68
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE Crise no setor de Transporte de Carga no Brasil Por: Luciano Lopes da Silva Orientador Profª. Emila Maria Mendonça Parentoni Rio de Janeiro 2007

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … LOPES DA SILVA.pdf · Crise no setor de Transporte de Carga no Brasil Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes

  • Upload
    dinhtu

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Crise no setor de Transporte de Carga no Brasil

Por: Luciano Lopes da Silva

Orientador

Profª. Emila Maria Mendonça Parentoni

Rio de Janeiro

2007

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Crise no setor de Transporte de Carga no Brasil

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Logística

Empresarial.

Por: Luciano Lopes da Silva

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus acima de tudo por mais essa vitória, a minha família, em especial minha esposa Heloísa, e aos verdadeiros amigos, que disponibilizaram seu precioso tempo para trocar experiências ou mesmo que apenas para ouvir sem muito entender, mas que contribuíram diretamente tornando mais fácil o dia a dia dessa trajetória, na elaboração e conclusão desse trabalho.

4

DEDICATÓRIA

Aqueles que me protegem diariamente Deus e Nossa senhora; Ao meu pai Isaias, grande amigo; A minha mãe Marlete, grande exemplo, uma grande heroína e amiga; A minha esposa Heloísa Serra, minha maior motivação para renovar meus conhecimentos, reciclar conceitos, repensar valores e apoiar minhas escolhas; A todos que amo, que acreditam na minha força interior e que são meu maior incentivo para continuar prosseguindo, em freqüente ebulição, promovendo mudanças sempre que possível; A todos aqueles que incentivam e valorizam o conhecimento e aprimoramento profissional.

5

RESUMO

A Logística de Transporte está estruturada sobre muitas variáveis, sendo

também uma importante área na formulação das políticas econômicas. Uma

delas, de valor fundamental, é a locomoção de bens de seu ponto de origem

até seu ponto de destino, o elo entre a zona de produção da mercadoria e sua

respectiva zona de consumo.

A Gestão de Transporte, parte essencial de um sistema logístico, é a atividade

responsável por esses fluxos de matéria prima e produto acabado entre todos

os elos da cadeia logística. Pelo peso e valor relativo na transação, o

transporte é componente decisivo no custo final da mercadoria, atendimento de

prazos e condições de entrega pré-estabelecidas.

Segundo entidades empresariais e especialistas, o sistema de transportes

brasileiro está na iminência de um colapso. Números da Confederação

Nacional do Transporte (CNT) revelam que 75% das estradas estão em estado

péssimo, ruim ou irregular. O Ministério do Transporte reconhece que a malha

rodoviária brasileira (que transporta 60% das cargas) está comprometida e há

possibilidade de um apagão logístico.

Dentre os assuntos abaixo falaremos sobre “Apagão Logístico”, mas será que

essa situação já está acontecendo, vai acontecer ou sempre existiu? Cabe

refletir cada vez mais sobre esta questão e, quem sabe, acreditarmos em nós

mesmos, característica essa que vemos em muitos outros países até em

demasia.

6.

METODOLOGIA Para execução do trabalho foi feito pesquisa em sites especializados no

assunto Centro de Estudos em Logística do Instituto Coppead de

Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CEL/Coppead-

UFRJ). Consultas a livros, teses, relatórios de pesquisa, periódicos e outras

referências bibliográficas.

7SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................ 8 CAPÍTULO I: Logística.................................................................................... 9 1.1- A Logística nas organizações .......................................................... 12 1.2- Supply Chain Management (Logística Enxuta) …….…………….… 18 1.2.1- Just-in-Time ………………………….……………………...……….. 22 1.2.2- Melhorar a Visibilidade do Fluxo Logístico ............................... 29 1.2.3- Gerenciar a Logística como um Sistema ................................... 31 1.3- Na Cadeia Logística a importância da informação ......................... 32 1.3.1- Informação, Gerenciamento e Processo decisório .................. 33 1.4- Vantagem Competitiva através da Logística ................................... 37 1.4.1- Logística Enxuta .......................................................................... 39 1.4.2- Geração de valor Logístico ......................................................... 40 CAPÍTULO II: Visão geral sobre Transporte ............................................... 42 2.1- Fatores que afetam os transportes .................................................. 43 a) Mudança nos modelos das organizações ....................................... 43 b) Demanda e Serviço ao cliente .......................................................... 44

c) Globalização ....................................................................................... 44 2.2- Fatores que afetam a economia do transporte ................................ 46 a) Distância .............................................................................................. 46 b) Volume ................................................................................................. 46 c) Densidade (relação entre peso e espaço) ........................................ 47 d) Acondicionamento ............................................................................. 47 e) Manuseio ............................................................................................. 48 f) Responsabilidade ............................................................................... 48 2.3- Acidentes no Transporte Rodoviário de Cargas no Brasil ............. 49 CAPÍTULO III: Apagão Logístico .................................................................. 56 3.1- Infra-Estrutra: O Apagão Logístico ................................................... 57 3.1.1- O desafio da multimodalidade ..................................................... 59 3.2- Brasil está à beira do Apagão Logístico .......................................... 62 CONCLUSÃO ................................................................................................. 64 BIBLIOGRAFIAS ............................................................................................ 66 FOLHA DE AVALIAÇÃO ............................................................................... 67

8INTRODUÇÃO

A logística nos dias de hoje, já está sendo vista como um grupo de

atividades que deve garantir o atendimento ao cliente com o produto certo, no

lugar certo e no momento certo. É o transporte uma das mais relevantes

funções logísticas e tem como principais funções basicamente o ”tempo certo

no lugar certo”. Assim, o custo de transporte representa cerca de 60% dos

custos logísticos na maioria das empresas, podendo variar entre 4% e 25% do

faturamento bruto, e em muitos casos, superando o lucro operacional. Tem

como papel fundamental o desempenho de diversas dimensões do serviço ao

Cliente.

No Brasil o setor de transportes fatura algo em torno de R$ 30 bilhões,

representando 3,5 % do PIB brasileiro. Estima-se que cerca de 3,5 milhões de

pessoas estejam empregadas no setor.

E a falta de transporte pode parar o Brasil? É impressionante o que se

fala de “apagão logístico”, mas será que essa situação já está acontecendo, vai

acontecer ou sempre existiu?

Há vários anos o transporte de carga, no Brasil, vem apresentando

sintomas que apontam para graves problemas. Uma dependência exagerada

do modal rodoviário, dificuldades de desenvolvimento dos outros modais,

crescente número de acidentes e mortes, envelhecimento de frota e

participação cada vez maior de autônomos.

Os capítulos a seguir tratam, primeiramente, de uma visão geral sobre

logística, o transporte e suas modificações sofridas no tempo, o apagão

logístico e como podemos tentar evitá-lo.

9

CAPÍTULO I

LOGÍSTICA

A origem da palavra vem do grego “LOGISTIKOS”, do qual o latim

“LOGISTICUS” é derivado, ambos significando cálculo e raciocínio no sentido

matemático.

O desenvolvimento da logística está intimamente ligada ao progresso

das atividades militares e das necessidades resultantes das guerras..

O exército persa foi o primeiro a utilizar uma marinha em grande escala.

Na expedição de Xerxes de encontro aos gregos, em 481 a.C., foram utilizados

mais de 3.000 navios de transporte para sustentar o exército.

A logística existe desde os tempos mais antigos. Na preparação das

guerras, líderes militares desde os tempos bíblicos, já utilizavam a logística. As

guerras eram longas e nem sempre ocorriam próximo de onde estavam as

pessoas. Por isso, eram necessários grandes deslocamentos de um lugar para

outro, além de exigir que as tropas carregassem tudo o que iriam necessitar.

Para fazer chegar carros de guerra, grandes grupos de soldados e

transportar armamentos pesados aos locais de combate, era necessária uma

organização logística das mais fantásticas. Envolvia a preparação dos

soldados, o transporte, a armazenagem e a distribuição de alimentos, munição

e armas, entre outras atividades.

Durante muitos séculos, a Logística esteve associada apenas à

atividade militar.

10Por ocasião da Segunda Guerra Mundial, contando com uma tecnologia

mais avançada, a logística acabou por abranger outros ramos da administração

militar. Assim, a ela foram incorporados os civis, transferindo a eles os

conhecimentos e a experiência militar.

Podemos dizer que a logística trata do planejamento, organização,

controle e realização de outras tarefas associadas à armazenagem, transporte

e distribuição de bens e serviços.

Exemplo de Logística:

A indústria japonesa produz eletro-eletrônicos competitivos e, por isso,

consumido no Mundo todo. Para conseguir estes resultados, foi preciso

projetar, desenvolver o produto adequado, armazená-lo corretamente, controlar

os estoques, transportar, distribuir e oferecer assistência técnica de acordo

com o desejado por seus consumidores.

Esse exemplo nos mostra que, ainda que os locais onde os produtos

são manufaturados estejam distantes de onde serão consumidos, é possível,

através da logística, atender satisfatoriamente aos consumidores.

No Brasil, os alimentos são transportados das zonas rurais até os

centros urbanos. E, as mercadorias produzidas nas grandes cidades são

levadas até o campo, em geral percorrendo grandes distâncias.

Por ser capaz de promover essa integração, é que o transporte é a

atividade logística mais importante.

Transportar mercadorias garantindo a integridade da carga, no prazo

combinado e a baixo custo exige o que se chama "logística de transporte".

A movimentação dos produtos pode ser feita de vários modos:

rodoviário, marítimo, ferroviário e aeroviário. A escolha depende do tipo de

11mercadoria a ser transportado, das características da carga, da pressa e,

principalmente, dos custos.

Em nosso país, o modo de transporte de carga mais utilizado é o

rodoviário. Mas é preciso adequar o equipamento ao tipo de carga a ser

transportada. Por exemplo: contêineres necessitam de um cavalo mecânico;

para distribuir produtos nas cidades, o caminhão-toco é o mais adequado.

A característica da carga define o tipo de transporte a ser empregado.

Para carga a granel, é preciso uma carreta graneleira e não um caminhão-baú.

Carga líquida só pode ser transportada em caminhão tanque.

Estas, entre outras, são variáveis que fazem parte da estrutura logística.

São exemplos de sua aplicação. Porém, se a logística não auxiliar na melhoria

de desempenho e na redução dos custos, os serviços de transporte não serão

competitivos.

As organizações devem encarar a logística como parte de sua estratégia

geral de marketing, já que para se ter vantagem competitiva, é necessário

nutrir-se de suas fontes vitais que são a estratégia logística e o gerenciamento

da cadeia de suprimentos, e tudo isso convergindo para a transformação do

velho clichê em realidade: “produto certo, no lugar certo, na hora certa”.

“A origem da logística é militar. Foi desenvolvida visando colocar os

recursos certos no local certo, na hora certa, com um só objetivo: vencer

batalhas. Para vencermos a batalha da globalização, na qual todos os direta ou

indiretamente envolvidos, procuramos delinear os objetivos, ferramentas e

componentes estratégicos, táticos e operacionais do jogo logístico” (Martins &

Alt, 2000, P.251).

121.1 - A Logística nas Organizações

Após a Segunda Guerra Mundial, observou-se um grande avanço nas

questões ligadas a logística. Mendes (2000) diz que algumas condições

econômicas e tecnológicas contribuíram também para o desenvolvimento da

logística, como: “Alterações nos padrões e atitudes da demanda dos

consumidores, pressão por custo, avanços na tecnologia de computadores,

experiência militar”.

A logística, através do Serviço de Intendência, evoluiu muito dentro das

Forças Armadas. Hoje, este setor deixou de ser apenas um serviço de apoio ao

combate, mas sim, um elemento de suma importância que pode definir o curso

de uma guerra. Em um recente conflito da era Contemporânea, a Guerra do

Golfo, pôde-se observar que o papel da logística foi preponderante para a

vitória das forças americanas, prevendo e provendo os recursos de maneira

eficaz e na hora certa.

O Centro de Comunicação Social do Exército Brasileiro divulga que o

Serviço de Intendência, atualmente, é responsável pela distribuição de

fardamentos, equipamentos etc., além dos variados tipos de munição e

gêneros alimentícios. Dentro das organizações militares, este setor é

incumbido de outras missões, como transporte de pessoal e suprimentos;

serviço de banho e lavanderia; suprimentos reembolsáveis etc. Além disso, os

intendentes prestam o serviço de assessoramento aos comandantes de

Unidades Militares na parte de administração financeira, controle interno,

contabilidade e informática.

Mendes (2000) afirma que muitos conceitos logísticos utilizados

atualmente são provenientes da logística militar da Segunda Guerra Mundial,

infelizmente, somente depois de muito tempo é que esse exemplo militar

conseguiu influenciar as atividades logísticas das empresas comerciais.

13No cenário atual, diante dos avanços tecnológicos e da globalização, as

empresas também precisam vencer “batalhas” diárias, onde todos os

elementos da sociedade estão direta ou indiretamente envolvidos. É

necessário, que cada vez mais, os gerentes estejam atualizados nas mudanças

constantes que ocorrem no mercado. Para isto, é preciso usar a logística como

um diferencial competitivo, delineando objetivos e estratégias na “guerra” da

competitividade entre as empresas.

Novaes (2003) fala que durante muito tempo nas empresas, tal como no

meio militar, as atividades relacionadas à logística eram tidas como um serviço

meramente de apoio e que não agregavam valor ao produto. O sistema

logístico era visto como um gerador de custos e sem nenhuma influência no

planejamento estratégico organizacional.

Sabe-se que hoje, a elaboração de um sistema logístico deve ser feita

de forma cuidadosa uma vez que a logística influi muito na geração dos

negócios de uma organização. Foi recentemente que se atribuiu o grau de

relevância adequado que o assunto merecia.

Os autores Martins e Alt (2003) expõem que até poucos anos atrás, o

termo logística continuava associado a transportes, depósitos regionais e

atividades ligadas a vendas. Hoje as empresas brasileiras já se deram conta do

imenso potencial implícito nas atividades integradas de um sistema logístico.

Com o passar do tempo, em função da grande preocupação das

empresas com a redução de estoques e com a busca da satisfação plena do

cliente, a Logística Empresarial evoluiu muito. Novaes (2003) fala que a

Logística passou a agregar valor de lugar, de tempo, de qualidade e de

informação à cadeia produtiva. Além disso, a Logística moderna procura

eliminar do processo tudo que não tenha valor para o cliente, ou seja, tudo que

acarrete somente custos e perda te tempo.

14As organizações comerciais e industriais brasileiras começaram a mudar

suas visões em relação aos clientes. Anteriormente, as empresas apenas

ofereciam seus serviços e produtos e não se preocupavam com a satisfação do

cliente.

Souza (2002) diz que essa mudança de visão fez com que as empresas

procurassem não mais possuir depósitos descentralizados, mas sim

centralizados e com maior poder de agilidade na distribuição, provocando uma

redução nos estoques, um melhor nível de serviço e uma administração

reduzida na loja. A partir desse ponto de vista, o ritmo de mudança acelerou e

o gerenciamento da cadeia de suprimento tornou-se importante.

Apesar de as empresas demorarem a perceber o papel da logística

como um diferencial competitivo na logística militar, o diferencial da guerra a

expansão do mercado, a variabilidade de produtos e os diversos meios de

telecomunicações fizeram com que as empresas atuais atentassem para um

gerenciamento eficaz do processo logístico.

A partir do momento em que os administradores tomaram consciência

do grau de relevância ocupada pelas atividades logísticas nas empresas, os

estudos direcionados à logística empresarial passaram a ser mais afincos. Com

isto, vários conceitos e definições emergiram.

Ballou (1993) mostra uma definição para logística empresarial: A

logística empresarial estuda como a administração pode prover melhor nível de

rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e consumidores, através

de planejamento, organização e controle efetivo para as atividades de

movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo de produtos.

Martins e Alt (2003) dizem que “A logística é responsável pelo

planejamento, operação e controle de todo fluxo de mercadorias e informação,

desde a fonte fornecedora até o consumidor”.

15Novaes (2003) fala que a Logística moderna procura coligar todos os

elementos do processo, prazos, integração de setores da empresa e formação

de parcerias com fornecedores e clientes para satisfazer as necessidades e

preferências dos consumidores finais.

O conceito da Logística mais usado atualmente e sustentado pelo

Council of Logistics Management (Conselho de Gestão de Logística), é: “A

Logística é o processo de planejamento, implementação e controle da eficácia,

da eficiência do fluxo de estocagem de mercadoria, serviços, e informações

relacionadas desde o ponto de origem ao ponto de consumo pela razão de

estar de acordo com as necessidades do cliente”.

Pode-se ressaltar que a logística além de envolver o gerenciamento e a

coordenação de diferentes atividades encarando-as como uma atividade

operacional, tem como função: cortar custos, acelerar a execução das

atividades e melhorar o serviço ao consumidor. A logística, também, pode ser

definida como sendo o planejamento e a operação dos sistemas físicos

(armazéns, rede de transportes, etc.), informacionais (processamento de

dados, tele-informática, etc.) e gerenciais (controle gerenciais, etc.)

necessários, para que insumos e produtos vençam condicionantes espaciais e

temporais de forma econômica. Eficiência e eficácia sempre visando o

atendimento das necessidades do cliente.

Nenhuma outra área de operações de negócios envolve a

complexidade, ou alcança a geografia da logística. Em nível mundial, 24 horas

todos os dias, 7 dias por semana, durante 52 semana por ano, a logística se

preocupa em levar produtos e serviços aonde são necessários, e no exato

tempo desejado. É difícil visualizar qualquer realização de marketing, de

produção ou de comércio internacional sem a logística.

No clima econômico rigoroso de hoje, em que os mercados em

expansão são poucos e em que os novos concorrentes globais estão

16dificultando ainda mais a situação, os negócios passaram inevitavelmente a

enfatizar, como ponto central, as estratégias que criam uma lealdade de longo

prazo do cliente.

O reconhecimento de que o relacionamento com o cliente é a chave

para lucros em longo prazo, trouxe consigo a compreensão da importância

crucial do serviço ao cliente. Como os mercados tomam cada vez mais as

características de alto consumo, em que os clientes vêem pouca diferença

entre as características físicas ou funcionais dos produtos, é através dos

serviços que cada organização faz a sua diferença. Ao mesmo tempo, também

as organizações estão aprendendo que um serviço eficaz ao cliente não se

consegue somente através de empregados motivados embora isso seja um

pré-requisito, mas através de sistemas logísticos que permitam uma entrega

consistente do pacote de serviços.

Na verdade a expectativa do cliente é a de uma logística no tempo certo

e sem erros, a cada vez que fazem um pedido. Os consumidores toleram

minimamente ou não toleram falhas no desempenho.

Apesar de a logística ter sido desempenhada desde o começo da

civilização, a implementação da melhor prática de logística é uma das mais

empolgantes e desafiadoras áreas operacionais no gerenciamento da cadeia

de suprimentos. Uma vez que a logística é, ao mesmo tempo, nova e antiga,

escolhemos caracterizar a mudança rápida que ocorre nas melhores práticas

como um renascimento.

Segundo Christopher (1997) ao longo da história do homem, as guerras

têm sido ganhas e perdidas através do poder e da capacidade da logística ou a

falta deles.

Napoleão se interessou pelo apoio logístico. Sofreu por falta de viveres

e rações, entre outras coisas, durante a campanha contra a Rússia, uma vez

17que se afastou muito das suas fontes de suprimento e se abasteceu dos

territórios ocupados.

Na Segunda Guerra Mundial, a logística teve um papel preponderante.

A invasão da Europa pelas Forças aliadas foi um exercício de logística

altamente proficiente, tal como o foi a derrota de Rommel no deserto. O próprio

Rommel disse uma vez que: “... antes da luta em si, uma batalha é ganha ou

perdida pelos serviços de intendência”.

Entretanto, enquanto os generais e marechais dos tempos remotos

compreenderam o papel crítico da logística, estranhamente, somente num

passado recente é que as organizações empresariais reconheceram o impacto

vital que o gerenciamento logístico pode ter na obtenção da vantagem

competitiva. Em parte, deve-se esta falta de reconhecimento ao baixo nível de

compreensão dos benefícios da logística integrada. Enquanto Arch Shaw,

escrevendo em 1915, mostrava que: “As relações entre as atividades de

criação de demanda e o suprimento físico, ilustram a existência dos princípios

de interdependência e equilíbrio. Uma falta de coordenação de qualquer um

destes princípios ou ênfase ou dispêndio indevido com qualquer um deles vai

certamente perturbar o equilíbrio de forças que representa uma distribuição

eficiente”.

A logística teve cinco eras, do século XX até os dias atuais.

No início do século XX, havia a preocupação com o escoamento da

produção agrícola. Essa fase é denominada “do campo ao mercado”.

De 1940 até o início da década de 1960, a logística continuou com

grande influência militar, uma preocupação com a movimentação de materiais,

principalmente armazenamento e transporte de bens, sendo essa a era das

“funções segmentadas”.

18As “funções integradas” foram uma fase, do início da década de 1960

até os primeiros anos da década de 1970, com uma visão integrada, incluindo

custo total e abordagem de sistemas, foco mais amplo, transportes, distribuição

armazenagem, estoque e manuseio de materiais.

A partir da década de 1970, até a metade dos anos 80, houve a fase do

“foco no cliente”, ressaltando a produtividade e custos de estoques, e foi

incluída no ensino dos cursos de Administração de Empresas.

Atualmente tem-se a fase da ‘logística como elemento diferenciador”

destacando-se, a globalização, a tecnologia da informação, e responsabilidade

social e a ecologia.

1.2 - Supply Chain Management (Logística Integrada)

O Supply Chain ou Logística Integrada, tem uma visão global de todo o

processo, pois faz uma relação desde os fornecedores dos fornecedores até os

clientes dos clientes. Inclui o fluxo de materiais e produtos até os

consumidores, envolvendo também as organizações, que são parte desse

processo. Ela compreende todas as atividades associadas com o fluxo e

transformação de mercadorias desde o estágio inicial até o cliente, assim como

os seus correspondentes fluxos de informação.

Reconhece ainda, que existem formas de cooperação que podem ligar

as organizações, resultando em uma maior eficiência do sistema como um

todo.

Ao contrário do gerenciamento logístico, que está preocupado com os

fluxos internos, a gestão da cadeia de suprimento, preocupa-se como

gerenciamento de fluxos externos da empresa.

O temo em inglês SCM - Supply Chain Management (gerenciamento da

cadeia de produção) surge no processo logístico das empresas nacionais

19caracterizado por um novo conceito de gestão de toda a cadeia produtiva. Com

o advento da qualidade total e produção enxuta, algumas técnicas e

procedimentos como o JIT, Kabam e engenharia simultânea foram amplamente

adotadas por várias empresas, contribuindo para um significativo avanço da

qualidade e produtividade.

“A cadeia de suprimentos representa uma rede de organizações, através

de ligações nos dois sentidos, dos diferentes processos e atividades que

produzem valor na forma de produtos e serviços que são colocados na mão do

consumidor final ” (Christopher, 1997, P.13).

O uso do SCM em empresas nacionais é recente, porém seus

resultados têm alcançado índices cada vez maiores, um exemplo prático dessa

evolução é o resultado demonstrado na redução significativa dos custos

logísticos, tempos do fluxo de produtos no canal de suprimentos, maximização

dos lucros, ampliação e penetração em novos mercados.

O gerenciamento integrado é característico do Supply Chain

Management (SCM), e pode ser considerado como uma visão expandida

atualizada e sobre tudo, holística da administração de materiais tradicional,

abrangendo a gestão de toda cadeia produtiva de uma forma estratégica

integrada. Ela pressupõe, fundamentalmente que as empresas devem definir

suas estratégias competitivas e funcionais através de seus posicionamentos

dentro das cadeias produtivas nas quais se inserem.

O objetivo da SCM é controlar o custo total, melhorar a qualidade,

maximizar a gama de serviços ao consumidor e o lucro.

Na definição do Council of Logistics Management (CLM, 1998), logística

é o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo eficiente e

economicamente eficaz de matérias-primas, estoque em processo, produtos

acabados e informações relativas desde o ponto de origem até o de consumo,

com o propósito de atender às exigências dos clientes. Este conceito substitui

20outras definições anteriores, em função da progressiva evolução dessa ciência

e a inclusão da noção de cadeia de suprimento, da qual a logística passa a ser

um componente. Um dos conceitos mais primitivo de logística é definido como:

o processo de entregar o produto certo, no lugar certo, com um nível de serviço

esperado, ao menor custo possível.

LA LONDE (1994) destacou esse desafio colocado pela terminologia em

rápida mutação, quando examina a evolução do conceito de logística

integrada. Ele apresenta esse tema em três estágios:

1. Distribuição física;

2. Suprimento, operação e distribuição física; e

3. Vendedor de insumos aos fornecedores, suprimento e distribuição

física.

A empresa que busca sucesso sustentável no ambiente competitivo

atual, deve observar com grande atenção a ponta de rede de suprimentos (o

cliente final), parece óbvio para muitos, mas a grande realidade é que esse

aspecto se perde quando as crises aparecem. A procura incessante por sua

satisfação e fidelidade é recompensada pela confiabilidade e fortalecimento

dos elos da cadeia. Após a chamada década perdida caracterizada pela queda

nos investimentos e no crescimento do PIB, a indústria nacional dos anos 90

apresentou um grande avanço. O segmento logístico tomou um novo rumo em

desenvolvimento, com o advento da implementação de novas tecnologias na

produção industrial, utilização de novas ferramentas de gestão e a necessidade

de adequação aos padrões da globalização da economia mundial.

Segundo CECATTO (2002) em seu artigo “A importância do Supply

Chain Management no desenvolvimento das Empresas Brasileiras” ressalta,

que o envolvimento das empresas ainda é uma barreira nas empresas

21brasileiras, onde é muito comum encontrarmos estruturas muito

departamentalizadas e com má comunicação interna. Alguns fatores inibem o

desenvolvimento do mercado de SCM no Brasil, segundo a analista de Supply

Chain Management da IDC, LATHROP (2001) destaca entre elas: a pouca

confiança nos fornecedores nesse tipo de solução, altos custos de

implementação e a falta de um claro entendimento sobre os benefícios das

ferramentas.

Baseando-se em elementos freqüentemente sobrepostos e de alta

dependência entre si, algumas características são muito importantes para

condução dessa nova visão como:

• Confiança;

• Relações de longo prazo;

• Compartilhamento de Informações e

• Forças individuais da organização.

A otimização dessa cadeia torna-se cada vez mais importante,

principalmente por motivo das inovações no ambiente de negócios, um

exemplo é a expansão do business to business na Internet. Com isso, as

empresas brasileiras enfrentam os seguintes desafios e oportunidades:

• Incentivar mecanismos de logística integrada (intermodal)

• Focar o modelo de gestão na redução de estoque

• Melhorar a comunicação em todos os elos da cadeia de

suprimentos.

A adequação a estes pontos fortalece a participação mútua entre todos

os participantes da cadeia, desenvolve o compartilhamento das informações

22específicas aumentando o elo entre empresas incorporando qualidade aos

produtos e serviços e apresentando melhores maneiras de servir aos

mercados.

O encurtamento do ciclo de vida dos produtos tem criado sérios

problemas para o gerenciamento logístico. Tradicionalmente, prazo (lead-time)

é definido como o período decorrido entre o recebimento do pedido do cliente e

a entrega do produto.

A habilidade em diminuir os lead-times em uma cadeia de suprimento,

aumenta a flexibilidade de produtores para tomar a decisão muito mais próxima

do momento em que ocorre a demanda. Portanto, a competência se torna um

conceito importante dentro da SCM, pois é o elo entre a estratégia e a infra-

estrutura, podendo ser descrita somente qualitativamente e é um atributo que

geralmente não é percebido pelos clientes.

No gerenciamento da logística, destacam-se, segundo Christopher

(1997) três pontos chaves: encurtar o fluxo logístico, melhorar a visibilidade do

fluxo logístico e gerenciar a logística como um sistema.

1.2.1 - Just - in - Time

O Just in Time surgiu no Japão, no princípio dos anos 50, sendo o seu

desenvolvimento creditado à Toyota Motor Company, a qual procurava um

sistema de gestão que pudesse coordenar a produção com a procura

específica de diferentes modelos de veículos com o mínimo atraso.

Quando a Toyota decidiu entrar em pleno fabrico de carros, depois da

Segunda Guerra Mundial, com pouca variedade de modelos de veículos, era

necessária bastante flexibilidade para fabricar pequenos lotes com níveis de

qualidade comparáveis aos conseguidos pelos fabricantes norte-americanos.

Esta filosofia de produzir apenas o que o mercado solicitava passou a ser

23adotada pelos restantes fabricantes japoneses e, a partir dos anos 70, os

veículos por eles produzidos assumiram uma posição bastante competitiva.

Desta forma, o Just in Time tornou-se muito mais que uma técnica de

gestão da produção, sendo considerado como uma completa filosofia a qual

inclui aspectos de gestão de materiais, gestão da qualidade, organização física

dos meios produtivos, engenharia de produto, organização do trabalho e

gestão de recursos humanos. O sistema característico do Just in Time de

"puxar" a produção a partir da procura, produzindo em cada momento somente

os produtos necessários, nas quantidades necessárias e no momento

necessário, ficou conhecido como o método Kanban. Este nome é dado aos

"cartões" utilizados para autorizar a produção e a movimentação de materiais,

ao longo do processo produtivo.

Embora se pense que o sucesso do sistema de gestão Just in Time seja

intrínseco às características culturais do povo japonês, cada vez mais

empresas americanas e européias se têm convencido que esta filosofia é

composta de práticas que podem ser aplicadas em qualquer parte do mundo.

Para a filosofia Just in Time, em cada etapa do processo produzem-se

somente os produtos necessários para a fase posterior, na quantidade e no

momento exato. Isto não significa transferir os estoque do consumidor para o

fornecedor. A sua meta final é a eliminação total dos estoques, ao mesmo

tempo que se atinge um nível de qualidade superior.

Tradicionalmente os estoques são considerados úteis por protegerem o

sistema produtivo de perturbações que podem ocasionar a interrupção dos

fluxos de produção (roturas de produtos). Se o conceito Just in Time for

aplicado em todas as etapas do processo produtivo, não deverão existir

estoques nem espaços de armazenagem, eliminando-se os custos de

armazenamento e inventário. Serão de esperar, também, ganhos de

produtividade, aumento da qualidade e maior capacidade de adaptação a

novas condições.

24Podemos, desta forma, dizer que o sistema Just in Time tem como

principal objetivo a melhoria contínua do processo produtivo, através de um

mecanismo de redução de estoque, os quais tendem, muitas vezes, a camuflar

problemas.

Desta forma, as metas colocadas pelo Just in Time em relação aos

vários problemas da produção são:

• zero estoque

• zero roturas de estoque

• zero defeitos

• zero tempo de preparação (setup) e movimentação

• zero papéis

Características do Just in Time:

Um sistema de produção que adota a filosofia Just in Time deve ter

determinadas características, as quais formam aspectos coerentes com os

princípios do Just in Time. Entre várias características realçamos as seguintes:

O sistema Just in Time não se adapta perfeitamente à produção de

muitos produtos diferentes, pois, em geral, isto requer extrema flexibilidade do

sistema produtivo, em dimensões que não são possíveis de obter com a

filosofia Just in Time,

• O layout do processo de produção deve ser celular, dividindo-se

os componentes produzidos em famílias com determinada gama

25de operações de produção, montando-se, desta forma, pequenas

linhas de produção (células) de modo a tornar o processo mais

eficiente, reduzindo-se a movimentação e o tempo consumido

com a preparação das máquinas e equipamentos;

• A gestão da linha de produção coloca ênfase na autonomia dos

encarregados e no balanceamento da linha, na não aceitação de

erros, paralisando-se a linha, se for necessário, até que os erros

sejam eliminados;

• A produção deve basear-se em grupos de trabalho, onde

trabalhadores multifuncionais iniciam e terminam um ou mais

tipos de produtos, que serão utilizados pelo grupo seguinte; para

que o sistema funcione é indispensável que todos os produtos

que fluem de um grupo para o outro sejam perfeitos e os erros

sejam imediatamente segregados (os erros são facilmente

detectados quando se trabalha com pequenas quantidades);

• A responsabilidade pela qualidade é transferida para a produção

e é dada ênfase ao controle da qualidade na fonte, adotando os

princípios de controle da qualidade total (a redução de estoque e

a resolução de problemas de qualidade formam um ciclo positivo

de melhoria contínua); assim, a responsabilidade pela qualidade

está na fonte de produção;

• É dada muita ênfase na redução dos tempos do processo, como

forma de conseguir flexibilidade, visto que os tempos consumidos

com atividades que não acrescentam valor ao produto devem ser

eliminados, enquanto os tempos consumidos com atividades que

geram valor ao produto devem ser utilizados de forma a

maximizar a qualidade dos produtos produzidos;

26• O fornecimento de materiais no sistema Just in Time deve ser

uma extensão dos princípios aplicados dentro da fábrica, tendo

por objetivos o fornecimento de lotes de pequenas dimensões,

recebimentos freqüentes e confiáveis, lead times curtos e altos

níveis de qualidade.

O planejamento da produção do sistema Just in Time deve garantir uma

carga de trabalho diária estável, que possibilite o estabelecimento de um fluxo

contínuo dos materiais. O sistema de programação e controle de produção está

baseado no uso de "cartões" (denominado método Kanban) para a transmissão

de informações entre os diversos centros produtivos.

O Just in Time possui também algumas características de caráter social

relacionadas com a valorização do fator humano. Os grandes responsáveis

pelo êxito ou pelo fracasso da implementação de um sistema Just in Time são,

em última análise, os responsáveis departamentais e setoriais. A eles cabe a

missão de reduzir distâncias hierárquicas e criar um clima de participação

efetiva de todos, assegurando o cumprimento dos objetivos em causa. Sem o

interesse das pessoas, nenhum sistema, seja ele qual for, funciona.

As vantagens do sistema de gestão Just in Time podem ser mostradas

através da análise da sua contribuição nos principais critérios competitivos.

Custos: dados os custos dos equipamentos, materiais e mão-de-obra, o

Just in Time procura que eles sejam reduzidos ao essencialmente necessário.

As características do sistema Just in Time, o planejamento e a

responsabilidade dos encarregados da produção pela melhoria do processo

produtivo favorecem a redução dos desperdícios. Existe também uma redução

significativa dos tempos de preparação (setup), além da redução dos tempos

de movimentação.

Qualidade: o Just in Time evita que os defeitos fluam ao longo do

processo produtivo. O único nível aceitável de defeitos é zero, motivando a

27procura das causas dos problemas e das soluções que eliminem essas

mesmas causas. Os colaboradores são treinados em todas as tarefas que

executem, incluindo a verificação da qualidade (sabem, portanto, o que é um

produto com qualidade e como produzi-lo). Também, se um lote inteiro for

produzido com peças defeituosas, o tamanho reduzido dos lotes minimizará os

produtos afetados.

Flexibilidade: o sistema Just in Time aumenta a flexibilidade de resposta

do sistema pela redução dos tempos envolvidos no processo e a flexibilidade

dos trabalhadores contribui para que o sistema produtivo seja mais flexível em

relação às variações dos produtos. Através da manutenção de níveis de

estoques muito baixos (ou nulos), um modelo de produto pode ser mudado

sem que se origine muitos componentes obsoletos.

Fiabilidade: a fiabilidade das entregas é aumentada através da ênfase

na manutenção preventiva e da flexibilidade dos trabalhadores, o que torna o

processo produtivo mais robusto. As regras do Kanban e o princípio da

visibilidade permitem identificar rapidamente os problemas que poderiam

comprometer a fiabilidade, permitindo a sua imediata resolução. Também, o

baixo nível de estoques e a redução dos tempos permitem que o ciclo de

produção seja curto e o fluxo veloz.

As principais limitações do Just in Time estão ligadas à flexibilidade do

sistema produtivo, no que se refere à variedade dos produtos oferecidos ao

mercado e à variação da procura em curto prazo. O sistema Just in Time

requer que a procura seja estável em curto prazo para que se consiga um

balanceamento adequado dos recursos, possibilitando um fluxo de materiais

contínuo e suave. Caso a procura seja muito instável, há a necessidade de

manutenção de estoques de produtos acabados a um nível tal que permita que

a procura efetivamente sentida pelo sistema produtivo tenha certa estabilidade.

Como o método Kanban prevê a manutenção de certo estoque de

componentes entre os centros de produção, se houver uma variedade muito

28grande de produtos e componentes o fluxo de cada um não será contínuo mas

sim intermitente, gerando estoques elevados no processo produtivo para cada

item. Isto contraria uma série de princípios do Just in Time, comprometendo a

sua aplicação.

Outro problema resultante da grande variedade de produtos seria a

conseqüente complexidade das gamas de produção. O princípio geral de

transformação do processo produtivo numa linha contínua de fabricação e

montagem de produtos fica prejudicado se um conjunto de gamas de produção

não poder ser estabelecido.

Também a redução do estoque pode aumentar o risco de interrupção da

produção em função de problemas de gestão de mão-de-obra, como, por

exemplo, greves tanto na fábrica como nos fornecedores.

O sistema Just-in-time/Kanban freqüentemente é associado a uma

política de redução do estoque de matérias-primas através da sua entrega em

intervalos e lotes menores. Na realidade, o sistema é muito mais abrangente do

que essa característica “externa”. Internamente a fábrica, há mudanças do

trabalho e do sistema de informações.

De uma maneira geral, os dois são os princípios deste sistema de

produtividade, Just-in-time e controle autônomo dos defeitos. O Kanban

propriamente dito é um sistema de informações para administrar o Just-in-time.

Objetivos do Just –In-Time:

• Flexibilizar a empresa;

• Produzir somente os produtos necessários;

• Produzir com qualidade requerida;

29• Menor “Lead Time” na concepção de novos produtos;

• Menor “Lead Time” na manufatura;

• Melhor atendimento ao cliente;

• Menor perda (maior valor agregado ao produto);

• Maior retorno de investimento;

• Reduzir estoques em processo, produtos acabados e eventualmente

matérias primas;

• Reduzir custos de fabricação;

• Gerar espaço de fábrica;

• Produzir por métodos que permitam o envolvimento das pessoas

(satisfação, desenvolvimento, moral e autocontrole);

• Melhoramento contínuo (Kaizen) da qualidade e produtividade.

1.2.2 - Melhorar a Visibilidade do Fluxo Logístico

Refere-se a integração dos setores. As divisões funcionais tradicionais

na organização asseguram que tudo o que se observa é uma seção ou

departamento em particular. Os gargalos e os excessos de estoques não são

facilmente identificados e, dessa forma, o movimento suave e eficiente fica

prejudicado. Deve-se remover as barreiras organizacionais que se constituem

na raiz do problema. Tipicamente as empresas que não possuem visibilidade

do fluxo logístico e, portanto, não tem controle sobre o que nele acontece são

também aquelas que têm estrutura organizacional convencional orientada

30funcionalmente. O “território” é guardado zelosamente e pouca informação

pode ser compartilhada.

É crescente a consciência da ineficiência das cadeias de valores. Se o

movimento da qualidade chamou a atenção para as perdas relacionadas e re-

trabalhos e refugos na produção, o novo foco na gestão logística mostra como

a ineficiência é ainda maior quando olhamos toda a rede de valores. Não basta

o fabricante ter buscado a excelência operacional se os distribuidores, os

atacadistas e os varejistas continuam operando em condições precárias. Diante

do consumidor final, o produto – e/ou serviço – será penalizado pela

ineficiência sistêmica.

As atividades da função logística integrada podem ser decompostas em

três grandes grupos:

• Atividades estratégicas. Essas atividades relacionam-se à

decisões e à gestão estratégica da própria empresa. A função logística deve

participar de decisões sobre serviços, produtos, mercados, alianças,

investimentos, alocação de recursos etc.

• Atividades táticas. Essas atividades relacionam-se a

desdobramento das metas estratégicas e ao planejamento do sistema logístico.

Envolvem decisões sobre fornecedores, sistemas de controle de produção,

rede de distribuição, sub contratação de serviços etc.

• Atividades operacionais. Essas atividades relacionam-se à

gestão do dia-a-dia da rede logística. Envolvem a manutenção e melhoria do

sistema, solução de problemas etc.

311.2.3 - Gerenciar a Logística como um Sistema

O gerenciamento logístico exige que todas as atividades que ligam o

mercado fornecedor ao mercado consumidor sejam vistas como um sistema

interligado tendo, como problema principal, o fato de que o impacto de uma

decisão tomada em qualquer parte do sistema afetará o sistema inteiro. A

ênfase agora mudou de uma orientação funcional para a visão mais ampla da

cadeia de valor; em outras palavras, os gerentes reconheceram que finalidade

principal do negócio é servir aos mercados pela adição de valor.

A gestão da cadeia de suprimentos também introduz uma importante

mudança no paradigma competitivo, na medida em que considera que a

competição no mercado ocorre, de fato, no nível das cadeias produtivas, e não

apenas no nível das unidades de negócios (isoladas). Isso resulta em uma

necessidade de gestão integrada da cadeia produtiva, requerendo um

estreitamento nas relações e a criação conjunta de competências distintas

pelas unidades dela.

Com base no acima exposto, concluiu-se que os objetivos da Gestão da

Cadeia de Suprimentos são:

• Maximizar e tornar realidade, as sinergias potenciais entre as

partes da cadeia produtiva, de forma a atender o consumidor final mais

eficientemente, tanto pela redução de custos como pela adição de valor aos

produtos finais;

• Reduzir os custos com a diminuição do volume de transações de

informações e papéis, dos custos de transporte e estocagem;

• Diminuir a variabilidade da demanda de produtos e serviços, entre

outros;

• Levar o produto certo ao local certo, com menor custo;

32• Reduzir estoques e diminuir o número de fornecedores;

• Adicionar valor aos produtos, com a criação de bens e serviços

personalizados, o desenvolvimento conjunto de competências distintas, a

cadeia produtiva e os esforços, para que tanto fornecedores como clientes

aumentem a lucratividade.

1.3 - Na Cadeia Logística a importância da Informação

Os objetivos da logística referem-se à melhor do nível de serviço e à

redução do custo total. Faz parte do nível de serviço a disponibilidade de

estoque, o tempo de resposta e a confiabilidade na entrega. Isto se torna

possível através de um sistema de informação que tenha velocidade, fidelidade

e um fluxo adequado dentro dos canais de informação.

O uso eficaz da informação dentro do sistema permitirá o melhoramento

do lead time; no entanto, isso acarreta um problema referente a obtenção da

alta fidelidade de informação (Alcyr Spindola Filho, Karina Pivatto Dias e

Viviane Rodrigues Pucci, Sistemas de Informações Logísticas, 1996).

Esse acesso limitado à alta fidelidade é devido aos seguintes problemas

identificados pelos autores: confiabilidade da informação, ignorância de sua

necessidade, e processo pobremente desenhado dentro da tradicional

estrutura organizacional, criando demora e distorções nas rotas de

informações.

É imprescindível a qualidade da informação. Isto só se torna possível se

for efetuado um trabalho de análise meticuloso, que irá refletir um sistema de

informação que contenha os benefícios proporcionados, que são em linhas

gerais: a rapidez, confiabilidade e a disponibilidade da informação no tempo

certo.

33O sucesso da operação do sistema logístico depende em muito de uma

adequada estruturação de informação que o suportam.

Através da administração do fluxo de informações, a logística vem

facilitando a integração de todo o ciclo do produto desde o fornecedor até o

consumidor final. Assim, as vantagens conseguidas com essa mudança de

mentalidade são várias: melhoria do nível de serviço ao cliente, redução dos

custos financeiros através da diminuição dos estoques necessários e,

sobretudo da redução dos custos com transporte.

Como forma da empresa melhorar seu desempenho frente aos

concorrentes ela deve procurar, entre outras medidas, a redução do tempo

despendido para o processamento do fluxo de informação. Isto porque as

mudanças ocorrem no fluxo informativo tem impacto mais rápido e necessitam

um investimento menor do que quando se deseja promover mudança no fluxo

material.

1.3.1- Informação, Gerenciamento e Processo decisório

A informação é o dado trabalhado (dado é qualquer elemento

identificado em sua forma bruta que por si só não conduz a uma compreensão

de determinado fato ou situação), que permite ao executivo tomar decisões. É

a matéria-prima para o processo administrativo da tomada de decisão, sendo

que o valor da decisão é inversamente proporcional ao tempo que se leva para

tomá-la e diretamente proporcional a empresa alcançar seus objetivos pelo uso

eficiente dos recursos disponíveis (pessoas, materiais, equipamentos,

tecnologia, dinheiro e informação).

Um sistema de informação pode ser definido como um conjunto de

procedimentos que coletam ou recuperam, processam, armazenam e

disseminam informações para o suporte na tomada de decisões e para o

controle gerencial.

34O desafio gerencial dos anos 90 é como usar a tecnologia da

informação para projetar e gerenciar empresas as quais são competitivas e

eficientes. Os Sistemas de Informação se tornaram vitais para o

gerenciamento, organização e operação das empresas, principalmente as de

grande porte, tornando-se extremamente importantes.

Os sistemas de informações gerenciais (SIG) estratégicos mudam os

objetivos, produtos, serviços ou relações ambientais de uma empresa. Estes

sistemas que tem este efeito sobre uma organização, literalmente mudam a

maneira pela qual esta empresa faz negócios. Neste nível, a tecnologia da

informação leva a organização a novos padrões de comportamento, ao invés

de simplesmente dar suporte e sustentação à estrutura existente, aos produtos

existentes e/ou aos procedimentos de negócios existentes.

Na medida em que os sistemas de informações penetram nas

operações de uma empresa e esta aumenta a sua dependência em relação a

tecnologia da informação, alterações na produtividade, obtidas com o

processamento de informações, tem implicações dramáticas na produtividade

geral da empresa.

Em geral, empresas que implantaram com sucesso sistemas

estratégicos de informação derrubaram barreiras organizacionais que

bloqueiam o compartilhamento de dados entre funções.

Dentro da nova era da informação, a empresa deve apresentar-se como

uma estrutura em rede que transcende os limites tradicionais do que hoje

conhecemos como a “empresa” fundamentada na informação e no

conhecimento, onde o conhecimento se tornará o verdadeiro “capital”, e a

ênfase na realização das atividades, se deslocará para o “trabalhador

intelectual”.

O uso do conhecimento, a globalização da economia, aliada à grande

fragmentação de mercados e a tecnologia da informação associada à

35infraestrutura dos meios de comunicação, com certeza são os fatores

determinantes para o surgimento desta “nova empresa”.

EMPRESA TRADICIONAL EMPRESA BASEADA NA INFORMAÇÃO

BUROCRACIA CONSENSO

PADRONIZAÇÃO DOS PRODUTOS E

SERVIÇOS

MASSIFICAÇÃO PERSONALIZADA /

QUALIDADE

PADRONIZAÇÃO DOS SALÁRIOS

SALÁRIOS BASEADOS NO

CONHECIMENTO AGREGADO AOS

NEGÓCIOS

ESTRUTURA HIERÁRQUICA

DESCENTRALIZAÇÃO /

DILUIÇÃO DA HIERARQUIA

AUTORIADADE

GERÊNCIA PARTICIPATIVA /

DILUIÇÃO DA AUTORIDADE

36CENTRALIZAÇÃO

RECURSOS DESCENTRALIZADOS /

SINERGIA / TRABALHO EM EQUIPE

INFORMAÇÀO

COMPARTILHAMENTO DAS

INFORMAÇÕES

PROCESSO DECISÓRIO

CENTRALIZADO

DECISÕES PARTICIPATIVAS /

GERÊNCIA POR PROCESSOS /

GERENCIAMENTO POR RESULTADOS

PLANEJAMENTO CENTRALIZADO

PENSAR GLOBALMENTE /

AGIR LOCALMENTE

CONTROLE CENTRALIZADO CONTROLE DESCENTRALIZADO

371.4 - Vantagem competitiva através da Logística

O gerenciamento logístico pode proporcionar uma fonte de vantagem

competitiva – em outras palavras, uma posição de superioridade duradoura

sobre os concorrentes, em termos de preferência do cliente.

As bases do sucesso no mercado são muitas, mas um modelo simples é

baseado na trilogia: companhia, seus clientes e seus concorrentes.

A fonte da vantagem competitiva é encontrada primeiramente, na

capacidade da organização diferenciar-se de seus concorrentes aos olhos dos

clientes e, em segundo lugar, pela sua capacidade de operar a baixo custo e,

portanto, com lucro maior.

A procura de uma vantagem competitiva sustentável e defensável tem

se tornado a preocupação de todo gerente um alerta para as realidades do

mercado. Não se pode mais pressupor que os produtos bons sempre vendem,

nem é aceitável imaginar que o sucesso de hoje continuará no futuro.

Na mais elementar das considerações, o sucesso comercial é

conquistado através da vantagem de custo ou da vantagem de valor ou, de

maneira ideal, de ambas. Isto é tão simples como: o concorrente que obtém

maior lucro, em qualquer setor da indústria, tende a ser o que produz a custos

menores ou aquele que oferece um produto com maior diferença perceptível de

valor.

Visto de forma simples, as empresas bem sucedidas ou tem vantagem

pela alta produtividade ou tem vantagem de valor, ou uma combinação das

duas. A vantagem da produtividade proporciona um perfil de custo mais baixo e

a vantagem de valor proporciona ao produto um diferencial “extra” sobre as

concorrentes.

38Das muitas mudanças que ocorreram no pensamento gerencial nos

últimos 10 anos, talvez a mais significativa tenha sido a ênfase dada à procura

de estratégias que proporcionassem um valor superior aos olhos do cliente. Um

conceito particular que Michael Porter trouxe para este cenário foi a “cadeia de

valor”:

“A vantagem competitiva não pode ser compreendida olhando-se para

uma firma como um todo. Ela deriva das muitas atividades discretas que uma

firma desempenha projetando, produzindo, comercializando, entregando e

apoiando seu produto. A cadeia de valor desdobra a empresa em suas

atividades estrategicamente relevantes, para compreender o comportamento

dos custos e as fontes de diferenciação existentes ou potenciais. Uma firma

ganha vantagem competitiva executando estas atividades estrategicamente

importantes de maneira mais barata ou melhor do que seus concorrentes”

(Porter, M.E, 1980).

Pode-se afirmar que o gerenciamento logístico tem potencial para

auxiliar a organização a alcançar tanto a vantagem em custo/produtividade com

a vantagem em valor. São consideráveis as oportunidades de melhor utilização

da capacidade, redução de estoques e maior integração com os fornecedores

em nível de planejamento. Da mesma forma, as perspectivas de aumento da

vantagem em valor no mercado, através de um serviço superior ao cliente.

Na organização que está sendo transformada, é preciso derrubar os

“muros” que fragmentam a organização e impedem o atendimento das

necessidades dos clientes em uma base eficaz de custo – e isso só pode ser

feito por meio da iniciativa do nível de topo da organização.

Para resumir, as organizações que serão líderes de mercado no futuro

serão aquelas que procurarão e atingirão a excelência: conseguirão tanto a

liderança de custos como a liderança e serviços.

391.4.1 - Logística Enxuta

De acordo com Delaney (2001) a Logística Enxuta é a habilidade

superior de projetar e administrar sistemas para controlar a movimentação e a

localização geográfica de matérias primas, trabalhos em processo e inventários

de produtos acabados ao menor custo total. Alcançar o menor custo total

significa que, ativos financeiros e humanos comprometidos com a logística

precisam ser mantidos em um mínimo absolto. Também é necessário que se

mantenham as despesas operacionais diretas tão reduzidas quanto possíveis.

As combinações entre recursos, habilidades e sistemas exigidos para

alcançar a logística enxuta, são difíceis de integrar, mas uma vez conseguido,

fica mais difícil para os competidores replicarem essa competência integrada.

A contribuição da logística enxuta para o gerenciamento da cadeia de

suprimentos tem como ênfase: custo e serviço, a importância da sincronização

logística para a integração da cadeia de suprimentos enquanto estrutura

dinâmica do ciclo de desempenho, e a revisão das funções comerciais

tradicionais que se combina para criar o processo logístico.

O interessante da Logística Enxuta não é a contenção ou a redução de

custo. O interessante advém do entendimento de como as empresas usam a

competência logística para alcançarem vantagem competitiva. Empresas que

desenvolveram uma consciência logística de classe mundial aproveitam

vantagens competitivas como resultado de oferecerem um serviço superior a

clientes importantes. Os líderes no desempenho logístico normalmente

implementam uma tecnologia de informação capaz de monitorar a atividade

logística globalizada, em uma base de tempo real. Essas tecnologias

identificam descontinuidades operacionais potenciais, e facilitam ações

corretivas anteriores à falha do serviço de entrega. Em situações onde ações

corretivas a tempo, não são possíveis, os clientes podem ser previamente

notificados dos problemas em desenvolvimento, eliminando assim, a surpresa

de uma falha inevitável no serviço. Em muitas circunstâncias, trabalhando em

40colaboração com clientes e fornecedores, ações corretivas podem ser tomadas

para prevenir a paralisação de operações ou o custo de falhas nos serviços aos

clientes. Ao desempenhar serviços acima da média do setor com respeito à

disponibilidade de inventário, a velocidade e consistência nas entregas e as

eficiências operacionais, empresas logisticamente sofisticadas se constituem

em parceiros ideais à cadeia de suprimentos.

1.4.2 - Geração de valor Logístico

A chave para obter a liderança logística é aprimorar a arte de combinar

competência operacional com comprometimento, em relação às expectativas e

necessidades de clientes - chaves. Esse comprometimento com o cliente em

uma estrutura de custo exata constitui uma proposta de valor logístico. É um

comprometimento único de uma empresa com um cliente individual, ou com

grupos selecionados de seus clientes.

A empresa típica procura desenvolver e implementar uma competência

logística global, que satisfaça as expectativas dos clientes a um gasto realista

com o custo total. Muito raramente, o custo total mais baixo, ou o serviço que

mais atenda os consumidores, constituirá a estratégica logística fundamental.

Da mesma maneira, a combinação adequada será diferente para

clientes diferentes. Um esforço logístico bem projetado deve ter uma alta

resposta e uma capacitação efetiva por parte dos clientes, enquanto se

controlam variações operacionais e se minimiza o inventário comprometido.

Acima de tudo, esse esforço precisa ser relevante para clientes específicos.

Avanços significativos foram obtidos no desenvolvimento de trocas

compensatórias (trade-offs) de custo/serviço. A formulação de uma estratégia

saudável requer a capacidade de se estimar o custo operacional exigido para

alcançar níveis alternativos de serviços. Da mesma forma, níveis alternativos

de desempenho não são significativos, se não encarados como estratégias

totais de marketing, produção e compra de uma unidade de negócio.

41As empresas líderes percebem que um sistema logístico bem projetado

e bem operado pode ajudar alcançar vantagem competitiva. De fato, como

regra geral, as empresas que obtêm uma vantagem estratégica, baseada na

competência logística estabelecem a natureza da competição de seus setores.

42CAPÍTULO II

VISÃO GERAL SOBRE TRANSPORTE

Precisamos entender em que contexto as atividades de transporte estão

inseridas no meio logístico.

Muitas mudanças ocorreram no mercado e o transporte também foi

afetado por essas mudanças. Seu principal objetivo não mudou. De acordo

com Bowersox (2001) este é movimentar produtos de um local de origem até

um determinado destino minimizando ao mesmo tempo os custos financeiros,

temporais e ambientais. Além disso, o autor complementa que as despesas de

perdas e danos também devem ser minimizadas.

Após essa preocupação em minimizar custos, que aparece como

questão fundamental para as empresas, outro fator muito importante é

avaliado, o nível de serviço, e hoje muitas organizações dão maior importância

a este fato. O nível de serviço como veremos em definição adiante, refere-se a

atender às expectativas de clientes em relação ao desempenho de entregas, à

disponibilidade de informações relativas às cargas transportadas etc.

Conforme proposto por Bertaglia (2003) vamos abordar os fatores que

afetam os transportes considerando:

- As mudanças nos modelos das organizações.

- A demanda e serviço ao cliente.

- A globalização.

Por estes itens pode-se concluir que a gestão de transporte tornou-se

mais complexa exigindo que profissionais de logística estejam a frente das

atividades desta área e que decisão entre a utilização de frota própria e os

43serviços de terceiros é estratégica, influindo fortemente nos resultados do

negócio.

2.1 - Fatores que afetam os transportes

a) Mudanças nos modelos das organizações

A mudança no contexto industrial, passando de um modelo que

enfocava a produtividade para um modelo de competitividade, exige que as

organizações adotem formas diferentes de administração empresarial, com o

foco voltado para o serviço ao cliente. Essa mudança de paradigma afeta

também as empresas de transporte e o relacionamento delas com os seus

clientes.

A cadeia de abastecimento desempenha um papel fundamental a fim de

proporcionar às empresas a vantagem competitiva por meio de velocidade nos

processos e redução de custos, por estar diretamente ligada ao transporte.

O tão comentado processo de terceirização exige mais das empresas

cujo enfoque estava nos transportes. O processo logístico, hoje muito mais

evidente, traz oportunidades importantes para aquelas companhias capazes

não só de movimentar cargas, mas de armazenar, consolidar e distribuir no

momento em que se exige. Os fabricantes preferem concentrar seus esforços

nas atividades que sabem fazer bem, como catalisar o mercado, produzir bons

produtos e conquistar clientes. Procedimentos de “just-in-time” e de

abastecimento contínuo obrigam as empresas a serem mais profissionais e

terem funcionários com perfil diferenciado. O motorista do caminhão não é

apenas alguém que movimenta um veículo, mas seu relacionamento se

estende ao fornecedor do material e ao recebedor desse material. Ele pode ser

também o elemento que conecta o estoque a ser consumido com o produtor do

material. A visão de distribuição é mais ampla, mais estratégica, com a

diversidade de serviços a serem oferecidos.

44b) Demanda e Serviço ao cliente

A variação e a diversificação na demanda têm sofrido grandes

modificações, obrigando as organizações a fornecerem uma variedade maior

de produtos. Os clientes, um dos principais elementos da cadeia, estão

exigindo maior freqüência de entrega, com quantidades reduzidas e maior

variedade de produtos. Para satisfazer essa demanda, as organizações

precisam ser mais velozes e apresentar um alto grau de qualidade nos seus

produtos para evitar devoluções. Nesse contexto, a área de transportes é

fortemente afetada e necessidades adicionais lhe são impostas.

Os clientes não só exigem qualidade e velocidade de serviço, como

também preços competitivos, uma vez que existem compromissos com metas

de desempenho estabelecidas na relação cliente e fornecedor.

Com o processo de terceirização cada vez mais em evidência, essas

empresas esperam que as transportadoras sejam vistas como uma extensão

de si próprias. Naturalmente, essa extensão passa a ter características cada

vez mais importantes: o motorista deixa de ser um mero condutor de veículo

para ser alguém que representa a empresa fornecedora de mercadoria e, para

isso, deve agir de acordo com as regras preestabelecidas.

A relação transportadora e contratante passa a ter um vínculo mais

sólido. Contratar transporte já não é mais um processo de efetuar cotações de

fretes, mas uma aliança na qual as partes estabelecem as suas

responsabilidades para alcançar um relacionamento duradouro de prestação

de serviços.

c) Globalização

A globalização da economia traz grandes oportunidades para vários

setores, incluindo o de transportes. No entanto, as práticas gerenciais variam

nas diferentes partes do mundo, e o entendimento das necessidades dos

45clientes e do ambiente é uma condição fundamental para que se possa obter

sucesso.

A criação dos blocos econômicos e a globalização exigem

movimentação em larga escala de mercadorias. O transporte vem tendo um

papel relevante no processo uma vez que possibilita o movimento da carga no

espaço geográfico e na velocidade desejada.

Com a globalização, as exigências tornam-se maiores, pois a

competição é acirrada e o atendimento ao cliente é a meta principal. O setor de

transporte deve obedecer a certas exigências impostas pelo modelo:

- Velocidade

Com as empresas buscando a redução nos seus níveis de estoque,

aumentam as exigências para que as entregas sejam mais freqüentes e com

uma velocidade maior, sem perder de vista a manutenção da qualidade do

produto a ser entregue.

- Confiabilidade

O serviço precisa ser confiável para atender à demanda e à

necessidade de entregar o produto no momento certo, na quantidade certa e

no local certo.

- Flexibilidade

O transportador deve adequar-se às exigências do cliente, adaptando o

veículo se necessário, mas, mais que isso, adaptando-se ao conceito logístico

do modelo atual de negócio em que a atividade de transporte é mais que

somente movimentar cargas de um ponto a outro.

462.2 - Fatores que afetam a economia de transporte

Transporte utiliza recursos financeiros, porque são necessários gastos

internos para manter uma frota própria ou gastos externos para contratação de

terceiros.

Os custos que afetam a economia de transporte são relacionados a sete

fatores conforme relaciona Bowersox (2001):

a) Distância

É um dos principais fatores no custo de transporte, porque afeta

diretamente os custos variáveis:

- Combustível

- Manutenção

- Mão-de-obra (algumas vezes)

As viagens intermunicipais (mais longas) são menos dispendiosas, pois

cobrem distâncias maiores com as mesmas despesas de combustível e de

mão-de-obra, como resultado de velocidades mais altas, e não têm paradas

intermediárias freqüentes, as quais aumentam os custos de carga e descarga,

típicos de serviços urbanos.

b) Volume

O custo de transporte por unidade de peso diminui à medida que o

volume de carga aumenta. Isso acontece porque os custos fixos de coleta e de

entrega, bem como os custos administrativos, são diluídos num volume de

carga maior.

47A relação é limitada ao espaço máximo do veículo, como, por exemplo,

uma carreta. Uma vez lotado o veículo, a relação repete-se para um segundo

veículo.

Um pormenor importante para um bom gerenciamento é o cuidado de

consolidar pequenas cargas em cargas maiores, a fim de se obter vantagem da

economia de escala.

c) Densidade (relação entre peso e espaço)

É importante porque o custo de transporte é normalmente cotado por

unidade porque o custo de peso, por tonelada, ou pó quilograma.

No tocante a peso e espaço, geralmente um veículo tem mais limitações

de espaço do que de peso.

Uma vez lotado o veículo, não é possível aumentar a quantidade a ser

transportada, ainda que a carga seja leve.

Como as despesas de mão-de-obra e de combustível do veículo não

são substancialmente afetadas pelo peso, cargas de maior densidade

permitem que custos relativamente fixos de transporte sejam diluídos por pesos

maiores. Como resultado, essas cargas incorrem em custos mais baixos de

transporte por unidade de peso.

d) Acondicionamento

A facilidade de acondicionamento depende das dimensões das unidades

da carga e da forma como elas afetam a utilização de espaço no veículo.

Embora densidade e facilidade de acondicionamento tenham o mesmo

efeito, há cargas da mesma densidade que se acomodam de maneira

diferente.

48A facilidade de acondicionamento também é influenciada pela

quantidade de unidades da carga. Às vezes podem ser acondicionadas mais

satisfatoriamente grandes quantidades de uma carga do que quantidades

menores dela.

e) Manuseio

Para carregar e descarregar caminhões, carretas ou navios, pode ser

necessário equipamento especial de manuseio.

A maneira pela qual as mercadorias são agrupadas fisicamente

(amarradas, encaixotadas, paletizadas) para transporte e armazenagem

também afeta o custo de manuseio.

f) Responsabilidade

O grau de responsabilidade inclui algumas características, relacionadas

com a carga, que afetam principalmente o risco de danos e a incidência de

reclamações.

Essas características são:

- Suscetibilidade de dano

- Dano ocasionado pelo veículo

- Possibilidade de deterioração

- Suscetibilidade de roubo

- Suscetibilidade de combustão espontânea ou de explosão

- Valor por unidade de peso

49As transportadoras necessitam contratar seguro para se proteger contra

possíveis reclamações, ou assumir a responsabilidade por qualquer dano.

Os embarcadores podem reduzir o risco e até o custo de transporte por

meio de melhor embalagem, proteção adicional ou pela redução de

suscetibilidade de perda ou dano.

2.3 - Acidentes no Transporte Rodoviário de Cargas no Brasil

Os acidentes envolvendo transportadores rodoviários de carga são um

problema grave no Brasil. As vítimas e os danos materiais são conseqüência

de um sistema desestruturado e mal gerenciado, que vem afetando a

sociedade e a economia do país.

Realizou-se o levantamento e análise de dados primários e secundários,

no âmbito nacional e internacional. Instituições no Brasil e no Mundo foram

consultadas, tais como o European Transport Safety Council – renomado

instituto de referência sobre segurança de trânsito na Europa, o Banco Mundial,

a Organização Mundial da Saúde, o Ministério dos Transportes do Brasil, entre

outros.A análise das informações obtidas possibilitou a visualização da

perigosa realidade que se esconde atrás das estatísticas de acidentes com

veículos de cargas nas rodovias: perde-se aproximadamente R$7,3 bilhões por

ano com esses eventos.

Segundo estimativas retiradas do programa de redução de acidentes

nas estradas do Ministério dos Transportes, os acidentes de trânsito no Brasil

apresentam-se com o segundo maior problema de saúde pública do país, só

perdendo para a desnutrição. Em termos globais, a OMS projeta que esse mal

se torne a terceira maior causa de mortes no mundo em 2020, perdendo

apenas para doenças do coração e enfermidades relacionadas à depressão.

50Estimativas para o setor indicam que os acidentes de trânsito no mundo

acarretam um custo anual de U$ 615 bilhões e são responsáveis pela morte de

aproximadamente 1 milhão de pessoas. Esses dois valores não se encontram

igualmente distribuídos: a maior parte das perdas em vidas recai nos países

pobres e os maiores custos de acidentes são derivados dos países

desenvolvidos. A realidade social e econômica dos países pobres permite a

formação de um terreno propício para o alto número de mortes. A deficiência

no sistema de atendimento médico de urgência e carência de tecnologias de

contenção de choque está entre os fatores dessa discrepância.

O Brasil, apesar de possuir características ímpares em relação aos

demais países do chamado “terceiro mundo” possui um altíssimo índice de

mortes nas rodovias quando comparado com nações desenvolvidas, seu índice

de mortes por 100 mil habitantes é maior que todos os países do G7.

Quando o foco passa a ser somente os acidentes ocorridos em rodovias

no Brasil, identifica-se primeiramente uma dificuldade básica organizacional no

setor: não se sabe ao certo quantas pessoas morrem no trânsito, quantos são

os feridos e nem o número exato de acidentes.

O Brasil não possui de forma centralizada, organizada e padronizada as

estatísticas de acidentes em todas as rodovias do país. Embora existam

iniciativas no sentido de implementar um cadastro nacional de acidentes, até o

ano de 2006 os melhores dados disponíveis são referentes a apenas eventos

ocorridos em rodovias federais. Mesmo nesses casos, as estatísticas referem-

se apenas às rodovias federais policiadas – que representam 60% do total.

Além disso, há uma divergência na forma de contabilização do número de

mortes nas estradas. Parte dos feridos graves acabam morrendo no hospital

após serem removidos do local do ocorrido. Muitas vezes essa morte não é

incorporada aos índices de vítimas de trânsito. Apesar de todas as dificuldades,

pode-se traçar a evolução dos acidentes em rodovias federais no país.

51Em 1997, O Novo Código Brasileiro de Trânsito modernizou a

legislação, aumentando paralelamente a fiscalização do tráfego urbano e das

rodovias. Seu impacto foi imediato no número de acidentes, porém identificou-

se uma diluição desse efeito ao longo do tempo.

Apesar da redução recente no número de acidentes pós 1997, o índice

de mortes nas estradas continua em níveis alarmantes. Para se ter uma idéia

da gravidade do cenário brasileiro, o índice de mortes a cada 10 mil acidentes

no Brasil é aproximadamente 14 vezes maior que o americano. Os números

elevados ilustram a importância das medidas de redução de impactos e

proteção da vida pós acidente. Essas medidas podem ter como foco tanto as

vias e veículos, quanto o atendimento médico-hospitalar de urgência.

Especialistas alertam para a importância dos primeiros minutos após o

acidente para a manutenção da vida. É importante para o paciente que o

resgate seja feito de forma rápida, eficaz e adequado.

Modernização e adequação de veículos e vias podem também ajudar a

mudar a trágica realidade das estradas brasileiras – cuja mortalidade por

quilômetro chega a ser 32 vezes superior a dos países desenvolvidos.

O Brasil em 2006 possuía cerca de 1,1 milhões de veículos de carga

segundo dados da ANTT. Estimavas para o ano de 2004 indicam que o número

de acidentes com veículos de carga em rodovias federais e estaduais encontra-

se na casa dos 91 mil eventos. Aproximadamente, 36% dos acidentes em

rodovias federais envolvem veículos de carga, o que equivale a um total de 40

mil acidentes nesse tipo de rodovia.

Esse montante encontra-se concentrados principalmente nos estados do

Sul e do Sudeste, responsáveis juntos por 66% dos acidentes com veículos de

carga. Essa região concentra também 73% do PIB nacional.

52As rodovias mais perigosas para o transporte de carga são a BR-116 e

BR-101, respondendo respectivamente por 23% e 17% dos acidentes com

caminhões no país. Ambas atravessam o país passando pelas principais

capitais litorâneas. O acidente mais freqüente envolvendo veículos de carga é

o tombamento, sendo responsável por quase metade dos eventos registrados.

O tombamento, além de representar 47% dos acidentes com veículos de

carga, também é o tipo de acidente com grande necessidade de atenção, uma

vez que possui uma alta freqüência e o seu impacto é muito representativo. A

probabilidade de ocorrer tombamento aumenta com a velocidade do veículo,

com o peso da carga e em curvas acentuadas.

Vale ressaltar, desse modo, a importância das medidas que visem a

redução no número de tombamento, das quais pode-se destacar:

Controle da velocidade do motorista.

Sinalização maciça em curvas acentuadas.

Correção das sobre elevações negativas das curvas.

Inibição da prática do sobrepeso nos veículos de carga.

A maior parte dos acidentes com transporte rodoviário de carga ocorre

por falha humana – 66% dos acidentes possuem esta como um dos fatores

responsáveis pela ocorrência do evento.

A classificação “Falha Humana” engloba fatores tais como imprudência

do motorista, velocidade incompatível e fadiga e alcoolismo.

As condições físicas e mentais do motorista são de alta relevância para

a minimização do número de acidentes, uma vez que elas alteram

sensivelmente a maneira do mesmo dirigir. Fatores físicos como cansaço,

53capacidade de manutenção do estado de atenção, audição e visão; e

emocionais tais como inexperiência, desconhecimento da via, pressões

externas e depressão podem contribuir para um maior grau de exposição ao

risco. Soma-se a isso a falta de medidas normativas e a fiscalização escassa

como fatores que contribuem para a formação desse cenário no Brasil.

Dentre as falhas humanas, percebe-se que a imprudência ocorre com a

maior freqüência – representando mais que 40% dos eventos totais.

Considerando também o impacto à vida e à carga, a direção em alta velocidade

merece mais enfoque e preocupação. O excesso de velocidade causa um

grande número de acidentes, matando e ferindo muito e causando grandes

prejuízos.

Segundo relatório sobre segurança de trânsito elaborado pela

Organização Mundial da Saúde (OMS), a probabilidade de traumatismo grave

ou morte em um acidente aumenta exponencialmente com a velocidade do

veículo.

Para se ter uma idéia da relevância da velocidade, um adulto de 60 kg,

em um acidente a 50km/h é arremessado contra o pára-brisas com uma força

de aproximadamente 1 tonelada.

Quanto ao problema de alcoolismo – embora cause acidentes com

elevados danos – possui uma freqüência muito baixa, o que diminui

sensivelmente sua relevância entre as principais causas de acidente

envolvendo carga.

Vale destacar ainda a influência do horário do acidentes com a sua

causa. Durante a noite, a fadiga aumenta o risco de acidentes. O ciclo

circadiano humano faz com que a pessoa, mesmo habituada ao trabalho

noturno, esteja mais predisposta ao sono nesse horário. Por sua vez, durante o

dia, o motorista, iludido pela sensação de segurança proporcionada pela

luminosidade, corre mais e é mais imprudente.

54Analisando a amostra de acidentes em rodovias federais verificou-se

alguma característica relevante dos eventos. Correlacionando-se o porcentual

de acidentes com a condição das vias, percebe-se que ocorreu mais acidente

nas regiões onde as maiores parte das vias são de boa qualidade. Observa-se

através da matriz “qualidade da via X freqüência de acidentes” que o Sul e

Sudeste possuem, respectivamente, as maiores porcentagens de vias bem

conservadas. Paralelamente, nota-se que são essas também as regiões com o

maior número de acidentes.

Prosseguindo-se com a análise das causas dos acidentes envolvendo

caminhões, identificou-se que em 47% dos casos, alguma condição

desfavorável na via foi fator contribuinte para o acidente. Entende-se por

condições da via tanto o nível de conservação do asfalto, quanto fatores como

traçado, elevação, sinalização e aderência.

Diferentemente do que muitos possam imaginar, a grande maioria dos

acidentes acontecem em pistas com asfalto em bom estado de conservação. A

boa qualidade da pista pode ser uma variável de perigo, caso não seja

acompanhada de sinalização, fiscalização e controle de velocidade e de fadiga.

O asfalto em bom estado permite que o motorista corra mais, se distraia mais

facilmente e dessa forma esteja mais exposto ao risco.

Corroborando com esse fato, identifica-se que a curva fechada é a

principal causa de acidentes originados por características da via. Esse tipo de

curva, como visto, é uma das principais causas do tombamento, especialmente

quando os veículos estão em alta velocidade. Além da alta freqüência de

acidentes em curvas fechadas, nota-se através da matriz de “impacto X

freqüência”, que acidentes em curvas acentuadas provocam significativos

danos à vida e à carga.

Os defeitos mecânicos nos caminhões estão presentes em 11% dos

acidentes, possuindo uma freqüência relativamente baixa em relação às

demais variáveis. Quando ocorrem, entretanto, são causadas em sua maior

55partes por veículos que não estão em bom estado de conservação. Quanto

mais antigo for o veículo de carga, maior a probabilidade de se envolver em um

acidente por defeito mecânico.

Veículos mais antigos possuem maiores custos de manutenção e

reposição de peças. Em geral, estes caminhões com maior idade são dirigidos

por carreteiros, que possuem menos condições de manter os veículos em bom

estado. Os custos estimados das perdas com acidentes no transporte

rodoviário de cargas no Brasil giram em torno de R$ 7 bilhões.

Para se ter uma idéia da real gravidade desses números, em 2001,

segundo os dados da CPI do Roubo de Cargas, roubos no transporte

rodoviário de cargas causaram um prejuízo aproximado de R$ 700 milhões. Em

2003, pelos dados da CNT, os prejuízos com saques foram de R$ 1 bilhão.

Os números sete vezes superiores aos roubos de carga reiteram a

importância da questão dos acidentes na minimização dos custos de transporte

e desperdícios de recursos no Brasil.

Os custos com acidentes dividem-se em custos relativos às pessoas

(perdas de rendimentos futuros e gastos médico-hospitalares), danos relativos

a veículos e custos com perda de carga. Os maiores custos referem-se à perda

de rendimentos futuros por parte dos envolvidos em acidentes. Essas perdas

levam em consideração o salário médio das vítimas, sua idade e expectativa de

vida.

Tornar o transporte rodoviário de cargas mais seguro e eficiente

certamente contribuirá de forma substancial para permitir um crescimento sadio

da economia brasileira.

56CAPÍTULO III

APAGÃO LOGÍSTICO

É impressionante o que se fala em “apagão logístico”, mas será que

essa situação já está acontecendo, vai acontecer ou sempre existiu?

Se partirmos do princípio que variações bruscas de demanda provocam

escassez ou ociosidade de recursos, então podemos concluir que deparamos

com “apagões” desde nossos ancestrais pré-históricos. Estamos vivendo

atualmente um momento de grande desconforto em relação à infra-estrutura

logística do País, pois começam a ser contabilizadas diversas perdas, como as

perdas de toneladas de grãos por folhas na armazenagem; perdas por

derramamento de grãos nas estradas, devido à má conservação das mesmas;

custo elevado de fretes; falta de capacidade de transporte; perdas geradas pelo

sistema portuário, que se mostra um gargalo logístico devido às suas

ineficiências.

Enfim, nada de se surpreender em um País onde os altos e baixos são

constantes. Mas e o planejamento? Nesse momento, o planejamento, ou a falta

dele, se torna o grande vilão, responsável pela escassez de recursos.

Mas e a ociosidade? Por que não se destaca na mesma proporção da

falta de recursos a ocorrência da ociosidade gerada por diversos fatores

inerentes à vontade do planejador, tais como estiagem na região Sul, que

provoca perdas por ociosidades de recursos, variações cambiais, que

impactam diretamente nas exportações ou aeroportos subutilizados.

O fato é que o planejamento nos investimentos em infra-estrutura

logística, público ou privado, sempre ocorreu e sempre foi alvo dos críticos de

plantão, que julgam ter todas as informações necessárias para identificar um

culpado.

573.1 - Infra-Estrutura: O Apagão Logístico

O Brasil detém as melhores condições para ser o grande abastecedor

de produtos do agronegócio: terras, condições climáticas, alto padrão

tecnológico, capacidade produtiva e possibilidade de conquista de mercados

internacionais. Entretanto, as ineficiências da infra-estrutura logística,

localizadas fora da porteira da fazenda, anulam a aptidão e a competência do

agronegócio brasileiro. Seus efeitos prejudicam o setor numa escala superior

às chamadas barreiras externas, como subsídios, quotas e sobretaxas, entre

outros.

Nos últimos anos, o Governo Federal abandonou o planejamento

estratégico e deixou de investir em obras para a infra-estrutura de transportes.

O investimento em infra-estrutura logística tem sido praticamente realizado pelo

setor privado, suprindo a ausência do Estado. Os investimentos

governamentais no setor somam apenas 0,15% do PIB, enquanto países como

a China e a Índia investem 3% a 4% no setor.

Apesar dos baixos investimentos, a tributação cresceu

significativamente no setor. Foi criada a Contribuição de Intervenção de

Domínio Econômico (CIDE), cobrada sobre a comercialização dos

combustíveis, cujos recursos deveriam ser investidos em infra-estrutura

logística. Mas, suas aplicações acabaram contigenciadas, distanciando-se da

sua finalidade legal. Cabe lembrar, ainda, o festejado projeto das PPP –

Parcerias Público Privadas, que não saiu do papel pela falta de um marco legal

nitidamente estabelecido. Tal instabilidade jurídica e institucional veda a

participação da iniciativa privada nas soluções dos problemas logísticos.

A falta dos investimentos típicos de governo em infra-estrutura e a

péssima qualidade de gestão no sistema portuário convertem-se num

obstáculo de tal magnitude, que pode paralisar o processo de ampliação da

produção e das exportações, constituindo-se no que os especialistas estão

chamando de apagão logístico. Tais fatores impedirão a retirada da produção

58do campo e sua colocação no mercado internacional, prejudicando o

crescimento das exportações brasileiras e de riquezas no interior do País.

O transporte da soja até o porto de Roterdã, na Holanda, é um exemplo

das perdas causadas por problemas de logística. O produto chega na Europa

cotado a US$ 220/t FOB. Descontados os custos da operação, o preço final cai

para US$ 95/t FOB. Somam nestes custos itens como burocracia, tributação,

gestão, normas legais, sistemas de controle, seguros, multas de espera,

qualidade, sanidade, segurança, portos, sistemas de navegação, relações de

trabalho portuário, riscos, transporte rodoviário e ferroviário, pedágios,

segurança jurídico-institucional e sistemas de informação. No final, resta um

preço insuficiente para quitar os custos de produção da lavoura.

O custo desse conjunto de movimentações, procedimentos e operações,

chamados de logística, são decisivo para a viabilidade ou não das atividades

da produção agropecuária, principalmente após a transferência da base da

produção, nas últimas décadas, do Sul e Sudeste rumo ao Norte e ao Centro-

Oeste. As novas fronteiras agrícolas passaram a exigir rodovias, ferrovias,

armazenagens, portos, serviços, em pontos diferentes das rotas tradicionais.

As regiões produtoras ficaram cada vez mais dependentes de uma infra-

estrutura logística eficiente, para serem competitivas no mercado externo.

O fato é que o Brasil optou por um sistema de transporte para

escoamento da produção agrícola baseado na utilização de rodovias.

Geralmente, são os países de pequena extensão territorial que vocacionam

seu transporte no modal rodoviário, enquanto países com extensões maiores

priorizam modais ferroviários e hidroviários. A exceção do Brasil. A matriz de

transporte nacional favorece em 61,2% o transporte por rodovias, 20,7% por

ferrovias e 13,6% hidrovias. Outros países de grandes dimensões, como

Estados Unidos, escolheram transportar suas mercadorias, em 43,9%, por

ferrovias e a China, em 49,9%, por hidrovias.

59Os custos do transporte rodoviário são mais altos quando comparados a

outras modalidades. Além do mais, o Brasil possui uma das mais baixas

densidades de malha rodoviária pavimentada do mundo. Dados do Ministério

dos Transportes (2003) mostram que o País conta com 1,71 milhão de

quilômetros de rodovias federais, estaduais e municipais, das quais apenas

10% são pavimentadas. O estado de conservação das estradas brasileiras

agrava a situação, dificultando ainda mais o escoamento da produção agrícola.

Em 2002, 59% das estradas pavimentadas administradas pelo Governo foram

consideradas deficientes; em 2003, esse índice subiu para 83%, por ação das

chuvas e por falta de manutenção; patamar que se mantinha até 2005.

3.1.1 - O desafio da multimodalidade

A solução dos altos custos do transporte agrícola passa pelo incentivo a

outros modais e pela interação entre eles encontrando-se assim a

multimodalidade. Será preciso vencer desafios para que outras modalidades de

transporte possam ser efetivamente utilizadas, melhorando a eficiência da

operação e diminuindo seus custos.

Ferroviário: No caso do sistema de transporte ferroviário, que está

completando 10 anos de privatização, ainda permanecem os problemas

estruturais herdados da época do controle estatal. Embora as concessionárias

tenham assumido aproximadamente 28 mil quilômetros da malha férrea

existente no Brasil, continuam os gargalos físicos e operacionais do sistema.

Também permanecem a obsolescência e precariedade das vias permanentes;

elevado número de pontos críticos das linhas na transposição de centros

urbanos; invasão de faixa de domínio; e interligação deficiente com zonas

portuárias.

Tais situações resultam em baixa velocidade e interrupção do fluxo do

modal, com tempo de trânsito elevado e baixa capacidade por eixo.

Conseqüentemente, elevam-se os custos de transporte. A velocidade média

dos trens brasileiros é de 23 Km/h, enquanto nos Estados Unidos o mesmo

60conjunto desenvolve uma velocidade de 80 Km/h em média, que resulta

apenas em 30% da produtividade americana.

Para fazer frente a este quadro de dificuldades, é preciso fortalecer a

agência reguladora do setor terrestre, a Agência Nacional de Transportes

Terrestres (ANTT), com a instalação de um foro legal para discussão das

necessidades dos usuários. A regulação do transporte ferroviário ainda é

deficiente frente aos compromissos assumidos pelos concessionários e aos

direitos dos usuários. Devido às características intrínsecas ao negócio

ferroviário, na falta de uma regulação eficaz, corre-se o risco de favorecer o

monopólio privado, com resultados igualmente maléficos aos interesses da

sociedade.

Marítimo: O transporte marítimo é considerado uma vocação natural

brasileira. O País possui oito mil quilômetros de costa (10 mil quilômetros se

considerada a extensão do rio Amazonas até Manaus) e uma economia

fortemente concentrada numa faixa de cerca de 500 quilômetros ao longo do

litoral. No entanto, percebe-se total inapetência nesta modalidade de transporte

para a concorrência com o transporte de outros países.

As leis brasileiras praticamente inviabilizam investimentos do setor

privado no transporte marítimo. Como conseqüência, reduziu-se a frota de

bandeira nacional, com a diminuição de sua escala operacional, que aumenta

custos e reduz a disponibilidade de freqüências de transporte. A carga tributária

sobre as atividades do setor impõe uma concorrência desleal com os navios de

bandeira internacional. A frota brasileira compete com navios estrangeiros que

não pagam encargos sociais relativos a seus tripulantes, operados por

empresas praticamente isentas de tributação, onerada somente por

insignificantes taxas de registro, de menos de US$ 1.000 por navio por ano. No

Brasil, somente os encargos sociais chegam a 140% acima do valor dos

salários pagos à tripulação.

61Um navio de bandeira estrangeira apresenta custo operacional

significativamente menor que um navio operando sob a bandeira brasileira. Por

este motivo, os novos investimentos no setor são muito poucos, sem

praticamente nenhuma renovação da frota atual, o que também se aplica à

navegação de cabotagem. Embora preferenciais no transporte interno no País,

os navios de registro brasileiro estão sujeitos, da mesma forma que aqueles

envolvidos no transporte internacional, ao mercado mundial de fretes. Isto

ocorre porque fazem parte de um trajeto internacional (caso dos serviços de

carga geral feeder) ou por terem o mercado regulado por padrões

internacionais (caso típico dos mercados de granéis – líquidos ou sólidos).

Para o transporte marítimo, é imprescindível a isonomia tributária com

os concorrentes externos, pois a cabotagem constitui elo importante na direção

da desconcentração do transporte rodoviário a longas distâncias. Produz,

também, expressivo impacto na redução de custos da matriz de transportes e

no descongestionamento de algumas rotas, proporcionando sobrevida aos

interesses rodo-ferroviários existentes.

Portos: O alto custo dos portos nacionais é um dos principais gargalos

da infra-estrutura logística brasileira. É preciso investir na capacidade dos

portos tradicionais, como o de Santos-SP e o de Paranaguá – PR, além de

otimizar os investimentos nas operações em outros portos, como o de Itaqui –

MA e Santarém – RO. Viabilizar a chegada de produtos a estes portos significa

esvaziar o excesso de embarques de produtos agrícolas para exportação pelos

portos tradicionais, com os habituais e extensos engarrafamentos. No porto de

Paranaguá – PR, por exemplo: 60% da soja embarcada para o exterior vem de

outros Estados.

A exportação agrícola pelos portos de Itaqui - MA e Santarém – RO

reforça o conceito de multimodalidade, resultando na diminuição dos custos de

transporte dos produtos. Para tanto, é fundamental viabilizar outro conceito que

envolve a multimodalidade - os corredores de exportação. Trata-se de uma

visão funcional de corredores de exportação, com o objetivo de aperfeiçoar o

62escoamento da produção das novas fronteiras agrícolas por opções mais

baratas e viáveis, como o corredor dos portos de São Luís/Belém; corredor de

Porto Velho e o corredor do porto de Santarém. São soluções integradas, com

a utilização de vários modais, prevendo a melhora e conclusão de estradas de

rodagem; a conclusão e interligação de vias ferroviárias; a viabilização das

hidrovias e a melhora da infra-estrutura tecnológica dos portos.

3.2 - Brasil está à beira do Apagão Logístico

As vias que recebem 59,2% da produção nacional têm as piores

condições de uso entre os modais. Pelas estradas brasileiras transitam 59,2%

da produção nacional e 96% das pessoas que viajam. Os dados demonstram a

predominância do transporte rodoviário no País. Status conquistado mais pela

falta de opções do que pela qualidade das rodovias. Segundo a Confederação

Nacional do Transporte (CNT), 75% das estradas estão em estado péssimo,

ruim ou regular. Seja pelo asfalto danificado, seja pela falta de sinalização.

"Todos os modais de transporte estão com problemas, mas a pior

situação é, sem dúvida, das rodovias", diz o presidente do Conselho de Infra-

Estrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José de Freitas

Mascarenhas. "Faltam investimentos e planejamento. É preciso que o

Ministério dos Transportes cuide da logística, e não só de obras".

Os investimentos públicos em rodovias estão aquém do reclamado pelo setor

privado. Foram R$ 11,7 bilhões nos últimos quatro anos, média anual de R$

2,9 bilhões. Segundo a Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústria de

Base (Abdib), são necessários R$ 13 bilhões por ano - entre recursos públicos

e privados - durante cinco anos para recuperar a malha rodoviária. Junto com

aplicações em outros setores, o investimento reivindicado pela Abdib ajudaria a

reduzir os custos logísticos dos atuais 20% do Produto Interno Bruto (PIB) para

14,1%.

O percentual ainda é alto se comparado a países como os Estados

Unidos, onde os gastos com logística de transportes correspondem a 8% do

63PIB. "Não adianta só tapar buraco. É preciso investir", declara Mascarenhas.

"Dificilmente, o governo terá recursos. Então, tem de trabalhar para atrair o

capital privado que existe em abundância".

Poucas pavimentações no País são 1,7 milhão de quilômetros de

rodovias. Apenas 196 mil são pavimentados. Apesar de as principais estradas

serem de asfalto, corredores importantes ainda são de terra, sobretudo nas

regiões Norte e Centro-Oeste. É o caso da BR-163. Aberta no início dos anos

70, a rodovia poderia escoar grande parte da produção do norte do Mato

Grosso pelo porto de Santarém (PA), mais próximo da Europa do que portos do

Sul. Poderia. Mesmo constando da lista de prioridades de sucessivos

governos, a BR-163 ainda tem 953 quilômetros sem asfalto. "Santarém tem um

belo porto esperando por carga, mas continuamos escoando a soja do Mato

Grosso por Santos porque não tem estrada", afirma Neuto Gonçalves dos Reis,

assessor técnico da Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logística

(NTC & Logística).

Outras estradas cruciais para o escoamento da produção estão em

situação precária. Trechos da BR-116 e da BR-101 estão entre os que

aguardam há cinco anos a concessão à iniciativa privada.

64CONCLUSÃO

Antes de falarmos em apagão logístico, deveríamos considerar a

capacidade do Brasil (principalmente das empresas privadas e do povo

brasileiro) para desenvolver alternativas e superar as barreiras.

Destacar o “apagão logístico” é assumir uma posição de derrotado, sem

considerar os inúmeros esforços que estão sendo feitos neste sentido. Muitos

preferem fazer comparativos com a infra-estrutura dos países desenvolvidos e

dizer que nossa incompetência vai nos conduzir a um “apagão” cada vez maior.

Vamos parar com isso! Vamos destacar na mídia os esforços que estão

sendo feitos para um “Zero Apagão Logístico”.

Vamos destacar idéias e propostas criativas que sempre caracterizaram

as empresas vencedoras.

Temos de dar um basta aos profetas das “catástrofes” e destacar a força

do Brasil e de seu povo nas soluções que vêm sendo desenvolvidas e que

continuam fazendo com que o País cresça nas mais diversas áreas.

Será que essas pessoas que destacam o apagão logístico diriam, há

dois anos, que seria viável atingir os atuais números de exportação?

Cabe refletirmos cada vez mais sobre estas questões e, quem sabe,

acreditarmos em nós mesmos, característica essa que vemos em muitos outros

países até em demasia.

Com um correto gerenciamento as empresas possuem uma maior oferta

de produtos em mercados cada vez mais distantes e este é o objetivo

fundamental do transporte de carga.

65Embora se possa observar alguns exemplos de soluções logísticas que

contemplem a utilização de mais de um modal, estas iniciativas ainda esbarram

em questões infra-estruturais e de regulamentação, tais como: eficiência dos

portos, terminais para integração entre os modais e regulamentação da

operação de transporte por mais de um modal. A infraestrutura do sistema de

transportes no Brasil comparada a outros países ainda deixa muito a desejar.

Considerando-se os índices de extensão da malha territorial, pode-se perceber

que o Brasil apresenta-se em situação bastante inferior a diversos países.

Como cada vez mais busca-se redução nos custos logísticos e maior

confiabilidade no serviço prestado, o uso de mais de um modal no Brasil surge

como grande oportunidade para as empresas tornarem-se mais competitivas,

visto que o modal rodoviário predomina na matriz de transporte do Brasil,

mesmo para produtos/trechos onde não é o mais competitivo.

A solução para o País é tratar com racionalidade o transporte de cargas,

transformando as distâncias físicas em econômicas, cujos gastos improdutivos

possam se converter em poupança para investimentos. O setor calcula que

exista a necessidade iminente de investimentos em transporte da ordem de

US$ 16 bilhões, nos próximos 10 anos.

Deste montante, US$ 3,3 bilhões se referem aos investimentos públicos,

US$ 2,7 bilhões aos investimentos do setor privado e US$ 7,5 bilhões de

iniciativa público/privado - as PPPs - e o restante de iniciativa pública e privada.

Em 10 anos, os investimentos seriam na ordem de 3% do PIB, ou seja, 0,3%

do PIB ao ano. Tais investimentos poderiam proporcionar economia de US$

14,23 bilhões no transporte, o que representa redução de gastos em torno de

20% ao ano.

Diante da complexidade da gestão de transporte, trabalhar com

empresas especializadas parece ser a garantia para excelência nos serviços,

com atendimentos aos prazos e permanência da qualidade dos produtos.

66BIBLIOGRAFIA: BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial: transportes, administração

de materiais e distribuição física. 2a ed.São Paulo: Atlas, 1993.

Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: planejamento, organização e

logística empresarial. 4a ed. Porto Alegre: Bookmark, 2001.

BERTAGLIA, Paulo Roberto. Logística e Gerenciamento da Cadeia de

Abastecimento. 4a ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

BOWERSOX, Donald J. CLOSS, David J. Logística Empresarial. 4a ed.

São Paulo: Atlas, 2001.

CECATTO, C. A importância do Supply Chain Management no

desenvolvimento das Empresas Brasileiras, 2002, São Paulo, Anais

eletrônicos... São Paulo, 2002. Disponível em:

<htpp://www.guialog.com.br/artigo302.htm>. Acesso em 28 jun 2007.

CEL – COPPEAD – UFRJ. FLEURY, Paulo Fernando. WANKE, Peter.

FIGUEIREDO, Kleber Fossati. Logística Empresarial: a perspectiva

brasileira. 4a ed. São Paulo: Atlas, 2000.

Christopher, M.; Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos -

Estratégias para Redução de Custos e Melhoria dos Serviços, 1 ed. São

Paulo, Editora Pioneira, 1997.

MARTINS, P. G; ALT, P. R. Administração de materiais e recursos

patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2003.

MENDES, S. V. Gestão financeira de um sistema logístico. Taubaté,

2000. 71p. Monografia - Universidade de Taubaté. Disponível em:

67<http://www.unitau.br/prppg/cursos/ppga/mba/2000/mendes_sheila_valdi

rene.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2007, 15:10:27.

NOVAES, Antonio Galvão. Logística e gerenciamento da cadeia de

distribuição: estratégia, operação e avaliação. Rio de Janeiro: Campus,

2003.

PORTER, M.E. Competitive Strategy. New York, Free Press, 1980.

SOUZA, Paulo Teixeira de. Logística interna para empresas prestadoras

deserviço. 2002. Disponível em: http://guialog.com.br/ARTIGO350.htm.

Acesso em: 03 jun. 2007, 10:35:20.

http://www.clipping.planejamento.gov.br/ - 28/06/2007

http://www.faep.com.br/boletim/bi940/bi940pag10.htm - 28/06/2007

http://www.centrodelogistica.com.br - 28/06/2007

68

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Título da Monografia:

Autor: Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: