Upload
dangdiep
View
216
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM MATEMÁTICA-LICENCIATURA
O PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Elen Mancy Carnelosso
Santa Maria, RS, Brasil
2015
O PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
ELEN MANCY CARNELOSSO
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Matemática, Licenciatura da Universidade Federal De Santa Maria (UFSM, RS) como requisito parcial para obtenção do grau de licencianda em matemática
ORIENTADOR: Prof.ª Dra. Liane Teresinha Wendling Roos
Santa Maria, RS, Brasil
2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM MATEMÁTICA-LICENCIATURA
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso
O PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA NA
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Elaborada por:
Elen Mancy Carnelosso
Como requisito parcial para obter o grau de
Licenciada em Matemática
Comissão Examinadora:
Liane Teresinha Wendling Roos, Dra. (UFSM)
(Presidente/orientadora)
Sandra Eliza Vielmo, Dra. (UFSM)
Ricardo Farjado Dr. (UFSM)
Santa Maria, 02 de dezembro de 2015.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pois sem ele nada seria para suprir
dificuldades encontrada durante o curso, pois muitas noites sem dormir e
procurando força com ele.
Aos meus pais Hélio Antônio Goden Carnelosso e Lenir Mancy Carnelosso e ao
meu irmão Vagner Rafael Mancy Carnelosso que sempre me deram apoio em cursar
a graduação e ao meu esposo Luciano de Moura Sturza pela compreensão e
carinho no decorrer do curso.
Agradeço com todo carinho a professora Dra. Liane que me auxiliou desde a
escolha da temática até o término desse trabalho. A toda equipe da Escola a qual
realizei minha pesquisa, onde fui muito bem recepcionada.
Aos professores Sandra Vielmo e Ricardo Fajardo pelas contribuições enquanto
banca no Trabalho de Conclusão de Curso.
Aos amigos, em especial ao Geronimo e Sônia que sempre estiveram ao meu
lado e demais familiares que compreenderam minha ausência nas festas de
aniversários, rodas de chimarrão...
Precisamos aprender a compreender a significação de um silêncio, ou de um sorriso ou de uma retirada da sala. O tom menos cortês com que foi feita uma pergunta. Afinal, o espaço pedagógico é um texto para ser constantemente lido, interpretado, escrito e reescrito. Neste sentido, quanto mais solidariedade exista entre o educador e educandos no trato deste espaço, tanto mais possibilidades de aprendizagem democrática se abrem na escola.
(Paulo Freire)
RESUMO
Trabalho de Conclusão de Curso Licenciatura em Matemática
Universidade Federal de Santa Maria
O PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
AUTORA: ELEN MANCY CARNELOSSO ORIENTADOR: LIANE TERESINHA WENDLING ROOS Data e Local da Defesa: Santa Maria, 02 de dezembro de 2015
O presente trabalho tem como objetivo principal conhecer como ocorre o processo ensino e aprendizagem de Matemática na Educação de Jovens e Adultos (EJA) em uma escola da rede pública da cidade de Santa Maria/RS. Como instrumento de pesquisa foi utilizado um questionário para alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio e outro para professores de Matemática da EJA nessa escola. Também foi feita a observação de aulas de Matemática em duas turmas para conhecer os saberes e fazeres de alunos da EJA e identificar suas maiores dificuldades em relação a disciplina de Matemática, bem como conhecer como professores dessa modalidade percebem o processo ensino e aprendizagem desses alunos. Como fundamentação teórica buscou-se literaturas que tratam da legislação e das políticas públicas de EJA. Também foi analisado o Projeto Político Pedagógico da EJA dessa escola para conhecer a metodologia e o sistema de avaliação usado nessa modalidade de ensino. O resultado da pesquisa foi relevante para conhecermos essa modalidade.
Palavras chaves: Educação de Jovens e Adultos; ensino e aprendizagem;
Matemática
ABSTRACT
Course Conclusion Work Degree in Mathematics
Universidade Federal de Santa Maria
THE TEACHING AND LEARNING PROCESS OF MATHEMATICS IN
THE YOUTH AND ADULT’S EDUCATION AUTHOR: ELEN MACY CARNELOSSO
ADVISOR: LIANE TERESINHA W. ROOS Date and Local of Defense: Santa Maria, December 2 hd, 2015
This study aims to know how the process of teaching and learning mathematics takes place in the Youth and Adult's Education (known as EJA in Brazil) at a public school in Santa Maria/RS. As a research instrument, it was used a questionnaire that was applied to primary and high school students, and an another questionnaire was applied to the mathematics teachers at the same school. During the research, it was also made the observation of two mathematics classes to attain the knowledge and practices of the students and identify their major difficulties regarding the discipline of mathematics, as well as knowing how teachers perceive the teaching and learning process of the students. As a theoretical foundation, it was resorted to studies that addresses public legislation and policies for Youth and Adult's Education. The School's Political Pedagogical Project for EJA was also analyzed to bring comprehension of the methodology and evaluation system used in this modality of education. The result of the research it was important to know this type.
Keywords: Youth and Adult's Education; Teaching and learning; Mathematics
LISTA DAS ILUSTRAÇÕES
Ilustração 1- Resolução apresentada pelo aluno A........................................33
Ilustração 2- Resolução apresentada pelo aluno B........................................34
Ilustração 3- Resolução apresentada pelo aluno C.........................................34
LISTA DOS QUADROS
Quadro 1-Tabela apresentada aos alunos..............................................31
Quadro 2- Gráfico referente as questões 1, 2, 3.....................................39
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE A – Termo de consentimento....................................................47
APÊNDICE B – Questionário dos professores.............................................48
APÊNDICE C – Questionário dos alunos.....................................................52
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 13
1.1 O significado da Matemática para alunos de EJA...........................................13
1.2 Legislação para a Educação de Jovens e Adultos ......................................... 15
1.3 Educação de Jovens e Adultos: Projeto Político Pedagógico da Escola .... 17
2 METODOLOGIA DE PESQUISA ........................................................................... 20
3 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 22
3.1 Aulas observadas .............................................................................................. 22
3.2 Questionários aplicados ................................................................................... 23
3.2.1 Questionário dos professores ........................................................................... 23
3.2.2 Questionário dos alunos ................................................................................... 26
3.2.2.1 Ensino Fundamental.......................................................................................27
3.2.2.2 Ensino Médio..................................................................................................28
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 41
REFERÊNCIAS ............................................................ Erro! Indicador não definido.
12
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como principal objetivo compreender como se dá o
processo ensino e aprendizagem de Matemática na Educação de Jovens e Adultos
(EJA) em uma escola pública da cidade de Santa Maria/RS. Esta modalidade de
ensino visa permitir que pessoas que não tiveram oportunidade de concluir seus
estudos na idade regular possam ter acesso a cursos gratuitos que ofereçam
oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do
alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho. Oferecer a modalidade
EJA nos dias de hoje requer um novo pensar acerca das políticas educacionais e
das propostas de inclusão desses educandos nas redes de educação pública do
país. Sendo a educação um instrumento gestor de mudança, ela própria tem que
acompanhar o desenvolvimento com o novo. De acordo com a Constituição Federal
do Brasil, a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho (BRASIL,1988, Art.205).
A educação é o maior e melhor instrumento de mudança de um povo e é
através dela que o homem consegue compreender melhor a si mesmo e ao mundo
em que vive. Dessa forma, a própria educação deve ser a primeira a aceitar e a
acompanhar o desenvolvimento e suas especificidades, ou seja, renovar e promover
a interação com o novo. Souza (2010), declara que no caso da Educação de Jovens
e Adultos, exige um trabalho pedagógico diferenciado, um trabalho que aborde os
conteúdos com uma linguagem adulta e que vá ao encontro daquilo que esse
público deseja para atingir uma aprendizagem significativa.
A motivação em realizar esta pesquisa surgiu a partir de minha trajetória
acadêmica no curso de Licenciatura em Matemática com minha participação, como
bolsista, no projeto Programa Institucional de Bolsa à Docência (PIBID) ao atuar com
alunos de ensino fundamental e médio. Ao mesmo tempo, em perceber que o curso
de Matemática que estou concluindo não tem ações voltadas para a Educação de
Jovens e Adultos. Com isso, os docentes egressos desse curso não se sentem
capacitados para trabalhar com alunos de EJA. Diante disso, com esse trabalho
pretendo conhecer como o professor de matemática que atua na EJA conduz o
12
processo ensino e aprendizagem de seus alunos.
Para a realização desta pesquisa e visando atingir o objetivo proposto utilizou-
se como instrumento de pesquisa um questionário para professores de matemática
e outro para alunos dessa modalidade de ensino de uma escola pública de Santa
Maria com o propósito de conhecer seus saberes e fazeres. Também foram
observadas algumas aulas de Matemática desses alunos e foi analisado o Projeto
Político Pedagógico da escola para conhecer o que se propõe nessa modalidade de
ensino.
Para isso, o presente trabalho apresenta três capítulos. No primeiro capítulo é
apresentada a fundamentação teórica pautada em reflexões acerca do significado
da Matemática para o aluno, algumas considerações sobre a legislação da
Educação de Jovens e Adultos e sobre o que o Projeto Político Pedagógico da
escola, onde foi realizada a pesquisa, a qual não terá sua identidade revelada. No
capítulo dois é apresentado o Caminho Metodológico da pesquisa. No capítulo três
são apresentados os resultados dos questionários que foram aplicados e das
observações realizadas em aulas de Matemática de uma turma de EJA da referida
escola. Sendo assim, finalmente, são apresentadas as considerações finais desta
pesquisa, seguido das Referências e Apêndices.
13
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
As Diretrizes Curriculares Nacionais (BRASIL, 2000, p.7), enfocam que a
Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade básica que considera o perfil do
estudante, sua situação social, sua idade, etc. Os sujeitos da EJA são
caracterizados por jovens com 15 anos completos (Ensino Fundamental) e 18 anos
completos (Ensino Médio), adultos e idosos, pessoas com deficiência, apenados e
jovens em conflito com a lei, que não tiveram acesso ou continuidade na idade
adequada.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
(Inep) de 2007 a 2012 a maioria dos estudantes matriculados na Educação de
Jovens e Adultos no Brasil está em duas faixas etárias. São pessoas que têm entre
20 e 24 anos ou mais de 39 anos de idade. No período de 2009 a EJA obteve um
total de matrículas na Educação de Jovens e Adultos é de 4.234.956, sendo
2.846.104 do Ensino Fundamental e 1.388.852 o Ensino Médio. (Educacenso, 2009)
1.1 O significado da Matemática para alunos de EJA
A Matemática precisa ter um significado, uma associação do contexto do
aluno com o conteúdo visto em sala de aula, envolvendo situações que o aluno
vivencia, ou seja, está acostumado a realizar, como o mundo do trabalho, do seu dia
a dia. Assim, o aluno consegue fazer a relação dos seus saberes com a disciplina e,
logo, a mesma deixa apenas de ser pautada em fórmulas e regras, tornando-se um
elemento cultural e necessário para melhorar sua condição de vida. Considerando
isso, o educando perceberá o real significado do conhecimento que poderá contribuir
em intervenções de suas atividades inerentes a sua realidade.
O ensino de Matemática, por um lado, quando voltado para o contexto do
aluno, para o seu universo, contribui para que ele se sinta desafiado a aprender. Por
outro, o professor passa a ser visto, sem dúvida, como alguém que se importa com a
construção do seu conhecimento. A motivação, principalmente quando para o
estudante de EJA, é muito importante, pois faz com que ele reconheça a valorização
da educação e faz com que ele permaneça na escola. Para o professor, é
fundamental abordar os conteúdos partindo daquilo que os alunos conhecem e as
experiências que trazem ao entrar para a escola.
14
Barcelos (2006) coloca que os professores têm que dedicar muita atenção
aos saberes e fazeres que cada educando traz consigo para o interior da escola. Ou
seja, é fundamental que o professor valorize os conhecimentos e as experiências
dos alunos ao fazer o planejamento de sua ação pedagógica. O mesmo autor
defende que os professores de EJA não podem apenas incentivar a chegada ou o
retorno do aluno para a sala de aula, mas necessita motivá-lo a permanecer na
escola. Esta postura do autor nos faz refletir, pois, para esse aluno poderá ser a
última tentativa em voltar a estudar. Caso contrário, quando o docente não tem
informações sobre o perfil de seus alunos, corre o risco de deixar um vácuo no
processo ensino e aprendizagem dos mesmos.
Freire (1996) salienta que o professor que levanta dados dos alunos,
conhece suas realidades, transparece aos educandos uma segurança e na
sequência, poderá auxiliar na formação, com novos conhecimentos, criando assim
possibilidades para a sua própria construção. Assim como Freire, acreditamos que
primeiro os professores de EJA precisam verificar quem são seus alunos e o que
trazem de conhecimento, das atividades que exercem fora da escola e só depois,
planejar metodologias de que tenham real significado para eles, proporcionando-lhes
condições para a construção do conhecimento.
Fonseca (2002) argumenta que o professor necessita estabelecer uma
relação da Matemática com o cotidiano para mostrar que o real significado da
Matemática. Assim, a sintonia entre eles torna o processo de ensino e aprendizagem
prazeroso, além de estimular a participação do aluno em sala de aula. Freire (1996)
afirma que para haver a aprendizagem, o aluno deve mostrar curiosidade e interesse
em aprender e o professor deve aproveitar para explorar essa curiosidade. Com
isso, o educando assume o papel de sujeito da ação. O professor vai estimulando a
pergunta e as reflexões sobre a própria pergunta, tornando essa atitude uma relação
dialógica, aberta, indagadora, criando possibilidades para a construção do
conhecimento de forma autônoma e crítica.
Para Freire (1996), o aluno tem que ser o responsável pela sua aprendizagem
e que saiba fazer a relação do que aprendeu, do que está aprendendo e
acontecendo. Para que ocorra o processo de aprendizagem, pois ensinar é muito
mais de que transmitir conhecimentos. Em relação ao ensinar, valorizando a
curiosidade e as dúvidas do aluno, Freire menciona:
15
Ensinar não é transferir a inteligência do objeto ao educando, mas instigá-lo no sentido de que, como sujeito cognoscente, se torne capaz de inteligir e comunicar o inteligido. É nesse sentido que se impõe a mim escutar o educando em suas dúvidas, em seus receios, em sua incompetência provisória. (FREIRE,1996, p.75).
Portanto, para que ocorra o aprendizado o aluno precisa ser instigado a
buscar resolver suas dúvidas. Mas cabe ao professor fazer esses
encaminhamentos, mesmo que para isso ele utilize diferentes estratégias
metodológicas e fontes de conhecimento como livros, internet, jornais entre outros.
Assim, o docente orienta para que o aprendizado ocorra. Assim é nessa troca de
diálogo, o processo de ensino e aprendizagem acontece.
1.2 Legislação para a Educação de Jovens e Adultos
Em relação a Educação de Jovens e Adultos, a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Brasileira nº 9.394/96 na sessão V, Art.37 traz a seguinte redação: “A
Educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou
continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria”. Também,
o parágrafo 1º diz que os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens
e aos adultos que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades
educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus
interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. Do mesmo
modo no parágrafo 2º que, o Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a
permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e
complementares entre si. (BRASIL, 1996, p.15).
O artigo 38 da mesma lei destaca que os sistemas de ensino manterão
cursos e exames supletivos que compreenderão a base nacional comum do
currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular. Parágrafo
1º: “Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão: I - no nível de conclusão
do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos: II –no nível de conclusão
do ensino médio, para os maiores de dezoito anos”. Parágrafo 2º: “Os
conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão
aferidos e reconhecidos mediante exames”. (BRASIL, 1996, p.15).
16
Segundo BRASIL, 2000, os princípios da EJA são: equidade, diferença e
proporcionalidade. A equidade aborda a distribuição dos componentes do currículo
para proporcionar um modelo igual de formação e direitos de oportunidades à
educação, ou seja, ela se adapta a uma regra para se aplicar o direito de igualdade
no ensino para todos. O princípio da diferença consiste em identificar e conhecer no
aluno os seus conhecimentos e valores. Considerando isso a escola realiza o
terceiro princípio proporcionando o ensino com mais qualidade.
Ainda, segundo BRASIL (2000), as funções da Educação de Jovens e Adultos
são: reparadora, equalizadora e qualificadora. A função reparadora aborda o direito
de igualdade a escola para toda pessoa, que deseja voltar ao estudo. A função
equalizadora é a reentrada no sistema educacional dos que tiveram o ensino
interrompido na educação regular é uma reparação corretiva, qual possibilitará ao
indivíduo inserções no mundo do trabalho, social. Qualificadora a terceira função da
EJA, possibilita a todos a atualização do conhecimento.
Sobre a formação docente para atuar em EJA, a legislação é a mesma que
rege os princípios da formação docente constantes na Lei 9394 sobre os
profissionais da Educação. Em (BRASIL,1996), Art. 62, consta que a formação de
docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de
licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de
educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na
educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida
em nível médio, na modalidade Normal. E no Art. 63, os institutos superiores de
educação manterão: I - cursos formadores de profissionais para a educação básica,
inclusive o curso normal superior, destinado à formação de docentes para a
educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental; II - programas
de formação pedagógica para portadores de diplomas de educação superior que
queiram se dedicar à educação básica; III - programas de educação continuada para
os profissionais de educação dos diversos níveis.
O Art. 64, versa sobre a formação de profissionais de educação para
administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a
educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de
pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base
comum nacional.
17
1.3 Educação de Jovens e Adultos: Projeto Político Pedagógico da Escola
A escola, objeto da pesquisa apresenta uma demanda anual de 4 a 5 turmas
de EJA. A organização curricular da escola para a EJA segundo o Projeto Político
Pedagógico é em regime escolar semestral por totalidades, ou etapas, ou seja, o
aluno avança o ano quando em seu parecer descritivo/ consenso de área ele recebe
aprovação.
Na EJA do ensino fundamental as etapas são: etapa 4 representa sexta
série, etapa 5 é a sétima série, etapa 6 é a oitava série. O ensino médio da EJA é
representado pelas totalidades 7, 8, 9, representando primeira, segunda e terceira
séries do ensino médio.
O turno da EJA é o noturno, onde tem uma coordenação escolar para atender
essa modalidade. A professora coordenadora, informou dados e também
disponibilizou o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola, para que a leitura e
análise do mesmo fosse realizada. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB), o Art. 12 abordda “ Os estabelecimentos de ensino respeitando as
normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de elaborara e
executar sua proposta pedagógica”. (Brasil, 1996).
Verificou-se que PPP da escola não é divulgado para a comunidade escolar,
ficando guardado em um armário da coordenação. Este fato chama atenção, pois, o
PPP é o trabalho que envolve todos da comunidade escolar. Neste sentido seria
importante estar divulgado ao público. O referido PPP desta escola, traz como
filosofia: “O comprometimento com a construção do conhecimento e com o
desenvolvimento da pessoa”.
Sobre a educação, segundo o PPP da escola, no sentido mais amplo, a
educação é quando o sujeito sendo aquele que age e transforma uma realidade
pontuada por sua capacidade de perceber e compreender, planejar e executar uma
ação, transformando o ambiente e próprio sujeito. Os alunos necessitam dominar
competências básicas, ou seja, uma comunicação clara, crítica e habilidade para
trabalhar em equipe.
A escola criou para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) uma proposta bem
definida; esta proposta oferece oportunidade para que os alunos tenham melhor
qualidade de vida, uma vez que poderão ingressar no mercado de trabalho,
possibilitando conquistas, ascensão profissional e promoções pessoais. Pode-se
18
perceber que para se executar essas metas é necessário o envolvimento de todos
da comunidade escolar. Libâneo, defendi neste contexto que:
A escola que consegue elaborar e executar, num trabalho cooperativo, seu projeto político-pedagógico dá mostras de maturidade de sua equipe, de bom desenvolvimento profissional de seus professores, da capacidade de liderança da direção e de envolvimento de toda comunidade escolar. (LIBÂNEO, 2001, p. 152).
Sobre a permanência desses alunos na escola, a mesma contribui com os
alunos no sentido de dar-lhes uma visão de mundo e de cidadão capaz de
relacionar-se com o meio onde vive e com as novas tecnologias que lhe são
apresentadas, além de colocá-los em contato permanente com novos
conhecimentos.
O Projeto Político Pedagógico da escola tem em seu processo avaliativo
como alternativas a serem seguidas pelos professores, a possibilidade de realizarem
avaliações a partir de reflexões de grupos sobre um tema proposto. Registros
frequentes, observando a predominância dos aspectos qualitativos e, também,
aplicação de avaliações como provas.
Como já citado a organização curricular da escola para a EJA segundo o PPP
é por totalidade ou etapas. O estudante é aprovado quando, o mesmo é autônomo
para realizar as atividades propostas pelo docente, demonstrando clareza e
organização do pensamento. O documento esclarece que o aluno precisa assimilar
os conhecimentos imprescindíveis para a compreensão dos fenômenos científicos,
interpretando-os devidamente. Assim, necessita atingir a maioria dos objetivos para
sua aprovação.
O parecer descritivo do aluno da EJA estabelece que, quando o aluno, for
aprovado em alguma disciplina que pertence a área não é necessário que repita
todas as disciplinas da área em que não foi aprovado. O estudante fica amparado na
área correspondente, sendo que as disciplinas estão divididas em quatro áreas:
Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas.
A área de linguagens compreende as disciplinas de Língua Portuguesa,
Literatura, Língua Inglesa, Língua Espanhola, Educação Física. A área da
Matemática está incluída apenas com a disciplina de Matemática. A área Ciências
da Natureza contida pelas disciplinas Ciências, Química, Biologia e Física. A área de
19
Ciências Humanas aborda as disciplinas de Ensino Religioso, Ética e Cidadania,
História, Geografia, Filosofia, Relações Humanas e Sociologia.
20
2 METODOLOGIA DE PESQUISA
O presente trabalho de pesquisa foi desenvolvido em várias etapas.
Inicialmente, buscou-se aprofundamento em literaturas sobre a temática abordada.
Com base em dissertações, livros, artigos, legislações entre outros. Essa revisão
bibliográfica possibilitou-nos um maior aprofundamento sobre a Educação de Jovens
e Adultos.
Na segunda etapa foi elaborado o instrumento de pesquisa em forma de
questionário a ser aplicado aos professores de Matemática regentes de turmas de
EJA na escola onde foi realizada a pesquisa. Este instrumento, composto com
perguntas abertas e fechadas, em um total de quinze questionamentos (APÊNDICE
B) teve com finalidade analisar objetivos específicos como formação, metodologia
usada em sala de aula, formação continuada, motivação do aluno, entre outros. Ou
seja, o questionário buscou abordar questões que trouxessem informações de
aspectos que contribuíssem para a pesquisa. Também, buscou-se identificar como o
professor procura conhecer seus alunos, verificar se aproxima a realidade do aluno
com conteúdo matemático, se utiliza tecnologias, livros entre outras práticas de
ensino e aprendizado. Ainda, questões sobre avaliação dos alunos, se há
envolvimento dos mesmos em projetos, em atividades em grupo e de como
professor percebe o aprendizado dos mesmos, suas dificuldades, motivação e
evasão da escola.
Nessa etapa também se elaborou um questionário para alunos da EJA para
as totalidades que compreendessem o ensino fundamental e para as totalidades do
Ensino Médio. O questionário foi constituído por quatro blocos de questões, abertas
e fechadas, bem como uma atividade específica para ser resolvida por alunos do
Ensino Fundamental e outra para alunos do Ensino Médio. (APÊNDICE C), assim
constituídas: no bloco um, buscou-se conhecer o perfil do aluno, no bloco dois,
questões específicas sobre a EJA, no bloco três sobre a relação alunos e
professores e, no bloco quarto, sobre a importância da escola para o aluno.
Na sequência, foi feito o contato com a escola, onde já estava inserida em
função da realização do meu estágio curricular supervisionado. Assim, ao conversar
com a coordenadora da escola, do turno da noite, sobre a possibilidade de
realização da pesquisa, a mesma foi bem receptível e se colocou à disposição.
Diante do retorno positivo, conversei também com os demais professores de
21
matemática e com toda equipe diretiva, esclarecendo o objetivo da pesquisa e a
necessidade do termo livre esclarecido. A partir de então, apliquei os questionários
com os professores de matemática da EJA e também com alunos de duas turmas da
EJA da escola. Essas turmas foram escolhidas aleatoriamente. Além disso observei
aulas de matemática dessas duas turmas num total de duas horas aula; uma hora
aula em turma de EJA do Ensino Fundamental e uma hora aula de EJA no Ensino
Médio. Também observei um período da hora do intervalo dos estudantes com
intuito de verificar se os alunos assistiam todos períodos de aula.
Após a aplicação dos questionários com os professores e com os alunos, da
observação de aulas e da leitura do PPP da escola, conversei com a coordenação
para agradecer a disponibilidade e compreensão em colaborar com a realização da
pesquisa ratificando sobre o sigilo da identidade dos participantes. Então, com os
questionários aplicados e respondidos pelos professores de matemática e dos
alunos de EJA da escola, bem como das aulas observadas, iniciei a análise e
interpretação dos dados levantados com o objetivo de conhecer como acontece o
processo de ensino e aprendizagem na Educação de Jovens e Adultos em uma
escola pública de Santa Maria/RS.
22
3 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Este trabalho tem como objetivo principal investigar o processo ensino e
aprendizagem de matemática de alunos da EJA do Ensino Fundamental e Médio em
uma escola pública de Santa Maria/RS. Sabe-se que o ensino da Matemática
envolve muitos conceitos que, na maioria das vezes, não estão ao alcance dos
alunos, pois não partem do contexto ou não estão relacionados ao dia a dia dos
alunos. Para conhecer como os docentes conduzem esse processo são analisados,
nesse capítulo, os resultados das aulas observadas e dos questionários aplicados
para professores e alunos da EJA nessa escola.
3.1 Aulas observadas
A seguir, o relato das aulas observadas em duas turmas da Educação de
Jovens e Adultos; uma turma de Ensino Fundamental e outra de Ensino Médio. Os
alunos do Ensino Fundamental presentes na aula eram em um número de quinze,
sendo 13 alunos do sexo masculino. Esses alunos são da Etapa 4, correspondendo
a sexta série. Naquele dia o conteúdo matemático foi sobre potenciação e a
metodologia usada pelo professor foi a escrita do conteúdo no quadro para ser
copiado pelos alunos no caderno. Pude perceber que não houve um planejamento
diferenciado para explorar esse conteúdo, pois foi feita a transferência do conteúdo
do livro didático para o caderno do aluno. No que concerne ao planejamento,
Libâneo diz que:
O planejamento é um meio para se programar as ações docentes, mas também é um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação. Há três modalidades de planejamento, articuladas entre si: o plano da escola, o plano de ensino e os planos de aulas. A ação de planejar, portanto, não se reduz ao simples preenchimento de formulários para controle administrativo, é, antes, a atividade consciente de previsão das ações docentes fundamentadas em opções politico-pedagógicas, e tendo como referência permanente as situações didáticas concretas. (LIBÂNEO, 2013, p.221).
Em relação aos alunos, a turma não questionou nada ao professor, eles
faziam os exercícios e conferiam a solução no quadro. Como esse período era o
segundo horário da noite, em torno das 19h40min ainda havia alunos chegando para
a aula. Foi um momento de tempo curto, pois o período correspondente é de 40
23
minutos. Acredito que um semestre é insuficiente para que o aluno esteja preparado
para um mercado de trabalho. Ou seja, essa base não prepara apenas para cursar
um curso superior, pois esse público não necessita apenas do certificado de
conclusão de curso; é necessário que o mesmo veja a valorização da matemática no
seu contexto de vida. Por isso, falta cobrança e estímulo para que o mesmo se
esforce mais. Porém, é necessário que o professor também tenha consciência disso.
A turma de Ensino Médio é constituída por oito alunos do sexo feminino e oito
alunos do sexo masculino. A metodologia da aula usada pela professora regente foi
buscar na biblioteca livros próprios da EJA que traziam situações problemas. Os
alunos sentaram em duplas e foi explicado no quadro o gráfico de linhas de uma
situação que contextualizava a taxa de acidentes por dias da semana.
A professora questionou os estudantes porque havia mais acidentes no final
de semana, os alunos participavam com respostas coerentes como, bebida
alcóolica, cansaço, entre outros. Após essa conversa foi orientado que os mesmos
tentassem esboçar a próxima aplicação. Os alunos tinham bastante dificuldade em
esboçar o gráfico e chamavam a professora na classe para que a mesma
explicasse. A professora com muita atenção e paciência questionava os estudantes
para que os mesmos conseguissem realizar a atividade proposta.
No intervalo os alunos tinham aparência de cansados, alguns se
direcionavam para a fila da merenda. Os outros estudantes aproveitavam o intervalo
para ir embora da escola.
3.2 Questionários aplicados
Em relação a temática abordada e a partir dos princípios, funções e realidade
da EJA, percebeu-se que os professores têm uma grande preocupação em trabalhar
com metodologias diversificadas para atender esse público. Isso pode ser verificado
a partir da análise dos questionários aplicados, no dia 21 de setembro de 2015 na
escola.
3.2.1 Questionário dos professores
Responderam ao questionário dois professores, sendo aqui denominados por
“A” e “B”. Os professores que participaram da pesquisa são atuantes na escola
pública há mais de 20 anos e na modalidade da EJA atuam há 14 anos. Um
24
graduou-se na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e o outro na
Universidade Franciscana (UNIFRA).
Questionados pela opção em trabalhar nessa modalidade, o professor “A”
relata que: “ já trabalhava a noite e como a escola não teria mais o ensino regular
sendo substituído pela Educação de Jovens e Adultos optei por continuar no período
da noite com o desafio de atuar com esses estudantes. Também é muito agradável
trabalhar com as diferenças que cada aluno dessa modalidade de ensino
apresenta”.
O professor “B” declarou que “a opção em trabalhar com esse perfil de aluno
partiu pela circunstância da época onde houve uma transferência de escola. Ao
serem questionados a definir o que representa a EJA para eles afirmaram, “dizem
que é uma modalidade que envolve pessoas com experiências distintas tanto
profissional como familiar”.
Sobre a questão: Você tem participado de formações continuadas voltadas
para EJA? Comente. O professor A respondeu e o B também que: “ sim através da
própria escola, ou seja, anualmente a escola realiza através de palestras,
seminários, reuniões entre outros a formação”.
Acredito que a formação continuada acredito que seja constante durante a
profissão do professor além de palestras, cursos, entre outros. A reflexão e a
autocrítica sobre sua prática é muito importante, para um crescimento pessoal e
profissional. Freire (1996) declara que o professor tem uma formação permanente,
ou seja, os professores precisam ter um momento fundamental que é o da reflexão
crítica sobre a prática. Quando refletimos sobre a prática, se melhora a cada aula
que planejamos.
Sobre a questão: Como você vê o aluno que chega para a EJA? O professor
“A” descreve que “os alunos são pessoas que estavam afastados por um
determinado período e que retornam para buscarem umas melhorias salariais em
empregos mais promissores”. O professor “B” correspondendo ao professor da EJA
do médio faz referências as afirmações que do professor “A” e ainda diz que: “alguns
alunos buscam cursar o ensino superior. Isso nos mostra que as pessoas estão
cientes que é necessário dar continuidade nos estudos”.
Na próxima questão: Em relação ao ensino de matemática na EJA, como tens
desenvolvido suas aulas? Comente. É desenvolvido um planejamento de aulas
expositivas, onde o professor atuando na EJA do ensino médio, relata que “ busco
25
relacionar os conteúdos matemáticos com a realidade de alunos”. As dificuldades
percebíveis pelos professores são “os alunos apresentam é na interpretação e
também com em operações básicas, regra de sinais, frações entre outras. E na
iniciação de um conteúdo novo na disciplina, os estudantes ficam temerosos com a
matemática”.
O ensino da matemática que torna o desenvolvimento do trabalho do
professor fundamental, onde o mesmo faz com que o aluno passe a ser sujeito do
processo. O que Freire (1996) nos faz refletir que, ensinar e aprender é o esforço
crítico do professor de desvelar o empenho dos alunos de ir se manifestando como
sujeito da aprendizagem.
Na questão: Como é o processo de avaliação na disciplina de matemática
com alunos de EJA? Os professores descreveram que, “ o processo avaliativo para
o aluno é em forma de trabalhos, pesquisa, participação, frequências e provas”.
A avaliação é um diagnóstico para o professor perceber de que forma está
acontecendo o aprendizado, existem várias maneiras de avaliar um aluno, como
durante a aula, em trabalhos em grupos ou individuais, as mais conhecidas provas.
O que Freire (1996) ressalta que a avaliação é para o professor observar os
resultados de sua prática e com isso ser ético, crítico. Ele diz que ao ensinar exige
tomada consciente de decisões por parte do professor. As maneiras de avaliar o
aluno cabem ao professor decidir sua melhor opção.
Na sequência se questionou: O que você acha que leva alguns alunos a
desistirem da EJA. Os docentes declararam que “ é pela falta de tempo e também
desinteresse dos discentes em sanar dúvidas fora do horário de aula. Também
como outros problemas como o cansaço físico e emocional envolvendo problemas
familiares”. Por esses aspectos a escola procura motivar os alunos sobre a
importância e necessidade dessa etapa de formação, despertando no estudante a
importância de concluir os estudos, com o objetivo desfrutarem das oportunidades
profissionais e para o convívio social.
Neste contexto Godotti e Romão (2010) dizem:
O aluno trabalhador deve ser a ponte entre o seu saber e o que a escola pode proporcionar, evitando, assim o desinteresse, os conflitos e a expectativa de fracasso que acabam proporcionando um alto índice de evasão. (Godotti; Romão, 2010, p.121).
26
Assim podemos perceber que os alunos que frequentam a EJA trabalham o
dia todo e quando chega a noite, deixar a família exige muita força de vontade e
persistência. Não tendo tempo para o estudo extra, a dificuldade na matemática
pode desmotivar o aluno.
Neste assunto Fonseca defende que:
O ensino da Matemática poderá contribuir para um novo episódio de evasão da escola, na medida em que não consegue oferecer aos alunos e às alunas da EJA razões ou motivação para nela permanecerem e reproduz fórmulas de discriminação etária, cultural ou social para justificar insucessos dos processos de ensino-aprendizagem. (FONSECA, 2002, p. 37).
Sobre a questão: Que conselho você daria para um futuro professor de
Matemática sobre atuar na EJA. Ambos professores salientaram que “ para o
professor atuar nessa educação é necessário ter perfil, ou seja, ter flexibilidade,
paciência pois os alunos são distintos. Alguns estudantes têm mais facilidade
enquanto outros necessitam de mais de uma explicação do professor”. Assim eu,
concordando com os professores que são regentes nessa modalidade, em relação a
necessidade de refletir em cada planejamento de aula, durante a mesma e também
após a aula. Buscando ter essa autocrítica e calma para trabalhar com esse público
e sempre desenvolver um trabalho que seja relevante para os mesmos. Sendo
assim futuros professores que trabalharão com alunos da EJA, são responsáveis
para a formação de cidadãos. Logo ser professor faz a diferença. Assim é
necessário que os professores reflitam, sobre a prática que estão realizando.
3.2.2 Questionário dos alunos
3.2.2.1 EJA Ensino Fundamental
Os questionários foram aplicados em duas turmas, escolhidas aleatoriamente,
das quatro turmas de EJA da escola, independente da totalidade que estavam
frequentando. As turmas selecionadas foram uma do Ensino Fundamental e outra
turma do Ensino Médio.
A turma da EJA em que foi aplicado o questionário foi do Fundamental, da
etapa quatro, o que corresponde ao 6° ano. Na lista de chamada são 16 alunos
matriculados, no dia da aplicação do questionário estavam presentes em sala de
27
aula apenas quatro alunos. A idade média dos alunos entrevistados nessa turma é
entre 16 a 20 anos. Desses alunos, dois trabalham durante o dia nas seguintes
profissões: mecânico e gesseiro, outro aluno está desempregado e uma aluna é
dona de casa.
A questão: Você trabalha? Se sim, você percebe como utiliza a matemática
no seu trabalho?
O estudante “A” detalhou que, “a matemática é utilizada na compra de peças,
orçamento da mão de obra, troco para o cliente”, “ é quando uso a trena, pois
preciso saber as medidas que serão necessárias para saber a quantidade de gesso
que será usado “.
A estudante “B” disse que “a matemática é usada em todo momento em casa,
nas compras, nas refeições, quando saio no centro”.
Sobre a questão: Porque se matriculou na EJA? Relatou o aluno “A” que: “não
tinha vaga a tarde”. Os outros alunos “B” e “C” relataram “porque trabalho pela parte
do dia”.
Podemos observar que o estudo é para a maioria a terceira jornada de todo
dia, sendo cansativo para os mesmos.
Em relação a essa temática Barcelos defende que os educandos são:
Na EJA, ao contrário da alfabetização de crianças, estamos frente ao que chamamos comumente de “Gente Grande”. Isto pode parecer uma obviedade, mas não é. Gente grande no sentido de que estamos recebendo na escola homens e mulheres adultos. Que trabalham ou estão desempregados(as). Que tem filhos(as), e as vezes netos(os). Enfim, que têm já uma longa vida vivida. (BARCELOS, 2006, p.86).
O estudante “ D” respondeu que “ cuido da casa e da família de dia. ” Desse
modo, é possível observar que as respostas da próxima questão onde se perguntou:
Você já desistiu alguma vez ou pensou em desistir de frequentar as aulas? Porquê?
Se voltou o que fez voltar? O aluno “A” declarou que: “voltei porque sei que para
conquistar meus objetivos é necessário estudo”.
O aluno “B” respondeu “por um futuro melhor” e os alunos “C” e “D” afirmaram
respectivamente que: “sim já desisti e voltei para aprender e conquistar meus
objetivos”, “sim eu pensei quero estudar para ser alguém”.
É importante que a escola sempre entusiasme, incentive o aluno a
permanecer na escola. Pois quando chegam na escola, no início estão bem
28
empolgados, mas quando a rotina de trabalhar e estudar começa a aparecer o
cansaço físico ou psicológico o aluno tende a desistir de ir à escola.
Como diz Barcelos a respeito:
Um dos maiores desafios para a EJA é não apenas incentivas a chegada do educando (a) à escola como, a partir daí, incentivar sua permanência. (BARCELOS, 2006. p. 89).
Questionados sobre: Você gosta da disciplina de matemática para você? As
respostas dos alunos respectivamente em ordem alfabética foi “sim gosto da
disciplina da matemática porque ela ajuda agente a pensar bastante”, “sim bastante
porque aprendi”, “bastante porquê a matemática é boa”, “sinceramente não”.
Embora a maioria dos entrevistados gostasse de matemática, quando se
questionou sobre: Quais as maiores dificuldades em matemática para você?
O aluno “A” escreveu, “ acho que na hora de pensar, eu não penso na hora de
realizar a matéria”, já os alunos “B” e “C” responderam que, “quando é divisão eu me
atrapalho”, “contas de dividir, multiplicação, pedir emprestado”. O aluno “D”
respondeu que, “ multiplicação é o problema”.
Questão: O que você mais gosta e o que menos gosta da disciplina de
matemática? Os alunos descreveram que gostam dos conteúdos, mas quando
“precisa usar tudo junto não gosto”, “quando tem que interpreta e vê o que tem que
usa”, “gosto de todos os conteúdos”.
Sobre a questão: Você usa a matemática fora da escola? Onde? Como? O
aluno “A” disse que “A matemática é utilizada no contexto da vida em qualquer
situação”. O estudante “B” registrou que “em locais do dia a dia como supermercado,
passagem de ônibus, pagamento de contas, bancos entre outros”. É percebível que
os estudantes da EJA do fundamental compreendem que a matemática não é
apenas uma disciplina da escola. Assim os professores quando relacionam com
situações do dia a dia é melhor para a interpretação, fazer com que o aluno participe
e não se de a resposta das atividades.
O que pensa Barcelos sobre o aluno realizar a atividade é:
Ao mesmo tempo em que estamos à procura de alternativas que melhorem nossa EJA temos que ter maior cuidado, temos de zelar para não sucumbirmos à tentação da adoção de receitas prontas. (BARCELOS, 2006, p.99).
29
Em relação aos professores, os estudantes apontaram que os mesmos são
importantes para o e entendimento dos conteúdos da matemática e também a
relação de amizade onde os professores orientam com conselhos, apoio e escutam
conversam sobre o comportamento. Quando questionados: Você acha que os
professores são importantes para a sua aprendizagem? Em que sentido? O discente
“A” escreveu “sim os professores são importantes para minha aprendizagem. Porque
eles ajudam bastante agente nas coisas”. O aluno “B” disse que: “Em todos
sentidos, quando você sai do comportamento o principal na fala nossa”, já o aluno
“C” respondeu que “sim são importantes porque ensinam” e o aluno “D” disse que
“muito importantes para nos ensinar”.
É percebível que os alunos possuem uma relação agradável com os
professores. Os estudantes têm plena consciência que os professores se
preocupam com eles, tanto com o aprendizado quanto com a conduta, pois os
mesmos sempre orientam os alunos para o caminho correto. É importante que o
aluno e o professor tenham essa transparência. Como diz Barcelos:
Se existe algo que começa a se estabelecer como o consenso entre os(as) educadores(as) da EJA é o da necessidade de envolvimento, de participação de todas as partes envolvidas no processo-professores(as), equipes diretivas e educandos(as). (BARCELOS, 2006, p.94).
Segue as pontuações que os estudantes escreveram quando se questionou
sobre: Os professores entendem suas dificuldades e ajudam a superá-las?
O estudante “A” declarou que: “sim explicando a matéria”, já o aluno “B”
respondeu que “Me ajudam bastante aprendi muito com elas”, e o aluno “C” disse
que, “sim eles entendem as nossas dificuldades e por isso ajudam a gente” e o
aluno “D” respondeu “sim explica quando eu pergunto”.
O que é coerente quando responderam quando questionados sobre o que a
escola representava para eles. As respostas foram unânimes e trazem que a escola
é educação, disciplina, local onde fazem amigos, sendo a EJA a oportunidade de
voltar a estudar. Ainda, a escola é o caminho, onde recebem auxílio e onde se
ensina quem nela está inserido. Assim para ter qualidade de vida, com melhores
trabalhos, maiores salários trocas de cargo em empresas o estudo é a base e que
mesmo com vontade de desistir a persistência é maior. Desse modo sobre a
30
questão: O que representa a escola para você?
O aluno “A” respondeu “A escola representa muitas coisas para mim, estudo,
amigos, disciplina”. O aluno “B”, “ boa importante para estudar”. Já o “C” escreveu
“uma boa educação disciplina e eu conheci pessoas novas que eu adoro” e o
estudante “D” “ é onde eu estudo para ter um salário melhor e um cargo no emprego
melhor”.
Neste contexto podemos observar que para os entrevistados a escola é o
local que transmite conhecimento e também onde buscam apoio para vida social. O
questionário também apresentou uma atividade específica de matemática com o
propósito de verificar o domínio deles em relação ao bloco Tratamento da
Informação, um bloco dos quatro blocos de conteúdos matemáticos que compõem a
educação básica: Números e operações, Grandezas e Medidas, Geometria e
Tratamento da Informação.
Para isso foi apresentado uma tabela composta por diferentes tipos e
quantidade de frutas e solicitado a interpretação da mesma, conforme descrito a
seguir.
Quadro 1- Tabela apresentada aos alunos Fonte: Dados da autora
Sobre a questão: Quantos quilos (kg) de frutas constam na tabela? Os alunos
que responderam essa atividade foram o aluno “A” e o aluno “B” respectivamente,
“66”, “66 kgs” o que é compatível com a tabela. Os outros alunos não responderam
essa atividade. O estudante “C” apenas tentou realizar o gráfico.
Quando questionados: Quantos tipos de fruta são apresentados na tabela? O
aluno “A” disse “5” e o aluno “B” escreveu, “Banana+ uva + mamão+ laranja +
maçã=5”
Fruta Quantidade (Kg)
Banana 13
Uva 9
Mamão 8
Laranja 24
Maçã 12
31
Sobre a questão: Dobrando a quantidade de uva, quantos kg teremos?
O aluno “A” respondeu, “18” e o aluno “B” disse “9x2=18 kgs”.
Na próxima questão: Se o preço do kg da maçã é R$2,29, então 3 kg custam?
O estudante “A” declarou “6.60” e o estudante “B” apresentou o seguinte cálculo
“2.29x3=6,87”. Ainda na mesma questão se perguntou: E 12 kg de maçã custam? O
aluno “A” respondeu, “29,50” e o aluno “B” escreveu, “2,29x12=27,48”.
Foi notório que quando foi necessário realizar as operações de multiplicação
os estudantes começaram a reclamar de ter que fazer a multiplicação. Não
conseguiam realizar a tabuada.
Na sequência a questão: Triplicando a quantidade de banana, quantos quilos
teremos? Nas respostas os alunos “A” e “B” responderam respectivamente “24” e
“39 kgs”. Pode-se observar que ao escrever as respostas, o aluno “B” representou a
unidade de medida de peso de forma incorreta, pois a mesma corresponde a “kg” e
não a “kgs”. Podemos notar que a dificuldade na escrita. É relevante que o aluno
saiba escrever corretamente a simbologia matemática. Essa é uma das dificuldades
da matemática em pessoas adultas.
Carbonell (2012) defende que o aluno da EJA tem de desenvolver
habilidades em saber ler, falar e escrever, sob a apresentação de uma situação.
Concordando com a autora que a medida que o professor observa esses problemas
durantes as aulas, é necessário que oriente ao aluno a usar a linguagem matemática
corretamente. É um reforço linguístico na escrita popular.
Na sequência foi solicitado: Procure representar num gráfico os dados que
constam no quadro. Nesse momento os alunos começaram a me questionar como
fazer esse gráfico. Então foi explicado que em relação ao quadro eles formassem
um gráfico, como por exemplo em gráficos em campanha eleitoral. Os alunos ainda
responderam “ é prof. somos todos burros”. Isso me chamou atenção, pois estavam
confusos para fazer a construção de um gráfico. Foram orientados que esboçassem
da forma que eles tivessem entendido então.
O professor precisa estimular o aluno, tentar com que o mesmo realize as
atividades. Orientar que o mesmo leia com atenção e faça o que está sendo
solicitado. Mesmo que o aluno faça equivocado é com seu erro que o mesmo
participa da construção da sua aprendizagem.
Embora haja um relacionamento amigável do professor com o aluno, é
necessário que o professor invista na autoestima e no apoio. Assim esse aluno
32
continue e se esforce em realizar os desafios que apareçam durante sua caminhada.
É de extrema importância que o aluno baseado em informações dadas em
tabelas, quadros entre outros consiga interpretar e identificar e construir gráficos. Se
o aluno não consegue fazer essas atividades o professor ao ver e avaliando sua
prática percebe que precisas idealizar uma outra forma para que o aluno construa
seu conhecimento.
Desta forma ao reinventar o professor oportuniza que o estudante consiga
compreender de uma outra maneira o que se quer que o mesmo entenda. Então o
papel do professor em todo esse processo é complexo.
Nesse contexto Barcelos defende que:
Inventar e reinventar. Isto talvez seja o que todo(a) educador da EJA mais tenha que fazer. Reinventar práticas pedagógicas, didática e metodológicas de atuação junto aos educandos e educandas. (BARCELOS, 2006, p.95).
A seguir nas ilustrações a seguir pelo aluno “A”, conforme solicitado na
questão.
Ilustração 1- Atividade apresentada pelo aluno A
Fonte: Registros da autora
Percebe-se que o aluno “A” não consegue esboçar o gráfico. O aluno
esboçou o quadro que estava na atividade. Também não deixou legível alguns
cálculos
A figura abaixo representa a atividade que o aluno “B” realizou. O aluno fez a
33
representação de uma tabela decrescente em função da quantidade de frutas
apresentadas.
Ilustração 2- Atividade apresentada pelo aluno B
Fonte: Registro da autora
A seguir a atividade que o aluno “C” apresentou.
Ilustração 3- Atividade apresentada pelo aluno C
Fonte: Registro da autora
O estudante apresentou um esboço de gráfico no espaço dos cálculos. Podemos
verificar que a medida de unidade não apresenta uma regularidade
34
Observando-se através das representações feitas, que os alunos possuem
dificuldades em esboçar o gráfico com os dados apresentados. Percebemos
também dificuldade de interpretação da atividade e organização nos cálculos. Os
estudantes com pouco conhecimento escolar se expressam por meio de diferentes
linguagens, pois isso demonstra como são os seus mecanismos que utilizam na
sociedade. Na aplicação dessa atividade foram orientados para apresentarem
cálculos e utilizar os locais para fazer os cálculos e o gráfico.
A forma de melhorar os indicadores da dificuldade encontradas nessa
atividade pelos alunos é respeitando as especificidades desse público e refletir sobre
a prática e buscar metodologias onde a o processo do ensino e aprendizagem
aconteça.
3.2.2.1 EJA do Ensino Médio
Na turma de EJA do Ensino Médio estavam presentes, no dia da aplicação do
instrumento de pesquisa, 10 alunos. A participação desses foi muito interessante,
pois queriam saber sobre alguns cursos da universidade. Essa turma representa o
segundo ano do Ensino Médio. A turma composta por alunos de idades distintas, a
maioria entre 15 a 20 anos e entre esses, dois alunos solteiros. Foi possível
perceber que os alunos dessa turma são pessoas que tem uma responsabilidade
com a família. Atualmente, as profissões que tem são: cabelereira, metalúrgico,
supermercado, auxiliar de pet shop, cuidador de idosos, auxiliar de cozinha,
construção civil e militar.
Ao serem questionados de como percebem a utilização da Matemática em
seu trabalho, os estudantes foram bem específicos com as suas respostas como por
exemplo, “ no tamanho do corte”, ”preço do material”, “controle dos produtos”,
“manipulando dinheiro”, “troco para cliente”, “escala de serviço”, isso reflete que os
alunos estão cientes na relação da matemática com o seu trabalho.
Questionados: Porque se matricularam na EJA? Os alunos descreveram, “era
necessário concluir os estudos”, “o emprego exigia”, “realizar o ENEM, para
cursarem um curso superior”, “completar os estudos”, “por ser uma maneira mais
fácil de terminar os estudos” “para ter mais conhecimento e concluir os estudos”,
“para terminar o colégio”, “para terminar e seguir no curso superior”, “ concluir ensino
médio”.
35
O que chamou a atenção foi um estudante que trabalha em um supermercado
relatou que gostaria de cursar licenciatura em Matemática e que iria fazer as provas
do ENEM, iria fazer Matemática porque o mesmo gosta de cálculos. Outro aluno
disse que gostaria de cursar licenciatura em Biologia.
Relataram, na questão; Você já desistiu alguma vez ou pensou em desistir de
frequentar as aulas? Porquê? Se voltou, o que fez voltar?
As respostas mostram isso: “já desisti pelo motivo do trabalho e chegar tarde
e cansado em casa”, “quando chega na estação do inverno fico com preguiça para ir
à escola, mas no semestre seguinte retorno” outro aluno disse “trabalho”, ”não,
nunca desisti”, “sim, pois comecei a trabalhar e os horários não se acertam”, três
alunos escreveram que “não”, um aluno respondeu “sim desisti cansada do trabalho,
mas voltei porque meu namorado me aconselhou”.
Os alunos percebem que é necessário continuar e além disso o Ensino de
Jovens e Adultos oportuniza também a conviver em grupo, ler mais, ser mais ativos
em situações problemas.
Quando questionados sobre: Você gosta da disciplina de matemática?
Porquê? Os alunos declararam que “Não gosto da disciplina, ela é complicada”, “
gosto, pois exige raciocínio”, “exige atenção”, “ não tem que saber regra de sinais”,
“mais ou menos, tem vários cálculos.
Podemos observar que a matemática não está no gosto dos alunos. É preciso
que o estudante na disciplina de matemática saiba o que está fazendo, isto é saber
o porquê está realizando certo cálculo, qual sua utilidade na vida prática. Esta
compreensão o fará com que ele perceba o valor da matemática. O professor
despertando a curiosidade do aluno, em trabalhos em grupos, individuais, utilizando
a pesquisa também como uma prática para tornar a matemática mais agradável ao
aluno.
Freire em relação à pesquisa defende que:
Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e indago. Pesquiso para constatar, contatando, intervenho intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade. (FREIRE, 1996, p.29).
36
Quando questionados: Quais as maiores dificuldades em matemática para
você? As respostas que apresentaram foram “em porcentagem”, “fórmula de
Baskara”, “interpretar os problemas”, “fazer gráficos” “todas, meu cérebro parece ter
um bloqueio”, “regra de três”.
Os conteúdos específicos da matemática trazem receio aos alunos, mesmo
com experiência de vida a matemática traz um “medo” aos estudantes. Assim cabe
ao professor a despertar no aluno a sabedoria que traz consigo para enfrentar as
dificuldades em relação a matemática. Em relação a isso, Barcelos menciona:
Na Educação de Jovens e Adultos é fundamental que tenhamos a sensibilidade para perceber que estamos frente a grupos que são portadores de imenso repertório de saberes. São grupos carregados de sabedoria. (BARCELOS, 2006, p.96).
Na questão: O que você mais gosta e menos gosta da disciplina de
matemática? As respostas que os alunos apresentaram foram “ainda não consigo
gostar”, “gosto das explicações da professora, o que menos gosto quando eu não
entendo”, “ gosto quando a professora circula nas classes para sanar dúvidas ou
orientar como realizar as atividades”, “gosto de trabalhar em grupo”.
Nas respostas dos alunos podemos compreender que a importância do
professor circular entre os alunos durante a aula para sanar dúvidas, também o
trabalho em grupos onde alguns estudantes preferem que o colega explique. Assim,
a aula de matemática fica mais atrativa e o aluno participa. O professor ao planejar
precisa ter metas e objetivos que pretende alcançar através de suas ações
considerando seus alunos que trabalha.
Sobre a questão: Você usa a matemática fora da escola? Onde? Como? Os
alunos responderam que utilizam a matemática fora da escola foi declarado pelos
alunos que, “a matemática é utilizada no dia a dia”, “a utilização no cotidiano,
sempre é preciso usar os números, medidas, valores entre outros” “ sim no serviço,
mercado...”, “na vida penso que sempre há cálculos”.
É possível compreender nas respostas dos estudantes que os mesmos
reconhecem que utilizam a matemática fora da escola, mas se observa que os
alunos têm dificuldades para verbalizar como realizaram certa atividade. Nesse
momento o professor ajuda os seus alunos a analisarem e a sistematizarem o que
praticam fora da escola.
37
No bloco em que o questionário se refere a relação com os professores, eles
percebem que os professores são relevantes para sua aprendizagem. Isso pode ser
confirmado com as respostas da seguinte questão: Você acha que os professores
são importantes para sua aprendizagem? Em que sentido? Os estudantes
declararam “sim no sentido de tentar orientar o aluno”, “mostrar a importância de
conhecer ao menos um pouco”, “sim, sem eles não tem aprendizagem”, “sim, sem
os professores não iriamos a lugar nenhum”. Os alunos reconhecem a importância
dos professores, pois, orientaram e designam para a compreensão da importância
de estudar.
Nesta relação Godotti e Romão (2010), declaram que os professores na
sociedade hoje abordam todas as dimensões de seu papel.
Sobre a questão os professores entendem suas dificuldades e ajudam a
superá-las? As afirmações apresentadas pelos alunos foram “sim com boa vontade
de explicar várias vezes”, “sim com calma e dedicação me explica” “sim pois
pergunto muito”, “sim entende sempre que pode explica tenta ajudar” “sim sempre
que necessário”. Podemos observar que a relação entre alunos e professores é bem
agradável. Gostam das explicações do professor e sabem que o mesmo se
empenha no aprendizado dos alunos.
Os estudantes apreciam a dedicação do professor e isso podemos dizer que
ocorre também pelo interesse que os alunos demonstram em querer aprender.
Nesse contexto de querer aprender Barcelos diz que:
Se é pertinente a afirmação de que só aprende quem quer, nada mais oportuno que levar isto muito a sério quando se trata do trabalho com a Educação de Jovens e Adultos. O querer aprender é algo que, muito frequentemente, está estampado no olhar, no rosto, no sorriso tímido e acanhado. (BARCELOS, 2006, p.95).
Quando se perguntou aos alunos: Em relação a matemática, como percebes
a relação entre professor e aluno? “ Vejo a dedicação e a vontade de ajudar o
aluno”, “pelas atividades que fizemos juntas”, “uma relação normal”, “boa, porque a
relação do professor com o aluno é aprendizagem” e “ o professor sempre é
atencioso”.
A escola representa um local onde aprendem, tem uma vida social, realizam
amizades. Assim quando se questionou na questão: O que a escola representa para
38
você? As respostas dos alunos foram: “integrações, educação e aprendizado”,
“conhecimento”, “aprendizagem”, “sem educação não existe cidadão”, “ensino”,
Já quando perguntados sobre o estudo na questão: você considera o estudo
necessário para melhorar de vida? Em que sentido? Os estudantes declararam,
“para obter conquistas profissionais e pessoais”, “ penso ser importante sim, no
sentido do conhecimento e até mesmo ajuda na forma de vermos a vida”, “”sim, em
todos os sentidos”, “sim, para conseguir um trabalho melhor”, “sim, porque sem
estudo não consigo um serviço bom”, “ sim sem estudo não sabedoria”,
“profissionalmente sim e pessoalmente também”.
De fato, o estudo nos proporciona melhor qualificação e abre caminhos
profissionalmente. Podemos dizer que o estudo além da satisfação pessoal também
desenvolve mais capacidade de elaboração do pensamento. Assim o estudante
planeja, organiza e cria estratégicas para trabalho, família etc.
A seguinte pergunta: Deixe aqui sua sugestão sobre como a escola pode
auxiliar o aluno da EJA? Apenas um estudante respondeu essa questão “quanto a
isso a escola tem feito o melhor pelos alunos. Sempre orientando e ensinando, nos
ensina a conviver melhor e respeitar ideias diferentes das nossas”
Nesta questão podemos inferir que os outros alunos não se manifestaram
porque, gostam da escola e o aluno que respondeu, confirma que recebem apoio da
mesma.
Na atividade proposta para analisar e interpretar um gráfico de linhas pelo
motivo de verificar como o aluno interpretaria o mesmo, o qual esboçava a aplicação
do dinheiro em uma poupança durante um mês, responderam essa atividade quatro
alunos.
Quadro 2 – Gráfico referente as questões 1, 2, e 3. Fonte: Dados da autora
40 35
45
15
25
35
20
5 0
0
10
20
30
40
50
Luana Ana Vera Dulce Helio Rosane Odacir Airton Suzana
R$
Trabalhadores
Dinheiro aplicado na poupança no mês de setembro /2015
39
A Questão 01: Qual o maior valor aplicado? Os estudantes interpretaram da
seguinte forma, o estudante “A”, “45”, aluno “B” escreveu “45 reais”, “C” disse “45” e
o estudante “D” respondeu “45 R$ de Vera“
Os gráficos, mapas, imagens são códigos que de forma geral são construídos
e interpretados na escola. No contexto da vida, em diferentes áreas de atuação, ler,
interpretar e escrever são aspectos para construção do pensamento.
Sobre a questão 02: Quantas pessoas conseguiram aplicar mais de R$
30,00? Os alunos declaram corretamente sendo “4 pessoas”.
Na pergunta 03: Quanto Odacir aplicou na poupança? As respostas foram
coerentes com o gráfico, apenas mudando a forma da escrita, suas declarações
foram, “20”, “20 reais”, “Odacir 20”, “20 R$”.
A matemática necessita que, quando o aluno olhar um gráfico consiga
interpreta-lo. A simbologia matemática tem que ser lida, interpretada e representada
adequadamente pelo aluno. Assim a apropriação desse conhecimento é relevante
ao processo de ensino e aprendizagem da Matemática. Freire em relação a leitura
defende que:
O processo de aprendizagem na alfabetização de adultos está envolvido na prática de ler, de interpretar o que lêem, de escrever, de contar, de aumentar os conhecimentos que já têm e de conhecer o que ainda não conhecem, para melhor interpretar o que acontece na nossa realidade. (FREIRE, 1988, p. 48).
A questão 04: Somando o que Dulce e vera aplicaram, qual foi o valor total?
Suas respostas foram, “60”, “60 reais”, “ o valor de 60”, “60 R$”. Se percebe que
embora interpretem o gráfico corretamente, a escrita da resposta, diversificada entre
os alunos.
A sequência a última questão 05: Quanto Suzana aplicou? As respostas que
apresentaram na questão foi: “0”, ou “nada”.
Nas respostas dos alunos observamos que a interpretação do gráfico se
realizou perfeitamente, o aprendizado em situações-problemas que envolvem a
realidade do aluno, faz que os mesmos entendam a matemática no seu contexto de
vida.
Através dessa pesquisa e após a análise dos dados se pode observar que os
dois professores atuantes na EJA desta escola utilizam métodos diferenciados. Os
40
alunos têm um olhar em relação ao ensino e a aprendizagem da matemática como
complicada em termos de interpretação, mas sabem que é relevante continuar na
escola, almejando oportunidades futuras. Os estudantes da EJA do Ensino
Fundamental apresentaram dificuldades nas operações básicas, não conseguiram
apresentar um gráfico na atividade que realizaram. Os alunos da EJA do Ensino
Médio atingiram a interpretação do gráfico de linhas apresentado na questão,
embora uma dificuldade na linguagem matemática. Trazendo a realidade do aluno
para atividades em sala de aula, isso por sua vez colabora no ensino e
aprendizagem.
As dificuldades apresentadas nas turmas, foi percebível que os professores
entrevistados têm desafios, assim consiste em buscarem soluções, capacitando-se
para atender as ações da realidade.
41
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o desenvolvimento dessa pesquisa foi possível compreender, a partir
dos questionários e das aulas observadas que na Educação de Jovens e Adultos a
Matemática somente é compreensível para os alunos quando voltada para situações
reais e do cotidiano deles tendo como característica o papel de mediação do
professor na perspectiva da produção do conhecimento.
Como futura professora, essa investigação com professores e alunos da EJA
foi muito importante para que eu pudesse compreender a realidade educacional dos
sujeitos inseridos nessa modalidade de ensino. Também foi possível perceber, a
partir de relatos, que cada estudante traz consigo uma grande bagagem de
conhecimento e que esta necessita ser levado em consideração pelo professor que
atua na EJA.
Nos dados coletados foi percebível que os estudantes sabem a importância
do estudo, mesmo que alguns alunos relataram que já desistiram ou que tiveram
vontade de desistir algumas vezes, mas acabaram retornando para à escola.
Percebi que os alunos do Ensino Fundamental apresentaram mais dificuldades em
relação a Matemática do que os alunos de Ensino Médio.
A partir de atividades específicas apresentadas no questionário com o intuito
de perceber como o aluno resolve a mesma, foi percebível como a atividade da
construção do gráfico a partir de dados apresentados; os alunos não obtiveram
êxito, pois não desenvolveram o que era esperado. Isso mostra que o professor que
atua em EJA necessita desenvolver uma metodologia que vai além do ensinar a
resolução de exercícios, a memorização de regras e fórmulas.
É notório que a utilização correta da linguagem matemática está carente entre
os alunos. A maioria utiliza uma escrita como uma linguagem natural, popular. É
importante que os alunos da EJA compreendam que os símbolos, signos e conceitos
matemáticos necessitam ser utilizados corretamente, embora nas situações do dia a
dia isso nem sempre tenha importância para eles.
Em algumas observações, no momento da aplicação dos questionários nas
turmas participantes da pesquisa, os alunos teceram comentários do tipo “o
questionário é muito grande”, “se eu soubesse que tinha que escrever não tinha
vindo hoje”, “ é prof. somos todos burros”. Esses comentários, de certa forma, me
deixaram preocupada.
42
É importante mostrar-lhes que a Matemática tem um real significado como
área de conhecimento e que eles têm o direito de receber esse conhecimento de
modo que não seja apenas a transmissão de conteúdos de forma mecânica e
distante do cotidiano deles. Por isso, o ensino da Matemática, de modo especial, na
EJA, não pode ser desenvolvido abstratamente; é fundamental que haja uma
conexão com o mundo, com o contexto ao qual o aluno está inserido. Essa forma de
atuação pode levar o aluno a ter mais entusiasmo e admiração pela Matemática, ou
seja, desenvolver a capacidade de entender e desenvolver formas de pensar e
permitir ao estudante a se posicionar, a ser ativo na construção do conhecimento.
Avalio como importante que as universidades implementem no currículo dos
cursos de licenciatura uma carga horária obrigatória para atuação em EJA, pois é
importante que o futuro professor tenha experiência de atuação nessa modalidade
de ensino. Também, que as universidades ofereçam cursos e programas de
aperfeiçoamento para professores que trabalham com a Educação de Jovens e
Adultos e que os programas que envolvem escola versus universidade englobem
também estudantes da EJA.
Considero a Educação de Jovens e Adultos parte constitutiva do sistema
regular de ensino, pois esses estudantes, além de serem pessoas que buscam
qualificação pessoal e profissional, são participantes ativos nas situações
vivenciadas na sociedade. Dessa forma, o currículo das escolas com essa
modalidade necessita de um olhar especial. É importante respeitar as
especificidades de alunos de EJA, pois não basta que os mesmos tenham acesso a
educação, mas que possam ser personagens da construção de seu próprio
conhecimento de modo que os resultados sejam qualitativos e não apenas
quantitativos.
Para finalizar, considero a modalidade da EJA ainda necessita de mais
atenção da comunidade escolar e das políticas públicas, pois há uma grande gama
de ações que podem ser exploradas ou mais qualificadas. Também, que os cursos
de licenciaturas ofereçam oportunidades e experiências de inserção em escolas que
oferecem essa modalidade de ensino, seja em forma de projetos ou em ações de
estágio. Desenvolver essa pesquisa, por um lado, foi muito gratificante para mim,
principalmente por ter me dado a oportunidade do contato com essa modalidade de
ensino e compreender melhor o processo de ensino e aprendizagem da Matemática.
Por outro lado, espero que a mesma sirva de estímulo para outros pesquisadores.
43
REFERÊNCIAS BARCELOS, Valdo. Formação de professores para Educação de Jovens e Adultos. Rio de Janeiro: Vozes, 2006. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho nacional de Educação. Parecer CNE/CEB 11/ 2000 - Homologado. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/eja/legislacao/parecer_11_2000.pdf>. Acesso em: 25 de ago. 2015. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em: >http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 11 mar. 2015. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: <http://port.dal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf. > Acesso em:12 de mar. 2015. BRASIL. Ministério da Educação. Legislação de EJA 2009. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=12926%3Alegislacao-de-eja-2009&Itemid=871>. Acesso em: 24 de mar. 2015. BRASIL. Ministério da Educação. Lei 9.394. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf. >. Acesso em: 29 de mar 2015. BRASIL. Constituição Federal de 1988.Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 29 jul. 2015. CARBONELL. Sonia. Educação Estética na EJA. A beleza de ensinar e aprender com jovens e adultos. São Paulo: Telos, 2012. EDUCASENSO. Ministério da Educação. 2009 Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=339 >. Acesso em: 5 out 2015.
FONSECA, C. F. R. Maria. Educação Matemática de Jovens e Adultos. Especificidades, desafios e contribuições. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
44
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.Conscientização. Pedagogia dos Sonhos Possíveis. São Paulo: UNESP, 2001. A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1988. Projeto Político Pedagógico. Escola Estadual de Santa Maria/RS. 2015 GODOTTI, Moacir; ROMÃO, E. José. Educação de Jovens e Adultos. Teoria, prática e proposta. São Paulo: Cortez,2010. LIBÂNEO, J. Carlos. Organização e Gestão da escola: teoria e prática.1 ed. Goiânia: Alternativa, 2001.
SOUZA, M. Antonia. Educação de Jovens e Adultos.2. ed. Curitiba: Ibpex,2010.
Reflexões à cerca da organização do curricular e das práticas pedagógicas. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/er/n29/07.pdf>. Acesso em: 27 de ago.2015
45
APÊNDICES
APÊNDICE A – Termo de consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Declaro, por meio deste termo, que respondi ao questionário referente à
pesquisa realizada pela acadêmica Elen Mancy Carnelosso para Trabalho de
Conclusão de Curso, que abordará a temática: “O Processo de Ensino e
Aprendizagem de matemática na Educação de Jovens e Adultos”.
Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os
procedimentos a serem realizados, a garantia de confidencialidade e de
esclarecimento permanente. Concordo voluntariamente em participar deste estudo,
assim como, que as informações por mim reveladas possam ser usadas como
referência para fins científicos e estudos, inclusive podem ser publicadas, desde que
sejam mantidos o sigilo e os cuidados necessários quando forem expostas.
Santa Maria,_________de___________________de 2015.
_____________________________
Liane Teresinha Wendling Roos
Orientadora
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO CIÊNCIAS NATURAIS E EXATA
LICENCIATURA EM MATEMÁTICA
_____________________________
Elen Mancy Carnelosso
Pesquisadora
_____________________________
Assinatura do participante
46
APÊNDICE B – Questionário ao professor
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Prezado(a) professor(a)!
O presente questionário se constitui como instrumento de coleta de dados
para o desenvolvimento do Trabalho de Conclusão de Curso da acadêmica Elen
Mancy Carnelosso, que abordará a temática “O PROCESSO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS”.
Nesse sentido, contamos com sua colaboração para responder ao
questionário, destacando que sua participação nesta pesquisa auxiliará na
compreensão da problemática proposta, possibilitando reflexão sobre ações que
possam contribuir com a formação de professores de matemática.
Sua participação se dará de forma voluntária e sigilosa. As informações aqui
prestadas serão confidenciais e, se utilizadas, os voluntários não serão identificados.
Agradecemos sua colaboração!
Elen – Pesquisadora – Contato: [email protected]/
(55) 99124045
Liane Teresinha Wendling Roos – Orientadora – Contato: [email protected] /
(55) 9920-6811
Questões aos professores de matemática da Educação de Jovens e Adultos - EJA
47
1- Qual é sua formação: ( ) graduação ( )especialização ( )mestrado ( )doutorado
2- Quanto tempo leciona em escola pública?
_________________________________________________________________ 3- Quanto tempo leciona na EJA?
________________________________________________________________ 4- Justifique sua opção em atuar na EJA.
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5- Procure definir o que representa a EJA para
você.____________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
6- Você tem participado de formações continuadas voltadas para EJA? Comente.
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_____________________________________________
7- Como você vê o aluno que chega para a EJA?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
48
8- Em relação ao ensino de matemática na EJA, como tens desenvolvido suas
aulas?
Comente._________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
9- Quais as maiores dificuldades dos alunos de EJA em relação a Matemática?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
10- Como é a participação dos alunos nas aulas de matemática? _________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
11- O que você acha que leva alguns alunos a desistirem da EJA?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
12- A escola busca motivar alunos de EJA sobre a importância e necessidade dessa
etapa de formação? Em que sentido?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
49
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
13- Como é o processo de avaliação na disciplina de matemática com alunos da
EJA?____________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
14- Os alunos procuram você para sanar dúvidas fora do horário de aula?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
15- Que conselho você daria para um futuro professor de matemática sobre sua
atuação no contexto da EJA?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
50
APÊNDICE C – Questionário dos alunos
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Prezado(a) aluno(a)!
O presente questionário se constitui como instrumento de coleta de dados
para o desenvolvimento do Trabalho de Conclusão de Curso da acadêmica Elen
Mancy Carnelosso que abordará a temática “O PROCESSO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS”.
Nesse sentido, contamos com sua colaboração para responder ao
questionário, destacando que sua participação nesta pesquisa auxiliará na
compreensão da problemática proposta, possibilitando reflexão sobre ações que
possam contribuir com a formação de professores de matemática.
Sua participação se dará de forma voluntária e sigilosa. As informações aqui
prestadas serão confidenciais e, se utilizadas, os voluntários não serão identificados.
Agradecemos sua colaboração!
Elen – Pesquisadora – Contato: [email protected]/ (55)
99124045
Liane Teresinha Wendling Roos – Orientadora – Contato: [email protected] /
(55) 9920-6811
Questões aos alunos de matemática da Educação de Jovens e Adultos - EJA
Perfil do aluno:
51
1- Você é aluno da EJA do ( )Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio. Há quanto tempo? 2- Estado Civil ( ) solteiro(a) ( ) casado(a) ( ) separado(a) ( ) viúvo(a) ( ) vive com companheiro(a) 3- Idade ( ) de 15 a 20 anos ( ) de 21 a 30 anos ( ) de 31 a 40 anos ( ) de 41 a 50 anos ( ) com mais de 51 anos. 4- Atualmente trabalhas? ( ) sim ( ) não. Qual a profissão? Se trabalha, você percebe como utiliza a matemática no seu trabalho? Sobre a EJA:
1-Porque você se matriculou na EJA?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
2- Você já desistiu alguma vez ou pensou em desistir de frequentar as aulas?
Porquê? Se voltou, o que o fez voltar?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
3- Alguma coisa mudou para você depois que entrou para a EJA?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
4-Você gosta da disciplina de matemática?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
5-Quais as maiores dificuldades em matemática para você?
52
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________
6-O que você mais gosta e o que menos gosta da disciplina de matemática?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
7-Você usa matemática fora da escola? Onde? Como?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Relação com os professores:
1-Você acha que os professores são importantes para sua aprendizagem? Em que
sentido?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
2- Os professores entendem suas dificuldades e ajudam a superá-las? Justifique.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
3- Em relação a Matemática, como percebes a relação entre professor e aluno?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
4-Você gostaria de deixar alguma solicitação ou sugestão para seu professor de
matemática? Qual ou quais?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
53
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Importância da escola para você:
1-O que representa a escola para você?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
2-O que representa a Educação de Jovens e Adultos para você?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
3-Por que escolheste essa modalidade de ensino?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
4-Você considera o estudo necessário para melhorar de vida? Em que sentido?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
5-Deixe aqui sua sugestão sobre como a escola pode auxiliar o aluno de EJA?
Atividade no questionário da EJA fundamental: Analise a tabela ao lado e responda: 1-Quantos quilos (Kg) de frutas constam na tabela? _____________________________________________ 2-Quantos tipos de fruta são apresentados na tabela? _____________________________________________ 3-Dobrando a quantidade de uva, quantos kg teremos? _____________________________________________ 4-Se o preço do kg da maça é R$2,29, então 3 kg custam? ____ e 12 kg? _____. Mostre os cálculos. 5-Triplicando a quantidade de banana, quantos quilos teremos? ______________________________________________ 6 - Procure representar num gráfico os dados que constam na tabela.
Fruta Quantidade (Kg)
Banana 13
Uva 9
Mamão 8
Laranja 24
Maçã 12
54
Atividade da EJA do ensino médio: Analise o gráfico abaixo e responda:
1-Qual o maior valor aplicado no mês avaliado? _______________________________________________________________ 2-Quantos pessoas conseguiram aplicar mais de R$30,00? _______________________________________________________________ 3-Quanto Odacir aplicou na poupança? _______________________________________________________________ 4-Somando o que Dulce e Vera aplicaram, qual foi o valor total? _______________________________________________________________ 5-Quanto Suzana aplicou? __________________________________________
40 35
45
15
25
35
20
5 0
0
10
20
30
40
50
Luana Ana Vera Dulce Helio Rosane Odacir Airton Suzana
R$
Trabalhadores
Dinheiro aplicado na poupançã no mês de setembro /2015