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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AS CONSEQÜÊNCIAS DO ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO AUTOR RAFAELE DA SILVA SOUSA ORIENTADOR PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO RIO DE JANEIRO 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AS CONSEQÜÊNCIAS DO ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO

AUTOR

RAFAELE DA SILVA SOUSA

ORIENTADOR

PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO

RIO DE JANEIRO 2015

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AS CONSEQÜÊNCIAS DO ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO

Monografia apresentada à Universidade Candido Mendes – AVM Faculdade Integrada, como requisito parcial para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Direito e Processo do Trabalho. Por: Rafaele da Silva Sousa.

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RESUMO O assédio moral no ambiente de trabalho tem grande relevância jurídica e social. Trata-se de um tipo de terror psicológico caracterizado pela conduta abusiva, repetitiva, prolongada, vexatória, humilhante e visa degradar, excluir e eliminar a vítima do ambiente de trabalho; tendo como conseqüências danos a saúde e o patrimônio da vítima, danos a empresa e ao estado. Assim, saber identificar os elementos caracterizadores do assédio moral e suas modalidades é essencial para coibir tal prática ou buscar a reparação do dano. Por outro lado, se faz necessário a criação de uma lei específica para punir os agentes e a necessidade de campanhas de prevenção a fim de evitar o assédio moral dentro do ambiente de trabalho.

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METODOLOGIA

O presente trabalho aborda o fenômeno do assédio moral nas relações

de trabalho e as suas conseqüências para a vítima, a empresa e o estado.

Para tanto, o estudo que ora se apresenta foi levado a efeito a partir do

método da pesquisa bibliográfica e webgráfica, através da análise de livros e sites

relacionados ao tema, além de publicações oficiais da legislação e da

jurisprudência.

Por outro lado, a pesquisa que deu origem a esta monografia também

foi empreendida através do método positivista, porque buscou apenas identificar a

realidade social em estudo e o tratamento jurídico a ela conferido, sob o ponto de

vista específico do direito positivo brasileiro, e dogmático, porque teve como

parâmetro e fundamento exclusivo a dogmática desenvolvida pelos estudiosos

que já pesquisaram sobre o tema anteriormente.

Adicionalmente, o estudo que deu origem a este trabalho identifica-se,

também, com o método da pesquisa aplicada, por pretender produzir

conhecimento para aplicação prática, assim como com o método da pesquisa

exploratória, porque buscou proporcionar maior conhecimento sobre a questão

proposta, além da pesquisa descritiva, porque visou a obtenção de um resultado

puramente descritivo, sem a pretensão de uma análise crítica do tema.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..................................................................................................... 7

CAPÍTULO I

ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO.......................................... 9

1.1 Conceito.......................................................................................................... 9

1.2 Elementos caracterizadores do assédio moral no ambiente de

trabalho................................................................................................................. 12

1.3 Distinção com figuras assemelhadas: o que não é assédio

moral..................................................................................................................... 14

1.4 Os sujeitos envolvidos no assédio moral........................................................ 18

1.5 As espécies de assédio moral no ambiente de

trabalho................................................................................................................. 21

CAPÍTULO II

O ASSÉDIO MORAL E A JUSTIÇA DO

TRABALHO.......................................................................................................... 25

2.1 A competência da Justiça do Trabalho........................................................... 25

2.2 A prescrição para a ação de dano moral decorrente do assédio

moral..................................................................................................................... 25

2.3 O ônus da prova.............................................................................................. 26

2.4 A legislação existente sobre o assédio moral................................................. 28

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CAPÍTULO III

A PREVENÇAÕ E A DEFESA DO ASSÉDIO MORAL....................................... 30

3.1 Como prevenir o assédio moral...................................................................... 30

3.2 Formas de defesa do assédio moral............................................................... 33

CAPÍTULO IV

AS CONSEQUENCIAS DO ASSÉDIO MORAL ................................................. 35

4.1 Os danos à saúde da vítima........................................................................... 36

4.2 Os danos ao patrimônio da vítima.................................................................. 37

4.3 Os danos às empresas................................................................................... 38

4.1 Os danos ao Estado........................................................................................ 39

CONCLUSÃO....................................................................................................... 40

BIBLIOGRAFIA.................................................................................................... 42

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INTRODUÇÃO

O assédio moral na relação de emprego apesar de ser um fenômeno

social antigo, teve seu reconhecimento recentemente estando presente na vida

dos trabalhadores, ferindo sua integridade física, psíquica e emocional, colocando

em perigo sua qualificação e capacitação em seu ambiente de trabalho. O fato

tem despertado grande interesse entre estudiosos de diversos campos

profissionais e pela própria sociedade, que repugna com veemência essa

conduta.

A globalização trouxe consigo a busca desenfreada pelo sucesso e

lucro a qualquer custo, o que conseqüentemente tornou o local de trabalho

competitivo, expondo dessa forma os trabalhadores à competitividade opressiva,

mediante ameaça e até mesmo ocasionando situações de medo e tortura ao

trabalhador. Surge assim o espírito de cooperação e de solidariedade entre eles.

Uma situação muito comum vivenciada nos dias de hoje, são as metas impostas

pelas empresas, que através da desigualdade e subordinação faz com que os

empregados sejam humilhados e assediados diariamente como forma de

“incentivo” para cumpri-las.

A preocupação com este fenômeno já vem sendo bastante discutida

em jurisprudência e já foram até mesmo aprovadas algumas leis no âmbito

estadual e municipal, com a finalidade de coibir está prática. Ressalta-se que a

ausência de lei federal, não pode servir de incentivo para a conduta de terror

psicológico.

Sabe-se, todavia, que não serão apenas dispositivos legais que

solucionarão o problema, mas, sim a conscientização, tanto da vítima, que não

sabe ainda diagnosticar o mal que sofre, quanto do agressor, que considera seu

procedimento normal, e da própria sociedade, que precisa ser despertada de sua

indiferença e omissão.

Segundo Marie-France Hirigoyen, quando o assédio moral é recente e

existe ainda a possibilidade de reação, os sintomas são, no início, parecidos com

os do estresse, o que os médicos classificam de perturbações funcionais

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cansaço, nervosismo, distúrbios digestivos, dores na coluna... É a auto defesa do

organismo a uma hiperestimulação e a tentativa da pessoa adaptar-se para

enfrentar a situação. Mas, se o assédio moral se prolonga por mais tempo ou

recrudesce, um estado depressivo mais forte pode se solidificar. A pessoa

assediada apresenta então apatia, tristeza, complexo de culpa, obsessão e até

desinteresse por seus próprios valores.

Após certo tempo de evolução dos procedimentos de assédio, os

distúrbios psicossomáticos ganham a cena.

A abordagem, do tema assédio moral no trabalho, pode ser feita em

várias perspectivas. Neste trabalho serão abordados os pontos considerados

mais pertinentes.

Dessa forma encontra-se dividido nos seguintes pontos:

Num primeiro momento abordou-se o conceito do assédio moral, suas

características, a distinção com figuras assemelhadas, os sujeitos envolvidos e as

espécies de assédio moral no ambiente de trabalho.

Apresentando suas construções conceituais e suas diferentes formas

de abordagem de acordo com as diversas culturas e contextos, fazendo distinção

com figuras semelhantes ao assédio moral, delimitando os elementos

caracterizadores, expondo os sujeitos envolvidos e as espécies de assédio moral

no ambiente de trabalho.

Num segundo momento abordou-se a competência da Justiça do

Trabalho para processar e julgar os casos de assédio moral decorrentes da

relação de trabalho, mostrando também o prazo prescricional, o ônus da prova.

Contudo deixou clara a necessidade de uma legislação específica para o caso.

Demonstra-se ainda as formas de prevenção e defesa do assédio

moral.

Por fim objetivou-se demonstrar as conseqüências geradas a todos os

envolvidos, apresentando assim casos reais desse terror psicológico.

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CAPÍTULO I

ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO

O assédio moral tem sua origem devido à incansável corrida cada vez

mais desenfreada pelo sucesso e o lucro, sendo os trabalhadores submetidos a

competições agressivas e até opressão através da ameaça e do medo.

Cada vez mais se observa no mercado de trabalho à ocorrência do

assédio moral, isso porque, o próprio contexto atual se dá de maneira organizada

e globalizada, contribuindo para um conflito de valores entre o homem e o fato

gerador da economia.

As relações de trabalho atualmente estão permeadas por uma

constante insegurança, gerando condições de desvalorização do trabalho

humano. Para tanto se toma como exemplo a insegurança jurídica, com a

flexibilização da legislação trabalhista; a insegurança no emprego pela falta de

estabilidade em virtude da situação econômica do país; a insegurança no

mercado de trabalho, diante dos altos índices de desemprego (FERREIRA, 2004,

p.14).

Devido esses fatores contribuintes, tais inseguranças acabem

gerando conseqüências debilitantes de saúde física e mental dos empregados,

algumas delas irreversíveis, isto é claro sem falar nas condições desumanas e

debilitantes de trabalho a que é submetido, passando por uma verdadeira tortura

psicológica, levando as vítimas a situações desesperadoras, sendo violada

descabidamente a dignidade humana.

1.1 – CONCEITO

O que no Brasil denomina-se “assédio moral” e tem por cenário o

ambiente de trabalho possui as seguintes “versões” mundo afora:

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- harcèlement moral (assédio moral), na França;

- bullying ou harassment (tiranizar), na Inglaterra e nos Estados Unidos

da América;

- mobbing (molestar), na Itália, Alemanha e países escandinavos;

- murahachibu , ijime (ostracismosocial), no Japão.

Entretanto, Hirigoyen adverte que deve ter o cuidado na utilização

indiscriminada dos termos, pois não são rigorosamente idênticos:

As diversas terminologias remetem a diferenças culturais e organizacionais dos países e de acordo com a definição adotada, os números apurados, em particular no que concerne ao número de pessoas vitimadas, podem variar e perder todo o significado (HIRIGOGOYEN,2005 p.85).

Assim, a autora define mobbing como sendo as perseguições coletivas

e as violências ligadas à organização, mas que podem incluir desvios que,

progressivamente, transforma-se em violência física. Dessa forma, trata-se de um

fenômeno de grupo, remetendo à conclusão de que seus métodos não são

sempre muito evidentes (HIRIGOGOYEN,2005 p.85).

Já o termo bulling, segundo a autora, é um pouco mais amplo que o

mobbing. O verbo bull em inglês significa tratar com desumanidade, com

grosseria; e bully é a pessoa grosseira e tirânica que ataca os mais fracos. Bulling

vai de chacotas e isolamento até condutas abusivas de conotação sexual ou

agressões físicas, ou seja, refere-se mais à violência individual do que à violência

organizacional, originária majoritariamente de superiores hierárquicos, enquanto o

mobbing é mais um fenômeno social (HIRIGOYEN, 2005, p.85 – 86).

Quanto ao termo harassment, a autora assinala que é utilizado nos

Estados Unidos da América para definir o assédio perpetrado por ataque

repetidos e voluntários de uma pessoa a outra, para atormentá-la, mina-lá, em

fim, provocá-la. É estudado relativamente os efeitos nocivos à saúde da vítima e,

portanto, “trata provavelmente apenas da parte não submersa do iceberg”

(HIRIGOYEN, 2005, p.81).

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O ijime continua a autora, é o vocábulo utilizado no Japão para

descrever ofensas e humilhações infligidas às crianças no colégio, como também

para descrever as pressões de um grupo de empresas nipônicas, com o objetivo

de formar jovens recém contratados ou reprimir os elementos perturbadores. Ou

seja, o ijimie é antes de tudo um instrumento de controle social, que surgiu em

meio ao ápice do desenvolvimento da indústria nipônica, que necessitava de

jovens adaptados a um mundo do trabalho padronizado, sem espaço para

individualismo e personalidades marcantes e, sobretudo nada de críticas.

A partir dos anos 1990, face à recessão, o mundo do trabalho exigiu

homens prontos a se adaptar a um novo molde e capazes de produzir idéias

próprias. Passou-se a reduzir o quadro e administração por mérito e desempenho.

A procura então passou a ser por forçar os empregados mais velhos ou inúteis a

irem embora, mediante agressões e pressões psicológicas. O termo ijime que até

então era utilizado como identificador de instrumento de estruturação da

comunidade de trabalho, passou a identificar o assédio moral mais cruel, sem

equivalência a nenhum outro termo japonês (HIRIGOYEN, 2005, p.83).

Seguindo em suas observações, Hirigoyen (2005, p. 85) refere que

assédio moral são agressões mais sutis do que denominados mobbing e bulling,

portanto, mais difíceis de caracterizar e provar, qualquer que seja sua

procedência.

O assédio moral no ambiente de trabalho encontra uma diversidade de

conceitos. Destarte, tomam-se emprestados das construções doutrinárias sobre o

tema das áreas de medicina, psicologia, administração e do direito, os elementos

indispensáveis para a definição de assédio moral.

Para Heinz Leymann (apud FERREIRA, 2010, p.42 – 43), pioneiro

nas pesquisas do fenômeno, o assédio moral consiste em uma psicologia do

terror, ou, simplesmente, psicoterror, como ele mesmo denomina. O psicoterror é

manifestado no ambiente de trabalho por uma comunicação hostil e sem ética

direcionada a um indivíduo ou mais. A vítima como forma de defesa, reprime-se,

desenvolvendo um perfil que somente facilita ao agressor a prática de outras

formas de assédio moral. O psicólogo afirma que a alta freqüência e a longa

duração das condutas hostis acabam resultando em considerável sofrimento

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mental, psicossomático e social aos trabalhadores que são vítimas de assédio

moral.

Seguindo esse mesmo raciocínio, Marie-Francie Hirigoyen traça o

seguinte conceito para o assédio moral:

Por assédio moral em um local de trabalho temos que entender toda e qualquer conduta abusiva manifestando-se, sobretudo, por comportamentos, palavras, gestos, escritos, que possam trazer dano à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, pôr em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho (HIRIGOYEN, 2002, apud FERREIRA, 2010, p.43).

Para Ferreira (2010, p.42)

O assédio moral é o processo de exposição repetitiva e prolongada do trabalhador a condições humilhantes e degradantes e a um tratamento hostil no ambiente de trabalho, debilitando sua saúde física e mental. Trata-se de uma guerra de nervos, a qual conduz a vítima ao chamado “assassinato psíquico”.

Percebe-se que não há uma clara definição do que seja assédio moral

no ambiente de trabalho, diferindo em seus termos conforme a visão de cada

autor. Até porque os métodos para humilhar podem ser tão variados, que uma

definição estanque prejudicaria sua reparação no caso concreto.

No entanto, ainda que ausente uma metodologia específica, pode-se

permitir uma efetiva compreensão do fenômeno a partir de elementos que se

extraem os conceitos doutrinários colacionados acima, a saber: a violação da

dignidade do trabalhador, a natureza psicológica, a conduta psicológica, a

conduta abusiva, a reiteração, a finalidade de exclusão e a intencionalidade do

ato.

1.2 – ELEMENTOS CARACTERIZADORES DO ASSÉDIO MORAL NO

AMBIENTE DE TRABALHO.

A partir dos conceitos expostos acima, os autores destacam alguns

elementos indispensáveis ao assédio moral.

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O primeiro se refere à conduta abusiva, que tem ligação com a idéia de

abuso de direito, de abuso de poder e é observado pela atitude do assediador que

extrapola os limites do aceitável. Esta conduta, frise-se, dolosa, é capaz de

constranger a vítima, explicitando sentimentos de humilhação e inferiorização.

Segundo Silva (2007, p.85):

O assédio moral caracteriza-se por uma conduta abusiva, que pode partir do próprio empregador, que, valendo-se de seu poder hierárquico, humilha ou constrange seus empregados, como, também pode partir dos demais empregados, que por pura discriminação, sujeitam o colega a situações vexatórias e á tortura psicológica, comprometendo a saúde física e mental do indivíduo.

O segundo guarda relação com a necessidade de repetição e

reiteração da conduta ofensiva e humilhante durante certo lapso de tempo, afinal,

por ser um fenômeno de natureza psicológica, não há de ser um ato isolado ou

esporádico capaz de trazer lesões psíquicas decorrentes do assédio moral à

vítima. Porém é válido lembrar que a jurisprudência não fala em período mínimo

para caracterização do assédio moral, basta que fique provado o dano psíquico à

vítima.

Segundo Hirigoyen, podemos compreender o elemento reiteração

como aquelas atitudes não isoladas, não eventuais, não pontuais, que visem a

destruição da dignidade psicológica do indivíduo, que por reprimendas

constantes, que por agressões aparentemente solitárias, mas particularmente

humilhantes, como é o caso de certas demissões desumanas em que pequenos

indícios de hostilidade e rejeição não admitidas pela vítima podem ser verificadas

(HIRIGOYEN, 2005, p. 31).

A natureza psicológica do ataque também é elemento do assédio

moral. Para caracterizá-lo é preciso qualquer conduta agressiva ou vexatória, com

o objetivo de constranger a vítima, humilhá-la, fazendo-a se sentir inferior.

O que não é unânime na doutrina, entretanto, é a necessidade da

presença de dano psíquico-emocional como pressuposto para a ocorrência do

fenômeno.

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Pamplona Filho (2006, p. 1082) entende não ser necessário o dano

psíquico para configurar o assédio moral. Para corroborar seu posicionamento,

argumenta:

[...] a doença psíquico-emocional, como patologia, pode advir do assédio, mas não necessariamente ocorrerá, nem é elemento indispensável, pois o que é relevante, na caracterização do mobbing, é a violação do direito da personalidade, cuja materialização ou prova dependerá do caso concreto

Fonseca (2007, p.37), ao contrário, entende que o dano efetivo à

integridade psíquica da pessoa é pressuposto para o assédio moral e deve ser

deduzido “[...] tão objetivamente quanto possível, do potencial ofensivo do fato

lesivo”.

Refletindo sobre tais elementos Fonseca (2007, p.36) conclui que o

assédio moral pressupõe ato doloso do agente, ou seja, a “[...] intenção manifesta

de excluir ou discriminar um indivíduo no ambiente de trabalho”.

1.3 – DISTINÇÃO COM FIGURAS ASSEMELHADAS: O QUE NÃO É ASSÉDIO

MORAL.

Dentro do ambiente de trabalho existem várias situações que não

configuram o assédio moral. Muitas vezes a intolerância e as dificuldades de

relacionamento são confundidas com o assédio moral, contudo não guardam

qualquer tipo de relação.

Deve-se verificar o caso concreto, realizando uma análise cuidadosa a

fim de identificar a presença dos elementos caracterizadores do assédio moral,

isso para que eventuais paranóias, estresse profissional, distúrbios psíquicos e

psicológicos, entre outros não seja falsamente utilizados para de forma errônea

configurar o assédio moral.

Situações como más condições de trabalho, imposições profissionais,

gestão por injúria e conflitos entre colegas de serviço muitas vezes não são

confundidos com assédio moral, mas tais situações desde que de forma isolada

são sobrecargas decorrentes do desgaste do dia-a-dia, nada tendo a ver com o

assédio moral.

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Abaixo trataremos de alguns dos tipos de condutas que de forma

isolada não configuram o assédio moral:

1.3.1 – O Estresse Profissional

O estresse profissional geralmente é causado pela pressão que ocorre

dentro do ambiente de trabalho. Hoje em dia o medo do desemprego, a

competitividade e uma maior exigência do mercado de trabalho acabam por

acarretar uma pressão muito grande em cima do trabalhador.

Heinz Leymann comenta que as más condições de trabalho, somente

se torna destrutiva pelo excesso, diferente do assédio moral, o qual é destruído

por si mesmo. Conclui a psicóloga advertindo que o estresse pode ser entendido

como uma primeira fase do assédio moral, sendo muito tênue o liame que separa

um evento de outro. Todavia, o estresse visto isoladamente independe da ação

direta de outras pessoas, podendo ser resumido em um grande cansaço

(FERREIRA, 2010,P.63).

É importante deixar claro que a gestão por pressão só poderá

configurar assédio moral se seu objetivo for o de humilhar, degradar e eliminar a

vítima do ambiente de trabalho.

1.3.2 – Situações Conflituosas

Situações conflituosas geralmente ocorrem de forma aberta. Tais

situações acontecem, pois no ambiente de trabalho existem divergências de

opiniões, o que é normal e sadio.

Na situação conflituosa aberta, podem ocorrer discussões, mais estas

não se destinam a perseguir ou humilhar ninguém, ela ocorre com o intuito de

gerar um consenso entre os indivíduos envolvidos, solucionando assim o

problema existente.

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Por outro lado, se durante uma situação conflituosa uma das partes,

estiver com o objetivo de humilhar sua vítima, não lhe dando o direito de se

defender, existindo uma situação de violência e perseguição, com o intuito de não

solucionar o problema, neste caso haverá o assédio moral. Pois em situações

conflituosas aberta não há perseguição e sim o desejo de resolver o problema da

melhor forma possível, mesmo que ocorram algumas discussões.

1.3.3 – Más Condições de Trabalho

Muitas vezes as más condições de trabalho são confundidas com o

assédio moral. Isso ocorre por causa da dificuldade de identificar e distinguir uma

situação da outra.

Para a autora Marie-France Hirigoyen (2005, p.33), “é muito difícil a

distinção entre assédio moral e más condições de trabalho. È neste caso que a

noção intencionalidade adquire a sua importância”.

A intencionalidade é que mostrara se estamos diante de uma situação

de assédio moral ou de más condições de trabalho.

1.3.4 – Agressão Pontual

A agressão pontual apesar de ser um ato de violência, se ocorrer de

forma isolada nada tem a ver com o assédio moral. A agressão pontual para

caracterizar o assédio moral deverá ser precedida de outras agressões.

Portanto para que se caracterize o assédio moral, a agressão deverá

ocorrer de forma sistemática e habitual, ou precedida de outras várias agressões.

Ressalta-se, apesar da agressão isolada nada ter haver com o assédio

moral, tal conduta é considerada um ato de violência que ensejará indenização

por danos morais.

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1.3.5 – Gestão Por Injúria

Hirigoyen conceitua injúria do seguinte modo:

Denominamos gestão por injúria o tipo de comportamento despótico de certos administradores, despreparados, que submetem os empregadores a uma pressão terrível ou os tratam com violência, injuriando-os e insultando-os, com total falta de respeito (HIRIGOYEN; 2002 apud Ferreira; 2010, p.63).

A injúria é voltada contra todos os empregados, não visa um

empregado especifico. Pode caracterizar o chamado dumping social, uma vez

que evidencia o exercício abusivo de um direito, no caso, o poder diretivo da

empresa.

1.3.6 – Imposições Profissionais

O poder de direção nada tem haver com o assédio moral, desde que

ocorra de forma a não violar a dignidade e a personalidade do trabalhador, não

podendo violar inclusive as cláusulas do contrato de trabalho.

A prática do poder de direção é um ato autêntico do empregador, que

tem o dever e o direito de tomar decisões e organizar da melhor forma possível o

ambiente de trabalho. Sendo assim, transferências, mudanças de função

previstas no contrato de trabalho, críticas construtivas e avaliações de trabalho

não consistem em assédio moral.

1.3.7– Assédio Sexual

O assédio sexual é aquele realizado pelo superior hierárquico com

objetivo de obter vantagens ou favorecimento sexual dominando sua vítima por

meio de chantagens.

O artigo 216-A do código penal tipifica o assédio sexual da seguinte forma:

Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua

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condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.

Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.

Parágrafo único. (VETADO)

§ 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos.

O artigo 216-A do código penal conceitua de forma clara o que vem a ser o assédio sexual demonstrando qual a pena aplicada ao agressor e também sua qualificadora.

No caso do assédio sexual a vítima é agredida por seu superior hierárquico que visa vantagens e favorecimento sexual. Tal tipo de assédio, conforme a lei, somente se configura se realizado por superior hierárquico em relação ao seu subordinado.

Não se configurará tal delito se a conduta de assédio for realizada por um agressor que não detenha poder hierárquico, mas este será responsabilizado por danos morais por violar dever contratual, não excluindo sua responsabilidade trabalhista e civil.

1.4 – OS SUJEITOS ENVOLVIDOS NO ASSÉDIO MORAL

Podemos classificar os sujeitos envolvidos no assédio moral como:

Assediador e Assediado.

O assediador pode ser uma pessoa ou um grupo de pessoa.

O referencial bibliográfico é unânime em apontar o perfil do assediador

moral como o de uma pessoa “perversa”, que se utiliza dos mecanismos

perversos para se defender. É um indivíduo com uma personalidade narcisista

que ataca a auto-estima do outro, transferindo-lhe a dor e as contradições que

não admite em sim mesmo: O seu ego é tão grandioso quanto a sua

necessidade de ser admirado e a sua falta de empatia. Como não está apto a

superar a solidão que o separa do mundo, dirigindo o amor para fora de si, é

insaciável em sua busca de gratificação, sentindo intensa inveja das pessoas

que são felizes e têm prazer com a própria vida.

A crise existencial cerca o destino do narcisista, impulsionando-o a

procurar uma vítima da qual possa absorver a vida. Incapaz de reconhecer

sua culpa e responsabilidade pelo mal que causa a si mesmo, o narcisista

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transfere esse sentimento para a vítima e passa a destruí-la moralmente:

primeiro a contamina com sua visão pessimista do mundo, até induzi-la à

depressão, depois passa a criticá-la pelas suas fraquezas. O perverso só

consegue existir e ter uma boa auto-estima humilhando os outros.

Muitas vezes o objetivo do assediador é massacrar alguém mais fraco,

cujo medo gera conduta de obediência, não só a vítima, mas de outros

empregados, que se encontram ao seu lado. Ele é temido e, por isso, a

possibilidade da vítima receber ajuda dos que a cercam é remota. A meta do

perverso, em geral, é chegar ao poder ou nele manter-se por qualquer meio,

ou então mascarar a própria incompetência. O importante para o assediador é

o domínio na organização; é controlar os outros.

O assediado é uma vítima e, por tal foi designado pelo agressor,

tornando-se o bode expiatório responsável por todo o mal.

O perfil psicológico do assediado é de uma pessoa plena em vitalidade,

mas que teme a desaprovação e tem uma tendência a se culpar. Em geral,

busca conseguir o amor e admiração dos outros oferecendo ajuda e

proporcionando prazer: enreda-se num jogo perverso, porque,

inconscientemente, acha que pode “doar vida” e ajudar o agressor superar a

infelicidade.

Para Guedes (2003, p.69):

À vítima do terror psicológico no trabalho não é o empregado desidioso, negligente. Ao contrário, os pesquisadores encontraram como vítimas justamente os empregados com um senso de responsabilidade quase patológico, são ingênuas no sentido de que acreditam nos outros e naquilo que fazem, são geralmente pessoas bem-educadas e possuidoras de valiosas qualidades profissionais e morais. De um modo geral, a vítima é escolhida justamente por ter algo mais. E é esse algo mais que o perverso busca roubar, ou simplesmente não se enquadra nos novos padrões de “modernização” da empresa. As manobras perversas reduzem a auto-estima, confundem e levam a vítima a desacreditar de sim mesma e a se culpar. Fragilizada emocionalmente, acaba por adotar comportamentos induzidos pelo agressor. A vítima é inocente, mas as testemunhas da agressão desconfiam dela. Seduzido e fascinado pelo perverso, o grupo não crê na inocência da vítima e acredita que ela haja consentido e, consciente ou inconscientemente, seja cúmplice da própria agressão.

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Portanto, a vítima do assédio moral não é uma pessoa pacata, sem

opinião própria, que fica em seu canto somente esperando o salário no final do

mês ou simplesmente um executor de tarefas pré-determinadas. O agressor não

se preocupa com este tipo de pessoa, pois esta não lhe ameaça o cargo, não

transmite perigo. A vítima em potencial é aquela que leva o agressor a sentir-se

ameaçado, seja no cargo ou na posição perante o grupo. A vítima é,

normalmente, dotada de responsabilidade acima da média, com um nível de

conhecimento superior aos demais, com uma auto-estima grande e, mais

importante, acredita piamente nas pessoas que a cercam.

A revisão bibliográfica apontou como principais perfis para as vítimas

de assédio moral:

- Trabalhadores com mais de 35 anos;

- Os que atingem salários muitos altos;

- Saudáveis, escrupulosos, honestos;

- As pessoas que tem senso de culpa muito desenvolvido;

- Dedicados excessivamente ao trabalho, perfeccionistas, impecáveis, não hesitam em trabalhar nos fins de semana, ficam até mais tarde e não faltam ao trabalho mesmo quando doentes;

- Não se curvam ao autoritarismo, nem se deixam subjugar;

- São mais competentes que o agressor;

- Pessoas que estão perdendo a cada dia a resistência física e psicológica para suportar humilhações;

- Portadores de algum tipo de deficiência;

- Mulher em um grupo de homens;

- Homem em um grupo de mulheres;

- Os que têm crença religiosa ou orientação sexual diferente daquele que assedia;

- Quem tem limitação de oportunidades por ser especialistas;

- Aqueles que vivem sós;

- Mulheres casadas e/ou grávidas e/ou que têm filhos

pequenos;

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HIRIGOYEN (2005, p. 95, 99, 123 e 124) aponta em seus estudos uma

clara diferença entre os assediados com relação ao sexo: 70% de mulheres

contra 30% de homens.

1.5 – AS ESPÉCIES DE ASÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO

É possível vislumbrar, de acordo com a doutrina, três modalidades

básicas para o assédio moral nas relações de trabalho: o vertical que se subdivide

em descendente e ascendente, o horizontal e o misto.

1.5.1 – Assédio Moral Vertical

A modalidade vertical ocorre entre sujeitos de diferentes níveis

hierárquicos, que estão envolvidos entre si por uma relação jurídica de

subordinação.

a– Descendente

O assédio ocorre pelo abuso do direito do empregador ou de seus

substitutos funcionais de exercer o seu poder diretivo ou disciplinar.

Nessa relação de verticalização profissional descendente. O objetivo é

eliminar dos quadros da empresa um ou mais indivíduos identificados, seja por

uma questão de defesa psicológica, seja por se tratar de empregado “improdutivo”

que não se adapta, por qualquer fator, à organização produtiva, como por doença

ou debilidade.

O emprego do assédio moral na relação assimétrica busca levar a

vítima a pedir demissão, eliminando custos adicionais oriundos da dispensa sem

justa causa do empregado, inviabilizando inclusive a propositura da demanda

judicial pelo trabalhador. É o que denominamos alhures como gestão por assédio

moral que busca desmesuradamente obter lucro em detrimento da dignidade

humana do obreiro e em flagrante desrespeito à valorização do trabalho humano,

princípio do direito econômico.

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Manipulando o medo do empregado, a humilhação vertical

descendente põe em risco o emprego de maneira insidiosa e, em geral, mediante

exposição vexatória como ranking, danças, corredor polonês, brincadeiras nas

quais o empregado é obrigado a participar para não ficar excluído de seus pares.

Deve o empregador estar atento para que em seu estabelecimento

empresarial não ocorra a prática do assédio moral, mas nem sempre o

empregador está a par das condutas praticadas por seus substitutos, que pode

estar agindo contra a filosofia da organização. Não obstante isso ocorre que, o

empregador acaba respondendo por culpa in vigilando e in eligendo nos moldes

do art. 932, inciso III do Código Civil.

b– Ascendente

Outra modalidade, um pouco mais rara, existente nas relações

assimétricas é o assédio moral que parte do(s) empregado(s) em direção ao

superior hierárquico.

A agressão de baixo para cima pode dar-se quando um colega é

promovido sem que os demais tenham sido consultados, ou ainda, quando há a

contratação de uma nova pessoa, cujo estilo e métodos não são aprovados pelos

subordinados, os quais consideram que esta não possui capacidade para

desempenhar tal função.

Em ambos os casos, fica evidente a falta de comunicação interna entre

os superiores e os subordinados, já que não houve a consulta ou consideração

das opiniões dos funcionários que seriam chefiados por este novo componente.

1.5.2– Assédio Moral Horizontal

No assédio horizontal as perseguições são desencadeadas e

realizadas pelos próprios colegas de mesmo nível hierárquico. São motivadas por

fatores como competição por um mesmo cargo ou promoção, sentimento de

inveja em relação a alguém que tem algo que os demais não tem, dificuldade em

conviver com a diferença (mulheres, homossexuais, negros...), inimizades

oriundas de histórias pessoais entre colegas.

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A hostilização entre colegas decorre de conflitos provocados por

motivos pessoais como atributos pessoais, profissionais, capacidade, dificuldade

de relacionamento, falta de cooperação, destaque junto à chefia, discriminação

sexual. Também é desencadeado esse tipo de perversão moral pela

competitividade perversa entre colegas, propulsora de práticas individualistas que

interferem na organização do trabalho, prejudicando o bom relacionamento e o

coleguismo (ALKIMIN, 2005, p. 64).

Verifica-se que esta forma de assédio pode ser praticada de forma

individual ou coletiva, e pode partir de um ou vários trabalhadores em face de um

trabalhador ou de um grupo de trabalhadores.

O desencadeamento do assédio moral entre colegas de trabalho

também pode estar relacionado a um modelo de gestão perversa, em que os

trabalhadores são tratados como meros objetos, enquanto são necessários ou

enquanto são muito produtivos. Quando não mais produzem o suficiente, a

empresa procura uma maneira de se livrar deles, no caso, colocá-los em situação

de rivalidade até que se desestruturem e se autodestruam.

O chamado fenômeno horizontal, elemento desse modelo de gestão,

caracteriza-se pela pressão para produzir com qualidade e baixo custo e pela

manipulação do medo. Com o enraizamento e a disseminação do medo no

ambiente de trabalho, reforçam-se atos individualistas, tolerância aos desmandos

e as práticas autoritárias no interior das empresas. O medo de ficar

desempregado favorece a submissão e o fortalecimento da tirania.

1.5.3– Assédio moral misto

O assédio moral misto é um caso mais raro de acontecer. Ele ocorre

quando a vítima sofre o assédio tanto dos colegas que se encontram no mesmo

nível hierárquico, como também por aquele que está em um nível superior aos

demais. Pode-se dizer que o assediado é atingido por “todos os lados”, situação

esta que, por certo, em condições normais, se torna insustentável em menor

tempo.

Esse tipo de assédio é mais freqüente em ambientes de trabalho com

grande competitividade interna e mau gerenciamento dentro da empresa, bem

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como um ambiente de trabalho estressante, no qual o patrão impõe um nível

elevadíssimo de exigências.

Sônia Mascaro Nascimento (2009, p.4), afirma que:

O assédio moral misto, por derradeiro, envolve no mínimo três sujeitos, o assediador vertical, o assediador horizontal e a vítima, que nesse contexto, é atacado por todos os lados, o que configurará uma situação em um curto período de tempo.

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CAPÍTULO II

O ASSÉDIO MORAL E A JUSTIÇA

2.1– A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

A competência de processar e julgar os casos de assédio moral no

ambiente de trabalho é da Justiça do Trabalho.

Durante muito tempo a doutrina e a jurisprudência discutiram sobre de

quem seria a competência para processar e julgar os casos de assédio moral no

ambiente de trabalho.

O artigo 114 da Constituição Federal, já demonstrava que a

competência para processar e julgar pedidos de indenização por danos morais

ocorridos no ambiente de trabalho é da Justiça do Trabalho.

A divergência sobre de quem seria a competência para processar e

julgar as indenizações por danos morais e materiais decorrentes do assédio moral

no ambiente de trabalho terminou com a chegada da Emenda Constitucional n°

45/2005, que atribuiu a Justiça do Trabalho a competência definitiva para julgar

tais ações.

Conforme matéria já sumulada pelo STF, as indenizações por dano

moral e dano material oriundos do mesmo fato, podem ser cumuláveis.

As súmulas 392 do TST e 736 do STF pacificam também o

entendimento de ser da Justiça do Trabalho a competência para processar e

julgar ações que descumpram normas trabalhistas e ações de indenização por

dano moral derivadas da relação de trabalho.

2.2– A PRESCRIÇÃO PARA A AÇÃO DO DANO MORAL DECORRENTE DO

ASSÉDIO MORAL.

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Não havendo mais dúvidas sobre a competência para processar e

julgar as ações de indenização por danos morais e materiais decorrentes do

assédio moral no ambiente de trabalho, ainda resta esclarecer a divergência

sobre o prazo prescricional para se pleitear a ação.

A doutrina é divergente, havendo basicamente, duas correntes. A

primeira defende o entendimento de que a prescrição é a adotada no art. 205 do

código civil. A segunda advoga em favor do posicionamento de que o prazo

prescricional é o trabalhista, sendo o mesmo previsto no art. 7°, inc. XXIX, da

Constituição Federal, isto é, prazo de dois anos para reclamar os últimos cinco

anos trabalhados (FERREIRA, 2010, p.128).

Não possui coerência a teoria defensora do prazo prescricional do

código civil, tendo em vista que, a indenização decorrente do processo de assédio

moral nasce no âmbito da relação de trabalho, sendo pacífico o entendimento de

que o dano moral trabalhista é de competência da Justiça trabalhista e não da

Justiça comum.

Aliás, a jurisprudência dos tribunais regionais do trabalho é pacífica ao

estabelecer o prazo prescricional da indenização por dano moral, adotando a

prescrição trabalhista. Portanto, conforme dita a jurisprudência, a indenização por

dano moral, advindo de processo de assédio moral possui como prazo

prescricional o mesmo estabelecido para os demais direitos inerentes às relações

de trabalho, isto é, prazo de dois anos para pleitear os direitos dos últimos cinco

anos. (FERREIRA, 2010, p.128).

2.3– O ÔNUS DA PROVA.

A questão da prova do dano moral é foco de amplas discussões por

conta da dificuldade de comprovação devido suas características próprias, já que

este tipo de agressão acontece na esfera do imaterial – personalidade, auto-

estima, emocional – do indivíduo, sendo suas seqüelas não facilmente visíveis e

mensuráveis.

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Com efeito, a vítima acaba por encontrar sérios obstáculos quando

após vencer o medo de enfrentar todos os dilemas da denúncia da agressão

sofrida necessita provar que sofreu um dano nos seus direitos personalíssimos.

Destarte, o Código de Processo Civil (CPC) no artigo 335 dispõe que

na falta de norma particular, o juiz deverá aplicar as regras de experiência.

Neste sentido, Pamplona Filho (2002, p. 171) leciona:

[...] para que o juiz se convença da existência do dano moral, o autor deverá indicar os indícios que possibilitem a configuração da presunção de que se trata de algo que ordinariamente acontece, o que não deixa de ser uma atividade processual instrutória completa.

O ordenamento jurídico brasileiro não deixa espaço para que o dano

moral tenha presunção absoluta, o que confere ao autor a incumbência de tomar

posse e se abastar de provas que venham comprovar o ato ilícito do agente.

O juiz a partir das regras de experiência passará a avaliar o caso

concreto, tendo por base importantes aspectos como: a ocorrência dos fatos

descritos pelas partes envolvidas e as provas documentais e orais. Para assim,

poder se posicionar sobre o caso.

Ainda não há uma pacificação entre doutrina e jurisprudência sobre a

prova que deve ser realizada para provar o assédio moral.

Segundo Maria Aparecida Alkimin, não é necessário provar a dor

causada pelo assédio moral, basta apenas, que se prove a conduta ilícita do

assediador.

Para a reparação do dano moral, é imprescindível a prova dos fatos que dão causa ao dano moral, entretanto, é prescindível a prova da dor, sofrimento e perturbação interior causada pela conduta ilícita, pois a doutrina e jurisprudência admitem a teoria do danum in re ipsa, para a qual o dano moral se prova para si mesmo, ou seja, provando o ilícito, dispensa-se a prova do prejuízo moral in concreto, pois, por ferir os direitos de personalidade e afetar o mais íntimo sentimento humano, é de difícil constatação (ALKIMIN, 2005, p.17).

O assédio moral causa danos na vida da vítima, que podem ser

provados por presunção, indícios e outros, que são provas indiretas, se os danos

causados foram físicos e psíquicos poderão ser provados com documentos,

testemunhos e etc., conforme o artigo 212 do código civil.

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Segundo o artigo 818 da CLT o ônus da prova é da parte que alega o

dano. Já segundo o artigo 333, I e II, o ônus da prova será do autor da ação,

quanto ao fato constitutivo de direito e será do réu quando existir fato impeditivo,

modificativo ou extintivo de direito.

O ônus da prova no caso de assédio moral é da parte que alega ter

sofrido o assédio.

Mas segundo Maria Aparecida Alkimin (2005, p. 118):

[...] o juiz valendo-se de sua persuasão racional e da persuasão como meio de prova, poderá aferir ou até mesmo presumir a existência de dor, sofrimento, angústia, aflição, desespero, vergonha, humilhação, o descrédito perante os colegas, admitir a existência do dano, determinando a inversão do ônus da prova, impondo ao agressor o ônus de provar a inexistência de conduta assediante e da possibilidade de existência de nexo de causalidade; até porque, diante do desequilíbrio social e econômico entre empregado e empregador, perfeitamente justificável a inversão do ônus da prova.

Portanto, apesar do ônus da prova ser da parte que alega ter sofrido o

assédio moral, o juiz poderá inverter esse ônus, fazendo com que a parte que

alega não ter praticado tal conduta de agressão, prove que não realizou tal

conduta.

2.4– A LEGISLAÇÃO EXISTENTE SOBRE O ASSÉDIO MORAL

Apesar do assédio moral, ser uma prática muito antiga tornou-se um

assunto muito recente, pois somente agora está sendo mais bem estudado, não

tendo ainda uma legislação específica sobre o assunto. Pelo fato do assédio ser

uma prática velada e de difícil percepção, se faz necessária a criação de uma

legislação específica para o caso.

A legislação deverá ter o condão de prevenir, punir e indenizar as

vítimas de tal assédio.

Existem vários projetos de lei que tentam regulamentar o assédio

moral, mais nada foi incorporado ao nosso ordenamento.

Pelo fato do assédio moral ser uma prática devastadora que cada vez

mais é praticada dentro do ambiente de trabalho fica evidente a estrema urgência

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em se criar uma legislação específica para o caso, isso beneficiaria a todos, pois

as empresas ficarão mais atentas a esse tipo de assédio, as vítimas estariam bem

mais amparadas e os agressores punidos com extremo rigor.

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CAPÍTULO III

A PREVENÇÃO E A DEFESA DO ASSÉDIO MORAL

3.1– COMO PREVENIR O ASSÉDIO MORAL

A criação de uma lei específica sobre o assédio moral é imprescindível.

Todavia, apesar da criação de uma norma para punir e responsabilizar o

agressor, tal norma não fará com que esse tipo desapareça. Portanto, é também

indispensável que sejam adotadas técnicas para prevenir e evitar o assédio moral

dentro do ambiente de trabalho.

A prevenção é a primeira e mais efetiva forma de defesa do assédio

moral, pois o problema não é do indivíduo, mas das condições de trabalho, que

permitem aos superiores espaço para agir. Um ambiente de trabalho saudável é

uma conquista diária. Assim, a mais eficaz das soluções talvez seja a

solidariedade e a ação coletiva. Uma das formas para reparar as atitudes que

tenham conteúdo de assédio moral é, justamente, a ação judicial, que tenha a

dignidade da pessoa humana como bem jurídico a ser indenizado.

Deve haver um processo de conscientização por parte das empresas,

pois apesar dos trabalhadores serem os principais atingidos, de forma direta, elas

acabam indiretamente perdendo, tanto nos custos tangíveis, como eficiência,

aumento de acidentes e doenças no trabalho, como nos intangíveis, que vão

desde a sua reputação até as suas relações com a sociedade.

Necessária se faz, assim, a tomada de atitudes efetivas, com base em

leis já existentes e na ação solidária, para que haja uma conscientização coletiva

de que o assédio moral não é um mal que se dá apenas com o outro, pois a sua

grande vítima, é a própria sociedade.

O assédio moral como já vimos anteriormente, afeta durante muito

tempo a saúde física e psicológica da vítima.

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Pelo fato do assédio moral ocorrer de forma velada, acaba se tornando

uma situação difícil de resolver, pois somente acaba sendo percebida quando já

provocou danos muitas vezes irreparáveis em suas vitimas.

As técnicas de prevenção não afastarão a vontade perversa e

narcisista do agressor, mas poderá limitá-lo, segundo o que diz a obra de Marie-

France Hirigoyen (2005, p. 312).

A empresa que não previne e deixa que o assédio moral se espalhe no

ambiente de trabalho, é responsável por tal agressão.

A autora Marie-France Hirigoyen (2005, p. 325-326), nos mostra em

sua obra, quatro etapas de como intervir em uma empresa:

Primeira etapa

Informação e sensibilização de todos os empregados sobre

a realidade do assédio moral por meio de um grande debate

público. Lançar campanha de explicações para ensinar aos

trabalhadores a debater como se pode chegar a situações

de assédio moral e para esclarecê-los acerca dos recursos

disponíveis. Uma publicação obrigatória resumirá os direitos

da empresa. Folhetos explicativos mais detalhados poderão

ser colocados à disposição dos interessados.

Segunda etapa

Formação de especialistas internos: equipes de medicina

social, representantes sindicais ou pessoas de boa vontade

que queiram trabalhar como “pessoas de confiança”. Esse

treinamento de vários dias deverá ser acompanhado de um

dossiê pedagógico incluindo pesquisas recentemente

realizadas sobre o assédio, a fim de incitar os participantes a

prosseguir, sozinhos ou em grupo, nas discussões e

reflexões.

Terceira etapa

Treinamento de funcionários dos departamentos de recursos

humanos quanto às providências a adotar para prevenir o

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assédio moral, detectá-lo ou administrar os casos já

existentes. Esta formação pode ser feita em um único dia,

com uma visão teórica, mas também com simulações de

papéis, com o objetivo de ensiná-los a reagir corretamente

sempre que algum colaborador se queixar de estar sendo

assediado. É preciso conseguir melhorar o nível de escuta

da empresa diante de situações atípicas a ela.

Quarta etapa

Redação de uma agenda social. Algumas administrações

públicas e empresas internacionais, sob influencia de

regulamentações americanas, já adotaram uma agenda

como esta para discutir o assédio sexual e a discriminação

(raça, cor, sexo, idade, status, social, enfermidade...).

Parece-nos interessante fundir em um só texto as

disposições concernentes ao assédio moral, ao assédio

sexual e as discriminações. O texto seria distribuído

nominalmente a cada empregado.

A empresa que implanta técnicas de prevenção proporciona aos seus

funcionários um ambiente de trabalho sadio e agradável, fazendo com que não

ocorram casos de assédio moral dentro desse ambiente de trabalho.

Além das empresas é de extrema valia a participação dos Sindicatos

no processo de formação e mudanças, na medida em que são representantes dos

trabalhadores. Schirlei Azevedo Ribeiro (2005) defende que é obrigação dos

sindicatos colocarem em primeiro plano, a segurança e saúde das trabalhadoras

e trabalhadores, durante as negociações coletivas. Abrir as portas da entidade

para as denúncias. Formar seus coordenadores e coordenadoras, que são as

referências da classe a qual representam para perceberem a dor daquele que

chega até o sindicato.

Assim, é indubitável afirmar que a atuação dos sindicatos seja na forma

de palestras, cartilhas expositivas, seja através de mecanismos práticos de

conscientização e informação sobre fenômeno, colaboram de forma louvável na

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prevenção do assédio moral. Restando, portanto, aos entes sindicais,

desempenharem seu papel primordial de defensores da classe trabalhista.

Conclui-se que as empresas, a sociedade, os sindicatos, as diretorias

de recursos humanos, médicos, psiquiatras, entre outros têm um papel importante

na prevenção e no combate do assédio moral.

3.2– FORMAS DE DEFESA DO ASSÉDIO MORAL

O assédio moral dentro do ambiente de trabalho pode ser evitado se a

empresa adotar técnicas de prevenção.

Mesmo que a empresa não utilize técnicas para prevenir o assédio

moral, a vítima pode tomar uma série de medidas que visem a sua defesa, de

forma que possa livrar-se desse mal.

Margarida Barreto (2005, p. 21), nos mostra algumas posturas que a

vítima pode adotar em relação ao assédio moral:

Resistir: anotar com detalhes todas as humilhações sofridas

(dia, mês, ano, hora, local ou setor, nome do agressor,

colegas que testemunharam, conteúdo da conversa e o que

mais você achar necessário).

Dar visibilidade, procurando a ajuda dos colegas,

principalmente daqueles que testemunharam o fato ou que

já sofreram humilhações do agressor.

Organizar: O apoio é fundamental dentro e fora da empresa.

Evitar conversar com o agressor, sem testemunhas. Ir

sempre com colega de trabalho ou representante sindical.

Exigir por escrito explicações do ato agressor e permanecer

com cópia da carta enviada ao D.P ou R.H e da eventual

resposta do agressor. Se possível mandar sua carta

registrada, por correio, guardando o recibo.

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Procurar seu sindicato e relatar o acontecido para diretores e

outras instâncias, como médicos ou advogados, assim

como: Ministério público, Justiça do Trabalho, Comissão de

Direitos Humanos e Conselho Regional de Medicina (ver

Resolução do Conselho Federal da Medicina n° 1.488/98

sobre saúde do trabalhador).

Recorrer ao Centro de Referência em Saúde dos

Trabalhadores e contar a humilhação sofrida ao médico,

assistente social ou psicólogo.

Buscar apoio junto a familiares, amigos e colegas, pois o

afeto e a solidariedade são fundamentais para a

recuperação da auto-estima, dignidade e cidadania.

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CAPÍTULO IV

AS CONSEQUÊNCIAS DO ASSÉDIO MORAL

A maior importância de se ter idéia da conseqüência do assédio moral

é que se possa realmente denominar a lesão causada ao assediado, a fim de que

numa eventual reclamação trabalhista possa ser devidamente indenizada pelos

prejuízos que lhe foram causados.

Insta registrar que o pleito indenizatório poderá ser formulado tanto

contra o assediador, já que este é efetivamente o autor do dano, como também

poderá ser voltado contra o empregador (o que geralmente ocorre), uma vez que

este é solidariamente responsável (a teor do art. 932, III do Código Civil) pelos

atos de seus empregados no exercício do trabalho que lhes competir ou em razão

deste, além de possuir obrigação de proporcionar a seus empregados um meio

ambiente saudável (art. 7º, XXII CF).

Observe-se ainda que no caso de ação movida em face do empregador

poderá ser pleiteada a rescisão indireta do contrato de trabalho ou a reintegração,

conforme o caso. Sim, pois um determinado empregado assediado pode preferir

deixar o local de trabalho e fará jus aos benefícios da rescisão indireta, com fulcro

no art. 483 da CLT e seus incisos. Já outro empregado assediado, poderá ter sido

levado pelas circunstâncias do assédio a pedir demissão, preferindo agora reaver

o seu emprego, além dos demais ressarcimentos cabíveis.

Quando falamos em conseqüências de assédio moral a primeira que

vem em nossas mentes é quanto a sua integridade física, porém as

conseqüências vão muito mais além, e acabam por afetar outras áreas como a

vida social e econômica da pessoa e ainda afeta a produtividade da empresa e o

estado.

Os danos à saúde do empregador são os mais variados possíveis, e

aparecem de acordo com o assédio aplicado e de acordo com o perfil do

assediado.

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4.1– OS DANOS A SAÚDE DA VÍTIMA

Os danos que o assédio moral acarreta para a vítima são inúmeros,

tais danos muitas vezes continuam a aumentar mesmo que já tenha sido

interrompido o assédio.

A pesquisa realizada por Hirigoyen demonstra que o processo de

assédio moral quase sempre termina com a saída da vítima do emprego, num

estado de saúde muito debilitado, ficando sem condições físicas e mentais para

se realocar no mercado de trabalho. Os números impressionam: em 36% dos

casos a vítima é desligada da empresa; 20% destes a demissão vêm em

decorrência de falhas no trabalho; 9% a demissão é negociada; 7% a pessoa é

quem pede demissão e 1% trata-se de pré-aposentadoria (FERREIRA; 2010,

p.72).

O assédio moral desencadeia diversos danos a saúde da vítima, tais

como o estresse. Mas esse estresse não é o comum que ocorre por causa das

pressões do dia-a-dia. Esse estresse decorre como conseqüência da submissão

da vítima ao seu agressor que a assedia moralmente.

Muitas vítimas por causa do assédio moral passam a sofrer de

estresse-pós-traumático. As vítimas de assédio moral passam a ter dificuldades

de concentração, desânimo, sensação de vazio, tendências suicidas, dores de

cabeça, dores generalizadas, hiperatividade, depressão, insônia, problemas

cardíacos, etc.

A partir da experiência traumática a vítima desenvolve uma série de

sintomas, podendo afetar até mesmo sua relação com seus familiares e amigos.

O quadro abaixo, fruto do levantamento realizado por Margarida Maria

Silveira Barreto, médica do trabalho e pesquisadora, com 2.072 trabalhadores,

ilustra como homens e mulheres respondem ao assédio moral no ambiente de

trabalho: (BARRETO; 2006, p.237).

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Sintomas Mulheres (%)

Homens (%)

Crises de choro 100 -

Dores generalizadas 80 80

Palpitações, tremores 80 40

Sentimento de inutilidade 72 40

Insônia ou sonolência excessiva 69,6 63,6

Depressão 60 70

Diminuição da libido 60 15

Sede de vingança 50 100

Aumento da pressão arterial 40 51,6

Dor de cabeça 40 33,2

Distúrbios digestivos 40 15

Tonturas 22,3 3,2

Idéia de suicídio 16,2 100

Falta de apetite 13,6 2,1

Falta de ar 10 30

Passa a beber 5 63

Tentativa de suicídio - 18,3

Como se pode constatar, há diversos sintomas comuns a homens e

mulheres, em maior ou menor proporção, sinalizando todos eles o sofrimento

imposto à vítima de assédio moral.

A vítima que não rompe relação com seu agressor corre sérios riscos

de ser destruída pelo mesmo, uma vez que, o agressor aos poucos vai minando a

sua resistência.

4.2 – OS DANOS AO PATRIMÔNIO DA VÍTIMA

O assédio moral também acarreta danos ao patrimônio da vítima. A

vítima acaba por reduzir sua capacidade de trabalho.

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Com a capacidade laboral da vítima diminuída esta pode acabar

deixando de receber bonificações e prêmios que recebia em razão do seu alto

rendimento. Licenças médicas acabam por reduzir seu salário. A vítima também

passa a arcar com remédios e tratamentos para sua saúde, gerando uma

significativa redução patrimonial. E como se não bastasse à demissão acaba por

comprometer mais ainda seu patrimônio.

Existem circunstâncias onde o prejuízo patrimonial é ainda maior.

Imagine, por exemplo, uma situação onde o trabalhador tem a sua imagem

profissional denegrida e em decorrência disso não consegue recolocação no

mercado de trabalho, ou quando aos 30 anos de idade foi invalidado

permanentemente para desempenhar a sua atividade profissional.

Nesses casos, não é tarefa fácil quantificar financeiramente o valor do

dano ocasionado pela agressão, entretanto, é de fácil constatação que em ambos

os casos a lesão ao patrimônio da vítima é de enorme dimensão.

4.3– OS DANOS À EMPRESA

A empresa também é prejudicada em função do assédio moral. Isso

ocorre, porque a empresa sente uma modificação significativa na sua equipe de

trabalho.

A vítima acaba tendo uma redução na sua capacidade laborativa,

provocando um considerável impacto econômico. A empresa acaba arcando com

o salário de um funcionário que já não mais produz com eficiência. Se a vítima é

afastada, a empresa terá que contratar um novo funcionário.

Se ficar provado o assédio moral, a empresa terá que arcar com a

responsabilidade de indenizar o trabalhador conforme os artigos 927,932 e 933 do

código civil e artigo 114 da Constituição Federal (SANTUCCI; 2006, p.56).

O empregado que praticar assédio moral poderá ser demitido por justa

causa segundo o que prescreve artigo 482 da CLT.

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O empregado por sua vez que sofrer assédio moral por parte de seu

empregador poderá considerar rescindindo o contrato de trabalho e poderá

pleitear indenização conforme o artigo 483 da CLT.

A empresa que for condenada a indenizar a vítima de assédio moral,

poderá ajuizar a ação de regresso em face do empregado que realmente realizou

o ato de assédio, segundo o artigo 934 do Código Civil (SANTUCCI; 2006, p.57).

Ademais, a empresa que for condenada pela prática de assédio moral

poderá perder a possibilidade de conseguir investimentos públicos juntos as

agencias financeiras oficiais de fomento, como Caixa Econômica Federal, Banco

do Brasil, BNDES, dentre outras (FERREIRA; 2010, p. 74-75).

4.4– OS DANOS AO ESTADO

O assédio moral no ambiente de trabalho acaba por gerar também

danos ao Estado, tais como: ações na área de saúde, trabalho e previdência

social.

A agressão moral imputa ao Estado um acréscimo nas despesas

direcionadas a políticas publicas de redução do desemprego e de proteção ao

trabalhador, como o seguro-desemprego. Além disso, existem os custos com os

tratamentos de patologias oriundas do assédio, que na maioria das vezes são

caros e, por isso, são realizados junto ao Sistema Único de Saúde. A ação

também atribui um aumento nos gastos com Previdência Social, que por sua vez,

arca com os gastos referentes às licenças médicas mais longas e até mesmo com

aposentadorias precoces por invalidez decorrente do assédio moral.

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CONCLUSÃO

A presente monografia demonstra que, o Assédio Moral nas relações de

trabalho é um tema de extrema importância e relevância para a sociedade.

Por se tratar de uma conduta que degrada o ambiente de trabalho, visa-se

demonstrar com esta pesquisa, como ele ocorre, quais são seus elementos

caracterizadores, quais são as espécies de assédio existentes fazendo com que

todos dentro da sociedade o conheçam para que possa ser combatido

eficazmente.

Claramente, para se buscar a tutela jurídica contra o Assédio Moral, há a

necessidade de diferenciar o Assédio Moral como ato, gesto, comportamento,

conduta degradante e humilhante dirigida contra o empregado de forma repetitiva

e prolongada, com a intenção de rebaixá-lo, humilhá-lo, envergonhá-lo, e excluí-lo

da organização do trabalho, de outras situações conflituosas que ocorrem no

ambiente de trabalho, mas sem a conotação de conduta assediante, sob pena de

criar falsas acusações de Assédio Moral, desestabilizando toda a organização do

trabalho, pois gera clima de insegurança e incertezas, além de tornar a Justiça do

Trabalho meio de obtenção de indenizações.

Na era da globalização e flexibilização de condições de trabalho, não

podem deixar de ser garantidas ao trabalhador condições mínimas de trabalho

para a preservação de sua dignidade humana, inclusive a garantia de um meio

ambiente de trabalho sadio que lhe dê satisfação, uma vez que passa a maior

parte de sua vida no ambiente de trabalho.

O Assédio Moral, além de prejudicar a personalidade e saúde do

empregado, estende seus efeitos sobre a sociedade, pois conduz ao desemprego

e a vítima do Assédio moral pode se tornar um encargo para o Estado, pois

gozará de benefícios previdenciários; posto que o empregado assediado tem

queda na produtividade, dificuldade de integração e interação com o grupo, além

de absenteísmo, tudo capaz de resultar em déficit para o empregador.

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A criação de uma lei específica para coibir o Assédio moral não é suficiente

para evitar a propagação desse mal na organização do trabalho, sendo elementar

uma ação preventiva, pois a prevenção é a maior arma contra o Assédio Moral,

exigindo do empregador a utilização de medidas necessárias para garantia de um

meio ambiente do trabalho sadio e com qualidade de vida.

As empresas através de um trabalho bem estruturado e capacitado de

Recursos Humanos devem adotar medidas preventivas contra o Assédio Moral,

que deve agir de forma interdisciplinar como o médico do trabalho, psicólogo,

sindicatos, comissão de empregados etc., possibilitando interagir, dinamizar,

estabelecer a comunicação respeitosa, humana e solidária entre todos aqueles

que integram o processo produtivo.

Os sindicatos não poderão deixar de chamar a responsabilidade pela

prevenção e fiscalização contra o Assédio Moral, devendo exercer função

protetora tanto do interesse coletivo como interesse individual do empregado,

pois, como visto, mesmo o Assédio Moral sendo direcionado a um trabalhador,

refletirá no ambiente de trabalho, desestabilizando-o, já que inspira nos demais

empregados o receio, o medo de que se torne constante a prática na empresa e

qualquer outro trabalhador seja vitimizado.

Conclui-se que, a prática odiosa do Assédio Moral provoca efeitos danosos

às empresas e à sociedade, a par daqueles ainda mais graves causados à saúde

dos trabalhadores que dele são vítimas e embora dificilmente possa ser

eliminado, pois é próprio da sociedade atual, competitividade e discriminadora. No

entanto, pode ser contido, penalizado, possibilitando à vítima a justa reparação de

todo mal que viveu.

.

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ÍNDICE

RESUMO............................................................................................................... 3

METODOLOGIA.................................................................................................... 4

SUMÁRIO.............................................................................................................. 5

INTRODUÇÃO........................................................................................................ 7

CAPÍTULO I

ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO.......................................... 9

1.1 Conceito.......................................................................................................... 9

1.2 Elementos caracterizadores do assédio moral no ambiente de

trabalho................................................................................................................. 12

1.3 Distinção com figuras assemelhadas: o que não é assédio

moral..................................................................................................................... 14

1.3.1 O estresse profissional................................................................................ 15

1.3.2 Situações conflituosas............ .................................................................... 15

1.3.3 Más condições de trabalho.......................................................................... 16

1.3.4 Agressão pontual......................................................................................... 16

1.3.5 Gestão por injúria......................................................................................... 17

1.3.6 Imposições profissionais ............................................................................. 17

1.3.7 Assédio sexual............................................................................................. 17

1.4 Os sujeitos envolvidos no assédio moral........................................................ 18

1.5 As espécies de assédio moral no ambiente de

trabalho................................................................................................................. 21

1.5.1 Assédio moral Vertical................................................................................. 21

a) Descendente..................................................................................................... 21

b) Ascendente....................................................................................................... 22

1.5.2 Assédio moral horizontal.............................................................................. 22

1.5.3 Assédio moral misto .................................................................................... 23

CAPÍTULO II

O ASSÉDIO MORAL E A JUSTIÇA DO

TRABALHO.......................................................................................................... 25

2.1 A competência da Justiça do Trabalho........................................................... 25

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2.2 A prescrição para a ação de dano moral decorrente do assédio

moral..................................................................................................................... 25

2.3 O ônus da prova.............................................................................................. 26

2.4 A legislação existente sobre o assédio moral................................................. 28

CAPÍTULO III

A PREVENÇAÕ E A DEFESA DO ASSÉDIO MORAL....................................... 30

3.1 Como prevenir o assédio moral...................................................................... 30

3.2 Formas de defesa do assédio moral............................................................... 33

CAPÍTULO IV

AS CONSEQUENCIAS DO ASSÉDIO MORAL ................................................. 35

4.1 Os danos à saúde da vítima........................................................................... 36

4.2 Os danos ao patrimônio da vítima.................................................................. 37

4.3 Os danos às empresas................................................................................... 38

4.1 Os danos ao Estado........................................................................................ 39

CONCLUSÃO....................................................................................................... 40

BIBLIOGRAFIA.................................................................................................... 42