Upload
vanque
View
213
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO
TEREZA ALICE FONSECA CHAVES LIMA
EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO NAS ESCOLAS
MACEIÓ, AL 2013
1
TEREZA ALICE FONSECA CHAVES LIMA
EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO NAS ESCOLAS Monografia apresentada à Universidade Paulista-UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do curso de Pós-graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.
Orientador: Prof. Dr. Manoel Ferreira do Nascimento Filho
MACEIÓ, AL
2013
2
TEREZA ALICE FONSECA CHAVES LIMA
EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO NAS ESCOLAS Monografia apresentada à Universidade Paulista-UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do curso de Pós-graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.
Aprovado em: ______/_______/______
________________________________________________________
PROF. DR. MANOEL FERREIRA DO NASCIMENTO FILHO
ORIENTADOR
_______________________________________________________
PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________
PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA
BANCA EXAMINADORA
3
DEDICATÓRIA
A minha família, pelo incentivo durante toda essa jornada e constante motivação para transpor obstáculos na minha vida pessoal e profissional, e por tudo o que significa para mim.
4
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, quero agradecer a DEUS, por ter me dado forças e coragem
nessa jornada da minha vida.
Aos meus pais Carlinhos e Neuma, por todos os momentos que passamos
juntos. Vocês são pessoas que admiro amo e respeito, pelo ontem, por hoje, pelo
amanhã e para sempre. Obrigada por tudo. Se hoje sou quem sou é graças a esses
pais maravilhosos que tenho, sou grata a Deus por vocês existirem na minha vida.
AMO VOCÊS.
Agradeço aos meus irmãos Carla Lidiane e Kaká, por serem esses irmãos tão
amados e se nunca lhes disse, então que esse seja o momento. AMO VOCÊS.
Ao meu marido Davi Marcos, pela dedicação, incentivo e carinho que sempre
me proporcionou e até mesmo pelos momentos de stress. Obrigada por estar
sempre ao meu lado. TE AMO!
Ao meu filho Davizinho que amo tanto. Minha vida hoje não seria a mesma se
você não existisse. MAMÃE TE AMA MUITO.
Ao meu orientador Manoel e a minha companheira de pós graduação Clíscia,
por ter me acompanhado nessa viagem a Maceió e ajudado a tirar dúvidas e
melhorado sempre meu conhecimento.
E às muitas pessoas que passaram por mim e que ficarão para sempre em
minha memória.
6
RESUMO
Desde há muito se tenta implantar a educação para o trânsito no país, onde se tornou praticamente insuportável a atual situação do trânsito, pois aparece como causa primeira dos infortúnios a culpa dos próprios motoristas e outros envolvidos. Dessa forma, a presente pesquisa tem como objetivo geral analisar o que pensam os alunos da 8ª série de duas escolas particulares da cidade de Lagarto Sergipe a respeitos da introdução de uma disciplina exclusiva de educação no trânsito. Já os objetivos específicos buscam demonstrar a necessidade de uma educação para o trânsito já no ensino fundamental de forma mais profissional e compromissada; verificar o nível de conhecimento dos alunos com relação à educação no trânsito; demonstrar os direitos e deveres dos cidadãos no trânsito. Para isso, foi realizada uma pesquisa com 80 alunos do ensino fundamental de duas escolas particulares da cidade de Lagarto Sergipe, onde todos responderam questionários que auxiliaram na conclusão da pesquisa.
Palavras chave: Comportamento. Educação. Trânsito. Responsabilidade. Sociedade.
7
ABSTRACT
Long trying to deploy a traffic education in the country, where it became almost unbearable the current traffic situation, as it appears first cause of the misfortunes of the blame themselves and other drivers involved. Thus, this research aims at exploring the students who think 8th graders from two private schools in the city of Lagarto Sergipe respects to the introduction of a unique discipline of traffic education. Have specific goals seek to demonstrate the need for a traffic education already in elementary school more professional and committed, check the level of knowledge of students regarding traffic education; demonstrate the rights and duties of citizens in transit. For this, a survey was conducted with 80 elementary students from two private schools in the town of Lagarto Sergipe, where all answered questionnaires that helped in the research. Keywords: Behavior. Education. Transit. Responsibility. Society.
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
GRÁFICO 01: Sexo dos Alunos Pesquisados ........................................................... 35
GRÁFICO 02: Idade dos Pesquisados ...................................................................... 36
GRÁFICO 03: Idade que Pensa tirar a Habilitação ................................................... 37
GRÁFICO 04: A Família possui Veiculo .................................................................... 37
GRÁFICO 05: Introdução de uma Disciplina de Educação no Trânsito na Escola .... 38
GRÁFICO 06: Maiores Causas de Acidentes no Trânsito ......................................... 39
GRÁFICO 07: Conhecimentos sobre Educação e Comportamento no Trânsito ....... 40
GRÁFICO 08: Ajuda de uma Disciplina de Educação no Trânsito na Escola ........... 41
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 13
2.1 Sistema Educacional Brasileiro ................................................................... 13
2.2 Trânsito ....................................................................................................... 17
2.3 Comportamento e Trânsito ......................................................................... 19
2.4 Educação no Trânsito ................................................................................. 21
2.5 A Importância da Educação do Trânsito na Escola para a Sociedade ....... 29
3 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 32
3.1 Tipo de Pesquisa ........................................... Erro! Indicador não definido.
3.2 Universo e Amostra .................................................................................... 32
3.3 Instrumentos da Pesquisa ........................................................................... 33
3.4 Procedimentos para Coleta de Dados ........................................................ 34
3.5 Procedimentos para Análise dos Dados .................................................... 34
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 35
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 42
REFERÊNCIAS ........................................................................................................44 APÊNDICE.................................................................................................................46
ANEXO.......................................................................................................................48
10
1 INTRODUÇÃO
A psicologia como campo de conhecimento e como profissão tem contribuído
para que o direito à educação para todos os brasileiros seja conquistado. Dentre as
suas ações, destaca-se a valorização dos trabalhos dos psicólogos que atuam com
esse compromisso social. No entanto, existem outros espaços de educação social
que a psicologia tem se inserido, como no caso da educação no trânsito dentro das
escolas. A educação para o trânsito, no Brasil, atualmente é uma realidade a ser
considerada, sendo importante a adoção desde o ensino fundamental até o
momento que o indivíduo candidata-se à habilitação inscrevendo-se no processo
necessário à sua obtenção. Porém, o que se observa é que os conceitos e
conhecimentos relativos ao trânsito são priorizados apenas no momento que o
indivíduo necessita da Carteira Nacional de Habilitação, momento no qual se
inscreve em um Centro de Formação de Condutores que irá lhe proporcionar
conhecimentos acerca do Código de Trânsito Brasileiro e legislações relacionadas,
sendo este tempo insuficiente para que possa adquirir noções que se encontram
agregadas às exigências do trânsito, no caso, o respeito a vida, noções de
cidadania, primeiros socorros, dentre várias outras (BOTELHO, 2009).
Desde há muito se tenta implantar a educação para o trânsito no país, onde
se tornou praticamente insuportável a atual situação, pois aparece como causa
primeira dos infortúnios a culpa dos próprios motoristas e outros envolvidos. A
educação do povo está em um nível deficiente, com uma alarmante falta de respeito
aos direitos do próximo.
Hoje, é possível analisar que a situação do trânsito é um problema de
educação dos condutores de veículos e dos pedestres. As regras de trânsito devem
ser disseminadas e aprendidas nas escolas, já que, mais cedo ou mais tarde, os
alunos, em sua maioria, irão conduzir automóveis. É na infância e na adolescência
que se verifica a maior aceitação de ensinamentos e de condutas.
A estatística de uma vítima fatal a cada 30 segundos no trânsito em todo o
mundo e o conhecimento de, no Brasil, termos ultrapassado a triste marca de um
11
milhão de vidas perdidas em acidentes de tráfego, dirigiu a atenção para o atual
código de trânsito Brasileiro, pois o Brasil é ao que parece o campeão mundial de
acidentes de tráfego.
O capítulo VI da Lei Nº. 9.503, de 23 de setembro de 1997, que instituiu o
Código de Trânsito Brasileiro, refere à Educação para o Trânsito. E onde neste
trabalho será visto a importância deste ensinamento desde a escola para que na
vida adulta eles contribuam cada vez mais e assim, evitem também esse grande
número de acidentes que vem acontecendo. (BRASIL, 2004).
De modo geral, mostra-se que em uma pequena quantidade de escolas
investiram para que a inserção dos psicólogos na educação ocorresse pela via da
interdisciplinaridade e da construção de uma práxis comprometida com o sucesso
escolar.
Para isso, os autores estão sendo unânime em afirmar sobre a necessidade
de superação de ações decorrentes de concepções patologizantes dos insucessos
escolares e se esforçaram em transformar os problemas em desafios a ser
enfrentados, principalmente na área do trânsito. Assim sendo, o problema que
conduz essa pesquisa burca verificar: o que pensam os alunos de duas turmas da 8ª
serie de dois colégios particulares do município de Lagarto-SE a respeito da
introdução da educação no trânsito como disciplina do ensino fundamental?
Dessa forma, a presente pesquisa tem como objetivo geral analisar o que
pensam os alunos da 8ª série de duas escolas particulares da cidade de Lagarto-SE
a respeitos da introdução de uma disciplina exclusiva de educação no trânsito.
Já os objetivos específicos buscam demonstrar a necessidade de uma
educação para o trânsito já no ensino fundamental de forma mais profissional e
compromissada; verificar o nível de conhecimento dos alunos com relação à
educação no trânsito; demonstrar os direitos e deveres dos cidadãos no trânsito.
Portanto, um motivo que pode justificar a escolha desse tema é o fato de que
a psicologia tem se preocupado cada vez mais na busca da descoberta por métodos
que promovam melhorias para as pessoas. Sendo assim, essa pesquisa é de suma
importância para todas as pessoas que buscam melhorar a aprendizagem dos
12
alunos nas escolas com aulas de trânsito, além de servir para pessoas que desejem
aprender as regras e melhorar seu comportamento no trânsito.
Dessa forma, o que pode justificar a escolha do tema é a verificação de que a
implantação da educação no trânsito na escolha do tema pode diminuir
consideravelmente o número de acidente no trânsito brasileiro.
13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Sistema Educacional Brasileiro
Considerando a educação como direito de todos, evidenciado pela
Constituição Federal, esse campo trabalha em uma linha de políticas públicas
específicas, focalizadas, e ao mesmo tempo insere-se no contexto das políticas de
universalização dos direitos à educação.
De acordo com Cury (2005), na Declaração Universal dos Direitos do Homem,
consta entre os direitos inalienáveis de todos, que todo indivíduo tem direito à
instrução esta será orientada para garantir o pleno desenvolvimento da
personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e
pelas liberdades fundamentais. Políticas inclusivas devem articular-se com políticas
duradouras considerando a democratização dos bens sociais, dentre esses, a
educação escolar.
Segundo Romanelli (2007), as ações de educação são registradas no Brasil
desde a época em que o país se encontrava na condição de colônia, onde o direito a
educação cabia apenas aos filhos de donos de terras e senhores de engenhos, que
formavam a minoria, ainda eram excluídos dessa parte as mulheres e filhos de
primogênitos. Dessa forma, o autor afirma que “era, portanto, a um limitado grupo
de pessoas pertencentes à classe dominante que estava destinada a educação
escolarizada”. E, somente a partir do ano de 1920 é que o sistema integrado na
formação de um complexo sócio-econômico-politico-cultural fez com que a educação
ofertada à população brasileira correspondesse às necessidades que a sociedade
apresentava há muito tempo. No entanto, apesar de crescerem a procura pela
escola e as oportunidades educacionais, as estruturas educacionais da época não
estavam prontas para oferecer oportunidades quantitativas, e muito menos
qualitativas, isso se falando do ensino para sociedade que mais carecia.
A partir desse período o sistema educacional brasileiro passou por diversas
mudanças. Assim sendo, os anos que compreenderam o pós 64 foram marcados
14
por dois momentos nitidamente definidos em sua evolução, como nos mostra
Romanelli (2007, p. 196):
O primeiro corresponde aquele que se implantou o regime e de traçou a política da recuperação econômica. Ao lado da contenção e da repressão, que bem caracterizaram essa fase, contatou-se uma aceleração do ritmo do crescimento da demanda social de educação, o que provocou consequentemente, um agravamento da crise do sistema educacional. [...] O segundo momento começou com as medidas práticas, em curto prazo, tomadas pelo governo, para enfrentar a crise, momento que se substanciou, depois no delineamento de uma política de educação que já não via apenas na urgência de se resolverem problemas imediatos, ditados pela crise, o motivo único para reformar o sistema educacional.
No final da difusão desse contexto, a política nacional educacional ganhou
uma contínua efetivação de crescimento e em 1971, foi proposto um novo modelo
do ensino de 1º e 2º graus, hoje conhecidos como ensino fundamental e ensino
médio, respectivamente, como mostra a lei 5.92, de 11 de agosto de 1971, que fixa
os objetivos da seguinte forma: Art. 1º - O ensino de 1º e 2º graus tem por objetivo
geral proporcionar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento de suas
potencialidades como elemento de auto realização, qualificação para o trabalho e
preparo para o exercício consciente da cidadania.
Já a Secretaria de Educação Fundamental (SEF, 2001) mostra que a defesa
desse direito é hoje um consenso na comunidade educacional e uma prescrição
legal: A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional oferece uma série de
aberturas para que os sistemas de ensino adotem as medidas que considerem mais
adequadas para assegurá-lo, como mostra o:
Art.32. O Ensino Fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante:
I. O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II. A compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
III. O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores.
15
Parágrafo 1º. É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o Ensino Fundamental em ciclos.
Parágrafo 2º. Os estabelecimentos que utilizam progressão regular por série podem adotar no Ensino Fundamental o regime de progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo sistema de ensino. (SEF, 2001, p. 10-11).
Por fim, Romanelli (2007, p. 246) mostra alguns aspectos importantes que
merecem destaque na organização do ensino médio, que são os seguintes:
A oferta das habilitações, segundo a lei, deve obedecer às necessidades do mercado de trabalho. Nesse sentido exige a lei, deve obedecer às necessidades periodicamente renovadas.
A subdivisão em curso de dois níveis e duração poderia ocasionar procura maciça de curso mais curtos, já que ambos são direito de acesso ao ensino superior. A fim de evitar que tal venha a acontecer, a legislação prevê que os cursos mais longos terão seus estudos finalmente aproveitados em nível superior.
Finalmente, reza o art. 6º da Lei 5.692 que as habilitações profissionais sejam feitas em regime de cooperação com as empresas, sem que isso, no entanto, acarrete vínculo empregatício, mesmo que o estagiário previsto para o aluno seja remunerado. (ROMANELLI, 2007, p. 246).
O fim desse período deu origem às políticas educacionais como conhecemos
hoje. Assim, atualmente, não só o Brasil, mas todo o resto do mundo encontra-se
em um processo de transformação e globalização, dessa forma pode-se enxergar
que neste século um novo paradigma econômico como a globalização da sociedade,
avanços tecnológicos sem precedentes, novas tecnologias da comunicação, vem
evidenciando o extremo potencial dos seres humanos em criar e produzir.
Então, é neste contexto onde as mudanças acontecem numa velocidade que
nos deixa perplexos, que não se pode ignorar que os seres humanos são movidos
pela ciência e pela educação, destacando aqui a escola, como uma organização que
possui como função primordial a aprendizagem efetiva e significativa do aluno, este
que faz parte desta sociedade atual e que também irá lutar pela sua mudança no
futuro.
16
De acordo com Libâneo (2004, p.51) a escola necessária para os dias atuais
pode ser assim definida:
A escola necessária para os dias atuais é a que provê formação cultural e científica, que possibilita o contato dos alunos com a cultura provida pela ciência, pela técnica, pela linguagem, pela estética, pela ética. Especialmente, uma escola de qualidade é aquela que inclui uma escola contra a exclusão econômica, política, cultural, pedagógica.
Relacionado ao tem o SEF (2001, p. 19) mostra que isso significa que as
políticas públicas para a educação só terão eficácia real se tiverem como meta
melhorias relacionadas ao mesmo tempo:
Ao desenvolvimento profissional e às condições institucionais necessárias para um trabalho educativo sério – consolidação de projetos educativos nas escolas, formas ágeis e flexíveis de organização e funcionamento da rede, quadro estável de pessoal e formação adequada dos professores e técnicos;
À infra estrutura material – adequação do espaço físico e das instalações, qualidade dos recursos didáticos disponíveis, existência de biblioteca e de acervo de materiais diversificados de leitura e pesquisa, tempo adequado de permanência dos alunos na escola e proporção apropriada na relação alunos-professor;
À carreira – valorização profissional real, salário justo e tempo previsto na jornada de trabalho para o desenvolvimento profissional permanente, o planejamento, o estudo e a produção coletiva. (SEF, 2001, p. 19).
Portanto, Demo (2002, p. 79) mostra que um dos principais problemas das
políticas educacionais brasileira na atualidade está no dever constitucional de
universalizar o ensino fundamental. Ele afirma que “de certo modo, podemos afirmar
que aí encontra-se o atraso mais comprometedor do país, refletindo a face mais
obscura de uma sociedade e de uma economia perversas e arcaicas.”
Demo (2002, p. 79) ainda mostra que a atual política educacional brasileira
visa alcançar o nível educacional dos países mais avançados, buscando a:
Universalização resolvida do ensino fundamental com qualidade;
17
Tendência ao atendimento pré-escolar de zero a seis anos de idade, universalizante, no sentido de incorporar, sobretudo as crianças mais pobres;
Tendência de oferecer um ensino médio para quase toda a população egressa no ensino fundamental, porque formação secundária está incorporada ao conceito de formação básica geral;
Superação do analfabetismo via universalização do ensino fundamental, estacando a fonte principal em termos estruturais. (DEMO, 2002, p. 79).
Assim, percebe-se que a educação é fundamental na vida social da
humanidade. Dessa forma, a introdução da aprendizagem na escola é muito
importante, pois esse fator pode contribuir significativamente para amenizar o
número de acidentes no trânsito brasileiro.
2.2 O Trânsito
De acordo com a Lei Nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, em seu artigo
primeiro, o trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território nacional,
abertas à circulação, rege-se por este Código de Trânsito Brasileiro. Sendo
considerada como trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais,
isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada,
estacionamento e operação de carga ou descarga. (BRASIL, 2004). Portanto, o
trânsito é uma temática emergente e urgente na sociedade mundial, demandando
esforços individuais e coletivos que exigem reflexão, educação e mudança de
comportamento. Todos vivem num contexto que estimula o individualismo e a
competição. A todo instante e de todos os lados, existem mensagens e até mesmo
pressões para cada qual se preocupar com seus interesses e para considerar os
outros como adversários. O indivíduo continuamente competitivo acaba se tornando
individualista. Com isto, manter um comportamento ético e solidário, muitas vezes,
torna-se difícil. O respeito às diferenças e aos direitos individuais não têm espaço e
a vida torna-se uma aventura perigosa. (SILVA et al, 2012, p. 05).
18
Atualmente, o sistema de trânsito brasileiro possui “uma disputa pelo espaço
físico, que reflete uma disputa pelo tempo e pelo acesso aos equipamentos urbanos,
é uma negociação permanente do espaço, coletiva e conflituosa”. Isso provoca
desgastes aos condutores, que por sua vez, provocam acidentes. (VASCONCELOS,
1998, p. 19).
Já com relação aos ao pedestre, lhes é assegurada a utilização dos passeios
ou passagens apropriadas das vias urbanas e dos acostamentos das vias rurais
para circulação, podendo a autoridade competente permitir a utilização de parte da
calçada para outros fins, desde que não seja prejudicial ao fluxo de pedestres.
(BRASIL, 2004).
Assim, segundo o Código de Trânsito Brasileiro, o trânsito, em condições
seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do
Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas
competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito. (BRASIL,
2004).
Contudo, apesar de contar com um código de trânsito legalmente sancionado,
os dados de pesquisas referentes a acidente, mostram resultados desagradáveis e
índices muitos elevados de acidentes. Sendo que entre 2002 e 2010, a quantidade
de óbitos ocasionados por acidentes com motos quase triplicou no País, saltando de
3.744 para 10.143 mortes. “Os números revelam que o País vive uma verdadeira
epidemia de lesões e mortes no trânsito”, alerta o ministro da Saúde, Alexandre
Padilha. Ele observa que a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que o
Brasil ocupa o quinto lugar em ocorrências como essas. Estamos atrás apenas da
Índia, China, EUA e Rússia. Entre 2002 e 2010, o número total de óbitos por
acidentes com transporte terrestre cresceu 24%: passou de 32.753 para 40.610
mortes. Entre as regiões, o maior percentual de aumento na quantidade de óbitos
(entre 2002 e 2010) foi registrado no Norte (53%), seguido do Nordeste (48%),
Centro-Oeste (22%), Sul (17%) e Sudeste (10%). (SILVA et al, 2012, p. 12).
19
Assim, vejamos a seguir a tabela que mostra a evolução no número de
acidentes por região entre os anos de 2002 a 2010:
Tabela 01: evolução dos acidentes de trânsito por regiões do país desde 2002
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 BRASIL 32.753 33.139 35.105 35.994 36.367 37.407 38.273 37.594 40.610 NORTE 2.184 2.180 2.274 2.376 2.533 2.572 2.718 2.730 3.340 NORDESTE 7.611 7.325 7.830 8.517 8.632 9.136 9.282 9.612 11.233 SUDESTE 12.990 13.671 14.179 14.433 14.849 15.004 15.189 14.177 14.214 SUL 6.455 6.591 7.138 7.025 6.938 7.089 7.157 7.045 7.548 CENTRO-OESTE 3.513 3.372 3.684 3.643 3.415 3.606 3.927 4.030 4.275
Fonte: SILVA et al (2012, p. 12).
A partir de dados tão alarmante o Brasil fez um pacto com a Organização das
Nações Unidas para reduzir em 50% o número de mortes no trânsito até 2020.
(SILVA, 2012).
Observa-se que é uma tarefa muito difícil, mas não impossível. Estudos
mostram que o mau comportamento, o uso indevido de álcool e a falta de educação
no trânsito são os grandes causadores de acidentes. Dessa forma, veremos a seguir
alguns temas referentes a esses causadores de acidentes.
2.3 Comportamento e Trânsito
Atualmente, pode-se afirmar que o comportamento e o trânsito andam juntos,
pois a eficiência de um, depende do outro, e vice versa. O mau comportamento pode
trazer resultados muito ruins para o trânsito, quando os motoristas são os grandes
responsáveis.
Nosso comportamento no trânsito é regido por um conjunto de leis que preveem comportamentos e ações corretas, bem como infrações, multas penalidades e a responsabilização civil e criminal por nossos atos no trânsito, principalmente quando colocamos em risco a segurança e a vida nossa e das demais pessoas. (ECCO; BANASZESKI, 2009, p. 239).
Então, o bom comportamento no trânsito tem inicio pela educação e pelos
bons hábitos desenvolvidos pelos cidadãos, que buscam transformar esses
20
conhecimentos adquiridos em ações que tragam consigo os resultados esperados
pela sociedade. (SILVA et al, 2012, p. 05).
A falta de um comportamento adequado pode trazer graves problemas
gerando uma situação de caos, de tragédias, de calamidades, onde a maioria das
pessoas que fazem parte desse quadro não tem consciência de sua seriedade e
gravidade. “Os números já não sensibilizam. As pessoas correm o risco de se
acostumarem com eles, de banalizarem a dor, a desgraça e a tragédia que é perder
uma vida só, que seja, por um problema que poderia ser completamente evitável”.
(MACHADO, 1996, p. 01).
O que geralmente leva o indivíduo a um comportamento inadequado é a
busca por encurtar distâncias, negligenciado os limites impostos pelos padrões
estabelecidos pela legislação de trânsito, mostrando sua falta de educação e de
controle, desrespeitando, demonstrando superioridade, agressividade e violência. De
certa forma isso pode ocorrer devido a “particularidade de o se humano possuir
vários tipos de comportamento, ou seja, maneira de agir adquirida na vida social,
que o distingue das outras espécies animais. (ECCO; BANASZESKI, 2009, p. 240)
Além do mau comportamento existem vários outros fatores que levam o
indivíduo a demonstra sua falta de educação no trânsito, nesse caso é possível
observar isso, através da criação de um conjunto de crenças estruturado pelos
motoristas, entre elas:
1. Há uma crença de que todas as pessoas têm habilidades e condições para dirigir, e que tal ato é simples, até mesmo banal, sem levar-se em consideração as diferenças individuais, os obstáculos de ordem cognitiva, afetiva, social e funcional que impedem algumas pessoas de executarem bem esta tarefa. Há a ideia de que se pode dirigir cansado, tomando remédios, alcoolizado, etc.
2. A crença de que a Carteira Nacional de Habilitação é apenas um documento e, assim, direito de quem a busca. Tal crença faz com que as pessoas não compreendam porque tantos testes e avaliações, comparando a CNH com a Carteira de Identidade, onde eles não existem. Assim, não há o entendimento de que as avaliações objetivam checar as condições e o conhecimento daqueles que pretendem vir a ser motoristas, e aqueles que demonstrarem serem portadores de condições ótimas, serão habilitados.
3. A crença na incompetência e na corrupção das instituições que administram o trânsito, não havendo reconhecimento por parte da população da seriedade e legalidade de seus problemas e exigências, sendo que há o entendimento de que as avaliações são meras formalidades e se prestam somente à arrecadação de fundos para o Estado.
21
4. A crença na invulnerabilidade: o acidente só acontece com o outro, isto é, as pessoas tendem a negar a possibilidade de que coisas negativas aconteçam com elas próprias e com os seus. Esse é um fator muito importante para não usar cinto de segurança.
5. A crença da impunidade, já os delitos de trânsito são considerados crimes culposos e, quando impostas penas, as mesmas são brandas e sujeitas a diversos atenuantes. (MACHADO, 1996, p.05).
Dessa forma, a tarefa fundamental para um bom comportamento no trânsito,
portanto, é educar para um trânsito mais civilizado e mais seguro. Como ressalta
Martins (2007, p.106) que para tornar o trânsito mais humano requer motivação na
perspectiva educativa que refletirá na motivação da escola, da família e de todo o
espaço do trânsito, estendendo a interdisciplinaridade a muito além da alfabetização
e do Ensino Fundamental e Médio, ou seja, na dimensão do ser humano de forma
totalitária, atingindo-o no que ele tem de mais importante: cidadania, ética e respeito,
que são elementos organizadores de uma instituição social.
Portanto, para que se possa educar adequadamente é necessário que esse
tipo de educação tenha inicio na infância doa indivíduos, pois somente dessa forma,
é possível termos adultos educados, críticos, participativos e cientes de seus direitos
e deveres no espaço público. “É levar em conta os conhecimentos prévios que a
criança já tem, e acrescentar conceitos como cidadania, segurança e ética no seu
cotidiano”. (SILVA et al, 2012, p. 05).
Assim, a mudança de comportamento tem inicio com a educação na base,
mostrando aos cidadãos a importância de questões como respeito,
responsabilidades, cultura, valores, padrões culturais e conscientização.
2.4 Educação no Trânsito
De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o
Brasil é o quarto país onde mais acontecem acidentes de trânsito no mundo e
desperdiça com isso, aproximados 10 bilhões de reais por ano, valor que poderia ser
revertido em verba, para projetos de prevenção dentro das instituições de ensino, já
22
que, segundo o Ministério da Saúde a principal causa de morte de crianças e
adolescentes de 1 a 14 anos relaciona-se a acidentes de trânsito. (RIZZARDO,
2002).
O Código de Trânsito Brasileiro prevê no Art. 76 a prática da educação no
trânsito no ensino infantil, fundamental, médio e superior, com a ajuda dos órgãos de
trânsito municipais, estaduais e federal, que devem formar núcleos pedagógicos
para incentivar projetos nas escolas, porém as Leis de Diretrizes e Bases (LDB) não
inclui o estudo do trânsito em sua base nacional comum. Mesmo com a
determinação para que o Ministério da Educação adote o assunto no currículo
interdisciplinar, na prática, não funciona. Algumas escolas de grande porte, ainda
não possuem um plano de ensino voltado à matéria (BRASIL, 2004).
Através de livros de apoio e muita pesquisa, os professores da escola aplicam
a educação no trânsito durante um mês em conjunto com outros conteúdos
propostos a ao final levam os alunos a aula prática na Escola de Trânsito do estado.
A maior dificuldade que as escolas encontram hoje para aproximar-se do tema é o
tempo. A correria do dia a dia afasta os professores desses assuntos. (BRANDÃO,
1993).
Para o Código Nacional de Trânsito (2004), o Denatran alerta que tem
produzido material abundante para sanar as dificuldades dos professores como os
cadernos educativos, as série de programas televisivos Trânsito Consciente e a
série de livros infantis ‘Viva o Trânsito’. Além disso, existem outros materiais
disponíveis no mercado que facilitam a “vida” do professor.
Fundado em julho de 1975, o Programa Prática Educativa de Trânsito, do
Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), atende estudantes da
4ª série de escolas municipais, estaduais e particulares, com o intuito de educar para
o trânsito através de vivencias do cotidiano (CÓDIGO NACIONAL DE TRÂNSITO
2004).
Foi na década de 20 que surgiram as primeiras disciplinas visando à inserção
da educação para o trânsito no sistema educacional. Isso se deu nos Estados
Unidos, e o principal objetivo era a conscientização dos indivíduos no sentido de
práticas mais seguras ao dirigir assim como a transmissão de noções e conceitos
23
sobre a estrutura básica da legislação relativa ao trânsito. (BRUNS apud BOTELHO,
2009, p.13).
Aulas teóricas e simulações de prática compoẽm o cronograma do curso, que
depois de concluído gera diploma e carteira de pedestre para as crianças. Já
participaram do curso mais de 1.500.000 alunos, que tem acesso ao projeto através
de um cadastro efetuado pela escola no começo de cada não letivo. (Op Cit).
Para Brandão (1993), educar para o Trânsito possibilita intervir nessa
situação, procurando desenvolver ações geradoras de melhor qualidade de vida e
mais segurança, com atitudes cooperativas no trânsito. Um ambiente educacional
deve propiciar a confrontação de pontos de vista divergentes, de concepções
diferentes a respeito de uma mesma situação ou tarefa.
A educação no trânsito é um tema transversal, que atinge o currículo escolar
em várias disciplinas. Perde-se a eficiência na transmissão de conhecimentos sobre
o trânsito quando apenas as regras são discutidas e não se parte para um debate
mais amplo sobre a cidadania e a ética que precisam ser o eixo da educação no
trânsito. Educação para o trânsito é compartilhamento de espaço e não divisão.
(SILVA et al, 2012, p. 05).
É possível produzir conflitos sócio cognitivos, mobilizando e forçando
reestruturações intelectuais e, com isso, o progresso intelectual e emocional, pois a
confrontação de idéias não significa uma competição, mas a exposição de pontos de
vista divergentes. Quando o ambiente educacional é do tipo cooperativo, o nível de
rendimento e a produtividade dos alunos são melhores, os alunos trabalham em
grupo, são levados a refletir sobre o pensamento dos outros, respeitando-se,
ajudando-se e trocando informações. É muito difícil educar crianças numa sociedade
competitiva. (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2010).
A educação, portanto, deve criar condições para que o aluno construa seu
conhecimento, crie, questione e exerça suas potencialidades e sua competência
natural para a convivência colaborativa, levando em conta cultura, sentimentos e
valores. A palavra educar se origina do latim “educare”, que significa instruir,
transmitir conhecimentos, aculturar. (BRANDÃO, 1993).
24
Segundo Silva et al (2012), educar para o trânsito é, antes de qualquer coisa,
a transformação de posturas adquiridas ao longo dos anos, mas para isso é preciso
entender o trânsito por completo. A situação atual do trânsito é um problema de
educação, tanto do motorista quanto do pedestre. É necessário disseminar as regras
de trânsito nas escolas, uma vez que os alunos todos são pedestres e em sua
maioria, irão conduzir automóveis no futuro. Na infância, torna-se mais fácil a
aceitação de ensinamentos e condutas.
A interdisciplinaridade pode ser compreendida como a prática pedagógica
utilizada para articular os conhecimentos buscando uma integração mais consistente
do ser humano. Dessa forma, priorizar um currículo capaz de incluir a educação
para o trânsito é de fundamental importância para se repensarem os problemas
ocasionados pelo sistema viário do nosso país, no sentido de formar cidadãos mais
preparados com relação ao trânsito.
Interdisciplinaridade é definida por Brandão (1993) como sendo, um ato de
troca, de reciprocidade entre as disciplinas ou ciências ou de áreas do
conhecimento. Pode-se considerar um tanto subjetivo tal conceituação, a partir do
momento em que não são definidas as medidas ou proporções em que ocorrem tais
trocas.
É necessário disseminar as regras de trânsito nas escolas, uma vez que os
alunos todos são pedestres e em sua maioria, irão conduzir automóveis no futuro.
Na infância, torna-se mais fácil a aceitação de ensinamentos e condutas. (ADURA,
2002).
Dessa forma, a “educação das crianças para o trânsito envolve também sua
consciência dos deveres e direitos do pedestre, com bons exemplos dos pais, o
futuro, terá um trânsito melhor com bons motoristas e ótimos pedestres”. (SILVA et
al, 2012, p. 05).
De acordo com o Art. 74, do CTB: A educação para o trânsito é direito de
todos e constitui dever prioritário para os componentes do Sistema Nacional de
Trânsito. (RIZZARDO, 2002).
25
Assim, direcionando o foco da responsabilidade para motoristas e pedestres,
a imprensa nas suas múltiplas formas assim como o próprio Estado, acabam por
eximir este das suas obrigações como mantenedor principal da segurança pública e
do bem estar social. Com isso, apresentavam-se propostas meramente paliativas,
como a massificação de conteúdos veiculados pelos meios de comunicação em
massa, que priorizavam informações relativas às alterações ocorridas na legislação,
sinalização, fluxos de veículos, etc., informações estas que eram transmitidas em
forma de panfletos distribuídos nas campanhas. (RODRIGUES, 2007).
A educação tem por finalidade o aprofundamento e a tomada de consciência
da realidade, fazendo questionar a “naturalidade” dos fatos sociais, entre eles o
trânsito, e fazendo perceber que a realidade não é imutável. (BOZZA, 2012).
Segundo Hoffmann (apud SILVA et al, 2012) não se trata somente de
oferecer conteúdos de instrução, receitas ou recomendações práticas (números de
acidentes, mortos e feridos, normas de circulação), mas de criar e exercitar com os
alunos, certos hábitos e atitudes que favoreçam a convivência correta e aceitação
das normas sociais. Portanto, o objetivo fundamental da Educação para o Trânsito
na educação formal deverá ser a formação da criança ou do adolescente para ser
cidadão responsável pela própria sobrevivência, respeitar aos demais e as normas
sociais em diversos papéis de pedestre, condutor e passageiro.
A educação para o trânsito deve, portanto, promover o desenvolvimento do
aluno de forma sistemática, fornecendo-lhe conteúdos desde a pré-escola até o
ensino superior, por meio de discussões, campanhas e, principalmente,
sensibilização para os temas fundamentais do transito como uma atividade humana,
a exercer sua cidadania, consciente de seus direitos, deveres e responsabilidades
(BOZZA, 2012).
O mesmo autor ainda ressalta que o ato humano de educar existe, tanto no
trabalho pedagógico quanto no ato político, por outro tipo de sociedade, para outro
tipo de mundo e para outro tipo de conduta com relação ao trânsito.
É evidente que a complexidade dos problemas decorrentes da violência do
trânsito brasileiro não se resume apenas à edição de leis, porém deve fazer parte de
uma estrutura maior que priorize a educação para o trânsito, um processo de
26
socialização e de civilização da sociedade. Não podem ser concentrados esforços
somente em um sistema repressivo e sancionatório, mas na conscientização e
formação dos indivíduos que compõem o trânsito. (Op Cit).
Desse modo, a melhor metodologia para se combater os níveis de violência
no trânsito, além de contemplar os dispositivos legais instituídos, é adotar
subsidiariamente a educação para o trânsito no ensino fundamental, ensejando um
processo precoce de conscientização dos alunos, para a composição de um trânsito
mais humanizado (ARAUJO, 1977).
De acordo com Bozza (2012), uma metodologia que leve em conta o público
alvo, sua faixa etária, nível de instrução, necessidades, desejos, perfil sócio-
econômico, etc., é fundamental. É quase como uma condição para que seja possível
educar para o trânsito. O mesmo pode-se dizer quanto aos materiais didáticos.
Ferramentas adequadas, inteligentes, amigáveis e atraentes podem ser a garantia
de que tanto os aplicadores, professores e instrutores, quanto os alunos vão aceitar,
se encantar e desejar aprender sobre o assunto.
Nesses tempos de maior controle de gastos na esfera pública, de maior
exposição dos administradores, os resultados concretos comprovados
proporcionados por uma Educação de Trânsito bem feita rende excelentes
dividendos sociais e políticos. No Brasil, onde há muito que fazer nesta área, é
provável que os resultados iniciais sejam muito visíveis. Ao contrário, em países
como a Suécia e o Japão, melhorar os índices seria muito difícil (Op Cit).
A educação para o trânsito está crescendo em importância em todos os
países em desenvolvimento. Aqui, estamos notando um grande interesse até por
instituições não diretamente ligadas ao trânsito, talvez porque as outras medidas
perderam um pouco do fôlego, por não terem dado todo o resultado esperado
(ADURA, 2002).
Para Martins (2007), é preciso humanizar a realidade do trânsito, corrigindo
os erros com campanhas educativas bem conduzidas e direcionadas pelos diversos
meios de comunicação, valendo-se de estratégias diversificadas. Mas, o que se
percebe é que as iniciativas na área de educação para o trânsito ainda são
27
limitadas, pontuais. As campanhas vinculadas à área são veiculadas timidamente,
com pouco impacto atingindo uma pequena parcela da população.
Um eixo possível para tratar deste tema tão complexo, seria o trabalho a partir
do que a mídia produz e apresenta, buscando relacioná-lo com a realidade
cotidiana. A mídia, através de suas produções, diz muito a respeito de nós, do nosso
tempo. As produções publicitárias, em forma de campanhas, muitas vezes entram
em choque com as regras básicas da segurança e da cidadania no trânsito. Por isso
a importância de trabalharmos com estes produtos, desconstruí-los, analisá-los. Eis
uma possibilidade de refletirmos sobre a forte cultura automobilística na qual
estamos inseridos, e que destaca o automóvel como bem indispensável, não apenas
para satisfazer muitas de nossas necessidades e inseguranças, mas também para
identificar os bem-sucedidos, e todos aqueles que buscam sê-lo. (Op Cit).
A educação para o trânsito apresenta poucos resultados se for realizada
somente durante a Semana Nacional de Trânsito ou ainda em decorrência de algum
acidente nas proximidades da escola. Discutir, analisar o transitar é algo complexo,
que precisa ser ampliado para além do aspecto técnico e legal. O trânsito é um tema
rico, com inúmeras possibilidades a serem exploradas, e pode contribuir para uma
melhor compreensão do nosso cotidiano, nossos hábitos e atitudes, assim como
estimular discussões de ordem sócio-política (CONSELHO FEDERAL DE
PSICOLOGIA, 2010).
Ao trazer para seu interior um assunto com enorme relevância social, a escola
não apenas estreitará seu vínculo com a comunidade, como também abrirá espaço
para a qualificação da vida. Além disso, falar sobre o modo como nos locomovemos
pode estimular o debate a respeito da convivência social, das condutas sociais
frente às diferenças, das formas de inclusão/exclusão construídas diariamente,
enfim, pode tornar o ambiente escolar cada vez mais aberto ao trabalho com
temáticas que mobilizem a sociedade (ADURA, 2002).
As ações educativas de trânsito nas escolas, promovidas pelos órgãos
gestores de trânsito, devem ter a parceria das secretarias de educação (municipal
ou estadual, conforme o âmbito de sua circunscrição). Esta parceria é fundamental
para troca de idéias e de experiências. Além disso, uma ação aprovada pela
28
secretaria de educação tem sempre melhor aceitação por parte dos educadores
(DEWEY, 1978).
A educação de trânsito não deve se restringir só em nível escolar, mas sim
envolver os demais elementos que estão em constante interação no sistema de
trânsito. Até hoje nenhum trabalho sistemático foi feito no sentido de adequar a
atitude do pedestre e do motorista à realidade de trânsito (Op Cit).
Desde que o problema de trânsito nos grandes centros urbanos, tenha se
tornado bastante grave, devido ao volume intenso no tráfego e as condições não
favoráveis das malhas viárias, urge que cada um se comprometa com seu papel
dentro do sistema. Enquanto não houver inter-relação de todos os níveis no
processo educacional, os problemas continuarão, pois um projeto de educação de
trânsito dirigido para o adolescente e a criança (Projeto Escola), está voltado para a
formação de futuros agentes, preenchendo, portanto, uma parte do processo
(DEWEY, 1978).
Há necessidade de uma atuação mais abrangente que envolva os atuais
motoristas e adultos, preparando-os para agir comunitariamente no trânsito, o que
facilitará qualquer processo de formação educacional. A intercomunicação entre o
adulto, a criança e o adolescente alargará as margens de garantia de sucesso nesse
empreendimento difícil e demorado, que é o processo educativo. Para tanto, nossas
atuações a nível educacional se estendem a um trabalho também com a
comunidade (Op Cit).
De acordo com Rodrigues (2007), não existe um tempo determinado para as
pessoas educarem-se. E disso decorre que a educação acompanha o processo do
viver. É preciso conceber a educação ao longo da vida como uma construção
contínua da pessoa humana, dos seus saberes, aptidões e da sua capacidade de
discernir e agir. Portanto, educação engloba o ensinar e o aprender constitui-se num
processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do ser
humano visando a sua melhor integração individual e social. Ou seja, consiste em
transmitir normas de comportamento técnico-científico (instrução) e moral (formação
do caráter que podem ser compartilhadas por todos os membros da sociedade).
29
Neste sentido, Brandão (1993) afirma que ninguém escapa da educação. Em
casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós
envolvemos pedaços da vida com ela [...].
Nenhuma ação educativa destinada às escolas deve ter como objetivo formar
futuros motoristas. Isto porque não existe lei alguma determinando que todas as
pessoas devem ser motoristas. Além disso, muitas pessoas não têm condições
financeiras para comprar um automóvel e não podem ser ensinadas desde crianças
a valorizar um bem material, quando há tantos outros valores a serem ensinados. E
o mais importante: a escola não é um Centro de Formação de Condutores (CFC) e,
portanto, o professor não tem obrigação de ensinar conteúdos de direção defensiva,
legislação etc.
A função da escola é analisar, refletir e debater sobre o respeito às leis de
trânsito e ao espaço público; sobre a convivência entre as pessoas pelas ruas da
cidade, baseada na cooperação sobre tolerância, igualdade de direitos,
responsabilidade, solidariedade e tantos outros valores imprescindíveis para um
trânsito mais humano (ECCO; BANASZESKI, 2009).
2.5 A Importância da Educação do Trânsito na Escola para a Sociedade
A necessidade de uma conscientização ampla e urgente sobre a educação
para o trânsito é visível aos olhos de todos, dada a complexidade dos problemas
que surgem no dia-a-dia de todas as cidades. Hoje toda a população está envolvida,
sob diferentes aspectos, com os problemas relacionados ao trânsito. Então, é de
suma importância termos o inserido na educação.
A partir do exposto, e considerando que a escola constitui-se em espaço e
momento significativo de educação e de formação dos seres humanos torna-se
relevante investigar e analisar como as escolas estão abordando a educação para o
trânsito, pois a situação é um problema que envolve não somente condutores de
veículos e pedestres, mas toda a sociedade.
30
As normas e condutas no trânsito devem ser compreendidas e assimiladas
por todos. E a escola pode contribuir nesse processo. Ademais, é na infância e na
adolescência que se verifica a maior aceitação de ensinamentos e de condutas. O
estado define a formação do cidadão como um dos fins da educação, atribuindo às
instituições de ensino, públicas e privadas, o dever de dotar os jovens de condições
básicas para o exercício consciente da cidadania. Ou seja, deixa a cargo dessas
instituições a tarefa de transmitir conhecimentos aos jovens e desenvolver neles
hábitos e atitudes, de forma a viabilizar a meta da cidadania.
A escola, portanto, é concebida como um lugar de aprendizagem e não como
um espaço onde professor se limita a transmitir o saber ao aluno; deve tornar-se o
local onde são elaborados os meios para desenvolver atitudes e valores e adquirir
competências. Para Martins (2007, p.33), "a educação se processa por meio de
razões e motivos. Um motivo é o efeito da descoberta de um valor. Há, pois uma
estreita relação entre motivos e valores e entre valores e educação”.
Educar para o trânsito é preservar a vida, evitar acidentes, exercer a
cidadania, no qual respeito, cortesia, cooperação, solidariedade e responsabilidade
constituem os eixos determinantes da transformação do comportamento do homem
no trânsito.
Sabe-se que esta não é uma tarefa simples e fácil. Pois, para transformar
uma sociedade, é importante a participação, conscientização e o desejo de cada
criança, adolescente, adulto ou idoso. É necessário que os pais, professores,
empresários e as próprias autoridades percebam que atitudes corretas no trânsito
podem salvar vidas. Ademais, as mudanças passam pela perspectiva do querer,
pela opção.
Neste sentido, Martins (2007) ressalta que é necessário conscientizar o
cidadão que a reeducação, a se iniciar nos bancos escolares, já nas primeiras
séries, não pode se limitar à situação escolar. Ela precisa mobilizar as crianças, os
familiares, a comunidade, o estado e a nação, tanto em relação à educação dos
pedestres quanto à dos condutores, dos policiais e dos advogados e juízes, para
que a atuação de cada um seja sempre de forma positiva.
31
A partir disso, o que pode ser desenvolvido são atividades educativas de
trânsito através de situações reais, significativas e contextualizadas, que ativam a
capacidade do aluno, dando ao professor a oportunidade de perceber o quanto ele
já sabe e o quanto aprendeu sobre o tema.
É extremamente urgente e necessária a introdução da disciplina educação
para o trânsito no ensino fundamental, para que as crianças já se desenvolvam com
as noções sobre trânsito, indispensáveis para a consolidação da cidadania e para o
aperfeiçoamento das relações sociais.
Assim sendo, a escola desempenha um papel fundamental no processo de
formação de cidadãos aptos para viverem em uma sociedade. E nesse contexto
entendemos a educação para o trânsito.
32
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Tipo de Pesquisa
Na visão de Vergara (2006), a pesquisa em seu sentido mais amplo é um
conjunto de atividades orientadas para a busca de um determinado conhecimento
com objetivo tração. O presente estudo consiste em uma pesquisa de campo
aplicada, com procedimento descritivo-exploratório, abordagem indutiva, técnica de
observação indireta e vertente metodológica de natureza quanti-qualitativa. A
pesquisa de campo procede à observação de fatos e fenômenos exatamente como
ocorrem no real, à coleta de dados referentes aos mesmos e, finalmente, à análise e
interpretação desses dados, com base numa fundamentação teórica consistente
(GIL, 2006). De acordo com Polit e Hungler (1995), o procedimento descritivo
exploratório baseia-se na descrição de fenômenos, baseados em observação,
descrição e classificação dos fenômenos observados sem manipulação ou
interferência do pesquisador. Para sua execução, foi necessário compreender a
essência dos fenômenos que envolvem o tema proposto. A pesquisa qualitativa
responde a questões particulares, trabalha com o universo de significados, motivos,
aspirações, crenças, valores e atitudes. E, Lakatos e Marconi (2006, p.157) definem
a pesquisa como “um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo,
que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a
realidade ou para descobrir verdades parciais”.
Também foi realizada uma pesquisa de campo junto a alunos de duas turmas
da 8ª serie de duas escolas da cidade de Lagarto/SE. Esse tipo de pesquisa é
considerado como uma “investigação empírica realizada no local onde ocorre ou
ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo”. (VERGARA,
2006, p.47).
3.2 Universo e Amostra
33
O universo da pesquisa segundo, Rudio (2007, p. 60) “designa o universo
como sendo a totalidade de indivíduos que possuem as mesmas características,
definidas para um determinado estudo”.
De acordo com Rudio (2007, p.62) “a amostra é, portanto uma parte da
população selecionada de acordo com uma regra ou plano. O mais importante, ao
selecioná-la, é seguir determinados procedimentos que nos garantam ser ela
representação adequada da população, donde foi retirada, dando-nos assim
confiança de generalizar para o universo o que nela foi observado”.
Rudio (2007) apresenta os tipos de amostra probabilística e não
probabilística.
Probabilística - Todos os elementos da amostra têm probabilidade
conhecida diferente de zero, podendo ser incluído na amostra aleatória
simples, estratificada e conglomerados.
Não Probabilística- A escolha dos elementos da amostra é feita de
forma não aleatória, existindo um procedimento de seleção dos elementos
da população segundo critérios estabelecidos pelo pesquisador. Nenhum
elemento qualquer pode fazer parte da amostra, classificada em amostra
por acessibilidade e por tipicidade.
No caso desta pesquisa foi utilizada através de uma amostra probabilística,
onde foi aplicada uma pesquisa com 80 alunos divididos entre duas turmas, das
quais podemos considerar turma “A” da escola “X” e turma “B” da escola “Y”.
3.3 Instrumentos da Pesquisa
Segundo Rudio (2007, p.114) “chama-se de instrumento de pesquisa o que é
utilizado para a coleta de dados”. Nessa pesquisa utilizou-se como instrumento de
pesquisa o questionário, que a parte amostral respondeu.
34
Lakatos e Marconi (2006) afirmam que o questionário é um instrumento de
coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser
respondidas por escrito. Os autores explicam algumas vantagens desse método
como: a economia de tempo, obtendo maior número de dados; atinge maior número
de pessoas simultaneamente.
3.4 Planejamento para Coleta de Dados
Para Lakatos e Marconi (2006, p. 167), a coleta de dados é a etapa da
pesquisa em que se inicia a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas
selecionadas, a fim de se efetuar a coleta dos dados previstos.
Como foi visto a coleta de dados foi realizada através da aplicação de um
questionário, que foi aplicado entre os dias 25 de fevereiro e 01 de março de 2013,
onde o mesmo foi realizado nas instituições de ensinos pesquisadas com
autorização da direção e dos professores e colaboração dos alunos.
3.5 Planejamento para Análise dos Dados
Lakatos e Marconi (2006) define a análise dos dados como sendo os maiores
detalhes sobre os dados decorrentes do trabalho estatístico, a fim de se descobrir
respostas para as suas indagações. Nesta etapa foram utilizados gráficos por
melhor ilustrar os resultados obtidos na pesquisa realizada com os alunos dos dois
colégios pesquisados.
35
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A presente pesquisa tem como objetivo geral analisar o que pensam os
alunos da 8ª série de duas escolas particulares da idade de Lagarto-SE a respeitos
da introdução de uma disciplina exclusiva de educação no trânsito. Dessa forma,
será mostrados a seguir resultados da pesquisa realizada junto a esses alunos,
mostrando demonstrar seus perfis e o que estes pensam com relação a educação
no trânsito.
Através dos resultados apresentados no gráfico 01, pode-se verificar que a
maioria dos alunos questionados nas duas turmas de 8ª são do sexo feminino, com
um percentual de 58%, enquanto apenas 42% dos que responderam a pesquisa são
do sexo masculino.
Gráfico 01: Sexo dos Alunos Pesquisados
Fonte: Dados da Pesquisa, Lagarto/SE 2013.
No gráfico 02, tem-se os dados referentes as idades dos alunos participantes
da pesquisa. Verifica-se que 51% dos alunos pesquisados possui idade igual a 16
anos, enquanto 34% são alunos com idade de 15 anos. No entanto, 11% dos alunos
questionados têm idade superior aos 16 anos e apenas 4% dos alunos possuem
idade abaixo dos 15 anos.
36
Gráfico 02: Idade dos Pesquisados
Fonte: Dados da Pesquisa, Lagarto/SE 2013.
Portanto, o resultado obtido com a pesquisa demonstra que alguns dos
alunos pesquisados encontram-se quase em idade necessária para tirar a primeira
carteira nacional de habilitação. Dessa forma, quando foram questionados sobre a
idade que eles pensam em tirar a primeira habilitação (CNH), gráfico 03, observa-se
que 79% responderam que pretendem tirá-la aos 18 anos, outros 11% disseram
que irão tirar aos 20 anos, enquanto 6% querem tirar a carteira aos 19 anos e
apenas 4% responderam que vão tirar a carteira a partir dos 20 anos. Para isto se
faz necessário criar ações educativas de trânsito nas escolas, promovidas pelos
diretores em parceria com os órgãos gestores de trânsito, e apoio das secretarias
municipal e estadual, conforme o âmbito de sua circunscrição, assim como total
incentivo dos educadores.
37
Gráfico 03: Idade que Pensa tirar a Habilitação
Fonte: Dados da Pesquisa, Lagarto/SE 2013.
Neste contexto, foi possível observar que todos os alunos questionados, mais
cedo ou mais tarde, pretendem tirar a carteira nacional de habilitação. Um dos
principais fatores que levam a essa pretensão é mostrado no gráfico 04, onde as
famílias desses adolescentes possuem automóveis, o que incentiva ainda mais a
aquisição da carteira.
Gráfico 04: A Família possui Veiculo
Fonte: Dados da Pesquisa, Lagarto/SE 2013.
38
Verifica-se que 86% das famílias dos alunos questionados, possuem algum
tipo de veiculo, enquanto apenas 8% responderam que não possuem. Ainda foi visto
que 5% das famílias pretendem comprar um automóvel em breve.
Quando os alunos forma questionados sobre a importância de uma disciplina
de educação do trânsito dentro do ensino fundamental das escolas brasileiras,
obteve-se grande aprovação, conforme demonstra os resultados no gráfico 05.
Sendo que 70% dos questionados responderam que a introdução dessa disciplina
seria bom, enquanto 15% disseram que seria ótimo. Entretanto, uma pequena
minoria, em torno de 1% respondeu que seria uma péssima opção. Talvez com
objetivo de contrariar, juntamente com os outros 14% dos colegas que opinaram
contrariamente a maioria dos alunos. Fato que pode ser considerado normal, dentro
da rebeldia da juventude, visto que não encontraram justificativas para tal posição.
Gráfico 04: Introdução de uma Disciplina de Educação no Trânsito na Escola
Fonte: Dados da Pesquisa, Lagarto/SE 2013.
Apesar de não possuir disciplina exclusiva voltada ao trânsito em suas
escolas, buscou-se analisar o nível de conhecimento dos alunos pesquisados,
questionando-os sobre o que eles pensam que é uma das maiores causadores de
acidentes no trânsito brasileiro.
39
Segundo os resultados, gráfico 06, pode-se verificar que 56%, ou seja, maior
parte dos questionados responderam que a falta de educação no trânsito é o maior
causador de acidentes, enquanto 25% disseram que o uso indevido de álcool seria o
principal causador de acidentes de trânsito no Brasil.
Gráfico 06: Maiores Causas de Acidentes no Trânsito
Fonte: Dados da Pesquisa, Lagarto/SE 2013.
Também pode-se constatar que 16% dos alunos concordam que o maior
causador de acidentes vem do mau comportamento dos condutores, sendo que
apenas 3% dos questionados responderam que a falta de conhecimento é que
aumenta tanto o nível de acidentes no Brasil
Com relação ao nível de conhecimento do aluno em relação à educação no
trânsito, demonstrado no gráfico 07, verifica-se que 44% dos alunos questionados
dizem que seus conhecimentos referente a educação escolar são bons, enquanto
36% afirmaram que seus conhecimentos são ruins. No entanto, houve uma parte de
13% que responderam que seus conhecimentos são ótimos, sendo que apenas 7%
afirmam que seus conhecimentos são péssimos.
40
Gráfico 07: Conhecimentos sobre Educação e Comportamento no Trânsito
Fonte: Dados da Pesquisa, Lagarto/SE 2013.
Outro fator que buscou-se analisar na pesquisa foi referente aos benefícios
que a implantação de uma disciplina específica de educação no trânsito poderia
trazer para alunos da 8ª serie do ensino fundamental.
Nos resultados apresentados no gráfico 08, percebe-se que 24% dos alunos
responderam que iria ajudar bastante na hora de tirar a primeira habilitação lhes
dando mais confiança. Já outros 19% afirmam que poderia lhes auxiliar a obter
maiores conhecimentos sobre o trânsito, suas normas e leis. Enquanto que outros
11% responderam que a introdução dessas aulas iria lhes auxiliar a ter melhores
comportamentos no trânsito após conseguir a permissão para dirigir. Entretanto,
grande parte dos alunos questionados respondeu que aulas de trânsitos nas escolas
iriam auxiliá-los em todas essas questões citadas anteriormente.
41
Gráfico 08: Ajuda de uma Disciplina de Educação no Trânsito na Escola
Fonte: Dados da Pesquisa, Lagarto/SE 2013.
Apesar de entendermos sobre a importância da educação para o trânsito,
dificilmente encontramos escolas que oferecem a seus alunos essa disciplina,
assim, nas duas escolas pesquisadas não é diferente, pois segundo os resultados
da pesquisa 100% dos alunos questionados informaram que não possui aulas de
educação no trânsito.
42
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como preconizado pelo novo Código de Trânsito Brasileiro, todos têm direito
a um trânsito em condições seguras, uma vez que somos partes integrantes de um
sistema no qual inevitavelmente nos encontramos inseridos. No momento em que
saímos de casa, já fazemos parte do trânsito, vez que o objetivo de todos é se
deslocar de um lugar para outro. Nesse sentido, devemos buscar sempre a
construção de um trânsito mais humano e responsável, contribuindo, sempre que
possível, para o seu aperfeiçoamento.
A partir dessa visão, essa pesquisa buscou analisar o que pensam os alunos
da 8ª série de duas escolas particulares da cidade de Lagarto-SE a respeitos da
introdução de uma disciplina exclusiva de educação no trânsito. Com o resultado da
pesquisa foi possível perceber que a prática de criar uma disciplina exclusiva de
educação no trânsito ainda não é utilizada pelas instituições de ensino.
Pelo outro lado, grande parte dos alunos pesquisados mostrou-se
interessados na implantação de uma disciplina que abordasse sobre trânsito. Até por
que quase oitenta por cento dos pesquisados afirmaram que pensam em tirar suas
carteiras de habilitação ao completar 18 anos, então, com as aulas escolares sobre
trânsito eles iriam se sentir mais seguros e mais preparados para enfrentar o trânsito
brasileiro.
Dessa forma, a partir dessa pesquisa fica evidenciado que faltam estratégias
permanentes por parte das escolas e do estado para a efetivação da educação para
o trânsito. No entanto, as escolas poderia trazer para seu interior um tema com
enorme relevância social, a escola não estaria apenas estreitando seu vínculo com a
comunidade, como também ocupando espaço para a qualificação da vida.
Além disso, falar sobre o modo como locomovemo-nos pode estimular o
debate a respeito da convivência social, das condutas sociais frente às diferenças,
das formas de inclusão e exclusão construídas diariamente, enfim, pode tornar o
ambiente escolar cada vez mais aberto ao trabalho com temáticas que mobilizem a
sociedade.
43
Podemos ainda destacar que, como temas transversais pode-se incluir
aqueles conteúdos que, por seu significado para uma comunidade ou por ser
considerado uma necessidade local foram escolhidos para tratamento sistemático na
escola. A educação para o trânsito como constatado tem um significado para a
sociedade até na socialização das pessoas.
Além de, expressar através de números alarmantes de acidentes a
necessidade de inclusão de maneira mais clara no ambiente escolar. As
informações obtidas através da pesquisa ajudam a reforçar a necessidade e a
viabilidade da inserção da educação para o trânsito como tema transversal.
Acredita-se que a vontade política de educar para o trânsito e para a vida, de
modo a construir gerações de futuros condutores de veículos mais responsáveis e
conscientes de sua cidadania e do valor do ser humano, aproveitando o apoio dado
pela legislação do novo C. T. B. considera-se que o momento é oportuno para que
se inicie um planejamento específico nas escolas em níveis pré-escolar,
fundamental e médio, fazendo-se em futuro a correspondente avaliação dos
resultados quando os estudantes já estiverem em níveis superiores, já habilitados,
quando poderemos, então, constatar, esperamos, a diferença em comparação com
os dias atuais, naturalmente imposta pela Educação.
44
REFERÊNCIAS
ADURA, F. E. Medicina de Tráfego: 101 perguntas e repostas. São Paulo: Abramet, novembro 2002. ARAÚJO, Julieta. Educação de trânsito na escola. 1. ed. Florianópolis: D.N.E.R. - 16º Distrito Rodoviário Federal, 1977. BOTELHO, Anselmo Sebastião. A educação para o trânsito em escolas do ensino fundamental e sua relevância na formação de futuros condutores. Belo Horizonte – MG: Instituto a Vez do Mestre, Agosto/2009. BOZZA, Amanda. Educação para o trânsito nas escolas ainda caminha a pé. São Paulo: Portal do trânsito, novembro de 2012. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 1993. BRASIL, Código Nacional de Trânsito. Código de trânsito brasileiro, instituído pela Lei no. 9.503, de 23 de setembro de 1997. 2. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2004. CFP, Conselho Federal de Psicologia. Experiências profissionais na construção de processos educativos na escola. 1. ed. Brasília: CFP, 2010. CURY, Carlos Roberto Jamil. Políticas inclusivas e compensatórias na educação básica. Fundação Carlos Chagas, Cadernos de Pesquisa, vol.35, nº 124, São Paulo, jan/abr 2005. DEMO, Pedro. A nova LBD: ranços e avanços. 19 ed. São Paulo: Papirus, 2002. DEWEY, J. Vida e Educação. 10. ed. São Paulo: Melhoramentos - MEC, 1978. ECCO, Idanir; BANASZESKI, Alexandra Auziliero. Educação para o Trânsito: um olhar para o contexto escolar. Rio Grande do Sul: Webartigos, março de 2009. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas 2006. LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia: Alternativa, 2004. MACHADO, Adriane Picchetto. Comportamento e trânsito. Revista Argumento: PUC - PR, ano XIV, nº 18, junho de 1996. MARTINS, João Pedro. A Educação de Trânsito: campanhas educativas nas escolas. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2007.
45
RIZZARDO, A. Comentários ao Código de Trânsito Brasileiro. 3ª ed. Revista dos Tribunais. São Paulo. 2002. RODRIGUES, Juciara (Coord.). Rumo à Escola: livro do professor. Brasília: Ministério da Justiça/DENATRAN, UNESCO, 2007. ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da educação no Brasil. 30 ed. Petropolis: Editora Vozes, 2007. RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 34ª ed. Petrópolis: vozes, 2007. SEF, Secretaria de Educação Fundamental. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores. Brasília: Ministério da Educação, 2001. SILVA, Adriana Aparecida dos Santos et al. Educação para o trânsito. Belo Horizonte: Centro Universitário De Belo Horizonte, 2012. VASCONCELOS, E. O que é trânsito? 3. ed. Coleção Primeiros Passos. São Paulo: Brasiliense, 1998. VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2006.
46
APÊNDICE
QUESTIONÁRIO
Este questionário é parte de uma pesquisa apresentada no curso de
Especialização em Psicologia No Trânsito. Todos os dados deste questionário serão considerados estritamente confidenciais, pois as informações levantadas, analisadas e apresentadas têm finalidade exclusivamente acadêmica.
Obrigada!!!
1) Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino 2) Idade: ( ) Menos de 15 anos ( ) 15 anos ( ) 16 anos ( ) Mais de 16 anos 3) Sua escola possui educação para o trânsito? ( ) Sim ( ) Não 4) Você pensa em tirar sua Carteira de Habilitação com quantos anos? ( ) 18 anos ( ) 19 anos ( ) 20 anos ( ) Mais de 20 anos 5) Seus pais têm algum veículo auto motor? ( ) Sim ( ) Não ( ) Já teve ( ) Pretende comprar 6) Para vocês introduzir uma disciplina de educação no trânsito seria: ( ) Péssimo ( ) Ruim ( ) Bom ( ) Ótimo 7) As maiores causas de acidentes no trânsito é devido: ( ) Falta de educação ( ) Mau Comportamento ( ) Falta de conhecimentos ( ) Uso indevido de álcool
47
8) Seus conhecimentos atuais sobre educação e comportamento no trânsito são: ( ) Péssimos ( ) Ruins ( ) Bons ( ) Ótimos 9) Para vocês introdução de uma disciplina de educação no trânsito ajudaria para: ( ) Tirar a primeira habilitação ( ) Obter maiores conhecimentos no trânsito ( ) Ter melhores comportamentos no trânsito ( ) Todas as alternativas