, já que é este núcleo que tem força

para despertar a criança para o valor de uma boa formação.

Na concepção da Lei de Diretrizes e Bases da Educaçao (LDB),em seu artigo

1º, a formação requer também outros elementos:

A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

Nesse sentido entende­se as possíveis variáveis que tendem a colaborar com

o alcance esperado na educação implica a participação de agente sociais, que

conseguem intervir na forma de a criança “ver” ou aceitar seus processos formativos.

Assim, é importante considerar que a família – enquanto eixo imediato na construção

do sujeito – coloca­se como o agente mais capacitado para despertar ou desenvolver

habilidades que façam insurgir o comprometimento da criança com aquilo que ela faz,

neste caso, estudar. E isso não significa que a família vai ensinar ou tomar o lugar do

professor, no sentido de construir o conhecimento, mas sim que ela vai colaborar para

que seus filhos percebam a escola ou o aprendizado da Disciplina de Matemática

como algo construtivo.

Page 18: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

18

2 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Para podermos pensar uma análise de resultados, vamos contextualizar a

perspectiva de desenvolvimento do trabalho. O questionário, que encontra se no

APÊNDICE I, objetiva conhecer a óptica do professor sobre a questão aqui trabalhada

foi aplicado juntamente aos professores de Matemática da Escola pesquisada, no

início do primeiro semestre de 2015. Em um primeiro momento, ocorreu uma visita à

escola na qual se aplicou um questionário, que permitiu a coleta de dados. Após, foi

realizado um levantamento sobre a perspectiva de ensino e aprendizagem que os

professores têm em relação a seus alunos, bem como a noção de técnicas e

ferramentas a serem colocadas em prática em sala de aula. Participaram desse

levantamento uma amostra com 5 professores da área da Matemática, sendo que 4

responderam e um entregou o questionário em branco.

Esse instrumento aplicado permitiu a segmentação de dois pontos de análise:

um relativo à conduta dos alunos (sob a óptica dos professores) em relação ao seu

rendimento extra­classe, ou seja, na sua pré­disposição a estudar em casa; outro em

relação à conduta dos professores, no sentido de identificar as concepções sobre esse

processo. Em face do resultado das respostas, tem­se que 100% dos professores­

respondentes deram as mesmas respostas para as perguntas elencadas abaixo. Isso

nos leva a inferir a hipótese já mencionada de que o agente do problema não recai

sobre a disciplina de Matemática, e sim sobre o contexto de indisciplina vivenciado

pelos alunos, em suas casas.

Assim, para os seguintes questionamentos, as respostas são unânimes e

devastadoras no sentido de atestar a gravidade do problema:

Os alunos apresentam ausência de conhecimentos prévios necessários à

aprendizagem de novos conceitos Matemáticos.

Re.: Sim (100% das respostas)

Os pais/responsáveis possuem pouca exigência com relação ao rendimento

escolar dos seus filhos.

Re.: Sim (100% das respostas)

Page 19: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

19

Os pais/ responsáveis contribuem sistematicamente com as tarefas/

atividades escolares dos seus filhos.

Re.: Não (100% das respostas)

Os alunos fazem assiduamente as tarefas propostas.

Re.: Não (100% das respostas)

Apesar de não constar no questionário, conversei com os professores e os

mesmos falaram que os seguintes pontos fazem­se implicitamente presentes nessa

discussão: os professores alegam que se sentem sobrecarregados de trabalho, pois

necessitam cumprir um cronograma de trabalho; no entanto,no início de cada ano

letivo, é necessário retomar o conteúdo do ano anterior, pois os alunos alegam não

lembrarem do mesmo e isso consome grande parte das horas­aula que deveriam ser

destinadas ao conteúdo do ano em questão. Nestes casos, é de suma importância o

acompanhamento da família para que essa retomada de conteúdo possa ser auxiliada

com a colaboração dos responsáveis, no âmbito familiar, no sentido de que os pais

podem, não “ensinar o conteúdo”, mas sim cobrar a disciplina da criança para que

esta revise, estude, faça as tarefas assiduamente em casa.

A pesar da importância dessa participação da família, os pais ou responsáveis

parecem possuir uma certa resistência ao fato de comparecerem na escola mesmo

quando solicitados. Assim, em alguns casos, faz­se necessário comunicar ao mesmos

que se eles não podem comparecer na escola, então, os alunos também não podem

participar das aulas. Iniciativas extremas como essas são tomadas quando a presença

dos pais é inadiável. De casos como estes, tem­se a sensação de que alguns pais ou

responsáveis imaginam a escola como uma creche para as crianças, onde ali os seus

filhos estão cuidados e seguros, não sendo necessária a presença participativa deles

nesse contexto

Uma das professoras que participou da pesquisa comentou que utiliza carimbos

um na cor azul(para os alunos que fazem as atividades propostas) e outro na cor

vermelho (para ao alunos que não fazem as tarefas) para assinalar os pais que têm

interesse ou mesmo para aqueles que não possuem, pois, no final de ano, quando os

pais que não puderam comparecer reclamarem das notas dos filhos, ela tem como

“mostrar” aos pais como foi a participação dos mesmos. Ambas as professoras

Page 20: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

20

comentam que geralmente os pais aparecem quando os filhos estão em recuperação

para saber o que foi que aconteceu...

A unanimidade no resultado das respostas dadas às perguntas do questionário

(elencadas mais acima), o qual foi focado nas respostas dadas ao questionário

aplicado, representou uma visão homogênea dos professores; assim, tem­se que a

família precisa, em caráter de urgência, agir no sentido de desenvolver na criança um

perfil “estudante” e não somente aluno. O jovem, desde as séries iniciais, precisa estar

ciente de seu papel e sua responsabilidade na construção de seu conhecimento. Ele

precisa “tomar gosto” pelo estudo e parar com essa visão histórica e destrutiva de que

é “chato” estudar matemática. O jovem ou criança que cresce com a noção de que

estudar – neste caso – a matemática é algo produtivo vai ser um estudante do

conhecimento e não um aluno que o professor precisa estar sempre empurrando para

que consiga entender algo da matéria.

Nessa perspectiva, a melhor contribuição do professor, além do conhecimento

que ele constrói junto ao aluno, é desenvolver ações que mobilizem a família a

PARTICIPAR. Mas o que se entende por isso?

Nesse trabalho, vamos propor teoricamente algumas ações que objetivam

recriar a percepção da família em relação ao aprendizado de seus filhos. A partir disso,

estas ações podem vir a serem executadas pelos professores da Disciplina em

questão, estando isso no sentido de despertar para ação em favor do jovem.

Certamente, para se efetivar uma ou mais destas sugestões, é preciso que a Escola

tome as iniciativas legais, a fim de viabilizar esse processo.

a) Incluir no projeto pedagógico da escola uma ação de formação para os pais. Isso

certamente precisa ser lúdico para que haja real interesse, isto é, para que facilite a

compreensão e aceitação do processo disciplinar, o qual intenta desenvolver as

habilidades e pré­disposição para o estudo da Matemática.

b) Criar um sistema de avaliação sobre a conduta participativa dos pais nas atividades

dos jovens (em reuniões, em conversas individuais sobre o rendimento do aluno, entre

outras), o que pode ir para a casa da criança acompanhado do boletim da criança.

c) Desenvolver ações de estudo da matemática com a participação dos pais ou

responsáveis, no sentido de construir um conhecimento conjunto e conscientizar

Page 21: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

21

sobre a necessidade de dedicação sobre essa disciplina. Essa iniciativa engloba a

presença dos pais em alguma atividade esporádica, na escola. A presença dos

mesmos não representa que estes vão ensinar o conteúdo, e sim que vão “presenciar”

um acompanhamento, mesmo que parcial, sobre a realidade estudantil da criança.

Isso pode assumir uma perspectiva evolutiva do aprendizado, à medida que a criança

experiência a atenção e o cuidado de seus responsáveis.

Com ações como estas, pode­se começar a pensar na formação de um novo

perfil de aluno que abandone o discurso da dificuldade e passe a ver o estudo da

disciplina como algo motivador que, embora não tenha uma aplicação imediatista, é

sim fundamental para a sua formação.

Page 22: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

22

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabe­se que um dos papéis do professor é construir um caminho que facilite a

relação do aluno com a Matemática. Para isso, o docente deve favorecer o

desenvolvimento da comunicação e a partilha de raciocínios, sendo necessário deixar

o aluno raciocinar e exprimir livremente os seus pensamentos. No entanto, o professor

pode fazer algo mais inovador, que, a longo prazo, vai ser mais construtivo para o

conhecimento explorado.

O professor, como mediador, pode construir, junto com a gestão da escola uma

dinâmica de inclusão da família. Isso certamente terá resultados realmente concretos,

pois não estará agindo apenas no sintoma do não aprendizado, e sim criando

instrumentos para a formação de um pensamento coletivo que busca a valorização da

disciplina. Ao se colocar em prática os processos sugeridos, os alunos, além de

aprenderem de forma mais consciente e segura, poderão incorporar novas formas de

pensar e de integrar informações, o que inclui a formação de uma nova forma de

pensar sobre o ensino.

Essas atitudes fortalecerão o papel social e humano do professor e assim da

Matemática, pois a ação do docente não mais se restringirá à formação do

conhecimento, e sim à construção de uma visão sobre a questão.

Portanto, ensinar é mostrar como fazer, estimulando o aluno para a

identificação e resolução de problemas, ajudando­o a criar novos hábitos de

pensamento e de ação. O professor precisa conduzir o aluno à problematização e ao

raciocínio, sem absorção passiva das ideias e informações transmitidas e com

percepção de relevância sobre o que vem a estudar.

Assim, o docente precisa sim instigar o aluno a desenvolver a capacidade de

observação e de pesquisa e sobretudo a ressignificar seu próprio aprendizado, à

medida que partilhar com a família os recursos e métodos possíveis para a formação

do conhecimento. Diante disso, compreender o real significado do aprender excluirá

percepções retrógradas que, ao invés de contribuírem com a formação do jovem,

apenas velam a apatia familiar diante de um problema tão sério como é o da ensino­

aprendizagem da matemática.

Page 23: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

23

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, M. J. L. Dificuldades de aprendizagem da Matemática. Disponível em: http://www.naincerteza.com/site/page4/files/dificuldades_mat.pdf. Acesso em maio de 2015. BRASIL, PCN 1997.Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática/ Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC/ SEF. 1997. BRASIL, PCN 1998.Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática/ Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC/ SEF. 1998. CARVALHO, Paulo Cezar Pinto. Fazer matemática e usar matemática. Salto para o futuro. S matemática não é problema. Disponível em: <http: //www.tvebrasil.com.br/SALTO/boletins2005/boletins2005.html>. Acesso em: Julho de 2015. DEMO, P. Aprendizagem no Brasil: ainda muito por fazer. Porto Alegre: Mediação, 2005. FERNANDES, S. S. A contextualização no ensino de matemática – um estudo com alunos e professores do ensino fundamental da rede particular de ensino do Distrito Federal. 2006. 16 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Matemática) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2006. FERNANDEZ, A. A Inteligência Aprisionada. Porto Alegre: ARTMED, 1991. Disponível em: http://teen.ibge.gov.br/biblioteca/274­teen/mao­na­roda/1721­educacao­no­brasil.html. Acesso em: outubro de 2015. IBGE. In CENSO Escolar IBGE 2010. Disponível em:<http: //teen.ibge.gov.br/biblioteca/274­teen/mao­na­roda/1721­educacao­no­brasil.html Acesso em: Agosto de 2015. LDB­ Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – 5,ª edição. PARRA, C. SAIZ, I. Didática da Matemática: Reflexões Psicopedagógica. Porto Alegre, Artmed (Artes Médicas). 1996. PERRENOUD, P. 10 novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000. SANCHEZ, J N G. Dificuldades de Aprendizagem e Intervenção Psicopedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2004. SMITH, C.; STRICK, L. Dificuldades de aprendizagem de a a z. Porto Alegre: Artmed, 2001. TORNARIA, M. Del L.G. Desarrollo personal y familia. Revista Educação. Porto Alegre, ano XXIV, Nº 43 abril de 2001.

Page 24: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

24

VASCONCELOS, C C. Ensino­aprendizagem da matemática: velhos problemas, novos desafios. Revista Millenium nº 20. São Paulo,2009. VITTI, C. M. Matemática com prazer, a partir da história e da geometria. 2ª Ed. Piracicaba – São Paulo. Editora UNIMEP. 1999. PAROLIN, I.C.H.; SALVADOR, L.H.S. (Odeio matemática) – Um olhar psicopedagógico para o ensino da Matemática e suas articulações sociais. Revista Psicopedagogia, v. 19, n.59, p.31­42, 2002.

Page 25: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

25

APÊNDICE I

Esse questionário não apresentará nomes dos respondentes para nenhuma finalidade.

Agradecemos, desde já, a sua colaboração

FORMAÇÃO PROFISSIONAL

ENSINO SUPERIOR ( )

PÓS­GRADUAÇÃO em nível de especialização ( )

PÓS­GRADUAÇÃO em nível de Mestrado ( )

PÓS­GRADUAÇÃO em nível de doutorado ( )

NÚMERO DE INSTITUIÇÕES EM QUE ATUA:

UMA INSTITUIÇÃO ( )

DUAS INSTITUIÇÕES ( )

TRÊS INSTITUIÇÕES ( )

QUATRO INSTITUIÇÕES ( )

TURNO (S) EM QUE ATUA NA ESCOLA PESQUISADA:

MANHÃ ( ) TARDE ( ) NOITE ( )

QUAIS AS SÉRIES EM QUE ATUA NESTA ESOLA:

7º ANO ( )

8º ANO ( )

9º ANO ( )

1) Normalmente, que atitudes você costuma tomar diante dos resultados das

avaliações de seus alunos:

Page 26: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

26

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2) Você gostaria de possuir alguma outra ferramenta de trabalho para desenvolver o

ensino­aprendizagem em sala de aula?

SIM ( )

NÃO ( )

TALVEZ ( )

POSSUI ALGUMA SUGESTÃO?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Seguindo os itens abaixo, marque SIM ou NÃO para as perguntas feitas

SIM NÃO

Os alunos possuem dificuldades na execução de operações e

cálculos numéricos.

Os pais/ responsáveis contribuem sistematicamente com as tarefas/

atividades escolares dos seus filhos.

Os alunos fazem assiduamente as tarefas propostas.

Os alunos têm dificuldades em fazer operações mentais e na

compreensão de conceitos matemáticos.

Os alunos apresentam dificuldades na leitura de símbolos

matemáticos.

Há alunos com dificuldades para enumerar, comparar e manipular

objetos reais ou em imagens matematicamente

Os alunos demonstram curiosidade e motivação para querer

aprender.

Page 27: UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DE ...w3.ufsm.br/coordmat/images/TCC_2-2015/TCC_Bibiane.pdf · Discutir as dificuldades de aprendizagem em Matemática mobiliza educadores

27

Você consegue identificar o aluno que apresenta dificuldades de

atenção/concentração

Os alunos abusam na utilização da calculadora na sala de aula.

Os pais/ responsáveis demonstram interesse quanto ao

desenvolvimento dos seus filhos.

Os alunos têm insuficiente desenvolvimento do cálculo mental

Os pais/responsáveis possuem pouca exigência com relação ao

rendimento escolar dos seus filhos

Os professores de Matemática realizam atividades em grupo.

Falta de organização e de métodos de trabalho por parte dos alunos

Você percebe os aspectos afetivos e emotivos na aprendizagem de

conceitos matemáticos dos alunos

Você procura utilizar uma metodologia de fácil entendimento ao

alunos

Os programas de Matemática estão fora da realidade dos alunos

Você apresenta situações que despertem o interesse dos alunos.

Os alunos apresentam dificuldade na compreensão do processo

dedutivo nas atividades de matemática.

Os alunos apresentam ausência de conhecimentos prévios

necessários à aprendizagem de novos conceitos Matemáticos

Os professores de matemática exigem pouco dos seus alunos

Os programas curriculares são insuficientes para concretização no

processo ensino aprendizagem.

Os alunos sabem a tabuada (decor)

Você desafia o aluno com tarefas adequadas

Os alunos apresentam dificuldade raciocínio perante a uma situação

problema

Os métodos de ensino são adequados a realidade do aluno.