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unidade 3 vibracoes
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Unidade 3: Vibraes Foradas sob Excitao Harmnica
55
UNIDADE 3 - VIBRAES FORADAS SOB EXCITAO
HARMNICA
3.1 - Introduo
Vibrao forada aquela que ocorre quando o sistema sofre a ao de foras externas durante o movimento.
As foras que atuam sobre o sistema podem ser determinsticas ou aleatrias, determinando uma caracterstica do
movimento vibratrio. As foras determinsticas podero se apresentar de diversas formas. As foras harmnicas e as
foras peridicas so as que representam a maioria dos fenmenos responsveis por vibraes em sistemas fsicos.
Como visto na Unidade 2, os sistemas que sero estudados so representados por equaes diferenciais lineares. A
resposta de um tal sistema, que a soluo da equao do movimento, sob a ao de foras, ter a mesma forma
funcional que a fora atuante. Isto significa que uma fora harmnica produz uma vibrao harmnica, uma fora
peridica produz uma vibrao peridica, etc. A soluo particular da equao diferencial , ento responsvel por
representar este movimento. Mas a soluo geral composta de uma soluo homognea e uma soluo particular. A
soluo homognea representa a parcela transitria da resposta do sistema, aquela que produzida pelas condies
iniciais do movimento. tambm a soluo homognea que representa a resposta transiente que resulta da aplicao
eventual de alguma fora com tempo de durao finito, o que ser visto na Unidade 4.
A excitao harmnica representada por uma funo senoidal apresentando a forma
F t F t( ) sen 0 ou
F t F t( ) cos 0
onde F0 a amplitude da fora (o valor da fora quando a mesma aplicada estaticamente), a frequncia com que a fora aplicada (igual a zero quando de aplicao esttica) e o ngulo de fase medido em relao ao referencial de tempo (atraso da resposta em relao fora).
Em forma complexa pode-se escrever tambm
F t F e
i t( )
0
Este tipo de fora produzir uma resposta harmnica que tambm ter a forma funcional senoidal.
Neste captulo, tambm ser visto o fenmeno da ressonncia, que ocorre quando a frequncia com que a fora
aplicada coincide com a frequncia natural do sistema que sofre a ao da referida fora. Este fenmeno amplamente
conhecido e pode produzir graves consequncias integridade estrutural do sistema.
3.2 - Equao Diferencial do Movimento
k
(a)
kx
m m
.cxc
x
Sistema Diagrama de corpo livre
(b)
F(t) F(t)
Figura 3.1 - Sistema de um grau de liberdade sob esforo externo.
Unidade 3: Vibraes Foradas sob Excitao Harmnica
56
A Figura 3.1 mostra o modelo de um sistema de um grau de liberdade, amortecido, e seu respectivo diagrama
de corpo livre. O diagrama de corpo livre mostrado na Figura 3.1b ilustra as foras atuantes na massa m. Aplicando a 2a
Lei de Newton, a equao diferencial do movimento obtida como
mx cx kx F t (3.1)
Esta equao diferencial possui uma soluo geral constituda de uma soluo homognea associada a uma
soluo particular
x t x t x th p (3.2)
A soluo homognea obtida fazendo F(t) = 0 resultando na vibrao livre (dependente das condies
iniciais) que foi estudada na Unidade 2. A soluo particular representa a vibrao de regime permanente do sistema,
persistindo enquanto a fora externa atuar. A Figura 3.2 ilustra a composio da soluo da equao diferencial (3.1). A
parcela do movimento que diminui com o tempo, devido ao amortecimento chamada transiente ou transitria e a
rapidez com que ocorre esta diminuio depende dos parmetros do sistema, m, c e k.
t
t
xh(t)
xp(t)
x(t) = xp(t) + x
p(t)
t
Figura 3.2 - Solues homognea, particular e geral da equao diferencial do movimento.
3.3 - Sistema No Amortecido Sob Fora Harmnica
Por simplicidade, estudaremos inicialmente o sistema sem amortecimento (c = 0) e com F(t) = F0 cost. A equao (3.1) assume a forma
mx kx F t cos 0 (3.3)
A soluo homognea desta equao, estudada na seo 2.2.1, tem a forma
x t C t C th n n 1 2cos sen (3.4)
A soluo particular, por sua vez,
x t X tp cos (3.5a)
Se (3.5a) soluo da equao (3.3), ento deve verificar a mesma. Se a velocidade e a acelerao so obtidos
por derivao direta
Unidade 3: Vibraes Foradas sob Excitao Harmnica
57
senx t X tp (3.5b)
cosx t X tp 2 (3.5c)
substituindo (3.5a) e (3.5c) em (3.3), resulta
m X t kX t F t 2 0cos cos cos
Dividindo toda a expresso por cost, e rearranjando, chega-se a
XF
k m
0
2 (3.6)
Substituindo (3.6) em (3.5a), a soluo particular se torna
x tF
k mtp
0
2cos (3.7)
A soluo geral obtida como a soma das expresses (3.4) e (3.7), sendo igual a
x t C t C tF
k mtn n
1 2
0
2cos sen cos
(3.8)
Introduzindo as condies iniciais x t x 0 0 e x t x 0 0 , as constantes de integrao so calculadas, resultando em
C xF
k m1 0
0
2
e C
x
n2
0
(3.9)
que introduzidas em (3.8) resultam na expresso
x t xF
k mt
xt
F
k mtn
nn
00
2
0 0
2
cos
sen cos (3.10)
0
1
1
-1
-2
-3
-4
-5
2
3
2 3
4
4
5
Xst
rn
Figura 3.3 - Fator de amplificao dinmica.
Unidade 3: Vibraes Foradas sob Excitao Harmnica
58
Dividindo numerador e denominador por k em (3.6), sendo a deflexo esttica stF
k 0 , a deformao
sofrida pelo sistema quando a fora aplicada estaticamente, e considerando que a frequncia natural do sistema dada
por nk
m2 esta expresso (3.6) pode ser escrita na forma
X
st
n
1
1
2 (3.11)
que chamado de fator de amplificao dinmica.
A Figura 3.3 mostra a funo expressa em (3.11), que apresenta trs domnios distintos, caracterizando
comportamentos diferentes.
Caso 1 - Para 0 1
n o denominador de (3.11) positivo e a resposta de regime permanente do sistema
dada pela equao (3.7). Diz-se que a resposta harmnica xp(t) est em coincidncia de fase com a fora externa,
conforme mostra a Fig. 3.4.
F(t) = F0cost
xp(t) = X cost
F0
X
t
t
2
2
0
0
Figura 3.4 - Resposta harmnica em fase com a fora externa.
Caso 2 - Para
n 1 o demonimador de (3.11) negativo e a resposta de regime permanente do sistema
dada por
x t X tp cos (3.12)
em que a amplitude do movimento redefinida como uma quantidade positiva, ou
X st
n
2
1
(3.13)
Neste domnio a resposta harmnica xp(t) est oposio de fase com a fora externa, conforme mostra a Fig.
3.5. Ainda na Fig. 3.3 observa-se tambm que, para n , a amplitude X 0 , de forma que o deslocamento de
um sistema sob excitao harmnica em frequncias muito altas muito pequeno.
Unidade 3: Vibraes Foradas sob Excitao Harmnica
59
F(t) = F0cost
xp(t) = X cost
F0
- X
t
t
2
2
0
0
Figura 3.5 - Resposta harmnica em oposio de fase com a fora externa.
Caso 3 - Para
n 1 , a amplitude dada por (3.11) ou (3.13) infinita. Esta condio, em que a frequncia
com que a fora aplicada igual frequncia natural do sistema, chamada de RESSONNCIA. Para determinar a
resposta nesta condio necessrio que a equao (3.10) seja escrita na forma
t0
xp(t)
2
n
Figura 3.6 - Resposta harmnica na ressonncia.
x t x tx
tt t
nn
n st
n
n
0
0
2
1
cos
sencos cos
(3.14)
O ltimo termo desta equao vai a infinito quando n, e para avaliar a funo no limite necessrio aplicar a Regra de LHospital, resultando
Unidade 3: Vibraes Foradas sob Excitao Harmnica
60
n n n
t t
d
dt t
d
d
t t tt
n
n
n
nn
n
nlim lim limcos cos cos cos sen
sen
1 1
2 22 2
2
De forma que (3.14), que a resposta do sistema, se torna
x t x tx
t tnn
n
t
nst n
00
2cos
sen sen
(3.15)
representando um movimento cuja amplitude cresce indefinidamente com o tempo devido ao termo st n t
2ser sempre
crescente, como ilustra a Figura 3.6.
3.3.1 - Resposta Total
A resposta total do sistema, expressa em (3.8), pode ser escrita na forma
x t A t tn st
n
cos cos
1
2 ; para
n
1 (3.16)
x t A t tn st
n
cos cos
2
1
; para
n
1 (3.17)
onde as constantes so determinadas a partir das condies iniciais. A Fig. 3.7a mostra o movimento produzido pela
equao (3.16) em que a frequncia excitadora menor que a frequncia natural do sistema e a Fig. 3.7b aquele
produzido por (3.17) em que a frequncia excitadora maior que a frequncia natural do sistema.
x(t) 2
A
st
n
1
2
t
t
0
0
x(t)
2
2
n
2
n
st
n
2
1
A
(a)
n 1
(b)
n 1
Figura 3.7 - Resposta total do sistema.
Unidade 3: Vibraes Foradas sob Excitao Harmnica
61
3.3.2 - Fenmeno do Batimento
Quando a frequncia da fora externa muito prxima da frequncia natural, ocorre uma composio de
movimentos conhecida como batimento. Se, na equao (3.10) fizermos x x0 0
0 , a mesma se torna
x tF
k mt t
Fm
t t
Fm
t t
n
n
n
n
n n
0
2
0
2 2
0
2 2 2 2 2
cos cos cos cos
sen sen
(3.18)
Se a diferena entre as frequncias pequena, pode-se dizer que
n
n
n
2
242 2
e (3.18) se torna
x tF
m t t
0
2 sen sen (3.19)
cujo movimento est representado na Fig. 3.8.
t0
xp(t)
2
2
Fm
0
2
Figura 3.8 - Fenmeno do batimento.
A Fig. 3.8 mostra o movimento composto de uma parcela de baixa frequncia envolvendo outra de alta
frequncia. O movimento de baixa frequncia tem perodo
b
n
2
2
2 (3.20)
conhecido como perodo de batimento. A frequncia de batimento, consequentemente, tambm pode ser obtida por
b n 2 (3.21)
Exemplo 3.1 - Uma bomba alternativa, pesando 70 kg, est montada no meio de uma placa de ao de espessura igual a
0,0127 m, largura igual a 0,508 m, e comprimento igual a 2,54 m, engastada ao longo de dois lados, como mostra a Fig.
3.9. Durante a operao da bomba, a placa est sujeita a uma fora harmnica F(t) = 220 cos 62,8t N. Encontrar a
amplitude de vibrao da placa.
Soluo: O momento de inrcia dado por
Ibh
m 3
3
8 4
12
0 508 0 0127
128 67 10
, ,,
A rigidez da placa obtida modelando-a como uma viga bi-engastada.
Unidade 3: Vibraes Foradas sob Excitao Harmnica
62
k
EI
lN m
192 192 2 068 10 8 67 10
2 542 10 10
3
11 8
3
5, ,
,, /
F(t), x(t)
2,54 m
0,0127 m
Figura 3.9 - Bomba sobre placa.
A amplitude obtida aplicando-se (3.6), com F0 = 220 N e = 62,8 rad/s
X
F
k mm
0
2 5 2
3220
2 10 10 70 62 83 33 10
, ,,
O sinal negativo indica que a frequncia da fora excitadora maior que a frequncia natural do sistema, uma
vez que ocorre oposio de fase.
3.4 - Resposta de um Sistema Amortecido sob Excitao Harmnica
Sob a atuao de uma fora harmnica a equao do movimento amortecido se torna
mx cx kx F t cos 0
(3.22)
A soluo particular
x t X t
x t X t
x t X t
p
p
p
cos
sen
cos
2
(3.23)
Substituindo em (3.22) resulta
m X t c X t kX t F t 20
cos sen cos cos (3.24)
Colocando a amplitude X em evidncia e reagrupando os termos
tFtsenctmkX coscos0
2 (3.25)
Usando as relaes trigonomtricas
cos cos cos sen sen
sen sen cos cos sen
t t t
t t t
a expresso (3.25) torna-se
X k m c t k m c t t F t 2 2 0cos sen cos sen cos sen cos (3.26)
Igualando coeficientes de sent e cost de ambos os lados da expresso
X k m c F
X k m c
2
0
2 0
cos sen
sen cos (3.27)
De onde se obtm
Unidade 3: Vibraes Foradas sob Excitao Harmnica
63
X
F
k m c
0
22 2
(3.28a)
e
tan 12
c
k m (3.28b)
XF
0
0
F(t), x(t)
F(t)
x(t)
t
t-F(t)
x(t)
2
2
t
Figura 3.10 - Representao grfica de funo excitadora e resposta.
Dividindo numerador e denominador de (3.28a) e (3.28b) por k tem-se
X
Fk
m
k
c
k
0
2
2 2
1
(3.29a)
e
tan 1
21
c
km
k
(3.29b)
Como n
k
m ,
c
c
c
k
c
k
m
kc
c n
n
2 2 e
st
F
k 0 , tem-se
Xst
n n
1 2
2 2 2
(3.30a)
e
tan 1 2
2
1
n
n
(3.30b)
ou ainda com rn
= razo de frequncias, pode-se escrever
X
r rst
1
1 222 2
(3.31a)
e
tan 1 2
2
1
r
r (3.31b)
Na Fig. 3.11 so apresentadas as funes expressas em (3.31a) e (3.31b). As curvas so obtidas para as
relaes de Xst
e em funo de r, de onde podem ser extradas algumas observaes:
Unidade 3: Vibraes Foradas sob Excitao Harmnica
64
X
st
0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
1,0
2,0
3,0
2,5
1,5
0,5
r
(a)
= 0,1
= 2,0
0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,50
45o
90o
135o
180o
4,0
r
(b)
= 0,1
= 0,3
= 0,3
= 0,5
= 0,5
= 0,7
= 0,7 = 1,0 = 1,0
= 2,0
= 5,0
= 5,0 = 1,0
= 2,0
= 5,0
= 0
= 0
Figura 3.11 - Variao de X e com a relao de frequncias r.
1 - Para = 0 = 0 para r < 1 e = rad para r > 1.
2 - O amortecimento reduz a relao de amplitudes para todos os valores da frequncia de excitao.
3 - A reduo da relao de amplitudes na presena do amortecimento significativa na, ou perto da,
ressonncia.
4 - A mxima relao de amplitudes obtida fazendo a derivada de Xst
em relao a r se igualar a zero. O
correspondente valor de r
rn d
1 2 1 22 2
5 - O mximo valor de X, obtido de (3.31a) quando r 1 2 2 ,
X
st max
1
1 1 2 2 1 2
1
2 12 2 2 2 2 (3.32)
A expresso (3.31) permite a obteno experimental do fator de amortecimento a partir da medio do
mximo valor da relao de amplitudes.
Na ressonncia, com =n ou r = 1 a relao de amplitudes (3.31a) se torna
X
st res
1
2 (3.33)
6 - Para 12
(0,707), observa-se que a relao de amplitudes menor que 1 para qualquer valor de r.
7 - O ngulo de fase no depende da magnitude da fora excitadora F0.
8 - Para r > 1, , a resposta vibratria est em oposio de fase com a fora excitadora. Na ressonncia, para qualquer valor de , o ngulo de fase sempre igual a /2, independente do fator de amortecimento. Isto utilizado para determinao experimental da frequncia de ressonncia uma vez que, como foi visto acima, a amplitude mxima no ocorre na ressonncia, de
forma que a medio do ngulo de fase permite uma medida mais precisa da frequncia natural do sistema.
3.4.1 - Resposta Total
A resposta total a soluo geral da equao diferencial (3.22) cuja soluo homognea foi obtida no Cap. 2,
Eq. (2.22) e a soluo particular (3.23), resultando
x t X e t X tnt d 0 0 cos cos (3.34)
As constantes X0 e 0 so constantes de integrao obtidas atravs das condies iniciais. Com x t x 0 0 e
x t v 0 0 , X0 e 0 so obtidos como
Unidade 3: Vibraes Foradas sob Excitao Harmnica
65
X v x X X x Xd
n d0 0 0
2
0
22
1
cos sen cos (3.35a)
e
0
1 0 0
0
tancos sen
cos
v x X X
x X
n
d
(3.35b)
onde X e so obtidos por (3.31a) e (3.31b), respectivamente.
3.4.2 - Fator de Qualidade e Largura de Banda
Para baixos fatores de amortecimento < 0,05 a eq. (3.33) pode ser utilizada
X XQ
st stn
1
2 (3.36)
onde Q chamado de fator de qualidade.
Q 1
X
st
2=
Q
2
R1
R2
1,0
n
Figura 3.12 - Pontos de meia potncia e largura de banda.
Na Fig. 3.12 os pontos R1 e R2 correspondentes a relaes de frequncia para as quais a razo de amplitudes
Q
2, so chamados de pontos de meia potncia, pois a energia vibratria proporcional ao quadrado da amplitude no
movimento harmnico. A diferena entre as frequncias correspondentes a estes dois pontos, 2 -1 , define o que se chama de largura de banda. Os valores das relaes de frequncia correspondentes a estes pontos podem ser obtidos
fazendo X Q
st
2 em (3.31a), usando (3.36)
X Q
r rst
2
1
2 2
1
1 222 2
(3.37)
que resolvida para obter o valor de r, resultando em
r1,2
2 21 2 2 1 (3.38)
Para
Unidade 3: Vibraes Foradas sob Excitao Harmnica
66
Subtraindo-se as duas razes de (3.39), tem-se
2
2
1
2
2
2
1
2
2 1 2 1 2 4n n n
(3.40)
Abrindo o produto notvel do numerador de (3.40), obtm-se
1 2 2 14
n n
(3.41)
Como
n
n
1 2 1 2
22 , tornando (3.41)
2 4 2
2 1
2 1
n
n (3.42)
e, considerando (3.36) chega-se a
Qn
1
22 1
(3.43)
onde se tem o fator de qualidade expresso em funo da largura de banda 2 -1. Um mtodo experimental de determinao do fator de amortecimento se fundamenta nesta equao: medindo-se as frequncias correspondentes s
amplitudes iguais amplitude ressonante dividida por 2 (1 e2), determina-se o fator de amortecimento por (3.43).
3.5 - Resposta de um Sistema Amortecido Excitao Complexa
Considerando a equao do movimento na forma
mx cx kx F e i t 0
(3.44)
que tem soluo particular na forma
x t Xepi t (3.45)
que, substituda em (3.44), resulta
m ci k Xe F ei t i t 20
(3.46)
de onde se conclui que
XF
k m ic
0
2 (3.47)
A eq. (3.47) pode ser escrita na forma Z iF
XZ i 0 = impedncia mecnica.
Multiplicando numerador e denominador de (3.47) pelo conjugado do denominador, chega-se a
XF
k m ck m ic
0
22 2
2
(3.48)
ou ainda
XF
k m ce i
0
2 2 2
(3.49a)
e
tan 1 2
c
k m (3.49b)
Substituindo (3.49a) em (3.45), chega-se soluo particular
Unidade 3: Vibraes Foradas sob Excitao Harmnica
67
x t
F
k m cep
i t
0
2 2 2
(3.50)
Resposta em Frequncia
Realizando a mesma operao realizada em (3.30a), ou seja, dividindo numerador e denominador por k e
utilizando n
k
m ,
c
k n
2
e r
n
, a expresso (3.45) pode ser escrita na forma
kX
F r i rH i
0
2
1
1 2
(3.51)
que chamada de resposta em frequncia complexa. O mdulo da resposta em frequncia complexa
H ikX
Fr r
0 22 2
1
1 2
(3.52)
de forma que a resposta em frequncia complexa pode ser escrita na forma
H i H i e i (3.53a)
onde
tan 12
2
1
r
r (3.53b)
A resposta de regime permanente (soluo particular) pode tambm ser escrita na forma
x tF
kH i ep
i t
0 (3.54)
A resposta harmnica tambm pode ser representada pelas partes real e imaginria da resposta excitao
complexa. Se F t F t 0 cos , tem-se de (3.23), considerando-se (3.28) e (3.29)
x tF
k m ct
F
kH i e
F
kH i e
p
i t i t
0
2 2
0 0
cos
Re Re
(3.55)
Se F t F t 0 sen , tem-se de (3.23), considerando-se (3.28) e (3.29)
x tF
k m ct
F
kH i e
F
kH i e
p
i t i t
0
2 2
0 0
sen
Im Im
(3.56)
Representao Vetorial Complexa do Movimento Harmnico
mx +
kx..mx..
cx.
kx
x(t)
F(t)
Im
Re
t
Figura 3.13 - Representao complexa do movimento harmnico.
Unidade 3: Vibraes Foradas sob Excitao Harmnica
68
Se o deslocamento dado por (3.54), a velocidade e a acelerao so determinados por derivao como
x t iF
kH i e i x t
p
i t
p
0
(3.57a)
e
x tF
kH i e x t
p
i t
p
20 2 (3.57b)
concluindo-se que a velocidade est adiantada /2 em relao ao deslocamento e a acelerao est em oposio de fase,
tambm em relao ao deslocamento. O diagrama mostrado na Fig. 3.13 mostra a configurao de foras durante o
movimento. O sistema est em equilbrio dinmico e a evoluo no tempo possui o efeito apenas de girar o diagrama por
inteiro sem mudar a posio relativa entre os vetores nem desfazer o equilbrio de foras.
3.6 - Resposta de um Sistema Amortecido sob Movimento Harmnico da Base
m
ck
m
x x
y(t) = Y sen t
baset
k(x - y) c(x - y)
x
. .
..
(a) (b) Figura 3.14 - Sistema com movimento na base.
O sistema da Fig. 3.14a, tem seu movimento provocado pelo movimento de sua base y(t). O diagrama de corpo
livre, mostrado na Fig. 3.14b, apresenta as foras atuantes na massa m. A Segunda Lei de Newton aplicada para
determinar a equao do movimento que se torna
mx c x y k x y 0 (3.58)
Se y Y t sen ento cosy Y t e a eq. (3.58) se torna
mx cx kx kY t c Y t sen cos (3.59)
cuja soluo particular
x tkY t
k m c
c Y t
k m cp
sen cos
1
2 2 2
1
2 2 2 (3.60)
Considerando cos cos cos sen sen t t t 1 2 2 1 2 1 , (3.60) pode ser escrita na forma
x t X t Y k c
k m ctp
cos cos
1 2
2 2
2 2 2 1 2 (3.61)
com a relao de amplitudes dada por
X
Y
k c
k m c
r
r r
2 2
2 2 2
2
2 22
1 2
1 2
(3.62a)
e os ngulos de fase
1
1
2
1
2
2
1
tan tanc
k m
r
r (3.62b)
Unidade 3: Vibraes Foradas sob Excitao Harmnica
69
2
1 11
2
tan tan
k
c r (3.62c)
A eq. (3.62a) expressa o que se chama de transmissibilidade entre a base e o sistema. Na forma complexa,
sendo y t Ye i t Re , a soluo particular dada por
x ti r
r i rYe
p
i t
Re1 2
1 22
(3.63)
e a transmissibilidade dada por
X
Yr H i 1 2
2
(3.64)
3.6.1 - Fora Transmitida
Como pode ser visto na Fig. 3.14b a fora resultante que atua na base a soma das foras atuantes na mola e no
amortecedor, ou
F k x y c x y mx (3.65)
Se a soluo particular x t X tp cos 1 2 , a fora ser
F m X t F tT 2 1 2 1 2cos cos (3.66)
onde FT chamado de fora transmitida, dada por
F
kYr
r
r r
T
2
2
2 22
1 2
1 2
(3.67)
A Fig. 3.15 mostra curvas da fora transmitida em funo de r para vrios valores do fator de amortecimento,
onde se torna evidente que, para r 2 o acrscimo de amortecimento aumenta significativamente a fora transmitida.
Isto nos faz concluir que acrescentar amortecimento quando a frequncia vibratria superior a 2n no uma
soluo adequada para isolamento de vibraes transmitidas pela base do sistema.
0
1
1
2
3
4
4322
r
FT
kY
= 0,35
= 0,2
= 0,1
= 0
= 0,5
= 1,0 = 0
= 0,1
= 0,2
Figura 3.15 - Fora transmitida.
3.6.2 - Movimento Relativo
Em muitas aplicaes interessante representar o movimento em relao base. Sendo z x y , o
deslocamento da massa em relao sua base, a equao do movimento torna-se
m z y cz kz 0 (3.68)
ou ento
Unidade 3: Vibraes Foradas sob Excitao Harmnica
70
mz cz kz my m Y t sen 2 (3.69)
cuja soluo
z t
m Y t
k m cZ t
2
1
2 2 21
sensen (3.70)
e a relao de amplitudes dada por
Z
Y
m
k m c
r
r r
2
2 2 2
2
2 22
1 2
(3.71)
A Fig. 3.16 apresenta a variao da relao de amplitudes com r para vrios fatores de amortecimento.
20
1
1 3 4
4
3
2
5
6
7
ZY
MXme
r
= 0,10
= 0,15
= 0,25
= 0,50 = 1,00
= 0,00 = 0,00
Figura 3.16 - Movimento relativo base e desbalanceamento.
Exemplo 3.2 - A Fig. 3.17a mostra um modelo simples de um veculo que pode vibrar na direo vertical quando
trafega por uma estrada irregular. O veculo tem uma massa de 1200 kg. O sistema de suspenso tem uma constante de
mola de 400 kN/m e um fator de amortecimento de 0,5. Se a velocidade do veculo 100 km/h, determinar a amplitude
de deslocamento do mesmo. A superfcie da estrada varia senoidalmente com uma amplitude de 0,05 m e um
comprimento de 6 m.
Soluo: O modelo adotado de um sistema de um grau de liberdade com excitao pela base. A frequncia excitadora
dada por
(a)
m
ck
y(t) = Y sen t
t
x(t)
m
x(t)
y(t) Y
um ciclo
k2
k2c
(b)
Figura 3.17 - Veculo em movimento em um piso irregular.
fv
lHz cps
1000003600
64 63, ( )
Unidade 3: Vibraes Foradas sob Excitao Harmnica
71
com a frequncia angular sendo
= 2f = 229,1 rad/s
A frequncia natural dada por
n
k
mrad s
400000
120018 3, /
A relao de frequncias obtida por
rn
29 1
18 3159
,
,,
A amplitude , ento obtida utilizando a eq. (3.62a)
X
Y
r
r r
1 2
1 2
1 2 0 5 159
1 159 2 0 5 1590 849
2
22 2
2
22 2
, ,
, , ,,
consequentemente
X = 0,849 x 0,05 = 0,0425 m
Exemplo 3.3 - Uma mquina pesando 3000 N est apoiada em uma base deformvel. A deflexo esttica da base,
devida ao peso da mquina 7,5 cm. Observa-se que a mquina vibra com uma amplitude de 1 cm quando a base est
sujeita oscilao harmnica na frequncia natural do sistema com amplitude de 0,25 cm. Achar:
(1) a constante de amortecimento da base;
(2) a amplitude da fora dinmica na base, e
(3) a amplitude do deslocamento da mquina em relao base.
Soluo:
(1) Para determinar a constante de amortecimento necessrio, em primeiro lugar, determinar a constante de rigidez
kW
N mst
3000
0 07540000
,/
O fator de amortecimento obtido resolvendo-se a eq. (3.62a) na ressonncia (r = 1)
X
Y
1 2
2
1
0 25
2
2
,
resultando em
21
600 129 ,
Com isto, a constante de amortecimento obtida por
c m kmN s
mn
2 2 2 0 129 400003000
9 81903 ,
,
(2) A fora atuante na base obtida de (3.67) com r = 1 resultando em
F kY kX NT
1 2
240000 0 01 400
2
2
,
(3) A amplitude do movimento relativo calculada a partir da expresso (3.71), que, para r = 1, torna-se
ZY
2
0 0025
2 0 1290 00968
,
,,
Pode ser observado que, embora sendo a amplitude do movimento relativo definido como z x y , Z no
igual diferena entre as amplitudes X e Y. Isto se d porque existe um ngulo de fase entre os movimentos, de forma
que no atingem os seus valores mximos no mesmo instante de tempo.
Unidade 3: Vibraes Foradas sob Excitao Harmnica
72
3.7 - Resposta de um Sistema Amortecido sob Desbalanceamento Rotativo
No sistema mostrado na Fig. 3.18, o movimento gerado pela componente da fora centrfuga atuante na
direo vertical. As componentes horizontais so sempre iguais e opostas, anulando-se a cada instante. Desta forma a
fora externa, de natureza harmnica, dada por
F t me t 2 sen (3.72)
A equao diferencial do movimento , ento
Mx cx kx me t sen 2 (3.73)
e2 sentm2
e2 sentm2
e2 costm2
e2 costm2
e2m2
e2m2
em2
m2
t
e
t
x(t)
k2
k2
c
A
A
M
Figura 3.18 - Massas rotativas desbalanceadas.
A soluo particular de (3.73) tem a forma
x t X tme
MH i e
p
n
i t( ) sen Im
2
(3.74)
Pela semelhana com a eq. (3.44) a soluo pode ser obtida por analogia fazendo F me02 de forma que a
amplitude ser obtida de (3.49a) como
Xme
k M c
me
MH i
me
M
r
r rn
2
2 2 2
2 2
2 22
1 2
(3.75a)
com
tan tan12
1
2
2
1
c
k M
r
r (3.75b)
obtido de (3.49b), sendo nk
M .
O comportamento de X em funo da relao de frequncias r mostrado na Fig. 3.16, de onde podem ser
feitas algumas observaes:
1 - Todas as curvas apresentam amplitudes nulas para frequncias nulas. Isto acontece porque a fora
excitadora, que uma fora centrfuga, tem amplitude proporcional ao quadrado da frequncia sendo, portanto, nula
quando a frequncia zero.
2 - Em altas frequncias (r >> 1) a relao MXme
1 para qualquer fator de amortecimento mostrando que,
nesta faixa de frequncias, o amortecimento no eficiente em diminuir os nveis vibratrios em sistemas com
desbalanceamento rotativo.
3 - O valor mximo MX
memax
obtido quando
d
dr
MX
me
0 o que se verifica para r
1
1 2 2que
sempre maior que a unidade, ao contrrio do que acontece com os sistemas sob excitao harmnica com foras com
amplitude independente da frequncia.
Unidade 3: Vibraes Foradas sob Excitao Harmnica
73
Exemplo 3.4 - O diagrama esquemtico de uma turbina de gua tipo Francis est mostrado na Fig. 3.19, na qual a gua
flui de A para as lminas B e caem no conduto C. O rotor tem uma massa de 250 kg e um desbalanceamento (me) de 5
kg.mm. A folga radial entre o rotor e o estator 5 mm. A turbina opera na faixa de velocidades entre 600 e 6000 rpm. O
eixo de ao que suporta o rotor pode ser assumido como engastado nos mancais (livre para girar). Determinar o
dimetro do eixo de forma que o rotor no entre em contato com o estator em todas as velocidades de operao da
turbina. Assumir que o amortecimento pequeno.
A A
C
BB
Mancal
Eixo
Rotor
Estator
Saida da gua
l = 2 m
5 mm5 mm
Entrada
da gua
Entrada
da gua
Figura 3.19 - Turbina de gua tipo Francis.
Soluo: Como o amortecimento desprezvel, (3.75a) torna-se
X
me
k M
me
k r
2
2
2
22
1 (a)
A frequncia determinada pela faixa de velocidades de operao da turbina
600 6002
6020 62 8
6000 60002
60200 628
rpm rad s rad s
rpm rad s rad s
/ , /
/ /
A frequncia natural do sistema
nk
M
k
250 (b)
So duas solues que satisfazem o problema apresentado. Em uma delas a faixa de frequncias de operao se
localiza inteiramente abaixo da frequncia natural do sistema enquanto que na outra a faixa de operao est acima da
frequncia natural.
Caso 1 - Para que a faixa de frequncias de operao fique abaixo da frequncia natural necessrio que a
maior frequncia da faixa, = 200 rad/s, seja inferior a esta. Aqui vamos estabelecer um limite de segurana de 20%, ou seja, max 12 200 240, rad/s. Aplicando a expresso (a) tem-se
0 005
0 005 240
250 2401 250 240 1 43 10
2
2
2 8,,
) , /
kk N m
A rigidez do eixo sob flexo
kEI
l
Ed
l
33
643
4
3
(c)
de onde se obtm o dimetro
Unidade 3: Vibraes Foradas sob Excitao Harmnica
74
dkl
E
4364
3
(d)
que, para este caso, resulta
d m d m48 3
11
2 464 1 43 10 2 0
3 2 07 103 74 10 0 440
, ,
,, ,
Neste caso, a frequncia natural, dada na expresso (b), ser igual a
nk
rad s
250
1 48 10
250755
8,/
superior maior frequncia da faixa de operao.
Caso 2 - Para que a faixa de frequncias de operao fique acima da frequncia natural necessrio que a
menor frequncia da faixa, = 20 rad/s, seja superior a esta. Estabelecendo novamente um limite de segurana de 20%, ou seja, min 0 8 20 16, rad/s. Para que a faixa de frequncias fique acima da frequncia natural deve-se
trocar o sinal do denominador a expresso (a), para que a amplitude continue sendo positiva. Resulta, ento em
Xme
M k
2
2 (e)
Aplicando a este caso
0 005
0 005 16
250 16250 1 16 6 29 10
2
2
2 5,,
) , /
kk N m
O dimetro obtido pela aplicao da expresso (d), resultando
d m d m45 3
11
4 464 6 29 10 2 0
3 2 07 101 65 10 0 113
, ,
,, ,
Neste caso, a frequncia natural, dada na expresso (b), ser igual a
nk
rad s
250
6 29 10
25050 2
5,, /
inferior menor frequncia da faixa de operao.
Em ambos os casos as solues encontradas atendem os requisitos dinmicos apresentados. O valor escolhido
para o dimetro deve atender os demais requisitos de projeto.