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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO
MAIARA PONDÉ QUEIROZ
REPRESENTAÇÕES SOBRE MEDO DE DIRIGIR POR MULHERES, EM SANTA MARIA DA VITÓRIA, BA.
MACEIÓ - AL
2013
MAIARA PONDÉ QUEIROZ
REPRESENTAÇÕES SOBRE MEDO DE DIRIGIR POR MULHERES, EM SANTA MARIA DA VITÓRIA, BA.
Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.
Orientador: Prof. Dr. Jorge Luís de Souza
Riscado
MACEIÓ – AL
2013
MAIARA PONDÉ QUEIROZ
REPRESENTAÇÕES SOBRE MEDO DE DIRIGIR POR MULHERES, EM SANTA
MARIA DA VITÓRIA, BA.
Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.
APROVADO EM ____/____/____
________________________________________________
PROF. DR. JORGE LUÍS DE SOUZA RISCADO
ORIENTADOR
________________________________________________
PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________
PROF. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA
BANCA EXAMINADORA
DEDICATÓRIA
Dedico em especial a Deus o meu maior mentor e incentivador; aos meus
pais, irmã e marido pelo amor, incentivo e apoio durante a realização desta
monografia.
AGRADECIMENTOS
A minha mãe, pelo seu colo e suas palavras de carinho nos momentos de
angústia e indecisão.
Ao meu pai, pelas palavras poéticas e encorajadoras durante minha vida e na
produção da monografia.
Ao meu marido, pelo apóio, compreensão e carinho.
A minha irmã pela injeção de ânimo nas horas mais difíceis.
Ao meu Orientador Prof. Dr. Jorge Luís de Souza Riscado, pela disponibilidade
constante e ensinamentos;
A todos e todas meus Colegas de Curso nessa empreitada;
Aos meus sujeitos de pesquisa que contribuíram para construção e
conhecimento. Sem Vocês o trabalho não existiria.
A Deus e meus amigos de luz por sempre estarem ao meu lado jorrando luzes
de calma e coragem nos momentos de dificuldades.
“Mesmo quando tudo pede
um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para
Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço
hora vou na valsa.
A vida é tão rara (...)
Será que o tempo que
lhe falta pra perceber. Será que temos esse
tempo pra perder. E quem quer saber
A vida é tão rara (tão rara)”
(Paciência, Lenine e Dudu Falcão)
RESUMO
O medo orienta o ser humano para que perceba quais são os seus limites físicos e emocionais frente ao perigo, mas em excesso, o medo pode vir a prejudicar e incapacitar o indivíduo em vários momentos de sua vida, como no momento de dirigir um veículo. Dentre as pessoas mais atingidas com o medo de dirigir em maioria estão às mulheres. Objetivou-se identificar as representações do medo de dirigir em mulheres no município de Santa Maria da Vitória, e os sentidos dados aos fatores psicológicos, emocionais e sócio-culturais envolvidos que impactam o medo de dirigir. A pesquisa realizada teve caráter qualitativo. Participaram do estudo seis mulheres que apresentam medo para dirigir, sendo coletados depoimentos através de um roteiro de entrevista realizados em uma Clínica de Psicologia do Trânsito na cidade de Santa Maria da Vitória-Ba. Verificou-se que as reais causas do medo de dirigir em mulheres estão de fato ligadas a forma como são educadas no meu intrafamiliar, a maneira como lindam com determinadas situações, como morte de um ente querido por acidente de carro, e outros fatores que também podem ocasionar o medo. Plavras-chave: Mulheres; Trânsito; Medo de Dirigir.
ABSTRACT
Fear guides the human being so he can realize which are your physical and emotional limits when facing danger; but if it is too much, this fear can harm and unable anybody in so many moments of your life, just as in the moment to drive a vehicle. Among the most reached people by this fear, the biggest part of them is composed by women. Therefore, the objective of this study was to identify the probable reasons that may cause fear of driving for women in the city of Santa Maria da Vitória, by verifying what psychological, emotional and socio-cultural facts are involved in this cause. The held research has qualitative disposition. Six women who are frightened by driving were interviewed following a script made in a Transit Psychological Clinic in the city of Santa Maria da Vitória – BA. It was verified that the real causes for fear of driving in those women are, indeed, connected to the way how they were educated in their “inside house system”, the way how they deal with certain situations - like death of a loved one by car accident – between other facts that may entail the panic. Keywords: Women; Transit; Fear of Driving.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................13
2.1 Pequeno Histórico da Psicologia do Trânsito No Brasil ................................ 13
2.2 Diferença entre Medo e Fobia .......................................................................... 15
2.3 Medo de Dirigir e sua Etiologia ........................................................................ 19
2.4 Porque as Mulheres São as mais Atingidas com o Medo de Dirigir? ........... 22
3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 26
3.1 Ética .................................................................................................................... 26
3.2 Tipo de Pesquisa ............................................................................................... 26
3.3 Universo ............................................................................................................. 26
3.4 Sujeitos da Amostra .......................................................................................... 26
3.5 Instrumentos de Coleta de Dados ................................................................... 27
3.6. Plano para Coleta dos Dados .......................................................................... 27
3.7. Plano para a Análise dos Dados ..................................................................... 27
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 28
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 32
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 34
APÊNDICE ............................................................................................................... 36
ANEXOS ................................................................................................................... 37
10
1. INTRODUÇÃO
O ato de movimentar um veículo automotor exige do indivíduo vários tipos de
comportamentos, o que podem ocasionar diversas emoções, uma delas seria o
medo ao dirigir.
Ao pensarmos a questão do medo este é considerado uma emoção que
protege o ser humano de vários perigos externos, mas se é sentido de forma
exacerbada, pode causar sofrimento e prejuízos psicológicos, físicos e emocionais.
Muitas pessoas sentem medo e não sabem qual motivo deste sentimento, podendo
está relacionada a diversos fatores e um deles seria o histórico-cultural.
O medo de dirigir afeta homens e mulheres, mas um número ainda maior de
mulheres cerca de 85% como apontou Belina (2003) em sua pesquisa.
Riscado (2012) aponta dentro da perspectiva hegemônica do gênero
masculino, que ser homem é ser viril, não sentir dor, não aceitar medo, enfrentar
desafios, ser impetuoso, e outras representações identitárias que irão colocar o
homem numa esfera patriarcal, de poderio, supremacia diante de outros
contingentes, sejam as masculinidades alternativas, seja diante da feminilidade.
Para a mulher cabe tornar-se um ser mais subserviente, submisso, isto quer
dizer, que a feminidade passa pela docilidade, do recato e outras. Segundo Riscado
(2012) a questão da hegemonia de gênero masculino e feminino é construída sócio-
culturalmente e esses valores atribuídos irão nortear comportamentos expressivos
tantos para os homens quanto para as mulheres.
O Movimento Feminista desde 1960 vem tentando paulatinamente quebrar
essa hegemonia que engessa e empalha os seres humanos.
As mulheres saíram para o mercado de trabalho enquanto movimento de
emancipação e assim, outros movimentos emancipatórios foram acontecendo, mas
que concomitantemente passaram a exigir da mulher posicionamentos para dar
conta de jornadas de trabalho, como por exemplo, dirigir veículos automotores que
contribuem para as locomoções rápidas, domésticas.
Sendo assim, as mulheres de hoje deram um grande salto em relação às da
geração de suas mães. Se antes o homem era o chefe da casa, os únicos a dar as
ordens, hoje às mulheres têm que dar conta de dupla, tripla, várias jornada ao
mesmo tempo como desempenhar o papel de mãe, esposa, excelente profissional e
ainda dirigir.
11
Dentre as pessoas mais atingidas com o medo de dirigir em maioria estão às
mulheres. Por isso a importância de procurar, pesquisar e entender por que as
mulheres são as mais atingidas com o medo de dirigir, pois hoje com a entrada em
massa das mesmas no mercado de trabalho juntos aos vários papéis assumidos, de
mãe, esposa, dona de casa e profissional, dirigir seria uma forma de conquistar
independência e autonomia nestes vários setores da vida. Para algumas mulheres
dirigir é um ato rotineiro e fácil, para outras, mesmo aquelas bem sucedidas
profissionalmente, o ato de dirigir é uma tarefa árdua que causa um grande
sofrimento psicológico e emocional.
O objeto de nosso estudo se pauta pelas representações sobre dirigir veículos
automotores, por mulheres.
Com esse objeto, pretende-se focalizar a dimensão simbólica das falas e das
ações desses sujeitos para que se possa não só melhor atuar junto a eles, mas
também – como base nessa dimensão – subsidiar ações com e para mulheres em
geral, voltadas para a promoção da direção/pilotagem saudável, em geral, e a
prevenção do estresse, em específico.
As representações estão sendo entendidas neste estudo a partir de uma
dimensão socioantropológica, baseando-se nos conceitos de Laplantine (2001) e de
Sperber (2001).
Para o primeiro autor, a representação é um saber do senso comum, mediado
entre a instância individual e a social. Para ele a representação:
“é o encontro de uma experiência individual e de modelos sociais, num modo de apreensão particular do real, o da imagem-crença. Trata-se de um saber que os indivíduos de uma dada sociedade ou de um grupo social constroem acerca de um segmento de sua existência ou de toda sua existência. É uma interpretação que se organiza em proximal relação com o social e que se é concebida para aqueles que a elas colam, a própria realidade” (LAPLANTINE, 2001, p. 241).
Já Sperber (2001)observa que:
“Toda representação coloca em jogo uma relação entre, no mínimo, três termos: a própria representação, seu conteúdo e um usuário (...) pode-se acrescentar um quarto: o produtor da representação, quando é distinto do usuário” (SPERBER: 2001).
12
Segundo esse autor, as representações são muito mais dinâmicas do que
estáticas, uma vez que “tendem a ser transformadas, mais do que reproduzidas
exatamente, cada vez que são transmitidas” (SPERBER, 1001).
Assim, de acordo com o autor acima, representar é uma ação que engloba
parafrasear, traduzir, resumir, envolver, significando um ato de interpretar.
Portanto, a representação nesse estudo vai se configurar como um sentido
atribuído ao ato de dirigir um veículo automotor pela experiência, a vivência do
sujeito e a importação dada de ideações, estabelecidas, forjadas na realidade social.
A justificativa da presente investigação dá-se pelo ineditismo do estudo em
nosso município, considerando a pertinência pela possibilidade de se repensar a
questão hegemônica do gênero feminino e sua emancipação e, a relevância que traz
às mulheres enquanto desafios possíveis a serem enfrentados.
Portanto, o presente trabalho visa identificar as representações sobre o dirigir
veículos automotores por mulheres, no município de Santa Maria da Vitória
pesquisando quais fatores psicológicos, emocionais e socioculturais envolvidos que
causam o medo de dirigir.
13
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Pequeno Histórico da Psicologia do Trânsito No Brasil
A Psicologia do Trânsito teve seu início em meados do século XX, mais
precisamente em 1910, e teve como precursor Hugo Münsterber o primeiro
psicólogo a submeter motoristas dos bondes de Nova York a uma bateria de testes
de habilidades e de inteligência (HOFFMAN,CRUZ & ROZESTRATEN 2011).
Porém, foi no começo da década de 1960 que a psicologia do trânsito tomou grande
impulso em seu desenvolvimento.
No Brasil alguns fatos foram decisivos na consolidação da psicologia do
trânsito, como a criação de instituições de seleção e treinamento industrial e de
trânsito, entre as quais se destacam: o Laboratório de Psicotécnica na Estrada de
Ferro de Sorocabana; o Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT), e o
Centro Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional (CFESP) e o Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial (SENAI), todos sob direção de Roberto Mangue,
considerado o precursor da Psicologia de Trânsito no Brasil, conforme afirmam
Hoffman e Cruz (2011). Outro fato marcante foi a contratação pelo diretor do
DETRAN-RJ de psicólogos com a finalidade de estudar o comportamento dos
condutores, com intuito de conhecer as causas humanas que provavelmente
estavam envolvidas nas causas de acidentes. Posteriormente, o DETRAN-MG,
contratou a professora Alice Mira Lopez para prestar assessoria e treinar seus
psicólogos na área de psicologia do trânsito (ROZESTRATEN, 1983).
A Partir disso tudo, a psicologia passou a ser definida como uma área da
psicologia que investiga os comportamentos humanos no trânsito, os fatores
processos internos e externos, conscientes e inconscientes, que os provocam ou os
alteram (CFP, 2000, p.10).
Lemes (2011) em seu artigo “Trânsito e Comunidade: Um estudo prospectivo
na busca pela redução de acidentes” destaca que o comportamento no trânsito vem
de uma herança cultural de um povo, sendo os costumes do dia-a-dia
compartilhados e transmitidos de geração para a outra, o que diferencia os seres
humanos das outras espécies. Concomitantemente este grande complexo cultural
trânsito é o acolhedor de grande quantidade de comportamentos advindos à
situação ambiente físico e relacional, ao meio de transporte e aos objetivos de
14
deslocamento. Desta forma, como resultados deste complexo cultural estão às
manifestações de comportamentos inadequados, desagradáveis, destrutivos (auto e
hetero) e estressantes.
Podemos, então, perceber que os problemas do trânsito são em geral de
ordem comportamental. É através das regras deste típico sistema chamado trânsito
que se tenta controlar o comportamento. Baum (1999 apud LEMES, 2011, p.106)
explica que a criança pode obedecer algumas regras de sua cultura sem que seja
explicitamente instruída a fazê-lo. Todavia, o comportamento no trânsito é também
controlado por regras legais do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), portarias e
resoluções baixadas pelo Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN).
Segundo Viecili (2011) ao transitar o indivíduo se expõe a várias situações as
quais podem ou não levar a uma resolução, como: deve-se reduzir, acelerar ou parar
frente a uma sinaleira; se o espaço entre dois carros é suficiente para atravessar a
via; se o pedestre deve esperar ou correr; entre outros. Porém, essas situações
enfrentadas no ato de transitar despertam certo nível de ansiedade que varia de
acordo a cada indivíduo, em virtude de um sentimento de perigo despertado pelas
circunstâncias da via, do carro ou do próprio homem. Ao mesmo tempo a ansiedade
serve de alerta, ou seja, uma função preventiva e uma função expositiva frente à
situação no trânsito.
O trânsito sofre influência de três elementos: a via, o veículo e o homem, um
agindo sobre o outro e influenciando o comportamento do homem. Entretanto, a
reação do homem se dá de forma indireta, ao dirigir um veículo, através deste, se
adaptar às exigências da via e do sistema de trânsito (ROZESTRATEN,1988)
Viecili (2011, p.279) também coloca que: “O ato de dirigir exige que o
motorista esteja pleno em seus estados psíquicos e biológico, bem com tenha
conhecimento sobre os fenômenos envolvidos no trânsito”.
Por fim, o convívio no dia a dia com os riscos de vida fez com que as pessoas
ficassem mais alertas na identificação do perigo e ter mais chances de
sobrevivência. Porém, fazem parte da herança humana comportamentos de
antecipação, preocupação constante com a integridade física; como se a
preservação dependesse desse estado de constante alerta. Essa herança somada
com as mudanças rápidas e com as alterações dos valores culturais ocasiona no
indivíduo novos conflitos, ansiedade e por consequência o medo, os quais podem
por em risco o bem-estar do homem (VIECILI, 2011).
15
2.2 Diferença entre Medo e Fobia
O medo é a mais antiga das emoções humanas, faz parte de nossa história,
desde primórdios da civilização humana. Pode-se observar que ao longo de nossa
história o objeto do medo vai mudando, um exemplo era o medo que os primeiros
navegantes tinham ao atravessarem o atlântico e caírem fora do mundo, no espaço
vazio (pensavam que a terra era plana). Hoje em dia os medos são outros, mas
nunca deixaremos de tê-los, pois é algo inato e é por causa dele que os seres
humanos sobreviveram até os dias de hoje. É importante também ressaltar, que o
tipo de medo que desenvolvemos depende muito do meio em que vivemos, a forma
como absorvemos este meio (TESSARI, 2008).
Somos todos frutos de uma educação familiar e do meio ao qual estamos
inseridos (costumes, regras sociais e culturais), e são os pais a nossa primeira
ligação com o mundo externo: a maneira como nos educam, como se comportam, os
valores que nos transmitem, são determinantes no que seremos em nossa vida
adulta. Geralmente, tudo que os pais dizem é absorvido pelas crianças,
principalmente os medos. Incutem uma série de medos sem sentido, na maioria das
vezes, como forma de “educar” ou de “subjugar” e sem perceber estão colaborando
para o desenvolvimento de personalidade insegura em seus filhos, o que poderá
ocasionar uma auto-estima baixa, o que poderá levar na criação e manutenção dos
medos.
Tessari (2008) afirma:
“O caráter e o destino de uma pessoa são determinados pela somatória de todas as suas experiências de vida, de como ela as encara e de como lida com elas. Não importa se as experiências são boas ou ruins em sua essência, até porque bom ou ruim é algo muito relativo e subjetivo, dependendo de quem as vive e de quem as analisa ou avalia; na verdade o que determina o curso de nossas vidas e os nossos medos é a forma como vivemos, absorvemos e encaramos as nossas experiências” (p. 35).
Todos os seres humanos sentem medo, é uma sensação desagradável e
incômoda. O medo é uma espécie de proteção, um sinal de alerta diante de
situações novas ou perigosas. A pessoa que não sente medo, totalmente destemida,
não é saudável emocionalmente.
Segundo Pastore (2008), o medo tem como função orientar o ser humano
para que perceba e sinta que não é onipotente, nem tudo pode e nem tudo é
16
possível, respeitando os seus limites físicos e emocionais. Mas se ultrapassar o
limite haverá os sentimentos de que algo perigoso poderá acontecer e que se foi
longe demais.
É comum no ser humano, ao sentir medo, fugir para evitar sofrimento,
tomando atitude que não tem nada a ver com nosso instinto de sobrevivência e
desejos. Ao fugir do medo, tomamos uma atitude de autoproteção, quem é que
gosta de sentir medo? Queremos mesmo é evitá-lo. Um exemplo de comportamento
de evitar a situação que causa medo seria quando uma pessoa ao dirigir um carro
provoca um acidente com vítimas fatais, ela, então, passa a evitar a qualquer custo o
contato com o carro, pois imagina que tudo pode voltar a ocorrer. Outro exemplo
seria um incêndio em um prédio, podemos observar que muitas pessoas se atiram
pela janela e acabam morrendo por causa da queda e não do fogo em si. A atitude
de se atirarem foi devido ao desespero para fugirem do fogo que poderia queimá-
las. Embora, seria mais racional a espera por socorro. Estes são exemplos de como
o ser humano reage diante do medo... não pensa, não raciocina, agindo tão somente
em função daquilo que imaginou e não realmente do que está acontecendo.
Podemos aqui concordar que o medo paralisa o processo de racionalização do ser
humano, interferindo no funcionamento fisiológico do corpo humano. Por isso, ao
sentirmos medo não conseguimos raciocinar de forma adequada, pelo fato de nossa
imaginação ser muito fértil, criando historias absurdas, ocasionando também
comportamentos absurdos.
Em definição ao medo, Graeff (1989) o classifica como respostas
comportamentais e neurovegetativas que advertem da ocorrência de algum perigo
ou ameaça (agressor ou um estímulo ambiental aversivo) que possa causar danos
psicofisiológicos.
Apreensão, medo, angústia, fobia, terror, pavor, pânico, embora designem
situações parecidas e com vários pontos em comum, não são sinônimas. Muitas
vezes, esses pontos em comum tornam difícil distingui-las. Medo ou temor é um
sentimento ou preocupação que deriva de qualquer perigo real, bem localizado; a
apreensão seria o estágio inicial do medo, com menor intensidade; o terror é uma
reação diante de um perigo generalizado, não localizado e mais intenso que o medo,
com importante componente interior; já o pavor ou estupor seria o terror com
componente paralisante: o indivíduo tenderia à inação e não à fuga, uma pessoa
“petrificada de medo”; pânico a rigor designaria o terror compartilhado por uma
17
multidão, só que recentemente, vem sendo empregado para caracterizar uma
reação individual de ansiedade generalizada e aguda: síndrome do pânico. Ao
contrário dos outros, a ansiedade, a angústia e a fobia, estes três estados não
guardam necessariamente relação com o perigo real externo, sendo acima de tudo
uma expressão de conflitos interiores, na maioria das vezes inconscientes, embora
guardem pontos em comum, tanto no significado quanto nas reações que provocam
(SILVA, 2000).
O autor acima citado define ansiedade como “a sensação, às vezes vaga, de
que algo desagradável está para acontecer”. Abrange um conjunto de sintomas,
como “tensão”, e “nervosismo”, e do ponto de vista físico, tremores nas mãos, “frio
na boca do estômago”, e nos casos mais intensos, desarranjos intestinais e
urinários. Ocorrendo em situações como, primeiro encontro com alguém por quem
nos apaixonamos ou espera de uma bronca dos pais, ao apresentar um seminário, e
inúmeras outras situações semelhantes, a ansiedade não é doença e nem chega a
prejudicar, neste sentido ajuda a pessoa a enfrentar dificuldades na vida. Ela
prepara o organismo para enfrentar situações sentidas como de perigo, seja ele real
ou imaginário. Mesmo resultando primordialmente de conflitos interiores, a
ansiedade é até certo ponto útil e não nociva. Passa a sê-lo quando, em vez de
auxiliar o desempenho do indivíduo, começa a prejudicá-lo. Com relação à angústia,
quer dizer estreitamento, aperto. Quando nos sentimos angustiados temos a
sensação de aperto no peito e, às vezes, de dificuldade respiratória. A angústia seria
o componente físico da ansiedade e estaria de mãos dadas com esta e com o medo
e com o estresse. Relacionar angústia com medo e com sensações físicas que ele
provoca parece-me, no entanto, o melhor caminho. Seria considerá-la como uma dor
psíquica, decorrente de um medo de perda de algo nem sempre claramente
localizado. Como em toda dor, é claro que existiria um limite de resistência do
organismo a ela. Seria o ego – sua maior ou menor fragilidade – que se
desintegraria em face de uma angústia insuportável. Para evitar essa desintegração
consistiria em voltar - de forma inconsciente – a energia dessa dor contra o próprio
corpo, gerando o sintoma físico ou a doença orgânica. Com relação a fobia ela é
definida como um medo exagerado e desproporcional de perigos reais externos ou
de situações que não são sentidas como ameaçadoras por pessoas “normais”. Há
dois tipos de fobia, a fobia “normal”, ou simples, como o medo da morte, da solidão,
de doenças, cobras etc. E as fobias ditas específicas, que englobaria o medo
18
exagerado diante de situações que habitualmente não inspiram temor na maioria
das pessoas, como a agorafobia, que consiste no receio exagerado de estar só na
rua ou ao ar livre em grandes espaços; medo exagerado de animais pequenos etc.
Embora haja o fator externo, contudo, a fobia sempre estará ligada a um conflito
interior, e o tão mencionado fator externo será apenas o estímulo que desencadeia o
medo.
A fobia, dentro dos critérios de diagnósticos do DSM-IV (Manual Diagnostico e
Estatístico de Transtornos Mentais, 1984), é classificada como um medo excessivo,
persistente e irracional, como por exemplo medo de altura, ver sangue, voar e dirigir.
É comum diante da situação fóbica haver uma certa evitação, ou então, suportada
com intensa ansiedade e sofrimento. Os sintomas característicos são: taquicardia,
sudorese, tremores, tonturas, vertigem ou desmaio, mal estar gástrico, calafrios,
dificuldade psicomotora, vontade de sair correndo e outros.
De acordo com Caló (2005) a fobia de dirigir, é caracterizada como uma
ansiedade ou medo intenso com reações físicas como tremores, sudorese, dores
nos braços e pernas, taquicardia e boca seca. Ele exemplifica todos estes sintomas
diante da possibilidade ou do ato dirigir. E depois de uma ou mais experiências
como estas, a tendência é da pessoa se esquivar de vez.
Corassa (2000) define a fobia como um medo acentuado, desmedido na
previsão ou na presença de um objeto, ou também, situação que causa ansiedade,
onde está atinja um grau elevadíssimo, no caso de dirigir um automóvel ou só de
pensar em chegar perto dele. Evitar ao máximo deparar com a situação ou com o
objeto que lhe causa ansiedade em grau tão elevado é uma característica dos
fóbicos. Eles preferem subir escadas a andar de elevador ou fazer longas viagens
de ônibus ou de carro para não entrar num avião. Com relação a dirigir um carro, o
que atormenta um fóbico na direção é a fobia social, que corresponde o medo da
desaprovação do outro, ao medo de errar.
Falcone (1995) destaca a diferença entre fobia e ansiedade, como sendo
quantitativa, ou seja, depende do tempo de duração do episódio de ansiedade, do
nível de intensidade e da frequência em que esta ocorre, do nível em que o
comportamento de esquiva é precipitado pela a ansiedade e de como a pessoa
avalia o seu estado de ansiedade.
Portanto, a diferença entre ansiedade, medo e fobia de dirigir, estaria
relacionada ao estado psicofisiológico de apreensão da pessoa. Na ansiedade a
19
pessoa começa a ficar apreensiva antes mesmo de dirigir, um dia antes talvez. Já no
medo, o estado de apreensão é aumentado e estaria relacionado ao medo de dirigir.
Na fobia, o estado é mais elevado, intenso, podendo até mesmo atrapalhar a pessoa
ao dirigir, ou evitar em fazê-lo.
2.3 - Medo de Dirigir e sua Etiologia
Fobia de dirigir é um problema pessoal e social grave, com várias
consequências, incluindo a repercussão da carreira, constrangimento social e
restrições. No tratamento da doença, existem algumas evidências das vantagens da
Vret antes da aplicação in vivo, terapia de exposição porque ele pode funcionar
como um meio alternativo para induzir a exposição. Esta idéia é apoiada por alguns
estudos em que foram utilizadas medidas fisiológicas para avaliar a eficácia do
senso de presença (ALPERS et al, 2005;. JANG et al, 2002;.. WALSHE et al,
2003). Nesses estudos, o pós-tratamento mostraram reduções nessas medidas,
sugerindo que Vret tem um efeito direto de habituação (COSTA;
CARVALHO;NARDI, 2010).
Um crescente número de pesquisas têm surgido sobre a aplicação da Terapia
de Exposição por Realidade Virtual (VRET, em inglês) para transtornos ansiosos. O
objetivo deste estudo foi revisar algumas evidências que apoiam a eficácia da VRET
para tratar fobia de dirigir. Os estudos foram identificados por meio de buscas
computadorizadas (PubMed/Medline, Web of Science e Scielo databases) no
período de 1984 a 2007.Alguns achados são promissores. Índices de
ansiedade/evitação caíram entre o início e o fim do tratamento. VRET poderia ser
um primeiro passo no tratamento da fobia de dirigir, uma vez que pode facilitar a
exposição ao vivo, evitando-se os riscos e elevados custos dessa exposição.
Entretanto, mais estudos clínicos randomizados/controlados são necessários para
comprovar sua eficácia (COSTA; CARVALHO; NARDI, 2010).
Dirigir é uma habilidade que muitas vezes facilita a manutenção da
independência e mobilidade, e possibilita o contato com uma grande variedade de
atividades importantes (TAYLOR, DEANE & PODD, 2002). Fobia de dirigir é uma
questão social e pessoal sério. Esta evitação, medo relacionado tem consequências
graves, como a restrição da liberdade, deficiências de carreira e constrangimento
20
social (KU, JANG, LEE, LEE, KIM & KIM, 2002 apud COSTA; CARVALHO; NARDI,
2010).
Dirigindo fobia é definida como uma fobia, tipo situacional específico, no
DSM-IV (APA, 1994). É caracterizada por medo intenso e persistente de condução,
o qual aumenta à medida que o indivíduo se antecipa, ou é exposta a estímulos de
condução. As pessoas com fobia de dirigir reconhecem que seus medos são
excessivas ou irracionais. No entanto, eles são incapazes de conduzir ou tolerar
condução com angústia considerável (WALD & TAYLOR, 2000). Dirigindo fobia
normalmente não diminuir ou se torna-se espontaneamente sem tratamento
assintomática e pode tornar-se crónica (MAYOU, TYNDEL & BRYANT, 1997;
TAYLOR & DEANE, 1999; WALD & TAYLOR, 2003). Esta fobia específica
tipicamente ocorre em fêmeas adultas jovens a média (EHLERS, HOFMANN,
HERDA & ROTH, 1994; TAYLOR & DEANE, 1999 apud COSTA; CARVALHO;
NARDI, 2010).
A maioria dos pontos de pesquisa para transtorno de estresse pós-traumático
(normalmente relacionado a envolvimento em acidentes de veículos a motor),
transtorno do pânico, agorafobia, ou como os transtornos psiquiátricos mais
comumente associados com a condução fobia (TAYLOR & DEANE, 1999; TAYLOR
& DEANE, 2000) .Ehlers et ai. (1994) e Herda, Ehlers e Roth (1993) acrescentam a
fobia social como um fator que contribui de medo de dirigir (apud COSTA;
CARVALHO; NARDI, 2010).
As pessoas com medo de dirigir, muitas vezes envolver-se em
comportamentos de segurança inadequadas, numa tentativa de se proteger dos
perigos imprevisíveis durante a condução (ANTONY, CRASKE & BARLOW, 1995;
TAYLOR, DEANE & PODD, 2007). Cerca de um quinto dos sobreviventes de
acidentes de desenvolver reação de estresse agudo, fora deste subgrupo, 10%
passam a desenvolver um transtorno de humor, 20% de desenvolver ansiedade
fóbica de viagem e 11% desenvolvem o transtorno de estresse pós-traumático
(MAYOU et al, 1997 apud COSTA, CARVALHO, NARDI, 2010).
O medo de dirigir, de acordo com Pastore (2008), tem sua origem na história
de vida de cada pessoa, na sua particularidade. Se no decorrer de sua vida o
indivíduo passou por algum acidente automobilístico, e não teve apoio adequado de
sua família ou também do instrutor, poderá desencadear o medo de dirigir. Se logo
no início do aprendizado, como andar pela primeira vez, escrever, ler ou nadar, não
21
se sentiu amparado, pode gerar dificuldade, sentimento de inferioridade, criando de
fato uma certa resistência para outros tipos de aprendizagens, inclusive, dirigir um
automóvel.
De acordo com a autora acima citada, é comum nas famílias, escolas,
sociedade em geral, haver certo desmerecimento em relação ao medo, como se
fosse algo sem muita importância. Não se comenta muito sobre o medo e quando é
sentido, causa certa estranheza, tanto para quem sente, quanto para os que estão
ao redor, sendo percebido como algo proibido do qual não se pode nem comentar.
As meninas, delicadas, sensíveis, brincam de boneca e têm de ser as “belas”. Os
meninos sempre acostumados a brincar de carrinho, têm de demonstrar serem os
“fortes”. Por esses motivos, nossos medos não são bem compreendidos. Esses
construtos sociais, em Berger & Luckmann (1985) apontam a socialização primária e
secundária como responsáveis pela construção social da realidade, conforme
Riscado (2012).
A angústia é bem colocada na psicanálise de Freud, onde o homem é
angústia; a angústia leva-nos a repensar, a entrar em contato com a realidade e
aproxima o ser humano de si mesmo; se acabamos com a angústia, acabamos com
o medo. Somos seres onipotentes diante do medo, porque aprendemos a ser assim,
a reprimir o medo para não nos deparamos com a realidade. Mas realidade mesmo,
é que o medo é humano, e diante de algumas situações ele aparece, e às vezes é
preciso entrar em contato para sabermos sua origem e como enfrentá-lo.
Alguns estudos realizados (CORASSA 2000; BELINA 2005; TESSARI 2005)
sobre o perfil das pessoas que apresentam medo de dirigir ou fobia, são pessoas
organizadas, detalhistas, sensíveis, inteligentes, extremamente responsáveis,
exigentes em demasia consigo e com os outros, ansiosas, têm medo de errar e
preocupam-se com problemas alheios. Quando são criticadas sentem-se irritadas e
ressentidas, não admitem errar e se ocorrer desistem de tentar. São pessoas que
possuem uma imagem distinta de si e de seu potencial, sentem se inseguras e
incapaz de dirigir mesmo tendo realizado em suas vidas tarefas mais complexas. Ao
dirigir, se ainda dirigem, sempre observam as falhas dos outros, como esquecer de
acionar a seta para mudar de faixa. Sempre preocupadas, principalmente as
mulheres, se estão atrapalhando o trânsito, atentas sempre a buzina dos outros
carros, achando que estão fazendo algo de errado. Com tanta exigência,
preocupação em errar, deixar falhar o carro na hora de subir uma ladeira, não
22
conseguir estacionar, tirar o carro da garagem, medo de atropelar alguém, tudo isso
faz com que a pessoa desenvolva o medo de dirigir o que acaba provocando
limitações, baixa autoestima e dependência de outras pessoas, dificultando no
enfrentamento de situações do cotidiano.
Belina (2003) destaca ainda, além do que foi dito, situações mais
estressantes como trauma, um acidente, ou até começar as crises de pânico dentro
do automóvel, para a fobia se instalar até ser diagnosticada. Coloca também que a
pessoa pode não perceber ou não se dar conta de alguns comportamentos
peculiares à fobia de dirigir, “camuflando os sintomas”, como por exemplo, inventar
desculpas para não tirar o carro da garagem, usando a chuva, a falta de
estacionamento de pretextos para não sair com o carro.
Corassa (2000) divide em dois grupos pessoas que têm medo de dirigir:
1º) Grupo menor: São pessoas que já tiveram a experiência de passar por um
acidente, podendo ser com elas, com um familiar ou amigo. Após o acidente, a
superação do medo de dirigir é mais rápida, pois a pessoa não apresentava uma
imagem distorcida do carro, assim como ocorre na fobia, a dificuldade aqui será de
retomar a direção do carro e não ao seu domínio.
2º) Grupo maior: São pessoas com elevado grau de ansiedade só de pensar
em sair com o carro, evitando até o contato com o mesmo. Apresentam
pensamentos distorcidos da imagem do carro, devido à fobia de dirigir.
2.4 - Porque as mulheres são as mais atingidas com o medo de dirigir?
Somos todos mistos de uma educação familiar, do meio no qual estamos
inseridos (costumes, regras sociais, usos, cultura), da forma subjetiva de como
lidamos e absorvemos este meio e de como vivemos nele: tudo o que somos hoje,é
na verdade, reflexo de todas as coisas que vivemos, de como experimentamos e
absorvemos ao longo de nossa vivência desde o nascimento. Como alguns teóricos
dizem, ao nascermos somos uma tela em branco, sendo preenchida à medida que
vamos tendo contato com o mundo exterior. O primeiro contato com o mundo é
através dos nossos pais: educam-nos, transmitem seus valores, onde absorvemos
ao longo da infância, e em grande parte irão determinar o que seremos, como
pensaremos e agiremos na vida adulta.
23
Tessari (2008) em seu livro ressalta que a criança não possui os medos que o
adulto tem, mas vai aprendendo a tê-los ao longo da vida. Geralmente as pessoas
usam do medo para educar as crianças, submetendo-as às normas de conduta, aos
usos e costumes da sociedade. O uso do medo serve para tornar as crianças mais
obedientes e comportadas, ou seja, através do medo elas aprendem a temer e
respeitar as pessoas mais velhas, crescendo aterrorizadas com as mais diversas
ameaças que são feitas a elas, não se pensando nas consequências que tais medos
podem acarretar.
O medo, então, advém da nossa mais remota infância, das cantigas de ninar
como boi-da-cara-preta, das histórias que nos faziam tremer e dormir com a luz
acesa e muitas outras coisas, tudo isso influenciou na maneira de como as pessoas
administram hoje os seus medos. O medo de dirigir, hoje em dia, é um dos medos
mais frequentes, atingem homens e mulheres, e teria sua raiz na infância.
Corassa (2000) em seu estudo aponta que as pessoas mais atingidas com a
fobia ou medo de dirigir, a maioria são mulheres entre 30 e 45 anos de idade. E
quase todas têm vida profissional ativa, e ainda administram a casa. Deixa também
claro que qualquer pessoa, independente da profissão, pode sentir medo de dirigir.
Os homens também sofrem com o medo de dirigir, são atingidos pela
“síndrome do carro na garagem”, são mais sensíveis e procuram viver em um mundo
menos agressivo, rejeitando então, o mundo agressivo do trânsito, o que acarreta
grande sofrimento. Muitos não admitem o medo, pelo fato de nossa sociedade ser
um tanto machista, tendo, porém, dificuldades de assumir o medo de dirigir.
De acordo a estatística apresentada por Belina (2005), 4000 pessoas que
sofrem com o medo de dirigir, 85% são mulheres. A maioria das pessoas tem entre
30 e 48 anos e 85% possuem carro próprio. Esta mesma pesquisa mostra que 28%
dessas pessoas nunca sofreram acidente automobilístico e 48% sofreram, mas não
estavam dirigindo.
A mesma autora aponta três aspectos que justificam o número alto de
mulheres que são atingidas com o medo de dirigir: o primeiro seria o tipo de
“criação” (questão cultural)-o carro ainda sendo considerado objeto masculino. O
homem desde criança ao brincar com carrinho e bicicleta é estimulado ao ato de
dirigir. Já as meninas são estimuladas a brincar com brinquedos delicados e
afetuosos, como bonecas, porém acabam se distanciando deste ato. O segundo
seria a ansiedade – muitas mulheres são mais ansiosas do que os homens,
24
tornando-as mais vulneráveis a sentir medo. O terceiro e último seria a prioridade –
há mulheres que priorizam fazer uma faculdade, ajudar os pais, adquirir a casa
própria e por último pensam no carro. O homem tem como prioridade, ao conquistar
a autonomia financeira, o carro.
Em Pastore (2008):
“As pessoas não dirigem bem quando não estão conscientes do que estão fazendo. Aquelas com muito medo de dirigir, em certos momentos de ansiedade, perdem a noção do que estão fazendo. O domínio do emocional fica de lado e passa a existir o descontrole. A ansiedade toma conta dos pensamentos e a mente fica vazia, como se a pessoa tivesse esquecido tudo que a pessoa aprendeu. Estacionar o carro e respirar calmamente pode ajudar a voltar ao equilíbrio. Dirigir com o coração disparado e com muita ansiedade não traz efeitos positivos” (p. 131).
Para Corassa (2000) as possíveis causas do medo de dirigirem mulheres
estão relacionadas às questões histórico-culturais. E são elas:
A direção como atribuição masculina - o homem era quem assumia a direção
da casa, da família e dos negócios. Também sendo tarefa exclusivamente masculina
dirigir um carro.
Os modelos – A mulher com mais de 30 anos, tem em sua imagem figuras
masculinas como principais condutores de veículos.
Carrinhos x Bonecas – O menino ao brincar com carrinho, naturalmente
entenderá o ato de dirigir e sentirá que o carro é dele. A menina quando brinca de
boneca, capta a mensagem de que quando crescer via cuidar da casa. Estas
mulheres não treinaram dirigir nas brincadeiras e nem se pensava na possibilidade.
Agora adultas têm a necessidade ou precisam dirigir. Como lidar com essa situação?
Realidade esta que, enfim, poderá mudar, pois meninas estão sendo incentivadas a
brincar com carrinho.
Educação repressora – Muitas mulheres preocupam em estarem sendo
avaliadas pelos os outros e se estão fazendo algo de errado no trânsito. Tudo isso
ocorre por terem sido repreendidas ou reprimidas em sua infância.
Padrão de exigência elevado – A maioria das mulheres desempenha uma
série de atividades, como organizar a casa, planejar o orçamento, fazer compras,
cuidar de filhos, preparar refeições, pagar conta do mês, etc. E ainda sair todos os
dias para o trabalho. Com esse grande numero de ocupações e o alto grau de
exigência, a pressão aumenta sobre as mesmas. Devido ao elevado padrão de
25
exigência em relação ao desempenho em diversas atividades, também terá em
relação ao carro.
Diferenças cerebrais entre homens e mulheres – Os homens utilizam
predominantemente o hemisfério esquerdo do cérebro, por isso têm um senso de
orientação espacial mais aguçado e raciocínio lógico mais desenvolvido. Já as
mulheres usam os dois hemisférios do cérebro, conferindo-lhes outras
características, como fazer várias coisas ao mesmo tempo.
A entrada no mundo das máquinas – A evolução tecnológica possibilitou
facilidades a todos os seres humanos, inclusive a criação de automóveis,
possibilitando no deslocamento de um lugar para outro, incluindo outras facilidades.
Para a mulher adentrar neste mundo que não é dela terá de entrar com muita
cautela. Se os homens podem, porque ela não? Não quer ficar a margem! Ai
começa o medo, fazendo evitar certas situações ( como pegar um objeto no carro),
surpreendendo-se de repente, com a fobia de dirigir.
Enfim, além das questões apresentadas acima, sendo as prováveis causas do
medo de dirigir em mulheres, podemos citar outro fator que contribui para aumentar
mais ainda o medo. Este fator estaria relacionado à questão histórico-cultural, como
os jargões preconceituosos: “sai da frente dona Maria! Vai pilotar fogão!”, “só podia
ser mulher mesmo” e “mulher no volante, perigo constante”. É comum mulheres
ouvirem esses invólucros sociais, discriminatórios, estigmatizadores e
preconceituosos todos os dias enquanto dirigem, o que faz pensar sobre o espaço
feminino no trânsito aos poucos conquistado. Não se trata exclusivamente de um
reduto masculino, mas um local onde todos possam dirigir em pé de igualdade e o
respeito sendo a chave principal para a conquista deste espaço.
26
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Ética
Todos os participantes foram informados sobre os objetivos da pesquisa, que
não incorriam em nenhum tipo de risco, atendendo assim à Resolução 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde, que tem nos Comitês de Ética
em Pesquisa com Seres Humanos o atendimento aos 4 princípios da Bio-etica, a
saber, autonomia, beneficência, não-maleficência e justiça.
3.2 Tipo de Pesquisa
Realizou-se um estudo exploratório através de uma pesquisa bibliográfica de
cunho qualitativo, com aplicação de um roteiro de entrevista, com perguntas sobre o
tema que, segundo Minayo (2005), possibilita que o pesquisador se aprofunde no
mundo subjetivo das ações humanas e nos aspectos não perceptíveis.
Esse método de investigação permite aproximar-se de uma gama de
informações (explícitas ou encobertas na vida cotidiana das pessoas), pois as ações
humanas estão baseadas em significados sociais e incorporadas por elas: intenções,
motivos, atitudes e crenças.
3.3 Universo
A pesquisa foi realizada no município de Santa Maria da Vitória-Ba, na
cidade de Santa Maria da Vitória em uma Clínica de Psicologia do Trânsito com
sujeitos que trabalham no setor da psicologia e todos concordaram em assinar o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
3.4 Sujeitos da Amostra
Foram abordados seis sujeitos do sexo feminino com idades entre 30 a 60
anos, compreendendo profissionais e usuários. Todos os sujeitos entrevistados
tiveram suas identidades originais preservadas e adotou-se nomes fictícios.
27
3.5 Instrumentos de Coleta de Dados
Compreendeu uma entrevista semi-estruturada, a partir de um Roteiro de
Entrevista composto por 2 perguntas que levam a respostas abertas acerca do tema
em referência.
3.6 Plano para Coleta dos Dados
Os dados foram coletados durante o período janeiro à março de 2013 de na
cidade de Santa Maria da Vitória, em uma sala cedida pela Clínica de Psicologia do
trânsito.
3.7 Plano para a Análise dos Dados
As respostas dos sujeitos investigados, ou seja, as categorias analíticas e as
também empíricas, que emergiram no campo, após leitura flutuante e posteriormente
em profundidade, seguiram a técnica de Análise de Conteúdo, de Laurence Bardin
(1997), que segundo a autora toda análise de conteúdo baseia-se em uma definição
precisa dos objetivos da pesquisa e desenvolver-se a partir de diferentes fases,
organizadas cronologicamente: pré-análise; exploração do material e tratamento dos
resultados, inferência e interpretação.
Dessa forma, toda informação obtida através das entrevistas foram
analisadas e interpretadas, com intuito de identificar e compreender as possíveis
causas do medo de dirigir em mulheres no município de Santa Maria da Vitória
pesquisando quais fatores psicológicos, emocionais e sócio-culturais envolvidos que
causam o medo de dirigir.
28
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas entrevistas realizadas com as seis mulheres, pode-se perceber que o
medo ou a fobia de dirigir é proveniente de várias questões como: acidente de um
parente, educação familiar, trânsito tumultuado, a forma como o instrutor transmite
as aulas, de como o marido ou irmão ensina etc.
Conforme nos relata:
“Inicialmente, acredito que o medo de dirigir é proveniente de uma situação anterior
mal sucedida, como por exemplo: acidentes com membros da família, amigos,
noticiários na tv, etc...
Em minha família ocorreu acidente com morte de quatro primos, sendo marido,
mulher e duas filhas (sendo uma de 15 e outra de 16 anos)
[...] outro primo se acidentou em [...], ficou cinco anos na cadeira de roda...Um primo
também morreu em um acidente, [...], passamos pelo acidente, na estrada e não
sabíamos que era com um membro da família. Cresci com a consciência de que um
carro, nada mais é do que uma arma, ou seja, se mal utilizado, pode gerar
consequências desastrosas. Dirigir, a meu ver é uma necessidade, pois, me conduz
ao trabalho, ao lazer, etc...” (Any, 32 anos).
“Chegando perto de casa, ao virar uma esquina, deparamos com um caminhão
parado e eu girei demais o volante para desviar, ficando nervosa, descontrolei o
carro e no primeiro dia bati o carro em um prédio” (Adelma, 58 anos).
Tudo isso contribuiu para que essas mulheres tivessem como obstáculo ao
medo. Para algumas o medo ainda é paralisante, deixando de lado o sonho de
dirigir.
No relatado de uma entrevistada que tirou a sua CNH, mas nunca conseguiu
dirigir por medo de enfrentar o trânsito:
29
“Quando começava a dirigir com meu marido ao lado ficava trêmula com medo de
errar... Apagava às vezes o carro e logo desistia” (Asmin, 34 anos).
Para outras, enfrentá-lo, mesmo com sofrimento, foi a melhor forma de se ter
independência e realização assim como está descrito nas falas das entrevistadas
abaixo. De acordo com a interlocutora,
“Dirigir ao meu ver é uma necessidade pois, me conduz ao trabalho, ao lazer...
Atualmente, sinto-me bem dirigindo numa cidade de interior, onde sou familiarizada
com o trânsito... Numa capital, tenho que sentir-me mais segura, o fluxo de muitos
carros ao mesmo tempo me deixa nervosa, às vezes penso que não terei
coragem!!!” (Any, 32 anos)
“Por ser uma pessoa muito insegura e por não ter muita atenção nas coisas que
fazia achava não ser capaz em aprender a dirigir e também ocasionar algum
acidente. Estes motivos, por muitos anos, desencadeou em mim a falta de interesse
em aprender a dirigir. Depois que me casei e tive o meu primeiro filho, sentir a
necessidade de aprender, pois residia numa cidade grande e na minha concepção
saber dirigir era essencial e necessário. Nesta época, mesmo não tendo carro,
interessei em aprender, pois qualquer momento poderia estar adquirindo um. Sendo
assim, em uma das minhas férias que passava na minha cidade natal, entrei na
autoescola e nas primeiras aulas práticas de direção, o instrutor me deixou tranquila,
passando segurança
Aos poucos, fui tomando confiança em mim e percebendo que dirigir não era difícil
como imaginava e que era capaz em aprender. (Anubes, 38 anos)
Outra entrevistada teve seu início na direção de um forma equivocada, mas
mesmo assim não desistiu e após ter aulas com um instrutor de uma auto-escola
sentiu-se segura para dirigir conquistando autonomia e independência:
“Meu medo de dirigir começou quando meu marido tentou me ensinar sem nenhuma
técnica e no primeiro dia eu bati o carro, fiquei muitos anos sem querer pegar na
direção de um veículo. (Adelma, 58 anos).
30
Para outras o companheiro é o maior incentivador,
“Bem, sempre fui muito medrosa e desinteressada em relação a dirigir, até já tive
algumas experiências na direção com auxílio de primos e tios, mas nada
profissional. Hoje já casada meu marido é meu maior incentivador, mas eu continuo
muito medrosa e sei que a necessidade fala mais alto. Consegui ao menos pilotar
uma moto (Biz) que já me ajuda muito no dia-a-dia. Tenho a convicção de que não
há motivos para eu adiar ainda mais a possibilidade de dirigir e ter meu próprio
automóvel. Com relação ao medo de dirigir ainda não superei, mas pretendo se
Deus quiser tirar a minha habilitação ainda este ano e provar que sou capaz e
principalmente por ser a mulher independente que sou (Agda, 33 anos)
“Hoje superei o medo de dirigir. Percebi que dirigir não era tão difícil como
imaginava, sendo necessário praticar bastante e muita atenção. Meu instrutor e meu
esposo me ajudaram a superar este medo” (Anubes, 38 anos).
“Depois que entrei numa auto-escola, superei meu medo e hoje dirijo com
tranquilidade tanto no interior como numa capital” (Adelma, 58 anos).
Mas são mulheres capazes de superar desafios e num aporte de criar
movimentos para tentar dar conta dos seus propósitos
“Aos poucos, fui tomando confiança em mim e percebendo que dirigir não era difícil
como imaginava e que era capaz em aprender” (Anubes, 38 anos).
A superação do medo de dirigir pode proporcionar-me ganhos, o maior deles a
independência Dirigir, acima de tudo, deve ser um ato de respeito e cordialidade
entre pedestres e motoristas.” (Any, 32 anos).
Mas algumas mulheres por outro lado amealheiam ansiedade e medo e se
engessam numa perspectiva de dependência, conforme o depoimento:
“mas fiquei com muita ansiedade e medo e logo desisti. Hoje em dia sinto falta de ter
essa independência, pois um carro facilita a vida da gente principalmente pelo fato
31
de ter que trabalhar todos os dias na dependência de meu marido me levar e ainda a
vontade de sair com meu filho de um aninho seja para passear ou levar ao médico.
Sendo assim, meu medo ainda continua a me paralisar e sei que só uma terapia
pode me ajudar.” (Asmin, 34 anos).
As regras de trânsito e o olhar crítico sobre a realidade social sobre aqueles
que deveriam primar pela vida de si e do outro, traz nas falas das depoentes o
recurso do cuidar de si, como:
Muitas pessoas não aplicam na prática o curso de direção defensiva,
oferecido obrigatoriamente pelas escolas de formação de condutores. Outros ainda
cometem o absurdo de dirigir sem carteira de motorista, desrespeitando as regras
de trânsito, prevalecendo à imprudência.
“Atualmente, sinto-me bem dirigindo numa cidade de interior, onde sou familiarizada
com o trânsito... Numa capital, tenho que sentir-me mais segura, o fluxo de muitos
carros ao mesmo tempo me deixa nervosa, às vezes penso que não terei coragem”
(Any, 32 anos).
32
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho veio demonstrar que o medo desproporcional de dirigir
pode fazer com que a pessoa desista de tentar. Mais é importante salientar que em
cada tentativa aprendemos a lidar com todas nossas angústias, frustrações,
inseguranças e medos. É ai que aos poucos vamos nos conhecendo e tendo contato
com aquilo que desejamos, a insegurança e o desconforto estão atreladas ás várias
etapas de nossas vidas. Desta forma, eliminar o objeto (carro) não fará desaparecer
a fobia. Refletir sobre os problemas mudando a forma de lidar com eles, seria a
melhor maneira de compreender a origem do medo e tentar solucioná-lo.
Prioritariamente para vencer o medo de dirigir o importante é conhecermos a
nossa essência, o que de fato nós somos, o que desejamos, e o que gostaríamos de
fazer, tendo consciência de estarmos em um processo de adaptação as
contingências sociais. Sendo assim, o nosso olhar deverá estar sempre voltado para
dentro, para que possamos analisar o queremos, o que poderá ser modificado ou
melhorado, tanto no que se refere a nossa relação com o mundo e com os nossos
próprios medos, seja estes ligados a realidade ou a nossa imaginação.
Porém, com a mudança de papéis, a sobrecarga de atividades assumidas a
fez com que a mulher assumisse de fato o volante de sua vida e literalmente
obrigada a assumir o volante de um automóvel, antes papel exclusivamente
masculino, assim como enfatiza Corassa (2000): Se os homens podem, porque ela
não? . Esta atitude trouxe a ela mais autonomia, liberdade e independência, como
também preconceitos de cunho machista advindos do tempo em que o homem era
chefe de família, o único a dar a palavra final, onde o ato de dirigir era tarefa restrita
ao seu universo.
Mesmo trazendo autonomia e liberdade, entrar nesse universo tipicamente
masculino, não foi nada fácil para a mulher, pois mesmo muitas não sentindo
dificuldade em dirigir, sendo boas motoristas algumas até motoristas de caminhão e
ônibus, boa parte já tiveram ou têm dificuldade ou medo de dirigir.
É importante salientar, que homens e mulheres mesmo diferentes em sua
anatomia e comportamentos, não é o gênero que definirá se será um bom ou um
mau motorista. Com relação ao medo, este também não irá distinguir se é “Maria” ou
“José”. Sabemos que homens também sofrem com o medo de dirigir, mas diferentes
33
das mulheres, não exteriorizam o medo, a maioria por vergonha pela criação
machista, apesar de camuflada, ainda acontecendo nos dias de hoje.
Saber enfrentar o medo não é tarefa fácil seja ele qual for ainda mais quando
se está dirigindo uma arma como o carro. É preciso muita força de vontade, e às
vezes até mesmo de psicoterapia para a sua superação. O medo, como muitos
pensam, não é “frescura” ou “bobagem”, ou criação da pessoa (como muitas
pessoas pensam). Em exagero é algo sério que precisa ser tratado, diagnosticando
lá no fundo as suas causas. Tudo isso foi observado nas entrevistas, quando com
muita dificuldade algumas superaram o medo, mas outras ainda estão em processo
de superação.
Muito foi superado, como podemos ver no dia a dia as mulheres enfrentando
o trânsito, indo ao trabalho, levando seus filhos(as) à escola ou curtindo o seu lazer,
sendo muitas vezes xingadas e humilhadas no trânsito pelos homens e até mesmo
por outras mulheres. Mesmo assim, ainda enfrentam todo descaso e medo, mesmo
sendo consideradas mais cautelosas do que os homens no trânsito.
Em suma, fazer este trabalho me fez relembrar o quanto foi difícil superar o
medo de dirigir e se não o tivesse enfrentado, entendendo as suas causas, talvez
precisasse de um tratamento especializado.
34
REFERÊNCIAS
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35
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VIECILI, V. Ansiedade e comportamento de dirigir. In: Hoffmann M, Cruz R,
Alchieri J, organizadores. Comportamento humano no trânsito. São Paulo: Casa
do Psicólogo, 2011.
36
APÊNDICE
ROTEIRO DE ENTREVISTAS
1 - A origem do medo de dirigir está nos momentos particulares de cada pessoa,
em sua história de vida. Se sofreu algum acidente automobilístico, se não teve
apoio da família ou do instrutor, tudo isso poderá desenvolver ou desencadear
medo de dirigir. Por qual motivo desencadeou em você o medo de dirigir? Conte
um pouco dessa história desde quando começou.
2 - Superou o medo de dirigir? Se sim, como ou de que forma procurou superá-lo?
Se não, como faz ou fez para administrá-lo?
37
ANEXO
38