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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS Direito do Consumidor Fato do Produto e do Serviço 09.04.2008 Professora Angela Issa Haonat Aula baseada na doutrina Rizzatto Nunes Antonio Herman

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

Direito do Consumidor

Fato do Produto e do Serviço

09.04.2008Professora Angela Issa Haonat

Aula baseada na doutrinaRizzatto Nunes

Antonio Herman

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Fato do Produto e do Serviço

Rizzatto Nunes DEFEITO PRESSUPÕE VÍCIO

Do ponto de vista semântico, pode-se dizer que defeito é tudo

aquilo que gera dano além do vício (dano extrínseco)

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Fato do Produto e do Serviço

Rizzatto Nunes A expressão “acidente de consumo”

pode confundir; Ex. lançamento equivocado no

cadastro de devedores do Serviço de Proteção de Crédito

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Fato do Produto e do Serviço

Considerações IniciaisO CDC teve por objetivo superar a

dicotomia clássica entre:(i)responsabilidade contratual

e (ii) responsabilidade extracontratual

(Herman Benjamin)

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Vícios de qualidade por insegurança e os riscos do mercado de consumo

Os produtos e serviços colocados no mercado devem atender:

a)Sua função econômica específica (o seu desvio caracteriza: vício de quantidade ou de

qualidade por inadequação);b)Seu objetivo de segurança (o seu desvio

caracteriza: vício de qualidade por insegurança)

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Vícios de qualidade por insegurança e os riscos do mercado de consumo

Riscos do Mercado de Consumo

Idéia de risco (probabilidade de que um atributo de um produto ou serviço venha a causar dano à saúde humana – acidente de

consumo)

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Vícios de qualidade por insegurança

02 ELEMENTOS(i) Desconformidade de um produto ou serviço com as expectativas legítimas dos

consumidores e (ii) que têm capacidade de provocar acidentes

de consumo.

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Periculosidade Inerente e Periculosidade Adquirida

Periculosidade Inerente ou latenteTrazem um risco intrínseco atado a sua própria

qualidade ou modo de funcionamento;Ex. Faca de cozinha afiada

A periculosidade só é inerente quando dotada de (i) normalidade (produto ou serviço) e de

(ii) previsibilidade (consumidor)

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Periculosidade Inerente e Periculosidade Adquirida

Periculosidade Inerente ou latenteCaberá ao fornecedor advertir os

consumidores (dever de informar) dos riscos inevitáveis.

Ex. Facas (podem cortar); cordas (podem queimar quando atritadas); sacos plásticos e

travesseiros (podem sufocar)

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Periculosidade Inerente e Periculosidade Adquirida

Periculosidade AdquiridaTornam-se perigosos em decorrência de um

defeito que, por qualquer razão apresentam;

São bens de consumo que, se ausente o vício de qualidade por insegurança que trazem, não

manifestam risco superior àquele legitimamente esperado pelo consumidor.

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Periculosidade Inerente e Periculosidade Adquirida

Periculosidade AdquiridaSua principal característica é a

imprevisibilidade para o consumidor;É impossível qualquer modalidade de

advertência – já que esta não a elimina

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Periculosidade Inerente e Periculosidade Adquirida

Periculosidade Adquirida03 modalidades

Defeitos de FabricaçãoDefeitos de Concepção (design ou

projeto);Defeitos de Comercialização (informação ou instrução)

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Periculosidade Inerente e Periculosidade Adquirida

Defeitos de Fabricação: originam-se no momento em que o produto é

manufaturado, sendo provocados pelo automatismo e padronização do processo

produtivo moderno.Possuem 03 características: a

inevitabilidade, a previsibilidade estatística e manifestação limitada

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Periculosidade Inerente e Periculosidade Adquirida

Inevitabilidade: mesmo com a melhor técnica é impossível eliminá-los por inteiro;

Previsibilidade estatística: quanto à freqüência de sua ocorrência;

Manifestação limitada: não atinge todos os consumidores.

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Periculosidade Inerente e Periculosidade Adquirida

Defeitos de Concepção (design ou projeto): decorre de uma decisão do

fornecedor. maior abrangência do que o defeito de

fabricação;Tal qual o defeito de fabricação não

pode ser evitado

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Periculosidade Inerente e Periculosidade Adquirida

Defeitos de Comercialização (informação ou instrução): sempre que

um produto for comercializado, o fornecedor deve informar o consumidor sobre seu uso adequado, sobre os riscos

inerentes, assim como sobre outras características relevantes.

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Os Danos Indenizáveis

Dano:pressuposto da responsabilidade civil

No CDC: abrange patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;

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Responsabilidade

Fato do Produto: art. 12 e 13 (comerciante)

Fato do Serviço: art. 14A sistemática só distingue a

responsabilidade do profissional liberal (§4º)

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Fato do Produto

O art. 12 fixa como responsáveis do dever de indenizar os danos causados por produtos portadores de vício de

qualidade por insegurança:O FABRICANTE

O CONSTRUTORO PRODUTORIMPORTADOR

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Quem é o responsável?

Na responsabilidade por vício fala-se em “fornecedor”

≠Na responsabilidade pelo fato do produto ou serviço a regra é a da

especificação do agente (fabricante, produtor, construtor etc)

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Conceito de Defeito no CDC

Art. 12, § 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:I - sua apresentação;II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;III - a época em que foi colocado em circulação.

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Causa de Exclusão da Responsabilidade

Numerus claususNão colocação do produto no

mercado;A inexistência do defeito;A culpa exclusiva da vítima ou

de terceiro.

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Caso Fortuito e Força Maior

A regra geral é que o caso fortuito e a força maior excluem a responsabilidade

civilO CDC não os menciona e nem os nega.

Herman Benjamin: mantêm-se ambos para impedir o dever de indenizar

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Caso Fortuito e Força Maior

Rizzatto Nunes (diverge)O Risco do fornecedor é mesmo integral;A lei não prevê como excludente o dever

de indenizar o caso fortuito e a força maior;

Como a norma não estabelece, não pode o agente responsável alegar em sua

defesa essas excludentes.

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Dos Riscos de Desenvolvimento

risco que não pode ser cientificamente conhecido no momento do lançamento do produto no mercado, vindo a ser descoberto após algum tempo de uso do produto

O CDC não incluiu entre as causas exoneratórias – os riscos de desenvolvimento, ao contrário de alguns países.

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Da responsabilidade subsidiária do comerciante

No contexto do CDC a responsabilidade do comerciante é subsidiária em relação aos outros agentes econômicos;

Ver art. 13 do CDC – igualmente responsável = responsável solidariamente;

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Da responsabilidade subsidiária do comerciante

HIPÓTESESA impossibilidade de identificação do

responsável principal;A ausência, no produto, de identificação

adequada do responsável principal;A má conservação dos produtos

perecíveis

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Da responsabilidade subsidiária do comerciante

Vedação da Denunciação da LideO parágrafo único do art. 13 remete ao art. 88,

para proibir a denunciação à lideArt. 13 Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso

contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação

do evento danoso.

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Da responsabilidade subsidiária do comerciante

Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a ação de regresso

poderá ser ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade de

prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a denunciação da lide.

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Exercícios

1. Um consumidor adquire num supermercado uma caixa de iogurtes.

Leva-a para casa e guarda na geladeira. Todas estão dentro do prazo de validade. Dois dias após, quando os iogurtes ainda

estavam no prazo de validade, os filhos do consumidor tomam. Três horas depois, os dois menores são internados num hospital

com infecção intestinal. Pergunta-se:

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Exercícios

a) Quem é o responsável pelos danos causados: o comerciante-vendedor ou

o fabricante? Porque?b) O consumidor pode acionar o

supermercado? Deve?c) Se o consumidor acionar o

supermercado por danos, o que este deverá fazer para se defender,

entendendo não ser responsável?

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Exercícios

2. João adquiriu um automóvel novo, com air bag, e num determinado dia, com toda a família no

veículo, estando em média velocidade, brecou levemente passar em uma lombada, o air bag se auto-acionou, quase provocando um acidente.

Neste dia as conseqüências não foram maiores porque sua mulher, que estava ao lado,

conseguiu ajudá-lo a controlar a direção. Uma semana após, João chocou o veículo contra um

poste de iluminação, exatamente no local do problema anterior. Testemunhas relataram que

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Exercícios

João vinha em velocidade, freou o auto na lombada e depois o veículo, descontrolado, chocou-se com o poste. Ao se aproximarem, viram o air bag acionado, mas não perceberam em que

momento havia ocorrido o acionamento, pois viram o acidente por trás, há cerca de 100

metros do local.João, alegando falha no funcionamento do

dispositivo do air bag, moveu ação contra a empresa fabricante, pleiteando reparação pelos

danos (materiais e morais). Pergunta-se:

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Exercícios

a) Que direitos tem João?b) Caso não houvesse produção de

provas pelas partes, o acontecimento traduziria

verossimilhança?c) Faça uma minuta da petição inicial

da ação movida por João.