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FACULDADE 2 DE JULHO
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
MATHEUS LUIS SANTOS ROCHA SILVA
USOS E APLICAÇÕES DO GEOPROCESSAMENTO: UM ESTUDO DE CASO NA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE SALVADOR
Salvador 2010
MATHEUS LUIS SANTOS ROCHA SILVA
USOS E APLICAÇÕES DO GEOPROCESSAMENTO: UM ESTUDO DE CASO NA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE
DE SALVADOR
Monografia apresentada ao curso de Administração da Faculdade 2 de Julho, como pré-requisito para a obtenção do grau de Bacharel em Administração de Empresas, sob orientação da professora Thereza Olívia.
Salvador 2010
MATHEUS LUIS SANTOS ROCHA SILVA
USOS E APLICAÇÕES DO GEOPROCESSAMENTO: UM ESTUDO DE CASO NA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE
DE SALVADOR Monografia apresentada ao curso de administração da Faculdade 2 de Julho, como pré-requisito para obtenção do grau de Bacharel pela Banca Examinadora composta pelos membros:
( ) Aprovado Data / /
________________________________________________________ Professora Thereza Olívia Rodrigues Soares
Mestre em Desenvolvimento Humano e Responsabilidade Social, Fundação Visconde de Cairu.
Faculdade 2 de Julho.
_______________________________________________________ Márcia Cristina Labanca Ribeiro
Especialista em Metodologia do Ensino Superior
Dedico este trabalho a minha mãe, Eliana Silva, mulher guerreira desbravadora, sempre disposta a encarar a batalha da vida estando ao meu lado nos momentos mais difíceis. Serei sempre grato á Deus por ter colocado uma pessoa como a senhora para eu chamar de mãe, muito obrigado, essa vitória é nossa. A meu pai, Luis Carlos por ser um exemplo de ser humano e fazer parte da minha formação como homem, sempre me direcionando para o caminho do bem, muito obrigado. Aos meus irmãos Lucas e Moisés pelo companheirismo e afeto, não esquecendo de Helena, você faz parte é muito querida entre nós, gostamos muito de você. À minha namorada, Marceli, pelo carinho e compreensão, você é meu porto seguro, que Deus Abençoe nosso amor. Aos meus familiares em especial aos meus avôs, que com certeza ficam imensamente felizes em verem mais um membro da família crescendo e conquistando na vida.
Agradeço a Deus, pois sem a benção e proteção diária dele eu não seria nada. Aos meus pais, Luis e Eliana por estarem presentes em cada momento da minha vida contribuindo para que eu me torne um ser cada dia melhor. A minha família por estar na torcida me incentivando a todos os momentos. A todos os professores da Faculdade 2 de Julho, grandes educadores, em especial à professora Thereza Olívia, pelos “puxões de orelha” nas orientações, és uma grande empreendedora do conhecimento, nunca esquecerei dos ensinamentos passados, não apenas teóricos que ficarão obsoletos com o tempo, mas da busca constante de conhecimento e dedicação com as coisas que realiza. Aos amigos da faculdade, em especial a Ana Cristina, Bruno Carvalho, Daniela Silva, Elzimar Guimarães, Laura Elisa e Jacson Melo vocês são de grande importância para mim. Aos Amigos que fizeram parte da Empresa Júnior, foram momentos únicos de aprendizado e companheirismo que contribuíram para minha formação profissional, foi uma experiência excepcional. Aos colegas de trabalho, em especial à Fátima Pereira pela pessoa especial que é e por ter contribuído na construção deste trabalho. A todos que contribuíram direta e indiretamente neste trabalho, principalmente Dílson Tanajura, funcionário da COINF. Obrigado!!!
“O único lugar onde sucesso vem antes do trabalho é no dicionário“. Albert Einstein
RESUMO
SILVA, Matheus Luis Santos Rocha. Usos e aplicações do Geoprocessamento: Um estudo de caso na Secretaria Municipal de Saúde de Salvador. Orientadora: Thereza Olívia Rodrigues Soares. Salvador: Faculdade 2 de Julho, 2010. monografia (Graduação em Administração). O Geoprocessamento quando aplicado à gestão pública, passa a ser uma ferramenta de grande importância para a tomada de decisão mais precisa do gestor público, por subsidiar informações específicas para a análise do território. Diante disso, este trabalho teve por objetivo geral analisar o uso e aplicações da ferramenta de Geoprocessamento na Secretaria Municipal de Saúde do Município de Salvador. Os objetivos específicos foram: verificar de que forma se deu a implantação desta ferramenta na Prefeitura Municipal de Salvador; discutir o conceito e a utilização do Geoprocessamento na Administração Pública e descrever o uso desta ferramenta na SMS. O pressuposto que norteou a pesquisa foi que a ferramenta de Geoprocessamento é utilizada para potencializar as ações da SMS atendendo às suas necessidades, podendo, no entanto, esta ser melhor otimizada. A fundamentação teórica foi composta principalmente de artigos científicos e livros, visto que permite a cobertura de uma gama de fenômenos. A análise foi de cunho documental composta de documentos que apresentam de que forma se deu a implantação do Geoprocessamento na SMS. As principais conclusões obtidas indicam que o Geoprocessamento é de suma importância para todos os gestores municipais que vêem nessa ferramenta uma aliada à sua gestão, por facilitar na rápida e mais precisa tomada de decisão e no controle do território, resultando em um posicionamento mais sólido.
Palavras-chave: Geoprocessamento. Sistemas de Informação Geográfica. Saúde Pública.
ABSTRACT SILVA, Matheus Luis Santos Rocha. Usos e aplicações do Geoprocessamento: Um estudo de caso na Secretaria Municipal de Saúde de Salvador. Orientadora: Thereza Olívia Rodrigues Soares. Salvador: Faculdade 2 de Julho, 2010. monografia (Graduação em Administração).
The geoprocessing when applied to public management, becomes an important tool for decision-making more precise by subsidizing public Manager, specific information for the analysis of the territory. That said, this work aims to analyze general usage and Geoprocessing tool applications in Municipal Department of health of the Municipality of Salvador. Specific objectives were: to check how gave deploying this tool in Prefeitura Municipal de Salvador; discuss the concept and use of Geoprocessing in public administration and describe the use of this tool in SMS. The assumption that guided the research was that the Geoprocessing tool is used to enhance the actions of SMS meeting your needs, may this be better optimized. The fundamentation was composed mainly of scientific articles and books, seen that enables coverage of a range of phenomena. The analysis was composed of documentary stamp documents presenting how gave geoprocessing in SMS deployment. The main findings obtained indicate that geo-processing is of paramount importance to all municipal managers who see in this tool an ally for its management, by facilitating the rapid and more accurate decision-making and in control of territory, resulting in a stronger positioning. Keywords: Geoprocessing. Geographic information systems. Public health.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................15
1.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................17
2 GEOPROCESSAMENTO...................................................................19
2.1 EVOLUÇÃO DO GEOPROCESSAMENTO ........................................................21
2.2 GEOPROCESSAMENTO NA GESTÃO PÚBLICA .............................................23
3 SISTEMA DE INFORMAÇÃO ............................................................28
3.1 DEFINIÇÃO.........................................................................................................28
3.2 CLASSIFICAÇÃO DE UM SI...............................................................................29
3.3 PROCESSOS DE UM SI.....................................................................................30
3.4. DADO, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO.....................................................30
3.5 BANCO DE DADOS (BD)....................................................................................32
3.6 SISTEMA GERENCIAMENTO DE BANCO DE DADOS (SGBD) .......................32
3.7 PRINCIPAIS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE ..................................33
3.7.1 Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM).......................................34
3.7.2 Sistema de Informação sobre Nascido Vivo (SINASC) ...............................35
3.7.3 Sistema de Informação sobre Agravos Notificação (SINAN) .....................35
3.7.4 Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) ..........................35
3.7.5 Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS) ........................36
3.7.6 Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) .....................................36
4 SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA - SIG..........................38
4.1 CONCEITO .........................................................................................................38
4.1.1 Dados Alfanuméricos.....................................................................................39
4.1.2 Dados Geográficos.........................................................................................39
4.1.3 Georreferenciamento dos dados ..................................................................41
4.2 OBJETIVOS DE UM SIG.....................................................................................41
4.3 FUNÇÕES DE UM SIG .......................................................................................41
4.4 IMPLANTANDO UM SIG.....................................................................................42
4.5 PROBLEMAS MAIS COMUNS NA IMPLANTAÇÃO DE UM SIG .......................44
5 SIG NA ÁREA DE SAÚDE.................................................................47
5.1 EXEMPLOS DE UTILIZAÇÕES DO SIG NA SAÚDE .........................................49
5.1.1 Distribuição da Malária no Município de Manaus........................................50
5.1.2 Contextualização da Dengue, Hepatite Viral e Meningite no Município de
Londrina. ............................................................................................................. .....50
5.1.3 Estudo da Mortalidade Infantil em Dom Pedrito/RS. ...................................52
5.1.4 Distribuição Geográfica da Epidemia de Aids em Campinas – São Paulo.54
6 ESTUDO DE CASO: GEOPROCESSAMENTO NA SECRETARIA
MUNICIPAL DE SAÚDE DE SALVADOR ............................................56
6.1 HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DO GEOPROCESSAMENTO NA
PREFEITURA MUNICIPAL DE SALVADOR.............................................................58
6.1.1 Mapa Urbano Básico de Salvador – MUB– Ssa ...........................................60
6.2 A SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE ..........................................................61
6.2.1 Histórico da implantação do Geoprocessamento na SMS .........................61
6.3 APLICAÇÕES DO GEOPROCESSAMENTO NA SMS.......................................63
6.3.1.Relação das Bases Cartográficas Disponíveis à SMS ................................63
6.3.2 Bases específicas ..........................................................................................63
6.4 LOCALIZAÇÃO ESPACIAL DAS RUAS DE ABRANGENCIA DOS AGENTES
COMUNITÁRIOS DE SAÚDE ...................................................................................65
6.5 DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS DE AGRESSÃO FÍSICA E ARMA BRANCA NO
CIRCUITO DO CARNAVAL DE SALVADOR NO ANO DE 2008 ..............................69
6.6 DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS DE DENGUE POR DISTRITO SANITÁRIO........73
7 CONCLUSÃO ....................................................................................75
REFERENCIAS.....................................................................................78
APÊNDICE A – AUTORIZAÇÃO DA BIBLIOTECA .............................82
ANEXO 1 – Autorização para análise documental da Secretaria
Municipal de Saúde .............................................................................84
LISTA DE FIGURAS Figura 01 - Conjunto de ferramentas do Geoprocessamento............................20 Figura 02 - Casos de Cólera e localização das bombas d’água, Londres.........23 Figura 03 - As cinco áreas principais do conhecimento em Sistemas de Informação......................................................................................................... 28 Figura 04 - Hierarquia entre Conhecimento, informação e dados..................... 32 Figura 05 - Relação entre dados gráficos e não gráficos em um SIG (Localização do Município do Salvador no estado da Bahia)............................ 39 Figura 06 - Arquitetura de uma Sistema de Informação Geográfica - SIG........ 40 Figura 07 - Mapa de atendimentos das UBS da BRL para Dengue 2000-04.... 51 Figura 08 - Distribuição dos casos de mortalidade infantil no Município de Dom Pedrito 1998-2004............................................................................................. 53 Figura 09 - Distribuição dos Casos de AIDS em Homens e Mulheres a partir do Índice de condições de vida. Campinas, SP, 1980-2005.................................. 55 Figura 10 - Regiões Administrativas de Salvador Lei nº 7.400/2008................ 57 Figura 11 - Região Metropolitana de Salvador “grande Salvador”.................... 57 Figura 12 - Distritos Sanitários de Salvador...................................................... 64 Figura 13 - Unidades de Saúde por DS............................................................. 64 Figura 14 - Ruas de atuação dos ACS DS Brotas............................................. 67 Figura 15 - Ruas de atuação dos ACS e ZEIS do DS Brotas............................ 68 Figura 16 - Distribuição dos postos de atendimentos por agressão física nos circuito Dodô (ruas em vermelho) e Batatinha (Ruas em azul)......................... 70 Figura 17 - Distribuição dos postos de atendimento por agressão Física no circuito Osmar (em vermelho)............................................................................71 Figura 18 - Distribuição dos postos de atendimentos de agressão por arma branca nos circuito Dodô (ruas em vermelho) e Batatinha (Ruas em azul)...... 72 Figura 19 - Distribuição dos postos de atendimento de agressão por arma branca no circuito Osmar (em vermelho)...........................................................73 Figura 20 - Incidência de Casos de Dengue em Salvador por DS.................... 74
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 - Comportamento da mortalidade infantil em Dom Pedrito/RS........ 52
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Evolução do Geoprocessamento no Mundo................................. 22 Quadro 02 - Principais características dos SI em saúde................................... 34 Quadro 03 - Histórico de implantação do Geoprocessamento na SMS............ 62
LISTA DE SIGLAS
ACS – Agentes Comunitários de Saúde
AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
AIH – Autorizações de Internação Hospitalar
BD – Banco de Dados
BRL – Bacia Hidrográfica de Ribeirão Lindóia
CAD –Computer Aided Design ou Projeto Assistido por Computador,
Cartografia Digital
CADLOG – Cadastro Digital de Logradouros
CAPS – Centros de Atenção Psicossocial
CCZ – Centro de Controle de Zoonoses
CEO – Centros de Especialidades Odontológicas
CEREST – Centro de Referência de Saúde do Trabalhador
COAS – Centro de Orientação e Apoio Sorológico
COINF – Coordenação Central da Informação
COM – Centro de Planejamento Municipal
COMGEO – Comitê Municipal de Geoprocessamento
CONDER – Companhia de Desenvolvimento da Região Metropolitana de
Salvador
CSM – Centros de Saúde Mental
CTM – Cadastro Técnico Multifacetário
DC – Dengue Clássico
DN – Declaração de Nascido Vivo
DO – Declaração de Óbito
FHD – Febre Hemorrágica da Dengue
GIS – Geographic Information System
GPS – Global Positioning System que em português significa Sistema de
Posicionamento Global
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICV – Índice de Condições de Vida
LOUOS – Legislação do Uso e da Ocupação do Solo
MDT – Modelo Digital de Terreno
MUB SSA – Mapa Urbano Básico de Salvador
NASF – Núcleos de Apoio à Saúde da Família
NCGIA – National Center for Geographical Information and Analysis ou Centro
de Informação Geográfica e Análise
PA – Pronto Atendimento
PACS – Programa de Agentes Comunitários de Saúde
PDDU – Planos Diretores de Desenvolvimento Urbano
PMS – Prefeitura Municipal de Salvador
PSF – Programa de Saúde da Família
RA – Regiões Administrativas
RAG – Relatório Anual de Gestão
RMS – Região Metropolitana de Salvador
RS – Rio Grande do Sul
SAGRE – Sistema Automatizado de Gerenciamento da Rede Externa
SCD – Síndrome do Choque da Dengue
SEDHAM – Secretaria de Desenvolvimento Urbano, Habitação e Meio
Ambiente
SEPLAM – Secretaria Municipal do Planejamento, Urbanismo e Meio Ambiente
SGBD – Sistemas de Gerenciamento de Banco de Dados
SI – Sistema de Informação
SIA – Sistema de Informação Ambulatorial
SIAB – Sistema de Informação da Atenção Básica
SICAR – Sistema Cartográfico da Região Metropolitana do Salvador
SIG GIS – Sistema de Informação Geográfico
SIH – Sistema de Informação Hospitalar
SIM – Sistema de Informação sobre Mortalidade
SINAN – Sistema de Informação sobre Agravos de Notificação
SINASC – Sistema de Informação sobre Nascido Vivo
SMS – Secretaria Municipal de Saúde
SR – Sensoriamento Remoto
SUS – Sistema Único de Saúde
SVS – Secretaria de Vigilância em Saúde
TCA – Teatro Castro Alves
UAO – Unidades de Atendimento Odontológico
UBS – Unidades Básicas de Saúde
UNICEF – Fundo das Nações Unidas para à Infância
USF – Unidades de Saúde da Família
VIEP – Vigilância Epidemiológica
VISA – Vigilância Sanitária
ZEIS – Zonas Especiais de Interesse Social
15
1 INTRODUÇÃO
A aplicação da Geografia na saúde pública é antiga, data a partir do século V
a.C., por meio de Hipócrates, o qual defendia a importância do estudo do
espaço como difusor de doenças, em sua obra Dos ares, dos mares e dos
lugares. Séculos mais tarde, o médico britânico John Snow utilizou o
mapeamento para análises de saúde, no qual durante uma epidemia de cólera
que surgiu em Londres, mapeou a distribuição das residências dos casos da
doença, avaliando a sua proximidade em relação às bombas d'água que
abasteciam tais residências da capital inglesa, provando que a epidemia tinha
relação com a ingestão de água contaminada.
O Geoprocessamento pode ser entendido como um conjunto de técnicas
computacionais relacionadas à coleta, armazenagem, tratamento e análise de
informações espaciais.
Em países de grandes dimensões e dinamismo como o Brasil, em que é difícil
manter o controle do território e obter informações adequadas para a tomada
de decisão, o Geoprocessamento representa um enorme diferencial por
potencializar essas informações e principalmente por ser uma tecnologia de
custo relativamente baixo.
O mercado de trabalho para um profissional que domina esta tecnologia é
extenso e crescente, mas infelizmente nosso país sofre uma carência de mão
de obra qualificada por ainda existir poucos cursos que ensinem os conceitos
práticos e teóricos para o manuseio das ferramentas de Geoprocessamento.
16
Vários Municípios brasileiros já vêem a oportunidade de se tornarem referência
no uso destas tecnologias. Em Salvador, capital do estado da Bahia, a
implantação do Geoprocessamento em aplicações urbanas foi um processo
iniciado por uma instituição governamental estadual, de abrangência
metropolitana, a Companhia de Desenvolvimento da Região Metropolitana de
Salvador (CONDER). Posteriormente incluindo a Prefeitura Municipal de
Salvador (PMS) por meio da Coordenação Central da Informação (COINF),
sediada na Secretaria Municipal do Planejamento, Urbanismo e Meio Ambiente
(SEPLAM) a atual Secretaria de Desenvolvimento Urbano, Habitação e Meio
Ambiente (SEDHAM).
Portanto, a partir destes exemplos é possível entender que o
Geoprocessamento é uma ferramenta de suma importância para a
administração pública, por subsidiar informações especificas para a análise do
território, sendo um grande desafio para os gestores o manuseio de forma
estratégica desta ferramenta, utilizando-a com o máximo de sua
potencialidade.
Neste contexto tem-se a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), órgão público
sob a responsabilidade da Prefeitura Municipal de Salvador, sediada na Rua da
Grécia, nº 03 A edifício Caramuru Comércio.
Com base no cenário exposto, este trabalho busca responder a seguinte
questão problema: De que forma a ferramenta de Geoprocessamento é
utilizada na Secretaria Municipal de Saúde da Cidade do Salvador?
O pressuposto que dá direção a este estudo é que a ferramenta de
Geoprocessamento é utilizada para potencializar as ações da SMS atendendo
às suas necessidades, podendo, no entanto, esta ser melhor otimizada.
Por meio do que foi apresentado, define-se como objetivo geral analisar o uso
e aplicações da ferramenta de Geoprocessamento na SMS do Município de
Salvador, e os seguintes objetivos específicos: verificar de que forma se deu a
implantação desta ferramenta na Prefeitura Municipal de Salvador; discutir o
17
conceito e a utilização do Geoprocessamento na Administração Pública e
descrever o uso desta ferramenta na SMS.
Este estudo é relevante e pode ser útil a outras Prefeituras que vêem nesta
ferramenta uma aliada à sua gestão, por apresentar a grande importância que
o Geoprocessamento tem para o auxílio na tomada de decisão, no qual por
meio da análise espacial, facilita as decisões estratégicas e num
posicionamento mais sólido dos gestores, sejam eles no âmbito público ou
privado, podendo ser utilizada em uma imensa gama de atividades.
1.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para atingir os objetivos propostos neste trabalho foi realizada uma revisão
bibliográfica e uma pesquisa documental a partir de fontes primárias e
secundárias, constituídas principalmente de livros, artigos científicos, pesquisa
eletrônica, revistas e websites, visto que permite a ampla cobertura de uma
gama de fenômenos.
A análise documental foi composta de relatórios de Gestão da Secretaria
Municipal de Saúde e relatórios do carnaval do ano de 2008, juntamente com
documentos que apresentem de que forma se deu a implantação do
Geoprocessamento na SMS.
O trabalho está dividido em 07 (sete) partes, incluindo esta introdução e a
conclusão. No segundo capítulo será apresentado o Geoprocessamento no
âmbito geral com suas principais características e aplicações nas mais diversas
áreas da gestão pública. Já no terceiro capítulo, será abordado um breve
conceito sobre o sistema de informação, que dará suporte para o capítulo
seguinte. No quarto capítulo, será apresentado o Sistema de Informação
Geográfico (SIG), com seu histórico e evolução e os principais componentes
desta ferramenta. No quinto capítulo serão apresentados exemplos de
trabalhos que utilizaram o Geoprocessamento na área da saúde pública. No
sexto capítulo, este trabalho concentra-se em um estudo de caso através da
18
análise documental, do uso e aplicações do Geoprocessamento na SMS. Por
fim no sétimo e ultimo capítulo, serão apresentadas as conclusões do trabalho
realizado.
19
2 GEOPROCESSAMENTO
A coleta de informações sobre a distribuição espacial do território sempre fez
parte das sociedades organizadas. Informações como os recursos minerais,
propriedades, animais e plantas eram desenvolvidos em documentos
chamados de mapas, sendo até pouco tempo feitos em papel, impedindo uma
análise combinatória das informações dos diversos mapas. Com o
desenvolvimento da tecnologia da informação, torna-se possível armazenar e
representar tais informações no computador, criando-se assim o
Geoprocessamento.
Não se tem uma definição única para o termo Geoprocessamento, mas pode
ser entendido como um conjunto de técnicas computacionais relacionadas à
coleta, armazenagem, tratamento e análise de informações espaciais. Como
descreve Santos (2006), ele é caracterizado como um conjunto de técnicas de
coleta, tratamento, manipulação e apresentação de dados espaciais.
Basicamente o Geoprocessamento está dividido em 06 (seis) áreas interligadas
entre si, sendo elas: a cartografia Digital, o Gerenciamento de banco de dados
espaciais (SGBD), o Georreferenciamento GPS, o Sistema de informação
Geográfico (SIG), a estatística espacial e o sensoriamento remoto (SR) de
imagens no qual se destaca o Modelo Digital de Terreno (MDT) como são
apresentados na Figura 01.
20
Fonte: (SANTOS 2007; 16) Figura 01 - Conjunto de ferramentas do Geoprocessamento
Como é evidenciado na Figura 01, o SIG é umas das ferramentas do
Geoprocessamento, sendo a mais ampla delas, por poder englobar todas as
demais, mas deve-se tomar o cuidado para não se criar um equivoco de que
todo Geoprocessamento é um SIG. A seguir serão abordados os conceitos de
cada área apresentada na Figura 01, baseado em Santos (2007).
A Cartografia Digital e os programas de desenhos assistidos por computador
(CAD) foram concebidos com o propósito de desenhar objetos, especialmente
mapas, estando embutido todo o conceito que envolve a cartografia.
Antes do uso de computadores, a cartografia era bastante limitada por serem
realizadas à mão e, basicamente, em papel. Pelo avanço da informática nessa
área, duas grandes linhas de trabalho foram criadas, uma interligada a outra,
onde formam os pilares que fundamentam o SIG: Cartografia Digital e
Gerenciamento de Banco de Dados.
Os Sistemas de Gerenciamento de Banco de Dados (SGBD) são programas
direcionados para o armazenamento e recuperação de dados tabulares (não-
gráficos), com foco no processamento de informações numéricas e textuais.
21
Entende-se Georreferenciamento como, localizar espacialmente no globo
terrestre uma entidade geográfica através de um sistema de posicionamento
conhecido, sendo este na maioria das vezes o Global Positioning System que
em português significa Sistema de Posicionamento Global ou GPS.
Os SIG’s são sistemas de computador usado para capturar, armazenar,
gerenciar, analisar e apresentar informações geográficas.
Já Sensoriamento Remoto (SR) é um conjunto de técnicas que tem como
objetivo medir características físicas de um objeto remotamente (distante dele)
através de dispositivos e sensores para a recuperação de forma passiva ou
ativa de imagens, e os MDT, que têm por finalidade armazenar a forma da
superfície da terra representada de maneira contínua por meio de metodologias
próprias.
2.1 EVOLUÇÃO DO GEOPROCESSAMENTO A seguir, no Quadro 01, será apresentado a evolução do Geoprocessamento
no Brasil e no Mundo.
22
Quadro 01 - Evolução do Geoprocessamento no Mundo Ano Desenvolvimento
50
• Começam as primeiras tentativas de automatizar parte do processo de dados espaciais nos Estados Unidos e Inglaterra, com o objetivo de reduzir custos de produção e manutenção de mapas. Pela precariedade da informática nesta época e serem dados específicos (pesquisa em botânica na Inglaterra e Estudo de tráfego nos Estados Unidos), não podem ser caracterizados como Sistemas de Informação.
60
• Sistemas precários com computadores caros, monitores não eram de alta resolução, e pouca mão de obra qualificada para sua utilização, sendo que, para os que se interessavam, necessariamente deveriam desenvolver seu próprio programa, o que demandava tempo e muito dinheiro.
• Desenvolvimento de novos e mais acessíveis recursos de hardwares tornando-se possível a sua disseminação e comercialização;
• Surgiu a expressão Geographic Information System (GIS);
• Começam a ser desenvolvidos os primeiros sistemas comerciais de CAD (Computer Aided Design, ou projeto assistido por computador), melhorando as condições para a produção de desenhos e plantas para engenharia, servindo de base para os primeiros sistemas de cartografia automatizada.
• Surgem alguns fundamentos matemáticos voltados para a cartografia
70
• Os sistemas ainda têm o custo muito alto e utilizam computadores de grande porte fazendo com que só as grandes organizações tivessem acesso a esta tecnologia.
• O avanço da microinformática acelera o crescimento desta tecnologia;
• Nos EUA é criado o National Center for Geographical Information and Analysis - NCGIA ou Centro de Informação Geográfica e Análise;
• Começa-se a difusão desta tecnologia no Brasil pela visita do Dr. Roger Tomlinson, responsável pela criação do primeiro SIG (Canadian Geographical Information System), incentivando o aparecimento de vários grupos interessados em desenvolver essa tecnologia
80
• A empresa de aerolevantamento AeroSul cria um sistema de automação de processos cartográficos o MaxiDATA, no qual posteriormente se constitui a empresa MaxiDATA sendo lançado o MaxiCAD, sendo largamente difundido no Brasil.
90 • A TELEBRÁS através do seu centro de pesquisa desenvolve o
SAGRE (Sistema Automatizado de Gerenciamento da Rede Externa) aplicando o Geoprocessamento na telefonia.
Fonte: Próprio autor, adaptação de Câmara e Davis (2001)
Pode-se perceber no Quadro 01 que o Geoprocessamento é uma área de
estudo praticamente nova, mas que alcançou uma grande evolução nos últimos
anos. Nos anos 2000, houve um crescente uso do Geoprocessamento com a
popularização da internet no qual o google trouxe o google maps e o google
23
earth, duas ferramentas de localização interativa além da inclusão do GPS nos
aparelhos celulares, aproximando cada vez mais essas tecnologias da
população.
2.2 GEOPROCESSAMENTO NA GESTÃO PÚBLICA O Geoprocessamento pode ser aplicado em inúmeras áreas da Administração
Pública, tornando-se um importante aliado na tomada de decisão por estar
presente subsidiando informações através do levantamento de dados,
diagnóstico de problemas, planejamento, projetos, execução de ações e
medida de resultados.
De modo geral, o fato do gestor conhecer onde os problemas ocorrem, de que
maneira estão ocorrendo e com que freqüência, de uma forma especializada,
facilita o entendimento do problema mostrando as possíveis soluções de
maneira prática e rápida. O caso do Dr. Snow, que descobriu a reprodução do
foco da cólera através dos poços d'água solicitando que fossem fechados
imediatamente, traduz como o Geoprocessamento auxilia na rápida tomada de
decisão. Na Figura 02, é representada a localização das bombas d’água e os
casos de cólera em Londres.
Fonte: Carvalho; Nobre, 2001 apud León 2007. Figura 02 - Casos de Cólera e localização das bombas d’água, Londres.
24
Diversas perguntas podem ser respondidas através do Geoprocessamento
como:
• Qual é o melhor lugar para a construção de um novo posto de saúde,
considerando a densidade demográfica, o perfil epidemiológico da região, o
tipo de serviço prestado e a abrangência dos postos já existentes?
• Quais domicílios numa determinada área do Município estão cumprindo
suas obrigações fiscais – IPTU?
• Quais os locais de maior criminalidade no território, levando em conta o
número de ocorrências? E como estão distribuídas as delegacias e postos
policiais?
• Quais áreas da cidade têm precariedade no atendimento do sistema de
transporte coletivo, considerando a densidade demográfica e a distância
máxima percorrida até o ponto ou terminal mais próximo?
• Quais áreas são de risco ambiental da cidade? Existem ocupações
irregulares na área? Essas ocupações aumentam, diminuem, onde estão
concentradas?
Outras inúmeras perguntas podem ser respondidas com o uso desta
tecnologia, dependendo assim da criatividade do gestor em aplicá-las às suas
necessidades. Cordovez (2002) apresenta inúmeras aplicações das
Geotecnologias a partir das principais tarefas da administração municipal
brasileira, sendo elas:
Planejamento Urbano e Meio Ambiente • Mapeamento do uso atual do solo;
• Mapeamento do zoneamento e uso do solo de acordo à legislação
vigente;
• Cadastro de equipamentos públicos e do mobiliário urbano;
• Cadastro de bens próprios;
25
• Estudo demográfico com dados censitários no nível de bairro ou
setoriais;
• Elaboração do mapa ambiental da cidade.
Controle Urbano
• Licenciamento de obras;
• Fiscalização de obras;
• Controle ambiental.
Finanças
• Manutenção do cadastro imobiliário;
• Manutenção do cadastro mobiliário ou comercial;
• Manutenção do cadastro de logradouros;
• Geração e atualização da planta genérica de valores;
• Espacialização da inadimplência e da dívida ativa.
Saúde
• Abrangência da rede física existente (centro e postos);
• Estudo de localização de novas unidades de saúde;
• Vigilância sanitária;
• Controle epidemiológico;
• Manutenção do cadastro de óbitos e nascimentos;
• Monitoramento do programa de saúde da Família – PSF
• Monitoramento do cartão SUS.
Educação
• Abrangência da rede física existente (escolas municipais e
conveniadas);
• Estudo de localização de novas escolas;
• Cadastro e matrícula escolar especializados.
Transporte e trânsito
• Planejamento e controle do trânsito;
26
• Ampliação do sistema viário;
• Planejamento e fiscalização do transporte coletivo;
• Sinalização vertical e horizontal;
• Pontos críticos (congestionamentos, acidentes, multas).
Infra-estrutura e obras públicas
• Mapeamento e atualização da rede de drenagem pluvial;
• Mapeamento e atualização das redes de serviços de terceiros (energia,
esgoto, gás, telefonia);
• Mapeamento da iluminação pública;
• Mapeamento da pavimentação de logradouros;
• Planejamento e acompanhamento de obras executadas pela Prefeitura;
• Planejamento e acompanhamento de obras contratadas pela Prefeitura.
Habitação
• Mapeamento de assentamentos subnormais;
• Programas de desfavelamento;
• Regularização fundiária.
Serviços urbanos
• Coleta de lixo;
• Serviços de varrição;
• Arborização e paisagismo;
• Serviços de poda de árvores;
• Criação e manutenção de cadastro de praças;
• Programação e fiscalização de feiras livres;
• Cadastro de bancas, quiosques e trailers;
• Fiscalização da publicidade em áreas públicas (placas e outdoors).
Esporte e lazer
• Cadastro de parques, ginásios e áreas de esportes;
• Estudos demográficos para localização de novas áreas de lazer.
27
Assistência Social
• Abrangência de creches e abrigos;
• Mapeamento da mendicância e das crianças de rua;
• Mapeamento das áreas de risco;
• Manutenção de cadastros sócio-econômicos.
Outras aplicações (para o cidadão)
• Turismo auto-guiado;
• Roteirização com melhores percursos (a pé, em ônibus e em outro
veículo);
• Localizador de endereços e pontos notáveis;
• Consultas especializadas (processos, alvarás, impostos, dívidas, obras);
• Disponibilização de outras informações municipais;
• Geração de mapas temáticos.
Pode-se perceber que, quando se trata da questão território, o
Geoprocessamento pode ser utilizado para auxiliar a gestão pública nas mais
diversas áreas. Nos próximos capítulos, este trabalho trará um foco da
utilização desta tecnologia na área da saúde pública.
28
3 SISTEMA DE INFORMAÇÃO
Antes de ser apresentado o Sistema de Informação Geográfica (SIG), devem
ser conceituados alguns elementos importantes em Sistemas de Informação
(SI), pois muitos deles serão utilizados ao decorrer do trabalho, para se
entender as funcionalidades deste sistema.
3.1 DEFINIÇÃO O’ Brien, (2003) conceitua SI, como um conjunto organizado de pessoas,
hardware, software, redes de comunicação e recursos de dados que coleta,
transforma e dissemina informações em uma organização, como é apresentado
na Figura 03.
Fonte: O’Brien (2003). Figura 03 - As cinco áreas principais do conhecimento em Sistemas de Informação
29
A seguir são apresentados os componentes do SI segundo O’Brien (2003):
• Pessoas: são representadas pelos especialistas responsáveis a dar
manutenção ao sistema; coleta e compilação dos dados (p.ex.: analistas de
sistemas, programadores e operadores de computadores); e pelas pessoas
que se utilizam dos dados e informações produzidas, também chamadas de
usuários finais.
• Dados: representa o conjunto de fenômenos armazenados a serem
utilizados na produção de informação.
• Hardware: representa todos os dispositivos físicos e equipamentos
utilizados para o processamento de dados, tais como computadores,
monitores de vídeo, teclado, impressoras, etc.;
• Software: representa um conjunto de instruções responsáveis pela
definição de como o hardware deve proceder para efetuar a funções
inerentes ao sistema. São mais comumente conhecidos como programas;
• Redes: são representadas pelos meios de comunicação responsáveis pela
conexão entre computadores e compartilhamento de recursos.
Já Turban, MClean e Wetherbe (2004), defende que SI é um processo físico
que dá suporte à empresa para coletar, armazenar, analisar dados e fornecer
informações para atingir as metas organizacionais.
3.2 CLASSIFICAÇÃO DE UM SI
Um SI pode ser classificado pela sua forma de organização e utilização de
recurso. Segundo Turban, MClean e Wetherbe (2004), quanto a sua forma um
SI pode ser classificado como:
Formais: possuem atividades pré-definidas e padronizadas para a produção
de informação. Por exemplo, Sistemas de Informação Contábil de uma
empresa;
30
Informais: não existe padrão ou pré-definição nas suas atividades. As redes
sociais são exemplos de sistemas de informação informais.
Quanto à utilização do recurso, normalmente consideramos um SI como sendo
computacional embora necessariamente esta não seja condição para a
existência do mesmo, sendo este também dividido como manual.
3.3 PROCESSOS DE UM SI Em linhas gerais, um SI possui como principais processos a entrada,
processamento de dados, e saída destes dados como são apresentados por
Laudon; Laudon (1999).
• Entrada de dados: é atividade responsável pela coleta (dentro e/ou fora da
organização), registro, codificação, classificação e edição de dados.
Podendo ser feita de forma manual ou automática.
• Processamento de Dados: é um conjunto de operações (ou tarefas) de
registro, classificação, armazenamento, ordenação, logicamente
relacionada a dados com a finalidade de produzir informação. De uma
forma geral, o processamento é a atividade responsável pela conversão de
dados em saídas úteis, em produção de informação útil.
• Saída: é a atividade responsável pela transferência e/ou apresentação da
informação produzida para as pessoas ou atividades interessadas. As
saídas podem ser apresentadas, por exemplo, em forma de documentos,
relatórios, sons e imagens. Existe, ainda, um tipo especial de saída que é
utilizada para que os gestores possam refinar ou corrigir os dados de
entrada denominada de feedback (ou realimentação).
3.4. DADO, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO Câmara (1993 apud Castro, 2009) conceitua dado como:
A observação bruta, sem nenhum tratamento, que corresponde a uma representação de fatos, conceitos e instruções apropriadas para o processamento por meios humanos ou automáticos, de grande
31
natureza numérica ou geométrica. (CÂMARA 1993 apud CASTRO, 2009, p. 27)
Teixeira; Moretti; Christofoletti (1992 apud Castro, 2009) consideram o dado
como:
Símbolo que pode ser utilizado na representação de fatos, conceitos ou instruções de maneira usual ou pré-estabelecida e apropriada para a comunicação, interpretação ou processamento por meios humanos ou automáticos, não tendo significado próprio. (TEIXEIRA; MORETTI; CHRISTOFOLETTI, 1992 apud CASTRO, 2009, p. 27).
A partir destes conceitos pode-se entender que dado é uma representação
bruta sendo que sem nenhum tratamento torna-se obsoleta.
Segundo o Dicionário Michaelis, informação é a reunião de dados com valor
percentual provido de significado, possível de ser analisado, comparado e
interpretado, é a contextualização do conhecimento que as pessoas possuem.
Ribeiro (apud Castro, 2009) define a informação como resultante de uma
análise prévia e de um tratamento que produza um significado com propósitos
específicos, resultantes de operações realizadas sobre os dados. A partir de
um refinamento, uma atividade elaborada pela mente humana, pode-se chegar
ao conhecimento, que inclui síntese, em um determinado contexto.
Apesar de serem conceitos diferentes, verifica-se uma relação entre dado,
informação e conhecimento, de forma hierarquizada, como pontua Davenport
(apud Castro, 2009), com a Figura 04.
32
Fonte: Davenport (apud Castros 2009) Figura 04 - Hierarquia entre Conhecimento, informação e dados. Assim, um SI pode ser entendido como uma forma de organizar os dados de
entrada aferindo-lhes significado e transformando-os em informação útil para
um determinado fim.
3.5 BANCO DE DADOS (BD) Um banco de dados pode ser comparado a um armário arquivo de ferro, onde
são guardadas inúmeras informações. As gavetas deste armário são as
tabelas, no qual são concentradas as fichas de informações em comum e as
células contendo os dados.
Segundo O’brien (2003)
O Banco de Dados – BD é uma coleção de arquivos estruturados, não redundantes e inter-relacionados, que proporciona uma fonte única de dados para uma variedade de aplicações. Os BD são estruturas independentes das partes que utilizam os dados neles contidos, os quais descrevem os elementos e seus inter-relacionamentos. Apesar de serem estruturas independentes, os BD são desenvolvidos para permitir que os dados sejam utilizados para diversas finalidades e que não seja necessário repetir a coleta toda vez que um dado é requisitado O’BRIEN (2003, p. 32.)
3.6 SISTEMA GERENCIAMENTO DE BANCO DE DADOS (SGBD) Os Sistemas Gerenciamento de Banco de Dados (SGBD) são conjuntos de
programas computacionais criados para organizar as informações contidas em
33
uma base de dados, possuindo funções de entrada, verificação,
armazenamento, recuperação, análise e manipulação dos mesmos.
Para Castro (2009), os SGBD constituem modelos de dados, estrutura,
segurança e processos de manipulação de grandes volumes de dados.
3.7 PRINCIPAIS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE
É interessante que o leitor tenha uma noção dos principais Sistemas de
Informação em Saúde, visto que estes podem servir de subsidio para análise
espacial com um SIG, são estes: Sistema de Informação sobre Mortalidade
(SIM); Sistema de Informação sobre Nascido Vivo (SINASC); Sistema de
Informação sobre Agravos de Notificação (SINAN); Sistema de Informação
Hospitalar (SIH); Sistema de Informação Ambulatorial (SIA) e Sistema de
Informação da Atenção Básica (SIAB), no qual é demonstrado no Quadro 02.
34
Quadro 02 - Principais características dos SI em saúde.
Fonte: Santos et. al., (2004 apud Santos, 2006)
Pode-se perceber que em todos os SI em saúde citados acima existe um
campo com a unidade territorial mínima de referência, campo este que será de
suma importância quando tratarmos da análise espacial.
A seguir detalharemos um pouco do que poderemos encontrar em todos os SI
em saúde citados acima, através de resumos elaborados segundo Santos
(2006).
3.7.1 Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) Foi o primeiro Sistema de Informações em Saúde no Brasil criado pelo
Ministério da Saúde (MS) sendo formulado em 1975 e implementado em 1979.
O SIM utiliza registros de um instrumento legal - a Declaração de Óbito (DO) -
35
para gerar informações sobre as causas dos óbitos e características
demográficas e sociais dos óbitos e do local de óbito (hospital, residência ou
via pública). O sistema tem cobertura nacional e boa confiabilidade de dados,
porém, estimavas do MS apontam que exista um sub-registro de até 20%,
principalmente nas regiões Norte e Nordeste.
3.7.2 Sistema de Informação sobre Nascido Vivo (SINASC) O SINASC foi implantado pelo MS em 1994 e é baseado na Declaração de
Nascido Vivo (DN) no qual deve ser preenchida para cada bebê nascido vivo
no país. O sistema registra dados sobre as condições da criança ao
nascimento, sobre a gestação e o parto, e características da mãe. Essas
informações são importantes para o planejamento de ações mais adequadas
às necessidades da assistência ao pré-natal, parto e ao recém-nascido. Em
alguns locais do Brasil, principalmente onde há uma carência de serviços de
saúde, são observadas elevadas taxas de sub-registro de nascimento.
3.7.3 Sistema de Informação sobre Agravos Notificação (SINAN) O SINAN foi desenvolvido pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS),
implantado em 1995 ele registra dados referentes a doenças e agravos de
notificação compulsória representando um grande potencial, principalmente na
análise epidemiológica de agravos. Esse sistema é alimentado pela ficha de
notificação de agravos e pela investigação desses agravos. A subnotificação
dos agravos, principalmente daqueles assistidos na rede privada (não
vinculada ao SUS), é um dos problemas verificados no sistema, gerando
informações limitadas para o planejamento e a execução das ações de saúde.
3.7.4 Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) Desde 1981 o SIH-SUS processa as Autorizações de Internação Hospitalar
(AIH) (seu documento principal de coleta de dados), tendo uma maior
descentralização a partir de 1994, ele dispõe de informações sobre recursos
36
destinados a cada hospital que integra a rede do SUS e conveniada. Esse
sistema, que tem o controle do faturamento como objetivo principal, passou a
ser uma importante fonte de dados com informações sobre morbidade (para
enfermidades que requerem internação) disponível no país. O sistema tem
ampla cobertura nacional, uma vez que abrange a quase totalidade da rede
hospitalar, seja pública (federal, estadual, municipal e universitária) e
contratada (privada, filantrópica e sindical), em torno de 70 a 80% da rede. O
sistema é totalmente informatizado, desde a entrada de dados até a geração
de relatórios, o que possibilita agilidade no acesso à base de dados.
3.7.5 Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS)
O sistema foi implantado em todo território nacional em 1991 pelo MS, tendo
como principal finalidade o pagamento dos serviços executados, pela rede
ambulatorial pública e contratada, vinculada ao SUS. Além da finalidade
financeira, o SIA/SUS permite avaliar a produção de serviços de saúde, o
acompanhamento das programações físicas e orçamentárias e das ações de
saúde produzidas, gerando instrumentos analíticos de controle e avaliação do
SUS. No sistema são registrados dados de identificação da unidade de saúde e
os procedimentos adotados (consulta, exames e especialidade, seja médica ou
não-médica). As informações produzidas se referem unicamente às unidades
de saúde vinculadas ao SUS. É importante destacar que os dados individuais
de atendimento não são registrados e armazenados, impossibilitando a
avaliação da assistência prestada a cada paciente, ao contrário do SIH/SUS.
3.7.6 Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) O Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) foi implantado em 1998
pelo MS e é utilizado somente nos Municípios onde existe o Programa de
Agentes Comunitários de Saúde (PACS) ou o Programa de Saúde da Família
(PSF), não possuindo assim abrangência nacional. Esse sistema é alimentado
mensalmente com dados sobre as famílias da área de abrangência das
equipes de saúde que incluem condições de moradia e saneamento, situação
37
de saúde, e também contém dados sobre a produção e composição das
equipes, como acompanhamento de grupos de risco, registro de atividades,
procedimentos e notificações. É importante considerar a cobertura em cada
Município, pois esta é extremamente variável devido à implantação de novas
equipes no decorrer do tempo. Além disso, ao utilizarmos as informações sobre
mortalidade e morbidade devemos considerar a possibilidade de haver
superestimação pela duplicidade de registros e por equívocos conceituais
relacionados ao óbito infantil. Apesar disso, nas localidades onde o sub-registro
de óbitos infantis é muito alto, vem sendo considerado como fonte alternativa
para a estimativa da mortalidade infantil. O SIAB registra ainda a incidência de
alguns agravos, como hipertensão, diabetes, tuberculose e hanseníase.
38
4 SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA - SIG
4.1 CONCEITO
Para Maia (2003), um SIG consiste em um grande banco de dados composto
por hardware, programas, dados geográficos e atributos, que permite obter,
armazenar, atualizar, manipular, analisar e exibir todas as formas de
informações geograficamente referenciadas.
Um SI, para ser considerado geográfico, necessariamente deve possuir uma
referência espacial da informação, ou seja, a informação precisa ter uma
posição geográfica. Desta forma, um SIG trabalha sob duas plataformas:
gráficas (Imagens) e não gráficas (alfanuméricos), isto é, para cada objeto
existente no mapa, será atribuído uma informação á ele e vice – versa como é
apresentado na Figura 05.
39
Fonte: IBGE Figura 05 - Relação entre dados gráficos e não gráficos em um SIG (Localização do Município do Salvador no estado da Bahia).
4.1.1 Dados Alfanuméricos
Os dados alfanuméricos são os dados não gráficos de um SIG, são eles que
apresentam informações que vão dar complemento aos dados gráficos como é
discutido por Dominguez (2007), no qual se entende como dados
Alfanuméricos os que são provenientes de sistemas legados de outras
instituições – a exemplo do IBGE, com o censo e de aplicativos desenvolvidos
para atender à demanda da Prefeitura. Ainda ele, informa que um dos
principais desafios na construção de um SGBD para um SIG, consiste em
redundância, inconsistência e dificuldade de acesso (interoperabilidade) aos
dados e informações.
4.1.2 Dados Geográficos Os dados geográficos são representações de objetos reais através de pontos,
linhas, polígonos, imagens, etc. desenvolvidos muitas vezes por programas
CAD. Segundo Dominguez (2007) as imagem podem ser retiradas por meio de
BAHIA
40
satélites, Quick Bird, Ikonos e, mais recentemente, em imagens do Google
Earth, Nasa Word Wind e do Microsoft virtual Earth. Ainda ele, diz que,
atualmente o maior problema enfrentado pelos Municípios brasileiros é a falta
de bases cartográficas digitais atualizadas e confiáveis.
Contudo, Dominguez (2007) divide os dados de um SIG em dois tipos
associados entre si.
• Dados espaciais – Descreve os fenômenos associados a alguma dimensão
espacial; e
• Dados não espaciais – informam os atributos dos dados espaciais.
Esses dados compõem a estrutura do Banco de dados de um SIG como é
apresentado na Figura 06.
Fonte: Dominguez (apud Câmara e Medeiros, 1998). Figura 06 - Arquitetura de uma Sistema de Informação Geográfica - SIG
41
4.1.3 Georreferenciamento dos dados Para se fazer o referenciamento dos dados espaciais à superfície terrestre, faz-
se necessário ter estratégias diferentes para dados gráficos e não-gráficos.
Segundo Pina (2000),
O georreferenciamento de dados gráficos (mapas) se dá através da associação a um sistema de coordenadas terrestres qualquer. Normalmente este processo de georreferenciamento se dá durante o processo de digitalização, garantindo a possibilidade de se associar mapas distintos. Este é um cuidado que deve estar sempre presente no processo de aquisição de bases, pois de outro modo, não é possível sobrepor níveis de informações oriundos de outras fontes. Os melhores softwares de SIG possuem funções que auxiliam na tarefa de georreferenciamento de dados tabulares PINA (2000, p.30).
O georreferenciamento dos dados tabulares pode ser efetuado de diversas
maneiras e pode ser entendido como o processo de associar dados a um
mapa. Este, pode se dar através de pares de coordenadas ou através do
relacionamento com unidades espaciais (setores censitários, bairros, etc.)
presentes no mapa.
4.2 OBJETIVOS DE UM SIG Rosa (2004) aponta como objetivo principal de um SIG:
Servir de instrumento eficiente para todas as áreas do conhecimento que fazem uso de mapas, possibilitando: integrar em uma única base de dados informações representando vários aspectos do estudo de uma região; permitir a entrada de dados de diversas formas; combinar dados de diferentes fontes, gerando novos tipos de informações; gerar relatórios e documentos gráficos de diversos tipos, etc ROSA (2004,p. 4).
Assim, se em uma determinada atividade, existir e for de grande importância à
resposta para a pergunta onde, o SIG poderá ser aplicado como uma
ferramenta de trabalho.
4.3 FUNÇÕES DE UM SIG
De maneira geral, um SIG consegue realizar diversas funções, sendo que a
sua utilização será conforme os objetivos da análise.
42
Segundo Santos (2006), um SIG possui quatro funções básicas:
• Aquisição de dados: Captura, importação, validação e edição são
procedimentos que envolvem as etapas necessárias à alimentação do
sistema;
• Gerenciamento de banco de dados: envolvem o armazenamento dos
dados de forma estruturada, de modo a possibilitar e facilitar a realização de
análises;
• Visualização e apresentação cartográfica: um SIG necessita ter
agilidade para utilizar as diversas camadas de dados e exibir este resultado
através de mapas de síntese com boa qualidade gráfica;
• Consulta e análise: Uma função que pode ser considerada como a
principal de um SIG é a de análise, pois possibilita operações de extração e
geração de novas informações sobre o espaço geográfico, a partir de
critérios especificados pelo próprio usuário.
4.4 IMPLANTANDO UM SIG
A escolha e implantação de um SIG em qualquer instituição devem ser
encaradas como uma tarefa de médio a longo prazo. A simples aquisição do
hardware e software não é suficiente para resolver todos os problemas e o
sistema funcionar. Segundo Rosa (2004) a melhor maneira de implantar um
SIG é seguir as seguintes etapas: identificação das necessidades do usuário,
levantamento detalhado da instituição, detalhamento dos produtos necessários,
escolha do sistema de Geoprocessamento, execução de um projeto piloto e
implantação do sistema propriamente dito, como são apresentados abaixo:
Identificação das necessidades do usuário - Trata-se da tarefa mais difícil
na escolha e implantação de um SIG. Sem esta etapa estar claramente
definida e entendida, não se deve prosseguir adiante na implantação do
sistema. O usuário deve identificar precisamente as aplicações que atendam o
seu universo de atuação.
43
Levantamento detalhado da instituição - Deve-se levar em consideração o
nível de informatização da instituição, equipamentos, softwares, base de dados
existente e qualificação técnica do pessoal.
Detalhamento dos produtos necessários - Deve-se especificar os produtos
cartográficos a serem produzidos (precisão, qualidade, etc.) e necessidade ou
não de ligação com banco de dados. Esta etapa é muito importante para a
escolha do sistema de Geoprocessamento e dos dispositivos de entrada e
saída de dados.
Escolha do sistema de Geoprocessamento - Deve atender as necessidades
do usuário, identificadas nas fases anteriores. Um bom SIG tem que ser
composto por programas de alto nível, genéricos ao máximo, e capazes de
preencher as necessidades de cada projeto, mas mantendo sempre um bom
desempenho. Tem que ser capaz de operar em ambiente multiusuário e
multitarefa, possibilitando a integração de dados oriundos de diversas fontes e
a ligação com um SGBD. Na aquisição de um SIG, deve-se levar em conta
também o custo do software, hardware e people ware. É importante considerar
os problemas de suporte técnico verificando se o fornecedor tem condições de
apoiar o uso operacional do sistema.
Execução de um projeto piloto - Após a escolha do SIG, o mesmo deverá ser
implantado em uma determinada área. Na experimentação, através da
execução do projeto piloto é que comprovaremos a qualificação e a
funcionalidade do sistema. Todos os usuários devem participar e opinar sobre
seu funcionamento.
Implantação do sistema propriamente dito - Nesta etapa é que o sistema
encontra-se operacional, ou seja, está pronto para a execução de todos os
serviços especificados na primeira fase e já redimensionados em função do
projeto piloto.
44
4.5 PROBLEMAS MAIS COMUNS NA IMPLANTAÇÃO DE UM SIG
Os problemas mais comuns na implantação de uma SIG estão sem dúvida no
não planejamento adequado e na precipitação. Segundo a RIPSA (1999) os
problemas mais usuais quando se trata de implantação de um SIG são
relacionados às bases gráficas, ao software e equipamentos e à equipe.
Base Cartográfica: Neste processo os erros ocorrem particularmente por
desconhecimento técnico da equipe. Por exemplo, ao se contratar uma
empresa para digitalizar um mapa existente em papel, é necessário especificar
exatamente qual o método que se deseja, quais as camadas de informações e
como serão modeladas as informações cartográficas (através de pontos, linhas
ou polígonos) não deixando de especificar o formato dos arquivos e exigindo o
georreferenciamento de todas as camadas, levantando todas as informações
referente à sistemas de coordenadas e projeção, escala, data de levantamento
etc.
Software e equipamento – Atualmente existem diversos softwares comerciais
com capacidade de representar bases gráficas digitais, com custos e potencial
analítico variados. A pergunta básica a ser respondida é: que tipo de trabalho
será efetuado? Mapas temáticos coloridos todos fazem, mas a diferença fica
quando se deseja extrair informações mais complexas. Um bom exercício
prévio é imaginar as perguntas e os mapas que se deseja obter. Por exemplo:
• A cidade tem uma indústria química com grande potencial poluente.
Seria interessante estabelecer uma área ao redor desta fábrica para
estabelecer um programa de vigilância ambiental?
• O trabalho dos agentes comunitários de saúde está se desenvolvendo
muito bem, e os croquis1 das áreas faveladas cobertas pelo PACS foi todo
desenhado em papel. É importante incorporar estas regiões ao mapa da
cidade, uma vez que não constam da base adquirida? A secretaria precisa
neste caso dispor de uma forma de entrada de dados dinâmica e rápida: talvez
1 Croqui: Mapa feito à mão.
45
um programa tipo CAD, que possa ser lido posteriormente pelo SIG e uma
pequena mesa digitalizadora.
• A cobertura vacinal para sarampo está alta, mas ainda estão
acontecendo alguns surtos. Como comparar cobertura e incidência por área?
Seria interessante desenhar um mapa com as duas informações
simultaneamente. Ou então, comparar um indicador socioeconômico de risco
com o coeficiente de detecção de hanseníase, visando identificar as áreas
onde o programa de controle deve ser intensificado.
• Algumas unidades de saúde estão sobrecarregadas. Seria por causa do
trajeto dos ônibus que mudou recentemente? Ou seria invasão de Municípios
vizinhos? Um diagrama de origem-destino da clientela, ou uma análise de rotas
são formas diferentes de abordar o problema, e os recursos necessários para
cada uma delas também variam.
Equipe – Este tipo de projeto começa pela organização de uma pequena
equipe da secretaria de saúde que será responsável pelo processo. A primeira
tarefa desta equipe é descobrir o que já existe de SIG no Município. Em
paralelo, começa a capacitação. Leitura de textos, visitas à INTERNET, cartas,
E-mail, contatos oficiais e informais. É comum a ilusão, gerada a partir da
pressão de vendedores de programas e de serviços, de que um software e um
equipamento são por si só um SIG e resolverão todos os problemas de
georreferenciamento e análise de dados. Muitas vezes, os orçamentos não
prevêem o treinamento (ou contratação de novas pessoas) da equipe que irá
operar o sistema. Essa falsa “economia” acaba gerando grandes gastos em
termos de tempo, de falhas no projeto e de metodologias erradas.
A capacitação de um profissional da saúde visa habilitá-lo a interagir com
diversos profissionais que trabalham com SIG de forma a:
• Contratar serviços de aquisição de bases cartográficas;
• Selecionar o software que melhor responde às necessidades do serviço;
46
• Aprender a analisar as informações em saúde espacializadas – neste
campo é que os profissionais de saúde envolvidos com o SIG desenvolverão
sua mais importante atividade. Aqui o treinamento não será apenas informativo,
mas sim de forma contextual estabelecendo um diálogo com os especialistas
sobre os problemas de saúde da sua região, para a utilização das ferramentas
para o controle de doenças, planejamento da oferta de serviços de saúde,
distribuição dos agentes comunitários etc.
Neste capítulo foram apresentados, de forma bem superficial, alguns conceitos
do que vem a ser o SIG, porém, é pertinente informar que existe uma
imensidão de conceitos não citados neste trabalho, que será interessante, caso
você, leitor, queira explorar mais esta área.
No capítulo a seguir, serão apresentadas as possíveis relações que a saúde
pública faz com o SIG, bem como alguns exemplos da utilização desta
ferramenta na saúde.
47
5 SIG NA ÁREA DE SAÚDE
A saúde é muito mais que não ter doença, podendo-se entender que é um
estado em que o individuo está em um nível de bem-estar, sendo ele físico,
mental, social e espiritual.
A preocupação da espacialização das doenças e o uso de mapas não é um
tema recente. Antes da união da saúde a geografia, essas duas áreas tinham
conceitos totalmente diferentes da questão espaço.
Uma das áreas que podem mais usufruir da tecnologia do Geoprocessamento
na saúde pública é a Epidemiologia. Esta aplicação facilita no processo de
identificação das áreas geográficas e grupos de população que apresentam um
maior risco de adoecer ou morrer de forma prematura, ajudando aos órgãos de
saúde no planejamento de ações preventiva, curativa ou de promoção á saúde.
Bailey apud Bomfim (2008) denomina que a “epidemiologia geográfica” é o
estudo da distribuição geográfica da incidência de doenças e da sua relação
com fatores de risco potenciais.
A “epidemiologia geográfica” tem quatro grandes áreas de interesse:
mapeamento de doenças, estudos ecológicos, estudos de agregados e
avaliação e vigilância ambiental e vem constituindo um terreno promissor para
a aplicação e desenvolvimento de métodos e modelos estatísticos.
Augusto (2005 apud Santos 2006), diz que:
Quando falamos sobre Vigilância em saúde é fundamental compreender qual população estamos nos referindo, que ambiente, quais processos produtivos estão presentes na construção do espaço
48
durante um período, pois a compreensão destas dimensões ajuda na compreensão das condições socioeconômicas. AUGUSTO (2005 apud SANTOS 2006, p. 53)
É fundamental entender que cada espaço geográfico é dinâmico e tem suas
peculiaridades, devendo ser levados em conta vários fatores que influenciam
no aumento de determinado risco para a saúde e a compreensão de que,
necessariamente esses riscos não são iguais para todos os grupos
populacionais.
Segundo Barcellos; Bastos (1996 apud Santos 2006)Cada vez mais o SIG vem
sendo utilizado na saúde pública, uma vez que aperfeiçoa as análises
espaciais, dar subsidio para o planejamento e tomada de decisão, visualização
das distribuições das doenças, localização dos serviços de saúde e dos riscos
ambientais, entre outros.
Para Santos (2006) uma das principais aplicações do SIG na saúde é através
do:
• Mapeamento de doenças (construir mapas de indicadores epidemiológicos);
• Estudo ecológico (medir associação entre indicadores agregados);
• Saúde e ambiente (relacionar camadas de dados sobre o ambiente e
saúde);
• Detecção de aglomerados (identificar áreas de maior incidência)
• Processo de difusão (avaliar a evolução da distribuição espacial de doenças
no tempo);
• Estudo de trajetória entre localidades (analisar redes de atenção à saúde).
Ainda Santos (2006) relata que o SIG associado à análise da saúde pública,
permite responder a algumas perguntas de freqüência, tratando-se da
Vigilância em saúde como:
• A distribuição dos casos de doenças forma um padrão no espaço?
• Existe alguma associação da doença com possíveis fontes de
contaminação ou meios de disseminação?
49
• Existe a evidência de uma determinada doença ser transmitida de indivíduo
a indivíduo, ou através de uma fonte comum?
Com a associação do espaço para a distribuição das doenças, acaba surgindo
uma expressão muito utilizada na saúde pública, “o mapa de risco”. Segundo
Santos (2006) essa expressão pode ter várias construções, como na utilização
de mapas para a localização e principais características de lixões com
descarga de materiais perigosos em uma determinada área e identificação de
taxas de incidência, ou de mortalidade por algum agravo de saúde.
Podemos dizer que os riscos à saúde ocorrem com a relação entre a
população vulnerável e as fontes de risco. Santos (2006) defende dois
caminhos existentes para a análise desses riscos: os indicadores
epidemiológicos para identificar as áreas com problemas sociais e ambientais,
e os indicadores socioambientais para averiguar se existe concentração de
eventos adversos sobre a saúde. Ele complementa dizendo que se existe uma
concentração de casos ou óbitos no espaço, provavelmente existe ali uma (ou
mais) fonte de risco.
A facilidade em que o SIG dá em realizar a sobreposição de camadas
mapeadas é, para os usuários em saúde, uma ferramenta imensurável quando
se trata das possibilidades de cruzamento dos dados espaciais. Cabe examinar
um conjunto de indicadores analisando os contextos particulares inseridos no
espaço em que estão esses riscos.
5.1 EXEMPLOS DE UTILIZAÇÕES DO SIG NA SAÚDE A seguir, serão apresentados ao leitor alguns exemplos práticos da utilização
do SIG na saúde pública como o caso da distribuição da Malária em Manaus, a
contextualização da Dengue, Hepatite Viral e Meningite no Município de
Londrina, a identificação de locais com potencial de transmissão de dengue em
Porto Alegre, o estudo da mortalidade infantil em Dom Pedrito – RS e a
distribuição geográfica da epidemia de AIDS em Campinas – SP.
50
5.1.1 Distribuição da Malária no Município de Manaus A malária segundo o Ministério da Saúde (2005) é uma doença infecciosa febril
aguda, causada pelos protozoários do gênero plasmodium no qual são
transmitidos através da picada da fêmea dos vetores (mosquitos pertencentes
à ordem dos dípteros).
Terrazas (2005) Através de um SIG realizou uma análise epidemiológica da
distribuição espacial da malária no Município de Manaus com a criação de uma
base cartográfica local, que permitiu agregar dados epidemiológicos
compatíveis com a dos bairros e setores censitários pré-existentes.
Foi constatada após a análise que o uso da localidade como menor unidade de
agregação, permite melhor visualização espacial do território onde se
concentram os maiores níveis de transmissão autóctone, particularizando a
localização mais precisa da área a ser objeto de medidas de intervenção, o que
aumenta a possibilidade de acerto no direcionamento adequado das medidas
de controle desencadeadas pelos gestores dos programas de controle das
endemias.
5.1.2 Contextualização da Dengue, Hepatite Viral e Meningite no Município de Londrina.
Segundo o Ministério da Saúde (2005), a dengue é uma doença febril aguda,
que pode ser de curso benigno ou grave, dependendo da forma com que se
apresenta: infecção inaparente, dengue clássico (DC), febre hemorrágica da
dengue (FHD) ou síndrome do choque da dengue (SCD). Atualmente, é a mais
importante infecção viral que afeta o ser humano e constitui sério problema de
saúde pública no Mundo. Ocorre e disseminam-se especialmente nos países
tropicais, onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e
a proliferação do Aedes aegypti, principal mosquito vetor.
O Ministério da Saúde (2005) informa que as hepatites virais são doenças
provocadas por diferentes agentes etiológicos, sendo os mais relevantes os
51
vírus (A, B, C, D e E) com tropismo primário pelo fígado, que apresenta
características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais distintas.
Já as meningites para o Ministério da Saúde (2005) referem-se a um termo que
expressa a ocorrência de um processo inflamatório das meninges, membranas
que envolvem o cérebro. A meningite pode ser causada por diversos agentes
infecciosos, como bactérias, vírus e fungos, dentre outros, e agentes não
infecciosos (ex: traumatismo). As causadas por vírus e bactérias, são as mais
importantes do ponto de vista da saúde pública, pela magnitude de sua
ocorrência e potencial de produzir surtos.
Através da utilização de um SIG, Pinese; Araújo (2006) construiram mapas
com a distribuição da Bacia hidrográfica de Ribeirão Lindóia, localizado na
cidade de londrina, por área de influência das Unidades Básicas de Saúde
(UBS) – destacando os atendimentos de casos da Dengue, da Hepatite Viral e
da Meningite, no período de 2000 a 2004 estabelecendo uma taxa de
incidência desta doença por 100.000 habitantes. A seguir, na Figura 07, um
exemplo do que foi produzido para análise.
Fonte: Pinese e Araújo 2006 Figura 07 - Mapa de atendimentos das UBS da BRL para Dengue 2000-04
Segundo Pinese; Araújo (2006) foi possível através da observação dos mapas
construídos que existe uma estreita relação entre condição sócio-econômica,
52
saúde da população, anomalias hidrogeoquímicas e qualidade da água da
região.
5.1.3 Estudo da Mortalidade Infantil em Dom Pedrito/RS. A mortalidade infantil é para o Fundo das Nações Unidas para à Infância –
UNICEF um ótimo indicador das condições de vida e de saúde de uma
determinada população. Oliveira (1995 apud León 2007) afirma que, de uma
forma bem mais intensa do que na mortalidade adulta, os óbitos infantis estão
sujeitos a várias condicionantes que atuam a partir da vida social. O organismo
infantil, por ser um complexo pscicobiológico em formação, tem a capacidade
de defesa das agressões externas naturalmente reduzidas, com freqüência
expondo a criança a um conjunto de doenças e complicações que
potencializam o risco de morte.
Segundo León (2007) Dom Pedrito é um Município localizado na região da
Campanha do RS, pertencente a 7ª Coordenadoria Regional de Saúde, no qual
apresenta nos últimos anos, principalmente a partir de 1998, um indicador de
mortalidade infantil com comportamento irregular, como é mostrado no Gráfico
01.
Fonte: León (2007) apud 7ª CRS Gráfico 01 - Comportamento da mortalidade infantil em Dom Pedrito/RS
A Figura 08 demonstra a distribuição espacial da ocorrência de mortalidade
infantil no Município em estudos diferenciados por cores distintas para cada
ano de ocorrência, sendo representados desde o ano de 1998 a 2004.
53
Fonte: León (2007) Figura 08 - Distribuição dos casos de mortalidade infantil no Município de Dom Pedrito 1998-2004
O estudo obteve como resultado o aprofundamento de um olhar mais crítico
sobre a realidade da mortalidade infantil em Dom Pedrito, colocando em
questionamento o grave problema da assistência ao pré-natal, sendo
necessário um investimento nesta área, capacitando e priorizando ações
educativas e preventivas de acordo com a população abrangida.
54
5.1.4 Distribuição Geográfica da Epidemia de Aids em Campinas – São Paulo.
Segundo o Ministério da Saúde (2005) a Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida – Aids é uma doença emergente, que representa um dos maiores
problemas de saúde da atualidade em virtude de seu caráter pandêmico e
gravidade. Tem sua transmissão através do sangue, esperma, secreção
vaginal (via sexual) e leite materno. Os infectados pelo HIV, evoluem para
grave disfunção do sistema imunológico, à medida que vão sendo destruídos
os linfócitos T CD4+.
Através da utilização de um SIG, objetivou-se analisar a distribuição espacial
dos casos de Aids em homens e mulheres acima de 13 anos de idade
notificados no SINAN, excluindo-se casos de transmissão vertical, e sua
relação com as condições de vida no Município de Campinas, SP no período
de 1980 a 2005 tendo como variáveis existentes da análise o endereço, sexo e
idade como é apresentado na Figura 09.
55
Fonte: stephan (2010) Figura 09 - Distribuição dos Casos de AIDS em Homens e Mulheres a partir do Índice de condições de vida. Campinas, SP, 1980-2005.
O estudo obteve como resultado que a distribuição espacial dos casos de Aids
por sexo e segundo o Índice de Condições de Vida ICV mostrou evidente
concentração de casos em áreas com piores condições de vida e
particularmente com maior proporção de mulheres, quando comparadas com
áreas com melhor qualidade de vida e saúde.
56
6 ESTUDO DE CASO: GEOPROCESSAMENTO NA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE SALVADOR
Fundada em 29 de Março de 1549, pelo primeiro Governador-Geral Tomé de
Souza, a cidade de Salvador, capital do estado da Bahia, ocupa uma extensão
territorial de 707 km². Segundo estimativas do IBGE para o ano de 2009,
Salvador têm uma população de aproximadamente 2.998.056 habitantes o que
a leva ser a terceira maior cidade em habitantes. A sua organização político-
administrativa compreende em 18 Regiões Administrativas (RA), como é
apresentado na Figura 10. Do ponto de vista regional, Salvador integra ao lado
dos Municípios de Camaçari, Candeias, Dias D’Ávila, Itaparica, Lauro de
Freitas, Madre de Deus, São Francisco do Conde, Simões Filho e Vera Cruz a
Região Metropolitana de Salvador (RMS) conhecida como “grande Salvador”
como é apresentado na Figura 11, no qual segundo o IBGE possui uma
população estimada de 3.866.004 habitantes o que a torna a mais populosa do
Nordeste, quinta do Brasil e 89ª do mundo.
57
Fonte: SMS/PMS 2010 Figura 10 - Regiões Administrativas de Salvador Lei nº 7.400/2008
Fonte: SMS/PMS 2010 Figura 11 - Região Metropolitana de Salvador “grande Salvador”
58
6.1 HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DO GEOPROCESSAMENTO NA PREFEITURA MUNICIPAL DE SALVADOR
Segundo Pereira (2009), o processo de implantação do Geoprocessamento em
Salvador foi conduzido por uma instituição governamental estadual, de
abrangência metropolitana, a CONDER. Em 1995 surge um segundo ator, a
PMS, a partir da celebração de convênio de cooperação técnica entre a PMS,
com o apoio do Centro de Planejamento Municipal (CPM), e a CONDER.
Através deste convênio a PMS recebeu a base cartográfica de Salvador de
1992, iniciando-se o desenvolvimento desta ferramenta na Prefeitura.
Após a aquisição e implantação das bases cartográficas, começou-se um
processo de criação e aplicação do Geoprocessamento em várias áreas da
Prefeitura, como na criação do Cadastro Digital de Logradouros (CADLOG),
relação dos logradouros da cidade e aplicação do Geoprocessamento na
legislação do uso e da ocupação do solo (LOUOS), além das bases dos planos
diretores de desenvolvimento urbano (PDDU).
Segundo Santos et al (2006) Em 2002, surge na PMS o Comitê Municipal de
Geoprocessamento - COMGEO, com o objetivo de estabelecer políticas e
diretrizes na área de Geoprocessamento no Município conforme registrado
abaixo.
O COMGEO Tinha como principais competências básicas:
• Estabelecer políticas e diretrizes na área de Geoprocessamento, a
serem adotadas pela administração direta, indireta fundacional, empresas
públicas e sociedades de economia mista em que o Município do Salvador
for acionista majoritário;
• Propor normas tendo-se em vista a garantia, confiabilidade e integridade
dos dados geográficos;
• Acompanhar a elaboração, execução, e manutenção do Plano Diretor de
Geoprocessamento para o Município de Salvador, definindo prioridades de
trabalho e estratégias de implementação inclusive;
59
• Apreciar a celebração de convênios com entidades municipais,
estaduais, federais e estrangeiras ligadas ao tratamento e processamento
de dados georreferenciados, imagens e a Cartografia Digital;
• Efetuar auditorias nas unidades da Prefeitura Municipal do Salvador
encarregadas do processamento de dados georreferenciados e imagens,
bem como do seu tratamento e distribuição;
• Oferecer sugestões para aquisição e uso dos recursos específicos para
o Geoprocessamento, obedecendo ao Plano Diretor de Geoprocessamento
do Município de Salvador e em sintonia com as Políticas e Diretrizes
estabelecidas para a área da Tecnologia da Informação;
• Normatizar e controlar a aquisição e uso de imagens realizadas por
aerolevantamentos, levantamentos de campo, satélites e outros meios que
possam servir como subsídio para o Geoprocessamento na Prefeitura do
Salvador;
• Opinar sobre a criação, integração ou fusão, desmembramento e
descentralização de unidades de processamento e distribuição de imagem
e informações relativas a Geoprocessamento;
• Propor padrões que garantam o intercâmbio entre dados geográficos;
• Deliberar sobre medidas para racionalização e aperfeiçoamento dos
serviços executados pelas unidades de coleta, tratamento, processamento
e distribuição de dados georreferenciados e imagens;
• Disseminar o conceito de que informações relativas a
Geoprocessamento, são recursos da PMS e não propriedades de usuários
em particular;
• Promover eventos que permitam a difusão do Geoprocessamento e
troca de experiência entre os órgãos;
• Promover reuniões de avaliação entre todos os usuários de serviços
relativos a Geoprocessamento;
• Fazer-se assessorar por equipe técnica competente para pesquisas e
estudos na área de Geoprocessamento;
• O comitê, através de sua presidência, poderá convidar especialistas da
PMS, ou não, para participar de reuniões em função de notório
conhecimento do convidado sobre Geoprocessamento ou atividades afins.
60
Como podemos perceber a PMS criou o COMGEO com o intuito de traçar
caminhos seguros para o desenvolvimento da sua própria base de dados com
o auxilio dos diversos órgãos participantes e de protegê-la da forma de uso.
Discutiam também na COMGEO de que forma seria construído e
disponibilizado mapas temáticos de interesse para as secretarias, além de
definir normas de uso do Mapa Urbano Básico de Salvador MUB - SSA.
6.1.1 Mapa Urbano Básico de Salvador – MUB– Ssa
O MUB-SSA, tem como fonte de referência a Cartografia Digital de Salvador de
1992, produzida pela CONDER, com o produto do Sistema Cartográfico da
Região Metropolitana de Salvador - SICAR/RMS, criado em 1976.
Compõem a base do MUB-SSA:
• Aeroporto: Aeroporto
• Área Esporte: Quadras de esportes e campos de futebol
• Articulação Sicar: Articulações das folhas SICAR (georreferenciamento)
• Curva Nivel1: Curva de nível intermediário (eqüidistância 1 metro)
• Curva Nivel5: Curva de nível intermediário (eqüidistância 5 metros)
• Edificações: Edificações particulares, públicas, construções, ruínas,
fundações, chaminé, igreja, capela e cemitérios.
• Ferrovia: Ferrovia bitola simples, bitola dupla
• Lagos: Lago, lagoa perene, lagoa intermitente, alagado e mangue
• Limite Salvador: Limites do Município de Salvador incluindo as ilhas
• MalhaUTM200: Coordenadas UTM espaçamento de 200 metros
• Meio fio: Rodovia federal, rodovia estadual, via pavimentada e não
pavimentada com meio-fio, ciclovia, via pavimentada e não pavimentada sem
meio-fio, caminho, trilha, viaduto, ponte, túnel, escadarias e passarelas
• Muro Cerca: Muro, grade, cercas de arame, cerva viva e cerca mista
• Ponto Cotado: Ponto cotado a nível d'água
61
• Porto: Ferry-boat, cais, ancoradouro
• Postes: Postes
• Rios: Rio perene, intermitente, corredeira, cachoeira
• Toponímia Hidrografia: Toponímia de hidrografia
• Toponímia Vias: Toponímia do sistema viário
• Vegetação: Orla de vegetação e árvores isoladas
6.2 A SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da Prefeitura Municipal de Salvador,
no qual segundo o site da SMS tem por missão: Cuidar de forma integral da
saúde do cidadão em Salvador, assegurando seus direitos e respeitando as
diversidades. Visão: Ser reconhecida pela sociedade, como referência de
gestão democrática, com autonomia e criatividade, na condução plena do
Sistema Municipal da Saúde, está sediada na rua da Grécia, nº 03 A edifício
Caramuru Comércio.
Atualmente segundo o Relatório Municipal de Saúde (2009) a rede de serviços
municipais é composta por 48 Unidades Básicas, 56 Unidades de Saúde da
Família (USF), 02 Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF 1), 03 Centros
de Saúde Mental (CSM), 17 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), 09
Pronto Atendimento (PA), sendo um também de referência para atendimento
psiquiátrico, 02 Unidades de Atendimento Odontológico (UAO), 05 Centros de
Especialidades Odontológicas (CEO), 01 Centro de Atenção Especializada
Carlos Gomes, 01 Centro de Especialidades Cardiológicas Adriano Ponde, 01
Centro de Orientação e Apoio Sorológico (COAS), 01 Unidade de Vigilância
Sanitária (VISA), 01 Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e 01 Centro de
Referência de Saúde do Trabalhador (CEREST).
6.2.1 Histórico da implantação do Geoprocessamento na SMS A implantação do Geoprocessamento na SMS foi um processo que se iniciou a
partir de Julho de 2002, através da parceria realizada com a Secretaria de
62
Planejamento. Por meio desta, partiu-se para o processo de discussão das
formas de utilização desta ferramenta através da participação da mesma no
COMGEO e a implantação do Núcleo de Geoprocessamento composta por
representantes das coordenações que compõem a SMS.
O histórico das ações desenvolvidas para a implantação do Geoprocessamento
na SMS está descrito no Quadro 03.
Quadro 03 - Histórico de implantação do Geoprocessamento na SMS. Período Atividades desenvolvidas
Julho 2002 Início da participação da Secretaria no Comitê de Geoprocessamento
1º trimestre/2003 Inicio das negociações com empresa de consultoria para a implantação
da proposta de Geoprocessamento no Município
Julho 2003 Decreto da PRODASAL estabelecendo a ferramenta corporativa de
Geoprocessamento para a Prefeitura Municipal de Salvador
Ago/2003 Apresentação das propostas de Arcview e Sigepi, sistemas de
informações capazes de dialogar com o estabelecido pela PRODASAL
Agosto/2003 Identificação de recursos do, destinados a aplicação na aquisição e
implantação do Geoprocessamento na Secretaria Municipal de Saúde
e Construção de Termo de referência
Set a dez/2003 Tentativa de compatibilizar as ferramentas da consultoria privada com a
PRODASAL.
Jan/2004 Conhecimento das propostas corporativas de Geoprocessamento da
PRODASAL com a ferramenta Smallword.
Jan/2004 Início das ações conjuntas com a SEPLAM através da disponibilização
de dados para espacialização das unidades de saúde da rede própria e
complementar.
Agosto/2005 Apresentação ao gestor da SMS do produto da geo-espacialização das
unidades de saúde rede com registro preciso das unidades de saúde
levantados em parceria com a SEPLAN
Setembro/2005 Apresentação aos coordenadores do nível central e coordenadores de
distrito sanitário da proposta de Geoprocessamento da SEPLAM
Setembro/2005 Implantação do Núcleo de Geoprocessamento da SMS com a
participação das coordenações e representação de distrito sanitário.
Fonte: ASTEC/SMS/PMS 2006.
63
6.3 APLICAÇÕES DO GEOPROCESSAMENTO NA SMS Antes de apresentarmos os trabalhos já realizados pela SMS, será necessário
conhecer algumas das bases utilizadas pela mesma.
6.3.1.Relação das Bases Cartográficas Disponíveis à SMS
As bases utilizadas pela SMS são produzidas pela Coordenação Central de
Informação – COINF setor responsável pelas principais produções do
Município quando tratamos de Geoprocessamento. Essas bases são divididas
em duas: as de Mapa Urbano Básico - MUB e as de Cadastro Técnico
Multifacetário - CTM.
As bases MUB caracterizadas como generalistas são as de uso comum a todas
as secretarias. Fazem parte da base MUB, vegetação, lagos, rios etc. como já
detalhadas anteriormente.
Já as CTM são bases mais específicas, produzidas para atender as
necessidades de cada secretaria, estando também disponíveis para as demais.
Compõem as bases da SMS, a divisão dos Distritos Sanitários e equipamentos
de saúde e unidades conveniadas.
6.3.2 Bases específicas
A SMS, através do seu núcleo de Geoprocessamento e técnicos da SEDHAM,
desenvolveram, as primeiras bases específicas do Município na área da saúde
sendo até hoje utilizadas. Consistem elas a base dos Distritos Sanitários e
equipamentos de saúde como é mostrado na Figura 12 e Figura 13.
64
Fonte: SMS/PMS 2010 Figura 12 - Distritos Sanitários de Salvador
Fonte: SMS/PMS 2010 Figura 13 - Unidades de Saúde por DS
65
Um dos problemas que a PMS enfrenta hoje é em manter estas bases
atualizadas, para isso a SEDHAM, realiza reuniões convocando as respectivas
secretarias que necessitam destas atualizações para reafirmar parcerias e
manter as bases da PMS sempre atualizadas.
A seguir serão apresentados alguns trabalhos realizados pela SMS utilizando o
Geoprocessamento.
6.4 LOCALIZAÇÃO ESPACIAL DAS RUAS DE ABRANGENCIA DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
Segundo o Ministério da Saúde (2001), o Programa de Agentes Comunitários
de Saúde – PACS passou a ser projetado desde o início dos anos 90, sendo
efetivamente instituído em 1997 com a consolidação do SUS.
Um dos atores desta estratégia é o Agente Comunitário de Saúde – ACS, os
quais são pessoas escolhidas pela própria comunidade, responsáveis pelas
ações de prevenção de doenças com o propósito de disseminar informações,
orientar sobre os cuidados de saúde e promover ações educativas individuais e
coletivas.
Seguem abaixo algumas das ações dos ACS segundo o Ministério da Saúde
(2001).
• Visitar no mínimo uma vez por mês cada família de sua comunidade;
• Identificar situações de risco e encaminhar aos setores responsáveis;
• Pesar e medir mensalmente as crianças menores de dois anos e registrar a
informação no cartão da criança;
• Identificar as gestantes e encaminhar-las ao pré-natal;
• Orientar sobre prevenção da AIDS;
• Realizar ações educativas para a prevenção do câncer cérvico-uterino e de
mama;
• Realizar atividade de prevenção e promoção da saúde do idoso;
66
• Supervisionar eventuais componentes da família em tratamento domiciliar e
dos pacientes com tuberculose, hanseníase, hipertensão, diabetes e outras
doenças crônicas.
De forma resumida ao exposto acima, a rotina de um ACS envolve as
seguintes tarefas:
• Cadastro diagnóstico: primeira etapa do trabalho de um ACS junto à
comunidade e consiste no cadastro das famílias no SIAB informando sobre
cada membro da família assistida registrando variáveis que influenciam na
qualidade da saúde, situação de moradia, condições de saúde etc.
• Mapeamento: consiste no registro em um mapa da localização de
residências das áreas de risco para a comunidade, com o objetivo de
facilitar o planejamento e desenvolvimento do trabalho do agente.
• Identificação das microáreas de risco: após a realização do mapeamento o
ACS poderá identificar setores no território da comunidade que representam
áreas de risco.
• Realização de visitas domiciliares: consiste de no mínimo uma visita às
famílias residentes na área de atuação do agente.
• Ações coletivas: Reuniões e encontros com o objetivo de mobilizar a
comunidade e incentivar a participação das famílias nas discussões do
diagnóstico comunitário de saúde, no planejamento e ações para definição
de prioridade.
• Ações intersetoriais: além de ações específicas na área de saúde, o
agente poderá atuar em outras áreas como educação, cidadania, direitos
humanos etc.
A depender do perfil local, os ACS são responsáveis em atender entre 400 e
750 pessoas, sendo estes orientados por um enfermeiro lotado em uma
unidade de saúde, (sendo estabelecida uma proporção máxima de 30 ACS
para cada enfermeiro), atuando como instrutor/supervisor com a
responsabilidade de capacitar os ACS de acordo com as necessidades locais.
67
Através da variável território, foi possível com a utilização de um SIG,
georreferenciar as ruas dos ACS do Município de Salvador e analisar
elementos que interferem no dia-dia dos ACS, dando-lhes ferramentas para a
construção de um novo olhar sobre o território em que atuam.
Para a construção dos mapas, foram necessários basicamente três momentos:
No primeiro momento a coleta de dados junto aos coordenadores de DS e
unidades de saúde, no segundo momento com a inclusão dos dados coletados
para o SIG e no ultimo momento com a disseminação dos mapas prontos.
Foi escolhido de forma aleatória o DS de Brotas para representar de que forma
se deu o desenvolvimento do trabalho conforme apresentado na Figura 14.
Fonte: SMS/PMS Figura 14 - Ruas de atuação dos ACS DS Brotas.
Verifica-se na Figura 14 que as ruas em azul significam as áreas de atuação
dos ACS, mostrando os locais onde há intervenção da SMS.
68
Um possível cruzamento de informações, relevante para a análise das ruas de
atuação dos ACS é a inclusão da camada de Zonas Especiais de Interesse
Social – ZEIS2, Figura 15, o que mostra que os ACS estão atuando nos locais
onde se deve ter uma atenção maior dos órgãos públicos. È importante
salientar que esta análise foi realizada após a conclusão das ruas de atuação
dos ACS, que estes já priorizam as áreas mais carentes dentro do território.
Fonte: SMS/PMS Figura 15 - Ruas de atuação dos ACS e ZEIS do DS Brotas.
Na Figura 15 as ruas dos ACS estão representadas com as cores
correspondentes as unidades de referência do agente, em vermelho
representa-se as futuras áreas a serem implantadas equipes de ACS, o que
nos mostra que também estão de acordo com a localização das ZEIS, as quais
estão representadas em rosa.
É importante destacar uma limitação no desenvolvimento deste trabalho. O SIG
não realiza um recorte apenas da área da rua em que tem atuação do agente, 2 ZEIS são áreas instituídas a partir do PDDU destinadas à implementação de programas de regularização urbanística, fundiária e a produção, manutenção ou qualificação de Habitação de Interesse Social, HIS.
69
sendo esta selecionada por completo, dando uma falsa idéia sobre a
abrangência da atuação dos ACS. Uma possível solução para este problema
dá-se através da obtenção da menor informação territorial de atuação do ACS
que são as próprias residências em que eles atuam.
Através dos dois mapas apresentados acima, podemos perceber o quão
importante é a utilização de um SIG no monitoramento da abrangência da
atenção básica, pois o mesmo facilita na identificação dos vazios assistenciais
possibilitando a implantação de novas equipes a partir das necessidades
identificadas no território local.
6.5 DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS DE AGRESSÃO FÍSICA E ARMA BRANCA NO CIRCUITO DO CARNAVAL DE SALVADOR NO ANO DE 2008
O carnaval de Salvador é um dos mais agitados em todo o Brasil, atraindo
turistas de várias partes do mundo. Considerando o crescente público nesta
época do ano, faz-se necessário que haja uma grande infra-estrutura de
serviços que atendam as demandas de urgências médicas e de vigilância à
saúde para que possam prestar uma assistência de qualidade a todos os
foliões soteropolitanos e visitantes.
Segundo o Relatório do Carnaval (2008), no ano de 2008, o número de
atendidos pela SMS, somente no período do carnaval, foi de 7.932 (sete mil
novecentos e trinta e dois) nos postos dos circuitos, nas unidades fixas e de
recuperação alcoólica.
Através da utilização de um SIG, foi possível georreferenciar os postos de
atendimento presentes nos principais circuitos do carnaval soteropolitano. Após
a localização precisa dos postos de atendimento, foi possível através do
SALUTE, sistema on-line de gestão de saúde em festas populares
desenvolvida pelo Núcleo de Gestão da Informação (NGI) da SMS, buscar
dados que subsidiassem a produção dos mapas.
70
Foram coletados do sistema, dados de agressão física e agressão por arma
branca por postos de atendimento dos circuitos, como será apresentado na
Figura 16.
Fonte: SMS/PMS 2008 Figura 16 - Distribuição dos postos de atendimentos por agressão física nos circuito Dodô (ruas em vermelho) e Batatinha (Ruas em azul).
Observa-se na Figura 16 o registro maior do número de atendimentos por
agressão física no posto da Piedade com 201 a 300 atendimentos, seguido do
posto da Ladeira da Montanha com 151 a 200 , em terceiro o posto do
Politeama entre 101 a 150, em quarto os postos do Largo dos Aflitos e Teatro
Castro Alves – TCA com 51 a 100 e por fim o posto do Terreiro de Jesus com 1
a 50 atendimentos por agressão física.
É de grande pertinência compreender os possíveis motivos para que o posto
da Piedade registre a maior quantidade de atendimentos. Uma das
possibilidades desta quantidade de ocorrências é pelo fato da localização do
posto ficar próximo a um dos pontos de maior entrada de pessoas no circuito, a
71
estação da Lapa, tornando-se assim um ponto de referência para os foliões ao
necessitarem de assistência médica.
A mesma análise foi feita com o circuito Osmar, Barra/Ondina, como pode-se
perceber na Figura 17.
Fonte: SMS/PMS 2008 Figura 17 - Distribuição dos postos de atendimento por agressão Física no circuito Osmar (em vermelho).
Já na Figura 17 tem-se os postos do Shopping Barra e Sabino Silva com os
maiores números de registros de atendimento por agressão física, seguidos
respectivamente do posto do Clube Espanhol, Avenida Ademar de Barros e do
Farol da Barra e o posto do Forte Santa Maria com a menor quantidade de
atendimentos.
Tratando-se dos casos de agressão por arma branca, nota-se que não houve
uma diferença na distribuição dos atendimentos em relação à agressão física,
sendo o posto da Piedade novamente o que registra a maior quantidade de
atendimentos, como é apresentado na Figura 18.
72
Fonte: SMS/PMS 2008 Figura 18 - Distribuição dos postos de atendimentos de agressão por arma branca nos circuito Dodô (ruas em vermelho) e Batatinha (Ruas em azul).
Pode-se perceber na Figura 18 que entre o circuito Dodô e Batatinha o posto
da Piedade apresenta a maior quantidade de atendimentos, de 6 a 10, sendo
de 0 a 5 atendimentos para os demais postos de atendimento.
Já no circuito Osmar nota-se que o posto do Farol da Barra apresenta maior
quantidade de atendimentos por arma branca, 6 a 10 casos, sendo de 0 a 5
casos para todos os demais postos de atendimento como é apresentado na
Figura 19.
73
Fonte: SMS/PMS 2008 Figura 19 - Distribuição dos postos de atendimento de agressão por arma branca no circuito Osmar (em vermelho).
Este estudo tem sua relevância por apresentar, de forma espacial, como está
distribuído entre os postos de atendimento no circuito as ocorrências de
agressão por arma branca e agressão física aumentando a possibilidade de
uma tomada de decisão mais precisa e segura por parte da organização da
festa.
6.6 DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS DE DENGUE POR DISTRITO SANITÁRIO
Quando tratamos da análise espacial dos casos de dengue no Município, o SIG
é uma ferramenta imprescindível para a sua realização. Para tal podemos
destacar a incidência dos Casos de dengue por DS publicado no RAG 2009,
existem outros trabalhos realizados pela Vigilância Epidemiológica – VIEP
como o mapa de vulnerabilidade da dengue, mas que não será tratado neste
presente trabalho.
74
Segundo o RAG (2009), em 2009 foram registrados 8.110 casos suspeitos de
dengue no Município de Salvador, destes 7.384 residentes no Município e dos
726 casos restantes, 361 residem nos Municípios que compõem a RMS.
Ainda o RAG 2009, informa que a taxa de incidência no Município de Salvador
(número de casos, dividido pela população multiplicado por 100.000) em 2009
foi de 246,3 casos notificados. Na Figura 20, é apresentado a incidência dos
casos de dengue no Município por DS.
Fonte: RAG 2009 SMS/PMS.
Figura 20 - Incidência de Casos de Dengue em Salvador por DS.
Pode-se perceber na Figura 19, que os DS que registram maiores incidência de
casos foram: Itapuã, Barra / Rio Vermelho, Centro Histórico, Liberdade,
Itapagipe e Subúrbio Ferroviário.
Através do mapa exposto acima, o gestor de saúde poderá implementar e
reforçar ações de melhoria do monitoramento dos casos suspeitos de dengue e
políticas de combate a dengue no Município.
75
7 CONCLUSÃO
As antigas construções de mapas em papel eram de grande utilidade, mas
limitavam-se pelo fato de não serem possíveis de realizar análises
combinatórias. Através dos primeiros aparecimentos de programas de
Geoprocessamento, o SIG, facilitou a análise do território por tornar rápido e
simples a combinação de vários elementos territoriais existentes.
O Geoprocessamento é uma ferramenta de grande valia quando utilizado no
apoio às estratégias e tomada de decisão na gestão pública, por poder
responder diversas perguntas que são de rotina nas mais variadas situações,
principalmente questões envolvendo o território, redistribuição de recursos,
localização de agravos etc.
Para tanto é importante que o gestor que deseja aplicar essa tecnologia em
seu Município, avalie de que forma se dará a implantação desta ferramenta,
pois, faz-se necessário compreender que não é uma tarefa simples pela qual
dura da noite para o dia. Para se utilizar essa ferramenta não é suficiente
apenas a aquisição de softwares e hardwares qualquer que façam funcionar o
sistema, mas toda uma estrutura de pessoas bem treinadas, aquisição de
programa adequado e uma boa base cartográfica que atendam às
necessidades levantadas.
Quando aplicado à saúde pública, essa ferramenta pode apresentar inúmeras
informações espaciais como: abrangência da rede física existente; estudo de
localização de novas unidades de saúde; na vigilância sanitária; no controle
epidemiológico; no monitoramento do cartão SUS etc. Principalmente pela
possibilidade de integração do SIG aos SI em saúde como SIM, SINASC, SIH-
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SUS entre outros, transformando em visualização espacial os dados contidos
em cada um destes SI.
O principal objetivo desta pesquisa foi de analisar o uso e aplicações da
ferramenta de Geoprocessamento na Secretaria Municipal de Saúde do
Município de Salvador, sendo necessário para isso verificar de que forma se
deu a implantação desta ferramenta na Prefeitura Municipal de Salvador;
discutir o conceito e a utilização do Geoprocessamento na Administração
pública e descrever o uso desta ferramenta na SMS.
A partir de exemplos de trabalhos desenvolvidos pela SMS, como a localização
espacial das ruas de abrangência dos Agentes Comunitários de Saúde,
distribuição dos casos de agressão física e arma branca no circuito do carnaval
de salvador no ano de 2008 e a distribuição dos casos de dengue por distrito
sanitário no qual foi aplicada a tecnologia do Geoprocessamento, é
apresentada claramente de que forma se dá a utilização dessa ferramenta na
secretaria cumprindo ao objetivo principal desta pesquisa.
Quanto aos objetivos específicos, através da análise documental foi possível
levantar informações que evidenciassem a maneira pela qual foi implantado o
Geoprocessamento na PMS e de que forma se deu a implantação desta
tecnologia na SMS. Por fim a partir do referencial teórico foi possível discutir de
forma esclarecedora a importância e utilizações do Geoprocessamento na
Administração Pública alcançando assim os objetivos propostos nesta
pesquisa.
O pressuposto que norteou essa pesquisa foi que a ferramenta de
Geoprocessamento é utilizada para potencializar as ações da SMS atendendo
às suas necessidades, podendo, no entanto, esta ser melhor otimizada. Sendo
assim confirmada, pois, como é notório a partir da análise documental, a SMS
utiliza sim a ferramenta do Geoprocessamento para o planejamento de ações
preventiva, curativa, de promoção, vigilância e assistência à saúde como vistos
nos exemplos descritos, porém é pertinente destacar que as informações
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produzidas por esta ferramenta devem ser melhor disseminada na
organização.
Pode-se concluir através de todo o levantamento realizado ao longo deste
trabalho que o Geoprocessamento é uma ferramenta ainda nova, porém
abrangente a uma imensa quantidade de áreas que podem utilizá-la.
Esta pesquisa possuiu uma gama de restrições e dificuldades, mas titula-se
como a principal quanto ao referencial teórico, no qual, por ser um assunto
recente existem poucas publicações a respeito do tema abordado, tornando-se
assim difícil estabelecer uma discussão entre os autores e fazer um
levantamento teórico mais abrangente.
Este trabalho é de suma importância para todos os gestores municipais que
vêem na ferramenta do Geoprocessamento uma grande aliada à sua gestão,
por facilitar na rápida e mais precisa tomada de decisão e no controle do
território, resultando em um posicionamento mais sólido.
Recomenda-se para estudos futuros que se fale mais sobre as possíveis
interações que a população tenha sobre com o SIG, ou seja a utilização do SIG
em uma plataforma on-line, tornando assim as informações de um determinado
Município pública a todos os habitantes daquela área. Recomenda-se também
que haja mais estudos sobre o tema abordado, trazendo novos olhares, como a
utilização do SIG nas empresas privadas. Atrevo-me a dizer que este é um
tema contemporâneo e que a cada momento está evoluindo e agregando
outras áreas de conhecimento, por isso o estudo dele para procurar novas
tendências é sempre importante e relevante.
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APÊNDICE
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APÊNDICE A – AUTORIZAÇÃO DA BIBLIOTECA
BIBLIOTECA BASÍLIO CATALÁ CASTRO
AUTORIZAÇÃO Eu, Matheus Luis Santos Rocha Silva, CI n° 12533081 28, autorizo a Faculdade 2 de Julho a utilizar minha monografia de Conclusão de Curso no seu Site e na sua Biblioteca – disponibilizando fotocópia para seus usuários.
Salvador, 01 de Dezembro de 2010.
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ANEXOS
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ANEXO 1 – AUTORIZAÇÃO PARA ANÁLISE DOCUMENTAL DA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE
