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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO THUILA MARIA SILVEIRA DE CASTRO OS EFEITOS DA LEI nº 11.705/2008 “LEI SECA” – NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO: Um Estudo dos Índices de Acidentes de Trânsito MACEIÓ-AL 2014

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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO

THUILA MARIA SILVEIRA DE CASTRO

OS EFEITOS DA LEI nº 11.705/2008 – “LEI SECA” – NO ESTADO DO

ESPÍRITO SANTO: Um Estudo dos Índices de Acidentes de Trânsito

MACEIÓ-AL

2014

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THUILA MARIA SILVEIRA DE CASTRO

OS EFEITOS DA LEI nº 11.705/2008 – “LEI SECA” – NO ESTADO DO ESPÍRITO

SANTO: Um Estudo dos Índices de Acidentes de Trânsito

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof. Dr. Manoel Ferreira do Nascimento Filho

MACEIÓ-AL

2014

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THUILA MARIA SILVEIRA DE CASTRO

OS EFEITOS DA LEI nº 11.705/2008 – “LEI SECA” – NO ESTADO DO ESPÍRITO

SANTO: Um Estudo dos Índices de Acidentes de Trânsito

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.

APROVADO EM ____/____/____

__________________________________________________________

PROF.DR. MANOEL FERREIRA DO NASCIMENTO FILHO

ORIENTADOR

__________________________________________________________

PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________

PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA

BANCA EXAMINADORA

4

RESUMO

O objetivo do estudo é verificar os índices de óbitos ocasionados por acidentes de trânsito no Estado do Espírito Santo, num período compreendido entre antes da publicação da “Lei Seca” e depois da mesma. Para a realização do estudo, utilizaram-se dados secundários obtidos através de coleta indireta, bem como um estudo exploratório e qualitativo. A pesquisa abrangeu o Estado do Espírito Santo, que possui uma população de 292.304 e uma quantidade de veículos estimada em 1.400.000 automóveis de pequeno, médio e grande porte. A amostra deu-se por conveniência, por utilizar de dados já existentes no órgão oficial de trânsito do Estado, DETRAN/ES. De acordo com os dados apurados foi possível observar que o Espírito Santo, como outros Estados brasileiros, apresentam alto índice de acidentes de trânsito com morte. Houve uma ligeira queda em 2008, tendo em vista que a Lei Seca no início de sua vigência foi mais criteriosa em fiscalizar a embriaguez no trânsito, porém, com o passar dos tempos, o índice voltou a apresentar um aumento. De acordo com a pesquisa levantada, observou-se que o Estado do Espírito Santo apresentou aumento da taxa de mortalidade no período de 2008 a 2012. O índice de mortes por acidentes com automóveis mostra como o risco de óbito vem aumentando neste tipo de acidente; tanto que a taxa de mortes com automóveis tem um crescimento progressivo, passando de 0,8 mortes a cada 100 mil habitantes em 2008, para 4,6 em 2012. Diante do quadro apresentado ações preventivas devem ser acentuadas, visando promover uma maior vigilância de acidentes de trânsito, não apenas no Espírito Santo, mas em âmbito nacional. O propósito é diminuir o número de mortes e lesões em acidentes de transporte terrestre nos próximos dez anos

Palavras-chave: Trânsito, Lei Seca, Vítimas Fatais.

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ABSTRACT

The objective of the study is to assess the rates of deaths caused by traffic accidents in the state of Espírito Santo, in the period 2008-2012. For the study, we used secondary data obtained by indirect collection as well as an exploratory qualitative study. The survey covered the state of Espirito Santo, which has a population of 292,304 and a number of vehicles estimated 1,400,000 cars in small, medium and large. The sample was made by convenience, by using existing data in transit official organ of the State, DMV/ES. According to the data collected it was observed that the Holy Spirit, like other Brazilian states, have a high rate of traffic accidents with death. There was a slight drop in 2008, considering that Prohibition early in his term was more careful in inspecting drunkenness in traffic, however, with the passage of time, the index again showed an increase. According to the survey raised, it was observed that the state of the Holy Spirit showed an increase in mortality in the period 2008-2012. The death rate for accidents with cars show how the risk of death is increasing in this type of accident so that the rate of deaths in cars has been a progressive increase from 0.8 deaths per 100 000 inhabitants in 2008 to 4, 6 in 2012 . Front of the table Preventive actions shall be marked in order to promote greater vigilance of traffic accidents, not only in the Holy Spirit , but nationwide. The purpose is to decrease the number of deaths and injuries in road accidents in ten years.

Keywords: Traffic, Prohibition, Fatal Victims.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1. Acidentes no Espírito Santo 2008 a 2012. ..................................................... 33

Gráfico 2. Acidentes com morte no Espírito Santo de 2008 a 2012. .............................. 33

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LISTA DE TABELA

Tabela 01 - Bebidas de consumo comum e seu conteúdo de etanol1. ........................ 21

Tabela 02 - Efeitos do álcool em várias concentrações sanguíneas (Saunders) ........ 22

Tabela 03 - Morbidade Hospitalar do SUS por Causas Externas - por local de

internação - Espírito Santo – 2002 – 2007 ............................................... 35

Tabela 04 - Morbidade Hospitalar do SUS por Causas Externas - por local de

internação - Espírito Santo – 2008 – 2012 ............................................... 35

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LISTA DE SIGLAS

ABDETRAN - Associação Brasileira dos Departamentos de Trânsito

ABRAMET - Associação Brasileira de Medicina de Tráfego

ADH - Desidrogenase

AIDS - Síndrome da Imune Deficiência Humana Adquirida

ATT - Acidentes de Transporte Terrestre

CFESP - Centro Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional

CFP - Conselho Federal de Psicologia

CNT - Código Nacional de Trânsito

CONTRAN - Conselho Nacional de Trânsito

CRP - Conselho Regional de Psicologia

CTB - Código de Trânsito Brasileiro

DETRAN-ES - Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo

DETRAN-RJ - Departamento Estadual de Trânsito do Rio de Janeiro

DPVAT - Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre

EC - Emenda Constitucional

IDORT - Instituto de Organização Racional do Trabalho

IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

IPI - Imposto de Produtos Industrializados

NAD - Nicotinamida Adenina Dinucleotídio

NADH - Nicotinamida Dinucleotídio Reduzida

PIB - Produto Interno Bruto

SNC - Sistema Nervoso Central

STJ - Superior Tribunal de Justiça

SUS - Sistema Único de Saúde

TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 10

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 12

2.1 Breve Histórico sobre a Psicologia do Trânsito ................................................. 12

2.2 Drogas Lícitas e Ilícitas......................................................................................... 16

2.3 Direção Defensiva ................................................................................................. 18

2.4 Principais Causas e Efeitos dos Acidentes de Trânsito no Brasil .................... 21

2.5 Abordagem Histórica do Trânsito em Vitória/ES ................................................ 26

2.6 O Impacto do Álcool no Trânsito e a "Lei Seca" ................................................ 27

3 MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................... 30

3.1 Ética ........................................................................................................................ 30

3.2 Tipo de Pesquisa ................................................................................................... 30

3.3 Universo ................................................................................................................. 30

3.4 Sujeitos da Amostra .............................................................................................. 31

3.5 Instrumentos de Coleta de Dados ....................................................................... 31

3.6 Plano para Coleta dos Dados ............................................................................... 31

3.7 Plano para Análise dos Dados ............................................................................ 31

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 32

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 37

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 40

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1 INTRODUÇÃO

O trânsito no Brasil é considerado um dos mais perigosos do mundo, tanto que é

caracterizado como uma epidemia de violência, e na concepção dos acidentes,

violência e óbitos por causas externas, tem a combinação de álcool e direção

configurada como um problema que requer políticas públicas. Acrescenta-se também, o

fato de que o consumo de álcool é apoiado nos aspectos “filosóficos” do consumo

moderno, tendo o desejo consumista como uma pressão interna, uma compulsão que

se sobrepõe em limite, até mesmo o medo e risco da morte.

O álcool é considerado uma droga lícita, de baixo custo de produção e de

consumo, e é de fácil obtenção, diferente do que acontece com as drogas ilícitas.

No Brasil, a cada ano, a produção de bebida aumenta, destacando-se, inclusive,

no ranking mundial como o terceiro maior produtor de cerveja, com 10,5 bilhões de

litros/ano; e primeiro lugar na produção de destilados, com cerca de 1,5 bilhões de

litro/ano. O mercado de bebida é lucrativo, e envolve os meios de comunicação com a

propaganda massificada, direcionada especialmente ao público jovem.

No intuito de proibir o uso de bebidas alcoólicas na condução de veículos e

comercialização em vias federais, em 19 de junho de 2008 foi promulgada a Lei nº

11.705 – “Lei Seca” –, que alterou o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). A legislação

supracitada tem o objetivo diminuir os acidentes de trânsito causados por motoristas

embriagados.

Com a vigência da Lei Seca o condutor que apresentar 2 decigramas de álcool

por litro de sangue ou 0,1 miligrama por litro de ar expelido no bafômetro, receberá uma

multa de R$ 957,70, com a perda da habilitação e o veículo é apreendido. Se for

flagrado com 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou 0,3 miligrama por litro de ar,

o motorista responde por crime, e está sujeito a pena de até 3 anos de prisão, com

direito à fiança.

Com as mudanças inseridas com o CTB de 1998, os dados dos últimos relatam

que a melhora da segurança dos veículos e o incremento da fiscalização eletrônica não

conseguiram reduzir a mortalidade por acidentes de trânsito.

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Diferente dos países desenvolvidos, no Brasil, a quantidade de mortes

ocasionadas por acidentes de trânsito apresentou aumento de 2000 a 2007. De acordo

com os dados do Sistema Único de Saúde (SUS) houve um aumento de 30% nas

mortes nesse período.

O índice de mortes devido a acidentes de trânsito é significativo em todo o país,

não sendo diferente no Estado do Espírito Santo. Diante dos dados em âmbito nacional,

problematiza-se: qual a situação quanto aos índices de mortes ocasionadas por

acidentes de trânsito no Espírito Santo, no período de 2007 a 2012?

O objetivo geral do trabalho é verificar os índices de óbitos ocasionados por

acidentes de trânsito no Estado do Espírito Santo, antes e depois da publicação da “Lei

Seca”.

Os objetivos específicos compreendem: abordar a violência do trânsito como

questão de preocupação na saúde pública; apontar o álcool como um sério problema

para o trânsito no Brasil; e analisar os índices de óbitos causados por acidentes de

trânsito no Estado do Espírito Santo de 2002 a 2012.

Dados dos últimos anos relatam que as mudanças ocorridas com o CTB de

1998, como melhora na segurança dos veículos e o incremento da fiscalização

eletrônica, não conseguiram fazer com que a mortalidade por acidentes de trânsito

apresentasse queda.

12

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Breve Histórico sobre a Psicologia do Trânsito

O trânsito é conceituado como o conjunto de deslocamentos dentro de um

sistema regulamentado (ROZESTRATEN, 1881), e para o CTB, o trânsito refere-se a

utilização das vias por veículos, pessoas e animais, podendo estar isolados ou em

grupos, conduzidos ou não, com o objetivo de circular, parar, estacionar e realizar

operação de carga e descarga. Sendo que, na maioria dos casos, o trânsito pode ser

entendido como a movimentação, e não envolvem a existência de uma norma capaz de

assegurar a integridade das pessoas (OLIVEIRA; VIEIRA, 2010).

[...] a definição de trânsito (...) enfatiza a integridade da pessoa, ou seja, que ela deve alcançar sua meta sem sofrer nenhum dano. (...) trânsito é o conjunto de deslocamentos de pessoas e veículos nas vias públicas, dentro de um sistema convencional de normas, que tem por fim assegurar a integridade de seus participantes (OLIVEIRA; VIEIRA, 2010, p.03).

A tentativa de se determinar o fator causal dos acidentes e focalizando as

maneiras de como pode ser possível se evitar falhas humanas no trânsito, fez surgir

várias áreas de conhecimento e atuação, como a ergonomia, engenharia, a psicologia,

etc. (SILVA, 2010) visando atender a esse propósito. Foi a partir desse objetivo que

surgiu a Psicologia do Trânsito.

A Psicologia do Trânsito tem como foco alcançar a qualidade de vida no trânsito,

utilizando-se de análise e estudos acerca de comportamentos relacionados com o

trânsito. Em sentido restrito, a Psicologia do Trânsito, é a área da psicologia que

envolve o comportamento dos usuários (pedestre, motorista, ciclista e motociclista); ou

seja, todas as pessoas são alvo e poderão ter seus comportamentos estudados pela

psicologia do trânsito já que todos são considerados sujeitos, ativos ou passivos, do

trânsito (OLIVEIRA; VIEIRA, 2010).

Contextualiza Thielen que a Psicologia do Trânsito é definida como:

Uma área da psicologia que estuda, através de métodos científicos válidos, os comportamentos humanos no trânsito e os fatores e processos externos e internos, conscientes e inconscientes que os provocam ou os alteram. (...) Em

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síntese: é o estudo dos comportamentos-deslocamentos no trânsito e suas causas. (THIELEN, 2011, p. 79).

Afirma Silva (2010) que a Psicologia do Trânsito, segundo Rozestraten (1981)

surgiu como consequência de muitas pesquisas em vários institutos, laboratórios e

centros de pesquisa nas últimas duas décadas; podendo defini-la como o estudo

científico do comportamento dos participantes do trânsito.

A Psicologia do Trânsito estuda o comportamento dos pedestres de um modo

geral, desde o motorista amador ao profissional, o motociclista, o ciclista, os

passageiros e o motorista de coletivos, e, em uma abrangência ainda maior, envolve

todos os participantes do tráfego aéreo, marítimo, fluvial e ferroviário. Portanto, a

Psicologia do Trânsito restringe-se ao comportamento dos usuários das rodovias e das

redes viárias urbanas (TEIXEIRA, 2011).

O surgimento da Psicologia do Trânsito confunde-se com a origem da avaliação

psicológica. No ano de 1910, foi dado início aos estudos da psicologia na área do

trânsito, por Hugo Münsterberg, quando este submeteu os motoristas dos bondes de

Nova York a vários testes de inteligência e habilidade, tornando assim a avaliação

psicológica como um requisito para a condução de veículos (SILVA, 2010).

No Brasil a Psicologia do Trânsito surgiu em 1913 em São Paulo, com o trabalho

do engenheiro Roberto Monge, na orientação e seleção de funcionários da Estrada de

Ferro Sorocabana. Foram também criadas várias instituições com a direção do

Laboratório de Psicotécnica, criando, para atender funcionários da Empresa Estrada de

Ferro Sorocabana, o Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT), o Centro

Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional (CFESP) e o Serviço Nacional de

Aprendizagem (SENAI) (SILVA, 2010).

Acrescentam Silva e Gunther (2009) que nas décadas de 1940 e 1950, os

bondes e trens foram substituídos por automóveis, consequência das opções políticas

urbanas no âmbito estadual e federal, que contribuíram fortemente para o

desenvolvimento econômico do país. Mesmo que a produção e uso em massa do

automóvel tenham contribuído enormemente no desenvolvimento econômico do país,

acabou causando problemas significativos de segurança e saúde pública, devido ao

elevado índice de acidentes de trânsito, que se intensificou na década de 1940.

14

Sendo que no período de 1922 e 1924, os métodos de seleção estavam sendo

gradualmente aperfeiçoados por Tramm na Alemanha, Laly na França e Emílio Mira na

Espanha. E na década de 1950, centros de estudos foram iniciados e formados no

Canadá, Inglaterra e Holanda, e com envolvimento de estudos a respeito de fatores que

influenciavam e estavam relacionados a acidentes de trânsito, voltados para problemas

como: características de personalidade do motorista e propostas interventivas, visando

a minimizar o problema do trânsito, dentre outros requisitos (SILVA, 2010).

Por esse motivo, nas décadas de 1940 e 1950, as autoridades procuraram

implementar e desenvolver medidas preventivas, como a seleção psicotécnica, que tem

a finalidade de restringir o acesso ao volante das pessoas consideradas propensas a se

envolver em acidentes (SILVA; GUNTHER, 2009). A partir daí, publicações foram

desenvolvidas visando refletir acerca da seleção psicotécnica de motoristas e sua

relevância em prol da diminuição dos acidentes de trânsito. Também foram elaborados

os primeiros critérios e normas no Brasil e vários testes utilizados para a habilitação

(TEIXEIRA, 2011; SILVA; GUNTHER, 2009).

No Rio de Janeiro, em 1951, ocorreram contratações de psicólogos pelo

Departamento Estadual de Trânsito do Rio de Janeiro (DETRAN-RJ), onde provas de

personalidade, de aptidão e entrevistas foram realizadas, com o objetivo de estudar o

comportamento dos condutores e as causas humanas envolvidas nas ocorrências de

acidentes (SILVA; GUNTHER, 2009).

Em 1953, essas avaliações passaram a ser obrigatórias para candidatos à

profissão de motorista (SILVA, 2010). Acrescentam Silva e Alchieri (2007, p.189) que:

"[...] desde 1951 até hoje, a avaliação psicológica (psicotécnico) se inseriu no processo

de habilitação, sendo atualmente uma etapa preliminar, obrigatória, eliminatória e

complementar para todos os condutores e candidatos a obtenção da habilitação".

Em 1962, a avaliação psicológica passou a ser uma função para psicólogos,

definida pela Lei n. 4.119/62, letra "a", do parágrafo 1º do artigo 13. A avaliação

psicológica, para muitos, refere-se à ideia de aplicar teste psicológico e a psicotécnica.

Ao distinguir a avaliação psicológica com o exame psicotécnico, refere-se a primeira

como uma medida de avaliação clínica e diagnóstica individual, e a segunda, a

psicotécnica, é uma forma de avaliação psicológica obrigatória, entre essas, a avaliação

15

psicológica para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) (TEIXEIRA,

2011).

Entre os anos de 1962 e 1970 houve a regulamentação da Psicologia como

disciplina e como profissão, de acordo com a Lei n.4.119 de 1962, o que culminou a

criação do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e os Conselhos Regionais de

Psicologia (CRP), Lei 5.766 de 1974 (AMENDOLA, 2010).

Acrescenta Amendola que:

A rápida expansão da Psicologia acarretou na queda de qualidade dos cursos por falta de docentes qualificados, especialmente na área de avaliação psicológica, provocando um crescente desinteresse pela aprendizagem de medidas psicológicas, descrédito e banalização no uso dos instrumentos objetivos, associados ao engessamento na construção e atualização de instrumentos nacionais. (AMENDOLA, 2010, p.05)

Nesse período, os testes foram criticados e o uso minimizado, o que representou

um forte declínio na produção de artigos, estudos e criação de instrumentos, tanto no

Brasil quanto em outros países.

Com a criação do CFP e dos Conselhos Regionais de Psicologia (CRP), pela Lei

n.5.766/74, houve expansão nos cursos de psicologia (AMENDOLA, 2010). Em 1981 o

CFP criou uma comissão especial do exame psicológico para condutores com o

objetivo de se obter dados e critérios em relação à avaliação psicológica e oferecer ao

Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) uma proposta de reformulação quanto às

normas vigentes à época. Era uma época em que as ações interdisciplinares foram

caracterizadas pelo aumento da sensibilidade da administração pública para avaliar o

fator humano nos acidentes de trânsito, publicações e documentos e a eventos

aconteceram em instituições de ensino, em órgãos executivos de trânsito, na classe

médica e psicológica (SILVA, 2010).

Em 1997 foi promulgado o CTB, apresentando uma visão ampliada do trânsito,

enfatizando a saúde, segurança e educação, mas com veto presidencial do inciso II do

art. 147 a respeito da obrigatoriedade da avaliação psicológica para se obter a CNH.

Com isso, algumas iniciativas foram tomadas por pesquisadores da área com o objetivo

de promover à avaliação psicológica e conferir à devida importância à questão. Ainda

devida à repercussão da visão proveniente do CTB, em 1998, foi publicado pelo CNT, a

16

Resolução n. 80, e depois, a Resolução 168/2004, e em 2008, a Resolução n. 267. O

CFP editou algumas resoluções importantes (SILVA, 2010).

Em 2004, a Resolução n.168 estabeleceu normas e procedimentos para a

realização de exames e outras providências para o motorista. No segundo artigo

determinou-se a avaliação psicológica. Na Resolução n.80 de 1998, revogada pela

Resolução 267 do CONTRAN, foram definidos os processos psíquicos necessários

para aferição na avaliação psicológica, por meio de técnicas e métodos psicológicos

(SILVA, 2010).

Na atualidade, o CTB define que o processo de avaliação psicológica é uma

etapa preliminar obrigatória, eliminatória e complementar para os candidatos à

obtenção da habilitação, assim como na renovação desse documento no caso de

motoristas que trabalham exercendo a profissão como condutor de veículos (SAMPAIO,

2012).

2.2 Drogas Lícitas e Ilícitas

Desde a pré-história, várias substâncias psicoativas vêm sendo consumidas para

finalidades diferenciadas, como por exemplo, estados de êxtase místico/religioso,

prazeroso, lúdico e até mesmo, curativos. Na década de 60, após a epidemia da

Síndrome da Imune Deficiência Humana Adquirida (AIDS) e de outras doenças

transmissíveis deu início a um novo olhar a respeito do contexto sócio-cultural, e no

contexto biopsicossocial dos usuários de drogas (NEVES; SEGATTO, 2011).

Enfatizam Neves e Segatto (2011) que no contexto médico-científico da

atualidade o enfoque é farmacológico, sendo raras as situações que as substâncias

psicoativas são vistas como ameaçadores à ordem social vigente. A atenção atual volta-

se para a prevenção contra o uso, abuso, mau uso, preconizando o bem estar do

individuo, da sociedade onde as políticas públicas possam contemplar a sua eficácia.

A terminologia "droga" é de origem holandesa, droog, que significa produtos

secos e servia para designar conjunto de substancias naturais utilizadas na alimentação

e na medicina do século XVI ao XVIII (GÓIS; AMARAL, 2010). As drogas denominadas

lícitas são aquelas cuja produção, comercialização e consumo são permitidos por lei,

17

como o cigarro e o álcool. Outros exemplos de drogas lícitas são: os anorexígenos

(moderadores de apetite), benzodiazepínicos (remédios utilizados para reduzir a

ansiedade), etc.. As drogas ilícitas, como a cocaína, a maconha, o crack, a heroína,

etc., são drogas ilícitas, ou seja, são drogas cuja comercialização é proibida pela

legislação, sendo consideradas crimes especificados por lei (CANUTO; FERREIRA;

GUIMARÃES, 2006).

E tanto as drogas lícitas quanto às ilícitas, devido às consequências do seu uso

abusivo, exercem influência nos fatores externos (violência, agressão, mortes,

problemas familiares, perdas afetivas), ou no consumo, que pelo tráfico, além de seus

reflexos na saúde pública brasileira (decorrente de internações, atendimentos de

emergência etc.) se constituem, de fato, em problema social no Brasil (SOUZA;

KANTORSKI, 2007).

Explicitam Canuto, Ferreira e Guimarães (2006) que o uso de drogas refere-se à

experimentação de qualquer tipo de droga e o abuso, podem causar dano físico,

psicológico, econômico, social ou legal ao indivíduo que as emprega ou a outros

afetados por seu comportamento.

Ressalta-se que o fato de que certas drogas serem classificadas como lícitas não

significa que não são ameaçadoras; a alerta é da Organização Mundial da Saúde

(OMS). Segundo a OMS, as drogas ilícitas respondem por 0,8% dos problemas de

saúde em todo o mundo, enquanto o cigarro e o álcool, juntos, são responsáveis por

8,1% desses problemas (CANUTO; FERREIRA; GUIMARÃES, 2006).

Dentre as drogas lícitas, o álcool é a droga mais antiga em comparação com as

demais, e:

Através do avanço nas técnicas de fermentação das matérias primas como cevada e frutas originou-se a produção de bebidas alcoólicas por vários povos. Na idade média como droga saudável e utilizada para fins terapêuticos foi denominada aqua vitae. No século XIX, com a revolução industrial ocorreu sua popularidade e consequências. No Brasil uma bebida de fabricação indígena pela fermentação da mandioca chamada cauim foi encontrada pelos portugueses. Mais tarde fabricaram a cachaça da cana de açúcar. Atualmente a bebida alcoólica no país é usada na alegria e na tristeza, em todas as classes sociais em todos os contextos (NEVES; SEGATTO, 2011, p.04).

A terminologia álcool é oriunda do árabe alkul, que significa “o muito fino”, “talco

fino”, e também “cosmético para os olhos” (REHFELDT, 1989). O álcool etílico é o nome

18

comercial e popular do álcool e tem a capacidade de produzir alteração do Sistema

Nervoso Central (SNC), que contém uma substância psicoativa com capacidade de

modificar o comportamento dos indivíduos que dela fazem uso; que, com o efeito

prazeroso, induz a repetição (MORAES; PILATTI, 2004).

No início do século XIX, descrevia-se o excessivo consumo de álcool como uma

entidade clínica, na qual a “alta ingestão de álcool provoca doenças físicas e mentais”,

em contraposição à ideia de vício (VAISSMAN, 2004); ou seja, Huss introduziu o

conceito de "alcoolismo crônico", que se refere ao estado de intoxicação pelo álcool que

se apresentava com sintomas físicos, psiquiátricos ou mistos (GIGLIOTTI; BESSA,

2004).

Nas últimas duas décadas do século XX os acidentes de trânsito envolvendo

álcool passaram a ser definidos como problema de saúde pública (NASCIMENTO;

GARCIA, 2009), tendo em vista que os acidentes de trânsito mostram-se, cada vez

mais, como foco de preocupação em âmbito mundial (CARVALHO, 2008).

2.3 Direção Defensiva

O surgimento da Direção Defensiva ou Direção Segura no Brasil ocorreu em

1971 pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), ao atender às frotas

de veículos públicos, que então careciam de medidas contra os altos gastos com

manutenção oriundos de acidentes (CÉTOLO, 2011).

A relevância da Direção Defensiva como reconhecimento oficial encontrava-se

apenas no CTB, ao estabelecer em seu artigo nº 148 que: “a formação de condutores

deverá incluir, obrigatoriamente, curso de direção defensiva e de conceitos básicos de

proteção ao meio ambiente relacionados ao trânsito”. O CBT dispõe ainda que a

empresa que utiliza condutores contratados para operar sua frota de veículos é

obrigada a ministrar curso de direção defensiva (CÉTOLO, 2011).

Explicita Cétolo (2011, p.9) que: “A Direção Defensiva tem sido uma das

estratégias mais bem sucedidas contra o vasto predomínio do motorista na causalidade

de acidentes de trânsito”. No entendimento da Fundação Getúlio Vargas (2012) a

19

Direção Defensiva é a maneira de dirigir e de se comportar no trânsito, com o objetivo

de preservar a vida, a saúde e o meio ambiente.

A direção defensiva permite que o motorista reconheça antecipadamente as

situações de perigo, podendo assim, prever o que pode acontecer com ele e com seus

acompanhantes, com o próprio veículo ou com os demais usuários da via (FUNDAÇÃO

CHARLES VARGAS, 2012); mas, para que isso seja possível, o condutor deve

apropriar-se de conhecimentos teóricos e uma postura na condução do veículo para se

evitar acidentes. Ressalta-se que a maior parte dos acidentes tem como causa

problemas: 64% do condutor, 30% devido a problemas mecânicos e 6% problemas na

via (DETRAN, 2012).

Segundo Abreu:

[...] motorista defensivo “é aquele que conduz tendo em vista a falta de destreza e o pouco conhecimento do outro motorista; é o que reconhece que não tem nenhum domínio sobre as ações irrefletidas de outros condutores ou pedestres, nem sobre as condições do tempo e das estradas e, então, (desenvolve) uma prática defensiva contra todos estes riscos.” ABREU,1974 apud CÉTOLO, 2011, p.9).

Para que a direção defensiva tenha resultado positivo, o condutor deve aprender

os conceitos de direção defensiva e utilizar esse conhecimento com eficiência, ou seja,

sempre dirigir com atenção e tomar iniciativas certas para evitar acidentes (DETRAN,

2012).

O ato de dirigir de forma defensiva é o mesmo que completar o percurso sem

desrespeito às regras e normas de trânsito. A maior parte dos acidentes que ocorrem no

trânsito pode ser evitada ou inevitável, por um ou ambos os condutores envolvidos,

ainda que para isso seja necessário ceder ao condutor que esteja errado (DETRAN,

2012).

O acidente evitável é aquele em que o condutor deixou de fazer o que

razoavelmente poderia ter feito para evitar o acidente; e o acidente inevitável é aquele

que, mesmo que o condutor tenha feito tudo para evitar que ocorra, mesmo assim

ocorre (FUNDAÇÃO CHARLES VARGAS, 2012).

Explicita Cétolo (2011) que os elementos fundamentais da Direção Defensiva

envolvem: o conhecimento da lei, atenção, previsão, decisão e habilidade. O

conhecimento é o teor do CTB, dos riscos, direitos e deveres do condutor e do

20

conhecimento das atitudes que possam ocasionar danos ou acidente aos usuários das

vias; acrescenta-se ainda, que o condutor deve ser paciente, educado, ou seja, não

xingar, reagir contra qualquer espécie de provocação, “fechar” ou “costurar”, deve ser

compreensivo e regido pelo bom senso, e estar ciente das consequências negativas à

capacidade de dirigir causadas por bebidas alcoólicas e drogas.

O elemento atenção é preponderante à condução de veículo motorizado que

circulam em vias terrestres, diferente de um trem ou avião, que contam com aparelhos

como piloto automático e controladores de voo para auxiliar nessa tarefa. A atenção

deve ser direcionada a todos os elementos da via, como cuidados com a dirigibilidade

em asfalto úmido; do veículo, como estar alerta a ruídos que indicam possibilidade de

panes; e do condutor, como estar atento ao cansaço físico ou mental que podem

prejudicar a condução (CÉTOLO, 2011).

O elemento previsão é a forma de cuidado que se divide em imediata (próxima) -

onde a ação do condutor ocorre imediatamente antes da consequência que deve ser

evitada - e mediata (distante), onde a intenção do condutor é prevenir com bastante

antecedência uma consequência negativa. O uso do cinto de segurança, do manual do

proprietário do veículo, a consulta aos instrumentos do painel bem como revisar o

veículo como precaução contra panes são exemplos de prevenção mediata. O ato de

reduzir a velocidade do veículo ao avistar uma bola invadindo a pista é exemplo de

previsão imediata porque existe a possibilidade de uma criança inadvertidamente

atravessar a frente do veículo em busca da bola (CÉTOLO, 2011).

A decisão se refere a uma atitude que vai depender dos conhecimentos das leis,

do preparo do veículo e do condutor. Diante de uma situação de ultrapassagem em uma

rodovia com um automóvel de baixa potência, por exemplo, faz-se necessário ter maior

prudência porque a ultrapassagem será mais demorada e neste ínterim aumenta a

possibilidade de colisão com veículo em sentido contrário. O elemento habilidade

refere-se ao uso correto do veículo em curvas, manobra de estacionamento troca de

marchas, frenagem, controle em alta velocidade, chuva, neve ou lama, dentre inúmeras

outras situações (CÉTOLO, 2011).

21

2.4 Principais Causas e Efeitos dos Acidentes de Trânsito no Brasil

No Brasil o trânsito é considerado um dos mais perigosos do mundo, e é

apontado como uma epidemia de violência (CARVALHO, 2008; PINHEIRO et al, 2006).

Dentro da concepção dos acidentes, violência e óbitos por causas externas, têm-se a

combinação de álcool e direção configurada como um problema que requer políticas

públicas (NASCIMENTO; GARCIA, 2009). Acrescenta-se que o costume de ingerir

bebidas alcoólicas é apoiado nos aspectos “filosóficos” do consumismo, tendo o desejo

do consumo como uma pressão interna e inerente ao nosso modelo de sociedade

contemporânea; uma compulsão que sobrepuja qualquer limite, inclusive o medo e

risco da morte (CARVALHO, 2008).

Outrossim, pontue-se que o álcool é a droga de maior disponibilidade para

consumo, sendo de baixo custo de produção, independentemente da região geográfica.

Inclusive, a cada ano a produção de bebida aumenta no Brasil, que se destaca no

ranking mundial como o terceiro maior produtor de cerveja, com 10,5 bilhões de

litros/ano; e primeiro lugar na produção de destilados, com cerca de 1,5 bilhões de

litro/ano. O mercado de bebida é lucrativo, e trabalha nos meios de comunicação com a

propaganda massificada, direcionada especialmente ao público jovem (CARVALHO,

2008).

O álcool consumido em pequenas quantidades promove uma desinibição, mas

ao aumentar a concentração, o indivíduo passa a apresentar uma diminuição da

resposta aos estímulos, como: dificuldade à deambulação, fala pastosa, perda do

reflexo, entre outros. Em concentrações muito altas, ou seja, maiores do que 0.35

gramas /100 mililitros de álcool o indivíduo pode ficar comatoso ou até mesmo morrer

(DOMÊNICO, 2010).

A Tabela 1 apresenta o conteúdo de etanol de bebidas de consumo comum.

Tabela 01 - Bebidas de consumo comum e seu conteúdo de etanol1.

Tipos de bebidas Quantidade correspondente a 1 drinque padrão ou 15g de etanol

Cerveja (5% de etanol) 340 ml (1 garrafa de cerveja = aprox. 30g de álcool)

Destilados (conhaque, brandy, uísque, vodca, rum e cachaça) (40 a 65%).

43ml a 25 ml (dose = aprox. 15g de álcool)

Vinho de mesa (11% de etanol) 142ml (1 garrafa = 5,5 drinques = aprox.82g de álcool)

22

Vinhos fortificados (vermute, Sherry, Porto) (18% de etanol)

85ml (1 dose - aprox. 7,5g de álcool)

Fonte: LEITE (2011, p.3). *Entre parênteses, a apresentação para o consumo social habitual. 1 O alcoólatra pode ser definido como o consumidor regular de quatro drinques/dia (60g de álcool), nos últimos seis meses (Skinner et al.).

Explicam Moraes e Pilatti (2004) que o etanol no corpo humano é metabolizado

por oxidação, que em condições normais e em conformidade com peso da pessoa e

estado de saúde, podem ser queimados diariamente de 5 a 15 g de etanol.

Aproximadamente 90% da oxidação se processam no fígado. O corpo humano produz

de forma endógena do etanol em escala reduzida.

Segundo Moreira, Sena e Oliveira (2010) os efeitos agudos mais evidentes do

consumo do álcool ocorrem no SNC, como foi abordado. E, a grosso modo, ocorrem de

duas maneiras: comportamentais e sobre as funções psicomotoras e de coordenação.

Nesta diretriz, a Tabela 2, esquematiza, os efeitos do etanol nas respectivas

concentrações sanguíneas.

Tabela 02 - Efeitos do álcool em várias concentrações sanguíneas (Saunders)

Alcoolemia mg/100 mL (g%) Efeitos Clínicos

30 0,03 Sensação de bem-estar e relaxamento. Mais falante. Reações levemente mais lentas.

50 0,05 Euforia. Aumento da autoconfiança. Diminuição da atenção, do julgamento e das reações psicomotoras. Risco de acidentes.

75 0,075 Desinibição. Tagarelice. Aumento da perda de julgamento e coordenação. Náuseas.

100 0,10 Instabilidade emocional. Disposição briguenta. Diminuição do equilíbrio. Aparecimento da ataxia (passo cambaleante). Fala indistinta. Tontura. Desejo de dormir quando sozinho.

150 0,15 Confuso e desorientação. Apatia. Sonolência. Diminuição da sensibilidade dolorosa. Piora da ataxia.

200 0,20 Estupor. Inércia. Incapacidade de ficar e pé e andar. Vômitos. Incontinência.

300+ 0,30+ Coma. Anestesia. Hipotermia. Possibilidade de morte por paralisia respiratória, aspiração do vômito.

Fonte: MOREIRA; SENA; OLIVEIRA (2010, p.362). * Considerar que os efeitos são típicos daqueles experimentados pelos bebedores não tolerantes. Quando ocorre tolerância, os efeitos sobre o comportamento e a coordenação podem não ser vistos até que a alcoolemia esteja 4 vezes mais alta. Considerar também que disforia, apatia e náuseas são experimentadas geralmente com alcoolemias abaixo de 75 mg/100mL durante a curva descendente da alcoolemia.

23

Como sabido, embora consumido especialmente por sua ação estimulante, o

álcool é um depressor do SNC. Tal aparente contradição surge com doses moderadas e

resulta da depressão de neuro-mecanismos inibitórios. O córtex, por exemplo, que

apresenta função integradora, sob o efeito do álcool é liberado dessa função, resultando

em pensamento desorganizado e confuso, bem como em interrupção da operação

adequada do controle motor (MOREIRA; SENA; OLIVEIRA, 2010). Depois do córtex,

seguem regiões profundas mais acometidas pelo excesso de álcool, tais como: as

áreas envolvidas com a memória bem como o cerebelo, que é a parte responsável pela

coordenação motora (MAROT, 2008).

Ressalta Domênico que:

Os efeitos do álcool variam de intensidade de acordo com as características pessoais. Por exemplo, uma pessoa acostumada a consumir bebidas alcoólicas sentirá os efeitos do álcool com menor intensidade, quando comparada com uma outra pessoa que não está acostumada a beber. Um outro exemplo está relacionado a estrutura física; uma pessoa com uma estrutura física de grande porte (considerando altura, massa muscular e gordura) terá uma maior resistência aos efeitos do álcool. Outros fatores estão associados ao metabolismo do indivíduo, vulnerabilidade genética, estilo de vida e tempo em que o álcool é consumido. (DOMENICO, 2010, p.15).

No que tange aos acidentes de trânsito, a Associação Brasileira dos

Departamentos de Trânsito (ABDETRAN) divulgou que, em 1997, 61% dos acidentes

das vítimas de acidentes de trânsito tinham ingerido bebida alcoólica. Segundo

pesquisa da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET), dentre as

vítimas fatais de acidentes de trânsito em 2005, 96% apresentaram alcoolemia superior

a 0,6g/l, que é o atual limite permitido pelo Código Nacional de Trânsito (CNT)

(MENEGHEL; SANTOS; MARQUES, 2008).

Em âmbito mundial, diante dos acidentes de trânsito causados pelo álcool, em

1920 nos Estados Unidos entrou em vigor, a 18º Emenda Constitucional (EC),

denominada como “Lei seca”, promulgada durante o segundo mandato de Woodrow

Wilson, 28º presidente dos EUA. O objetivo principal da EC seria combater o alto índice

de criminalidade e de violência naquele país, a partir de então, qualquer forma de

restrição estatal, ainda que pontual ou mínima relativa à comercialização de bebida

alcoólica receberia tal apelido (COUTO, 2008 apud SOARES; SILVA, 2011).

24

Todavia, seu cumprimento foi burlado amplamente pelo contrabando e

fabricações clandestinas, contribuindo para o enriquecimento ilícito de gangues de

mafiosos, dos quais o mais conhecido foi Al Capone. A revogação de tal lei auxiliou na

recuperação da crise econômica que enfrentava os Estados Unidos no ano de 1929 e

contribuiu para o fim do período da Máfia Norte-Americana (COUTO, 2008 apud

SOARES; SILVA, 2011, p.19-20).

A Lei foi abolida em 1933, pela 21º Emenda à Constituição, durante o primeiro

mandato de Franklin Delano Roosevelt, que permaneceu ativa durante 13 anos, 11

meses e 24 dias (SOARES; SILVA, 2011, p.20).

Nesse sentido, no Brasil, com o objetivo de proibir o uso de bebidas alcoólicas na

condução de veículos e comercialização em vias federais, em 2008 foi promulgada a

Lei nº 11.705, também conhecida como “Lei Seca”, que alterou o CTB. O objetivo da lei

não é outro senão diminuir os acidentes de trânsito causados por motoristas

embriagados (SOARES; SILVA, 2011).

Com a vigência da Lei Seca brasileira o condutor que apresentar 2 decigramas

de álcool por litro de sangue ou 0,1 miligrama por litro de ar expelido no bafômetro,

receberá uma multa de R$ 957,70, com a perda da habilitação e apreensão do veículo.

Se for flagrado com 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou 0,3 miligrama por litro

de ar, o motorista responde criminalmente, sujeito a pena de até 3 anos de prisão, com

direito à fiança (JORNAL O ESTADÃO, 2010).

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve, por cinco votos a quatro, a

obrigatoriedade de realização do teste do bafômetro ou do exame de sangue para que

o motorista embriagado seja punido com prisão e processado criminalmente, rejeitando

a adoção de outros tipos de provas, como o exame clínico ou o depoimento de

testemunhas (MENDONÇA, 2012).

Com as mudanças inseridas com o CBT de 1998, os dados dos últimos anos

revelam que a melhora da segurança dos veículos e o incremento da fiscalização

eletrônica, não conseguiram reduzir a mortalidade por acidentes de trânsito.

Diferente dos países desenvolvidos, no Brasil, a quantidade de mortes

ocasionadas por acidentes de trânsito apresentou aumento de 2000 a 2007. Nesse

período, de acordo com os dados do SUS houve um aumento de 30% nas mortes.

25

No período de 1997 a 1999, as mortes ocasionadas por acidentes de transito

diminuíram, mas voltaram a crescer a partir de 2000, atingindo um aumento importante

em 2007, com 66.837 mortes, de acordo com os dados levantados do seguro DPVAT.

Esses dados colocam o Brasil entre os países com os maiores índices de morte no

trânsito no mundo, sendo que, no ano de 2007, em média foram 183 mortes por dia no

trânsito.

Em 2008 os índices nos acidentes fatais apresentaram queda, surtindo os efeitos

da Lei Seca, que enrijeceu as penas para os condutores que dirigirem embriagados;

queda esta que não seguiu a mesma tendência nas 8 maiores capitais do país - Rio de

Janeiro, Salvador, Fortaleza, Curitiba, Recife, Porto Alegre, Belo Horizonte e Distrito

Federal (FAVERO, 2011).

Foi realizada uma pesquisa na Universidade de Brasília (UnB) em parceria com o

Ministério da Saúde revelando que, logo após a Lei Seca, o número de acidentes de

transporte terrestre com vítimas fatais subiu 67,2% na cidade de Vitória, de julho de

2008 a junho de 2009. Superando todas as outras capitais do Brasil, incluindo o Distrito

Federal (FOLHA VITÓRIA, 2012).

Antes a taxa média de mortalidade era de 11,6 pessoas a cada 100 mil

habitantes, após a implantação da lei a taxa subiu para 19,3. O sexo masculino é

disparado o que mais registrou alta de mortes no período, com 91,8% a mais. No

período pós Lei Seca, a taxa de mortalidade subiu de 17,5% para 33,6% (FOLHA

VITÓRIA, 2012).

Ao contrário da capital, o Espírito Santo apresentou a quarta redução mais

significativa do País, no período logo após a implantação da Lei Seca, de acordo com a

pesquisa. A redução na quantidade de mortes foi de 19,6%. A taxa anterior à lei era de

52 mortes a cada 100 mil habitantes e caiu para 41,8 (FOLHA VITÓRIA, 2012).

Na atualidade, o Brasil encontra-se em quinto lugar no ranking mundial de países

recordistas em acidentes de trânsito (FAVERO, 2011).

O CTB precisa ser mudado, tanto que há previsão para o fim do limite de 6

decigramas por litro de álcool para a punição criminal. Nesse esquema, ingerir qualquer

quantidade de bebida tornar-se-ia crime, acabando com a necessidade de ser fazer o

26

exame para comprovar quantas doses o motorista tomou. A proposta é considerar a

presunção da culpa para quem se negar a fazer o bafômetro (MENDONÇA, 2012).

Vislumbra-se tal proposta, de modo a conferir maior eficácia à lei trazida a lume,

assim evitando-se acidentes e, em última instância, contemplando a incumbência do

estado de propiciar e garantir segurança à sociedade, que, gradativamente, vê-se

diante de abusos concernentes ao uso de álcool atrelado à direção.

2.5 Abordagem Histórica do Trânsito em Vitória/ES

As populações urbanas brasileiras, na atualidade, fizeram a opção pelo

transporte individual e agora sentem os efeitos nefastos de tal escolha, discutindo e,

aparentemente, procurando saídas que representem perdas menores do que aquelas

hoje sofridas com os congestionamentos diários (FREDERICO, NETTO, PEREIRA,

1997). Acrescentam Kilsztjan, Silva e Silva (2001) que as cidades de Goiânia, Brasília,

Belo Horizonte, Vitória, São Paulo, Florianópolis, Porto Alegre e Curitiba são apontadas

como cidades que apresentam elevado número de veículos.

A Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV) é composta de sete Municípios1, abriga atualmente 50% da população estadual e 80% da população urbana do Estado. Somente 20% da população permaneceu no meio rural, nesta primeira década do Séc. XXI, a população da RMGV é de 1,5 milhão de habitantes e do Espírito Santo está em 3 milhões de habitantes, segundo dados do IBGE/IPES (ESTRADA, 2005).

Da RMGV, o Município de Vitória é o mais adensado e com menor área territorial.

Sua densidade demográfica é de 3.279 hab/km2, essa dinâmica com concentração

populacional em Vitória e seu entorno também reflete as mudanças da base econômica

ocorridas no Estado do Espírito Santo (ESTRADA, 2005).

Ao longo do tempo, a ocupação do solo de Vitória foi sendo apropriada, pois este

Município foi o centro polarizador das atividades econômicas e políticas para o Estado

do Espírito Santo (VIEIRA et al., 2005).

1 1 Vitória (a capital do Estado), Vila Velha (por onde se iniciou a colonização portuguesa), Cariacica, Serra,

Viana, Guarapari (incorporado à RMGV em 1999, e o maior em extensão territorial) e Fundão (o mais recente, incorporado em junho de 2001) (CETURB-GV, 2006).

27

O congestionamento do sistema viário das grandes concentrações urbanas é

consequência do uso crescente dos veículos particulares para viagens pendulares,

principalmente do tipo casa-trabalho e casa-escola. A regularidade dos horários desses

tipos de viagens provoca a concentração das mesmas em determinadas faixas horárias

chamados de períodos ou horas de pico. A preferência dos indivíduos pelo automóvel é

derivada dos seus níveis de renda familiar, mas também é influenciada por fatores

associados ao nível de conforto e status gerados pelo uso de transporte próprio. O

aumento do número de veículos traz como consequência direta a piora no trânsito, além

de estresse para os motoristas, e acrescenta-se o uso do álcool, que tem causado

muitos acidentes com mortes.

2.6 O Impacto do Álcool no Trânsito e a "Lei Seca"

Os acidentes de trânsito são considerados importantes fatos da morbimortalidade

geral, e hoje são caracterizados como um verdadeiro problema de saúde pública em

muitos países, principalmente no Brasil. De um modo geral, estima-se que mais de 1,2

milhão de pessoas morrem anualmente no mundo e cerca de 50 milhões sofrem lesões,

sendo que de 15 a 20% dessas lesões apresentam sequelas diversas (ABREU; LIMA;

ALVES, 2006).

Segundo Malta et al. (2010) as causas externas constituem a terceira causa de

morte no país e, dentre elas, os Acidentes de Transporte Terrestre (ATT) como um dos

maiores causadores de mortes, sequelas e sofrimentos para as famílias e a sociedade.

Acrescenta-se o fato de que estas causas resultam em elevados custos sociais e

econômicos com grande impacto sobre os cofres públicos. Estudo do Instituto de

Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostrou que o custo total deste tipo de acidente

em áreas de aglomerados urbanos chega a 5,3 bilhões de reais por ano e de

aproximadamente 22 bilhões de reais em rodovias brasileiras (MALTA et al., 2010).

De acordo com projeções para o ano 2020 apontam que os acidentes de trânsito

poderão ocupar o terceiro lugar nas causas gerais de mortalidade mundial, sendo que

essa projeção só se concretizará se os países de baixa e média renda não adotarem

28

medidas necessárias a respeito, principalmente nos países em desenvolvimento

(ABREU; LIMA; ALVES, 2006).

Em 2005, no Brasil, a quantidade de mortes por acidentes de trânsito atingiu índices

significativos. No período de 1990 a 2005, o estudo demonstrou que houve um aumento

de 72% dos óbitos em municípios com menos de 100 mil habitantes. E no que concerne

à morbidade2, estima-se que 400.000 pessoas/ano sofreram algum tipo de ferimento

decorrente de acidentes de trânsito (ABREU; LIMA; ALVES, 2006).

Explicita Marín-Léon que:

Os acidentes de trânsito, além do impacto das perdas humanas, acarretam imensuráveis custos e impacto financeiro, e representa custos para o Estado. A análise de acidentes aponta o papel preponderante dos fatores humanos, sendo que as condições das vias de circulação, a visibilidade e os defeitos nos veículos contribuem em pequena proporção na ocorrência de acidentes. (MARÍN-LEON, 2003, p.4).

Segundo Abreu, Lima e Alves (2006) de acordo com as estatísticas do Instituto

de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em 2000, as perdas econômicas advindas dos

acidentes de trânsito situam-se entre 1 e 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional,

algo entre R$ 11,67 a 23,34 bilhões/ano.

Explicita-se que o consumo de bebidas alcoólicas se caracteriza como um dos

fatores principais pela alta incidência dos acidentes com vítimas.

O consumo de bebidas alcoólicas pode ser apontado como um dos principais fatores responsáveis pela alta incidência dos acidentes com vítimas. De uma maneira geral, em vários países, costuma-se considerar que entre metade e um quarto dos acidentes com vítimas fatais estão associados ao uso do álcool (ABREU; LIMA; ALVES, 2006, p.86).

Em âmbito geral, em muitos países, costuma-se considerar que entre metade e

um quarto dos acidentes com vítimas fatais estão associados ao consumo do álcool.

Apenas 1/3 das vítimas fatais nos acidentes de trânsito estavam embarcadas nos

veículos, portanto, cerca de 2/3 ocorreu por atropelamentos. Essas ocorrências alertam

por ocorrerem em número elevado e por atingirem uma população jovem, em grande

parte das vezes (ABREU; LIMA; ALVES, 2006).

2 Refere-se aos feridos muitas vezes graves e com sequelas. 3 Os acidentes de trânsito incluem atropelamentos e colisões.

29

Explicam Abreu et al. (2010) que em muitos países, estudos vêm apontando o

consumo de bebidas alcoólicas como sendo um dos principais fatores responsáveis

pela alta incidência dos acidentes com vítimas. O consumo de álcool no Brasil é

também apontado como um dos principais fatores causais de acidentes. Em

aproximadamente 70% dos acidentes de trânsito violentos com mortes, o álcool é o

principal responsável. Estudos vêm apontando essa relação, e pouco se têm estudado

no Brasil sobre a ocorrência do acidente e o nível de alcoolemia da vítima, no momento

do mesmo.

No Brasil, ao se comparar a relevância do impacto do álcool nos acidentes de

trânsito, aponta-se para uma significante subestimação e subnotificação em relação a

outros países com situação semelhante (ABREU et al., 2006).

30

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Ética

A presente pesquisa caracteriza-se por tratar-se de dados secundários obtidos

através de coleta indireta, não houve necessidade do projeto de pesquisa ser

submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, para atender à

Resolução 196/96 do CNS-MS, assim como não foi apresentado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) por ter as informações obtidas através de

documentos públicos do DETRAN/ES.

3.2 Tipo de Pesquisa

Realizou-se um estudo exploratório através de uma pesquisa de cunho

qualitativo que, segundo Minayo (2005), possibilita que o pesquisador se aprofunde no

mundo subjetivo das ações humanas e nos aspectos não perceptíveis ou captados por

medidas e equações estatísticas.

Esse método de investigação permite aproximar-se de uma gama de

informações (explícitas ou encobertas na vida cotidiana das pessoas), pois as ações

humanas estão baseadas em significados sociais e incorporadas por elas: intenções,

motivos, atitudes e crenças.

3.3 Universo

O presente estudo abrangeu o Estado do Espírito Santo, que possui uma

população de 292.304 e uma quantidade de veículos estimada em 1.400.000

automóveis de pequeno, médio e grande porte.

31

3.4 Sujeitos da Amostra

A amostra deu-se por conveniência quando lançou-se mão dos dados já

existentes no órgão oficial de trânsito do Estado, DETRAN/ES.

3.5 Instrumentos de Coleta de Dados

Constituiu-se de uma planilha com levantamento de dados referente ao número

de acidentes de trânsito com óbito em dois períodos, abrangendo os anos 2002 a 2012.

3.6 Plano para Coleta dos Dados

Na oportunidade, a coleta indireta foi realizada nas dependências do

Departamento de Trânsito do Espírito Santo (DETRAN), que concordou em colaborar

com a pesquisa.

3.7 Plano para Análise dos Dados

Os dados foram tratados e analisados com auxílio do Excel, para o tratamento

dos dados apurados. Quanto a parte qualitativa recorreu se a análise de conteúdo

pesquisado.

32

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

No período de 1997 a 1999, as mortes ocasionadas por acidentes de trânsito

diminuíram, mas voltaram a crescer a partir de 2000, atingindo um aumento importante

em 2007, com 66.837 mortes, de acordo com os dados levantados do seguro Danos

Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT).

Nos Estados brasileiros o quantitativo de óbitos em acidentes de trânsito cresceu

de 2000 a 2007, com aumento de 30% nas mortes nesse período. Esses dados

colocam o Brasil entre os países com os maiores índices de morte no trânsito no

mundo, ou seja, no ano de 2007, em média foram 183 mortes por dia no trânsito. Em

2008 o índice apresentou queda, influenciado pela vigência da Lei Seca, porém, veio de

encontro à política de segurança com a exoneração de Imposto de Produtos

Industrializados (IPI) facilitando o aumento da frota de carros nas cidades, elevando os

índices de acidentes.

Nesse perfil enquadra-se o Estado do Espírito Santo que também apresenta alto

índice de acidentes de trânsito com morte, tendo em vista que a Lei Seca no início de

sua vigência foi mais criteriosa em fiscalizar a embriaguez no trânsito e com o passar

dos tempos, o índice apresentou aumento.

Em 2008 os índices nos acidentes fatais apresentaram queda, surtindo efeito da

Lei Seca, que enrijeceu as penas para os condutores que estiverem dirigindo

embriagados.

No gráfico 1 tem-se os dados que se refere ao estudo realizado com o número

de acidentes de trânsito com óbito no período de vigência da medida restritiva de

consumo de bebida alcoólica (“Lei Seca”), abrangendo os anos 2008 a 2012. O estudo

envolveu um levantamento sobre a mortalidade por (ATT) ocorridos no Estado do

Espírito Santo.

33

Gráfico 1. Acidentes no Espírito Santo 2008 a 2012.

Fonte: DETRAN, 2012.

Verifica-se que no período houve um crescimento de 40%, e a tendência à

estabilidade do índice de mortos, entre 26 e 30 mortos por 100.000 habitantes.

No gráfico 2 tem-se os dados de acidentes com morte no período de 2008 a

2012 no Espírito.

Gráfico 2. Acidentes com morte no Espírito Santo de 2008 a 2012.

Fonte: DETRAN (2012).

34

Verifica-se que o número de acidentes fatais, no período de 2008 a 2012, no

Estado do Espírito Santo aumentou. O aumento foi de 9% do total de mortes em 2008

para 22% em 2012. De 2010 a 2012 o Estado apresentou elevados índices de

acidentes automobilístico com morte, com taxas de 6 ou mais vítimas em cada 100 mil

habitantes.

Explicita Bernardes (2013) que hoje o Estado está na sexta posição na taxa de

mortes no trânsito do País, perdendo para o Tocantins, Rondônia, Mato Grosso, Piauí e

Mato Grosso do Sul. Em 2001 o Espírito Santo ocupava a quinta posição, perdendo

para Roraima, Santa Catarina, Mato Grosso e Tocantins; uma década depois, caiu

apenas uma posição, ficando em sexto.

Entre os estados da região Sudeste, o Espírito Santo apresentou aumento de

35,1% de 2000 a 2010, seguido por São Paulo, com 16,2%. Nas taxas de óbitos, em

100 mil habitantes, o Espírito Santo apresentou 32,1%, Minas Gerais com 20,6%, São

Paulo, 16,8% e Rio de Janeiro (14,4) (FERREIRA, 2012).

Em 2001 o Espírito Santo em comparação aos demais Estados brasileiros,

registrou 848 mortes, com taxa de 26,9 óbitos por um grupo de 100 mil habitantes; em

2011, a taxa subiu para 32,7, o que representa 1.159 óbitos, ou seja, em 2011, a taxa

de óbitos em acidentes de veículos foi de 12,8/100 mil/hab. Acrescenta-se que o Estado

está na nona posição no ranking de mortes de pedestres (7,2/100 mil), a mesma

posição no de motociclistas (11,7/100 mil) (BERNARDO, 2013).

Ressalta-se que, a violência no trânsito no Espírito Santo é alarmante. Por

exemplo, o Estado de São Paulo, que tem a maior frota de automóveis do Brasil, as

taxas para acidentes envolvendo automóveis foram de 4,2 e de motocicletas, 5,6. O

Espírito Santo também se destaca por figurar entre os Estados com o maior número de

internações por acidentes de moto, que cresceram 366,1% em todo o País, entre 1998

e o ano de 2012. Esse foi o período de um equilibrado momento econômico no país,

aliado a busca de transportes alternativos para escapar do trânsito cada vez mais

caótico nas grandes cidades fizeram disparar as vendas de motocicletas no Brasil

(BERNARDO, 2013).

Segundo dados do Mapa da Violência 2013, ao se fazer um comparativo entre as

capitais brasileiras, entre os anos de 2001 e 2011, a cidade de Vitória apresentou queda

35

na taxa de mortes por acidentes de trânsito, para 21,6/100 mil. Mesmo com a queda no

período, em 2001, Vitória ocupava liderança no ranking, com taxa de 51,3 óbitos/100

mil. Após dez anos, a capital melhorou a posição no ranking, passando para oitava

posição; mas, o índice é ainda bem significativo, 36,6 óbitos/100 mil (BERNARDO,

2013).

Os acidentes que geralmente resultam em mortes acontecem em decorrência do

uso de álcool, cansaço, deficiências no uso de equipamentos de segurança – cinto de

segurança, no caso de motos a falta do capacete, desrespeito às leis de trânsito,

condução perigosa, entre outras causas (BERNARDES, 2013).

Como se pode observar nas Tabelas 3 e 4, houve uma queda nas mortes por

acidentes de trânsito no ano de 2008, após início da vigência da Lei Seca. Porém, já no

ano seguinte aumentou o número de morte, mesmo apresentando um número menor

que a média dos anos anteriores. Já a partir de 2010 esse número cresceu

exponencialmente.

Tabela 03 - Morbidade Hospitalar do SUS por Causas Externas - por local de internação - Espírito

Santo – 2002 – 2007

Morbidade Hospitalar do SUS por Causas Externas - por local de internação - Espirito Santo

Internações por Grupo de Causas

Grande Grup Causas: V01-V99 Acidentes de transporte

Período 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Grupo de Causas

V01-V99 Acidentes de transporte 1.980 1.883 1.851 2.727 2.206 2.200 Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).

Tabela 04 - Morbidade Hospitalar do SUS por Causas Externas - por local de internação - Espírito

Santo – 2008 – 2012

Morbidade Hospitalar do SUS por Causas Externas - por local de internação - Espírito Santo

Internações por Grupo de Causas

Grande Grup Causas: V01-V99 Acidentes de transporte

Período 2008 2009 2010 2011 2012

Grupo de Causas

V01-V99 Acidentes de transporte 1.609 1.949 3.638 4.474 4.312 Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).

36

O principal motivo causador de todos esses acidentes não é o consumo de

álcool, e sim é a alta velocidade. Porém, o uso desses dois motivos são mortais, não só

para motoristas, mas para pedestres e demais usuários das vias.

Além disso, os números mostram que não basta legislar se a população não se

atenta para o cumprimento da mesma. O costume brasileiro de sempre “dar um jeitinho”

corrobora com o não cumprimento das Leis, sem falar no desconhecimento e a

ineficiente educação no trânsito.

Se o objetivo da Lei Seca é diminuir os acidentes de trânsito causados por

motoristas embriagados (SOARES; SILVA, 2011), para a lei ser realmente eficaz no

combate a esses números, é preciso uma fiscalização mais eficaz. Inclusive, houve

redução considerável de acidentes nas regiões que tiveram uma ação mais eficaz na

fiscalização.

Esse crescimento apresentado pela Tabela 4 demonstra que é necessário ter

uma mudança na Lei Seca, no sentido de aumentar não só a fiscalização como

implantar punições maiores a quem dirige alcoolizado.

37

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O avanço tecnológico e econômico das últimas décadas contribuiu para o

aumento na frota de veículos. Com isso, aumentou também o número de acidentes de

trânsito. Esses passaram a ser considerados um problema de saúde pública, já que o

uso de álcool e direção foi tratado como um problema que requer políticas públicas.

Seja na educação no trânsito, na conscientização dos usuários das vias, seja em leis

mais eficazes, com punições pesadas.

Conforme literatura descrita, no Brasil o álcool é a droga mais utilizada e a que

traz maiores consequências ao indivíduo. No mundo, o álcool é um problema de saúde

pública, diante da alta prevalência do consumo de álcool da população, tanto jovem

quanto a adulta, envolvidas em acidentes e mortes no trânsito.

Nesse sentido, torna-se relevante mencionar que, mesmo que o abuso do álcool

esteja presente na própria sociedade, faz-se necessário desfazer os vários mitos que

envolvem essa questão, no sentido do tratamento e atendimento quanto à possibilidade

de implantação de uma legislação mais rígida e com capacidade de assegurar o

controle no trânsito.

Para que a Lei Seca possa ter condições de ser imediata na solução de

problemas que o país enfrenta, é imprescindível que a legislação vigente seja mais

rígida e efetiva perante as punições administrativas a infratores, submetendo-os às

devidas imposições de restrições ao direito de dirigir e com multas, reservando-se à

tutela penal apenas situações que exponham seres humanos a riscos reais, isto é, tão

somente quando estritamente necessário, uma vez que o Direito Penal é a ultima ratio.

Deve-se buscar identificar as reais condições que facilitam o consumo abusivo

do álcool sob o intento de superar as condições desfavoráveis ou de prejuízo para o

indivíduo. Outro fator preponderante é a questão do reconhecimento do início da

dependência do álcool e a busca pela identificação dos problemas relacionados ao

mesmo, a fim de prevenir que estes se tornem crônicos ou irreversíveis.

No Brasil, com esse problema, gasta-se no orçamento público mais de 22 bilhões

de reais anualmente, sendo que este dinheiro poderia ser empregado em outras

necessidades prioritárias para população como escolas, habitação, hospitais. Sob este

38

prisma, têm-se a prevenção do uso abusivo do álcool no trânsito, bem como medidas

da promoção/educação em saúde, como formas eficientes e capazes de possibilitar um

aumento da segurança no tráfego do país.

O consumo de álcool no trânsito envolve vários problemas e apresenta imediato

reflexo na sociedade, como a violência, as drogas, o aumento de atendimento em

hospitais e debilitação de pessoas que sofreram acidentes graves e que hoje não

podem retornar ao trabalho e ter uma vida considerada normal.

Pode-se observar que, mesmo que não seja perfeita ou completamente eficaz, a

Lei Seca vem contribuindo (dentro de suas limitações) para a redução de mortes no

trânsito, sendo decerto medida válida em face da problemática trazida à tona. Nesse

sentido, tem-se que a referida lei não deve permanecer inerte; deve, pelo contrário,

evoluir, sendo imperioso que se molde, adequando-se ao atual contexto social.

No entanto, para que o programa preventivo seja eficiente é relevante esclarecer

as origens sociais e pessoais a respeito do consumo de álcool. Deve-se esclarecer que

o alcoolismo é uma enfermidade crônica, incurável e em muitos casos fatal, embora

tratável. Nesse entendimento, deve-se retirar todo e qualquer conteúdo moralista do

consumo abusivo do álcool; afinal, o alcoolista não é um insensato, leviano ou

degenerado, mas um indivíduo que seguramente precisa de ajuda profissional, não

preconceito.

De acordo com a pesquisa levantada, observou-se que o Estado do Espírito

Santo apresentou aumento da taxa de mortalidade em acidentes de trânsito no período

de 2008 a 2012. O índice de mortes por acidentes com automóveis mostra como o risco

de óbito vem aumentando neste tipo de acidente; tanto que a taxa de mortes com

automóveis tem um crescimento progressivo, passando de 0,8 mortes a cada 100 mil

habitantes em 2008, para 4,6 em 2012.

Diante do quadro apresentado ações preventivas devem ser acentuadas, visando

promover uma maior vigilância de acidentes de trânsito, não apenas no Espírito Santo,

mas em âmbito nacional. O propósito é diminuir o número de mortes e lesões em

acidentes de transporte terrestre nos próximos dez anos, como adesão ao Plano da

Década de Ações para a Segurança no Trânsito 2011-2020, dada a recomendação da

Organização das Nações Unidas (ONU), com a coordenação da Organização Mundial

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da Saúde (OMS), bem como o Projeto Vida no Trânsito, com o objetivo de reduzir

lesões e óbitos no trânsito.

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